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Balduíno IV
Balduíno IV de Jerusalém(Jerusalém, 1161 – Jerusalém, 16 de Março
de 1185[1]), cognominado o Leproso, foi rei de Jerusalém de 1174 até à
sua morte. Era filho do rei Amalrico I com a sua primeira esposa, Inês
de Courtenay, irmão da rainha Sibila de Anjou, tio do seu sucessor
Rei de Jerusalém
Balduíno de Montferrate meio-irmão da rainhaIsabel I de Jerusalém.
Índice
Infância
Regência de Milão de Plancy
Regência de Raimundo III de Trípoli
Questão sucessória
Conflito com Saladino
Regência de Guy de Lusignan e morte
Representações na arte e na literatura
Referências e notas
Bibliografia
Foi também Guilherme quem descobriu que o jovem sofria de lepra, apesar de o
diagnóstico só ter sido confirmado quando atingiu a puberdade: ao observar o seu
pupilo a brincar com jovens da sua idade, tentando magoar-se uns aos outros com
beliscões nos braços, o cronista reparou que Balduíno não parecia sentir dor, ao
contrário das restantes crianças.
Esta condição foi imediatamente reconhecida como indício de uma doença grave,
que seria identificada conclusivamente como lepra com a chegada puberdade,
quando os sintomas se agravaram. Amalrico procurou a ajuda de vários médicos,
O Oriente Próximo em 1165 inclusivamente muçulmanos, e recorreu a imersões norio Jordão, uma cura realizada
pelo profeta Eliseu de acordo com o Segundo Livro dos Reis da Bíblia[8], mas
nenhum método seria eficaz[9].
Por ser leproso, não se esperava que Balduíno reinasse por muito tempo ou produzisse um herdeiro, pelo que os nobres do reino
posicionaram-se de modo a influenciar os herdeiros de Balduíno: a sua irmã Sibila, na companhia da tia-avó Ioveta no convento de
Betânia; e a sua meia-irmã Isabel, na corte da sua mãe Maria Comnena em Nablus (actual Cisjordânia) e na companhia da poderosa
família Ibelin.
Entretanto Raimundo III de Trípoli chegou a Jerusalém, exigindo a sua nomeação como bailio e regente, uma vez que era o parente
varão mais próximo (primo direito) de Amalrico. Foi apoiado pela maioria da nobreza do reino, incluindo Onofre II de Toron, Balião
de Ibelin e Reginaldo de Sidom.
Em 1175 Balduíno acompanhou o seu regente a Homs, em uma operação que forçou
Saladino a levantar o cerco a Alepo. Em agradecimento, o emir desta cidade libertou os
Saladino incendeia uma cidade seus prisioneiros cristãos, entre os quais Reinaldo de Châtillon e Joscelino III de
(iluminura da Historia de Edessa[12], apesar de também ser relatado que o segundo só foi libertado quando a sua
Guilherme de Tiro e continuação,
irmã pagou um resgate de 50 000 dinares, provavelmente com uma ajuda do tesouro
século XV, Biblioteca Nacional de
real. Depois, Raimundo iniciou várias incursões a territórios muçulmanos com o
França)
objectivo de enfraquecer o aiúbida[13].
O regente nomeou Guilherme de Tiro chanceler em 1174 e arcebispo de Tiro em 1175; no Verão de 1175 acordou tréguas com
Saladino, necessárias a ambos os campos - os latinos ainda não possuíam a liderança forte de um rei nos seus plenos poderes, e o
muçulmano ainda estava a tentar consolidar o seu poder, precisando de subjugar a Ordem dos Assassinos e os emires independentes
da Síria.
Raimundo também negociou o casamento da irmã do rei com Guilherme de Montferrat, primo direito de Luís VII de França e de
Frederico Barbarossa. Guilherme chegou no início de Outubro, tornou-se conde de Jafa e Ascalão jure uxoris, e esperava-se que
subisse ao trono com Sibila assim que Balduíno ficasse incapacitado; mas morreria em Ascalão em Junho de 1177[14] após várias
semanas de doença, ainda durante a gravidez de Sibila de Jerusalém, da qual nasceria o futuro rei Balduíno V. A regência terminou
no segundo aniversário da coroação de Balduíno IV em 1176, data em que o jovem rei atingiu a maioridade e o conde de Trípoli
abandonou o cargo de bailio[13].
Questão sucessória
Devido à sua doença, desde o início do seu reinado Balduíno IV teve de se preocupar com os problemas da sua sucessão. O seu pai
casara-se duas vezes: com Inês de Courtenay, que contraíra novo matrimónio com Reginaldo de Sidom; e com Maria Comnena,
casada em 1177 com Balião de Ibelin. Sibila, a filha de Inês, já tinha atingido a maioridade e tido um filho, pelo que estava em uma
boa posição para suceder ao irmão, masIsabel, a filha de Maria, tinha o apoio dos Ibelin, a família do seupadrasto.
A posição de Raimundo III de Trípoli era difícil e controversa. Como parente mais
próximo do rei por via varonil, poderia reivindicar o trono. No entanto não tinha
produzido descendentes que pudessem ser seus herdeiros inequívocos, o que terá sido o
motivo de evitar colocar-se na posição de pretendente. Em vez disso, usou a sua
influência para colaborar com os Ibelin na tentativa de influenciar os casamentos das
princesas.
Este casamento com um europeu era essencial para atrair ajuda militar externa ao Reino de Jerusalém. Filipe II de França ainda
estava na menoridade, pelo que não se poderia esperar ajuda imediata deste reino; Guy era vassalo do rei Henrique II da Inglaterra,
primo direito de Sibila que se obrigara perante o papado a peregrinação perpétua devido ao assassinato de Thomas Becket - havia a
possibilidade de o monarcaplantageneta fazer a penitência em cruzada.
Aproveitando então a ausência de um grande número de soldados e cavaleiros de Jerusalém, Saladino decidiu invadir o reino pelo
sul. Com poucas forças, o Leproso acorreu para tentar travar os egípcios em Ascalão. Não teve sucesso, mas persistindo em
perseguição ao exército inimigo, obteria uma surpreendente vitória na batalha de Montgisard a 25 de Novembro, com o auxílio de
Reinaldo de Châtillon e dosCavaleiros Templários[15][16].
Ainda no mesmo ano, Balduíno permitiu o casamento da sua madrasta com Balião de Ibelin, em uma acção conciliatória entre o
monarca e esta ambiciosa família. A união acarretava riscos: com o apoio de Maria Comnena, os Ibelin passariam também a tentar
casar as princesas Sibila e Isabel com o seu clã.
No ano seguinte continuaram as acções militares de cruzados e muçulmanos, e Balduíno decidiu construir novas fortalezas para
proteger os seus territórios. Uma destas foiChastelet, no local conhecido comovau de Jacob, um ponto fulcral de passagem entre São
João de Acre, a Palestina e Damasco[17]. Iniciada a construção em Outubro de1178, foi confiada aos Templários[18].
Em 1179 Balduíno sofreu algumas derrotas militares a
norte. A 10 de Março liderou uma incursão para capturar
gado em Banias, mas foi surpreendido por Farrukh Shah,
sobrinho de Saladino. O seu cavalo assustou-se e o rei
quase foi capturado. Ao proteger a sua fuga, o condestável
Onofre II de Toron foi mortalmente ferido[19].
Por fim, a 29 de Agosto o castelo interminado no vau de Jacob foi cercado, vencido e arrasado por Saladino na batalha de Vadum
Iacob[22]. Metade da sua guarnição de Templários foi morta e os restantes foram aprisionados[23]. Em 1180, os recursos humanos dos
latinos e dos muçulmanos estavam esgotados, pelo que Balduíno e Saladino acordaram umas tréguas de dois anos[24][25]. Durante
este período o imperador germânico Frederico Barbarossa envolveu-se em um conflito contra os Guelfos; Luís VII de França e
Manuel I Comneno morreram, e os seus sucessores tinham outras prioridades que não o domínio daerra
T Santa.
Com base na Historia de Guilherme de Tiro, as primeira decisões têm sido atribuídas pelos
historiadores à influência de Inês de Courtenay sobre o filho, mas recentemente esta versão dos
acontecimentos tem sido posta em dúvida, levando em conta a inimizade pessoal do cronista pelo
partido dos Ibelin[27]. Por outro lado, o noivado de Isabel pode ser explicado por uma dívida de
gratidão que o rei sentiria pelo avô do noivo, Onofre II de Toron, que perdeu a vida para o salvar
em 1179. Uma herdeira ficava assim ligada ao partido oposto aos Ibelin, em um contexto de
equilíbrio de poderes. Pintura de Guy de
Lusignan por François-
Guy de Lusignan aliara-se previamente com Reinaldo de Châtillon, que aproveitou a posição Édouard Picot, c.1843
estratégica dos seus domínios para proceder à pilhagem das caravanas muçulmanas que (Salas das Cruzadas,
atravessavam a região. O senhor de Transjordânia chegou a organizar uma expedição com o Palácio de Versailles)
objectivo de saquear Meca e Medina, duas das cidades mais santas doIslão[28].
Multiplicavam-se as provocações a Saladino, que cercaria o castelo de Kerak várias vezes, sempre sendo oposto pelos exércitos de
Balduíno em defesa do irascível Reinaldo. Em Agosto de 1182 a hoste real repeliu a ameaça de Saladino a Beirute e depois realizou
uma incursão nas proximidades de Damasco; mas pouco depois Balduíno ficaria fisicamente incapacitado pela doença - cego e sem
poder andar - pelo que nomeou Guy seuregente.
Em Novembro de 1183 Balduíno teve notícias de mais um cerco de Saladino a Kerak,
onde se celebravam as núpcias da sua meia-irmã Isabel com Onofre IV de Toron.
Carregado de maca e acompanhado de Raimundo III de Trípoli, liderou imediatamente
uma expedição para levantar o cerco. Guy de Lusignan era um dos convidados dentro do
castelo de Reinaldo, mas recusou-se a sair para enfrentar o sultão aiúbida em batalha
quando os cruzados estavam em posição vantajosa para o atacar em duas frentes. As
forças muçulmanas acabariam simplesmente por retirar, mas o rei reconheceu falta de
sentido político no cunhado, resolvendo afastá-lo e à irmã da sucessão.
Referências e notas
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