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Balduíno IV de Jerusalém

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Balduíno IV
Balduíno IV de Jerusalém(Jerusalém, 1161 – Jerusalém, 16 de Março
de 1185[1]), cognominado o Leproso, foi rei de Jerusalém de 1174 até à
sua morte. Era filho do rei Amalrico I com a sua primeira esposa, Inês
de Courtenay, irmão da rainha Sibila de Anjou, tio do seu sucessor
Rei de Jerusalém
Balduíno de Montferrate meio-irmão da rainhaIsabel I de Jerusalém.

Índice
Infância
Regência de Milão de Plancy
Regência de Raimundo III de Trípoli
Questão sucessória
Conflito com Saladino
Regência de Guy de Lusignan e morte
Representações na arte e na literatura
Referências e notas
Bibliografia

Infância Representação da coroação de Balduíno IV


(iluminura do século XIV da História de Guilherme de T iro)
Apesar de o seu nascimento não ser mencionado em qualquer
Reinado 15 de Julho de 1174 a
documento ou história contemporânea, as crónicas permitem estimar o 16 de Março de 1185
ano do seu nascimento em 1161[2]. Aquando do seu nascimento, o seu (a partir de 1183 servindo com
Balduíno V )
pai, então conde de Jafa e Ascalão, pediu ao irmão, o rei Balduíno III
de Jerusalém, para ser o padrinho do seu filho. Uma vez que este Coroação 15 de Julho de 1174
aceitou, a criança foi baptizada com o prenome de Balduíno. Antecessor(a) Amalrico I
Sucessor(a) Balduíno V
Balduíno III morreu no ano seguinte, sendo sucedido por Amalrico.
Casa Anjou
Para subir ao trono, este foi forçado pelanobreza cruzada a anular o seu
Nascimento 1161
casamento com Inês de Courtenay, julgada de personalidade demasiado
volátil e propensa a intrigas para se tornar rainha daCidade Santa[3][4].
Jerusalém Reino de
Jerusalém
Inês manteve o título de condessa de Jafa e Ascalão (posteriormente Morte 16 de março de
seria também senhora de Sidom) e continuou a receber uma pensão
1185 (24 anos)
pelo rendimento desse feudo; e a Igreja declarou Balduíno IV e Sibila Jerusalém
filhos legítimos do rei, preservando o seu lugar na ordem de Enterro Igreja do Santo Sepulcro
sucessão[5]. Amalrico voltaria a casar-se em 1167 com Maria Pai Amalrico I de Jerusalém
Comnena, de quem nasceria Isabel I de Jerusalém[6]. Mãe Inês de Courtenay
Enquanto Sibila foi enviada para ser educada com a sua tia-avó Ioveta, abadessa do
convento de Betânia, Amalrico manteve o seu filho na corte de Jerusalém, tendo
pouco contacto com a mãe. Aos nove anos de idade, a educação do herdeiro foi
confiada ao historiador Guilherme de Tiro. Na sua Historia não poupou elogios ao
falar da educação do seu jovem pupilo e, apesar do viés natural do autor, este rei
[7].
ficaria na história com uma imagem de inteligência e cultura

Foi também Guilherme quem descobriu que o jovem sofria de lepra, apesar de o
diagnóstico só ter sido confirmado quando atingiu a puberdade: ao observar o seu
pupilo a brincar com jovens da sua idade, tentando magoar-se uns aos outros com
beliscões nos braços, o cronista reparou que Balduíno não parecia sentir dor, ao
contrário das restantes crianças.

Esta condição foi imediatamente reconhecida como indício de uma doença grave,
que seria identificada conclusivamente como lepra com a chegada puberdade,
quando os sintomas se agravaram. Amalrico procurou a ajuda de vários médicos,
O Oriente Próximo em 1165 inclusivamente muçulmanos, e recorreu a imersões norio Jordão, uma cura realizada
pelo profeta Eliseu de acordo com o Segundo Livro dos Reis da Bíblia[8], mas
nenhum método seria eficaz[9].

Regência de Milão de Plancy


Amalrico I morreu a 11 de Julho de 1174, depois de tentar impedir o domínio dos
zengidas sobre o califado egípcio, mas sem sucesso. Mas este domínio não seria
completo porque, com a morte em 1171 do conquistador Xircu, o território passou para
o controlo do seu sobrinho Saladino, que adoptou uma política dúbia, não totalmente
submissa a Noradine. Os estados cruzados tinham agora de enfrentar a sul o poder
emergente dos aiúbidas, em vez do poder decadente dosfatímidas[10].

Balduíno IV foi imediatamente coroado, pelo patriarca latino de Jerusalém Amalrico de


Nesle a 15 de Julho, com a idade de treze anos. Uma vez que a maioridade estava
definida para o quinze anos, o reino foi colocado sob regência, inicialmente exercida
informalmente pelo senescal Milão de Plancy, guerreiro de renome mas que se revelaria Morte de Amalrico I de Jerusalém
um falho político. e coroação de Balduíno IV
(Historia de Guilherme de Tiro e
Duas semanas depois da coroação, a 28 de Julho, o rei Guilherme II da Sicília continuação, São João de Acre,
desembarcou em Alexandria e pôs cerco à cidade, mas seria derrotado por Saladino a 31 século XIII, Biblioteca Nacional
de Julho. Se Milão de Plancy tivesse lançado um ataque simultâneo, é provável que de França)
Saladino, ainda em situação precária no poder do Egito, tivesse ficado em uma posição
muito desfavorável.

Por ser leproso, não se esperava que Balduíno reinasse por muito tempo ou produzisse um herdeiro, pelo que os nobres do reino
posicionaram-se de modo a influenciar os herdeiros de Balduíno: a sua irmã Sibila, na companhia da tia-avó Ioveta no convento de
Betânia; e a sua meia-irmã Isabel, na corte da sua mãe Maria Comnena em Nablus (actual Cisjordânia) e na companhia da poderosa
família Ibelin.

Entretanto Raimundo III de Trípoli chegou a Jerusalém, exigindo a sua nomeação como bailio e regente, uma vez que era o parente
varão mais próximo (primo direito) de Amalrico. Foi apoiado pela maioria da nobreza do reino, incluindo Onofre II de Toron, Balião
de Ibelin e Reginaldo de Sidom.

Regência de Raimundo III de Trípoli


Milão de Plancy foi acusado de abusar da sua posição de regente, pelo que os nobres do
reino exigiram a sua renúncia. Perante a sua recusa, foi assassinado no final do ano
durante uma viagem de inspecção a São João de Acre e Raimundo foi nomeado bailio
pela Haute Cour (corte de Jerusalém)[11].

A sul, Saladino planeava tomar as cidades-estado de Alepo, Homs e Damasco, na posse


dos herdeiros de Noradine, para dominar a Síria e cercar os estados cruzados, objectivo
principal da jiade. Em resposta, Raimundo III de Trípoli apoiou os zengidas contra o
sultão do Egito.

Em 1175 Balduíno acompanhou o seu regente a Homs, em uma operação que forçou
Saladino a levantar o cerco a Alepo. Em agradecimento, o emir desta cidade libertou os
Saladino incendeia uma cidade seus prisioneiros cristãos, entre os quais Reinaldo de Châtillon e Joscelino III de
(iluminura da Historia de Edessa[12], apesar de também ser relatado que o segundo só foi libertado quando a sua
Guilherme de Tiro e continuação,
irmã pagou um resgate de 50 000 dinares, provavelmente com uma ajuda do tesouro
século XV, Biblioteca Nacional de
real. Depois, Raimundo iniciou várias incursões a territórios muçulmanos com o
França)
objectivo de enfraquecer o aiúbida[13].

O regente nomeou Guilherme de Tiro chanceler em 1174 e arcebispo de Tiro em 1175; no Verão de 1175 acordou tréguas com
Saladino, necessárias a ambos os campos - os latinos ainda não possuíam a liderança forte de um rei nos seus plenos poderes, e o
muçulmano ainda estava a tentar consolidar o seu poder, precisando de subjugar a Ordem dos Assassinos e os emires independentes
da Síria.

Raimundo também negociou o casamento da irmã do rei com Guilherme de Montferrat, primo direito de Luís VII de França e de
Frederico Barbarossa. Guilherme chegou no início de Outubro, tornou-se conde de Jafa e Ascalão jure uxoris, e esperava-se que
subisse ao trono com Sibila assim que Balduíno ficasse incapacitado; mas morreria em Ascalão em Junho de 1177[14] após várias
semanas de doença, ainda durante a gravidez de Sibila de Jerusalém, da qual nasceria o futuro rei Balduíno V. A regência terminou
no segundo aniversário da coroação de Balduíno IV em 1176, data em que o jovem rei atingiu a maioridade e o conde de Trípoli
abandonou o cargo de bailio[13].

Questão sucessória
Devido à sua doença, desde o início do seu reinado Balduíno IV teve de se preocupar com os problemas da sua sucessão. O seu pai
casara-se duas vezes: com Inês de Courtenay, que contraíra novo matrimónio com Reginaldo de Sidom; e com Maria Comnena,
casada em 1177 com Balião de Ibelin. Sibila, a filha de Inês, já tinha atingido a maioridade e tido um filho, pelo que estava em uma
boa posição para suceder ao irmão, masIsabel, a filha de Maria, tinha o apoio dos Ibelin, a família do seupadrasto.

A posição de Raimundo III de Trípoli era difícil e controversa. Como parente mais
próximo do rei por via varonil, poderia reivindicar o trono. No entanto não tinha
produzido descendentes que pudessem ser seus herdeiros inequívocos, o que terá sido o
motivo de evitar colocar-se na posição de pretendente. Em vez disso, usou a sua
influência para colaborar com os Ibelin na tentativa de influenciar os casamentos das
princesas.

Entretanto, o rei depositava a sua confiança principalmente em quem não o pressionava


politicamente no assunto da sucessão: a sua mãe e o irmão desta, Joscelino III de
Edessa, que não tinha possibilidades de se assumir como pretendente. Assim, depois do
Noivado e casamento de Sibila
seu resgate das prisões de Alepo, em 1176 o conde titular de Edessa foi nomeado
de Jerusalém com Guido de
senescal do reino[5]. Em 1179 Balduíno começou a planear o casamento de Sibila com Lusignan (Historia de Guilherme
Hugo III da Borgonha, mas na Primavera de 1180 ainda não tinha feito uma decisão. de Tiro e continuação,
século XIII)
Aliado a Boemundo III de Antioquia, Raimundo marchou então sobre Jerusalém para tentar forçar o rei a casar a irmã com um
favorito seu, provavelmente Balduíno de Ibelin, irmão mais velho de Balião. Em resposta, Balduíno apressou-se a casá-la com Guy
de Lusignan, irmão mais novo do condestável Amalrico, e Raimundo voltou aTrípoli sem entrar no reino.

Este casamento com um europeu era essencial para atrair ajuda militar externa ao Reino de Jerusalém. Filipe II de França ainda
estava na menoridade, pelo que não se poderia esperar ajuda imediata deste reino; Guy era vassalo do rei Henrique II da Inglaterra,
primo direito de Sibila que se obrigara perante o papado a peregrinação perpétua devido ao assassinato de Thomas Becket - havia a
possibilidade de o monarcaplantageneta fazer a penitência em cruzada.

Conflito com Saladino


Depois de assumir o trono, Balduíno IV não ratificara a paz de Raimundo III de
Trípoli com Saladino. Deste modo, invadiu a região de Damasco e do vale do Beca,
e planejou um ataque ao Egito, a fonte do poder do sultão. O anterior príncipe de
Antioquia, Reinaldo de Châtillon, foi libertado de Alepo em 1176 por um filho de
Noradine, através de uma troca de prisioneiros ou do pagamento do seu resgate por
Manuel I Comneno. Balduíno enviou-o a Constantinopla em embaixada ao
imperador bizantino a fim de obter o apoio naval para esta expedição.

Reinaldo voltou ao Reino de Jerusalém no início de 1177, sendo recompensado com


um casamento com Estefânia de Milly, a abastada viúva de Onofre III de Toron e
Milão de Plancy, e herdeira do Senhorio de Transjordânia, incluindo os castelos de
Kerak e Montreal, a sudoeste do mar Morto. Estas fortalezas controlavam as rotas de
comércio entre o Egito e Damasco, e davam acesso ao mar Vermelho. Balduíno
tentou assegurar a cooperação do seu cunhado Guilherme de Montferrat com
Reinaldo na defesa do sul do reino, mas o conde de Jafa e Ascalão morreria em
Saladino vitorioso (ilustração de
Junho[14].
Gustave Doré, século XIX)
Em Agosto, o conde da Flandres Filipe da Alsácia chegou em cruzada à Terra Santa,
pretendendo casar as irmãs de Balduíno IV com vassalos seus. Advogava para isto que tinha mais direitos do que o regente
Raimundo III de Trípoli, por ser o parente mais próximo do rei por via paterna: Filipe era neto de Fulque de Jerusalém, e por isso
primo direito de Balduíno; Raimundo era sobrinho de Melisende de Jerusalém, e assim primo direito do pai de Balduíno. Mas a
Haute Cour recusou-lhe este direito, com Balduíno de Ibelin chegando a insultá-lo publicamente - os Ibelin eram os partidários da
rainha Maria Comnena, pelo que possivelmente terão usado a sua influência para assim tentar casar uma das irmãs do rei com o
próprio Balduíno de Ibelin. Ofendido, o flamengo abandonou o reino, preferindo então lutar nas campanhas do Principado de
Antioquia.

Aproveitando então a ausência de um grande número de soldados e cavaleiros de Jerusalém, Saladino decidiu invadir o reino pelo
sul. Com poucas forças, o Leproso acorreu para tentar travar os egípcios em Ascalão. Não teve sucesso, mas persistindo em
perseguição ao exército inimigo, obteria uma surpreendente vitória na batalha de Montgisard a 25 de Novembro, com o auxílio de
Reinaldo de Châtillon e dosCavaleiros Templários[15][16].

Ainda no mesmo ano, Balduíno permitiu o casamento da sua madrasta com Balião de Ibelin, em uma acção conciliatória entre o
monarca e esta ambiciosa família. A união acarretava riscos: com o apoio de Maria Comnena, os Ibelin passariam também a tentar
casar as princesas Sibila e Isabel com o seu clã.

No ano seguinte continuaram as acções militares de cruzados e muçulmanos, e Balduíno decidiu construir novas fortalezas para
proteger os seus territórios. Uma destas foiChastelet, no local conhecido comovau de Jacob, um ponto fulcral de passagem entre São
João de Acre, a Palestina e Damasco[17]. Iniciada a construção em Outubro de1178, foi confiada aos Templários[18].
Em 1179 Balduíno sofreu algumas derrotas militares a
norte. A 10 de Março liderou uma incursão para capturar
gado em Banias, mas foi surpreendido por Farrukh Shah,
sobrinho de Saladino. O seu cavalo assustou-se e o rei
quase foi capturado. Ao proteger a sua fuga, o condestável
Onofre II de Toron foi mortalmente ferido[19].

A 10 de Junho, em resposta a incursões de cavalaria


muçulmana perto de Sidom, Balduíno organizou uma
expedição, com Raimundo III de Trípoli e o grão-mestre
dos Templários Odo de Saint Amand[20]. Em Cesareia de
Pintura da batalha de Montgisard por Charles-Philippe
Filipe derrotaram o destacamento que atravessava o rio
Larivière, c.1842 (Salas das Cruzadas,Palácio de
Litani, mas depois foram surpreendidos e derrotados pela Versailles)
hoste de Saladino. Incapaz de montar sem ajuda, o rei
escapou por pouco, retirado do campo no cavalo de outro
cavaleiro enquanto a sua guarda abria o caminho. Raimundo III de Trípoli fugiu para Tiro e Reginaldo de Sidom resgatou um grande
número de fugitivos, mas neste confronto foram aprisionados o grão-mestre Templário, Balduíno de Ibelin e Hugo de Tiberíades, um
dos enteados de Raimundo de Trípoli[21].

Por fim, a 29 de Agosto o castelo interminado no vau de Jacob foi cercado, vencido e arrasado por Saladino na batalha de Vadum
Iacob[22]. Metade da sua guarnição de Templários foi morta e os restantes foram aprisionados[23]. Em 1180, os recursos humanos dos
latinos e dos muçulmanos estavam esgotados, pelo que Balduíno e Saladino acordaram umas tréguas de dois anos[24][25]. Durante
este período o imperador germânico Frederico Barbarossa envolveu-se em um conflito contra os Guelfos; Luís VII de França e
Manuel I Comneno morreram, e os seus sucessores tinham outras prioridades que não o domínio daerra
T Santa.

Regência de Guy de Lusignan e morte


Sob pressões da sua corte e cada vez mais doente, em 1180 Balduíno IV acabaria por permitir
várias decisões que teriam consequências desastrosas: a eleição do patriarca latino de Jerusalém
Heráclio de Auvérnia, os casamentos de Sibila com Guy de Lusignan e de Estefânia de Milly com
Reinaldo de Châtillon[26], e o noivado da sua meia-irmãIsabel com Onofre IV de Toron.

Com base na Historia de Guilherme de Tiro, as primeira decisões têm sido atribuídas pelos
historiadores à influência de Inês de Courtenay sobre o filho, mas recentemente esta versão dos
acontecimentos tem sido posta em dúvida, levando em conta a inimizade pessoal do cronista pelo
partido dos Ibelin[27]. Por outro lado, o noivado de Isabel pode ser explicado por uma dívida de
gratidão que o rei sentiria pelo avô do noivo, Onofre II de Toron, que perdeu a vida para o salvar
em 1179. Uma herdeira ficava assim ligada ao partido oposto aos Ibelin, em um contexto de
equilíbrio de poderes. Pintura de Guy de
Lusignan por François-
Guy de Lusignan aliara-se previamente com Reinaldo de Châtillon, que aproveitou a posição Édouard Picot, c.1843
estratégica dos seus domínios para proceder à pilhagem das caravanas muçulmanas que (Salas das Cruzadas,
atravessavam a região. O senhor de Transjordânia chegou a organizar uma expedição com o Palácio de Versailles)
objectivo de saquear Meca e Medina, duas das cidades mais santas doIslão[28].

Multiplicavam-se as provocações a Saladino, que cercaria o castelo de Kerak várias vezes, sempre sendo oposto pelos exércitos de
Balduíno em defesa do irascível Reinaldo. Em Agosto de 1182 a hoste real repeliu a ameaça de Saladino a Beirute e depois realizou
uma incursão nas proximidades de Damasco; mas pouco depois Balduíno ficaria fisicamente incapacitado pela doença - cego e sem
poder andar - pelo que nomeou Guy seuregente.
Em Novembro de 1183 Balduíno teve notícias de mais um cerco de Saladino a Kerak,
onde se celebravam as núpcias da sua meia-irmã Isabel com Onofre IV de Toron.
Carregado de maca e acompanhado de Raimundo III de Trípoli, liderou imediatamente
uma expedição para levantar o cerco. Guy de Lusignan era um dos convidados dentro do
castelo de Reinaldo, mas recusou-se a sair para enfrentar o sultão aiúbida em batalha
quando os cruzados estavam em posição vantajosa para o atacar em duas frentes. As
forças muçulmanas acabariam simplesmente por retirar, mas o rei reconheceu falta de
sentido político no cunhado, resolvendo afastá-lo e à irmã da sucessão.

De volta a Jerusalém, Balduíno decidiu associar o seu sobrinho Balduíno V ao trono,


tornando-o seu herdeiro e sucessor e coroando-o a 20 de Novembro de 1183; nomeou
Morte de Balduíno IV ecoroação
de Balduíno V (Historia de novamente Raimundo III de Trípoli regente e bailio, durante o seu reinado e o do seu
Guilherme de Tiro e continuação, sobrinho. Para isto contou com o apoio da sua mãe, do seu padrasto e de um grande
século XIII) número de barões do reino. No entanto o rei ainda continuou a governar pessoalmente o
reino. No início de 1184 ainda tentou anular o casamento de Guy com Sibila, mas estes
mantiveram-se nos seus domínios deAscalão e não compareceram às necessárias cerimónias de anulamento.

Baulduíno IV de Jerusalém morreu a 16 de Março de 1185, com 24 anos de idade,


[A cidade de Tibnin]
pouco depois da sua mãe - Saladino ficaria de luto em sinal de respeito. Os seus pertence à porca
esforços para assegurar a sucessão do reino seriam frustrados com a morte de conhecida como
Balduíno V no ano seguinte. Guy de Lusignan e Sibila ascenderiam então ao trono e Rainha, que é a mãe
precipitariam a perda deJerusalém na batalha de Hattin. do porco que é Senhor
de Acre - que Deus
Apesar do cavalheirismo de Saladino, a atitude popular dos muçulmanos quanto a destrua.
Balduíno seria registada pelo viajanteIbn Jubair: o rei cristão era chamadoal-khinzir — Tradução livre de As Viagens de
(o porco, referência ao animal considerado impuro, provavelmente relacionada com Ibn Jubair
a sua doença e a sua fé cristã) e sua mãe Inês al-khinzira (a porca)[29].

Representações na arte e na literatura


Literatura Ilustrações

Várias obras literárias basearam-se no personagem Balduíno figura em


iluminuras das várias
histórico do rei leproso, com graus variáveis de imprecisão.
versões da Historia de
Em geral é representado como um personagem simpático. Guilherme de Tiro dos
Algumas destas obras são: séculos XIII e XIV,
inclusivamente na
descoberta da sua
Manuel Mujica Láinez (1965).El unicornio (em
doença pelo cronista. Guilherme de Tiro
espanhol). [S.l.: s.n.] (fantasia)
O rei aparece em uma descobre os primeiros
Serge Dalens. L'Etoile de Pourpre (ou Baudouin IV de
representação sintomas de lepra de
Jérusalem). col. Signe de Piste (em francês). 1 - Les
romântica de c.1842 da Balduíno
Prisonniers; 2 - Les Lépreux. [S.l.]: Fleurus(também
batalha de Montgisard,
adaptado para banda desenhada(PE) - história em por Charles-Philippe Iluminura de c. 1250 de
quadrinhos(PB)) Larivière, nas Salas L'Estoire d'Eracles,
Judith Tarr (1989). Alamut (em inglês). [S.l.]: Doubleday das Cruzadas do tradução para o francês
(fantasia) Palácio de Versailles. antigo da Historia de
Judith Tarr (1991). The Dagger and the Cross(em Nesta obra é Guilherme de Tiro,
inglês). [S.l.]: Doubleday(fantasia) transportado em uma
maca para a batalha, Biblioteca Britânica)
Cecelia Holland (1996).Jerusalem (em inglês). [S.l.:
mas com uma espada
s.n.]
na mão direita e o
Juliette Benzoni (2002).Thibaut ou la croix perdue(em rosto descoberto, sem as lesões típicas dalepra. Na
francês). [S.l.]: Plon realidade, em Montgisard Balduíno ainda montava e
Laurence Walbrou-Mercier (2008).Baudouin IV de lutava a cavalo, e empunhava a espada com a mão
Jérusalem « ...C'est pourquoi je ne faiblirai pas »(em esquerda, uma vez que a sua mão e o seu braço
francês). [S.l.]: Téqui. ISBN 978-2-7403-1424-1 direitos tinham sido os primeiros afectados pela
(romance histórico) doença.
Georges Bordonove. Les lances de Jérusalem(em
francês). [S.l.: s.n.] Cinema
Dominique Baudis. La Conjuration (em francês). [S.l.:
s.n.] No filme Kingdom of Heaven de Ridley Scott (2005),
Zofia Kossak (1936). Król trędowaty (O Rei Leproso) Balduíno é representado porEdward Norton. Esta
(em polaco). [S.l.: s.n.] ficção reduz a gravidade da sua doença e apresenta-o
como um rei pacífico ao contrário de um típico rei
Níkos Kazantzákis (1956). Ο Φτωχούλης του Θεού
guerreiro da Idade Média em geral e do contexto das
(São Francisco) (em grego). [S.l.: s.n.]
Cruzadas em particular. A máscara com que surge é
Michel Bom, Thierry Cayman.Sylvain de Rochefort. uma invenção do argumentista do filme, sem base em
(série) (em francês). [S.l.: s.n.] relatos contemporâneos.

Referências e notas
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estes tinham contra Inês de
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