L 10988 EDITORA PAZ E TERRA SA Rando il, 177 Sia gn So Pa SP— CEP 01212010, "rds 11) 33378399 Rus Hemeneglda de Baran 1A de Jno, RJ - CEP 2021-040 "Ts (Gn) 22420656 23073599 femal: vend pececom br Home pg we pcetr come pres no Bel Priel ri SUMARIO Sobre o caéter afirmativo da cultura Comentérios para uma redefinigio da culeura A nosa 10 de progresso& luz da pricanilise Nota bibliogréfica 7 6 99 123mada pelo “conjunco da cultura’. Pontos de vista como estes fram no que é principal: a superagdo desta cultura. © falso quo €o elemento matetalsta primitive na idéia do paraiso da satsfagd sem esforgo dos contos de fada, masa sua perperu- asdo. Enquanto exstr 0 efémero, have suficiente lta, rise za soliimento para destruir a imagem ida; enquanto ex lum ino da necesidade, haverd necessidades suficientes. Tam. ‘bem uma culera no-afirmasiva sera lastreada com a cransito- riedade e a nevessidade: uma danga no topo do vuleio, uma gargahada em meio a luo, um jogo com a morte. Enquanto iso drat reprodugao da vida também seri ina reprodusso da cultura: formagio de anscios nto realzados, puificagéo de instintos nfo realizados. Na cultura afrmativa a renincia se wincula& decadéncia exterior do individuo, com seu juadramento disciplinado na adequacio numa ordem mé. ibis cones qu @fémero no ber asnabidade sensualidade (Sinnlichket, mas a desvaloriza; ela & possvel Tunicamente na base da desvaloizayo desta ima Esse ours cia de felicdade mio & metafsca:constica obra de uma org nizagio socal desprovida de rio. Sua superago ndo climinard a individualidade junto com a eliminagao da culeura, mas rea- lizard efetivamente a individalidade. E “uma vee que nos en- ‘ontramos de alguma forma flizes, no podemes fazer nada {que nio sja promover a cular (1937) Tradugio Wolfgeng Leo Maar. “Nabe, Wik op, vt 2. 68 eC Comentarios para uma redefinigao da cultura’ arto da definicio de cultura dada pelo Webster, segundo qual cultura € entendida como 0 complexo especifico de crengas religiosas, aquisiges, radigBes etc. que configuram © “pano de fundo”? (Hinergrund) de uma sociedade. No uso lingiistico tradicional, “aqusigbes" como destruigio e crime « “tradig6es” como crueldade ¢ fanatismo séo geralmente ex: clulchs:seguirei esse uso, embora poss se mostrar necesirio reintroduzir essa qualidades na definigio. No centro de mi nha discussio estaréarelagio entre o “pano de fundo” (cultu- 1) € 0 “fundo” (Grund): culeura aparece entéo como 0 con- junto de objetivos (Ziele) (ou valores) morais, intelectuais ¢ estéticos,considerads por uma sociedad como meta (Ziveck) «da organizagio, da divisio eda ditegSo de seu trabalho —“o Bem’ (das Gus), que deve se alcangado mediante o modo de "ONT: Beco publi pl rnin yee em igh "Remco Rakion fale Dade, Wir 1965, p190207. vento ers $id or led Shi Beetange acer Nesting der Ka lar nd Gel 2.1965,» M771. A prone do bes ers NT: Hinterpand¢ funda que ek por so barkpound “pane de ands 69.vida por ela instcuido, Por exemplo, 0 aumento ds iberdade pessoal publica, a diminuigio das dsigualdades, que impe- dem odesenvolvimento dos“individuos” ou da "personalidade", assim como uma administra capaz ¢ racional poderiam ser entendidos como “valores culrurais® representativos (negi-los como valores ¢ algo que se condena oficialmente tanto no Leste {quanto no Oeste) para as sociedads indusrais avancadas. Falamos de uma cultura (pasada ou presente) como exis- tente apenas quando os objetivos ¢ os valores representatives foram (ou sG0) recanhecidamence traduzidos na realidade social. Pode haver diferencas consideriveis quanto & impor tdnca €adequagio dessa eadugio (Uberetewng), mas asinsti- tuigdes dominantese as relagbes entre os Componentes da res- pectiva sociedade precisam apresentar uma afinidade demonstrivel com os valores proclamados: elas devem forne- tras palavras, cultura é mais do que uma mera ideologia. Em vista dos objetivos proclamados pela ciilizagao ockdental eda pretensio de realzé-os, definisfamos culrura como tum pro- cesso de humanizago (Humaniierung) caracterizado pelo es- forgo coleivo para conservar a vida humana, pacficar a luca pela existéncia ou mantéla dentro de limites controldvcis, ‘consolidar tuma organizagio produtiva da sociedade, desen- volver as capacidades intelecruais dos homens ¢ diminuir ¢ sublimar a agressio, a violencia ¢ a miséria. Tnicialmente duas limitagSes devem ser colocadas: (1) & “obrigatotiedade” (Verbindlichket) da culeara sempre esteve restrta a um universo expecifiy, foumady por uma idcati- 70 lade étnica, nacional, rligiosa ou outta (as excegbes sendo condenadas a permanecerideolégieas). Sempre houve wm uni- verso “estrangeiro” para 0 qual os fins culturais nfo valem: 0 inimigo, 0 outro, o estrangeiro, © proscrito — conceitos que no se referem primatiamente a individuos, mas a grupos religides, “modos de vida", sistemas sociais. Ante o inimigo (que surge também dentto do préprio universo) a cultura é ‘sispensa ou até proibida, eo caminho da desumanidade € 2¢- sim facilitado. (2) Apenas a exelusio da crueldade, do fana tismo ¢ da violéncia nao-sublimada permite a definigéo da culeura como processo de humanizagio. Essasforcas (¢ sua instiuigao), no encanto, podem ser perfeitamente um elemen to incegrance da cultura, de tal modo que alcangar ou aproxi- imar-se dos fins culturis se realiza por meio do exerccio da crueldade e da violencia, Isso poderiaexplicar 0 paradoxo de 2 cultura superior” do Ocidente ter sido, em to grande medi- dla, protesto, recusa ¢ acusagio contra a cultura — no 56 a respeito de sua deplordvel uaduygo 1a reaidade, was taun- ‘bém de seus principio internos ¢ de seu contetio. Sob essas suposigées, o exame de uma dada culeura envol- ‘ve a questio da relagdo entre valores €fatos — néo como um problema I6gico ou epistemolégico, mas sim como um pro- blema da estrutura social: como se relacionam os meios da sociedade com as metas que ela mesma profes? As metas si0 ‘stabelecidas, prsumivelmente, pela “cultura super vada (Socialmente);sfo, pois, valores, que devem ser ineorpo- rads, mais ou menos adequadamente, nas institug6es € nas selagSes cociaia. Dese modo, a quertés pode ser Formulada n