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IDENTIDADE DA FAMÍLIA EMPRESÁRIA: UM ELEMENTO DE COESÃO PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS

“A s empresas familiares duradou­


ras costumam ser o reflexo de fa­
mílias empresárias unidas por uma identidade
que expressa a personalidade e as aspirações do gru­
po. [...] Com esta publicação, o IBGC pretende ajudar
todos os que participam das decisões sobre os rumos
das famílias e das empresas familiares a compreen­
der a importância da identidade familiar, que pode
tornar-se um elemento valoroso para a família e IDENTIDADE DA
para a empresa quando percebida e assimi­
lada de maneira consciente”. FAMÍLIA EMPRESÁRIA
UM ELEMENTO DE COESÃO
PARA A CONTINUIDADE
DOS NEGÓCIOS

EDIÇÃO
IBGC Segmentos
Identidade da Família Empresária
Um Elemento de Coesão para a Continuidade
dos Negócios

São Paulo | 2018


O IBGC é uma organização exclusivamente Conselho de Administração
dedicada à promoção da governança corpo-
rativa no Brasil e o principal fomentador das PRESIDENTE
práticas e discussões sobre o tema no país, Ricardo Egydio Setubal
tendo alcançado reconhecimento nacional e
internacional. VICE-PRESIDENTES
Fundado em 27 de novembro de 1995, Henrique Luz e Monika Hufenüssler Conrads
o IBGC – sociedade civil de âmbito nacional,
sem fins lucrativos – tem o propósito de ser CONSELHEIROS
referência em governança corporativa, contri- Doris Beatriz França Wilhelm, Isabella Saboya, Israel Aron
buindo para o desempenho sustentável das Zylberman, Leila Abraham Loria, Richard Blanchet e Vicky Bloch
organizações e influenciando os agentes da
nossa sociedade no sentido de maior trans-
parência, justiça e responsabilidade. Diretoria
Para mais informações sobre o Instituto Alberto Messano e Matheus Corredato Rossi
Brasileiro de Governança Corporativa, visite o
website <www.ibgc.org.br>.
Para associar-se ao IBGC, ligue: Superintendência Geral
(11) 3185-4200. Heloisa Bedicks
CRÉDITOS
Esta obra foi desenvolvida por grupo de trabalho (GT) composto por integrantes da equipe do IBGC e de sua
Comissão de Empresas de Controle Familiar. Formaram o GT: Lucas Legnare, Maria Cristina Bianchi, Maria Elena
Veronese, Renan Perondi e Tobias Coutinho.
Imagem da capa: Shutterstock.

AGRADECIMENTOS
A Ana Paula Baltasar, pela colaboração no processo de redação do documento.
A Andréa Sanches Fernandes, Beatriz Brito, Célia Picón, Fernando Crissiuma Mesquita, Gabriela Baum-
gart, Gastão Mesquita Filho, Guilherme Benassi, Henrique Cordeiro Trecenti, Jorge Eduardo Beira, Lídia Leila
Silva, Liesellote Lundgren Martinez, Luís Fernando Baldan Fechio, Maria Cecília Saraiva Mendes Gonçalves,
Maria Eduarda Brennand Campos, María Núria Pont Soriano, Monika Hufenussler Conrads, Olga Colpo, Ricardo
Setubal, Simone Storino, Stenio Dedemo eThiago Salgado, membros da Comissão de Empresas de Controle
Familiare, cujas discussões e reflexões auxiliaram o GT a determinar o fio condutor do texto.
A Adriana Rocha, Annibal Ribeiro Lima, Carlos Eduardo Lessa Brandão, Emerson Siécola de Mello, Fer-
nando Curado, Jaime Espósito de Lima Filho, Thiago Henrique Moreira Goes, Vladimir Barcellos Bidniuk, GCP
Gerenciamento & Consultoria e R Georg Assessoria Empresarial, pelas contribuições enviadas ao longo do pro-
cesso de audiência pública.

I59i Instituto Brasileiro de Governança Corporativa


  Identidade da família empresária: um elemento de coesão para a
continuidade dos negócios. / Instituto Brasileiro de Governança Corpo-
rativa. São Paulo, SP: IBGC, 2018. (Série IBGC Segmentos).
32 p.

ISBN: 978-85-99645-64-2

1. Empresa familiar. I. Título.

CDD-658.041

Bibliotecária responsável: Mariusa F. M. Loução CRB – 8-9995


Sumário

INTRODUÇÃO 7

1. IDENTIDADE FAMILIAR E DO NEGÓCIO 9

2. IDENTIDADE FAMILIAR COMO FORÇA PARA OS NEGÓCIOS 13

3. AS MÚLTIPLAS IDENTIDADES DAS FAMÍLIAS EMPRESÁRIAS E SUA IMPORTÂNCIA


PARA O NEGÓCIO 15
3.1 Identidade Real 17
3.2 Identidade Pretendida 17
3.3 Identidade Percebida 18
3.4 Benefícios Gerados na Empresa Familiar a Partir da Identidade da Família 19

4. CONSCIENTIZANDO-SE DA IDENTIDADE FAMILIAR: PRIMEIROS PASSOS 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS 25

REFERÊNCIAS 27
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Introdução

Introdução

U ma pergunta recorrente quando se analisam as empresas familiares longevas é: como


conseguiram ser bem-sucedidas e chegar até onde chegaram? A resposta, é claro, deve
contemplar vários fatores, considerando as particularidades de cada negócio, porém, o fator
que costuma anteceder todos os demais geralmente é a própria figura da família. Muito mais
do que sócia ou acionista, ela é a principal parte interessada (stakeholder) da empresa e pode
ser um elemento decisivo para o sucesso dos negócios.
Todavia, a simples presença da família não é suficiente para que o negócio seja, de
fato, um caso de sucesso. A rigor, a família pode ser responsável tanto pela continuidade
quanto pelo possível desaparecimento da empresa. Para que essa parceria entre família
e empresa seja positiva, é necessário haver uma conexão construtiva entre as duas partes/
entidades, de tal forma que a família veja sentido na continuidade da empresa, e a empresa,
por sua vez, seja um elemento que inspire a família a permanecer unida em torno de um
objetivo comum.
As empresas familiares duradouras costumam ser o reflexo de famílias empresárias uni-
das por uma identidade que expressa a personalidade e as aspirações do grupo. A construção
dessa identidade geralmente ocorre de forma orgânica, a partir dos princípios e valores do nú-
cleo familiar fundador. Embora de forma bastante intuitiva, eles dão o tom de como a empresa
atua. São como sementes para a construção de uma identidade própria do negócio. Com o
passar do tempo, a identidade da família e do negócio se desenvolvem de maneira autônoma,
mas a simbiose entre elas é imprescindível para garantir o alinhamento entre princípios e va-
lores, bem como uma perspectiva transgeracional para que o negócio continue sob a liderança
da família.

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IDENTIDADE DA FAMÍLIA EMPRESÁRIA: UM ELEMENTO DE COESÃO PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS
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Introdução

Um grande desafio que se apresenta comuns. Essa sinergia proporciona um ciclo


às famílias empresárias é conseguir refletir virtuoso que contribui para a longevidade da
conscientemente sobre esse processo, para família enquanto empresária.
que a identidade familiar possa moldar cons- Com esta publicação, o IBGC pretende
tantemente a identidade do negócio, mesmo ajudar todos os que participam das decisões
com as mudanças no contexto da empresa e sobre os rumos das famílias e das empresas
da família. Em sentido inverso, é fundamen- familiares a compreender a importância da
tal também saber estabelecer mecanismos identidade familiar, que pode tornar-se um
para que a identidade da empresa se torne elemento valoroso para a família e para a
um fator de fortalecimento e aglutinação dos empresa quando percebida e assimilada de
membros da família em torno de objetivos maneira consciente.

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Identidade Familiar e do Negócio

Identidade Familiar
e do Negócio

T oda identidade, sendo única e exclusiva, está relacionada ao reconhecimento que cada
indivíduo (ou grupo de indivíduos) tem de si próprio. A identidade de uma família
empresária geralmente começa a se construir a partir da identidade do próprio fundador da
empresa, influenciado por diversos fatores, como traços culturais e regionais, espiritualidade,
funcionamento da comunidade local e traumas emocionais.
No início, a identidade do fundador muitas vezes se confunde tanto com a da empresa –
pois o negócio é construído a partir da visão do fundador – quanto com a da família – pois a
identidade da família empresária se dá com base em ideias e crenças moldadas segundo a
experiência dos membros do núcleo familiar fundador.
Esta sobreposição funciona até o momento em que família e empresa crescem, e a con-
tinuidade de ambas não pode mais depender somente da atuação direta do fundador. Se, no
início, a competência, a visão e o poder estavam concentrados nas mãos do fundador, com o
passar do tempo esses três elementos tendem a se dispersar. Nem todos os que compõem a
família empresária terão as mesmas características do fundador.
Com esta natural dispersão, a identidade familiar se torna um importante elemento para
prover um senso de continuidade e distinção à organização. Baseada em princípios e valores,
ela ajuda a orientar os comportamentos das pessoas que fazem parte da família e da empresa.
Também descreve como os membros da organização desenvolvem uma compreensão com-
partilhada dos processos internos e da cultura, ou seja, como eles conduzem o dia a dia da
organização. Por meio de um conjunto único de crenças, valores e práticas, a identidade dife-
rencia uma empresa das outras aos olhos tanto dos membros da própria empresa quanto das
demais partes interessadas. Nas empresas familiares, a identidade é singular e resultante da
harmonização entre princípios e valores da família e do negócio.

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Identidade Familiar e do Negócio

Conforme a família empresária vai volva, ao mesmo tempo, a valorização do


crescendo com as novas gerações, a identi- passado, as transformações do presente e as
dade familiar também vai se transformando. expectativas do futuro. A força desta coesão
A reflexão sobre este processo é muito im- tende a ser maior que os conflitos e interes-
portante para a busca consciente da longe- ses divergentes e valoriza a possibilidade de
vidade dos negócios, que só acontecerá se a conciliação e realinhamento de valores. A coe­
família empresária se mantiver coesa. são do grupo, enfim, é determinante para a
Essa coesão tem forte suporte na iden- continuidade da família empresária e de seus
tidade familiar que se renova e se atualiza negócios e, por isso, a identidade da família e
através de uma narrativa que é transmitida a da empresa devem ser harmoniosas entre
de uma geração para a seguinte e que en- si, ainda que distintas.

Relação entre a Identidade da Família e a do Negócio

EVOLUÇÃO AO LONGO DO TEMPO

Identidade
Familiar
Identidade coesão
Identidade
Identidade Familiar do Negócio
do Negócio

Um momento importante para refletir identidade da família e suas conexões com a


sobre essa harmonização entre a identidade empresa. Para tanto, é necessário estruturar
da família e da empresa é quando os mem- formalmente os princípios e valores da orga-
bros da família de gerações seguintes à do nização e identificar o quão fundamentados
fundador assumem posições-chave na empre- estão nos princípios e valores da família.
sa ou quando são contratados gestores exter- Esse processo, quando possível, deve
nos. É fundamental que a família e os gestores ser feito com a participação do núcleo familiar
(familiares ou não) iniciem a discussão da fundador, guardião dos valores que consti­

“A identidade da organização é uma combinação entre seu propósito (razão


de ser), sua missão, sua visão (aonde quer chegar), seus valores e princípios –
o que é importante para ela e a forma como são tomadas as decisões”
(IBGC, Compliance à Luz da Governança Corporativa, 2017, pp. 17-18).

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Identidade Familiar e do Negócio

tuíram a família e a empre- para despertar o interesse


sa. Portanto, quanto antes a Tanto a das gerações futuras no ne-
discussão acontecer, melhor. gócio, promovendo o senso
identidade da
Isso pode tornar a operação de pertencimento de todos
mais fluida e eficiente, favo- família quanto os membros, amálgamas de
recendo o entendimento de a da empresa gerações e origens distintas li-
todos em relação à identida- são dinâmicas e gados pela empresa familiar.
de do negócio. Nesse senti- se desenvolvem É natural, porém, que
do, estruturas de governança surjam situações de conflito
juntamente com
familiar, como um conselho e adversidade nessas intera-
de família & (ainda que o crescimento da ções. No entanto, o processo
informal), são ferramentas própria família. de debate e superação dessas
de integração importantes situações pode servir para que
a família reforce seus laços
& Para mais informações sobre o conselho de família, com o negócio e os valores e princípios que
ver IBGC, Governança da Família Empresária, 2016. Ver norteiam a empresa, ou seja, para que ela per-
também o Capítulo 4 desta publicação.
maneça unida por causa do negócio.

Aspectos-chave da harmonização das identidades da


família e da empresa
!
• O processo parte de uma decisão da própria família e depende do seu inte­
resse em se manter unida como família empresária, conduzindo os negócios.
• É necessário identificar os traços culturais de sucesso e insucesso da identi-
dade familiar que, ao longo do tempo, ajudaram a estruturar o negócio para
mapear o que a família e a empresa devem reforçar ou mudar na sua cultura.
Essa verificação permite identificar e reforçar valores atemporais, avaliar se
determinados aspectos culturais da família continuam válidos no contexto
presente e futuro do ponto de vista social, ambiental e tecnológico e aprimo-
rar o que se tornou obsoleto.
• Identificar a percepção das partes interessadas (funcionários, clientes, forne-
cedores, parceiros, comunidade em que atua, a própria família, entre outros)
sobre a empresa pode ajudar a direcionar os rumos do negócio.
• Na relação entre família e empresa, a família influencia as decisões do ne-
gócio. O processo é dinâmico, às vezes difícil, principalmente quando não
há convergência entre os interesses dos herdeiros e familiares e os dos ad-
ministradores. É uma relação de confiança, por isso a importância de haver
mecanismos bem estabelecidos para a solução de conflitos.

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Identidade Familiar como Força para os Negócios

Identidade Familiar como


Força para os Negócios

A força de uma empresa familiar advém, inicialmente, da visão, dos valores, dos conhe-
cimentos técnicos do fundador, de sua capacidade de enxergar o que outros não veem
para criar um negócio de sucesso. Vem também da disposição para assumir riscos. De modo
geral, o fundador apresenta forte instinto de sobrevivência, senso de oportunidade, resiliência
e capacidade de aprender com os erros.
As características do fundador compõem um legado moral importante, e a transmissão
deste legado ao longo das gerações é de suma relevância para o sucesso de um negócio fa-
miliar. Quando este processo é feito de forma consciente, os valores do fundador ajudam a
moldar e a fortalecer a identidade da família empresária, provendo também as bases para a
condução dos negócios e a consequente consolidação da identidade própria da empresa. No
entanto, nada impede que qualquer membro se destaque do grupo para dar origem a negó-
cios diferentes, cada qual com sua identidade.
O senso coletivo, que não deve comprometer a individualidade de cada membro, é uma
característica importante das famílias empresárias prósperas, pois promove o comprometimento
do grupo na busca por objetivos comuns. Este senso coletivo é um dos elementos que promove
a singularidade de cada família empresária, pois a forma como esta se envolve e propicia o inter-
câmbio entre os seus valores e os dos negócios é único em cada família. Para que isso ocorra de
forma construtiva e harmônica, porém, é importante que ela tenha consciência de sua identidade.
As consequências de a identidade da família ser bem estruturada e se harmonizar com
o negócio costumam ser positivas. O processo estimula o desejo pela continuidade do legado
familiar, do qual a empresa faz parte, e a valorização da veia empreendedora por parte das
gerações subsequentes. Estas poderão compreender, mais claramente, os laços que unem a
família empresária e a importância deles para a organização. Além disso, é importante que as

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Identidade Familiar como Força para os Negócios

novas gerações tenham sua visão de mundo que coloca a empresa em posição de vanta-
acolhida na constante atualização dos va- gem no mercado. E essa identidade pode ser
lores da família, que devem se refletir nos tão forte e decisiva que, mesmo se a família
valores da empresa. É por meio da constante possuir negócios distintos, a percepção sobre
atualização e renovação da família que a em- eles muitas vezes será a mesma, justamente
presa estará preparada para atuar no merca- por causa da incorporação desses valores.
do de seu tempo. Tudo isso pode exercer um impacto
Além disso, quando as partes interes- positivo na reputação da marca, na imagem
sadas reconhecem que as decisões empre- dos produtos e serviços, nas relações com in-
sariais são tomadas com base em princípios vestidores e com a comunidade e na atração
e valores, cria-se uma relação de confiança e retenção de talentos.

! O papel da família na conscientização de como sua identidade


pode fortalecer os negócios
• Trata-se de uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo que a família traz sua
identidade para o negócio, é essencial que ela assimile a importância e o
valor da preservação da empresa.
• Normalmente, o fundador não tem consciência do processo de formalização
da identidade, pois está muito preocupado com a gestão do negócio. A se-
gunda geração, de modo geral, deve encarregar-se de manter o que a primei-
ra construiu. Com a transferência geracional, o desafio é identificar, formalizar
e acolher o que a geração seguinte traz de diferente.
• É fundamental promover um alinhamento dos gestores da empresa com os
valores da identidade familiar, definindo o perfil dos futuros gestores com
base nesses valores.
• É importante as gerações futuras terem contato com os atributos que com-
põem a identidade da família. Quanto mais cedo isso ocorrer, melhor, pois
conforme as gerações avançam, o contato com o legado do núcleo familiar
fundador tende a diminuir.

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As Múltiplas Identidades das Famílias Empresárias...

As Múltiplas Identidades das


Famílias Empresárias e sua
Importância para o Negócio

A identidade pode ser complexa e multifacetada. Ela pode ter diferentes leituras das di-
versas fontes e pode ser influenciada pela percepção que outros têm dela. Seus aspec-
tos e particularidades dependem das diferentes maneiras como as várias partes interessadas
a percebem.
Em poucas palavras, essas múltiplas identidades refletem:
1. O que a família é, de fato, e como ela enxerga seus negócios – trata-se da identi-
dade real.
2. O que os líderes da família gostariam que a família (e a organização) fosse – é a
identidade pretendida.
3. Como a comunidade percebe e considera a família empresária e a organização,
algo que geralmente está relacionado à forma como ambos se apresentam perante
a sociedade – identidade percebida.
Cabe à família e aos órgãos de governança familiar administrar essas diferentes identi-
dades de forma harmoniosa, fazendo ajustes necessários regularmente. O desalinhamento en-
tre elas pode resultar em informações conflitantes para as partes interessadas e trazer impactos
negativos para a família e para a organização, podendo afetar a relação entre os membros da
família e também a condução do negócio.

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IDENTIDADE DA FAMÍLIA EMPRESÁRIA: UM ELEMENTO DE COESÃO PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS
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As Múltiplas Identidades das Famílias Empresárias...

! Modelo AC2ID das cinco identidades presentes em qualquer empresa


Assim como as famílias empresárias, as empresas de qualquer natureza também
possuem identidades distintas. Existem vários estudos e modelos que apresentam
a multiplicidade da identidade dos negócios. Um dos exemplos mais conhecidos foi
desenvolvido pelo catedrático britânico em marketing empresarial John M. T. Balmer e
por Stephen A. Greyser, com base em pesquisas nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Seu modelo AC2ID, reproduzido abaixo, engloba cinco tipos de identidades corporati-
vas, identificadas pelas letras do acrônimo em inglês: A (actual – real), C (communica-
ted – comunicada), C (conceived – percebida), I (ideal – ideal) e D (desired – desejada).
Para Balmer, as múltiplas identidades coexistem dentro das organizações, e divergên-
cias significativas entre elas tendem a trazer problemas para o negócio.

A
real

A
real

C
comunicada
C
percebida

I D
ideal desejada

Fonte: J. M. T. Balmer e S. A. Greyser, “Managing the Multiple Identities of the Corpo-


ration”, 2002.

A família empresária pode ou não se que a família empresária seja ou não com­
ver como um grupo unido por uma empresa; preendida pelo público externo como de-
seus líderes, no âmbito da família, da pro- tentora de um negócio familiar (o que pode
priedade e da gestão, podem ou não querer impactar a percepção que funcionários, clien-
manter o negócio como sendo algo, de fato, tes, fornecedores, usuários e consumidores,
familiar; estes mesmos líderes podem querer por exemplo, têm do negócio).

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As Múltiplas Identidades das Famílias Empresárias...

O objetivo desta publicação não é in- percebida µ). Vale ressaltar µ Para tornar o texto mais
dicar quais caminhos são mais ou menos que não existe um momento objetivo e direcionado às empresas
familiares, optou-se por utilizar uma
corretos ou eficientes. Eles dependem da rea- certo para que essa reflexão versão simplificada adaptada do
lidade de cada família empresária, bem como sobre a identidade da família modelo AC2ID.
da visão estratégica que se tem do negócio. O empresária (e da empresa fa-
que se pretende é ajudar a família a perceber miliar) seja formalizada. No entanto, quanto
conscientemente essas múltiplas identidades mais cedo essa discussão começar, melhor.
para que elas sejam trabalhadas, refletidas e Isso ajuda a evitar a dissonância e o distancia-
direcionadas, de forma harmoniosa, para o mento entre as múltiplas identidades. Além
melhor interesse do grupo. Para isso, os itens disso, o envolvimento dos fundadores pode
a seguir sugerem algumas reflexões com ser muito produtivo, já que a identidade do
base nos três aspectos apresentados no início negócio começou a ser moldada a partir de
deste capítulo (identidade real, pretendida e sua atuação direta.

3.1 Identidade Real

R eflete os atributos efetivos da família


e da empresa. É moldada com base
em diversos elementos, como estrutura de
de negócios e mercados de atuação, leque e
qualidade dos serviços e produtos oferecidos
e desempenho geral do negócio. Também
propriedade, estilo de liderança da família engloba o conjunto de valores da família e a
e da empresa, estrutura da governança fa- relação desses valores com aqueles mantidos
miliar, estrutura organizacional, atividades pela gestão e pelos funcionários.

Reflexões sugeridas:
1) Quem somos como família?
2) Como começaram nossos negócios?
!
3) Quais são os valores da família? Percebemos esses valores em nossos negó-
cios? Esses valores fazem sentido no momento atual de nossos negócios?
4) Nossas atitudes como empresários estão coerentes com os valores da nossa família?
5) Somos uma família empresária, uma empresa familiar ou ambas as coisas?
6) Quanto cada membro da família tem consciência dos negócios?

3.2 Identidade Pretendida

R eflete a posição ideal que os líderes


familiares gostariam que a família e
a organização ocupassem a partir da com-
textuais/conjunturais da empresa) atuais e,
eventualmente, futuras.
A partir da compreensão dos valores da
preensão das demandas (familiares e con- família, é possível perceber quais aspectos

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IDENTIDADE DA FAMÍLIA EMPRESÁRIA: UM ELEMENTO DE COESÃO PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS
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As Múltiplas Identidades das Famílias Empresárias...

da identidade familiar devem ser mantidos e Além disso, a família deve refletir se
quais precisam ser adaptados. Particularida- pretende continuar investindo em conjunto,
des históricas e morais podem, por exemplo, tendo em vista o alinhamento dos diversos
levar a novas interpretações sobre os valores, núcleos familiares com os princípios e valores
e a família empresária precisa estar prepara- estabelecidos. Com o passar do tempo e com a
da para ajustar-se às novas premissas socio- chegada de novas gerações, é até natural que
culturais que emergem, sempre tendo em haja interesses divergentes, e alguns mem-
mente a importância da tradição do grupo. bros podem ter vontade de investir em novos
Tais ajustes precisam harmonizar-se com o negócios. A família deve estar aberta a isso,
que se passa na empresa familiar, que tam- prevendo mecanismos de saída da sociedade e
bém deve adaptar-se com frequência para buscando o compromisso daqueles que dese-
sobreviver ao mercado. jam manter-se juntos como família empresária.

! Reflexões sugeridas:
1) Existe alguma incoerência entre quem somos e quem gostaríamos de ser?
2) Estamos preparados para enfrentar a distância entre o que somos e o que
queremos ser?
3) Pretendemos manter-nos como uma família empresária?
4) Nossa continuidade como família empresária depende de nossos negócios
atuais e de nosso segmento de atuação? Estamos dispostos a atuar em negó-
cios de outros segmentos?
5) Qual interesse de cada membro nos negócios? Dividendos, geração de valor
para a sociedade?
6) Dada a posição de nossos negócios no mercado, aonde podemos chegar?
7) Estamos dispostos a ter sócios não familiares em nosso grupo? Em que medida
isso afetará a identidade atual dos negócios, associada diretamente à família?

3.3 Identidade Percebida

R efere-se aos conceitos de percepção –


imagem e reputação. Trata-se de como
a família e a organização, com base em sua
trolada (imprensa e mídias sociais, por exem-
plo). É comum que a imagem da família seja
constituída com base na percepção que a co-
atuação, são percebidas por partes interessa- munidade tem dos negócios, o que pode ser
das relevantes, como a comunidade ao entor- positivo se a imagem for associada a valores
no do negócio, consumidores, fornecedores, como confiança, dedicação e foco no bem-es-
clientes e funcionários. Essa identidade deve tar das pessoas e na qualidade dos produtos
estar em consonância com a comunicação desenvolvidos. A família precisa avaliar que
corporativa, que engloba publicidade, pa- percepções de quais grupos são as mais im-
trocínios, relações públicas e marca e deve portantes para poder priorizá-las em sua es-
considerar também a comunicação não con- tratégia de atuação.

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As Múltiplas Identidades das Famílias Empresárias...

Reflexões sugeridas:
1) Quem dizemos ser? Nós nos apresentamos como uma família empresária?
!
Apresentamos nossos negócios como uma empresa familiar?
2) As partes interessadas enxergam nossos negócios como familiares?
3) Os valores da família inspiram, motivam e direcionam a atuação dos funcio-
nários da empresa?
4) Nossa identidade familiar está adequada a nossos negócios em relação ao
nosso segmento de atuação?
5) Estamos preparados para entender, aceitar e trabalhar a percepção que os
outros têm de nossa empresa?
6) A empresa tem canais/meios para ouvir a percepção das partes interessadas?
7) Quais seriam os impactos para os negócios ao sermos (ou não) percebidos
como uma família empresária?
8) Que responsabilidade temos sobre a imagem que a comunidade tem dos
nossos negócios? Quanto contribuímos para aprimorar essa imagem?

3.4 Benefícios Gerados na Empresa Familiar a Partir da


Identidade da Família

A incorporação consciente da identidade


familiar nos negócios traz benefícios e
é uma importante estratégia para que o lega-
te compreendida e trabalhada dentro da
empresa, pode se tornar um fator impor-
tante para a longevidade dos negócios. A
do da família dê sentido à existência e à ope- associação entre a família e a empresa ge-
ração da empresa familiar. ralmente transmite às partes interessadas
Dentro da organização, gestores fami- o comprometimento com valores como
liares que compreendem a interação entre a respeito, confiança, lealdade e justiça. Isso
identidade da empresa e da família são natu- atrai e fideliza clientes e fornecedores,
ralmente engajados com a continuidade do le- além de criar forte empatia e senso de per-
gado da família. Esse estímulo, muitas vezes, é tencimento com a comunidade com que a
maior que incentivos meramente financeiros. Já empresa se relaciona.
os gestores não familiares talentosos são mais Dentro da família, a consciência da
facilmente retidos na empresa quando se iden- identidade familiar torna-se o elo de coe­
tificam com os valores que a família leva para o são entre seus membros, o que propor-
negócio e procuram contribuir de maneira ain- ciona condições para que a família, como
da mais efetiva e autêntica com a organização. grupo empresário, mantenha-se unida, in-
Além disso, por sua singularidade, a dependentemente dos empreendimentos
identidade familiar, quando conscientemen- em que esteja atuando.

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IDENTIDADE DA FAMÍLIA EMPRESÁRIA: UM ELEMENTO DE COESÃO PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS
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Conscientizando-se da Identidade Familiar: Primeiros Passos

Conscientizando-se da Identidade
Familiar: Primeiros Passos

A o longo desta publicação, apresentou-se a importância da família empresária ter


consciência de sua identidade e mantê-la alinhada à da empresa. Trata-se de uma
forma de facilitar a união do grupo familiar e de buscar com mais eficiência a longevidade
dos negócios, baseados em princípios e valores que representam a tradição familiar. Tudo
isso implica, entre outros fatores, entender as origens da identidade familiar, os valores
sobre os quais ela está alicerçada, a forma como ela foi ressignificada com o passar do tem-
po e o método de sua difusão através das gerações. Algumas práticas podem auxiliar este
processo de tomada de consciência.
O primeiro passo é identificar as memórias em comum para formar uma narrativa
que conquiste corações e mentes dos membros da família. Uma forma para materializar
esta narrativa é recontar a história da família, que ajudará a identificar elementos de coesão
e aglutinação, além de disseminar o comportamento empreendedor do fundador às futu-
ras gerações. Até mesmo alguns dos problemas pelos quais a família passou merecem ser
contados, pois auxiliam a entender como ela se tornou o que é hoje. Essa recuperação das
memórias familiares feita por meio de ilustrações e narrativas, formais ou informais, das li-
deranças mais antigas auxilia na transmissão de aspectos que contribuíram para a união da
família em torno do negócio, inclusive retomando a forma como agiam e interagiam diante
de fracassos, desafios e vitórias.
Marcos cronológicos, como aniversários, por exemplo, permitem um exercício de refle-
xão sobre esta memória. Estipular um calendário anual dos eventos familiares também é uma
forma de reforçar essa identidade, já que as datas comemorativas comumente se transformam
em oportunidades de relembrar a trajetória dos precursores da família empresária e das gera-
ções seguintes que ajudaram no progresso do negócio.

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Conscientizando-se da Identidade Familiar: Primeiros Passos

Outra forma de estruturar a narrativa contribuem para fortalecer a coesão familiar,


familiar é por meio de publicações institucio- criar um canal de comunicação entre a famí-
nais sobre os negócios do grupo. É frequente lia e a empresa e discutir o envolvimento da
a edição de livros contando a história do em- família na empresa.
preendimento com base na história da famí- Por lidar com identificação de aspectos
lia. Esse processo pode envolver a entrevista abstratos e subjetivos, o auxílio de terceiros
dos familiares e o recolhimento de documen- imparciais pode ser útil. A presença de me-
tos e imagens de época. O levantamento do diadores e facilitadores de diálogos em uma
patrimônio histórico pode ir além, com a for- primeira etapa permite formatar os interes-
mação de acervos de memória empresarial, ses convergentes entre a família e diminuir
reunindo filmes, troféus, reportagens e outros a carga emocional de possíveis conflitos. Os
itens. A busca de símbolos deste memorial é facilitadores contribuirão especialmente para
importante para manter o aspecto subjetivo balancear o peso de aspectos inovadores
e emocional entre os familiares e sua relação com a importância da manutenção de tradi-
com a empresa, dando significado à memória ções entre as gerações. O resultado desses
da família e da empresa. A promoção dessas diálogos poderá significar uma identidade
lembranças desperta reconhecimento de que incorpora as visões e aspirações da nova
esforços, orgulho, lealdade e gratidão, sen- geração. Todos estes aspectos discutidos em
timentos fundamentais para o senso de per- reuniões de família contribuem para atuali-
tencimento do grupo familiar em torno da zar e revisar valores e crenças, que prevale-
empresa. No Brasil, várias empresas estrutu- cerão como essenciais para a identidade da
raram seu patrimônio histórico para a guarda família empresária.
e preservação de documentação, a dissemina- Em um momento mais avançado, estru-
ção do conhecimento e a sua utilização como turas formais de governança familiar, como a
um instrumento estratégico de gestão. assembleia familiar, o conselho de família e
Ao final desse processo, a família tem o family office, podem ser instrumentos va-
as condições necessárias para iniciar as dis- liosos para o fortalecimento da identidade da
cussões sobre sua governança familiar. Os família empresária. Elas ajudam a consolidar
encontros entre os membros da família du- a coesão entre os familiares, estimulando a
rante a estruturação da história do grupo relação e a comunicação clara entre a família,
podem ser, por exemplo, as sementes de um a propriedade, a empresa e as partes inte-
futuro conselho de família. Nesse momen- ressadas, pautando suas prioridades numa
to, essas maneiras informais de governança visão de longo prazo. Uma governança fami-

Governança familiar “é o sistema pelo qual a família desenvolve suas relações


e atividades empresariais, com base em sua identidade (valores familiares,
propósito, princípios e missão) e no estabelecimento de regras, acordos e
papéis. [...] Seu objetivo é obter informações mais seguras e mais qualidade
na tomada de decisões, auxiliar na mitigação ou eliminação de conflitos de
interesse, superar desafios e propiciar a longevidade dos negócios”.
(IBGC, Governança da Família Empresária, 2016, p. 12)

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Conscientizando-se da Identidade Familiar: Primeiros Passos

liar, quando bem estruturada, ajuda os mem- família e aos negócios. A comunicação aberta
bros familiares a entender e respeitar os seus sobre as questões relativas aos negócios e as
direitos e deveres, promovendo a união da reflexões sobre a história da família promo-
família em torno do negócio. vem um comprometimento dos membros da
As estruturas de governança familiar, família para com o negócio.
sejam elas formais ou informais, permitem A Figura 3 representa como a cons-
que regularmente os membros da família se cientização da identidade familiar pode
comuniquem e troquem informações, o que contribuir com a governança familiar, a qual,
aumenta a probabilidade de eles desenvolve- quando mais avançada, fortalece a identida-
rem perspectivas convergentes em relação à de da família empresária.

Identidade e Governança Familiar

CONSCIENTIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE FAMILIAR

Identificar as Governança familiar


Reuniões informais Formalização da
memórias e recontar com estruturas
entre os familiares governança familiar
a história da família consolidadas

A governança familiar é um fator impor- identidade. Conforme a família vai estruturando


tante para que os negócios familiares alcancem e trabalhando sua identidade, melhores as con-
a longevidade e consigam ter processos su- dições para que ela estruture sua governança
cessórios bem-sucedidos. Ela também é uma familiar. De maneira análoga, conforme a go-
jornada que cada família deve buscar construir, vernança familiar é estruturada, mais sólidos
baseada em estruturas que podem ser mais são os canais de comunicação entre os familia-
ou menos formais. Nessa trajetória, um passo res e maiores as chances de eles conhecerem e
fundamental é a família ter consciência de sua fortalecerem a identidade da família.

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Considerações Finais

Considerações Finais

E mpresas controladas por famílias nem sempre são vistas como empresas familiares, e
o grau de envolvimento dos membros da família com o negócio pode ser meramente
simbólico nesses casos. Em outras organizações, os valores e princípios da família podem se
mesclar com os da própria organização e criar um diferencial competitivo que favorecerá a
busca pela longevidade.
Não existe uma receita única sobre como lidar com esse tema, a qual depende dos ob-
jetivos estratégicos da família empresária. O essencial é que os membros da família e da or-
ganização tenham consciência dessa interação entre a identidade da família e da empresa e
saibam explorá-la de modo a fortalecer os negócios e a transmitir às gerações futuras o legado
da família.
Independentemente dos caminhos que a família empresária resolva seguir, é importan-
te que a reflexão sobre a identidade da família leve em conta os pontos destacados neste do-
cumento. Além de enriquecedor para o ambiente familiar, esse processo de reflexão permite
entender melhor o valor da empresa para a família – e vice-versa – e como a identidade familiar
pode ser explorada positivamente nos relacionamentos da organização com as diferentes par-
tes interessadas.
Se, em um primeiro momento, a identidade da família e a da empresa se sobrepõem,
tendo como base os princípios e valores próprios do fundador, com o passar do tempo cada
uma dessas identidades vai adquirindo características próprias. Não obstante, a relação entre
elas deve ser harmônica, e o elemento responsável por garantir esta coesão é a identidade da
família, que está em constante transformação e adaptação, assimilando novos valores e trans-
mitindo às novas gerações a importância de seu legado.

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Referências

Referências

Almeida, Larissa de Moura Guerra. “Princípios e Valores: Breves e Relevantes Considerações so-
bre a Influência do Pensamento Filosófico no Desenvolvimento da Ciência Jurídica”. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, vol. 16, n. 118, nov. 2013. Disponível em: <www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13865>. Acesso em:
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Anderson, R., & Reeb, D. “Founding Family Ownership and Firm Performance: Evidence from the
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Balmer, John & Greyser, Stephen. “Managing the Multiple Identities of the Corporation”. Califor-
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Barney, J. “Firm Resources and Sustained Competitive Advantage”. Journal of Management, vol.
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Botero, Isabel; Thomas, Jill; Graves, Christopher & Fediuk, Tomasz. “Understanding Multiple Fam-
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Carrigan, M., & Buckley, J. “What is so Special about Family Business? An Exploratory Study of
UK and Irish Consumer Experiences of Family Businesses”. International Journal of Con-
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IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa). Compliance à Luz da Governança
Corporativa. São Paulo, IBGC, 2017 (Série IBGC Orienta).
_____. Governança da Família Empresária: Conceitos Básicos, Desafios e Recomendações. São
Paulo, IBGC, 2016 (Série Cadernos de Governança Corporativa, n. 15).
_____. O Papel do Protocolo Familiar na Longevidade da Família Empresária. São Paulo, IBGC,
2018 (Série IBGC Segmentos).

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Referências

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Role of Family Governance and Business Family Identity”. Journal of Business Economics,
n. 87, pp. 749-777, 2017.
Zellweger, Thomas. Managing the Family Business: Theory and Practice. Edward Elgar, Nor-
thampton (MA), 2017.

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PATROCÍNIO

A prática de Gestão Patrimonial, Família e Sucessões do Mattos Filho é composta por uma
equipe de 16 sócios e advogados dedicados exclusivamente ao atendimento de todas
as demandas de pessoas físicas e empresas familiares de maneira integrada.
Contando na prática com advogados especialistas nas áreas do direito de família e
sucessões, direito regulatório, societário e tributário, oferecemos soluções jurídicas perso-
nalizadas para assegurar que os interesses dos indivíduos, suas relações familiares e com o
negócio reflitam os princípios e valores gerando legado para às futuras gerações e impactos
para a sociedade.
O planejamento e a gestão do jurídica do patrimônio são ferramentas importantes para
que os empreendedores possam dedicar-se exclusivamente aos seus negócios gerenciado os
riscos inerentes à atividade empresarial.
Por meio de um ambiente de trabalho colaborativo e sem barreiras oferecemos aos nos-
sos clientes o acesso a todas as áreas de atuação e a todos os profissionais do Mattos Filho. Nos-
sa atuação full-service, com posição de destaque em mais de 30 áreas do Direito, nos permite
irmos além dos aspectos do direito: entendemos as necessidades de nosso cliente, trazendo
soluções diferenciadas para cada demanda e tornando nossas áreas de atuação como referên-
cias no mercado.
Nesse sentido, a prática de Gestão Patrimonial, Família e Sucessões também realiza a
avaliação da situação patrimonial com o objetivo de melhorar a organização e desenvolvimen-
to de projetos futuros; sugere alternativas para a adoção de estruturas jurídicas, nacionais e
internacionais, que mitiguem riscos e agreguem valor intangível ao negócio; implementa es-
truturas que geram mais eficiência, sob todos os aspectos legais, ao patrimônio das pessoas
físicas, tanto para preservação quanto para sucessão, e aconselha sobre a adoção de medidas
que gerem maior retorno e estabilidade tanto ao negócio quanto à relações familiares.
Pensamos a longo prazo para estarmos sempre à frente de nosso tempo, estabelecemos
relações duradouras e vínculos de confiança, para diminuirmos a exposição do patrimônio dos
nossos clientes aos riscos do mercado.
IDENTIDADE DA FAMÍLIA EMPRESÁRIA: UM ELEMENTO DE COESÃO PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS
“A s empresas familiares duradou­ras
costumam ser o reflexo de fa­mílias
empresárias unidas por uma identidade que expres-
sa a personalidade e as aspirações do grupo. [...] Com
esta publicação, o IBGC pretende ajudar todos os que
participam das decisões sobre os rumos das famílias e das
empresas familiares a compreender a importância da
identidade familiar, que pode tornar-se um elemento
valoroso para a família e para a empresa quando
percebida e assimilada de maneira consciente”.

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