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UNIVASF Disciplina: Gênese, Morfologia e Classificação de Solos

Aula: SOLO: Conceito e Constituição Profª Carmem S. Miranda Masutti

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO


ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

Assunto: SOLO: Conceito e Constituição

• Conceitos de Solo:
– Formas diferenciadas de conceituar o solo: varia com o uso dado
• Visões do artista e do filósofo:
– Bela mistura das forças que governam vida e morte
– Principal componente da mãe-Terra
• Solo como sujeira, pavimento, superfície dos planetas
– Referidas popularmente como solo
– Não podem dar suporte às plantas
• Solo como meio de cultura:
– Não satisfatório: depende de algo que não o solo (clima, espécie etc)
– Outros meios de cultura: lagos, oceanos, pântanos, geleiras etc
• Conceito de Nikiforoff (1959):
– Pele em estado excitado da parte sub-áerea da crosta da Terra
– Entidade instável: reservatório de matérias mineral e orgânica em estado lento de
alteração
• Engenharias:
– Civil: material de construção para estradas, aterros, barragens
– Eng. de Minas: material solto que cobre os minérios e será removido
• Solo como epiderme da Terra (geólogos):
– Todo o material passará no ciclo erosivo de rocha a sedimentos
• Solo como tubo de ensaio (químicos):
– Material mineral arranjado por agentes naturais, no qual fertilizantes são adicionados
para fornecer nutrientes aos vegetais
• Solo como entidade do ambiente (ecólogos):
– Condicionado por organismos ao mesmo tempo em que os condiciona
• Solo como registro do passado (arqueólogos)
• Nosso propósito:
– Corpo natural de matérias mineral e orgânica que muda, ou está mudando, em resposta
a climas e organismos.
– Gênese do Solo: como denominamos estas mudanças
• Conceito de Solo:
“uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas,
tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a maior parte do
manto superficial da Terra, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza, podendo ter sido
modificados por atividades humanas”
• Constituição: mistura íntima (separação em laboratórios)
– Partículas minerais FASE SÓLIDA
– Materiais orgânicos
– Água ESPAÇO POROSO
– Ar
– Proporção depende de variações em:
• Temperatura
• Pressão
• Luz
• Atividade microbiana
• Adições de água
• Absorção de nutrientes pelas raízes das plantas
– Composição volumétrica do solo (na base peso dos componentes):

Tipo de solo Matéria mineral Matéria orgânica Solução do solo Ar do solo


Ideal 45 % 5% 33,5 % 16,5 %
Argissolo 50 % 2% 24 % 24 %
Latossolo 35 % 7% 32 % 26 %
Neossolo 61 % 1% 4% 34 %
Quartzarênico

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Aula: SOLO: Conceito e Constituição Profª Carmem S. Miranda Masutti

– Partículas minerais:
– Podem ser classificadas quanto à origem:
– Minerais primários
– Componentes de rocha mais resistente ao intemperismo químico
– Podem sofrer fragmentação pelo intemperismo físico
– Minerais secundários
– Decomposição de minerais da rocha-mãe
– Características: tamanho diminuto e composição química peculiar
– Substâncias solúveis e insolúveis
– Solúveis: MgCl2, Na2SO4, MgSO4, nitratos e Na2CO3
– Insolúveis: CaSO4, CaCO3, MgCO3
– Podem ser classificadas quanto ao tamanho:
• Argila
• Silte
• Areia (cerca de 1000 vezes maior do que a argila)
• Fragmentos de rocha (> 2 mm)
– Determinação: análise granulométrica
• Peneiramento (< 2 mm): separa cascalhos e calhaus
• Agitação intensa com dispersante (NaOH):
• Sedimentação: velocidade depende do peso
– Argila: mais leve, sedimenta lentamente
– Areia: mais pesada, deposita rapidamente
– Expressão comum: solos argilosos são mais pesados?
– Tamanho: determina propriedades físicas e químicas do solo
• Tamanho menor: maior reatividade
• Propriedades controladas pela proporção das partículas:
– Tamanho e quantidade de poros
– Permeabilidade à água
– Grau de plasticidade
– Pegajosidade
– Facilidade de preparo do solo (mecanização)
– Resistência à erosão
– Partículas mais grossas:
• Minerais são praticamente inertes
• Constituem o esqueleto mineral do solo
• Mineral mais comum: quartzo
– Podem ocorrer: mica, zircão, turmalina, magnetita, ilmenita,
feldspatos e hornblenda (ausente em solos evoluídos)
– Argila:
• Altamente ativa (menor tamanho)
• Comportamento coloidal: afinidade por água e elementos químicos dissolvidos
(existência de cargas elétricas e alta superfície específica)
• Superfície específica:
– externa: lâminas ligadas fortemente (exemplo?)
– interna: lâminas ligadas fracamente (exemplo?)
• Superfície específica:
– 1 g caulinita: 5 a 20 m2
– 1 g esmectita: 800 m2
– retenção de água: expansão (argilas expansíveis ou de alta
atividade)
• Adsorção iônica:
– Atração e retenção de cátions à superfície
– Processo dinâmico: substituição de um íon por outro (processo
existente na raiz - nutrição vegetal)
– Capacidade de troca de cátions (CTC): Egípcios passavam chorume
numa camada de terra - líquido descolorido e desodorizado no final
do processo
– Matéria orgânica (M.O.):
– Origem:
• acumulação e decomposição de restos vegetais ou animais
• organismos vivos e em atividade

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– Adição ao solo:
• Principal: restos vegetais
– Florestas: galhos, folhas etc
– Solos cultivados: raízes
• Secundário: animais
– Excrementos (alimentos ingeridos) e carcaças
– Translocação de solo e resíduos orgânicos (térmitas)
• Ataque microbiano: fungos, bactérias, actinomicetos e protozoários
– Quantidade de M.O.: depende de
• Natureza dos resíduos
• Propriedades do solo
• Clima
– Formação:
• Aeróbica: compostos voláteis, utilização microbiana e forma húmus
• Anaeróbica: forma turfa
– Composição do húmus:
• Compostos sintetizados pela fermentação microbiana
• Complexos resultantes da decomposição
• Substâncias sujeitas à decomposição
• Tecidos vegetais resistentes à decomposição
– Propriedades do húmus: comportamento coloidal
• CTC maior do que a das argilas
• Pequenas quantidades geram grande impacto na dinâmica do solo
– Benefícios de M.O.:
• formação de agregados: melhora propriedades físicas (permeabilidade,
porosidade e retenção de água)
• manutenção da microflora no solo: papel primordial
– fixação de N do ar e liberação às plantas
– decomposição da M.O. e liberação de nutrientes (P, N e S)
– Vital para a produtividade agrícola e o equilíbrio ambiental
– Água do solo: perdida a 110 ºC
– Retenção: nos poros, entre agregados e nas superfícies das partículas coloidais
– Estados do solo: conteúdo e natureza da retenção de umidade
• seco
• úmido
• molhado
– Molhado:
• Poros totalmente preenchidos por moléculas de água
• Água gravitacional: perda de água presente nos macroporos para camadas
mais profundas ou infiltração por ação da gravidade
– Úmido:
• Contém ar nos macroporos e água nos microporos (< 0,05 mm)
• Água capilar:
– poros menores funcionam como tubos capilares
– força de retenção maior que a ação da gravidade, mas permite
extração pelas raízes
• Armazenamento: depende das características do solo
– textura
– tipo de argila
– estrutura
– conteúdo de M.O.
– Seco:
• Pode conter certa quantidade de água: películas extremamente finas ao redor
das partículas coloidais
• Água inativa ou higroscópica:
– retida com força superior à capacidade de extração das raízes
– Solução do solo: composição (solução diluída)
• sais dissolvidos (dependem dos elementos adsorvidos - reserva)
– H+, Na+, K+, NH4+, Ca2+, Mg2+, Al3+, SO42-, NO3-, PO42-, CO32-, Fe2+,
Zn2+, Cu2+, SiO42-
• oxigênio
• gás carbônico
• colóides em suspensão

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– pH:
• Ca2+ na superfície: solução neutra
• Al3+ ou H+ na superfície: solução ácida
• pH < 5,6: prejudica crescimento vegetal
– aparecimento de elementos tóxicos (Al3+)
– insolubilização de alguns elementos (P e B)
– remoção por substituição iônica (Ca2+, Mg2+ e K+)
• Ar do solo: essencial para o desenvolvimento vegetal
– Difere do ar atmosférico na sua composição
• CO2: 8 a 20 vezes maior do que na atmosfera (0,03 %)
• O2: reduzido à metade (10%)
• Umidade: próximo a 100% (vital para microorganismos)
– Depende de:
• quantidade de água (estações do ano)
• características do solo
• profundidade no perfil
• atividades de uso do solo
• tipo de planta
– Quantidade de CO2 e O2: respiração e decomposição da M.O.
– Determina atividade microbiana: transformação da M.O. em húmus; acumulação em
pântanos (lenta decomposição)
– Aeração:
• Boa em solos arenosos ou argilosos bem estruturados
• Restrita em solos com camada de impedimento
• Deficiente em solos mal drenados: solos cinzentos, gleizados

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