ART FRY: linguagem comum".
Alguém poderia falar em "notas reposicionáveis", mas até que as
Persistindo com uma Boa Idéia
Inventores e intrapreneurs não têm tapetes vermelhos à sua espera em nenhum
lugar, porque eles estão sempre resistindo às convenções. Estamos tentando fazer
coisas que são diferentes e coisas que as pessoas realmente ainda não
compreendem e nem você tem certeza de compreender.
Art Fry, da 3M, é o inventor e intrapreneur dos blocos Post-it, esses papeizinhos
que estão em toda a parte, com um adesivo ao longo da margem superior do lado de
trás. Quando Art tem uma visão para uma nova classe de produtos, ele a cria usando
as ferramentas disponíveis dentro do sistema existente.
A marca de Art como intrapreneur é importante. Ele se utilizou não apenas de
fundos da corporação, mas de tecnologias corporativas exclusivas e fábricas pilotos
existentes, instalações de fabricação e canais de marketing, O acesso de Art aos fundos
e à tecnologia da corporação foi importante para o seu sucesso - e igualmente
importante foi um forte e leal patrocínio dentro da 3M. Robert Molenda, superior
imediato de Art, deu seu forte apoio através do processo de desenvolvimento e, quando
Geoff Nicholson, diretor técnico da divisão de Art, foi pela primeira vez apresentado aos
blocos Post-it, também viu um potencial real no conceito. Nicholson mostrou
entusiasticamente a criação de Art a James Thwaits que, por sua vez, tornou-se um
verdadeiro crente. Thwaits era presidente de Operações Internacionais e de Serviços de
Assessoria Corporativa. Ele estava em excelente posição para apoiar o projeto. Quando
passava pelos escritórios da 3M distribuindo blocos de amostra, Thwaits explicava o
insidioso efeito que as pequenas páginas colantes tinham sobre ele: "EIas são como
drogas. Uma vez que tenha começado a usá-las, você não pode parar. Mas você tem de
experimentá-las para entendê-las", Mesmo que tivesse recebido uma boa dose de
capital de risco, Art não teria sido capaz de criar os blocos Post-it fora do ambiente da
grande corporação de muitas facetas.
Art começou a trabalhar no bloco Post-it em 1974, quando estava na igreja. Ele
cantava no coro - dois serviços por domingo - e marcava os hinos em seu hinário com
tirinhas de papel. Embora esses marcadores funcionassem bem para ele durante o
primeiro serviço, quando chegava o segundo alguns já haviam caído. Ele decidiu que
precisava de um marcador que aderisse à página, mas não a danificasse quando fosse
retirado. Aproveitando-se de uma política da 3M, que permite ao pessoal técnico
trabalhar 15% de seu tempo em idéias próprias, Art começou a trabalhar em um
protótipo de marcador de hinário destacável.
Ele decidiu usar um adesivo que já havia sido desenvolvido no Laboratório
Central de Pesquisa por Spence SiIver. Amostras do novo adesivo tinham sido
amplamente distribuídas na empresa, na esperança de alguém encon trar um uso para
ele. Havia garrafas do adesivo estocadas, então Art fez ele mesmo alguns marcadores
auto-adesivos.
Este uso aparentemente tolo de recursos corporativos para perseguir uma idéia
é típico de pessoas bem -sucedidas e criativas. Como explica Art, "A maioria das
pessoas na verdade tropeça em si mesma, porque não usa a liberdade que tem".
Inicialmente essa liberdade pode não ser muita, mas quando um intrapreneur alcança o
sucesso ele pode esperar maior acesso aos recursos da empresa.
Uma dificuldade ao se começar com uma nova idéia é que ela é difícil de ser
explicada aos outros. "No início, quando eu estava lutando para conceituar a idéia,
tinha um senso para o mercado, mas não tinha palavras para ele. Então, finalmente,
consegui as palavras que descreviam a oportunidade, mas elas ainda não estavam em
pessoas pudessem ganhar alguma compreensão das aplicações sensoriais do produto -
como ele colava e era removível, além de como ele as iria ajudar em seus trabalhos -
elas não poderiam sentir a oportunidade.
Uma das maiores barreiras que ele teve de vencer foi encontrar um processo
para aplicar esse novo e difícil adesivo no papel, de forma que ele se comportasse
adequadamente. O controle da adesividade mostrou-se quase impossível e Art viu-se
sem muito apoio de fora do laboratório. O pessoal da fabricação achava aquilo
impossível de ser produzido, porque não podia ser controlado.
Mas, onde outros viam fracasso, Art via oportunidades. A tecnologia de adesivo
destacável havia sido aplicada para se fazer um quadro de avisos auto-adesivo, mas Art
logo viu um negócio inerentemente maior nos pedaços de papel auto-adesivos
descartáveis.
"Art não é apenas um inventor", diz Bob Molenda. "Ele é um inovador. Ele tem
um bom senso para economia e praticidade, e uma forte motivação para lucros. Ele
prova as coisas em sua mente, mas possui muito senso do usuário final". Uma das
grandes virtudes da 3M é a relativa facilidade com que intrapreneurs como Art podem
usar equipamentos de outras divisões para testar suas idéias. "É preciso paciência para
localizar todas as diferentes espécies de revestidores e equipamentos de manuseio de
papel disponíveis na 3M e depois descobrir quando eles terão tempo disponível", diz
Art. "Isso não pode ser feito pelos canais formais".
"Você pode conhecer alguém que freqüente o mesmo clube de esqui que você,
ou, que tenha trabalhado com você anteriormente. Mas, seja qual for a situação", ele
diz, revelando tanto a respeito do caráter intrapreneur quanto a respeito da 3M,
"sempre existe um jeito de se chegar até a máquina". Se o equipamento estivesse livre
somente à noite, Art trabalhava à noite. Sua dedicação é de fato lendária. Quando ele
obteve permissão para usar uma fábrica piloto, trabalhou quarenta horas sem parar.
Ao mesmo tempo em que repassava o inventário de maquinário de produção da
3M em busca de respostas, Art também investigava o mundo, atrás de fornecedores de
máquinas que pudessem fazer o produto. Oitenta por cento dos consultados disseram
que seu equipamento não poderia ajudá-lo. Os outros 20% ofereceram-se para tentar,
mas fracassaram. No final, Art foi deixado com uma idéia fascinante, mas um produto
impossível de ser fabricado.
Em termos restritos, pela forma de organização da 3M o projeto do processo de
produção não era trabalho de Art. Ele deveria projetar o produto, enquanto o pessoal
da engenharia de processos trabalharia em como fazê-lo. O problema era que a
fabricação havia dito que isso era impossível, o que era verdade, usando-se as
tecnologias existentes na 3M. Mas Art não aceitou aquilo. Ele inventou uma máquina
que aparentemente poderia efetuar o serviço. Infelizmente, a engenharia de fabricação
disse que a máquina que ele havia projetado levaria seis meses para ser feita e custaria
uma pequena fortuna. A angústia daquela barreira foi demais para os instintos políticos
algo limitados de Art. Na manhã seguinte, quando seus colegas chegaram ao trabalho,
encontraram o novo processo de Art montado e funcionando. Ele havia construído uma
versão rústica da máquina durante a noite no porão de sua casa, trouxera-a para o
trabalho e a instalara. E ela estava funcionando.