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\VISEPROSUL ~ Semana de Engenhana de Producao Su-Amercana Novae de 208, LFSC, Forangpols, SC Ensino de projeto rodoviario na Escola de Engenharia da UFRGS Joito Rodrigo G. Mattos (DEPROT/UFRGS) Joao Fortini Albano (PPGEP/UFRGS) Resumo O presente artigo ressalta a importéincia do desenvolvimento de wm projeto de estrada na disciplina de Rodovias da Escola de Engenharia da UFRGS. Destacam-se as partes constitwintes do trabalho e as procedimentos metodolégicos deservolvides para atingir 0s objetivos. O teor do trabalho constitui uma espécie de “guta” onde esiao explicados de forma suinta todos os pasvos para a execupdo de estudos de tragado, projeto geométrico & projeto de terraplenagem de wm segmento rodovidrio. Palavras-chave: ensino de rodovias: projeto geométrico de rodovia: estrada. 1. Introducao A partir da déada de 50, 0 Brasil, ao contrario de outros paises, comegou a desenvolver sua infia-estrutura vidria com énfase no modo rodovitirio. No final da década de 80, os investimentos govemamentais foram ainda maiores. Atualmente, de acordo com dados oficiais do DNIT (2004) as rodovias pavimentadas constituem extensdes de: 57.741,3 km federsis (62,4% da rede federal): 101.304,7 km estaduais (38,3% da rede estadual) e 22.716,8 km smunicipais (1,6% da rede municipal) totalizando uma rede pavimentada de 181.762,8 km (10.5% da rede existente). Este total inclui 9.708,59 km de rodovias (federais e estaduais) concedidas @ iniciativa privada em sete Estados da Unit, que operam através da cobranga de peddaio para operagdes de manutengao e/ou ampliagdo (ABCR, 2004). Juntando a realidade descrita acima com a visio contemporanea de desenvolvimento sustentivel, faz-se necessério que © Govemo e empresas de engenharia tenham um maior comprometimento em preservar os recursos naturais e usquem otimizar os gastos em inffa-estrutura rodoviaria. Assim, cada vez mais, cresce a importancia de ualificagao dos estudos de tagado © dos projetos geométricos das rodovias a serem implantadas ou mesmo restauradas. Sabendo da complexidade das condicionantes que interferem nas decisdes no momento da elaboragdo de um projeto, a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ¢ o Departamento de Engenharia de Produgao e Transportes, através da disciplina de Rodovias, desenvolve com of alunos de graduagao do Curso de ‘Engenharia Civil a reslizagao de um trabalho pritico que compreende a elaboragao do projeto de um segmento de estrada que deve ser coneluido ao final de cada semestze. Esta tarefa tem por objetivo ensejar aos alunos 0 desenvolvimento de conhecimentos teoricas e praticos expostos previamente em sala de aula, proporcionando uma formacao qualificada para os futuros profissionais atuarem de forma competitiva no setor da engenharia rodoviaria (Gareia e Albano, 2004), 2. Sobre o trabalho pratico trabalho desenvalvido na disciplina de Rodovias ¢ uma tradigio da Escola de Engenharia da UFRGS. Um dos ‘pressupostos de fimdagdo da Escola de Engenharia foi a necessidade de formagio de tSenicos eapazes de colaborar com a consolidago das fronteiras e integragao do terrtério nacional através de adequadas redes ferroviiria e, posteriormente, rodoviaria. Este projeto ¢ um dos primeiros que os graduandos do curso realizam. Os alunos aglutinam-se em “empresas” (grupos com até 4 integrantes) para a execu das cargas de trabalho solicitadas semanalmente. As tinicas limitagdes impostas sto: a definigdo prévia da classe de projeto da rodovia, a classificagao do material a ser escavado e os limites extremos da diretriz de tragado. Disponibilizam-se aos grupos arquives com a frea de um terreno digitalizado (dwg) fonecidos pela disciplina. Os arquivos abrangem areas do municipio de Erechim no Rio Grande o Sul e sao “baixados” via Internet do sitio do Departamento de Engenharia de Produgao e Transportes (DEPROT) (www producao.ufigs br). Ensina de preetaredovirio na Escola de Enganharia da UFRGS ‘ats & Albano 1 VI SEPROSUL - Semana de Engenniana do Produgso SulAmericana, Novamoro de 2006, UESC, Flanandpats, SC Apos algumas aulas introdutarias e de nivelamento a0 assunto, iniciam-se as atividades do trabalho. A partir deste ‘momento s40 enunciadas cargas de trabalho que devem ser desenvolvidas pelos grupos no decorter de cada semana, AAs cargas ou etapas de trabalho sto as intes: 1, Tnterpretar © qualificar orelevo da re Posicionar uma direri2 de tagado: Estaquear provisoriamente a dre _Executaro perfil longitudinal do terreno natural; Demarcar os bueiros transversas em planta e peril Sobre o perfil lon “Apés a verifieagtio da viabilidade téeniea do tagado, confeccionar ¢ preencher a Planilha da Poligonal Aberta; tudinal do terreno natural, executaro langamento de rampas: 8. Projetar e ealeular as curvas de coneordancia horizontal: 8. Verificar a intertangente 10. Caleular o estaqueamento do trecho projetado: 11, Elaborar a Planilha Final de Coordenadas; 12, Com base nas curvas de nivel, levantar o perfil longitudinal do terreno natural para © eixo de projeto em planta baixa: 13. Reposicionar em planta e perfil a localizagdo dos busiros ¢ intersegdes: 14, Executar o langamento definitive de rampas; 15. Projetar as eurvas de concordincia vertical de acordo com o critério de distancia de visibilidade de parada;, 16. Calcular 0 greide: 17. Definir a largura da plataforma de terraplenagem; 18, Qualficar as segdes transversais e calcular suas respectivas dreas 19. Calcular os volumes de corte aterro; 20, Executar a distribuigao dos volumes escavados; 21, Caleular os eentros de massa e a distancia média de transporte através do quadro “origem+destino”; 22, Determinar 0 valor dos servigos de terraplenagem: 23. Elaborar © quadro de caracterisicas téenicas do projeto. Na realizagto deste projeto, os alunos tém uma consolidagao dos conceitos aprendidos em topografia e aprimoram © uso de fertamentas computacionais de desenho CAD (Computer Aided Design) e programagao basica de planilhas cletronicas. Ao depararem-se com diferentes cenérios e condicionantes de tragado, os alunos so incentivados a eriar luma visto eritiea em relagio as diversas possibilidades que se apresentam, buseando adotar as opgdes mais adequaclas com as condigoes estudadas. O trabalho é longo e exige tempo de dedlicacéo, portanto os colegas de grupo precisam dividir fungdes, desenvolvendo, assim, a capacidade de organizacao e trabalho em equip. A disciplina desenvolve énfases ao Estudo de Tragado, a0 Projeto Geoméirico e ao Projeto de Terraplenagem de um ‘trecho de rodovia. No final do semestre, apresentamese também nocdes basicas para projeto de sinalizagao rodoviaria, porém este tema nao integra o trabalho. Como apoio diditico a disciplina oferece a0s alunos a possibilidade de utilizagdo de duas apostilas com 0 contetido dos assuntos apresentados em aula. A primeira trata de temas referentes a0 projeto (Albano, 2006) ¢ a segunda desenvolve tépicos de sinalizagze (Albano, 2006b) disponiveis na Biblioteca da Escola e no site da Engenharia de Produgao (www.producao.ufigs.br) podendo ser acessada pelo piblico interessado. Para aprofundamento Ensina de preetaredovirio na Escola de Enganharia da UFRGS ‘ats & Albano 2 VI SEPROSUL - Semana de Engenniana do Produgso SulAmericana, Novamoro de 2006, UESC, Flanandpats, SC complementacao da formacao dos alunos indicam-se livros dos seguintes autores: Glauco P. Filho (1998); Carlos R. TT. Pimenta e Marcio P. Oliveira (2001) e Shu H. Lee (2002), Na parte de projeto geométrica sto estudados t6picos relacionados a planimettia, a altimetra e as segoes transversais do terreno e projeto. No que se refere a terplenagem io vistos meétodos e formulas empiricas para estimar reas de segdes transversais ¢ volumes de corte e aterro, distribuigto de materiais escavados, cdlculo da distincia média de transporte e avaliagao dos custos de escavagdo, carga e transporte de matetiais © espalhamento de materiais, acabamento e compactagio de aterros ‘Para ajudar nos impasses e dividas oriundas do trabalho, a disciplina poe a disposieio dos alunos, além do professor. tum bolsista de monitoria académica que atende por 12 horas semanais. Constata-se que 0s grupos que procuram atendimento fora do horario de aula, seja com o professor ou com 0 monitor, conseguem desenvolver projetos mais satisfatrios do que os demais, Em meio ao desenvolvimento do projeto, solicita-se aos grupos de alunos um relatério pareial de andamento do trabalho, Os relatérios sdo avaliados e ponderados, premiando, dessa forma, os grupos que estiverem com as cargas, de trabalho adiantadas. Sendo que para a composigao da nota final do trabalho consideram-se as solugdes téenicas adotadas, os cumprimentos dos prazos estipulados para a entrega final eo menor custo da terraplenagem obtido pelo supo. 3. Estudos de tracado € projeto geométrico s estudos de tragados levarn a determinagio da posigtio de uma rodovia sobre o terreno. Assim, deve-se levar em. consideragtio a necessidade de adequado padrdo téenico, econdmic, operacional e de integragio com © meio ambiente, tendo em vista as necessidades de seguranga, conforto e conveniéneias do usuitio. A seqléneia de alinhamentos que define um tragado leva o nome de diretriz, ‘Para comecar um estudo de tragado, deve-se primeiramente definir qual ¢ 0 relevo caracteristico da regio onde sera projetada a estrada, para isso, divide-se a carta em areas que apresentam semelhancas toposraficas e calcula-se a linha de maior declive (LMD): As maiores declividades sao ponderadas através das areas de relevo semelhante Ao qualificar 0 relevo da regio, e sabendo previamente a classe de projeto da rodovia, podem-se definir todas as caracteristicas téenicas do projeto rodovisrio através do Manual de Projeto Geomstrico de Rodovias Rursis, editado elo extinto Departamento Nacional de Estradas de Redagem (DNER. 1999) ¢ também pelas Normas de Projetos Rodoviarios do Departamento Autonomo de Estradas de Rodagem (DAER, 1981). (© segundo passo para realizagdo do estudo de tragado é o posicionsmento da diretriz. Existem, basicamente, dois procedimentos + Escola Clissica: projetos com longos trechos e pouca utilizagdo de arcos de curva e: + Escola Modema: utilizagio de curvas com grande taio, proporcionando melhor adaptagio a0 terreno. Désse énfase a problemas de visibilidade. Nesse ponto ¢ importante levar em consideragdo as condicionantes fisicas @ sécio-econémicas que interferem no tragado, como & topografia, geologia local, hidrografia, preservag3o ambiental, potencial turistico, custo das desapropriagoes, etc, Tenta-se passar nogdes basicas aos alunos quais as trajetérias mais favoraveis e o que deve ser evitado. Por exemplo, um tragado sobre o um divisor de aguas ¢ mais adequado do que atravessar uma regio de grota. Sob o ponto de vista ambiental & mais eonveniente que um projeto nao cause grandes impactos ambientais Socialmente € visto com bons olhos uma rodovia que leve desenvolvimento as comunidades, Essas sao algumas das orientagdes que sdo passadas aos estudantes da diseiplina, Escolhida a diretriz, executa-se o perfil longitudinal do terreno natural, observando que o eixo vertical é construido na escala 1:200 e o horizontal na escala 1:2000. A seguir, executa-se um estudo de rampas obedecendo aos seguintes critarios: ‘+ Sempre que for possivel, € aconselhavel a utilizagao de rampas suaves; + Arampa no deve ultrapassar o valor maximo estipulado por norma para a classe de projeto e tipo de relevo; + A rampa minima admissivel em trechos que se encontram em segdo de corte ou mista é de 1,0 %: Ensina de preetaredovirio na Escola de Enganharia da UFRGS ‘ats & Albano 3

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