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Erros do empreendedor: entenda como essa

empresa saiu da falência até 65 MILHÕES


Como erguer um negócio de valor depois de ter quebrado 2 anos antes
Do zero, eu fui a falência e hoje somos uma empresa
avaliada em R$ 65.000.000,00.

Quanta história em 3 anos que pareceram 3 minutos.


Só quem viveu tudo de dentro consegue entender...

Confesso que não foi fácil escrever isso pra você.

Quando comecei a escrever os textos sobre os


desafios que eu (quase não) superei na história, uma
mistura de sentimentos me levava pra muito longe do
teclado várias vezes.
Eu tentei passar isso nas palavras que escolhi e espero
profundamente que você tenha uma leitura agradável,
sem se importar com os problemas que eu vivi, mas se
conectando com eles de alguma forma porque meu
único propósito ao escrever isso é que se você escolheu
um caminho profissional parecido com o meu, consiga
evitar algumas das pedradas que eu levei.
Algumas delas são naturais do caminho, não se assuste,
mas aqui eu relato aquelas que me cobraram mais caro
e ao mesmo tempo foram os maiores aprendizados que
eu tirei não só para o mundo dos negócios, mas para
mim como pessoa.

Afinal de contas, no mundo de hoje não existe mais


aquela divisão entre vida profissional/pessoal. Somos
um só.
E é exatamente a convergência de uma visão de futuro
pessoal com um projeto profissional que cria histórias
memoráveis de superação e crescimento.

Espero que de alguma forma a minha intensa jornada com


a Proseek inspire sentimentos mistos, mas positivos nas
pessoas que tem sonhos grandes a realizar.
Fique então com alguns breves relatos de capítulos
marcantes da minha vida como empreendedor. São
contos dinâmicos e absolutamente realistas que espero
que prendam sua atenção do início ao fim.

Depois me conta o que achou?


1. A nada emocionante vida dos
empreendedores idealistas, que
devoram livros e seguem todos os
influencers, mas nunca fizeram nada –
nem por eles mesmos
Se todos os empreendedores idealistas tirassem a bunda do
sofá pra fazer alguma coisa, já estaríamos em 2075, ninguém
mais precisaria “entrar” na internet e as faculdades – do
jeito que você conhece – não existiriam mais.
Desculpa, não quero alfinetar quem se incomoda por
nunca ter tirado aquele projeto foda do papel. Na verdade
prefiro acreditar que nenhum empreendedor “é”
idealista. Ele “está” idealista.
- Claro que isso não quer dizer que o
negócio vai dar certo. Muito pelo
contrário, a maioria das boas ideias
não passam de boas ideias mesmo.
E eu já estive nesse lugar! Eu e o Enzo, meu amigo-
sócio-fundador, trabalhamos em cima de uma ideia
durante mais de um ano antes de eu ser forçado a dar o
primeiro passo.

Ironicamente, bem no dia seguinte ao feriado do dia de


finados de 2015, eu fui demitido da XP Investimentos.
Depois de quase 5 anos de uma carreira que me fez
muito feliz no mercado financeiro.
Detalhe: eu tinha assinado o contrato de aluguel de um novo
apartamento em São Paulo na sexta, véspera do feriado, que
caiu numa segunda-feira. Eu fui para o Rio nesse final de
semana. Deixei minhas malas na sala, peguei o carro e fui.
- Primeira lição do texto: veja
sempre as coisas pelo lado
positivo!
Olha que maravilha: com a minha demissão, eu não precisei
nem desfazer as malas! Só coloquei as coisas no carro e
voltei pro Rio. Liguei para a minha mãe da estrada: “Oi
mãe! Fui demitido, posso ficar na sua casa um tempo?”

- Eu ouvi o coração dela bater na


linha. Mas sobreviveu para ver as
coisas darem certo =)
E as coisas maravilhosas dessa demissão não param por
aí: exatamente nessa semana acontecia a CASE, do
SEBRAE, em SP. Eu estava louco para ir, mas não podia
por conta do trabalho.

O dia 3/11/2015 era o último dia do evento. Eu fui


demitido por volta das 15h, saí correndo da empresa, fui
em casa botar uma calça jeans no lugar da social (acabei
de perceber mais um ponto positivo: nunca mais usei
calça social) e fui pro evento.
É nesse momento que a minha
ideia, coitada, começou a suar
Olha, a história das ideias que não passam de boas ideias
não quer dizer que o negócio dá errado. Por exemplo, a
ideia que eu e Enzo tivemos lá atrás não tem qualquer
semelhança com o que a Proseek é hoje.

- E quem vai dizer que ela não teve


mérito só porque não funcionou
como negócio?
Minha ideia foi a razão pela qual eu, depois de receber
troféu de referência da empresa no evento anual com
todos os colaboradores presentes e que chegava todo dia
8h e ia embora 22h, passei a chegar 10h depois de
trabalhar de madrugada pela Proseek e sair 18h15min, só
pra não ser cara de pau como se batesse o sino da escola.
Sem dúvida nenhuma, o primeiro passo é o mais
importante. Os outros – posso dizer depois desses 3
anos – são muito mais fáceis. Sabe por quê?

Gosta de Batman? Vou assumir que sim.

Sabe a cena em que o Bane explode as bombas debaixo do


estádio de futebol americano e o jogador corre
inocentemente enquanto o chão desmorona atrás dele?

Pois é, os outros passos são mais ou menos assim. Ou você se


move – rápido – ou vira estatística.
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PITCH INVENCÍVEL!

O meu primeiro passo foi nesse dia, na CASE, quando fui


jogado na roda de mentores de uma aceleradora do Rio.

“Faz seu pitch aí”, eles disseram.

Eu não sabia o que era “pitch”, mas entendi pelo contexto.

Até hoje não sei o que foi, mas alguma parte do que eu falei
os caras gostaram, me convidaram para fazer o processo
seletivo da aceleradora e eu entrei.
- Esse foi o dia em que eu
tirei a minha bunda do sofá.
Hoje eu vejo muita, mas muita gente mesmo,
presa às limitações que só existem na cabeça
delas. E não é discurso motivacional não, é sério.

Sabe como eu sei?


- Quebrei a empresa e tive que mudar totalmente o modelo
de negócios, vender ações para captar investimentos e
seguir em frente;

- Quebrei duas vezes na física, peguei dinheiro emprestado


com amigos e família, vendi meu carro, enxuguei
drasticamente meu padrão de vida;

- Comecei a estagiar em 2011 e desde então só tirei 14 dias


de férias (se você estiver lendo isso depois de 15/04/2019
favor adicionar mais 14 dias a conta);
- Já lancei cursos, nenhum aluno comprou, paguei os
professores e só levei o aprendizado de como não se faz o que
eu tentei para casa;

- Clientes já deram calotes, parceiros já passaram a perna,


sócios já decepcionaram…
Hoje é o milésimo centésimo nonagésimo sétimo dia de vida
da Proseek e cada um desses dias foi construído nele mesmo.

De vez em quando eu assusto meus investidores com a


velocidade com que mudo a direção do barco, mas pode
saber: não existe qualquer planejamento de longo prazo que
supere o direcionamento que os aprendizados do dia a dia da
execução te mostram.
- Eu não posso afirmar por toda a
classe dos empreendedores do Brasil,
mas cara, risco é comigo mesmo.
Quem me conhece sabe que se tem uma coisa que me move
é assumir responsabilidades gigantescas, especialmente
quando eu não faço ideia de como vou chegar do outro lado.

O que isso tem a ver contigo?

Bom, eu respeito plenamente a história, as prioridades e o


momento de cada um.
Mas se tem uma coisa que não pode contar com a
minha paciência e compreensão são as desculpas
que as pessoas inventam e sustentam enquanto
leem todos os livros de empreendedorismo, vivem
no Instagram dos influencers mais bombados sobre
empreendedorismo e não fazem nada por si mesmo.

- Até quando vão ficar vendo a vitrine


da vida dos outros enquanto seu
projeto de vida se sufoca na gaveta do
quarto, vegetando numa espécie de
coma induzido?
Anota aí:
- Nenhuma empresa se fez pelo nome imbatível!
- Nenhuma venda se fechou pelo PPT perfeito!
- Nenhum cliente bateu à porta de um empreendedor
no sofá!

- Resumo: você não compra


gasolina antes de ter o carro.
Uma empresa no início da vida – leia-se 3 anos, pelo
menos – é feita basicamente de uma pessoa (duas já
é uma megacorporação!) motivada por
responsabilidades, aprendizados e desafios se
movendo para frente, sonhando com a realização de
algo realmente muito importante para ela.
Se algum dia esse texto chegar a alguém que tem um sonho
grande de lançar uma parada maneira e fazer disso um
projeto de vida, tomara que essa pessoa se dê conta de que,
antes de reclamar que as coisas são difíceis, sempre dá pra
dormir um pouco menos, estudar e planejar algo na hora do
almoço, abrir mão de alguns finais de semana e dar aquele
passo que mais importa:

O primeiro.
2. A morte violenta do
empreendedor assassinado
por suas próprias convicções
No dia 3 de novembro de 2016, sábado, era aniversário de 1
ano da Proseek. Eu tomei um banho de manhã ensaiando o
discurso para contar às pessoas da minha família que eu
tinha desistido do negócio.

- Eu estava virando estatística, morri


no famoso vale da morte junto com
99% das startups.
Na verdade, aquele era só mais um dos ensaios-no-
banho que eu tive nos últimos meses. A diferença é que
nesse dia tinha um almoço com a família toda, então era
essa a oportunidade que eu precisava.

Passei a manhã em silêncio, introspectivo. Descobri que


conseguia ver meu reflexo no café preto servido na minha
xícara.

Como explicar para os meus pais que eu tinha


abandonado uma carreira tão promissora para ficar um
ano fora do mercado, sem salário só por um sonho bobo?
Fui de carro e no caminho minha namorada perguntou pelo
menos duas vezes se tinha algum problema.

- Claro que tinha: honra, orgulho,


autoestima. Tudo no chão, aos
pedaços.
Lá em casa a família toda fez carreira. Cada um no seu
mercado, todos construíram suas histórias de sucesso e
agora o filho mais novo ia dar esse vexame?

E sabe o que era pior? Imaginar aquelas expressões de “viu,


te avisei…”. E esse era o momento mais duro que eu podia
imaginar para quando o momento chegasse.
Afinal de contas, toda minha família apoiou quando eu
contei que estava começando a Proseek, mas era mais ou
menos assim: “Poxa, que ideia maravilhosa. O setor é muito
promissor mesmo” …” mas você se deu um prazo para
desistir?”.

Essa era de doer. Só quem passou por isso conhece a


sensação.

Entrei no restaurante, cheguei por último. Cumprimentei as


pessoas e sentei ao lado da minha mais-que-maravilhosa
namorada.
Eis que uma cabecinha vira do canto da mesa e solta: “E aí,
Felipe? Como vai aquele seu PROJETO?”

Cara, eu não tinha nem colocado o guardanapo no colo


ainda

Na verdade, eu não sei se isso é um problema meu, mas


poucas coisas me ofendem mais do que chamar o negócio
pelo qual eu me mato de trabalhar todos os dias, o meu
“sonho grande”, de “projeto”. Por mais que naquela época
fosse uma GRANDE empresa de um homem só.
- Não tenho vergonha de assumir:
a minha vaidade me salvou. Ninguém
pode falar assim da Proseek, nunca.
E então, apesar de tudo que provava que o negócio tinha
dado errado, que eu tinha quebrado, eu defendi a
empresa como sempre fiz e sempre vou fazer.

Devolvi a pedrada com um discurso firme e postura de


confiança, resiliência e paixão pelo que faço.

Olha, ainda bem que a família existe, sabia? Até quando


não acreditam em você, estão ali para despertar o
sentimento que você precisa.
- Pelo menos por mais um dia eu
desisti de desistir.
A segunda-feira chegou e eu conheci um cara aleatório do
Piauí, indicado por outro cara aleatório do Piauí. Ele tinha
chegado a mim por conta de um processo seletivo em que
ele entrou por engano (vou pedir pra ele comentar nesse
texto só pra confirmar a história).

Eu juro que essa frase faz sentido e é absolutamente


verdadeira, apesar de confusa.
Esse evento mudou drasticamente a dinâmica dos
acontecimentos envolvendo a Proseek para
chegarmos onde estamos hoje.

Em novembro de 2016 eu estava sozinho, numa sala


de reunião emprestada na empresa de um amigo.
Hoje somos mais de 40 pessoas, dois escritórios,
presença em São Paulo e Rio, empresa avaliada em
R$ 65.000.000,00.

O que aconteceu nesses dois anos eu conto em


outro texto.
- Vou contar aqui como as minhas
próprias convicções (quase) me
mataram. Como me levaram a tomar
decisões estúpidas, me cegaram e me
destruíram emocionalmente a ponto
de eu desistir do meu maior sonho.
Um ano antes eu estava sendo demitido da XP e
fiquei livre para tocar o negócio que até então eu
virava noites para conseguir tirar na inércia.

Já no início de 2016 nós conseguimos passar no processo


seletivo de uma pré-aceleradora no Rio.

Eu e Enzo, meu sócio fundador, idealizamos um marketplace


de formação profissional que deveria reunir serviços de
mentoria, cursos e alocação para profissionais de base
(estagiários, analistas e trainees) em uma variedade de
carreiras: direito, medicina, economia, engenharia, etc.

Essa era a cara da Proseek na ultrassonografia.


A nossa tese era de que criaríamos um marketplace
gigantesco e inteligente para que os alunos
navegassem, consumissem conteúdos e experiências
diversas de forma autogerida.
Eu tinha certeza que já era
bilionário com essa ideia,
faltava só atualizar o saldo na
conta bancária
Primeiro tapa na cara: era muito comum receber
visitas de CEOs, grandes empresários e
empreendedores de destaque na aceleradora, por isso
eu tinha um pitch ensaiado na ponta da língua.

Um certo dia o CEO de uma empresa que você


conhece bem me parou no corredor e mandou: “E aí,
você faz o que?”
- No ecossistema de startups essa
pergunta quer dizer: “me
impressione em 30 segundos e
talvez eu te dê mais 30”.
Comecei meu pitch maravilhoso e fui interrompido
antes dos 30 segundos que supostamente eu tinha
direito.

“Esquece” ele disse e ficou em silêncio.

EU: “Que?”

“Esquece isso. Você quer vender pra todo


mundo e vai acabar não vendendo pra ninguém”.

Eu amava a minha ideia, tinha muito orgulho de me sentir


o empreendedor genial que arrancava até alguns sorrisos
de inveja quando contava para as pessoas.
- Valente como todo empreendedor de
primeira viagem, atropelei esse
feedback e fui em frente.
Eu tinha certeza de que criar uma estrutura de cursos
próprios seria algo operacionalmente pesado, custoso e
pouco escalável. Distribuir as soluções, por outro lado, era
genial.

Ué, se o Airbnb é a maior empresa de hospedagem do


mundo sem ter um quarto sequer e o

Uber é a maior empresa de transporte sem ter um carro


sequer, por que a Proseek não poderia ser uma empresa
de formação profissional sem cursos?
Nada me convenceria de que eu não ia conseguir. Eu
acreditava que a ideia teria uma força implacável de
atração de demanda só por ser tão boa.

Olha, ler a frase anterior hoje me provoca sentimentos


mistos… Um pouco de orgulho sim, por ter superado
isso em algum momento. Mas confesso que isso me
machucou tanto ao longo de 2016 que hoje eu me
audito o tempo todo, contesto minhas visões e busco
os feedbacks proativamente.
- Eu nunca mais quero passar
por aquilo: angústia, ansiedade
e frustrações infinitas.
Eu amei e me ceguei pela ideia que criei.

Perdi parceiros, quase-sócios e muitos, mas muitos


clientes porque não queria ouvir ninguém.

Eu tinha absoluta certeza do valor do que tinha criado e


meu orgulho não me deixava desistir de provar para o
mundo que eu podia fazer dar certo.

Ao longo de 2016 a empresa faturou R$ 9.000 e me


custou mais de R$ 120.000. Em novembro, eu e a
Proseek estávamos quebrados – financeira e
emocionalmente.
Sendo justo comigo mesmo, é fácil juntar as peças
olhando para trás, né? Hoje parece muito fácil
perceber que eu estava na rota da autodestruição, que
precisava ouvir as pessoas e tomar outras decisões.

- Warren Buffet cravou que “é


fundamental aprender com os
próprios erros, mas é melhor
aprender com os dos outros.”
Doeu, mas eu aprendi.

Aprendi que quando você começa um negócio/produto é


muito comum se deixar levar por ideias megalomaníacas para
dominar o mundo, quando o que você precisa é prototipar a
sua proposta de valor mais essencial e entregar pro seu
cliente ideal.

Bernard de Luna me disse uma vez, na aceleradora: “quando


você está começando, não crie um negócio que muitas
pessoas gostem. Crie um negócio que poucas pessoas
AMEM”.
Como tantos outros conselhos, eu ignorei esse
também. Mas hoje vejo que a mesma mensagem pode
impactar uma mesma pessoa em momentos diferentes
da vida. E essa é uma que eu guardo no coração.

Também aprendi que nenhuma pesquisa de mercado te traz


tanta inteligência quanto um MVP Concierge, i.e., quando
você entrega pessoalmente seu produto ou serviço.

Se você tem um produto enxuto, focado na proposta de valor


e entrega para o cliente ideal, nada vai te trazer mais insights
sobre como aprimorar o que você ofereceu, do que ficar
olhando de perto como o cliente se relaciona com o seu
serviço/produto.
- O início do negócio é 1% sobre a
sua ideia e 99% sobre prototipar,
testar, aprender e relançar – o
mais rápido possível.
Bom, pode ser que a minha história pareça um
tremendo mimimi para o novo empreendedor genial
do pedaço, valente como eu era.
Então, para terminar, dedico mais um conselho desprezado
por mim em 2016 a quem acha que uma boa ideia vira um
negócio só porque seus amigos e familiares não tem
coragem de perguntar: “quem pagaria por uma Lamborghini
para ir à padaria do outro lado da rua quando você pode
usar um patinete?”.

Prototipe, teste, aprenda e relance. Esqueça a ideia e se


apaixone pelo processo.
As minhas convicções quase
mataram meu projeto de vida.
Salve o seu enquanto há tempo.
3. Um cara falido só precisa
de alguém que acredite nele,
uma única vez.
No segundo semestre de 2016 eu já não conseguia
mais pagar meu aluguel nem a conta de telefone.
Meu – super - pai bancava.

Nessa época eu tinha conseguido uma bolsa numa


academia e ia nadar de manhã, antes de pegar o
metrô até a sala de reunião emprestada de onde eu
tocava a Proseek, no escritório de um grande amigo,
Illan Besen.
- Criar um negócio do zero é cruel,
de verdade. Mas ou você afoga os
pensamentos ruins e as dúvidas na
piscina como eu fazia todos os dias,
ou você afunda com eles.
Ninguém quer te ajudar, nada ao seu redor vai facilitar
seu caminho. Mas sabe quanto tempo você tem pra
ficar reclamando disso? ZERO.

Naquela fase eu realmente não conseguia enxergar


uma forma de fazer a Proseek dar certo, mas é
impressionante como você, de fato, só consegue ligar
os pontos olhando pra trás, né?
E mesmo assim é absolutamente inacreditável
perceber como é exatamente nos momentos mais
inesperados que as coisas mais improváveis
acontecem e mudam para sempre o seu caminho.

E é isso que eu vou mostrar nesse capítulo.


Em outubro de 2016 eu trabalhava sozinho em uma sala
de reunião com 4 lugares na empresa do meu amigo
Illan.

Rodrigo Fiszman - guarda esse nome – é um grande


amigo que a XP me deu, que até levei pra passar
carnaval com a minha família. :)

Ele saiu da XP quase um ano depois de mim - tinha


decidido mergulhar no mundo das startups e foi me
visitar.
- Esse foi exatamente o
momento em que a história da
Proseek começou a mudar.
Ensaiei meu pitch 3 milhões de vezes para aproveitar
aquele momento.

Depois dos 20 minutos de papo sobre as novidades,


hora do pitch.

Mandei bem, tenho certeza, mas o Rodrigo é foda.


Ele sempre tem aquela perguntinha que alfineta seu
pitch da forma mais provocativa que pode existir.
Terminamos o papo com ele dizendo: “Gosto da sua
ideia, cara, mas coloca tecnologia nisso aí e me
chama de novo.”

Considerando o momento que eu estava passando,


esse momento poderia facilmente ter sido o
sepultamento da Proseek.

A probabilidade de eu conseguir aplicar tecnologia na


Proseek naquele momento era (quase) zero.
Mas tá aqui outra verdade que tirei dessa minha
história com a empresa:

A nossa história é construída por uma sequência


de apostas extremamente improváveis que
precisam dar certo apesar de todas as
circunstâncias.
Pra quem vê de fora, eu sei que as nossas escolhas
beiram a insanidade em muitos casos.

Mas na verdade é muito simples tomar decisões


quando você não tem alternativas, né?
É mais ou menos assim que funciona: ou você aposta, ou
você morre.

E era exatamente o que aconteceu comigo nos dias


seguintes à visita do Rodrigo.

Então eu vou contar uma sequência de acontecimentos


tão absurdamente improváveis que escolhi usar bullet
points pra facilitar a sua compreensão.
Eu garanto que é tudo verdade, mas caso algo
não fique claro, por favor, me manda um e-mail:
felipe.gentil@proseek.com.br.
- Eu recebi o pedido de uma empresa para selecionar
estagiários para uma vaga no Rio.

- Dimas, piauiense aleatório, se candidatou à vaga por


engano. Ele era analista em uma empresa em São Paulo.

- Eu deveria descartar o Dimas na triagem de CVs, dado


que por uma condição elementar ele não tinha perfil
para a vaga – já formado, não poderia ser estagiário.

- Eu não descartei o Dimas porque fiquei curioso pra


entender o motivo de ter se candidatado.
- Dimas contou que se candidatou por engano, mas
topou a conversa porque ficou curioso pra
conhecer a Proseek.

PAUSA: Só até aqui, você já consegue perceber o


quão absurdamente improvável esse
encadeamento de fatos é?
- A entrevista do Dimas se transformou em um bate
papo sobre mercado financeiro, carreira, etc. Contei
sobre a Proseek e usei um pouco da minha experiência
multidisciplinar na XP pra dar alguns insights pra ele.

- Aparentemente, o Dimas gostou dos insights e disse


que ia me conectar com outro piauiense aleatório que
estava voltando do mestrado em NYU, o Diogo.

- Diogo (achava que) precisava de ajuda para se alocar


no mercado e queria ajuda para abrir algumas portas.
- Contrariamente ao meu instinto naquele momento,
topei receber o Diogo. Preparei algumas perguntas para
refinar as informações sobre a experiência dele e ele foi me
visitar na sala de reunião do Illan.

PAUSA: 2 anos antes eu tinha ido a um festival de food truck


com a minha namorada e fiquei p*to com o atendimento. E
pensei que deveria existir um app pra fazer os pedidos,
pagar e ir retirar com um QR Code depois de ser notificado
pelo celular.

Calma, você já vai entender o que isso tem a ver com a


história da Proseek. Continuando:
O Diogo me surpreendeu em todas as respostas e
naquele momento eu tive um insight que mudou
minha vida para sempre.

“Diogo, o que você acha de um app em que você


pede, paga e retira com QR Code para festivais,
festas etc?”

“Pô, genial! E não tem aqui, né?”

“Não. E aí, bora fazer?”


PAUSA: O Diogo é meu amigo até hoje e esse é o
e-mail dele para quem quiser confirmar a história:
diogosimoesg@gmail.com.
Ele conta que ficou na dúvida se era um teste ou se eu era
um completo maluco.

Claramente estamos falando da segunda opção.

Levei ele até a porta prometendo uma reunião com um


programador-potencial-sócio e o Rodrigo Fiszman, que
tinha me desafiado por um projeto de tecnologia,
lembra?
Eu lembro como se fosse hoje: a reunião foi às 10h da
manhã numa segunda-feira.

Reuni os caras na minha sala de reunião e cuspi na cara


das probabilidades que me desafiavam.

3 caras que nunca tinham se cruzado na vida, ouvindo


uma proposta mirabolante de um app.

Faz a conta ai! Qual a probabilidade?


Eu NUNCA parei pra fazer essas contas.
Sabe no que deu? Deu certo. Os três toparam
embarcar no projeto do app, mas eu coloquei uma
condição: que embarcassem na Proseek comigo
também.

Tudo aconteceu muito rápido: começamos a procurar


escritório, o Diogo começou a organizar a mudança
dele e nós começamos a colar post its no canvas do
BADODA app.
Em janeiro de 2017 eu me mudei da sala de reunião do
Illan pra um apartamento que chamamos de escritório
durante 1 ano. Colocamos as estações de trabalho na
sala e fizemos 2 salas de reunião nos quartos.
Mas antes que você pense que daí pra frente foi
só alegria, anota aí:

No dia 23 de dezembro e 2016, pouco mais de um


mês depois de conhecer o Diogo naquela
entrevista aleatória, ele foi para o Piauí e nunca
mais voltou. Tinha ido passar o natal com a
família e alguns dias depois ligou pra explicar que
tinha decidido encarar um projeto da família.
Além disso, menos de 6 meses depois da nossa
primeira reunião juntos, o cara de tecnologia estava de
saída da Proseek porque o Badoda demandava demais.

O resumo desse capítulo?

O contexto nunca vai ser favorável. As oportunidades não


vão aparecer só porque você tem uma boa
ideia/produto/projeto/negócio.

Não conheço um empreendedor foda que tenha


escolhido caminhos “prováveis”.
Quer empreender?

Então você não pode dar muito


espaço para os conselhos razoáveis
que vai receber, mesmo das pessoas
que você sabe que te querem bem.
Elas têm razão em se assustar, mas
você não.
Então esquece de uma vez por
todas as probabilidades. Se
tiver que acontecer, vai lá e
constrói a oportunidade que
você precisa com os farrapos
que encontrar à sua volta.
P.S.: Nesse capítulo da história da Proseek cabe um tributo
especial ao Rodrigo Fiszman, o sócio que todo mundo
deveria ter. Um cara exemplar em todos os sentidos, que eu
tenho enorme orgulho de ter como amigo-irmão, sócio e
que acreditou em mim quando nem eu acreditava mais.
O Bootcamp Proseek está com pré-inscrições
abertas e vai reunir StartSe, Resultados
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empreendedores em um final de semana.

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