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FONTES DE CONTAMINAÇÃO PELO CHUMBO (Pb)

Fábio Sidonio de Barros Evangelista1


Izabel Cristina Rodrigues da Silva2

1
Biólogo. Aluno da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária pela Universidade Católica de Goiás/IFAR.
2
Biomédica. Doutora em Patologia Molecular pela Universidade de Brasília (UnB). E-mail:
belbiomedica@uol.com.br

Resumo
O chumbo (Pb) é um metal tóxico que pode provocar sérios danos à saúde. Seus compostos atualmente têm um
largo uso industrial como em baterias, munições, tintas, equipamentos médicos, ligas metálicas e cerâmicas. O
conhecimento sobre as fontes de contaminação pelo chumbo pode fornecer aos órgãos de controle e fiscalização
subsídios no momento da investigação sobre a contaminação. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma
revisão atualizada sobre as fontes de contaminação por chumbo, visando fornecer informações para fortalecer a
fiscalização da qualidade pelos órgãos de fiscalização e controle.

Palavras chave: chumbo, contaminação, fontes


1 INTRODUÇÃO

A contaminação por metais vem crescendo nos últimos anos criando problemas a
saúde humana e conseqüências econômicas (SMITH; VAN RAVENSWAAY; THOMPSON,
1998). A concentração de chumbo (Pb) em diferentes tipos de alimentos, como leite e arroz,
tem sido relatada em vários países (CAGGIANO ET AL., 2005).
Lansdown e Yule (1986) mencionam alguns usos do chumbo como cosmético, tais
como o pó de Galena (sulfeto de chumbo, de cor acinzentada) utilizado como pintura para os
olhos no antigo Egito, e também a Cerusa (pigmento branco de carbonato de chumbo),
utilizada como uma espécie de maquiagem para clarear a face, na Grécia e na China. O uso de
compostos inorgânicos de chumbo como pigmentos de tintas para diversos usos e superfícies
era, inclusive, muito comum.
Além disto, a morte por envenenamento por chumbo não era fato aleatório entre
pintores. Francisco de Goya (séc. XVIII), Mariano Fortuny e Vincent Van Gogh (XIX), além
do brasileiro Cândido Portinari (XX), que tinha o hábito de limpar os pincéis com a boca, são
exemplos de pintores famosos cuja causa da morte suspeita-se fortemente estar relacionada ao
envenenamento por chumbo (FITCH, 2004; MONTES SANTIAGO, 2006). Na verdade, até o
advento da química orgânica utilizando compostos de origem petrolífera, na década de 1850,
praticamente não havia substitutos satisfatórios para esses pigmentos a base de chumbo
(FITCH, 2004).
O chumbo metálico foi muito utilizado na Roma antiga na forma de encanamentos
devido à sua durabilidade, maleabilidade e resistência à oxidação. Ainda hoje é possível
encontrar nas ruínas da cidade de Pompéia exemplares bem conservados desses
encanamentos, que chegavam a formar extensas redes de distribuição de água. No Império
Romano o chumbo também era utilizado na confecção de outros objetos, como as fichas
usadas como passe de entrada para o Coliseu, além de molduras para espelhos, esculturas e
utensílios de cozinha, como as panelas que eram utilizadas para ferver vinho e torná-lo mais
doce. Muito provavelmente, a substância formada nesse processo de fervura é o acetato de
chumbo, Pb(CH3CO2)2, que possui um sabor adocicado (FITCH, 2004). Muitos dos usos do
chumbo da antiguidade perduraram por séculos, até aos tempos modernos. Um exemplo disso
é que em todo o mundo é documentada a presença de encanamentos de chumbo ou mesmo o
uso de soldas e peças a base desse metal nas redes de abastecimento público e em residências,
especialmente as construídas até a década de 70 (WHO, 2008).
As concentrações de chumbo atmosférico aumentaram exponencialmente a partir de
1923, ano em que passou-se a usar o chumbo tetraetila como agente antidetonante na gasolina
para melhora de desempenho do motor, passando a ser um problema de saúde pública em
muitas cidades cosmopolitas de países desenvolvidos, especialmente para pessoas que
residiam próximas a estradas e rodovias. Com a retirada de chumbo da gasolina, a
contaminação atmosférica por chumbo no Canadá passou de 0,74 μg/m3 em 1973 para menos
de 0,10 μg/m3 em 1991 (ENVIRONMENT CANADA, 1991).
No Brasil, com o início do programa PróÁlcool (anos 70) houve uma gradativa
substituição do chumbo tetraetila por etanol anidro, minimizando, portanto, os problemas de
saúde decorrentes. Para se ter uma idéia do impacto positivo na qualidade da atmosfera do
país, a região metropolitana de São Paulo passou de uma concentração máxima de chumbo de
1,6 μg/m3 em 1978 para 0,4 μg/m3 em 1983. Em 2003, os máximos não ultrapassaram 0,3
μg/m3, e a média do mesmo ano foi de 0,08 μg/m3 (CETESB, 2009). Entretanto, como a
atmosfera é um compartimento muito dinâmico do sistema Terra, o chumbo atmosférico
proveniente da queima da gasolina tetraetilada espalhou-se rapidamente por todo o planeta,
depositando-se sobre solos, oceanos e rios, promovendo uma contaminação global.
Alimentos podem conter pequenas, porém significantes, quantidades de chumbo, o que
dependerá da água usada no cozimento ou dos utensílios utilizados para cozinhar, ou ainda de
onde foi armazenado o alimento, especialmente se a comida tiver propriedades ácidas (WHO,
2008). Muitas espécies de vegetais para consumo humano ou animal que crescem sobre solos
poluídos com metais como o chumbo não são capazes de evitar a absorção dos mesmos.
Assim, animais que se alimentam de pastagens de solos contaminados ou bebem água
contaminada com chumbo, tornar-se-ão também potenciais fontes de exposição humana ao
chumbo via alimentar. Seus compostos atualmente têm um largo uso industrial como em
baterias, munições, tintas, equipamentos médicos, ligas metálicas e cerâmicas (NRIAGU
1983). Os primeiros casos de contaminação pelo Pb foram observados em 1920 na Austrália e
EUA, causado pela ingestão de tintas contendo Pb por crianças. (HEATH ET AL, 2003). A
contaminação pelo Pb é resultante direta da atividade humana diária e da confluência de
diversos fatores (PAOLIELLO ET AL, 2005). A exposição ao Pb representa um exemplo de
injustiça ambiental que afeta a saúde humana, mas particularmente os grupos mais
vulneráveis, que pode influenciar na aparição de patologias (ROJAS, et al 2003).
As principais vias de exposição são a oral, inalatória e cutânea. Os adultos são
expostos principalmente ocupacionalmente por inalação e crianças são expostas
principalmente pela ingestão e absorvido pelo trato intestinal. (ALVES E TERRA, 1983).
Uma vez absorvido, o chumbo pode ser armazenado no tecido mineralizado (ossos e dentes)
por longos períodos. Quando há necessidades de cálcio esse chumbo pode ser novamente
libertado na corrente sanguínea; isto acontece sobretudo na gravidez, lactação e osteoporose e
é especialmente perigoso para o feto em desenvolvimento.
A sua toxicidade, no entanto, dependerá do modo de entrada e da sua forma química e
física, o que determinará também o modo de transferência entre as fases aquosa, orgânica
(membrana celular) e sólida (ossos) do corpo. Outros fatores determinantes na toxicidade do
chumbo ao indivíduo são a idade, sexo e condição nutricional (FITCH, 2004).
Nos adultos os sintomas não são específicos (fatiga, depressão, distúrbios do sono, dor
abdominal, náuseas). Segundo alguns pesquisadores podem ser observados efeitos da
contaminação pelo Pb com concentrações de 30 µg/dL PbB (Chumbo no sangue). Níveis
entre 30-50 µg/dL de PbB podem provocar problemas relacionados com a coordenação
motora. Porém, recentes evidencias tem mostrado que níveis abaixo de 10 µg/dL no sangue,
está associado com problemas renais (CDC, 2003).
Alimentos podem conter pequenas, porém significantes, quantidades de chumbo, o
que dependerá da água usada no cozimento ou dos utensílios utilizados para cozinhar, ou
ainda de onde foi armazenado o alimento, especialmente se a comida tiver propriedades
ácidas (WHO, 2008). Muitas espécies de vegetais para consumo humano ou animal que
crescem sobre solos poluídos com metais como o chumbo não são capazes de evitar a
absorção dos mesmos. Assim, animais que se alimentam de pastagens de solos contaminados
ou bebem água contaminada com chumbo, tornar-se-ão também potenciais fontes de
exposição humana ao chumbo via alimentar.
Com isto, este trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão atualizada sobre as
fontes de contaminação por chumbo, suas conseqüências para a saúde pública brasileira e a
legislação sobre o tema, visando fornecer informações para fortalecer a fiscalização da
qualidade pelos órgãos de fiscalização e controle.

2 METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho de revisão, foram utilizados artigos publicados entre
2000 e 2011. Foram selecionadas legislações, teses e publicações relacionadas à
―contaminação pelo chumbo‖.
Os instrumentos de pesquisa utilizados foram: Scielo Brasil, Periódicos Capes, Visa
Legis (disponível no portal da ANVISA) e o Google Scholar (Google Acadêmico).

3 DISCUSSÃO

3.1 O metal chumbo

O chumbo é um metal branco azulado, com número atômico 82, pertencente ao 5º


período da tabela periódica e ao grupo do carbono (Grupo 14). As características deste fazem
com que ele seja um dos mais importantes metais desde a revolução industrial (ATKINS,
2006).
Este metal pode ser obtido em seu estado natural, no entanto, sua abundância é baixa
em comparação a outros minerais. Os íons derivados de chumbo podem estar associados a
mais de 60 tipos distintos de minerais.
A obtenção de chumbo é feita principalmente a partir do mineral Galena, por
apresentar maior concentração do elemento, por volta de 87%. Na sua obtenção é utilizado o
método de ustulação. Neste método, inicialmente se aquece o mineral com fluxo de oxigênio
obtendo óxido de chumbo como segue a reação (ROCHA, 1973)
Após a obtenção do óxido de chumbo (PbO), um dos métodos utilizados para a
formação do chumbo metálico é adicionar o óxido de chumbo em um alto forno juntamente
com agentes redutores. O chumbo obtido é separado por flotação e purificado por destilação,
o chumbo nesta etapa apresenta pureza de 99,99% (ROCHA, 1973).
Devido as suas características, o chumbo, apresenta uma diversidade de potenciais de
aplicação, dentre estas, pode-se destacar a utilização como protetor radiológico, pois,
apresenta uma alta densidade, absorvendo desta maneira radiação ionizante; na indústria de
automóvel, onde é aplicado na confecção de baterias automotivas e também no
balanceamento dos pneus (BOCCHI ET AL., 2000).
Uma aplicação que vem sendo motivo de preocupação na sociedade moderna é a sua
utilização na indústria de eletrônicos, onde é empregado em soldas e em tubos de raios
catódicos, pois o descarte destes materiais muitas vezes é realizado de maneira inadequada.
Estima-se que e se estima que 40% da massa dos equipamentos eletroeletrônicos são
constituídas por chumbo (OLIVEIRA ET AL., 2010).
O alto emprego industrial deste metal se deve a resistência à corrosão. Quando recém
cortado apresenta um brilho metálico que desaparece em contato com o ar. Isso se deve a
formação do óxido de chumbo, formando assim um revestimento inerte que o protege
(ROCHA, 1973).
Esta característica faz com que este metal seja empregado no revestimento de cabos,
tubulação em indústrias, transporte de reagentes oxidantes, na fabricação de vidros dentre
outros (MARDONES, 2007).
O chumbo é considerado um metal pesado indiferente das definições utilizadas para
esta designação, dentre as principais definições tem-se a classificação de metal pesado apenas
para elementos que apresentam massa específica acima de 3,5 g.cm-3, sendo o chumbo um
metal com massa específica maior que 10,0 g.cm-3. Outras definições de metal pesado
consideram a massa atômica, sendo o sódio (massa atômica 23) dado como referência, ou
consideram o número atômico, sendo o cálcio (número atômico 20) como referência (LIMA E
MERÇON, 2011).

3.2 Tipos de fontes de exposição

O chumbo é um dos metais tóxicos conhecidos pelo homem com o qual ele mais tem
contato no dia-a-dia. As fontes antrópicas são a maior contribuição na entrada de chumbo no
meio ambiente que as fontes naturais. É amplamente encontrado no ambiente inerte ou em
sistemas biológicos, sendo absorvido por plantas e animais. A exposição humana ao chumbo
e, conseqüentemente, seus efeitos sobre a saúde, podem ser de forma mais ou menos intensa,
dependendo das circunstâncias de trabalho, moradia e consumo do indivíduo (DE
CAPITANI, 2009).
Embora alguns processos naturais, como emissões vulcânicas e intemperismo
químico, liberem chumbo no ambiente, a ação antropogênica é a maior responsável pela sua
liberação, sendo as mais comuns, as atividades de mineração, indústrias metalúrgicas, adubos
na agricultura e queima de combustíveis fósseis (DE CAPITANI, 2009). Até a década de 70,
a maior parte do chumbo emitido para a atmosfera provinha da combustão de gasolina com
chumbo, contudo seu uso foi proibido em muitos países, tornando as atividades industriais as
maiores responsáveis pela sua emissão.
Na atmosfera, o chumbo é encontrado sob a forma de particulado podendo ser
transferido para a superfície através da deposição seca ou úmida (precipitação úmida) e pode
ser transportado a longas distâncias. O chumbo ao ser depositado na água, sofre influência do
pH, sais dissolvidos e agentes complexantes orgânicos, que definem sua permanência na fase
aquosa ou como precipitado. A presença de Pb 2+ em águas também é limitada pela presença
de sulfatos e carbonatos, uma vez que formam compostos poucos solúveis.
Em águas superficiais, o chumbo pode ser encontrado complexado com compostos
orgânicos naturais (ácido húmicos) ou antropogênicos. A presença desses agentes na água
pode aumentar em até 60 vezes os níveis de compostos de chumbo em solução (PAOLIELLO,
2001). A presença de chumbo no solo varia de acordo com a fonte de emissão, por exemplo,
atividades metalúrgicas que o liberam de minérios (PbS, PbO, PbSO4 e PbO, PbSO4); já a
queima de combustíveis o emitem nas formas PbBr, PbBrCl, Pb(OH)Br e (PbO)2PbBr2
(KABATA-PENDIAS, 2001). Vários fatores como pH, composição mineralógica, matéria
orgânica, substâncias coloidais, oxi-hidróxidos e concentração do elemento influenciam seu
transporte e disponibilidade (PAOLIELLO, 2001). Por ser fortemente adsorvido à matéria
orgânica, o chumbo é encontrado nas partes mais superficiais do solo, por ser convertido em
sulfato, forma mais insolúvel quando comparada ao carbonato ou fosfato (KABATA-
PENDIAS, 2001).
O metal pode ser imobilizado pela complexação com ácidos húmicos ou fúlvicos dos
solos ou pela troca iônica com óxidos hidratados ou argila e podem apresentar maior
afinidade para sorver Pb que outros argilo-minerais, O Pb é altamente dependente do tipo de
ligante envolvido na formação de hidróxido de chumbo.
A liberação do chumbo de complexos orgânicos para formas solúveis está
intimamente relacionada com o pH. Solos com pH 5 e pelo menos 5% de matéria orgânica
retêm o chumbo atmosférico na camada superior (entre 2 e 5 cm); em solos com pH entre 6 e
8 e alto teor de matéria orgânica, o chumbo pode formar compostos insolúveis, no entanto,
para os mesmo valores de pH, mas menor teor de matéria orgânica pode haver formação de
óxidos - hidróxidos de chumbo hidratados e precipitação na forma de carbonatos ou fosfatos;
nos solos com pH entre 4 e 6 os complexos orgânicos do chumbo tornam-se solúveis e sofrem
lixiviação ou são absorvidos pelas plantas (KABATA-PENDIAS, 2001).
Como exemplo, os valores de intervenção para solos no estado de São Paulo foram
definidos em 200 mg/kg solos em áreas agrícolas e de máxima proteção, 350 mg/kg solo em
áreas residenciais e 1200 mg/kg de solo em áreas industriais (CETESB 2001).
Na atualidade, dentre os usos e fontes industriais de exposição ao chumbo mais
comuns, discutidos por De Capitani e colaboradores (2009), estão a produção de ligas
(bronze, latão); fabricação e recuperação de baterias; esmaltação de cerâmicas; fabricação de
pigmentos, PVC e outros plásticos, borrachas, vidros, cabos elétricos, soldas de peças e de
chapas metálicas. As fontes não industriais de exposição ao chumbo, as quais são
denominadas de não-ocupacionais, têm contribuído de maneira significativa na contaminação
de um grande número de pessoas.
No Brasil, dentre as principais fontes, temos: a poeira contaminada nas áreas das
comunidades que vivem próximas a fábricas ou ao redor de minerações; o material
particulado trazido para o interior da casa por aqueles que trabalham em indústrias que
manipulam chumbo; o uso de porcelana esmaltada e utensílios de PVC; a fabricação caseira
de ―chumbadas‖ de pesca e cartuchos; tinturas de cabelo; tintas de brinquedos; projéteis de
arma de fogo alojados em articulações ou canal medular; e até mesmo alimentos,
industrializados ou frescos, dependendo se a água utilizada na irrigação ou o solo onde foram
plantados estão ou não com níveis de chumbo elevados.
As maiores concentrações de chumbo nos solos ocorrem da superfície a profundidades
de até 5 cm, dependendo das características do solo, como acidez e concentração de matéria
orgânica (WHO, 2008). O órgão de ambiental americano, EPA, preconiza o valor máximo de
chumbo em solos de 400 μg g-1. Solos com elevadas concentrações de chumbo e a poeira que
é depositada em objetos constituem uma importante fonte de exposição, especialmente por
crianças menores de seis anos, devido ao hábito de levar objetos e mãos à boca com muita
freqüência.
De Capitani e colaboradores (2009) mencionam um estudo do próprio grupo de
pesquisa, em que foram detectadas concentrações de chumbo de 702 a 4.597 μg g-1 até quase
1 km de distância de uma fundição secundária (fábrica de baterias Ajax) de chumbo na cidade
de Bauru – SP. Também relataram que próxima a uma fundição primária (refinaria de metal
Plumbum) em Adrianópolis – PR, a concentração de chumbo na poeira até 1 km de distância
foi de 299 a 3.268 μg g-1, valendo ressaltar que, na época da amostragem, as fábricas não
estavam em atividade.

3.3 Monitoramento ambiental do chumbo


A Agência de Proteção Ambiental norte-americana (ENVIRONMENTAL
PROTECTION AGENCY, 2009) nos alerta que o chumbo pode estar em qualquer lugar da
casa: na pintura de paredes, nos móveis, nos brinquedos, em jornais ou revistas coloridos, no
pó dos móveis, no chão e nos objetos, ao redor das janelas, em embalagens de alimentos, em
alguns suplementos de cálcio, em encanamentos velhos, soldas, torneira.
Quanto mais a água permanece em contato com o encanamento, mais oportunidade
existe para contaminá-la, sendo assim, em instalações em que a água fi ca sem utilização por
um período prolongado, como em escolas e creches, pode haver elevada concentração de
chumbo.
De acordo com o setor de Exposição Humana ao Chumbo da Organização Mundial de
Saúde, conforme citado por Freitas (2002), a exposição humana ao chumbo pode ocorrer por
várias fontes: solo, ar, água e a ingestão sob diversas formas.
Essa contaminação, embora possa ocorrer com maior intensidade em regiões
específicas, esporadicamente, traz consequências extremamente graves à população afetada,
sendo que o contato humano direto com esse metal pode causar distúrbios em praticamente
todas as partes do organismo (BELLINGER ET AL., 2004).
O risco da exposição humana a materiais contaminantes pode ser estimado através de
medidas periódicas de determinadas substancias em amostras ambientais de solo, ar e água
(KUNO, 2009).
Alguns tipos específicos de contaminantes são objeto de monitoramento ambiental
sistemático, seguindo a legislação e normatização ambiental vigente. No Brasil o órgão
federal responsável pelo estabelecimento de normas, critérios e padrões relativos ao controle e
manutenção da qualidade do meio ambiente e o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA).
Este órgão foi instituído pela Lei 6.938 de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, sendo regulamentado pelo Decreto 99.274, de 1990. O CONAMA possui
caráter consultivo e deliberativo. Cabe aos órgãos ambientais dos Estados e Distrito Federal a
fiscalização da legislação em vigor, alem do desenvolvimento de indicadores de qualidade
ambiental local.

3.3.1 Solo
Diversas regiões do mundo, entre elas EUA, Reino Unido e Austrália tem conduzido
estudos de abrangência nacional para avaliar a concentração de chumbo no solo e determinar
potenciais riscos de exposição humana a este metal (MARKUS E MCBRATNEY, 2007).
Em áreas urbanas residenciais dos EUA, foram encontradas concentrações medias de
chumbo no solo de 115 mg/kg, enquanto que em áreas de alto risco para este tipo de
contaminação, como nas proximidades de rodovias e áreas industriais, esse valor chegou a
1275 mg/kg.
No Reino Unido, nos solos residenciais de Londres, a concentração media de chumbo
encontrada foi de 656 mg/kg. Em diversas cidades australianas, as concentrações de chumbo
permaneceram inferiores a 100 mg/kg (MARKUS E MCBRATNEY, 2007).
Podem influenciar na diferença entre os resultados encontrados na concentração de
chumbo a composição mineral de cada tipo de solo, alem do fato de os estudos utilizarem
diferentes técnicas de coleta e analise laboratorial (MARKUS E MCBRATNEY, 2007).
Para analisar a qualidade dos solos, devem ser utilizados valores orientadores,
derivados de dados locais, levando em consideração os fins para os quais este solo será
utilizado, geralmente dividido em solos para agricultura, residenciais e industriais (CARLON
E D’ALESSANDRO, 2007).
No Brasil, o Estado de São Paulo, por intermédio de sua agencia ambiental, a
Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB),
baseado em levantamentos realizados em diversas regiões do Estado, estabeleceu em 2001 os
―Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo‖. Tais
valores foram atualizados em 2005 (CETESB, 2005).
De acordo com a orientação da CETESB, a referencia de qualidade (VRQ), ou seja,
solo considerado limpo e de 17 mg Pb/Kg. O valor de prevenção (VP), ou seja, a
concentração de determinada substancia, acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais
a qualidade do solo para chumbo e de 72mg/Kg. Já o valor de intervenção (VI), a
concentração acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, a saúde humana e
de 300mg Pb/Kg, para áreas residenciais. Para a determinação dos valores de referencia de
São Paulo foi utilizada a metodologia analítica 3050 e 3051b, padronizada pela United States
Environmental Agency (US-EPA), na determinação de substancias inorgânicas por técnicas
espectrométricas.(CETESB, 2005).
De acordo com a Resolução 420, de 2009, do CONAMA, os órgãos ambientais
competentes dos Estados e Distrito Federal, deverão estabelecer valores de referencia de
qualidade para substancias químicas em solos, até o ano de 2013 (BRASIL, 2009)
3.3.2 Ar
Os parâmetros de qualidade do ar foram definidos no Brasil pela Resolução
CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990. A concentração de sete poluentes pode ser utilizada
para esta avaliação, sendo eles: Partículas Totais em Suspensão (PTS), de composição
variada, incluindo metais pesados; Fumaça; Material Particulado ou Partículas Inaláveis
(PI10), compostos de material solido ou liquido suspenso no ar com dimensões inferiores a 10
micrometros; Dióxido de Enxofre (SO2); Dióxido de Nitrogênio (NO2); Monóxido de
Carbono (CO) e Ozônio (O3) (BRASIL, 1990).
É necessário ressaltar que o monitoramento atmosférico convencional não mede
diretamente a concentração de metais. Por essa razão, podem ser utilizadas técnicas auxiliares
para este tipo especifico de avaliação (CARNEIRO, 2004). O biomonitoramento e uma
técnica experimental que permite avaliar a resposta de organismos vivos frente a diversos
elementos poluentes, entre eles o chumbo. Tal técnica possui vantagens como custos
reduzidos, eficiência para o monitoramento de áreas amplas e por longos períodos de tempo,
alem permitir a avaliação de elementos químicos em baixas concentrações atmosféricas
(CARNEIRO, 2004).
As informações podem ser deduzidas ou pelas mudanças que ocorrem nos organismos
estudados ou pela concentração de poluentes específicos nos tecidos monitorados
(SZCZEPANIA E BIZIUK, 2003).
Técnicas de biomonitoramento com liquens, musgos, cascas e folhas de arvores tem
sido utilizadas desde 1970 em diversas regiões do mundo. Tal procedimento pode ser
desenvolvido de duas maneiras: biomonitoramento passivo, quando os espécimes analisados
estão presentes no campo, e o biomonitaramento ativo, quando se coloca espécimes vegetais
na área a ser estudada e então se verificam alterações morfológicas e concentração de
poluentes (SZCZEPANIA E BIZIUK, 2003).

3.3..3 Água
A regulamentação nacional vigente em relação aos padrões de qualidade da água foi
estabelecida pelo CONAMA, em 2005. A qualidade dos recursos hídricos e analisada a partir
de diversas variáveis, entre elas as características físicas da composição química e a
concentração de micro-organismos (BRASIL, 2005).
O CONAMA classifica as águas superficiais de acordo com sua utilização e tipo de
tratamento necessário para o consumo humano. Dessa maneira, as águas são divididas em
classe I e II, águas destinadas ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção ou
tratamento simplificado; classe III, águas que podem ser destinadas ao abastecimento para
consumo humano, após tratamento convencional; classe IV: águas que podem ser destinadas
ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado e classe
V, águas que podem ser destinadas apenas a navegação e a harmonia paisagística. Os limites
de concentração de poluentes permitidos variam de acordo com estas categorias.
Segundo o CONAMA, o limite máximo permitido de chumbo nas reservas de água
destinadas ao abastecimento, desde que recebam tratamento convencional (III), e de 0,
033ml/L. A concentração final de chumbo na água utilizada para consumo sem tratamento (I e
II) e de 0,01ml/L (BRASIL, 2005).

3.4 Consequências da contaminação por chumbo e a saúde pública brasileira

3.4.1 Aspectos de toxicidade


A intoxicação crônica por chumbo, apesar de não levar diretamente a morte, e
responsável por déficits cognitivos irreversíveis, especialmente em crianças, cujo sistema
nervoso encontra-se em desenvolvimento, sendo uma importante causa de morbidade
atribuída a exposições ambientais (CDC, 2007; VALENT ET AL, 2004).
Quando os níveis de chumbo no sangue são muito elevados, excedendo 50 μg/dl, pode
ocorrer uma intoxicação aguda, levando a encefalopatia e morte, sendo este um problema
menos frequente nos dias atuais (CDC, 2007; TONG E VON SCHIRNDING, 2000).
Os efeitos neurotóxicos do chumbo em níveis mais baixos que aqueles que causam
intoxicação aguda, tais como menor Quociente de Inteligência (QI) e deficiência cognitiva,
vem sendo descritos pela literatura ha vários anos. Tais trabalhos são baseados em diversos
estudos transversais e prospectivos.
Existem, desde 1991, evidencias consistentes de que a concentração de chumbo no
sangue, mesmo em níveis menores que os encontrados na intoxicação aguda, causam efeitos
adversos no sistema nervoso central de crianças (LANPHEAR ET AL, 2006).
A maior parte destes estudos utilizou como desfecho primário o Quociente de
Inteligência. O QI tem sido empregado por sua forte propriedade psicrométrica. Sua ampla
utilização o torna um importante instrumento na determinação de valores comparativos entre
estudos (LIDSKY E SCHNEIDER, 2003).
Recentemente o CDC realizou uma revisão da literatura que envolveu 23 estudos,
desenvolvido em 16 populações distintas. Nessa revisão observou-se novamente a relação
inversamente proporcional entre níveis sanguíneos de chumbo e o QI, já apontada em estudos
anteriores (CDC, 2007).
Apesar de sua importância, a medida de QI nem sempre esta corretamente relacionada
a déficits cognitivos. Em contraste com baterias de testes de inteligência, como a medida de
QI, testes neuropsicológicos são geralmente mais sensíveis na detecção de danos cerebrais,
alem de serem importantes na avaliação das funções neurocognitivas diretamente afetadas
(LIDSKY E SCHNEIDER, 2003).
Em um estudo de coorte realizado em Boston, crianças expostas ao chumbo foram
submetidas a testes neuropsicomotores e seu desempenho relacionada aos níveis de chumbo
no sangue aos 6, 12, 18, 24 e 57 meses. Nos testes de aprendizado verbal e flexibilidade
cognitiva, as crianças apresentaram déficits de acordo com níveis de chumbo (LIDSKY E
SCHNEIDER, 2003).
Vários estudos indicam que os déficits neuropsicomotores e de QI encontrados na
infância persistem durante a vida adulta. Em 1998, foi realizado um estudo comparando duas
populações de adultos jovens, uma exposta a intoxicação por chumbo no passado e outra não.
Os resultados apontaram para uma forte associação entre exposição remota ao chumbo e pior
desempenho em testes neuropsicológicos. Por outro lado, uma das dificuldades na
determinação da relação entre os níveis de chumbo no sangue e os problemas de
desenvolvimento cognitivo diz respeito ao possível viés relacionado com o baixo nível
socioeconômico (LIDSKY E SCHNEIDER, 2003).
O baixo nível socioeconômico, como condição isolada, pode relacionar-se com
dificuldades de desenvolvimento cognitivo e performance em testes de inteligência por outras
causas que não somente a intoxicação por chumbo, como o menor acesso das crianças a
escolas e baixo nível educacional dos pais (LIDSKY E SCHNEIDER, 2003).
Por esta razão, a maioria dos estudos que investigam a relação entre os efeitos da
intoxicação por chumbo no sistema nervoso central de crianças realiza um controle estatístico
rigoroso do nível socioeconômico dos participantes (LIDSKY E SCHNEIDER, 2003).
Para minimizar este viés outros estudos foram realizados apenas com crianças de
condição socioeconômica mais favorecida. Um dos trabalhos mais importantes neste sentido
foi desenvolvido por Needleman e colegas. Foram investigadas 158 crianças brancas, com
inglês como língua nativa, pertencentes a classe media, e os resultados confirmaram a relação
entre o nível sanguíneo de chumbo e déficits cognitivos, sem que houvesse o possível viés do
nível socioeconômico. (NEEDLEMAN ET AL, 1979).
3.4.2 Anemia em trabalhadores expostos

O chumbo não apresenta nenhuma função fisiológica conhecida sobre o organismo de


seres humanos e animais, mas pode induzir vários tipos de toxicidade. Segundo o Ministério
da Saúde, no Brasil não existem registros confiáveis do número de indivíduos expostos
ocupacional e ambientalmente ao metal, embora estudos venham apontando grupos de
trabalhadores intoxicados, principalmente entre os envolvidos na produção, reforma e
reciclagem de baterias automotivas.
Da mesma maneira, a produção de baterias chumbo-ácido representa o segmento
industrial responsável pelo maior consumo de chumbo nos países em desenvolvimento, pelo
fato da tecnologia ser bastante simples e a possibilidade da realização em pequena escala.
Devido às condições de trabalho e às propriedades tóxicas do chumbo, muitos trabalhadores
deste setor estão frequentemente expostos a elevadas concentrações do metal. Para realizar o
diagnóstico de intoxicação por chumbo, é analisado um conjunto de informações sobre o
trabalhador, tais como evidências de exposição ocupacional ao metal, evidências laboratoriais
de exposição e efeitos biológicos associados à exposição ao chumbo, sinais e sintomas
compatíveis com o saturnismo.(MINISTÉRIO DA SAÚDE., 2006).
O chumbo inibe a capacidade do organismo de produzir hemoglobina, afetando várias
reações enzimáticas, críticas para a síntese do heme. A atividade de três enzimas(5-
aminolevulinato desidratase, coproporfirinogênio oxidase e ferroquelatase) é inibida pelo
chumbo. Isso enfraquece a síntese de heme e diminui a síntese de 5-aminolevulinato sintetase,
enzima inicial e limitante da taxa da biossíntese do heme, e da coproporfirinogênio
descarboxilase ( PAOLIELLO ET AL, 2007)

3.4.3 Defasagem no desenvolvimento infantil

Estudos na área de toxicologia apontam as crianças como o grupo mais vulnerável à


contaminação (MOREIRA E MOREIRA, 2004) e déficits cognitivos, de aprendizagem e de
memória como decorrentes da contaminação por chumbo (ATSDR, 1994). Needleman (1990)
empreendeu uma análise dos estudos sobre esse tema e encontraram que cada aumento de 1
μg/dl de nível de chumbo no sangue está relacionado a uma diminuição de 0.24 pontos no
Quociente de Inteligência (QI).
O sistema nervoso infantil também é o mais afetado pela plumbemia – nível de
chumbo no sangue –, mesmo em concentrações baixas, causando complicações nas funções
cognitivas, que podem ser expressas por problemas de aprendizagem, conduta e problemas
neurológicos como dores de cabeça, diminuição da capacidade visual, alterações na
linguagem e retardo mental (VEGA ET AL., 2004).
Bellinger e colaboradores (2004) afirmam que, mesmo as quantidades relativamente
pequenas de chumbo – inferiores a 10 μg/dl –, podem causar rebaixamento permanente da
inteligência em crianças, acarretando prejuízos acadêmicos e distúrbios psicológicos.
Thacker, Hoffman, Smith, Steinberg e Zack (1992) lembram que, em geral, o público
mais afetado reside em áreas mais pobres, estando exposto, além do chumbo, a condições
menos favorecidas de vida. A intoxicação por chumbo é potencializada por outras variáveis
ambientais e sociais como: alimentação inadequada, pobreza, baixa renda e qualidade da
estimulação e interação fornecidas pelos pais e escola (DASCANIO E VALLE, 2008).

3.4.4 Fatores de risco e vulnerabilidade

Os principais fatores de risco associados à intoxicação por chumbo são o baixo nível
socioeconômico, a moradia em áreas urbanas, a proximidade a vias de trafego intenso, a
moradia em casas antigas cuja pintura contenha chumbo, a exposição ao lixo industrial e
domestico e o contato com água contaminada. Alem disso, praticas tradicionais como o uso
de alguns medicamentos e cosméticos, estão associadas com maior risco para de
contaminação por chumbo (UNEP, 2008).
Apesar de terem sido atualmente adotadas medidas restritivas em relação ao uso de
chumbo para a fabricação de tintas, a residência em moradias antigas, em mal estado de
conservação, ainda pode ser considerada como fator de risco para contaminação por chumbo.
Nos EUA, estima-se que 4,1 milhões de residências possuam pintura com pigmento de
chumbo (CDC, 2007).
No Brasil a normatização em relação à concentração de chumbo permitida na
fabricação de tintas imobiliárias, de uso infantil e escolar, vernizes e materiais similares foram
estabelecidos através da Lei 11762, de 2008 (BRASIL, 2008).
O baixo nível socioeconômico da população pode ser considerado fator de risco para
exposição ambiental ao chumbo, uma vez que áreas mais empobrecidas podem conter um
maior numero de moradias antigas e exposição ao lixo. E fato, também, que existe uma
relação entre maior absorção de chumbo e algumas carências nutricionais, como no caso de
deficiências de cálcio, ferro, zinco e proteína (FREITAS, 2005).
Existem indícios de que o baixo nível socioeconômico apresenta relação com o
aumento da vulnerabilidade das crianças aos efeitos neurotóxicos da intoxicação por chumbo.
Estes indícios foram observados tanto em estudos com animais, como em estudos com
populações humanas (LIDSKY E SCHNEIDER, 2003)
Além do nível socioeconômico, outro aspecto que influencia a vulnerabilidade das
crianças a intoxicação por chumbo parece ser genético. Pelo menos três genes já identificados
podem estar relacionados com este mecanismo (LIDSKY E SCHNEIDER, 2003).

3.4.5 Epidemiologia da contaminação por chumbo

No Brasil, foram encontrados poucos estudos que avaliaram a prevalência de


intoxicação por chumbo em crianças.
Em 1993 foi realizado um estudo em uma creche de Salvador, com 129 crianças de 2 a
39 meses. Em 32,6% das crianças avaliadas foram encontrados níveis sanguíneos de chumbo
acima de 10 μg/dL, com concentração media de 10,7. Os autores do estudo não discutem
possíveis causas dessa contaminação, porem no período do estudo o chumbo havia
recentemente sido retirado como aditivo da gasolina automotiva no Brasil, existindo a
possibilidade de contaminação residual por esta fonte (CARVALHO ET AL, 2000).
Outro estudo avaliou os níveis sanguíneos de chumbo de 64 crianças e adolescentes
residentes da comunidade de Maguinhos, área urbana da cidade do Rio de Janeiro. Os
resultados apontam para uma prevalência de intoxicação por chumbo de 5%, porem não ha
dados sobre a faixa etária destes indivíduos. Foram encontrados nesta população 25% de
crianças e adolescentes com concentração sanguínea de chumbo acima de 6 μg/dL e estiveram
associados a maior concentração sanguínea de chumbo a escolaridade dos pais, o destino do
esgoto e a limpeza pouco frequente das moradias. As possíveis fontes de contaminação por
chumbo foram a proximidade com vias de trafego intenso e estabelecimentos industriais
localizados na área de estudo (MATTOS ET AL, 2009).
Todos os outros estudos foram realizados em áreas onde havia indicação previa de
contaminação do meio ambiente por chumbo, em decorrência de processos industriais ou de
mineração.
Um dos casos mais importantes de intoxicação por chumbo no Brasil ocorreu na
cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Neste município funcionou a partir de 1960
uma fundição de chumbo subsidiaria da Companhia multinacional Penarroya, que empregava
cerca de 260 trabalhadores e produzia aproximadamente 32 000 toneladas de barras de
chumbo por ano (CARVALHO ET AL, 2000). De acordo com relatos da própria fundição,
cerca de 500.000 toneladas de escoria do forno, contendo 1% a 3% de chumbo, foram
despejadas no meio ambiente desde o inicio de seu funcionamento. As atividades da fundição
foram encerradas em 1993 (SILVANY-NETO ET AL, 1989).
Abreu e colaboratores relataram outro caso de importância no Brasil, que ocorreu em
2002, após interdição de empresa metalúrgica pela CETESB (por emissão excessiva de
chumbo), comprovou-se plumbeia ≥10μg/dl em crianças expostas. Com participação da SES-
SP, SMS-Bauru, IAL/SES, CETESB, MS, FUNDACENTRO, FCM-UNICAMP,
FMBUNESP,FC-UNESP Bauru, FOB-USP e HRAC-USP, foi realizada investigação
epidemiológica em raio de 1 km da fonte, com entrevistas domiciliares e dosagens de
plumbeia, pesquisa de alimentos, água, vegetação e solo.
Das 882 coletas de sangue, constatou-se 317 crianças e uma gestante com valores
≥10μg/dl, que foram avaliadas, acompanhadas e tratadas por equipe multiprofissional. As
amostras de água mostraram valores aceitáveis, já a vegetação e os alimentos (leite in natura,
ovos e hortifrutigranjeiros) mantiveram contaminação de 2002 a 2007, bem como o solo
superficial.
Com restrição do consumo de alimentos da área, saneamento de residências e raspagem
do solo superficial na área habitada, os exames de seguimento mostraram 79% das crianças
com redução de plumbeia e 7,5% com níveis ≥10μg/dl.

3.5 Legislação

A diminuição das emissões atmosféricas de chumbo com a restrição do uso do


chumbo tetraetila na gasolina auxiliou na redução da emissão de chumbo na atmosfera
(WHO, 2008).

Em alguns setores industriais já vem ocorrendo a substituição total ou parcial do


chumbo na produção ou acabamento de bens de consumo. Um exemplo é a substituição de
soldas de chumbo na produção de alimentos enlatados, que agora são vedados por um
processo de fusão a quente das partes metálicas, e a superfície das latas é protegida por filme
plástico que evita o contato dos alimentos ou sucos com o metal. Por outro lado, em grande
parte dos setores industriais não se descobriu um substituto que seja viável operacional ou
financeiramente para o chumbo. Além disso, em muitos países ainda não há legislação que
regulamente a utilização do chumbo na fabricação de determinados produtos, ou ainda que
faça o controle da composição de chumbo de produtos importados.
Um exemplo brasileiro de legislação tardia é que apenas em 2008 foi publicada uma
lei (n° 11.762, que entrou em vigor no ano de 2009), estabelecendo um limite máximo de
0,06% em peso de chumbo em tintas imobiliárias e de uso infantil e escolar, vernizes e
materiais similares de revestimento de superfícies, fabricadas, comercializadas e distribuídas
no país. A legislação brasileira não regulamenta a utilização de chumbo em tintas para outras
finalidades como, por exemplo, as de uso gráfico.
Nos Estados Unidos, a legislação que regulamenta a utilização de chumbo em tintas
mobiliárias limitou a 0,06% o máximo deste metal desde 1978, sendo que a partir de 14 de
agosto de 2009 passou a entrar em vigor nova legislação que estabelece um novo limite de
0,009%, além de limitar a 0,03% em peso a quantidade de chumbo em produtos infantis.
A Norma Regulamentadora nº 15 (NR-15), do Ministério do Trabalho, estabelece os
limites de tolerância para o chumbo, fixando em 100 μg/m3 de ar, o valor máximo permitido
em ambientes de trabalho (LARINI et al., 1997, MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS,
1997). Esses valores são adaptados da American Conference of Governmental Industrial
Hygienists (ACGIH), que apresenta valores considerados confiáveis para limites de
exposição, pois estes são tecnicamente e cientificamente revisados anualmente (DELLA
ROSA et al., 2003). No entanto, Cordeiro e Lima Filho (1995) avaliando os valores limites de
tolerância biológica para a prevenção da intoxicação profissional pelo chumbo no Brasil,
consideraram segura, para exposição ocupacional, a quantidade de 50 μg/m3.
No Brasil, a NR-7 (Portaria nº 24, de 29/12/94), determina a realização de exames
médicos anuais para monitorar os efeitos tóxicos do chumbo inorgânico no organismo de
trabalhadores expostos. Para tanto, a NR-7, estabelece os Valores de Referência (VR), isto é,
os níveis máximos de chumbo em pessoas não ocupacionalmente expostas e os Índices
Biológicos Máximos Permitidos (IBMP) em trabalhadores expostos; para o metal no sangue
estes são respectivamente 40 μg/dl e 60 μg/dl (JACOB et al., 2002).
A mesma Portaria considera o chumbo urinário como indicador biológico para
exposições ao chumbo tetraetila com um VR máximo de 50μg/g de creatinina e um IBMP de
100 μg/g de creatinina.
O VR estabelecido para zinco-protoporfirina é de até 40 μg/dl e IBMP 100 μg/dl
(SALGADO, 1996). Para o ALA urinário o VR é de 4,5 mg/g de creatinina e IBMP de 10
mg/g de creatinina (SALGADO, 1996).
Tais parâmetros para o controle da exposição ao chumbo são muito importantes na
prevenção da intoxicação profissional pelo chumbo (IPPb). No entanto, é comprovado que
níveis de chumbo no sangue e ALA urinário, inferiores aos fixados pela legislação brasileira,
podem provocar alterações de humor, disfunções da memória, da associação verbal, da
inteligência visual e da atenção em trabalhadores expostos ao metal (CORDEIRO et al.,
1996b).
Também,estão previstos na mesma NR a realização anual de exames para monitorar os
efeitos tóxicos do chumbo orgânico em trabalhadores expostos, dentre estes, destacam-se os
exames clínicos com orientação neurológica e psiquiátrica (ALBIANO, 2004).
Estudos realizados,na cidade de Bauru (SP), entre 1985 e 1987, sobre intoxicações
causadas pelo chumbo, revelaram seiscentos casos de plumbemia ou saturnismo, entre
trabalhadores de fábricas de baterias (CORDEIRO, 1988). Segundo Quiterio et al. (2001),
foram reportados valores de concentração de chumbo, no ar das vizinhanças de uma
reformadora de baterias situada no Rio de Janeiro, superiores aos limites estabelecidos pela
Environmental Protection Agency (EPA).
A Portaria nº 685 de 27/08/1998 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária,
estabelece limites máximos de tolerância (LMT) para o chumbo em alimentos, nas condições
em que são consumidos.
Esses valores variam de 0,05 a 2 mg/Kg de alimento. A ingestão diária tolerável
provisória (PTDI) para o chumbo é de 3,6 μg/kg de peso corpóreo, enquanto que a ingestão
semanal tolerável provisória (PTWI) é de 25 μg /Kg de peso corpóreo, ambas recomendadas
pela Organização Mundial da Saúde (SALGADO, 2003).
A Anvisa, através da Portaria 71, de 29/05/1996, estabelece em 0,6% o limite máximo
de chumbo em tinturas de cabelo e em 20μg/kg o limite máximo para chumbo em corantes
orgânicos e pela Resolução nº 105 de 19/05/1999 estabelece os parâmetros máximos de
migração total de metais tóxicos em embalagens.
E através da lei 9.832 de 1999 fica proibido o uso industrial de embalagens metálicas
soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionamento de gêneros alimentícios,
exceto para produtos secos ou desidratados.

4 CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou uma revisão atualizada sobre as fontes de contaminação por
chumbo, suas consequências para a saúde pública brasileira e a legislação sobre o tema,
visando fornecer informações para fortalecer a fiscalização da qualidade pelos órgãos de
fiscalização e controle.
Conhecer o que é o chumbo, qual o processo de sua contaminação no organismo,
implicações para a saúde e, principalmente, como adotar medidas preventivas e/ou
minimizadoras, é condição fundamental para a melhoria da qualidade de vida de uma parcela
da população.
Espera-se que os resultados desse estudo ofereçam subsídios para a melhoria da
qualidade do atendimento de populações expostas e possivelmente expostas, e da proposição
de políticas de saúde pública ou melhorias que promovam a qualidade de vida das pessoas e o
meio ambiente.

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