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MTC Latino Americano

Escola Superior de Teologia e Estudos Transculturais

Material Elaborado e aprovado pelo Departamento Acadêmico


MTC Latino Americano

APOSTILA DE
HISTÓRIA DA IGREJA I

MONTES CLAROS, (MG)


2018.
MTC Latino Americano
Escola Superior de Teologia e Estudos Transculturais

Material Elaborado e aprovado pelo Departamento Acadêmico


MTC Latino Americano

APOSTILA DE
HISTÓRIA DA IGREJA I

Material elaborado pelo pastor Jose Rosifran Cruz Macedo


para ministração de aulas de História da Igreja I, no MTC
Latino Americano, Montes Claros/MG e usada pelo Profº.
Pr.Rodrigo do Nascimento Holiça, 2018.

MONTES CLAROS, (MG)


2018.
MTC Latino Americano
Escola Superior de Teologia e Estudos Transculturais
MTC Latino Americano
Escola Superior de Teologia e Estudos Transculturais

PLANO DE CURSO ANO SEMESTRE


DEPARTAMENTO ACADÊMICO 2017 ( x ) 1º ( ) 2º
CURSO TURNO
Teologia e Missões Matutino
DISCIPLINA PERÍODO
História da Igreja I ( ) Período
PROFESSOR(A) CARGA HORÁRIA
Rodrigo do Nascimento Holiça TOTAL 30h
SEMANAL 2h
CIDADE Montes Claros

EMENTA
A disciplina possibilita a construção de uma visão histórica do Cristianismo a partir da
compreensão do processo de seu surgimento, consolidação e institucionalização na
Antiguidade (até cerca do ano 500 AD) e de sua evolução na Idade Média (cerca de 500-
1500), relacionando sua história institucional e seu desenvolvimento doutrinário, sempre
que possível, à igreja posterior, até o período contemporâneo.
OBJETIVO GERAL
Fazer uma exposição histórica.
OBJETIVOS ESPECIFICOS
 Entender a origem, desenvolvimento e expansão do Cristianismo da igreja
primitiva até 1500 AD.
 Identificar os principais períodos que marcaram a História da Igreja
(Conselhos, Controvérsias, Credos, Heresias e Cismas).
 Identificar a área de expansão do Cristianismo no período.
 Relacionar os acontecimentos teológicos e sociais que influenciaram na
visão e expansão missionária da Igreja.
 Compreender o desenvolvimento do Pensamento e da Teologia Cristã no
período.
CONTEUDO PROGRAMÁTICO

Primeiro Período - 0 a 300


1. A Plenitude dos Tempos
2. Fundação
3. Transição
4. Expansão
5. Conflito Igreja /Estado
6. A Defesa de Fé
7. Conflitos Teológicos Heresias
8. As Últimas Perseguições.

Segundo Período - 300 a 500


1.O Impacto de Constantino
2. Reações
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3. Conflitos Teológicos- Ortodoxia


4. Grandes Teólogos
5. Expansão Além das Fronteiras

Terceiro Período -500-1000


1. A Queda do Império
2. Monasticismo Ocidental
3. Papado
4. Concílios no Oriente e Igrejas Dissidentes
5. Os Muçulmanos
6. Europa Medieval e Novo Império
7. Grande Cisma

Quarto Período - 1000 a 1500


1. Reforma
2.Cruzadas
3. Ordens Mendicantes
4. Teologia
5. Declínio Papal
6. Pré – Reforma
METODOLOGIA/ATIVIDADES DIDÁTICAS
1. Aula expositiva e dialogada;
2. Leituras de texto informativo indicado;
3. Uso de história e drama.
ESTRUTURA(S) DE APOIO/RECURSOS DIDÁTICOS
Apostila do curso, leituras, quadro negro, data show, vídeo, etc.
AVALIAÇÃO
Aspectos a serem avaliados
 Prova 40%
 Trabalho 50%
 Leituras e trabalhos semanais 10%
Procedimentos de avaliação
Participação na aula, Pontualidade, assiduidade, iniciativa e interesse, discursão
critica das leituras realizadas e participação nas atividades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BASICA
GONZALES, Justo L. História do Cristianismo. Edições Vida Nova, São Paulo.
WINTER, Ralph. Missões Transculturais - Perspectiva Histórica,.Ed. Vida Nova, São
Paulo.
CAIRNES, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. Edições Vida Nova, São
Paulo.
BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. JUERP, Rio de Janeiro.
COMPLEMENTAR
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PLANO DE AULA ANO SEMESTRE


DEPARTAMENTO ACADÊMICO 2017 ( x ) 1º ( ) 2º
CURSO TURNO
Teologia e Missões Matutino
DISCIPLINA PERÍODO
História da Igreja I ( ) Período
PROFESSOR(A) CARGA HORÁRIA
Rodrigo do Nascimento Holiça TOTAL 30h
SEMANAL 2h
CIDADE Montes Claros

CRONOGRAMA
Aula Teórica
Aula Aula Prática Metodologia (como)
(conteúdo)









10ª
11ª
12ª
13ª
14ª
15ª
16ª
17ª
18ª
29ª
20ª
21ª
22ª
23ª
24ª
25ª
26ª
27ª
28ª
29ª
30ª
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Trabalho

Faça uma pesquisa (mínimo de 1000, máximo de 2000) sobre o período da implantação
do Cristianismo e a situação mundial atual. O trabalho deverá ser composto de quatro
partes:

1. Destaque diversos fatores positivos e negativos para a implantação do Cristianismo


nos primeiros séculos.
2. Você acha que estamos na "Plenitude dos Tempos" para a evangelização mundial de
todos os povos? Se sim destaque as razões que o levam a pensar assim. Se não justifique
a sua resposta.
3. O que a Igreja Mundial pode fazer de maneira prática para melhor divulgar o
evangelho a todos os povos, tendo em vista as condições atuais do mundo?
4. Destaque a lição principal, para sua vida e ministério, que você aprendeu do estudo
da implantação do Cristianismo.
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História da Igreja Antiga até a Reforma

Primeiro Período - 0 a 300.

1. A PLENITUDE DOS TEMPOS.


A posição privilegiada de Israel, entre o Oriente Médio e o Egito, trouxe-lhe muitos
problemas uma vez que se tornava o caminho de passagem dos exércitos dos grande impérios
e uma posição constantemente disputada por estes. Durante o período da história Israel ficou
debaixo de diversos reis.
Ao analisarmos o Judaísmo no Velho Testamento, cheio de idolatria e o povo sempre
abandonando a adoração a Jeová, com o Judaísmo do Novo Testamento encontramos uma
diferença enorme. No período da vinda do Messias havia um zelo ardente pela adoração a
Jeová, e um apego tremendo ao cumprimento da Lei. Esta mudança se deu desde o período do
cativeiro babilônico até o domínio romano. Este período é conhecido como inter-
testamentário e é preciso estudá-lo para melhor compreender a implantação do Cristianismo.

a.Contribuição Histórica Judaica


{ O EXÍLIO (597 - 333 AC)
Babilônio (597 - 538AC). Em 597AC, Nabucodonozor conquistou Jerusalém e deixou
um governo debaixo da sua administração. Em 586 Jerusalém foi totalmente destruída e
houve a segunda deportação de judeus para o exílio. Durante os setenta anos de cativeiro
babilônico o "Novo Judaísmo" tomou forma. A adoração a Jeová, como o único Deus, era o
símbolo de identidade e unidade judaica. Neste período surgiram as sinagogas em substituição
ao Templo. Os escribas, intérpretes da lei, tomaram o lugar do sacerdote. O sacrifício foi
substituído pelo estudo da lei.

Médio-Persa ( 538 - 333 AC). A Babilônia caiu em 538 sob o poderio de Ciro. Este
optou por uma política diferente dos babilônios. Ele procurou repatriar os exilados. Em 586
AC houve o primeiro retorno de judeus (Esd. 1:3 - 7). A reconstrução do Templo foi
financiada pelo próprio tesouro real (Esd. 6: 1-5). Em 458 houve outra imigração de exilados
de volta á terra liderada por Esdras. Em 446 Neemias introduz algumas mudanças radicais e
reformas sociais e religiosas (Ne. 8-12). O conhecimento da Lei foi renovado, desapareceram
a monarquia e os profetas. O sacerdote passou a exercer a liderança espiritual e política.

{ PERÍODO GREGO (333 - 142 AC)


Alexandre o Grande derrotou os persas em diversas batalhas em 334. Logo depois da
sua morte o seu reino foi dividido entre os Ptolomeus (Egito e sul da Síria) e os Selêucidas
(Ásia Menor até a Babilônia). A Palestina foi então um campo de constante batalhas entre os
dois reinos. Os ptolomeus (322 - 198) deram o privilégio de nação livre a Israel. Muitos
mudaram-se para o Egito e estabeleceram uma comunidade judaica importante. Ptolomeu
Philadelphius organizou a tradução da Septuaginta.
Os Seleucidas (198- 168) dominaram a Palestina e Antioco IV tentou helenizar os
judeus. Os religiosos tradicionais, ou puritanos, agarraram-se as tradições judaicas e
rejeitaram tudo o que era estrangeiro. A proibição da circuncisão e das festas judias, a
introdução de costumes pagãos, a colocação de uma estátua de Zeus no Templo em 168, e o
sacrifício de um porco no altar do Senhor provocou a revolta dos Macabeus. A nação ficou
mais unida e fiel ás práticas da Lei.
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{ INDEPENDÊNCIA (142 - 63AC)


Conhecido como o período dos Macabeus (Martelo). Simão tomou a liderança
religiosa, política e militar. Os descendentes da dinastia Hasmoneana passaram a ser herdeiros
do "reinado." Roma aproveitou um período de instabilidade e disputas internas pelo poder
para tornar a nação uma colônia romana.

{ PERÍODO ROMANO (63 AC - 135 DC)


A administração da nação ficou sob os cuidados de um Procurador romano e da
dinastia herodiana. Muitas intervenções militares despertou na nação uma grande expectativa
pela vinda do Messias, o qual iria finalmente estabelecer o "reinado" de Israel.

b. Contribuição Religiosa Judaica.


A contribuição judaica religiosa na preparação espiritual do mundo para o surgimento
do Cristianismo é de suma importância. Podemos destacar os seguintes pontos: O
monoteismo, O Velho Testamento (a tradução grega do mesmo), a Sinagoga, a Expectativa da
Vinda do Messias e um padrão de Ética Superior.
Havia diversas divisões no judaismo sendo as principais os Fariseus e Saduceus. Os
fariseus usavam o Velho Testamento e a Tradição Oral. Eles criam em anjos, espíritos,
imortalidade da alma e na ressurreição do corpo. Eles constituíam o maior grupo sectário.
Já os saduceus envolvia mais as classes dominantes. Eram mais a favor dos romanos
do que os fariseus. Apegavam simplesmente à interpretação literal do Torá e não criam em
espíritos e ressurreição dos mortos.
Os Judeus da Diáspora, que moravam fora da Palestina, eram divididos em dois
grupos, os hebraistas, mais tradicionais nos costumes judaicos e falavam o hebraico, e os
helenistas mais abertos e adaptados à cultura grega e falavam grego. Foi entre este último
grupo que a fé cristã espalhou-se mais rapidamente por todo o império.

c. A Contribuição Grega
A cultura grega espalhada no Oriente através de mercadores comerciantes, depois das
conquistas de Alexandre tiveram uma penetração maior. Alexandre foi muito bem sucedido
nas campanhas militares no Oriente. Em 322 Ac toda a parte oriental do Mediterrâneo estava
sob o domínio grego. Ele tinha a estratégia de unificar todo o império através da cultura e da
língua grega. Mesmo depois da sua morte e divisão do reino, a influência grega continuou. A
língua grega se tornou a "língua franca."
Para alcançar o seu alvo diversos centros culturais foram fundados nas principais
cidades do império, para o ensino da língua, cultura, ciência e filosofia. Um exemplo disto foi
Alexandria no Egito. A filosofia grega despertou as mentes dos estudiosos para assuntos
como: a realidade transcendental, a questão do bem e do mal, o futuro eterno do homem e
ajudou no descrédito das religiões pagãs. Mas a filosofia não respondia os anseios do homem.

d. Contribuição Romana
Em 726 AC diversas vilas romanas se uniram. No começo do século V surgiu um
governo republicano com um Senado. Através de alianças e guerra esta república estendeu o
seu domínio sobre toda a península italiana em 263 AC. em 146 AC dominou Cártago,
Macedônia e Corinto. Em 63 AC conquistou Síria e Judea e em 30AC finalmente o Egito.
Com o crescimento militar e devido aos conflitos internos pelo poder entre os generais,

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Otávio ou Augusto se declarou o primeiro imperador, e o poder passou a ser herdado


(influência oriental).
Com o domínio total veio o período conhecido como a "Pax Romana." Foi um
período de segurança para viajar por mar ou terra sem guerras locais ou estatais. Criou-se um
sentimento de Unidade com o conceito de uma "lei universal" para todos os cidadões
romanos. O sistema de estradas por todo o império também facilitou o transporte e viagens. A
conquista militar causou um descrédito das religiões e dos deuses locais.

e. O Mundo Religioso
Panteão Grego Romano. O animismo romano entrou num processo sincretista com o
animismo dos povos conquistados, especialmente dos gregos. O Júpiter dos romanos era tido
com Zeus dos gregos. O animismo esta em declínio devido a diversos fatores entre eles a
imoralidade, a brutalidade, a concepção dos deuses como homens, as conquistas militares e a
crítica dos filósofos.
A adoração ao Imperador. Devido à influência oriental, o declínio do Panteão, o desejo
da unificação do império e de se estabelecer um domínio total o imperador passou a ser
considerado divino. Augusto foi divinizado pelo senado através do voto do mesmo.
Religiões de Mistérios. No período da vinda de Cristo muitas seitas secretas, vindas
do Oriente, eram praticadas. Elas se constituíam em sociedades fechadas com um rito de
iniciação, muito simbolismo e um sentido de irmandade entre os seus membros. Entre estas
seitas podemos destacar o culto de adoração a Cybele na Ásia, a Ísis no Egito e a Mitra na
Pérsia.
Ocultismo. Tanto entre judeus como gentios era comum encontrar astrólogos,
necromantes, exorcistas, e outras práticas espíritas. O seus praticantes muitas vezes tinham
uma religião mais formal.
Filosofia. Havia em todo o império escolas de filosofia que viam no homem todo o
potencial para entender, explicar e experimentar o conhecimento do universo. Entre os muitos
pensamentos encontramos o Platonismo, neoplatonismo, Gnosticismo, Epicureus e Estoicos.

2. FUNDAÇÃO (At. 1:1 - 8:3)


A vida e ministério de Jesus foi mais em preparar um grupo de discípulos fiéis através
dos quais a sua igreja seria estabelecida, o seu ministério foi limitado à Palestina.

a. Nascimento
No dia de Pentecostes havia um grupo de 120 crentes (At. 1:15). Sabemos que houve
um crescimento diário e encontrarmos um grupo de 3.000 a 5.000 pessoas (At. 4:4). O maior
contato do grupo era com judeus e prosélitos de diversos pontos do império e do mundo (At.
2:9 - 11). Em Atos 5:14 encontramos a expressão "multidões" se referindo ao grupo e
sabemos que a maioria era de judeus helenistas mas também havia entre eles alguns
sacerdotes.

b. A Comunidade
O grupo não se via como uma outra religião, mas judeus que aceitavam Jesus como o
Messias. A comunidade era composta de judeus helenistas e hebraistas e possivelmente
prosélitos. Eram todos pessoas comuns com seus problemas típicos, entre eles divisão. Eles se
reuniam diariamente no Templo ou em casas particulares dos membros. (At. 2:42- 43, 4:23-
35).

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A pregação era normalmente a narração da vida, atos e ressurreição de Jesus e faziam


o uso do Velho Testamento. Embora não houvesse ainda uma hierarquia ou estrutura
complexa eles tinham organização e liderança própria. Os apóstolos, que viveram e
acompanharam o ministério de Jesus, naturalmente ocupavam uma posição de liderança
superior. Além deles havia os presbíteros e diáconos. Eles tinham um governo democrático
(6:5) e conseguiram fazer algumas mudanças sociais importantes especialmente na assistência
aos pobres.

3. TRANSIÇÃO (At. 8:4 - 11:18)


A morte de Estêvão e a perseguição aos cristãos deu um novo aspecto à Igreja.
Primeiramente Felipe foi para Samaria e lá através da sua pregação houve algumas
conversões. Este fato começou a mudar a concepção da Igreja de que o Evangelho não era só
para os judeus. Pedro e João, líderes mais importantes, foram para o local a fim de
certificarem-se do que estava acontecendo. Com a descida do Espírito Santo sobre os
samaritanos, à semelhança do Pentecostes, confirmou esta nova idéia.
A conversão do eunuco também mostrou a preocupação de Deus com indivíduos de
outras raças (8:38). A conversão de Saulo (22:21) e a sua escolha como o apóstolo para os
gentios foi um próximo passo para a mudança. A conversão de Cornélio, a visão de Pedro
(At. 10:9-16), a pregação de Pedro (10:43) enfatizando que o Evangelho é para o que crê, e
não só para os judeus, e a descida do Espírito Santo como em Pentecostes, (44) mostra a
mudança do "Evangelho para todos."

4. EXPANSÃO (At. 11: 19 a 21:16)


Com a perseguição em Jerusalém muitos se espalharam por diversas regiões do
mundo, alguns possivelmente à sua terra natal (11:19-20). Os cipriotas foram os primeiros a
modificarem a pregação ao pregarem para os gregos. Antioquia passou a ser o segundo mais
importante centro para os cristãos e se tornou a "igreja mãe" das igrejas gentias. Foi de lá que
as primeiras equipes missionárias foram enviadas para o mundo gentio (13:46-48) e também
foi lá que os "seguidores" foram chamados de cristãos.

a. Primeira Viagem Missionária 46 - 48 D.C. (Atos 13 - 14)


Embora já havia cristãos espalhados em diversas regiões foi Paulo através das suas viagens
missionárias quem organizou e deu "forma" ao movimento missionário. Em Antioquia da
Pisídia na sua pregação Paulo falou da justificação pela fé, e não pela lei, (13:38-39). A partir
deste ponto os gentios ocuparam uma posição primordial no seu ministério e foi a primeira
igreja com maioria gentia. A teologia que moveu o movimento missionário da época: Mateus
28:18-19, At. 1: 8-9, 13.1,2; 22:12-21; 15:7.
Com a volta de Paulo à Jerusalém foi realizado o 1º Concílio da Igreja. Com uma
população gentia significante a Igreja precisou tomar certas definições teológicas devido a
pressão que os judaizantes colocaram sobre os gentios para observarem a Lei. O conflito foi
trazido a esta reunião no intuito de buscar soluções.
De muita importância para a decisão final foi o discurso de Pedro. Os principais
pontos:
{ Deus escolheu gentios (15:7);
{ O Espírito Santo desceu sobre eles (15:8);
{ As leis cerimoniais não são suportáveis (10);
{ Somos salvos pela graça (11) (Gálatas);

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A decisão tomada pelo concílio foi de suma importância para a Igreja pois trouxe a
libertação do jugo da lei e abriu o caminho para o Evangelho Universal.

b. 2ª Viagem 49 - 52 D.C. (Atos 15:36 - 21:16)


O modelo missionário ficou estabelecido: implantação e confirmação dos discípulos.
O ponto principal desta viagem foi a visão dada a Paulo para que passasse a Europa. Foi o
primeiro passo para a passagem do cristianismo para o Ocidente (16.9), podemos ver o
propósito de Deus sendo realizado.
Em Atenas e Corinto encontramos novas aproximações apologéticas (I Cor. 2: 1-5).
Em Corinto Paulo escreveu aos tessalonicenses as expectativas escatológicas cristãs. Em
Éfeso ele escreveu I e II Coríntios deixando diversos ensinos cristãos quanto à ética cristã, os
dons, doutrinas e ministérios.
Já em Corinto ele escreveu a carta aos Romanos o qual se tornou o "credo" dos
cristãos e o maior tratado apologético na apresentação e defesa da fé. Vários termos foram
introduzidos aqui: Justificação, Imputação, Adoção e Santificação.

c. 3ª e 4ª Viagens 53 - 65 DC
Nestas viagens são escritas as cartas pastorais dando orientação quanto a
administração, cuidados, trabalhos e outras funções de um pastor bem como da liderança da
Igreja.

No final deste período podemos perceber as seguintes situações da Igreja:


{ Igreja como um corpo distinto com organização própria, doutrina e plano de expansão.
{ Expansão de Antioquia ao Ilírico.
{ Liberdade do jugo da Lei.
{ Liderança treinada e modelo para prosseguir.
{ Tratado teológico de fé e prática.
{ Padrão de tratado teológico e apologético.
{ Padrão evangelístico e missionário.
{ Começo da institucionalização da Igreja.

5. CONFLITOS IGREJA / ESTADO


No princípio a Igreja era apenas um "seita" judaica e não tinha nenhum problema com
o estado romano, este até ajudou a Paulo no seu conflito com os judeus em Jerusalém. As
perseguições ocorridas vieram da parte da liderança judia. Com a expansão territorial e um
maior número de gentios convertidos ficou mais claro tanto para judeus como para gentios
que havia uma distinção entre os cristãos e os judeus. Nos períodos das revoltas judias contra
o domínio o romano, em 66-73 e 132- 135, os cristãos gentios não queriam se identificar
como judeus, nem sentiam a obrigação de defender o estado judeu.

a. Causas
Com a distinção mais clara foi se tornando mais difícil para os judeus se converterem
e as perseguições não vieram mais dos judeus e sim do estado romano pois o cristianismo se
tornou uma religião ilícita. Por ser uma "religião separada" era uma ameaça a unidade do
estado.
Os cristãos foram perseguidos não por adorarem a Cristo mas por não adorarem César
nem oferecer sacrifícios. Surgiram falsos boatos acerca das práticas "secretas" dos cristãos.
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Falavam que eles tinham uma "Ceia" onde matavam um menino, bebiam sangue e comiam
carne humana. Houve também a acusação de incesto pois os maridos chamavam as esposas de
"irmãs."
Os cristãos também eram acusados de ateísmo por não adorarem os ídolos nem lhes
prestarem cultos. As mudanças sociais efetuadas pela Igreja também foram causa de
perseguição, pois ela atraia a massa e pregava a igualdade dos seus membros. Um outro
motivo que causou a perseguição foram as mudanças econômicas sofridas pelos fabricantes
de ídolos, sacerdotes pagãos, videntes e artistas.

b. Perseguições
{ Nero (54 - 68)
Ele foi o primeiro contra a Igreja. Ele era desprezado pelo próprio povo romano,
alguns o tinham com louco. Ele pôs fogo em Roma no ano de 64 e o povo começou a
suspeitar dele. Para fugir da culpa ele colocou-a sobre os cristãos. Tácito ( Gonz. 55 - 56)
relatou a crueldade da perseguição, e declarou que a mesma era um capricho pessoal do
Imperador.
Em 68 foi promulgado um edito contra os cristãos o qual decretava a perseguição não
pelo fato de serem cristãos, mas se alguém denunciasse um cristão ao tribunal ele seria
perseguido. A perseguição afetou apenas Roma e seus arredores. Com a morte de Nero o
Senado tentou apagar a sua memória mas não retirou o Edito. Houve um período de paz.

{ Domiciliano (81 - 96)


Ele tentou restaurar as velhas tradições romanas e obrigou a adoração pessoal. Ele
impôs novos impostos para melhorar Roma e os judeus se recusaram a pagar. Houve uma
perseguição dirigida a todas as formas de judaísmo incluindo os cristãos. Alcançou Roma e a
Ásia Menor. Foi neste período que João foi exilado em Patmos.

{ Trajano (98 - 117)


Plínio, governador da Bitínia em 111, escreveu para Trajano pedindo ajuda em como
solucionar um problema que confrontava na sua província. Algumas pessoas da liderança
local ao ver os templos vazios, e por não mais conseguirem vender a carne sacrificada, nem
nas cidades nem nas vilas e povoados, delataram um grande número de cristãos. Eles então
eram obrigados a adorar o Imperador e blasfemar contra Cristo. Como muitos não obedeciam
foram condenados, no entanto Plínio não via crimes passíveis de condenação e não sabia o
que fazer. 1
Trajano escreveu de volta orientando-o a não empenhar uma perseguição aos cristãos,
mas aqueles que foram delatados e se recusarem a adorar o Imperador deveriam ser
condenados (uma contradição legal). Inácio (30 - 107) bispo de Antioquia, foi acusado e
condenado a morrer em Roma. Ele escreveu diversas cartas que retratam a situação da Igreja
na época e imita a Cristo com a sua morte (Gonz. 68).
Policarpo de Esmirna (em 155) foi denunciado, primeiramente tentou fugir, depois
enfrentou o tribunal negando-se a adorar o Imperador e foi condenado à morte na fogueira.

{ Marco Aurélio (161 - 180)


Ele era filósofo estóico, escritor, supersticioso e praticante de adivinhação. Ele culpou
os cristãos pelos diversos desastres que aconteceram no seu reinado. Aqueles que se

1
Bettenson, pg.
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recusavam a sacrificar ao Imperador foram perseguidos. Justino, o Mártir (165) , foi acusado e
decapitado em Roma. Com a guerra civil que estourou no império a perseguição se abrandou
e a Igreja gozou um período de paz.

{ Sétimo Severo (193 - 201)


Ele promoveu um sincretismo religioso no intento de fortalecer o império que
enfrentava um período decadente e empreendeu uma restauração cultural. Foi promulgado
por ele um Edito que proibia a conversão ao cristianismo (Gonz. 1369. Irineu morreu em
consequências das torturas sofridas.

{ Décio (249 - 251)


Esta foi a perseguição mais sistemática e universal. O Império enfrentava diversas
crises e ataques germânicos nas suas fronteiras. Isto causou uma grande instabilidade
político-econômica. Para Décio a razão de todo este infortúnio era o abandono do culto aos
deuses. Ele promulgou um Edito que obrigava todos a sacrificarem aos deuses e ao
imperador, quem negasse seria tido como traidor e criminoso. Os que sacrificavam recebiam
um certificado. Qualquer pessoa que não possuísse este certificado seria condenado. Eles
usaram tortura para pressionar os cristãos. Houve poucas mortes.
A perseguição encontrou a igreja despreparada. Muitos negaram a fé e depois se
arrependeram e queriam voltar à comunhão. Orígenes, Cornélio e Hipólito foram perseguidos
em Roma.

c. A Questão Teológica dos Caídos


Cipriano de Cártago fugiu da perseguição, não por medo, mas para pastorear no exílio.
Depois da perseguição houve muita discussão na Igreja sobre aceitar de volta os caídos que se
arrependeram. Foi convocado um Concílio e decidiram aceitar à plena comunhão somente
aqueles que se arrependeram durante o período de perseguição. Aqueles que sacrificaram ao
Imperador só recebiam o perdão no leito da morte (extrema unção).
Novaciano de Roma achou que a decisão do concílio foi muito fácil para os que
queriam voltar. Ele exigia uma prova maior de arrependimento. Houve um cisma e divisão na
Igreja em Roma. As exigências de arrependimento depois se tornaram as bases do sistema
penitencial.

6. A DEFESA DA FÉ
Durante os séculos II e III, não houve uma perseguição sistemática. Era ilícito ser
cristão mas a perseguição dependia de alguém acusá-los. Neste período surgiu a necessidade
de defender a fé, dissipar os rumores e falsas acusações sobre a fé e a prática cristãs para
diminuir a ameaça de uma perseguição geral. Surgiram então os apologistas, defensores da fé,
cujos argumentos foram usados através dos séculos.

a. Acusações
Em primeiro lugar havia os falsos boatos. Acusavam os cristãos de incesto, de orgias
sexuais devido às "festas de amor," e as reuniões secretas como os batismos. Ainda falavam
de cultos de glutonarias, infanticídio e canibalismo.
Em segundo lugar havia os ataques das classes mais intelectualizadas contra a fé e o
culto cristão. Eles falavam que os cristãos eram ignorantes, que as doutrinas eram néscias e
contraditórias. (Gonz. 82). Eram acusações devido aos preconceitos sociais. Eles falavam que
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a cultura cristã era bárbara, por não ser nem grega nem romana. Se os deuses não existiam,
como afirmavam os cristãos, por que então eles tinham medo de fazer sacrifícios? Eles
falavam que Jesus era filho ilegítimo de Maria e um saldado romano.
Questionavam a doutrina da divindade, pois como Deus poderia se deixar sacrificar
numa cruz? (Gonz. 86). Eles questionavam a doutrina da ressurreição como sendo impossível.
Além de acusarem os cristãos de subversivos pois não adoravam o Imperador nem serviam ao
exército.

b. Defesa
Contra os falsos rumores a única defesa dos cristãos era questionar a veracidade dos
boatos e somente apontar para o testemunho pessoal. Os cristãos tinham uma moralidade
superior aos pagãos.
Já para combater as acusações intelectuais não bastava simplesmente negar, eles
precisavam apresentar uma defesa lógica e aceitável. Para isto tiveram que fazer uso da
retórica e comparar a Fé Cristã à Cultura Clássica. Alguns eram a favor deste métodos
enquanto outros se colocavam contra. Foi um problema sério que a Igreja sempre teve de
enfrentar no decorrer da história.
Principais argumentos:
{ Ateus - Eles diziam que não adoravam os deuses por estes serem criações dos homens
para justificar e dar vazão às suas paixões. Para defesa recorriam aos clássicos como Platão e
Aristóteles.
{ Ressurreição - Eles apontavam para a omnipotência de Deus, pois este fez tudo do
nada.
{ Subversivos - Eles argumentavam que embora não sacrificassem ao Imperador, eram
cidadões leais, os melhores servos, pois pediam ao único Deus pelo vida do Imperador (Gonz.
94).

c. Principais Apologistas
Arístides. Ele foi um dos primeiros a escrever uma apologia, datada de 138, dirigida
ao imperador Antônio Pio. Nela ele tentava mostrar a superioridade do culto cristão. No início
do século II escreveu outra apologia, Discurso a Diogneto.
Justino Mártir (100 - 165). Depois de uma longa peregrinação espiritual ele encontrou
no cristianismo, "a verdadeira filosofia," a resposta que tanto procurava. Ele abriu uma escola
de filosofia em Roma e foi o primeiro a estabelecer pontes entre o Cristianismo e os
Clássicos. Pontos de contatos:
{ A noção do Ser Supremo, e que todos derivam dele.
{ A crença na vida depois da morte, acreditada por Sócrates e Platão.
{ A defesa da encarnação através da idéia do Logos, "a razão universal."
{ A noção filosófica da "Luz do mundo" e fonte da verdadeira sabedoria, eram em parte
reconhecimento de pessoa de Cristo.
Suas principais obras: Apologia (150), para o Imperador Antônio Pio; a Segunda
Apologia para o Senado e o povo romano. Diálogo com Trifon procurava provar a
messianidade de Jesus.
Taciano. Ele era discípulo de Justino mas quanto ao método apologético era contrário
ao mestre. Ele foi muito contra a cultura clássica e defendia que a fé cristã era bem superior
(Gonz. 89). Ele escreveu as seguintes obras: Discurso aos gregos (250), Diatesserona - trata
da harmonia dos Evangelhos.

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Orígenes (185 - 254). Ele fundou uma escola de filosofia em Alexandria. Escreveu
Apologia defendendo a idéia de que Deus deu a lei aos judeus e a filosofia aos gregos. Ele foi
o apologista que mais aproximou o cristianismo dos clássicos. A sua principal contribuição no
entanto foi como teólogo.
Tertuliano (160- 230). Ele era advogado e era totalmente contrário a cultura clássica.
Ele falava que as seitas são resultantes da tentativa de aproximação do cristianismo com a
filosofia. A sua Apologia foi endereçada ao governador de sua província. Nela ele nega as
acusações contra os cristãos e defende que estes são cidadões leais. Ele também foi um grande
teólogo.

7. CONFLITOS TEOLÓGICOS
O grande número de conversos gentios trouxeram as suas próprias bagagens culturais,
como Justino. Muitos interpretaram a fé de acordo com experiências passadas. A fé cristã
correu o risco de um sincretismo e perder a sua exclusividade.

a. Heresias
Gnosticismo - Um grupo dentro da própria Igreja que passou a defender a doutrina de um
"conhecimento especial" para os verdadeiros entendidos. A semelhança da filosofia grega,
afirmava que a matéria é má e o corpo é o cárcere do espírito (bom). O mundo material nada
mais é do que um aborto do mundo espiritual, com partes espirituais que precisam ser
libertadas. O corpo de Cristo era apenas pura aparência ou feito de uma matéria especial.
O modo de santificação da vida é conseguido através do castigo do corpo para acabar
com suas paixões. Já outros defendiam que como o espírito é bom nada do que é feito na
carne pode atingi-lo, assim pregavam uma total vazão das paixões. Ascetismo extremo e a
libertinagem.

Marcionistas - Marcion era filho do bispo de Sinope e tinha duas apatias contra o mundo
material e contra os judeus. As suas doutrinas foram fortemente influenciadas pelo
gnosticismo. Em 144 ele fundou uma igreja em Roma a qual perdurou muitos séculos.
Ele cria que Jeová, o Deus dos Judeus, foi o criador do mundo material (mau), que ele
era ignorante, mau, ciumento, arbitrário e vingativo. O Velho Testamento é a revelação deste
Jeová. O Deus dos cristãos estava acima de Jeová, e era todo amor, graça, não estabeleceu
leis, e convida todos a amá-lo. Ele se compadeceu das criaturas de Jeová e mandou Jesus, o
qual veio já adulto ao mundo. A Bíblia de Marcion constituía-se apenas do Evangelho de
Lucas e das cartas de Paulo. Ele pregava uma doutrina lógica e simples e teve muita
aceitação.

Monarquismo - Neste grupo estão todos os grupos que devido ao zelo excessivo de destacar a
unidade do Pai, o monoteismo, acabaram negando a divindade de Cristo. Para alguns Jesus
recebeu o Logos divino quando já era adulto, outros pregavam que as três pessoas da
Trindade na realidade eram apenas três manifestações da mesma pessoa. Já o ramo
patripassionista afirmava que foi o Pai quem foi crucificado.

Maniqueísmo. Mani (216-276) fez uma mistura de diversas correntes filosóficas. Pregava a
dicotomia do corpo (mau) e espírito (luz). Ele dava muita ênfase ao ascetismo e a
superioridade dos sacerdotes em distinção dos leigos. Foi um grupo que existiu por muitos
anos e mais tarde influenciou a própria igreja. Agostinho foi maniqueu por 12 anos.
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b. Os Cismas
Montanistas - Montano chamou a atenção na Frígia como profeta e tinha mais duas profetizas.
Eles transmitiam profecias na 1ª pessoa e incentivavam o martírio. Eles eram muito ascetas,
destemidos, pregavam o abandono das relações conjugais, castidade e jejuns. Eles fundaram a
comunidade "Jerusalém." Eles acreditavam que a profecia aperfeiçoava a disciplina da Igreja
e rejeitavam o perdão de pecados sérios cometidos depois do batismo, o re-casamento e a fuga
do martírio. Eles diziam que estavam começando uma nova revelação do Espírito.
Eles foram excomungados pelo sínodo de Bispos. Davam ênfase a visões, falavam em
línguas e tinham muito excitamento religioso. Eles atraíram muitas suspeitas. Tertuliano se
juntou a este movimento nos últimos anos da sua vida. Eles existiram por muito tempo na
Frigia e África. O maior problema foi o "exclusivismo" durante um período em os bispos
procuravam uma unidade para a Igreja.

Novacianistas - Novaciano (251) dividiu um grupo da igreja devido a disciplina dos caídos
durante a perseguição. Eles eram muito puritanos. Estabeleceram uma rede de igrejas
separadas as quais re-batizavam quem vinham de outros grupos, e enfatizavam a monogamia.
Eles foram tolerados e em 326 estavam presentes no Concílio de Nicéia. Novaciano foi
martirizado em 258.

c. A Resposta da Igreja
Embora já tivessem uma organização própria esta era local, o vínculo que unia as
diversas igrejas era a mesma crença. Como vimos, os grupos que não concordavam
continuavam como igreja cristãs independentes iguais às outras, porém sem comunhão com
grupos que não cressem nos mesmos pontos. Para enfrentar a ameaça cada vez maior de
dividir e destruir a fé cristã, a Igreja teve necessidade de maior estruturação.

Canon - O uso da Septuaginta, a leitura dos Evangelhos e das cartas apostólicas era comum
entre as igrejas, mas com as heresias surgiu a necessidade de decidir quais eram sagradas. Em
180 vinte livros já eram aceitos no mesmo nível do VT pela maioria das Igrejas. Em 250
Orígenes e Tertuliano usavam 21 livros. Os livros que tiveram mais dificuldade de serem
aceitos foram: Hebreus, Tiago, II Pedro, II e III João e Judas. Em 367 As Igrejas do Oriente já
usavam os 27 e no Ocidente só em 397.
Os gnósticos diziam possuir ensinos secretos os quais Cristo tinha transmitido somente
a um apóstolo os quais se encontram no Evangelho de Tomé. Os cristãos adotaram os quatro
evangelhos, que embora diferenciem entre si, concordavam nas doutrinas, portanto a fé cristã
tem o apoio de diversos escritos de apóstolos diferentes.

Credo - O credo foi adotado como o símbolo de fé para identificar os verdadeiros cristãos. As
suas palavras refutavam os gnósticos e Marcion. Quanto um convertido iria se batizar eram
feitas as perguntas do credo ao mesmo.
Deus Pai Todo Poderoso - soberano e governador de todas as coisas, tudo faz parte da
sua criação. Jesus Filho de Deus - o Deus criador de tudo. Nasceu da Virgem Maria - não
desceu do céu, nem apareceu adulto. Padeceu sob Pôncio Pilatos - data concreta da morte.
Crucificado. Virá julgar, anti Marcion fala do julgamento final. Santa Igreja - defender a
autoridade da mesma. Ressurreição do carne, da matéria.
O credo foi modificado com a passar do tempo para refutar outros erros.
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Sucessão Apostólica. Alguns gnósticos clamavam um conhecimento secreto, passado por


Cristo a alguns mais iluminados (Tomé). A sucessão apostólica é o cerne do problema. Os
líderes afirmam que se Jesus tivesse algum conhecimento secreto teria passado aos líderes da
Igreja e assim sucessivamente. Surgiram as listas de sucessão. A primazia das igrejas
fundadas por apóstolos, especialmente Roma. O importante era que todas as igrejas
concordavam com a "fé" ensinada pelos sucessores dos apóstolos.
A igreja de Roma passa a ter maior influência devido aos seguintes pontos: baseando-
se em Mat. 16:16 eles afirmavam que Pedro tinha primazia entre os apóstolos; como a
fundação por apóstolo era importante Roma contava com o trabalho de dois apóstolos na sua
fundação Pedro e Paulo; os dois tinham sido martirizados nesta cidade; vários líderes de
destaque em toda a cristandade moravam lá; a epístola mais importante tinha sido endereçada
a eles; era a capital do Império Romano e era a igreja maior e mais rica.

Igreja Católica. Surge a idéia de uma Igreja Universal, ou seja a mesma Igreja em todo o
império, ao contrário dos grupos dissidentes, e esta afirma a mesma fé através dos credos.
Começou a surgir uma hierarquia universal. A "hierarquia segundo Irineu e Inácio era a
melhor defesa contra as heresias.

d. Principais Mestres
Irineu (Leão) Nascido em 130 em Esmirna, eleito bispo depois da perseguição, ele era um
pastor por excelência. Os seus escritos procuravam refutar as heresias, os principais são: A
demonstração da Fé Apostólica, Contra as Heresias. Ele mostra que a criação é fruto do amor
de Deus, Jesus é o Logos encarnado, ele defende a ressurreição do corpo e chama atenção
para a sucessão apostólica, foi o primeiro a defender o Cânon.

Escola de Alexandria. Os teólogos de Alexandria foram pensadores e não pastores. Eles


desenvolveram uma escola de interpretação alegórica da Bíblia dando três sentidos a mesma:
literal, moral e espiritual. Foi lá que surgiu a primeira exposição sistemática do Cristianismo.

Clemente. Nascido em Atenas (155- 225) foi um grande pensador. Ele estudou em muitas
escolas de filosofia e se estabeleceu em Alexandria. De 190 a 202 dirigiu a escola cristã
naquela cidade. Ele tentou defender o cristianismo como uma filosofia superior aos clássicos.
Entre as suas obras estão Exortação aos Gentios e Tutor, esta última é uma instrução aos
jovens cristãos sobre o casamento cristão.

Orígenes (185 - 254). Em 203, aos 18 anos de idade, assumiu a liderança da escola até 203.
Principais obras: Hexapla uma versão hebraica e 5 textos gregos do VT a qual era a melhor
obra exegética do mesmo. Contra Celso foi um tratado apologético. De Principiis era uma
teologia sistemática cristã. Algumas falhas nas suas obras: ele apresenta Cristo subordinado
ao Pai, a pré-existência da alma, a salvação universal e nega a ressurreição física.
Ele pregou para a mãe do Imperador e para o governador da Arábia. Ele seguiu o
pensamento de Clemente e as vezes era mais platônico do que cristão.

Escola de Cártago.
Tertuliano (160 - 230) Converteu-se aos 40 anos quando já era um advogado famoso. Os
pensadores latinos eram mais preocupados com problemas práticos da organização
eclesiástica e da teologia. Embora tenha escrito apologias sua obra principal foi na área
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teológica. Principais obras: De Anima defendia a transferência da alma dos pais para os
filhos; De Baptismate os pecados cometidos depois do batismo são mortais; Contra Marcion;
Prescrição contra hereges chama a atenção para a sucessão apostólica, defende a igreja como
a dona das Escrituras e a única que tem o direito de utilizá-la e interpretá-la. Ele era contrário
a comparação dos clássicos com o cristianismo pois achava que só produzia maus efeitos. Em
207 ele se juntou ao movimento montanista por causa da disciplina.

Cipriano. No início do terceiro século ele era professor da retórica. Em 246 converteu-se,
tornou-se bispo de Cártago e foi martirizado em 258. Principais obras: Unidade da Igreja
Católica onde defende a separação entre bispo e presbíteros dando maior importância ao
bispo. Defendeu a primazia de Pedro entre os apóstolos e a supremacia da Igreja de Roma.
Ele apresentou os clérigos como sacerdotes oferecedores do sacrifício de Cristo, o que
mais tarde influenciou na formulação da teologia da transubstanciação. Ele fugiu da
perseguição de Décio e foi mais tolerante com os caídos. Ele defendia o re-batismo de pessoas
vinda de grupos dissidentes.

8. O FINAL DO PERÍODO

a. A Grande Perseguição
O Imperador Diocleciano, na tentativa de salvar o Império e a cultura romana
organizou uma tetraquia onde havia 2 imperadores "augustos," ele no Ocidente e Maximiano
no Oriente, e embaixo de cada um deles dois "césares," Galério e Constâncio. A razão desta
estrutura era poder passar o poder pacificamente, mas este sistema só funcionou enquanto ele
viveu. A sua esposa Prisca e a sua filha Valéria eram cristãs.
Em 295 vários cristãos foram mortos ao tentarem abandonar o exército. Galério viu o
risco da desobediência e passou um Edito expulsando todos os cristãos do exército. Em 303
foi promulgado outro Edito que confiscava os bens dos cristãos, queimava toda a literatura
deles e negava os direitos civis. Houve dois incêndios no Palácio e Galério culpou os cristãos
por isto, seguiu-se uma grande perseguição em todo o território com exceção de Constâncio.
Foi exigida a obrigatoriedade do sacrifício ao Imperador e seguiu-se a maior perseguição já
vista.
Em 305 Galério força os augustos a abdicarem e tenta colocar dois césares favoritos
seus, mas os soldados se rebelaram, estes queriam Constantino e Majêncio, e estourou um
grande conflito. Constantino se une ao seu pai e depois da morte deste é declarado augusto
pelos soldados. O império passa a ter quatro imperadores: Galério, Licínio, Maximino e
Constantino. Galério e Maximino continuaram a perseguição contra os cristãos em seus
territórios.
Em 311, Galério já enfermo, promulgou o Edito de Tolerância (Gonz. 174).
Constantino depois de reforçar o seu exército marchou contra Majêncio em Toma. Num
sonho ele é instruído a colocar o símbolo cristãos nos escudos dos soldados. Na ponte Mílvio
ele venceu Majêncio e depois se reuniu com Licínio. Em 313 foi promulgado o Edito de
Milão colocando um fim as perseguições. Ele tinha muito interesse no cristianismo.

b. A Vida da Igreja
Liturgia - Os cristãos se reuniam no 1º dia da semana para o partir do pão e
comemoravam a ressurreição, havia muito gozo e gratidão. Havia uma refeição depois alguém
fazia uma leitura de textos e comentários sobre os mesmos, depois para a ceia só os batizados
podiam comparecer. Eles normalmente se reuniam em lugares onde os mártires havia sido
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sepultados. Mais tarde foi desenvolvido o culto de veneração aos mártires considerados
"santos superiores," intermediadores das orações e milagreiros. A maioria se reunia em casas
adaptadas para reuniões da igreja.
Batismo - Em algumas igrejas o período de discipulado do catecúmeno durava até 3
anos. O batismo se realizava uma vez por ano no Domingo da ressurreição, era usado o
método de imersão ou aspersão quando faltava água. As pessoas eram batizadas despidas,
separadamente os homens e as mulheres, ao terminarem vestiam vestes brancas, que
significava a nova vida, bebiam água, simbolizando a purificação e alguns eram ungidos.
Quanto ao batismo infantil não há muita certeza da sua prática no período inicial mas ele é
certo a partir do terceiro século.
Hierarquia - No início o grupo de presbíteros, bispos ou anciãos formava a liderança
da igreja. A partir do 2º século surgiu a superioridade dos bispos sobre os presbíteros, e
posteriormente os bispos das igrejas mais importantes assumiram uma posição superior aos
outros.
As Mulheres - No período inicial as mulheres tinham bastante atuação na igreja.
Felipe tinha quatro filhas profetizas, Febe era diaconisa em Cencréia, Júnia tinha bastante
importância entre os apóstolos. Mas a partir do 2º século, com uma hierarquia mais definida
as mulheres foram deixadas de lado. Na igreja Primitiva as viúvas eram sustentadas pela
Igreja e se dedicavam exclusivamente ao evangelho, depois algumas virgens começaram a se
juntar aos grupos e posteriormente surgiram aos conventos femininos antes do masculino.
Evangelismo - Este não era realizado nos cultos mas na vida prática, nas escolas de
pensadores cristãos, como Justino e Orígenes, e nos martírios, alguns devido aos milagres. O
Peixe tornou-se o símbolo do cristianismo.

c. Expansão no período
Por fim do terceiro século 10% do império romano era cristão e o Evangelho tinha
avançado além das fronteiras:
{ Ásia - Palestina, Síria, Edessa, Índia e Armênia.
{ Europa - Roma, Espanha, Gália e Britânia.
{ África - Alexandria, Argélia e Etiópia.

d. Fatores de Sucesso
{ Histórico - O Império Romano, o Judaísmo e a língua grega.
{ Espiritual - Valor do Evangelho, qualidade de vida individual e em comunidade;
Satisfação intelectual, perdão dos pecados e a vida eterna.
{ Evangelização - Testemunho através do martírio, milagres, sinais e maravilhas (Gonz.
158).
{ Teologia Definida - O conceito do cristão: Nova Criatura;
O conceito da Igreja: Uma Comunidade
O conceito da Missão: Pregação do Evangelho
O meio da Missão: O Espírito Santo.
{ Missionário - Ministério "profissional:" líderes ambulantes, apóstolos e mestres.
Ministério Fixo: pobres, oprimidos, escravos e mulheres, alguns privilegiados.
{ Estratégia - Ganhar os centros urbanos e espalhar para o interior.

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Segundo Período 300 - 500

1. O IMPACTO DE CONSTANTINO
a. Constantino
Ele era filho ilegítimo de Constâncio com uma cristã chamada Helena. Em 311 foi
promulgado o Edito de tolerância (Gonz. I 174). Em 312 ele conquista o poder. Desde cedo
ele vinha preparando o caminho para isto pois fortaleceu bem as fronteiras ocidentais, era um
governante justo, tinha o apoio das tropas e era um grande estadista e general. Com a vitória
sobre Majêncio, a qual ele atribuiu a Jesus, ele teve o total controle do Ocidente e consolidou
o seu poder na Itália. Em 313 Licínio derrotou Maximiano e tornou-se o único Imperador no
Oriente. O Edito de Milão foi promulgado então.
Em 314 Constantino conquistou a Grécia e em 324 ele conquistou todo o império. O
seu intento era reconstruir o Velho Império sobre uma nova base, a fé cristã. Ele enfrentou
muita oposição da velha aristocracia romana e do Senado. Ele construiu então uma nova
capital, Constantinopla, longe do velho domínio e da religião e mais estratégica militarmente.
A sua conversão sempre foi motivo de controvérsia no meio cristão. Alguns o tinha
como o eleito de Deus para estabelecer o reino de Deus na Terra à semelhança de Davi.
Outros pensavam que foi apenas uma estratégia política para usar o cristianismo como ponto
de união do Império e submissão dos súditos. Ele nunca se submeteu aos ensinos cristão nem
ao batismo, e concedeu privilégios aos cristãos pois dizia crê no poder de Deus.
No entanto ele continuou a participar das cerimônias pagãs e manteve o título de
"Pontífice Maximus." Como não era batizado não podia ser repreendido pelos bispos, os
editos e privilégios eram recebidos como de um simpatizante do cristianismo, porém os
desvios eram vistos como de alguém não cristão. Ele só se batizou no leito da morte.

b. Mudanças
Em 324 um edito imperial estabeleceu a adoração no 1º dia da semana. Ele deu
privilégios e posições de administração aos cristãos, devolveu terras e propriedades antes
confiscadas, financiou concílios e outros eventos e construiu igrejas.
Em Constantinopla, a nova capital, usou estátuas de deuses para adornar lugares
públicos. Embora fosse de melhor estratégia militar esta contribuiu para a separação do
Império e da Igreja. O bispo passou a gozar privilégio de "patriarca."

c. Consequências
Fim das perseguições, grande facilidade e privilégio de ser cristão gerou uma "grande
apostasia" muitos se retiraram para o deserto e optaram por um modo de vida asceta, outros
romperam com a Igreja, os cismáticos. No entanto houve um grande despertamento
intelectual no restante. A grande maioria via as oportunidades e os perigos, mantinha a
lealdade ao imperador como antes, mas dava a primazia a Deus.
A influência foi sentida mais no culto. As igrejas passaram de pequenas casas para
grandes prédios. O incenso que antes era usado para o imperador apareceu no culto. Os
ministros passaram a gozar de muita pompa. Gestos e formalidades que antes eram usadas no
culto ao imperador foram inseridos na igreja e houve uma menor participação do povo.
Grandes igrejas foram construídas nos túmulos dos mártires e se tornaram lugares de
especial importância. As relíquias e restos dos mártires passaram a ser veneradas e foram
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atribuídos poderes miraculosos às mesmas. Houve uma substituição dos antigos deuses por
"novos" cristãos. Logo surgiu a veneração a Maria em lugar de Diana.
Com o batismo de um número cada vez maior houve menos tempo para o discipulado
e consequentemente uma vida cristã menos fiel aos princípios de Cristo. Logo surgiram as
basílicas e as catedrais (cátedra significa a cadeira do bispo).
A arte usada nestes templos procurava representar os ensinos bíblicos, surgiu as
pinturas da Virgem com o menino, igual a deusa Isis, Cristo assentado no trono, igual ao
imperador, e mais tarde se tornaram alvos da idolatria.
As tradições do culto continuavam as mesmas, batismo, ceia, pregação, porém
assumiram novas roupagens. Estes novos costumes se tornaram um desafio aos fiéis como
viver e comunicar o evangelho nesta nova realidade. Alguns resultados, praticados pela
massa com o apoio dos líderes: celebração do natal, em substituição a adoração ao sol, o uso
de velas e incenso, a adoração a Isis transferida para Maria, a grande virgem a Mãe de Deus.
A importância dada as relíquias e prática de costumes pagãos. Tudo isto foi motivo do
protesto de Vigilante (Eerdman 133).

d. Questão Igreja/Estado
Constantino como imperador tinha o dever de intervir nos problemas da Igreja, mesmo
não sendo batizado. A igreja aceitou a sua intervenção e até pediu quando se viu necessitada.
Nos novos conflitos surgidos na Igreja, mesmo os teológicos, a solução não era convencer os
oponentes mas sim o imperador para poder ganhar o prestígio e o apoio.

e. Teologia do Estado
Euzébio de Cesaréia, discípulo de Panfílio, estudou em Alexandria e mudou-se para
Cesaréia. Lá os dois pesquisaram a biblioteca de Orígenes e publicaram as suas Crônicas.
Durante a grande perseguição Panfílio foi executado.
A obra mais importante que ele produziu foi a História Eclesiástica, melhor fonte de
conhecimento do cristianismo dos primeiros séculos. Em 311 com o final da perseguição ele
vê Constantino e Licínio como instrumentos de Deus para promover o crescimento da igreja.
Em 315 ele foi eleito bispo de Cesaréia e fortaleceu o seu rebanho.
Ele tem sido muito atacado por causa dos discursos e elogios a Constantino, foi
chamado de "bajulador." Para ele a história da humanidade é um relato de como Deus prepara
o mundo para ter comunhão com Ele. Se para os apologistas a fé e a filosofia eram
compatíveis para ele a fé o Império também eram, daí ele exaltar a obra do Imperador, pois
este era o resultado final da obra de Deus para o povo como os reis foram para Israel. Ele se
opos a qualquer crítica a nova situação.

f. Continuidade - Filhos
Com a morte de Constantino houve uma matança de todos os parentes deixando
apenas os seus três filhos, entre os quais o reino foi dividido:
{ Constantino II - Gália, Bretanha, Espanha e Marrocos;
{ Constâncio - maior parte do Oriente;
{ Constante - Itália e norte da África.
Constantino II morreu logo e todo a região ocidental ficou sob Constante, mas este
morreu logo depois e o império ficou nas mãos de Constâncio. Ele faleceu sem deixar
nenhum descendente e o império ficou nas mãos de Juliano que não era cristão.
O conceito do cristão: alguém batizado.
O conceito da Igreja: Instituição hierárquica.
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O conceito da missão: cristianização.


O meio da Missão: recursos do estado, até a espada.

2. REAÇÕES

a. Espiritual - Monasticismo
Muitos ficaram entristecidos com a nova situação, pois viram que a porta estreita tinha
ficado muito larga e reagiram contrário à nova situação. Muitos entraram sem saber o
significado da fé, havia disputas entre os bispos por posição e privilégios, os ricos e poderosos
pareciam mandar na Igreja. O próprio imperador passou a interferir nas disputas teológicas
havia o novo perigo da apostasia causado pelo luxo, privilégios, riquezas e tentações. Muitos
fugiram da sociedade como única opção, costume já praticado pelos judeus.
Orígenes, Panfílio, Euzébio e outros influenciados pelo ideal platônico de sábio
organizaram a vida com um ideal monástico e influenciaram a posteridade. A doutrina do
corpo mal levou muitos a privar o corpo de qualquer prazer e alguns até ao castigo. Outros
viram no isolamento uma substituição para o martírio. Alguns tiveram comportamentos
extremos como Simeão que ficou 30 anos num poste de 18 metros de altura, outros viviam
nos campos como animais, andavam nus e não tomavam banho. Houve duas influências
principais para este comportamento: Interna - as afirmações de Paulo que o solteiro se dedica
melhor a Deus, e a expectativa da volta iminente de Cristo. Externa - o platonismo.
Os primeiros monges foram para o deserto no Egito, dando origem aos anacoretas,
solitários. Paulo fugiu para uma caverna no deserto e ficou lá até o final da sua vida,
dedicando-se a oração e contemplação. Antônio ( - 356) depois de ouvir uma pregação em
Mat. 19:21 ele obedeceu literalmente e foi morar com um velho monge, mudando-se para um
cemitério. Levou uma vida de disciplina árdua, jejuns e oração. Logo foi procurado por outros
para aprender a sabedoria da contemplação e oração. Mais tarde surgiu rumores de milagres,
ele decidiu viver perto de um grupo de discípulos para poder ensiná-los. Duas vezes ele foi a
Alexandria, a primeira vez durante a grande perseguição foi oferecer-se como mártir, mas as
autoridade não ligaram para ele. A segunda vez foi durante o conflito ariano.
Muitos já tinha se retirado antes de Constantino, depois a fama deles atraiu milhares
que não concordavam com a nova situação da igreja. Ele levavam uma vida simples,
cultivavam hortas, faziam cestos, trocavam por pão e azeite, trabalhavam, citavam e liam
Escrituras, muitos as sabiam de cor. Em geral eles não se davam bem com a hierarquia da
Igreja. Surgiu um novo orgulho da "verdadeira espiritualidade."
Pacômio (286 - ) Ele é considerado o fundador do monasticimso comunal. Depois de
convertido ele viveu no deserto onde morou com um irmão. Depois ele teve a visão de fundar
uma comunidade com as seguintes exigências: renúncia total dos bens, obediência absoluta,
trabalho manual, servir uns aos outros. Ele fundou nove mosteiros, sua irmã fundou uma
comunidade para mulheres. Eles viviam uma vida simples, trabalhavam, cultivavam
mantimentos, davam ofertas e hospedavam. Muitos, até pagãos, vinham ao mosteiro movidos
pelo "ideal" deste tipo de vida.
Martim (335 - ) Ele exerceu uma influência muito grande para a Igreja. Influenciado
pelos valores cristãos ele ofereceu metade da sua capa a um mendigo seminu. Ele teve um
sonho com Jesus dizendo "..tudo quanto fizerdes a um pequenino estais fazendo a mim.."
Depois de batizado dedicou-se a vida monástica, recebeu a fama de fazer milagres. Ele foi
eleito bispo de Tours mas manteve uma vida simples com o ideal monástico, tornou-se o

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padrão para os outros bispos. Mais tarde alguns cristãos guardaram a sua capa num pequeno
templo o qual passou a chamar-se a "capela" de Martim.

Resultados Positivo - manteve as escrituras e escritos cristãos e clássicos, produziram cópias


para outros mosteiros, se tornaram centros de cultura e ensino e de expansão missionária.
Negativos - muitos dos melhores cristãos foram desviados para os mosteiros diminuindo a
influência na sociedade, o celibato impediu a criação de uma nova geração melhor. Surgir o
orgulho espiritual, depois se tornaram ricos e com uma hierarquia centralizada.

b. Social - Donatismo.
O movimento donatista foi o maior e mais duradouro grupo separatista. A raiz do
problema remota à época da grande perseguição. Os "confessores" que sofreram a
perseguição condenavam especialmente os bispos que tinham entregado as escrituras para as
autoridades, os consideravam entregadores e traidores. Em Cártago foi feita uma nova eleição
para o bispado, um grupo elegeu Ceciliano mas os confessores não aceitaram e elegeram
Majorino, o qual morreu logo, depois elegeram Donato. O bispo de Roma e outros declararam
Majorino e Donato como "usurpadores" e o Imperador deu o seu apoio para Ceciliano e
declarou Donato ilegal.
As causas do conflito. Teológica - Os donatista acusavam que os três bispos que
consagraram Ceciliano eram traidores e defendiam a validade da ordenação depende da
dignidade de quem a ministra. Já os bispos do Ocidente negavam esta afirmação. Para os
donatista Ceciliano, os sacerdotes consagrado, e os sacramentos executados não tinham valor.
Social - Ceciliano tinha o apoio dos ricos comerciantes, fazendeiros e pessoas
públicas, latinizadas que usufruíam dos benefícios de Roma, cuja grande maioria tinha se
convertido depois de Constantino. Donato contava com o apoio dos pobres, numídios e
mauretânios, explorados pelo império romano, e convertidos antes de Constantino. Para eles o
cristianismo antes era um ponto de esperança contra o Império, agora o Império estava
tentando dominar a Igreja. A tensão da sociedade penetrou a Igreja.
Os circunceleões eram fanáticos donatistas "terroristas" que foram perseguidos por
Roma. Eles resistiram a invasão dos vândalos e de Constantinopla. Eles só desapareceram
durante a invasão dos muçulmanos, muitos viam no Islamismo uma arma de rebelião contra
Roma.

c. Pagã - Juliano
Com a morte de Constantino e a matança dos seus parentes, com a exceção dos seus
filhos surgiu o comentário que tinha sido ordem de Constâncio. Juliano foi poupado talvez
por ter pouca idade. Foi exilado e mais tarde estudou filosofia em Atenas e foi iniciado nas
religiões secretas. Ele trabalhou para Constâncio e mostrou-se um bom administrador. Em
361 Constâncio morreu e ele foi feito "Augusto" com o apoio da velha aristocracia e tentou
restaurar as velhas tradições. Ele morreu bem logo durante um combate com os persas.

3. CONFLITOS TEOLÓGICOS

a. Questões Teológicas
Os conflitos teológicos se deram quanto a definição da pessoas da Trindade. Havia um
interesse de Constantino de que a Igreja fosse o cimento do Império, qualquer conflito
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ameaçava a unidade do Império. Ao invés da verdadeira teologia triunfar, muitas vezes houve
a imposição da autoridade. pois todos tentavam convencer o imperador e não o opositor.

b. Ário e o Concílio de Nicéia


Os apologistas tinham usado a filosofia para defender a fé cristã e usaram a concepção
(platônica) de Deus imutável, supremo. A interpretação alegórica da Bíblia de Orígenes
afirmava que Deus falou por alegorias tendo em vista que um ser imutável não fala. Justino
afirmou que a razão pessoal, o Logos divino, foi quem falou, e esta idéia foi difundida no
Oriente.
Ário era um presbítero que gozava de grande prestígio e popularidade em Alexandria.
Ele afirmou que "houve quando o verbo não existiu", mas foi criado por Deus, era o
primogênito da criação. Alexandre, bispo da Igreja, com o apoio de Atanásio defendia que o
verbo sempre existiu. Ário acusava Alexandre de quebra do monoteismo enquanto Alexandre
acusava Ário da negação da divindade do Verbo, logo a adoração de uma criatura e não do
Criador.
Alexandre depôs Ário do cargo mas este rebelou-se e pediu apoio ao povo e aos
colegas, o conflito tomou proporções globais. Constantino enviou Ósio, seu conselheiro, e
este convocou um Concílio Geral "universal" para por ordem na igreja e resolver a
controvérsia. Em 325 o Concílio se reuniu em Nicéia com 300 bispos presentes, todas as
despesas foram pagas pelo Estado (Gonz. II 93). O Concílio tomou as seguintes resoluções:
readimissão dos caídos, eleição, ordenação de bispos e presbíteros.
Todos os delegados se achavam divididos em cinco grupos distintos:
{ Arianos representados por Euzébio de Nicomédia.
{ Alexandre e seu pequeno grupo.
{ Os bispos latinos que não tinham nenhum problema com a questão já que defendiam a
posição de Tertuliano.
{ Um pequeno grupo com uma posição parecida ao Patripacionismo.
{ A maior parte que não defendia nenhuma posição.

Euzébio expos. a posição ariana e a maioria declarou como blasfêmia. Houve


tentativas fúteis de convencer os arianos, e finalmente foi promulgado o Credo Niceno. Nele
eles condenaram os hereges e Constantino os mandou para o exílio. Euzébio de Nicomédia
era um hábil político e logo depois conseguiu anular o exílio até de Ário. Mais tarde ele
conseguiu que Atanásio e outros bispos nicenos fossem exilados. Quando Constantino se
achava no leito da morte foi Euzébio de Nicomédia quem lhe ministrou o batismo.
Depois da morte de Constantino houve um favorecimento temporário dos nicenos, mas
no reinado de Constâncio, único imperador, houve um perseguição aos nicenos e muitos
assinaram o credo ariano. (O Estado usando negativamente a autoridade concedida pela
Igreja). Nesta época o movimento missionário aos godos levou a fé ariana para os bárbaros
europeus.

c. Questões quanto a união hipostática de Jesus


Diversas teologias surgiram nas diferentes regiões do império. As divisões principais
era entre as escola de Alexandria e Antioquia. Alexandria, devido a influência platônica,
defendias as verdades espirituais "eternas" e dava ênfase à divindade de Jesus. Já em
Antioquia havia uma defesa do sentido literal da Bíblia e uma ênfase na humanidade de
Cristo. Todos condenavam Ário e reconheciam tanto a humanidade quanto a divindade de
Cristo, o problema era como e em que sentido Ele é tanto humano quanto divino.
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Apolinário de o Concílio de Constantinopla (381). Apolinário, bispo de Laodicéia, amigo


de Atanásio e grande adversário do arianismo. Ao tentar refutar os argumentos dos arianos
quanto a divindade de Cristo comprometeu sua humanidade. Na tentativa de explicar a união
da pessoa de Cristo, como Deus e homem, ele afirmou que Cristo tinha corpo e alma
genuinamente humanos, mas o Logos ocupou o lugar do espírito. Sua doutrina foi
considerada heresia e condenada pelo Concílio de Constantinopla.

Nestor e o Concílio de Éfeso (431). Nestor, bispo de Constantinopla (428-431), foi


influenciado pela teologia antiocana. Ele sugeriu que a união hipostática deveria ser entendida
como uma união moral, semelhante ao casamento onde os dois são uma só carne mas não
perdem suas individualidades, ou a união entre Deus e o ser humano, só que em Jesus foi de
um forma única. Há então uma união de duas pessoas, e não de duas naturezas apenas. Houve
uma grande controvérsia quanto ao uso do termo "theotokos" (mãe de Deus) em referência a
Maria. Nestor sugeriu que Maria era penas "Christotokos" (mãe da natureza humana de
Jesus). Nestor foi condenado pelo Concílio em Éfeso, mas suas idéias continuaram causando
conflitos na igreja.

Êutico e o Concílio de Calcedônia (451). O próximo conflito quanto a união hipostática de


Cristo foi centralizada na pessoa de Êutico, monge da cidade de Constantinopla, influenciado
pela teologia alexandrina. Ele afirmava que depois da união hipostática de Cristo há então
uma só natureza, daí o nome Monofisismo. O concílio de Calcedônia condenou tanto a
separação (nestorianismo) quanto a fusão (monofisismo) das naturezas de Cristo. O Credo de
Calcedônia é reconhecido até hoje como o verdadeiro símbolo da ortodoxia cristã. Jesus
Cristo é "verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, segundo a Divindade,
consubstancial ao Pai, segundo a humanidade consubstancial a nós." Quanto a união "sem
mistura, sem modificação, sem divisão e sem separação." Embora não defina a união, põe
limites do que não é a união, a mesma é reconhecida como mistério divino.

Pelágio (380 - 420). De origem britânica, ele morou em Roma por volta de 400. Sua teologia
discordava quanto a natureza humana e a salvação. Alguns pontos: "Cada alma é uma criação
de Deus; Não existe natureza pecaminosa, o que existe são atos independentes de pecados.
Por causa disto cada homem nasce livre e tem a capacidade de toda escolha entre o bem e o
mal. A limitação da natureza humana são os exemplos de pecados que a sociedade dá ao
indivíduo. A vontade humana coopera com Deus no processo de salvação, santificação e no
uso dos meios de graça. Como não há pecado original, o batismo infantil não é necessário.
Seu maior oponente foi Agostinho de Hipona.

4. GRANDE TEÓLOGOS

a. Atanásio de Alexandria (299 - 373).


Desde cedo ele teve contato com monges, especialmente Antônio. Atanásio foi o
principal opositor do arianismo, levava uma vida muito disciplinada e perto do povo. O ponto
principal da polêmica ariana era a encarnação do verbo pois para ele o arianismo atacava o
cerne da vida cristã. Em 328 foi eleito bispo de Alexandria e foi exilado muitas vezes devido
a calúnias e acusações dos inimigos. Em 362 no sínodo de Alexandria ele deu uma nova
interpretação ao credo niceno, evitando falar do Pai e do Filho como uma única pessoa.
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b. Capadócios
Basílio. Ele nasceu enfermo, de família rica e cristã já a duas gerações. Recebeu uma
excelente educação em Cesaréia, Antioquia, Constantinopla e Atenas. Foi um famoso
advogado. A morte do seu irmão o abalou e levou-o a repensar sobre a sua vida e os valores.
Foi para o Egito aprender com monges, divulgou e regulamentou a vida monástica da Igreja
grega. Ele e Gregório de Nazianzo fundaram uma comunidade para servir aos outros." Foi
para Cesaréia defender a fé nicena e foi feito bispo. Muito contribuiu para o triunfo da fé
nicena através dos tratados teológicos e defesa da Trindade.

Gregório de Nissa. Ele era casado e dizia que a vida retirada era uma maneira de
fugir das lutas cotidianas. Escreveu tratados acerca da vida mística, contemplativa, e diretrizes
para quem quisesse seguir. Ele defendeu a fé nicena no concílio de 381 e foi feito bispo de
Nissa pelo irmão Basílio.

Gregório Nazianzo. Filho do bispo de Nazianzo ele estudou em Cesaréia e Atenas.


Conheceu Basílio e dedicou-se a vida ascética. Foi eleito presbítero em Nazianzo e envolveu-
se na controvérsia ariana. Em 379 foi para Constantinopla, ele campos hinos e escreveu os
"Cinco Discursos Teológicos sobre a Trindade." Foi um dos melhores expositores da doutrina
trinitária. Teve o apoio de Teodósio e foi feito bispo de Constantinopla. Ele presidiu as
primeiras reuniões do 2º Concílio e muito influenciou na decisão.

c. Ambrósio de Milão.
Em 373 o bispo de Milão, ariano, morreu e houve um conflito entre os arianos e
nicenos para a escolha do próximo bispo. Ambrósio era o governador da província e temendo
uma confusão tentou acalmar o povo com um discurso, no meio do mesmo alguém gritou
"Ambrósio bispo." Ele tentou fugir mas não conseguiu. Em 8 dias ele foi batizado,
discipulado, eleito diácono, presbítero e bispo. Ele batizou Agostinho e foi um grande
pregador de caráter firme. Ele teve conflitos com o estado, primeiro quando Justina, ariana,
queria entrar na Igreja e ele se opos. O segundo foi quando o imperador Teodósio queria
participar do culto e foi impedido pelo bispo pois este não achava justo devido ao
envolvimento do imperador na matança de 7 mil tessalonicenses.

d. João Crisóstomo (347- 407)


Ele era conhecido como Boca de Ouro. Ele era advogado em Antioquia, educador e
acima de tudo monge. Em 398 foi "feito" bispo de Constantinopla quase a força. Ele
encontrou na capital do império uma situação precária dos sacerdotes e das "irmãs
espirituais." Ele começou uma reforma austera na cidade tanto na vida do clero como dos
leigos, incluindo a família real. Esta tentativa lhe causou muitos problemas e inimigos e foi
exilado onde morreu devido a saúde fraca.

e. Jerônimo (348-420)
Nascido no norte da Itália, ele morou em Roma e se dedicou ao estudo. Começou uma
nova tradução da Bíblia, a Vulgata, diretamente das línguas originais para o Latim. Era muito
temperamental e criou muitos inimigos. Ele foi o grande opositor dos pelagianos. Dedicou-se
a vida monástica.

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f. Agostinho (354-430)
Filho de mãe cristã, Mônica, foi muito influenciado pela mesma. Nasceu no norte da
África e estudou retórica. Converteu-se ao maniqueísmo mas não resolveu o seu conflito
interior. Em Milão tornou-se neoplatônico, e foi lá que ouviu os sermões de Ambrósio. O
método de interpretação alegórica o ajudou bastante e converteu-se ao cristianismo. Enfrentou
grandes lutas para dedicar-se completamente ao mesmo devido problemas sensuais, o seu
pedido ficou muito famoso: "Dá-me castidade e a continência, mas não agora." Finalmente
decidiu voltar para a África e vendeu a maior parte dos seus bens para poder dedicar-se a uma
vida retirada, a contemplação e a meditação. Logo cedo escreveu os primeiros tratados
teológicos.
Em 391 foi visitar Hipona e foi ordenado sacerdote, em 395 foi eleito bispo. Suas
principais obras:
{ Contra maniqueus, defendeu a autoridade das escrituras, a origem do mal, e o livre
arbítrio.
{ Contra donatistas, defendeu que a validade dos sacramentos é independente de quem
ministra, defendeu a guerra justa se tiver uma causa justa, mas só pode ser declarada por uma
autoridade.
{ Contra pelagianos, defendeu o domínio do pecado sobre a vontade das pessoas, a
conversão restaura o poder da vontade de querer ou não pecar, mas só no céu teremos a
vontade de não pecar. Argumentou em favor do batismo de crianças, a graça irresistível e a
predestinação.
{ Sua obra "Confissões" muito influenciou os reformadores.

5. EXPANSÃO ALÉM DAS FRONTEIRAS

a. Nestorianos na Pérsia
O rei de Edessa, uma cidade independente, se converteu ao cristianismo e foi o
primeiro estado a se tornar cristão. Daí o evangelho espalhou-se na Pérsia. Muitos foram
perseguidos especialmente depois que o império Romano tornou-se cristão. Em 410 eles se
organizaram em uma igreja autônoma e em 431 se posicionaram com Nestor separando-se
mais ainda da Igreja Romana. Ele mantiveram contatos estreitos com Antioquia e muitos
nestorianos se refugiaram na Pérsia. Esta igreja estendeu-se até a Ásia Central, India, Arábia e
China. Hoje estão presente em Iraque, Irã e Síria.

b. Monofisistas na Armênia
A Armênia estava localizada entre os impérios romano e persa e tinham maior
simpatia pelos romanos. Com a conquista persa muitos se exilaram no império romano e
converteram-se ao cristianismo. O rei se converteu e batizou-se em 6 de janeiro de 303 e
muitos da corte e do reino seguiram o seu exemplo. No século V a tradução das escrituras e
muitos escritos cristãos ajudaram a unificar os armênios. Eles foram conquistados pelos
persas novamente e resistiram. Foram dominados mas podiam manter a liberdade religiosa.
Os romanos negaram ajuda bem na época do Concílio de Calcedônia. Eles adotaram o
monofisismo. Depois foram conquistados pelos árabes e mais tarde pelos turcos. Estes
últimos perseguiram cruelmente os armênio e muitos imigraram para o ocidente, Estados
Unidos e Brasil. Hojes alguns vivem sob a Turquia e na própria Armênia (ex-URSS).

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c. Igreja da Etiópia
Os irmãos Edésio e Frumêncio, depois de escaparem de um naufrágio foram feitos
escravos pelo rei de Axum e eles pregaram o evangelho. Cem anos mais tarde o rei se
converteu juntamente com alguns principais da corte e boa parte do povo. Este reino tornou-se
o núcleo de onde formou-se a nação etíope. Esta igreja devido aos estreitos laços com
Alexandria apoiaram Dióscoro e adotaram o monofisismo.

d. Coptas do Egito
O copta é o idioma antigo falado pela massa egípcia. Eles discordaram das decisões
dos concílio e adotaram o monofisismo. Mesmo depois da conquista árabe eles continuaram
existindo e ainda hoje é a maior igreja no Egito.

e. Jacobitas na Síria
Jacob foi um evangelista de sucesso que conseguiu muitos convertidos especialmente
na Síria. Ele era monofisista e a igreja implantada seguiu a mesma doutrina, mais tarde ela
ficou conhecida como Jacobita.

f. Ulfilas e os Godos
Havia um interesse por parte das autoridades na expansão do evangelho entre os
bárbaros para facilitar a expansão política. Ulfilas (311-381), nascido entre os godos, era de
pai cristão escravo. Ele foi enviado para Constantinopla para exercer serviço diplomático. Ele
recebeu o ensino cristão de Euzébio de Nicomédio (ariano). Aos 30 anos ele foi consagrado
bispo dos godos e exerceu um ministério de evangelização por mais de 40 anos. Sua
comunidade foi perseguida e mudou-se para território romano. Ele enviou diversos
missionários para os godos. Foi ele quem inventou o alfabeto godo e traduziu a Bíblia na
língua deles. Na invasão da Europa muitos godos eram cristãos arianos.

g. Patrício e os Celtas
Patrício (389 - 461), nascido na Bretanha, foi levado como escravo para a Irlanda. Ele
viveu entre os irlandeses seis anos e durante este tempo teve uma experiência de conversão.
Ele fugiu de volta para a sua casa e ficou num mosteiro. Lá ele teve uma visão "macedônia"
de uma pessoa da Irlanda. Ele retornou à Irlanda em 432 onde já havia poucos grupos cristão
isolados. Ele conseguiu muitos convertidos incluindo até o irmão do rei. Ele estabeleceu uma
igreja e mudou para lugares nunca evangelizados. Em 447 grande parte da Irlanda era cristã,
com 200 igreja implantadas e mais de 10.000 batizados.
A estratégia que ele usou foi a conversão dos líderes em primeiro lugar, a implantação
de uma vila missionária e um mosteiro. Os celtas foram os responsáveis pela evangelização da
Inglaterra, Escócia e Europa Central nos anos depois da queda do império romano.

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Terceiro Período 500 a 1000

1. A QUEDA DO IMPÉRIO

a. Causas
A apresentação das causas para a queda do Império Romano depende da perspectiva
do historiador. Foi um conjunto de causas que culminou com a extinção do exército e do
governo central e as invasões de diversos povos. Os pagãos acusaram o abandono dos deuses,
já os cristãos apontavam os pecados dos romanos e a falta de fé.
A atração pelas riquezas do Império, o estilo de vida, e o fato de muitos federados
viverem nas fronteiras e defendê-las para o Império bem como o grande número de bárbaros
no exército também contribuíram para a queda. Alarico que saqueou Roma em 410 era oficial
do exército romano. Um fator decisivo foi a expansão dos hunos, que viviam nas estepes
asiáticas, para o ocidente. Em 370 eles atacaram os ostrogodos e destruíram o seu império,
estes pressionaram os visigodos a entrarem no Império Romano como federados.

b. Invasões
Os Visigodos entraram como federados e depois se rebelaram na batalha de
Adrianópolis em 378, depois sob o comando de Alarico (410) saquearam Roma e
estabeleceram-se no sul da França.
Os Suevos e Vândalos invadiram a França. Honório pediu a ajuda aos godos que
conquistaram a península italiana. Os suevos foram para a Espanha e os Vândalos para o norte
da África, depois atacaram Sicília e Sardenha, e em 455 saquearam Roma.
Os Burgúndios que eram federados conquistaram o terreno que habitavam tornando-se
independentes.
A Grã Bretanha abandonada pelos romanos foi invadida pelos bárbaros do norte
(escoceses) e anglo-saxões da Europa.
Os Ostrogodos se apossaram da Itália.

Muitos destes reinos eram cristãos devido a obra missionária entre eles realizada por
Ulfilas (311-381) entre os povos godos, e a obra de Patrício entre os celtas. Muitos soldados
cristãos bárbaros voltaram para os seus povos e evangelizaram os mesmos. Uma grande parte
dos reis bárbaros consideravam-se parte do Império Romano mas este só passou a existir em
teoria. A maioria destes povos eram arianos mas posteriormente adotaram a fé ortodoxa dos
povos conquistados.

c. Os Vândalos no Norte da África.


Os vândalos, que eram arianos, tomaram Cártago e algumas ilhas do mediterrâneo em
439. Em 455 invadiram Roma, e o rei Genserico perseguiu os nicenos. Em 533 Justiniano,
imperador do Oriente, tomou Cártago e eliminou o império vândalo.

d. Reinos na Espanha
Os suevos se estabeleceram no noroeste e fundaram a sua capital em Braga. Eles eram
pagãos mas converteram-se ao cristianismo. Havia muitos arianos por causa da influência dos
vizinhos visigodos. Em 414 Os visigodos, arianos, se estabeleceram no restante da península
Ibérica dominando os outros povos. Eles estabeleceram sua capital em Toledo. Em 580 os
visigodos conquistaram Braga, e o reino suevo. Em 550 o rei Cararico se converteu ao
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cristianismo. Em 589 o rei Recaredo tornou-se católico. A sua administração era instável e foi
a igreja quem deu ordem e estabilidade. O arcebispo de Toledo era a 2ª pessoa mais
importante do reino. Em 633 o Concílio de Toledo estabeleceu a unção do rei, o batismo com
uma só imersão, passou legislação sobre o clero e os judeus. Em 711 os muçulmanos
tomaram o reino.

e. Francos na Gália.
Em 456 os burgúndios conquistaram terrenos e estabeleceram o seu reino. Em 516
Sigismundo tornou-se católico. Os francos eram federados e com a queda do império
tomaram posse da terra. Em 486 Clóvis uniu os francos e foi constituído rei. Ele era casado
com Clotildes que era cristã. Em 496 Clóvis foi batizado juntamente com vários nobres. Ao
falecer seu reino foi dividido entre os seus filhos os quais não eram bons administradores.
Houve a ascensão da família dos "Carlos". Pepino, o velho, era muito rico e tinha muita
influência na corte. O seu neto foi "mordomo do palácio" ou seja o verdadeiro rei. Em 534 os
francos dominaram os burgúndios. Em 732 Carlos Martel derrota os muçulmanos na batalha
de Tours. Em 752 Pepino, o Breve, desfez-se do rei Childerico III e foi ungido rei pelo bispo
Bonifácio sob a ordem do papa Zacarias. Aqui ficou estabelecido a teologia da "unção divina
do rei." Em 800 Carlos Magno foi ungido "imperador" do Ocidente.

f. Ilhas Britânicas
Durante o domínio romano as Ilhas eram divididas pela muralha de Adriano. A parte
do sul, a Inglaterra, pertencia aos romanos. A parte norte, a Escócia, era dominada pelos
Pictos e Escoceses. Durante as invasões na Europa os romanos abandonaram a parte sul que
foi invadida por diversos povos anglo-saxões. Eles estabeleceram sete reinos: Kent, Sussex,
Anglia Oriental, Wessex,, Nortumbria e Mercia. Eram reinados pagãos porém grande parte da
população era cristã.
Em 563 Columba e seus companheiros, discípulos da obra de Patrício, estabeleceram-
se em Iona. Fundaram mosteiros os quais tornaram-se centros missionários para os pictos e
escoceses. O rei Brídio e a maioria dos seus súditos se converteram. De Iona o cristianismo de
forma Irlandesa, foi levado por missionários para os reinos anglo-saxões. Em 635 Osvaldo rei
da Nortumbria refugiou-se em Iona e depois conquistou o reino de volta e converteu-se com
os seus súditos. Em 600 Agostinho e missionários europeus foram enviados a Kent. O rei
Etelberto se converteu e depois todo o reino. Em 630 Sigiberto, rei da Anglia Oriental,
converteu-se na França e pediu missionários. Pouco depois o seu reino se converteu. Em 663
o Sínodo em Whitby fez opção pelo cristianismo romano.

g. Reino na Itália
O Império continuou a existir em nome, a autoridade ficava sob o poder do rei local.
Em 476 Odoacro, hérulo, depôs o Imperador e foi feito patrício do Império Oriental. Em 493
os Ostrogodos destruíram os hérulos. Teodorico, o rei, era ariano. Em 562 Justiniano do
Oriente, destruiu os ostrogodos. Em 582 os Lombardos, arianos, invadiram o norte da Itália, e
o território foi dividido em ducados. O restante da Itália , boa parte pertencia a Roma, ficou
com medo dos lombardos. Zacarias autorizou Bonifácio a ungir Pepino como rei, e este
invadiu a Itália obrigando os lombardos a devolverem Ravena a Roma. Depois Carlos Magno
socorreu o Papa Adriano e recebeu o título de rei dos francos e dos lombardos." Nasceu o
"Novo Império Ocidental." Os mosteiros eram os únicos lugares de estudo da época.

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h. Resultados
{ Divisão da Europa em diversos reinos.
{ Introdução do paganismo e arianismo.
{ A maioria foi "romanizada" surgindo diversas línguas latinas.
{ A igreja passou a ser a única força de estabilidade na Europa durante o período.
{ Um novo desafio missionário dentro da própria Europa, evangelizar os reinos pagãos.
{ Grande movimento missionário entre os mosteiros.
{ Surgimento do Cristianismo Ocidental, Monasticismo Ocidental e Papado.

2. MONASTICISMO EUROPEU

O monasticismo era fortemente caracterizado pela cultura grega. O movimento


europeu teve algumas diferenças devido as seguintes razões: clima, maneira mais prática de
encarar a vida, suspeita do excesso de contemplação, jejum demasiado e castigo do corpo. O
alvo principal era levar a cabo a obra de Deus (Missões), obras sociais e a vida comunitária.
Havia uma ligação mais estreita entre o mosteiro e a Igreja.
Benedito de Núrsia (480) foi o fundador do monasticismo ocidental. Ele nasceu na
Itália durante o reino Ostrogodo. Ele levava uma vida ascética, depois voltou à Itália e
organizou o mosteiro de Montecassino. Ele reorganizou mosteiros para homens e sua irmã
para mulheres. Ele ficou muito famoso e muitas pessoas o visitaram. Em 529 ele escreveu as
regras que regia a vida comunitária. Era uma regra mais balanceada e cuidava de: comer,
trabalho, descanso, estudos e devocionais. Era firme na obediência e permanência, dava
ênfase ao trabalho manual. Os monges tinham que fazer voto de pobreza individual, tudo era
para o mosteiro, a "comunidade." Tinham orações diárias, cultos comuns 7 vezes ao dia,
sabiam os salmos de cor e dedicavam-se aos estudos, como precisavam das Escrituras as
reproduziam. Muitos meninos eram entregues aos mosteiros por razões sociais, pois era o
único lugar onde poderiam melhorar de vida e serem educados.
Economicamente os mosteiros incentivaram o trabalho físico, reorganizaram a
agricultura e atendiam aos necessitados. Em 589 os Lombardos destruíram Motecassino e os
monges fugiram para Roma. Houve uma aliança entre o Papa e os monges. O papa aplicou a
Regra aos mosteiros italianos. Depois organizaram mosteiros em toda a Europa e a regra
passou a ser usada na maioria deles. A obra de evangelização foi feita principalmente através
dos mosteiros. Bonifácio (680) trabalhou na Inglaterra e depois foi um grande missionário
entre as tribos frígias, Holanda e Alemanha, em 716. Depois ele fundou mosteiros na região
dos francos e ungiu Pepino rei, depois foi para a Espanha. Nos séculos seguintes os mosteiros
foram o braço de expansão do catolicismo em todo o mundo.

3. PAPADO

a. Origem
A palavra Papa (papai) era usada para os bispos. Os bispados principais eram:
Antioquia, Alexandria, Roma e Cártago. Depois de Constantino o bispo da capital recebeu
maior destaque. A organização da Igreja foi muito influenciada pela estrutura do Império.
Com a queda do Império na parte Ocidental a Igreja ficou livre da influência do estado e era o
único fator de união e estabilidade e os cristãos de toda a parte ocidental olhavam para Roma
para direção.
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Leão I (440 -461) "O Grande" foi o 1º papa no sentido que conhecemos hoje. Ele
conseguiu intervir em controvérsias cristológicas e contra a invasão dos hunos (452) e dos
vândalos em 455. A argumentação teológica era que a autoridade do bispo de Roma foi
recebida de Pedro.

b. Sucessores
Durante os anos posteriores logo após a queda do Império a questão do papado
dependia especialmente de quem tinha o poderio militar sobre a península italiana. Em 476
Odoacro depos o último imperador do Ocidente e declarou que o Império estava "unido" sob
Constantinopla. Mas na realidade era só em nome. Mais tarde surgiu diversas tensões entre os
Papas de Roma e Constantinopla devido a aproximação da última com o monofisismo. Em
493 Teodorico conquistou a Itália mas surgiu um cisma entre Felix III (Roma) e Acácio
(Constantinopla).
Em 498 Houve tensão entre os godos e bizantinos. Com a morte do papa dois papas
foram eleitos: Simíaco pelos godos e romanos, e Lourenço por Constantinopla. Em 562
Justiniano conquistou a Itália e impôs a sua política sobre o papa de Roma. Em 582 Os
Lombardos conquistaram a península e a influência ficou sobre o Papa de Roma.
Em 590 Gregório o Grande foi feito papa depois da invasão dos Lombardos. Ele era
um grande líder político e foi o fundador do poder temporal do papa. Ele foi também um
grande reformador da Igreja e tomou medidas em favor do celibato. Ele estendeu a influência
do papado à Espanha, Inglaterra e França. Baseado nas obras de Agostinho ele promulgou as
doutrinas do purgatório, penitências, absolvição sacerdotal, a missa como o sacrifício de
Cristo. A maioria destas doutrinas foram simplesmente a aceitação das crendices populares
como parte dos dogmas da Igreja. Os seus sucessores tiveram muitos problemas com o
Imperador do Oriente acerca de doutrinas como o celibato e imagens. Depois os papas não
mais buscaram a ratificação do Imperador às suas nomeações.

Com a ameaça dos Lombardos, o papa pediu auxílio a Carlos Martel oferecendo
honras que somente o Imperador podia. Zacarias conseguiu impedir que os Lombardos
atacassem a Itália e foi visto como herói. Depois ele pediu ajuda a Pepino contra os
Lombardos, ungindo (752) o mesmo como rei dos francos. Em "gratidão" Pepino doou Roma,
Ravena e outros territórios tomados dos lombardos ao papa. O papa ungiu Carlos Magno, em
800, como imperador do Ocidente foi aqui que a Igreja ocidental ficou definitivamente livre
do poder bizantino e ficou com o poder político sobre o ocidente.

4. A IGREJA ORIENTAL

Em TEORIA O imperador AINDA CONTINUAVA TENDO INFLUÊNCIA em toda


a cristandade, mas na prática a sua autoridade se restringia mais a igreja no território imperial.
As igrejas do Ocidente tinham uma certa liberdade, ficando mais limitada á autoridade de
quem dominasse a Itália.
O imperador continuou tendo grande influência na vida da Igreja oriental e muitas
vezes até na própria teologia. Muitas controvérsias surgiram no período, algumas já foram,
mas abaixo relacionamos os concílios e os assuntos tratados:
{ Ário e o Concílio de Nicéia - 325.
{ Apolinário e o concílio de Constantinopla.- 381
{ Nestor e o concílio de Éfeso - 431

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{ Êutico e o concílio de Calcedônia - 451. Embora o Concílio tenha condenado as


posições de Êutico, o monofisismo, este ficou dominante em boa parte das Igrejas da Síria e
Egito. O Imperador tinha interesse em obter a simpatia dos seus súditos e por isto tentou uma
aproximação com eles, os próximos concílios foram tentativas neste sentido.
{ II Concílio de Constantinopla - 553.
{ O monotelismo e o III Concílio de Constantinopla - 680-682. Com a expansão
islâmica nos territórios sírios e egípcios o Imperador perdeu o interesse em aproximar-se das
igrejas monofisistas e precisou aproximar-se da igreja do ocidente, por isto a questão do
monofisismo foi condenada neste Concílio.
{ II Concílio de Nicéia e a questão das Imagens - 787. A grande controvérsia agora foi a
respeito do uso de imagens nas igrejas. Surgiram dois partidos os iconoclastas (destruidores
de imagens) e os icnodulos (adoradores). Mais uma vez a decisão dependia do favor do
Imperador. A princípio os imperadores eram do primeiro partido, mas a Igreja do Ocidente
não aceitou a interferência do Imperador. Por fim este concílio decidiu a favor dos icnodulos.

Nós vimos que a partir do Império Oriental surgiram igrejas no Oriente Médio e Ásia,
estas seguiram seus próprios rumos. As decisões destes sete primeiros concílios são aceitas
tanto pela Igreja Romana quanto a Oriental. Algumas igrejas dissidentes antigas e as
reformadas não aceitaram todas estas decisões.

5. A GRANDE RETIRADA - O ISLAMISMO

O fundador Maomé (570) era casado com um rica viúva e sofreu muita influência do
cristianismo e do judaísmo. Ao se retirar para meditação ele teve visões do anjo "Gabriel". Ele
começou a pregar como sendo a continuação das mensagens dos profetas e de Cristo. Em 622
ele fugiu para o exílio em Medina e este ano é quando começou a contagem da era
muçulmana.
Em 630 ele tomou Meca e converteu muitos na Arábia. Seus sucessores "califas"
continuaram as conquistas e fizeram um bom governo. Em 635 eles conquistaram Damasco e
em 638 Jerusalém. No início os cristãos e judeus tinham liberdade, depois houve a proibição
de conversão de muçulmanos para estas religiões. Eles continuaram a avançar para o leste e
oeste e em apenas 100 anos conquistaram toda a Pérsia, norte da África e Espanha.

Consequências. Domínio do Mediterrâneo, limitação da navegação ao Mar Egeu e


Adriático; queda do comércio, isolamento da Europa, limitação da obra missionária,
desenvolvimento próprio e cultura de auto-sustentação.

6. A EUROPA MEDIEVAL E O NOVO IMPÉRIO

a. Novo Império
Os francos que tinham sido unidos sob o poder de Clóvis mais tarde ficaram sob o
domínio de Carlos Magno. Ele expandiu o reino franco por toda a Europa. quando foi coroado
Imperador quase toda a cristandade européia estava sob o seu domínio. Eles conquistou os
saxões e frísios e tinha muito interesse na conversão dos mesmos para enfraquecer a
resistência. Em 784 conquista e batiza os frísios, e em 785 o saxões. Ele via a sua missão de
"cristianizar" seus territórios. neste período o batismo cristão passou a ter um valor místico.
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Ele tinha grande interesse em libertar a Espanha do domínio mouro mas não conseguiu. ele
interviu muitas vezes na vida da Igreja, reformou mosteiros, apontou bispos - o que causou
grande polêmica mais tarde.
Com a morte do seu filho, o Tratado de Verdum em 843, dividiu seu território entre
seus três filhos. Esta divisão trouxe pela primeira vez uma experiência de unidade "nacional"
entre os povos que habitam o que hoje é França, Itália e Alemanha.

b. Sistema Feudal
Com a divisão da Europa em pequenos reinos e a conquista muçulmana, cessou o
comércio e parou a circulação de dinheiro. Cada região sobrevivia por si. A terra, e não o
dinheiro, era a principal fonte de renda. Toda a hierarquia era baseada na posse da terra.
Senhores e vassalos assumiram um tratado de lealdade e serviço dos dois lados. A lealdade
era em primeiro lugar ao senhor da terra e não ao rei. Como consequência houve a
fragmentação política e econômica da Europa.

c. Expansão na Europa Oriental


Com a penetração dos povos germânicos para a Europa Ocidental, diversos povos se
estabeleceram na Europa Central. Os Eslavos (diversas ramificações) ocuparam a Polônia,
Bálticos, Rússia, Checoslováquia, Iugoslávia e Grécia. Os Búlgaros que eram nominalmente
súditos do Oriente, ocuparam os territórios além do Danúbio. Os Morávios pediram
missionários a Constantinopla que enviou Cirilo e Metódio os quais se mostraram excelentes
missionários. Eles organizaram a Igreja na região, estabeleceram o ensino e a pregação. Eles
criaram o alfabeto cirilo, a forma escrita da língua eslava usada até hoje, e traduziram a
Bíblia e outras obras litúrgicas.
Roma e Constantinopla tinham interesse nestes povos e ambas enviaram missionários
para evangelizá-los. Alguns seguiram Roma: Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia; outros a
forma bizantina: Bulgária, Rússia. A "conversão" dependia muitos do interesse político de
cada rei.

7. O GRANDE CISMA
Depois da questão das imagens, sempre houve tensão entre Roma e Constantinopla.
Roma tinha seu próprio imperador e não precisava do apoio do oriente. Os ocidentais
atacavam a interferência do Imperador sobre a Igreja do Oriente e os orientais não gostavam
do clamor de autoridade "universal" do papa romano. A evangelização dos povos eslavos
também se constitui em motivo de tensão entre os dois papas.
O primeiro cisma foi entre Nicolau (Roma) e Fócio (Constantinopla). Este tinha
usurpado a posição de Inácio e Roma se posicionou contra Fócio. Este último declarou o
bispo de Roma e seus seguidores hereges. Mais tarde o cisma foi resolvido mas as tensões
aumentaram. No século XI o arcebispo da Bulgária atacou as posições do cristianismo
ocidental de usaram pão sem fermento na ceia e a obrigatoriedade do celibato. Umberto, o
defensor do ocidente que lutava contra a corrupção da Igreja e do papado, atacou o casamento
do clero oriental e a influência do Imperador sobre a igreja. Em julho de 1054 este declarou o
patriarca de Constantinopla de herege bem como todos os seus seguidores. A separação
definitiva entre o cristianismo ocidental e oriental.

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4. PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA

a. Novas Invasões

Povos Escandinavos (Vikings) No século VIII os Vikings desenvolveram a navegação


e começaram a fazer incursões e ataques a Europa. Com a desintegração do Império a Europa
se tornou presa fácil aos ataques dos vikings. Eles atacavam igrejas, mosteiros, levavam
riquezas e escravos. Eles quase acabaram com a Igreja Celta. Os movimentos missionários,
como na Alemanha, estavam ligados as conquistas políticas. Os primeiros contatos foram
feitos através de mercadores e mais tarde, em 826, o rei da Dinamarca se submeteu ao
batismo na esperança de obter auxílio militar dos francos. Ele abriu o caminho para os
missionários. Anskar, o principal missionário, nasceu na França em 801 e organizou os
movimentos para a evangelização da Dinamarca e Suécia.
No século XI o rei da Dinamarca conquistou toda a Inglaterra, atacou a França,
Espanha e costas do Mediterrâneo. Eles fundaram o reino normando na Sicília (sul da Itália) e
norte da França, na Normandia. Eles semearam o caos e terror na Europa já que esta não tinha
um poder central. Mais tarde todos se converteram ao cristianismo e absorveram a cultura
dos conquistados. No final do século XI quase todos já eram cristãos.

Húngaros (Magiares) Depois de destruírem o reino eslavo da Morávia eles


estabeleceram um reino onde hoje é a Hungria. Ele invadiram os reinos godos na Alemanha e
penetraram até a Burgúndia e Itália. Eles continuaram atacando diversos reinos até 936
quando foram derrotados por Henrique I. Eles absorveram a cultura dos povos conquistados e
receberam missionários. No século X o rei Greissa é batizado e seu filho Vaik, em 937,
obrigou todo o reino a se tornar cristão.

b. Decadência do Papado
Com a queda da dinastia carolíngia a Europa ficou sem um poder central e os papas se
viram cada vez mais nas mãos dos nobre italianos o que muito contribuiu para a decadência
do papado e da Igreja no ocidente. A partir do século IX a papado foi alvo do interesse das
famílias italiana. A sucessão papal foi cheia de assassinatos e guerra e muitas vezes havia
mais de uma pessoa declarando-se papa. O imperador também interviu nas disputas entre os
nobre italianos nomeando alguns papas.

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IV Quarto Período - 1000 a 1500


1. REFORMA

A idade das trevas foi obscura e turbulenta. A violência, a miséria e sofrimentos


dominaram a vida da Europa. O pecado abundou e a Igreja viu-se obrigada a oferecer meios
de graça para a expiação. Assim se desenvolveu o sistema penitencial. A vida monástica era
uma opção para aqueles que queriam fugir a confusão reinante e tinham um interesse na vida
religiosa. Mas com o passar do tempo os mosteiros também se tornaram alvos da ganância e
poderio dos ricos, abades, bispos e reis. Houve alguns movimentos reformadores neste
período.

a. Monástica
Bernon dirigiu o mosteiro de Cluny até 926. Ele tinha o ideal de uma reforma
monástica aplicando a "regra" de São Benedito com firmeza. Inconformado com a situação
imoral a reforma espalhou-se para outros mosteiros por mais de 200 anos. O sonho era
reformar a Igreja, tirá-la do domínio civil, promover a universalidade do celibato e a
obediência absoluta ao papa. Os novos mosteiros foram fundados com estes ideais e passaram
a influência a outros o que influenciou a reforma papal. O aumento das riquezas prejudicou o
movimento reformista. Outros movimentos com o ideal de pobreza tomara o lugar.

b. Papal
Leão IX foi eleito pelo povo e apontado pelo Imperador começou a reforma
influenciado pelas reformas passadas nos mosteiros. Ele dirigiu um ataque a simonia (compra
de cargos eclesiásticos), pois somente ricos podiam ocupar posições de bispos e papas, e o
casamento do clero. Foi neste período que se deu a separação do Ocidente do Oriente.
Depois da sua morte houve uma ameaça das família romanas poderosas. Em 1059 o
Concílio de Latrão determinou que a escolha do papa só podia ser feita pelos cardeais. Eles
estabeleceram uma amizade com os normandos no sul da Itália e assim podiam resistir ao
Imperador. Houve uma tentativa de impor a autoridade papal sobre bispos, nobres e reis de
1075 a 1080.
O papa Gregório VII teve conflitos com o Imperador Henrique IV e ameaçou
excomugá-lo. O imperador reuniu um sínodo na Alemanha e declarou o papa de "falso."
Depois com medo de perder a sua autoridade no Império ele pediu perdão ao Papa. Urbano II,
sucessor de Gregório. Ele apoiou Conrado, filho de imperador, a tentar tomar a sua posição. A
posição do papa sempre ficava ameaçada pelo poderio militar do Imperador.
Com a morte de Honório houve um cisma na igreja romana. Inocêncio foi "eleito"
papa com o apoio do Imperador e da França. Anacleto foi apontado papa com o apoio de
Roma e dos estados italianos. Devidos as ideais republicanos diversas cidades italianos
declararam-se independentes do Império. A liga Lombarda derrotou as tropas imperiais e
protegeram Roma, dando certa autonomia ao Papa. Inocêncio III foi o papa mais poderoso da
Europa. Ele interveio nos negócios da Alemanha, França, Inglaterra e Espanha. Foi ele quem
mais provocou tensões entre papa e reis.. Ele declarou a supremacia papal sobre a terrena e
exigiu que muitos reis se tornassem seus vassalos.
O IV Concílio de Latrão adotou a transubstanciação, a Inquisição e leis contra judeus
e muçulmanos.

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2. CRUZADAS

a. Oriente
Objetivos: derrotar os muçulmanos, reconquistar a terra santa, salvar o Império do
Oriente, unir a cristandade e ganha o céu.
Pano de Fundo Neste período uma das penitências mais comuns era a peregrinação
aos lugares santos, devido a influência pagã e judaica. Havia rivalidades entre diversos reinos
árabes e turcos o que causou uma insegurança para os peregrinos. Estes precisavam sempre
viajar armados para se defenderem de ataques. Mais tarde a teologia de "guerra santa" de
Agostinho foi usada pelos bispos e papas.
A primeira foi causada por um pedido de ajuda do Oriente. Outras razões foram: a
intenção de acabar com disputas internas dos nobres europeus, a perseguição dos peregrinos, a
profanação dos lugares santos, e a indulgência oferecida para quem morresse na batalha. A
massa oprimida seguiu desorganizada, sem mantimentos saquearam tudo pelo caminho e
lutaram contra moradores húngaros e búlgaros. Eles eram muito fanáticos, houve diversas
divisões e a ganância de alguns líderes em muito prejudicou a campanha. Em 1097 tomara
Antioquia, em 1099 sitiaram Jerusalém, em 1100 Balduíno foi ungido rei de Jerusalém. Para
manter o reino dos ataques árabes eles precisavam buscar reforços na Europa. Neste período
houve diversas histórias das cruzadas, os reforços iam com organizações militares, ou
exércitos de cristãos fervorosos ou até mesmo de crianças.
A segunda, em 1144, foi convocada por causa da tomada de Edessa pelos turcos.
A terceira, em 1187, foi por causa da queda de Jerusalém.
A quarta foi mais uma tentativa de reconquistar Jerusalém.
A quinta foi convocada por Inocêncio III. ele formou uma aliança com Venezianos
contra os húngaros. Eles conquistaram Constantinopla e estabeleceram um novo Imperador
Latino, bem como a união da Cristandade sob o poder de Roma. Os bizantinos conseguiram
reconquistar Constantinopla e houve o aumento do ódio e rixa contra o ocidente. No entanto
estas lutas enfraqueceram o Oriente o qual tornou-se presa fácil para os turcos.
Outras cruzadas foram convocadas para tentar reconquistar Jerusalém, Egito e Norte
da África, mas nenhuma conseguiu resultados significantes como as outras.

Consequências:
{ Surgimento de ordens militares e mosteiros totalmente dedicados a guerra.
{ Maior inimizade entre o cristianismo ocidental e oriental.
{ Aumento do poder do papa com autoridade universal.
{ Despertamento do conhecimento da vida humana de Cristo.
{ Intercâmbio cultural e econômico com o Oriente.
{ Desvinculação do homem da terra e dos feudos. Isto incentivou o comércio e o desejo
pelos bens do oriente. Ajudou no desenvolvimento das cidades e burguesia.
{ Debilitação do Império Oriental.

b. Espanha
Parte do norte da Espanha manteve sua independência. A grande peregrinação para
Santiago de Compostela e o desejo de unir a Espanha ao resto do Europa muito contribuiu
para as cruzadas espanholas. Diversos reinos cristãos, Leão, Castela, Astúrias e Navarra
foram unidos com o casamento de Fernando I. Ele impôs tributos aos pequenos reinos
mouros. Com a conquista de Toledo (1085) ele passou a tributar outros reinos. Estes reinos se
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uniram e pediram a ajuda a outros muçulmanos os quais derrotaram os cristãos. Isto levou a
uma união entre os cristãos e deu um caráter "religioso" de guerra. Em 1212 houve uma
grande conquista e avanço cristão graças a união de diversos reinos cristãos e a ajuda do resto
da Europa.

3. ORDENS MENDICANTES

a. Valdenses
Pedro Valdo, nascido em Lyon, dedicou-se a pobreza e a pregação. Em 1184 o
concílio de Verona os condenou. Eles espalharam-se por diversas cidades e houve uma
perseguição total levando-os a refugiarem-se no Alpes. Os lolardos se reuniram a eles e
durante a reforma eles se tornaram protestantes.

b. Franciscanos
João (Giovani) nascido em classe média italiana (1182 - 1226) mudou-se para Assis na
França e ficou conhecido por Francisco - pequeno francês. Eles dedicou-se a pobreza e oração
no estilo eremita. Em 1209 com a leitura de Marcos 10 . o jovem rico - ele decidiu fundar o
mosteiro o qual espalhou-se por toda a Europa. Eles se tornaram no grande braço
evangelizador da Igreja.
Alvos: viver o Evangelho, pregar aos desprezados, buscar as ovelhas perdidas -
pregaram entre muçulmanos e pagãos. Voto: Celibato, pobreza e obediência. Estratégia:
Marcos 6: 7 - 13 , envio de dois,, não levar nada e pregar ao povo.

c. Dominicanos.
Domingos (1170 - 1221) nasceu na Espanha em família rica. Em 1203 ele fundou
mosteiros com as regras de Agostinho. Os alvos da sua ordem eram: viver na simplicidade,
dedicar-se aos estudos. Ele tinha como estratégia: colocar pessoas nos lugares importantes,
nas cidades e universidades. A sua ordem produziu muitos teólogos.

4. TEOLOGIA

O trabalho teológico neste período deveu muito as obras e traduções de dois


espanhóis, Averrois, que era muçulmano, e Maimônidas, judeu. A partir dos trabalhos
produzidos neste período começou todo o processo da Teologia, filosofia e ciência moderna.

a. Escolasticismo
"Tentativa de racionalizar a teologia para que se sustente a fé com a razão. A teologia
tratada de forma mais filosófica do que bíblica. Foi uma tentativa de harmonizar a filosofia de
Aristóteles com a revelação da Bíblia, aceita pela fé." A causa principal do movimento
escolástico foi a descoberta da filosofia de Aristóteles através dos espanhóis. A questão
principal levantada no período foi: A é era ou não razoável?" O método usado no período foi
o indutivo, ou seja, pegava-se uma verdade ou lei geral, que não se prova, mas pressupõe.
Relaciona a uma fato particular e tira a conclusão que passa a ser uma nova verdade geral,
para ser relacionada a novos fatos. As verdade testadas no período foram: A Bíblia, os Pais, os
Credos, os Concílios e os decretos papais.

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b. Escolas
b.1. Realismo
Esta escola cria na existência das idéias independentemente das coisas particulares.
Ela se baseava mais nas obras de Platão que dizia que "o homem deve olhar para a realidade
última além da vida." Agostinho no passado, com a sua obra Duas Cidades, e Anselmo foram
os maiores pensadores.

Anselmo (1032-1109) "Creio para que possa conhecer." Depois de séculos foi o primeiro a
aplicar a razão quanto a questão da fé. Ele partiu da fé para a razão e aplicava a razão para
confirmar a fé. Obras: Pos Logium (provando a existência de Deus - Gonz. 130-131). Para
que Deus se fez homem (mostrando a encarnação de Cristo - Gonz. 131-132). Nesta obra
Jesus deixou de ser visto como o libertador do jugo do pecado, como era a ênfase da Igreja
Antiga, para o pagador dos nossos pecados. A ênfase passou da ressurreição para a
crucificação.

b.2. Realismo Moderado (Racionalistas)


Esta escola cria na existência das universais dentro das coisas individuais. Principais
pensadores:

Abelardo (1079-1142) "Sei para que possa crer." Para ele a realidade existia na mente de
Deus e agora existe na mente dos indivíduos, nas coisas e finalmente na mente humana. Ele
enfatizava a autoridade da razão, a dúvida leva a pesquisa e leva a verdade. O método de
análise teológica era baseado não na autoridade bíblica ou patrística mas na racionalização.
Na sua obra principal ele colocou todas as respostas positivas e negativas sobre diversos
assuntos.

Pedro Lombardo (1100- 1162) A sua obra principal foi Sentenças o qual se tornou o texto
chave dos teólogos posteriores. Nela ele trata diversas questões teológicas e apresenta as
posições a favor e contrárias. Depois ele apresenta a sua própria conclusão e prova que os
argumentos contrários não contradizem os outros, o que Abelardo não tinha feito. Ele tratou
da Cristologia, Pneumatologia, Escatologia e os 7 Sacramentos, os quais são cridos até os
nossos dias pela Igreja Católica.

Alberto (1206-1280) Ele foi o mestre de Tomás de Aquino. Ele levantou questões quanto a fé
e a Razão natural. Os Averroistas criam que a razão existia independente da fé. Já os
Tradicionais criam que a razão não pode preceder sem a fé. A partir dele se fez a divisão
entre a filosofia e a Teologia. A filosofia tenta descobrir a verdade através de princípios
autônomos e racionais. Já para a Teologia parte da verdade é revelada mas só é descoberta
através da razão. A razão deve estudar o máximo em seus limites, zoologia, botânica,
astronomia, e outras. As universidades são fruto da ênfase dada a estes estudos universais
devido a influência de Aristóteles.

Tomás de Aquino (1215-1274) De família nobre napolitana, ele foi um grande estudioso de
diversas obras teológicas. Ele defendeu o ponto de que a razão pode demonstrar o que a fé
aceita. Ele propôs entender a existência de Deus e a imortalidade através da filosofia natural
fazendo uso da razão e lógica. A influência desde Justino, oficializada por Agostinho, levava
pessoas a pensar sempre na realidades eternas "espirituais" afastando da realidade humana.
Jesus era visto como o Verbo eterno de Deus.
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Aquino, seguindo a Aristóteles, chamava a atenção para a realidade humana. A sua


obra principal a "Suma Teológica" tentava harmonizar a fé e a razão sem contradição. Ela é a
exposição sistemática da Teologia Católica. O conhecimento parte dos sentidos. A vontade
humana está apenas limitada pelo pecado e não caída. Foi ele quem racionalizou a idéia das
indulgências como isenção ao sacramento da penitência. Ele tinha a concepção da Igreja
como instituição corporativa em detrimento da liberdade do indivíduo. Os sacramentos são os
meios de graça instituídos por Cristo.

b.3 Nominalismo
Esta escola afirmava que as verdades ou idéias não têm existência objetiva fora das
mente elas são apenas resultados da observação das coisas particulares. A revelação é aceita
com base na autoridade independente da razão. A fé não é explicada.

Guilherme de Occam (1280-1349) Ele afirmava que os dogmas devem ser aceitos com base
na autoridade e não são explicados pela razão. Ele dividiu o sistema tomista e separou a fé da
razão. O indivíduo era real e mais importante que a instituição. Lutero teve interesse por suas
obras.

Roger Bacom (1214-1292) Ele dedicou-se a ciência e colocou fundamentos da ciência


experimental moderna como caminho para a verdade. O nominalismo dominou a Europa
depois de 1300.

c. Resultados
{ O desenvolvimento teológico do período sustentou o sistema sacramental e
hierárquico da Igreja
{ Subordinação do indivíduo a instituição corporativa.
{ Os sacramentos como meios de graça fortalece o domínio da Igreja pois não há
salvação fora dos sacramentos ministrados pela hierarquia.
{ Separação entre a verdade teológica e a científica.

5. DECLÍNIO DO PAPADO 1309 - 1439

a. Raízes
A exigência do celibato, a obediência absoluta ao papa, a feudalização da Igreja e o
declínio moral do clero.

b. Causas

b.1 Cativeiro Babilônico e Grande Cisma


A autoridade papal começou a cair e este teve confrontos com os reis da França e
Inglaterra. Em 1305 o papa Clemente V, de origem francesa, tinha pouca autoridade e por isto
mudou-se para a França por causa da influência do rei francês. Alguns reis, especialmente o
da Inglaterra que era inimigo da França, não viram com bons olhos já que o dinheiro da Igreja
ir para o Papa.

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Em 1377 Gregório volta para Roma e morre. Os cardeais franceses pressionados pelo
povo romano elege Urbano VI mas depois elegem Clemente VII que muda-se para Avingnon.
Os dois papas eleitos pelo mesmo colégio de cardeais dividiram a Europa por 100 anos. Roma
tinha o apoio da Itália, Alemanha, Escandinávia e Inglaterra. O papa de Avingnon tinha o
apoio da França, Espanha e Escócia.
Em 1409 foi convocado um concílio para resolver a questão. Os dois foram depostos e
Alexandre V foi eleito, mas morreu logo, sendo seguido por João XXIII. Os outros dois não
aceitaram a eleição e ficaram três papas. De 1414 a 1418 foi reunido o Concílio de Constância
os quais estabeleceram a autoridade suprema da Igreja, depos os 3 papa, elegeram Martinho V
como novo papa, condenaram as idéias de Wycliff e João Huss foi queimado. O concílio de
Basiléia, 1431 a 1449, devolveu a autoridade exclusiva para o papa e decretou os 7
sacramentos de Abelardo.

b.2 Impostos Papais


Com duas cortes papais havia muitas despesas. Também cada papa procurava recursos
para vencer o oponente. Tudo isto fez com que eles buscassem rendas das propriedades
papais, dízimos, espólios do clero e muitas outras taxas ao povo e clero. Isto criou uma
tensão nos estados nacionalistas e na classe média que tinha o apoio dos reis contra a fuga de
fundos para Roma.

b.3 Nações Estados


Com o ressurgimento do comércio as nações estados se fortaleceram e cada vez mais
resistiam a idéia de uma soberania universal do Império e da Igreja. O rei com seus exércitos
garantiam a proteção da classe média e esta dava dinheiro ao rei. O povo ficou dividido
quanto a autoridade se deveriam obedecer ao rei ou ao Papa. Outro problema para estas
nações eram os tribunais papais que concorriam com os estatais. O clero era isento de
impostos nacionais.

6. PRÉ REFORMA

a. Mística
Para os místicos que apareceram na época a religião era algo pessoal em contradição
com a formalidade e a frieza religiosa e contra a racionalização da fé. O movimento místico
foi também uma reação aos tempos difíceis e as revoltas freqüentes. A peste negra, de 1348 a
1349, matou quase um terço da população europeia.

Latinos Catarina de Sena (1347-1380) afirmava que Deus falava com ela através de visões.
Tinha experiências interiores de Deus, ou êxtase espiritual.

Teutões. Estes tiveram mais influência entre os dominicanos. Eram chamados os Amigos de
Deus e tinham experiências interiores de Deus não através dos sentimentos mas da razão e da
contemplação. Os Irmãos da Vida Comum da Holanda fundaram escolas que ensinavam aos
que queriam seguir a carreira eclesiástica mas também a qualquer outra pessoa. O mais
famoso aluno foi Erasmo de Roterdã.

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Escola Superior de Teologia e Estudos Transculturais

Consequências.
{ Se o indivíduo tinha acesso direto a Deus sem o intermédio dos sacramentos e da
hierarquia, ficou plantada a semente para a desestruturação do domínio total da Igreja.

b. Eclesiástica
Foram todos os movimentos que aconteceram na tentativa de voltar a Igreja às práticas
e modelos do Novo Testamento durante o período do Cativeiro e do Cisma.

Inglaterra. Em 1351 houve uma proibição da indicação papal de clérigos na Inglaterra. Em


1353 o rei passou outra proibição quanto aos apelos às cortes papais em Roma. Também o rei
se negou a pagar os impostos feudais ao Papa.
João Wycliff (1328-1384) em 1378 tentou reformar a Igreja eliminando os clérigos
imorais e despojando as propriedades destes entregando-as às autoridades civis. Ele tinha uma
oposição aos dogmas. Em 1382 ele atacou a autoridade do papa defendendo Cristo como o
chefe da Igreja. A Bíblia, e não a Igreja era a autoridade para o crente. Ele teve o apoio inicial
das autoridades e do povo. Ele traduziu o NT para o inglês e em 1384 todo o VT. Ele se opôs
a doutrina da transubstanciação e defendia a presença espiritual de Cristo. Ele treinou um
grupo de pregadores, os lolardos, os quais espalharam as suas idéias em toda a Inglaterra e
Europa.

Boêmia. João Huss (1373-1415) era reitor da universidade de Praga, e em 1402 adotou as
idéias de Wycliff. Havia no povo um sentimento contra o domínio do Império Romano
Germânico. Ele tentou reformar a Igreja da Boêmia. Foi convocado ao Concílio de Constança
e queimado a despeito de ter o salvo conduto do Imperador. Os seus discípulos continuaram a
reforma e foram perseguidos. Surgiram então diversos grupos sendo os mais importantes os
hussitas, mais intelectuais, e os taboritas, mais pobres. Mais tarde surgiram os Irmãos Unidos
da Morávia, ou a Igreja Morávia, a qual foi um grande centro missionário. Eles influenciaram
Lutero e João Wesley.

Itália. Jerônimo da Savanarola, frade dominicano, fez uma reforma eclesiástica na cidade de
Florença. Contou com o apoio do povo mas sofreu a oposição da aristocracia. Ele atacou a
corrupção do estado e da Igreja, foi excomungado pelo Papa e condenado à morte.

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