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- Condillae ~ Helvétius Degérando Os Pengadors Condillae Helvétius Degeérando “As nogdes abstratas sd0 absoluta- mente necessitias pata por ondem nos nossos canhecimentos porque elas in- dicam a cada idéia a sua classe. Eis qual deve sec seu Gnico uso. Mas ima- ginar que elas sejam feitas para condu- zit a conhecimentos particulares € uma cegueira muito grande porque elas no se formam seno segundo ex ses canhecimentas. CONDILLAC: Tratado dos Sistemas “Se todas as palavras de Imguas diferentes sé designam cbjetos ou a5 relacées desses objetos conosco e en- te si, todo © espirito, conseqtiente- mente, cansiste em comparar quer nos- sas sensagées, quer nossas idéias, iso €, em ver as semelhangas ¢ as diferen- Gas. a5 concorincias © as discordin- Gias que exisiem entre clas, Ora, co- mo o juizo € eisa prépna percepgio, ‘ou, pelo menos, 0 enunciada dessa percepcao, seguese que todas as ape ragdes do espinto se reduzem a jul gar.” HELVETIUS: Do Espitita “A sensacio 6 a primeira fonte de ossas maneiras de ser e de nossos co- nhecimentos; a imaginagao € a segun+ a DEGERANDO: Dos Signos © da Arte Ge Pensar. Os PensadoréS CIP-Hrasil, Catalogagiy-na-Pubkeacito Climary Brasileins do Livro, SP cmsit 3.ed 84-0891 Condillac, Etienne Bonnoe de, 1718-1780. ‘Textos. esculhids 1 Conditlac, Helvstivs, Degérande + wailugies de Luiz Roberto Monwasni (et al.|,— 3, od. —- Séo Paulo > Abril Cultu- ral, 1984, (Os pensudieres) Inetui vide obri de Helvétius, Condillac ¢ Degérando. Bibliografia, 1, Conheciments - ‘Teoria 2. Filosofia francesa %. Materiatiamo 4, Pensamento 5. Psicologia 6, Senstalinmea I Helvdtins, Claude Adrien, VIS-I771. Ul, Bogémnde, JosepheMarke, 1772-1842. IIL Monat, Luis Roberto. 1. Title, ¥, Série. Cp. 194 -121 “185 “146.3 “150 160) Andives pare catalog sistemiticn; 1, Conheciment® : Teoria : Filuseia 121 2. Filosofia francesa 194 3. Materialismmn > Filosofia 146,3 4. Pensamento > Logics 160 5. Psicologia 150 6. Sensuulisme : Mlosofia 145 CONDILLAC HELVETIUS DEGERANDO TEXTOS ESCOLHIDOS Tradugties de Luis Roberto Monzani, Carlos Alberto Ribelro de Moura, Nelson Alfredo Aguilar, Scarlett Z. Marton, Mary Amuvonas Leite de Barras, Hidlio Leite de Barros, Armanda Mora D'Oliveira, Andreas Pavel, Franklin Leopoldo ¢ Sitva, Vietor Knoll Cg 1984, EDITOR; VICTOR CIVITA “Titalas orfginais: “Textos de Comdiltac: Traité des Systémes ‘sorait Ratsanné da Traité des Sensations La Lemgue des Caiculs Loxique ‘Texto de Helvétius: De (Esprit ‘Texto de Degérando: Des Sigmes et deT/Ar de Perser Consicires dems leurs Rapports Mucwels © Copyright desa edigio. Abril. A. Cultural, ‘So Puulo, 1973 —2*eidyrao, 1980— 3," edicin, 1984, Dineilos exclusivas sobre as raalugses deste vole, Abn S.A. Cultural, Sao Paulo, tm exclusives sobre “CONDILLAC, HELVETIUS, DEGERANDO — Vida ¢ Obra", Abril S.A, Cuhural, Sao Paulo, Cumdillac Helvetius CONDILLAC HELVETIUS DEGERANDO VIDA E OBRA (Consultoria; Marilena de Souza Chaui @ Et au Tl ay U ma das principais caracteristicas da filosofia francesa do sé- ‘culo XVIII é sua oposi¢ao 2o racionalismo do século ante- rior. © racionalismo do século XVil acreditava na possibilidade de se tesolverem as problemas através do uso da razdo, mas esta era conce- bida como uma finalidade analitica a operar dedutivamente; a partir de idéias inatas, isto 6, jnerentes ae prdprio intelecto humana, os fild- soles racionalistas construiam entao sistemas abstratos de explicacao da realidade. Os fildsofos franceses do sécula XVIII, 20 contrario, em- bora também “racionalistas", concebiam a razio como uma forge que parte da experiéncia sensivel e deservolye-se juntamente com ela, Desse modo, o Iluminismo francés sintetizou as duas vertentos da filosafia moderna, o empirismo e o racionalismo, e tirou de suas pre misoas as Consequencias mais extremadas, Por outro lado, a filosofia iluminista francesa manteve-se em oi treita relacdo com os problemas da vida publica e, quanto mais agu- dos estes se tornavam, mais as teorias se faziam radicais. Ao lado dis so, 08 pensadares franceses do sécula XVIll, com Faras excegées, ndo consideravam © conhecimento cientifico como privilégio de poucos; ao contririo, predicayam suas idéias ao povo, empregando lingua- gem relativamente simples, Nesse sentido, foram as mais legitimas ex- press6es do lluminismo, Segundo 0 historiador Wilhelm Windelband, essa vinculacag inti- ma entre a teoria e a pratica teria sido a principal razdo que impediu @ construcdo de um sistema completo e original de filosofia. Apesar disso, @ século XVIII na Franca representou uma das épocas de mais, intonsa vida intelectual de toda a historia do Ocidente Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), Diderot (1713-1784), D‘Alembert (1717-1783) e Rousseau (1712-1778) sio Cansiderados os mais importantes pensadores desse periodc. Outros, menos conhecidos, fizeram contribuigdes significativas, formulando idéias que, em geral, se articularam as dos primeiros. Todos form: vam, assim, um “individuo filosofante Gnico, na expressdo do histo- riador Wilhelm Windelband. Reunidos em Paris, em relacao de amni- zade constante, uma nova idéla que surgisse na mente de um deles imediatamonte deitava raizes no espitita dos demais © aparecia em sues obras, em diferentes linhas de desenvalyimento ¢ aplicacae. vin CONDILLAC - HELVETIUS - DEGERANDO Por essas razdes, ndo se pode tet idéia completa do tluminismo francés sem 0 conhecimento da filesofia materialista elaborada por Le Mettrie e Holbach, da sistematizagaa da tearia sensualista do conbeci. mento realizada por Condillac, da compottamentismo de Helvitius & 14 nos fins do século XVIII, dos trabalhos realizados pela escola dos “idedlogos", que teve 4 frente Destutt de Tracy (1754-1836) ¢ na qual se destacaram os trabalhos de Degérando. O homem-miquina Julien-Offray de la Mettrie nasceu em 1709, estudou no Coiégio de Harcourt e na Universidade de Paris, Transferiu-se depois para a Faculdade de Reims, onde se doutorou em medicina no ano de1?43 ‘Completou sua formagda de médico em Leyden (Holandal De volta a Franca, La Mettrie publicou, em 1745, sua primeira obra, Historia Natural da Alma, que causou violenta reagio da censur ra em virtude das id¢ias materialistas que expunha. Exilou-se entio pa Holanda, onde publicaria, em 1747, 0 mais conhecido do seus tra. balhas. O Homem-Maquina. Na Holanda, La Mettric também foi alvo de violentos ataques Por causa de suas criticas as cancepgdes religiosas. Novamente obri. Rado a fugit, exilou-se na corte de Frederico Il da. Priscia (1712-1786). Em Berlim, La Mettrie tarnou-se membto da fecém-fun- dada Academia Real de Ciancias e pdde escrever tranquilamente vie tlos livros: O Homem-Planta (1748), O Sistema de Epicuro (1750) ¢ Discurso Sabre 2 Felicidade (1750). Antes de falecer, em 1751, La Metirie escreveu ainda varios trabalhos sobre medicina e uma série de panfletos polémicas ¢ irdnicos, Em A Histéria Natural da Alma, La Mettrie ataca 0 dualismo me- tafisico de Descartes (1595-1650), Malebranche (1636-1715), Espino- 5a (1632-1677), Leibniz (1646-1716) & outros, sustentando a tose de que a alma deriva de formas orginicas especificas, produzidas por uma forga motriz inerante 4 matéria, da qual dependem as faculdavies & operacées mentais. A “histéria da alma’ torna-se, assim, assunto do clentista da natureza e nao do tedlogo ou metafisico, Nessa ortlem de idéias, La Motirie procura mostrar como todas as fungdes intelec, tuais dependem essencialmente do sistema nervosa, sobretudo do cé- rebro, m © Homem-Miquina, sustenta que nao existe diferenca essen- cial entre as atividades involuntérias ou instintivas, € as conscientes ou voluntarias, Os dois tipos do atividades explicar-se-iam pela relativa comple- xidade das estruturas mecanicas respansdveis por sua producto, O homem seria, assim, uma maquina orgdnica, entendida como sistema auto-suficiente, com partes dinamicamente inter-relacionadas, e arga- nizada para cumprir fins por ela mesma Propostos. Ligada a essa visio materialista do homem, a ética defendida por La Mettrie coloca como finalidade das acées humanas 0 ozo do pra- Ze. Este, contudy, nda é considerado como incompativel com a vitu. de, especialmente com © amor a0 préximo a servico da huma lade; pelo contrario, La Mettrie sustenta que o verdadeiro prazer inclut o

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