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Departamento de Filosofia

O CONCEITO DE TEMPO NOS PRIMEIROS ESCRITOS DE MARTIN


HEIDEGGER

Aluno: Sofia Frant Pereira e Alvim


Orientador: Pedro Duarte de Andrade

Introdução
O tempo é certamente um dos problemas mais antigos da filosofia. Trata-se, de fato, de
um problema, já que a filosofia, desde a origem, teve dificuldades com ele, chegando a definir
a verdade, seu objeto por excelência, como o contrário do tempo – a eternidade. O tempo,
portanto, não é um problema da filosofia apenas como sinônimo de um tema, ou de um assunto.
Realmente, pensar no tempo foi uma dificuldade na tradição filosófica ocidental. Platão, como
se sabe, privilegiou a eternidade ao definir o ser de tudo aquilo que é. Ou seja, aquilo que não
muda é o que é de verdade. Eis como se traçou toda linha mestra de nossa tradição desde o
século V antes de Cristo.
Foram necessários mais de dois milênios para que a filosofia superasse essa dificuldade
de pensar o tempo. Desde o final do século XIX, uma concentração de esforços foi vista nessa
direção, e mais ainda no século XX. Entre os mais relevantes, esteve o do filósofo alemão
Martin Heidegger, cuja obra mais conhecida se chamou – e não por acaso – Ser e Tempo, em
1927. Seu objetivo era pensar essa relação entre ser e tempo, entre verdade e história, dando a
ela uma centralidade inaudita em nossa tradição intelectual. Partia-se, fundamentalmente, da
pergunta mais elementar: o que é o tempo?
Essa pergunta, entretanto, já aparecia na obra do filósofo alemão antes mesmo de Ser e
Tempo. Na conferência sobre O conceito de tempo, em 1924, tal questão era antecipada. Este
projeto de pesquisa pretende fazer a análise minuciosa desse texto de Heidegger, a fim de
explicitar como nele se adiantava a concepção de tempo que mais tarde ganharia corpo na obra
do filósofo, bem como apontar sua relevância na medida em que ali se dá um radical
entrelaçamento entre essa concepção de tempo e a pergunta sobre o modo de ser destes entes
que nós mesmos somos. Para tanto, deverá ser apresentada, de um lado, a crítica de Heidegger
à definição tradicional de tempo e, de outro, a sua concepção de tempo por contraste.
Objetivos
O objetivo principal desta pesquisa é investigar o conceito de tempo proposto pelo
filósofo alemão Martin Heidegger na primeira parte de sua obra, elaborada ainda nos anos 1920.
No desenvolvimento de seu pensamento, ele critica o paradigma tradicional da noção de tempo
ocidental, fortemente marcado por Aristóteles. De acordo com o filósofo grego, o tempo seria
apenas o número ou a medida do movimento. Essa definição apresenta, no entanto, um
problema: ela submete o tempo ao espaço, pois movimento é um elemento espacial. Por efeito,
o tempo se torna um cálculo relativo ao espaço. O paradigma vindo da religião tampouco nos
ajudaria a pensar no tempo, uma vez que só o concebe a partir de seu contrário, a eternidade, a
ausência de tempo. Nesse sentido, o tempo não foi, até agora pensado a partir dele mesmo,
justamente o que Heidegger procura fazer: pensa-lo como trânsito, passagem – relativa à
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finitude humana. Esta pesquisa, portanto, explicita a fenomenologia do tempo desenvolvida por
Heidegger.
Metodologia
Como de hábito em filosofia, a metodologia consiste basicamente em um levantame nto
bibliográfico, na leitura e interpretação do mesmo e, por fim, na elaboração por escrito de um
texto no estilo de artigo acadêmico.
Conclusão
O conceito de tempo heideggeriano se propõe a pensar no tempo como passagem, que
está diretamente relacionado com a finitude humana, opondo-se criticamente ao conceito
definido tradicionalmente como medida do movimento por Aristóteles. Para Heidegger, nesse
contexto, o tempo possui uma dimensão mensurável, tendo em vista o relógio como o maior
símbolo do tempo para a sociedade ocidental, em que ele representa quantitativamente o tempo
como medida do movimento e possui a propriedade de controlar os segundos e as horas, fazendo
com que tenhamos a possibilidade de calcular e chamar isso de tempo generalizadamente, sem
ter a preocupação de definir realmente o que é o tempo em si mesmo, apenas calculá- lo, o que
para Heidegger, é esse o problema do relógio.
Referências bibliográficas
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. Petrópolis: Vozes, 2009.
________. O conceito de tempo. Lisboa: Fim de Século, 2003.
________. Os problemas fundamentais da fenomenologia. Petrópolis: Vozes, 2012.
________. History of the concept of time. Indiana: Indiana Univesity Press, 1992.
NIETZSCHE, Friedrich. Segunda consideração intempestiva: da utilidade e desvantagem
da história para a vida. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.

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