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AULA 26/10/18

SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

A) TESTAMENTO

- A natureza do testamento é obrigacional, vem do direito das obrigações, não


do direito de família. Na origem, no antigo direito alemão, não tinha direito das
sucessões, tínhamos os direitos obrigacionais, sendo que os direitos obrigacionais pós-
morte seriam os direitos da sucessão.
- O testamento, na verdade, é uma doação, só que é uma doação que vai produzir
efeitos após a morte. Encarem sempre a ideia do testamento como um ato de
liberalidade, é unilateral, é gratuito, não gera qualquer tipo de contraprestação. Na
natureza, é exatamente a mesma das doações, a única diferença é que vai produzir
efeitos após a morte.
- Existem mais duas características que são essenciais do testamento:
- A primeira delas é que o testamento SEMPRE será personalíssimo,
somente pode ser feito pelo testador, não admite nenhum tipo de
intervenção, não admite que seja feito por procuração. Para o testamento
isso é ainda mais rigoroso, pelo fato de que a sucessão testamentaria vai se
estabelecer quando o testador já estiver morto. Tenho que ter absoluta
certeza que o individuo foi o verdadeiro testador, sem qualquer tipo de
assistência, coação, etc. Por ser um ato personalíssimo é que não se admite
testamento conjuntivo, que é aquele feito por mais de uma pessoa. Então,
por exemplo, o casal vai lá e faz o testamento, não pode, o testamento é
nulo. Testamento correspectivo, quando o marido e a mulher ambos fazem
testamento no mesmo cartório dando a parte disponível um para o outro.
- O testamento é revogável, a pessoa pode mudar de ideia quantas vezes
quiser. Vamos supor que eu faça um testamento A, tratando da casa da
praia, do terreno e do dinheiro e aí depois eu faço um testamento B tratando
desse mesmo dinheiro. Nesse caso, terá dois testamentos válidos, sendo
que, com relação ao dinheiro, valerá o mais recente. É igual à regra da
revogação legislativa. Essa regra toda tem uma exceção, que é a clausula de
reconhecimento de filho, a qual, quando inserida em testamento, é
irrevogável, é a única disposição irrevogável. Não confundam revogabilidade
com anulabilidade, se for nulo ou anulada, será anulado tudo, inclusive a
clausula de reconhecimento de filho.

B) REGISTRO

- Antes de ser cumprido, o testamento necessita ser registrado, através de uma


ação de registro de testamento. Essa ação tem finalidade diferente para cada tipo de
testamento, veremos as formas ordinárias depois, mas no testamento público, por
exemplo, a ação tem por finalidade a verificação de cumprimento dos requisitos legais
nada além disso. Se ele cumpriu as exigências legais, o testamento será registrado. No
testamento cerrado, que é um testamento lacrado, a ação de registro tem por
finalidade, também, romper os lacres existentes, pois nesses testamentos o lacre é
requisito de validade. Já no testamento particular, a ação de registro de testamento tem
por finalidade ouvir as testemunhas testamentárias para confirmarem o testamento,
pois é rigorosamente particular, sem a participação do publico. O juiz vai chamar as
testemunhas para depor em audiência e vai perguntar se participou da feitura do
testamento do Fulano de Tal, se a pessoa tinha plena capacidade, se conseguia se
expressar bem, ou seja, o juiz vai verificar se o testamento foi feito de forma válida. Das
três testemunhas, ao menos uma tem que ser encontrada. Por isso, não é recomendado
que o testador seja testemunha, o ideal é convidar filhos de amigos. Então, a ação de
registro de testamento é obrigatória. Da ação de registro, sairá uma certidão de registro
e a partir do registro corre prazo decadencial de 5 anos para alegar qualquer nulidade
do testamento, essa certidão é que vou juntar no processo de inventário. Não há como
finalizar o testamento com uma ação de registro em andamento.

C) CAPACIDADE

- A plena capacidade para testar começa aos 16 anos, portanto todos vocês já
podem fazer testamento, desde os 16 anos, pois já é relativamente capaz. No entanto,
a capacidade mais importante para a realização do testamento é a capacidade
momentânea, no momento do ato, qualquer tipo de situação que retire a capacidade
momentânea, pode levar à nulidade do testamento. Além da capacidade civil, é
necessária a capacidade para o ato.
- Um testamento nulo não pode ser convalidado posteriormente, não pode ser
retificado. Por isso, um testamento feito no momento em que não se tinha capacidade
nunca mais terá validade, nem se for ratificado em momento posterior de capacidade
do testador.
- Se um testamento é invalidado e existem testamentos anteriores válidos, estes
seguem sendo validos, não confunda revogação com nulidade.

D) FORMAS ORIDNÁRIAS

a. Público: é aquele escrito pelo tabelião e não pelo testador, segundo


a vontade do testador, que pode ser manifestada verbalmente ou por
meio de minutas prévias. A vontade é do testador, mas quem escreve
é o tabelião. Escreve em um livro próprio do cartório, que fica
registrado no tabelionato e é feito na presença de duas testemunhas.
Depois de escrito, o tabelião vai ler esse testamento em voz alta, na
presença das testemunhas, que devem estar presentes do início ao
fim do ato. Depois que todos assinarem, o testamento vai ficar
registrado no tabelionato e o testador vai receber apenas o traslado,
aquela cópia. O testamento original fica registrado no tabelionato.
Em razão disso, o testamento só pode ser feito em idioma nacional,
mas por ser feito pelo tabelião, pessoas com deficiência, visual, por
exemplo, podem fazer um testamento público, no entanto haverá
duas leituras do testamento, ao invés de uma, sendo esta a única
diferença. A pessoa que é muda também pode realizar testamento.
i. Vantagens: Pelo fato dele ser feito por tabelião, teremos o
menor número de nulidades possíveis, porque o tabelião
embora não possa interferir na vontade, pode dizer que
aquela disposição é impossível. Tabelião vai auxiliar para que
esse testamento produza efeitos, são interferências validas,
visto que não alteram a vontade do testador. A segunda
vantagem é a de que pessoas com deficiência possam fazer
testamento, permitindo acesso desse ato jurídico a essas
pessoas. A terceira vantagem é que o testamento público não
se perde nunca. Hoje eles são digitados, arquivados
virtualmente.
ii. Desvantagens: Se quiserem anotar que fazer somente no
idioma nacional é uma desvantagem, podem anotar isso. Uma
segunda desvantagem é que o testamento público tem um
custo, de R$ 300 e poucos reais, aproximadamente. A grande
desvantagem verdadeira é o fato de que ter que ter o tabelião,
que tem de se deslocar até você, ou o contrário. Por isso,
depende de uma organização prévia.

b. Cerrado: o testamento é escrito pelo testador e marca o dia no


tabelionato para fazer o cerramento, o lacre, da cédula. Tabelião vai
escrever um auto de encerramento, que é uma espécie de ata,
dizendo que o testador compareceu ao tabelionato, no dia tal, etc.
Esse pequeno texto pode ser escrito até no próprio testamento se
tiver espaço, essa ata é lida em voz alta a assinada por todos. Duas
testemunhas. Depois disso, o tabelião vai dobrar o testamento, vai
costurar toda a borda do testamento e lacra todo o testamento. Esse
testamento lacrado é devolvido ao testador, ficando apenas o
registro no tabelionato.
i. Vantagens: a grande e única vantagem praticamente é que ele
é absolutamente sigiloso. É um testamento que ninguém tem
acesso ao conteúdo, a não ser depois de sua morte. Pode ser
escrito em qualquer idioma.
ii. Desvantagens: excesso de formalidades leva à facilidade de
ocorrência de erros e nulidades, pois não tem orientação
nenhuma. Custo é mais caro que o público e a dificuldade de
encontrar algum tabelionato que faça é alta.

c. Particular: ao contrário dos outros dois, é feito com três testemunhas.


Pode ser escrito em qualquer idioma, porém as testemunhas
precisam compreender o idioma. Tem que ser escrito ou
digitado/datilografado. Não é registrado, não tem formalidade
nenhuma e o custo é 0. Em condições excepcionais, é possível fazer o
testamento particular sem nenhuma testemunha.
i. Vantagens: custo zero e a ausência de formalidade.
ii. Desvantagens: não possuir orientação profissional e o seu
conteúdo pode gerar nulidades (deixar para o cachorro, por
exemplo).
E) CODICILO

- É a manifestação de vontade pós-morte. Pode servir para determinar lugar de


enterro e outras questões extrapatrimoniais. É no campo extrapatrimonial que o
codicilo sofre restrições. No campo patrimonial, o codicilo não pode tratar de valores
significativos. Coisas de pouco valor = relativo, pois depende do patrimônio do
individuo. A doutrina diz que seria 5% do patrimônio do individuo. A verdade é que o
codicilo serve para dar presentes, coisas de muito mais valor sentimental do que valor
material (pe, esmolas, etc). O codicilo não serve para partilhar a herança (não é essa a
finalidade dele, mas sim para deixar uma coisa ou outra aqui e ali de valor sentimental).
- Não tem força para revogar testamentos, mas pode alterar conteúdo
testamentário. O inverso sim, o testamento pode revogar o codicilo na sua totalidade,
pois tem força para isso. Um testamento feito depois do codicilo tem obrigação de
ratificar o codicilo, se não o fizer, aquele codicilo está automaticamente revogado. O
silêncio do testamento posterior implica revogação do codicilo anterior.

F) DISPOSIÇOES TESTAMENTÁRIAS

- Aqui vocês vão ver novamente aquilo que eu disse no inicio, são as disposições
de natureza obrigacional.

a. Condicionadas: estamos falando da parte disponível, da parte que eu


posso deixar em testamento, porque a legitima eu não posso
condicionar. Temos dois tipos de condições: resolutivas e
suspensivas. Suspensiva precisa acontecer para eu garantir o meu
direito hereditário, se não acontece não recebe. A resolutiva,
ocorrendo a condição eu deixo de ter a herança. Resolver significa
terminar, rescindir. Ex: deixo a herança para fulano, desde que ele
esteja casado no momento da morte (suspensiva). Estar casado é
uma condição licita, possível. Agora, deixo para fulano desde que
mate alguém, é uma condição ilícita. Ex2: Deixo apartamento até que
ele se forme na faculdade (resolutiva).

b. Causais: na causal eu dou a causa, digo o porquê. Se eu fixei uma


causa, a causa é mais importante do que a disposição. Se não houve
a causa, não há o benefício testamentário. Ex: deixo para o Dr. João
que me auxiliou com a cirurgia, mas na verdade foi o Dr. José que
havia feito a cirurgia. Assim, quem vai receber vai ser o médico que
fez a cirurgia, porque a causa é sempre mais importante.

c. Excludentes: são utilizadas na legítima, ou seja, naquela herança que


vai para os herdeiros legítimos. Através dessas disposições, posso
dizer que determinado filho não vai receber no seu quinhão tais bens,
ie, não estou diminuindo o seu quinhão, não estou fazendo
disposição em favor de terceiros. Apenas estou dizendo que no
quinhão daquele filho eu não quero que ele receba as ações da minha
empresa. O valor do quinhão será preservado.
d. Partilha: também pode ser incluída na legítima, é o inverso da
excludente, é inclusiva. Através dessa clausula, eu digo que
determinado bem vai ser destinado ao filho tal. Ex: quero que o filho
X fique com meu carro, quero que o filho Y fique com as cotas da
minha empresa. Estou apenas fazendo a divisão dos bens,
respeitando o quinhão de cada um, por isso é chamada de cláusula
de partilha. Nada impede, também, que ele se utilize da parte
indisponível. A cláusula de partilha permite, em tese, a divisão inteira
da herança, o problema é na prática. Se tudo for dinheiro, fica fácil
dividir, mas quando envolve bens imóveis, por exemplo, fica mais
difícil. Por exemplo, a avaliação fazendária pode ser diferente da
imaginada.

e. Restritivas

i. Inalienabilidade: contém impenhorabilidade e


incomunicabilidade, mas o inverso não é verdadeiro. A
inalienabilidade é mais abrangente, pois além do bem não
poder ser vendido, não poderá ser penhorado, nem
comunicado, por isso abrange as outras duas cláusulas.

ii. Impenhorabilidade: Já se eu inserir apenas


impenhorabilidade, poderá ser vendido, ser comunicado no
regime da comunhão universal.

iii. Incomunicabilidade: também tem efeitos restritos, apenas


para impedir a comunicação no regime de bens da comunhão
universal.

- Essas três cláusulas podem ser inseridas na legítima, desde que


haja justificação, desde que eu diga o porquê. Sobre a parte disponível eu não preciso
justificar, pois se trata de doação e é ato de liberalidade. No código anterior, não havia
essa exigência de justificativa, portanto testamentos anteriores a 2003, não tem
justificativa nenhuma. Porém, se o testador morrer na vigência do atual Código Civil,
não vale a restrição, a não ser que realiza novo testamento incluindo as justificações.

iv. Administração: se o herdeiro é menor, o administrador ou


administradores dos bens dos menores normalmente são os
genitores. No entanto, o testador pode nomear um
administrador distinto. Essa clausula também pode ser
inserida na legitima.

v. Sub-rogação: em nenhuma hipótese essa cláusula pode ser


inserida sobre a legítima. Através dessa clausula, eu
determino a alteração do bem antes de ser entregue ao
herdeiro. Eu determino que um bem que me pertenço seja
vendido e com esse dinheiro seja comprado/transformado em
outro para entregar ao herdeiro.

 Saber quais cláusulas podem ser inseridas na legítima é essencial para a prova.

G) INTERPRETACÕES

H) DISPOSICÕES NULAS

a. Captatória
b. Pessoa incerta
c. Valor incerto
d. Arts. 1801 e 1802 CC

AULA 02/11 – NÃO TEVE AULA (FERIADO)

AULA 09/11 – NÃO TEVE AULA (PROFESSOR FORA)

AULA 16/11 – NÃO TEVE AULA (FERIADÃO)

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