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Valdemarin, V. T. & Campos, D. G. S. (2007).

Concepções didáticas e Método de Ensino 343

Concepções pedagógicas e método de ensino: O manual didático Processologia


na Escola Primária
Vera Teresa Valdemarin
Daniela Gonçalves do Santos Campos
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara-SP, Brasil

Resumo: Esse artigo analisa o manual didático Processologia na Escola Primária, de autoria
de Caio de Figueiredo Silva, publicado em 1956, com o objetivo de compreender o processo de
incorporação das concepções pedagógicas da Escola Nova nas prescrições para a prática
pedagógica. O método empregado foi a análise do discurso expresso na fonte primária aliada a
um conjunto de referências bibliográficas de cunho historiográfico que possibilitaram comentar o
processo de inovação e permanência na educação, ressaltando as influências de tradições já
estabelecidas e a importância dos textos didáticos como instrumentos mediadores para a difusão
e circulação de idéias.
Palavras-chave: Manual didático. Concepções pedagógicas. Escola nova.

Pedagogical conceptions and method of teaching: The textbook Processologia


na Escola Primária
Abstract: The article focuses on the analysis of the textbook Processologia in Primary School,
by Caio de Figueiredo Silva, published in 1956. The goal is to understand the process of incorporating
pedagogical conceptions from the Progressive School in prescriptions to the pedagogical practice.
The method used was the analysis of speech expressed in primary sources allied to historical
references. The textbook allows to elucidate aspects of innovating pedagogical ideas and
maintenance processes in education. It seems to be possible to show the influence of established
tradition and the importance of textbooks used as instruments for the diffusion and circulation of
ideas.
Keywords: Textbook. Pedagogical knowledges. Progressive education.

Concepciones pedagogicas y metodo de enseñanza: el manual Processologia na


Escola Primária
Resumen: Ese artículo analiza el manual didáctico Processologia na Escola Primária, de
autoría de Caio de Figueiredo Silva, publicado en 1956, con el objetivo de verificar la articulación
entre prácticas preescritas y concepciones teóricas. El método usado fue la análisis del discurso
expreso en la fuente primaria con analices históricas que posibilitaran comentar el proceso de
innovación y permanencia en la educación resaltando la influencia de tradiciones ya establecidas
y la importancia de los textos como instrumentos didácticos mediadores para la difusión y circulación
de ideas.
Palabras clave: Manual didáctico. Concepciones pedagógicas. Educación nueva.
344 Paidéia, 2007, 17(38), 343-356

Estudos sobre a história das idéias pedagógi- gistro documental do pensamento pedagógico de um
cas costumam considerá-las a partir de alguns mar- período, que tem como objetivo principal constituir-se
cos de circulação em determinados contextos, vincu- em ação docente.
lando-as a tendências filosóficas ou sociais a fim de Nessa perspectiva, analisamos o manual didá-
traçar-lhes a linha de continuidade ou de inovação. tico Processologia na escola primária, de autoria
No entanto, quando considerados na perspectiva da de Caio de Figueiredo Silva, publicado em 1956 pela
influência que exerceram sobre as práticas pedagó- Editora do Brasil (Coleção Didática do Brasil), que
gicas, os marcos de inovação baseados nas concep- teve circulação e uso bastante expressivos nas esco-
ções doutrinárias se tornam menos precisos e emer- las públicas do interior do estado de São Paulo, na
gem outras questões importantes para a compreen- região de São Carlos, com o objetivo de compreen-
são da relação entre esses elementos da pedagogia: der o processo de incorporação das concepções pe-
as diferentes interpretações dadas aos princípios teó- dagógicas da Escola Nova nas prescrições para a
ricos; a relativa autonomia das atividades práticas prática docente, de modo a verificar as articulações
ancoradas em esquemas de atuação profissional con- estabelecidas entre a teoria e os procedimentos didá-
solidados; a organização de um discurso consensual ticos.
no qual interferem políticas públicas para a formação
Decorridos já vinte e cinco anos do período de
de professores e objetivos sociais postos para a
discussão e proposição do ideário escolanovista no
escolarização em seus diferentes graus; a adaptação
Brasil, a publicação do referido manual pode ilustrar
dos princípios aos diferentes conteúdos a serem ensi-
os aspectos que se incorporaram ao discurso e à prá-
nados e a criação de dispositivos mediadores para
tica pedagógica trazendo elementos para comentar o
sua efetivação, entre outros aspectos.
processo de inovação e permanências na educação,
A compreensão desse processo de transfor- valendo-se das indicações propostas por Viñao Frago
mação de proposições teóricas em prescrições para (2006) que ressalta a força de tradições já esta-
a prática pedagógica requer fontes de estudo especí- belecidas e a importância dos instrumentos mediado-
ficas e os manuais didáticos produzidos para uso de res criados para a difusão e circulação de idéias, como
professores são documentos pertinentes a essa in- é o caso do livro aqui analisado.
vestigação, pois têm como objetivo influenciar a prá-
Embora dialogando com estudos sobre outros
tica pedagógica por meio da formação escolar e in-
impressos também dedicados à orientação da prática
corporam as discussões conceituais do período de sua
docente, tais como os periódicos educacionais e as
produção a fim de se legitimar no campo pedagógico.
coleções pedagógicas, a presente análise insere-se
Embora as atividades compiladas nos manuais não
devam ser tomadas como efetivamente realizadas, num projeto de pesquisa que prioriza o manual didáti-
sua prescrição é legitimada pelos próprios autores co produzido para uso de professores como fonte
como o registro e a síntese de práticas bem sucedi- documental específica, desenvolvido no Grupo de
das e avalizadas pela experiência docente: os autores Estudos e Pesquisas sobre Cultura e Educação
desse tipo de impresso amparam-se em sua própria (GEPCE) da Faculdade de Ciências e Letras de
experiência de magistério e na ocupação de cargos Araraquara da Universidade Estadual Paulista Júlio
na hierarquia burocrática escolar. Além disso, demons- de Mesquita Filho.
tram familiaridade e domínio da literatura pedagógica
sendo capazes de nela discriminar os aspectos que A produção e circulação da inovação educacional
podem ser transformados em orientações para a prá- Apoiando-se na materialidade do impresso des-
tica, além de conhecerem a legislação educacional e tinado aos professores, Marta Carvalho enuncia a
buscarem alternativas para a introdução de inovações. constituição diferenciada dos saberes pedagógicos no
Ao serem configuradas como manual didático, as pres- início do período republicano e nas décadas de 1920
crições passam a compor um discurso racionalizado e 1930. No período final do século XIX e início do
do que deve ser a prática pedagógica e, portanto, re- século XX o campo pedagógico é concebido como
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arte aplicada, como saber fazer, como prática que se professores, o recorte temático efetuado
apóia na imitação de modelos fornecidos quer pela ob- pela seleção dos títulos que integram a
servação de práticas exemplares quer pela aplicação de coleção subordina-se ao intento de constituir
roteiros de lições, também oferecidos como exemplos. uma cultura pedagógica que sirva de
A autora esclarece que, diferentemente do sentido pejo- fundamento e de critério para o exercício
rativo empregado anos mais tarde pelos críticos, “falar da prática docente. Trata-se de fornecer
aqui em cópia de modelos, é falar em um tipo de ativi- um repertório de informações e de re-
dade que, partindo da observação de práticas de ensi- ferenciais críticos para o professor,
nar, é capaz de extrair analiticamente os princípios que orientando-lhe a leitura como prática
as regem e de aplicá-los inventivamente” (Carvalho, inventiva rebelde à prescrição de modelos.
2001, p. 148, grifos da autora). (...) Nesse campo normativo, o que importa
A síntese das proposições do campo pedagógi- é constituir uma cultura pedagógica,
co assim definido, encontra-se materializada nos mo- compondo-se um repertório de valores e de
delos de exercícios escolares veiculados em diferen- conhecimentos destinados a balizar a prática
tes impressos: nos manuais didáticos, nos programas docente. Para tanto, importa suscitar novos
de estudos que constituem o currículo, na repartição hábitos de leitura no professorado, pro-
do tempo escolar que hierarquiza conhecimentos e pondo-se roteiros de leitura e prescrevendo-
habilidades a serem adquiridas, nos objetivos para a se modos de ler e utilizar o lido. Constituir
formação de professores e na seqüência de atividades coleções de livros especialmente destinados
articuladas de modo a compor um método para ensi- aos professores é estratégia adequada para
nar, atestando sua importante função para a docência. a realização desses objetivos (Carvalho,
2001, p. 154-155, grifos da autora).
A Pedagogia da Escola Nova ou Pedagogia
Progressiva, ao ser disseminada a partir da década Nessa perspectiva, podem ser consideradas as
de 1920, estrutura discursivamente o campo pedagó- diferentes estratégias para a divulgação das novas
gico em outros termos, cuja diferença mais evidente, bases educacionais, que abrangem impressos e no-
porque incide sobre o aspecto mais formalizado, é o vas configurações institucionais tais como, a organi-
não oferecimento de modelos para o ensino, mas da zação da Bibliotheca de Educação por Lourenço Fi-
proposição de fundamentos, pretendendo substituir a lho, publicada pela Companhia Melhoramentos, de
pedagogia como arte pela pedagogia científica: “A 1927 a 1941 (Monarcha, 1997; Carvalho & Toledo,
pedagogia deixa de fornecer cânones para oferecer 2004, 2006, 2007); a coleção Atualidades Pedagógi-
fundamentos” na expressão de Carvalho (2001, p. cas coordenada por Fernando de Azevedo, entre 1931
154). O campo pedagógico passou a ser estruturado e 1946 (Toledo, 2001) e os diferentes periódicos edu-
a partir de um conjunto de informações cujos cacionais (Cunha, 1992; Catani & Bastos, 2002;
referenciais estariam, principalmente, na sociologia, Catani, 2003; Biccas, 2001, 2005; Bastos, 2005; Cam-
na biologia e na psicologia, divulgado por meio de pos, 2005). No plano político-institucional é preciso
coleções bibliográficas disponibilizadas aos professo- considerar a solicitação de Lourenço Filho, em 1930,
res a partir das quais seria possível a derivação para então Diretor da Instrução Pública de São Paulo, para
práticas diferenciadas, voltadas para contextos e cli- que os próprios professores elaborassem os Progra-
entela específicos. Nessa fase, mas de Ensino; as iniciativas de Anísio Teixeira e
O livro único de pedagogia, espécie de Lourenço Filho para a formação de professores no
manual em que se compendia o conjunto Instituto de Educação do Distrito Federal, de 1932 a
dos saberes representados como neces- 1937 (Lopes, 2006; Pinto, 2006; Vidal, 2001), volta-
sários e suficientes ao exercício da prática das para os mesmos objetivos.
docente, tende a ser substituído por coleções Assim, pode-se acompanhar nas décadas de
pedagógicas. Nessas bibliotecas para 1920 e 1930 as diferentes iniciativas, de cunho teóri-
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co e de cunho prático, para divulgação das concep- deverá ele dispor de liberdade” (Lourenço Filho, 1978,
ções da Escola Nova, de modo a caracterizá-las como p. 246); 2) a coordenação de atividades em funções
as inovações necessárias às novas condições políti- que variam segundo a idade ou grau de desenvolvi-
cas e econômicas do país, com uma mudança bas- mento do aluno: “Assim, o interesse ensinará a disci-
tante nítida na estratégia para fazê-las circular e se- plina e o esforço. De qualquer forma, aprender-se-á
rem incorporadas ao cotidiano escolar. O livro per- a fazer fazendo, e a pensar pensando, em situações
manece sendo o grande veículo de divulgação, trata- definidas” (Lourenço Filho, 1978, p. 247); 3) organi-
se de “uma aposta cultural depositada no livro: a de zação da escola como uma pequena comunidade para
promover a reforma da sociedade pela reforma da que a aprendizagem simbólica se dê em situações de
escola” (Carvalho & Toledo, 2004), mas são livros vida social; 4) oferecimento de oportunidade educa-
estruturados em consonância com os novos princípi- cional a todos para garantir seu desenvolvimento.
os educacionais. Inspiradas principalmente nas pro- Resumindo:
posições de John Dewey e Willian Kilpatrick as dire-
Quando bem se examinem os princípios
trizes da educação progressiva vão priorizar o con-
gerais da escola nova, como as condições
texto no qual se desenvolve a escolarização: as expe-
acima referidas, verifica-se que a dimensão
riências do aluno, a sociedade na qual está inserido, o
própria da ação educativa é de ordem social
desenvolvimento da autonomia para a realização de
e cultural. É essa dimensão que enlaça a
trabalhos e atividades, a diversificação de ambientes
instrumentação e a finalidade, reclamando
educacionais, entre outros aspectos. Coerentemente,
uma compreensão de ordem funcional geral,
a bibliografia produzida na educação brasileira vai
como complexo empreendimento da vida
enfatizar, primeiramente, a reflexão sobre a função
coletiva, por ação conjunta, ação política, no
social da educação, seus elementos e determinantes
mais largo sentido desta expressão (Lourenço
já que sua aplicação encontra-se na dependência do
Filho, 1978, p. 249, grifos do autor).
ambiente e das condições dos alunos variando, por-
tanto, as possibilidades de como fazer de acordo com Assim, a estratégia inicial de divulgação das
o contexto. concepções da Escola Nova priorizou o estabeleci-
O livro Introdução ao Estudo da Escola Nova mento das novas bases teóricas, descrevendo algu-
de Lourenço Filho, obra fundamental na estratégia mas iniciativas metodológicas delas decorrentes, sem
de divulgação das novas bases educacionais, apre- prescrever modelos de como ensinar mas asseverando
senta-as como tributárias de um conjunto de conhe- a diversidade de possibilidades já implementadas, dado
cimentos então recentes, provenientes da história, da que a inovação foi concebida primeiramente como
biologia, da psicologia e da sociologia. Descreve ain- mudança de mentalidade e posteriormente como vi-
da a transformação sofrida pelos métodos de ensino sível em novas práticas. Sendo a mudança de menta-
e a elaboração de iniciativas inovadoras tais como os lidades um processo longo, a apropriação das novas
sistemas desenvolvidos por Montessori, Decroly (com concepções se deu, a princípio, pela incorporação
os centros de interesse), os projetos e as unidades de discursiva de elementos próprios da nova concepção
trabalho. No mesmo texto, o autor define a proble- que conviveu com a permanência de antigas práticas
mática originada da relação entre as finalidades da justificadas de modo novo, conforme atestam estu-
educação e sua instrumentação mas, afirma que “o dos baseados em diferentes fontes1.
que caracteriza os sistemas e, assim, a direção da
reflexão filosófica são os pressupostos que ela admi-
ta, para desenvolver seus métodos” (Lourenço Filho, 1
O manual Escola Brasileira, de João Toledo ilustra a afirmação
1978, p.230). Trata-se então, de explicitar os princípi- da incorporação das novas concepções no plano discursivo
aliadas à prescrição de práticas pedagógicas consolidadas; o
os gerais da Escola Progressiva de modo que deles manual Práticas Escolares, de Antonio D’Ávila exemplifica a
possam decorrer as práticas: 1) “o respeito à perso- tentativa de gerar práticas diferenciadas fundamentadas nas
nalidade do educando ou o reconhecimento de que novas concepções.
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Na imprensa periódica os professores também Primária, de Caio de Figueiredo Silva, aqui analisa-
atestam a incorporação do novo léxico pedagógico e, do, documenta uma forma de apropriação do discur-
por meio de relatos de experiências realizadas, pode- so pedagógico dominante, a modelação desse discur-
se perceber a valorização das excursões pedagógi- so em prática pedagógica e, principalmente, os com-
cas (mesmo que seja por meio de “viagens simula- plexos processos de articulação realizados entre con-
das”), a criação do cantinho de ciências e da bibliote- cepções pedagógicas e método de ensino. Permite
ca de classe, o uso de recursos audio-visuais e inova- também comentar sobre os processos de inovação,
ções em temas específicos do conteúdo a ser ensina- permanência e mudança no campo educacional.
do. No entanto, em um artigo publicado em 1952 na
Revista de Educação há um balanço da educação O manual Processologia na Escola Primária
no qual encontram-se críticas ao ensino verbalista e Na ocasião da publicação do livro Proces-
distante das necessidades do aluno e a defesa de um sologia na Escola Primária, seu autor, Caio de
processo que considere as peculiaridades da criança Figueiredo Silva, exercia a função de Inspetor Esco-
e seus interesses e o apoio em realidades concretas lar na cidade de São Carlos-SP, tendo uma inserção
que evidenciem a aplicabilidade do conteúdo desen- razoavelmente expressiva no campo dos impressos
volvido. Aponta-se também a extensão do programa destinados aos professores no período subseqüente.
oficial como empecilho para a introdução de inova- Publicou vários artigos no periódico Revista do Pro-
ções e a necessidade da formação de professores fessor (Silva, 1957a,1957b; Silva, 1958a, 1958b; Sil-
incorporar a evolução operada no mundo da pedago- va, 1959a, 1959b), neles, argumenta em favor da qua-
gia (Pimenta, 1952). lificação docente enfatizando a necessidade de co-
Assim, é possível afirmar que os debates aca- nhecimento sobre a psicologia humana e em especial
lorados presentes na década de 1930 sedimentaram sobre a psicologia da infância, considerada o ponto
algumas diretrizes para o ensino e, nas décadas se- de origem da evolução das teorias educacionais. Afir-
guintes, verificou-se o esforço de professores, mes- ma que os princípios norteadores da prática docente
mo incidindo sobre aspectos pontuais, para trans- são encontrados na psicologia e em sua contribuição
formá-las em práticas pedagógicas. Diferentes fon- para a concepção de infância, que devem constituir-
tes devem ser analisadas para a compreensão do pro- se no principal referencial para a proposição de ativi-
cesso de transição entre as duas concepções: manu- dades a serem desenvolvidas em sala de aula (Silva,
ais de pedagogia, reformas educacionais em diferen- 1957b). Faz também duras críticas aos defensores
tes estados, coleções pedagógicas, periódicos do tradicionalismo da escola pública, já que acredita
especializados e troca de correspondência, conforme que este sistema se transforma numa espécie de “com-
já apontado por Carvalho (2001, 2002). O eixo em petição-luta que expõe o melhor dotado à adoração,
torno do qual se estruturam essas duas concepções ao endeusamento, da mesma forma que os menos
pedagógicas – a pedagogia como arte e a pedagogia capacitados à execração, à humilhação” (Silva, 1958a,
de fundamento científico – é a articulação entre a p. 17). Para o autor, cabe à escola suprir as exigênci-
teoria e a prática, o campo doutrinário da pedagogia as dos alunos com maiores dificuldades, por meio de
e ações para efetivá-la como prática, diferentemente recursos que tornem a matéria mais interessante e
construída em cada uma delas. No entanto, a prática relevante para sua vida. Alinha-se às novas concep-
docente numa sociedade cuja demanda escolar cres- ções, especialmente no que se refere à compreensão
ce muito nos anos subseqüentes, principalmente no do papel do aluno, foco principal do trabalho peda-
estado de São Paulo, problematiza a concepção da gógico que se pretende adequado aos interesses e
Pedagogia da Escola Nova e seu corolário de nega- necessidades específicas da infância. A colaboração
ção de modelos de aulas e lições. de Silva na imprensa periódica, bem como a produ-
Publicado no ano de 1956, quando as disputas ção do manual didático, evidenciam coerência com o
entre as duas concepções já perderam força e apo- que entende ser a função do Inspetor Escolar:
geu, o manual didático Processologia na Escola minimizar a atividade fiscalizadora, transformando-
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se num profissional que apóia o trabalho do mestre; O livro abrange o conteúdo a ser desenvolvi-
contribuir para a melhoria dos métodos pedagógicos do, da 1ª à 4ª série do ensino primário, apresentado
e do próprio educador; realizar a investigação prática numa ordem hierárquica de importância, mesma lógi-
dos programas e suas falhas; propor reuniões peda- ca que o mestre deve usar para o ensino. O texto é
gógicas e a criação de centros de estudo sistemáti- organizado em três capítulos: o primeiro é dedicado à
cos (Silva, 1958b). Leitura (101 páginas), o segundo ao Cálculo (106
O manual didático Processologia na Escola páginas) e o terceiro à Linguagem, Geometria, Cali-
Primária, está presente no corpus documental exa- grafia, Desenho, História Pátria, Geografia, Material
minado por Vivian Batista da Silva (2001) composto Didático, Ginástica e Trabalhos Manuais (127 pági-
por livros escritos para a Escola Normal que apre- nas). A ordenação do conteúdo está também dividida
sentem “saberes tidos como ‘essenciais’ a respeito em séries e, algumas vezes, até mesmo distribuída
de educação e ensino, visando orientar a prática pe- nos meses do ano. O conteúdo é apresentado aliado
dagógica dos professores” (p. 31). O exemplar aqui a forma para ensiná-lo, com roteiros de aulas com-
analisado se peculiariza nesse conjunto pela exposi- pletos que incluem a preparação, o desenvolvimento
ção de noções práticas acerca do fazer docente, des- na sala de aula e as atividades para serem realizadas
crevendo minuciosamente métodos apropriados para pelos alunos. A participação do aluno na aprendiza-
desenvolvê-lo e apoiando-se em idéias que se gem é enfatizada com a proposição de diferentes
autodenominam inovadoras. Na designação esta- materiais e de exercícios que valorizam a compreen-
belecida por Choppin (2004) esse tipo de livro esco- são do conteúdo trabalhado, ressaltando-se a neces-
lar exerce as funções referencial (explicita ou inter- sidade de estimulá-lo para as atividades propostas.
preta programas de ensino e seleções culturais), ins-
Enquanto documento de época, o manual per-
trumental (propõe métodos de ensino, exercícios e
mite a compreensão, no plano das prescrições, dos
atividades) e ideológica (atua como instrumento de
mecanismos implícitos ao processo de produção e
construção de identidades e aculturação).
circulação das idéias pedagógicas, bem como o po-
Caio de Figueiredo Silva, assim como a maio- der discursivo que exercem enquanto normalizadores
ria de escritores desse tipo de impresso (Bittencourt, de práticas docentes. No mesmo texto estão presen-
2004) qualifica-se como autor a partir do exercício
tes o campo, os objetos e os objetivos da intervenção
da profissão, da experiência no magistério e no cargo
escolar, desdobrados em procedimentos prescritos
de inspeção escolar. O crivo da experiência é
para alunos e professores, articulados de um modo
explicitado na justificativa para a elaboração do ma-
específico. Não há capítulo dedicado especialmente
nual, nos exemplos de atividades transcritas e, obvia-
aos fundamentos ou doutrinas pedagógicas; na intro-
mente no conhecimento do autor sobre elas. Embora
integre uma tipologia de impressos pedagógicos es- dução de cada um dos conteúdos apresenta-se a jus-
critos por profissionais da educação, esse exemplar tificativa para sua presença no currículo da escola
difere de outros similares quanto ao leitor visado. A primária e afirma-se a necessidade de fazer uso do
maioria dos manuais didáticos publicados no período interesse lúdico da criança, da “mesa de leitura” na
em questão foi elaborada para uso em disciplinas es- sala de aula, do “cantinho de novidades” e do recurso
pecíficas do Curso Normal, tais como, Pedagogia às dramatizações. É possível observar a tentativa de
Geral, Didática e Prática de Ensino, o que não impe- propor atividades que reforçam e incentivam a auto-
de seu uso também por profissionais já formados. nomia do aluno e a prescrição metódica e minuciosa
Processologia na Escola Primária, no entanto, é do trabalho docente, planejado passo a passo e cuja
escrito especificamente para uso de professores em variabilidade já se encontra sugerida. Parece haver
exercício pois não está vinculado a uma disciplina mas, consenso quanto aos fundamentos educacionais sen-
ao currículo a ser desenvolvido na escola primária, do desnecessário explicitá-los bastando apenas
em conformidade com as prescrições oficiais. mencioná-los como regras gerais.
Valdemarin, V. T. & Campos, D. G. S. (2007). Concepções didáticas e Método de Ensino 349

Quanto à importância da leitura, o autor ção das advertências. Ao indicar a necessidade de di-
afirma que: álogos sobre o texto lido, o autor sugere uma lista de
perguntas a serem feitas pelo professor – tratam-se
Saber ler, adquirir o hábito de ler ou o desejo
de 99 perguntas sugeridas para um texto de 16 linhas.
de abrir um volume, um jornal, revista, ou
qualquer papel em que algo possa haver de Esse Manual caracteriza-se, entre outros ele-
interessante ou instrutivo deve ser, portanto, mentos, pela grande quantidade de atividades que
das maiores preocupações da escola sugere ao professor para desenvolver em sala de aula.
elementar, mesmo quando essa escola se Ao finalizar o capítulo sobre o ensino da leitura estão
desviou do meio-termo sempre mais listadas pelo menos 40 atividades que abrangem veri-
aconselhável, descambando para um ficação de dificuldades presentes na aprendizagem,
exagerado utilitarismo que só admita se fixação do que foi aprendido, implementação da rapi-
ensine aquilo de que a criança necessite em dez na leitura, análise de textos, organização (em gru-
sua futura vida prática (Silva, 1956, p. 13). pos) do jornal da classe, da mesa de leitura, de festas
literárias, entre outras. Dado o grande volume de ati-
Nessa matéria, recomendando a obra Como vidades sugeridas, fica implícita a possibilidade de
se ensina a leitura, da autoria de Wary Pennell e escolha do professor, mediante suas necessidades e
Alice Cusack, está prescrito até mesmo o tempo des- as da classe.
tinado à motivação dos alunos (cerca de 3 minutos), A adesão às idéias escolanovistas pode ser
uma série extensa de perguntas a serem feitas, a pres- percebida nas atividades propostas: as prescrições
crição do uso de gravuras, objetos, poemas e excur- apresentadas evidenciam a tentativa de fazer com
sões. Aponta a necessidade do professor saber ava- que a criança domine o processo de leitura compre-
liar as dificuldades gerais do aluno, sugerindo o modo ensiva (ler é penetrar no pensamento oculto repre-
de fazê-lo. Esse processo pressupõe que seja anali- sentado pelos símbolos gráficos e a formação de bons
sada antecipadamente a extensão do trecho a ler, o hábitos de leitura) de modo a driblar a mecanização e
interesse provocado pela lição e o adiantamento da a memorização; recomenda a abolição da leitura em
classe. Os bons hábitos de leitura devem ser modela- coro e de sua repetição. A leitura deve permitir expe-
dos com observação constante sobre a colocação do rimentar novas sensações e deve-se respeitar a de-
livro na mesa mantendo determinada distância dos nominada “lei do interesse” para a formação do hábi-
olhos, o modo correto de folhear, o emprego e as fi- to, o que ocorrerá na medida em que forem escolhi-
nalidades das diversas partes do livro (índice, voca- dos temas relacionados ao universo infantil, desenca-
bulário, títulos, capítulos, etc.) e dos recursos auxilia- deando a motivação no decorrer das lições, as quais
res (vocabulários ortográficos ou dicionários), a cor- devem ser mediadas por uma seqüência de questões
reta posição do corpo para leitura e a necessidade de que prevêem a participação ativa da turma. Espera-
concentração. se assim, desenvolver a formação do hábito de leitu-
Nessas prescrições a perspectiva racio- ra e do hábito de julgar, por ângulos variados, o mate-
nalizadora acerca do fazer docente se manifesta nos rial que é lido, bem como a capacidade de leitura oral
mínimos detalhes, orientando e formatando o traba- e silenciosa e de escolher o que se deseja ler.
lho com vistas à máxima eficiência das situações pro- Atendendo às peculiaridades de aprendizagem
postas, as quais terão êxito mediante a consecução do aluno, o autor credita à etapa inicial das aulas uma
de determinadas condições. Neste sentido, o autor grande importância dado que seu objetivo é desper-
chega listar as condições ideais para as quais o pro- tar-lhe o interesse. Assim, a preparação para a leitu-
fessor deve atentar com vistas à formação do leitor. ra deve funcionar como um “trailer” cinematográfi-
Na etapa da leitura silenciosa (que tem um tem- co, apresentando algumas cenas que permitam for-
po estipulado de execução de 1 a 4 minutos), o pro- mar uma idéia sobre o todo, aprendido por meio de
fessor deverá andar pela sala verificando a execu- leitura silenciosa e depois, de resposta às questões
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formuladas pelo professor. A última etapa do proces- sa ser memorizada dada sua imprescindibilidade para
so de leitura abrange leitura oral, o aproveitamento o ensino desse conteúdo. No entanto, essa caracte-
em aula de outra matéria, dramatização, ilustração e rística pode ser minimizada com a prática sistemática
elaboração de trabalho escrito sobre a lição. Nelas, é das tabuadas por meio de jogos e competições, evi-
possível verificar também a tentativa de incentivar o tando-se o denominado “complexo de inferioridade
exercício da autonomia do aluno, criando jornais de matemática” (Silva, 1956, p. 205) que consiste na
classes, organizando festas literárias e realização de incapacitação e inibição frente a um problema que
trabalhos em grupo. Essas atividades são justificadas exige o conhecimento prévio da tabuada ainda não
sempre como adequadas para despertar e manter o automatizado. Condena a mecanização do ensino de
interesse, bem como para a avaliação da aplicabilidade cálculo e enfatiza o processo que privilegia o desen-
do que foi aprendido com a escolha de temas presen- volvimento do pensamento lógico-matemático, expon-
tes no cotidiano escolar. do algumas diretrizes que visam evitar que o raciocí-
O ensino do cálculo está associado a um forte nio seja substituído pelo hábito de resolver situações
apelo aos recursos ilustrativos devido à crença de que matemáticas baseadas em questões de padrão está-
possibilitariam compreensão do assunto proposto. Essa tico ou perguntas que induzam a resposta, sem a pre-
característica, também pode ser observada numa sé- ocupação com a compreensão da situação proposta.
rie organizada por Caio de Figueiredo Silva, intitulada Afirma ainda que a aritmética realmente empregada
Nossa Vendinha2, editada no ano de 1950. Nesse na vida é bem mais simples que aquela ensinada na
conteúdo, a vinculação do conhecimento com a vida escola, sugerindo a supressão de uma boa parcela do
explicita-se muito claramente, embora ele seja justifi- que consta nos Programas Oficiais.
cado também pelo desenvolvimento da capacidade A expressão, intimamente ligada à linguagem,
de raciocinar, incrementar a memória e a exatidão. O depende do meio em que vive a criança e por isso, a
início da aprendizagem se dará com objetos e, poste- redação e a ortografia são recursos indispensáveis
riormente, serão utilizadas a escrita e a oralidade. A na formação escolar. O ensino da linguagem nas pri-
tentativa de evitar a mecanização e a memorização meiras séries tem como objetivo o domínio da ex-
se dá com a realização de inúmeros cálculos (das pressão, a clareza e a simplicidade e por isso deve
operações elementares) para resolução oral. Após a iniciar-se oralmente com diálogos sobre o cotidiano,
aprendizagem das operações, podem ser resolvidos valendo-se de jogos e brincadeiras que garantam a
os problemas cujo enunciado exige compreensão ade- motivação. A aprendizagem da linguagem escrita co-
quada e para tanto, o professor pode valer-se de ilus- meça com a cópia de palavras, a partir das quais são
trações de modo que o aluno, fazendo a operação destacadas as sílabas, combinações, inserções em
inversa, formule o problema a ser resolvido. No ensi- frases, etc. Nessa etapa é indicada a confecção do
no da tabuada não há indícios de inovação: ela preci- “Dicionário do aluno” (caderno no qual lança as pa-
lavras novas). As cópias são recurso necessário, mas
devem ser alternadas com formação de sentenças,
2
A série, apresentada como uma espécie de caderno para o organização de seqüências, composição e reprodu-
aluno, contém exercícios organizados a partir de uma ilustração ção de historietas, redação de bilhetes e pequenas
no início da página, da qual são extraídas situações matemáticas. cartas e ditados. Nas séries mais avançadas o pro-
Os cadernos são divididos por série, sendo um por semestre,
fessor pode propor que os próprios alunos elejam a
com exceção do 1o ano, organizado num único caderno. A capa
da série contém uma ilustração que mostra crianças em situações melhor narração entre aquelas realizadas pela clas-
de uso cotidiano da matemática num estabelecimento comercial se. As atividades de linguagem devem ser iniciadas
(vendinha), com moedas nas mãos que, possivelmente, seriam sempre pela oralidade, numa conversa sobre deter-
entregues ao senhor que pesa algo que será adquirido pelo casal minada gravura, sintetizada depois em um sumário
de crianças. Também constam na capa a data de publicação
(18/05/1950) e número da patente da série (8291), publicada
na lousa que possibilita a organização das idéias. Ao
pela Editora do Brasil, além de espaço para anotar as seguintes final desse processo, chega-se à expressão escrita
informações: estabelecimento, aluno, professor, classe. no caderno, sobre a qual o aluno deve exercer
Valdemarin, V. T. & Campos, D. G. S. (2007). Concepções didáticas e Método de Ensino 351

autocrítica, relendo cuidadosamente o que escreveu possibilidades de uso para expressão das idéias e ilus-
e corrigindo os erros encontrados (exercício feito com tração de situações que permeiam todos os conteúdos.
bastante freqüência). O ensino da História Pátria, além de estimular
Nesta perspectiva, o aluno deve tornar-se res- a admiração pelos nossos feitos e o orgulho pelos
ponsável pela melhoria de seu aprendizado, desen- nossos ancestrais, não deve se ater à memorização
volvendo autocrítica em relação a sua produção. Esse de datas e nomes. Criticando o uso de cadernos im-
processo se dá principalmente por meio do hábito de pressos, o autor propõe que o aluno organize seu pró-
reler suas atividades com o intuito de diminuir a inci- prio texto a partir de um sumário proposto pelo pro-
dência de erros, exercendo assim papel ativo no pro- fessor no quadro-negro no decorrer da exposição,
cesso de correção. Dado que todas as atividades de- ponto de partida para a explanação sobre o tema. Em
vem ser planejadas levando em conta as especifici- casa, esse sumário será transformado pelo aluno num
dades infantis, o autor sugere motivá-las com o uso texto a ser apresentado à classe na aula subseqüen-
de jogos e situações que garantam prazer em sua re- te, possibilitando a correção da produção.
alização. No que se refere às correções, indica-se No que se refere ao ensino da Geografia, re-
uma série de possibilidades didáticas visando evitar comenda evitar a lista de pontos a serem memoriza-
que as incidências de erros possam se transformar dos e o retorno a sua função de conhecer os hábitos
em algo frustrante e desmotivador. Orienta ainda para e costumes dos diferentes povos, favorecendo a real
que se dê aos erros uma conotação natural e que a aproximação entre os homens. Para esse objetivo
correção não abale psicologicamente a criança. contribuirão diversos materiais como filmes, mapas,
No que se refere ao ensino da Geometria, o excursões, atlas, globo, revistas ilustradas, tabuleiro
autor critica a extensão do conteúdo proposto no Pro- de areia para o estudo do relevo, caderno de recor-
grama Oficial e propõe que o professor se atenha às tes, entre outros. O autor considera esse conteúdo o
noções práticas e utilitárias, apresentadas de forma mais adequado ao uso dos testes para a verificação
interessante à criança, privilegiando as noções de da aprendizagem, pois permite recorrer às analogias,
superfície e volume, os sólidos, as figuras geométri- à complementação de frases e às múltiplas escolhas.
cas e sua aplicação nos desenhos decorativos. Inici- Compondo o currículo escolar há ainda a Gi-
ando com argila, massa plástica, cartolina e papel nástica que, além de exercícios físicos, agrega brin-
serão modeladas as formas geométricas e depois cadeiras, preceitos de higiene e avaliação física do
objetos que tenham tais formas e que possam resul- aluno. O ensino de Trabalhos Manuais propicia o uso
tar em usos lúdicos e recreativos. da imaginação fértil das crianças e maiores recursos
de expressão, uma vez que não pode haver escola
No ensino da Caligrafia, guiado pelo livro de
ativa sem atividade manual.
Orminda Marques A escrita na escola primária,
referendado por Lourenço Filho, recomenda que o Assim, é possível perceber nas atividades pres-
critas para o aluno a incorporação do ideário
treinamento do processo muscular se dê com movi-
escolanovista por meio da prescrição de atividades
mentos sem aplicação em palavras e à lápis e nos
que valorizam a autonomia do aluno, sua participação
anos finais executam-se os mesmos movimentos com
ativa no processo de conhecimento, o recurso aos
maior exigência de rapidez e forma e escritos à tinta. aspectos lúdicos e construtivos. Alguns conteúdos são
Para afastar o tédio e a repetição mecanizada podem mais permeáveis a esses objetivos, tais como, língua
ser utilizados desenhos e cantos. Ao aprendizado da portuguesa e história pátria para as quais são sugeridas
caligrafia, grosso modo entendido como um processo atividades de pesquisa, criação de textos com discus-
meramente mecânico, o autor atribui uma importante sões coletivas; em outros, a transição para a nova
função relacionada à formação de hábitos indispen- concepção de aprendizagem restringe-se a ativida-
sáveis para todas as atividades que compõem o cur- des ligadas ao cotidiano do aluno, como cálculo e ge-
rículo escolar. O ensino do desenho também é valori- ometria que incorporam problemas com transações
zado pelo prazer que proporciona à criança e pelas financeiras e medidas de áreas familiares às crianças.
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O mesmo não se pode dizer quanto às orienta- ser corrigidos com caneta vermelha e copiados vári-
ções para o professor presentes no manual: elas não as vezes pelos alunos.
evidenciam incentivo à autonomia na prática docente Prescreve que em todas as aulas, antes de ini-
nem demonstram confiança na capacidade do pro- ciar os exercícios de linguagem, deve-se fazer com
fessor para elaborar atividades. O ensino do cálculo, que a classe permaneça de dois a três minutos num
por exemplo, é apresentado de modo bastante deta- trabalho mental, ficando de mãos abertas ao lado do
lhado descrevendo sua marcha, o que deve ser posto rosto, evitando distrações da vista, deixando, portan-
no quadro-negro, o que deve ser apenas explicado e to, o lápis ou caneta sobre a carteira. E que após o
o que deve constar no caderno do aluno. Estão des- término do trabalho, o professor deveria ainda desti-
critas a divisão do conteúdo na seqüência anual das nar de dois a três minutos para o exercício de auto-
aulas e quais itens do programa devem ser precedi- correção, pedindo que cada aluno encontre pelo me-
dos de revisões. Os roteiros de aula contêm sugestão nos um erro em seu exercício. Salienta que a avalia-
de material de apoio, exemplos para serem utilizados ção de tais preceitos só pode ser feita após sua apli-
durante a explanação, a quantidade de exercícios di- cação por um longo período de tempo, evitando-se
ários, a variação de atividades para sedimentar o co- assim a prática de abandonar inovações “por não
nhecimento (no ensino do cálculo 35 páginas são apresentarem bons resultados de imediato” (Silva,
dedicadas à sugestão de exercícios para aprimora- 1956, p. 282).
mento das quatro operações). Ancorado na observa-
Para o ensino da geometria, ilustra deta-
ção dos erros mais freqüentes na processologia do
lhadamente todas as atividades, orientando o profes-
Cálculo, o autor adianta-se a eles descrevendo sua
sor na construção de sólidos que serão transforma-
ocorrência e possibilidades de superá-los.
dos em objetos, com o auxílio de pintura e colagens.
A exposição do conteúdo a ser ensinado e do Os exercícios prescritos para o início do ensi-
método para fazê-lo não impede a afirmação que o no da caligrafia devem ter sempre a escrita do pro-
resultado positivo ou negativo depende da habilidade fessor como modelo e a ele cabe observar a correta
do professor na sua execução. Ao apresentar algo posição do caderno, do ante-braço e das mãos. Va-
que considera inovador, descreve também o que não lendo-se do canto e dos compassos musicais para a
seria recomendável, embora seja prática encontrada aquisição do ritmo e harmonia, a marcha dos exercí-
nas escolas, fornecendo material para o professor cios inicia-se no ar, passando para a lousa e, posteri-
avaliar seu desempenho ou, melhor ainda, chegar ao ormente para o caderno.
“eu fazia assim e agora faço assim”. No entanto, res-
Silva (1956) afirma que muitos professores, por
ponsabiliza os dirigentes do ensino pelo fato de os
não terem facilidade para desenhar (habilidade que
professores ainda não terem incorporado práticas não é desenvolvida nos cursos de formação) não sa-
condizentes com os novos fundamentos pedagógicos. bem dar a esta disciplina o valor que merece, isto é,
São indicados todos os procedimentos para a considerá-la um tipo de atividade mental que permite
correção dos erros, embora ela “deva ser comedida, dar forma às experiências visuais.
a fim de que não se exija da criança inexperiente aquilo Quanto ao ensino de ginástica, afirma que os
que ainda não seja capaz” (Silva, 1956, p. 266). No professores poderão ser preparados em clubes de
caderno do aluno deverão ser assinalados erros que Educação Física ou por especialistas da área mas, ao
representem perigo de transformarem-se em hábitos lado das prescrições higiênicas (local, uniforme, tem-
(troca de letras, por exemplo). Para evitá-los, o pro- peratura), o autor descreve 50 tipos de jogos e inú-
fessor deverá apagar o erro e escrever corretamente meros movimentos a serem trabalhados nas aulas.
repetindo a palavra na margem do caderno; erros
provocados por falta de atenção deverão ser apenas A difícil articulação entre inovação e tradição
apontados e corrigidos pelo próprio aluno; erros mais No que se refere à prática prescrita, o texto do
graves e de difícil percepção pela criança, deverão manual busca inserir-se no campo dos saberes peda-
Valdemarin, V. T. & Campos, D. G. S. (2007). Concepções didáticas e Método de Ensino 353

gógicos por meio da elaboração de discurso que se segundos contendo orientações gerais. Na refor-
justifica como veículo de uma nova proposta para o mulação dos programas ocorrida em 1949-1950 “pre-
ensino das diversas disciplinas que compõem o currí- valeceu a orientação analítica, revelando a preferên-
culo. Como recurso de legitimidade, o autor vincula- cia da equipe responsável pela prescrição detalhada
se ao discurso do novo, em oposição à prática vigen- dos procedimentos de ensino” (Souza, 2006, p. 151).
te. Enquanto literatura pedagógica justifica diferenci- Nesta perspectiva, pode-se entender o esforço de Caio
ar-se da “feição teórica” da grande maioria de obras de Figueiredo Silva na descrição pormenorizada do
direcionadas ao exercício docente, afirmando que o processo de ensino a ser observado em todos os con-
diferencial de seu texto é o “cunho utilitário, que de- teúdos, coerentes com as orientações oficiais
veria caracterizar toda obra destinada ao professor paulistas, embora faça críticas ao seu caráter enci-
de primeiras letras” (Silva, 1956, p. 9). clopédico. Não pode ser minimizada também a posi-
Assim, esse impresso materializa uma forma ção do autor na hierarquia escolar: as sugestões apre-
de apropriação da teoria pedagógica que se eviden- sentadas adquirem o peso de orientações legais.
cia na articulação com a prática docente prescrita. O predomínio do discurso normativo dos pro-
As diretrizes gerais são incorporadas ao discurso gramas oficiais justifica a produção de uma literatura
justificador das atividades propostas e dos conteúdos que ordene de modo seriado os conteúdos escolares,
selecionados mas já com a feição de slogans. É pos- além de dar a eles uma conotação prática. O texto do
sível também perceber o esforço para incorporar as manual didático Processologia na escola primária,
mesmas diretrizes às atividades a serem realizadas desde o título se enquadra nesta perspectiva e a ado-
pelos alunos criando situações para valorizar a auto- ção da obra nos cursos de formação profissional atesta
nomia na aquisição do conhecimento e o vínculo com a receptividade deste estilo de publicação que ofere-
as necessidades presentes na vida cotidiana. ce respaldo prático para o professor baseado em prá-
As proposições põem em evidência o aluno, ticas bem sucedidas.
tornando-o centro do processo e ganham força de O texto ilustra também a complexa articula-
legitimidade por incorporarem ao discurso sínteses ção sempre presente quando se trata de harmonizar
simplificadas de teoria pedagógica complexa. Desse concepções teóricas e procedimentos didáticos, onde
modo, ainda que a teoria da Escola Nova não seja intervêm inúmeros fatores presentes no campo pe-
fielmente traduzida, o impresso passa a se apresen- dagógico. As atividades propostas para os alunos in-
tar como veículo da renovação, na medida em que centivam a autonomia na aprendizagem, a auto-ava-
organiza um conjunto de idéias que visam disseminar liação e a significação do conhecimento. O mesmo
um capital de crenças que incorporadas constituirão não se pode dizer sobre a concepção do trabalho do-
o que Bourdieu (1992) nomeia “habitus de classe”. cente subjacente às prescrições do manual. Mais do
Pode-se dizer ainda que a publicação do ma- que modelos de aula e de atividades, o texto apresen-
nual corresponde a uma tentativa de responder às ta um programa escolar pronto para ser executado.
necessidades expressas nos programas oficiais, pois Prescreve-se o conteúdo a ser ensinado, a forma de
prescreve métodos que visam tornar ensináveis os fazê-lo, as variações de exercícios, antecipam-se as
conteúdos previstos. dificuldades e propõem-se soluções para elas. Não
Souza (2006) descreve as dificuldades enfren- há espaço nem incentivo para a autonomia do pro-
tadas pelos educadores no estado de São Paulo para fessor ou para a auto-avaliação.
conciliar os preceitos escolanovistas, em termos de Focalizando o olhar no processo de transposi-
prescrições curriculares, com o controle da atividade ção didática, relacionando os princípios sobre o co-
pedagógica. Num processo que vai de 1930 a 1950, nhecimento em geral e as prescrições metodológicas
as posições oficiais alternam-se entre programas ana- para o ensino, pode-se perceber o papel desempe-
líticos e sintéticos, isto é, os primeiros com descri- nhado pelos manuais na formação de tipos específi-
ções minuciosas do que deveria ser ensinado e os cos de raciocínio de professores e alunos. Os mode-
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los de aulas e de atividades dirigem-se aos professo- contato com os postulados escolanovistas,
res, exemplificando o raciocínio adequado para a ati- não possuem capacitação prática para
vidade docente. exercitar esses conhecimentos; além disso,
A análise do corpo dos manuais, de sua parte não encontram, na escola pública, uma
mais substancial, permite, além de verificar, visualizar estrutura que permita a efetivação dos ideais
a seleção cultural ali levada a efeito. Trata-se de um renovadores (Cunha, 1992, p. 220)
recorte da cultura estabelecido a partir da legislação
Pode-se arriscar uma interpretação com a hi-
em vigor, por meio da qual constitui-se uma
pótese que, valendo-se de sua posição de inspetor
reinterpretação configurada num currículo, por sua
escolar, Caio de Figueiredo Silva faz uso do impresso
vez, desdobrado em programas de ensino de cada
para impor a inovação nos métodos de ensino. A for-
um dos conteúdos. Dito de outro modo, a prescrição
ma do manual, no entanto, denuncia o peso que a
metodológica nos manuais é exercitada sobre um
tradição pedagógica de prescrição rígida e detalhada
conteúdo a ser ensinado, dividido em disciplinas es-
tem na concepção de formação de professores.
colares que, juntas, compõem o currículo escolar. Essa
configuração da cultura permite analisar o processo Esses exemplos extraídos do manual em aná-
de introdução, transformação e permanência dos con- lise permitem afirmar que a influência da pedagogia
teúdos e disciplinas, bem como sua valorização em renovada se dá principalmente no plano discursivo,
determinado contexto histórico. Estamos assim dian- com a incorporação de idéias simplificadas de suas
te de um conteúdo que, valendo-se de inúmeras for- proposições. No que se refere às práticas, há a in-
mas e dispositivos de inculcação e repetição, garante corporação de algumas inovações em termos de ati-
sua continuidade legitimando a criação de comunida- vidades, mas mantém-se a estrutura formal das au-
des, de sistemas de valores, de padrões de comporta- las divididas em lições, nitidamente estruturadas de
mento e de mecanismos de diferenciação social atra- modo a compor o programa de ensino determinado
vés da constituição do hábito culto, que diferencia os oficialmente.
participantes do sistema educacional (Bourdieu, 1992). Se os programas escolares são sempre lem-
A exposição do conteúdo e da metodologia apresen- brados como impedimento para a inovação pedagó-
tada nos manuais possibilita avaliar de quantos me- gica, conforme também apontado por Souza (2006),
canismos se vale a instituição escolar para proceder deve-se considerar também que, ao explicitarem a
a inculcação de valores e padrões de comportamen- pretensão de operar uma mudança de mentalidade
to, num processo bem mais complexo do que quando no professorado brasileiro, os divulgadores da Escola
avaliado apenas na perspectiva da ideologia de uma Nova no Brasil explicitaram um projeto de longa du-
classe social. ração, característica dos processos da esfera cultu-
É preciso considerar, no entanto, que a produ- ral. E embora tenham colocado em segundo plano a
ção desse tipo de impresso atende a uma demanda conformação das práticas são elas as responsáveis
do próprio sistema educacional. A análise de periódi- por dar significação aos elementos conceituais. Ao
cos educacionais realizada por Cunha (1992) eviden- ensaiar e crivar as inovações pela experiência, está
cia as diferentes fases e ênfases na difusão do ideário em construção um processo seletivo da teoria que
escolanovista no Brasil e constata que: conforma as apropriações e os manuais didáticos,
atingindo um grande público durante um longo perío-
Apesar de todo o esforço desenvolvido do de tempo cujas sucessivas edições têm papel
desde as primeiras décadas do século, em determinante nesse projeto cultural.
fins dos anos cinqüenta se percebe que o
ensino tradicional ainda persiste, com o Referências
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