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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto História
Programa de Pós-graduação em História Comparada

Anais do XI Simpósio de História Comparada

Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ
INSTITUTO DE HISTÓRIA – IH
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA COMPARADA – PPGHC

Coordenação do Programa de Pós-graduação em História Comparada:


Leila Rodrigues da Silva (coordenadora)
Flávio dos Santos Gomes (substituto eventual)
Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva
Regina Maria da Cunha Bustamante
Victor Andrade de Melo

Comissão Organizadora do XI Simpósio de História Comparada:


Cristina Buarque de Hollanda
Ivo José de Aquino Coser

Comissão de Apoio:
Elvis Batista de Souza
Guilherme Marinho Nunes

Edição dos Anais do XI Simpósio de História Comparada


Cristina Buarque de Hollanda
Juliana Salgado Raffaeli

Copyright © by
Cristina Buarque de Hollanda
Juliana Salgado Raffaeli (org.).

Direitos desta edição reservados ao


Programa de Pós-graduação em História Comparada (PPGHC)
Instituto de História (IH)
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Largo São Francisco de Paula, 1 - sala 311. Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20051-070
Telefax: 21 2221-4049 | Fax: 21 2221-1470
E-mail: ppghc@historia.ufrj.br | website: http://www.hcomparada.historia.ufrj.br

Edição:
Carlos Alexandre Venancio /Gráfica Regente

HOLLANDA, Cristina Buarque; RAFFAELI, Juliana Salgado (Org.).

Anais do XI Simpósio de História Comparada/ Cristina Buarque de Hollanda e Julia-


na Salgado Raffaeli (organizadores). Rio de Janeiro: PPGHC, 2014.

305p.

ISBN: 978-85-62394-01-0

1. História Comparada 2. Programa de Pós-graduação em História Comparada 3.


Instituto de História. I. Título.

Anais do XI Simpósio de História Comparada - 2014 3


Relações entre corpo e alma na Idade Média: um debate historiográico

Bruno Uchoa Borgongino


Orientadora: Leila Rodrigues da Silva

Resumo: Desde a década de 1970, o debate historiográico a respeito das relações entre
corpo e alma na Idade Média se intensiicou, contando, atualmente, com publicações desti-
nadas tanto ao público leigo quanto ao especializado. O objetivo deste trabalho é apresentar
essa discussão, considerando a produção a partir de três eixos: a História da Filosoia, a
História da Sexualidade, a História do Corpo.

Palavras-chave: Corpo, alma, historiograia.

A presente comunicação tem como objetivo apresentar o debate historiográico a


respeito das relações entre corpo e alma no período medieval – tema pertinente ao projeto
de doutorado que desenvolvo. Para empreender tal exposição, considerarei a produção es-
pecializada sobre o assunto em três campos: a História da Filosoia, a História da Sexuali-
dade, a História do Corpo.
Medievistas que debatem a respeito da História da Filosoia frequentemente abor-
dam o tema das interações entre as esferas corporal e espiritual no pensamento cristão. O
enfoque geralmente é no estatuto da pessoa e da alma humana. Pode-se citar, como exem-
plo, os trabalhos de Pierre Courcelle,1 Ilario Tolomio,2 Gerard O´Daly,3 Jonathan Barnes4
e Étienne Gilson.5 As ponderações dos ilósofos, ainda que atendam mais às demandas da
Filosoia do que às da História, contribuem para a compreensão das proposições medievais
concernentes às potencialidades da alma e sua ancoragem no corpo durante a vida terrena.

1 COURCELLE, p. Tradition platonicienne et traditions chrétiennes du corps-prison. Comptes-rendus des séances de


l´Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, Paris, v. 109, n. 2, p. 341-343, 1965. p. 341-342
2 TOLOMIO, I. “Corpus carcer” nell´Alto Medioevo: metamorfosi di um concetto. In: CASAGRANDE, C.; VECCHIO,
S (eds.). Anima e corpo nella cultura medievale. Firenze: Sismel edizioni dell Galluzzo, 1999. p. 3-19.
3 O´DALLY, Gerard. Augustine´s Philosophy of Mind. Berkeley, Los Angeles: University of California, 1987.
4 BARNES, Jonahan. Anima Christiana. In: FREDE, Dorothea; REIS, Burkhard (eds.). Body and soul in ancient phi-
losophy. Berlin, New York: Walter de Gruyter, 2009. p. 447-464.
5 GILSON, Étienne. A antropologia cristã. In: ___. O espírito da Filosofia Medieval. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
p. 229-252.

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A História da Sexualidade consiste num campo que emergiu e se consolidou no
decorrer das décadas de 1970 e 1980. No âmbito dos estudos medievais, surgiram diversas
análises sobre o tema como as de Foucault,1 de Salisbury,2 de Brown,3 de Aline Rouselle4 e
de Le Goff.5 Nesses trabalhos, as questões abordadas eram as mesmas: as associações entre
pecado e práticas sexuais e a renúncia aos prazeres carnais.
Ainda que desempenhasse um papel secundário, as especiicidades do corpo no me-
dievo foram consideradas nesses trabalhos, então, tiveram como mérito a inscrição do corpo
como objeto de estudo historiográico. Os apontamentos a respeito dos temas da tirania da
concupiscência sobre a carne e dos riscos espirituais do intercurso sexual propiciaram uma
ampliação do conhecimento a respeito da interação entre as esferas física e espiritual do
homem na perspectiva medieval.
No im da década de 1980, surgiram os primeiros trabalhos que, privilegiando uma
compreensão mais ampla do fenômeno da corporeidade, problematizaram outros aspectos
que não tangenciavam o âmbito da sexualidade – o que, obviamente, não levou ao aban-
dono do tema.6 A História do Corpo, emergida na década de 1970, consolidou-se com tal
ampliação. No âmbito dos estudos medievais, foi a partir desse momento que proliferaram

1 FOUCAULT, M. O Combate da Castidade. In: ARIÈS, Philippe; BÉJIN, André (Org.). Sexualidades Ocidentais. São
Paulo: Brasiliense, 1985. p. 25-38.
2 SALISBURY, J. E. The Latin doctors of the Church on sexuality. Journal of Medieval History, Amsterdam, n. 12, p.
279-289, 1986; Idem. Pais da Igreja, virgens independentes. São Paulo: Página Aberta, 1995.
3 BROWN, p. Corpo e sociedade. O homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1990.
4 ROUSELLE, A. Pornéia. Sexualidade e amor no mundo antigo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
5 LE GOFF, J. A recusa do prazer. In: Amor e sexualidade no Ocidente. Porto Alegre: LP&M, 1992. p. 150-163.
6 O livro editado em 1997 por Lochrie, Mc Cracken e Schultz, Constructing medieval sexuality, assim como o artigo de
2003 de Gallego Franco sobre a sexualidade nas Etimologias de Isidoro de Sevilha, demonstram que o tema da sexuali-
dade medieval não foi abandonado com o aparecimento de novas questões concernentes ao corpo. Cf.: LOCHRIE, K.;
McCRACKEN, p. ; SCHULTZ, J. A (eds.). Constructing medieval sexuality. Minneapolis: University of Minnesota,
1997; GALLEGO FRANCO, H. La sexualidad en “Las Etimologías” de San Isidoro de Sevilla: cristianismo y mentali-
dad social en la Hispania visigoda. Hispania Sacra, Madrid, n. 55, p. 407-431, 2003.

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estudos que consideravam o corpo para além da sua dimensão sexual,1 tais como a gestua-
lidade,2 a crença na ressurreição do corpo,3 relação entre o corpo e a cidade,4 a dor física,5
dentre outros. Em todos esses estudos, a interação entre o físico e o espiritual constitui num
elemento relevante na abordagem do fenômeno considerado.
A partir dos anos 2000, o êxito comercial de publicações concernentes à História do
Corpo propiciou o investimento editorial em material destinado ao público leigo –6 que ge-
ralmente vincula simpliicações e generalizações, sobretudo no que tange às relações entre
corpo e alma. No Brasil, a História do Corpo também conseguiu desempenhar um papel des-
tacado na produção acadêmica sobre Idade Média, contando com contribuições inclusive de
especialistas em outros temas.7 Além disso, o corpo no período tornou-se alvo de interesse

1 No que concerne aos estudos medievais, dois trabalhos publicados antes do corpo se tornar assunto familiar aos
historiadores devem ser considerados: os Reis Taumaturgos, de Marc Bloch, e Os dois corpos do rei, de Kantorowicz.
Ainda que pioneiros por abordarem temas que, na época, ainda não haviam sido investigados, a falta de disponibilidade
de instrumental teórico pertinente levou ambos os autores a cometerem impropriedades interpretativas. Embora Marc
Bloch tenha abordado o tema da cura por meio de um gesto em seu Os reis taumaturgos, não percebeu as especificidades
da caracterização medieval da corporeidade humana que exerciam uma função relevante no fenômeno em questão. Por
sua vez, Kantorowicz definiu como objeto de estudo a “ficção dos Dois Corpos do Rei”, ou seja, sua proposta anacroni-
camente pressupunha a inverossimilhança e o absurdo de uma formulação jurídico-teológica. Cf.: BLOCH, M. Os reis
taumaturgos. O caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993;
KANTOROWICZ, E. H. Os dois corpos do rei. Um estudo sobre teologia política medieval. São Paulo: Companhia
das Letras, 1998.
2 SCHMITT, Jean–Claude. La raison des gestes dans l´Occident médiéval. Paris: Gallimard, 1990.
3 BYNUM, C. W. The resurrection of the body in Western Christianity, 200-1336. New York: Columbia University,
1995.
4 SENNETT, R. Carne e pedra. O corpo e a cidade na civilização Ocidental. Rio de Janeiro; São Paulo: Record,
2003.
5 DUBY, G. Reflexões sobre o sofrimento físico na Idade Média. In: Idade Média, Idade dos Homens. Do amor e
outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 161-165.
6 BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. p. 409-445; LE
GOFF, J.; TRUONG, N. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006; SCH-
MITT, Jean-Claude. Corpo... op. cit.
7 Como, por exemplo, os trabalhos de Costa, Feldman, Cruz e Macedo: COSTA, R. da. A estética do corpo
na filosofia e na arte da Idade Média: texto e imagem. Disponível emμ httpμήήwwwέricardocostaέcomή
artigoήesteticaάdoάcorpoάnaάfilosofiaάeάnaάarteάdaάidadeάmediaέ Acessado em julho de βί1γν όEδDεAσ, Sέ
A. A concepção do corpo em Isidoro de Sevilha. In: SOUBBOTNIK, O. G; SOUBBOTNIK, M. A (Orgs.).
O corpo e suas fic(xa)çõesέ Vitóriaμ ἢἢύδήεEδ, βίίιέ vέ 1έ pέ γκά4κν ἑRUZ, εέ Sέ daέ ἡ jejum e o do-
mínio do corpo nas Cartas de São Jerônimo. In: BASTIAN, V. R. F.; PESSANHA, N. M (orgs.). Vinho e
Pensamento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, 1991. p. 255-
261; MACEDO, J. R. Riso, cultura e sociedade na Idade Média. Porto Alegre: Editora da Universidade.
UFRGS, 2000.

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para relexões de pesquisadores nacionais não envolvidos com os estudos medievais.1
Em minha pesquisa, aproximo-me da perspectiva de historiadores que buscam com-
preender o fenômeno da corporeidade para além das suas prerrogativas ilosóicas e da es-
fera da sexualidade. Tento, ainda, precaver-me das simpliicações e generalizações correntes
nos trabalhos que tem como alvo o grande público, buscando perceber as especiicidades do
discurso acerca da relação entre corpo e alma no âmbito da obra monástica de João Cassiano.

Referências

BARNES, Jonahan. Anima Christiana. In: FREDE, Dorothea; REIS, Burkhard (eds.). Body
and soul in ancient philosophy. Berlin, New York: Walter de Gruyter, 2009. p. 447-464.
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Glo-
bo, 2006.
BLOCH, M. Os reis taumaturgos. O caráter sobrenatural do poder régio, França e In-
glaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993; KANTOROWICZ, E. H. Os dois corpos do
rei. Um estudo sobre teologia política medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
BOURDIEU, Pierre. Remarques provisoires sur la perception sociale du corps. Actes de la
recherche en sciences sociales, v. 14, p. 51-54, 1977.
BROWN, p. Corpo e sociedade. O homem, a mulher e a renúncia sexual no início do
cristianismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
BYNUM, C. W. The resurrection of the body in Western Christianity, 200-1336. New
York: Columbia University, 1995.
COSTA, R. da. A estética do corpo na ilosoia e na arte da Idade Média: texto e imagem.
Disponível em: http://www.ricardocosta.com/artigo/estetica-do-corpo-na-ilosoia-e-na-arte-
-da-idade-media. Acessado em julho de 2013
COURCELLE, p. Tradition platonicienne et traditions chrétiennes du corps-prison. Comp-
tes-rendus des séances de l´Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, Paris, v. 109,
n. 2, p. 341-343, 1965. p. 341-342

1 O antropólogo José Carlos Rodrigues, por exemplo, embasou-se na corporeidade do medievo para sua reflexão sobre
a experiência corporal moderna. Outro caso ilustrativo é o do volume Políticas do corpo, organizado pela especialista
em História do Brasil Denise B. de Sant´Anna, no qual consta a tradução de um artigo de Jean-Claude Schmitt. Cf.:
RODRIGUES, J. C. O corpo na história. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999; SCHMITT, Jean–Claude. A moral dos gestos.
In: SANT´ANNA, D. B. de. Políticas do corpo. Elementos para uma história das práticas corporais. São Paulo:
Estação Liberdade, 2005. p. 141-161.

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CRUZ, M. S. da. O jejum e o domínio do corpo nas Cartas de São Jerônimo. In: BASTIAN,
V. R. F.; PESSANHA, N. M (orgs.). Vinho e Pensamento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro;
Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, 1991. p. 255-261
DUBY, G. Relexões sobre o sofrimento físico na Idade Média. In: Idade Média, Idade dos
Homens. Do amor e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 161-165.
FELDMAN, S. A. A concepção do corpo em Isidoro de Sevilha. In: SOUBBOTNIK, O. G; SOU-
BBOTNIK, M. A (Orgs.). O corpo e suas ic(xa)ções. Vitória: PPGL/MEL, 2007. v. 1. p. 38-48
FOUCAULT, M. O Combate da Castidade. In: ARIÈS, Philippe; BÉJIN, André (Org.). Sexuali-
dades Ocidentais. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 25-38.
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nismo y mentalidad social en la Hispania visigoda. Hispania Sacra, Madrid, n. 55, p. 407-
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Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 229-252.
LE GOFF, J. A recusa do prazer. In: Amor e sexualidade no Ocidente. Porto Alegre: LP&M,
1992. p. 150-163.
___.; TRUONG, N. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização
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sidade. UFRGS, 2000.
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California, 1987.
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SCHMITT, Jean–Claude. A moral dos gestos. In: SANT´ANNA, D. B. de. Políticas do corpo.
Elementos para uma história das práticas corporais. São Paulo: Estação Liberdade, 2005.
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GRANDE, C.; VECCHIO, S (eds.). Anima e corpo nella cultura medievale. Firenze: Sismel
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