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Instituto História
Programa de Pós-graduação em História Comparada
Rio de Janeiro
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ
INSTITUTO DE HISTÓRIA – IH
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA COMPARADA – PPGHC
Comissão de Apoio:
Elvis Batista de Souza
Guilherme Marinho Nunes
Copyright © by
Cristina Buarque de Hollanda
Juliana Salgado Raffaeli (org.).
Edição:
Carlos Alexandre Venancio /Gráfica Regente
305p.
ISBN: 978-85-62394-01-0
Resumo: Desde a década de 1970, o debate historiográico a respeito das relações entre
corpo e alma na Idade Média se intensiicou, contando, atualmente, com publicações desti-
nadas tanto ao público leigo quanto ao especializado. O objetivo deste trabalho é apresentar
essa discussão, considerando a produção a partir de três eixos: a História da Filosoia, a
História da Sexualidade, a História do Corpo.
1 FOUCAULT, M. O Combate da Castidade. In: ARIÈS, Philippe; BÉJIN, André (Org.). Sexualidades Ocidentais. São
Paulo: Brasiliense, 1985. p. 25-38.
2 SALISBURY, J. E. The Latin doctors of the Church on sexuality. Journal of Medieval History, Amsterdam, n. 12, p.
279-289, 1986; Idem. Pais da Igreja, virgens independentes. São Paulo: Página Aberta, 1995.
3 BROWN, p. Corpo e sociedade. O homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1990.
4 ROUSELLE, A. Pornéia. Sexualidade e amor no mundo antigo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
5 LE GOFF, J. A recusa do prazer. In: Amor e sexualidade no Ocidente. Porto Alegre: LP&M, 1992. p. 150-163.
6 O livro editado em 1997 por Lochrie, Mc Cracken e Schultz, Constructing medieval sexuality, assim como o artigo de
2003 de Gallego Franco sobre a sexualidade nas Etimologias de Isidoro de Sevilha, demonstram que o tema da sexuali-
dade medieval não foi abandonado com o aparecimento de novas questões concernentes ao corpo. Cf.: LOCHRIE, K.;
McCRACKEN, p. ; SCHULTZ, J. A (eds.). Constructing medieval sexuality. Minneapolis: University of Minnesota,
1997; GALLEGO FRANCO, H. La sexualidad en “Las Etimologías” de San Isidoro de Sevilla: cristianismo y mentali-
dad social en la Hispania visigoda. Hispania Sacra, Madrid, n. 55, p. 407-431, 2003.
1 No que concerne aos estudos medievais, dois trabalhos publicados antes do corpo se tornar assunto familiar aos
historiadores devem ser considerados: os Reis Taumaturgos, de Marc Bloch, e Os dois corpos do rei, de Kantorowicz.
Ainda que pioneiros por abordarem temas que, na época, ainda não haviam sido investigados, a falta de disponibilidade
de instrumental teórico pertinente levou ambos os autores a cometerem impropriedades interpretativas. Embora Marc
Bloch tenha abordado o tema da cura por meio de um gesto em seu Os reis taumaturgos, não percebeu as especificidades
da caracterização medieval da corporeidade humana que exerciam uma função relevante no fenômeno em questão. Por
sua vez, Kantorowicz definiu como objeto de estudo a “ficção dos Dois Corpos do Rei”, ou seja, sua proposta anacroni-
camente pressupunha a inverossimilhança e o absurdo de uma formulação jurídico-teológica. Cf.: BLOCH, M. Os reis
taumaturgos. O caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993;
KANTOROWICZ, E. H. Os dois corpos do rei. Um estudo sobre teologia política medieval. São Paulo: Companhia
das Letras, 1998.
2 SCHMITT, Jean–Claude. La raison des gestes dans l´Occident médiéval. Paris: Gallimard, 1990.
3 BYNUM, C. W. The resurrection of the body in Western Christianity, 200-1336. New York: Columbia University,
1995.
4 SENNETT, R. Carne e pedra. O corpo e a cidade na civilização Ocidental. Rio de Janeiro; São Paulo: Record,
2003.
5 DUBY, G. Reflexões sobre o sofrimento físico na Idade Média. In: Idade Média, Idade dos Homens. Do amor e
outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 161-165.
6 BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006. p. 409-445; LE
GOFF, J.; TRUONG, N. Uma história do corpo na Idade Média. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006; SCH-
MITT, Jean-Claude. Corpo... op. cit.
7 Como, por exemplo, os trabalhos de Costa, Feldman, Cruz e Macedo: COSTA, R. da. A estética do corpo
na filosofia e na arte da Idade Média: texto e imagem. Disponível emμ httpμήήwwwέricardocostaέcomή
artigoήesteticaάdoάcorpoάnaάfilosofiaάeάnaάarteάdaάidadeάmediaέ Acessado em julho de βί1γν όEδDεAσ, Sέ
A. A concepção do corpo em Isidoro de Sevilha. In: SOUBBOTNIK, O. G; SOUBBOTNIK, M. A (Orgs.).
O corpo e suas fic(xa)çõesέ Vitóriaμ ἢἢύδήεEδ, βίίιέ vέ 1έ pέ γκά4κν ἑRUZ, εέ Sέ daέ ἡ jejum e o do-
mínio do corpo nas Cartas de São Jerônimo. In: BASTIAN, V. R. F.; PESSANHA, N. M (orgs.). Vinho e
Pensamento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, 1991. p. 255-
261; MACEDO, J. R. Riso, cultura e sociedade na Idade Média. Porto Alegre: Editora da Universidade.
UFRGS, 2000.
Referências
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and soul in ancient philosophy. Berlin, New York: Walter de Gruyter, 2009. p. 447-464.
BASCHET, J. A civilização feudal. Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Glo-
bo, 2006.
BLOCH, M. Os reis taumaturgos. O caráter sobrenatural do poder régio, França e In-
glaterra. São Paulo: Companhia das Letras, 1993; KANTOROWICZ, E. H. Os dois corpos do
rei. Um estudo sobre teologia política medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
BOURDIEU, Pierre. Remarques provisoires sur la perception sociale du corps. Actes de la
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COSTA, R. da. A estética do corpo na ilosoia e na arte da Idade Média: texto e imagem.
Disponível em: http://www.ricardocosta.com/artigo/estetica-do-corpo-na-ilosoia-e-na-arte-
-da-idade-media. Acessado em julho de 2013
COURCELLE, p. Tradition platonicienne et traditions chrétiennes du corps-prison. Comp-
tes-rendus des séances de l´Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, Paris, v. 109,
n. 2, p. 341-343, 1965. p. 341-342
1 O antropólogo José Carlos Rodrigues, por exemplo, embasou-se na corporeidade do medievo para sua reflexão sobre
a experiência corporal moderna. Outro caso ilustrativo é o do volume Políticas do corpo, organizado pela especialista
em História do Brasil Denise B. de Sant´Anna, no qual consta a tradução de um artigo de Jean-Claude Schmitt. Cf.:
RODRIGUES, J. C. O corpo na história. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999; SCHMITT, Jean–Claude. A moral dos gestos.
In: SANT´ANNA, D. B. de. Políticas do corpo. Elementos para uma história das práticas corporais. São Paulo:
Estação Liberdade, 2005. p. 141-161.