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CURSO DE
Entrevista Motivacional
Aluno:
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CURSO DE
Entrevista Motivacional
MÓDULO II
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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mudança de comportamento seja feita. Essa mudança se dará à medida que houver
adesão ao tratamento ou ao plano terapêutico, isso está relacionado com resultados
bem-sucedidos e com a motivação do paciente. De forma geral, os quadros abaixo
descrevem como se costuma avaliar, de maneira precipitada, um paciente como
motivado ou desmotivado.
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2.2 COMO ESTIMULAR A MOTIVAÇÃO
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Sabemos que a motivação interna do paciente é estimulada pela percepção
de que ele fez sua escolha sem coerção ou influências externas. Assim, o terapeuta
deve oferecer alternativas ao paciente, sem tentar pressioná-lo para escolher um
determinado caminho. Essa é uma forma de diminuir a resistência e a desistência,
melhorando, portanto, o resultado do tratamento.
Todo comportamento que é mantido tem uma razão, ou seja, tem algo de
bom. Por isso, o terapeuta deve identificar os aspectos positivos do comportamento-
problema e buscar formas de diminuir estes aspectos e aumentar os aspectos
negativos. Nesse caso, técnicas comportamentais podem ajudar.
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Esclarecer Objetivos (clariffing Goals):
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Como
podemos fazer
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Exemplo:
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RECONHECIMENTO DO PROBLEMA EXPRESSÃO DE PREOCUPAÇÃO
Começo a perceber o quanto a bebida está
me fazendo mal Estou preocupado quanto a minha saúde
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acontecer de pior se ele continuar com o comportamento atual (O que mais lhe
preocupa nesta situação? Quais as piores coisas que podem acontecer?).
Duas outras formas de ajudar nesta tarefa são: pedir ao paciente que olhe
para trás, relate como era sua vida antes de ter o problema, e compare com a
situação atual; então, solicitar que pense em como será seu futuro a partir da sua
mudança de comportamento e discutam sobre isso. Em seguida, a técnica de
explorar metas pode ser uma sequência interessante ao processo motivador. O
objetivo é desenvolver discrepância entre o que o paciente quer e acredita como
valores de vida e seu comportamento atual. Consiste apenas em perguntar ao
paciente sobre seus objetivos e valores, para que ele possa fazer a reflexão sobre o
quão longe está disso tudo no momento presente.
O uso do paradoxo deve ser feito com muito cuidado e principalmente
quando o terapeuta já se sente mais seguro. À medida que se trata de uma técnica
em que o terapeuta assume uma postura do tipo “não existe problema algum em seu
comportamento atual”, pode criar uma ideia de que o terapeuta não está entendendo
bem o problema ou não está se importando com ele. Todavia, se o terapeuta for
habilidoso para tal técnica poderá suscitar o oposto do que está dizendo no
paciente, ou seja, o paciente evocará expressões de otimismo, preocupação e
intenção e mudar o comportamento.
Além de usar estratégias para estimular a motivação do paciente, também é
útil ter cuidado com armadilhas que podem comprometer o progresso do
tratamento.
O que acontece?
O terapeuta faz perguntas durante toda a sessão e o
paciente responde com respostas curtas do tipo sim
ou não.
Qual é o prejuízo?
Ensina o paciente a responder com respostas curtas
e simples; sugere que o terapeuta seja o especialista
ativo no processo e o paciente passivo; diminui as
oportunidades do paciente de explorar seu problema.
Como evitar?
Uso de perguntas abertas e escuta reflexiva.
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O que acontece?
O terapeuta percebe que o paciente tem um
problema e passa a afirmar que este problema é
sério. O paciente passa a se opor à ideia de que
seu problema é tão sério.
Armadilha do Por que isso acontece?
Confronto Negação Porque o terapeuta pretende alertar o paciente
para a gravidade de seu problema e esquece que
argumentações desse tipo geram relutância.
Qual é o prejuízo?
Criar resistência no paciente e este pode decidir
não mudar.
Como evitar?
Uso de escuta reflexiva e estimulação de
afirmações automotivacionais.
O que acontece?
O terapeuta cria a ideia de que sabe todas as
respostas.
Qual é o prejuízo?
Criar uma condição de passividade para o
paciente, em que ele não explore seus problemas.
Como evitar?
Uso de escuta reflexiva e perguntas abertas,
permitindo ao paciente explorar sua ambivalência.
O que acontece?
Armadilha da O terapeuta rotula o paciente (ex. alcoolista).
Rotulação
Por que isso acontece?
Porque o terapeuta acredita na importância do
uso de rótulos para o tratamento.
Qual é o prejuízo?
Pelo estigma social dos rótulos, algumas pessoas
resistem a eles e, novamente, gera resistência.
Como evitar?
Deixar de lado os rótulos.
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O que acontece?
O terapeuta direciona o foco da discussão para o
comportamento-problema específico (ex.
alcoolismo), enquanto o paciente quer falar de
questões mais amplas.
Armadilha do Foco Por que isso acontece?
Prematuro Porque o terapeuta quer tratar o foco do
problema.
Qual é o prejuízo?
Desmotivar o paciente, que pode ficar na
defensiva.
Como evitar?
Iniciar pelas preocupações do paciente e não do
t t
O que acontece?
O paciente sente-se culpado por seu
comportamento. Terapeuta e paciente passam
Armadilha da Culpa muito tempo falando disso.
Qual é o prejuízo?
Gerar defesas no paciente.
Como evitar?
Usar reflexão e reformulação das preocupações
do paciente.
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como o indivíduo pensa ou age em sua vida. É preciso deixar claro ao paciente que
a avaliação é um processo importante para iniciar o tratamento e que talvez seja
necessária a utilização de instrumentos para isso. Além disso, as medidas utilizadas
para avaliar motivação podem servir para ajudar o terapeuta na mudança do
comportamento-problema ou ainda como medidas de resultados.
Alguns instrumentos podem ser utilizados na avaliação de resultados de
pacientes com comportamentos-problemas. A escala SOCRATES (The Stages of
Change Readiness and Treatment Eagerness Scale), criada por Miller e Tonigan,
em 1996, e a escala URICA (University of Rhode Island Change Assessment
Scale), criada por McConnaughy, Prochaska, Velicer, em1983, têm objetivos
semelhantes: são utilizadas para pacientes com problemas de dependência, focando
no problema-alvo do paciente. Todavia, é importante ressaltar que a escala URICA
mede estágios gerais de mudança e não apenas os relacionados aos
comportamentos aditivos.
Os exames laboratoriais configuram-se em recursos fundamentais para
tratamento de dependentes químicos. O mais comumente utilizado é a análise de
urina, que detecta a presença de droga no organismo; o exame de sangue também
pode ser utilizado para detecção de intoxicação aguda de drogas e para detecção de
prejuízos causados ao fígado pelo uso crônico de álcool. Outro exame utilizado é o
screening, que avalia as enzimas no fígado por meio de provas de função hepática.
Esses tipos de avaliação podem ser necessários para que o terapeuta saiba
a frequência e a quantidade de uso da droga. Como o uso de drogas pode afetar
vários sistemas no organismo, é prudente solicitar ao paciente que vá a um médico
para fazer exames gerais de revisão. Esses exames devem incluir avaliação
neuropsicológica ou neurológica. Falar para o paciente sobre os danos já existentes
em seu organismo provenientes do uso de drogas pode ser um bom motivador à
parada, pois a motivação para a mudança se dá quando o paciente consegue
perceber a discrepância entre a posição que ele está (as condições de vida e saúde
que tem) e aquela na qual gostaria de estar.
No entanto, alguns cuidados com o feedback dos resultados de inventários
ou instrumentos devem ser observados:
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• O terapeuta não deve usar os resultados como “provas” de alguma
coisa que disse ao paciente ou para pressioná-lo a aceitar o diagnóstico. Exemplos
de como iniciar o feedback no momento de ler os resultados obtidos na avaliação:
Isso realmente lhe pegou de surpresa, não era o que você esperava.
É difícil acreditar.
Isso é perturbador para você.
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• O terapeuta deve estar preparado para que o paciente tenha fortes
reações emocionais quando lhe for passado o resultado de avaliações.
Especialmente se houver algum prejuízo físico já instaurado.
• O terapeuta deve criar um plano específico para o processo de
avaliação, no qual é importante preparar o paciente para a avaliação, pensar em que
aspectos quer acrescentar na avaliação pré-tratamento para conseguir a avaliação
correta da motivação e, principalmente, como apresentar os achados da avaliação
de forma motivacional.
• O terapeuta deve lembrar-se de resumir o que foi dito no feedback.
Como esse é um resumo um pouco mais difícil de ser feito, existem alguns
elementos básicos que devem constar:
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possibilidade de mudar; o quanto ele se sente confiante (autoeficácia) para mudar e
sua intenção de mudar.
Todos os resultados das avaliações precisam ser vistos pelo terapeuta e
pelo paciente como parte do aconselhamento motivacional.
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Além do cônjuge, o paciente pode ter outras pessoas significativas. Não
importa quem virá ajudar no tratamento, desde que seja uma pessoa com uma
relação afetiva e contato frequente com o paciente, que saiba de seu problema e
tenha disposição para ajudar. Seja com quem for, as técnicas de Entrevista
Motivacional para incluir a pessoa significativa no tratamento e utilizar sua ajuda são
semelhantes às utilizadas com o paciente. Para conseguir êxito num tratamento com
a presença da pessoa significativa, o terapeuta precisa tomar alguns cuidados:
1. Evitar a armadilha da culpa, em que surgem acusações referentes a
quem é o culpado pela situação atual. Isso é possível mantendo o
controle da sessão.
2. Promover a motivação da pessoa significativa, pois algumas vezes ainda
não está comprometida com a mudança. Aqui podem ser utilizadas
técnicas que estimulem a reflexão e eliciem afirmações
automotivacionais.
3. Envolver a pessoa na avaliação de metas e montagem do plano de
mudança, pois essa pessoa pode ajudar no processo de mudança e
será como uma testemunha do compromisso do paciente.
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fácil com algumas pessoas e situações do que em outras. As perguntas devem ser
feitas de maneira natural e direta, seguindo o fluxo da conversa.
Exemplos de perguntas fechadas e abertas:
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Outra situação semelhante é quando o paciente desvia para um assunto
menos produtivo ao tratamento, isso ocorre porque o paciente tem associações
naturais de pensamento ou ainda pode ser intencional para escapar de falar do
problema que o levou ao tratamento. A melhor estratégia, neste caso, é fazer um
resumo do que o paciente está falando, mostrando um claro entendimento de seu
discurso e, então, redirecioná-lo para a questão principal.
Por se tratar de uma intervenção terapêutica que pode ser aplicada por
profissionais não especializados, a gama de locais e de situações na qual a
Entrevista Motivacional pode ser usada é grande. Os profissionais não
especializados trabalham em muitos lugares em que os terapeutas especializados
não estão. Além disso, pessoas com problemas relacionados a drogas, geralmente
não procuram tratamento, todavia, algumas apresentam outros problemas de saúde
associados que as leva a procurar um médico, então, surge a oportunidade para
tratar também a dependência de drogas.
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Geralmente os pacientes chegam ao consultório com uma carga muito pesada a
respeito de seu comportamento-problema. Algumas vezes têm vergonha por não
conseguirem mudar sua situação mesmo sabendo que têm problemas de ordem
biopsicossocial advindas de seu comportamento. Então, procurar não usar rótulos
(como no caso de dependentes químicos, a palavra drogado) para se referir ao
paciente, poderá facilitar a aliança terapêutica estabelecendo-se assim a confiança
entre profissional e paciente.
Além disso, a Entrevista Motivacional também pode ser utilizada com
pacientes adolescentes, que, geralmente, apresentam um comportamento bastante
resistente a tratamentos. Nesse caso, é necessário adequar alguns aspectos para
direcionar as características do adolescente e atingir bons resultados.
Algumas alternativas:
• Planejar entrevistas mais curtas.
• Fortalecer os sentimentos de autoestima e autoeficácia, pois é muito
comum que os adolescentes sintam-se afastados das decisões tomadas sobre sua
vida e por isso desenvolvam pouca confiança em si mesmo e baixa autoestima. Esta
estratégia também pode auxiliar a evitar atitudes de hostilidade e resistência, pois
criam a ideia de que o terapeuta acredita no potencial do adolescente e em seu
direito de escolha.
• Algumas situações, como o uso de drogas, são vividas na sociedade
como uma experiência de grupo e, assim, o adolescente entende como algo
“normal”. É possível que outro adolescente de seu grupo use a mesma droga e não
viva os mesmos problemas relacionados a isso, assim essa situação trará uma
ilusão de que também para ele os problemas são frutos da cabeça de seus pais. O
terapeuta deve ater-se para não aliar-se a essa ideia e trabalhar focalizando os
problemas que existem na vida desse adolescente provenientes do uso de droga.
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