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Corrosão do aço carbono

Matheus Ferri1 & César Augusto & João Vinicius

Curso de Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus


Toledo, 85902-490 - Toledo/Paraná/Brasil

Resumo
A formação da ferrugem é algo muito comum em metais, e inevitavelmente leva à
reparação ou troca do material metálico afetado. Este fenômeno ocorre no ferro e em
muitas ligas ferrosas quando expostos à atmosfera ou submersos em águas naturais. O aço
é muito usado na construção civil, na forma de chapas, barras e tubos, daí resultam os
exemplos mais claros do que se chama “corrosão”, que pode ser definida como a deterioração
superficial de um metal ou liga, pelo meio em que está inserido [1].
Esse experimento foi realizado com o objetivo de verificar os efeitos ocorridos no car-
bono quando ele é submetido a ação de diferentes tipos de ácidos.

Palavras-chave
Corrosão, Aço carbono, Oxidação, Metais, Ácidos.

1 Introdução
O aço é uma liga metálica formada essencialmente por ferro (Fe) e carbono(C)[2], os aços mais
comuns seguem uma proporção de mais de 97 % de ferro e até 2 % de carbono além de alguns
residuais do processo de fabricação como o níquel, volfrâmio, manganês, cromo, fósforo, enxofre
entre outros.
O aço está presente em vários objetos do nosso cotidiano, como eletrodomésticos, utensílios
de cozinha,materiais esportivos entre outros,porém a maior parcela do aço prodizido no mundo,
cerca de 30 %, é utilizado no setor de construção civil, tendo várias aplicações, como armaduras
de concreto, fundações, pontes, estruturas metálicas e muitas outras.
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mferri1999@gmail.com

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Pelo fato do aço ser uma liga metálica, ele pode sofrer com a ferrugem quando exposto à
atmosfera ou submerso em águas naturais. A ocorrência desse fenômeno em um metal ine-
vitavelmente levará à substituição ou reparação do material[1]. Como o aço carbono é muito
utilizado na construção civil, é importante saber como a corrosão do material acontece para
que se possa estudar formas de retardar ou eliminar a ocorrência desse fenômeno.
Por isso nesse experimento vamos submergir o aço em diversas soluções ácidas para observar
os efeitos que ocorrem no material em cada uma delas em determinados períodos de tempo,
pesando a placa de aço após cada etapa, para no final comparar cada resultado.

2 Revisão Teórica
O aço é uma liga metálica formada principalmente por ferro (Fe) e carbono (C), os aços mais
comuns seguem uma proporção de mais de 97 % de ferro e até 2 % de carbono além de alguns
residuais do processo de fabricação como o níquel, volfrâmio, manganês, cromo, fósforo, enxofre
entre outros. O aço é é originado da transformação do minério de ferro. A primeira etapa de
sse processso se da pelo aquecimento do minério - que é originado do óxido de ferro (FeO) em
fornos especiais na presença do carbono e fundentes[3] - que são elementos que servem para
ajudar a produzir a escória - , tudo issso serve para reduzir ao máximo o teor de oxigênio da
composição FeO.
Nesta primeira etapa é produzido o ferro-gusa, que contem de 3,5 % a 4,0 % de carbono em
sua estrutura, então é realizada uma segunda fusão, onde é obtido o ferro fundido, com teores
de carbono na faixa de 2 % a 6,7 %. O aço, por fim, é obtido a partir da descarbonatação do
ferro-gusa, controlando os níveis de carbono para no máximo 2 %, resultando em uma liga com
concentração de 0,008 % até aproximadamente 2,11 % de carbono[3].
O aço é um dos materiais mais usados no setor de construção civil, estando sujeito a diversas
situações em que o material pode sofrer danos, seja pelo contato com a atmosfera, ou por uma
série de outros fatores como: contato com o solo, condutividade elétrica e pH.
A corrosão é a deterioração sofrida por um metal ou liga, em sua superfície, pelo meio
em que o material está inserido. Esse processo envolve reações de oxidação e de redução que
convertem o metal ou componente metálico em óxido,hidróxido ou sal. Nesse processo os metais
reagem com os outros elementos presentes no meio, como por exemplo, O2 , S, CO2 entre outros,
resultando em compostos semelhantes aos da natureza em que o metal foi extraído[4].
A maioria dos metais sofre corrosão por estarem em um estado relativamente mais reativo
do que aquele em que são encontrados na natureza. Normalmente os metais são encontrados na
natureza na sua forma oxidada, o ferro, como citado anteriormente, é encontrado na natureza
na forma de óxido de ferro (FeO), que contém um nível baixo de energia interna se comparado
ao metal em sua forma pura. Assim um metal puro tende a sofrer oxidação para retornar a sua
forma de menor energia.

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3 Parte Experimental
Nesse experimento foram utilizados um béquer 100 mL, um Vidro de relógio, uma pinça, tubos
de ensaio, lixas, papel toalha, corpos de prova de aço carbono, algodão, acetona, água destilada,
uma balança analítica além de quatro tipos de ácidos (HCl 0,5 M, HCl 1,0 M, HNO3 0,5 M e
HNO3 1,0 M).
Para realizar o experimento, a turma foi dividida em quatro grupos, onde cada grupo possuía
uma chapa de aço cabono e um determinado ácido, depois cada grupo lixou sua peça para retirar
a ferrugem. Depois de lixada, a peça foi limpa com um algodão umidecido com água destilada
e depois com outro algodão umidecido com acetona, para desengordurar a peça, e em seguida
foi seca com papel toalha, tomando muito cuidado para não deixar nenhuma sujeira na peça.
Após limpar a peça, é importante só manuseá-la com a pinça, pois pegá-la com as mãos
pode sujar a peça, afetando os resultados do experimento. O próximo passo foi pesar o corpo
de prova e medir sua área superfícial, anotar as medidas, e depois introduzi-lo em um béquer
ou tubo de ensaio (dependendo do tamanho da peça) contendo 100ml da solução do ácido pré
estabelecido para cada grupo, nosso grupo ficou com o HCl 1,0 M. Após quinze minutos, a peça
foi retirada do recipiente com ácido, foi novamente limpa com água destilada e acetona, seca
com papel toalha, para retirar qualquer resíduo que pudesse influenciar no experimento, então
a peça foi novamente pesada, depois de anotar os valores, a peça foi novamente introduzida no
ácido, refazendo esses procedimentos depois de 30 e 45 minutos de contato com o ácido.
Depois de realizadas todas as medidas os reagentes foram devidamente descartados, as
vidrarias utilizadas foram higienizadas e guardadas em seus respectivos lugares.

4 Resultados e Discussão
Depois de realizadas todas as medidas, podemos observar os dados na tabela abaixo:

Tabela 1: Resultados para HCl 1,0 M

Tempo (min) Massa do aço (g)


0 33,7143
15 33,6824
30 33,6638
45 33,6494

As reações ocorridas nesse processo são basicamente reações de oxidação e de redução,


onde o ferro é oxidado e o meio em que esta inserido sofre redução, durante o experimento
foi observado a formação de bolhas de H2 (g), provenientes da corrosão superficial do aço, a
formação das bolhas acontece nas vizinhanças onde o ferro oxida[1].

Fe(s) + 2 H+ (aq) −−→ Fe2+ (s) + H2 (g) (1)

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No experimento não foi verificada a formação de ferrugem, pois a mesma foi diluída no ácido
pelo processo descrito abaixo, ou entao não foi formada[1].

FeOOH(s) + 3 H+ (aq) −
)−
−*
3+
− Fe (aq) + H2 O(l) (2)
A figura 1 apresenta influência do pH na solubilidade do Fe(OH)3 .

Figura 1: Variação da concentração de Fe3+ (aq) em função do pH[1].

O gráfico é separado por uma reta, que indicam as áreas onde o FH3+ é diluído no ácido
(região de dissolução) ou forma um precipitado (região de precipitação).Durante o progresso da
reação, o coeficiente angular da curva decresce devido à diminuição da concentração do agente
oxidante H+ (aq) e a velocidade de corrosão torna-se cada vez menor, conforme as leis da cinética
química. A partir do ponto de interseção (pH > 1,85), a ferrugem começa a se depositar sobre
a superfície do aço-carbono e é de se esperar que a velocidade de corrosão torne-se ainda menor
devido à diminuição da área ativa[1].
A corrosão do aço carbono pode ser classificado como uma reação lenta, realizando os
cálculos, vimos que a massa do corpo de prova diminui em 3,54 · 10 – 5 gramas/cm2 a cada
minuto, nos primeiros quinze minutos de reação, nos 45 minutos de experimento a massa variou
−2,40 · 10 – 5 gramas/cm2 a cada minuto, assim podemos também concluir que a velocidade da
reação vai diminuindo conforme o tempo passa, devido ao consumo do H presente no ácido,
que é liberado em forma de gás(H2 ).
Para o HCL percebemos que a cinética de reação permanece praticamente a mesma quando
dobramos a concentração do reagente, já que a diminuição na concentração do ácido é insig-
nificante e a reação progride como se fosse de ordem zero[1], já para o HNO3 , com base nos

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experimentos reaizados, quando dobramos o reagente, a velocidade da reação fica quase quatro
vezes maior, podendo ser classificada como uma reação de ordem 2.
O papel do ácido nesse processo é o de receber os elétrons que são liberados pelo Fe quando
ele sofre oxidação. O hidrogênio presente no ácido é que recebe esses elétrons, sofendo uma
reacão de redução.

Tabela 2: Resultados para cada ácido

Ácido Velocidade da reação (g/cm2 · min)


HCl 0,5 M 0,0173
HCL 1,0 M 0,0183
HNO3 0,5 M 0,0907
HNO3 1,0 M 0,3450

A figura 2 apresenta um gráfico com as taxas de variação para cada ácido usado na experi-
ência.

Figura 2: Taxas de variação da massa em função do tempo

Podemos perceber com os dados da tabela 2 em conjunto gom o gráfico da figura 2 que o
HNO3 1,0 M é o ácido com maior velocidade de reação, o HNO3 0,5 M é o segundo, porém há
uma observação que pode ser feita sobre o gráfico da reação desse ácido, observando a curva,
fica evidente que a velociadde da reação diminuiu consideravente nos últimos quinze minutos,
isso mostra que ao fim da reação quase todo o reagente na mistura já havia sido consumido,
devido a concentração menor do ácido.

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Esse mesmo comportamento pode ser observado na curva do HCl 0,5 M, porém é muito
menos perceptível que na curva do HNO3 0,5 M, fica evidenciado que em concentrações baixas
a velocidade da reação tende a ser menor.
Os dados da figura 2 permitem afirmar que o ácido HNO3 tem a maior velocidade de reação,
com uma diferença considerável dos demais.
Durante a reação, o coeficientes angulares das curvas decrescem devido à diminuição da
concentração do principal agente oxidante H+ (aq) e a velocidade de corrosão fica cada vez
menor.
Contudo, vários fatores podem influenciar nos resultados do experimento, induzindo ao erro,
por exemplo, se a peça não for bem lixada e limpa antes de ser submersa no ácido, os valores
da corrosão terão uma diferença significativa.

5 Conclusão
O experimento permite observar os efeitos de cada solução no corpo de prova, assim é possivel
determinar que em certas condições a placa de aço sofre efeitos mais representativos do que em
outras. Observar esses dados é importante para entendermos um processo que é muito comum
no nosso dia a dia, a formação da ferrugem em metais.
Conforme relatado no experimento, a deterioração sofrida pelo metal depende do meio em
que está inserido. Com base nessas informações é possível estudar maneiras de retardar a
corrosão sofrida pelos metais, assim aumentando a sua vida útil.

Referências
[1] M. V. S. e Marinalda C. Pereira e Eduardo N. Codaro e Heloisa A. Acciari, CARBON
STEEL CORROSION: AN DIÁLOGO APPROACH FOR CHEMISTRY TEACHING,2014.

[2] V. Chiaverini, Tecnologia Mecânica, Pearson;, São Paulo, SP, 1995.


[3] H. Ferraz, O aço na construção civil, novembro de 2003.

[4] W. D. Callister, Materials Science and Engineering: An Introduction, 4E, Interactive MSE,
4th Edition, Wiley, 1998.

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