A acupuntura é um dos procedimentos terapêuticos que compõem a Medicina Tradicional Chinesa. Tem origens muito remotas; estima-se que
cerca de 4500 anos, pelo menos, conforme indicam os registros históricos. Leia mais...
Dr. Hong Jin Pai, Prof. Dr. Luiz Biella Souza Valle e Equipe*
INTRODUÇÃO
Os antigos chineses, ao longo do tempo, estruturaram e aperfeiçoaram a ciência e a arte da acupuntura, formulando teorias, escrevendo novos
livros, revendo antigos conceitos, aperfeiçoando técnicas de agulhamento e procurando estabelecer associações entre a patogenia, fisiologia, fisiopatologia
e o tratamento das doenças. Considerando a origem e a época, as antigas teorias miscigenavam princípios filosóficos e terapêuticos, possuindo linguagem
difícil de ser interpretada, ensejando especulações folclóricas e místicas. Durante o século IV a.C., ocorreram os primeiros registros sobre a sistematização
da filosofia de vida na Antigüidade Chinesa, versando sobre a observação de fenômenos naturais e a sua influência na vida, na saúde e na conduta
humana e centrados na dualidade dos sistemas Yin e Yang. Durante o século V d.C., a acupuntura foi veiculada para a Coréia e, dois séculos após, para o
Japão. Durante o século XVII, os conceitos da Medicina Chinesa foram traduzidos e alcançaram a Alemanha e a França. Atualmente, a acupuntura é muito
difundida no mundo, sendo praticada e ensinada em muitos países, em clínicas privadas e em ambientes universitários, sendo objeto de numerosas
pesquisas e estudos. No Brasil, é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995 e três anos mais tarde pela
Associação Médica Brasileira. A acupuntura visando a analgesia é cada vez mais reconhecida como terapia eficaz em muitas condições clínicas,
especialmente no manejo da dor músculo-esquelética, ao reduzir a freqüência e a intensidade de dor e ao facilitar a reabilitação. A acupuntura pode ser
realizada simplesmente pela introdução de finas agulhas em pontos específicos do corpo, ou pela aplicação nas agulhas de estímulos elétricos com
freqüências de 2 a 100 Hz (eletroacupuntura).
CONCEITO DA TEORIA DOS MERIDIANOS
Conforme a Medicina Chinesa, o corpo humano é considerado um micro universo dividido em 14 trajetos longitudinais como meridianos do
planeta Terra. Anatomicamente, as meridianas não existem, apesar de alguns autores terem demonstrado a presença de trajetos com o uso de estímulo de
radioisótopos injetados ou a fotografia infravermelha, segundo métodos que geram dúvidas quanto a mapearam ou não a circulação linfática e a sangüínea.
Cada meridiano apresenta trajeto definido, longitudinal, e número determinado de pontos, diferentes em cada meridiano. Os pontos são distribuídos
simetricamente entre o lado direito e esquerdo do corpo, exceto o Ren-Mai e o Du-Mai. Cada ponto tem denominação própria chinesa. No Ocidente recebe
um código; por exemplo, o ponto Hegu, no ocidente, é denominado IG-4 (Intestino Grosso-4). Os pontos, são locais da superfície corpórea onde há elevada
concentração de terminações nervosas e baixa resistência elétrica. De acordo com a teoria os meridianos, estes meridianos comunicam-se entre si através
de outros meridianos, segundo modelo que se assemelha à interrelação dentre o SNC e o sistema nervoso periférico.
REGRAS BÁSICAS DE TRATAMENTO
A estimulação dos pontos localizados nas extremidades dos membros superiores até os cotovelos e nas extremidades dos membros inferiores
até os joelhos, evocam analgesia específica e aliviam a dor localizada e conseguem aliviar a dor local e à distância ou seja, alivia a dor relacionada ao
trajeto do meridiano a que pertence o ponto. A estimulação dos pontos localizados nas proximidades do tronco ou no próprio tronco exerce efeito
analgésico localizado e auxilia o relaxamento muscular. A inserção da agulha deve ser geralmente perpendicular ao tegumento. Ao atingir a profundidade
apropriada, isto é, a fibra aferente C e a fibra A, gera sensação de peso, queimor, dormência, choque ou de dor discreta que desaparece rapidamente. Na
Medicina Chinesa, essas sensações são denominadas de Qi. Profundidade: em caso de dor miofascial e visceral, a agulha deve ser inserida em uma
profundidade que varia de 1 a 3 cm, dependendo da espessura da massa tecidual local e da evocação da sensação de Qi. Em crianças ou em indivíduos
magros, a inserção deve ser mais superficial. Em caso de parestesias decorrentes de neuropatia, as agulhas devem ser inseridas longitudinalmente ao
tegumento, ou seja, no tecido celular subcutâneo. Doentes com ansiedade e/ou depressão, sintomas comuns em casos de dor crônica, são muito sensíveis
à AC. O agulhamento nos locais onde há dor pode causar mais desconforto, medo e até a rejeição ao tratamento. Nestes casos, certos artifícios podem
minimizar esses problemas, como o agulhamento em pontos simétricos contralaterais para induzir analgesia parcial do lado afetado. Essa técnica é
comumente usada em doentes deprimidos, com sofrimento prolongado ou com dor aguda. Por exemplo, em um doente com dor no cotovelo direito,
pode-se agulhar previamente o cotovelo esquerdo, de preferência na área correspondente à área de dor no lado direito, o que induz alívio de 30 a 50% da
dor original e o agulhamento no sítio acometido. A seguir, deve-se prosseguir com as técnicas apropriadas para o tratamento da dor crônica, realizado
segundo a anatomia topográfica.
ORIENTAÇÃO TÉCNICA
Material
Agulhas descartáveis; geralmente utilizam-se agulhas filiformes, de aço inoxidável com diâmetro de 0,25 a 0,30 mm, e comprimento que varia de
2,5 a 7,0 cm. As primeiras são de uso mais comum, e as de 7 cm são usadas nas áreas glúteas ou em situações específicas, quando se deseja puncionar
2 pontos distantes.
Manipulação das Agulhas
Após a inserção da agulha deve-se fazer pequenos movimentos de rotação na agulha cerca de três voltas no cabo da agulha para aumentar a
estimulação. Esta operação pode ser repetida de 10 em 10 minutos com duração média de 5 segundos cada vez.
Tempo de permanência das Agulhas
Em geral, as agulhas permanecem de 20 a 30 minutos em cada sessão. Alguns autores, baseados no processo de liberação de
neurotransmissores concluiram ser 30 minutos o tempo ideal. Outros, através de experiências clínicas concluem que 15 minutos já seriam suficientes. Nos
casos, de espasmo muscular intenso, é necessário um tempo de permanência maior, chegando até a 2 horas de duração. Na prática, adota-se um tempo
padrão de 30 minutos para a maioria dos casos.
Freqüência de Aplicação
Baseado nos estudos do tratamento da síndrome dolorosa miofascial e fibromialgia no Ambulatório de Acupuntura no Centro de Dor e no
Ambulatório de Acupuntura da Divisão de Medicina Física do IOT do HC FMUSP, o tratamento pela acupuntura proporciona uma melhora com duração
média de 3 dias, por sessão. Desta forma o ideal seria uma freqüência de 2 sessões semanais, ou mais, embora, em caso de dores agudas ou dores
crônicas com grande sofrimento, pode-se iniciar o tratamento com sessões diárias na primeira semana e, a partir da segunda semana, diminuir a freqüência
para duas sessões semanais. Em pacientes muito limitados por dores agudas, como a hérnia discal, fratura por osteoporose, ou por metástases, o ideal é
que as aplicações sejam realizadas no local onde o paciente se encontra, evitando a locomoção, o que pode piorar a dor. A AC tem efeito limitado breve,
geralmente durante poucos dias em casos de dor neuropática, embora diminua a dor miofascial associada e a estimulação nociceptiva no nervo lesado. Em
geral, os doentes devem manter os medicamentos que usam para controlar a dor neuropática. A redução da dose é possível em certos casos, à medida
que haja melhora do quadro doloroso. Outros pontos podem também ser utilizados para minimizar os efeitos colaterais de drogas e as anormalidades
neurovegetativas decorrentes da dor aguda ou crônica.
Eletroestimulação
Em situações especiais quando há demora da melhora, ou quando ocorre dor aguda e intensa ou espasmo muscular persistente, em casos de
dor visceral, dor pós-operatória, dor decorrente de fratura óssea etc, pode-se associar a eletroestimulação. Esta consiste da conecção de cabos nas
agulhas, conectados a um aparelho de eletroestimulação que gera pulsos na freqüência de 2 Hz e 100 Hz alternados de corrente de baixa voltagem e baixa
amperagem. A intensidade deve variar conforme a tolerabilidade e a aceitação do doente.
Estimulação transcutânea (ETC)
A ETC é uma técnica de eletroestimulação que utiliza placas condutoras de corrente elétrica, aplicadas nos locais onde há dor e conectadas a
um aparelho de eletroestimulação. A intensidade decorrente é regulada pelo médico até o limite de tolerabilidade pelo doente. O procedimento é indolor e é
indicado no tratamento da SDM localizada, como também para o tratamento de doentes emocionalmente instáveis ou de crianças.
Infiltração anestésica
A infiltração é usada como recurso terapêutico associado a tratamento com AC. Consiste da injeção em dois a cinco pontos por sessão de 0,5 ml
a 4,0 ml, soro fisiológico com xilocaina a 1% sem vasoconstritor ou apenas de soro fisiológico, complexo B ou xilocaina a 1% sem vaso constrictor até a
profundidade onde é gerada a sensação de amortecimento ou de choque (QI). A infiltração é indicada em casos de espasmo muscular intenso, com a
finalidade de inativar os pontos gatilhos da SDM.
Ventosa
É indicada para tratar a SDM em áreas extensas, como a região dorsal. Não é aplicada na região articular, face, ou onde há infecção. Baseia-se
na aplicação de câmaras de vidro ou plástico, em cujo interior se aplica pressão negativa, que possibilita que permaneçam fixadas à superfície do
tegumento devido à sucção exercida. O número de ventosas aplicadas varia conforme a extensão da área que se deseja tratar. A duração da aplicação é
cerca de 15 minutos, dependendo da intensidade da sucção. Outra técnica consiste ao deslizar as ventosas sobre a pele que cobre as áreas afetadas
previamente untada com vaselina, movimentando-as ativamente para induzir efeito relaxante muscular.
Dor Miofascial
O tratamento da dor músculo-esquelética é uma das mais importantes indicações da acupuntura, considerando-se a rapidez e a eficácia do
tratamento. É importante salientar que a dor miofascial freqüentemente é associada a quadros dolorosos de diversas etiologias. Isto significa que é
essencial fazer o diagnóstico correto, para o tratamento ser adequado e, o prognóstico, melhor. Deve-se pesquisar pontos gatilhos ativos ou latentes
musculares que podem causar dor localizada e referida, pois seu tratamento e desativação pode causar melhora expressiva da dor. Em casos de doenças
osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), por exemplo, sempre há dor muscular. Nestes casos, deve-se, portanto, diferenciar-se e tratar a
condição específica para não amplificar a dor resultante do processo inflamatório específico dos DORT. No Ambulatório de Acupuntura do HCFMUSP
durante o período de 1994 a 1996, foi tratada a dor miofascial decorrente de diversas origens de 82 doentes em tratamento insatisfatório com outras
terapias convencionais com média das idades de 44 anos com doença com duração média de 5,2 anos. Foram realizados, em média, dez sessões para
cada doente. Em 75% dos casos o resultado foi satisfatório a curto prazo. Em outra pesquisa, em 14% de 65 doentes com cefaléia crônica de diversas
origens, os resultados foram excelentes, em 80%, satisfatórios e em apenas 6% não houve melhora.
Fibromialgia
O tratamento da fibromialgia com AC é bastante gratificante, visto que proporciona não apenas o alívio da dor, mas também da depressão e dos
sintomas associados, ou seja, proporciona melhora da qualidade de vida em geral. Em geral recomendam-se uma a duas sessões por semana. A escolha
dos pontos depende das regiões acometidas. Deve-se associar pontos de sedação como C-7, PC-6, DU20, Ex-HN3 para acalmar a mente. Em 75% dos 84
doentes com fibromialgia "crônica" (duração média da queixas de 8,4 anos) avaliados no Ambulatório de Acupuntura do HCFMUSP os resultados foram
satisfatórios, sendo a média de sessões 9,6.
Dor neuropática
As síndromes dolorosas neuropáticas, constituem grandes desafios aos mais diversos tipos de tratamentos, inclusive para a acupuntura. Na
experiência do Centro de Dor do HCFMUSP, apresentaram 84% (37 doentes) de 44 doentes com dor neuropática (29 mulheres e 15 homens) redução da
dor com resultados variados após 15 sessões, sendo cada uma sessão uma vez por semana segundo a escala analógica verbal.
Dor nos membros
Inicialmente deve-se examinar e tocar os locais mais distantes do sítio doloroso apontado pelo doente e, a seguir, com pressão mais moderada
tocar o local onde a dor é mais intensa. A palpação deve ser realizada de fora para dentro, ou seja, da região com menos dor para a com mais dor, com o
objetivo de localizar os pontos com maior ou menor sensibilidade. Seguindo o modelo clássico, deve-se inserir agulhas nos pontos distantes do meridiano
que passa pelo sítio doloroso, por exemplo, IG-4, SJ-3, ID-3, respectivamente, para casos de dor nas faces radial, lateral e ulnar dos membros superiores
(MMSS) e o ponto C-6 para a face medial. Pode-se usar os pontos R-3 e B-60 para aliviar a da dor na face posterior dos membros inferiores (MMII), VB-39
para a face lateral e BP-6 para a face medial da perna, respectivamente.
Em casos de dor difusa ou em várias regiões, pode-se usar vários pontos correspondentes, simultaneamente. Após um a dois minutos, deve-se
inserir agulhas nos pontos clássicos de acupuntura ao redor do sítio doloroso. A seguir, relacionamos alguns exemplos com os pontos preferidos pelos
autores. Conforme o resultado pode-se usar outros pontos:
Ombro : P-2 , IG-15, SJ-14, Extra 89
Cotovelo : IG-10 , IG-11 , C-3
Punho : IG-4 , SJ-6
Mão : IG-4 , SJ-6 , SJ-3
Quadril : VB-30 , E-32
Joelhos : Ext.104 , BP-6 , R-3
Pé : VB-39 , R-3 , F-3 , VB-42
Dor no tronco
Quando a SDM torácica é primária, como ocorre em casos de imobilização crônica ou de dor músculo esquelética, a acupuntura proporciona
bons resultados. Quando a dor miofascial é oriunda de reflexos sômato-somáticos ou víscero-somáticos, os resultados são reservados. Os ponte de
acupuntura clássica para casos de dor torácica são: IG-4 , E-36, RM-17.
Os pontos de acupuntura para dor abdominal são: IG-4, E-36; na região epigástrica: acrescentar RM-13; na região mesogástrica: acrescentar
E-25; na região hipogástrica: acrescentar RM-4; na face lateral do tronco: SJ-6, VB-34 e F-14; na face dorsal do tronco: B-11, B-15, ID-11.
Os pontos de acupuntura para dor lombar são: B-40, B-23, VB-30.
Em todos os casos pode-se associar a inserção de agulhas nos dermatômeros correspondentes ao local da dor mais intensa. Se a dor não
ceder, pode-se agulhar o ponto onde há dor.
Comprometimento dos membros superiores e das mãos:
Em casos de DORT é fundamental que se estabeleça a causa da dor e o tipo de lesão que está causando a dor e orientar devidamente o doente
quanto aos fatores de piora, como: repetição dos gestos, esforços e movimentos, força inadequada ou excessiva, física, posturas inadequadas, repouso
insuficiente, inadaptação ao ambiente de trabalho, desconforto térmico no ambiente de trabalho, problemas psicossociais, familiares, etc. De modo geral,
nos doentes com DORT, independente da causa, há excesso de nocicepção e acúmulo de substâncias algogênicas nos tecidos e espasmo da musculatura
regional, podendo ocorrer associadamente a dor por desaferentação. É importante que o doente receba orientação realista sobre seu caso, especialmente
quanto à perspectiva de não haver alívio total da dor.
Algumas afecções mais comuns em doentes com DORT são:
Tendinite de "De Quervain": Deve-se associar repouso relativo no início da terapia e exercícios de alongamentos numa segunda etapa. Os
pontos de acupuntura recomendados são: IG-4, IG-5, P-7 e técnicas de punho-tornozelo. Os resultados são satisfatórios de 50% a 60% dos casos. Quando
o sinal de tinel é positivo e há parestesia prolongados nos dedos, o resultado costuma ser insatisfatório.
Dedo em gatilho: A acupuntura pode ser útil apenas em fases iniciais em que há reação inflamatória do dedo em gatilho.
Rizoartrose: O agulhamento sem eletroestimulação não costuma induzir bons resultados. Deve-se associar eletroestimulação quando o
processo é inicial ou é moderado, para a melhora do resultado.
Tendinites, tenosinovites e DORT: A acupuntura proporciona resultados bons em 60% a 80% dos casos.
Epicondilite lateral: SJ-7, IG-11, IG-10, P-5, ou pontos à distância como VB34, e E-37.
Epícondilite medial: IG-11, C-3, C-7, PC3,
Musculatura da face extensora do antebraço: C-3, PC-4, PC-6, HP2.
Musculatura da face flexora do antebraço: IG-11, IG-10, P-2, IG-4, SJ-7.
Ombros: Nas afecções do ombro, os resultados são satisfatórios quanto à analgesia e variam conforme a estrutura acometida, o grau da lesão
e a duração das queixas. Em casos de tendinite do bíceps e do supraespinhoso o tratamento é mais fácil e os resultados, bons. A artrose do ombro, a
síndrome do impacto, a rotura de estrutura do manguito rotador e a capsulite adesiva são mais difíceis de serem tratados. Além da acupuntura, pode-se
associar a eletroestimulação e/ou as infiltrações. A escolha dos pontos geralmente decorre da localização da dor. Na face anterior do ombro usa-se: E-36,
IG-15, P-2 e IG-11, na face posterior, ID-11, ID-10, SJ-14 e IG-11 e, na face lateral, IG-15, SJ-14 e SJ-6. De maneira geral, pode-se usar o ponto E-38
transfixando para B-57, salientado que este procedimento é doloroso e que deve ser utilizado em casos quando há dor intensa e limitação dos movimentos.
Membros inferiores
Quadril: As lesões do quadril são difíceis de serem tratadas pela acupuntura, porque muitas vezes, são associadas à erosão ou à desnutrição
ósteoarticular, como componente do processo degenerativo próprio do envelhecimento. A acupuntura é opção para doentes que, com perda total da função
articular, preferem protelar o procedimento cirúrgico ou têm contra-indicação para cirurgia. Os pontos mais comumente usados são VB-30, B-40, VB-34 e
E-32. A estimulação elétrica deve ser realizada em VB-30. Síndrome do piriforme: É freqüente e pode ser primária ou secundária a outros processos. Pode
ser tratada com a aplicação da agulha no ponto B-40, depois em B-54, VB-30 e B-24. Os resultados são bastante satisfatórios. Dor nos joelhos: A artrose
femoropatelar ou femorotibial são razões freqüentes para a realização da acupuntura. Mesmo em casos avançados em que os MMII não conservam o
alinhamento fisiológico, a acupuntura pode oferecer benefício aos doentes. A SDM costuma estar presente concomitantemente em muitos doentes com
artrose. Os pontos recomendáveis são: Ext-104, VB-34, BP-9, E-34, E-36, B40, B57 e os pontos dolorosos na musculatura. Os resultados são satisfatórios
em 50% a 75% dos casos. Em outras afecções de joelhos, tais como tendinites e inflamações da patela, a acupuntura é indicada por seu efeito analgésico
e antiinflamatório localizado. Em casos de lesão meniscal, o efeito é limitado. Tornozelo e pé: O comprometimento das articulações do tornozelo e do pé
ocasiona dor localizada ou irradiada em áreas vizinhas e dor miofascial tendínea ou ligamentar. Em afecções reumatológicas em geral, a acupuntura
contribui para o alívio da dor e proporciona relaxamento muscular e efeito antiinflamatório localizado. Sempre que possível, deve-se evitar agulhar
inicialmente o local afetado; deve-se agulhar a área correspondente na mão homolateral e, em seguida, a área afetada. Pode-se usar a eletroestimulação.
Dor no tornozelo: dor na face medial, B-57, B-6 e R-3; dor na face lateral, VB-34, E-38, VB-39 e B-60.
Dor no pé: fascíte plantar B-57, BP-7, R-3, R-6 e ponto local.
Neuroma de Morton: E-41, E-36 e pontos superficiais locais.
Lombalgias
As dores da coluna vertebral são geralmente devidas a contraturas da musculatura paravertebral, associadas ou não a processos degenerativos
da coluna vertebral. Pode decorrer de SDM, hérnia discal ou estenose do canal vertebral. Quando a lombalgia é de origem miofascial, o tratamento é mais
simples e o resultado melhor quando se utilizam os pontos B-40, B-23, B-25 e VB-30, entre outros. Nos casos em que há dor neuropática, além dos pontos
citados, devem ser acrescentados outros ao longo da área de irradiação da dor. Na região dorsal, podem-se usar também ventosas nas áreas acometidas.
De 15 doentes com lombalgia atendidos pela equipe de Acupuntura do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo, avaliados previamente e
reavaliados 4 meses após o término do tratamento, 10 (67%) apresentaram melhora mantida durante quatro meses, sendo que, três (20%) melhoraram de
1% a 25% da dor inicial, três (20%) de 26% a 50% e três (20%), de 51% a 75%, um doente (7%) melhorou mais de 75% quanto à dor e três (20%) não
apresentaram melhora. De 15 doentes avaliados previamente e após o término das 15 sessões de tratamento, mas que não retornaram para reavaliação no
quarto mês do término do tratamento, três (20%) pioraram, um (7%) não apresentou melhora, sete (47%), melhoraram de 1% a 25% da dor inicial, três
(20%) de 26% a 50%, um (7%), de 51% a 75% e nenhum melhorou mais de 75% da dor inicial.
Dor no pós-operatório
Há vários relatos de que a acupuntura é instrumento de grande valia para aliviar rapidamente a dor possibilitando reabilitação mais pronta do
doente, além de permitir redução do uso de analgésicos. Várias alterações neurovegetativas em decorrência do ato cirúrgico e ou da anestesia podem
também ser minimizadas.
CONCLUSÕES
Cerca de 40% dos trabalhos de pesquisas publicados sobre acupuntura estão relacionados ao tratamento de dor músculo-esquelética. Na
prática, poucos doentes procuram ou são encaminhados para acupuntura como o primeiro método de tratamento, talvez por falta de informação adequada,
ou devido a barreiras culturais e profissionais. Em geral, a maioria dos doentes faz uso de diversos analgésicos que são mantidos durante o tratamento.
Estes podem ser reduzidos quando há melhora da dor. Deve-se solicitar o acompanhamento do médico que fez o encaminhamento para ajustar os
medicamentos. Após o tratamento com a acupuntura, os analgésicos passam a atuar melhor, provavelmente porque há redução da intensidade da dor e do
processo inflamatório. A redução do uso dos analgésicos possibilita detectar melhor os pontos sensíveis que podem ser escolhidos para tratar a dor.
Quando a dor músculo-esquelética é associada à dor neuropática, os medicamentos geralmente são mantidos, pois o tratamento medicamentoso
potencializa a acupuntura. Segundo pesquisa realizada no Centro de Dor do HCFMUSP, o tratamento com acupuntura clássica proporciona resultados
mais satisfatórios que a inserção de agulhas nos pontos de acupuntura e fora deles, com profundidade inadequada (tratamento de Shan). Nestes últimos
casos, apenas 35% dos resultados foram satisfatórios aparente ao tratamento da dor miofascial, o valor equivalente ao efeito placebo, contra 75% de
resultados satisfatórios quando o tratamento foi realizado conforme as técnicas corretas de acupuntura. Portanto, o agulhamento com técnicas corretas,
aliado a outros procedimentos como ventosas, eletroestimulação e ETC, pode melhorar a eficácia da acupuntura. Quando não há melhora da dor crônica
após cinco sessões de acupuntura ou redução de menos 50% da sua intensidade, deve-se associar a ela antidepressivos tricíclicos, neurolépticos,
anticonvulsivantes e ou miorrelaxantes, na dependência da condição clínica. Em casos de dor neuropática, a medicação deve ser mantida desde o início do
tratamento. Os analgésicos podem ser prescritos desde que haja real necessidade de seu uso; com o transcorrer do tratamento pode-se reduzir
progressivamente a dosagem dos analgésicos, à medida em que há melhora dos sintomas.
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Médicos do Ambulatório de Acupuntura do Centro de Dor da Clínica Neurológica do HC-FMUSP: Drs.:Prof. Dr. Luiz Biella Souza Valle, Hong Jin Pai, Carlos
R. Babá, Célia Y. Portiolli, Elenice K. Bassit, Esmeralda Suda, Jorge Hossomu, Motomu Aracava, Ricardo Yamamoto, Samuel Abramavicus, Sérgio M. R.
Lessa e Telma R. Mariotto. Zakka.
FONTE : http://smbasp.org.br/artigos.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_acupuntura
Padrões de dor
Deficiência
Excesso
Meridianos
Orgãos Internos
De acordo com os Fatores Patogênicos
A AVALIAÇÃO DA DOR
A dor pode ser classificada genericamente segundo critérios:
Qualitativos – descreve variações de acordo com o Fator Patogênico
Quantitativos – define Deficiência ou Excesso (Qi Ortodoxo versus Fator Patogênico)
Topográficos – situa o processo doloroso, como relacionado aos órgãos internos (Zang Fu), ou ao sistema músculo- esquelético (Jing Luo)
As categorias de parâmetros semiológicos para o diagnóstico da dor na Medicina Tradicional Chinesa são: Sensorial, Temporal, Topográfico,
Fatores de agravação e melhora, e Fisiopatológico.
Sensorial
Esse critério dá significado clínico às diferentes modalidades sensoriais de dor. Por exemplo, dor ou algia surda indica
Deficiência; dor em pontada, intensa, é devida a Excesso. Diferentes tipos de dor segundo a modalidade sensorial:
Dolorimento
Dor surda que em geral acomete os membros ou o tronco. Atribuída a uma condição do tipo Deficiência. Dor com sensação de peso
Dor surda com sensação de peso ocorre em geral nos membros, na cabeça ou em todo o corpo. Indica a presença do fator patogênico Umidade,
ou Mucosidade.
Parestesias
Bilateral, nas extremidades, indica Deficiência do Sangue. Unilateral, hemiparestesia, pode representar um início de
AVC, com Vento Interno e Mucosidade.
Dor em distensão
Em geral ocorre no abdome, com sensação de aumento de volume, e é tipicamente atribuído a “Estagnação do Qi”, especialmente do
Fígado, podendo ocorrer com outros órgãos, principalmente Estômago, Baço e Pulmões. Localizada na cabeça, expressa “Subida de Fogo – Calor”.
Cólicas
Dor em pontada, de natureza espástica, ocorre no epigástrio e abdome inferior. Em geral indica a presença do fator patogênico Frio nas
vísceras, ou Estase do Sangue. A dor é do tipo Excesso.
Topográfico
Considera a região do corpo aonde se localiza a dor, a fixidez ou mobilidade da sensação de dor e a sua irradiação, para identificar o padrão de
dor.
Dor localizada
Em geral é devida a Mucosidade ou Estase de Sangue.
Dor móvel
Atribuída a Estagnação do Qi, exceto quando devida a presença do fator patogênico Vento nas articulações.
6. A prescrição da Acupuntura
Pontos à distância
Pontos correspondentes
Um dos métodos utilizados é a estimulação “em espelho”, como punho-tornozelo, em que a um ponto na região da dor, corresponde um outro
ponto, na região análoga:
Ombro BP9 contra-lateral
Ombro IG15 Coxofemoral E31
Ombro TA14 Coxofemoral VB30
Ombro ID10 Coxofemoral B36
Cotovelo IG11 Joelho E36
Cotovelo TA10 Joelho VB34
Cotovelo ID8 Joelho B40
Punho IG5 Tornozelo E41
Punho TA4 Tornozelo VB40
Punho ID5 Tornozelo B60
Punho Pc7 Calcâneo
Pontos especiais
Cefaléia temporal VB38
Cefaléia no vértice F3
Epigástrio BP9
Abdome E39
Tórax Pc6
Abdome E36
Dentes IG4
Cervical ID3
Lombar B40
Os instrumentos da Acupuntura
As Agulhas
As agulhas utilizadas atualmente – filiformes cilíndricas, são feitas de aço inoxidável de alto grau, com conteúdo reduzido de níquel,
minimizando possíveis reações alérgicas A espessura varia entre 0,22 mm a 0,45 mm. Desde o início da década de 1990 se utilizam agulhas estéreis
e descartáveis, o que é recomendável, por razões de segurança. A esterilização com óxido de etileno é recomendada. O uso de condutores
descartáveis para facilitar a introdução da agulha (que só é possível com as agulhas de cabo simples), torna a aplicação mais livre de
contaminação, porque elimina o contato manual direto, e é recomendável, mas não obrigatório.
Tipos de Agulhas
Filiforme, composta de cabo, ponta e corpo. Triangular, para efetuar sangria; Martelo de sete agulhas: reunião de sete agulhas curtas, fixas em
um cabo flexível; Intradérmicas ou de retenção, para tratar doenças crônicas e dolorosas.
Esterilização
Recomenda-se o uso de agulhas descartáveis, ou na impossibilidade, seguir as normas determinadas pelo Ministério da Saúde.
Métodos e técnicas
Reforço (Tonificação), e Redução (Sedação)
Os métodos de Reforço ou Tonificação são empregados para incrementar as capacidades do organismo, nos casos de Deficiência, com o
objetivo de restaurar a normalidade nos casos de hipofunção. Os de Redução, Dispersão ou Sedação são indicados nos quadros de Excesso, para
eliminar fatores patogênicos, remover obstruções e normalizar as hiperatividades funcionais. Ambos são aplicados depois de observada, ou referida pelo
paciente, a reação da agulha, ou a percepção da sensação Deqiiii[24].
Método próximo-distante
O método, usado desde tempos muito antigos e ainda hoje, consiste no tratamento de pontos locais e próximos da região dolorosa – pontos
Ahshi, ou pontos-gatilho, combinado com a Acupuntura de pontos distantes, com efeito analgésico e simpaticolítico, situados distalmente ao cotovelo e ao
joelho.
Técnicas Bu
A agulha é introduzida de modo indolor, e depois manipulada suavemente, até a obtenção da sensação “De Qi”, que representa a ativação de
fibras nervosas sensoriais de grande diâmetro. A conseqüência dessa estimulação aferente é a inibição da atividade das fibras finas (portal de controle
da dor), relaxamento do tônus muscular segmentar (portal muscular), e inibição da atividade simpática segmentar (portal simpático). O efeito da
estimulação dos pontos analgésicos distantes (que são ao mesmo tempo pontos motores ou que apresentam densa inervação cutânea / muscular) tem sido
bem investigado. É mediado por opióides endógenos, assim como outros neurotransmissores e moduladores, incluindo serotonina e noradrenalina. O efeito
simpaticolítico da Acupuntura também está bem estabelecido, e tem sido demonstrada a sua associação com a redução dos níveis de dor, tanto em
estados dolorosos simpaticamente mantidos, quanto relacionados com pontos- gatilhoiv[25]. Em muitos tratamentos, está indicado o procedimento de
manipular as agulhas periodicamente, ao longo da sessão. Moxibustão A técnica terapêutica que aplica calor em determinados pontos de Acupuntura ou
região do corpo é tradicionalmente associada à Acupuntura, constando do nome da especialidade na Medicina Tradicional Chinesa – Chen Jiu, Agulhas e
Moxas. É utilizada para o tratamento de doenças relacionadas aos fatores patogênicos Frio, Vento, Umidade – e para tratar deficiências (de Yin, de Yang,
de Qi e de Sangue). O método clássico utiliza a combustão de folhas de Artemisia vulgaris para gerar calor, a fim de obter efeitos terapêuticos,
como a restauração do fluxo de Qi e sangue, o fortalecimento do organismo, a manutenção da saúde e a prevenção das doenças. A moxibustão pode ser
aplicada de modo direto sobre a pele, ou indireta, através das agulhas ou sobre materiais como fatias de gengibre, de alho ou sal. Para a estimulação
direta, são usados o bastão ou os pequenos cones de Artemísia a granel. A moxibustão está contra-indicada nas síndromes de excesso, de calor, e
no abdome e região sacra de mulheres grávidas.
Micro-sistemas
O pavilhão auricular, o couro cabeludo e as mãos são regiões utilizadas para a aplicação de Acupuntura, em pontos previamente
selecionados. Estão publicados diversos gráficos e mapas que ajudam a localizar esses pontos correspondentes, cuja estimulação, via
conexões no sistema nervoso central, resulta em efeitos terapêuticos na região ou função alvo. O princípio fisiológico é a existência de projeções
somatotópicas nessas micro-regiões, conectadas a sítios do sistema nervoso central, por sua vez ligados a eferências para as regiões correspondentes do
corpo. Em cada orelha aplicam-se até três agulhas por sessão, podendo-se utilizar eletroacupuntura. Como meio de estimulação continuada, o uso de
sementes, colocadas com adesivo em contato com o ponto (pressionadas periodicamente para intensificar o efeito) é mais seguro do que o de
agulhas de permanência, que expõe o paciente a um risco potencial de lesão da cartilagem.
As sessões de tratamento
O paciente
O médico deve se assegurar, antes de proceder à aplicação de Acupuntura, das condições do paciente. Diante de um estado emocional muito
alterado – como os casos de síndrome do pânico aguda, ou de ira intensa, é preciso em primeiro lugar promover a calma. O caso dos pacientes com medo
das agulhas, pode eventualmente inviabilizar a execução do procedimento. Pode-se tentar reduzir a sensibilidade dolorosa exacerbada, através
de massagem prévia dos pontos a serem estimulados. O insucesso dessa manobra pode impedir a utilização da Acupuntura na ocasião.
Postura do paciente
O paciente deve estar na posição a mais confortável possível, e que permita acesso aos pontos escolhidos, assim como a manipulação das
agulhas. Muitas vezes é necessário que, na mesma sessão, o paciente seja colocado em posições diferentes, a fim de permitir acesso a pontos
situados nas diferentes regiões do corpo. As posições mais freqüentemente utilizadas são:
Decúbito dorsal, com os joelhos levemente fletidos, é utilizada para estimular pontos da face, da cabeça, do tórax, do abdome, e das faces
anterior e lateral dos membros.
Decúbito ventral é uma posição adequada para puncionar pontos localizados na cabeça, no pescoço, na face posterior dos membros, nas
nádegas, e na região lombar. Está contra-indicada para pacientes com hiperlordose e lombalgia, cuja dor pode ser agravada nesta posição, sendo que
uma almofada sob o abdome pode corrigir a postura imprópria. Recomenda-se cuidado com a posição da cabeça no decúbito ventral – o ideal é que
na maca haja uma fenda para que a cabeça fique alinhada com o corpo, e não flexionada lateralmente.
Decúbito lateral – indicado para os casos de lombalgia que se agravam pelo decúbito ventral. A posição mais confortável para o
paciente costuma ser aquela em que o membro inferior que fica para cima está flexionado, e o joelho apoiado, para evitar torção do tronco. A cabeça deve
ser mantida no mesmo plano da coluna.
Sentado, nos casos de dificuldade do paciente para ficar nas outras posições, com atenção para a possibilidade de lipotímia, que
ocorre mais em homens do que em mulheres, mas é uma eventualidade relativamente freqüente, principalmente em conseqüência da punção de
pontos situados entre pescoço e ombro.
Freqüência
Os casos agudos ou as agudizações de situações crônicas podem requerer diversas sessões, repetidas periodicamente no mesmo dia, ou em
dias subseqüentes. A reavaliação deve ser feita seguidamente. Os casos crônicos costumam exigir tratamento prolongado. Recomenda-se seguir um
protocolo em que depois de dez sessões, realizadas uma ou duas vezes por semana, seja procedida uma reavaliação, que indicará a necessidade e a
conveniência de programar outra série de sessões.
Duração
O tempo de permanência das agulhas recomendado para a maioria dos casos é de 15 a 20 minutos, depois da obtenção da sensação
chamada Deqi, típica da Acupuntura, que varia segundo o tipo de fibra nervosa estimulada. O mesmo padrão de tempo é usado para a
eletroestimulação. Em alguns casos o tempo de permanência é menor, como no paciente debilitado, crianças e idosos. Nas condições crônicas,
especialmente dolorosas, com contraturas e espasmos, é habitual uma permanência maior. A duração total de uma sessão de Acupuntura é aumentada
quando se aplicam, na mesma sessão, pontos situados na face anterior do corpo e extremidades, e pontos situados na região dorsal. Muito
freqüentemente se acrescentam às agulhas o emprego de moxa e de eletroestimulação, que contribuem para a longa duração de uma sessão de
Acupuntura.
Referências
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iii[24] Essentials of Chinese Acupuncture Foreign Languages Press, Beijing, 1980
iv[25] STAAUSS S. Myofascial Pain Syndromes - A short review, The Trigger Points Story. Where East Meets West,
http://www.MedicineAustralia/coverpage.html, 1997
Introdução:
A acupuntura tem recebido grande destaque na mídia nas últimas décadas como uma modalidade terapêutica alternativa aos tratamentos
convencionais.6 Muitas teorias tem sido elaboradas sobre os possíveis mecanismos fisiológicos com liberação de substâncias analgésicas e
antiinflamatórias. Dor é a principal queixa dos pacientes e estima-se que nos EUA são gastos anualmente cerca de um milhão de dólares somente com a
acupuntura.2 Revendo na literatura, a questão dos verdadeiros efeitos da acupuntura no tratamento das dores crônicas permanece não resolvida. O
objetivo deste trabalho é de ascender a questão do tratamento das dores crônicas pela acupuntura fazendo uma revisão bibliográfica sobre o assunto.
Desenvolvimento:
Com o avanço da tecnologia e pesquisa no campo da medicina, hoje se sabe as bases fisiológicas envolvidas no tratamento das dores crônicas
pela acupuntura. Várias teorias foram elaboradas com o intuito de explicar os efeitos analgésicos da acupuntura, como por exemplo a teoria das comportas,
“do processo semelhante à memória”, dentre outras.5 Trabalho de neurofisiologia revela que através da inserção de agulhas há estimulação de fibras
sensitivas A, de condução mais rápida (mielínica) e C, de condução mais lenta (amielínica) as quais levam os estímulos até o corno posterior da medula e
este ascende pelo trato espino-talâmico. As fibras do tipo A, em especial as fibras Ab são responsáveis pela persepção mais fina (tato) e as fibras do tipo C
pela condução da dor, em especial de característica difusa e em queimação.5 Na medula, em especial nas laminas I, II, III e V do corno posterior são
liberadas substâncias analgésicas como a substância P, somatostatina e encefalina e no tálamo são liberadas substâncias, através de mecanismos
neurohumorais, como a endorfina, encefalina e neurotransmissores, além do efeito analgésico, consegue-se grande relaxamento muscular através de
reflexo viscero – somáticos e interseguimentares.5 Mas isto, é apenas parte de um complexo sistema que ainda permanece não totalmente compreendido,
pois o tratamento pela acupuntura tradicional chinesa revelou ser mais eficaz que o simples agulhamento em pontos pré-estabelecidos.1 No tratamento
específico das dores obtém-se melhores resultados através de estimulação intensa dos pontos, do que com estimulação menos intensa, devido maior
estímulo e com isso, maior liberação serotoninergica.3 Todos os tipos de terapia possuem um efeito placebo e a acupuntura não é uma exceção.5
Trabalho de meta-análise revelou que a acupuntura quando comparada ao tratamento convencional foi mais favorável e quando comparada ao placebo, foi
inconclusiva.7,2 Vários trabalhos mostraram que a maioria dos pacientes obtém uma diminuição significativa da dor logo nas primeiras sessões ( média de
50% de diminuição da dor na primeira sessão)1, porém há a necessidade de um tratamento mais prolongado para um melhor resultado. 1,4,6. Quanto aos
efeitos colaterais ou a piora das dores com o uso da acupuntura, estes foram muito baixos.1,4,6,7 A acupuntura no manejo do tratamento de certas
patologias crônicas mostra melhores resultados em umas em detrimento de outras. Levitt and Walker observaram em seu trabalho que pacientes com
artrite reumatóide responderam melhor do que pacientes portadores de seqüelas de neurectomias, revelando assim, que a tratamento da pela acupuntura,
assim como o tratamento tradicional, apresentam melhores resultados quanto menos graves forem as patologias.6
Conclusão:
A maior dificuldade dos trabalhos , principalmente os trabalhos de mata-analise, foram quanto a padronização, a classificação e a comparação
entre os diversos estudos, trabalho este, que muitas vezes foram inconclusíveis quanto a eficácia da acupuntura no tratamento das dores crônicas.8 Pelos
trabalhos vistos, concluímos que a acupuntura vem evoluindo muito nas últimas décadas, principalmente através do interesse científico dado ao assunto na
tentativa de desmistifica-la e usá-la como mais uma arma terapêutica em benefício do paciente. Hoje já evoluímos bastante em entender as bases
neurofisiológicas da analgesia pela acupuntura, mas compreendemos que não é apenas isto, e que o tratamento pela medicina tradicional chinesa é muito
mais que a simples colocação de agulhas. A acupuntura mostra-se como uma forma eficaz de tratamento das dores crônicas, embora, assim como nos
tratamentos tradicionais, tenha melhores respostas em certas patologias em detrimento de outras. No futuro novos trabalhos deveram ser realizados na
tentativa de desfazer as falhas dos atuais.
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www.saudetotal.com
ACUPUNTURA y DOlOR
Dirección de esta página: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/ency/article/002064.htm
Nombres alternativos
Alivio del dolor por medio de la acupuntura; la hipnosis y el dolor; medicina alternativa: alivio del dolor
Información
Para muchas personas, la acupuntura es un medio efectivo para aliviar el dolor y esto es particularmente válido en el caso de dolor de espalda y
dolores de cabeza. Otros tipos de dolor que se pueden mitigar con la acupuntura incluyen la artritis (tanto osteoartritis como artritis reumatoidea), lesiones
musculoesqueléticas (como en el cuello, los hombros, la rodilla o el codo), fibromialgia, síndrome del túnel carpiano, dolor de parto y dolor relacionado con
cáncer. La forma como la acupuntura alivia el dolor aún no está completamente clara, pero hay muchas teorías basadas en principios científicos.
La hipnosis es un estado de concentración enfocada. La autohipnosis (en la cual la persona repite una declaración positiva una y otra vez) o la
técnica de imágenes guiadas (una técnica para crear imágenes relajantes en la mente) pueden ser formas simples pero efectivas para reducir el dolor en
muchas personas. Se está estudiando la hipnosis para aliviar el dolor después de una cirugía o durante un parto, al igual que para el dolor causado por
cáncer (incluso en niños), síndrome del intestino irritable, fibromialgia, dolores de cabeza (por tensión y migraña), artritis y otras condiciones.
Tanto la acupuntura como la hipnosis a menudo están incluidas en las clínicas o centros de manejo del dolor a lo largo de los Estados Unidos.
Otros métodos no farmacológicos que se utilizan en dichos centros abarcan fisioterapia, retroalimentación, masajes y entrenamiento en relajación.
TRATAMeNTO DOs DIsTúRbIOs DO sONO RelACIONADOs à ResPOsTA AO
sTRess
Os distúrbios do sono muitas vezes fazem parte do amplo conjunto de manifestações da resposta ao stress, e uma maneira razoável de abordar
o problema é considerar os seus mecanismos neurobiológicos. Entre os medicamentos indicados para tratar os distúrbios do sono decorrentes da resposta
crônica ao stress, há diversas opções além dos hipnóticos, cujos efeitos adversos e resultados insatisfatórios impedem o seu uso em muitos casos. Entre
elas encontram-se os antidepressivos com efeito sobre a ansiedade (como sertralina) os estabilizadores do humor (como os anticonvulsivantes
gabapentina e carbamazepina), e também o beta-bloqueador propanolol, que tem sido usado para reduzir o impacto de experiências traumáticas. Os
métodos de estimulação neural periférica se constituem num dos recursos mais importantes para trata conseqüências da resposta sustentada ao stress.
Entre outros fatores que decorrem da resposta sustentada ao stress (como a hiperatividade adrenocortical e adrenomedular), a alteração do sistema de
alerta (amídala temporal) que desemboca nas vias simpáticas, mantém essas saídas adrenérgicas em ação permanente. E uma das virtudes da
estimulação neural periférica é reduzir o tônus simpático, produzindo um incremento na atividade parassimpática. Isso por si representa uma mudança
importante em direção ao retorno à normalidade dos ritmos do organismo. Além disso, comprovou-se que a estimulação de ramos dos nervos mediano,
fibular e tibial posterior (onde se encontram os principais pontos tradicionais de Acupuntura, de ação genérica), promove inibição da atividade das amídalas
temporais e do córtex insular, reduzindo assim a influência desorganizadora causada pelo excesso de impulsos provenientes desses centros. Outros
nervos têm sido utilizados como alvo da eletro-neuro-estimulação, com resultados promissores, como alguns dos 12 pares cranianos. Ramos e terminações
do nervo trigêmeo, tanto da parte motora quanto sensorial. A estimulação do sistema trigeminal tem um grande potencial como restauradora da
normalidade funcional do sistema nervoso central, o que certamente é uma contribuição importante para melhorar o sono do paciente. A psicoterapia é
igualmente importante. Alguns importantes sítios de acesso a ramos de nervos no crânio.
Postado por Norton Moritz Carneiro
Quinta-feira, 8 de Maio de 2008
ACUPUNTURA, UMA TeRAPêUTICA AlTeRNATIvA NO TRATAMeNTO DA
FIbROMIAlgIA
Autor: Thaisa Hirakui - Artigo Concl. Grad. UNIBAN – SP
I - Introdução
A Fibromialgia caracteriza-se por ser uma síndrome dolorosa crônica, apresentando dores em diferentes pontos e distúrbios do sono entre vários
outros sintomas. Ocorre em cerca de nove mulheres para cada homem em idades variadas. É uma síndrome dolorosa, crônica, não inflamatória,
caracterizada por uma dor difusa, referida no sistema músculo-esquelético, acompanhada por fadiga, distúrbios do sono e pontos dolorosos
pré-determinados. É considerada uma síndrome porque é identificada mais pelo número de sintomas do que por uma má função específica. Porém não
necessariamente deverá apresentar todos os sintomas, mas outros de origem disfuncionais podem estar presentes, como: parestesias, síndrome do cólon
irritável, fenômeno de Raynaud, disminorréia, disuria, cefaléia e artralgias, rigidez matinal, inchaço subjetivo e distúrbio psicológico como: ansiedade e
depressão (Wolfe, 1997). Esta síndrome está sendo vista como uma das queixas reumáticas mais comuns, afetando 2% da população onde o predomínio
é pelo sexo feminino cuja idade varia de 25 a 50 anos (Pereira, 1998). As opções de tratamento tem aumentado o índice de controle dessa patologia. A
Acupuntura é uma técnica milenar na qual vem ganhando mais espaço na Medicina Ocidental como tratamento alternativo em diversas patologias; dentre
elas está a Fibromialgia. A terapia da Acupuntura dedica-se ao tratamento de doenças e distúrbios no que refere-se à sua etiologia, diferenciação da
patologia, princípio e método de tratamento e prescrição dos pontos. Seus efeitos sobre a atividade cerebral têm sido demonstrados através de
eletroencefalografia, de potenciais evocados, de ressonância magnética, e sua eficácia no tratamento da dor de diversas etiologias estão bem
demonstrados; em especial para a síndrome de dor, em que o conceito de pontos-gatilho apresenta correlações importantes com o de pontos de
Acupuntura, e para a qual é imprescindível uma ação terapêutica direta sobre os músculos cronicamente lesados. ( Bossy, 2001) A base de tratamento da
Acupuntura é o reequilíbrio energético através de canais que se encontram distribuídos no organismo humano por onde passa a energia vital ou Qi. O
tratamento é feito através de inserção de agulhas introduzidas nos pontos os quais estão localizados nos canais energéticos também chamados
meridianos. Segundo a teoria da Acupuntura, todas as estruturas do organismo se encontram em equilíbrio pela atuação das energias Yin e Yang. Desse
modo, se as energias Yin e Yang estiverem em perfeita harmonia, o organismo estará com saúde; por outro lado, um desequilíbrio gerará doença
(Yamamura, 1995). A ação da Acupuntura nos quadros de dores crônicas podem promover a redução dos sintomas álgicos e dolorosos alcançando em
restabelecimento mais precoce e assim o breve retorno às atividades; a noção de ação integrada do SNC, ampliada com o conhecimento da interação das
diversas vias aferentes explica a ação hipoalgésica da Acupuntura. De acordo com estudos e pesquisas para comprovar a eficácia, a arte da Acupuntura
visa através da sua técnica, estimular os pontos reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o equilíbrio alcançando assim, resultados terapêuticos
e diminuindo o quadro álgico para uma melhor qualidade de vida e retorno às atividades diárias. É importante ressaltar atividade física leve e regular como
parte fundamental no tratamento, (estimula a produção de serotonina).
Fisiopatogenia
Diferentes fatores, isolados ou combinados, podem desencadear a Fibromialgia. Alguns tipos de estresses como doenças, traumas emocionais
ou físicos, mudanças hormonais, etc., podem gerar dores ou fadiga generalizadas que não melhoram com o descanso e que caracterizam a Fibromialgia
(Cantarelli, 2001). O mecanismo que regula a sensação da dor é uma substancia chamada serotonina. A serotonina é um importante neurotransmissor que
entre outras coisas, regula e afeta o sono, o humor e percepção sensorial. A serotonina é produzida no nível delta do sono, que é constantemente
interrompido na Fibromialgia (Haun, 1998). Alguns pacientes são capazes de identificar alguns fatores que precipitam ou agravam seu quadro doloroso
entre eles, os quadros virais, traumas físicos (acidentes automobilístico), traumas psíquicos (problemas com filhos, divórcios e outros), mudanças climáticas
(especialmente o frio e a umidade), sedentarismo e a ansiedade são os mais relatados. Porém, o único achado relevante ao exame físico é a presença dos
pontos dolorosos ou "tender points" (Goldenberg, 2001).
Quadro clínico
Além da dor, a Fibromialgia pode ocasionar rigidez generalizada no corpo, pela manhã e edema nas mãos e nos pés onde também são notadas
paresias, principalmente nas mãos. Outra alteração é o cansaço extremo que se mantém durante quase todo o dia, semelhante à fadiga crônica (Haun,
1998). Acredita-se que devido a este sintoma, os pacientes com Fibromialgia não tenham tolerância ao esforço físico, sentindo-se como se tivessem
esgotado toda a energia; tendo como resultado a diminuição do esforço e o nível de tolerância ao exercício reduza ainda mais (Souza, 2001). Ocorre
também cefaléias de caráter tensional ou do tipo enxaqueca, sensibilidade ao frio referindo que suas dores pioram no inverno, vertigem, dificuldade de
concentração, boca e olho secos, batedeira no peito, tensão pré-menstrual e irritabilidade; os distúrbios de humor são comumente encontrados nestes
pacientes, particularmente a ansiedade e a depressão (Goldenberg, 2001). Uma característica marcante da Fibromialgia é o distúrbio do sono,
caracterizados por um sono não reparador, ou seja, os pacientes reclamam que dormem , acordam cansados e com dores pelo corpo todo, ou que não
encontra uma posição confortável para dormir. Essas manifestações variam de acordo com o horário do dia, intensidade dos esforços físicos realizados,
condições climáticas, aspectos emocionais e ligados ao padrão do sono.
Diagnóstico
O critério para o diagnóstico é puramente clínico, observando a sintomatologia. Embora o exame físico do paciente pareça normal, o exame
minucioso revela áreas bastante sensíveis e dolorosas em determinados locais. De acordo com o critério de 1990 do Colégio Americano de Reumatologia
(American College of Rheumatology - ACR) podemos dizer que um paciente tem Fibromialgia se forem satisfeitos os critérios descritos. Os pacientes
devem ter os dois critérios abaixo, com a duração da dor de pelo menos 3 meses. Se o paciente já tem uma outra doença clínica, não impede de ter um
diagnóstico de fibromialgia associado. (Nery, 1999 ; Knoplich, 2001) Critérios para classificação de Fibromialgia - ACR, 1990
1) História de dor disseminada (> 3 meses)
A dor é considerada disseminada quando apresentar:
- dor no hemicorpo esquerdo;
- dor no hemicorpo direito;
- dor acima dor punho;
- dor abaixo do punho.
E se, em adição, apresentar dor no esqueleto axial:
- coluna cervical;
- parede anterior do tórax;
- coluna torácica;
- coluna lombar.
Dor no ombro e nádegas é considerada como dor para cada segmento envolvido. Lombalgia é considerada como dor no segmento da coluna
lombar.
2) Dor em 11 dos 18 pontos dolorosos à palpação digital ("tender points")
- região occiptal: bilateralmente, nas inserções dos músculos;
- coluna cervical (inferior): bilateralmente, nos espaços intertransversos de C5 a C7;
- músculo trapézio: bilateralmente, no ponto médio da borda superior;
- músculo supra-espinhoso: bilateralmente, nas origens e acima da espinha escapular e da borda medial da escápula;
- segunda costela: bilateralmente, no 2º espaço intercostal e articulação condrocostal;
- epicôndilo lateral: bilateralmente, 2 cm abaixo dos epicôndilos;
- região glútea: bilateralmente, nos quadrantes superolaterais e abaixo do músculo piriforme;
- trocanter maior: bilateralmente, posterior à proeminência trocantérica;
- joelho: bilateralmente nas interlinhas mediais e no local de inserção dos músculos da pata de ganso.
· A palpação digital deve ser feita com a força de aproximadamente 4 kg.
· Considera-se positivo um "tender point" quando o paciente reclama de dor à palpação.
· "Tender" não pode ser considerado doloroso.
Fonte: Nery, 1999
Fibromialgia sob o ponto de vista da medicina tradicional chinesa
"Toda Fibromialgia é doença do Qiao Mai, mas nem toda doença do Qiao Mai é Fibromialgia." (Cantarelli, 2001) É proposto 2 tipos de
tratamento pelo canal de energia curioso e outra pela teoria dos 5 elementos.
Canais de Energia Curiosos
Na concepção da Medicina Tradicional Chinesa, as dores tendino musculares, articulares e periarticulares são consideradas de característica
Yang, pelo fato de se situarem na parte exterior do corpo. A Fibromialgia, caracterizada pela presença de pontos dolorosos (tender points), espalhados pelo
corpo, sugere tratar-se de uma condição energética relacionada com alterações globais de toda a energia Yang do corpo, que ascende, podendo, então,
provocar distúrbios do sono; além do mais, o quadro da Fibromialgia é crônico (Yamamura et al., 1996). Como parte da síndrome do Qiao mai, a
Fibromialgia se caracteriza por apresentar dores músculo-esqueléticas difusas, articulares, periarticulares, tendinosas e musculares, manifestando-se de
maneira crônica, acompanhadas por diversos sintomas subjetivos e disfunções orgânicas. A maioria dos pacientes portadores de Fibromialgia apresenta
sintoma típico de sono não reparador, contraturas musculares matinais, fadiga persistente no decorrer do dia, dores que pioram com os esforços físicos e
quadros depressivos e ansiosos, além de sintomas relacionados ao cólon irritável, parestesias, sensação de inchaço nas extremidades, cefaléia tensional,
tensão pré-menstrual, dismenorréia, síndrome uretral feminina, fenômeno de Raynaud, dor facial e Síndrome do Túnel do carpo, estando em relação com o
canal Du-Mai que recebe energia de todos os canais Yang, denominado "Yang do corpo" que une a parte alta com a baixa do corpo (Yamamura, 1996). O
sinal essencial do ataque do Yang Qiao Mai é a insônia, na qual estão englobados os distúrbios de sono, insônia, sono agitado, sono entrecortado e sono
não reparador, sendo que se relaciona com a síndrome fibromialgica (Inada, 2000). A Fibromialgia pode ser de característica Yang quando os distúrbios se
referem ao Canal de Energia Curioso Yang Qiao Mai, ou de característica Yin, quando os distúrbios se referem ao Canal de Energia Curioso Yin Qiao Mai,
ou sejam decorrentes de vazio de Yin e falso calor (Cantarelli, 2001). Devido os sintomas da Fibromialgia se assemelhar com os sintomas da disfunção
desses canais, a fadiga persistente e a origem dos pontos dolorosos (tender points) são explicados, pela Medicina Tradicional Chinesa, como sendo
manifestação do falso calor oriundo da deficiência do shen-rins, (fadiga persistente), e sintomas de caráter Yang (dores difusas pelo sistema
músculo-esquelético, sono não reparador, ansiedade). Associa-se a essa deficiência do shen-rins a agressão pelo frio (dores que pioram com o frio e a
umidade, acompanhadas por sensação de inchaço nas extremidades e intolerância ao frio). O sono não reparador é provocado, segundo a Medicina
Tradicional Chinesa, pelo excesso de Yang que atinge o canal curioso Yang Qiao Mai (Yamamura, 1996). O aparecimento de pontos dolorosos miofasciais
é explicado, segundo a teoria dos Jing Lou (canais e colaterais), pela presença de Qi perverso calor ou umidade-calor, nos canais de energia.
Tratamento
Russel, 1989, mostrou a existência de aspectos neuro-humorais da Fibromialgia, relacionando-a com a serotonia, substância P, endorfinas e
hormônios do eixo hipotálamo-hipófise, entre outros. Estes aspectos neuro-humorais são os mesmos considerados no mecanismo de ação de Acupuntura.
Por isso, a maioria dos pontos utilizados no tratamento da Fibromialgia está relacionada com os nervos plurissegmentares, tanto do membro superior, como
do inferior, que tem efeitos predominantemente sobre o sistema nervoso central ( Yamamura et al., 1996; Cantarelli, 2001). Foi escolhido este tratamento
com os Canais de Energia Curisos (Du Mai/ Yang Qiao Mai e Ren Mai/ Yin Qiao Mai), devido seus sintomas de disfunção ser semelhante com os sintomas
da Fibromialgia ( Yamamura et al., 1996). Na Fibromialgia há 2 sistemas de Qiao comprometidos, o Yang Qiao ou Yin Qiao, de acordo com a natureza, se
Yang ou Yin. Se Yang, tratar Yang Qiao Mai / Du Mai, com pontos de abertura, respectivamente B62 e ID3; se Yin, tratar Yin Qiao Mai / Ren Mai com
pontos de abertura, respectivamente R6 e P7 (Inada, 2000). Cantarelli (2001) descreve que sempre cuidar, tonificar o órgão deficiente, no caso Shen dos
Rins, esquema de acordo com Yamamura:
Céu: Canais de Energia Distintos
- CS/TA = CS1, TA16, VG20
- F/VB = F5, VB30, VB1
Homem: R2, R3, R7, BP6, E36, IG4, TA2, VB34, VB43
Terra: Canal de Energia Curioso Yang Qiao Mai - B62/ID3
Canal de Energia Curioso Yin Qiao Mai - R6/P7
Ambos canais de energia possui uma ação específica sobre a patologia - Fibromialgia.
O tratamento da Fibromialgia de característica Yang é realizado punctuando o ponto Bexiga 62, do canal de energia principal da bexiga, constitui
o ponto de abertura do canal Yang Qiao Mai que situa 1 tsun distalmente à ponta do maléolo lateral, numa profundidade de 1 tsun. Este ponto possui uma
ação específica sobre a patologia dos membros e demartoses. A seguir os pontos sintomáticos, tais como: VG2, B43, B40 e, por fim ID3, para constituir o
sistema "anfitrião-hóspede" (Cantarelli, 2001). Para a abertura do canal de energia Yin Qiao Mai, deve-se punctuar em primeiro o ponto R6, do canal de
energia principal dos rins, que se situa numa reentrância óssea localizada a 1 tsun distal à margem inferior do maléolo medial, numa profundidade de 8 a 12
mm. Este ponto possui ação específica sobre sonolência excessiva. A seguir deve-se punctuar os pontos E36, R3, R4, IG2 e por fim, o ponto P7 seu
associado (Cantarelli, 2001).
Os Cinco Elementos
O tratamento também pode ser realizado com a utilização da teoria dos cinco. Através dos sintomas e síndromes no diagnóstico. A aplicação da
teoria dos cinco elementos está na classificação em diferentes categorias como emoção humanas e fenômenos naturais externos do corpo como as
condições climáticas. No caso da Fibromialgia destacamos uma desarmonizarão principal no excesso de fígado (Zang - muscular e tendão) e deficiência
de rins (Fu - ossos). Através do tratamento feito pela teoria do cinco elementos observamos também com o ciclo de dominação que o fígado, coração, rim,
pulmão, necessitam de tratamento simultaneamente. Um dano no fígado pode influenciar também o coração e acontece que a dominação da mãe atinge o
filho pode influenciar o pulmão, pode influenciar os rins, o que resulta em a dominação do filho atinge a mãe. Portanto a lei Produção-D - Agresso- V"são
métodos de tratamento exatos. Reforçar a Terra para produzir Metal, Umedecer a Água para manter a Madeira irrigada, sustentar a Terra para conter a
Madeira e fortificar a Água para conter o Fogo". Água em deficiência, tonificar a mãe Rim que é o pulmão + rim + baço. Fígado em excesso, sedar o filho
que é coração + Fígado. Fígado em excesso, o rim não consegue guardar energia essencial.
II - Materiais e métodos
Foram estudados 2 pacientes durante 3 meses, do sexo feminino, com 33 e 49 anos, e diagnóstico de Fibromialgia que realizam terapia no
Ambulatório de Acupuntura da UNIFESP, 1 vez por semana, às 5º feiras. O diagnóstico de ambas foi realizado por reumatologistas, segundo sua avaliação
clínica usual, utilizando os critérios clínicos do American College of Rheumatology. E durante a avaliação do médico acupunturista utilizou-se o método
aplicado pela UNIFESP. Ambas as pacientes, no momento da avaliação e entrevista, apresentavam dor.
1) Paciente P.W., 49 anos -Paciente relata estar de licença médica há 5 anos com diagnóstico de LER por um médico ortopedista, trabalhava em
período integral numa empresa como secretária executiva há 29 anos. O que mais a incomodava era a licença médica e em 2000 o médico lhe avisou que
não voltaria mais à trabalhar. Estava em plena ascensão no trabalho quase para assumir a gerência, de repente estava impossibilitada, isso a abalou muito,
disse que chorou muito, entrou em depressão. Sentia que as dores estavam aumentando, outros sintomas começaram a aparecer como: ATM - usa
aparelho para dormir pois range os dentes, comentou que às vezes a coluna "trava" na altura da escápula deixando dolorido pescoço, ombro e MMSS,
mãos inchadas ao acordar, formigamento em MMSS, dores no corpo todo principalmente em MMSS, mas que dorme bem. O tratamento desta paciente de
acordo com a Medicina Chinesa é direcionado para o quadro de deficiência de Rim, Baço-Pancreas e Fígado - é o reequilíbrio energético de Rim,
Baço-Pancreas e Fígado baseado nos cinco elemento para diagnóstico e tratamento, com abertura dos canais de energia Yang Qiao Mai/Du Mai,
completando com os pontos Ashi e queixas direcionadas. Como tratamento auxiliar foi utilizado a moxa.
2) Paciente H.M.C., 33 anos - desde 28/03/2002 totalizando 13 sessões até 22/08/2002: Paciente relata que sofre de dores pelo corpo desde os
12 anos. Começou com dores nas costas, procurou um ortopedista que diagnosticou escoliose mas que não justificava a dor pela característica da
escoliose. E somente há 1 ano atrás foi diagnosticado Síndrome da Fibromialgia pela reumatologista. A fisiotapogenia desse caso é de fundo emocional
pois tudo começou após ter sido assediada sexualmente. Seus principais sintomas são: sono não reparador, dores generalizadas, disminorréia, olhos e
boca secas, fadiga, instabilidade de humor, vertigens, dor de cabeça, formigamento de mãos e pés pela manhã, problema no ovário, cansaço matinal. Faz
análise há 9 anos, faz aulas de alongamento (leve) no qual refere melhora e a dor exacerba quando faz qualquer esforço (limpar casa, varrer). Não faz
condicionamento físico, fez fisioterapia, fez aulas de yoga, natação. O tratamento desta paciente de acordo com a Medicina Chinesa é direcionado para o
quadro de deficiência de Rim - é realizado a tonificação do Rim e a harmonização de Fígado, com abertura dos canais de energia Yin Qiao Mai/Ren Mai,
completando com os pontos Ashi e queixas direcionadas. Foi receitado pelo Dr. um fitoterápico que ajudou na diminuição dos sintomas.
III - Resultados
Paciente P.W., 49 anos - Paciente refere melhora do quadro clínico do hemicorpo esquerdo e MMII direito, persistindo o quadro algico no trajeto
do pescoço, ombros e MMSS direito não com a mesma intensidade tanto que não administra medicamentos periódicos, o formigamento melhorou, a
ansiedade também e que controla melhor a instabilidade de humor e o nervosismo. Evidenciou que dependendo do esforço físico do dia a dor tende a
exacerbar não alterando os outros sintomas. Paciente H.M.C., 33 anos -Paciente refere melhora do sono, cansaço, dor na sola do pé, da disminorréia, do
formigamento, mas deixa claro que sempre tem recaídas. No dia 21/08/2002 - 4º feira, procurou o serviço de Pronto Atendimento com crises de dores
generalizadas. Deixou de administrar medicamentos periódicos, apenas de extrema necessidade.
IV - Discussão
As características clínicas (sintomas e sinais) da Fibromialgia podem ser correlacionadas com as manifestações clínicas da patologia de canais
de energia curiosos, da Medicina Tradicional Chinesa. Na concepção desta Medicina, as características da Fibromialgia podem ser classificadas em dois
tipos: o primeiro, com características eminentemente Yang, relaciona-se com o canal Yang Qiao Mai e deve ser tratado pelo sistema Yang Qiao Mai/Du
Mai; o segundo, com manifestações de deficiência de Yin e de Falso-Calor, relacionar-se com o canal Yin Qiao Mai e deve ser tratado pelo sistema Yin
Qiao Mai/Ren Mai (Yamamura et al., 1996). O tratamento local - pontos Ashi consiste na desativação dos pontos gatilhos (tender points), e relaxamento
das bandas musculares e contraturas musculares dolorosas à palpação. Vários procedimentos de medicina física podem ser empregados na desativação
destes pontos (Yamamura, 1993). Pode ser utilizado a teoria dos cincos elementos, como tratamento e no diagnóstico, através da classificação dos
sintomas e síndromes, afim de buscar o reequilíbrio energético. Todo o processo fisiopatológico das algias periféricas e viscerais é decorrente do
desequilíbrio entre o Yang e o Yin. Por isso, antes de se iniciar o tratamento das algias periféricas e viscerais, deve-se procurar harmonizar o Yang e o Yin.
Um dos recursos é a utilização dos pontos de Acupuntura que promovem a ligação Yang/Yin, Alto/Baixo, Exterior/interior; estas ligações são obtidas à
custa das funções energéticas de quatro pontos de Acupuntura: o IG4 (Hegu), IG11 (Quchi), F3 (Taichong) e o E36 (Zusanli), distribuídos bilateralmente
(Yamamura, 1993). Os pontos empregados são detectados à palpação e baseando-se também no critério de diagnóstico de 1990 do American College of
Rheumatology e áreas de dor referida, já que o diagnóstico da Fibromialgia é puramente clínico. As agulhas de Acupuntura devem ser introduzidas nestes
pontos com profundidade que varia de acordo com a anatomia local e complementada pelo método escolhido de tratamento. Observou-se que para a
Medicina Tradicional Chinesa, a Fibromialgia ocorre devido à desarmonização com excesso de Fígado e uma deficiência de Rins e uma manifestação de
Falso-Calor oriunda da deficiência do Shen (Rins), apresentando sintomas característicos ao da Síndrome da Fibromialgia.
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síNDROMe De FIbROMIAlgIA 2.
Síndrome é o nome que se dá a um conjunto de sintomas, conectados entre si, que quando aparecem isoladamente podem ser causados por
uma doença específica. A síndrome de fibromialgia é uma condição clínica que afeta primariamente o sistema nervoso, e as manifestações clínicas são
decorrentes de alterações nos complexos processos de auto-regulação do organismo. Dor disseminada, perturbações de ordem emocional (depressão,
ansiedade), fadiga crônica e distúrbios do sono são aspectos fundamentais para caracterizar a síndrome de fibromialgia:
Dor
Dor músculo-esquelética (muscular, articular) e relacionada com os nervos periféricos.
Dolorimento comparável ao dos estados gripais.
Hipersensibilidade à dor (hiperalgesia) e a outros estímulos ambientais, como ruídos e mudanças climáticas.
Fadiga
Sensação de falta de força muscular, e de cansaço generalizado, desproporcional com relação às atividades, manifestando-se mesmo ao
despertar de noite de sono, e podendo se intensificar periodicamente ao longo do dia.
Perturbações do sono
Sono não-reparador. Fase profunda do sono de pequena duração. Interrupções do sono, e também insônia.
Perturbações emocionais
Depressão, ansiedade.
Dificuldades cognitivas
Dispersão da atenção; queixas de falta de memória, “mente enevoada”; variações do humor. Dificuldades ocasionais com a expressão verbal.
Distúrbios digestivos
Síndrome do colo irritável. Distensão abdominal, refluxo gastro-esofágico, alterações do esvaziamento intestinal. Intolerâncias alimentares.
Distúrbios urinários
Bexiga hiperativa ou irritável, cistite intersticial.
Cefaléia
Enxaqueca (migrânia), cefaléia tensional, cefaléia crônica diária.
Disfunções autonômicas e hormonais
Perturbação da regulação térmica – dificuldades de adaptação às mudanças de temperatura ambiental; Febre persistente e discreta ou
temperatura corporal sistematicamente baixa.
Prolapso da válvula mitral.
Alterações no ciclo menstrual. Hipotiroidismo. Disfunção das supra-renais.
Alergias e imunidade
Aumento da sensibilidade a substâncias presentes no ambiente.
Suscetibilidade a infecções virais, recuperação lenta de doenças ou traumas.
Gânglios aumentados, faringite e rinite.
DIstúrbios neuro-musculares
Contraturas, câimbras e tremores, mioclonia.
Distúrbios sensoriais
Dormências, formigamentos (parestesias). Zumbido.
Postado por Norton Moritz Carneiro
síNDROMe De FIbROMIAlgIA 1.
As pessoas com dor crônica, dor disseminada ou síndrome de fibromialgia apresentam muitos outros sintomas além da dor músculo-esquelética,
como
- fadiga, distúrbios do sono, sensação de aumento de volume dos tecidos corporais e de falta de forca muscular, parestesia (formigamento,
dormência);
- disfunção cognitiva (atenção, memória), vertigens (tontura, “cabeça leve”), e
- sintomas de disfunções concomitantes, como síndrome do colo irritável, enxaqueca, cefaléia tensional e síndrome das pernas inquietas.
Manifestações de resposta ao stress, ansiedade e depressão estão presentes em 30 a 45% dos pacientes, e fatores como distúrbios hormonais,
trauma físico e perturbação do sono contribuem para piorar a situação. A avaliação do paciente com dor crônica disseminada inclui história clínica e exame
físico, para diagnosticar a síndrome de fibromialgia e as condições associadas ou concomitantes. A ocorrência concomitante de síndrome dolorosa
miofascial ou doença reumática e síndrome de fibromialgia é um achado freqüente. Avalia-se que 20 a 30% dos pacientes com artrite reumatóide e lupus
eritematoso têm síndrome de fibromialgia associada, o que requer uma abordagem terapêutica diferente. Locais mais comuns de máxima sensibilidade
dolorosa. Entre as medidas terapêuticas indicadas para tratar os pacientes com síndrome de fibromialgia, destacam-se os métodos de estimulaçao neural
periférica, capazes de modificar o estado funcional dos diversos componentes neurais da captação, transmissão, percepção e respostas à dor.
Postado por Norton Moritz Carneiro
Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008
As síNDROMes DOlOROsAs MIOFAsCIAIs
Na década de 1970, Charles Gunn descreveu o processo pelo qual a sensibilização das raízes nervosas espinais gera mudanças sensoriais,
motoras e autonômicas em todo o território do nervo. Uma hiperatividade nos efetores musculares é explicada pela redução nos sinais transmitidos pelo
nervo, segundo a Lei de Cannon-Rosenbluth, ou da ‘desnervação’. A supressão dos impulsos nervosos gera aumento da sensibilidade dos efetores, no
caso os terminais de placa motora (junção neuro-muscular). Essa privação de sinais pré-sinápticos leva a um incremento na expressão de receptores de
membrana, deixando a membrana pós-sináptica sensibilizada. O aumento de sensibilidade para fatores no ambiente molecular da membrana, inclui as
aminas excitatórias, acetilcolina, e também noradrenalina e adrenalina circulante, pH, hipóxia, e pró-inflamatórios em geral. Quando existe patologia neural,
a taxa de caos no sistema aumenta, porque o agente e o sujeito do processo são o mesmo – a rede neural. A redundância parece gerar eventos
não-lineares, não previsíveis com base na função normal da rede. Isso pode justificar um dos enigmas da síndrome dolorosa miofascial – o fato de as
bandas tensas musculares não serem homogeneamente distribuídas no músculo. Encontram-se nas regiões onde há maior concentração de terminais de
placa motora, e essa concentração permite que os estímulos atinjam um ponto critico, mobilizando miofibrilas em alguns sarcômeros (células musculares),
de modo auto-sustentado. Microfotografia eletrônica de terminais de placas motoras A cronificação da contratura leva a fibrose (substituição das fibras
musculares normais por cicatriciais) e encurtamento do músculo, a entesopatia (alteração na estrutura de tendões) e a modificações articulares (inflamação,
alteração da forma). Então, na ocorrência de sensibilização radicular (das raízes nervosas) – que na maioria dos casos é causada ou mantida por distúrbio
miofascial para-vertebral (em todos os planos de profundidade), o tratamento na região paravertebral é necessário e eficaz. Mas muitos casos de síndrome
dolorosa músculo-esquelética de origem periférica, não dependem da existência de bandas tensas em pontos-gatilho para existir, na fase aguda. Ocorre,
por exemplo, logo após trauma articular, quando os músculos da região têm o seu tônus reflexamente aumentado, como numa intenção de ‘proteger’ a
articulação. O reflexo nocifensivo pode ser útil, mas pode se tornar nocivo, frequentemente agravando as conseqüências do trauma, criando um padrão de
contratura que não se restringe a uma banda estreita, mas abrangendo todo o músculo. Processo idêntico acontece na dor miofascial que ocorre como
resposta reflexa a uma anomalia visceral - o músculo somático conectado ao órgão interno via reflexo medular se torna hiperalgésico. Da escolha do local
apropriado de acesso intramuscular para fazer a estimulação dependerá o resultado da terapêutica. Os alvos do tratamento podem ser primariamente as
conexões sensório-motoras, promovendo relaxamento do músculo e desativação do circuito que mantém a perturbação. Na dor lombar baixa, os alvos mais
importantes costumam se localizar acima do local da dor referida. A dor que se origina em L5-S1, por exemplo, costuma responder bem ao se tratar os
músculos eretores da coluna, localizados na altura da transição tóraco-lombar. Além disso, os componentes centrais, incluindo a sensibilização dos
diversos componentes da rede neural relacionada com a transmissão e percepção da dor, e os aspectos emocionais e cognitivos da dor estão sempre
atuando, e a atenção a estes fatores pode ser crucial para a obtenção dos melhores resultados do tratamento.
Postado por Norton Moritz Carneiro
Domingo, 2 de Março de 2008
INTeRAções ClíNICAs - DOR e sONO 1
Mais da metade dos pacientes com dor sofre de distúrbios do sono. Além disso, afirmam pesquisadores, a principal causa de perturbação
secundária do sono é a ocorrência de dor. Por outro lado, a restrição do sono na maior parte das pessoas provoca o aparecimento de dores, com destaque
para a cefaléia, e os distúrbios do sono reduzem a tolerância à dor. Frequentemente fica difícil definir o sentido da causalidade entre dor e distúrbios do
sono.
As principais fases do sono
A resposta ao stress, com suas conseqüências sobre os mais diferentes sistemas funcionais do organismo, como o sistema nervoso autônomo,
o sistema endócrino, o sistema muscular, é uma causa de distúrbios do sono, ansiedade e eventual depressão, que podem se tornar causas
auto-sustentadas de dor crônica. Portanto, para um tratamento mais eficiente das síndromes dolorosas, é importante identificar e tratar os distúrbios do
sono. Os distúrbios do sono mais comuns são a insônia inicial, as interrupções freqüentes do sono, redução da duração do período de sono, fadiga diurna
e sono não-restaurador. Em geral, esses problemas têm causas múltiplas. Alguns fatores relevantes são depressão e ansiedade, e efeitos de
medicamentos; incluem-se as causas comportamentais, como a alteração do ciclo sono-vigília, aumento do tempo de permanência na cama, incluindo
atividades como ler e assistir TV e falta de atividades físicas. É comum encontrar-se em pessoas com síndrome de fibromialgia, artrite reumatóide,
lombalgia, cefaléia, o aparecimento de registros eletroencefalográficos de ondas alfa intrusas. A anomalia da fase profunda do sono está correlacionada
com as interrupções do sono e com o sono não-restaurador. A redução da duração e a má qualidade da fase profunda do sono trazem diversas
repercussões nocivas para o organismo. Neuro-hormônios, como os relacionados com a reparação de desgastes somáticos, especialmente dos músculos,
(somatotrofina), por exemplo, são liberados nessa fase do sono, e baixos níveis dessas substâncias se correlacionam com a fadiga e a dor
músculo-esquelética associada às perturbações do sono. Voluntários saudáveis submetidos a interrupção do sono não-REM (REM = movimento rápido dos
olhos – nome da fase do sono em que se sonha), depois de poucas noites, ou em muitos casos depois da primeira noite, apresentaram dolorimento
corporal, que se resolveu depois de duas noites de sono continuado. Deduz-se o efeito salutar que a normalização do sono pode ter para os pacientes com
dor.
Postado por Norton Moritz Carneiro
Quinta-feira, 6 de Março de 2008
DOR AbDOMINAl e PélvICA
A dor de origem visceral é uma das razões mais freqüentes de consulta nos serviços de clínica geral e gastroenterologia, com uma taxa de
incidência anual de 15 para 1000 pessoas. As dores viscerais podem ser causadas por processos inflamatórios de origem infecciosa ou química (como
gastrenterites, colites, pancreatite entre outras), isquemia e alterações estruturais, como neoplasias em órgãos internos, mas nem sempre. Os distúrbios
funcionais de vísceras torácicas, abdominais ou pélvicas, são as causas mais freqüentes das síndromes dolorosas de origem visceral, que nem sempre
está associada a alguma lesão. Por exemplo, um estímulo de baixa intensidade pode provocar ativação de aferentes sensoriais da víscera, como a pressão
gasosa no interior do tubo digestivo. Por outro lado, alterações estruturais importantes de um órgão interno podem não causar sensação de dor, enquanto a
distensão na parede muscular das vísceras ocas e na cápsula das vísceras sólidas são causas comuns de dor visceral. Alguns setores das vísceras não
dispõem de receptores sensoriais e, portanto, não geram dor, ou são dotadas de terminais sensitivos relacionados com a captação de sinais provenientes
de lesões, mas que não evocam percepção consciente, embora provoquem reações autonômicas. Não há no córtex cerebral, região cuja ativação
proporciona (entre muitas outras coisas) percepções sensoriais corporais precisas, uma representaçao para as vísceras, ou órgãos internos. Nos córtices
sensorial e motor (nas duas margens da fissura de Rolando) que sediam, respectivamente, percepções somáticas discriminativas e os processo de
comandos motores que dão início ao movimento corporal, os mapas são completos, mas não incluem coração, pulmões, estômago, intestinos, fígado, rins
e outras estruturas intratorácicas ou abdominais.
Organização topográfica do córtex motor
Organização topográfica do córtex sensorial
Áreas de Penfield
"Homúnculo" de Penfield - as proporções da anatomia na representação do corpo no córtex cerebral.
A dor de origem visceral é difusa e fracamente localizada, devido à organização das vias sensoriais viscerais no sistema nervoso central, que
ascendem conjuntamente com as de origem somática. É referida em outros locais, por meio de convergência das fibras nervosas viscerais e somáticas, ao
se conectarem no corno dorsal da medula espinhal. Acompanha-se de reflexos autonômicos e motores, que frequentemente são os sinais que apontam
para um quadro de origem visceral, distinguindo-o dos de origem músculo-esquelética, permitindo que se deduza que uma dor lombar acompanhada de
vômitos e sudorese seja causada por alteração interna, e não muscular. A participação autonômica (dos sistemas simpático e parassimpático) também
cumpre outras funções, além de sinalizar a origem visceral do quadro clínico, como sistema mantenedor e facilitador da transmissão dolorosa.
Reflexos somático-visceral e víscero-somático
Os distúrbios viscerais dolorosos se manifestam à consciência sob a forma de dor somática, através de reflexos víscero-somáticos, que ativam
pontos-gatilho miofasciais. A dor resultante não pode ser discernida de uma dor miofascial, apresentando, entretanto, características especiais. São
diferentes da dor somática aguda, que é bem localizada, aguda e definida. A dor somática de origem visceral é difusa, surda, difícil de descrever, e pode se
associar com sintomas gerados pelo sistema nervoso autônomo, como náusea, vômitos, sudorese.
Convergência de informações visceral e somática resulta na percepçao da dor visceral.
Os músculos esqueléticos também podem contribuir para a dor e disfunção visceral, por indução de arcos reflexos espinais. Aferências
simpáticas viscerais convergem sobre os mesmos neurônios do corno dorsal que as aferências nociceptivas somáticas. Atividade reflexa de eferências
simpáticas, assim como de nociceptores cutâneos podem produzir espasmo de esfíncteres viscerais. O músculo reto do abdome é especialmente sujeito
ao desenvolvimento de pontos-gatilho em associação à dor visceral. Pontos-gatilho no quadrante direito superior podem ser observados em distúrbio da
vesícula biliar; do quadrante superior esquerdo em doença do esôfago e úlcera do estômago; do quadrante inferior direito em dismenorréia, e do quadrante
inferior esquerdo em distúrbios intestinais. O espasmo do esôfago geralmente se associa a pontos-gatilho no tórax posterior esquerdo, nos níveis de T3 a
T6.
Tratamento por modulação neural periférica.
O tratamento de pontos-gatilho dos músculos da parede abdominal pode promover alívio significativo de dores somáticas e viscerais. Essa
terapia deve ser considerada sempre que manobras como palpação e extensão dos músculos provocam desconforto visceral. Pontos-gatilho abdominais
dolorosos são acompanhados de pontos-gatilho ativos na musculatura paravertebral. Essas 'zonas reflexas' são importantes para o tratamento da dor de
origem visceral, assim como outros sítios localizados em viscerótomos, na parede abdominal. A sensibilidade dolorosa à palpação é um elemento crucial
na escolha desses sítios para a eletro-neuro-estimulação. A estimulação dos nervos sacrais ou dos plexos lombo-sacros é benéfica para condições
dolorosas resultantes de síndromes abdominais, pélvicas, genitais e anais. Condições específicas que têm sido tratadas incluem cistite intersticial,
coccigodinia, pielonefrite, pancreatite e vulvodinia. Essas síndromes que muitas vezes causam perplexidade podem ser difíceis de tratar, em grande parte
por causa do desconhecimento dos fatores perpetuantes da situação. O tratamento inclui a aplicação de infiltração de anestésicos locais, agulhamento e
eletro-neuro-estimulação transcutânea e percutânea. Além de reduzir o desconforto e a dor, contribui para a normalização funcional visceral, por meio da
estabilização das funções autonômicas e centrais do sistema nervoso.
Postado por Norton Moritz Carneiro
Sábado, 10 de Maio de 2008
Acupuncture Theory
Acupuncture, very basically, is the insertion of very fine needles, sometimes in conjunction with electrical stimulus, on the body's surface, in order
to influence physiological functioning of the body (1). At the basis of acupuncture, is the theory that the body has a constant energy force running through it.
This energy force is known as Qi. The Qi consists of all essential life activities which include the spiritual, emotional, mental and the physical aspects of life
(5). People who practice an receive acupuncture therapy believe that a person's health is influenced by the flow of Qi in the body. It is believed that energy
constantly flows up and down pathways in the body called Meridians. When these pathways become obstructed, deficient, excessive, or just unbalanced,
Yin and Yang (positive and negative energy in every person) are said to be thrown out of balance (4). This causes illness. Acupuncture is said to restore the
balance (1). Meridians are described as special pathways of energy. The Meridians, or channels, are the same on both sides of the body. The acupuncture
points for each disorder are specific locations where the Meridians come to the surface of the skin, and are easily accessible by "needling." (6) (3). The
method of acupuncture usually used for pain relief and prevention is electro-acupuncture, which funnels very small electrical impulses through the
acupuncture needles (1). For anyone who knows something about pain perception, the concept of Meridians is intriguing. It is also interesting how this Qi
energy can be justified by the nervous system. Could it be equivalent to the constant flow and cycle of action potentials? Is it just how we describe these
events in Western medicine as having a definite beginning and end that prevents us from seeing the body as an endless cavern of energy? How do pain
pathways as described by modern medicine relate to acupuncture's effects?
ACUPUNTURA y DOlOR
Dirección de esta página: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/ency/article/002064.htm
Nombres alternativos
Alivio del dolor por medio de la acupuntura; la hipnosis y el dolor; medicina alternativa: alivio del dolor
Información
Para muchas personas, la acupuntura es un medio efectivo para aliviar el dolor y esto es particularmente válido en el caso de dolor de espalda y
dolores de cabeza. Otros tipos de dolor que se pueden mitigar con la acupuntura incluyen la artritis (tanto osteoartritis como artritis reumatoidea), lesiones
musculoesqueléticas (como en el cuello, los hombros, la rodilla o el codo), fibromialgia, síndrome del túnel carpiano, dolor de parto y dolor relacionado con
cáncer. La forma como la acupuntura alivia el dolor aún no está completamente clara, pero hay muchas teorías basadas en principios científicos. La
hipnosis es un estado de concentración enfocada. La autohipnosis (en la cual la persona repite una declaración positiva una y otra vez) o la técnica de
imágenes guiadas (una técnica para crear imágenes relajantes en la mente) pueden ser formas simples pero efectivas para reducir el dolor en muchas
personas. Se está estudiando la hipnosis para aliviar el dolor después de una cirugía o durante un parto, al igual que para el dolor causado por cáncer
(incluso en niños), síndrome del intestino irritable, fibromialgia, dolores de cabeza (por tensión y migraña), artritis y otras condiciones. Tanto la acupuntura
como la hipnosis a menudo están incluidas en las clínicas o centros de manejo del dolor a lo largo de los Estados Unidos. Otros métodos no farmacológicos
que se utilizan en dichos centros abarcan fisioterapia, retroalimentación, masajes y entrenamiento en relajación.
1 Introdução
A fibromialgia (FM) é uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, caracterizada pela presença de dor músculoesquelética difusa e
múltiplos pontos dolorosos ou “tender points” à palpação, associada a uma dificuldade de relaxamento muscular importante, e muitas vezes de distúrbio do
sono (MARTINEZ et al., 1998; SKARE, 1999; CARVALHO et al., 2001; BOZAL, 2002; MARQUES et al., 2002; WEIDEBACH, 2002; PEREA, 2003;
ANTONIO, 2004). A dor manifesta-se ao repouso prolongado, após exercícios, durante a noite interrompendo o sono ou em situações de tensão ou
angústia. O paciente pode relatar também fadiga, rigidez matinal. Acomete principalmente as mulheres, em uma faixa etária variável entre 30 e 50 anos
de idade, sem preferência de raça, 76 tendo uma tendência à agregação familiar (PAIVA, 2003, PEREA, 2003; CANOSO, 2004). O diagnóstico é clínico.
Não há evidências de alterações nos exames físicos, laboratoriais e radiológicos. O colégio Americano de Reumatologia, (ACR) em 1990, definiu
um critério diagnóstico da FM que consiste na história clínica de dor difusa (definido como bilateral acima e abaixo da cintura, e dor no eixo axial), por mais
de três meses e que apresenta pelo menos 11 de 18 pontos específicos de “tender points”, determinados no exame físico (MARTINEZ, 1997;
HAUN,1999; VALIN, 2001; YASHINARI, 2001). A avaliação da qualidade de vida (QV) tem sido cada vez mais utilizada na área da saúde,
principalmente depois que suas propriedades de medida foram comprovadas como um parâmetro válido e reprodutível (CICONELLI, 2003). O
indivíduo com dor crônica freqüentemente sofre modificações no seu estilo de vida, como resultado do sofrimento persistente provocado pela dor. Há
também as frustrações dos tratamentos sem resultado, a multiplicidade de exames pouco esclarecedores e das explicações insatisfatórias de seus médicos
quanto à inexistência de um diagnóstico preciso e de que pouco pode ser feito, causando uma repercussão sobre a QV da pessoa (BURCKHARDT
et al. , 1999; FERREIRA, 2002). A acupuntura (ACP) consiste em uma técnica da medicina tradicional chinesa (MTC), utilizada para o tratamento
de doenças, por meio de inserção de agulhas em pontos específicos. As áreas da pele correspondentes aos pontos de acupuntura apresentam uma
maior concentração de terminações nervosas livres e encapsuladas, principalmente A-delta e C (CHONGHUO, 1993; MACIOCIA, 1996; YAMAMURA,
1996; DAVID, 1998; BERMAN, 1999; COSTA, 2001; HOPWOOD, 2001; ROSS, 2003; WEN, 2004). Os autores Sprott e Cols (2000) concluíram que o
tratamento com ACP proporciona um aumento do fluxo sanguíneo nos “tender points” e um aumento dos níveis de endorfina, serotonina e uma diminuição
dos níveis de substância P, reduzindo a dor e perpetuação da mesma nestes pontos (SPROTT, 1998). Sabe-se que tratamentos medicamentosos não
oferecem um benefício satisfatório, por isso a importância de se buscar um método coadjuvante como a ACP para o tratamento desta doença específica.
A resposta insatisfatória a um único tratamento indica a necessidade de se procurar novas intervenções e juntamente com isso, pesquisas mais
aprofundadas que provem a sua eficácia (COSTA, 2001).
2 Método
Compuseram a amostra quatro pacientes do sexo feminino, portadoras de fibromialgia, pertencentes à faixa etária de 30 a 50 e provenientes
de uma clínica-escola de fisioterapia ligada à atividade universitária em Osasco. Esse estudo é do tipo intervencionista, realizado com aplicação de
acupuntura e também por dados indiretos, através da aplicação de escalas, visando mensurar a dor através da EVA (escala visual analógica de dor) e
a qualidade de vida, utilizando o FIQ (Fibromyalgia Impact Questionnaire) no período de agosto de 2005 a novembro de 2005. Os critérios de inclusão
foram: laudo médico com diagnóstico de fibromialgia, e os de exclusão foram: pacientes com distúrbios psiquiátricos, gestantes e pacientes com
hipersensibilidade ao metal (agulha). Desenvolveu-se uma anamnese contendo dados das voluntárias tais como: nome, idade, estado civil, número de
filhos, ocupação atual e/ou profissão, diagnóstico médico, início, tempo e freqüência da dor, condições que melhoram ou pioram esta dor, qualidade do
sono e período do dia em que a dor é mais intensa. A sessão dura 20 minutos, período em que a estimulação da agulha foi feita duas vezes com
movimentos rotacionais repetitivos. O procedimento ocorreu durante três meses, duas vezes por semana.
3 Análise de dados
A análise dos dados foi feita de forma quantitativa através da comparação dos escores FIQ e EVA antes e após o período de tratamento. Depois
desta comparação, poderá ser observado se a acupuntura realmente exerce efeito sobre a fibromialgia. Também serão investigados quais os sintomas
encontrados com maior freqüência.
4 Resultados
Os dados apresentados são referentes a quatro voluntárias do sexo feminino, com idade entre 35 e 50 anos de idade. Os resultados alcançados,
no presente estudo, demonstraram que houve uma melhora significativa da qualidade de vida mensurada através do FIQ total (1 a 19) após o período de
acupuntura, porém no quesito capacidade funcional não aconteceu melhora satisfatória, uma vez que este é muito subjetivo. Em todos os outros
aspectos do FIQ foram demonstradas diferenças significativas.
5 Discussão
No presente estudo, a faixa etária das pacientes variou de 35 a 50 anos. De acordo com a maioria dos estudos esta é a faixa de maior
acometimento, diferente de outros grupos, cuja faixa etária variou de 6 a 67 anos, e também de 9 a 15 anos, de acordo com Roizenblatt et al. (1997) e
Liphaus et al. (2001), respectivamente. Todas as voluntárias eram do sexo feminino, como se apresenta na maioria dos estudos, já que esta é uma
característica de acometimento da doença. Observamos que todas as voluntárias indicaram diagnóstico tardio (2 a 5 anos, após início dos sintomas).
Não foram encontradas diferenças quanto ao acometimento e intensidade da dor, comparando-se cor, estado civil, profissão e escolaridade. Das quatro
pacientes, apenas uma tem formação superior, e os sintomas dela não diferem daqueles manifestados pelas outras. Quanto aos sintomas, a dor difusa foi a
característica mais freqüente, seguida de sono não reparador, fadiga, parestesia, ansiedade, boca e olhos secos, dados também demonstrados no estudo
de Huan et al. (1999) e Costa (2001). A acupuntura se mostrou efetiva no tratamento da fibromialgia, uma vez que segundo a literatura e o presente
estudo, esta prática proporciona o alivio da dor, aumentando o limiar doloroso, diminuindo a rigidez muscular matinal e melhorando a qualidade do sono.
Também se mostrou satisfatória quanto à diminuição dos níveis dolorosos e da contagem dos “tender points”, porém não se pode comprovar a duração dos
benefícios. Por outro lado, estudos quanto ao tratamento medicamentoso sintomático e relativamente pouco eficaz, tem por objetivo aumentar a
analgesia central e periférica, melhorar os distúrbios do sono e assim melhorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Porém as voluntárias
relataram que nem sempre este tratamento consegue alcançar seus objetivos, além de muitas vezes causar efeitos colaterais. Segundo Yamamura (1996),
a FM pode ser dividida em yin e yang e esta classificação está diretamente relacionada à escolha da seleção de pontos, o que pode causar uma
alteração no resultado final do trabalho. Isto porque os pontos possuem diferentes funções dificultando assim o trabalho comparativo, entretanto no
presente estudo todas as voluntárias receberam uma única seleção de pontos, o que facilitou na comparação final do resultado. Quanto à análise da dor,
queixa principal das pacientes, feita através da EVA, observamos uma melhora importante a partir da primeira semana. O alívio aumentou no
decorrer do tratamento e depois se manteve até o final, sem grande melhora adicional. A diminuição da dor é rápida, não necessita de longos períodos de
terapias e não causa dependência física ou mental, demonstrando que a acupuntura auxilia e acelera o bem- estar da paciente. Na literatura não
existem relatos sobre o declínio dos sintomas depressivos em pacientes com fibromialgia tratados com acupuntura. Entretanto no presente estudo
podemos observar uma melhora da depressão, avaliada por meio do FIQ a partir da terceira semana, resultados semelhantes aos de Costa (2001). Isto se
deve à liberação da serotonina, importante neurotransmissor envolvido na depressão, que está diretamente ligado ao efeito da acupuntura. Quando
avaliado o FIQ como um todo, demonstrou-se que o grupo tratado se beneficiou em todos os domínios, porém quando avaliado separadamente, cada
variável mostrou-se pouco eficaz no quesito “capacidade funcional”, devido à não-adequação do questionário à população. Todas as voluntárias relataram
que a depressão era decorrente da dor excessiva, da não-objetividade dos tratamentos,da incredibilidade das pessoas quanto à veracidade da doença
(“são tidas como dramáticas”). Soma-se ainda o aumento diário de todos os sintomas. Após o tratamento, a melhora mostrou-se muito grande, uma vez que
o quadro clínico foi controlado. De forma geral, todas as voluntárias relataram que a exarcebação do quadro era causada por uma alteração emocional
intensa (“nervosismo”), eventos estressantes (“perda de entes queridos, brigas familiares, doença de alguém próximo”), variações climáticas (“clima frio,
umidade”), esforço físico exagerado ou exesso de movimentos, e períodos do dia (“dói mais à noite”). amostra utilizada nesta pesquisa obteve um
número de voluntárias relativamente baixo (N=4), motivo para que não fosse realizada análise estatística. O questionário proposto também pode ter
limitado os resultados do presente estudo, uma vez que não foram abordados outros aspectos das voluntárias, como, por exemplo, aqueles sugeridos pelo
questionário Mcgrill, visando objetivar o tipo de dor e sensações. Pode-se explicar a ausência de alterações na capacidade funcional demonstrada
pelas quatro voluntárias como conseqüência do tipo questionário proposto, uma vez que este era muito subjetivo, além de pouco adaptado à população
estudada.
6 Conclusão
Através da análise dos resultados obtidos no presente estudo, concluímos que houve uma diminuição da pontuação obtida no FIQ e na EVA,
melhorando a capacidade funcional, dias de alívio, dificuldade de trabalhar, dor, cansaço, sono não reparador, rigidez, ansiedade e depressão. Os
resultados demonstraram também que todas as pacientes apresentavam alterações psicossociais, sendo a sensação de depressão a mais freqüente.
Após o tratamento, todas mostraram melhora do quadro. O presente estudo nos permite concluir que a acupuntura é um método eficaz para o
tratamento coadjuvante na fibromialgia, melhorando a capacidade funcional, dias em que se sentiu bem, dificuldade de trabalhar, dor, cansaço, sono não
reparador, rigidez, ansiedade e depressão, favorecendo assim uma melhora da qualidade de vida. A acupuntura traz rápido alívio à dor, além de
eliminar longos períodos de terapia. Vale registrar outro dado muito importante, relativamente à ausência de dependência física ou mental, assim
demonstrando a eficácia da acupuntura no auxílio para se obter, mais rapidamente, alívio de sintomas dolorosos
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A International Association for the study of Pain (IASP) definiu dor nos animais como “Uma experiência sensorial de aversão causada por
uma lesão tecidual real ou potencial que provoca reações motoras e vegetativas de proteção, ocasionando uma aprendizagem de um comportamento
de esquiva, podendo modificar o comportamento especifico da espécie, incluindo o comportamento social”. Já sensciência é defenida no
dicionário do Aurélio, como a característica dos seres vivos, capazes de pensar, possibilitando-lhes equilibrar instinto e razão para tomar decisões,
percepção inteligente das coisas ao redor, bem como a capacidade de sentir dor e prazer, enquanto que bem estar significa condição de satisfação das
necessidades, conscientes ou inconscientes, naturais ou psicossociais, implica na satisfação das necessidades biológicas, psicológicos e sociais, e não
apenas satisfeitas todas essas necessidades, mas perfeitamente atendidas, como explica a Organização Mundial da Saúde.
Neste contexto dor, sensciência e bem estar animal, estão intrinsecamente ligados, pois não existe bem estar onde existe dor. Aliviar a dor e o
sofrimento dos animais parece, diante de algumas pessoas, futilidade, considerando que há no mundo milhões de pessoas que sofrem, tem doenças
incuráveis, passam fome, convivem com as guerras. Porém a dor presente na maioria das doenças é acompanhada do sofrimento levando a
graves alterações deletérias. Devemos considerar que ao utilizar animais, a sociedade deve eliminar o máximo possível a dor e o sofrimento,
elevando a condição legal e moral dos animais. Na verdade pouco se sabe sobre dor e sofrimento dos animais, portanto muitas vezes a dor não é
identificada e por sua vez não é tratada. Na maior parte do século XX, os veterinários foram mal preparados, em termos de educação e ideologia, para
tratar da dor animal, da mesma forma que o controle da dor não foi historicamente uma propriedade para os clínicos humanos. Na realidade a teoria e a
pratica moral relativa aos animais foi ignorada durante grande parte da história da humanidade, sendo a crueldade imposta, e a dor e o sofrimento
deliberado. Porém, a imposição da sociedade e o comprimento de leis de proteção dos animais têm feito com que sejam adotadas medidas de
controle da dor.
No inicio do século XXI, acumulou-se um grande conjunto de conhecimentos básicos e de critérios neuroanatômicos e
neurofisiológicos do homem e dos animais, assim como a compreensão da fisiologia da dor. Dessa forma, a dor não controlada não é apenas, moralmente
problemática, mas ela é biologicamente prejudicial. Afeta numerosos aspectos da saúde física, portanto prejudica a saúde e o bem estar dos animais e
pode até mesmo, se for grave e suficiente, provocar a morte.
1 Profa de Clinica Medica de Pequenos animais e Terapêutica Veterinária da Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, Mossoró/RN
A dor induz à mudança de comportamento, incluindo comporta- mento social, que pode ser específico a cada animal ou espécie. O
paradigma moderno da dor sustenta que ela é uma experiência multidimensional. Com base em estudos fisiológicos e comportamentais, existem
três dimensões psicológicas importan- tes: sensitiva-discriminativa, motiva- cional-afetiva e cognitiva-avaliatória. As dimensões sensitiva-discrimi- nativa
e cognitiva-avaliatória envol- vem a identificação dos eventos sensitivos em termos de locali- zação, tempo, intensidade e modali- dade. O
componente motivacional- afetivo está associado a mecanis- mos motivacionais e emocionais aversivos, que conduzem a compor- tamentos
planejados para o “escape” da fonte da dor.
É importante considerar que embora o limiar da percepção da dor pareça ser constante interespécies, a real tolerância de um estímulo
doloroso pode variar amplamente dentro de uma mesma espécie, podendo alguns animais tolerar um nível mais elevado de dor que os outros. Devido
à sua natureza subjetiva, é difícil quantificar a dor. Além disso, em comparação com os seres huma- nos, a avaliação da dor em animais é mais
complexa e subjetiva, devido à incapacidade dos animais comunicarem verbalmente sua dor. A dor pode ser descrita de acordo com o local de
origem em dor somática originada na pele, músculos, ossos e outros tecidos; dor visceral que origina-se nos órgãos internos, como trato gastrintestinal,
trato respiratório, dentre outros e dor neuropática originada no sistema nervoso, manifestando-se como uma desor- dem de processamento da
atividade neuronal. Ainda de acordo com sua intensidade e duração podem ser divididas em dor aguda e crônica. A dor aguda é útil e cumpre
uma função de preservação, pode causar sofrimento e gerar grande limitação funcional. Esta associada aos sinais físicos do sistema nervoso auto-
nomo, como taquicardia, hiperten- são, ansiedade, sudorese, agitação psicomotora, dilatação da pupila e palidez, tem a função de alerta, vem em
seguida a uma lesão tecidual, é rápida, permite ao indivíduo evitar lesões graves e apresenta uma terapêutica eficiente. A dor crônica gera acentuado
estresse, é inútil e incapacitante, não apresenta trata- mento eficiente, causa sofrimento e gera limitação
funcional, espe- cialmente de longa duração e com componente central dominante.
Na maioria das vezes a dor crônica está associada com alterações graves das vias de condução fisiológica normal que originam a
hiperalgesia e alodinia, ou espasmos espontâneos. Leva os pacientes a mudanças emocionais e vegetativas. Os sinais são muda- nças no
comportamento e dispo- sição funcional, depressão, perda da libido, perda de peso, interfe- rência no sono. Do ponto de vista orgânico a dor
crônica pode envol- ver estruturas somáticas (dor nociceptiva) ou sistema nervoso periférico e central ou ambos, dor neuropática. A dor neuropática
tem sintomas diversas e etiologias variadas incluindo câncer, artrite, doenças vasculares, etc. É circundada por variadas síndromes, no entanto,
tem em comum a presença de hiperalgesia e/ou alodinia, dor espontânea e paraestesia. Os pacientes com esse tipo de dor parecem não responder
aos opióides.
Os animais respondem de formas diferentes aos diversos tipos dedor. Os comportamentos de alimentar-se, beber, dormir, lamber- se, coçar-se e
comportamentos sexuais são dados que dá condições para análise das funções normaisdos animais. Mudanças produzidas em animais que
apresentam dor severa e persistente. Os animais podem apresentar reações de defesa, respostas significativas nesses comportamentos podem ser
ameaça, estresse, luta, fuga, imobilidade e vocalização. Apresentam ainda choromingos, uivos ou gemidos, desuso membro afetado,
relutância em se deslocar, redução da atividade, presença do comportamento de limpar-se e lamber-se. Na maioria das espécies, esses
comportamentos têm carac- terísticas fásicas, são rápidos e repetidos várias vezes durante o período de atividade e tem como objetivo diminuir
a estresse. Os animais podem apresentar vocalizações espontâneas, porém esse comportamento não muito fiel, pois a vocalização é um indicador
bastante insensível, existe ainda preferência por liquido analgésico, além do aumento significativo do comportamento de coçar-se. Autonomia tem
sido relatada nos animais que apresentam dor neuropática crônica.
A dor é umaexperiência individual, e o quanto dessa experiência se traduz em um comportamentoobservável e mensurável depende de vários
fatores. O consenso geral entre os pesquisadores que usam métodos para aferir a dor é que a observação comportamental é uma ferramenta útil
para distinguir entre a ausência de dor e dor moderada ou grave. A indução da atividade anormal é observada e estes podem mostrar- se reclusos,
abandonando seu ambiente. Mostram-se inativos, prestam pouca atenção aos estímulos ambientais,
e podem estar apáticos, letárgicos ou deprimidos. No outro extremo, alguns animais parecem estar intranquilos, agitados ou mesmo delirantes,
embora estes animais pareçam estar desinteressados com relação ao seu ambiente imediato. O ciclo normal de sono-vigília sofre rompimento.
Na realidade quantificar a dor é muito difícil, a mensuração clínica da dor depende das observações dos pacientes e das informações dos
proprietários. Pesquisas têm demonstrado que os pacientes que experimentam dor grave estão imunossuprimidos, o que estabelece condições para
a sepse. Podem estar sujeitos a um maior catabolismo, metabolismo intensificado, atraso na ingestão de alimentos, retardo na cicatrização de
ferimentos, atelectasia, deambulação tardia e retardo na recuperação.
Tratar a dor é um dever moral e ético, essa traz graves efeitos negativos nos sistemas cardiopulmonar, gastrointestinal,
neuroendócrino e imunológico; além disso, os proprietários adquirem mais segurança e confiança. O tratamento da dor proporciona qualidade de vida
para o animal e o proprietário, além de prevenir alterações comportamentais impor- tantes. Atualmente existem vários protocolos terapêuticos que
objeti- vam propiciar o alívio da dor e restaurar as funções órgão afetado. São utilizadas modalidades terapêu- ticas desde a clínica à cirúrgica. Os
medicamentos analgésicos utiliza- dos são os analgésicos narcóticos, antagonistas narcóticos, anestésicos locais, anticonvulsivantes,
antidepressivos triciclicos e medi- camentos antiinflamatórios não- esteróides e esteroidais. A administração de medicações analgésicas baseia-se
numa “es- cadaanalgésica”. O primeiro a usado um analgésico não opióide e um antiinflamatório não-hormonal. Depois um opióide fraco é somado
e em seguida um opióide forte. A acupuntura é uma modalidade terapêutica que pode ter aplicação na dor.
Porém, a terapêutica das dores neuropáticas é um desafio e para essas tem sido utilizada terapia múltipla. Os principais instrumentos
terapêuticos são constituídos de cirurgia descompressiva, anticonvul- sivantes (carbamazepina, ácido val- próico, fenitoína, a vigabatrina,
gabapentina e lamotrigina,), bloqueio simpático, antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina ou notriptilina) e fenotiazínicos. É provável que o
conceito de “anal- gesia multimodal balanceada” pro- porcione o alívio mais abrangente. A analgesia profilática é um impor- tante aspecto a se
considerar nas cirurgias eletivas. Essa minimiza o desenvolvimento de hipersensibilidade periférica e do Sistema Nervoso Central em resposta à dor e
previnea hiperalgesia e a alodinia.
Devemos considerar ainda que como profissionais, Médicos Vete- rinários, somos promotores da ética, os proprietários estão comprome-
tidos e tem grande interesse na dor animal e em seu controle. Nesse contexto é importante o conheci- mento sobre as drogas utilizadas no controle
da dor animal. Portanto, o alívio da dor e do sofrimento nos animais é um ato de nobreza. Os animais, assim como os homens, sentem medo,
solidão, monotonia e dor. Atualmente, existe uma conscientização evidente da presença potencial da dor e de suas conseqüências negativas para o
bem-estar e o estado geral da saúde.
Ear apex, supratragic posterior auricular artery and vein fever, tonsillitis, red and swollen eyes, hypertension
apex, and earback
Summary of Body Points for Blood-letting
This table does not include the point dazhui (GV-14), which is also often used in blood-letting, especially accompanied
by cupping. Dazhui has he indications of treating various heat syndromes and fevers, and epilepsy.
Point Name Distribution of Blood Vessels Indications
Chizi (LU-5) cephalic vein sunstroke, acute vomiting and diarrhea
Quze (PC-3) cephalic vein sunstroke, suffocating feeling in the chest, fidgets
Weizhong (BL-40) great and small saphenous veins of the popliteal sunstroke, acute vomiting and diarrhea, systremma
fossa
Yintang branches of the medial frontal artery and vein headache, dizziness, red and swollen eyes, rhinitis
Taiyang venous plexus inside temporal fascia headache, red and swollen eyes
Baihui (GV-20) anastomotic network of the left and right superficial fever, tonsillitis, red and swollen eyes, hypertension
temporal artery and vein and occipital artery and
vein
jinjin and yuye lingual vein apoplexy, stiff tongue, and stuttering
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Figure 1: The nine original acupuncture needles. Figure 2: The qiduan and bafeng points.
Figure 3: The shixuan points. Figure 4: The sifeng points.
Figure 5: The baxie points.
seDAçãO e ANAlgesIA eM CRIANçAs - FIsIOlOgIA DA DOR
R.S. Miyake, A.G. Reis, S. Grisi Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, SP.
FISIOLOGIA DA DOR
A Associação Internacional do Estudo da Dor (IASP) definiu a dor como "uma experiência sensorial e emocional
desagradável associada a dano tissular presente ou potencial". A dor é transmitida a partir de nociceptores localizados na pele e
vísceras que podem ser ativados por estímulos mecânicos, térmicos e químicos, cuja responsividade pode ser modulada por meio
da ação de prostaglandinas, cininas, catecolaminas, íons H+, K+ e substância P (um neurotransmissor específico das fibras
condutoras do estímulo doloroso). Tais edestímulos são conduzidos através de dois tipos de fibras nervosas (fibras A- C) até o
corno dorsal da coluna espinal, onde realizam sinapses com interneurônios medulares, podendo ser modulados por peptídeos
opióides. Da medula espinal, os estímulos dolorosos percorrem os tratos espinotalâmicos e espinorreticulares, alcançando
estruturas nervosas centrais (formação reticular, tálamo, sistema límbico, córtex cerebral), onde são modulados novamente via
receptores opióides. A interpretação do estímulo doloroso é individual e sofre influência dos padrões culturais, do grau de medo e
ansiedade e das experiências dolorosas prévias. A partir dessa percepção da dor pelo SNC, são obtidas as respostas motoras,
autonômicas e comportamentais diante do estímulo doloroso. A dor desencadeia uma série de respostas neuroendócrinas e
cardiovasculares com o objetivo de preparar o organismo contra a agressão, em um tipo de resposta de "luta ou fuga". Assim,
ocorre aumento do catabolismo e bloqueio do anabolismo no intuito de se mobilizar todas as reservas metabólicas para a
produção de energia, por meio da secreção de hormônios contra-reguladores como glucagon, hormônio de crescimento,
catecolaminas e corticosteróides, além de elevação da resistência periférica à insulina. Essas alterações levam à hiperglicemia e a
aumento dos níveis de ácido lático e corpos cetônicos, com conseqüente acidose metabólica e outras alterações hidroeletrolíticas.
No que diz respeito ao metabolismo protéico, o balanço nitrogenado negativo, decorrente do bloqueio do anabolismo, impossibilita
a incorporação adequada de proteínas aos tecidos, levando o paciente a um processo consumptivo, podendo chegar até à
desnutrição, na dependência da duração do estímulo nocivo e da dor decorrente deste estímulo. Esse balanço nitrogenado
também causa uma diminuição da produção de anticorpos, predispondo ao desenvolvimento de infecções. Paralelamente a essas
alterações neuroendócrinas, há, também, alterações hemodinâmicas decorrentes da secreção aumentada de aminas
simpatomiméticas, no objetivo de preservar a circulação em órgãos nobres, como coração e cérebro, em detrimento dos outros
órgãos. Dessa forma, ocorre aumento da resistência vascular periférica, com conseqüente aumento da pós-carga e maior trabalho
cardíaco, levando a maior consumo de oxigênio pelo miocárdio. Demonstrou-se que crianças sob sedação e analgesia
adequadas, após procedimentos cirúrgicos, apresentaram diminuição de complicações pós-operatórias certamente decorrentes do
bloqueio dessas reações fisiopatológicas diante da dor, recuperando-se com maior rapidez.
AVALIAÇÃO DA DOR
A dificuldade na avaliação da dor no paciente pediátrico é inversamente proporcional à sua idade, de forma que uma
criança maior é capaz de expressar verbalmente sua experiência dolorosa, até mesmo quantificando-a. Já na criança menor, a
avaliação depende de uma observação atenta e sensível de quem lhe presta assistência. Nos pacientes inconscientes, incapazes
de demonstrar suas respostas dolorosas, a avaliação da dor depende da observação de reações fisiológicas, como sudorese,
taquicardia, reflexo pupilar, alteração de oximetria, eletroencelografia etc. Tais alterações fisiológicas e sua relação com a
intensidade do estímulo doloroso ainda não está completamente definida, impossibilitando seu uso como uma avaliação confiável.
Além do mais, essas respostas fisiológicas diante da dor ocorrem em eventos agudos, não sendo encontradas em pacientes já
adaptados ao estresse de uma estimulação dolorosa crônica. Exemplo desse tipo de avaliação é a escala de avaliação da
sedação CONFORT, que se utiliza de parâmetros clínicos, como pressão arterial média e freqüência cardíaca, além da avaliação
da consciência, resposta respiratória, movimentos, tônus muscular e tensão facial. Esse tipo de avaliação por meio de parâmetros
biológicos pode ser, ainda, utilizado em lactentes, nos quais a dor também pode ser avaliada mediante observação de alterações
comportamentais, como respostas motoras (movimentos do tronco e dos membros), expressões faciais e choro, como, por
exemplo, a Tabela CHEOPS (Children's Hospital of Eastern Ontario Pain Scale), que se utiliza desses parâmetros para avaliar a
intensidade da dor em pacientes pediátricos, em períodos pós-operatórios4, e o escore de analgesia do Departamento de
Anestesia do Necker-Enfants-Malades. Sendo a dor uma experiência essencialmente subjetiva, a avaliação de sua intensidade
pode ser baseada na percepção dessa experiência pelo próprio paciente. Crianças com mais de 3 anos são capazes de
compreender o conceito de dor e seus variados graus, e quando são ensinadas, de forma adequada, a utilizar os instrumentos
para avaliar a intensidade da dor são capazes de determiná-la com objetividade. Baseados nessa capacidade, foram criadas
escalas de intensidade de dor para utilização em pré-escolares e escolares, como a escala de Oucher, a escala de intervalos de
Nove-Faces e a escala linear de dor4. Essas tentativas de avaliação, porém, são dificultadas pela necessidade de colaboração
pelo paciente ou do julgamento subjetivo do observador. Dessa forma, diante das dificuldades de avaliação da dor na criança,
devemos encarar o ambiente hospitalar e, sobretudo, os procedimentos invasivos como potencialmente dolorosos e danosos,
devendo sempre ser precedidos de sedação e analgesia.
Resúmen : El dolor reumatológico es un motivo muy frecuente de las consultas de acupuntura. Este estudio tiene por
interés el estudiar un protócolo estándar, aplicable en la mayoría de los enfermos. Los puntos han sido elegidos con mucho
cuidado según la enseñanza sacada de los Textos. Se trata del Shenmai (62 V), Houxi (3 ID), Waiguan (5 SJ), Zulinqi (41 VB),
Yanglingquan (34 VB), Xuanzhong (39 VB) y los Huatuojiaji (EX-E-2; PC 15). De antemano, el síntoma “dolor” está analizado en el
contexto de la Medicina Tradicional China, integrando las nociones de energías perversas (Xie) y de energía defensiva (Wei) en el
concepto de los niveles energéticos y de los grandes canales. Setenta y siete observaciones, tratando de las algias encontradas
más corrientemente en práctica de ciudad, permitieron evaluar la eficacidad del tratamiento. Los resultados objetivan un fracaso
total del protocolo sólo en el diez por ciento.
Palabras llaves : acupuntura, reumatología, dolor, yangqiaomai, dumai, yangweimai, daimai, xie, taiyang, shaoyang,
vasos maravillosos
En el año mil novecientos setenta y dos, después de una visita en China del presidente de los Estados Unidos, Richard
Nixon, la acupuntura china suscitó en el medio médico un interés vivó en razón de la realización de intervención quirúrgica bajo
analgesia acupuntural. Los resultados resultaban satisfechos en, aproximadamente, el cincuenta por ciento de los casos. El
recurso a la acupuntura se ha intensificado entonces particularmente en la gente padeciendo dolores. A partir de unas setenta y
siete observaciones clínicas, este estudio casos – testigos tiene por objeto la valuación de la eficacidad de un protocolo tratando
unas algias de clase reumatológica. El interés es tratar de demostrar que un protocolo standardizado puede dar unos resultados
muy interesantes en una patología reumatológica corriente, sin necesitar por eso de seguir un tratamiento específico e
individualizado del enfermo.
Las enfermedades en la Medecina China provienen de una rotura del equilibrio entre el Yin y el Yang. El dolor es
esencialemente una disminución, incluso un estancamiento de la circulación de la energía que tiene por etiología una origen
externa : el Viento, el Frío, la Humedad o el Calor.
En efecto, la vía preferencial de penetración de la energía perversa o patógena es el Feng Fu (16VG) y los puntos del
raquis. El papel del chongmai es también fundamental porque transporta el Wei Qi que circulaba primero en el dumai. Qi Bo dice :
“ Puesto en el cogote, el Xie baja a lo largo del raquis, pero unas variaciones de lleno y de vacío, da golpes en sitios diferentes y
no siempre en el punto Feng Fu. Si golpa en el cogote, el cogote padece cuando el Qi lo consigne. Además cuando golpea la
espalda, los lumbares, las manos y los pies. Así pues en el sitio está donde está el Wei y cuando se combina con el Xie que
ocurre el dolor” (Su Wen). Ya hemos visto que cuando el Xie entra en el organismo, primero lo invade por las capas externas. La
primera capa alcanzada, corresponde al Gran Canal (Canal Unitario) taiyang (asociación de los canales Intestino Delgado y
Vejiga) luego, la segunda capa es el shaoyang (Sanjiao-Vesícula biliar) luego le toca al yangming (Intestino Grueso-Estómago).
Este sistema de clasificación de los Canales Unitarios objectiva la evolución de las enfermedades de origen externa en la relación
Exterior-Interior, de los canales superficiales hacia los órganos Yin (Zang) y los Visceras Yang (Fu).
II) Método
a) material: Usamos agujas de longitud variable y de diámetro comprendisos entre cero coma veinticinco (0,25) y cero
coma treinta y cinco (0,35) mm. Todas las agujas son de acero inoxidable de uso único. Un detector estimulator en el estándar
europeo CE permitirá una electroacupuntura.
b) los puntos usados: 62 V : Shenmai, 3 ID : Houxi, 5 SJ : Waiguan, 41 VB : Zulinqi, 34 VB : Yanglingquan, 39 VB :
Xuanzhong,
EX-E-2; PC 15 : Huatuojiaji.
Cuando la implantación, las agujas serán manipuladas por rotación manuel, de modo que “estén cogidas” por la piel y
que ya no podemos hacerlos girar, buscando el fenómeno acupuntural de la “llegada del de qi”. Luego, las agujas se quedarán en
sitio sin otra manipulación durante un período de veinte minutos aproximadamente. Sólos, los puntos huatuojiaji serán estimulados
por la electroacupuntura. Las localizaciones de los huatuojiaji serán elegidas según el nivel de los reumas. La electroacupuntura
será percutanéa. Se trata de una estimulacón eléctrica dada por entre unas agujas y aplicada en una frecuencia baja de dos a
cinco hertzio, luego elevada de cincuenta a cien hertzio, en alternación, para evitar una costumbre.
1) El Shenmai
El Shenmai (62 V) es el punto de comando o punto de confluencia del Vaso Maravilloso yangqiaomai, punto llave que
permite su apertura. El canale yangqiaomai está cargado de energía wei, energía Yang superficial y defensiva. En caso de alcance
del yangqiaomai, llamado también vaso acelerador del Yang, notaremos, según Bossy, unos síntomas de orden reumatológico y
neurológico.
“ - parestesia de los miembros,
- hemiplejía,
- paresia,
- dolor sin localización fija,
- movimientos difíciles, falta de agilidad,
- algias del raquis (cervical, dorsal y lumbar)
- lumbalgia con turbaciones del equilibrio,
- espasmos, contracciones, turbaciones en la mobilidad de las articulaciones.”
Recordemos que el Canal Unitario taiyang (Vejiga e Intestino Delgado) es un canal de defensa abriéndose afuera. La
energía defensiva Wei Qi que circula en ello tiene un papel innegable para proteger el organismo de la penetración de las energías
perversas (Xie). El yangqiaomai tiene el mismo papel y cuando está pasado, la energía patógena entrará en ello por el shenmai
por el luo de Vejiga. El raquis presenterá entonces alcances de tipo cervicalgias, tortícolis, lumbagos, lumbo-ciáticas. Soulié de
Morant indica el shenmai en “entumecimiento de los miembros inferiores, no puede quedarse mucho tiempo de pie,...” Según la
topografía, la ciática puede ser de tipo S1 con un alcance del zutaiyang (Vejiga) o de tipo L5, conforme al canal zushaoyang
(Vesículo biliar). Podemos así tratar este alcance del zutaiyang de diferentes modos pero también usando el yangqioamai, en
derivación en el zutaiyang, por la puntura del shenmai (62 V). “El yangqioamai, (canal de la fuerza del equilibrio del Yang)
commienzá en el talón (Nan Jing dificultad n°28). Es pues interesante la utilización del shenmai (62V) en los bi del tobillo así com
en todas las talalgias.
2) El Houxi
El houxi (3 Intestino Delgado ) es el punto llave o punto de comando del Vaso Maravilloso dumai, llamado también Vaso
Gobernador. El dumai está aparrejado con el yangqiaomai. De dónde el interés de pinchar junto 3 ID y 62V. En caso de alcance
del dumai, volveremos a encontrar en la sintomatología reumatológica :
“- rigidez y dolor de la columna vertebral,
- contracción de los miembros,
- neuralgia maxilar,
- cervicalgia, tortícolis,
- neuralgia cervico-braquial,
- dolor intercostilla unilateral que impide el respirar y el dormir “ [4]
Abrir el dumai por el houxi va a permitir la desobstrucción del Canal Unitario taiyang, sabiendo que el dumai es también
de ello una vía de circulación desviada. No olvidemos que el Canal Unitario taiyang unido al yangqioamai, lo es también al dumai.
El taiyang es el canal de defensa por exelencia protegiendo el organismo de las energías patólogicas xie. El houxi es un punto
privilegiado que usar en los tortícolises, las cervialgias agudas, los lumbagos, las lumbociáticas, así como el shenmai (62 V) con el
cual está aparejado. El houxi (3 ID) es un punto shu (iu), punto Viento que permite triunfar de la Humedad. Qi Bo dice en el Su
Wen “Cuando el taiyin está en el manancial, la vegetación se abre muy temprano, la humedad monta... La gente padece
ordinariamente de catarro, dolores, del corazón ..., acceso de cefalea, sensación de arrancamiento de los ojos, tirones en el
cogote, dolor profundo en los riñones, imposibilidad en girarse en las caderas, rodillas atadas, pantorrillas como destacadas.”
“Cuando el taiyin preside en el cielo, la humedad monta, el cielo está cubierto mucho, la lluvia estropea la vegetación. La gente
padece de edemas, de dolores huesosos.. dolores de los lumbares, del raquis, de la cabeza, del cogote... “ (Su Wen) Así gracias a
estas diferentes citaciones, podemos notar la acción de la energía perversa (xie) de tipo Humedad en los huesos y las
articulaciones. De donde el interés de los puntos Viento para que huya la Humedad usando el ciclo de interdominancia, en el
sistema de autocontrol fisiológico de los Cinco Elementos.
3) El Waiguan
El waiguan (5 San Jiao) es el punto llave del Vaso Maravilloso yangweimai y el punto luo del zushaoyang. Está
considerado como el punto de comando de los dolores de la muñeca. En caso de alcance del yangweimai, llamado también Vaso
regulador de Yang, los síntomas de la esfera reumatológica o neurológica son :
“- neuralgias en general,
- dolores en los lados del cuerpo y del pecho,
- algia cervico-facial
- cervicalgias,
- parálisis de los cuatro miembros,
- inflamación del brazo y del ante-brazo con artralgias, -artralgias del miembro superior, de los dedos,
- dolor de la articulación coxo-femoral,
- dolor y contracción del lado lateral del miembro inferior y del maléolo lateral,
- dolor e inflamación de los talones,
- dolores lumbares con inflamación. “[4]
El Canal Extraordinario yangweimai está en derivación en el Canal Unitario shaoyang (asociación de los canales San
Jiao y de Vesícula Biliar). Pasa lo mismo para el Canal Extraordinario daimai. Por eso, en caso de desequilibrio energético del
shaoyang, el waiguan (5 SJ) y el zulinqi (41 VB) tienen que estar abiertos. Efectivamente, el alcance del shaoyang ocasiona en el
plano osteoarticular unas artralgias erráticas así como turbaciones osteoporoticas que ocurren con la edad. En todos los alcances
de la mañuca, de metacarpianas y de las articulaciones metacarpo-falangianas, para luchar contra la energía perversa y patógena
Viento-Frío-Humedad, restablecer el curso del Ronq Qi y del Wei Qi, usaremos de modo preferente el waiguan (5SJ). En los bi
errantes que llevan artralgias fugaces erráticas, el waiguan será igualmente imprescindible. El waiguan es el punto luo del
shoushaoyang, es decir el punto de origen de los canales luo transversal y longitudinal del San Jiao. El luo transversal reune el
canal San Jiao al canal Pericardio.
El luo longitudinal es una sístema de derivación profunda que va directamente de la superficie al órgano o la viscera.
Luego los canales luo son muy prácticos para que pase un exceso de energía doloroso en el canal aparejado o en la profundidad.
En el caso del canal shoushaoyang, las energías perversas podrán así ser derivadas hacia los tres “combustiones” (Jiao Superior,
Medio y Inferior), es decir hacia las reservas de las energías adquiridas : Jinq Qi adquirido , Zong Qi, pero sobre todo Rong Qi y
Wei Qi. Todas estas energías son, en efecto, procedentes de los tres nivels del Jiao. De dónde, pinchar el weiguan permitirá la
lucha contra el Xie y usado par mejorar la circulación del Rong y Wei Qi.
4) El Zulinqi
El zulinqi (41VB) es el punto llave del Vaso Maravilloso daimai, llamado también vaso de cintura porque envuelve los
seis canales : zutaiyang (Vejiga), zushaoyang (Vesícula Biliar), zuyangming (Estómago), zutaiyin (Bazo), zujueyin (Hígado) y
zushaoyin (Riñón). Por eso, el daimai tiene una acción en todos los canales de los miembrios inferiores que reune. Está
considerado como la cintura de los canales Yin y Yang del miembro inferior. El alcance del daimai ocasiona una sintomatología
reumatológica y neurolórica con las señales siguientes :
“- artralgias generalizadas,
- dolores erráticos (reuma circulando de tipo Feng),
- algia cervico-escapulo-braquial,
- dolor, parestesia, contracción del miembro superior,
- dolores lumbares irradiantes en cintura en el nivel del ombligo,
- dolores de los lumbares y de los miembros inferiores,
- dolor, parestesia, debilidad, contracción del miembro inferior,
- contracción de los dedos del pie [4]”
El daimai es un Canal Extraordinario importante en las coxartrosis y las cíaticas de typo L5. Tiene que estar abierto por
el zulinqi para desviar el Xie, sobre todo si existe un alcance del zushaoyang que lleva a una cíatica. El zulinqi es el tercer shu
antiguo del canal zushaoyang, es decir el punto shu (iu), punto que, en el ciclo ko de interdominancia, permite luchar contra la
Humedad. En efecto, el Viento triunfa de la Humedad.
5) El Yanglingquan
El yanglingquan (34 VB) es el punto Ba Hui, gran reunión de los músculos y de los tendones. El yanglingquan es
también el punto He con acción especial en la Vesícula Biliar y un punto de los doce Puntos Estrella Celeste de Ma Danyang. En
el capítulo cuarenta y uno del Su Wen : acupuntura de las lumbalgias : “ la lumbalgia del canal de la Vesícula Biliar parece a un
pinchazo de aguja en la piel, se propaga estorbando los movimientos del tronco : flexión, extensión, y torsión. Pinchamos en la
sangre el canal en la extremidad dónde se vuelve huesoso, en la prominencia huesosa aislada de la cara externa de la rodilla
(punto yanglingquan). No ensangrentar por el verano.” Una otra indicación del 34 VB es la gonalgia tan bien en relación con una
gonartrosis como a una coxartrosis. “Si, en la posición sentada, padecemos como de un cuerpo extranjero articular, tratamos la
barrera. La barrera esquelética (Hai Guan) está en la solución de continuidad del rodilla : punto Yang Guan de Vesículo Biliar (Su
Wen). Soulié de Morant escribe en las indicaciones del yanglingquan : “ debilidad de los músculos, sentado, no puede levantarse..
frío de los músculos.. falta de resistencia al cañosancio, dolores de los músculos, calambres, contracciones, corea.” Interés pues
del 34 VB en toda la patología neuro-muscular. El yanglingquan es también el punto He del canal de la Vesícula Biliar, quinto
punto Shu antiguo. Eb el capítulo cuarenta y tres del Su Wen que trata de los bi, Huang Di pregunta : ¿ Cómo tratarlos con las
agujas ?” Qi Bo contesta : “ existen los puntos Shu (iu) de los miembros para las visceras y los puntos He para los receptáculos.
Están repartidos en los vasos. Allí es donde pasan, se manifiestan y se curan las enfermedades.” En efecto, el punto He
corresponde para los canales Yang con la logia Tierra, con la Humedad y ya lo hemos visto el papel de la humedad en las
patologias osteo-articulares (poliartritis y artrosis). Entonces punturar el 34 VB corresponde en desparramar la Humedad del
mismo modo que los puntos Viento lo hacen en el ciclo de interdominancia (ver el cuadro precedente).
6) El Xuanzhong
El xuanzhong (39 VB) es el punto Ba Hui, gran reunión de las médulas. Soulié de Morant propone el xuanzhong en la
indicación siguiente : “todas las turbaciones de los huesos, fracturas : la sutura está obtenida en el tercer o la mitad del tiempo
habituado e impide los dolores y las inflamaciones.” Está interesante entonces punturar el xuanzhong en los problemas de artrosis,
de artritis y de osteoporosis. En resumen, se trata de un punto que favoriza la consolidación huesosa y que permite la
recalcificación. El xuanzhong es también el punto luo de grupe de los canales Yang de los miembros inferiores. Por este razón,
posee propiedades fisiológicas importantes. Así, el 39 VB responde a la semiologia : “sensación de la energía que se alza a la
parte superior del cuerpo, paraplejía, epilepsia, parálisis de los pies.” (Chamfrault [5]) Atacado por la energías perversas (xie), el
xuanzhong permitirá desviarlas entonces hacia la profundidad o recharzarlas gracias al flujo energético que viene de los tres
canales Yang (Vejiga, Vesícula Biliar y Estómago). La elección del xuanzhong en el zushaoyang (Vejíga Biliar) es primordial
porque el Canal Unitario shaoyang es el centro entre los otros dos Canales Unitarios Yang (taiyang y yangming). El shaoyang es el
lugar de convergencia, de cruce de los tres Yang. Y estos cruces van a efectuarse en el miembro superior en el sanyanluo (8 SJ) ;
y el otro en el miembro inferior : en el xuanzhong (39VB). En conclusión, el xuanzhong puede ser el llugar de penetración del
Viento Frío-Humedad. Su estimulación puede oponerse a esta penetración y favorecer la consolidación de las fracturas, de los
alcances huesosos, de las demineralizaciones. Interés pues del 39VB en cada problema artrósico que lleva una inflamación, dolor
e impotencia funcional, en las osteoporosises y en todos los dolores neurálgicos de tipo ciático.
7) Los Huatuojiaji
Los huatuojiaji (EX-E-2; PC 15 ; en Francia HM21 ) son los puntos extraordinarios de la región cervico-dorso-lumbar.
Están fuera de los canales y situados en los dos lados del raquis en aproxidativamente cero coma cinco (0,5) cun de la línea
mediana, de la primera vértebra cervical a la cuarta vértebra sacra. En el capítulo sesenta y tres del Su Wen consagrado al
pinchazo Miu, podemos leer : ”Si el Xie se instala en la conexión de la vejiga causando una anquílosis dolorosa de la espalda con
irradiaciones en el tórax, hacemos tres pinchazos en los puntos dolorosos en la presión por cada lado del raquis a partir del cogote
y en seguida cesa la enfermedad.” Se trata pues de puntos locales, puntos “centro-dolor” que podemos comparar con los puntos
Ashi. Sin embargo, aquí estos puntos están bien sistematizados. Y uno los usará allá donde se situa el bloqueo que provoca el
conflicto entre el Xie y la energía Wei defensiva del cuerpo.
Para concluir, se revela que cuatro puntos elegidos son los puntos llaves, los puntos de comando o los puntos de
apertura de los Canales Extraordinarios. Soulié de Morant escribe “les trescientos sesenta puntos de todo el cuerpo tienen sus
órdenes en los sesenta y seis puntos de los pies y de las manos. Estos 66 puntos a sus vez tienen sus órdenes en estos ocho
puntos.” Los 66 puntos de los piez y de las manos son los puntos Shu antiguos ; los ochos puntos son claro los puntos llaves de
los Vasos Maravillosos. Por eso, punturar los puntos de apertura de los Qi Jing Ba Mai ( Canales Irregulares o Extraordinarios)
vuelve a controlear y a regularizar directamente el Yin y el Yang. Los dolores reumatológicos corresponden la mayoría del tiempo
con el alcance de los dos primeros niveles energéticos taiyang y shaoyang, en los que están atados el yangqiaomai, el dumai, el
yangweimai y el daimai. El dumai tiene un papel de mando y de contróleo de todos las canales Yang, es el acelerador del Yang. El
yangqioamai que le está aparejado, es también un acelerador del Yang y regula sobre todo de modo cuantitativo los canales Yang
del miembro inferior. Y en el opuesto, tenemos un sistema que frena el Yang : el daimai y el yangweimai. Así se realiza un sistema
doble de frenos y de acceleradores : 5 SJ y 41 VB, 3 ID y 62V. Por otra parte, la regulación de la energía se hace en el sistema de
los Cinco Movimientos con los dos puntos Shu “Viento” : 3 ID y 41 VB que expulsan la Humedad. Tenemos también dos puntos
Luo : 5TR y 39VB, importantes para oponerse a la entrada del Xie, así como el punto He 34 VB lo será por la Humedad. Por fin,
los huatuojiaji disiparon las energías patógenas y perversas de modo local.
Esquema recapitulativo do mecanismo de entrada dos principias XIE que levam à algias reumatológicas
V) Resultados
Media sesiones Media sesiones Media sesiones
Etiología % Curación Media evolución % mejoría Media evolución % échecs Media evolución
Media de edad Media de edad Media de edad
2 sesiones 3 sesiones 4 sesiones
Lumbalgias 50% 7 días 44% 13 meses 6% 2 meses
49 años 68 años 53 años
2 sesiones 3 sesiones 4 sesiones
Lumbo-ciáticas 54% 12 días 31 % 6 meses 15 % 100 días
42 años 64 años 60 años
2 sesiones 3 sesiones
Lumbo-cruralgias 56% 5 días 44% 11 meses 0%
55 años 75 años
3 sesiones 5 sesiones
Ciáticas 33 % 4 meses 0% 66% 18 meses
33 años 51 años
4 sesiones
Coxalgias 0% 100% 11 meses 0%
49 años
3 sesiones 3 sesiones
Gonalgias 50% 24 meses 50% 24 meses 0%
59 años 72 años
3 sesiones 2 sesiones
Cervicalgias 0% 86% 9 meses 14% 24 meses
64 años 54 años
3 sesiones 4 sesiones
Périartritises 71 % 21 días 29% 7 meses 0%
escapulo-humerales 50 años 62 años
4 sesiones
Poliartralgias 0% 100% 10 meses 0%
De los dedos 60 años
3 sesiones 2 sesiones
Epicondilitises 75% 45 días 25% 30 días 0%
46 años 51 años
1 séance 5 sesiones
Neuralgias 50% 2 días 0% 50% 12 meses
Intercostilleras 59 años 88 años
4 sesiones
Poliartritis 0% 100% 24 meses 0%
Reumatoides 71 años
VII) Conclusión
Los resultados de este estudio casos – testigos permite apreciar la eficacidad de un protócolo estándar, aplicable en
cada enfermo. Claro, esto no se integra enteramente en el pensar chino que preconisa un tratamiento especial del enfermo, según
las informaciones sacadas de la interrogación, del examen clínico, de la tipologia, de las relaciones cronobiológicas, y de las
variaciones de las estaciones. Sin embargo, el interés de un protócolo estándar ofrece la posibilidad de mostrar su eficacidad en el
medio hospitalero, según los metodos científicos, como lo hacemos para cualquiera medicina. Por ejemplo, sería juicioso así
estudiar los efectos de este protócolo en un servicio de geriatría, gran reclutador de algias reumatolólogicas con unas sesiones
acaso más próximas y más cronicas, en razón de lo antiguo Yin de los dolores en las personas que tienen edad y realizar por esto
un gran ensayo clínico controlado y randomizado.
Bibliografía :
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8. FOURMONT D. : Quelques considérations pratiques sur le traitement étiopathologique de la névrite cervico-brachiale et de la
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10. HUSSON A. : Huang di Nei Jing Su Wen. Éd. A.S.M.A.F., Paris, 1973.
11. LAFONT J.-L. : La notion de Bi. Médidiens, 1981,55-56, p. 185-195.
12. LEFEVRE B. : Acupuncture et rhumatologie. Méridiens, Paris, 1978, 43-44, p. 117-164.
esTUDIO D
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. NEUROFISIOLOGIA DA DOR
3. DIVERSOS TIPOS DE DOR
3.1. Dor aguda ou em pontada e lenta ou em queimação
3.2. Dor visceral direta e referida
4. A DOR NO TEMPO
4.1. A dor transitória
4.2. A dor crônica
4.3. A dor do membro fantasma
5. ANALGESIA E HIPERALGESIA
6. SISTEMAS AUTO-ANALGÉSICOS SUPRAMEDULARES
7. A TEORIA DO PORTÃO
7.1. A aplicação da teoria do portão
8. ANESTESIA EXÓGENA
9. CARACTERÍSTICAS SECUNDÁRIAS E TERCIÁRIAS DA DOR
10. NEUROCIRURGIA E CONTROLE DA DOR
10.1.A acupuntura
11. ASPECTOS COGNITIVOS DA DOR
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13. COMENTÁRIOS DO EDITOR
1) INTRODUÇÃO
A dor é uma entidade sensorial múltipla que envolve aspectos emocionais, sociais, culturais, ambientais e cognitivos.
Essa "entidade" possui um caráter muito especial, que vai variar de pessoa para pessoa, sob influência do aprendizado cultural,
do significado atribuído à situação em experiências anteriores vividas e recordações destas , bem como nossa capacidade de
compreender suas causas e conseqüências. A dor invoca emoções e fantasias, muitas vezes incapacitantes , que traduzem o
sofrimento , incerteza , medo da incapacidade , da desfiguração e da morte , preocupação com perdas materiais e sociais são
alguns dos diferentes componentes do grande contexto dos traços que descrevem a relação doente com sua dor .
Por sofrer dessas várias e essencialmente individuais influências, não se pode traçar uma relação
constante e previsível entre a dor e lesão orgânica, apesar de essa relação parecer, geralmente, tão evidente. Há
muitas situações onde a relação entre a intensidade da dor e a gravidade de uma lesão não existe, ou a lesão pode
ocorrer sem dor ou a dor sem lesão orgânica notável. Observa-se casos , por exemplo , de lesões sem dor onde o
valor adaptativo da dor é perdido , porque não se consegue assegurar as reações necessárias para se prevenir
inflamações e/ou infecções . Pacientes que não sentem dor adicionam freqüentemente novas agressões às suas
lesões, chegando não raro a mostrar quadros clínicos extremamente graves.
Apesar do grande desenvolvimento observado, nos últimos anos, no campo do conhecimento sobre a
fisiopatologia da dor , alguns estudos revelam que , em várias situações clínicas , o fenômeno doloroso não é
adequadamente controlado pois , freqüentemente , muitos dos componentes não-nociceptivos do sofrimento (
limitações nas atividades diárias , profissionais , sociais e familiares , o comprometimento do ritmo do sono, do
apetite e do lazer) não são enfocados e tratados.
Vários estudos psicológicos e antropológicos têm demonstrado que a sensação da dor não depende apenas da lesão
orgânica, mas , por outro lado , o meio cultural desempenha um papel fundamental na sensação de dor . Há casos em que mesmo
em estado de vigília, pessoas de várias culturas sentem de forma consideravelmente diferente a dor perante um estímulo
agressivo. Em vários casos constatou-se a ausência da percepção dolorosa, não havendo ao menos transmissão de estímulos até
o nível cerebral. Indivíduos envolvidos em vários ritos característicos de suas culturas são capazes de suportarem agressões
orgânicas sem ao menos esboçarem sensação de dor. Afirma-se freqüentemente, que as variações da experiência dolorosa entre
pessoas devem-se a "limiares de dor" diferentes. Após essa análise dos dados obtidos em experiências, demonstrou-se, que
todos os indivíduos, sem distinção de origem cultural, tem um limiar de sensações uniforme. Em outras palavras, o aparelho de
condução sensitivo parece ser essencialmente o mesmo, em todos os nervos, sendo que um determinado nível de estimulação
desencadeia sempre uma sensação sob condições experimentais. Por outro lado , o limiar da dor pode ser alterado de acordo com
o ambiente social e a história cultural do indivíduo; como também pelo sentimento de poder controlar a dor são importantes na
modulação de seu limiar. A administração de placebos a pacientes com dor tem uma eficiência de drogas de praticamente 50%
comparada com a eficiência de drogas anestésicas na capacidade de aliviar a dor . Sobre a suposta ação da hipnose na
modulação da dor, especula-se que há uma ação consciente do hipnotizador sobre parte da mente do hipnotizado , pois, ao nível
cerebral as mensagens de dor são registradas, apesar de se poder fazer com que não sejam sentidas .
A atenção, a ansiedade e distração são fatores que influenciam na percepção da dor . Concentrar a atenção em uma
situação potencialmente dolorosa gera uma tendência a se sentir dores mais intensas que o normal, enquanto que se distrair pode
diminuir a sensação dolorosa ou até mesmo aboli-la. Um atleta, por exemplo , se apercebe, às vezes, de uma dor só após o
término de uma competição em que estava envolvido e em que foi ferido. A distração, porém, só é eficaz quando a dor é constante
ou se intensifica lentamente. Dores que surgem súbita e intensamente não são suficientemente influenciadas por este tipo de fator
psicológico.
No caso da chamada dor aguda, que comumente está associada a dano tecidual, a percepção da sensação da dor atua
como um sinal que induz a pessoa a adotar comportamentos que objetivam afastar , reduzir ou eliminar a causa da dor. Essas
reações são significativamente influenciadas pelo contexto sócio- cultural no qual ocorreu a lesão e a dor, pelo estado psicológico
do indivíduo no início da experiência dolorosa e pela personalidade pré-mórbida do mesmo . As reações afetivas predominantes
associadas à dor aguda são a ansiedade e a resposta de estresse com as manifestações de hiperatividade simpática
concomitantes.
Em contraste com a dor aguda, a dor crônica tem função biológica diferente e associa-se à muita hiperatividade
autonômica. Os doentes com dor crônica, geralmente, exibem sintomas neurovegetativos como alterações nos padrões de sono ,
apetite, peso e libido , associados à irritabilidade, alterações de energia ,diminuição da capacidade de concentração, restrições
nas atividades familiares, profissionais e sociais . Há geralmente , maior expressão de sinais somáticos da doença orgânica e
manifestações emocionais de depressão, ansiedade e hostilidade. Neste caso é importante perceber que existem dores tais que
não têm nenhum significado útil e que a dor crônica pode ser muito prejudicial ao homem.
Assim, a dor engendra vários desafios: para o doente, que deve muitas vezes aprender a suportá-la; para o médico,
que deve procurar exaustivamente os meios necessários para aliviar o sofrimento deste doente; para os cientistas, que tentam
compreender os mecanismos fisiológicos que a originam e os terapêuticos que possam controlar e finalmente, para a sociedade,
que deve apontar meios médicos , científicos e financeiros, para definir e controlar, da melhor forma possível, a dor e o sofrimento
, para atingir uma comunidade humana no sofrimento e nas formas terminais de vida.
2) NEUROFISIOLOGIA DA DOR
O fenômeno sensitivo doloroso é a transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras
periféricas, são transferidos para o Sistema Nervoso Central (SNC). Todo estímulo intenso, exceto o vibratório, de qualquer
modalidade energética, poderá produzir dor. O agente nocivo é detectado pelas ramificações periféricas das fibras nervosas mais
finas e numerosas do corpo. As fibras que enervam toda a pele, os músculos, as artirm fish exposed to carbon dioxide,
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albifrons. Brazilian Journal of Medical and Biological Research, 25(2inina, leucitrieno, substância P, tromboxina, fator de ativação
plaquetário, radicais ácidos, íons potássio.
A substância P contribui para sensibilizar os receptores nociceptivos diretamante na periferia ou na membrana
pós-sináptica ou através da interação com outros elementos algiogênicos. Por exemplo, a substância P promove vasodilatação e
liberação de histamina do interior dos mastócitos, que liberada num ambiente tecidual, resulta em permeação dos vasos
sangüíneos presentes no seu interior. Atualmente, admite-se que o Sistema Nervoso pode contribuir de modo expressivo para
acentuação ou desencadeamento de processos inflamatórios teciduais. Os nociceptores, que constituem os receptores
farmacológicos dos axônios de células nervosas , desencadeiam a condução elétrica , levando a informação dolorosa de sua
origem periférica à medula espinhal por via específica No cérebro, a informação é identificada e se transforma em sensação de
dor. Entre os receptores periféricos e o cérebro, existem duas vias mediadoras dos estímulos dolorosos: a paleo-espinotalâmica e
a neo-espinotalâmica.
a) Via Paleo-espinotalâmica:
Também denominada espino-reticulodiencefálica, faz conexões com a formação reticular (FR) e está muito relacionada
aos componentes afetivos da dor. Além da FR, essa via se conecta também com outras áreas do cérebro: hipotálamo medial,
substância cinzenta que margeia o aqueduto de Sylvius (periaquedutal) e ao terceiro ventrículo do diencéfalo. Essas áreas
comandam o comportamento de defesa e de fuga pela ação no sistema límbico. Conduz a dor lenta e pouco definida, de
localização difusa, devido respectivamente a neurônios mais curtos (com maior número de sinapses) e falta de somatotopia ,
devido a difusão inespecífica da FR. Os sinais passam por inter-neurônios de fibras curtas nos próprios cornos dorsais antes de
chegarem, em sua maioria, às lâminas I e II da medula. O último neurônio da série dá origem a longos axônios que , passando
pela comissura anterior para o lado oposto da medula e, depois, subem até o encéfalo propriamente dito pela mesma via
ântero-lateral. Apenas de um décimo a um quarto das fibras seguem todo o trajeto até o tálamo. Em lugar disso, elas terminam em
áreas do bulbo, ponte e mesencéfalo e se conectam com a FR. Essa região inferior do encéfalo parece ser muito importante para
a avaliação dos tipos de dor sofridos, pois animais com apenas seu tronco cerebral funcionante ainda apresentam inegáveis
evidências de sofrimento quando qualquer parte do corpo é traumatizada.
b) Via Neo-espinotalâmica:
É formado por uma cadeia de três neurônios. O primeiro neurônio (aferente) tem suas terminações na periferia e
aloja-se em gânglios situados próximos ao SNC. Conduz a informação da periferia para o SNC. Tem forma de T no próprio
gânglio, sendo que um ramo se dirige à superfície e outro às vísceras; o outro ramo, estabelece contato com o segundo neurônio
(aferente secundário) que, por sua vez, faz sinapse com o terceiro neurônio (aferente terciário), localizado no tálamo. Algumas
fibras do feixe neo-espinotalâmico terminam em áreas reticulares do tronco cerebral, porém muitas delas seguem até o tálamo, em
sua maior parte no complexo ventrobasal. Dessa área, os sinais são transmitidos a outras áreas basais do encéfalo e ao córtex
sensorial somático. Por ser direta, rápida, fidedigna e específica para cada unidade sensorial, esta via permite boa discriminação
do local e da intensidade da dor (somatotopia), e é responsável pela dor aguda, transmitindo principalmente dores em pontadas e
térmicas.
MICRONEUROCIRURGIA
Operações mais eficientes podem ser efetuadas através de técnicas que permitem atingir os nervos por meio de
agulhas, por injeção de uma substância tóxica que destruirá as fibras nervosas ou através da transmissão de uma corrente de alta
freqüência ou de laser ou rádio, sendo a estimulação feita pela ponta da agulha desenvolvendo uma temperatura de
aproximadamente 70º C. O calor produzido destrói apenas as fibras que transmitem a sensação dolorosa (fibras C ou as fibras
A-delta) que não são mielinizadas e preservam as fibras que transmitem a sensação de tato (A-alfa e A-beta) que são
mielinizadas. A necrose seletiva ocorre devido ao fato de que as fibras finas dissipam menos calor do que as fibras grossas. Este
tipo de cirurgia é apoiada pelo mecanismo do portão, porque a preservação das fibras de tato é importante para a inibição da
transmissão da sensação de dor.
Outra classe de intervenção são as operações cerebrais para a diminuição da dor. Essas cirurgias foram muito
utilizadas em conseqüência dos pressupostos a seguir:
A) podendo vir as dores da parte alta do tórax, da cabeça e do pescoço, pensou-se que as cordotomias (seção dos
feixes na medula espinhal),mesmo bilaterais, não tinham êxito senão para provocar uma analgesia temporária nestas regiões; pois
a passagem da dor se fazia posteriormente por novas vias pelo feixe próprio da medula, que constituem um conjunto de
interneurônios,
B) face ao fracasso real ou suposto das cordotomias em produzir uma ação duradoura, julgou-se que seções mais
radicais das presumíveis vias da dor, situadas no cérebro, poderiam levar a uma analgesia mais profunda e persistente;
C) acreditava-se então na existência de um centro de dor especializado, esperava-se que este centro estivesse
localizado no tálamo ou no córtex, e que sua destruição erradicaria a dor. Mas isso não deu certo e mais vezes o efeito foi o
contrário, como foi narrado por Birman no caso dum soldado da primeira guerra mundial.
Também é usada a estimulação elétrica de nervos, medula e cérebro como medida para abrandar a dor crônica. No
caso dos nervos, a estimulação elétrica transcutânea (TENS) provoca uma redução da dor ou o seu controle permanente. No caso
da estimulação cerebral, faz-se a implantação estereotáxica de eletrodos na substância cinzenta periaquedutal nas partes
superiores do tronco cerebral ou ainda em outras áreas do cérebro proporcionando uma melhoria da dor. Essa técnica é mais
eficiente que lesões cirúrgicas pois não implica em nenhuma destruição do tecido cerebral.
Outra técnica usada para obter a analgesia é a hiperestimulação. Esta hiperestimulação pode ser atingida através da
estimulação elétrica transcutânea intensa que é um método capaz de aliviar vários tipos de dor patológica. Este tipo de técnica já
foi comparada à acupuntura. Ela utiliza aplicações tanto em pontos-gatilho quanto os da própria acupuntura. O principio é a
estimulação elétricas de fibras grossas que têm o limiar mais baixo por este estímulo (princípio do portão-ação periférica). Já a
acupuntura pode ser aplicada por laser, procurando penetrar no corpo e liberar morfina endógena, que agiriam centralmente pelo
princípio do portão. A estimulação elétrica transcutânea é simples, podendo ser efetuada por pessoal paramédico ou até mesmo
pelo próprio doente a partir da identificação dos pontos de estimulação. Outro método de hiperestimulação muito utilizado é a
massagem com gelo, que provoca uma constrição local dos vasos sangüíneos dando uma sensação de adormecimento, atingindo
primeiro as fibras finas. O método de ativação é a retenção dos mediadores químicos periféricos locais, evitando a excitação das
fibras da dor, ou sua anulação pelos seus antagonistas como no caso da histamina pelo fenergam.
São três as características principais da analgesia por hiperestimulação:
A) influxo sensitivo aplicado na superfície do corpo para acalmar a dor;
B) tal influxo é aplicado algumas vezes distante da zona dolorosa, quando se trata de dor referida;
C) muitas vezes este influxo é de breve duração mas tem a capacidade de melhorar uma dor crônica durante dias,
semanas ou até indefinidamente
10.1) A Acupuntura e sua ocidentalização
Por outra parte, podem ser feitas desde cirurgias de grande porte até analgesias de traumatismos localizados apenas
com a inserção de umas poucas agulhas muito finas, flexíveis e maciças, de ouro, prata ou aço inoxidável, em pontos localizados
precisamente (por uma tradição milenar que nada sabia de sofisticações tecnológicas) sobre a trajetória de linhas verticais
"imaginárias" do corpo.
A acupuntura, "arte milenar de curar as doenças e promover a saúde por meio do manejo da energia do corpo",
consegue produzir anestesias e analgesias que por muitas décadas permaneceram inexplicadas e inexplicáveis para a ciência
ocidental. Fez-se de tudo até dissecações variadas e múltiplas de corpos em busca da existência anatomorfológica dos
meridianos, os canais condutores do Chi, mal sucedidas.
O interesse cada vez mais aguçado do Ocidente em relação a esta milenar arte/ciência de curar, anestesiar e
analgesiar sem recurso a nada além da mobilização da própria energia vital, o Chi, de pessoas e animais, aliado ao avanço
tecnológico ocidental (que permitiu o registro de medições cada vez menos grosseiras) está se conseguindo desvendar, para a
forma de pensar e apreender os fenômenos no Ocidente, alguns dos mecanismos de ação da acupuntura. A evidência de sua
eficácia anestésica/analgésica com procedimentos pouco invasivos, a torna uma das formas mais seguras, práticas e de baixo
custo para proceder até às intervenções cirúrgicas de grande porte.
Os japoneses, em meados da década de 50, provaram que existe uma variação na eletrocondutividade da pele, e ela é
maior nos locais correspondentes aos chamados "pontos de acupuntura" (localizados sobre meridianos) descritos pelos antigos
chineses. A descoberta permitiu avaliar a energia dos meridianos com um aparelho simples: um medidor de microampères.
Entretanto, por aí não se consegue uma explicação compatível com a ciência que fazemos. A acupuntura, na aplicação da ciência
ocidental, funciona em caso de dor porque ela ajuda o cérebro a liberar endorfina, o analgésico natural do organismo. Isto foi
comprovado experimentalmente mediante a punção de amostra sangüínea de um sujeito após tratamento de acupuntura, a qual
evidenciou presenças de endorfinas, como no caso das experiências da Dra. Maria Lico na USP-Ribeirão Preto, estimulando a
polpa dentária de ratos.
Descobriu-se também correlações das estimulações das agulhas com ativação das fibras grossas que fecham a porta
da dor. Hoje, com suporte das novas tecnologias, a técnica sofreu alterações. Além das agulhas, utilizam-se eletrodos cutâneos
através dos quais se faz circular uma corrente elétrica, ou aplicação de raio laser.
Outra alteração introduzida no uso ocidental da acupuntura, consiste na preferência do uso da técnica considerada
mais rudimentar pelo acupunctures tradicionais, a saber, o uso da acupuntura local e não a sistêmica.
A local consiste em colocar o estímulo (agulhas ou eletrodos) na região dolorida ou que se quer anestesiar. No caso da
ação sistêmica, mesmo a estimulação de pontos distantes do nervo correspondente à região dolorida produz o alívio da dor.
Explica-se esse fato supondo que a estimulação (com ou sem agulha) exerce uma ação dupla. A primeira, local, poderia ser
atribuída à liberação local de algum tipo de endorfina, pelas terminações dos nervos sensitivos. A segunda, geral, decorreria da
liberação da mesma ou de outra endorfina no SNC, ativando regiões analgésicas do sistema da rafe. Além disto há a ação em
locais distantes explicadas pelo efeito da teoria do portão, particularmente no caso de dor referida. Por outro lado, sabe-se que a
acupuntura não produz profunda analgesia, o que consiste uma vantagem operatória para os médicos chineses, ao ponto que
podem orientar a cirurgia, mostrando os pontos mais dolorosos.
11) ASPECTOS COGNITIVOS, CULTURAIS E EMOCIONAIS DA DOR
As representações no imaginário de cada cultura contam uma história particular a respeito das universais com que se
defronta a ser ao longo de sua histórica passagem pela Terra. Cada uma dessas histórias particulares, sejam lendas , mitos ou a
própria forma de se conhecer e se falar a respeito da experiência, isto é, algo como a ciência , é vivida por cada grupo de
indivíduos ou comunidades culturais enquanto padrão e referência para se interpretar significativamente a experiência,
modulando, assim, a consciência e a ação.
Dessa forma, a percepção e o significado da dor, enquanto experiência universal do ser humano, também é modulado
pela cultura. O próprio meio cultural onde se é criado desempenha um papel essencial na maneira como se sente e reage à dor.
É uma constatação do cotidiano , não haver uma relação constante e previsível entre dor e lesão. Diversos estudos
psicológicos e antropológicos demonstram que a dor não depende exclusivamente da lesão orgânica, pelo menos nas espécies
superiores. Em vez disso, que a intensidade e o caráter da dor que se sente são também influenciados pelas experiências
anteriores, as recordações que delas temos e a capacidade de compreender as suas causas e conseqüências.
Estudos revelam que a dor é muito variável e modificável, diferindo de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.
Estímulos que suscitam uma dor intolerável num indivíduo podem ser suportados sem queixas por outro. Por exemplo, em certas
culturas as cerimônias de iniciação e outros rituais incluem provas de que se pensam serem dolorosas , contudo, diversos
observadores referem que essas pessoas parecem sofrer pouca ou até nenhuma dor. A percepção da dor não pode, então , ser
definida apenas em termos de tipos particulares de estímulos . Trata-se de mais uma experiência pessoal que depende da
aprendizagem cultural, do significado atribuído à situação, e também de outros fatores essencialmente individuais.
Afirma-se , muitas vezes que as variações da experiência dolorosa entre as pessoas se devem a "limiares de dor"
diferentes . Dados de experiência demonstram , sem distinção de origem cultural , haver um 'limiar de sensação" . Isto é , o
aparelho de condução sensitivo parece ser essencialmente o mesmo, em todos os povos, pelo que para um determinado nível de
estimulação se desencadeia sempre uma sensação.
Contudo, os antecedentes culturais exercem uma influência considerável sobre o "limiar de percepção à dor" . Por
exemplo : os povos de origem mediterrânea acham dolorosos níveis de calor radiante que os Europeus do Norte descrevem como
simplesmente quentes.
Influência bem mais acentuada da origem cultural verifica-se sobre os "níveis de tolerância da dor" . As diferenças de
tolerância refletem as diversas atitudes étnicas em face da dor . Segundo Zborowski (1952) os americanos têm uma atitude
contida e de aceitação perante a dor, enquanto que judeus e italianos, tendem a ser exuberantes em suas queixas e pedem
abertamente apoio e simpatia.
Com relação as experiências anteriores, resultados de estudos sugerem que o significado atribuído aos estímulos do
meio, no decurso das primeiras experiências, desempenha um papel importante na percepção da dor. Melzack e Scott (1957)
isolaram cães de certa raça, do nascimento à maturidade, privando-os por isso dos estímulos ordinários do meio, incluindo os
ataques e ferimentos que os jovens animais sofrem durante o crescimento. Os experimentadores ficaram surpreendidos , ao
constatar que quando adultos, estes cães não reagiam normalmente aos diversos estímulos nociceptivos. Por outro lado, não se
pode determinar em que medida as primeiras experiências influenciam o comportamento.
Verifica-se, também, nas pessoas que tem uma interpretação diferente das situações evocadoras de dor, são
determinantes no grau e tipo de dor sentida. Por exemplo, no decorrer da Segunda Guerra Mundial, (Beecher,1959), observou-se
o comportamento de soldados que tinham sofrido ferimentos graves. E, constatou-se que somente um em cada três feridos
internados no hospital, se queixava de dores suficientemente fortes para que se tivesse de recorrer à morfina. Sendo que a maior
parte recusava admitir que seus ferimentos lhe causavam dor. Segundo Beecher, essa reação aos ferimentos manifestava-se por
um alívio e satisfação de ter saída vivo do campo de batalha. No entanto, mais tarde na vida ele pode constatar que as pessoas
ficavam estritamente sensitivas à dor de pequenas cirurgias, mesmo sendo submetidas a intensa anestesia.
No que diz respeito à percepção da dor, sabe-se que a atenção é um dos fatores cognitivos mais importantes. Se uma
pessoa concentra a atenção numa situação potencialmente dolorosa, tende a sentir dores mais intensas do que o normal. Em
contraste com o efeito amplificador da atenção sobre a dor, a distração pode diminuí-la ou aboli-la. Constata-se comumente, a
possibilidade de diminuir a dor, quando a atenção é voluntariamente focada noutras situações, como jogos, filmes ou livros
interessantes, tem proporcionado um remédio caseiro simples para a dor. Entretanto, a distração da atenção, só é eficaz se a dor
for constante ou se intensifica lentamente.
Convém ressaltar um pouco da importante participação do sistema límbico no processo doloroso. As estruturas
límbicas fornecem uma base neuronal para a tendência repulsiva e para o afeto que compreende a dimensão motivacional da dor.
Uma vez que a ressecção do feixe do cíngulo, que liga o córtex frontal ao hipocampo, leva a uma perda do "afeto negativo", que,
nos homens corresponde à dor intolerável.
Interações complexas nas estruturas hipotalâmicas e límbicas, explicariam , talvez, porque é possível bloquear a
reação de repulsa provocada pelos estímulos nociceptivos, ativando as zonas de "compensação" no hipotálamo lateral.
O papel das estruturas límbicas é complicado e delicado. As lesões sofridas pelos animais superiores produzem-se
num contexto espacial e social exigindo, freqüentemente, reações complexas. Assim, o hipocampo parece proporcionar uma carta
cognitiva em que as relações espaciais entre os objetos constituindo o ambiente, determinam a modalidade de certas reações de
fuga ou busca de um esconderijo diante predadores perigosos ou rivais. A amígdala fornece, aparentemente, uma "orientação
afetiva" , confrontando a informação atual e a experiência anterior, de tal maneira, que quer animais quer homens são capazes de
reagir adequadamente aos estímulos, segundo lhes são familiares ou não.
O sistema somestésico é uma estrutura unitária e integrada constituída por componentes especializados.
Vários sistemas paralelos procedem a uma análise simultânea do influxo, para fazer ressaltar a variedade e a
complexidade da dor e da reação que esta provoca. Algumas zonas especializam-se na seleção da informação sob o aspecto
sensação - discriminação, outras intervêm na dimensão afetividade - motivação da dor. Estes sistemas paralelos de tratamento de
informação relacionam-se mutuamente, mas devem igualmente inter - relacionar-se e as atividades corticais subjacentes, no que
diz respeito à experiência passada, a atenção e aos outros fatores cognitivos determinantes na dor. Estes processos de interação
determinam os inumeráveis esquemas de atividade que suportam os diversos tipos de experiência dolorosa.
A exemplo disso, é o deslocamento da atenção que permite ao faquir, num estado de concentração absoluta, deitar-se
numa cama de pregos e meditar, não se aperceber do estímulo normalmente doloroso provocado pelos pregos. Permite, também,
em várias culturas "primitivas" , rituais de iniciação onde indivíduos se penduram ou furam a pele com agulhas, não sentindo a dor
decorrente das lesões ou andam sobre brasas incandescentes sem sofrer lesão alguma. Rituais semelhantes são feitos por
algumas tribos indígenas americanas.
Finalmente, levando-se em consideração a relação dor/glândulas endócrinas, lembraremos que parte das substâncias
envolvidas na dor ou em sua modulação, tais como a serotonina, adrenalina, noradrenalina , prostaglandina, estão intimamente
vinculadas ao sistema endócrino e à ativação dos sistemas simpáticos. A prática da yoga , por exemplo, procura controlar esses
dois sistemas através do sistema endócrino, resultando , provavelmente em uma ação sobre a dor.
Apesar de ser universal, a dor pode adquirir significados diferentes para povos, culturas e indivíduos diferentes. E assim
, tanto sua percepção quanto sua terapêutica são muito variadas. Entretanto, parece que não há ser humano insensível à dor, nem
corpo de conhecimento que não se ocupe dela.
Oliveira, C.C.; Cyntia Maugin, C.; de Oliveira, E.C.F.; de Melo, F.D.P.; Silva, F.C.A.; Dias, F.E.J.; Parreira, G.S.; Sérvulo, J.A.;
Santos, R.P.; A Dor e o controle do sofrimento. Professor-orientador; Fernando Pimentel-Souza. REVISTA DE
PSICOFISIOLOGIA, 1(1), 1997
Laboratório de Psicofisiologia do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
http://www.icb.ufmg.br/lpf
RESUMO
Desde a antigüidade remota chinesa, a acupuntura, método que utiliza a inserção de agulhas no corpo para o tratamento de
desequilíbrios deste, vem se constituindo num recurso terapêutico extremamente eficaz. Mas, a despeito de bem aceita nas
culturas orientais, no meio ocidental, ainda, não é levada muito a sério como método terapêutico genuíno, sendo até associada a
misticismos e método alternativo mais psicológico e de efeito placebo. Além desse fato, o relato de que o desequilíbrio entre o Yin
e o Yang determinava o aparecimento dos processos de adoecimento também não era muito aceito e entendido. Somente depois
de 1950 e, principalmente, depois de 1970, é que os trabalhos científicos chineses começaram a ser creditados no Ocidente,
mostrando que a acupuntura poderia conseguir efeitos analgésicos importantes em pacientes submetidos a cirurgias. Mais
modernamente, as pesquisas estão sendo direcionadas no sentido de comprovar o mecanismo neuroquimico da acupuntura,
utilizando, para isso, também, conhecimentos obtidos através da neurofisiologia da dor. Esses estudos têm permitido, além de
uma compreensão maior dos mecanismos de ação da acupuntura, fazer com que esta se torne mais aceitável nos meios
acadêmicos ocidentais, ainda, de concepção filosófica linear-cartesiana predominantes. Dessa forma, esse estudo tem como
objetivo mostrar, do ponto de vista teórico, a partir de uma revisão dos mecanismos de percepção da dor, a eficácia terapêutica da
acupuntura no tratamento da dor, condizentes com o mecanismos neuro-humorais desta técnica milenar. Com relação à coleta de
materiais, foi realizado um levantamento bibliográfico, no acervo da biblioteca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná
-UNIOESTE, em acervos particulares de profissionais relacionados à área e uma busca no sistema Medline, Google, Bireme,
CAPES e Cochane.
PALAVRAS CHAVES: Acupuntura, Dor e Neurofisiologia.
1. INTRODUÇÃO
A dor representa um grave problema de saúde pública, com repercussões socioeconômicas comparáveis às das doenças
cardiovasculares e oncológicas.
A alta morbidade causada pela dor explica porque ela se tem tornado um sério problema de saúde pública em nossa sociedade
moderna e competitiva.
O uso da acupuntura como um método de alívio da dor está baseado num grande número de ensaios clínicos e não há dúvida de
que a acupuntura tem um efeito potente e confirmado no tratamento da dor.
No Ocidente, a acupuntura ganhou credibilidade principalmente por seu efeito no alívio da dor, seja ela de várias origens. Esta é
uma das razões para a ênfase atual da pesquisa no estudo dos mecanismos analgésicos da acupuntura. O foco de atenção tem
sido o papel dos opióides endógenos neste mecanismo. Ao longo de sua evolução, o cérebro desenvolveu sistemas complexos de
modulação (aumentar ou diminuir) da percepção da dor. Em especial o sistema opióide (semelhante à morfina) e o sistema não
opióide de analgesia (os neurotransmissores) que suprimem a percepção da dor.
A aceitação do efeito da acupuntura no alívio da dor foi facilitada pela descoberta dos opióides endógenos. Essa descoberta
trouxe uma explicação lógica em termos ocidentais para o efeito sobre a sensibilidade à dor. Além de aliviar a dor, a acupuntura é
comumente usada na MTC (Medicina Tradicional Chinesa) para tratar várias doenças (HOPWOOD, 2001).
Sendo assim, a acupuntura não causa apenas um efeito analgésico, ela provoca múltiplas respostas biológicas. Estudos em
animais e humanos mostram que o estímulo por acupuntura pode ativar o hipotálamo e a glândula pituitária, resultando num amplo
espectro de efeitos sistêmicos, aumento na taxa de secreção de neurotransmissores e neurohormônios, melhora do fluxo
sanguíneo, e também a estimulação da função imunológica são alguns dos efeitos já demonstrados.
Na China, a acupuntura é utilizada rotineiramente para o tratamento de diversas afecções. A eficácia dessa técnica levou, em
1979, especialistas de 12 países presentes no Seminário Inter-Regional da Organização Mundial da Saúde a publicarem uma lista
provisória de enfermidades que podem ser tratadas pela acupuntura e que inclui, dentre outras, sinusite, rinite, amidalite, bronquite
e conjuntivite agudas, faringite, gastrite, duodenite ulcerativa e colites agudas e crônicas e outras, num total de 43 enfermidades.
Essa resolução demonstra claramente que a terapia acupuntural e da moxa originada da China é bem conhecida e creditada em
todo o mundo (BANNERMAN, 1979; CHONGHUO, 1993).
Essa terapia apresenta bons resultados diante de muitas enfermidades e possui vantagens acentuadas sobre outras, por exemplo,
os instrumentos utilizados são simples e de fácil domínio, econômicos, seguros e não há efeitos colaterais. É por essa razão que a
Acupuntura e a Moxa desempenham um papel cada vez mais importante e são muito procuradas pelo povo chinês e também têm
obtido respeito, confiança e consideração nos diversos países (CHONGHUO, 1993).
Recentes pesquisas neurofisiológicas sobre o mecanismo de ação da analgesia por acupuntura trouxeram grandes subsídios ao
entendimento do modo de ação geral da acupuntura. Isto fez com que as milenares teorias filosóficas chinesas do Yin e do Yang,
dos cinco elementos, dos Zang Fu e dos Jing Luo passassem a ter um fundamento científico (SMITH, 1992; YAMAMURA et al.,
1993). Assim, muitos dos conceitos intuitivamente preconizados pela Medicina Tradicional Chinesa podem ser explicados à luz da
neuroanatomia e da neurofisiologia.
Por ser um tratamento de baixo custo econômico e praticamente isento de efeitos colaterais, poderá vir a ser um recurso de
primeira linha no tratamento da dor. Para demonstrar sua eficácia, é preciso estuda-lá do ponto de vista ocidental, utilizando a
metodologia científica clássica.
A pesquisa em acupuntura é importante não apenas para elucidar os fenômenos associados ao seu mecanismo de ação, mas
também pelo potencial para explorar novos caminhos na fisiologia humana ainda não examinados de maneira sistemática.
O presente estudo tem o objetivo de mostrar, do ponto de vista teórico, a partir de uma revisão dos mecanismos de percepção da
dor, a eficácia terapêutica da acupuntura no tratamento da dor, condizentes com os mecanismos neuro-humorais desta técnica
milenar.
2. MEDICINA TRADICIONAL CHINESA
A acupuntura é apenas uma das técnicas terapêuticas que compõem um conjunto de saberes e procedimentos culturalmente
constituídos, e dos quais não pode ser dissociada. Além das agulhas, a medicina tradicional utiliza ervas, massagens, exercícios
físicos, dietas alimentares, e prescreve normas higiênicas de conduta. Sua lógica é a mesma que orientou toda a vida social da
China, no período em que foi desenvolvida: o calendário agrícola, as festas coletivas, os princípios de comportamento social, as
regras de etiqueta no trato com as autoridades, a religião, a música, a arquitetura... Os princípios teóricos a partir dos quais as
doenças são entendidas, classificadas e tratadas são os mesmos que servem para entender, classificar e lidar com as coisas do
mundo, a natureza, o espaço e o tempo (GRANET, 1968).
Achados arqueológicos da Dinastia Shang (1766 -1123 a.C.) incluíam até agulhas de acupuntura e carapaças de tartarugas e
ossos, nos quais estavam gravadas discussões sobre patologia médica. Mas o primeiro texto médico conhecido e ainda utilizado
pela Medicina Tradicional Chinesa é o Tratado de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Nei Jing Su Wen), escrito na forma de
diálogo entre o lendário Imperador Amarelo (Hwang-Ti) e seu ministro, Qi Bha, sobre os assuntos da medicina, segundo alguns
autores durante a Dinastia Chou (1122 – 256 a.C.). Outros textos clássicos surgiram posteriormente, entre eles a Discussão das
Doenças Causadas pelo Frio, O Clássico sobre o Pulso, O Clássico das Dificuldades (Nan Ching) e o Clássico sobre
Sistematização da Acupuntura e Moxa (CHONGHUO, 1993).
A Acupuntura e a Moxa são uma parte importante do grande tesouro da Medicina e Farmacopéia da China. Tem uma história que
remonta há mais de dois mil anos. Durante longo tempo de prática, os médicos de diversas dinastias chinesas enriqueceram,
desenvolveram e aperfeiçoaram esta especialidade da Medicina Tradicional Chinesa, que abrange diversas teorias básicas, tais
como o Yin-Yang, os cinco Movimentos, Zang-Fu (órgãos e Vísceras), Qi-Xue (Energia e Sangue), Jing Luo (Canais e colaterais),
assim como vários métodos de manipulação de agulhas e experiências clínicas importantes do tratamento segundo os sintomas e
sinais, fazendo com que a Acupuntura seja uma terapia muito eficaz da China (CHONGHUO, 1993).
Antigamente, antes de criar e dominar a técnica de Acupuntura e de Moxa, durante longo período de tempo quando alguém se
sentia indisposto, fazia-se massagem ou apalpava-se e golpeava instintivamente as áreas do corpo afetadas, fazendo com que
aliviassem ou desaparessem os sintomas da indisposição. Através da prática, chegou-se ao conhecimento de que quando se
sentia dor ou indisposição em alguma parte do corpo, devia-se fazer massagens ou apalpar esta área, inclusive beliscá-la ou
pressioná-la com objetos agudos para aliviar os sintomas e fazê-los desaparecer. Isto constitui a origem da Acupuntura, essas
partes onde se aplicavam ou se apalpavam converteram-se, posteriormente, na base para achar os "pontos" acupunturais
(CHONGHUO, 1993).
No período inicial de tratamento pela Acupuntura, nossos antepassados curavam as enfermidades com agulhas de pedra
denominadas Bian, Chan e Zhen. Na idade neolítica, além de agulhas de pedra artificialmente polidas, usavam-se também
agulhas polidas de osso e de bambu como instrumento para a Acupuntura. Depois de nossos antepassados terem criado a técnica
de cozer utensílios de barro, também foram usadas agulhas de barro (CHONGHUO, 1993).
Com o desenvolvimento social e com o advento da metalurgia apareceram, sucessivamente, agulhas de diferentes metais, por
exemplo, as agulhas de ferro, prata e de ligas metálicas, e, hoje em dia as agulhas de aço inoxidável muito finas e de fácil manejo
(CHONGHUO, 1993).
O uso das agulhas metálicas levou o tratamento pela Acupuntura a uma nova etapa de desenvolvimento. A metalurgia não só
proporcionou a base do material para a fabricação de agulhas metálicas, como também condicionou possibilidades de fabricar
instrumentos para Acupuntura para os diferentes usos e formas. À medida que foi aumentando e acumulando experiências no
tratamento acupuntural, foram surgindo novas exigências no tocante às formas das agulhas (CHONGHUO, 1993).
As "Nove Agulhas" da Antigüidade eram fabricadas em nove formas distintas, segundo os diferentes usos. O aparecimento das
"Nove Agulhas" constitui um símbolo do desenvolvimento da técnica e teoria da Acupuntura. As "Nove Agulhas" são: Chan, para
puncionar superficialmente a pele; Yuan, com cabeça redonda, para aplicar massagens; Chi, para pressionar; Feng, para sangrar;
Pi, para extrair pus; Yuanli, com corpo redondo e ponta aguda, para casos de urgências; filiforme, de amplo uso; longa, para inserir
profundamente nas regiões de muita musculatura, e grande, para tratar doenças das articulações (CHONGHUO, 1993).
Em 1968, encontraram na tumba de matrimônio de Liu Sheng com o príncipe fing, de Zhongshan, da dinastia Han do Oeste
(século II a.C.), nove agulhas para Acupuntura: quatro de ouro e cinco de prata. Era a primeira vez que se descobriu agulhas de
metal para Acupuntura usadas nos tempos antigos. Uma dessas agulhas tem ponta triangular, ou seja, tem três faces, parecendo
ser uma agulha Feng, e duas são filiformes. O uso das "Nove Agulhas" não só enriqueceu os métodos de tratamento e ampliou as
indicações da Acupuntura, como também melhorou os resultados desse tratamento. Ao longo de sua prolongada evolução,
algumas das "Nove Agulhas" desenvolveram-se e outras ficaram fora de uso. Os instrumentos acupunturais mais utilizados
atualmente são os derivados da agulha filiforme e da agulha de três faces para sangrar que é equivalente à uma agulha Feng de
antigamente (CHONGHUO, 1993).
A Medicina Chinesa é um vasto campo de conhecimento, de origem e de concepção filosófica abrangendo vários setores ligados à
Saúde e à Doença. Suas concepções são voltadas muito mais ao estudo dos fatores causadores da doença, a sua maneira de
tratar conforme os estágios da evolução do processo de adoecer, e principalmente, aos estudos das formas de prevenção, na qual
reside toda a Essência da Filosofia e da Medicina Chinesa (YAMAMURA, 1993).
Para tanto, a Medicina Chinesa enfatiza os fenômenos precursores das alterações funcionais e orgânicas que provocam o
aparecimento de sintomas e de sinais. O fator causal destes processos nada mais é do que o desequilíbrio da Energia interna,
ocasionado pelo meio ambiente, origem externa, ou pela alimentação desregrada, emoções retidas, fadigas, de origem interna
(YAMAMURA, 1993).
O pensamento chinês -"esperar ter sede para cavar um poço, pode ser muito tarde" -reflete toda a filosofia preventiva, sob todos
os aspectos, principalmente da área da Saúde. Com este intuito, a Medicina Chinesa aborda vários setores, desde o modo pelo
qual o indivíduo possa crescer e desenvolver-se de maneira normal até os casos extremos do processo de adoecer. Assim,
destacam-se cinco setores essenciais: a alimentação, o Tai Chi Chuan, a Acupuntura, as Ervas Medicinais e o Tao Yin,
treinamento interior, além do estudo sobre a fisiologia e fisiopatologia energética dos Zang Fu (YAMAMURA, 1993).
A Acupuntura foi idealizada dentro do contexto global da Filosofia do Tao e das concepções filosóficas e fisiológicas que
nortearam a Medicina Chinesa. A concepção dos Canais de Energia e dos pontos de Acupuntura, o diagnóstico e o tratamento
baseiam-se nos preceitos do Yang e do Yin, dos Cinco Movimentos, da Energia (Qi) e do Sangue (YAMAMURA, 1993).
2.1 Substâncias Vitais
A Medicina Chinesa considera a função do corpo e da mente como o resultado da interação de determinadas substâncias vitais.
Essas substâncias manifestam-se em vários níveis de "substancialidade" de maneira que algumas delas são muito rarefeitas e
outras totalmente imateriais. Todas elas constituem a visão chinesa antiga do corpo-mente. O corpo e a mente não são vistos
como um mecanismo, portanto, complexo, mas como um círculo de energia e substâncias vitais interagindo uns com os outros
para formar o organismo (ROSS, 1994).
A base de tudo é o Qi, todas as outras substâncias vitais são manifestações do Qi em vários graus de materialidade, variando do
completamente material, tal como os Fluidos Corpóreos (Jin Ye), para o totalmente imaterial, tal como a Mente (Shen) (ROSS,
1994).
A base do entendimento das Substâncias é o entendimento de Yin e de Yang. Primeiramente, o conceito de Yin e Yang são
relativos, por exemplo, o Jing é Yin em relação ao Qi, porém é Yang em relação ao Xue (Sangue), e em segundo lugar, todos os
fenômenos em relação ao conceito de Yin ou de Yang apresentam sempre um aspecto Yin assim como o Yang. Por exemplo,
embora o Qi tenha característica Yang, energético e não material, ele pode ter aspectos Yang ou Yin, dependendo da situação,
como ocorre na sua subdivisão em Wei Qi e Young Qi (ROSS, 1994).
A Energia (Qi) é a forma imaterial que promove o dinamismo, a atividade do ser vivo. Manifesta-se sob dois aspectos principais,
um de característica Yang, que representa a Energia que produz o calor, a expansão, a explosão, a ascensão, a claridade, o
aumento de todas as atividades, e o outro de característica Yin, a Energia que produz o frio, o retraimento, a descida, o repouso, a
escuridão, a diminuição de todas as atividades (YAMAMURA, 1993).
Estas diversas formas de Energia, algumas com características Yang, outras, Yin, são as mantenedoras das atividades do corpo.
A sua mobilização colocá-las em ação, fortalecê-las e retirar as Energias Perversas são as finalidades das técnicas da inserção da
acupuntura (YAMAMURA, 1993).
2.1.1 CONCEITO DO QI NA FILOSOFIA CHINESA
O conceito do Qi absolveu os filósofos chineses de todas as épocas, desde o início da civilização chinesa até os tempos atuais. O
caractere para Qi indica alguma coisa que possa ser material e imaterial ao mesmo tempo (ROSS, 1994).
É muito difícil traduzir a palavra Qi, sendo que muitas traduções diferentes foram propostas, mas nenhuma delas se aproxima da
Essência (Jing) exata do Qi. Tem sido traduzida de várias maneiras como "energia", "força material", "éter", "matéria",
"matéria-energia", "força vital", "força da vida", "poder vital", "poder de locomoção". A razão da dificuldade em traduzir a palavra Qi
corretamente consiste em sua natureza fluida, pela qual o Qi pode assumir manifestações diferentes e ser diferentes coisas nas
mais diferentes situações (ROSS, 1994).
O Qi é à base de todos os fenômenos no universo e proporciona uma continuidade entre as formas material e dura e as energias
tênues, rarefeitas e imateriais. A variedade infinita de fenômenos no universo é o resultado do contínuo englobamento e dispersão
do Qi para formar os fenômenos de vários graus de materialização. (ROSS, 1994).
LIE ZI, um filósofo taoísta que viveu por volta de 300 a.C. disse que os mais puros e os mais leves elementos tendem a ascender,
como o céu; os mais grossos e mais pesados tendem a descender, como a terra. Assim, “céu" e "terra" são freqüentemente
utilizados para simbolizar os estados extremos da rarefação e dispersão, ou da condensação e agregação do Qi respectivamente
(ROSS, 1994).
ZHANG ZAI (1020-1077 d.C.) foi quem mais desenvolveu o conceito do Qi. Ele propôs que o Grande Vazio não era um mero
vazio, mas o Qi no seu estado contínuo. Disse ainda que o Grande Vazio é constituído de Qi. Ele também desenvolveu a idéia de
condensação e dissipação do Qi dando origem aos muitos fenômenos do universo. Ele afirmou que a agregação extrema do Qi
originou a forma atual, Xing, ou seja, a substância material. ZHANG ZAI disse que o Grande Vazio consiste do Qi. O Qi
condensa-se para transformar-se em muitas coisas. Coisas necessariamente se desintegram e retomam ao Grande Vazio. Além
disto, se o Qi se condensa, sua visibilidade se toma efetiva e a forma física aparece (ROSS, 1994).
É importante notar que ZHANG ZAI viu nitidamente a indestrutibilidade da matéria-energia. Ele disse que o Qi em dispersão é
substância, assim como em condensação. A vida humana também é apenas uma condensação do Qi, e a morte é a dispersão do
Qi. Ele também relata que todo nascimento é uma condensação, toda morte uma dispersão. Nascimento não é um ganho, a morte
não é uma perda... Quando condensado, o Qi transforma-se em seres vivos, quando disperso, é o substrato das mutações
(ROSS, 1994).
WANG FU ZHI (1619-1692) reafirmou o conceito da continuidade de energia, e da matéria e da condensação do Qi disperso em
formas físicas. Ele afirmou que a vida não é uma criação do nada, e a morte não é dispersão e destruição completas. Também
disse que apesar da condensação e dispersão do Qi sua substância original não pode ser adicionada nem diminuída. Outras
citações dos seus escritos evidenciaram a natureza do Qi. Tudo que é vazio está cheio de Qi que, no seu estado de condensação,
portanto visível, é chamado de ser, mas no seu estado de dispersão, portanto invisível, é chamado de não-ser.Quando o Qi
disperso cria o Grande Vazio, somente recupera sua característica nebulosa original, mas não perece; quando condensado,
torna-se a origem de todas as coisas (ROSS, 1994).
De acordo com estes filósofos antigos, vida e morte não são nada em si mesmas, mas uma agregação e dispersão do Qi. WANG
CHONG (27-97 d.C.) descreve que o Qi produz o corpo humano assim como a água se torna gelo. Assim como a água se
transforma em gelo, o Qi coagula-se para formar o organismo humano. Quando o gelo derrete, toma-se água. Quando uma
pessoa morre, toma-se espírito {Shen} novamente. Isto se chama espírito, assim como o gelo derretido se chama água (ROSS,
1994).
Os filósofos e médicos chineses observaram o relacionamento entre o universo e os seres humanos, e consideraram o Qi dos
seres humanos como resultado da interação do Qi do Céu e da Terra. "O ser humano resulta do Qi do Céu e da Terra... A união
do Qi do Céu e da Terra é chamada ser humano". Isto enfatiza a interação entre o Qi dos seres humanos e as forças naturais. A
Medicina Chinesa enfatiza o relacionamento entre os seres humanos e seu meio ambiente, e leva isto em consideração para
determinar a etiologia, o diagnóstico e o tratamento (ROSS, 1994).
De acordo com os chineses, há muitos "tipos" diferentes de Qi humano variando do tênue e rarefeito ao mais denso e duro. Todos
os tipos de Qi, todavia, são na verdade um único Qi, que simplesmente se manifesta de diferentes formas. É importante, portanto,
observar a universalidade e a particularidade do Qi simultaneamente. Por um lado, há somente uma energia Qi que assume
diferentes formas, mas por outro lado, na prática, também é importante apreciar os diferentes tipos de Qi (ROSS, 1994).
O Qi modifica-se em sua forma de acordo com sua localização e função. Embora seja fundamentalmente o mesmo, o Qi coloca
"diferentes vestimentas" em diversos lugares e assume inúmeras funções. Por exemplo, o Qi Nutritivo existe no Interior do
organismo. Sua função consiste em nutrir, sendo mais denso que o Qi Defensivo, o qual localiza-se no Exterior e protege o
organismo. O desequilíbrio tanto do Qi Defensivo como do Qi Nutritivo originará diferentes manifestações clinicas as quais irão
exigir diferentes tipos de tratamento. Finalmente, embora não sejam nada, e sim duas manifestações da mesma energia Qi. A
circulação debilitada pode resultar na condensação excessiva do Qi, o que significa que o Qi se transforma patologicamente em
denso, formando tumores, massas ou calombos (ROSS, 1994).
Na Medicina Chinesa, o Qi apresenta dois aspectos principais. Inicialmente, indica a Essência (Jing) aprimorada produzida pelos
Sistemas Internos, os quais apresentam a função de nutrir o organismo e a mente. Esta Essência (Jing) aprimorada empreende
várias formas dependendo da sua localização e função. O Qi Torácico, por exemplo, localiza-se no tórax e nutre o Coração (Xin) e
o Pulmão (Fei). O Qi Original está localizado no Aquecedor Inferior (Jiao Inferior) e nutre o Rim (Shen). Posteriormente, o Qi indica
a atividade funcional dos Sistemas Internos. Quando utilizado nesse sentido, não indica uma substância aprimorada como a
descrita anteriormente, mas simplesmente o complexo de atividades funcionais de qualquer sistema. Por exemplo, quando
falamos do Qi do Fígado (Gan), isto não significa a porção do Qi residente no Fígado (Gan), mas o complexo das atividades
funcionais do Fígado (Gan), ou seja, assegurando o fluxo suave do Qi neste sentido, podemos falar de Qi do Fígado (Gan), Qi do
Coração (Xin), Qi do Pulmão (Fei), Qi do Estômago (Wei), (ROSS, 1994).
2.1.2 ESSÊNCIA (JING)
Jing é usualmente traduzido como "Essência". O caractere chinês dá uma idéia de alguma coisa derivada de um processo de
refinamento ou destilação, isto é, uma Essência (Jing) destilada, refinada, extraída de alguma base mais dura. Este processo de
extração de uma Essência (Jing) refinada a partir de uma substância mais dura e volumosa implica que a Essência (Jing) é uma
substância muito preciosa para ser cuidada e guardada (ROSS, 1994).
O aspecto Yang de Jing corresponde, aproximadamente, ao aspecto Yang dos Rins (Shen) ou a Yuan Qi que é o responsável
pelas funções Yang de aquecimento, ativação, transfonnação e movimentação, tal como ocorre nas transformações envolvidas na
formação de Qi, Xue e Jin Ye, e aquelas envolvidas no crescimento, desenvolvimento e reprodução. O Yuan Qi (Qi Fonte) é um
termo, às vezes, usado como sinônimo de aspecto Yang de Shen Jing (Essência dos Rins), Shen Yang Qi (Yang dos Rins)
(ROSS, 1994).
A fração Yin do Jing fornece a base material para as atividades dinâmicas do Yang, enquanto a fração do Yin fornece substrato
para a formação dos materiais associados com o Jing que são a medula, Xue, etc., mostrando que os aspectos Yin e Yang são
complementares e inseparáveis.
O Jing pré-natal é derivado do Jing dos pais, enquanto o Jing pós-natal é formado da fração purificada da transfonnação de
produtos dos alimentos e das bebidas (ROSS, 1994).
2.1.2.1 Essência (Jing) Pré-Celestial
A concepção é uma harmonia das energias sexuais do homem e da mulher para formar aquilo que os antigos chineses chamavam
de "Essência (Jing) Pré-Celestial" do ser humano recentemente concebido. Esta Essência (Jing) nutre o embrião e o feto durante a
gravidez, sendo dependente da nutrição derivada do Rim (Shen) da mãe. A Essência (Jing) Pré-Celestial é o único tipo de
Essência (Jing) presente no feto, uma vez que este não apresenta atividade fisiológica independente. Esta Essência (Jing)
Pré-Celestial é o que determina a constituição básica de cada pessoa, força e vitalidade. É o que faz cada indivíduo ser único
(ROSS, 1994).
Uma vez que é herdada dos pais na concepção, a Essência (Jing) Pré-Celestial raramente pode ser influenciada durante a vida
adulta. Pode-se dizer que esta Essência (Jing) é "fixa" em quantidade e qualidade. Todavia, ela pode ser positivamente afetada,
mesmo se não houver acréscimo quantitativo. A melhor maneira de afetar positivamente a Essência (Jing) Pré-Celestial de um
indivíduo consiste em se esforçar para conseguir um equilíbrio das atividades na vida deste: equilíbrio entre trabalho e descanso,
vida sexual pausada e dieta balanceada. Qualquer irregularidade ou excesso em alguma destas três esferas está sujeita a diminuir
a Essência (Jing) Pré-Celestial. O caminho direto para influenciar positivamente a Essência (Jing) de alguém é através de
exercícios respiratórios, entre eles o Tai Ji Quan e o Qi Gong (ROSS, 1994).
2.1.2.2 Essência (Jing) Pós-Celestial
Esta é a Essência (Jing) refinada e extraída dos alimentos e dos fluidos pelo Estômago (Wei) e Baço (Pí) após o nascimento. Após
o nascimento, o recém-nascido começa a se alimentar, beber e respirar, seu Pulmão (Fei), Estômago (Wei) e Baço (Pí)
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste
n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 começam a funcionar para produzir o Qi a partir dos alimentos, dos líquidos e do ar. A Essência
(Jing) Pré-celestial origina-se dos pais, a Essência (Jing) Pós-celestial origina-se dos alimentos. O complexo de Essências (Jing)
refinadas e extraídas dos alimentos é conhecido como "Essência (Jíng) Pós-Celestial". Pelo fato do Estômago (Wei) e do Baço
(Pí) serem os responsáveis pela digestão dos alimentos e pelas funções de transformar e transportar as Essências (Jíng)
alimentares, além de resultar na produção do Qi, a Essência (Jíng) Pós-Celestial está intimamente relacionada ao Estômago (Wei)
e ao Baço (Pí). A Essência (Jíng) Pós-Celestial não é, portanto, um tipo específico de Essência (Jíng), mas um termo genérico
para indicar as Essências (Jíng) produzidas pelo Estômago (Wei) e Baço (Pí) após o nascimento, ao contrário da Essência (Jíng)
Pré-Celestial, que é formada antes do nascimento (ROSS, 1994).
2.1.2.3 Essência (Jing) do Rim (Shen)
A Essência (Jíng) do Rim (Shen) é mais um tipo específico de energia, que desempenha um papel muito importante na fisiologia
humana. Deriva tanto da Essência (Jíng) Pré-Celestial como da Pós-Celestial. Assim como a Essência (Jíng) Pré-Celestial é uma
energia hereditária que determina a constituição do indivíduo. Diferente da Essência (Jíng) Pré-Celestial a Essência (Jíng) do Rim
(Shen) apresenta uma interação com a Essência (Jíng) Pós-Celestial e é reabastecida por ela. A Essência (Jíng) do Rim (Shen),
portanto, compartilha de ambas as Essências (Jíng), Pré-Celestial e Pós-Celestial. Esta Essência (Jíng) é estocada no Rim
(Shen), mas apresenta um fluido natural, além de circular por todo o organismo. A Essência (Jíng) do Rim (Shen) determina o
crescimento, reprodução, desenvolvimento, maturação sexual, concepção e gravidez (ROSS, 1994).
2.1.3 QI ORIGINAL (YUAN QI)
Este tipo de Qi está intimamente relacionado à Essência (Jing). Na verdade, Qi Original não é nada mais do que a Essência (Jing)
na forma de Qi, em vez de fluido. Isso pode ser descrito como a Essência (Jing) transformada em Qi. Esta é uma forma dinâmica e
rarefeita da Essência (Jing) apresentando sua origem no Rim (Shen). Diz-se com freqüência que o Qi Original inclui o "Yin
Original" (Yuan Yin) e o "Yang Original" (Yuan Yang), isto significa que o Qi Original é o fundamento de todas as energias Yin e
Yang do organismo (MACIOCIA, 1996).
2.1.4 QI DOS ALIMENTOS
É chamado de Gu Qi, que significa "Qi dos Grãos" ou "Qi dos Alimentos". Ele representa o primeiro estágio na transformação dos
alimentos em Qi. O alimento penetra no Estômago (Wei), é "decomposto" e "amadurecido" inicialmente, sendo depois
transformado em Qi dos Alimentos pelo Baço (Pi). O Qi dos Alimentos é produzido pelo Baço (Pí), o qual apresenta uma função
importante de transformação e transporte de vários produtos extraídos dos alimentos. Embora o Qi dos Alimentos represente o
primeiro estágio crucial na transformação dos alimentos em Qi, ainda é uma forma dura do Qi e não pode ser utilizado pelo
organismo uma vez que é a base para a transformação em formas mais refinadas do Qi. A partir do Aquecedor Médio (Jiao
Médio), o Qi dos Alimentos origina-se no tórax e vai para o Pulmão (Fei) onde, combinando com o ar, forma o Qi Torácico
chamado em chinês de Zong Qi e depois para o Coração (Xin), onde é transformado em Sangue (Xue). Esta transformação é
auxiliada pelo Qi do Rim (Shen) e pelo Qi Original (ROSS, 1994).
2.1.5 QI TORÁCICO
Como mencionamos anteriormente, o Qi Torácico deriva da interação do Qi dos Alimentos com o ar. O Baço (Pi) envia o Qi dos
Alimentos em ascendência para o Pulmão (Fei) onde, reagindo com o ar, é transformado em Qi Torácico. O Qi Torácico é uma
forma mais sutil e refinada do Qi do que o Qi dos Alimentos, sendo útil para o todo o organismo. Suas funções principais são,
nutrir o Coração (Xin) e o Pulmão (Fei), aumentar e promover a função do Pulmão (Fei) para controlar o Qi e a respiração, e a
função do Coração (Xin) de governar o Sangue (Xue) e os vasos sanguíneos, controlar a fala e a força da voz, e promover a
circulação sangüínea para as extremidades (ROSS, 1994).
O Qi Torácico está intimamente relacionado com as funções do Coração (Xin) e do Pulmão (Fei). Auxilia o Pulmão (Fei) e o
Coração (Xin) em suas funções de controlar o Qi, a respiração, o Sangue (Xue) e os vasos sangüíneos respectivamente. Isto
significa que o Qi Torácico auxilia o Coração (Xin) e o Pulmão (Fei) a empurrarem
o Qi e o Sangue (Xue) para os membros, especialmente as mãos. Se o Qi Torácico não descender, o sangue se estagnará nos
vasos. Então, se o Qi Torácico estiver debilitado, os membros e, especialmente, as mãos ficarão frios (ROSS, 1994).
O Qi Torácico também se acumula na garganta e influencia a fala [que está sob o controle do Coração (Xin) e fortalece a voz que
está sob o controle do Pulmão (Fei). Assim, se o Qi Torácico estiver debilitado, a fala pode ser impedida, ou a voz pode se tomar
fraca e fina. Na prática, pode-se medir o estado do Qi Torácico a partir da saúde do Coração (Xin) e do Pulmão (Fel), assim como
da circulação e da voz. Uma voz fraca mostra debilidade do Qi Torácico e desse modo circulação fraca das mãos (ROSS, 1994).
Sendo o Qi Torácico a "energia" do tórax, também é afetado por alterações emocionais, tais como tristeza e lamento, os quais
debilitam o Pulmão (Fel) e dispersam
o Qi Torácico (ROSS, 1994).
2.1.6 XUE (SANGUE)
A Essência dos alimentos ou Qi, derivada dos alimentos e das bebidas, é transformada em Xue no tórax, pela ação do Coração
(Xin) e Pulmão (Fei). O aspecto Yin do Jing, armazenado nos Rins (Shen) produz a medula óssea que produz o Sangue (Xue).
Além disso, o aspecto Yang do Jing ou o Yuan Qi, ativa as transformações executadas pelo Coração (Xin) e pelo Pulmão (Fei) no
Aquecedor Superior e pelo Baço/Pâncreas (Pi) e pelo Estômago (Wei) no Aquecedor Médio (ROOS, 1994).
2.1.7 QI VERDADEIRO
Este é chamado em chinês de "Zhen Qi", o que literalmente significa "Qi Verdadeiro". É o último estágio de transformação do Qi. O
Qi Torácico é transformado em Qi Verdadeiro sob a ação catalítica do Qi Original. O Qi Verdadeiro é o estágio final do processo
de refinamento e transformação do Qi é o Qi que circula nos Meridianos e nutre os sistemas. Assim como o Qi Torácico, o Qi
Verdadeiro também se origina do Pulmão (Fei), daí a função do Pulmão (Fei) de controlar o Qi em geral (ROSS, 1994).
O Qi Verdadeiro assume duas formas diferentes: o Qi Nutritivo (Ying Qi) e o Qi Defensivo (Wei Qi) (ROSS, 1994).
2.1.7.1 Qi Nutritivo (Ying Qi)
Como seu nome diz, este tipo de Qi apresenta a função de nutrir os Sistemas Internos e todo o organismo. O Qi Nutritivo (Ying Qi)
está intimamente relacionado com o Sangue (Xue) e flui com este para os vasos sangüíneos, assim como, naturalmente, para os
Meridianos (ROSS, 1994).
ROSS (1994), afirma que “... o Qi Nutritivo (Ying Qi) é extraído dos alimentos e da água, regula os Cinco Sistemas Yin, umedece
os Seis Sistemas Yang, penetra nos vasos sanguíneos circula nos Meridianos acima e abaixo, conecta-se com os Cinco Sistemas
Yin e com os seis Yang".
2.1.7.2 Qi Defensivo (Wei Qi)
Esta é outra forma assumida pelo Qi Verdadeiro, comparado com o Qi Nutritivo (Ying Qi), apresenta uma forma menos densa de
Qi. É Yang em relação ao Qi Nutritivo (Ying Qi), uma vez que flui para todas as camadas externas do corpo, enquanto o Qi
Nutritivo (Ying Qi) flui para todas as camadas e sistemas internos do mesmo (ROSS, 1994).
Segundo ROSS (1994):
O ser humano recebe o Qi dos alimentos: estes penetram no Estômago (Wei), são transportados para o Pulmão (Fei), (ou seja, o
Qi dos Alimentos)... são transformados em Qi, a parte refinada transforma-se em Qi Nutritivo (Ying Qi), a parte dura transforma-se
em Qi Defensivo (Wei Qi). O Qi Nutritivo (Ying Qi) flui nos vasos sangüíneos (e Meridianos), e o Qi Defensivo flui para o exterior
dos Meridianos.
ROSS (1994), também relata que "... o Qi Defensivo é derivado da parte dura dos alimentos e da água, é de natureza
escorregadia, portanto não pode penetrar nos Meridianos. Circula sob a pele, entre os músculos, vaporiza-se entre as membranas
e difunde-se para o tórax e abdome".
A principal função do Qi Defensivo consiste em proteger o organismo do ataque de fatores patogênicos exteriores, tais como
Vento, Calor, Frio e Umidade. Além disso, aquece, hidrata e nutre parcialmente a pele e os músculos, ajusta a abertura e o
fechamento dos poros (e, portanto regula a sudorese), além de regular a temperatura corpórea (principalmente através do controle
da sudorese) (ROSS, 1994).
O Qi Defensivo aquece os músculos, revigora a pele, penetra no espaço entre a pele e os músculos, abre os poros (ROSS, 1994).
Sendo disperso por baixo da pele, o Qi Defensivo está sob o controle do Pulmão (Fei). O Pulmão (Fei) regula a circulação do Qi
Defensivo para a pele, assim como a abertura e o fechamento dos poros. Assim, a debilidade do Qi do Pulmão (Fei) pode resultar
na debilidade do Qi Defensivo. Isto pode proporcionar a vulnerabilidade do indivíduo a gripes freqüentes. Um indivíduo tenderá
sempre a contrair gripes, uma vez que o Qi Defensivo toma-se inábil para aquecer a pele e os músculos (ROSS, 1994).
O Qi Defensivo circula do lado externo dos Meridianos, na pele e músculos, estes são chamados de Exterior do corpo, ou também
"Porção do Qi Defensivo do Pulmão (Fei)". O Pulmão (Fei) dispersa os Fluidos Corpóreos (Jin Ye) para a pele e músculos. Estes
fluidos misturam-se com o Qi Defensivo de maneira que qualquer Deficiência do Qi Defensivo possa causar sudorese espontânea
diurna, porque se o Qi Defensivo estiver debilitado, toma-se inábil para manter os fluidos no interior. Isto também explica a razão
em promover a sudorese quando o organismo é invadido pelo Vento-Frio exterior. Nestes casos de invasão do Vento-Frio, ocorre
uma obstrução do Qi Defensivo na pele e nos músculos, bloqueando os poros e dificultando a função dispersora do Pulmão (Fei).
Através da restauração da função dispersora do Pulmão (Fei), assim como da função promotora da sudorese, os poros serão
desbloqueados, os fluidos sairão como suor e o Vento-Frio misturado a eles será expelido. Portanto, diz-se que o Qi Defensivo se
dispersa no Aquecedor Superior (Jiao Superior) (ROSS, 1994).
Todavia, o Qi Defensivo também se espalha nos Aquecedores Médios e Inferior (Jiao Médio e Inferior), uma vez que se origina do
Qi dos Alimentos produzidos pelo Estômago (Wei) e Baço (Pi). Por outro lado, a Essência (Jing) e o Qi Original estocados no Rim
(Shen) também desempenham um papel na resistência aos fatores patogênicos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste
n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265 exteriores, como já foi explicado anteriormente. Desta forma, o Qi Defensivo origina-se também da
Essência (Jing) e do Qi Original, sendo transformado a partir do Yang do Rim (Shen). Esta é outra razão pela qual a resistência
aos fatores patogênicos exteriores é determinada não somente pela força do Qi do Pulmão (Fei) , mas também pelo Yang do Rim
(Shen) (ROSS, 1994).
O Qi Defensivo circula 50 vezes em 24h, 25 vezes durante o dia e 25 vezes à noite. Durante o dia, circula no Exterior do
organismo, e à noite circula nos órgãos Yin. 36 Durante o dia, circula no Exterior nos Meridianos superficiais Yang, a partir do
Yang Máximo ao mínimo para os Meridianos Yang Brilhante. Este é o fluxo do Qi Defensivo do Interior em direção ao Exterior,
emergindo do canto interno dos olhos encontrando os Meridianos Máximo do Yang do Intestino Delgado (Xíaochang) e da Bexiga
(Pangguang), que abre os olhos e desperta de manhã. À noite, o Qi Defensivo flui internamente para os sistemas Yin, inicialmente
ao Rim (Shen), após ao Coração (Xin), ao Pulmão (Fei), ao Fígado (Gan) e ao Baço (pi) (ROSS, 1994).
2.1.8 SHEN (ESPÍRITO, CONSCIÊNCIA)
O Shen pré-natal é derivado dos pais e Shen pós-natal derivado ou manifestado pela interação de Jing e Qi, enquanto o Sangue
do Coração (Xin Xue) e Yin do Coração (Xin Yin) fornecem a moradia para o Shen (espírito), visto que, na concepção da Medicina
Tradicional Chinesa, a consciência não reside tanto no cérebro, mas sim no Coração (Xin). O Shen (espírito) vitaliza o corpo e a
consciência e fornece a força da personalidade. Assim, o Jing, o Qi e o Shen juntos formam o San Bao ou os Três Tesouros
(ROSS, 1994).
Esta concepção de Shen (espírito) implica na existência material de Shen (espírito) que é diferente da idéia ocidental de espírito;
na Medicina Tradicional Chinesa, Shen (espírito) é uma parte integral do corpo, não um aspecto separado dele (ROSS, 1994).
2.2 Yin/Yang
Os chineses acreditam que todo universo seja ativado por dois princípios, Yin e Yang, o negativo e o positivo, e consideram que
tudo o que se vê exista em virtude da constante influência mútua dessas duas forcas, sejam seres animados ou inanimados
(MANN, 1994).
O conceito de Yin/Yang é provavelmente o mais importante e distinto da Teoria da Medicina Chinesa. Pode-se dizer que toda
fisiologia médica chinesa, patologia e tratamento podem, eventualmente, ser reduzidos ao Yin/Yang. O conceito de Yin/Yang é
extremamente simples, ainda que profundo. Aparentemente, pode-se entendê-lo sob um nível racional, e ainda, achar novas
expressões na prática clínica e na vida (MACIOCIA, 1996).
O conceito de Yin/Yang, juntamente com o do Qi, tem permeado a filosofia chinesa há séculos, sendo radicalmente diferente de
qualquer idéia filosófica ocidental. Em geral a lógica ocidental é baseada na oposição dos contrastes, sendo esta a premissa
fundamental da lógica aristotélica. De acordo com essa lógica, os opostos (tais como “a mesa é quadrada” e “a mesa não é
quadrada”) não podem ambos ser verdadeiro. Isso tem dominado o ocidente por mais de 2.000 anos. O conceito chinês do
Yin/Yang é radicalmente diferente deste sistema de pensamento. Yin e Yang representam qualidades opostas, mas também
complementares. Cada coisa ou fenômeno poderia existir por si mesma ou pelo seu oposto. Além disso, Yin contém a semente do
Yang e vice-versa, de maneira que, contrariando a lógica aristotélica, A pode também ser o ANTI-A (MACIOCIA, 1996).
O conceito de Yin e de Yang é à base da Medicina Chinesa. A tendência ocidental é de ver os opostos como absolutos; o
significado das palavras preto e branco dão esta impressão. Este fato deriva da tendência de ver o mundo feito de partículas e do
desejo de ser tão preciso quanto possível. Por isso, a situação é: a ou b, enquanto o pensamento chinês vê o mesmo fenômeno
como dois extremos de algo contínuo. Isso traz uma conotação de que os termos são relativos: não preto e branco, mas sim, mais
preto e mais branco, assim como a polaridade nunca é estática, ela está em contínua mudança, o mais preto ficando branco e
vice-versa. Esta concepção tem ramificações importantes em todas as áreas (ROSS, 1994).
Tudo o que existe apresenta uma polaridade. Nada é só Yin ou só Yang. Nada é só positivo ou negativo. Forcas antagônicas são
complementares e necessárias. No Su Wen, livro básico da medicina chinesa, destacam-se diagramas cuja tradução é a seguinte:
“O céu é o acúmulo de Yang. A terra é o acúmulo de Yin”. O fogo é Yang a água é Yin. Yang é a agitação. Yin é a serenidade. O
céu e o sol são Yang. A terra e a lua são Yin. Dentro do Yang tem Yin. Dentro do Yin tem Yang (CURVO, 1998).
Quando notamos que alguém é calmo, é porque temos referência do que é ser agitado. Se falarmos de calor é porque
conhecemos o frio. Todos nós temos nosso lado generoso e nosso lado mesquinho, duas faces complementares, por vezes
equilibradas,por vezes tendendo mais para um lado do que para o outro (CURVO, 1998).
A mais antiga origem do fenômeno Yin/Yang deve ter se originado da observação de camponeses sobre a alternância cíclica entre
o dia e a noite. Desta maneira, o Dia corresponde ao Yang e a Noite ao Yin e, por conseguinte, a Atividade refere-se ao Yang e o
Descanso ao Yin. Isto conduz à primeira observação da alternância contínua de todo fenômeno entre os dois pólos cíclicos, um
corresponde à Luz, Sol, Luminosidade e Atividade (Yang), e o outro à Escuridão, Lua, Sombra e Descanso (Yin). A partir deste
ponto de vista, Yin e Yang são dois estágios de um movimento cíclico, sendo que um interfere constantemente no outro, tal como
o dia cede lugar para a noite e vice-versa (MACIOCIA, 1996).
Assim, sob este ponto de vista, Yin e Yang são essencialmente uma expressão de dualidade no tempo, uma alternância de dois
estágios opostos no tempo. Cada fenômeno no universo se altera por meio der um movimento cíclico de altos e baixos, e a
alternância do Yin e Yang é a forca motriz desta mudança e desenvolvimento. O dia se transforma em noite, o verão em inverno,
crescimento em deteriorizacão e vice-versa. Desta maneira, o desenvolvimento de todos os fenômenos no universo é resultado de
uma interação de dois estágios opostos, simbolizados pelo Yin e Yang, e cada fenômeno contém em si mesmo ambos os
aspectos em diferentes graus de manifestação. O Dia pertence ao Yang, mas após alcançar o seu pico ao meio-dia, o Yin, dentro
dele, começa gradualmente a se desdobrar e a se manifestar. Portanto, cada fenômeno pode pertencer ao Yin ou Yang, mas
sempre conterá a semente do estágio oposto em si mesmo (MACIOCIA, 1996).
Os princípios do Yin e Yang estão presentes em todos os aspectos da teoria chinesa, são utilizados para explicar a estrutura
orgânica do corpo humano, suas funções fisiológicas, as leis referentes às causas e evoluções das doenças (COSTA, 2003).
O corpo humano é um todo organizado, composto de duas partes ligadas estruturalmente, porém opostas Yin/Yang, são eles os
dois pólos que estabelecem os limites para os ciclos de mudanças (COSTA, 2003).
A Medicina Chinesa baseia-se no equilíbrio destas duas forcas no corpo humano, a doença é vista como um rompimento desse
equilíbrio. As duas partes Yin/Yang do corpo devem estar em equilíbrio relativo para que se mantenham normais as suas
atividades fisiológicas, o equilíbrio é destruído por fatores de adoecimento, podendo ocorrer o predomínio ou a falta de uma das
duas partes, se transformando em processos patológicos (COSTA, 2003).
A relação interdependente e complementar da Energia e da Matéria é o meio indissolúvel de se manter a Vida (YAMAMURA,
1993).
2.3 Cinco Elementos Da Natureza
A Teoria do Yin-Yang originou-se antes da Teoria dos Cinco Elementos. A primeira referência ao Yin-Yang é encontrada na
Dinastia Zhou (por volta de 1000-770 a.C.), enquanto a primeira referência registrada dos Cinco Elementos é do período de guerra
entre os Estados (476-221 a.C.) (MACIOCIA, 1996).
Pode-se dizer que a Teoria dos Cinco Elementos e sua aplicação na medicina marcam o início do que nós podemos chamar de
"medicina cientifica" e o início da partida do Shamanismo. Os curadores não mais procuravam uma causa sobrenatural para as
patologias, agora eles observam a Natureza e, com uma combinação dos métodos indutivo e dedutivo, começam a achar os
padrões dentro disto e, por extensão, os aplicam na interpretação das patologias (MACIOCIA, 1996).
O SHANG SHU, escrito durante a Dinastia Ocidental Zhou (1000 -771 a.C.) relatou que os Cinco Elementos são Água, Fogo,
Madeira, Metal e Terra. A Água umedece em descendência, o Fogo chameja em ascendência, a Madeira pode ser dobrada e
esticada, o Metal pode ser moldado e endurecido, a Terra permite a disseminação, o crescimento e a colheita (MACIOCIA, 1996).
A Teoria dos Cinco Elementos foi desenvolvida pela mesma escola filosófica que desenvolveu a Teoria do Yin-Yang, ou seja, a
"Escola do Yin-Yang", algumas vezes chamada de "Escola Naturalista". O expoente principal desta escola foi ZOU YAN (350-270
a.C.). Os Cinco Elementos representam cinco qualidades diferentes do fenômeno natural, cinco movimentos e cinco fases no ciclo
das estações (MACIOCIA,1996).
2.3.1 INTER-RELACIONAMENTOS DOS CINCO ELEMENTOS
São essenciais para o conceito dos Cinco Elementos os vários inter-relacionamentos entre eles. Diversos filósofos enfatizaram os
inter-relacionamentos diferentes entre os Cinco Elementos.
2.3.1.1 Seqüência da Geração
Nesta seqüência cada Elemento gera outro, sendo ao mesmo tempo gerado. Assim, a Madeira gera o Fogo, o Fogo gera a Terra,
a Terra gera o Metal, o Metal gera a Água e a Água gera a Madeira. Desta forma, por exemplo, a Madeira é gerada pela Água, que
por sua vez gera o Fogo (MACIOCIA, 1996).
2.3.1.2 Seqüência do Controle
Nesta seqüência cada Elemento controla o outro ao mesmo tempo em que é controlado. Assim, a Madeira controla a Terra, a
Terra controla a Água, a Água controla
o Fogo, o Fogo controla o Metal e o Metal controla a Madeira. Por exemplo, a Madeira controla a Terra, mas é controlada pelo
Metal. A seqüência de controle assegura que um equilíbrio seja mantido entre os Cinco Elementos. Há, também, um
inter-relacionamento entre as seqüências da Geração e do Controle. Por exemplo, a Madeira controla a Terra, mas a Terra gera o
Metal que controla a Madeira. Além disto, a Madeira controla a Terra, mas por outro lado a Madeira gera o Fogo que, por sua vez,
gera a Terra. Conseqüentemente, um equilíbrio de autocontrole é sempre mantido (MACIOCIA, 1996).
Os relacionamentos de geração e controle mútuos entre os Elementos são um bom modelo de alguns processos auto-reguladores
de equilíbrio que podem ser encontrados na Natureza e no organismo NEEDHAM cita muitos exemplos interessantes que ilustram
claramente os princípios anteriormente referidos (M ACIOCIA, 1996).
2.3.1.3 Seqüência de Excesso de Trabalho
Esta segue a mesma seqüência do Controle, mas neste caso, cada Elemento controla excessivamente o outro, de maneira que
provoca a sua diminuição. Isto acontece quando o equilíbrio é quebrado e, sob tais circunstâncias, o relacionamento quantitativo
entre os Elementos é afetado, de maneira que, em determinado tempo, um Elemento é excessivo em relação ao outro
(MACIOCIA, 1996).
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste
n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265
Retomando a uma comparação com os fenômenos naturais, as ações destrutivas dos seres humanos em relação à Natureza,
especialmente neste século, provocam numerosos exemplos desta seqüência (MACIOCIA, 1996).
2.3.1.4 Seqüência da Lesão
Esta seqüência é literalmente chamada de "lesão" em chinês. Acontece na ordem inversa da seqüência do Controle. Assim, a
Madeira lesa o Metal, o Metal lesa o Fogo,
o Fogo lesa a Água, a Água lesa a Terra e a Terra lesa a Madeira. Isto também acontece quando o equilíbrio é afetado
(MACIOCIA, 1996).
Desta forma, as duas primeiras seqüências lidam com o equilíbrio normal entre os Elementos, enquanto as duas segundas
referem-se aos relacionamentos anormais entre os Elementos que ocorrem quando o equilíbrio é quebrado (MACIOCIA, 1996).
2.3.2 CORRESPONDÊNCIAS DOS CINCO ELEMENTOS
O sistema de correspondências é uma parte importante da Teoria dos Cinco Elementos. Este sistema é típico do pensamento
chinês antigo, conectando muitos fenômenos diferentes e qualidades dentro do microcosmo e o macrocosmo sob a proteção de
um determinado Elemento. Os antigos filósofos chineses encontraram uma relação entre fenômenos aparentemente não
conectados como um tipo de "ressonância" entre os mesmos. Vários tipos de fenômenos estariam unificados por uma qualidade
comum (MACIOCIA, 1996).
Um dos aspectos mais típicos da Medicina Chinesa é a ressonância comum entre os fenômenos da Natureza e do organismo.
Algumas destas correspondências são amplamente verificadas e experimentadas o tempo todo na prática clínica. Há um grupo de
correspondências para cada um dos Cinco Elementos (MACIOCIA, 1996).
Estes grupos de correspondências, especialmente aqueles pertinentes ao corpo humano, mostram como os órgãos e seus
fenômenos relacionados formam um todo integrado e indivisível. Assim, a Madeira corresponde ao Fígado (Gan), olhos, tendões e
fúria (MACIOCIA, 1996).
2.4 Zang Fu
O conceito de órgãos e de vísceras da Medicina Chinesa difere do conceito da Medicina Ocidental. Órgãos (Zang) e as Vísceras
(Fu), na concepção chinesa, representam a integração dos fenômenos energéticos, que agem tanto nas manifestações somáticas
como na mental. Estas duas manifestações aliadas à matéria constituem os Zang Fu, ou o conceito de Energia (Qi) dos Órgãos e
das Vísceras. Assim, o Qi do Fígado é o responsável por todas as atividades fisiológicas conhecidas do Fígado e também pela
atividade mental, raciocínio, decisão, julgamento, emoções do tipo raiva, ódio, ira, tensão, agitação psíquica (YAMAMURA, 1993).
Os Zang Fu constituem a essência da Medicina Tradicional Chinesa, situando-se no centro da estrutura organizacional do corpo.
Os Zang Fu da Medicina Tradicional Chinesa são um conjunto de conceitos completamente diferente dos órgãos da Medicina
Ocidental e não devem ser confundidos com eles. A medicina ocidental vê cada órgão somente sob o aspecto anatómico-material,
enquanto a Medicina Chinesa os analisa como um sistema complexo incluindo o aspecto anatômico e suas emoções, tecidos,
órgãos dos sentidos, atividades mentais, cor, clima e demais correspondentes. (MACIOCIA, 1996).
A Teoria dos Sistemas Internos é freqüentemente descrita como o centro da Teoria médica chinesa, porque é a que melhor
expressa a visão da Medicina Chinesa do organismo como um todo integrado. Esta teoria representa um cenário amplo dos
relacionamentos funcionais que proporcionam uma total integração das funções do organismo, emoções, atividades mentais,
tecidos, órgãos dos sentidos e influência ambiental (MACIOCIA, 1996).
A função dos Zang Fu é a de receber o ar, os alimentos e as bebidas do ambiente externo e transformá-los em Substancias e em
produtos supérfluos, estes são excretados e as Substancias são circuladas por todo o corpo, mesmo sobre a superfície dele, e, no
corpo, as Substancias circulam tanto dentro como fora da rede dos Canais e Colaterais, para abastecer todas assuas estruturas;
além disso, os Zang Fu são também responsáveis por manter uma interação harmoniosa entre o corpo e o ambiente externo
(ROSS, 1994).
Os Zang apresentam características Yin, são mais sólidos e internos e os responsáveis pela formação, transformação,
armazenamento, liberação e regulação das Substáncias puras que são o Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing), Fluídos (Jin Ye) e
Shen (espírito) (ROSS, 1994).
Assim, os sistemas Yin estocam as Substâncias Vitais, ou seja, Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing) e Fluidos Corpóreos (Jin Ye).
Eles somente estocam substâncias refinadas e puras que recebem dos seus correspondentes Yang após a transformação dos
alimentos (MACIOCIA, 1996).
Os Fu apresentam características Yang, são mais ocos e externos (ROSS, 1994).
Os sistemas Yang, ao contrário, não estocam, mas estão constantemente repletos e vazios. Transformam e refinam os alimentos
e os líquidos para extrair as Essências (Jing) puras que serão armazenadas pelos sistemas Yin. Assim como realizam o processo
de transformação, os sistemas Yang também excretam produtos decompostos. A Essência (Jing) dos sistemas Yang consiste,
portanto em "receber", "mover", "transformar", "digerir" e "excretar" (MACIOCIA, 1996).
Os Cinco Sistemas Yin estocam a Essência (Jing) e o Qi, mas não excretam, podem estar completos, mas não em excesso. Os
Seis Sistemas Yang transformam e digerem, mas não estocam, podem estar em excesso, mas não completos. De fato, após os
alimentos terem penetrado na boca, o estômago está repleto e os intestinos vazios; quando os alimentos descem, os intestinos
estão repletos e o estômago vazio (MACIOCIA, 1996).
Há um íntimo relacionamento entre os sistemas Yin e Yang estes dois grupos de sistemas apresentam funções diferentes, mas
esta diferença é somente relativa, o relacionamento entre os sistemas Yin e Yang é de caráter estrutural-funcional. Os sistemas
Yin correspondem à estrutura e ao armazenamento das Substâncias Vitais, enquanto os sistemas Yang correspondem à função. A
estrutura e a função são interdependentes e podemos observar cada sistema Yang como um aspecto funcional do seu sistema Yin
correspondente. Por exemplo, pode-se observar a Vesícula Biliar (Dan) como um aspecto funcional do Fígado (Gan). O Fígado
(Gan) é uma estrutura e a Vesícula Biliar (Dan) a sua expressão funcional (MACIOCIA, 1996).
Na Teoria Chinesa dos Sistemas os sistemas Yin são o centro, são mais importantes que os sistemas Yang em termos de
patologia e fisiologia. Os sistemas Yin são mais importantes porque estocam todas as Substàncias Vitais, enquanto os sistemas
Yang são o seu aspecto funcional (MACIOCIA, 1996).
2.4.1 ZANG FU E AS SUBSTÃNCIAS VITAIS
Uma das principais funções dos Sistemas Internos consiste em assegurar a produção, manutenção, abastecimento, transformação
e movimento das Substâncias Vitais. Cada uma destas Substâncias Vitais Qi, Sangue (Xue), Essência (Jing) e Fluidos Corpóreos
(Jin Ye) está relacionada a um ou mais destes Sistemas. O Coração (Xin) governa o Sangue (Xue), o Fígado (Gan) armazena o
Sangue (Xue), o Pulmão (Fei) governa o Qi e influencia os Fluidos Corpóreos (Jin Ye), o Baço (Pi) governa o Qi dos Alimentos,
mantém o Sangue (Xue) e influencia os Fluidos Corpóreos (Jin Ye) e o Rim (Shen) armazena a Essência (Jing) e influencia os
Fluidos Corpóreos (Jin Ye) (MACIOCIA, 1996).
2.4.2 ZANG FU E OS TECIDOS
Cada sistema influencia um dos tecidos do organismo, isto significa que há um relacionamento funcional entre certos tecidos e
cada sistema, de maneira que o estado do sistema pode ser deduzido pela observação do tecido a ele relacionado. Desta forma o
Coração (Xin) controla os Vasos Sangüíneos (Xue Mai), o Fígado (Gan) controla os tendões e manifesta-se nas unhas, o Pulmão
(Fei) controla a pele e manifesta-se nos pêlos do corpo, o Baço (Pi) controla os músculos e manifesta-se nos lábios e o Rim
(Shen) controla os ossos e manifesta-se no cabelo (MACIOCIA, 1996).
2.4.3 ZANG FU E OS ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
Cada sistema está relacionado funcionalmente a um dos órgãos dos sentidos. Isto significa que a saúde e a acuidade de um
determinado órgão do sentido dependem da nutrição de um sistema interno. Assim, o Coração (Xin) controla a língua e o paladar,
o Fígado (Gan) controla os olhos e a visão, o Pulmão (Fei) controla o nariz e o olfato, o Baço (Pi) controla a boca e o paladar e o
Rim (Shen) controla o ouvido e a audição (MACIOCIA, 1996).
2.4.4 ZANG FU E AS EMOÇÕES
Este é um aspecto extremamente importante da Teoria Chinesa dos Sistemas Internos que ilustra a unidade do corpo e da mente
na Medicina Chinesa. O mesmo Qi que é à base de todos os processos fisiológicos, também o é para os processos mental e
emocional, uma vez que o Qi, como já vimos, existe em diversos estados de refinamento. Enquanto no Ocidente a fisiologia
emocional e os processos mentais são atribuídos ao cérebro, na Medicina Chinesa eles são parte da esfera de ação dos Sistemas
Internos (Zang Fu). A relação entre cada sistema e uma emoção em particular é mútua, o estado do sistema afetará as emoções e
as emoções afetarão o estado do sistema. O Coração (Xin) relaciona-se à alegria, o Fígado (Gan) à fúria, o Pulmão (Fei) à tristeza
e à preocupação, o Baço (Pi) ao pensamento e o Rim (Shen) ao medo. Estas emoções somente se tomam uma causa de
desequilíbrio quando são excessivas e prolongadas. Por meio do tratamento de um sistema específico, podemos influenciar
determinada emoção relacionada ao sistema em questão e auxiliar a pessoa a alcançar um estado de equilíbrio emocional
(MACIOCIA, 1996).
2.4.5 ZANG FU E OS FATORES EXTERNOS
A Medicina Chinesa considera que as diferentes condições climáticas influenciam determinados sistemas. O Calor influencia o
Coração (Xin), o Vento influencia o Fígado (Gan), a Secura influencia o Pulmão (Fei), a Umidade influencia o Baço (Pi) e o Frio
influencia o Rim (Shen). Um excesso destes fatores externos por um período prolongado pode afetar adversamente os Zang Fu
(MACIOCIA, 1996).
3. ACUPUNTURA
Derivada dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e puncionar, respectivamente, a acupuntura visa à terapia e
cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos específicos chamados
acupontos (WEN, 1989; JAGGAR, 1992; SCHOEN, 1993).
A palavra acupuntura origina-se do latim, sendo que acus significa agulha e punctura significa puncionar. A acupuntura se refere,
portanto, à inserção de agulhas através da pele nos tecidos subjacentes em diferentes profundidades e em pontos estratégicos do
corpo para produzir o efeito terapêutico desejado. Mas, na verdade, acupuntura é uma tradução incompleta da palavra chinesa Jin
Huo (ou Tsen Tsio) que significa metal e fogo. Os pontos de acupuntura distribuídos pelo corpo podem ser puncionados com
agulhas ou aquecidos com o calor produzido pela queima da erva Artemisia vulgaris, (mais conhecida como moxa ou
moxabustão). Podem ainda ser estimulados por ventosas, pressão, estímulos elétricos e, mais recentemente, lasers
(CHONGHUO, 1993).
A Acupuntura trata as doenças por meio de agulhas. Consiste em inserir uma agulha metálica de corpo longo e ponta fina em
determinados lugares (pontos), aplicando certos meios de manipulação para produzir sensações no paciente, intumescimento,
distensão e sensação de peso, com a finalidade de curar uma enfermidade (CHONGHUO, 1993).
A Acupuntura visa restabelecer, em princípio, a circulação da Energia ao nível dos Canais de Energia e dos Órgãos e das
Vísceras e, com isso, levar o corpo a uma harmonia de Energia e de Matéria (YAMAMURA, 1993).
O reconhecimento dos principais pontos de Acupuntura não foi um mero achado experimental, mas deriva-se de todo o conceito
do Yang e do Yin e dos princípios dos Cinco Movimentos, os alicerces da Filosofia Chinesa. Assim, a origem dos pontos Shu
Antigos, situados nos Canais Principais de Energia e nada mais representa que a relação Yang/Yin, Alto/Baixo,
Superficial/Profundo e Direita/Esquerda, enquanto que o dinamismo desses pontos de Acupuntura está recalcado nos princípios
dos Cinco Movimentos (YAMAMURA, 1993).
A Acupuntura, uma forma de Medicina Energética, não somente aborda os aspectos funcionais dos pontos de Acupuntura, mas
principalmente o estudo das diferentes funções dos Canais de Energia, que são sem dúvida o mais importante sistema de
consolidação e de comunicação dos Zang Fu com o meio exterior, formando na sua trajetória a forma física do Homem.
Reconhecer as alterações produzidas na forma física pelos Canais de Energia é saber reconhecer o estado energético dos Órgãos
e das Vísceras e, por conseguinte, o meio mais adequado para o tratamento (YAMAMURA, 1993).
As deficiências de Energia ou a penetração de Energias Perversas são fatores condicionantes do processo de adoecer, que pode
ir desde uma interrupção na circulação de Energia através dos Canais de Energia, provocando dor ou impotência dos músculos,
até processos alternativos de funcionamento de estruturas internas, levando a uma lesão anatômica (YAMAMURA, 1993).
A palavra acupuntura, entretanto, pode ter sentido mais amplo, o do estímulo do acuponto segundo as várias técnicas disponíveis,
além do sentido restrito de agulhamento, como alterações da temperatura e pressão, por exemplo, (ALTMAN, 1997).
A acupuntura faz parte de um conjunto de conhecimentos teórico-empíricos, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que inclui
técnicas de massagem (Tui-Na),exercícios respiratórios (Chi-Gung), orientações nutricionais (Shu-Shieh) e afarmacopéia chinesa
(medicamentos de origem animal, vegetal e mineral) (ALTMAN,1997).
As origens da acupuntura perdem-se na pré-história chinesa, de fato, agulhas de pedra e de espinha de peixe foram utilizadas na
China durante a idade da Pedra (cerca de 3000 anos a.C.), e têm suas raízes na mitologia do pensamento Taoísta e da China
antiga. O texto mais antigo é o Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Huang Ti Nei Ching), texto clássico e
fundamental da Medicina Tradicional Chinesa, que descreve aspectos anatômicos, fisiológicos, diagnósticos e terapêuticos das
moléstias à luz da medicina ocidental, e que provavelmente foi ampliado, ao longo de vários séculos, até sua versão definitiva por
volta do século I a.C. Ele abrangeu todas as formas de medicina, incluindo a moxabustão, a acupuntura e as ervas. Na segunda
descrição sistemática no O Clássico da Acupuntura (Zhen Jiu Jia Jing), por volta de 259 d.C., foram estabelecidos os nomes e as
supostas funções de todos os pontos (MA, 1992).
Os antigos médicos chineses desenvolveram, inicialmente, o sistema da acupuntura dentro da estrutura filosófica e cultural do
Taoísmo, um sistema que significa submeter-se aos impulsos espontâneos da natureza essencialmente própria de uma pessoa e
alcançar a unidade com o Tao (direção), o padrão-base do universo, uma força abstrata responsável pela criação, interligação,
mudança e desenvolvimento em todas as coisas. Essa filosofia de “ir com o fluxo” é muito tentadora para as pessoas que se
sentem presas no ambiente de grande pressão do Ocidente, o que em parte explica o crescimento da popularidade de terapias
como a acupuntura, que são consideradas como de “volta à natureza” (ERNST, 2001).
Os pontos de Acupuntura são os locais específicos do corpo onde se aplica a Acupuntura ou a Moxa e que podem causar certas
reações em outras regiões ou em algum órgão, de forma a obter resultados medicinais. Segundo a teoria dos Canais e colaterais
da Medicina Tradicional Chinesa, os pontos podem transmitir a função e as mudanças dos órgãos do interior do corpo para a
superfície e, ao mesmo tempo, comunicar os fatores exógenos da superfície até o interior. Por este motivo, acredita-se que os
pontos tenham a delicada função de "transmissão" (CHONGHUO, 1993).
No princípio, os pontos não possuíam locais determinados, nem nomes próprios, tão pouco eram os pontos conhecidos. A
descoberta de novos pontos tem muito a ver com o desenvolvimento do tratamento pela Acupuntura e pela Moxa. Após um longo
tempo de prática, descobriram que massagear, beliscar, pressionar ou cauterizar certos locais da pele poderia causar reações
nesses lugares e em outros locais correspondentes, de modo que, poderia fazer desaparecer ou aliviar certos sintomas. Pouco a
pouco, a localização e a função de cada ponto foram se definindo. Para facilitar a recordação e memorizar suas indicações, os
pontos foram denominados segundo as características da região de onde se encontram cada ponto e a sua função particular
(CHONGHUO, 1993).
Os acupontos foram empiricamente determinados no transcorrer de milhares de anos de pratica médica chinesa (RISTOL, 1997).
Por outro lado, através de constantes práticas, constatou-se que uma pessoa ao padecer de certa enfermidade, aparecem, em
determinado ponto da pele ou em alguns pontos que se encontram em regiões diferentes, fenômenos anormais, tais como dor,
distensão ou calor. Isto conduziu ao conhecimento do princípio de relação entre os pontos e as enfermidades e, por conseguinte,
foi possível chegar ao diagnóstico por observação dos pontos de Acupuntura (CHONGHUO, 1993).
3.1. Acupuntura No Ocidente
O relato de curas, muitas vezes espetaculares, com o uso da acupuntura, tem sido recurso freqüente. O sucesso da anestesia
com acupuntura, em diferentes cirurgias, tem produzido um grande impacto no ocidente desde a década de 70; os casos
observados por Bland foram, nas suas próprias palavras, "suficientes para provar o valor da acupuntura como tratamento e como
anestésico” (BLAND, 1979).
Verifica-se, no entanto, que a demonstração empírica dos resultados obtidos com a acupuntura, por si só, tem se mostrado
insuficiente para o reconhecimento da sua eficácia terapêutica, pois tais resultados são interpretados pelos céticos como embuste
ou, na melhor das hipóteses, como conseqüência de pura sugestão; segundo estes, as agulhas agiriam, no máximo, como
placebo (BLAND, 1979).
A preocupação de mostrar que os resultados obtidos com a acupuntura não se devem a sugestão está presente no discurso de
Huan Xiang Ming (vice-diretor do Instituto de Pesquisa Médica Chinesa, em Xangai), em um seminário patrocinado pela OMS na
China, em 1979 onde diz que o êxito da anestesia por acupuntura e a cura da disenteria bacilar pela acupuntura abalaram a
opinião de que o efeito desse procedimento não passa de uma ilusão psicológica (Huan Xiang Ming, 1979), ou, nas palavras de
Bland que questiona se a função anestésica da acupuntura é puramente mental, como explicar que as agulhas parecem ser
igualmente eficientes na veterinária? (BLAND, 1979).
Se, por um lado, o ceticismo continua presente no ocidente, de outro, muitos autores ocidentais já compartilham da opinião de que
o número de casos estudados fornece alguma indicação da presença de um fenômeno que requer investigação adicional (PATEL,
1987).
A tentativa de demonstrar a cientificidade da acupuntura é tarefa a que vêm se dedicando inúmeros acupuntores, desde o início do
século. As páginas preliminares de “L'Acupuncture Chinoise", publicada na França por Soulié de Morant, em 1939, e que marcou o
renascimento do interesse pela acupuntura no ocidente, já mostram certa preocupação neste sentido. Os trabalhos de Noboyet,
demonstrando a diferença da resistência elétrica da pele nos pontos de acupuntura, que permitiu a detecção dos pontos por
multivoltímetros (CINTRACT, 1982).
Entre 1912 e 1949, mesmo na China, verificaram-se tentativas de eliminar a prática da medicina tradicional, sob a alegação de que
não tinha bases científicas. Antes da fundação da Nova China, em 1949, o conflito entre a medicina tradicional chinesa e a
medicina ocidental foi, basicamente, a luta do sistema tradicional em continuar existindo, contra a idéia reacionária e subjetiva de
que o sistema tradicional era retrógrado e não-científico (FENG, 1988).
A pesquisa científica voltou (com Hua Kuo Feng) a ser chamada a desempenhar uma atividade fundamental em nossa construção
socialista e para nossas quatro modernizações; o campo da pesquisa acadêmica volta a recender a doçura da primavera (Huan
Xian Ming, 1979), e Bland (1979) fala dos estudos desenvolvidos na China "envolvendo o emprego de aparelhos eletrônicos
altamente complexos... que estão se aprofundando nos mistérios das endorfinas”.
Aos poucos, a resistência inicial ao emprego da acupuntura, no ocidente, vai sendo substituída pela opinião de que é vantajosa a
integração entre os dois sistemas, o "progresso da integração do conhecimento tradicional com o método científico" é visto por
alguns representantes da academia ocidental como "uma grande promessa" (KAO,1979).
Os estudos publicados no ocidente, na maioria dos casos ensaios clínicos onde se busca avaliar a eficácia da acupuntura no
tratamento de dores crônicas de diferentes etiologias e localizações anatômicas, em geral, têm apresentado importantes
deficiências metodológicas (LEWITH, 1984 E PATEL, 1987).
O uso de metodologia é absolutamente essencial para o esclarecimento das bases científicas da terapêutica com acupuntura.
Pesquisas na fisiologia da acupuntura contribuem para o desenvolvimento da neurociência, desde o nível molecular até ao
comportamental. Questões que surgem na prática clínica são fontes valiosas para a pesquisa básica dos mecanismos de ação da
acupuntura. Estudos de alta qualidade científica irão certamente pavimentar os caminhos para a aceitação do seu uso em
benefício do paciente que sofre de dor crônica assim como de outros distúrbios funcionais. (HAN, 1984).
Muitos estudos foram realizados com pequeno número de pacientes, prejudicando a aplicação de testes de significância
estatística. Em muitos casos, os critérios para a seleção inicial dos pacientes a serem incluídos no estudo são imprecisos ou
maldefinidos; em outros, os critérios para a definição do que deve ser considerado sucesso ou falha do tratamento não foram bem
estabelecidos desde o início do estudo.
Queiroz (1986) fala de uma "crise profunda" da prática e do saber da ciência médica moderna, que "... refere-se à crise de seu
paradigma dominante... o positivismo", e cujo sintoma principal é "... produzir serviços extremamente caros e ineficazes" mostra
que "... historicamente, o desenvolvimento da medicina “científica” implicou a perda de uma visão unificadora do paciente, e deste
com seu meio ambiente físico e social" e que este é "... um fenômeno recente e sem similar, quando confrontado com sistemas
médicos não-ocidentais. Nesses sistemas médicos alternativos... o fator social existe como componente fundamental, ao contrário
do que ocorre com o paradigma dominante da medicina ocidental moderna".
Capra (1986) também reconhece, na "influência do paradigma cartesiano sobre o pensamento médico" a origem dos problemas da
moderna medicina científica:
"... ao reduzir a saúde a um funcionamento mecânico, (a medicina moderna) não pode mais se ocupar com o fenômeno da cura...
a prática médica, baseada em tão limitada abordagem (a cartesiana) não é muito eficaz na promoção e manutenção da boa
saúde. De fato, essa prática, hoje em dia, causa freqüentemente mais sofrimento e doença, segundo alguns autores, do que a
cura".
O mesmo autor, no capítulo em que trata do "Holismo e Saúde", acredita que "... podemos aprender com os modelos médicos
existentes em outras culturas". Embora não seja seu objetivo apresentar a medicina chinesa como prática ideal, e apesar de
advertir que "as comparações entre sistemas médicos de diferentes culturas devem ser feitas com todo o cuidado", reconhece que
"... a noção chinesa do corpo como um sistema indivisível de componentes intercalados está, obviamente, muito mais próxima da
abordagem sistêmica do que o modelo cartesiano clássico". Ressalta que, para a medicina chinesa, "... a doença não é
considerada um agente intruso, mas o resultado de um conjunto de causas que culminam em desarmonia e desequilibro... (e)
será, em dados momentos, inevitável no processo vital... a saúde perfeita não é o objetivo essencial... o papel principal dos
médicos chineses sempre foi o de evitar o desequilíbrio de seus pacientes". Observa que as diferentes técnicas terapêuticas da
medicina chinesa visam "... estimular o organismo do paciente de tal modo que ele siga sua própria tendência natural para voltar a
um estado de equilíbrio”. (CAPRA, 1986).
4. DOR NA MEDICINA OCIDENTAL
Apesar do conhecimento sobre a fisiopatologia da dor, alguns estudos revelam que, em várias situações clínicas, o fenômeno
doloroso não é adequadamente controlado, pois muitos dos componentes não nociceptivos do sofrimento não são enfocados e
tratados. Outros problemas, ditos não clínicos, podem acontecer por conta de problemas e efeitos da dor prolongada, como
desenlace familiar e desemprego temporário e definitivo. É freqüente haver diagnóstico errôneo e descrédito pelos médicos,
levando o tratamento inadequado e múltiplas cirurgias. Há grande queda na qualidade de vida e aumento nos custos com a saúde
(DORETO, 1996).
4.1 Conceito
Dor é uma qualidade sensorial complexa, puramente subjetiva, difícil de ser definida e freqüentemente difícil de ser descrita ou
interpretada. É, atualmente, definida, como resposta desagradável a estímulos associados com real ou potencial dano tecidual. É
extensivamente influenciada por ansiedade, depressão, expectativa e outras variáveis psicológicas. É uma experiência
multifacetada, um entrelaçamento das características físicas dos estímulos com as funções motivacionais, afetivas e cognitivas do
indivíduo. Desempenha o papel de alerta, comunicando ao indivíduo que algo está errado. Gera acentuados estresse e
incapacidade. É sem sombra de dúvida, a maior causa de afastamento do trabalho, gerando um enorme ônus para a nação
(BRUNO, 2001).
Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, podendo ser conseqüente a um estímulo virtual ou potencial lesivo
aplicado aos nociceptores (dor nociceptiva ou somática), à lesão do sistema nervoso (dor por injúria neural, neuropática), a
fenômenos de natureza puramente psíquica (dor psicogenética) ou a uma associação desses mecanismos (dor mista). É,
essencialmente, uma manifestação subjetiva, variando sua apreciação de indivíduo para indivíduo. Dependendo de sua duração,
pode ser ela também classificada em aguda ou crônica (SMITH, 1986; VILELA FILHO, CORRÊA, 1999).
Dor é a experiência sensorial e emocional desagradável, acompanhada de lesão tecidual. Durante toda a história do homem, a dor
tem sido uma das suas maiores preocupações (GONÇALVES, 1976; OLIVEIRA et al., 2003).
A dor é um sinal de alerta que ajuda a proteger o corpo de danos nos tecidos. Sherrington (1947) definiu a dor como um adjunto
psicológico a um reflexo protetor, cuja finalidade é fazer com que o tecido afetado se afaste de estímulos potencialmente nocivos e
lesivos.
4.2 Dor Nociceptiva
Dor nociceptiva é aquela que vivenciamos a todo instante, depende da ativação dos nociceptores por estímulos mecânicos,
térmicos ou químicos tóxicos, fenômeno este transmitido pelas vias periféricas e centrais intactas da dor (VILELA FILHO,
CORRÊA, 1999).
A excitação dos nociceptores, fenômeno inicial imprescindível para o aparecimento da dor nociceptiva, pode ser breve ou
prolongada, continuada. Nesta última eventualidade, a dor torna-se crônica. É o que ocorre, por exemplo, na osteoartrite crônica,
na dor oriunda da coluna por problemas mecânicos, na artrose, na invasão óssea por câncer, na lombociatalgia provocada por
uma hérnia discal ou na neuralgia do trigêmeo. A remoção do fator causal usualmente elimina a dor; infelizmente isso nem sempre
é possível. Vários termos são utilizados pelos pacientes para descrevê-la, todos eles sugerindo lesão tissular: aguda, em facada,
em pontada, em choque, latejante, lacerando, esmagando, etc. A dor nociceptiva é usualmente responsiva aos antiinflamatórios,
analgésicos comuns e opióides, a acupuntura, a fisioterapia e a interrupção transitória (bloqueios analgésicos) ou permanente
(cirúrgica) das vias da dor em algum ponto do sistema nervoso periférico ou central (SMITH, 1986, VILELA FILHO E CORRÊA,
1999).
4.3 Dor Por Injuria Neural
Dor por injúria neural é aquela que decorre da lesão do sistema nervoso periférico ou central, tendo como principais causas: lesão
traumática de nervo periférico, polineuropatia, amputação, traumatismo raquimedular e doença cerebrovascular. Nesses casos, a
dor surge em uma área de dormência, iniciando-se comumente dias, meses ou mesmo anos após a atuação do fator causal, o
qual, usualmente, não pode ser removido (SMITH, 1986, VILELA FILHO E CORRÊA, 1999).
4.4 Dor Aguda
Dor Aguda é um sintoma biológico de um estímulo nociceptivo aparente, como dano tecidual devido à doença ou trauma. A dor
pode ser altamente localizada e pode irradiar. É descrita em caráter de pontadas e persiste enquanto houver patologia tecidual. A
dor aguda tem função de alerta, é autolimitada e, geralmente, desaparece com a resolução do processo patológico. Nos casos em
que o controle do processo patológico não é satisfatório, a dor pode tornar-se crônica (SMITH, 1986, VILELA FILHO, CORRÊA,
1999).
4.5 Dor Crônica
Dor Crônica é um processo de doença. Difere significativamente da dor aguda por ter duração maior que o curso usual de uma
doença aguda ou lesão. Essa dor pode estar associada com a continuação da patologia ou pode persistir após a recuperação da
doença ou lesão. Como ocorre na dor aguda, se a dor crônica for devido à doença orgânica, ela é efetivamente curada ao se tratar
à desordem de base. Geralmente não é bem localizada e tende a ser maciça, dolorida, contínua ou recorrente (SMITH, 1986,
VILELA FILHO, CORRÊA, 1999).
Dor crônica não é meramente uma sensação física. No componente afetivo da dor crônica, muitos pacientes demonstram irritação
e ansiedade, como resultantes de algum grau de depressão. Dor crônica e concomitante depressão levam a extensivos períodos
de produtividade limitada e/ou inatividade. A maioria dos pacientes demonstra um comportamento característico que inclui
dificuldades no trabalho, nas atividades de vida diária, nas atividades de lazer, na função sexual, no desempenho vocacional, crise
familiar levando até ao suicídio (OLIVEIRA, 2000).
Vários são os fatores que causam, perpetuam ou exacerbam a dor crônica. Dentre eles situa-se a crença do paciente ter doença
incurável, como câncer, por exemplo. Fatores neurais e somáticos também concorrem para a perpetuação de dor, mesmo após a
resolução da doença; nesses se incluem danos em nervos sensoriais e contratura muscular reflexa a dor. Finalmente, múltiplas
condições psicológicas como trauma emocional, abuso sexual ou uso físico, consumo não orientado de fármacos pode exacerbar
ou mesmo causar dor (BARSKY, 1999).
4.6 Percepção Dolorosa
Para que haja a percepção dolorosa, os estímulos ambientais são transformados em potenciais de ação que são transferidos das
fibras nervosas periféricas para o sistema nervoso central. Os receptores nociceptivos são representados por terminações
nervosas livres. Sua atividade é modulada pela ação de substâncias químicas algiogênicas, liberadas nos tecidos em decorrência
de processos inflamatórios, traumáticos ou isquêmicos. A liberação retrógrada de neurotransmissores pelas terminações nervosas
livres contribui para sensibilizar os receptores nociceptivos, diretamente ou através da interação com outros elementos
algiogênicos (DORETO, 1996).
Entre as substâncias algiogênicas estão incluídas: acetilcolina, prostaglandinas, histamina, serotonina, leucotrieno, substância P,
tromboxana, fator de ativação plaquetária, radicais ácidos, íons potássio e colecistoquinina. Entre os neurotransmissores estão
incluídas: substância P e calcitonina (DORETO, 1996).
Dor crônica de origem periférica envolve mecanismos inflamatórios ou neuropáticos. Na inflamação, há ativação de fibras
aferentes C e A, com indução de reflexo axonal e liberação de substância P, neurocitonina A e peptídeo relacionado a calcitonina.
Estes alteram a excitabilidade de fibras sensoriais e autonômicas simpáticas, ativando células imunitárias e liberando outras
substâncias através de extravasamento plasmático. Bradicinina, citocinas (interleucinas e fator de necrose tumoral),
prostaglandinas, serotonina, oxido nítrico, opióides endógenos em sítios periféricos e fator de crescimento neural participam na
recepção e na transmissão de estímulos dolorosos de origem inflamatória. A dor neuropática relaciona-se à atividade anormal de
canais de sódio que se acumulam em sítios de dano neural e a receptores N-metil-aspartato, responsáveis por produzir
hiperexcitabilidade central, além de liberação excessiva de ácido glutâmico que medeia a excitotoxicidade, preponderante sobre a
ação de interneurônios inibitórios. Mediante estímulos de baixa intensidade, evoca-se sensação de intensa dor (BLOOM, 1996;
VILELA FILHO, CORRÊA, 1999; BRUNO, 2001).
Dor crônica de origem central provém da hiperexcitabilidade da medula espinhal e das vias de transmissão central. Nesses
processos têm importância, receptores medulares N-metil-aspartato e de taquicininas, ácido glutâmico e aspartático, substância P,
dinorfina (opióide endógeno) e colecistocina (BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
Reconhecendo alterações morfológicas e neuroquímicas do sistema nervoso, encontram-se numerosos alvos em fibras sensoriais
e simpáticas, medula espinal e centros nervosos encefálicos para onde direcionar abordagens terapêuticas eficazes no controle da
dor crônica (BESSON, 1999).
4.6.1 NOCICEPTORES
A presença de receptores sensoriais que são sensíveis de maneira seletiva a estímulos específicos facilita nossa capacidade de
discriminar vários tipos de sensações cutâneas. Essa especificidade dos receptores sensoriais depende, sobretudo da estrutura
da terminação periférica do neurônio sensorial primário. Embora as estruturas dos receptores periféricos que transmitem
qualidades diferentes do tato variem consideravelmente, a sensibilidade térmica e a sensibilidade dolorosa são ativadas por
terminações nervosas livres, não capsuladas, denominadas termorreceptores e nociceptores, respectivamente. Embora as
terminações nervosas dessas duas modalidades pareçam similares, as membranas dos receptores em torno deles apresentam
diferentes propriedades de resposta que são responsáveis por sua especificidade (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
A sensação de dor origina-se na ativação dos aferentes nociceptivos primários por estímulos térmicos, mecânicos ou químicos
intensos. Os nociceptores são pequenos terminais nervosos livres, localizados em vários tecidos corporais (CAILLIET, 1999).
Pode evocar-se dor com um grande número de estímulos diferentes, como frio ou calor excessivos, podendo-se aumentá-la com a
presença simultânea de excesso de ruído ou de luz intensa (CAILLIET, 1999).
Os nociceptores respondem preferencialmente aos estímulos nocivos. As terminações sensoriais nociceptivas são terminações
nervosas livres localizadas na pele, músculos, articulações e vísceras, as quais servem como um sistema de alarme do organismo
em relação aos estímulos que podem ou ameaçam causar uma lesão. Cada nociceptor é especificamente ativado por um dos
vários tipos de informação sensorial, incluindo a informação mecânica, a térmica e a polimodal. Os nociceptores mecânicos são
excitados por estímulos mecânicos que lesam a pele e, por essa razão, servem como receptores da dor e não como
mecanorreceptores. Os nociceptores térmicos, como foi previamente indicado, são diferentes dos termorreceptores pelo fato de
serem ativados por temperaturas extremas. Assim como com os termorreceptores, as terminações nervosas livres que transmitem
o calor são diferentes daquelas que transmitem o frio. Os nociceptores polimodais são ativados por várias formas diferentes de
estímulos nocivos, incluindo os mecânicos, os térmicos ou os químicos (CAILLIET, 1999).
O mecanismo através do qual uma variedade de estímulos diferentes tem a capacidade de induzir atividade nas terminações
nervosas nociceptivas está apenas parcialmente esclarecido. No caso de muitas condições patológicas, a lesão tecidual constitui
a causa imediata da dor, havendo conseqüente liberação local de uma variedade de agentes químicos que se supõe irão atuar
sobre as terminações nervosas, ativando-as diretamente ou potencializando sua sensibilidade a outras formas de estimulação
(BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
4.6.2 NEUROTRANSMISSORES
Os tecidos lesados liberam ou sintetizam mediadores químicos. Quando esses mediadores, também conhecidos como
substâncias algiogênicas, acumulam-se em quantidade suficiente, ativam os nociceptores (CAILLIET, 1999).
Entre esses mediadores químicos estão os fosfolipídeos, originados da lise da molécula de ácido araquidônico, formando
prostaglandinas. Também são liberados pelo trauma mediadores inflamatórios, denominados leucotrienos (CAILLIET, 1999).
O trauma também produz destruição das plaquetas com liberação de serotonina (CAILLIET, 1999).
Os neurônios aferentes não mielinizados contém diversos neuropeptídeos, particularmente a substância P e o peptídeo
relacionado com o gene da calcitonina. Esses neuropeptídeos são liberados como mediadores nas terminações centrais ou
periféricas e têm importante atividade na patologia da dor (BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
Entre as substâncias químicas atualmente identificadas como estimulantes dos nociceptores estão os íons potássio e hidrogênio,
a histamina, a bradicinina e a substância P (CAILLIET, 1999).
Há outros mediadores químicos nociceptivos além da histamina, a substância P e muitos outros leucotrienos reportados na
literatura. A substância P, a somatoquinina, os polipeptídeos vasoativos e a colecistoquinina estão presentes em um pequeno
diâmetro não-mielinizado de aferentes primários que terminam no corno dorsal superficial. A substância P é a mais estudada
destes peptídeos, e seu papel em relação à dor é bem estabelecido (HOKFELT, JOHANNSSON, LJUNGDAHL, 1980; HUNT,
KELLY, EMSON, 1981).
A inibição na transmissão da substância P e a emissão periférica podem aumentar o armamentário terapêutico no controle da dor
(CAILLIET, 1999).
4.6.3 NEURÔNIOS AFERENTES NOCICEPTIVOS PRIMÁRIOS
Tipos específicos de fibras nervosas transmitem sensações que podem ser consideradas "dor". Na maioria das vezes, elas são as
fibras pequenas mielinizadas A-delta e as não-mielinizadas C. Isso foi confirmado pelo registro dos potenciais de ação, quando se
aplica um estímulo doloroso (ZOTTERMAN, 1939).
Mais de 80% dos nervos aferentes, que transmitem impulsos dolorosos, são não-mielinizados (fibras C). A condução dessas fibras
é muito lenta, e elas entram na coluna dorsal e fazem imediatamente sinapse com os neurônios que cruzam a comissura anterior,
ascendendo ao tálamo pelos tratos espinotalâmicos. Todos os nervos sensoriais remanescentes, que conduzem estímulos
nocivos, são mielinizados de pequeno diâmetro (fibras A-delta) (CAILLIET, 1999).
Todos os receptores sensoriais do organismo apresentam seu corpo nos neurônios dos gânglios espinhais dorsais. Essas células,
as primeiras a receber informações da periferia, são, por essa razão, denominadas neurônios de primeira ordem. A sua morfologia
é única pelo fato de essas células serem pseudo-unipolares, apresentando um axônio que se divide em dois ramos, um que se
estende para a periferia e outro, o ramo central, que se estende para a medula espinhal. O terminal do ramo periférico transduz a
energia do estímulo de um receptor sensorial. O sinal é então transmitido como um potencial de ação ao longo do ramo periférico
e de sua continuação no ramo central. Em conjunto, esses ramos são denominados fibra aferente primária. A fibra aferente
primária termina num neurônio sensorial do corno posterior da medula espinhal (neurônio de segunda ordem) (TEIXEIRA,
FIGUEIRÓ, 2001).
Dois tipos de fibras aferentes primárias transmitem a dor e a temperatura à medula espinhal, as fibras A-delta e as fibras C. Essas
fibras podem ser classificadas de acordo com, a velocidade de condução do potencial de ação ao longo da fibra até o sistema
nervoso central, os aspectos do estímulo que devem estar presentes para produzir uma resposta, por exemplo, intensidade,
duração, qualidade, e as características das respostas do nociceptor aos estímulos naturais, por exemplo, adaptação lenta versus
adaptação rápida (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
As fibras A-delta são fibras de pequeno diâmetro, levemente mielinizadas, de condução relativamente rápida e que propagam um
potencial de ação numa velocidade de 5 a 30 metros/segundo. As fibras C não são mielinizadas, possuem um pequeno diâmetro,
uma condução lenta e transmitem a informação à medula espinhal numa velocidade de aproximadamente 1 m/s (TEIXEIRA,
FIGUEIRÓ, 2001).
As fibras A-delta são estimuladas por receptores superficiais de limiar baixo funcionalmente associados à dor do tipo aguda
perfurante. Esse tipo de dor pode ser localizado na superfície corpórea e regride rapidamente. Ela foi denominada dor rápida, dor
inicial ou primeira dor. As fibras C não-mielinizadas são estimuladas por receptores de limiar alto. Elas transmitem a dor difusa e
persistente que sentimos como uma dor intensa, latejante ou em queimação que é mal localizada. Esta dor foi denominada dor
lenta, dor retardada ou segunda dor. Os nociceptores térmicos ao frio são conectados à medula espinhal por fibras A-delta,
enquanto as sensações dolorosas originadas pelo calor são resultantes da ativação das fibras C. Finalmente, os nociceptores
polimodais que respondem a uma variedade de energias de estímulo (química, mecânica e muito quente ou muito frio) estão
associados às fibras C (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
Em condições normais, a dor está associada a uma atividade elétrica nas fibras aferentes primárias de pequeno diâmetro dos
nervos periféricos. Esses nervos possuem terminações sensoriais nos tecidos periféricos e são ativados por estímulos de vários
tipos mecânicos, térmicos e químicos (BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
Os registros de atividade em fibras aferentes isoladas no ser humano mostraram que os estímulos suficientes para excitar essas
pequenas fibras aferentes também produzem uma sensação dolorosa. Muitas dessas fibras são fibras C não-mielinizadas com
baixas velocidades de condução; este grupo é conhecido como nociceptores polimodais. Outras consistem em delicadas fibras
mielinizadas A-delta, que conduzem mais rapidamente, mas que respondem a estímulos periféricos semelhantes (BLOOM, 1996;
BESSON, 1999).
Apesar da existência de algumas diferenças entre espécies, as fibras C estão associadas, em sua maioria, a terminações
nociceptivas polimodais. Os aferentes dos músculos e das vísceras também conduzem à informação nociceptiva. Nos nervos
desses tecidos, as pequenas fibras mielinizadas estão conectadas com mecanorreceptores de limiar elevado, enquanto as fibras
não mielinizadas estão conectadas a nociceptores polimodais, como ocorre na pele (BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
Experiências realizadas no ser humano, em que são aplicados eletrodos de registro ou de estimulação a nervos sensoriais
cutâneos, demonstraram que a atividade nas fibras mielinizadas causa uma sensação de dor aguda e bem localizada, enquanto a
atividade das fibras C provoca uma vaga queimação dolorosa (BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
A velocidade do impulso determina seletivamente o tipo de dor transmitida. As fibras A-delta transmitem mais rápido e transportam
a dor "cortante", enquanto as fibras C são mais lentas e transportam a dor "surda", de maior duração (CAILLIET, 1999).
Nas fibras sensoriais periféricas, as fibras C não-mielinizadas são mais numerosas que as A-delta, que continuam cefalicamente
de maneira diferente. As fibras A-delta fazem necessariamente uma sinapse neuronal, enquanto que as fibras C, penetrantes,
fazem sinapse com vários neurônios curtos intersegmentares, que ascendem, cefalicamente, por sistemas ascendentes múltiplos
(SAM) em trajetos sinápticos. Alguns desses trajetos ascendentes estão nas colunas dorsais e também nas colunas
ântero-laterais. Pelo menos dois trajetos principais da medula espinhal estão envolvidos na projeção rostral da mensagem de dor,
os tratos espinotalâmico e espinorreticular. Ambos ascendem pelo mesmo tracto da medula espinhal, mas o tracto espinorreticular
separa-se no tronco cerebral, fazendo sinapse com os neurônios do sistema reticular. A atividade deste último trajeto parece
provocar dor mais difusa e, emocionalmente, mais perturbadora (MELZACK, CASEY, 1968).
A participação das fibras nervosas como uma via de ação da acupuntura fica evidente, quando demonstrado que bloqueio
anestésico nos pontos de acupuntura inibe sua ação, devido a sua atuação nos canais iônicos das plasmalemas das fibras
nervosas que conduzem sensação de dor, provável sítio de atuação também do estímulo da acupuntura (WU, 1990).
4.6.4 TERMINAÇÃO DAS FIBRAS AFERENTES NOCICEPTIVAS PRIMÁRIAS NO CORNO POSTERIOR DA MEDULA
ESPINHAL
O estímulo da acupuntura, ao chegar à coluna posterior da medula espinal, é conduzido por sinapses interneuronais. Dependendo
da condução, através de fibras A delta ou C, diferentes modalidades de interneurônios são excitados ou inibidos, e diferentes
sinapses com neurônios somáticas motores, neurônios autonômicos ou Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste
n. 01 – 2005 ISSN 1675-8265neurônios de projeção são ativados, conduzindo o estímulo em direção ao encéfalo,através do trato
espinotalâmico (GUYTON, 1992), ou do trato espinoreticular(AMMONS, 1987; HARBER, 1982).
Na zona de entrada da medula espinhal, fibras delta-A e fibras C se ramificam e passam caudal e rostralmente sobre um ou vários
segmentos que formam o trato dorsolateral. Finalmente, as fibras terminam na parte superior do como posterior, na substância
gelatinosa (lâminas I e II), onde foram identificadas células excitáveis por estímulos nociceptivos (HOPWOOD, 2001).
A região em que terminam as fibras delta-A e fibras C no como posterior corresponde à distribuição de substância P, sugerindo
que essa substância é um transmissor do trajeto da dor; entretanto a nocicepção é mediada também por outros transmissores.
Nessa área, foram igualmente identificados os locais de ligação de opiáceos. Esses locais de ligação estão situados em neurônios
de axônios curtos que inibem a transmissão dos aferentes nociceptivos para o trajeto da dor, bem como para os neurônios
motores locais e o sistema simpático. A inibição é aumentada pela acupuntura e por outros métodos que excitam fibras aferentes
que não as de dor (HOPWOOD, 2001).
Os corpos celulares das fibras aferentes nociceptivas medulares situam-se nos gânglios das raízes dorsais, terminando na
substância cinzenta do corno dorsal. As fibras aferentes nociceptivas terminam, em sua maioria, na região superficial do corno
dorsal; as fibras C e algumas fibras mielínicas inervam os corpos celulares, enquanto outras fibras A penetram mais
profundamente no interior do corno dorsal (BLOOM, 1996; BESSON, 1999).
As fibras destinadas tanto à coluna dorsal quanto às vias ântero-laterais separam-se ao penetrarem na medula espinhal. Quando
elas passam através da zona de Lissauer, as fibras aferentes nociceptivas primárias pequenas A-delta e C encontram-se
posicionadas lateralmente. Em geral, as vias que conduzem esses estímulos permanecem separadas à medida que ascendem
pelo sistema nervoso central em direção ao córtex (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
As fibras A-delta e C que provêem a informação sensorial predominante conduzida pelas vias ântero-laterais separam-se ao
entrarem na medula espinhal. Os ramos axonais sobem e descem até aproximadamente quatro segmentos a partir do segmento
de entrada como parte do tracto dorsolateral de Lissauer. Os axônios desse tracto enviam fibras colaterais para os neurônios
sensoriais do corno posterior da medula espinhal. As células do corno posterior que recebem estímulos aferentes de fibras
aferentes sensoriais primárias são denominadas neurônios sensoriais de segunda ordem. As fibras aferentes primárias A-delta e C
fazem conexões sinápticas diferentes no corno posterior, as quais resultam na divisão do sistema ântero-lateral nas vias
espinotalâmica e espinoreticular (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
O corno posterior da medula espinhal possui seis camadas celulares, ou lâminas anatomicamente definidas. Essas lâminas não
possuem margens distintas nem as células em seu interior desempenham as mesmas funções. A função pode estar relacionada
mais à morfologia das arborizações dendríticas do que à localização dos corpos celulares em si (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
Uma apreciação da organização do estímulo aferente às lâminas do corno posterior é fundamental para a compreensão das
síndromes clínicas relacionadas à dor. Os neurônios do corno posterior de qualquer lâmina não atuam simplesmente como um
simples condutor de informações da periferia ao córtex. Ao contrário, eles recebem e integram informações de outras lâminas e
vias antes de transmitir suas informações aos centros mais altos (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
O corno dorsal divide-se em cinco lâminas. As fibras nociceptivas terminam nas lâminas de I a V. As áreas do corno dorsal da
medula espinhal são inervadas tanto por fibras somatossensoriais como por fibras viscerais autônomas (LIGHT, PERL, 1979;
BOWSHER, 1983).
A lâmina I é a porção mais dorsal do corno posterior. Os neurônios dessa lâmina respondem à dor perfurante aguda e ao frio
transmitidos pelos nociceptores A-delta e termorreceptores A-delta, respectivamente. Os axônios dos neurônios da lâmina I
cruzam a linha média da medula espinhal, na comissura ventral, e sobem como parte da via espinotalâmica. Esses neurônios são
denominados neurônios de projeção por possuírem axônios longos que transmitem informações de uma região do sistema
nervoso central a outra. A informação sensorial também é transmitida dos neurônios da lâmina I para a lâmina V com uma série de
conexões sinápticas com interneurônios com axônios curtos com projeções locais. Ao contrário dos neurônios de projeção que
possuem axônios longos, os interneurônios apresentam axônios curtos e sinapses com os neurônios vizinhos. Finalmente, a
lâmina I é o local onde terminam os axônios de segunda ordem que transmitem informações da fibra C, relacionadas à dor difusa,
e cujos neurônios estão localizados na lâmina II (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
A lâmina II (também conhecida como substância gelatinosa) apresenta neurônios que são primariamente ativados pelos
nociceptores, termorreceptores e mecanorreceptores de fibra C que transmitem estímulos mecânicos e térmicos nocivos.
Informações mecânicas inócuas das fibras A excitam alguns neurônios da lâmina II, embora esses estímulos pareçam ocorrer por
meio de projeções polissinápticas indiretas. Como foi observado anteriormente, alguns neurônios da lâmina II enviam axônios que
terminam na lâmina I e conduzem principalmente informações nociceptivas térmicas de fibras C ao tracto espinotalâmico
contralateral. A maioria dos neurônios da lâmina II envia axônios que entram novamente no trato de Lissauer para terminar alguns
segmentos acima ou abaixo na medula espinhal. Por meio de uma série de conexões sinápticas com interneurônios, a informação
é transmitida da lâmina II aos neurônios de projeção da lâmina V. A informação sobre a dor em queimação e difusa é então
transmitida da lâmina V, através da linha média, até o trado espinoreticular contralateral. Os axônios da lâmina II em si
provavelmente não enviam contribuições diretas às vias sensoriais ascendentes. Ao invés disso, através de conexões locais com
a lâmina I e a lâmina V (por meio de interneurônios), os neurônios da lâmina II atuam como defesa de primeira linha para
determinar se os estímulos sensoriais estão transmitindo sensações dolorosas (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
A lâmina V responde tanto à estimulação nervosa cutânea como a viscerais (SELZER, SPENCER, 1969). Uma forte estimulação
cutânea pode afetar a atividade dos neurônios autônomos pré-ganglionares dos cornos laterais da medula espinhal (AIHARA et
al., 1979). Essas conexões entre os sistemas somático e simpático (autônomo) são de grande importância clínica na determinação
dos trajetos neurológicos da dor (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
As lâminas V e VI estão localizadas na porção ventral do corno posterior. De modo similar ao da lâmina I, as fibras aferentes
nociceptivas cutâneas formam sinapses diretamente com neurônios de projeção de segunda ordem da lâmina V, os quais, então,
enviam axônios através do tracto espinotalâmico contralateral. As informações álgicas e térmicas transmitidas pelas fibras C que
terminam na lâmina II são conduzidas, através de uma série de sinapses até os neurônios de projeção da lâmina V, os quais por
sua vez as transmitem através da linha média até o tracto espinoreticular contralateral (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
Os neurônios de projeção das lâminas I e V contribuem com o maior número de fibras para as vias ântero-laterais. As outras
lâminas (isto é, lâminas II-IV) atuam primariamente como centros de integração das informações sensoriais. As informações
sensoriais são, por essa razão, avaliadas e, moduladas antes de serem transmitidas aos neurônios de projeção das lâminas I e V.
Fibras aferentes de estruturas viscerais também são importantes na nocicepção. Por meio de conexões com neurônios do corno
posterior, fibras aferentes viscerais e somáticas dos mesmos segmentos medulares podem associar-se e produzir dor referida
(TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
4.6.5 TEORIA DA COMPORTA DE CONTROLE DA DOR
A teoria da comporta de controle da dor foi proposta como um modelo conceitual para explicar os mecanismos neurais associados
à dor. Essa teoria também sugeriu que mecanismos psicológicos específicos (isto é, a comporta) poderiam influenciar a percepção
da dor pelo indivíduo. Melzack e Wall postularam que nesses locais, no corno posterior, onde as fibras aferentes grandes e
pequenas entram em contato, as fibras A (tato e propriocepção), grandes e mielinizadas, exercem um controle inibidor sobre as
fibras C (dor), pequenas e não-mielinizadas. Conseqüentemente, o equilíbrio entre a atividade das fibras aferentes mielinizadas e
não-mielinizadas nesses locais de convergência poderia modular o sinal aos centros cerebrais superiores (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ,
2001).
A teoria da comporta de controle envolve as seguintes classes de células do corno posterior, fibras C aferentes, fibras A
nociceptivas, interneurônios inibidores e neurônios de projeção do corno posterior que, quando ativados, transmitem a dor ao
tracto espinotalâmico ascendente do sistema ântero-lateral. A atividade das fibras C nociceptivas é transmitida ao tracto
espinotalâmico através de axônios de neurônios de projeção da porção contralateral da medula espinhal. O neurônio de projeção
usualmente é inibido pelo interneurônio, o qual encontra-se espontaneamente ativo. Isso significa que o interneurônio inibidor
normalmente atua sobre o neurônio de projeção para reduzir a intensidade do estímulo doloroso das fibras C. Em teoria, a fibra C
inibe a atividade do interneurônio e, dessa maneira, libera o neurônio de projeção da supressão inibidora. Essa "abertura da
comporta" resulta numa melhor percepção da dor que é transmitida às estruturas cerebrais superiores. Em contraste, a fibra A
nociceptiva excita
o interneurônio inibidor e, dessa forma, tenta suprimir ou "fechar a comporta" da percepção da dor. Por isso, quando você esfrega
o local de seu corpo que acaba de ferir, você estará estimulando fibras aferentes A nociceptivas para aliviar o desconforto
(TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
A inibição segmentar da nocicepção é empiricamente bem conhecida e descrita como a teoria de controle por comporta, por
Melzack e Wall (1965). Os aferentes de grande diâmetro de mecanoceptores de baixo limiar, que ascendem na coluna dorsal,
emitem cola ter ais no nível segmentar. Terminais desses colaterais excitam os interneurônios que contêm receptor de opiáceos
de axônio curto, os quais inibem a transmissão de impulsos em aferentes nociceptivos e produzem alívio da dor. O efeito
analgésico está disposto estritamente do ponto de vista topográfico e o alívio efetivo da dor pode ser obtido pela estimulação de
receptores de baixo limiar, principalmente na área de dor. A eficácia dessa inibição pode ser demonstrada friccionando-se a pele
ou pela massagem da área dolorosa. A transmissão pelos trajetos de dor e pelos reflexos motores e simpáticos é neutralizada
pelos interneurônios inibidores que são excitados pela entrada aferente não-nociva. Conseqüentemente, o equilíbrio entre as
entradas inibidoras e excitadoras vai determinar o grau de atividade no trajeto de dor, assim como nos reflexos locais
(HOPWOOD, 2001).
Se as fibras mielinizadas forem interrompidas, são desinibidas as fibras de impulsos nociceptivos, tornando a dor mais intensa.
Isso indica que um estímulo periférico seja ele nocivo ou inócuo, atinge o corno dorsal, onde é modulado. Como os estímulos
nocivos são transmitidos por todas as fibras sensoriais, não-mielinizadas e mielinizadas, essas sensações precisam ser
moduladas no nível da medula espinhal. Isso é conhecido como teoria do portão de modulação da dor, de Wall-Melzack.
Pensava-se que a modulação ocorria ao nível do corno dorsal, mas agora se sabe que ela ocorre ao nível da raiz dorsal e também
nos níveis mais centrais, na área do mesencéfalo (CAILLIET, 1999).
4.6.6 VIAS DO SISTEMA ÂNTERO-LATERAL
Como seu nome indica, as vias do sistema ântero-lateral estão localizadas no quadrante correspondente da medula espinhal, mais
adequadamente referido como o quadrante ventro-lateral. Duas vias sensoriais ascendentes principais do quadrante ventro-lateral,
o tracto espinotalâmico e o tracto espinorreticular, transmitem estímulos dolorosos, térmicos e da sensação de toque suave da
periferia à medula espinhal através de fibras aferentes A e C. Elas originam-se de axônios de neurônios de segunda ordem do
corno posterior contralateral. Um pequeno número de axônios permanece ipsilateral à medida em que ascende. Entre as
estruturas nas quais as fibras desses tractos terminam encontram-se a formação reticular do tronco cerebral e o tálamo
(TEIXEIRA,FIGUEIRÓ, 2001).
Cada um desses tratos termina em diferentes locais do tálamo. O tracto espinorreticular é mais medial e o tracto espinotalâmico se
projeta para os lobos lateral, ventral e caudal. As duas regiões talâmicas se projetam para diferentes áreas corticais (CAILLIET,
1999).
As fibras ascendentes do sistema ascendente múltiplo formam sinapses com os neurônios dos aspectos talamocorticais do tálamo
continuando depois até o sistema reticular do mesencéfalo, que processa as fibras difusas de todos os nervos cranianos e dos
sistemas cerebrais moto-sensoriais, inclusive do córtex. O sistema reticular também está relacionado aos sistemas hipotalâmico e
límbico, onde se interpõem as emoções ao sistema sensorial. O sistema reticular relaciona-se a outra estrutura, localizada no
assoalho do quarto ventrículo, o lócus ceruleus, que parece estar relacionado, diretamente, às emoções de medo e ansiedade,
estando também envolvido na modulação da dor (CAILLIET, 1999).
4.6.6.1 O Tracto Espinotalâmico
Esse tracto origina-se predominantemente de neurônios de projeção das lâminas I, IV e V. Essa via transmite estímulos através de
fibras A-delta (dor aguda e frio) e de fibras C. Além disso, algumas células do corno posterior que recebem informações sobre a
sensação do toque suave por meio de estímulos transmitidos pelas fibras A de grande diâmetro as transmitem ao tracto
espinotalâmico. Essa contribuição do estímulo tátil ao tracto espinotalâmico protege contra a perda total de sensação tátil após
lesões da coluna dorsal (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
O tracto espinotalâmico e o lemnisco medial da coluna dorsal, que transmitem informações sobre o tato discriminador e a
propriocepção, ascendem muito próximos até o tálamo. No momento em que atingem o mesencéfalo, os dois tractos
encontram-se justapostos, mas suas fibras permanecem separadas. Tanto o tracto espinotalâmico quanto o lemnisco medial
terminam no núcleo ventral póstero-lateral do tálamo, onde continuam a manter a separação. A informação, em ambos os tractos,
permanece organizada somatotopicamente na sua progressão da periferia ao núcleo ventral póstero-lateral e, finalmente, às áreas
somatossensoriais do córtex. Dessa maneira, o núcleo ventral póstero-lateral atua como uma estação de retransmissão, passando
a informação de maneira rápida e acurada ao córtex cerebral (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
Embora o núcleo ventral póstero-lateral seja o local de término de todas as informações da coluna dorsal antes de sua
transmissão para as regiões corticais somatossensoriais, ele é um dos vários núcleos talâmicos que recebem informações sobre a
dor, a temperatura e a sensação do toque suave. No entanto, essa inervação dos neurônios do núcleo ventral póstero-lateral pelo
tracto espinotalâmico, com a retransmissão da informação de maneira organizada ao córtex somatossensorial, é essencial para
nossa capacidade de perceber e localizar os estímulos dolorosos (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
As terminações adicionais do tracto espinotalâmico incluem os núcleos intralaminares do tálamo, pequenos e localizados
centralmente. Os axônios desses núcleos talâmicos fazem conexões disseminadas no córtex cerebral, que não são
somatotopicamente organizadas. Dessa forma, informações sobre a dor e a temperatura são transmitidas do tálamo a uma área
mais ampla do córtex cerebral do que as regiões corticais somatossensoriais às quais o sistema da coluna dorsal projeta
(TEIXEIRA,FIGUEIRÓ, 2001).
4.6.6.2 O Tracto Espinorreticular
Esse tracto transmite a dor surda, em queimação, associada às fibras aferentes C, para as regiões disseminadas da formação
reticular do tronco cerebral. Esse tracto origina-se após uma série de sinapses no corno posterior através das quais a informação
passa dos neurônios da lâmina II aos neurônios de projeção das lâminas profundas. Embora algumas fibras não se cruzem, a
informação transmitida nesse tracto é, em grande parte, da medula espinhal contralateral. O tracto espinotalâmico também
contribui com ramos colaterais para o tracto espinorreticular, à medida que ele progride pelo tronco cerebral. Dessa maneira, fibras
aferentes transmitindo diferentes tipos de informações sensoriais fazem conexões com neurônios da formação reticular. Essa
convergência de informações sensoriais em neurônios da formação reticular contribui para sua diversidade de funções. Esse
também é um fator que o leva a ser uma importante estação de retransmissão do sistema ascendente não-específico. Células da
formação reticular projetam axônios que, em última instância, terminam de uma forma não-somatotópica nos núcleos
intralaminares do tálamo. Estes se projetam para áreas amplas do córtex cerebral. Essa via difusa encontra-se mais
provavelmente envolvida na consciência da dor e nas respostas afetivas aos estímulos dolorosos. Sua distribuição disseminada
sugere que ela não contribui com a discriminação do local de origem da dor (TEIXEIRA, FIGUEIRÓ, 2001).
4.6.7 O TÁLAMO
O tálamo é uma grande massa cinzenta ovóide localizada em cada um dos lados do terceiro ventrículo. O tubérculo anterior é fino,
situando-se perto da linha média. A porção posterior é conhecida como pulvinar (CAILLIET, 1999).
O tálamo divide-se em dois sistemas principais: o sistema ascendente múltiplo e o ventrobasal. Este último consiste nos núcleos
laterais e posterior, que recebem os impulsos de condução rápida. Este sistema é organizado topograficamente, significando que
as sensações recebidas se relacionam a locais específicos da face, da cabeça e do corpo. Os neurônios do sistema múltiplo
ascendente não são organizados especificamente. Estas últimas fibras irradiam-se para todo o córtex cerebral e para o sistema
límbico, que está envolvido com a memória e as emoções (CAILLIET, 1999).
4.6.8 VIAS DESCENDENTES DA MODULAÇÃO DA DOR
Tem havido muito interesse na investigação de sistemas, no cérebro, que controlam a transmissão de impulsos nociceptivos.
Experimentos em ratos mostraram que a estimulação elétrica em certos locais do tronco cerebral poderiam produzir uma analgesia
completa, sem qualquer alteração na resposta à estimulação de baixo limiar. Outros experimentos mostraram que vários sistemas
de controle descem do tronco cerebral para a medula espinhal e controlam a transmissão dos impulsos nervosos dos aferentes
nociceptivos para os reflexos e as vias ascendentes (HOPWOOD, 2001).
A microinjeção de morfina ou a estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal no mesencéfalo suprime as reações
nociceptivas comportamentais em animais e produz uma inibição profunda, na medula espinhal, das respostas neuronais aos
estímulos nocivos (HOPWOOD, 2001).
As fibras nervosas da substância cinzenta periaquedutal descem ao núcleo magno da rafe, que é um dos núcleos da linha
mediana na medula oblonga. As células no núcleo magno da rafe enviam seus axônios, pelo funículo dorso lateral da medula
espinhal, para o nível segmentar espinhal. As fibras terminam na substância gelatinosa do corno posterior. Um grupo de fibras
descendentes é serotoninérgico e parece ativar os interneurônios encefalinérgicos na medula espinhal, inibindo a transmissão dos
nociceptores natureza endorfinérgica desse sistema descendente demonstrada pela inversão de seu efeito pela administração de
naloxona. Essa droga pode inverter a inibição descendente da substância cinzenta periaquedutal e agir diretamente nos
interneurônios espinhais. A ligação entre fibras descendentes serotoninérgicas e interneurônios endorfinérgicas sugere que os
inibidores de captação de serotonina deveriam potencializar o efeito da acupuntura (HOPWOOD, 2001).
Tanto a acupuntura quanto o exercício muscular liberam opióides endógenos que parecem ser essenciais na indução de
alterações funcionais de diferentes sistemas de órgãos. As endorfinas produzem efeitos ao ligarem-se os receptores a opióides.
Vários tipos de opióides endógenos foram identificados e verificou-se que têm diferentes afinidades com diferentes receptores de
opióides. Destinou-se um interesse particular à endorfina. Essa substância tem uma grande afinidade com o receptor Mi e é
importante no controle da dor, assim como na regulação da pressão arterial e na temperatura do corpo (BASBAUM E FIELDS,
1984, GANTEN et al., 1981; HOLADAY, 1983).
Ela é liberada por dois sistemas diferentes. Um sistema abrange o hipotálamo e uma rede neuronal que se projeta para os núcleos
do mesencéfalo e do tronco cerebral; por essa via ela pode influenciar a sensibilidade à dor, assim como as funções autônomas
(BLOOM, 1983; CUELLO, 1983; SMYTH, 1983).
Há evidências de que os núcleos hipotalâmicos, particularmente o núcleo arqueado, têm um papel central na mediação dos efeitos
da acupuntura. Lesões nesse núcleo eliminam os efeitos analgésicos da baixa freqüência, mas não os da eletroacupuntura de alta
freqüência (WANG, MAO E HAN, 1990).
Observou-se um aumento no nível de B-endorfina no tecido cerebral de animais depois da acupuntura e de exercícios musculares.
Essa substância é liberada, provavelmente, nos terminais nervosos num sistema B-endorfinérgico, projetando do hipotálamo para
a substância cinzenta periaquedutal (PAG) no tronco cerebral. Além do alívio da dor, a produção aumentada de endorfinas pode
dar a sensação de satisfação (HOPWOOD, 2001).
Atualmente, considera-se que as células nervosas sintetizam substâncias opiáceas endógenas. Essas substâncias são
denominadas endorfinas (encefalinas) (CAILLIET, 1999).
Como se tornaram aparentes os sítios neurológicos, as pesquisas elucidaram os aspectos químicos e fisiológicos desses
processos de modulação da dor no hipotálamo, no mesencéfalo, na área cinzenta periaquedutal e no bulbo rostral, onde atuam as
encefalinas. Os primeiros neuropeptídeos descobertos foram as encefalinas leucina e metionina (FIELDS, BASBAUM, 1978).
5. BASES NEUROFISIOLÓGICAS DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DOR
Acuponto é uma região da pele em que é grande a concentração de terminações nervosas sensoriais, essa região está em relação
íntima com nervos, vasos sangüíneos, tendões e cápsulas articulares (WU, 1990).
Estudos morfofuncionais identificaram plexos nervosos, elementos vasculares e feixes musculares como sendo os mais prováveis
sítios receptores dos acupontos (HWANG, 1992).
Os acupontos possuem propriedades elétricas diferentes das áreas teciduais adjacentes como a condutância elevada, menor
resistência, padrões de campo organizados e diferenças de potencial elétrico e por esse motivo são denominados pontos de baixa
resistência elétrica da pele (ALTMAN, 1992).
Com base em pesquisas realizadas no campo da eletrofisiologia, sabe-se, hoje, que algumas áreas da pele, comparadas com
regiões adjacentes, apresentam um aumento de condutibilidade e diminuição da resistência elétrica, e que estas áreas são
coincidentes com a descrição clássica dos pontos de acupuntura (WEI, 1979; BROWN, VLETT, STERN, 1974;
IONESCU-TIRGOVISTE, 1975).
Os pontos de acupuntura são áreas onde histologicamente existem maiores quantidades de receptores nervosos como
terminações livres, fusos musculares, órgão tendinoso de Golgi, mastócitos e capilares, quando comparadas com áreas
circunjacentes tornando o potencial elétrico destas áreas diferente, quando comparadas com o das áreas vizinhas. Isso facilita o
potencial de ação nas fibras nervosas locais, que conduzem os estímulos para o sistema nervoso central, principalmente através
das fibras A delta e C (DORNETE, 1975; ZONGLIAN, 1979; YAMAMURA et al., 1993; LONGSHUN et al., 1986).
A combinação das características descritas torna o acuponto extremamente reativo ao pequeno estímulo causado pela inserção
da agulha (KENDAL, 1989).
Um exemplo é a existência de pontos de acupuntura definidos anatomicamente, pelo menos alguns deles localizam-se próximo de
nervos ou em regiões com densa inervação, o que facilita a geração de impulsos nervosos em resposta à estimulação mecânica
ou elétrica, ocasionando uma sensação subjetiva (chamada em chinês de Deqi). Essa sensação é produzida, indubitavelmente,
pela atividade nas fibras nervosas aferentes finamente mielinizadas A-delta e não-mielinizadas C. (HOPWOOD, 2001).
As fibras A-delta, e as fibras C, são os principais tipos de fibras correlacionadas com a condução do estímulo da agulha de
acupuntura. As fibras A-delta são dominantes ao mediar a Acupuntura, seguidas pelas fibras C e, em menor proporção, pelas
fibras do grupo A gama (YAMAMURA, 1993; DORNETTE, 1975; SMITH, 1992; GUOWEI et al., 1981; XINZHONG, 1986).
A inserção da agulha no ponto de Acupuntura pode provocar uma série de reações sensitivas concomitantes -dor, queimação,
choque-constituindo o que se chama "Te Qi" ou "sensação de acupuntura", que, neurofisiologicamente, depende do estímulo dos
vários tipos de receptores nervosos, correlacionados ao ponto de acupuntura e à profundidade da inserção. O estímulo das fibras
A-delta superficiais pode promover sensação de dor; das fibras nervosas de localização mais profunda, no nível dos músculos e
dos tendões, provocar sensação de peso, e o das fibras C provocar, predominantemente, reações autônomas, como formigamento
e parestesia (DORNETTE, 1975; GUOWEI et al., 1981; WENZHU et al., 1986; THOMAS, 1986).
Na acupuntura, muitos mecanismos diferentes podem estar envolvidos e resultados semelhantes podem ser obtidos com outros
tipos de estimulação mecânica, elétrica e térmica, como a massagem, estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) e os
exercícios físicos. Os estímulos excitam os receptores ou fibras nervosas no tecido estimulado. De acordo com a MTC, a
estimulação por agulha deveria produzir uma sensação específica de agulha, Deqi ou 'atingindo o Qi', que é vivenciada como
entorpecimento, peso e parestesia irradiante, uma sensação semelhante à dor muscular profunda quando os pontos musculares
são estimulados. A sensação é um sinal de ativação das fibras nervosas finamente mielinizadas, presumivelmente as fibras
A-delta e, possivelmente, as fibras C (HOPWOOD, 2001).
A agulha de acupuntura é formada por cabo, corpo e ponta: o cabo, geralmente, é feito de cobre ou alumínio, e o corpo/ponta
podem ser feitos de aço inoxidável, prata, ouro, ferro, alumínio ou cobre. A diversidade na constituição metálica do cabo e
corpo/ponta da agulha tem a finalidade de estabelecer uma diferença de potencial entre os dois extremos da agulha, o que é da
ordem de 1.800 micro V, elevando-se para níveis em torno de 140.000 micro V, quando a agulha é fixada entre os dedos do
acupuntor (YAMAMURA, 1993).
O potencial elétrico formado na ponta da agulha, além da diferença de constituição metálica do cabo e corpo/ponta, depende,
também, dos efeitos de ondas eletromagnéticas do ambiente, que agem sobre a agulha de acupuntura, transformando-a em uma
espécie de antena receptora (ROMODANOV et al., 1985).
O potencial elétrico das agulhas de acupuntura constitui um estímulo que age sobre as terminações nervosas livres existentes nos
pontos de acupuntura (YAMAMURA, 1993; DORNETTE, 1975; GUOWEI et al., 1981; XINZHONG, 1986;ZONGLIAN, 1979),
alterando o potencial da membrana celular, desencadeando opotencial de ação e a condução do estímulo nervoso que é
conduzido principalmentepelas fibras A delta e C (SMITH, 1992; KANDELL, SCHARWARTZ, JESSEL, 1991;GUYTON, 1991).
Os efeitos da agulha de acupuntura dependem da profundidade de sua inserção, pois os tipos de receptores nervosos são
distribuídos de modo diferente, de acordo com os planos da estratigrafia (WENZHU et al., 1986; LONGSHUN et al., 1986). A
inserção superficial atingirá, predominantemente, os receptores nervosos associados às fibras A-delta, que fazem a mediação
para as dores agudas e termocepção, enquanto a inserção profunda estimulará as fibras nervosas do fuso muscular e as fibras
A-delta e C, que estão localizadas mais profundamente (ZONGLIAN, 1979; WENZHU et al., 1986; XINZHONG, 1986), e devem
ser utilizadas nas doenças de instalação mais consolidada ou "doenças profundas".
Os estímulos provocados pela agulha em diferentes receptores nervosos levam a múltiplos efeitos, uma vez que o sistema
nervoso dá uma resposta específica conforme a via de condução do estímulo. A técnica de manipulação da agulha quanto à
intensidade, no sentido de rotação (horário ou anti-horário), freqüência e inclinação, torna-se muito importante, pois diferentes
neurotransmissores são liberados, excitando ou inibindo, resultando em interpretações cerebrais distintas e diferentes respostas
(YAMAMURA, 1993; SMITH, 1992).
Assim, compreende-se por que os chineses preconizavam que, para se tonificar um ponto de acupuntura, dever-se-ia fazer
movimento giratório da agulha inserida no sentido horário ou direcioná-la obliquamente no sentido da corrente de energia no canal
e, para sedar, dever-se-ia proceder de modo inverso. Essas formas específicas de manipulação do ponto de acupuntura e as
respostas diversas obtidas (tonificação ou sedação dos órgãos internos) encontram respaldo científico, uma vez que, em última
instância, cada forma de estímulo gerado pela manipulação de agulha pode liberar neurotransmissores específicos, que podem
inibir ou excitar as várias sinapses no nível do sistema nervoso e, com isto, promover respostas também específicas
(YAMAMURA,1993; LEUNG, 1975).
A inserção das agulhas de acupuntura determina três efeitos locais: elétrico (conforme descrito acima), neuroquímico por ação
mecânica e misto, este correspondendo a uma associação dos dois primeiros.
A inserção e a manipulação da agulha de acupuntura causam lesões celulares que provocam, em nível local, o aparecimento de
substâncias bioquímicas, como a substância P, e transformação do ácido araquidônico em leucotrienos, em tromboxano dos tipos
A2, B2 e prostaglandinas PGE2, PGD2. Essas substâncias algógenas estimulam os quimiorreceptores (HAN, TERENIUS, 1987;
KENDALL, 1989; BONICA et al., 1990), e a substância P, em especial, sendo um neurotransmissor, ativa os mastócitos (que
segundo HWANG (1992), junções específicas mastócito-célula nervosa foram observadas nos acupontos, bem como relatos de
degranulacao de mastócitos no acuponto após sua estimulação com agulha), a liberarem histamina, estimulando as fibras C e
promovendo vasodilatação no nível capilar. Além da histamina, são liberados a bradicinina, serotonina, íons potássio e
prostaglandinas, que também vão estimular os quimiorreceptores, diminuindo o limiar de excitação. O potencial de ação da
membrana, desencadeado pela inserção de uma agulha de acupuntura metálica, em última análise, deve-se a um efeito elétrico
peculiar à agulha associado à ação das substâncias liberadas pela lesão traumática celular local (SMITH, 1992; HAN et al., 1986;
XIE, HAN, 1986).
Quando o estímulo chega ao corno posterior da medula espinal, se espraia através do trato de Lissauer, promovendo associações
segmentares acima e abaixo do nível medular da estimulação primária (BONICA, 1990), ocorrendo, no nível das lâminas de Rexed
da medula espinal, sinapses com interneurônios, intermediadas pela substância P, que foi o primeiro neurotransmissor identificado
no nível do sistema nervoso central, no mecanismo de ação da acupuntura (HE, 1987; SMITH, 1992; HAN, 1986). A substância P,
em quantidade normal, é um mediador sináptico; no entanto, quando presente em quantidade excessiva, passa a ser algógena,
promovendo algias de origem nervosa (BONICA, 1990).
Conduzidos por fibras aferentes somáticas, tanto os estímulos nociceptivos quanto os da acupuntura chegam ao corno posterior
da medula espinal, podendo estabelecer sinapses com neurônios motores homolaterais e/ou contralaterais, para formar o arco
reflexo somato-somático (SMITH, 1992; KANDELL, SCHARWARTZ, JESSEL, 1991), e com neurônio pré-ganglionares simpáticos,
para formar o arco reflexo somato-visceral (WEI, 1979; O’CONNOR, BENSKY, 1975; THIES, 1985). Esta última é uma das vias
pela qual a estimulação dos pontos de acupuntura, localizados em nível somático, provavelmente, tem ação sobre os órgãos
internos.
A analgesia para uma dor muito intensa pode ser obtida fazendo-se a inserção seguida de estímulos fortes, os quais,
provavelmente, terão ação sobre as fibras A-delta e sobre o tracto neo-espinotalâmico, produzindo, então, um efeito analgésico
por liberação de substâncias opióides (HE, 1987; SMITH, 1992; ZONGLIAN, 1979; WENZHU et al., 1986; HAN et al., 1986; XIE,
HAN, 1986).
Os estímulos da Acupuntura são conduzidos, em grande parte, por meio dos tratos espinotalâmicos, e sua modalidade de ação
depende do tipo de fibras nervosas estimuladas (HAN, TERENIUS, 1987; HAN, 1986; SMITH, 1992; O’CONNOR, BENSKY,
1975). As fibras A-delta projetam seus estímulos, principalmente, pelo tracto neoespinotalâmico, fazem a mediação da dor aguda,
têm velocidade de condução mais rápida e estão, predominantemente, ligadas aos mecanismos de defesa, enquanto as fibras C
projetam seus estímulos, principalmente, pelo tracto paleoespinotalâmico, conduzem mais lentamente e estão associadas, entre
outros, aos estímulos viscerais (SMITH, 1992; KANDELL, SCHARWARTZ, JESSEL, 1991; GUYTON, 1991).
Na projeção dos estímulos da medula espinal até o encéfalo, as vias nervosas fazem conexões com várias partes do sistema
nervoso central (HAN, TERENIUS, 1987; HAN, 1986; HE, 1987; SMITH, 1992; O’CONNOR, BENSKY, 1975; ERNST, LEE, 1985),
de modo que o ativar da Acupuntura, por meio destas conexões nervosas, pode estimular estruturas como a formação reticular, a
substância cinzenta periaquedutal, o hipotálamo, o sistema límbico e áreas corticais. Portanto, uma inserção de agulha na parte
somática pode interagir diretamente no nível do sistema nervoso central, constituindo uma modalidade de tratamento para
afecções deste setor (WEI, 1979; SMITH, 1992; O’CONNOR, BENSKY, 1975), como é o caso, por exemplo, de alterações
emocionais do tipo ansiedade, tensão, medo e pânico, que respondem bem ao tratamento pela Acupuntura. Han et al. (1986) e Xie
(1986), em 1987, demonstraram que os melhores resultados da Acupuntura sobre o sistema límbico são obtidos quando se fazem
estímulos com freqüências baixas, nos pontos de acupuntura relacionados às fibras nervosas do tipo C.
Por outro lado, os efeitos analgésico e anestésico da Acupuntura são, hoje, concebidos a partir de pesquisas científicas, como um
processo de excitação que libera endorfinas (HU, 1975), em resposta a estímulos intensos e vigorosos sobre a agulha inserida nos
pontos de acupuntura, que agem no nível das fibras A-delta, situadas em nível mais superficial, (HAN, TERENIUS, 1987; HAN,
1986; YAMAMURA et al., 1993; XINZHONG, 1986). Experimentalmente, foi determinado que estímulos numa freqüência em torno
de 100Hz promovem efeito de analgesia, enquanto numa freqüência em torno de 300Hz promovem efeito de anestesia. Este
comportamento deve-se ao fato de que estímulos nestas diferentes freqüências induzem à liberação de substâncias opióides
específicas, tanto no nível da substância gelatinosa, como do núcleo magno da rafe (WEI, 1979; HAN et al., 1986; XIE, HAN,
1986; XINZHONG, 1986; HU, 1975).
As respostas corticais aos estímulos da acupuntura são projetadas, principalmente, por meio da via serotoninérgica e da via
encefalinérgica; esta, na sua porção terminal no nível do corno posterior da medula espinal, libera encefalina, excitando o
interneurônio inibitório da substância P no nível da lâmina II de Rexed, bloqueando a condução do estímulo da dor e promovendo
o estado de analgesia no nível medular (WANCURA, KÖNIG, 1974; WEI, 1979; HAN, 1986; HE, 1987; HAN et al., 1986; XIE, HAN,
1986; XINZHONG, 1986; KANDELL, SCHARWARTZ, JESSEL, 1991; O’CONNOR, BENSKY, 1975).
Nas últimas décadas, muitos estudos foram realizados para esclarecer os mecanismos de ação e os fenômenos neuroquímicos
que ocorrem durante a analgesia e anestesia por acupuntura, o que levou à compreensão da importância dos reflexos espinais
como importante mecanismo de ação desta modalidade de tratamento (WU, 1990).
Assim, fica clara a relação da fisiologia das fibras nervosas e arcos reflexos como um dos mecanismos de ação da acupuntura. O
reflexo somato-somático é o arco reflexo que ocorre, quando um estímulo excita as fibras somáticas aferentes, provocando
contração dos músculos flexores e relaxamento dos extensores na região do estímulo, explicando a sensação de Te Qi, ou seja,
uma sensação de inchaço ou adormecimento, que acompanha o estímulo da acupuntura e é associado aos melhores efeitos do
tratamento (NGUYEN & NGUYEN-RECOURS, 1984).
Observa-se que muitos pontos tradicionalmente selecionados e usados no tratamento de uma determinada doença localizam-se
no tecido somático inervado dos mesmos segmentos espinhais que o órgão visceral tido como causador da doença
(HOOPWOOD, 2001).
Nos casos dos ponos de acupuntura localizados nos nervos unissegmentares, o efeito sobre os órgãos internos é direto. Os
nervos plurissegmentares apresentam muitas inter-relações em nível medular, explicando estímulos e ações em níveis diferentes,
através do sistema simpático, que se conecta com vários segmentos espinais através dos gânglios do tronco simpático, ou através
do trato de Lissauer ou do trato próprioespinal. Graças às sinapses da medula espinal, os estímulos podem agir via víscerovisceral
homolateral, víscero-somático cruzada ou atingir o encéfalo via trato ascendente, no nível de formação reticular (HABER, MOORE
& WILLIS, 1982; AMMONS, 1987), tálamo, sistema límbico e córtex cerebral.
O arco reflexo somato-visceral ocorre, quando um estímulo periférico, desencadeando um potencial de ação nas fibras nervosas,
principalmente as fibras C, é conduzido até a medula espinal; neste nível, através de interneurônios, as fibras nervosas fazem
sinapses com neurônios autonômicos pré-ganglionares, localizados na coluna medular lateral, entre os segmentos T1 e L2 e,
através de fibras pósganglionares, alcançam as vísceras internas e vasos sangüíneos. Por este mecanismo, os pontos de
acupuntura localizados na região somática podem afetar os órgãos internos. Em sentido inverso, por meio do reflexo
víscerosomático, alterações em órgãos internos podem se manifestar, por exemplo, no aparelho locomotor como dor
(YAMAMURA & TABOSA, 1995).
O efeito analgésico da Acupuntura abole, também, os arcos reflexos patológicos que promovem contraturas musculares
causadoras de alterações biodinâmicas intra e extra-articulares, que constituem estímulos para um ciclo vicioso de perpetuação da
dor (YAMAMURA, 1993; YAMAMURA et al., 1993; LONGSHUN et al., 1986; BONICA et al., 1990; BONICA, 1990).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se pode mais duvidar da eficácia terapêutica da acupuntura, principalmente no tratamento da dor, bem como da ação
neuroquímica da aplicação das agulhas. Para isso, as pesquisas feitas muito têm contribuído para a compreensão e a evolução
desta clássica terapia e da neurofisiologia também, agora consideravelmente interligadas. Dessa forma, a acupuntura tem sido
mais bem aceita no Ocidente, melhorando o nosso arsenal e potencialidade terapêutica. Entretanto, parece prudente considerar
que isso ainda não é tudo, devendo ressaltar que temos muito a aprender e elucidar sobre os complexos caminhos percorridos
pelo estímulo gerado desde a punção da agulha até o efeito a que se destina. Esse mecanismo explicado pode ser só parte do
grande mecanismo geral de ação dessa milenar Medicina Energética.
Campinas
2008
Jerusa Martins Garcia
Campinas
2008
AGRADECIMENTOS
Aos colegas de curso Priscilla, Vanessa, Sula, Artur, Salma, Ângela, Anna e
Patrícia.
GARCIA, JM. Tratamento da dor pela acupuntura. Campinas, 2008. 27p. Trabalho
Jacqueline Peker.
Nove entre dez doenças produzem dor, sendo este o maior motivo pelo qual
mecanismos periféricos são gerados pela própria lesão causada pela agulha,
indefinido.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………… 1
2. REVISÃO DA LITERATURA…………………………………………… 5
2.1. Fisiologia da dor………………………………………………… 5
3. CONCLUSÃO...................................................................................... 24
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 25
1. INTRODUÇÃO
más interpretações que surgiram durante sua longa história (MA et al., 2006).
sinais pela medula espinhal e a percepção da dor pelo cérebro (WANG et al.,
2008a).
desafio determinar como estes efeitos são estimulados e por quais vias. Diferentes
que a vitamina B12 também pode ser utilizada. Este método é bastante útil
em animais que não toleram a permanência das agulhas por muito tempo
1999).
(HALTRECHT,
acupuntura, assim como numerosos os usos que lhe são atribuídos na prática
médica diária. Sem dúvidas, muitos efeitos terapêuticos que produz são
questionados, a exceção
do efeito analgésico que provoca, amplamente utilizado para o alívio da dor e que
de 50, consistindo em uma amigdalectomia com êxito (SALAZAR & REYES, 2004).
A despeito da disseminação do uso da acupuntura para o controle da dor, o
Estudos realizados com indivíduos que sofrem de dor crônica cervical e nos
qualidade melhor do sono, menos ansiedade e dor, menos depressão e uma maior
acupuntura. Entretanto, também existem estudos que indicam que não há diferenças
subjetivas
ou objetivas entre verdadeira ou falsa acupuntura para dor crônica cervical. Estudos
dor gerados pela acupuntura em comparação a outras terapias existentes bem como
Este trabalho tem como objetivo compilar dados sobre o uso da acupuntura
para alívio e controle da dor, bem como, elucidar os mecanismos pelos quais este
correto referir-se a estímulos dolorosos, receptores para a dor ou vias da dor. É mais
(KELLY, 1995).
(STEISS,
2006).
complexo
ventrobasal. Algumas fibras do trato neoespinotalâmico terminam nas
áreas
dorsal. Os neurônios desta região têm axônios longos que se ligam às fibras
2006)
.
A dor informa o indivíduo sobre o perigo real ou potencial para sua integridade
física. A dor fisiológica é aquela que induz respostas protetoras, como o reflexo de
ativação do sistema simpático. Este sinal é típico da dor aguda produzida por
estímulos intensos
diarréia, etc. Estes sinais, chamados ortodrômicos por serem conduzidos desde a
quais a informação
conduzida pelos neurônios aferentes primários volta à periferia por
2005).
dor subaguda possam trazer benefícios, a dor persistente pode levar a um estado de
consequência, não pode ser considerada uma resposta adaptativa. Além disso,
(PISERA, 2005):
simultânea, superfície
proporcional à quente
causa
neuropática
a resolução d a
lesão
2005).
a informação ao
longo delas através de sinais elétricos (neurônios). No entanto, os sistemas
Existem áreas analgésicas tanto nos cornos dorsais da medula espinhal como
2005).
Qi
2006).
A dor também pode ser causada por condições de deficiência, por exemplo,
A
estase de Sangue provoca dor intensa em pontada em uma pequena área definida
está cada vez sendo mais utilizada como intervenção terapêutica nos Estados
aumento do uso
Uma das primeiras explicações que o mundo ocidental apresentou diante dos
dor está modulada por vias do SNC. Em circunstâncias normais, a entrada está
doloroso, assim o cérebro deixa de registrar a dor (BOTEY & RODRIGUEZ, 2005).
Também possuem uma função importante o sistema nervoso simpático
sensoriais de certos pontos distribuídos pela pele (BOTEY & RODRIGUEZ, 2005).
RODRIGUEZ, 2005).
uma sequência
2008a).
da dor quando solução salina ou CSF de animais que não foram submetidos à
acupuntura foram
infundidos em coelhos não-submetidos a acupuntura (WANG et al., 2008a;
sistema nervoso central (SNC), o que parece ser o responsável pelas propriedades
2008a).
2006).
Foi investigada com mais critério a partir da década de 50, juntamente com
década de
simples com agulhas, são paralisia (existem controvérsias sobre isto em casos
baixa freqüência (2Hz), enquanto a dinorfina pode apenas ser liberada com alta
freqüência
ainda, que num estudo anterior com ratos, demonstrou-se que a combinação de
melhorar o controle da dor com redução significativa dos efeitos colaterais (ZHANG
causada por neoplasia óssea induzida em ratos. O autor menciona também que o
com administração oral de fenilbutazona para alívio de dor crônica em coluna tóraco-
tanto foi preconizado o tratamento com frequência de 3HZ alternado com 100Hz
durante 20 minutos.
as altas frequências (100 Hz) como uma modalidade mais artificial e estranha
ao fato que eventos tais como toque, pressão, atrito, inserção de agulhas,
2006).
Pontos de acupuntura
B23, 24, 25, 26, 28, 31, 32, 34, 40, 51,
57, 60
VG3, 4
BP6
R27
P7
B60
VC21
VG14, 20
IG4
BP6
E35, 36
R3
B60
BP6, 9
IG4
PC6
F3
B60
IG4
VG2, 4
B18-26 e B32
BP6, 9, 10
VB34, IG4, PC6, F3, BP6 mostou-se muito mais benéfico no controle da dor,
tratamento
as terapias convencionais.
da técnica.
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