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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


Faculdade de Direito

A LEGISLAÇÃO ELEITORAL BRASILEIRA (ASPECTOS


GERAIS): AS DIVERSAS ESPÉCIES NORMATIVAS,
INCLUINDO A LEGISLAÇÃO PARA AS ELEIÇÕES
GERAIS DE 2010)

ARTHUR BIANCO

BRUNO CONTIN

MARCIA BITENCOURT VETRITTI

MICHELLE RODRIGUES MARTINS DA SILVA LIMA

São Paulo
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2010

SUMÁRIO

....................................................................................................................................................3

1.1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................3

1.2. HISTÓRICO DAS ELEIÇÕES NO BRASIL.....................................................................5

1.3. ASPECTOS PRINCIPAIS DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL ........................................12

Críticas..............................................................................................................................13
Calculo do número de vagas.............................................................................................14
Criticas ao sistema proporcional.......................................................................................16
1.3.1. Lei n. 4.737/1965 - Código Eleitoral.............................................................................22

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................34
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1.1. INTRODUÇÃO

No presente ano, a sociedade brasileira escolherá seus representantes por mais quatro
anos, durante esse período serão suas vozes tanto no poder executivo como no legislativo.
Com o intuito de tornar claro, os principais artigos do nosso eminente Código Eleitoral
Brasileiro para conhecimento geral. Nosso grupo analisou todos os dispositivos e separamos
dentre eles, os considerados mais importantes para o conhecimento da sociedade.
Para falarmos sobre a legislação eleitoral brasileira e comentar o vigente CÓDIGO
ELEITORAL, é importante que façamos uma breve recapitulação histórica sobre as eleições e
legislações eleitorais brasileiras.
Em 1532, aconteceu a primeira eleição em solo brasileiro, neste ano foram eleitos
representantes para o Conselho Municipal da Vila de São Vicente. Durante o período colonial,
todas as eleições para os governos municipais, obedeciam a determinações do rei.
As primeiras eleições gerais no Brasil eram extremamente burocráticas, algumas delas
demoravam meses para que os deputados fossem eleitos. Devido a essa lentidão, em 1881 o
ilustre baiano Ruy Barbosa propôs a Lei Saraiva, que reformulou o sistema eleitoral da época
e tornou as eleições direitas.
Com a independência, passamos adotar o modelo francês da legislação eleitoral. Nesta
época, as eleições eram controladas pelo imperador, que tinha pleno poder sobre as eleições,
podendo alterar as legislações vigentes na véspera de cada eleição com o intuito do governo
possuir sempre a maioria na corte.
Durante a Republica Velha, era utilizada a política do "CAFÉ COM LEITE", que
consistia em um revezamento do poder nacional entre: Minas Gerais e São Paulo. Neste
período republicano, o voto era censitário e os analfabetos não podiam votar.
Somente com Getúlio Vargas, o processo eleitoral brasileiro passa a ser normatizado e
codificado criando assim o Código Eleitoral, com a criação do Tribunal Superior de Justiça
Eleitoral (TSE), sendo este o órgão competente para a matéria. Além disso, surgem novidades
em relação ao voto feminino e as legislações sobre os partidos políticos, porém em 1937
Vargas com o Estado Novo extingue a Justiça Eleitoral.
Novamente em 1945, a Justiça Eleitoral entra em vigor. Já em 1965, o novo Código
Eleitoral Brasileiro é instituído pela lei nº 4.737 de 15-7-1965, que apesar de algumas
alterações está atualmente em vigor. Em 1997, o então presidente Fernando Henrique
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sancionou a lei nº 9.505, de 30 de setembro de 1997, que estabeleceu a partir de então
reservas de candidaturas de cada sexo. Essa lei aumentou sensivelmente a participação da
mulher como veremos no decorrer do trabalho.
A Justiça Eleitoral tem como órgão máximo o Tribunal Superior Eleitoral, este
formado por: três ministros do Tribunal Superior Federal, dois do Tribunal Superior de Justiça
e dois juristas de pública capacidade. O atual presidente do Tribunal é o excelentíssimo
Enrique Ricardo Lewandowski.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), exercendo o seu poder regulamentar em matéria
eleitoral através da expedição de resoluções e instruções, disciplina as eleições gerais e
municipais em cada período eleitoral, complementando as regras constantes no Código
Eleitoral Brasileiro e demais leis eleitorais. O poder regulamentar do TSE encontra-se
positivado no artigo 1º parágrafo único e artigo 23, inciso IX, ambos do Código Eleitoral,
bem como pelo artigo 105 da Lei 9.504/97. Conforme tais dispositivos legais, aquela corte
eleitoral tem competência normativa para expedir resoluções e instruções para dar fiel
cumprimento à lei, estando o conteúdo da resolução limitado ao que dispõe a norma a qual se
quer cumprir.
O Tribunal Regional Eleitoral é um órgão subordinado ao Tribunal Superior Eleitoral.
Este tribunal possui sede em todas as capitais dos estados da República, inclusive no Distrito
Federal. A corte é composta por dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça,
dois juízes de direito, um juiz federal e dois cidadãos nomeados pelo presidente da República.
O Código Eleitoral Brasileiro é composto por trezentos e oitenta e três (383) artigos e
legislações complementares. Estes artigos estão divididos em cinco partes sendo, a parte
primeira a Introdução, a parte segunda trata dos Órgãos da Justiça Eleitoral, descrevendo a
composição de cada órgão junto com suas competências e atributos. A parte terceira refere-se
ao Alistamento, nesta parte são descritos os atos lícitos e ilícitos do alistamento, a parte quarta
fala sobre as Eleições, em seu ato inicial e posteriormente na sua apuração e finalmente a
parte quinta das Disposições Várias, nesta parte é tratado, sobretudo os diversos crimes
eleitorais e as disposições penais.
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1.2. HISTÓRICO DAS ELEIÇÕES NO BRASIL

A história do Direito Eleitoral está profundamente ligada à evolução política e


administrativa de nosso país. A evolução do Direito Eleitoral acompanhou o desenvolvimento
político e institucional do país, através do avanço da legislação pertinente desde o
descobrimento quando foi utilizada a chamada “Ordenações do Reino”, regramento advindo
de Portugual e que fixava os parâmetros para a escolha dos representantes do governo
português em solos tupiniquins, constituindo, assim, o primeiro código de material eleitoral
vigente no Brasil. Veremos a seguir fases marcantes deste processo, desde o período Colonial,
quando foram realizadas as primeiras votações para os representantes das vilas, até o período
atual, onde a Constituição garante os direitos políticos aos cidadãos brasileiros.

1.2.1. Período colonial e imperial

O exercício do voto vem juntamente com os portugueses para o Brasil, onde as


pessoas que pertenciam à determinada Capitania escolhiam seus “donatários de capitanias” ou
“capitão-mor”, espécie de governante que os representaria junto à corte portuguesa. No
Período Colonial o povo elegia apenas os representantes locais, os quais possuíam atribuições
político-administrativas, cabendo a estes, legislarem sobre todos os assuntos essenciais às
vilas. Deste modo, as vilas apenas tinham competência para escolher seus representantes
locais, pois o governo geral era realizado pela monarquia portuguesa.
Conforme Manoel Rodrigues Ferreira, na escolha local, o sufrágio era universal, não
havia pré-requisitos nem distinção entre os eleitores, todos os cidadãos, a “Gente mecânica”
ou os “Oficiais mecânicos”, pessoas pertencentes à plebe tinham o direito de votar, mas não
de ser votada. Segundo regramento da época, era exigido que os elegíveis fossem homens
bons, honestos, experientes, conceituados moralmente na sociedade e Republicanos, título
dado aos cidadãos que pertenciam à nobreza das vilas.
As eleições dos oficiais, de forma indireta e em dois turnos, ocorriam a cada três anos,
sendo nelas eleitos os oficiais para os próximos três conselhos, formato regulamentado pelas
Ordenações do Reino.
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Nos primeiros anos após a independência, o debate político se concentrava na
aprovação de uma Constituição. Mesmo antes da independência, já estavam previstas eleições
para uma Assembléia Constituinte que se encarregaria de elaborar tal Constituição. Durante
todo o Império, as normas vigentes foram copiadas do modelo francês, inclusive na abertura
dos trabalhos na reunião da Constituinte, Dom Pedro usa uma frase que não era sua “sendo
cópia da existente carta constitucional da França, por meio da qual o imperador jurava
defender a futura constituição se fosse digna do Brasil e dele próprio” (BÓRIS FAUSTO,
2000). A partir daí percebe-se também uma postura pouco liberal.
Logo surgiram desavenças entre Dom Pedro e a Assembléia. Os constituintes não
queriam o poder total nas mãos do imperador e este por sua vez, apoiado por certos círculos
políticos, queria um poder Executivo forte e que enfrentasse as tendências consideradas por
ele como sendo “democráticas desagregadoras”. Os tempos eram difíceis.
A disputa entre os poderes acaba por dissolver a Assembléia Constituinte por Dom
Pedro, com a ajuda militar. No entanto, logo a seguir é promulgada a Constituição de 25 de
março de 1824.

1.2.1. A Constituição de 1824


A Constituição de 1824 não era muito diferente da proposta pelos constituintes.
Nascia de cima para baixo, ou seja, era imposta pelo rei ao povo. Deve-se ressaltar que povo
nesse contexto histórico não era um conceito abrangente, uma vez que os escravos eram
excluídos da Constituição, mesmo sendo uma grande parcela da população. Além do mais, a
massa da população livre dependia dos grandes proprietários, o que mostra que a Constituição
representava grande avanço institucional no papel, mas na prática, era um grupo seleto que
participava ativamente da vida política.
Com algumas modificações, ela vigorou até o fim do Império. Definiu “o governo
monárquico, hereditário e constitucional” (BÓRIS FAUSTO,2000).
O poder Legislativo foi dividido em Câmara e Senado. As eleições para a Câmara
eram temporárias, enquanto que as do Senado eram vitalícias. No Senado, os membros
acabavam sendo nomeados pelo Imperador, dado o sistema eleitoral. Na Câmara tínhamos
eleições primárias, restritas por alguns itens como renda e idade, e na segunda etapa, os que
foram escolhidos na primeira eram os que elegeriam os deputados.
Finalmente, instituíram-se o Conselho de Estado e o Poder moderador. O primeiro era
um órgão composto por conselheiros vitalícios nomeados pelo imperador, com restrições.
Deveria ser ouvido nos “negócios graves e medidas gerais da pública administração”. O
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segundo serviria para separar o poder Executivo do imperial, mas no Brasil a separação não se
deu de maneira clara.
Em 1855, foi instituído o voto distrital, por meio da chamada Lei dos Círculos.
A Lei do Terço, de 1875 (que tem seu nome derivado do fato de que o eleitor votava em dois
terços do número total dos que deveriam ser eleitos), destacou-se do conjunto das leis
imperiais por ter introduzido a participação da justiça comum no processo eleitoral.
A legislação vigente durante o Império possibilitou à opinião pública exigir eleições
diretas e criticar os abusos e as fraudes. O novo quadro eleitoral levou o Conselheiro Saraiva a
reformá-la, encarregando Ruy Barbosa de redigir o projeto da nova lei, de nº 3.029/81, que
ficou conhecida como Lei Saraiva. Ela aboliu as eleições indiretas e confiou o alistamento à
magistratura, extinguindo as juntas paroquiais de qualificação.

1.2.2. A Constituição Republicana (1889)


A proclamação da República inaugura um novo período para a legislação eleitoral, que
substitui a influência francesa pela norte-americana. Passa-se a ter “voto censitário”.
Os partidários da República liberal estavam com pressa em garantir uma Assembléia
Constituinte, por medo de que a “semiditadura” do Marechal Deodoro da Fonseca, chefe do
governo provisório, continuasse por muito tempo. Um comissão de cinco pessoas ficou
encarregada e redigir uma Constituição que foi revista por Rui Barbosa – ministro da
Fazenda do governo provisório – e foi apreciada pela Assembléia Constituinte que promulgou
o texto a 24 de fevereiro de 1891.
A Constituição estabeleceu os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário-,
“harmônicos e independentes entre si” (BÓRIS FAUSTO,2000). O poder Executivo era antes
exercido pelo imperador e agora seria exercido pelo presidente da República eleito por um
período de quarto anos, como é feito hoje. O Legislativo foi dividido em Câmara dos
Deputados e Senado, mas esses últimos deixaram de ter cargo vitalício.
Foi estabelecido então um sistema presidencialista. Fixou-se o voto direto e universal,
que antes era extremamente censurando, e foram considerados eleitores todos os cidadãos
brasileiros maiores de 21 anos e excluíam-se os votos de categorias como a militar, mendigos
e analfabetos. A permissão do voto feminino não foi comentada, dando a entende que
mulheres eram impedidas de votar. Somente os primeiros presidente e vice-presidente da
emergente República seriam eleitos pelo voto indireto da Assembléia
Constituinte(transformada em Congresso comum).
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Em plena crise do Encilhamento, o Congresso elegeu Deodoro à presidência e
Floriano Peixoto seu vice.

Ainda na Primeira República, ou República Velha, houve o movimento chama de


Coronelismo que consistia no controle do eleitorado regional, fazendo propaganda dos
candidatos oficiais e fiscalizavam o voto dos eleitores e a apuração. O governo central
também controlava a Comissão de Verificação de Poderes do Congresso, que era responsável
pelos resultados eleitorais finais e pela diplomação dos eleitos. O trabalho dessa comissão
consistia, na verdade, em negação da verdade eleitoral que era a etapa final da aniquilação da
oposição, ou seja, manipulavam-se os votos em favor de determinado grupo, ignorando o fato
de que cada um deveria votar em quem quisesse.

Mais a frente, em 1916, Wenceslau Brás, então presidente, preocupado com a


seriedade do processo eleitoral, sancionou a Lei nº 3.139, que entregou ao Poder Judiciário o
preparo do alistamento eleitoral, e essa atitude seria o ponto de partida para a criação da
Justiça Eleitoral que viria a acontecer em 1932.

1.2.3. A Justiça Eleitoral e o Primeiro Código Eleitoral

Em 1930, estoura uma Revolução no Brasil. Esta tinha motivos diversos, ligados à
problemas do café e articulações de candidaturas. No entanto, um dos princípios era também a
moralização do sistema eleitoral.

Subindo ao poder em outubro de 1930, Getúlio Vargas nele permaneceu por quinze
anos, como chefe de um governo provisório, depois presidente eleito e depois ditador, mas
um dos primeiros atos realizados pelo governo provisório foi a criação de uma comissão para
reformar a legislação eleitoral, resultando por fim no primeiro Código Eleitoral do Brasil.

Tal Código cria em 1932 a Justiça Eleitoral, que fica responsável por todos os
trabalhos eleitorais. Regula também as eleições na federação, nos estados e nos municípios.

Faz parte dele também a introdução do voto secreto, antes absolutamente inexistente e
manipulado como foi visto. Ainda era permitida a candidatura avulsa, mas ele já falava sobre
os partidos políticos. Previa o uso de uma máquina de votar, deixando a precariedade de
papéis de lado, mas isso só seria implementado na década de 90.
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Em 1932 acontece a Revolução Constitucionalista, que estoura principalmente no
momento em que a Frente única Gaúcha rompe com Getúlio e acaba por acelerar os
preparativos para a revolução, que exige a convocação de uma Assembléia Constituinte, feita
pelo Decreto nº 22.621/33, que estabeleceu que, além dos deputados eleitos na forma prescrita
pelo Código Eleitoral, outros 40 seriam eleitos pelos sindicatos legalmente reconhecidos,
pelas associações de profissionais liberais e de funcionários públicos. A isto se deu o nome de
“representação classicista”.

Em 1934 temos a eleição do presidente da República, conforme era previsto no código


e Getúlio Vargas é eleito. Muitas críticas surgiram ao Código Eleitoral de 1932 e em 1935
então é promulgado um segundo Código, que não altera, no entanto as conquistas feitas até
então.

1.2.4. A Justiça Eleitoral e o Estado Novo de Getúlio Vargas

No dia 10 de novembro de 1937, tropas policiais cercam o Congresso e impedem a


entrada dos congressistas. À noite, Getúlio anuncia uma nova fase da política e a entrada em
vigor de uma Carta constitucional, elaborada por Francisco Campos. Iniciava o Estado Novo.

Nesse mesmo dia, a “polaca”, como ficou conhecia a Constituição de 1937, extingue a
Justiça Eleitoral e os partidos políticos existentes. Também suspende as eleições e estabelece
eleições indiretas com mandato de seis anos.

Em 1945 Getúlio anuncia as eleições lançando Eurico Gaspar Dutra, seu ministro de
Guerra à época, como candidato. Militares e a oposição vão contra e dão um golpe em 29 de
outubro de 1945. Com a destituição de Getúlio o governo passa para as mãos de José
Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal e do TSE, que fica até a eleição do general
em janeiro de 1946, acabando assim o Estado Novo.

1.2.5. Redemocratização

O Decreto-Lei nº 7.586/45, conhecido como Lei Agamenon, em homenagem ao


Ministro da Justiça Agamenon Magalhães, restabelece a Justiça Eleitoral. Dutra assumiu a
presidência já com a Justiça Eleitoral reinstalada.
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Promulgada a Constituição, em 18 de setembro de 1946, a Câmara e o Senado passam
a funcionar como Poder Legislativo ordinário. Como em 1943, a Constituição proíbe a
candidatura de um mesmo candidato por mais de um estado. O Código Eleitoral de 1945
vigorou até o advento do Código de 1950.

Em 1955, a Lei nº 2.250 cria a folha individual de votação, que fixou o eleitor na
mesma seção eleitoral e aboliu a fraude do uso de título falso ou de segunda via obtida de
modo doloso. Outra alteração significativa do Código Eleitoral de 50 foi a adoção da "cédula
única de votação". Essa zelou pelo sigilo e liberdade do voto, além de facilitar a apuração dos
mesmos e liberou os candidatos dos gastos com a impressão e distribuição de cédulas.

1.2.6. Regime Militar e a Legislação Eleitoral

A legislação eleitoral, no período de regime militar foi marcada por uma sucessão de
atos institucionais e emendas constitucionais, leis e decretos-leis com os quais o regime
conduziu o processo eleitoral de maneira a adequá-lo aos seus interesses, visando ao
estabelecimento da ordem preconizada pelo movimento de 64 e à obtenção de uma maioria
favorável ao governo.

Conforme relatos doutrinários, instaura-se assim uma repressão política, onde as eleições
diretas para presidente da república, governadores de estado e prefeitos de capitais e de zonas
consideradas de segurança nacional deixam de ser realizadas, e o bipartidarismo é imposto, a
partir de 1966, foram suspensas as garantias constitucionais, ampliou-se os poderes do chefe
do Executivo, restringiu-se a propaganda eleitoral, ficaram proibidos os debates políticos nos
meios de comunicação, entre outras medidas. As condições de elegibilidades e
inelegibilidades foram mantidas pela Constituição de 1967 e a Emenda nº 1 de 1969, sofrendo
alteração apenas no que diz respeito ao direto de voto dos militares e no direito ao voto pelo
analfabeto. Em 1984, já com o regime militar enfraquecido, surge o movimento político que
ficou conhecido como "Diretas-Já”, movimento este que buscava restituir o direito de eleições
diretas para Presidente. Ainda em 1984, a Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que
buscava restituir a eleição direta para presidente não é aprovada. Por 98 votos a favor, 65
contra, 3 abstenções e 113 deputados ausentes, as eleições presidenciais seriam realizadas,
novamente, pelo Colégio Eleitoral. Em pleito conturbado, com várias brigas partidárias
internas, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves é eleito, o primeiro presidente civil
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brasileiro em 21 anos, derrotando o candidato da situação, Paulo Salim Maluf. Na véspera de


sua posse, Tancredo veio a falecer vítima de um problema cardíaco, ocasionando na posse de
José Sarney, dando início ao período conhecido como "Nova República".

1.2.7. A “nova república”

Em 1985, com o surgimento da Emenda nº 25, foram instituídos dois turnos de votação para
os cargos de Chefe dos Executivos, eleições diretas para as capitais dos Estados, aboliu a
fidelidade partidária e revogou o artigo que previa a adoção do sistema distrital. Em 1988 foi
publicada a nova Constituição Federal, ficando então estabelecido o voto facultativo para os
analfabetos e para os maiores de dezesseis anos, bem como assegurou ampla autonomia aos
partidos políticos para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento. Após
realização de novo plebiscito, o povo escolheu pela instauração do Governo Presidencialista.
Durante esses 21 anos da Constituição de 1988, dentre as transformações sofridas, convém
destacar a Emenda Constitucional n. 4, que regulamenta o Princípio da anualidade, ou seja, a
aplicação da lei eleitoral somente um ano após a data de sua vigência, bem como a Emenda
Constitucional n. 16, que possibilitou a reeleição dos Chefes dos Executivos. Atualmente, as
normas concernentes ao funcionamento do sistema eleitoral brasileiro encontram-se previstas,
na Constituição Federal de 1988, na Lei n. 4.737/1965 (Código Eleitoral); Lei n. 9.504/1997
(normas para as eleições); Lei Complementar n. 64/1990 (inelegibilidades) e Lei n.
9.096/1995 (partidos políticos). Além das resoluções expedidas, anualmente, pelo Tribunal
Superior Eleitoral.
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1.3. ASPECTOS PRINCIPAIS DA LEGISLAÇÃO ELEITORAL

As fontes direitas ou específicas do Direito Eleitoral são:

a) a Constituição, quando dispõe sobre direitos políticos (arts. 14 a 16), sobre os partidos
políticos (art. 17) e sobre a Justiça Eleitoral (arts. 92, V, e 118 a 121), além de numerosas
outras disposições aplicáveis especialmente ao processo civil-eleitoral e ao processo penal-
eleitoral, tais como as garantias constitucionais de que ninguém é obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II); de ser processado e julgado por
autoridade competente -- Juiz natural e promotor natural (LIII); do devido processo legal
(LIV); do contraditório e da ampla defesa com os recursos a ela inerentes (LV); da
inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos (LVI); da presunção de inocência até o
trânsito em julgado da sentença condenatória (LVII); da publicidade dos atos processuais,
ressalvados a defesa da intimidade ou o interesse social (LX); da proibição de prisão fora dos
casos de flagrante e de ordem escrita e fundamentada de autoridade competente (LXI), bem
como as garantias constitucionais do preso (LXII, LXIII, LXIV, LXV e LXVI);

b) o Código Eleitoral - Lei nº 4737 , de 15 de junho de 1965, com as alterações decorrentes


do advento da Constituição de 1988 e das leis modificadoras de suas disposições originárias;

c) a Lei das Inelegibilidades - Lei Complementar nº 64 , de 18 de maio de 1990, alterada pela


Lei Complementar nº 81, de 13 de abril de 1994. Trata dos caso de inelegibilidade para
preservar a moralidade administrativa, define os prazos para a desincompatibilização,
estabelece o processo de registro de candidatos e disciplina a investigação judicial eleitoral
por abuso do poder econômico ou político;

d) a Lei Orgânica dos Partidos Políticos - Lei nº 9.096 , de 19 de setembro de 1995, já


alterada pela Lei nº 9.259 , de 09 de janeiro de 1996, às quais devem juntar-se a Lei nº 7.454 ,
de 30 de dezembro de 1985, que dispõe sobre as coligações partidárias, e a Resolução nº
19.406, de 06 de dezembro de 1995, do Tribunal Superior Eleitoral, que fornece instruções
para a fundação, organização, funcionamento e extinção de partidos políticos;

e) a Lei das Eleições - Lei nº 9.504 , de 30 de setembro de 1997, concebida com a intenção de
oferecer ao país uma lei permanente e duradoura para disciplinar todas as eleições que se
realizarem a partir de sua promulgação. Dispõe essa lei sobre: as espécies de eleições e suas
respectivas datas; coligações, convenções partidàrias e registro de candidatos; financiamento
de campanhas eleitorais e prestação de contas do movimento financeiro eleitoral; pesquisas e
testes pré-eleitorais, propaganda eleitoral (normas gerais, e propaganda mediante outdoors, ou
na imprensa, no rádio e na televisão); direito de resposta; sistema eletrônico de votação e
apuração; mesas receptoras; fiscalização das eleições; condutas vedadas aos agentes públicos
no período eleitoral; crimes eleitorais (introduzindo na legislação eleitoral as penas
alternativas de prestação de serviços à comunidade), além de disposições transitórias e
derrogadoras de disposições do Código Eleitoral, da Lei Orgânica dos Partidos Políticos e até
de normas do Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre os crimes de
responsabilidade e as infrações político-administrativas dos Prefeitos e Vereadores;
f) a Legislação Correlata - disciplinadora de diversas matérias intimamente ligadas ao
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processo eleitoral, tais como: as conseqüências da obrigatoriedade do alistamento (Lei nº
6.236 , de 18 de setembro de 1975); o fornecimento de alimentação e transporte gratuitos na
zona rural e a proibição de movimentação de servidores públicos em período eleitoral (Lei nº
6.091 , de 15.08.74); as eleições municipais, estaduais ou federais (disciplinadas, cada uma,
por lei específica); a vedação de atividades políticas por estrangeiros (Lei nº 6.815 , de 18 de
agosto de 1980); a prioridade conferida aos feitos eleitorais (Lei nº 4.410 , de 20 de setembro
de 1964); a utilização do processamento eletrônico de dados no serviço eleitoral (Lei nº
6.996 , de 07 de junho de 1982, e Lei nº 7.444 , de 20 de dezembro de 1985); a requisição
de servidores públicos para o serviço eleitoral (Lei nº 6.999 , de 07 de junho de 1982, e Lei nº
8.868 , de 14 de abril de 1994) e a anistia dos inadimplentes para com as obrigações
eleitorais (Lei nº 9.274 , de 07 de maio de 1996);

g) as Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral - que são "decisões administrativas ou


judiciais, que têm por função dar eficácia legal e eficácia social às normas constitucionais e
legais eleitorais:
a) explicando seus fins e traduzindo em linguagem acessível ao eleitorado, aos candidatos e
aos partidos políticos, os requisitos e os procedimentos adequados ao exercício da cidadania,
ou b) pondo termo ao processo judicial." As Resoluções do TSE, têm força de lei ordinária.
Entretanto, não podem dispor contra legem, isto é, não poderão contrariar as leis e a
Constituição. Dentre as Resoluções do TSE merecem destaque a que regula o acesso gratuito
dos partidos políticos ao rádio e à televisão (Res. nº 19.380, de 24 de dezembro de 1995), as
que regulam especificamente, a cada eleição, a escolha e registro de candidatos, a propaganda
eleitoral, o calendário eleitoral, os atos preparatórios da eleição, a votação, a apuração e a
diplomação dos eleitos; a que disciplina a prestação de contas dos partidos políticos das
despesas de campanha (Res. nº 19.768, de 17 de dezembro de 1996); a que consolida o
procedimento para o alistamento e demais serviços eleitorais por meio eletrônico (Res. nº
19.875, de 12 de junho de 1997), e as que dispõem sobre o Regimento Interno do Tribunal
Superior Eleitoral (Res. nº 4510, de 29 de setembro de 1952) e as atribuições das
Corregedorias Eleitorais (Res. nº 7651, de 24 de agosto de 1965);

A legislação brasileira prevê a coexistência de dois sistemas eleitorais: majoritário (Art. 46,
CF) e proporcional (Art,. 45, CF).

A eleição majoritária majoritário é usado, no brasil, para eleger os chefes do executivo de


todas as esferas (presidente, governador e prefeito), e também par as eleições ao Senado
Federal. Nas eleições presidenciais o sistema empregado é de maioria absoluta, onde o eleito
precisa obter mais de 50% dos votos válidos, desconsiderados os brancos e nulos, para ser
eleito (CF, art. 77, parág. 2º) . Para garantir a obtenção dessa maioria num sistema
pluripartidário, a eleição se realiza em dois turnos. O primeiro disputado pela totalidade dos
candidatos, e o segundo disputado apenas pelos dois candidatos melhores colocados no
primeiro pleito. O segundo turno só se realiza caso nenhum candidato atinja a maioria
absoluta no primeiro turno da eleição. Este sistema é utilizado também nas eleições para
governadores dos estados e prefeitos das cidades com mais de 200.000 habitantes. No caso de
eleição para Senador e de Prefeitos de cidades com menos de 200 mil eleitores, são eleitos os
candidatos mais votados, sem a realização de segundo turno.

Críticas
Outra característica dos sistemas majoritários no brasil é a formação de chapas: Os candidatos
ao cargo de vice-presidente, vice-governador e vice-prefeito, bem como os dois suplentes de
cada senador devem registrar sua candidatura junto com a candidatura do titular da chapa.
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Quando o eleitor vota, ele escolhe apenas o titular, sendo que o vice ou suplente é eleito
automaticamente. Este sistema, apesar de amplamente empregado para o poder executivo em
todo o mundo, é criticado no caso do Senado pois alguns suplentes "usam" a imagem do
titular para eventualmente assumir o cargo em seu lugar.

A eleição proporcional utilizada para as eleições para a Câmara dos Deputados e para os
órgãos legislativos estaduais e municipais, a constituição federal. Além disso, na esfera
federal, a eleição deve ser realizada, de forma separada, em cada um dos estados e territórios.
Candidatos à Câmara só poderão ser votados no estado em que se lançam candidatos, e
concorrerão apenas às cadeiras reservadas àquele estado. Além dessas restrições, a
constituição impõe ainda os limites mínimo de 8 e máximo de 70 deputados para cada estado,
definidos de forma proporcional à população de cada um.
O código eleitoral brasileiro determina que o sistema proporcional utilizado é um sistema de
lista aberta, onde os votos são nominais aos candidatos e as listas partidárias são compostas
pelos membros mais votados de cada partido. Nos sistemas desse tipo, cada partido obtém um
número de vagas proporcionais à soma dos votos em todos os seus candidatos, e estas vagas
são distribuídas, pela ordem, aos candidatos mais votados daquele partido. O código eleitoral
permite também a formação de coligações entre partidos para eleições proporcionais como
forma de conseguir um maior número de cadeiras, especialmente no caso de partidos
pequenos que não as obteriam sozinhos. Diferentemente do sistema majoritário, na
representação proporcional nem sempre o candidato mais votado será eleito. É necessário que
seu partido (ou coligação) receba da população que deseja representar um mínimo de apoio
manifestado pelo voto.
Esse mínimo de apoio popular é verificado através do quociente eleitoral, que é a divisão de
todos os votos válidos (votos nominais + votos de legenda) pelo número de vagas a serem
preenchidas. Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os partidos e coligações cuja
soma dos votos válidos tiver alcançado o quociente eleitoral.

Calculo do número de vagas


O grande problema das eleições proporcionais é o calculo exato das proporções devidas a
cada partido. Como o número de votos quase nunca é um múltiplo exato da proporção entre
cadeiras e eleitores, um sistema de arredondamento e redistribuição das vagas não
preenchidas precisa ser utilizado. No brasil utiliza-se um método conhecido como quociente
eleitoral para o calculo das proporções e outro conhecido como distribuição das sobras para
ocupar as cadeiras não preenchidas pelo quociente eleitoral. Este sistema é grosso modo
equivalente ao método D'Hondt utilizado em portugal e diversos países europeus, mas se
utiliza uma metodologia diferente para efetuar os cálculos.
O quociente eleitoral é definido como o total de votos válidos dividido pelo número de vagas
(este valor é equivalente ao quociente Hare). Cada partido então tem seus votos divididos por
este quociente e obtém-se assim o quociente partidário. A parte inteira desse quociente
corresponde ao número de vagas reservadas àquele partido. As vagas restantes são divididas
usando-se o método de distribuição das sobras entre os partidos que houverem atingido o
quociente eleitoral. Esta forma de cálculo é equivalente ao método D'Hondt com um cláusula
de barreira no valor do quociente eleitoral.

Vejamos um exemplo hipotético de cálculo do quociente eleitoral e distribuição das vagas:


15

Em uma eleição municipal, o número total de votos válidos foi 25.320, sendo 15 o número de
vagas a se preencher na Câmara Municipal. Assim, teremos o seguinte cálculo:

25.320 / 15 = 1.688 Quociente eleitoral (QE) = 1.688


Uma vez obtido o QE, passa-se à distribuição das vagas a serem preenchidas.
Na primeira fase, a distribuição das vagas é feita através do quociente partidário (QP), que é a
divisão do número de votos válidos de um partido pelo quociente eleitoral.
Supondo que 3 partidos (PX, PY e PW) tenham alcançado o quociente eleitoral, com a
seguinte votação:

PX 10.200 votos

PY 6.300 votos

PW 5.250 votos

Teremos então a seguinte distribuição de vagas:

PX 10.200 / 1.688 = 6

PY 6.300 / 1.688 = 3

PW 5.250 / 1.688 = 3

Assim, 12 vagas foram distribuídas através do QP.


Pelo sistema de médias serão distribuídas as vagas restantes (não preenchidas pelo QP),
dividindo-se o total de votos válidos de cada partido pelo número de vagas já preenchidas
mais 1. O partido que obtiver a maior média ficará com a vaga. O cálculo se repetirá para a
distribuição de cada um dos lugares restantes. Neste exemplo serão 3 rodadas de cálculos.
Assim teremos:

PX 10.200 / (6+1) = 1.457


PY 6.300 / (3+1) = 1.575
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A primeira vaga fica com o PY

PX 10.200 / (6+1) = 1.457


PY 6.300 / (4+1) = 1.260
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A segunda vaga fica com o PX

PX 10.200 / (7+1) = 1.275


16
PY 6.300 / (4+1) = 1.260
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A terceira vaga fica com o PW

OBS. O preenchimento das vagas com que cada partido ou coligação for contemplado
obedecerá à ordem de votação recebida por seus candidatos.

Criticas ao sistema proporcional


Entre os fatores mais criticados no sistema eleitoral proporcional brasileiro estão os limites
mínimo e máximo para cada estado entre os deputados federais. Estes limites impediriam uma
verdadeira proporcionalidade do voto, valorando o voto nos estados com menor população,
em detrimento dos estados mais populosos. Na eleição de 1998, por exemplo, foram
necessários mais de 333.000 votos para eleger um deputado por São Paulo. Já em Roraima, a
eleição era possível com apenas 17.000 votos. Haveria, dessa forma, uma violação do
princípio "um homem, um voto", ou nos termos da constituição de 1988, um voto não teria
"valor igual para todos". Esta crítica entretanto não se aplica diretamente ao sistema
proporcional, mas sim aos limites específicos impostos pela constituição no número de
representantes de cada estado.
Outro ponto de crítica aos sistemas proporcionais de lista aberta seria a possibilidade de
eleger representantes que obtiveram votação inferior a outros que não se elegeram, ou mesmo
eleger candidatos que não obtiveram nenhum voto. Um exemplo disso ocorreu nas eleições de
2002, quando o candidato Enéas Carneiro, do PRONA, obteve seis cadeiras para o partido
apenas com os seus votos. Os eleitos foram Enéas, com 1.573.642 votos, Amauri Robledo
Gasques, com 18.421 votos, Professor Irapuan Teixeira, com 673 votos, Elimar, com 484,
Ildeu Araújo, com 382 votos e Vanderlei Assis, com 275 votos e que ficaria em 634º lugar se
a eleição fosse pelo princípio majoritário.

O ALISTAMENTO ELEITORAL (CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA)

Cabe privativamente à União legislar sobre matéria eleitoral (artigo 22, inciso I,
da Constituição da República Federativa do Brasil).

Tanto o Presidente da República – qualquer lei – (artigo 84, inciso IV, da


Constituição da República Federativa do Brasil) quanto o Tribunal Superior Eleitoral
(artigo 23, inciso IX, do Código Eleitoral) podem expedir as instruções que julgarem
convenientes à boa execução das leis eleitorais; poder regulamentar que
excepcionalmente pode ser exercido também pelos Tribunais Regionais Eleitorais nas
suas respectivas circunscrições (inciso XVII do artigo 30 do Código Eleitoral).

A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data da sua publicação,
não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (artigo 16 da
Constituição da República Federativa do Brasil).
17
O alistamento eleitoral (integrado pela qualificação e pela inscrição) e o voto
são obrigatórios para os maiores de 18 anos. Contudo, são facultativos para o
analfabeto, para os maiores de dezesseis anos (até a data do pleito, conforme prevê o
artigo 14 da Resolução nº 21.538/2003) e menores de dezoito, bem como para os
maiores de setenta anos.
Art. 14. CRFB
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço
militar obrigatório, os conscritos.
Em seu artigo 6.º, o Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65) também faculta o
alistamento do inválido e dos que se encontram fora do país. Faculta, ainda, o voto
dos enfermos, dos que se encontram fora de seu domicílio e dos servidores públicos
em serviço que os impeça de votar.
Código Eleitoral. Lei 4737/65
Art. 6o O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de um e outro sexo, salvo:
I - quanto ao alistamento:
a) os inválidos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os que se encontrem fora do País;
II - quanto ao voto:
a) os enfermos;
b) os que se encontrem fora do seu domicílio;
c) os funcionários civis e os militares, em serviço que os impossibilite de votar.

O artigo 7.º do Código Eleitoral especifica as sanções para quem não observar a
obrigatoriedade de se alistar e votar. Sem a prova de que votou na última eleição,
pagou a respectiva multa ou justificou-se devidamente, o eleitor não:

• I - inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou


empossar-se neles;
18
• II – receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego
público, autárquico ou paraestatal, bem como fundações governamentais, empresas,
institutos e sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou
que exerçam serviço público delegado, correspondentes ao segundo mês subseqüente ao da
eleição;

• III - participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos


Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;

• IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas


federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer
estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e
com essas entidades celebrar contratos;

• V - obter passaporte ou carteira de identidade;

• VI - renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;

• VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de
renda;

O título eleitoral prova a quitação do eleitor para com a Justiça Eleitoral até a
data de sua emissão (artigo 26 da Resolução n. 21.538/2003).

O requerimento de inscrição é submetido à apreciação do juiz eleitoral, que em


48 horas poderá deferi-lo, indeferi-lo ou convertê-lo em diligências.

Quinzenalmente, o juiz eleitoral fará publicar pela imprensa, onde houver, ou


por edital os pedidos de inscrição e a sua decisão.

Da decisão indeferida pode recorrer o eleitor. Da deferida pode recorrer


qualquer delegado de partido. Na qualidade de defensor da ordem jurídica e do regime
democrático (artigo 127 da Constituição da República Federativa do Brasil), o
Ministério Público pode recorrer da decisão deferida ou da decisão indeferida.

Em se tratando de alistamento eletrônico, hipótese usada atualmente, os


recursos devem ser interpostos no prazo de:

• Cinco dias para o eleitor e o MP(contra decisão indeferitória);


19
• Dez dias para o delegado e o MP (contra decisão deferitória), nos termos da Lei n.
6.996/82.

OS RECURSOS SÃO JULGADOS PELO T.R.E NO PRAZO DE 5 DIAS

(RESOLUÇÃO 21.538/2004)

Art. 17. Despachado o requerimento de inscrição pelo juiz eleitoral e processado pelo
cartório, o setor da Secretaria do Tribunal Regional Eleitoral responsável pelos serviços de
processamento eletrônico de dados enviará ao cartório eleitoral, que as colocará à
disposição dos partidos políticos, relações de inscrições incluídas no cadastro, com os
respectivos endereços.

§ 1º Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso


interposto pelo alistando no prazo de cinco dias e, do que o deferir, poderá recorrer
qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados da colocação da
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada
mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes
dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei nº 6.996/82, art. 7º).

§ 2º O cartório eleitoral providenciará, para o fim do disposto no § 1º, relações


contendo os pedidos indeferidos.

(Código Eleitoral. Lei no 4.737, de 15 de Julho de 1965)

Art. 45, § 6o Quinzenalmente, o Juiz Eleitoral fará publicar pela imprensa, onde
houver, ou por editais, a lista dos pedidos de inscrição, mencionando os deferidos, os
indeferidos e os convertidos em diligência, contando-se dessa publicação o prazo para os
recursos a que se referem os parágrafos do texto acima.

De acordo com o artigo 42 do Código Eleitoral, o alistamento é feito no lugar


da residência ou da moradia do requerente e, verificado ter este mais de uma, será
considerado domicílio qualquer uma delas. Prevalece, por isso, que o domicílio
eleitoral não é necessariamente o local onde o cidadão estabelece a sua residência
com ânimo definitivo.

Ao contrário da legislação eleitoral de 1945, que previa a inscrição ex officio,


hoje o alistamento somente é efetivado a requerimento do interessado.
20
O artigo 91 da Lei n. 9.504/97 estabelece que nenhum requerimento de
inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos 150 dias anteriores
à data da eleição. Portanto, está revogado o artigo 67 do Código Eleitoral (que fixava
o prazo em 100 dias).

Os procedimentos pertinentes ao alistamento e à transferência estão previstos


nos artigos 43 e seguintes do Código Eleitoral, e na Resolução 21.538/2004* do
Tribunal Superior Eleitoral. Exige-se, em síntese, prova de identidade e do
cumprimento das exigências relativas ao serviço militar obrigatório.

. CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE

São condições de elegibilidade (capacidade eleitoral passiva), na forma da lei:

• nacionalidade brasileira (observada a questão da reciprocidade quanto aos


portugueses e que apenas alguns cargos são privativos de brasileiros natos);

CRFB – ART. 12; § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de revisão nº 3, de
1994).

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;


Presidente
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; das casas do
congresso
III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; Só STF

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
21
• pleno exercício dos direitos políticos (veremos oportunamente as
inelegibilidades);

• alistamento eleitoral (só pode ser votado quem pode votar, embora nem todos que
votam podem ser votados – como o analfabeto e o menor de 18 e maior de 16 anos);

• domicílio eleitoral na circunscrição (pelo prazo que a lei ordinária federal fixar;
hoje é de um ano antes do pleito, nos termos do artigo 9.º da Lei n. 9.504/97);

• a filiação partidária (pelo menos um ano antes das eleições, nos termos do artigo
18 da Lei n. 9.096/95 e artigo 9.º da Lei n. 9.504/97); (podendo os estatutos dos
partidos fixarem tempo maior)

• Legislação, Complementar: Lei no 9.096/95, art. 18, e Lei no 9.504/97, art. 9o: prazo
mínimo de um ano de filiação para eleições proporcionais e majoritárias. Lei no 9.096/95, art.
20: possibilidade de o partido estabelecer no estatuto prazo mínimo superior a um ano.

• Acórdão-TSE no 11.314/90, de 30.8.90: inexigibilidade de filiação partidária prévia para


registro de candidatura do militar.

• A idade mínima de:

 35 anos para Presidente da República, Vice-Presidente da República e Senador:

 30 anos para Governador e Vice-Governador;

 21 anos para Deputado (Federal, Distrital ou Estadual), Prefeito, Vice-Prefeito e


Juiz de Paz (mandato de quatro anos – artigo 98, inciso II, da Constituição da
República Federativa do Brasil);

 18 anos para Vereador.

A aquisição da elegibilidade, portanto, ocorre gradativamente.

De acordo com o § 2.º do artigo 11 da Lei n. 9.504/97, a idade mínima deve


estar preenchida até a data da posse. Há, contudo, entendimento jurisprudencial no sentido
de que o requisito da idade mínima deve estar satisfeito na data do pleito.
22
Não há idade máxima limitando o acesso aos cargos eletivos.

1.3.1. Lei n. 4.737/1965 - Código Eleitoral

1.3.1.1. PARTE PRIMEIRA – INTRODUÇÃO

Art. 1º Este código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de


direitos políticos, precipuamente os de votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá instruções para sua fiel execução.

"O parágrafo único do art. 1º da introdução ao Código Eleitoral, institui que o Tribunal
Superior Eleitoral será órgão máximo e competente para a execução, de todos os dispositivos
presentes nesse conjunto de leis eleitorais."

Art. 2º Todo poder emana do povo e será exercido em seu nome, por mandatários escolhidos,
direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos políticos nacionais, ressalvada
a eleição indireta nos casos previstos na Constituição e leis específicas.

"O art. 2º declara que caberá ao povo, sendo o titular do governo, eleger candidatos para
exercer, em seu nome, o poder político."

Art. 6º O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de um e outro sexo, salvo:
para os analfabetos, para os maiores de setenta anos e para os maiores de dezesseis e menores
de dezoito anos, enfermos, os que se encontrarem fora do seu País ou domicílio e os
funcionários civis e militares em serviço que os impossibilite de votar.

"O art. 6º torna o voto e o alistamento obrigatório para todos os brasileiros exceto os
inválidos, os maiores de 70 anos, os menores de 18, os que se encontrem fora do País e os
funcionários civis e militares que estejam em serviço."

1.3.1.2. PARTE SEGUNDA - DOS ORGÂOS DA JUSTIÇA ELEITORAL

Art. 12 São órgãos da Justiça Eleitoral:

I – o Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o


País;
II – um Tribunal Regional, na capital de cada Estado, no Distrito Federal e, mediante proposta
do Tribunal Superior, na capital de Território;
III – Juntas Eleitorais;
IV – Juízes Eleitorais.

"O art. 12º estabelece em seus incisos como órgãos da justiça eleitoral: o Tribunal Superior
23
Eleitoral, com sede na Capital Federal, podendo agir em todo território nacional, um Tribunal
Regional na Capital de cada Estado, juntas eleitorais e juízes eleitorais."

Art. 14 Os Juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente
por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
§ 3o Da homologação da respectiva Convenção partidária até a apuração final da eleição, não
poderão servir como Juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como Juiz Eleitoral, o cônjuge,
parente consangüíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau de candidato a cargo
eletivo registrado na circunscrição.

"O art. 14, parágrafo 3º, impede desde a efetivação da convenção partidária, até a apuração
final da eleição, que o cônjuge, parente legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o 2º grau, de
candidato efetivo registrado na comarca, seja juiz nos Tribunais Eleitorais ou venha servir
como juiz eleitoral."

Art. 16 Compõe-se o Tribunal Superior Eleitoral:


I – mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de três Juízes, dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; e

b) de dois Juízes, dentre os membros do Tribunal Federal de Recursos;

"O art. 16º edifica em seu inciso I, e suas alíneas, que o Tribunal Superior Eleitoral é
composto por três juízes, dentre os ministros do Supremo Tribunal Federal, dois juízes dentre
os membros do Tribunal Federal de Recursos e a ainda dois advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral."

Art. 22 Compete ao Tribunal Superior:


I – processar e julgar originariamente:
a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus Diretórios Nacionais e de
candidatos a Presidência e Vice-Presidência da República;
b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e Juízes Eleitorais de Estados
diferentes;
c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador-Geral e aos funcionários da
sua Secretaria;
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios
Juízes e pelos Juízes dos Tribunais Regionais;

"O art. 22 trata dos deveres do Tribunal Superior. Dentre eles: os exemplificados no inciso I e
suas alíneas, de processar e julgar o registro de cassação de partidos políticos, de candidatos à
Presidência da República e Vice-Presidência da República, crimes eleitorais e quanto à
apuração da origem de recursos partidários."

Art. 35 Compete aos Juízes:


VIII – dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;
24
XII – ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e
comunicá-los ao Tribunal Regional;

"O art. 35º fixa as obrigações dos juízes. De acordo, com os incisos VIII e XII, deste
dispositivo, cabe ao juiz dirigir os processos eleitorais e ordenar o registro e a cassação do
registro dos candidatos municipais."

Art. 36 Compor-se-ão as Juntas Eleitorais de um Juiz de Direito, que será o Presidente, e de 2


(dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.

"O art. 36º define os membros das juntas eleitorais. Estas serão compostas de um juiz de
direito e de dois ou quatro cidadãos de inegável idoneidade."

1.3.1.3. PARTE TERCEIRA – DO ALISTAMENTO

Art. 66 É lícito aos partidos políticos, por seus Delegados:


I – acompanhar os processos de inscrição;
II – promover a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor
cuja exclusão esteja sendo promovida;
III – examinar, sem perturbação do serviço e em presença dos servidores designados, os
documentos relativos ao alistamento eleitoral, podendo deles tirar cópias ou fotocópias.

"O art. 66 estabelece os atos lícitos que possam vir a ser praticados, pelos partidos políticos e
por seus delegados. Os incisos I, II e III definem como atos lícitos: acompanhar os processos
de inscrição, promover a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e examinar o
alistamento eleitoral."

1.3.1.4. PARTE QUARTA – DAS ELEIÇÕES

Art. 82 O sufrágio é universal e direto; o voto, obrigatório e secreto.


"O art. 82 declara o sufrágio universal e direto; e o voto obrigatório e secreto."

Art. 84 A eleição para a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras


Municipais obedecerá ao princípio da representação proporcional, na forma desta Lei.

Art. 85 A eleição para Deputados Federais, Senadores e suplentes, Presidente e Vice-


Presidente da República, Governadores, Vice-Governadores e Deputados Estaduais far-se-á
simultaneamente em todo o País.
"O art. 85 fixa a simultaneidade nas eleições para deputados federais, senadores e suplentes,
presidente da República, governadores e deputados estaduais."

Art. 87 Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados por partidos.


25
"O art. 87 tenta filtrar a qualidade dos candidatos tendo sobre eles, com a obrigação de
estarem filiados, maior vigilância."

CAPÍTULO II
DO VOTO SECRETO

Art. 103 – O Sigilo do voto é assegurado mediante as seguintes providencias:


....
IV- Emprego de urna que assegure a inviolabilidade do sufrágio e seja suficientemente ampla
para que não se acumulem as cédulas em que forem introduzidas.

CAPÍTULO IV
DA REPRESENTAÇÃO PROPORCIONAL

Art. 105 – Fica facultado a 2 (dois) ou mais Partidos coligarem-se par ao registro de
candidatos comuns a Deputados Federal, Estadual e Vereador...

TÍTULO II
DOS ATOS PREPARATÓRIOS DA VOTAÇÃO

Art. 114 – Até 70 (setenta) dias antes da data marcada para a eleição, todos os que requerem
inscrição como eleitor, ou transferência, já devem estar devidamente qualificados e os
respectivos títulos prontos para a entrega, se deferidos pelo juiz eleitoral.
Parágrafo único – Será punido nos termos do art. 293 o juiz eleitoral, o escrivão eleitoral, o
preparador ou o funcionário responsável pela transgressão do preceituado nesta artigo ou pela
não entrega do título pronto ao eleitor que o procurar.

CAPÍTULO II
DAS MESAS RECEPTORAS

Art. 119 – A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos.
Art. 120 – Constituem a mesa receptora uma presidente , um 1° (primeiro) e um 2°(segundo)
mesários, 2 (dois) secretários e um suplente, nomeados pelo juiz eleitoral 60 (sessenta) dias
antes da eleição , em audiência pública, anunciada pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência.

§1º Não podem ser nomeados presidentes e mesários:


I – os candidatos e seus parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge;
II – Os membros de diretórios de partidos desde que exerçam função executiva;
III – as autoridades e agentes policiais bem como os funcionários no desempenho de cargos
de confiança do Executivo;
IV – Os que pertencerem ao serviço eleitoral.
26
§2°- Os mesários serão nomeados, de preferência entre os eleitores da própria seção,e, dentre
estes, os diplomados em escola superior, os professores, e os serventuários da Justiça.

Art. 124 – O membro da mesa receptora que não comparecer no local, em dia e hora
determinados para a realização da eleição, sem justa causa apresentada ao juiz eleitoral até 30
(trinta) dias após, incorrerá em multa de 50%(cinqüenta por cento) a 1(um) salário mínimo
vigente na zona eleitoral cobrada mediante selo federal inutilizado no requerimento em que
for solicitado o arbitramento ou através de executivo fiscal.

CAPÍTULO III
DAS FISCALIZAÇÃO PERANTE AS MESAS RECEPTORAS

Art. 131 – Cada partido poderá nomear 2(dois)delegados em casa munícipio e 2 (dois) fiscais
junto a mesa receptora, funcionando um de cada vez.

Art. 132 – Pelas mesas receptoras serão admitidos a fiscalizar a votação, formular protesto e
fazer impugnações, inclusive sobre a identidade do eleitor, os candidatos registrados, os
delegados e os fiscais dos partidos.

TITULO IV
DA VOTAÇÃO

Art. 135 – Funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados pelos juízes eleitorais 60
(dias) antes da eleição, publicando-se a designação.
...
§ 4º - É expressamente vedado o uso de propriedade pertencente a candidato, membro do
diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos
cônjuges e parentes, consangüíneos ou afins, até 2º(segundo) grau...

Art. 136 – Deverão ser instaladas seções nas vilas e povoados, assim como nos
estabelecimentos de internação coletiva, inclusive para cegos, e nos leprosários, onde haja,
pelo menos, 50 eleitores...
CAPÍTULO II
DA POLÍCIA DOS TRABALHOS ELEITORAIS

Art. 139 – Ao presidente da mesa receptora e ao juiz eleitoral cabe a polícia dos trabalhos
eleitorais.
CAPITULO III
DO INÍCIO DA VOTAÇÃO

Art. 144 – O recebimento dos votos começaram as 8 (oito) e terminará as 17(dezessete) horas.

CAPÍTULO IV
DO ATO DE VOTAR
27
Art. 148 – O eleitor somente poderá votar na seção eleitoral em que estiver incluído seu
nome.

CAPÍTULO V
DO ENCERRAMENTO DA VOTAÇÃO

Art. 156 – Até as 12 (doze) horas do dia seguinte à realização da eleição, o juiz eleitoral é
obrigado, sob pena de de responsabilidade, e multa de 1 (um) a 2 (dois) salários mínimos, a
comunicar ao Tribunal Regional, e aos delegados de partido perante ele credenciados, o
número de eleitores que votaram em casa uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem
como o total de votantes da zona.

TÍTULO V
DA APURAÇÃO

Art. 158 – A apuração compete:


I- às juntas eleitorais quanto às eleições realizadas na zona sob sua jurisdição.
II- Aos Tribunais Regionais a referente às eleições para governador, vice-governador,
senador, deputado federal e estadual, de acordo com os resultados parciais enviados pelas
juntas eleitorais.
III- Ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições para presidente e vice-presidente da
República, pelos resultados parciais remetidos pelos Tribunais Regionais.

CAPÍTULO II
DA APURAÇÃO NAS JUNTAS

Art. 159 – A apuração começará no dia seguinte ao das eleições e, salvo motivo justificado,
deverá terminar em 10 (dez) dias.

CAPÍTULO IV
DA APURAÇÃO NO TRIBUNAL SUPERIOR

Art. 212 Aprovada em sessão especial a apuração geral, o Presidente anunciará a votação dos
candidatos proclamando a seguir eleito presidente da República o candidato mais votado que
tiver obtido maioria absoluta de votos, excluindo, para apuração desta os em branco e os
nulos.

"Esse artigo também deixa claro que mesmo com maioria em brancos e nulos o presidente
seria eleito"

CAPITULO VI
DAS NULIDADES DA VOTAÇÃO

Art. 220 É nula a votação


28
I – quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à
letra da lei;
II – quando efetuada em folhas de votação falsas
III – quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das
17 (dezessete) horas;
IV – quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios;
V – quando a seção eleitoral tiver sido localizada com infração do disposto nos §§ 4º e 5º do
art. 135
PARÁGRAFO ÚNICO: A nulidade será pronunciada quando o órgão apurador conhecer do
ato ou dos seus efeitos e a encontrar provada, não lhe sendo lícito supri-la, ainda que haja
consenso das partes.

Art. 222 É também anulável a votação quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de
meios de que trata o art 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios
vedado por lei

"Nesses artigos ficam bem explícitos os casos no qual a votação poderia ser anulada ou
considerada inválida"

Art. 224 Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do País nas eleições presidenciais,
do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-
se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do
prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.

"No artigo 224 notamos que uma nova votação ocorreria somente nos casos dos artigos
anteriores que determinam como se caracteriza uma nulidade na votação."

CAPITULO VII
DO VOTO NO EXTERIOR

Art. 225 Nas eleições para presidente e vice-presidente da República poderá votar o eleitor
que se encontrar no exterior.

"O art 226 complementa que nesse caso o eleitor votarem Missão Diplomática ou no
Consulado Geral porém para que isto ocorre um mínimo de 30 (trinta) eleitores inscritos são
necessários."

1.3.1.5. PARTE QUINTA – DISPOSIÇÕES VÁRIAS


TITULO II
DA PROPAGANDA PARTIDÁRIA

Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por
eles paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos
adeptos
29

Art. 243 Não será tolerada propaganda:


I – de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem política e social ou de
proconceitos de raça ou de classes;
II – que provoque animosidade entre as forças armadas ou contra elas ou delas contra as
classes e instituições civis;
III – de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;
IV – de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento da lei de ordem pública;
V – que implique em oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio,
ou vantagem de qualquer natureza;
VI – que perturbe o sossego público, com algazarra ou abusos de instrumentos sonoros ou
sinais acústicos;
VII – por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir
com moeda;
VIII – que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municipais ou a
outra qualquer restrição de direito;
IX – que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou entidades que
exerçam autoridade pública.

§1º o ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem prejuízo e independentemente da ação
penal competente, poderá demandar, no Juízo Cível, a reparação do dano moral respondendo
por este o ofensor e, solidariamente, o partido político deste, quando responsável por ação ou
omissão, e quem quer que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para ele.
§3º É assegurado o direito de resposta a quem for injuriado, difamado ou caluniado através da
imprensa, rádio, televisão ou alto-falante, aplicando-se, no que couber, os artis.90 e 96 da Lei
n. 4117 de 27 de agosto de 1962

"Nos parágrafos citados estão determinados os recursos mais usados durante a propaganda
eleitoral gratuita veiculada na televisão e rádio, o TSE concede o direito de resposta que
muitos acompanham nos meios de comunicação"
CAPITULO II
DOS CRIMES ELEITORAIS

Art. 299 Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem , dinheiro,
dádiva ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer
abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Pena – reclusão até 4 (quatro) anos e pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa

Art. 323 Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
30
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou pagamento de 120 (cento e vinte) a 150
(cento e cinqüenta) dias-multa
PARAGRAFO ÚNICO A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou
televisão

Art. 324 Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda,


imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 10 (dez) a 40 (quarenta)
dias-multa

Art. 325 Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda,


imputando-lhes fato ofensivo à sua reputação:
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 5 (cinco) a 30 (trinta) dias-
multa

"Esses artigos são os principais nos crimes eleitorais e suas ocorrências"

TITULO V
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 365 O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é obrigatório e não interrompe o

interstício de promoção dos funcionários para ele requisitados.

"A convocação para o serviço eleitoral prefere a qualquer outro e é obrigatório com sanção

caso não comprido o chamado"

1.5. Eleições 2010

Neste ano, haverá Eleições Gerais para escolha de :

• PRESIDENTE
• GOVERNADORES
• SENADORES
31
• DEPUTADOS FEDERAIS e
• DEPUTADOS ESTADUAIS.

Os candidatos às eleições de 2010 devem respeitar uma nova regra: a Lei da Ficha Limpa (Lei
Complementar 135/2010). Em vigor desde o dia 4 de junho, a nova lei prevê que candidatos
que tiverem condenação criminal em segunda instância, ainda que caiba recurso, ficarão
impedidos de obter o registro de candidatura, pois serão considerados inelegíveis.
A nova lei, que também amplia prazos de inelegibilidade de três para oito anos, altera a Lei
das Inelegibilidades (LC 64/1990). O projeto atualiza e endurece a Lei Complementar 64/90,
que proíbe a candidatura de políticos que cometeram delitos no passado.

Veja na tabela abaixo o que muda na nova legislação eleitoral:

Legislação em vigor Projeto Ficha Limpa


Lei Complementar 64/90 Lei Complementar 135/10
O período de inelegibilidade O período de inelegibilidade é de
varia de três a oito anos, oito anos para todos os casos
dependendo do caso. Também previstos (desde que a decisão seja
varia a exigência de sentença transitada em julgado ou proferida
transitada em julgado e de por órgão judicial colegiado).
decisão colegiada.
São inelegíveis os que forem Ficam inelegíveis os que
condenados criminalmente, com praticarem crimes dolosos contra a
sentença transitada em julgado, economia popular, a administração
pela prática de crime contra a pública, o patrimônio privado e o
economia popular, a fé pública, meio ambiente.
a administração pública, o
patrimônio público, o mercado
financeiro, por tráfico de
entorpecentes e crimes
eleitorais, pelo prazo de três
anos, após o cumprimento da
pena.
Ficam inelegíveis os que
praticarem crimes eleitorais
(compra de votos, fraude,
falsificação de documento público)
e forem condenados à prisão.
Ficam inelegíveis os que
praticarem crimes de abuso de
autoridade, nos casos em que
houver condenação à perda do
cargo ou à proibição para o
exercício da função pública.
Ficam inelegíveis os que
praticarem os seguintes crimes:
32
lavagem ou ocultação de bens,
direitos e valores; tráfico de
entorpecentes e drogas afins;
racismo; tortura; terrorismo; crimes
hediondos; prática de trabalho
escravo; crimes contra a vida e a
dignidade sexual; e delitos
praticados por organização
criminosa, quadrilha ou bando.
São inelegíveis os que tiverem Ficam inelegíveis os que tiverem
suas contas relativas ao suas contas relativas ao exercício
exercício de cargos ou funções de cargos ou funções públicas
públicas rejeitadas por rejeitadas por irregularidades
irregularidade insanável e por configuradas como atos dolosos de
decisão irrecorrível do órgão improbidade administrativa.
competente, salvo se a questão
houver sido ou estiver sendo
submetida à apreciação do Poder
Judiciário.
São inelegíveis os detentores de Ficam inelegíveis os detentores de
cargo na administração pública cargo na administração pública
direta, indireta ou fundacional, direta, indireta ou fundacional que
que beneficiarem a si ou a praticarem abuso de poder
terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político e se
econômico ou político apurado beneficiarem com tal prática ou a
em processo, com sentença terceiros. A inelegibilidade é para a
transitada em julgado, para as eleição na qual concorrem ou
eleições que se realizarem nos tenham sido diplomados, bem
três anos seguintes ao término como para as que se realizarem nos
do seu mandato ou do período oito anos seguintes.
de sua permanência no cargo.
Como não consta tal proibição Ficam inelegíveis o presidente da
na lei, os políticos renunciam ao República, governadores, prefeitos
mandato antes de ser instaurado e parlamentares que renunciarem a
o processo de cassação evitando, seus mandatos desde o
com isso, a inelegibilidade. oferecimento de representação ou
petição para abertura de processo
pelo fato de infringirem a
Constituição e as leis orgânicas de
estados, municípios e Distrito
Federal para as eleições que se
realizarem durante o período
remanescente do mandato para o
qual foram eleitos e nos oito anos
subsequentes ao término da
legislatura.
Ficam inelegíveis os que forem
condenados por ato doloso de
improbidade administrativa que
33
importe lesão ao patrimônio
público e enriquecimento ilícito.
De acordo com a lei em vigor, já Ficam inelegíveis os condenados
são proibidas as candidaturas de pelo fato de terem desfeito ou
cônjuges para os cargos de simulado desfazer vínculo conjugal
prefeito, governador e ou de união estável para evitar
presidente da República. caracterização de inelegibilidade.
Também são inelegíveis, no
território de jurisdição do titular,
os parentes, consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por
adoção, do Presidente da
República, dos governadores e
prefeitos ou de quem os tenha
substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo
se já titular de mandato eletivo e
candidato à reeleição.
Ficam inelegíveis os que tenham
sido excluídos do exercício da
profissão por decisão de órgão
profissional competente, em
decorrência de infração ética e
profissional.
São inelegíveis os que tenham sido
demitidos do serviço público em
decorrência de processo
administrativo ou judicial.
Ficam inelegíveis pessoas e
dirigentes de empresas
responsáveis por doações eleitorais
ilegais.
Ficam inelegíveis magistrados e
membros do Ministério Público
aposentados compulsoriamente ou
que tenham perdido o cargo devido
à exoneração por processo
administrativo disciplinar.

CONCLUSÃO

Nosso trabalho visou demonstrar um visão geral da legislação e seus pontos principais que
muitos não tinham conhecimento ou regras eleitorais que muitos não conheciam na sua forma
positivada, concluímos que o processo eleitoral é democrático e se evoluiu através do tempo
para manter a ordem e primar sempre pela democracia do processo como vimos no seus
aspectos históricos. Com este trabalho podemos constar a importância do voto e como este é
34
um fator que pode mudar a características e caminho de um país desde que o sufrágio seja
feito com consciência. Tamanha é a importância do voto que este é regrado com um Código e
este como bem precioso deve ser feito com consciência.

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

- FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São

Paulo, 2001.
35
- TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL – www.tse.gov.br– acessado em 24/10/2010

- DIREITO ELEITORAL - http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_eleitoral - – acessado em

24/10/2010.

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