Você está na página 1de 23

Sociedade, Tecnologia e Ciência

Formador: David Germano

Material e conteúdo gentilmente cedido por Grupo EFA de Valadares


(http://groups.google.pt/group/efa-valadares)
e o desenvolvimento Rural
no contexto da PAC
 Já prevista pelo Tratado de Roma (1957), aquando da fundação da
Comunidade Económica Europeia, a Política Agrícola Comum surge
institucionalizada em Janeiro de 1962.

 O défice de produção, o aumento da dependência agro-alimentar e a


diminuição do nível de vida dos agricultores foram os principais factores
responsáveis pela criação da Política Agrícola Comum.

 Esta política tinha como grandes objectivos:

◦ garantir a auto-subsistência alimentar da população dos Estados-membros;


◦ aumentar a produtividade agrícola e o rendimento dos agricultores;
◦ estabilizar os mercados, assegurando preços razoáveis aos consumidores.
 A concretização dos objectivos iniciais da PAC passou por uma lógica de
incentivo à produção e à criação de uma Organização Comum dos Mercados
Agrícolas.

◦ desenvolvimento de técnicas agrícolas, da investigação agronómica e num


conjunto de incentivos aos agricultores, tais como: a garantia do escoamento dos
produtos, preços garantidos e protecções aduaneiras aos produtos comunitários.

◦ As OCM são instrumentos do mercado comum agrícola que eliminam os


obstáculos ao comércio intracomunitário de produtos agrícolas e asseguram uma
barreira aduaneira comum face a países terceiros. Podem assumir a forma de
regras comuns de concorrência, de coordenação das várias organizações
nacionais de mercado ou organização europeia de mercado.
 Princípios fundamentais que caracterizam o mercado agrícola comum são:
◦ mercado unificado (livre circulação de produtos agrícolas no espaço intracomunitário);

◦ preferência comunitária (os produtos europeus gozam de preferência e têm preços


vantajosos relativamente aos produtos importados);

◦ solidariedade financeira.

 Cumprindo e até ultrapassando o seu objectivo principal – a auto-suficiência


alimentar da Comunidade Europeia –, a agricultura encorajada pela antiga
PAC (1962) não se fez sem consequências.

De ordem:

◦ económica pelo excesso de produção;

◦ territorial pelo aumento das assimetrias entre economias;

◦ ambiental, pela sobre-exploração dos solos, especialmente os de maior aptidão agrícola.


 Perante o crescente avolumar dos excedentes de produção, dos
desequilíbrios regionais e a diversidade de problemas inerentes ao
alargamento da Comunidade de 6 para 12 países, concretizou-se em 1992,
a que até então, foi a maior de todas as reformas da PAC.

 A reforma da PAC de 1992 tinha como objectivos principais:


◦ reduzir os preços, a produção excedentária e os custos orçamentais de alguns
sectores;

◦ estagnar a subida dos rendimentos agrícolas;

◦ reduzir assimetrias entre Estados-membros;

◦ conceder subsídios aos agricultores que enveredassem por uma agricultura menos
intensiva e procedessem à florestação do solo agrícola;

◦ garantir a manutenção das explorações agrícolas familiares.


 Com a reforma da PAC de 1992 foram criados novos mecanismos de
controlo da produção quer pela formulação de novos critérios de ajuda, com
subsídios atribuídos em função da área das explorações e dos rendimentos
médios por hectare, quer pela redução da área cultivada.

 As dimensões estruturais, florestais e ambientais da PAC foram reforçadas


uma vez que as medidas de acompanhamento estabelecidas previam:
◦ reformas antecipadas, tendo em vista a diminuição do envelhecimento da população
agrícola;

◦ incentivos à reconversão cultural, pela florestação de solos agrícolas e a criação de parques


naturais;
◦ financiamentos específicos a zonas desfavorecidas, visando a protecção do meio ambiente e
dos recursos naturais (por ex., protecção das aguas superficiais e subterrâneas, diminuição
do uso de produtos químicos, desenvolvimento da agricultura biológica).
 Desenvolvimento Sustentável:
Consiste no crescimento económico capaz de satisfazer as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade de crescimento das gerações futuras.

 Por Agricultura Sustentável entende-se:

Agricultura que procura responder aos desafios económico, ecológico e social, ao


conciliar a produção e a obtenção de lucros, com a preservação do ambiente e a
melhoria das condições de vida da população rural.
A agricultura biológica é uma forma de exploração sustentável, alternativa à
agricultura tradicional.

 É um sistema de produção de base ecológica que recorre ao uso de boas


práticas agrícolas, visando:

◦ a manutenção e melhoria da fertilidade do solo,


◦ o equilíbrio e a diversidade do ecossistema agrícola,
◦ promover a qualidade ambiental, o bem-estar animal e a saúde humana.
 Recorre à prática de rotações variadas que incluem culturas de leguminosas,
à adição de estrumes, detritos orgânicos, rochas ou minerais triturados e ao
controlo biológico de pragas, não utilizando fertilizantes nem pesticidas de
síntese química.

 Promove a qualidade nutritiva dos alimentos e não apenas a quantidade.


 Baseado nas propostas da Comissão Europeia e ratificado pela Cimeira da
União em Berlim (1999), o pacote de reformas da Agenda 2000 procura
cumprir dois objectivos essenciais:

◦ o da modernização de algumas políticas fundamentais (a Política Agrícola


Comum e a Política Regional),

◦ o da preparação da União para o alargamento, tendo em vista a


concretização de uma União reforçada e alargada.
Os objectivos desta reforma da PAC são:

◦ promover a agricultura sustentável, a segurança e a qualidade dos


produtos;
◦ aumentar a competitividade dos produtos agrícolas comunitários;
◦ simplificar a legislação agrícola;
◦ reforçar a posição da União nas negociações no âmbito da OMC;
◦ estabilizar as despesas.
 «A Agenda 2000 consolidou a importância do Desenvolvimento Rural (DR)
ao considerá-lo como o segundo pilar da PAC».

Citado em Cláudia Lobato, 2004, p.80: Geografia – 11.º Ano

 Os principais objectivos do Desenvolvimento Rural são:

◦ criar um sector agrícola e silvícola forte;


◦ aumentar a competitividade das áreas rurais;
◦ preservar o ambiente e o património rural.
 Entre as medidas necessárias à concretização dos objectivos do
Desenvolvimento Rural, destacam-se:
◦ a modernização das explorações agrícolas;

◦ segurança dos produtos alimentares;

◦ existência de rendimentos estáveis e equitativos para os agricultores;

◦ fomentar práticas agrícolas sustentáveis;

◦ desenvolver actividades complementares e/ou alternativas para atenuar/impedir o


êxodo rural e reforçar o tecido socioeconómico das áreas rurais;

◦ valorizar a população activa agrícola através do apoio à instalação de jovens


agricultores, de reformas antecipadas e de formação;

◦ melhorar as condições de vida e de trabalho da população;

◦ promover a igualdade de oportunidades.


 «O que torna a agricultura tão especial? Porque razão ocupa um lugar
especial na União Europeia e está consagrada nos Tratados fundadores da
União? São três as razões geralmente apontadas. Primeiro, a intervenção
pública estabiliza os preços agrícolas, que de outra forma flutuariam com as
condições meteorológicas (...). O segundo argumento é que a auto-
suficiência do abastecimento alimentar é desejável de um ponto de vista
político e económico (...). A terceira razão é a de encorajar os agricultores a
permanecerem no campo e a gerirem e a preservarem o ambiente e a
paisagem rurais».
Site do Parlamento Europeu, 2005: Debate sobre a Política Agrícola da União Europeia
 Abrangendo os domínios da produção e comercialização do sector agro-
pecuário e ainda orientações relativas à política de desenvolvimento rural,
então considerado o seu segundo pilar, a Política Agrícola Comum constitui
uma das políticas mais importantes da União Europeia, representando a
agricultura e o desenvolvimento rural cerca de 46% das despesas anuais da
União.
 A adesão de Portugal trouxe alguns benefícios para o sector agrícola,
nomeadamente pelos recursos financeiros comunitários que têm sido
canalizados para o nosso país e que têm permitido aumentar os
investimentos no sector.

 É com velhos problemas de modernização numa agricultura ainda deficitária,


que Portugal entra para uma Comunidade que tendo já alcançado a difusão
do progresso técnico, o aumento da produtividade e a auto-suficiência
alimentar, está preocupada com uma política virada para a gestão dos
excedentes e a travagem da produção.
 Portugal acabou assim por não beneficiar dos apoios à produção que os
restantes Estados-membros haviam usufruído e foi penalizado, ao nível dos
preços e dos rendimentos, por um excedente de produção, pelo qual não
tinha sido responsável.

 Com a reforma da PAC de 1992, porque os subsídios eram aplicados em


função da área das explorações e dos rendimentos médios por hectare, os
nossos agricultores recebiam dos mais baixos subsídios, uma vez que
Portugal detinha a mais baixa dimensão média das explorações e
rendimentos inferiores aos da Comunidade.
 As orientações da política nacional continuaram fora do nosso contexto
agro-económico, deixando de lado a nossa agricultura de características
mediterrânicas.

 Houve um aumento das assimetrias entre explorações agrícolas, regiões e


Estados-membros. Repartição desequilibrada dos subsídios mesmo no
nosso país – cerca de 90% dos subsídios foi para 10% das explorações.

 A agricultura portuguesa tornou-se mais frágil com a abertura das


fronteiras, na medida em que os custos elevados de produção tornam
muitos dos nossos produtos incapazes de competir, em preço, com os do
mercado internacional, nomeadamente da União Europeia.
 Principais orientações estratégicas a adoptar em Portugal ao longo dos
próximos anos:

◦ Aposta na qualidade (dos produtos, dos processos produtivos, do ambiente e dos territórios);

◦ Máxima flexibilidade do mercado dos direitos associados ao regime de pagamento único ;

◦ Visão “equilibrada”no processo de concepção, aplicação e acompanhamento das condicionalidades;

◦ Programa coerente de apoio à agricultura biológica;

◦ Plano nacional de produção de biocombustíveis líquidos;

◦ Medidas selectivas de apoio ao investimento agrícola, agro-industrial e florestal;

◦ Medidas adequadas de âmbito agro-ambiental e agro-rural;

◦ Reforço significativo dos apoios à promoção dos mercados e à comercialização dos produtos
agrícolas portugueses a nível interno e externo;

◦ Reformulação e reforço das acções públicas e privadas no âmbito da investigação e desenvolvimento


agrícolas e do ensino e formação profissional agrícolas.
 A par da necessidade de modernizar o sector agrícola há a necessidade de
se encontrar actividades alternativas ou complementares que promovam o
desenvolvimento das áreas rurais, isto é, actividades que, devido à sua
multifuncionalidade, gerem efeitos multiplicadores, como a indústria, os
serviços ou o turismo.

 O desenvolvimento (sustentável) das zonas rurais em Portugal passa por:

◦ Promoção de estratégias diversificadas como a fomentação do ensino e formação


profissional e a criação de empregos fora da agricultura;

◦ Agricultura sustentável com medidas agro-ambientais e diversificação da utilização


agrícola dos solos;

◦ Apoio às PME’s e a sectores inovadores como as fontes de energias renováveis, bem


como da utilização de energias renováveis;

◦ Turismo rural;
◦ A expansão da Agricultura Biológica e a defesa dos Produtos
Tradicionais Regionais com certificação pela atribuição de uma
denominação de origem com identificação geográfica ou certificado de
autenticidade, assumem particular importância.
Material e conteúdo gentilmente cedido por Grupo EFA de Valadares
(http://groups.google.pt/group/efa-valadares)

Você também pode gostar