Você está na página 1de 9
1e. YENTURAS E DEEVENTURAS DO ANACRONISMO co anacronismo € verdadeiramente um dos asper int problemiticos para a reflexdo sobre a historia da Riki interessantes © mais que obistoriador sempre foi anacrénico em relagio i atual, precisamente por- iikimos trinta anos, as condigoes de osetia dea oo objeto. Direi que, nos, tio do anacronismo do historiador em relago a0 seu Cae arte tornam a ques- seressante, OW ‘mesmo excitante, Uindes ctehiina de ee nea mente in- bem, tentat) evitar 0 mais possivel o anacronismo. f umacareeeian ne ahistéria, enenhum historiador reclamaré o anacronismo rae =e pratica e que nele confia. Um artista ou um fildsofo tem odie oe a mesmo talvez.o seu dever sair do objeto do passado, do seu ra a vivera partir das questées de hoje. O historiador, esse, tem oe o trangimento, intelectualmente bastante excitante, de fingir que mi ii aquilo que é constitutivo da sua relagéo com 0 objeto. ne ‘ Um exemplo sobre o anacronismo a evitar: dizer que Rafael é um artista do século XVIII. E um erro que mesmo um estudante de 1° ano nao tem mais o di- reito de fazer apos quinze dias de aulas. Um exemplo um pouco mais complexo: falar de realismo em pintura antes de Courbet parece-me um anacronismo gra- ve. A nogao de realismo aparece na lingua francesa somente no inicio do século XIX~a primeira definigao de realismo ¢ a teoria das ideias segundo Plato. Eem 1855 que Courbet inaugura 0 uso do realismo na histéria da arte, com um con- tetido preciso, que ele explicita e que ¢ a sua prépria teoria: «Chamam-me rea- lista, pois bem, sejamos realistas!» Falar entio do realismo de Giotto, coisa que se encontra num certo niimero de livros de historia da arte, é, a meu ver, nao compreender este pintor. Que Giotto se interessa pelo real, que teve dele uma nova concepedio, tum desejo de representar de outra maneira que naoade Duccio ou Cimabue, certamente. Mas isso nao érealismo, ou entao nao compreendere- Tos porque é que Courbet diz que é realista € fiel ao realismo. Um outro exemplo pode ser dado a propésito dos irmaos Le Nain, il oe des pintores do século XVII francés: falar de realismo a seu propésito ¢ particyr lamente inadequado, dado que, se tiverem presente na memes alguns dos Seus quadros, eles so evidentemente € perfeitaments compostos segundo 0 138

Você também pode gostar