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Assistência de enfermagem a um paciente vítima de trauma utilizando a teoria


de roy e a cipe®

Article · January 2008


DOI: 10.5205/0201200804 · Source: DOAJ

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3 authors, including:

Patrícia JOSEFA FERNANDES Beserra Miriam Nóbrega


Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal da Paraíba
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ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.402-11169-1-LE.0201200804

Beserra PJF, Nóbrega MML da, Bittencourt GKGD. Nursing care to the patient victim of trauma…

ORIGINAL ARTICLE
NURSING CARE TO THE PATIENT VICTIM OF TRAUMA, USING THE ROY’S
THEORY AND THE ICNP®
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA UTILIZANDO A TEORIA
DE ROY E A CIPE®
ATENCIÓN DE ENFERMERÍA A UN PACIENTE VÍCTIMA DE TRAUMA USANDO LA TEORÍA DE ROY Y LA CIPE®
Patricia Josefa Fernandes Beserra1, Maria Miriam Lima da Nóbrega2, Greicy Kelly Gouveia Dias Bittencourt3
ABSTRACT
The traumas represent a great problem of public health, being the traffic accident the most frequent type of trauma and
its victims considered high risk patients due to the immediate unknowing of the happened lesions. In spite of time
limitations in the service to the trauma victim patient, a care of better quality can be rendered through the systematized
attendance, once, it allows to discover relevant data, to judge situations, to make decisions and to manage the care
discriminating the priorities and reactions, in a minimum of time and with a maximum of efficiency. This case study was
accomplished during the service to an accident, that happened on a public road, with the objective of describer the
nursing attendance to a trauma victim, taking as base the Model of Adaptation of Callista Roy, especially the physiologic
way of the adaptation, and the International Classification for the Nursing Practice  ICNP© Version Beta 2. After the data
collecting, an individual process of judgment on the trauma victim's answers and on the stimulus that were provoking
those answers took place. Starting from the collected data, it was possible to build the nursing diagnosis considering the
components in the physiologic way of adaptation; to establish the nursing goals and the nursing interventions.
Descriptors: nursing process; classification; accidents; nursing theory; nursing diagnosis.
RESUMO
Os traumas representam um grande problema de saúde pública, sendo o acidente de trânsito o tipo de trauma mais
freqüente e suas vítimas consideradas pacientes de alto risco devido ao desconhecimento imediato das lesões ocorridas.
Apesar das limitações de tempo no atendimento ao paciente vítima de trauma, pode-se prestar um cuidado de melhor
qualidade mediante uma assistência sistematizada, uma vez que, ela permite descobrir dados relevantes, julgar situações,
tomar decisões e administrar o cuidado discriminando as prioridades e reações, em um mínimo de tempo e com um
máximo de eficiência. Este estudo de caso foi realizado durante o atendimento de um acidente, que se deu em via
pública, com o objetivo de descrever a assistência de enfermagem prestada a paciente vítima de trauma, utilizando o
Modelo de Adaptação de Callista Roy e o sistema de Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem  CIPE®
Versão Beta 2. Após a coleta de dados, realizou-se um processo individual de julgamento sobre as respostas da vítima de
trauma e sobre os estímulos que estavam provocando essas respostas. A partir dos dados coletados, foi possível construir
os diagnósticos de enfermagem levando-se em consideração os componentes do modo fisiológico de adaptação;
estabelecer as metas e as intervenções de enfermagem. Descritores: processo de enfermagem; classificação; acidentes;
teoria de enfermagem; diagnóstico de enfermagem.
RESUMEN
Los traumas representan un gran problema de la salud pública, siendo el accidente de transporte el tipo más frecuente de
trauma y sus víctimas consideradas pacientes de elevado riesgo, debido al desconocimiento inmediato de las lesiones
sufridas. A pesar de las limitaciones de tiempo en la atención al paciente víctima del trauma, se puede prestar un cuidado
de mejor calidad a través de la atención sistematizada, una vez que, permite descubrir datos relevantes, juzgar la
situación, tomar decisiones y administrar el cuidado discriminando las prioridades y las reacciones en un mínimo de
tiempo y con un máximo de eficiencia. Este estudio de caso fue realizado durante la atención de un accidentado, que
sucedió en una vía pública, con el objetivo de describir la atención de enfermería a una víctima del trauma, tomando
como base el modelo de Adaptación de Callista Roy, especialmente el modo fisiológico de adaptación, y la Clasificación
Internacional para la Práctica de Enfermería  CIPE® Versión Beta 2. Después de la recolección de datos, se procedió a un
proceso individual de evaluación de las respuestas de la víctima del trauma y de los estímulos que estaban provocando
esas respuestas. A partir de los datos recogidos fue posible construir los diagnósticos de enfermería con base en los
componentes del modo fisiológico de la adaptación, establecer las metas y las intervenciones de enfermería.
Descriptores: proceso de enfermería; clasificación; accidentes; teoría de enfermería; diagnóstico de enfermería.
1
Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da
Paraíba — UFPB — João Pessoa (PB), Brasil. Docente da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança — João Pessoa (PB), Brasil. E-mail:
ticinhajfb@gmail.com; 2Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem em Saúde Pública e Psiquiatria e do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba — UFPB — João Pessoa (PB),
Brasil. B. Pesquisadora do CNPq. E-mail: miriam@ccs.ufpb.br; 3Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba — UFPB — João Pessoa (PB), Brasil. Professor Substituto do
Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul — UFRS — Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Email: greicykel@gmail.com

Trabalho desenvolvido na disciplina “Processo de Cuidar em Enfermagem” do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal da Paraíba
(UFPB). Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. João Pessoa (PB), Brasil, 2004.

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representa a resposta física aos estímulos


INTRODUÇÃO ambientais e envolve, principalmente, o
subsistema regulador. Esse Modo Fisiológico
Trauma é toda lesão produzida por um corresponde ás necessidades básicas de
agente mecânico ou físico.1 Traumatismo é o oxigenação, nutrição, eliminação, atividade e
termo médico utilizado para definir lesões de
repouso e proteção; os processos complexos
extensão, intensidade e gravidade variáveis desse modo estão associados com os sentidos, o
que podem ser produzidas por agentes
fluido e os eletrólitos, a função neurológica e a
diversos (físicos, químicos, psíquicos, entre função endócrina, e os quatro elementos
outros) e de forma intencional ou acidental. 2 essenciais do modelo são a pessoa, o ambiente,
Os traumas representam um grande problema a saúde e a meta de enfermagem.6
de saúde pública, devido ao aumento
alarmante de acidentes de trânsito e de A Pessoa é descrita como o receptor do
trabalho e os casos de violências/agressões, cuidado de enfermagem afirmando que pode ser
sejam as provocadas à própria pessoa ou a um indivíduo, uma família, uma comunidade ou
outrem, podendo ocorrer em qualquer faixa uma sociedade, e cada um é considerado pela
etária e em todos os grupamentos sócio- Enfermagem como um sistema adaptativo
culturais.1 holístico. O Ambiente é representado pelos
estímulos do interior da pessoa e os estímulos
O acidente de trânsito tem sido destacado em torno da pessoa. O ambiente é definido
como o tipo de trauma mais freqüente, como todas as condições, circunstâncias e
estimando-se que cerca de 6% das deficiências influencias que circundam e afetam o
físicas mundiais são causadas por esse tipo de
desenvolvimento e o comportamento de pessoas
acidente. No Brasil, as pesquisas revelam que e grupos. A Saúde é definida como um estado e
31% das mortes na faixa etária de zero a um processo de ser e de tornar-se pessoa total e
dezoito anos de idade são conseqüentes a integrada. O alvo da enfermeira que trabalha
acidentes de trânsito. Na Paraíba, os óbitos com esse modelo é promover a saúde da pessoa
por esses traumas ocorrem também em oportunizando as respostas adaptativas. A Meta
grande proporção, refletindo a realidade de enfermagem é entendida como a promoção
nacional, representando a terceira principal de respostas adaptativas em relação aos quatro
causa de óbitos no Estado, sendo superadas modos adaptativos. A Enfermagem procura
pelas doenças do aparelho respiratório, as
reduzir as respostas ineficientes e promove as
neoplasias e as doenças infecciosas e respostas adaptativas como comportamento de
parasitárias. A vítima do trauma deve ser saída da pessoa.7
considerada sempre um paciente de alto risco
pelo desconhecimento imediato das lesões O Modelo de Adaptação de Roy oferece
ocorridas e pela facilidade de, em breve diretrizes para a enfermeira na aplicação do
período de tempo, ter suas funções vitais processo de enfermagem. Os elementos desse
deterioradas. Em vista disso. É imprescindível processo de enfermagem incluem a
que os profissionais da área da saúde unam investigação do comportamento, a
esforços necessários ao atendimento desta investigação do estímulo, o diagnóstico de
clientela, para assisti-la de modo efetivo e enfermagem, o estabelecimento de metas, a
eficaz, em tempo hábil, de modo a intervenção e a avaliação. Os seis elementos
prevenir/reduzir as seqüelas resultantes e do processo de enfermagem de Roy são
recuperar a pessoa para que assuma seu papel paralelos às cinco fases do processo de
familiar e social.1 enfermagem.7 Embora essas etapas estejam
descritas isoladamente, é importante lembrar
Do ponto de vista da Enfermagem, acredita-
que o processo de enfermagem é contínuo e
se que a sistematização da assistência,
que suas etapas estão inter-relacionadas,
realizada mediante o processo de enfermagem, ocorrendo, muitas vezes, simultaneamente.
pode contribuir para a melhoria da assistência
prestada às vítimas de trauma. O processo de Para denominar os diagnósticos de
enfermagem é entendido como um instrumento enfermagem, as metas de enfermagem e o
metodológico que possibilita a Enfermagem planejamento das intervenções de enfermagem
identificar, compreender, descrever, explicar e foram utilizados os conceitos constantes nos
ou predizer como sua clientela responde aos eixos da CIPE® Versão Beta, que é considerada
problemas de saúde ou aos processos vitais, e como um instrumento de informação para
determinar que aspectos dessas respostas descrever a prática de enfermagem e,
exijam uma intervenção profissional, implica na conseqüentemente, prover dados que
existência de alguns elementos que lhes são representem essa prática nos sistemas de
inerentes.3-4 Sob o ponto de vista do Conselho informação em saúde.8)Esse sistema de
Internacional de Enfermagem, esses elementos classificação tem como foco a prática de
são: o que os exercentes da enfermagem fazem enfermagem descrita como um processo
(ações e intervenções de enfermagem), tendo dinâmico sujeito a mudanças. Seus
como base o julgamento sobre fenômenos componentes principais são os Fenômenos, as
humanos específicos (diagnósticos de Ações e os Resultados de enfermagem, num
enfermagem), para alcançar os resultados enfoque multiaxial.
esperados (resultados de enfermagem).5 Diagnóstico de enfermagem é definido como
O referencial teórico que guiou esse estudo o nome dado por uma enfermeira a uma decisão
foi o Modelo de Adaptação de Callista Roy, em sobre um fenômeno de enfermagem, que é o
especial o Modo Fisiológico da Adaptação, que foco da intervenção de enfermagem8, e deve ser
construído a partir dos conceitos contidos nos

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oitos eixos da Classificação dos Fenômenos de


Enfermagem: Foco da prática de enfermagem, RESULTADOS
Julgamento, Freqüência, Duração, Topologia,
Localização anatômica, Probabilidade, A investigação comportamental, como
Portador. Ação de Enfermagem é o desempenho primeira etapa do processo de enfermagem, é
das enfermeiras na prática assistencial, e, as considerada a coleta de respostas ou de
Intervenções de Enfermagem referem-se à ação comportamentos de saída da pessoa como um
realizada em resposta a um diagnóstico de sistema adaptativo em relação a cada um dos
enfermagem visando à obtenção de um quatro modos adaptativos. Os dados específicos
resultado de enfermagem. Uma intervenção de
são reunidos pela enfermeira mediante a
enfermagem é composta por conceitos contidos
nos eixos da Classificação das Ações de observação, medição cuidadosa e técnicas de
Enfermagem: Tipo de ação, Alvo, Recursos, entrevista. Essa investigação esclarece o
Tempo, Topologia, Local do corpo, Via, enfoque que a enfermeira tomará no
Beneficiário.9-10 atendimento ao cliente.7 Neste estudo, a
Na CIPE© Versão Beta, Resultado de enfermeira fez uma investigação dos estímulos
Enfermagem é definido como o estado ou a externos e internos que podiam estar afetando
medida de um diagnóstico de enfermagem, o comportamento da pessoa, coleta dados que
em um determinado período, após a permitiram identificar os estímulos focais,
implementação da intervenção de
enfermagem.8 Para o CIE, a Classificação de contextuais e residuais que causam impacto
Resultados de Enfermagem tem como sobre o paciente. Esse processo levou à
propósito começar a identificar e a distinguir obtenção da história do paciente.
as contribuições específicas da Enfermagem,  Histórico do paciente
numa perspectiva dos resultados nos cuidados
da saúde. Neste estudo os resultados de Júpiter, 24 anos, sexo masculino, vítima de
enfermagem correspondem às metas de trauma causado por acidente automobilístico
enfermagem do Modelo de Roy. ocorrido em 2004, em via pública, envolvendo
uma motocicleta e um carro de autopasseio,
Esse estudo teve como objetivo descrever a cuja cinemática foi a colisão frontal entre os
assistência de enfermagem prestada a um veículos, sendo a vítima o condutor da
paciente vítima de trauma, utilizando o motocicleta. No momento da chegada á
Modelo de Adaptação de Callista Roy e o ocorrência, o paciente encontrava-se caído a
sistema de classificação CIPE® Versão Beta 2.
cerca de dois metros dos veículos, usando
capacete e em decúbito ventral,
MÉTODO
aparentemente desacordado e apresentando
Trata-se de um estudo caso, realizado várias lesões. Iniciados os procedimentos de
durante o atendimento a uma vítima de atendimento constatou-se pulso presente e
acidente, que se deu em via pública. Durante a normal, PA=140X100 mmhg, vias aéreas
execução do estudo foram levados em desobstruídas, respiração regular,
consideração os aspectos éticos preconizados na expansibilidade torácica bilateral sem
Resolução N°196/96 do Ministério da Saúde que alteração, perfusão periférica preservada,
trata da pesquisa com seres humanos.11 De fratura em MIE (maléolo) e várias lesões
acordo com essa Resolução, dever-se-ia obter, externas visíveis: corte no queixo; escoriações
por escrito, a anuência dos participantes. no braço D, mão D, cotovelo D, coxa E, perna E;
Entretanto, dadas às características do estudo e perfuração no calcanhar. Pupilas normais
dos dados pretendidos e, em especial, às reativas à luz, abertura ocular ao comando.
características do paciente em estado crítico, e Obedecendo a comandos verbais, sonolento,
da ausência de responsáveis durante o tonto. Queixa verbal de dor, expressando
atendimento, o consentimento informado foi gemidos e máscara facial de dor. Presença de
obtido de modo verbal. sangramento: nas escoriações do braço D, mão
D, cotovelo D, coxa E, e perna E; no corte do
O estudo foi realizado com uma vítima de queixo; e na perfuração do calcanhar. Estado
trauma causado por acidente automobilístico, emocional alterado, verbalizando medo de
ocorrido em 2004. Para coleta de dados foi amputação e futuras seqüelas.
utilizado um instrumento construído e validado
por Arruda.1 Após a coleta de dados, realizou-se  Planejamento da assistência de
um processo individual de julgamento sobre as enfermagem
respostas da vítima de trauma e sobre os Roy descreve três métodos para realizar um
estímulos que estavam provocando essas diagnóstico de enfermagem, que são
respostas. Esse processo resultou em um quadro considerados como uma afirmação de respostas
individualizado contendo os componentes do adaptativas que a enfermeira deseja apoiar.6-7
modo fisiológico de adaptação de Roy, os Neste estudo os diagnósticos foram
diagnósticos de enfermagem denominados identificados utilizando-se o processo de
utilizando a CIPE® Versão Beta 2, além das raciocínio clínico, com a identificação dos
metas estabelecidas e intervenções de conceitos dos eixos Foco da prática e
enfermagem. Por fim, a partir dos dados Julgamento da CIPE®. A partir da identificação
contidos no quadro, realizou-se a dos diagnósticos foram traçadas as metas a
implementação e a avaliação do processo de serem alcançadas, que são os comportamentos
enfermagem. finais que a pessoa deve atingir e devem ser

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registradas como comportamentos do paciente adaptação.7


indicativos de resolução do problema de

Componentes do Diagnósticos de enfermagem Metas estabelecidas Intervenções de enfermagem


Modo Fisiológico
Proteção Ferida traumática Estancar sangramento  Observar as características das lesões;
Evitar contaminação da  Limpar as lesões com soro fisiológico;
ferida  Aplicar pressão manual sobre a área de
sangramento;
 Aplicar curativo de pressão no local do
sangramento;
 Repor ou reforçar o curativo de pressão
conforme apropriado;
 Colocar a extremidade que sangra em posição
elevada;
 Manter técnica asséptica no curativo.
Atividade Fratura MIE Manter posicionamento e  Apoiar a parte do corpo afetada;
imobilização do MIE  Aplicar tala;
 Imobilizar o MIE;
 Monitorar a circulação no MIE;
 Colocar o paciente na maca;
 Encaminhar ao hospital
Sentidos Dor aguda Reduzir a dor  Observar indicadores não-verbais de
desconforto;
 Avaliar a intensidade da dor;
 Reduzir ou eliminar os fatores que precipitem
ou aumentem a experiência da dor;
 Selecionar uma estratégia para alívio da dor;
 Verificar o nível de desconforto do paciente.
Função neurológica Medo excessivo Aliviar o medo  Reduzir a ansiedade oferecendo informações
sobre diagnóstico, tratamento e prognóstico;
 Permanecer com o paciente para promover a
segurança e reduzir o medo;
 Ouvir atentamente;
 Encorajar a verbalização de sentimentos,
percepções e medos.

As intervenções de enfermagem foram  Avaliação


planejadas, utilizando obrigatoriamente os eixos O processo de enfermagem é completado
de ação e alvo da CIPE® e como opcional os pela avaliação. As metas de comportamento são
demais eixos, com a finalidade de alcançar as comparadas com as respostas de saída da pessoa
metas estabelecidas, conforme apresentado no e é determinado o movimento em direção ou
quadro abaixo. afastamento da obtenção de metas. A
 Implementação readaptação às metas e às intervenções são
A implementação deve enfocar a ampliação da feitas com base nos dados de avaliação.6-7
capacidade de enfrentamento da pessoa, ou Fazendo-se o julgamento das respostas do
seu nível de adaptação, de forma que os paciente após a implementação das
estímulos totais permaneçam na capacidade intervenções de enfermagem planejadas, pode-
de adaptação. A enfermeira planeja se concluir que as metas estabelecidas foram
atividades específicas para alterar os alcançadas em quase sua totalidade,
estímulos selecionados apropriadamente.(7) demonstrando a importância de uma assistência
Ao chegar ao local do acidente, a equipe sistematizada. Só não foi possível colocar a
afastou os curiosos, observou o cenário do extremidade que estava sangrando em posição
acidente, identificou-se para vítima, colheu elevada, pois a mesma estava com uma fratura
alguns dados pessoais dela (nome, idade, e procurou-se movimentar o mínimo essa parte.
endereço) e começou de imediato o
atendimento observando sua respiração, pulso CONSIDERAÇÕES FINAIS
e orientação. Em seguida, com a finalidade de
Conforme já mencionado, os traumas
solucionar os problemas encontrados, foi
representam um grande problema de saúde
realizada uma série de intervenções, tais
pública, sendo o acidente de trânsito
como: observar as características das lesões;
limpar as lesões com soro fisiológico e destacado como o tipo de trauma mais
freqüente e suas vítimas consideradas
realização de curativo; aplicar pressão manual
pacientes de alto risco devido ao
sobre a área de sangramento e em seguida
desconhecimento imediato das lesões
fazer curativo de pressão no local; manter
técnica asséptica nos curativos; apoiar o MIE ocorridas. Apesar de as limitações de tempo
no atendimento ao paciente vítima de trauma,
na maca; aplicar talas e bandagens para
pôde-se prestar um cuidado de melhor
imobilizar o MIE; monitorizar a circulação no
qualidade utilizando uma assistência
MIE; observar indicadores não-verbais de
sistematizada, uma vez que, foi possível
desconforto, tais como, gemidos e máscara
facial de dor; procurar reduzir a dor limpando descobrir dados relevantes, julgar situações,
tomar decisões e administrar o cuidado
as lesões, aplicando curativos e imobilizando o
discriminando as prioridades, em um mínimo
MIE; reduzir a ansiedade do paciente
de tempo e com um máximo de eficiência.
oferecendo informações sobre o seu estado;
permanecer com o paciente para promover a A utilização da CIPE® Versão Beta 2 também
segurança, ouvindo-o atentamente e foi de suma importância no desenvolvimento da
encorajar a verbalização de sentimentos, assistência de enfermagem. Dessa maneira,
percepções e medos; colocar o paciente na utilizando como referencial teórico o Modelo de
maca; encaminhar o paciente ao hospital. Adaptação de Roy e a CIPE® Versão Beta 2 foi
possível, a partir dos dados coletados,

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construírem os diagnósticos de enfermagem


levando-se em consideração os componentes do
Modo Fisiológico de Adaptação; estabelecer as
metas de enfermagem e as intervenções de
enfermagem.

REFERÊNCIAS

1. Arruda AJCG. Perfil diagnóstico de


enfermagem de pacientes vítimas de trauma
admitidos em CTI, à luz do referencial teórico
de Roy. [dissertação]. Universidade Federal da
Paraíba  Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem; 2000.
2. Ferreira ABH. Miniaurélio século xxi
escolar: o minidicionário da língua
portuguesa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira; 2001.
3. Garcia TR, Nóbrega MML. Sistematização da
assistência de enfermagem: reflexões sobre o
processo. In: Anais do 52º Congresso Brasileiro
de Enfermagem, 2000, p. 231-43, Olinda.
Recife; 2001
4. International Council of Nurses. ICNP 
International Classification for Nursing
Practice  Beta Version. Geneva, Switzerland:
ICN, 1996, 195p.
5. Garcia TR, Nóbrega MML, Carvalho EC.
Processo de enfermagem: aplicação à prática
profissional. Online braz j of nurs [periódico
na Internet]. 2004 [acesso em: 20 nov 2006];
3(2):[aproximadamente 8p.]. Disponível em:
http://www.uff.br/nepae/objn302garciatal.h
tm
6. Galbreath JG. Sister Callista Roy. In:
George JB. Teorias de enfermagem: os
fundamentos para a prática profissional. 4ª
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000; p.206-
226.
7. Roy C, Andrews HA. Teoria da enfermagem:
o modelo de adaptação de roy. Lisboa:
Instituto Piaget; 2001.
8. Conselho Internacional de Enfermagem.
Classificação Internacional para Prática de
Enfermagem CIPE Beta 2. São Paulo:
CENFOBS/UNIFESP; 2003.
9. Nóbrega MML, Gutiérrez MGR. Equivalência
semântica da classificação de fenômenos de
enfermagem da CIPE. João Pessoa: Idéia;
2000.136p.
10. Conselho Internacional de Enfermagem.
Classificação Internacional para Prática de
Enfermagem (CIPE/ICNP). Tradução
Associação Portuguesa de Enfermeiros. Lisboa: Sources of funding: CNPq
Gráfica 2000; 2000. 201p. /Título original: Conflict of interest: No
ICNP®  International Classification for Date of first submission: 2007/10/19
Nursing Practice  Version Beta/. Last received: 2007/11/17
11. Brasil. Ministério da Saúde. Comissão Accepted: 2007/11/17
Nacional de Ética e Pesquisa. Conselho Publishing: 2008/01/01
Nacional de Saúde. Manual Operacional para Address for correspondence
Comitês de Ética em Pesquisa. Série CNS 
Patrícia Josefa Fernandes Beserra
Cadernos Técnicos, série A, Normas e Manuais
Faculdade de Enfermagem Nova Esperança
Técnicos, n. 133. Brasília; 2002. 83-91p.
CEP: 58064-000  Rua Artífice Pedro Marcos de
Souza, 12
Valentina de Figueiredo  João Pessoa (PB),
Brasil

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