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de olho no orçamento criança

Iniciativa

Parceria

Apoio

01 02
03 APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO geral 05 CADERNO 1
Apurando o Orçamento Criança –
Como calcular e analisar os gastos públicos em
benefício da criança e do adolescente
71 CADERNO 2
Promovendo o Controle Social do Orçamento Criança
– Iniciativas para aumentar os recursos públicos em
benefício da criança e do adolescente
141 bibliografia
145 anexos
147 Anexo I – Modelo de Solicitação de Informações
Orcamentárias
148 Anexo II – Funções e subfunções de governo
150 Anexo IIi – Leitura do Orçamento
152 Anexo Iv – Glossário

ficha técnica
Concepção e Coordenação Técnica: Alejandra Meraz Velasco
(Fundação Abrinq), José Antônio Moroni, Jussara de Goiás (INESC),
Manuel Rojas Buvinich, Marco Segone (UNICEF)
Redação e consultoria para o Material Pedagógico: Wieland
Silberschneider
Consultoria para a Metodologia de Apuração do Orçamento
Criança: Francisco Sadeck
Colaboração: André Araripe Pacheco de Souza (CCFL),
Jorge Kayano (Pólis),Talita de Araújo Maciel (CEDECA)
Supervisão: Fernanda Favaro e Solange Tassotti
Edição: Alejandra Meraz Velasco e Fernanda Favaro
Revisão: Verba Agência Editorial
Ilustração: Duke
Layout e Diagramação: Link EGF Estúdio Gráfico
Impressão: Margraf
Tiragem: 8.000 exemplares
ISBN: 85-88060-21-3
São Paulo, outubro de 2005

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O Brasil tem um gasto social similar ao dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvi-
mento Econômico - OCDE, correspondendo a quase um quarto do PIB, porém, estes recur-
sos nem sempre alcançam à maioria da população nem aos mais necessitados. Os dados do re-
latório Um Brasil para as Crianças, lançado em 2004 pela Rede de Monitoramento Amiga da
Criança reforçam esta afirmação. De acordo com o estudo, estima-se que até a primeira me-
tade do século XXI sejam gastos apenas 56% do total necessário para alcançar as metas inter-
nacionais na área da infância e da adolescência, assinadas junto às Nações Unidas.

A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente e colocam a criança e o adolescente


como prioridade absoluta das políticas públicas. Entretanto, o que significa ser prioridade? Sig-
nifica estar em primeiro lugar quando se desenha um programa de saneamento, de habitação,
de educação, de saúde. Significa ter mecanismos eficientes para a proteção contra abusos, vio-
lências e explorações. Mas, acima de tudo, significa ter recursos garantidos nos orçamentos fe-
deral, estadual e municipal para que seus direitos saiam, efetivamente, do papel.

Com a publicação do material de capacitação De Olho no Orçamento Criança – Atuando para priori-
zar a criança e o adolescente no orçamento público, a parceria da Fundação Abrinq, o Institu-
to de Estudos Socioeconômicos (INESC) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni-
cef) cumpre um dos seus mais importantes objetivos: oferecer à sociedade civil uma ferramen-
ta para o acompanhamento, a avaliação e a atuação política por um orçamento público que
priorize as crianças e os adolescentes, isto é, por um Orçamento Criança e Adolescente.

No âmbito desta parceria, formalizada em maio de 2003, tendo como referência os esforços iniciados
em 1995 pelas organizações governamentais e não-governamentais que formaram o Pacto pe-
la Infância, foi desenvolvida uma metodologia para o acompanhamento do Orçamento
Criança e Adolescente nas esferas municipal, estadual e federal. O material de capacitação
aqui apresentado detalha esta metodologia, dá elementos para sua análise e propõe estratégias
de mobilização pelo Orçamento Criança e Adolescente.

A esta iniciativa se somaram parceiros fundamentais no aperfeiçoamento da proposta. No ano de 2004,


a Save the Children UK passou a integrar a aliança, e introduziu no debate a necessidade de
desenvolver mecanismos para a participação de crianças e adolescentes, assim como apoiou
as ações do projeto no estado de Pernambuco. O Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), o
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-CE) e o Pólis - Instituto de Estudos,
Formação e Assessoria em Políticas Sociais vêm aplicando a metodologia proposta como pi-
loto nos estados de Pernambuco, Ceará e São Paulo, respectivamente, e contribuíram com sua
experiência para o aperfeiçoamento do mesmo. O Fórum Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente, a Fundação Kinder Not Hilfe e os Maristas somam seus esforços a esta ini-
Apresentação

ciativa com o objetivo de ampliar a divulgação e o alcance do material.

Ao colocar nas mãos de centenas de organizações e ativistas a possibilidade de alterarem o rumo das
verbas públicas que devem garantir, entre outros, educação, saúde e saneamento para as crian-
ças e adolescentes de suas comunidades, essa publicação busca ajudar a cumprir o que diz o Es-
tatuto da Criança e do Adolescente, em seu quarto artigo: “é dever do Estado, da sociedade e
da família” garantir os direitos de seus pequenos e jovens.

Mais do que isso, procura realizar um sonho ousado: dar à população mecanismos para que ela possa
entender os problemas relacionados ao bem estar de suas crianças e adolescentes, e agir sobre
eles. Isto é, promover sua participação efetiva sobre um bem que é seu. Como sabemos, a po-
pulação cumpre papel fundamental nesta luta.

Fundação Abrinq Instituto de Estudos Fundo das Nações Unidas


Socioeconomicos (INESC) para a Infância (UNICEF)

02 03 04
Investir em crianças e respeitar seus
direitos formam a base de uma
sociedade justa, uma economia forte e
um mundo sem pobreza.

Nações Unidas, 2002


caderno 1

apur ando
o o r ç a m e n t o C R I A N Ç A e a d o l e s c e n t e

Como calcular e analisar os gastos públicos em


benefício da criança e do adolescente
INTRODUÇÃO
7 para usar o caderno Apurando o Orçamento Criança
e Adolescente

CAPÍTULO 1
11 CONHEÇA O ORÇAMENTO CRIANÇA
12 1.1. Bases do Orçamento Criança e Adolescente
14 1.2. Orçamento Criança e Adolescente
15 1.3. Cálculo do Orçamento Criança e Adolescente
18 1.4. Análise do Orçamento Criança e Adolescente

CAPÍTULO 2
23 Entenda o Orçamento público
24 2.1. Ciclo orçamentário
25 2.2. Plano Plurianual (PPA)
26 2.3. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
27 2.4. Lei de Orçamento Anual (LOA)
28 2.5. Execução orçamentária
28 2.5.1. Programação e provisionamento
29 2.5.2 Licitação
30 2.5.3 Empenho da despesa
31 2.5.4 Liqüidação da despesa
32 2.5.5 Pagamento

CAPÍTULO 3
33 obtenha OS DADOS PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
34 3.1. Dados necessários
Apurando o OCA

35 3.2. Base orçamento anual


35 3.3. Base execução orçamentária
36 3.4. Leitura do orçamento

CAPÍTULO 4
43 calcule O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
Fase da Seleção Funcional
44 4.1. Apurando a partir da Seleção Funcional
45 4.2. Correlação das funções e subfunções

CAPÍTULO 5
55 calcule O ORÇAMENTO CRIANÇA – Fase da Seleção Direta
56 5.1. Apurando a partir da Seleção Direta
57 5.2. Buscando a consistência da Fase Funcional

CAPÍTULO 6
59 analise O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
60 6.1.Tipos de avaliação
61 6.2. Avaliação básica
62 6.3 Avaliação situacional
64 6.4 Avaliação temporal
65 6.5. Relatando as conclusões

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para usar
o caderno apurando o orçamento criança e adolescente

As páginas a seguir constituem um caderno para que você e sua comunidade possam
apurar, de forma simplificada e didática, o chamado Orçamento Criança e
Adolescente. O Orçamento Criança e Adolescente, que chamaremos algumas
vezes de OCA, constitui o levantamento do conjunto de ações e despesas do
orçamento público destinado à proteção e desenvolvimento da criança. Este
caderno contém as orientações para a seleção, agrupamento e apuração des-
sas ações e despesas a partir do orçamento de seu município ou de seu Esta-
do, ou ainda da União, de acordo com a Metodologia do Orçamento Crian-
ça e Adolescente (Metodologia do OCA), desenvolvida pela Fundação
Abrinq, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto de
Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Muitas comunidades já procuraram no orçamento de sua cidade e sabem que o orça-


mento público no Brasil não permite a identificação direta dos compromissos
de políticas públicas assumidos, tampouco o acompanhamento claro do seu de-
introdução

sempenho. Isso ocorre porque o orçamento público está submetido a exigên-


cias técnico-legais e imerso em uma cultura política de precária prestação de
contas. A Metodologia do OCA, que ora apresentamos nesta publicação, foi
estruturada justamente para superar essa obscuridade. Ela se destina a verificar,
apurar e analisar, a partir do orçamento público, o montante previsto e/ou gas-
to com ações gerais de proteção e desenvolvimento da criança pelo Poder Pú-
blico em um determinado período.

Além disso, a Metodologia do OCA foi desenvolvida em sintonia com as diretrizes con-
tidas no documento Um Mundo para as Crianças, aprovado pela Assembléia
Geral da ONU, e com as resoluções do Pacto pela Paz – agenda para o desen-
volvimento de políticas e planos de ação aprovada na IV Conferência Nacio-
nal dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizada em 2003. Orienta-se
também pela diretriz do artigo 4º da Convenção dos Direitos das Crianças, que
determina que “os Estados utilizem ao máximo os recursos disponíveis para a

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promoção das medidas administrativas, legislativas e de outra natureza” para
introdução a realização e não-violação dos direitos das crianças e dos adolescentes.

A iniciativa desse caderno insere-se na estratégia de promoção dos Objetivos de Desen-


volvimento do Milênio e do Pacto pela Paz, de modo a contribuir para a criação
de um verdadeiro Brasil para as crianças, com base no desenvolvimento hu-
mano ativo e sustentável. Seis dos Objetivos ajustam-se diretamente às metas
estabelecidas em Um Mundo para as Crianças e conjugam-se com as áreas de
atuação de um Pacto pela Paz (veja Quadro 1). Por meio da apuração do Or-
çamento Criança e Adolescente, pode-se acompanhar a sua implementação.

Nessa perspectiva, esta publicação apresenta-se como instrumento de ação para as or-
ganizações que atuam para efetivar os direitos das crianças e dos adolescen-
tes. Nas três esferas de governo, o OCA permite obter informações relevan-
tes sobre o desempenho dos programas e ações governamentais destinados a
reduzir a vulnerabilidade dos direitos das crianças e adolescentes. A Metodo-
logia já foi aplicada para analisar o Plano Presidente Amigo da Criança, apre-
sentado pelo governo federal, em agosto de 2003, durante a V Conferência
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A apuração do Orçamento Criança e Adolescente constitui uma poderosa ferramenta


para a promoção e a defesa dos direitos da infância e da adolescência. Ela per-
mite que a sociedade civil penetre na escuridão do orçamento público e tra-
ga à luz a realidade dos gastos públicos com a parcela da população de 0 a 18
anos de suas cidades, estados e até do país. Com o resultado do OCA, você e
sua comunidade terão à disposição informações importantes que contribuirão
para organizar sua ação. Você saberá qual o real esforço realizado pelo Poder
Público para beneficiar a causa da criança e do adolescente. Terá, sob seu do-
mínio, argumentos mais consistentes e ancorados no diagnóstico real de
atuação das autoridades públicas para reivindicar e tratar, junto a elas, a so-
O máximo de lução dos problemas sociais identificados. Poderá, assim, lutar para que as
recursos públicos para despesas voltadas para proteger e promover a criança sejam ampliadas, com a
as crianças respectiva ampliação de cobertura/oferta de serviços e qualidade da atenção,
Os Estados Partes adotarão todas as que é a prioridade do OCA.
medidas administrativas, legislativas
e de outra natureza, visando à
Nos seis capítulos a seguir, você encontrará orientações que o habilitarão a extrair e
implantação dos direitos
reconhecidos nesta Convenção. organizar informações do orçamento público para aplicar a Metodologia, as-
Com relação aos direitos sim como interpretar seu resultado. Você observará que as instruções do ca-
econômicos, sociais e culturais, os derno foram dirigidas para o levantamento na esfera municipal, mas podem
Estados Partes adotarão essas
também servir para a apuração do OCA no âmbito do orçamento da União e
medidas utilizando ao máximo os
recursos disponíveis e, quando dos estados, levando-se em conta as suas peculiaridades. O Capítulo 1 "Co-
necessário, dentro de um quadro de nheça o Orçamento Criança e Adolescente" apresenta sinteticamente a Me-
cooperação internacional. todologia do Orçamento Criança e Adolescente. O Capítulo 2 "Entenda o Orça-
Convenção sobre os Direitos
mento Público" aborda as principais questões sobre a organização dos orça-
das Crianças (art. 4º)
mentos e do processo orçamentário no Brasil, mostrando sua relação com o

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Orçamento Criança e Adolescente. No Capítulo 3 "Obtenha os Dados para o
introdução Orçamento Criança e Adolescente" encontram-se as orientações para obter as
bases de dados necessárias à apuração do OCA, assim como para sua interpre-
tação por meio da leitura da classificação funcional-programática do orçamen-
to, cuja função aprofundaremos mais adiante. Os capítulos 4 e 5 "Calcule o
Orçamento Criança e Adolescente – Fase da Seleção Funcional e Direta" tra-
zem os passos para o cálculo propriamente dito por meio da seleção funcional,
modo de operação que se baseia na classificação funcional-programática. No
último capítulo, "Analise o Orçamento Criança e Adolescente", são indica-
dos tipos de análise possíveis do OCA a serem escolhidos pelo interessado,
além de diretrizes para redigir o Relatório do OCA, que conclui o processo.

Ao longo do caderno, há dicas para facilitar o aprendizado (Siga por Aqui), assim como
documentos legais (Consulte a Legislação) mais relevantes a serem consultados.
Há também três níveis de alerta (Tempo Bom, Tempo Nublado e Tempo Ruim)
sobre episódios possíveis na fase de estudo e apuração do OCA.

Para que este caderno seja mais bem aproveitado, sugerimos consultar o Caderno 2
“Promovendo o Controle Social do Orçamento Criança e Adolescente”, em
que são analisadas diversas iniciativas para potencializar o uso das informações
organizadas a partir da apuração do OCA. Acesse também o site www.orcamen-
tocrianca.org.br para se manter atualizado sobre a metodologia e o projeto.

quadro 1

OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, eixos DO DOCUMENTO


UM MUNDO PARA AS CRIANÇAS E estratégias DO PACTO PELA PAZ

OBJETIVOS DE um mundo para as pacto pela paz


DESENVOLVIMENTO DO crianças
MILÊNIO

• Erradicar a extrema pobreza • Promovendo Vidas Saudáveis e • Saúde


e a fome Combatendo o HIV/Aids • Educação
• Atingir o ensino básico • Acesso à Educação de Qualidade • Cultura, Esporte e Lazer
universal • Proteção contra Maus Tratos, • Assistência Social
• Promover a igualdade entre os sexos Violência e Exploração Sexual • Proteção Especial
e a autonomia das mulheres • Erradicação da Violência Sexual
• Reduzir a mortalidade infantil • Prevenção e Erradicação do Trabalho
• Melhorar a saúde materna Infantil
• Combater o HIV/Aids, a malária • Aplicação de Medidas Socioeducativas
e outras doenças • Implantação e Implementação de
• Garantir a sustentabilidade ambiental Conselhos de Diretos,Tutelares e Fundo
• Estabelecer uma Parceria Mundial • Mecanismos de Exigibilidade de
para o Desenvolvimento Direitos
• Meios de Comunicação

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UM MUNDO para as crianÇas
Indicação de formulação relevante dos
documentos “Um Mundo para as Crianças” e
“Convenção dos Direitos das Crianças”.

Pacto pela paz


Indicação de formulação relevante do
documento “Pacto pela Paz”.

SIGA POR AQUI


Indicação de procedimento
importante para atingir determinado
objetivo no cálculo do Orçamento
Criança e Adolescente.

CONSULTE A LEGISLAÇão
Texto legal importante para sua ação.
legendas

Dicas, alertas e informações importantes para a apuração e a


No decorrer deste análise do Orçamento Criança e Adolescente.
caderno você
encontra as tempo bom NUBLADO RUIM
legendas mostradas
ao lado. Fique
atento: elas trazem
informações muito
importantes para
seu trabalho com o
Orçamento Criança
e Adolescente.

09 10 11
capítulo 1

conheça
o orçamento criança e adolescente
O Orçamento Criança e Adolescente é o resultado da aplicação
de uma metodologia para demonstrar e analisar o gasto público
com crianças e adolescentes. Não é um documento, nem mesmo
um conceito oficial. Sua concepção se orienta pelo princípio
de que uma sociedade justa, uma economia forte e um mundo
sem pobreza só serão possíveis com investimento na criança
e respeito aos seus direitos.

1.1. BASES DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

Desde a Cúpula Mundial pela Criança, realizada em 1990, “os dirigentes mundiais assu-
miram um compromisso comum e fizeram um apelo universal e urgente por um
futuro melhor por todas as crianças” (Um Mundo para as Crianças: p. 12). Esse
pacto resultou no estabelecimento de diversas metas para promover a proteção
e o desenvolvimento das crianças. Em 2002, durante sua Sessão Especial pela
Criança, a Assembléia Geral das Nações Unidas retomou a promoção e a pro-
teção dos direitos de todas as crianças, redefinindo objetivos e estratégias, que
culminaram no documento Um Mundo para as Crianças. Um mundo para as
crianças é entendido como aquele em que as crianças podem desfrutar de opor-
tunidades capazes de lhes proporcionar o desenvolvimento de sua capacidade
individual. Essa condição só pode ser alcançada com o apoio à família como
unidade básica de proteção, educação e desenvolvimento da criança. A pobre-
za crônica, por sua vez, é apontada como “o maior obstáculo para satisfazer as
necessidades, a proteção e a promoção dos direitos das crianças” (Um Mundo
para as Crianças: p. 20).
capítulo 1

Nessa perspectiva, “os governos e autoridades locais, mediante, entre outras coisas, o
fortalecimento da colaboração em todos os níveis, podem conseguir que as
crianças sejam o centro dos programas de desenvolvimento” (Um Mundo para as
Crianças: p. 29). Dos parlamentares, espera-se que “promulguem as leis necessá-
rias; facilitem e destinem recursos financeiros necessários para a implementação
de um plano de ação a favor da criança; e acompanhem e controlem sua utiliza-
ção eficaz” (Um Mundo para as Crianças: p. 29).

De fato, o Poder Público, paralela e conjuntamente com a sociedade civil, pode cumprir
importante papel para a proteção e desenvolvimento das crianças e adolescen-
tes. Desde a década de 1930, os Estados Nacionais são chamados a implementar
ações voltadas para o desenvolvimento social, para o qual somente a lógica do
mercado tem sido insuficiente. Ao longo de décadas, sistemas de proteção social
foram constituídos em diversos países, com destaque para sistemas públicos de
previdência social, educação e saúde.

11 12 13
capítulo 1 O Poder Público implementa tais ações ao edi- ciar a gestão do processo orçamentá-
tar a legislação pertinente, mas, princi- rio, de modo a conseguir o monitora-
palmente, quando realiza gastos para mento das ações para a criança e o
estruturar esses sistemas. Nos estados adolescente e promover a visibilidade
modernos, essas ações devem, obrigato- de sua execução, assim como oferecer
riamente, constar do orçamento públi- subsídios para a formulação de estraté-
co. Por tratar-se de lei que contém a gias de fortalecimento do sistema de
previsão de receitas e por ser o progra- garantia de direitos da criança e do
ma de trabalho do Poder Público para adolescente e para a luta pela imple-
um determinado período, o orçamento mentação de políticas públicas. Em
constitui peça fundamental para viabi- síntese, o projeto se orienta pelas se-
lizar as ações públicas. Compreender guintes diretrizes:
como ele se estrutura e agir para dire-
cioná-lo a favor de objetivos determi- a. Criação de mecanismos que permitam moni-
nados, no caso, políticas em benefício torar o planejamento e a execução orça-
das crianças, passa portanto a ter di- mentária na área da infância e da ado-
mensão estratégica. lescência nos três níveis de governo.

Na perspectiva de monitorar os gastos com po- b. Criação de uma rede de organizações que
líticas públicas direcionadas para monitorem o orçamento público vol-
crianças e adolescentes, foi constituí- tado a crianças e adolescentes em âm-
do no Brasil, em 1995, o Grupo Exe- bito local e trabalhem para que os go-
cutivo do Pacto pela Infância, que vi- vernos priorizem recursos crescentes
Eliminar a sa desenvolver uma metodologia capaz para tanto.
pobreza e de monitorar os gastos do orçamento
reduzir as público direcionados a crianças e ado- c. Disponibilização, para a sociedade, de infor-
lescentes. A primeira proposta meto- mações relativas ao planejamento e à
disparidades: dológica, chamada então de Orçamen- execução dos recursos destinados à in-
objetivo to Criança, foi desenvolvida em parce- fância e à adolescência realizados pela
principal ria pelo Instituto de Pesquisa Econô- União, estados e municípios.
A pobreza crônica mica Aplicada (Ipea) e a Fundação de
continua sendo o maior Assistência ao Estudante (FAE), com d. Priorização das ações voltadas para crianças e
obstáculo para o apoio do Fundo das Nações Unidas adolescentes, pelas organizações públicas.
satisfazer as para a Infância (Unicef). O Orçamen-
necessidades, a to Criança identificava as ações e res- Em sintonia com o acompanhamento do Orça-
proteção e a promoção pectivos recursos orçamentários do go- mento Criança e Adolescente, a Rede de
dos direitos das verno federal destinados a garantir a Monitoramento Amiga da Criança,
crianças. Como sobrevivência, o desenvolvimento e a formada por organizações sociais na-
conseqüência, a integridade de crianças e adolescentes. cionais e organismos internacionais,
eliminação da pobreza Uma revisão da proposta metodológi- formulou indicadores de monitora-
e a redução das ca foi realizada a partir do Projeto De mento das metas do documento Um
disparidades devem Olho no Orçamento Criança (POC), Mundo para as Crianças, como subsí-
estar entre os uma iniciativa da Fundação Abrinq dios para análises quantitativas das
principais objetivos de pelos Direitos da Criança e do Adoles- ações realizadas em benefício das
todas as iniciativas de cente, do Inesc e do Unicef, propi- crianças. A rede, organizada em comi-
desenvolvimento. (...) ciando sua extensão para as esferas es- tês temáticos, pretende acompanhar e
Investir na infância e taduais e municipais. avaliar as ações que o governo federal
realizar os direitos da desenvolverá nos próximos anos para
criança estão entre as O objetivo central da iniciativa do Projeto De cumprir os compromissos firmados pe-
formas mais efetivas de Olho no Orçamento Criança é atuar pa- lo Brasil ao assinar o Um Mundo para
erradicar a pobreza ra que o Poder Público dê prioridade as Crianças, analisando o desempenho
Um Mundo para absoluta à criança e ao adolescente no dos orçamentos e seu impacto real so-
as Crianças orçamento público. Para tanto, o pro- bre as condições de vida das crianças e
jeto propõe ações que buscam influen- dos adolescentes.

12 13 14
capítulo 1 1.2. ORÇAMENTO CRIANÇA E Nacional dos Direitos da Criança e do
ADOLESCENTE Adolescente (Conanda). A correspon-
dência entre os dois documentos pode
O Orçamento Criança e Adolescente, ou OCA, ser conferida no Quadro 2.
constitui o resultado da aplicação de
uma metodologia de seleção chamada A partir da correspondência, a Metodolgia de-
Metodologia do OCA, que permite finiu três esferas prioritárias de ação:
identificar, com clareza e objetividade, o
montante de recursos destinado à prote- (a) Saúde: ações de promoção de saúde, sanea-
ção e desenvolvimento da criança e do mento e habitação, e combate ao
adolescente. O orçamento público é HIV/AIDS.
uma lei que contém a previsão de recei-
tas e a programação de despesas do go- (b) Educação: ações de promoção da educação,
verno para o período de um ano. Ele é da cultura, lazer e esporte.
estruturado a partir de determinações le-
gais constantes principalmente da (c) Assistência Social e Direitos de Cidadania:
Constituição Federal, Lei nº 4.320/1964 ações de promoção de direitos e prote-
e Lei Complementar nº 101/2000, que ção e assistência social.
levam à classificação e ao registro das
despesas do Poder Público por unidades Com o intuito de melhor definir as ações consi-
administrativas (ministérios, secretarias, deradas essenciais para a criança, as esfe-
departamentos etc.), funções de estado ras prioritárias de ação foram detalhadas
(administração, saúde, educação, assis- em áreas de atuação e subáreas, como
tência social etc.), programas e ações mostra o Quadro 3. Para todas as áreas e
A Metodologia (projetos, atividades e operações espe- subáreas, a Metodologia do OCA apre-
do OCA não diz ciais) e natureza de despesas. Entretan- senta ainda a descrição detalhada dos
se os recursos to, tal classificação de ações e respecti- itens orçamentários que cada uma
são suficientes vas despesas destinam-se para a contabi- abrange, de modo a auxiliar sua identifi-
lidade dos gastos públicos. Ela não mos- cação no orçamento.
TEMPO NUBLADO tra clara e diretamente a destinação dos
A Metodologia do OCA recursos por setores sociais, tampouco A Metodologia considera como integrantes do
constitui um grande favorece a leitura das despesas progra- Orçamento Criança e Adolescente tanto
avanço na análise do madas sob o ponto de vista da imple- ações implementadas para a atenção di-
orçamento público e mentação de políticas públicas, como é reta às crianças e aos adolescentes
das políticas públicas o caso daquelas para a promoção e pro- quanto aquelas que melhoram as condi-
em benefício da teção da criança e do adolescente. ções de vida das famílias. Naturalmen-
criança e do te, ações cujo objetivo central é a crian-
adolescente, pois é A Metodologia do OCA tem como objetivo orga- ça, como as voltadas para a promoção
capaz de demonstrar nizar as informações contidas no orça- da educação e da saúde materno-infan-
de forma objetiva os mento público, de forma a esclarecer o til ou para a proteção contra a violência
recursos destinados em que se destina à promoção e ao desen- sexual, entre outras, ocupam posição de
seu favor. Entretanto, volvimento da criança e do adolescen- destaque, pois, sem elas, torna-se visível
ela ainda não permite te. Para tanto, a Metodologia descreve e imediata a ameaça à vida, à integrida-
avaliar se os recursos ações relevantes a favor da criança a se- de e ao desenvolvimento da criança. No
aplicados são rem identificadas no orçamento para entanto, a proteção e o desenvolvimen-
suficientes ou não, compor o Orçamento Criança e Adoles- to das crianças também estão direta-
embora o Projeto De cente. A definição desse conjunto de mente vinculados a aspectos do desen-
Olho no Orçamento ações foi feita em consonância com as volvimento econômico e social, sem o
Criança e Adolescente esferas prioritárias de ação apresentadas qual não se constrói sua cidadania. Nes-
pretenda atingir esse no documento Um Mundo para as se sentido, o OCA integra dois grupos
ponto. Ela oferece Crianças. Essas esferas se correspondem distintos de ações:
muitos elementos para com os eixos de ação indicados pelo
que a comunidade Pacto pela Paz, documento de estraté- (a) Um grupo que contém ações voltadas di-
avance nesse debate. gias de ação definidas pelo Conselho retamente para a promoção da criança

13 14 15
capítulo 1 e adolescente, denominado Orçamen- (a) A população de crianças e adolescentes pre-
to Criança e Adolescente Exclusivo sentes no total da população do país, do
(OCA-E). estado ou município, dependendo da es-
fera da governo analisada. Essa propor-
(b) Um grupo integrado por ações dirigidas para ção pode ser obtida por meio dos dados
a promoção e melhoria das condições de do Censo Demográfico ou da Pesquisa Na-
vida das famílias – que acabam também cional por Amostra de Domicílios (PNAD)
por beneficiar o desenvolvimento e a quando da necessidade de dados mais
proteção da criança e do adolescente, atualizados de estados ou União.
chamado de Orçamento Criança e Ado-
lescente Não Exclusivo (OCA-NE). (b) No caso dos gastos em educação, deve ser
usado o número total de matrículas no
A reunião desses dois agrupamentos de ações e nível de ensino analisado, em relação à
despesas compõe propriamente o Orça- competência da esfera de governo, dis-
mento Criança e Adolescente, chamado ponibilizado pelo: Ministério da Educa-
de Orçamento Criança e Adolescente ção (MEC)/ Instituto Nacional de Estu-
Geral (OCA-G), ou seja: dos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep)/ Diretoria de Tratamen-
Orçamento Criança ou Orçamento to e Disseminação de Informações Edu-
Criança Geral = Orçamento Exclusivo cacionais (DTDIE)/ Diretoria de Esta-
+ Orçamento Não Exclusivo tísticas da Educação Básica (DAEB).

Cabe ressaltar que pode haver dotações orça- O cálculo da proporcionalidade é um critério
mentárias pertencentes aos Orçamentos que dá realismo à apuração do Orça-
Exclusivo e Não Exclusivo dentro da mento Criança e Adolescente. Mesmo as-
mesma área ou subárea. Essa observação sim, é importante sempre determinar
é importante, pois, enquanto os valores diretamente a dimensão dos gastos com
apurados do Orçamento Exclusivo de- a criança e o adolescente na Fase de Se-
vem ser considerados na sua integralida- leção Direta (veja explicação na próxima
de, os valores do Orçamento Não Exclu- página). Assim, será possível avaliar
sivo devem ser submetidos ao cálculo da com maior precisão os eventuais acrés-
proporcionalidade. cimos de recursos em benefício da po-
pulação infanto-juvenil.
De acordo com a Metodologia, o valor encontra-
do de despesas do Orçamento Não Exclu-
sivo deve ser calculado considerando-se a 1.3. CÁLCULO DO ORÇAMENTO CRIAN-
quantidade proporcional de crianças e ÇA E ADOLESCENTE
adolescentes beneficiários. Esse cálculo
destina-se a dimensionar aproximada- Conforme será detalhado no Capítulo 3 "Obtenha
mente os benefícios de ações governa- dados para o Orçamento Criança", a Me-
mentais não diretamente voltadas para todologia do OCA prevê que os agentes
crianças e adolescentes, visto que atin- interessados busquem, em seu município
gem uma população maior do que a in- ou estado, o orçamento e os relatórios de
fanto-juvenil. Certamente, para proces- execução orçamentária para extrair deles
sar esse cálculo há diversos indicadores as informações necessárias ao cálculo do
populacionais específicos de crianças Orçamento Criança e Adolescente. Essa ta-
(por exemplo, o número de crianças com refa poderá ser um desafio. A Lei do Or-
deficiência) que devem ser considerados çamento Anual (LOA) é publicada, mas
quando são mais apropriados. Entretanto, o Relatório Resumido de Execução Orça-
na inexistência desses indicadores, a Me- mentária (RREO), que também é publi-
todologia sugere o uso de dois indicadores cado, não oferece as informações neces-
gerais para o cálculo da proporcionalida- sárias para o OCA. Isso significa a neces-
de (a serem aplicados adequadamente sidade de solicitar o relatório adequado à
por área de atuação), conforme se segue: prefeitura ou ao governo do estado ana-

14 15 16
capítulo 1 lisado. Contudo, embora a legislação mum na aplicação da Metodologia, ao
brasileira preveja o princípio da publici- mesmo tempo que se oferece, para aque-
dade das contas públicas, muitas prefei- les que detêm menor domínio da temá-
turas resistem em disponibilizar, o que tica orçamentária, uma orientação sis-
poderá exigir um ação judiciária. temática e didática para a apuração. Em
cada uma das fases, o levantamento das
De posse dos relatórios ou do orçamento, a tare- despesas a favor da criança e do adoles-
fa é identificar e selecionar as ações em cente é realizado das seguintes formas:
benefício da criança e do adolescente.
Como já foi dito, elas não são imediata- (a) Fase da Seleção Funcional: a partir da clas-
mente identificáveis. No atual marco sificação orçamentária funcional.
normativo orçamentário, o administra-
dor público pode decidir, no âmbito de (b) Fase da Seleção Direta: a partir da seleção
seu município ou estado, qual título dos projetos e atividades orçamentá-
conferir às ações orçamentárias (proje- rios pertinentes ao Orçamento Criança
tos e atividades), o que não permite ofe- e Adolescente.
recer uma orientação padronizada para a
pesquisa e identificação das informações Na Fase da Seleção Funcional, a Metodologia do
pertinentes na peça orçamentária. OCA orienta para a apuração do Orça-
mento Criança e Adolescente a partir da
As prefeituras e governos estaduais podem tam- identificação das funções e subfunções
bém destinar recursos para empreendi- orçamentárias apontadas como corres-
mentos distintos em um mesmo título pondentes às áreas e subáreas identifica-
de ação orçamentária, tornando igual- das pela Metodologia. As funções e sub-
mente difícil a verificação do que deve funções são classificações padronizadas
ser considerado para o OCA. Para não das ações governamentais registradas no
se incorrer em imprecisões dessa nature- orçamento, determinadas pela legislação
za, é preciso analisar cuidadosamente o orçamentária, que caracterizam as gran-
orçamento, atentando, sobretudo, para des frentes de atuação da administração
ações integrantes do Orçamento Criança pública (veja Capítulo 2 "Entenda o Or-
Não Exclusivo. Um exemplo interessan- çamento Público").
te dessa situação refere-se às despesas
com informática para a manutenção ad- Em virtude dessa padronização, a Seleção Fun-
ministrativa de escolas e para a estrutu- cional permite levantar de forma rápida
ração de laboratórios de informática pa- e direta as informações, independente-
ra ensino. Elas podem constar de uma mente de maiores exigências analíticas
mesma ação orçamentária (por exem- quanto à forma por meio da qual as
plo: Manutenção de Atividades Admi- ações que beneficiam a criança encon-
nistrativas), embora tenham relevância tram-se estruturadas no orçamento.
diferente para o cálculo do OCA. Por outro lado, esse levantamento ten-
de a registrar menor grau de precisão.
Para facilitar a identificação e seleção das ações Isso porque, de um lado, a classificação
que deverão compor o Orçamento orçamentária funcional envolve inter-
Criança e Adolescente, a Metodologia pretações de quem a realizou – nem
propõe que o levantamento seja feito sempre consensuais ou mesmo clara-
em duas fases complementares: (a) Se- mente explicitadas e justificadas – e
leção Funcional (veja Capítulo 4 "Cal- enfrenta a generalidade do enquadra-
cule o Orçamento Criança e Adoles- mento das ações governamentais em
cente – Fase da Seleção Funcional") e grandes frentes de atuação, que podem
(b) Seleção Direta (veja Capítulo 5 englobar ações de natureza distinta sob
"Calcule o Orçamento Criança e Ado- uma mesma classificação. Em outras
lescente – Fase da Seleção Direta"). O palavras, nessa fase corre-se o risco de
objetivo é possibilitar que todos os inte- incluir ações e despesas não pertinen-
ressados possam seguir um caminho co- tes, assim como excluir outras perti-

15 16 17
capítulo 1

nentes, devido ao alto grau de agrega- nifica que o analista do OCA busca ve-
ção da classificação funcional. Isso, po- rificar, a partir da titulação dos projetos
rém, não invalida a apuração inicial do e atividades do orçamento e de infor-
Orçamento Criança e Adolescente por mações adicionais obtidas junto a técni-
meio dessa fase. Essa forma de apura- cos do Executivo ou Legislativo, a cor-
ção constitui, sim, um primeiro passo reção e a coerência do levantamento
para superar a falta de clareza e publi- realizado por meio das funções e subfun-
cidade do orçamento público. ções indicadas pela Metodologia.

Já a Fase da Seleção Direta possibilita a devida e O exclusivo processamento da Fase da Seleção


precisa identificação das ações e respec- Direta, sem a apuração prévia de fun-
tivas despesas que devem compor o Or- ções e subfunções, é indicado para pes-
çamento Criança e Adolescente. Esse le- soas com pleno domínio da realidade
vantamento exige maior dedicação e orçamentária de seu município ou es-
apuro na pesquisa e análise do orçamen- tado. Nesse caso, a seleção do que de-
to, para correlacionar adequadamente os ve compor o Orçamento Criança e Ado-
títulos de projetos e atividades com as lescente é feita a partir da própria des-
áreas e subáreas indicadas pela Metodo- crição, no orçamento, das realizações a
logia. Isso implica certamente maior serem implementadas, que são chama-
tempo de análise e atenção à realidade das de projetos e atividades. Projetos
das políticas públicas do município ou e atividades orçamentários são descri-
estado analisado. ções sintéticas de ações governamen-
tais autorizadas para as quais são esta-
A Fase da Seleção Direta pode ser processada lo- belecidos valores monetários classifi-
go após a Fase da Seleção Funcional para cados conforme a natureza do gasto,
dar consistência ao levantamento, ou que são intitulados tecnicamente de
mesmo conduzida exclusivamente, uma dotações orçamentárias e, popular-
vez que permite, àqueles com maior co- mente, de verbas.
nhecimento sobre o orçamento do seu
município ou estado, a apuração direta No Quadro 4 "Fases Metodológicas para Apura-
das ações e despesas a favor da criança e ção do Orçamento Criança e Adoles-
do adolescente. O seu processamento cente" consta um resumo sobre o proces-
complementar à Seleção Funcional sig- samento de cada uma das dotações orça-

16 17 18
capítulo 1 mentárias. A Seleção Funcional consti- clusão de todos os gastos envolvidos na
tui uma fase facilitada, mas deve ser implementação das ações selecionadas,
considerada incompleta. Por isso, reco- exceto gastos com pagamento de inati-
menda-se a combinação das Fases Fun- vos (aposentados), pois eles não contri-
cional e Direta, uma vez que tal procedi- buem para a implementação das ações
mento garante, simultaneamente, apu- governamentais em curso. Ela procura
rar conforme as orientações da Metodo- destacar separadamente as despesas com
logia e refinar o levantamento segundo a pesquisas e atividades administrativas.
realidade orçamentária do município ou A Metodologia aponta a necessidade de
estado analisado. análise mais detalhada do que está sen-
do computado nesses casos como despe-
sas com informática, publicidade e en-
1.4. ANÁLISE DO ORÇAMENTO cargos gerais, entre outras.
CRIANÇA E ADOLESCENTE
Assim, para o Orçamento Criança e Adolescente,
A Metodologia oferece orientações para que, após as finalidades de gastos de cada ação no
a apuração do Orçamento Criança, seja orçamento podem ser distintas: desti-
feita sua análise. Os números do orça- nam-se à manutenção de atividades (cus-
mento não dizem tudo. Para transformá- teio) ou à expansão de programas e serviços
los em importante ferramenta de promo- (investimento). Os gastos também po-
ção e defesa das políticas públicas a favor dem estar voltados para a gestão das
da criança e do adolescente, a Metodolo- ações, como manutenção, administração,
gia orienta para que sejam reunidas in- pessoal e controle (despesas-meio), ou
formações complementares sobre a situa- com os programas e serviços propriamen-
ção político-administrativa da esfera pú- te ditos (despesas finalísticas), como o
blica analisada. A Metodologia sugere pagamento de fornecedores de bens e
estudos comparativos preliminares (veja serviços. Embora seja possível diferenciar
Capítulo 6 "Analise o Orçamento essas despesas a partir do orçamento, isso
Criança e Adolescente") que permitam é desnecessário pois a Metodologia con-
correlacionar sistematicamente os nú- sidera que todas são relevantes para via-
meros apurados e, assim, não reduzir a bilizar as ações voltadas à criança.
análise da atuação do Poder Público a fa-
vor da criança e do adolescente à simples As despesas com pessoal são consideradas inte-
avaliação dos gastos públicos. gralmente na apuração do OCA, exce-
Cálculo to o pagamento de inativos (aposenta-
Para tanto, a Metodologia propõe a elaboração dos), que é feita, em alguns municí-
recomendado do Relatório do OCA. O relatório deve pios, diretamente pela prefeitura. A
TEMPO BOM ser preferencialmente redigido com a Metodologia, porém, considera que
O Orçamento Criança e participação da comunidade, com des- tais despesas merecem atenção espe-
Adolescente pode ser taque para lideranças, economistas, as- cial, pois constituem a principal parce-
apurado de forma sistentes sociais, sociólogos etc., co- la de gastos. Analisá-las separadamen-
facilitada e ágil, por meio nhecedores das finanças e políticas pú- te, no entanto, constitui um desafio,
da Seleção Funcional, blicas do município ou estado. Nele pois o levantamento de todas as despe-
que considera a devem constar as avaliações quantitati- sas dessa natureza no orçamento públi-
pesquisa das funções e vas realizadas (básica, situacional e tem- co é muito complexo. Somente as des-
subfunções previstas na poral) e o parecer contendo as devidas pesas de pagamento de servidores pú-
classificação análises qualitativas, claras e contex- blicos (pessoal concursado e ocupantes
orçamentária oficial, tualizadas a partir da realidade políti- de cargos comissionados) encontram-
seguida da Seleção co-administrativa identificada sobre as se visivelmente registradas. Outros
Direta, que verifica, a políticas e gastos públicos com a crian- gastos relativos a pessoal, como empre-
partir da análise direta, a ça e o adolescente. sas de mão-de-obra terceirizadas, são
consistência do classificados no orçamento como pres-
levantamento. Durante a análise, é importante lembrar que a tação de serviços e não como despesas
Metodologia considera pertinente a in- de pessoal, o que dificulta sua identifi-

17 18 19
capítulo 1 cação. Além disso, muitas transferên- qual se refere, a política salarial vi-
cias de recursos para organizações da gente, o nível de atividade econômica
sociedade civil, sobretudo na área da e de inflação, entre outras questões.
assistência social, destinam-se a finan-
ciar serviços, cujo peso principal é a Vale dizer que as diversas áreas governamentais
contratação de pessoal para atendi- apresentam comportamento diferente
mento. Ainda que a legislação em vi- em relação a despesas com pessoal. As
gor não permita a destinação expressa áreas de saúde, educação e assistência
de recursos para essa finalidade, sabe- social são intensivas na contratação de
mos que esse tipo de contratação é ne- trabalhadores. Apesar disso, a participa-
cessário para complementar o quadro ção relativa desse gasto em relação às
geral de prestadores de serviço. demais despesas de custeio, em cada
uma dessas áreas, apresenta comporta-
Portanto, é preciso bastante conhecimento para mento distinto, devido às peculiaridades
se tirar conclusões sobre o volume de dos serviços. A área da saúde, por exem-
despesas com pessoal. Embora a Lei plo, demanda, de modo geral, mais insu-
Complementar nº 101/2000, determi- mos e gastos com manutenção de equi-
ne limites para esse tipo de gasto, ava- pamentos do que as outras áreas, geran-
liar gerencialmente a adequação dos do uma relação menor entre despesas de
gastos com pessoal requer diversas pessoal e custeio. Nesse caso, procure
análises sobre a legislação do municí- sempre apoio em sua comunidade para
pio ou estado, a natureza da ação à avançar nessas análises.

quadro 2

CORRELAÇÃO ENTRE ESFERAS PRIORITÁRIAS DE AÇÃO do “UM


MUNDO PARA AS CRIANÇAS” E EIXOS DE AÇÃO DO “PACTO PELA PAZ”

UM MUNDO PARA AS CRIANÇAS pacto pela paz


esferas Prioritárias de Ação eixos de Ação

1. Promoção de Vidas Saudáveis I. Saúde


2. Acesso à Educação de Qualidade II. Educação
3. Proteção contra os Maus Tratos, a Exploração e a Violência III. Cultura, Esporte e Lazer
3.1. Proteção Geral IV. Assistência Social
3.2. Proteção contra os Conflitos Armados V. Proteção Especial
3.3. Eliminação do Tráfico e da Exploração Sexual de Crianças V.1 Violência Sexual
3.4. Combatendo o Trabalho Infantil V.2 Trabalho Infantil
4 Combatendo o HIV/AIDS VI. Medidas Socioeducativas
VII. Conselhos de Direitos,Tutelares e Fundo
VIII. Mecanismos de Exigibilidade de Direitos
IX. Meios de Comunicação

18 19 20
capítulo 1 quadro 3

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO – ORÇAMENTO CRIANÇA

áreas de subáreas de FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES


atuação atuação DE GOVERNO
saúde

10 – Saúde
1.1. Combate à Mortalidade na 301 - Atenção Básica
Infância e Materna 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
306 - Alimentação e Nutrição

10 – Saúde
1.2. Promoção da Saúde 301 - Atenção Básica
302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
306 - Alimentação e Nutrição

10 – Saúde
1.3. Desnutrição 301 - Atenção Básica
303 - Suporte Profilático e Terapêutico
306 - Alimentação e Nutrição
• Abastecimento de Água
Esgotamento Sanitário 17 – Saneamento
1.4. Saneamento • 511 - Saneamento Básico Rural
• Coleta de Lixo
Saneamento 512 - Saneamento Básico Urbano

16 – Habitação
1.5. Habitação 481 - Habitação Rural
482 - Habitação Urbana

1.6. Suporte 10 – Saúde


Profilático/Terapêutico 303 - Suporte Profilático e Terapêutico

10 – Saúde
1.7. Combate a Doenças e 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
Agravos 303 - Suporte Profilático e Terapêutico

10 – Saúde
1.8. Combate ao HIV/AIDS 304 - Vigilância Sanitária
305 - Vigilância Epidemiológica

10 – Saúde
304 - Vigilância
571 - Desenvolvimento Científico
1.9. Pesquisas 572 - Desenvolvimento Tecnológico e
Engenharia
573 - Difusão do Conhecimento
Científico e Tecnológico

1.10. Atividades Administrativas 04 - Administração

educação
• Creche 12 – Educação
2.1. Educação Infantil • Educação Pré-escolar 365 - Educação Infantil
243 - Assistência à Criança e ao Adolescente

• Ensino Fundamental 12 – Educação


2.2. Ensino Fundamental • FUNDEF 361 - Ensino Fundamental

2.3. Ensino Médio 12 – Educação


362 - Ensino Médio

2.4. Alfabetização de Jovens e 12 – Educação


Adultos 366 - Ensino de Jovens e Adultos

2.5. Educação Especial 12 – Educação


367 - Educação Especial

19 20 21
capítulo 1 continuação do quadro 3

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO – ORÇAMENTO CRIANÇA

áreas de subáreas de FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES


atuação atuação DE GOVERNO

educação (cont.)

2.6. Ações de Impossível 12 – Educação


Desagregação 363 - Ensino Profissional
367 - Educação Especial
12 – Educação
2.7. Alimentação Escolar 306 - Alimentação e Nutrição
845 - Transferências
12 – Educação
2.8. Combate à Evasão Escolar 361 - Ensino Fundamental
362 - Ensino Médio
12 – Educação
2.9. Material Didático e 361 - Ensino Fundamental
Transporte Escolar 362 - Ensino Médio
785 - Transportes Especiais
2.10. Capacitação e Qualificação 12 – Educação
de Professores 128 - Formação de Recursos Humanos
13 – Cultura
2.11. Difusão Cultural 392 - Difusão
2.12. Desporto e Lazer 27 – Desporto e Lazer
12 – Educação
571 - Desenvolvimento Científico
2.13. Pesquisas 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia
573 - Difusão do Conhecimento Científico
e Tecnológico
2.14. Atividades Administrativas 04 – Administração

ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS DE CIDADANIA

• Defesa dos Direitos das 14 – Direitos da Cidadania


Crianças e Adolescentes 421 - Custódia e Reintegração Social
3.1. Sistema de Garantias de 422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos
Direitos • Criança/Adolescente em
Conflito com a Lei 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
• Conselhos Tutelares 846 - Outros Encargos Especiais

3.2. Exploração Sexual 08 – Assistência Social


243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
• Erradicação do Trabalho Infantil 08 – Assistência Social
3.3. Trabalho Infantil • Qualificação e Capacitação 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
• Profissional
• Educação Profissional
• Assistência à Criança e ao 08 – Assistência Social
3.4. Assistência Social • Adolescente 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
• Assistência Comunitária 244 - Assistência Comunitária
• Geração de Renda 334 - Fomento ao Trabalho
3.5. Transferência de Renda às 08 – Assistência Social
Famílias 845 - Transferências
08 – Assistência Social
14 – Direitos da Cidadania
3.6. Pesquisas 571 - Desenvolvimento Científico
572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia
573 - Difusão do Conhecimento Científico e
Tecnológico
3.7. Atividades Administrativas 04 – Administração

1. Descrição e numeração de Funções e Subfunções conforme a Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999, do MOG – DOU de 15.4.99.

20 21 22
capítulo 1 quadro 4

FASES METODOLÓGICAS PARA APURAÇÃO


DO ORÇAMENTO CRIANÇA

fases descrição situação


SELEÇÃO Apuração preliminar exclusivamente a partir do FACILITADA, porém incompleta, pois considera
FUNCIONAL levantamento das classificações funcionais- somente a apuração das funcionais-
programáticas indicadas pela Metodologia. programáticas recomendadas, mas carece de
consistência complementar.

SELEÇÃO Apuração a partir do levantamento das RECOMENDADA, pois permite realizar o


FUNCIONAL classificações funcionais-programáticas indicadas levantamento conforme a Metodologia e
+ pela Metodologia, seguida de verificação da adequá-lo à realidade.
consistência de aspectos selecionados do
SELEÇÃO levantamento a partir da análise dos títulos dos
DIRETA projetos/atividades orçamentários.

CÁLCULO Apuração direta a partir da identificação dos AVANÇADA, pois exige domínio, pelo analista,
projetos e atividades voltados para a criança e o da temática orçamentária e da realidade do
DIRETO adolescente. orçamento e políticas públicas do
município/Estado analisado.

Fluxograma da Apuração do Orçamento Criança e adolescente

Identificação e Seleção de
ações segundo a classificação
funcional-programática

Consistência da seleção de
ações e despesas feitas a partir
Lei do Orçamento
da Seleção Funcional
Publicada

Base Orçamento Seleção Funcional


Anual + Seleção Direta
Avaliação
Básica Mobilização
Mobilização Tabela de
Análise do Relatório do
para Cálculo do Totalização do com o
Obtenção Orçamento Avaliação Orçamento
levantamento Orçamento Orçamento resultado do
de dados Criança Dinâmica Criança
do Orçamento Criança Criança Orçamento
ROCA
Criança Criança
Avaliação
Temporal

Base Execução Fase de Seleção


Orçamentária Direta Exclusiva

Relatório de Execução Identificação e Seleção


Orçamentária por Órgão, de ações diretamente do
Projeto e Atividades orçamento

21 22 23
capítulo 2

entENDA
O O R Ç A M E N T O P Ú B L I C O
Para apurar e analisar o Orçamento Criança e Adolescente, é
preciso compreender como se estrutura o orçamento público no
Brasil. Basicamente, ele se organiza em torno de três leis principais
que, por estabelecerem entre si importantes relações, constituem
um ciclo orçamentário: a Lei do Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual. As informações
necessárias ao cálculo do OCA devem ser extraídas da Lei do
Orçamento Anual e dos relatórios de execução orçamentária, mas as
demais leis podem oferecer informações relevantes para a análise.

2.1. CICLO ORÇAMENTÁRIO

O cálculo do Orçamento Criança e Adolescente é feito a partir de informações da Lei do Or-


çamento Anual (LOA) e dos relatórios que mostram como ele foi executado.
Para levantar e analisar essas informações, é necessário entender o papel que
as outras duas leis orçamentárias, a do Plano Plurianual (PPA) e a de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), desempenham na definição e priorização das ações go-
vernamentais, assim como conhecer alguns conceitos técnicos definidos legal-
mente. As principais determinações legais para elaborar e executar os orça-
mentos públicos encontram-se presentes na Constituição Federal (Capítulo
II, Das Finanças Públicas). A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que ins-
titui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos or-
çamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Fe-
deral, por sua vez, estabelece as normas específicas sobre a elaboração e a or-
capítulo 2

ganização orçamentária, e a Lei Complementar nº 101, de 5 de maio de 2000,


Lei de Responsabilidade Fiscal, dispõe sobre diversas outras exigências, em
busca do estabelecimento da responsabilidade fiscal na gestão orçamentária.
Para a plena compreensão da forma e do conteúdo do orçamento público, a
consulta dessas leis é certamente obrigatória.

A Lei do Orçamento Anual constitui a principal referência para a Metodologia porque é


o documento orçamentário que, de fato, detalha o programa de trabalho do
governo. É a partir dessa autorização legislativa que a administração pública
realiza as despesas. Entretanto, a Constituição Federal exige não apenas a ela-
boração dessa lei, mas das duas outras já mencionadas, visando gerar um pro-
cesso sistemático de planejamento e publicidade dos gastos públicos. Assim, o
Plano Plurianual constitui-se de um plano de ação de médio prazo, enquanto
que a Lei de Diretrizes Orçamentárias cumpre o papel de definir a seleção de
prioridades de ação para o ano a partir do PPA, assim como as diretrizes para
a elaboração da LOA. Desse modo, a legislação espera que o detalhamento do

23 24 25
capítulo 2 programa da ação governamental para comum preestabelecido pelo gestor pú-
o período de um ano constante da blico, destinado à solução de um pro-
LOA reflita objetivos e prioridades blema ou ao atendimento de determi-
sistemáticos e coerentes. nada necessidade ou demanda da socie-
dade. Trata-se, portanto, de um grau de
Todo esse processo de planejamento, priorização agregação muito geral, que não permite
e detalhamento de ações envolvendo as visualizar claramente as ações do Orça-
três leis constitui o ciclo orçamentário. mento Criança e Adolescente. Apesar
Nele, segundo a Constituição Federal, a disso, dois elementos do PPA, os valo-
LDO deve ser compatível com o PPA e, res totais e as metas físicas, que são
logicamente, como a LDO orienta a es- calculados para cada programa do do-
truturação da LOA, esta também acaba cumento, podem contribuir para a in-
devendo ser compatível com o PPA. Em terpretação do OCA.
alguns municípios, de acordo com a sua
Lei Orgânica, a Constituição do municí- Os valores totais representam uma previsão de
pio, o Plano Plurianual deve ser compa- gastos para o período de quatro anos.
tível também com o Plano Diretor – pla- Uma vez feita a apuração do OCA,
no contendo diretrizes gerais para o de- você pode verificar se a execução
senvolvimento do município. anual do governo para a área da infân-
cia e adolescência está proporcional
ao previsto no PPA. Para isso, basta
2.2. PLANO PLURIANUAL (PPA) dividir o valor do PPA por quatro e
comparar tanto com o previsto na
No ciclo orçamentário, o Plano Plurianual, tam- LOA, quanto com o somatório dos va-
bém chamado de Plano Plurianual de lores realmente executados, conforme
Ação Governamental (PPAG), cons- os relatórios de execução orçamentá-
titui um documento de planejamento ria. Caso verifique valores proporcio-
estratégico por excelência, pois inclui nalmente menores, você pode questio-
diretrizes, objetivos e metas de investi- nar o representante do Poder Executi-
mentos (despesas de capital) e de vo de seu município sobre os motivos,
ações de duração continuada para qua- com vistas a obter argumentos mais
tro anos. Ele é elaborado no início de consistentes para suas conclusões.
Compare a cada nova administração e enviado,
execução do até o final de setembro, à Câmara de Uma outra variável importante para avaliar a ex-
orçamento com Vereadores ou à Assembléia Legislati- tensão da cobertura prevista para o pe-
a previsão do va, no caso dos estados. No entanto, ríodo de quatro anos são as chamadas
Plano Plurianual para uma informação mais precisa, é metas físicas do PPA. As metas físicas
recomendável consultar a data especí- quantificam, por exemplo, o número de
SIGA POR AQUI fica em que esse envio ocorre em seu beneficiários, de equipamentos construí-
Verifique se a soma dos município ou estado. Uma vez imple- dos, de municípios beneficiados, de pro-
valores financeiros mentado, o PPA vale até o final do fissionais capacitados que se pretende al-
executados no primeiro ano do próximo governo. cançar, permitindo assim avaliar a ex-
orçamento em cada ano, Portanto, quando um prefeito ou go- tensão da cobertura para o período. A
ou mesmo a soma das vernador inicia o mandato, está em vi- partir do somatório de metas físicas
metas físicas para um gor o Plano Plurianual aprovado na le- constantes da LOA com a previsão do
determinado programa gislatura anterior e em execução pelo PPA, também é possível fazer a análise
existente no Plano seu antecessor. comparativa da execução anual do go-
Plurianual, está verno para a área da infância. Vale des-
proporcionalmente No Plano Plurianual, o que o governo pretende tacar que nem sempre as metas físicas
adequada com realizar costuma estar descrito no âmbi- expressam adequadamente os objetivos
a previsão de gastos to de programas. Cada programa cons- a serem atingidos pelo programa, o que
para o período de titui uma agregação de ações (projetos pode implicar dificuldades para se che-
quatro anos. e atividades que não aparecem detalha- gar a conclusões consistentes sobre o de-
dos) que concorrem para um objetivo sempenho alcançado pelo Executivo.

24 25 26
capítulo 2

2.3. LEI DE DIRETRIZES e excessivamente técnica. Em geral, ela


ORÇAMENTÁRIAS (LDO) costuma repetir, com outras palavras, as
determinações legais já existentes.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi con-
cebida para que o Poder Executivo ante- Apesar do seu caráter relativamente genérico, a
cipe os critérios que deverão nortear a LDO oferece importantes oportunida-
elaboração da Lei Orçamentária Anual des para promover o controle social do
(LOA) e o seu conteúdo. Deve ser reme- Orçamento Criança e Adolescente, em ra-
tida ao Legislativo até 15 de abril de ca- zão das exigências da Lei Complemen-
da ano. Em alguns municípios e estados, tar nº 101/2000 (veja Capítulo 3 do Ca-
a data limite é 15 de maio. Por isso, é im- derno 1 “Promovendo o Controle So-
portante verificar a data exata em que is- cial”). Por meio dessa lei, pode-se solici-
so acontece em seu município ou estado. tar ao Poder Executivo que sejam esta-
belecidos critérios para transferência de
A Constituição Federal determina que a lei deve recursos para organizações privadas, co-
estabelecer metas, prioridades e diretri- mo também regras de avaliação de pro-
zes para orientar a elaboração da lei orça- gramas e ações, além de transparência
mentária e as alterações na legislação tri- de suas ações. A lei também pode ser
butária. Em princípio, as prioridades de- usada para definir critérios que evitem a
vem ser definidas a partir do PPA vigen- redução de recursos para as ações em
te. Entretanto, como os formatos da LDO benefício da criança e do adolescente,
e do PPA ainda não foram regulamenta- em caso de contingenciamento do orça-
dos por lei complementar, prefeitos e go- mento, isto é, de corte dos gastos devi-
vernadores tendem a remeter, para o Le- do à queda da receita efetiva comparada
gislativo, uma LDO bastante generalista com a receita prevista.

25 26 27
capítulo 2 2.4. LEI DO ORÇAMENTO ANUAL (LOA) Uma vez encaminhada a LOA, o Poder Legislati-
vo deve apreciá-la até o fim do exercício
A Constituição Federal estabelece, nos artigos 165 que antecede sua entrada em vigor. Isto é,
a 169, que é obrigação do Poder Execu- até o final de dezembro cabe aos parla-
tivo elaborar todo ano a Lei Orçamentá- mentares analisar e aprovar o orçamento,
ria Anual (LOA), estabelecendo a pre- pois ele deve entrar em vigor no primeiro
visão de receitas e a programação de des- dia de janeiro do ano seguinte. Os parla-
pesas para o ano seguinte. Ela represen- mentares têm a atribuição de fazer emen-
ta o grande momento de todo o ciclo or- das à proposta do Executivo, indicando
çamentário, pois todo o processo de pla- simultaneamente de onde são retirados
nejamento e priorização de ações deve os recursos e para onde devem ser trans-
ser traduzido nesse instrumento. A LOA feridos. Eles não podem movimentar re-
reúne os projetos e atividades, acompa- cursos destinados a pessoal e encargos,
nhados das respectivas despesas nas serviço da dívida e transferências tribu-
quais incorrerão, que constituem a base tárias constitucionais (art. 166, § 3º, II,
para a pesquisa e apuração do OCA. da Constituição Federal). Por outro lado,
eles podem, por exemplo, aprovar uma
Tal lei deve ser enviada ao Legislativo para apre- emenda que transfere recursos destinados
ciação e aprovação até quatro meses an- à construção de uma praça para a cons-
tes do encerramento do exercício finan- trução de uma escola.
ceiro (art. 35, § 2º, do Ato das Disposi-
ção Constitucionais Transitórias da A LOA é um documento único. Contudo, as do-
Constituição Federal), ou seja, até o dia tações orçamentárias, por determinação
30 de agosto de cada ano, no caso da da Constituição Federal, são identifica-
União, e 30 de setembro, em grande das como integrantes de três tipos de or-
parte dos estados e municípios. Portan- çamentos distintos:
to, é necessário verificar a data precisa
em que isso acontece em seu município (a) Orçamento Fiscal: inclui as despesas desti-
ou estado, assim como ocorre para as nadas à implementação dos serviços pú-
demais leis citadas. Caso o prefeito ou o blicos e à manutenção da burocracia pú-
governador não envie dentro do prazo blica.
legal o projeto da LOA, a Comissão de
Orçamento da Câmara Municipal ou (b) Orçamento de Investimentos das Estatais:
Assembléia Legislativa deve elaborar inclui as despesas com investimentos
uma proposta. Se a proposta enviada (obras e instalações, aquisição de veícu-
pelo Executivo for rejeitada pelos ve- los, material permanente, imóveis e par-
readores, de modo geral, passa a valer ticipações societárias etc.) das empresas
para o exercício seguinte o orçamento estatais em que o Poder Público, direta
do exercício em curso. ou indiretamente, detenha a maioria do
capital social com direito a voto.

(c) Orçamento da Seguridade Social: inclui as


Atenção para o calendário do Ciclo Orçamentário
despesas previstas no art. 202 da Consti-
TEMPO NUBLADO • Lei Orçamentária Anual (LOA): até tuição Federal (previdência social, assis-
Preste atenção nas datas em que o 30 de agosto. tência social e saúde).
Executivo envia as leis • Lei do Plano Plurianual (PPA)
orçamentárias ao Legislativo. Elas (proposta de PPA no primeiro ano de Para o OCA essa classificação é importante por-
variam entre estados e municípios e governo e, a cada ano, revisões): até que uma parte expressiva das despesas de
entre municípios de um mesmo 30 de agosto. promoção e proteção da criança é consi-
estado. Muitos seguem a data Em muitos lugares, a LDO costuma derada como gastos de seguridade social
prevista para a União, como segue: ser enviada em maio e a LOA e o que, na Constituição, desfrutam de um
• Lei de Diretrizes Orçamentárias PPA tendem a ser enviados até 30 de tratamento diferenciado. Desse modo, é
(LDO): até 15 de abril. setembro. possível analisá-las nesse contexto, veri-
ficando a evolução do Orçamento da

26 27 28
capítulo 2
ETAPAS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

PROGRAMAÇÃO E PROVISIONAMENTO ORÇAMENTÁRIOS: distribuição da cota orçamentária; confere ao


recurso orçamentário liberado o status de valor provisionado.
LICITAÇÃO: escolha do melhor preço e técnica para o fornecimento de bens e serviços.
EMPENHO: comprometimento efetivo das dotações orçamentárias; confere ao recurso orçamentário
provisionado o status de valor empenhado.
LIQUIDAÇÃO: verificação legal do fornecimento do bem ou serviço comprado para pagamento posterior;
confere ao recurso orçamentário empenhado o status de valor liqüidado.
PAGAMENTO: entrega de valores financeiros ao fornecedor do bem ou serviço adquirido; confere ao
recurso orçamentário liqüidado o status de valor pago.

Seguridade Social e a participação pro- orçamento em todos órgãos da adminis-


porcional dos gastos com crianças e ado- tração. Esse processo muitas vezes en-
lescentes (veja Capítulo 6 "Analise o volve a revisão de prioridades de ações e
Orçamento Criança e Adolescente"). tem como desafio a capacidade adminis-
trativa e executiva de cada órgão, o que
pode significar, ao final, o redimensio-
2.5. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA namento da programação originalmente
constante da LOA.
A apuração do Orçamento Criança e Adolescente
pode ser feita a partir das informações A execução orçamentária se desdobra em cinco
constantes na Lei do Orçamento Anual etapas executivas: programação, licita-
(veja Capítulo 3 "Obtenha os Dados ção, empenho, liquidação e pagamento.
para o Orçamento Criança e Adoles- Ao longo delas, os recursos previstos em
cente"). Mas o que se busca calcular, de cada dotação orçamentária (crédito or-
fato, é o resultado alcançado em favor çamentário autorizado na LOA) vão
da criança por meio da execução orça- gradativamente se transformando de re-
mentária, ou seja, a verificação do que cursos previstos e autorizados, chamados
Orçamento realmente foi gasto para a promoção e o de valores orçados, para valores provi-
público não é desenvolvimento das crianças e dos sionados (liberados pelo órgão responsá-
adolescentes. vel para processamento), valores empe-
obrigação de
nhados, valores liqüidados e, finalmen-
realizações A execução do orçamento consiste em um pro- te, valores pagos. Para a Metodologia do
TEMPO NUBLADO cesso que se inicia no começo de cada OCA, cada uma dessas etapas possui um
O orçamento público é ano e acaba no final de dezembro, no valor analítico.
uma autorização e não qual se programam e se realizam as des-
uma obrigação de pesas previstas, levando-se em conta a
realizações. É na disponibilidade financeira da adminis- 2.5.1 PROGRAMAÇÃO
execução orçamentária tração pública e o cumprimento das exi- E PROVISIONAMENTO
que o autorizado na Lei gências legais para a realização de despe-
do Orçamento torna-se sas. No entanto, como o orçamento pú- O início da execução orçamentária exige a libera-
realidade. Para o blico é uma lei autorizativa, ou seja, que ção da cota orçamentária, para que cada
Orçamento Criança e apenas autoriza o gasto público com unidade da administração municipal ou
Adolescente, é nessa ações de interesse coletivo, não há obri- estadual possa ter, à sua disposição, a
fase que se garante que gatoriedade de execução das demandas parte do orçamento que lhe cabe. A co-
o que foi previsto será nela previstas. Assim, as autoridades do ta é uma fração das dotações orçamentá-
realmente executado. Poder Público precisam autorizar e ope- rias. Em princípio, cada dotação pode
rar a execução das ações programadas no ser dividida em até 12 partes, caso a

27 28 29
capítulo 2 ação/despesa prevista possa ser adminis- ção orçamentária, ela não poderá ser exe-
trada em parcelas mensais, como a exe- cutada. (veja Capítulo 3 do caderno 2
cução de um contrato de prestação de “Promovendo o Controle Social”).
serviços. Entretanto, há despesas sazo-
nais, que podem exigir a disponibiliza- O processo de liberação da cota, em geral, fica a
ção de grande parcela da dotação. Um cargo da Secretaria de Planejamento,
exemplo disso é o que ocorre com a da Secretaria da Fazenda ou de quem
aquisição de medicamentos ou de outros desempenha papel correlato, que fixa a
produtos na área da saúde, cuja compra cota e faz o provisionamento de crédi-
para estoque é mais racional e econômi- to orçamentário nos projetos e ativida-
ca, embora a distribuição do produto des indicados com seus respectivos ele-
aconteça ao longo de meses. mentos de despesa (pessoal civil, mate-
rial de consumo, outros serviços e en-
De acordo com a Lei nº 4.320/1964, as cotas or- cargos etc.), autorizando então as uni-
çamentárias deveriam ser distribuídas por dades administrativas a realizar despesas
trimestre, sendo que cada unidade orça- no limite dos créditos provisionados.
mentária deve conhecer previamente a Normalmente, isso se processa em um
distribuição prevista das quatro cotas, pa- sistema informatizado, por meio do qual
ra poder programar adequadamente seu são emitidos os documentos necessários
funcionamento. Em razão da incerteza à realização das despesas. No caso da
quanto à disponibilidade financeira (di- União, temos o Sistema Integrado de
nheiro em caixa), o Poder Executivo tem Administração Financeira (Siafi).
tido o costume de liberar cotas bastante
limitadas, com o horizonte máximo de Feito isso, cada unidade pode encaminhar, para
três meses e de forma seletiva, isto é, não os setores competentes, suas solicitações
liberando recursos para todas as dotações de aquisição de materiais de consumo e
orçamentárias existentes. Para o Orça- permanentes, bem como de contratação
mento Criança e Adolescente, essa etapa de serviços de terceiros e de obras, ou se-
constitui um momento fundamental. O ja, nesse momento é que as ações come-
significado disso é que, caso não aconte- çam de fato a ser implementadas.
ça a liberação de uma determinada dota-

2.5.2 LICITAÇÃO

Acompanhe a suplementação do orçamento Autorizados os créditos orçamentários, as despe-


sas devem ser efetivadas por meio de
TEMPO NUBLADO autorização de um percentual para um processo de licitação. A licitação é
O orçamento público pode ser suplementação. Mas é comum o processo administrativo legal e públi-
alterado por meio de créditos haver encaminhamento de lei co ao qual o Poder Público deve se sub-
adicionais, que são chamados durante o ano para solicitar a meter para selecionar a proposta mais
popularmente de suplementação. suplementação. Há também o vantajosa financeira e tecnicamente,
Na verdade, a suplementação é um crédito adicional especial, que se para poder contratar ou comprar. O
tipo de crédito adicional em que refere à solicitação de créditos para processo busca assegurar, sobretudo, a
uma ação orçamentária recebe um uma ação que não existia no transparência dos atos públicos e a
reforço de seu valor por meio da orçamento, e os créditos igualdade na competição entre os for-
anulação de outra despesa prevista extraordinários, que são solicitados necedores interessados.
no orçamento (remanejamento), ou em caso de calamidade sem a
em razão do crescimento necessidade de autorização A licitação pode ocorrer em seis modalidades pa-
comprovado da receita. Ele precisa legislativa prévia. Para o OCA , é ra seleção de propostas comerciais, con-
obrigatoriamente ser autorizado por importante acompanhar esse forme o valor e a complexidade da aqui-
lei. Em geral, o Poder Executivo já procedimento, porque ele pode sição: convite, tomada de preços, con-
inclui esse pedido na própria Lei do alterar toda a programação corrência, leilão, concurso e pregão.
Orçamento, por meio da orçamentária. Nem todas as despesas precisam ser lici-
tadas para serem realizadas, como é o ca-

28 29 30
capítulo 2 so dos gastos com pagamento de pessoal de despesa sem prévio empenho”. O em-
ou mesmo do serviço da dívida pública. penho da despesa é o ato administrativo
Há também a previsão de situações de por meio do qual o Poder Público com-
inexigibilidade e de dispensa de licita- promete o crédito orçamentário provi-
ção, respectivamente quando há invia- sionado com a realização da despesa pre-
bilidade de competição ou determina- tendida. Em outras palavras, é a garantia
ção legal para não realizá-la. de que determinado recurso será usado
apenas para determinada ação.
De fato, sem licitação não se pode comprar ou
contratar a maioria das coisas necessá- Isso significa que o montante empenhado dos
rias ao funcionamento do serviço públi- recursos disponíveis não pode mais ser
co. Por outro lado, processos licitatórios utilizado para outra finalidade, impedin-
irregulares resultam em compras ou con- do que sejam realizadas novas despesas
tratações indevidas, com preços e quali- com o mesmo recurso liberado ou que
dade inadequados. Sem dúvida, quais- sejam assumidas despesas maiores do
quer dessas situações são prejudiciais à que o valor previamente autorizado.
consecução de ações previstas no Orça-
mento Criança e Adolescente. Para cada ato de empenho é emitida a nota de
empenho, que indica o nome do credor,
a especificação e o valor da despesa, bem
2.5.3 EMPENHO DA DESPESA como a dedução do valor desta do saldo
da dotação orçamentária própria.
Realizada a licitação, a administração pública es-
tá apta a consumar a despesa. No entan- Para a apuração do Orçamento Criança e Ado-
to, a Lei nº 4.320/1964, em seu artigo lescente, esse é um momento importan-
60, “proíbe expressamente a realização te porque, com o empenho, os recursos
orçamentários previstos em alguma
ação a favor da criança passam a estar
Valor empenhado, liqüidado ou pago? comprometidos com a implementação
da ação. Valores empenhados do orça-
TEMPO NUBLADO os valores de serviços realmente mento significam que já se cumpriu
Quando vamos analisar o já medidos e bens entregues. Caso etapa decisiva para viabilizar a ação,
orçamento público, sempre nos queira realmente saber o que foi embora não representem ainda o iní-
deparamos com a decisão sobre realizado e pago, disponha dos cio da ação prevista. Desse modo, a
qual desses três tipos de valores valores pagos. Os valores pagos só verificação dos valores empenhados
iremos trabalhar. Eles são bem vão se diferenciar em ações do OCA mostra o quanto já
diferentes, pois, como o orçamento significativamente dos valores está comprometido com essa finalida-
é uma autorização e não liquidados se houver inflação alta de, mas não realmente o quanto foi
obrigação de gastos, eles ou se o Poder Público estiver executado. Isso ocorre porque, como o
representam cada uma das fases contratando, comprando e não orçamento público é autorizativo, é
de sua execução. Assim, a questão pagando, ou seja, dando “calote”. possível, até o final do ano, anular ou
é escolher a fase que interessa Na prática, o que foi liqüidado mesmo não ser consumado o paga-
para a sua análise. Se você deseja rapidamente vira pago, mento daquilo que foi empenhado.
analisar o que já foi comprometido dependendo apenas do tempo da
do orçamento, então deve tomar burocracia para a tesouraria fazer É preciso estar atento para interpretar as despe-
os valores empenhados. Significa o pagamento, normalmente via sas empenhadas, visto que despesas re-
que foram comprometidos, mas bancos. De qualquer modo, para ferentes a contratos, por exemplo, po-
não necessariamente serão todos apurar o Orçamento Criança em dem ser empenhadas pelo seu valor glo-
pagos, podendo, inclusive, serem períodos completos de um ano, bal e só serem pagas à medida que forem
anulados até o final do exercício. recomenda-se a adoção de valores executadas e medidas. Por exemplo, um
Se você quer considerar o que já liqüidados que dão uma real contrato de prestação de serviços de lo-
foi realizado, analise os valores noção dos gastos dentro do cação de mão-de-obra pode ter a dura-
liqüidados. Você irá trabalhar com exercício. ção de um ano. Assim, se você estiver
apurando o Orçamento Criança e Adoles-

29 30 31
capítulo 2

cente executado no primeiro semestre das, tornam-se Restos a Pagar (RAP).


do ano por meio do valor empenhado, Isto é, transformam-se em compromisso
incluindo o contrato exemplificado aci- de execução e, portanto, de pagamento,
ma (iniciado hipoteticamente em janei- que continuam a existir sem constar no
ro do exercício corrente), é possível que orçamento do ano seguinte. Tais despe-
esteja computando todo o valor empe- sas extra-orçamentárias deverão ser qui-
nhado até dezembro, embora as parcelas tadas ao longo do ano conforme as re-
do segundo semestre ainda não tenham ceitas ingressam nos cofres públicos. O
sido pagas. O que ocorre para esse perío- Orçamento Criança e Adolescente não
do é que essa abordagem distorce os va- computa despesas registradas como Res-
lores porque a maioria das outras despe- tos a Pagar, pois são de difícil identifica-
sas terá sido empenhada só até o mês ção, uma vez que não aparecem no or-
executado e não até o final do ano. çamento vigente.

As despesas empenhadas também podem não


ser pagas, gerando débitos não honrados 2.5.4 LIQÜIDAÇÃO DE DESPESA
que poderão se tornar dívida de curto
prazo. Assim, o valor empenhado pode A liquidação da despesa é a etapa contábil na
ser maior do que o realmente executa- qual são verificados todos os documentos
do. No exemplo acima, imagine que, que comprovem a conclusão da despesa.
apesar de empenhado para todos os 12
meses do ano, o contrato de locação de Essa verificação deve confirmar a origem, o ob-
mão-de-obra pode não ser pago, diga- jeto, o valor e o destinatário do que se
mos, a partir do início do segundo se- deve pagar, juntando-se a isso os docu-
mestre. Assim, se você estiver apurando mentos do processo de licitação e con-
o período pelo valor empenhado, estará tratos, quando assim couber, bem como
computando valores que não foram, do a nota de empenho com a respectiva no-
ponto de vista financeiro, realmente ta fiscal do fornecedor ou comprovação
executados, embora o serviço possa ter do serviço contratado. Quando a despe-
sido prestado. sa se refere a obra ou serviço, deve cons-
tar um relatório (ou planilha) com a
Além disso, as despesas empenhadas e não pagas mensuração dos serviços prestados, que
ao final de um ano, quando não anula- precisa ser atestado pelo gestor do con-

30 31 32
capítulo 2 trato e servirá para o cálculo do paga- cisam ser pagos, carregando o risco de
mento a ser efetuado. No caso da com- não pagamento e correspondente gera-
pra de bens, um servidor responsável de- ção de dívida de curto prazo, fato que
ve atestar o seu recebimento e a sua con- tem sido realidade em diversas adminis-
formidade com as especificações da trações públicas.
compra, o que, normalmente, ocorre no
verso ou na frente do documento fiscal.
2.5.5 PAGAMENTO
Para o OCA, a apuração dos valores liqüidados
constitui uma etapa mais realista da im- O pagamento constitui a etapa final da execução
plementação de ações, pois já se refere a orçamentária. Após a liquidação da des-
despesas que foram realizadas e atesta- pesa, é emitida a nota de pagamento da
das, implicando serviços ou obras efeti- despesa, que autoriza a tesouraria a qui-
vamente implementados. Em virtude tar, via operação bancária, o compro-
disso, em algumas prefeituras e gover- misso efetivado. Para o Orçamento
nos estaduais, a expressão valor liqüida- Criança e Adolescente, a contabilização
do é usada praticamente como sinôni- dos valores liqüidados é a que materiali-
mo de valor pago. Entretanto, vale lem- za a plena consecução das ações progra-
brar que os valores liqüidados ainda pre- madas a favor da criança.

31 32 33
capítulo 3

OBTENHA
os dados PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
Para calcular o Orçamento Criança e Adolescente, você deve obter
os dados junto aos órgãos públicos. O passo seguinte é conseguir
ler corretamente a classificação funcional para, então, selecionar as
ações no orçamento que farão parte do OCA.

3.1. DADOS NECESSÁRIOS

O cálculo do Orçamento Criança e Adolecente exige que você tenha acesso a dados sobre
o orçamento de seu município ou estado. Para saber quais informações são neces-
sárias, você precisa ter certeza sobre o que pretende analisar. Para definir o objeti-
vo de sua análise, consulte o Capítulo 6 "Analise o Orçamento Criança e Adoles-
cente", que indica as principais possibilidades analíticas a partir do OCA e os res-
pectivos dados necessários para processá-las.

Em geral, é possível apurar o Orçamento Criança e Adolescente a partir da evolução dos


orçamentos anuais e da evolução da execução orçamentária. Para chegar a con-
clusões sobre as previsões de gastos a cada ano, é necessário analisar as informa-
ções constantes da LOA. Essa abordagem oferece conclusões gerais sobre a con-
cepção inicial do orçamento e a estratégia para enfrentar a situação da criança e
do adolescente. Já a análise do resultado da execução do orçamento permite ava-
liar a real destinação de recursos para promover e proteger a criança e o adoles-
cente e oferece elementos para acompanhar imediata e diretamente as realiza-
ções dos governos. Disso resulta a identificação de duas bases de dados possíveis
para o cálculo do OCA:

(a) Base do Orçamento Anual: dados constantes da Lei do Orçamento Anual.


capítulo 3

(b) Base da Execução Orçamentária: dados disponíveis em relatórios de acompa-


nhamento da execução orçamentária.

Estratégias distintas de mobilização são necessárias para obter essas bases de dados. En-
quanto a LOA é publicada e, portanto, relativamente acessível, os relatórios de exe-
cução orçamentária não estão condicionados a formatos predefinidos ou mesmo à
publicação obrigatória, o que torna mais complexa sua obtenção. Nas seções seguin-
tes, apresentamos orientações para se conseguir cada um deles.

Formalizar uma solicitação às autoridades públicas, dirigida preferencialmente ao Secre-


tário de Planejamento ou da Fazenda por uma organização representativa, é uma ação
recomendável para obter esses dados. Tais solicitações estão amparadas, sobretudo,
pelo princípio constitucional de publicidade das ações e realizações públicas, assim
como pela Lei Complementar nº 101/ 2000, que reafirma o direito a informações so-
bre o orçamento e a execução orçamentária. Outro caminho possível é solicitar ao

33 34 35
capítulo 3 Secretário de Assistência Social ou equi- 3.3. BASE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
valente, ou ainda ao Secretário-executivo
do Fundo dos Direitos da Criança e do As informações relativas à Base Execução Orça-
Adolescente de seu município ou estado. mentária exigem maior persistência, pois
No Anexo I há um modelo de ofício para não há obrigação legal expressa de di-
a requisição de informações. vulgação de relatório periódico de exe-
cução orçamentária por ação (projeto e
atividade). A Constituição Federal, ra-
3.2. BASE ORÇAMENTO ANUAL tificada pela Lei Complementar nº
101/2000, Lei de Responsabilidade Fis-
Para dispor da Base Orçamento Anual, devem- cal, determina a publicação, até 30 dias
se obter os quadros integrantes da Lei de após o encerramento de cada bimestre,
Orçamento Anual (LOA). Por determi- do Relatório Resumido de Execução Orça-
nação legal, a LOA é publicada antes do mentária (RREO). Embora composto
início do exercício, normalmente na últi- por vários demonstrativos referentes à
ma quinzena de dezembro, no Diário Ofi- execução da receita e da despesa, os for-
cial do município ou do estado ou mesmo matos dos demonstrativos integrantes
em um jornal de grande circulação. Con- do RREO não trazem a discriminação
tudo, nem sempre os quadros são publica- das despesas realizadas por ação orça-
dos na íntegra, devido ao grande volume mentária, o que não permite a apuração
que representam. Nesse caso, eles ficam
disponíveis em local público para consul-
ta. Em geral, após a aprovação pelo Leg-
islativo, o Executivo publica, no formato Atuando para obter as
de livro, o texto propriamente dito da lei informações
orçamentária acompanhado do conjunto
de quadros exigidos pela Lei nº TEMPO RUIM
4.320/1964. Essa publicação, que costu- Apesar de tratar-se de um direito constitucional,
CONSULTE ma ser constituída por dois volumes ou o acesso às informações sobre as finanças
A LEGISLAÇÃO mais, normalmente pode ser encontrada públicas, sobretudo aquelas relativas à
São instrumentos da nas Secretarias de Planejamento ou de execução do orçamento, costuma apresentar
transparência da Fazenda ou ainda na Presidência ou dificuldades. É sempre importante oficializar a
gestão fiscal, aos Comissão de Orçamento da Câmara Mu- solicitação, endereçando-a para a autoridade
quais deverá ser dada nicipal ou Assembléia Legislativa, con- pública adequada, preferencialmente ao
ampla divulgação, forme for o caso. Entre esses quadros, va- secretário responsável pela administração
inclusive em meios mos encontrar o que nos permite apurar dessas informações (Secretário da Fazenda ou
eletrônicos de acesso o Orçamento Criança e Adolescente. do Planejamento), com um prazo razoável para
público: os planos, atendimento como, por exemplo, 15 dias. Em
orçamentos e leis de Para a fase do cálculo funcional do OCA, é caso de negativa, deve-se tentar o prefeito ou o
diretrizes necessário que você identifique, dentre governador, ou mesmo o presidente da Câmara
orçamentárias; as os quadros da LOA, o Quadro Demons- Municipal ou Assembléia Legislativa, os quais
prestações de contas trativo de Despesas (veja Quadro 5). O têm poderes para demandar oficialmente as
e o respectivo parecer QDD apresenta a discriminação da des- informações. Na situação limite em que as
prévio; o Relatório pesa por cada órgão da administração, informações não são disponibilizadas,
Resumido da com as respectivas ações (projetos e ati- resta acionar o Ministério Público
Execução vidades) acompanhadas da previsão de em defesa do direito à informação
Orçamentária e o gastos por grupo de despesa. Cada ação pública. Para mais informações,
Relatório de Gestão vem acompanhada de uma codificação veja a seção 1.4. "Como Conseguir
Fiscal; e as versões exigida por lei, que se chama classifica- os Dados para Calcular o Orçamento
simplificadas desses ção funcional-programática. A partir da Criança e Adolescente",
documentos. interpretação dessa codificação, você no Capítulo 1 do caderno
Lei Complementar poderá selecionar as ações e despesas “Promovendo o
101/00, art. 48 que serão parte do OCA. Controle Social”.

34 35 36
capítulo 3 CONSULTE A LEGISLAÇÃO II - Demonstrativos da execução das:
O Poder Executivo publicará, até 30 dias após o a) Receitas, por categoria econômica e fonte,
encerramento de cada bimestre, relatório resumido da especificando a previsão inicial, a previsão atualizada
execução orçamentária. para o exercício, a receita realizada no bimestre, a
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 165, 3º realizada no exercício e a previsão a
realizar.
O relatório resumido da execução orçamentária b) Despesas, por categoria econômica
abrangerá todos os poderes e o Ministério Público, será e grupo de natureza da despesa,
publicado até 30 dias após o encerramento de cada discriminando dotação inicial,
bimestre e composto de: dotação para o exercício,
I - Balanço orçamentário, que especificará por categoria despesas empenhada e
econômica as: liquidada, no bimestre e
a) Receitas por fonte, informando as realizadas e a no exercício.
realizar, bem como a previsão atualizada. c) Despesas, por função e
b) Despesas por grupo de natureza, discriminando a subfunção.
dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo. Lei Complementar no101/00, art. 52

do OCA. Vale citar que tais formatos de dicando as despesas pagas para que você
demonstrativos são definidos pela Se- tenha em mãos todos os valores da execu-
cretaria do Tesouro Nacional (STN), ção orçamentária, e possa solicitar que
do Ministério da Fazenda. ele seja discriminado para todas as secre-
tarias com suas respectivas ações (proje-
De fato, para apurar a partir da Base Execução tos/atividades). Lembre-se de que as áreas
Orçamentária, necessitamos de um qua- de saúde, educação e assistência social ou
dro com o formato básico do Quadro De- trabalho são as que concentram a maioria
monstrativo de Despesas (QDD), que das despesas a ser apurada (veja a seção
traga a discriminação de projetos/ativida- 2.4 "Atuando Junto ao Poder Executivo",
des com a devida classificação funcional- do Capítulo 2 do Caderno “Promovendo
programática, e com os dados referentes o Controle Social”). Com essas modifica-
às despesas empenhadas, liquidadas e pa- ções, vamos chamá-lo de Relatório de Exe-
gas para o período desejado. Caso isso es- cução Orçamentária por Órgão, Projetos e
teja suficientemente claro para você, vá Atividades (RexO) que, na prática, cons-
em frente! Contudo, caso você queira ter titui-se em um Quadro Demonstrativo de
Defina qual uma justificativa legal para obter um qua- Despesas (QDD), com a discriminação de
análise dro nesse formato, ou mesmo dispor de dotação inicial, despesas empenhadas, li-
pretende uma referência que prove que sua solici- qüidadas e pagas, para um período solici-
realizar tação não é excessiva, solicite seu de- tado (veja Quadro 7).
monstrativo com base nos demonstrati-
SIGA POR AQUI vos previstos no RREO, com as comple-
Para saber qual base mentações necessárias, para atender às 3.4. LEITURA DO ORÇAMENTO
de dados buscar necessidades do Orçamento Criança e
(orçamento anual ou Adolecente, conforme descrito a seguir. Uma vez obtida a base correta de informações,
execução o próximo passo é selecionar as ações
orçamentária), é Entre os demonstrativos previstos no RREO, o governamentais que deverão compor o
preciso que você demonstrativo de despesas por função e sub- Orçamento Criança e Adolescente. No
defina previamente função é o que mais se aproxima das nos- cálculo funcional, tanto para a Base
qual análise pretende sas necessidades (veja Quadro 6). O de- Orçamento Anual quanto para a Base
realizar, conforme as monstrativo traz a discriminação de fun- Execução Orçamentária, é preciso saber
orientações do ção e subfunção e os detalhes das despe- fazer a leitura do orçamento. Isto sig-
Capítulo 6 "Analise o sas (empenhadas e liqüidadas), validando nifica saber ler a dotação orçamentária
Orçamento Criança e a perspectiva de que são informações le- para identificar os projetos e atividades
Adolescente". galmente pertinentes para divulgação. corretos, que representam as ações a
Faltará apenas introduzir uma coluna in- serem incluídas.

35 36 37
capítulo 3 Conforme já foi mencionado, no orçamento as da função Assistência Social, como,
obras e os serviços a serem realizados são por exemplo, a subfunção Assistência
programados na forma de projetos e ativi- à Criança e ao Adolescente.
dades. Projetos e atividades são os títulos
das ações governamentais que cada órgão Além disso, em cada projeto ou atividade, os
está autorizado a implementar, acompa- gastos previstos são classificados confor-
nhados dos respectivos créditos orçamen- me sua categoria econômica, grupo de
tários destinados ao pagamento das despe- despesa e elemento de despesa. Cada
sas de pessoal, compra de bens e contrata- elemento de despesa determina um tipo
ção de obras e serviços durante o período de gasto, estabelecendo se os recursos são
de um ano. Esses projetos e atividades destinados, por exemplo, para gastos com
aparecem de modo claro no Quadro de pessoal, com obrigações patronais, equi-
Detalhamento de Despesas (QDD). pamentos e materiais permanente e assim
por diante. Em cada elemento de despe-
De acordo com a legislação em vigor, cada pro- sa, os créditos orçamentários podem ser
jeto e atividade deve ser classificado se- alocados segundo as fontes de recursos
gundo a sua natureza, tanto para ajudar que os financiam. As modalidades de
na apreciação das ações e despesas pro- aplicação destacam o ente público ou pri-
Confira sempre gramadas, quanto para possibilitar a vado a que se destinam as despesas, o que,
contabilidade nacional, de forma unifi- entretanto, não é obrigatório.
mudanças na
cada, dos gastos governamentais.
classificação Toda essa classificação aparece no orçamento
funcional- Em geral, os projetos e atividades encontram-se como uma codificação dos projetos/ativi-
programática alocados pelo órgão e unidade orçamen- dades, recebendo o nome de classifica-
tária (secretaria, superintendência, fun- ção funcional-programática. Ela se re-
TEMPO NUBLADO do, empresa, fundação, administração veste de grande importância para a pro-
Verifique sempre, junto à regional, autarquia etc.) responsável pe- gramação das ações governamentais,
Secretaria do Tesouro la sua implementação. Em alguns entes pois oferece sinteticamente subsídios pa-
Nacional (STN), Ministério públicos, ela pode receber outro nome, ra analisar de modo qualitativo as finali-
do Planejamento, como unidade de despesa ou unidade de dades das ações e a natureza dos gastos
Orçamento e Gestão (MP) gestão. Ora, quando localizamos um pro- previstos no orçamento. Na realidade, a
ou à Secretaria de jeto ou atividade em uma unidade orça- funcional-programática representa a jun-
Orçamento Federal (SOF), mentária, vemos que ele está ligado a ção de quatro classificações:
a existência de eventuais um outro título mais abrangente de ação
mudanças ou que se chama programa. O programa é (a) Classificação institucional: codificação,
atualizações dos quadros
um conjunto de projetos e atividades cujo padrão é definido por cada ente pú-
de Função, Subfunção e
que contribuem para o alcance de um blico, destinada a identificar órgãos e
Natureza de Despesa.
mesmo objetivo. Trata-se de uma agre- unidades orçamentárias.
Essas três classificações
gação concebida para conferir à defini-
são iguais para as três
esferas de governo. ção das ações caráter mais sistemático de (b) Classificação funcional: codificação obri-
Confirme, ainda, junto aos política pública. gatória e padronizada para estados,
órgãos responsáveis municípios e União, oriunda da Porta-
pelos orçamentos, nos Os projetos e as atividades, por sua vez, en- ria MOG n° 42, de 14 de abril de 1999
municípios, estados e contram-se classificados conforme (vide Anexo II), que discrimina a des-
União sobre possíveis funções e subfunções, que descrevem pesa por funções conforme estabelece
mudanças na grandes áreas de atuação do Poder Pú- o inciso I do § 1º do art. 2º e § 2º do
classificação das fontes blico. As subfunções podem ser com- art. 8º da Lei n.º 4.320/64.
de recursos e das binadas com funções diferentes daque-
modalidades de las a partir das quais se originaram, o (c) Classificação programática: codificação,
aplicação realizadas por que chamamos de subfunção cruzada. cujo padrão é definido por cada ente pú-
essas esferas, pois essas Desse modo, é possível, por exemplo, blico, destinada a identificar os objeti-
são diferentes para cada classificar um projeto ou atividade na vos executivos para os quais as despesas
ente da Federação. função Administração e, ao mesmo estão programadas (programa, projeto,
tempo, em uma subfunção integrante atividade e operação especial).

36 37 38
capítulo 3
O que é a classificação funcional-programática
Codificação válida para municípios, estados e União, integrador entre o PPA e o orçamento. Em termos
do programa de trabalho orçamentário, conforme a de estruturação, o plano termina e o orçamento
classificação e a estrutura correspondente de começa no programa. Cada administração tem a
códigos prevista no Anexo 5 da Lei nº 4.320/64, com liberdade de definir os títulos de seus programas.
alterações realizadas pela Portaria MOG n° 42, de Ex.: 1061 - Brasil Escolarizado.
14 de abril de 1999, que “atualiza a discriminação Atividade: é o instrumento de programação utilizado
da despesa por funções de que tratam o inciso I do para alcançar o objetivo de um programa,
§ 1º do art. 2º e § 2º do art. 8º, ambos da Lei n.º envolvendo um conjunto de operações que se
4.320/64, estabelece os conceitos de função, realizam de modo contínuo e permanente, das quais
subfunção, programa, projeto, atividade, operações resulta um produto ou serviço necessário à
especiais.” manutenção da ação dos governos. Cada
administração tem a liberdade de definir os títulos
Função: maior nível de agregação, que designa as de suas atividades. Ex.: 6351 - Produção e
atribuições permanentes da administração, ou seja, Distribuição de Periódicos para a Educação Infantil.
suas áreas de atuação. É padronizada para Projeto: é o instrumento de programação para
municípios, estados e União. Ex.: 10 - Saúde. alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um
Subfunção: representa uma partição da função, visando conjunto de operações, limitadas no tempo, das
agregar determinado subconjunto de despesas e quais resulta um produto que concorre para a
identificar a natureza básica das ações que se expansão ou aperfeiçoamento da ação dos
distribuem em torno das funções. Podem ser governos. Cada administração tem a liberdade de
combinadas com funções diferentes, sendo definir os títulos de seus projetos. Ex.: 1001 -
chamadas de subfunções cruzadas: a programação Construção,Ampliação e Modernização de Creche.
de um órgão, via de regra, será classificada em uma Operação especial: despesas em relação às quais não
única função, ao passo que a subfunção será se pode associar, no período, a geração de um bem
escolhida de acordo com a especificidade de cada ou serviço, tais como dívidas, ressarcimentos,
ação ou projeto/atividade. É padronizada para transferências, indenizações, financiamentos e
municípios, estados e União. Ex.: 306 - Alimentação e outras afins. Ou seja, são aquelas despesas nas
Nutrição. quais o administrador incorre, mesmo sem combinar
Programa: conjunto de ações que concorrem para fatores de produção para gerar produtos, isto é,
um objetivo comum preestabelecido, mensurado seriam neutras em relação ao ciclo produtivo sob
por indicadores instituídos no Plano Plurianual sua responsabilidade. Ex.: 0047 - Fundo de
(PPA), visando a solução de um problema ou ao Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
atendimento de determinada necessidade ou Fundamental e de Valorização do Magistério
demanda da sociedade. O programa é o nível (Fundef).

Demonstrativos oficiais não são adequados


para o Orçamento Criança
TEMPO RUIM Execução das Despesas por
Os demonstrativos do Relatório Categoria Econômica), porém,
Resumido de Execução podem servir como referência
Orçamentária (RREO) não são quanto ao formato de apresentação
adequados para o cálculo do das despesas. De qualquer modo,
OCA, porque trazem lembre-se: o que você precisa é de
informações muito agregadas. um Quadro de Detalhamento das
Dois deles (Despesas por Despesas (QDD) contendo os dados
Função e Subfunção e sobre a execução orçamentária.

37 38 39
capítulo 3 (d) Classificação das despesas: codificação que ficação de algumas das variáveis que a
busca identificar o objeto do gasto pre- compõem. Isso resulta do fato de so-
visto, a qual é obrigatória e padronizada mente os códigos referentes à classifi-
para estados, municípios e União, no ca- cação funcional (função e subfunção)
so de categoria econômica, grupo de e parte dos referentes à classificação
despesa e elemento de despesa, e não das despesas (categoria econômica,
obrigatória e de padrão definido pelo grupo de despesa e elemento de despe-
próprio ente, no caso de modalidade de sa) serem padronizados. Os demais có-
aplicação e fonte de recursos. digos relativos às classificações institu-
cional e programática e à outra parte
A codificação é composta por diversos dígitos da classificação das despesas (modali-
em seqüência. A partir da leitura da dade de aplicação e fonte de recursos),
codificação fornecida pela classifica- são livremente definidos por cada ente
ção funcional-programática, podemos público (município, estado e União).
identificar adequadamente as ações
que compõem o Orçamento Criança e Com o objetivo de simular a estrutura da classi-
Adolescente. Para compreendê-la, é ficação funcional-programática, toma-
preciso entender o que cada dígito sig- mos como referência a codificação prati-
nifica. De fato, embora a ordem do sig- cada pela União, como mostra o Quadro
nificado dos dígitos não mude, o total 8, excluindo as classificações que apenas
de dígitos da classificação funcional- ela processa. Nela, a quantidade de dígi-
programática pode variar para a identi- tos totaliza 22 algarismos, ordenados na

O que é classificação por natureza da despesa

Classificação da despesa determinada pela Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001, que se destina a identificar o
objeto do gasto previsto, padronizando o registro contábil para municípios, estados e União dos gastos dos entes.

Categoria econômica: classificação da despesa segundo sua finalidade econômica, que se desdobra em duas categorias, com seu
respectivo código:
3 – Despesas Correntes: classificam-se nesta categoria todas as despesas que não contribuem diretamente para a formação ou
aquisição de um bem de capital.
4 – Despesas de Capital: classificam-se nesta categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital.
Grupo de despesa: é a agregação de elementos de despesa que apresentam as mesmas características quanto ao objeto de gasto.
São seis os Grupos de Despesa, conforme se segue, com o seu respectivo código: 1 – Pessoal e Encargos Sociais; 2 – Juros e
Encargos da Dívida; 3 – Outras Despesas Correntes; 4 – Investimentos; 5 – Inversões Financeiras; 6 – Amortização da Dívida.
Fonte de recursos: visa identificar a origem dos recursos (do Tesouro, Operações de Crédito,Transferências Voluntárias, Fundef etc.)
que financiam os elementos de despesa; um elemento de despesa pode dispor de mais de uma fonte distinta para seu
financiamento; cada ente público (município, estado e União) define sua classificação.
Modalidade de aplicação: tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da
mesma esfera de governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva eliminar a dupla contagem dos
recursos transferidos ou descentralizados. Elas podem ser dos seguintes tipos: 10 – Transferências Intragovernamentais; 20 –
Transferências à União; 30 – Transferências a estados e ao Distrito Federal; 40 – Transferências a Municípios; 50 – Transferências a
Instituições Privadas sem Fins Lucrativos; 60 – Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos: despesas realizadas
mediante transferência de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração pública;
70 – Transferências a Instituições Multigovernamentais; 80 – Transferências ao Exterior; 90 – Aplicações Direta; 99 – A Definir.
Elemento de despesa: tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias,
material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e
material permanente, auxílios, amortização e outros de que a administração pública se serve para a consecução de seus fins.

38 39 40
capítulo 3
O que é subfunção cruzada

As funções são classificações das finalidades gerais das Como exemplo, sabemos que é possível ter ações voltadas
ações governamentais. Para cada função, a norma para a informatização tanto no âmbito da saúde, quanto no
estabelece um grupo de subfunções, que servem para da educação. Desse modo, podemos ter a subfunção 126
caracterizar finalidades específicas dessas ações. "Tecnologia da Informação", originalmente vinculada à
Uma subfunção, entretanto, não se presta apenas a função Administração, aparecendo nas seguintes
caracterizar a especificidade de uma ação no âmbito classificações, respectivamente conforme os exemplos:
exclusivo de sua função original. Devido à complexidade da Função 10 – Saúde/ 126 "Tecnologia da Informação" e
ação governamental e, ao mesmo tempo, da necessidade Função 12 – Educação/ 126 "Tecnologia da Informação".
de precisar melhor sua classificação, a legislação permite Essa possibilidade de uso das subfunções se chama
correlacionar as subfunções com qualquer função. subfunção cruzada.

seqüência, de modo que os primeiros dí- De qualquer modo, muita atenção. É possível
gitos indicam o órgão e a unidade orça- que alguns municípios e estados intro-
mentária, seguidos da função e subfun- duzam, em sua classificação funcional-
ção, e os últimos algarismos representam programática, variáveis adicionais. Al-
o elemento de despesa acompanhado do guns entes públicos chegam a desdobrar
código da fonte de recursos. Na última seus projetos/atividades em subproje-
linha do Quadro, observa-se um exem- tos/subatividades, conferindo-lhes nu-
Onde encontrar plo de classificação funcional-programá- meração de identificação que aparece na
tica com a respectiva interpretação dos codificação. Outros introduzem uma
as bases códigos. No Quadro 9, encontra-se uma identificação complementar chamada
de dados breve amostra da diferença de quantida- localizador do gasto, para classificar um
SIGA POR AQUI
de de dígitos na classificação funcional- possível subtítulo do projeto/atividade.
Para conseguir a Base
programática entre o estados de São A própria União apresenta essa última
Orçamento Anual, procure
Paulo e o do Ceará e o município de classificação, assim como o Identificador
o livro publicado da Lei
Fortaleza. Para mais exemplos de inter- de Operações de Crédito. Além disso,
do Orçamento Anual com
pretação da classificação, consulte o muitos fundem as classificações de fonte
seus quadros anexos. Já
Anexo III "Lendo o Orçamento". de recursos com modalidade de aplica-
para conseguir a Base
ção, tornando-as uma codificação única
Execução Orçamentária,
de dois dígitos. Vale lembrar ainda que,
solicite, na Secretaria da
para diferenciar os orçamentos fiscal, de
Fazenda ou de
investimento e da seguridade social, é
Planejamento, a emissão
costume introduzir-se uma letra para
do demonstrativo para o
identificá-los, respectivamente, por “F”,
período determinado que
“I” e “S” ou mesmo outros códigos.
denominamos de
Relatório de Execução
CONSULTE A LEGISLAÇÃO
Orçamentária por Órgão,
A dotação global denominada "Reserva de Contingência",
Projetos e Atividades
permitida para a União no Art. 91 do Decreto-Lei n.º 200, de 25 de
(RexO). Ele é o Relatório
fevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de Governo, a ser
Resumido de Execução
utilizada como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais e
Orçamentária publicado
para o atendimento ao disposto no Art. 5º, inciso III, da Lei Complementar
bimestralmente, com
n.º 101/2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua
alterações que
destinação, será identificada nos orçamentos de todas as esferas de
discriminam dotação
Governo pelo código "99.999.9999.xxxx.xxxx", no que se refere às
inicial, despesas
classificações por função e subfunção e estrutura programática, onde o
empenhadas, liquidadas e
"x" representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento."
pagas para o período
Portaria no 163/2001, art. 8º
solicitado.

39 40 41
capítulo 3 quadro 5

SIMULAÇÃO DO QUADRO DEMONSTRATIVO DE DESPESAS - QDD


ÓRGÃO: Secretaria de Educação • UNIDADE ORÇAMENTÁRIA: Secretaria de Educação

ESPECIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA VALOR


Projetos e Funcional-programática (R$)
Atividades (*) FUN SUBF PRG ID P/A F C GD M ED PARCIAL TOTAL

Administração da ação
educacional
Desenvolvimento
profissional e valorização
do educador
Fonte: ( * ) Títulos de projetos/atividades simulados.Variam de município para município. Normalmente, a classificação funcional-programática é apresentada como uma
seqüência de dígitos sem a distinção dos códigos a que se refere. Pode haver alteração na ordem sequencial dos códigos apresentada nessa simulação ou mesmo a
inclusão de outros. – FUN: Código da Função; SUBF: Código da Subfunção ; PRG: Código do Programa; ID: Código Identificador de Projeto ou Atividade; P/A: Número de Ordem
do Projeto ou da Atividade; F: Código da Fonte de Receita; C: Código da Categoria Econômica de Despesa; GD: Código do Grupo de Despesa; M: Código da Modalidade de
Aplicação; ED: Código do Elemento de Despesa; PARCIAL:Valor autorizado para o elemento de despesa;TOTAL:Valor total autorizado para o projeto/atividade

quadro 6

MODELO DEMONSTRATIVO DE DESPESAS POR FUNÇÃO E SUBFUNÇÃO


Período: mês aa/ano bb – mês nn/ano bb

FUNÇÃO E DOTAÇÃO CRÉDITOS DOTAÇÃO DESPESAS DESPESAS DESPE-SAS DESPESAS


SUBFUNÇÃO INICIAL ADICIONAIS AUTORIZADA EMPENHADAS LIQÜIDADAS PAGAS PAGAS S/
(LEI APÓS (B) (LEI + CRÉDITOS) (D) (E) (F) AUTORIZADO
VETOS) (A) (C)=(A)+(B) (G)=(F)/(C) (%)

01 – Legislativa
02 – Judiciária
03 - Essencial à Justiça
04 - Administração
05 - Defesa Nacional
06 - Segurança Pública
07 - Relações Exteriores
08 - Assistência Social
09 - Previdência Social
10 – Saúde
11 - Trabalho
12 - Educação
13 – Cultura
14 - Direitos da Cidadania
15 - Urbanismo
16 – Habitação
17 – Saneamento
18 - Gestão Ambiental
19 - Ciência e Tecnologia
20 - Agricultura
21 - Organização Agrária
22 - Indústria
OBS: As subfunções devem ser discriminadas abaixo das respectivas funções.
Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – Secretaria do Tesouro Nacional/STN
(A) Dotação Inicial – Lei após Vetos: montante de recursos orçamentários alocados na LOA publicada, após os vetos do Prefeito ou Governador, conforme o caso;
(B) Créditos Adicionais: montante de recursos agregados ou reduzidos da LOA, em virtude de créditos adicionais suplementares ou especiais, durante o exercício financeiro;
(C) Dotação Autorizada – Lei mais/menos Créditos: consiste na Dotação Inicial acrescida das variações (para maior ou para menor) ocorridas no montante de recursos alocados na LOA a uma determinada
funcional-programática ao longo do exercício em razão de créditos adicionais;
(D) Despesas Empenhadas: Créditos orçamentários para os quais houve emissão de empenho, estando, assim, comprometidos para a cobertura de despesas com aquisição de bens ou serviços prestados;
(E) Despesas Liqüidadas: Créditos orçamentários prontos para pagamento em razão do reconhecimento por parte da Administração Pública de que o bem/serviço foi entregue ou prestado;
(F) Despesas Pagas: Pagamentos realizados em favor do fornecedor/prestador devido a um bem entregue ou serviço prestado;
(G) Valores Pagos sobre Autorizado(%): Percentual de real comprometimento dos créditos orçamentários autorizados em razão de pagamentos por bens e serviços.

40 41 42
quadro 7

capítulo 3 MODELO RELATÓRIO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA POR ÓRGÃO, PROJETO E


ATIVIDADES Período: mês aa/ano bb mês nn/ano bb – ÓRGÃO: Secretaria de Educação • UNIDADE ORÇAMENTÁRIA: Secr. de Educação
ESPECIFICAÇÃO DOTAÇÃO CRÉDITOS DOTAÇÃO DESPESAS DESPESAS DESPESAS DESPESAS
(PROJETOS E INICIAL ADICIONAIS AUTORIZADA EMPENHADAS LIQÜIDADAS PAGAS PAGAS S/
ATIVIDADES)* (LEI APÓS (B) (LEI + CRÉDITOS) (D) (E) (F) AUTORIZADO
VETOS) (A) (C) = (A) + (B) (G) = (F)/(C) (%)

Administração da
ação educacional

Desenvolvimento
profissional
e valorização
do educador

* Títulos de projetos/atividades simulados. Variam de município para município porque não são padronizados.

quadro 8

ESTRUTURA DA CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL-PROGRAMÁTICA REFERÊNCIA UNIÃO (*)


Variáveis Tipo

FUNCIONAL PROGRAMÁTICA DAS DESPESAS


NUMERAÇÃO DO MODALIDADE ELEMENTO
FUNÇÃO SUBFUNÇÃO PROGRAMA IDENTIFICADOR PROJETO E DA FONTE DE CATEGORIA GRUPO DE DE DE
ATIVIDADE RECURSOS ECONÔMICA DESPESAS APLICAÇÃO DESPESA

Número ímpar (1 , 3, 5
ou 7) indica projeto e par 1 dígito:
Número De Dígitos

4 dígitos ( 2, 4, 6 ou 8 ) indica Numeração Código ( 3 )


(Em prefeituras atividade; zero ( 0 ) indica sequencial 3 dígitos indica Despesa
2 dígitos 3 dígitos e estados, varia operação especial (Em normalmente de definidos Corrente e 1 dígito 2 dígitos 2 dígitos
entre 2 a 3 prefeituras e estados, 3(três) dígitos pelo ente código ( 4 )
dígitos) costuma-se usar 1, 2 e 3 (de 001 a 999) público indica Despesa
respectivamente para de Capital
projeto, atividade e
operação especial)
Ex.

08 243 0070 2 556 100 3 3 40 30

Assistência Assistência Proteção Atividade É a atividade de Recursos do Despesa Outras Transferências Material
Tradução

Social à Criança Social à número 556-Serviços Tesouro/ Corrente Despesas a Municípios de


e ao Infância, de Proteção Sócio- Recursos Correntes Consumo
Adolescente Adolescência e assistencial à Infância Ordinários
Juventude e Adolescência
( * ) Exclui classificação institucional e a classificação própria referente à Esfera Orçamentária, Localizador do Gasto, Identificador de Operação de Crédito - IDOC, Identificador de Uso - IDUSO, Identificador de
Resultado Primário

quadro 9

CÓDIGOS DA FUNCIONAL-PROGRAMÁTICA EM ENTES PÚBLICOS SELECIONADOS


saúde
VARIÁVEL ESTADO DE ESTADO DO MUNICÍPIO DE
SÃO PAULO CEARÁ FORTALEZA

ÓRGÃO OU UNIDADE ORÇAMENTÁRIA 2 dígitos 2 dígitos 2 dígitos


UNIDADE DE DESPESA 3 dígitos 6 dígitos 3 dígitos
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL-PROGRAMÁTICA 13 dígitos 15 dígitos: 17 dígitos
Função 2 dígitos 2 dígitos 2 dígitos
Subfunção 3 dígitos 3 dígitos 3 dígitos
Programa 4 dígitos 3 dígitos 4 dígitos
Projeto/Atividade 4 dígitos projeto/atividade: 5 dígitos macrorregião ação: 4 dígitos
(total de 9): 2 dígitos localização: 4 dígitos

41 42 43
capítulo 4

CALCULE
O ORÇA MENTO CRIANÇA e adolescente

FASE DA
SELEÇÃO
FUNCIONAL
Com os dados nas mãos e sabendo fazer a leitura correta da
classificação funcional, você pode partir para o cálculo do
Orçamento Criança e Adolescente. Se você pretende seguir a
recomendação da Metodologia do OCA, que sugere a combinação
da Fase da Seleção Funcional, na qual a apuração começa a partir
da seleção de funções e subfunções do orçamento, e prossegue
com a Seleção Direta, siga as orientações abaixo. Caso você opte
pela Fase da Seleção Direta, analisando cada projeto/atividade,
então vá para o Capítulo 5 "Calcule o Orçamento Criança e
Adolescente – Fase da Seleção Direta".

4.1. APURANDO A PARTIR DA SELEÇÃO FUNCIONAL

Uma vez de posse da base de dados escolhida (veja Capítulo 3) e sabendo ler a classifica-
ção funcional-programática, chegou a hora de fazer a apuração do Orçamento
Criança e Adolescente. Você pode seguir os passos da Fase da Seleção Direta, indica-
da para quem possui grande domínio da temática orçamentária e da realidade po-
lítico-administrativa analisada. Se for assim, vá direto para o Capítulo 5.

Caso você deseje realizar a apuração começando pela Fase da Seleção Funcional, siga as
orientações a seguir. Basicamente, nesta fase, você identificará e selecionará as
ações segundo funções e subfunções previamente indicadas pela Metodologia do
OCA. Depois, deverá seguir a Fase da Seleção Direta para chegar ao OCA.
capítulo 4

Para viabilizar a Fase da Seleção Funcional, a Metodologia do OCA apresenta a corre-


lação das funções e subfunções com as áreas e subáreas de atuação do Orçamento
Criança e Adolescente, conforme mostra o Quadro 10. Ela foi feita para facilitar a
interpretação quanto à correspondência mais lógica e provável entre ambas, pois
cada ente público tem a liberdade para classificar funcionalmente seus proje-
tos/atividades, não havendo uma vinculação padronizada entre as áreas e subáreas
com a função/subfunção. Por isso, é possível que, para alguns entes, essa correla-
ção apresente algumas diferenças. Entretanto, tal possibilidade é pequena, devido
à própria generalidade da classificação funcional. Além disso, caso ocorra, é tam-
bém verificável, a partir das orientações complementares da Seleção Direta.

Conhecidas as justificativas da correlação entre as funções e subfunções orçamentárias e


as áreas e subáreas do OCA, conforme descrição na seção 4.2., você pode realizar
com segurança a Seleção Funcional. Para tanto, de posse do Quadro de Detalha-
mento de Despesas (QDD) (Base Orçamento Anual) ou do Relatório de Execu-

43 44 45
capítulo 4 ção Orçamentária por Órgão, Projetos e cente/Seleção Funcional" para lançar
Atividades (RexO) (Base Execução Or- os valores obtidos a partir do Quadro
çamentária), você deve, então, identifi- 11. Lembre-se de registrar na coluna
car e selecionar os projetos/atividades (B) o tipo do valor apurado (orçado,
classificados nas funcionais-programáti- empenhado, liqüidado ou pago). Na
cas, como mostra a Planilha Modelo pa- coluna (C) "Composição", proceda ao
ra o Cálculo do Orçamento Criança e cálculo percentual de cada parcela em
Adolescente (Quadro 11). relação às Despesas Totais do Orça-
mento Criança e Adolescente, confor-
Para que o seu trabalho seja produtivo, faça me indicado no box “Como Fazer o
uma cópia do Quadro 11, deixando em Cálculo Proporcional do Orçamento
branco a coluna (E) Funcional Progra- Não Exclusivo”.
mática. Nessa parte, você deve regis-
trar os projetos e as atividades selecio-
nados de modo a criar um arquivo pa- 4.2. CORRELAÇÃO DAS FUNÇÕES E
ra posterior conferência e avaliação. SUBFUNÇÕES
Lembre-se de escrever o título das
ações levantadas, pois eles serão im- Para que a correlação sintetizada no Quadro 10
Como fazer portantes para dar consistência. Visite seja mais bem compreendida, mostra-
o cálculo também o site www.orcamentocrian- mos a seguir as principais considerações
proporcional ca.org.br para obter outros subsídios que orientaram a escolha das funções e
do orçamento para seu levantamento. subfunções para representar as áreas e
não exclusivo subáreas destacadas em cada esfera prio-
Uma vez obtidos os valores, basta somá-los pa- ritária de ação.
SIGA POR AQUI ra encontrar o OCA do seu município
Para o cálculo do ou estado. Nesse sentido, utilize o mo- I – SAÚDE: coberta pelas funções orçamentá-
orçamento não delo da Tabela 1 "Modelo para Totali- rias saúde, saneamento e habitação da
exclusivo pelo número zação do Orçamento Criança e Adoles- seguinte forma:
de crianças de seu
município
(proporcionalidade de PASSOS PARA A FASE DA SELEÇÃO FUNCIONAL
crianças), faça o PASSO 1 PASSO 4
seguinte: Escolha com qual base de dados vai trabalhar Calcule as demais funções indicadas
a. Obtenha as (Base Orçamento Anual ou Base Execução (Saneamento, Habitação, Cultura e Desporto e
informações sobre o Orçamentária) para poder selecionar o Lazer), identificando, no demonstrativo para cada
total da população demonstrativo entre aqueles indicados nas órgão pertinente (Secretaria de Obras ou de
(poptotal) e a colunas (C) ou (D) do Quadro 11. Serviços Urbanos ou ainda de Administração,
quantidade de crianças Secretaria de Cultura e Esporte ou equivalente),
(criançatotal) em seu PASSO 2 os projetos/atividades cuja classificação
município/Estado no Escolha com que tipo de valor vai trabalhar: funcional-programática contenha as
IBGE; valor orçado, valor empenhado, valor funções/subfunções indicadas na coluna (E).
b. Realize o cálculo a liquidado ou valor pago e anote na coluna (G)
seguir: valor apurado do Quadro 11. PASSO 5
do OCA x (criançatotal Faça o cálculo da proporcionalidade pelo número
÷ poptotal) PASSO 3 de crianças no município para as funcionais
Lembre-se que se tiver Identifique, em cada órgão indicadas como “NEx“ na coluna (F) "Tipo de
estatísticas mais (Secretarias de Saúde, de Educação, de Ação OCA", por se tratar de orçamento não exclusivo.
apropriadas do que a Social ou equivalentes), os projetos/atividades
razão populacional cuja classificação funcional-programática PASSO 6
para realizar o cálculo contenha as funções/subfunções indicadas na Lance os valores obtidos na Tabela 1 "Modelo
da proporcionalidade, coluna (E) do Quadro 11 para todas áreas e para Totalização do Orçamento Criança
a mais exata deverá subáreas (coluna (A)), agregando-as e Adolescente/Seleção Funcional" para
ser usada. separadamente. consolidar a apuração do OCA.

44 45 46
capítulo 4 FUNÇÃO 10 – Saúde: em virtude de dade pela população de crianças e ado-
não ser possível identificar precisa- lescentes presentes no total da popula-
mente o que se destina à criança e ao ção do município ou estado.
adolescente por via das subfunções e,
portanto, constituírem benefícios in- FUNÇÃO 16 – Habitação: considera-se
diretos para eles, considera-se o valor somente o valor das subfunções próprias
proporcional da função, envolvendo (códigos 481 e 482) mais a subfunção
tanto as subfunções próprias (códigos cruzada Infra-estrutura Urbana (código
301 a 306), quanto as subfunções cru- 451), caso apareça sob essa função; orça-
zadas (isto é, pertencentes a outras mento não exclusivo sujeito à propor-
funções e vinculadas à Saúde), espe- cionalidade pela população de crianças
cialmente as correlacionadas a Pesqui- e adolescentes presentes no total da po-
sas (códigos 571 a 573) e a Atividades pulação do município ou estado.
Administrativas (códigos 121 a 124,
126, 128 e 131) que estiverem sob es- II – EDUCAÇÃO: coberta pelas funções orça-
sa função. mentárias Educação, Cultura e Desporto
e Lazer da seguinte forma:
FUNÇÃO 17 – Saneamento: considera-
se somente o valor das subfunções pró- FUNÇÃO 12 – Educação: em virtude
prias (códigos 511 e 512), havendo a dessas despesas beneficiarem direta-
possibilidade de inclusão da subfunção mente a criança e o adolescente em
cruzada Infra-estrutura Urbana (código suas diversas fases de crescimento, com
451); para as subáreas Abastecimento de exceção das despesas com Ensino Su-
Água e Coleta de Lixo, indica-se a apu- perior, considera-se o valor total da
ração da subfunção cruzada Serviços Ur- função, envolvendo tanto as subfun-
banos (código 452), registrando-se a ções próprias (códigos 361 a 365); mais
possibilidade delas serem classificadas as subfunções cruzadas Formação de Re-
também nos códigos 551 e 512 ou ain- cursos Humanos (código 128), Assistên-
da sob a funções Administração (código cia à Criança e ao Adolescente (código
04), Urbanismo (código 15) ou Gestão 243), Alimentação e Nutrição (código
Ambiental (código 18) nas subfunções 306), Assistência aos Povos Indígenas
mencionadas; trata-se de orçamento (código 423) e Transportes Especiais
não exclusivo sujeito à proporcionali- (código 785); as despesas correlaciona-
das a Pesquisas (códigos 571 a 573) e a
Atividades Administrativas (códigos 121
Como foi definido o que entra como a 124, 126, 128 e 131), caso apareçam
orçamento não exclusivo sob essa função, são consideradas orça-
mento não exclusivo sujeito à propor-
TEMPO NUBLADO Alfabetização de Adultos. Por sua cionalidade pela população de crianças
A seleção de áreas e ações que vez, para a Seleção Funcional, e adolescentes presentes no total da
devem integrar o Orçamento optou-se por considerar as população do município ou estado.
Criança e Adolescente foi feita a subfunções 126 – Tecnologia da
partir dos documentos Um Mundo Informação e 128 – Formação de FUNÇÃO 13 – Cultura: considera-se so-
para as Crianças e Pacto pela Paz. Recursos Humanos como exclusivas mente o valor da subfunção própria Di-
A partir dessa base, foram definidas somente na área 2 – Educação. De fusão Cultural (código 392); orçamento
quais delas devem ser qualquer modo, vale a regra geral: não exclusivo sujeito à proporcionalida-
consideradas não exclusivas, se você tiver informações para de pela população de crianças e adoles-
visando conferir maior realismo à considerar como parte do centes presentes no total da população
apuração. Nessa perspectiva, foram Orçamento Exclusivo ou Não do município ou estado; possibilidade de
identificadas como ações voltadas Exclusivo, independentemente das classificação das subfunções menciona-
para adultos, a serem consideradas orientações básicas da das como subfunções cruzadas sob a fun-
integralmente, apenas o Combate à Metodologia, vá em frente e ção Assistência Social (código 08) ou de
Mortalidade Materna e a classifique corretamente. classificação das ações em subfunções da
Assistência Social na função Desporto e

45 46 47
capítulo 4

Lazer (códigos 243 e 244) – nesses casos, FUNÇÃO 08 – Assistência Social: à ex-
não se trata de orçamento não exclusivo ceção da subfunção 243 – Assistência à
devido à condição de identificação do Criança e ao Adolescente, consideram-se
objetivo da ação. as demais, por constituírem benefícios
indiretos para as crianças e os adolescen-
FUNÇÃO 13 – Desporto e Lazer: consi- tes, pelo valor proporcional ao número
dera-se somente o valor das subfunções de crianças, envolvendo tanto as sub-
próprias Desporto Comunitário (código funções próprias (códigos 242 a 244); as
812) e Lazer (código 813); orçamento subfunções cruzadas Empregabilidade
não exclusivo sujeito à proporcionalida- (código 333), Fomento ao Trabalho (có-
de pela população de crianças e adoles- digo 334), Ensino Profissional (código
centes presentes no total da população 363), Transferências (código 845) e As-
do município ou estado; possibilidade de sistência aos Povos Indígenas (código
classificação das subfunções menciona- 423), quanto àquelas correlacionadas a
das como subfunções cruzadas sob a fun- Pesquisas (códigos 571 a 573) e a Ativi-
ção Assistência Social (código 08) ou de dades Administrativas (códigos 121 a 124,
classificação das ações em subfunções 126, 128 e 131), caso apareçam sob essa
(códigos 243 e 244) da Assistência Social função; há a possibilidade das ações de
na função Desporto e Lazer – nesses ca- qualificação, capacitação e educação
sos, não se trata de orçamento não ex- profissional, assim como as de geração
clusivo devido à condição de identifica- de renda serem classificadas sob a função
ção do objetivo da ação. Trabalho (código 11) com as subfunções
363, 333 e 334. Já as ações de transfe-
III – ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS DE CI- rência de renda às famílias podem apare-
DADANIA: coberta pelas funções orça- cer, sobretudo nos estados, classificadas
mentárias Assistência Social e Direitos da na função Direitos da Cidadania (código
Cidadania da seguinte forma: 14) com a subfunção 845.

46 47 48
capítulo 4 FUNÇÃO 14 – Direitos da Cidadania: à ações de transferência de renda às famí-
exceção da subfunção 243 Assistência à lias, especialmente nos estados, classifi-
Criança e ao Adolescente, consideram-se cadas nessa função na subfunção cruza-
orçamento não exclusivo, sujeito à pro- da Transferências (código 845) ou Ou-
porcionalidade pela população de crian- tros Encargos Especiais (código 846); de-
ças e adolescentes presentes no total da vem ser excetuadas as despesas correla-
população do município ou estado, to- cionadas a Pesquisas (códigos 571 a
das as subfunções próprias (códigos 421 573) e a Atividades Administrativas (có-
a 423) e outras cruzadas que possam digos 121 a 124, 126, 128 e 131), caso
aparecer, sobretudo aquelas referentes a apareçam sob essa função.

quadro 10

CORRELAÇÃO ENTRE ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO DO


ORÇAMENTO CRIANÇA E FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO
1. saúde

FUNÇÕES E ÁREAS E SUBÁREAS OBSERVAÇÃO


SUBFUNÇÕES DE ATUAÇÃO

10 – Saúde 1.1. Combate à Mortalidade na Orçamento Não Exclusivo,


301 – Atenção Básica Infância e Materna devendo ser considerado
302 – Assistência Hospitalar e 1.2. Promoção da Saúde proporcionalmente à população
Ambulatorial 1.3. Desnutrição de crianças.
303 – Suporte Profilático e 1.6. Suporte Profilático/Terapêutico
Terapêutico 1.7. Controle de Doenças e Agravos
304 – Vigilância Sanitária 1.8. Combate ao HIV/AIDS
305 – Vigilância Epidemiológica
306 – Alimentação e Nutrição

10 – Saúde 1.9. Pesquisas Orçamento Não Exclusivo,


571 – Desenvolvimento devendo ser considerado
Científico proporcionalmente à população
572 – Desenvolvimento de crianças.
Tecnológico e Engenharia
Procure sempre 573 – Difusão do Conhecimento
a prefeitura Científico e Tecnológico

17 – Saneamento 1.4. Saneamento Possibilidade de classificação do


TEMPO BOM 511 – Saneamento Básico Rural • Esgotamento Sanitário Abastecimento de Água e da
Para permitir a 512 – Saneamento Básico • Saneamento Coleta de Lixo como 452 -
coerência de seu Urbano • Abastecimento de Água Serviços Urbanos ou nas funções
451 – Infraestrutura Urbana • Coleta de Lixo Administração, Urbanismo ou
cálculo, procure sempre 452 – Serviços Urbanos Gestão Ambiental;
que possível o órgão
responsável na 16 – Habitação 1.5. Habitação Orçamento Não Exclusivo,
481 – Habitação Rural devendo ser considerado
Secretaria de 482 – Habitação Urbana proporcionalmente à população
Planejamento ou de 451 – Infraestrutura Urbana de crianças.
Fazenda, a fim de
10 – Saúde 1.10. Atividades Administrativas Orçamento Não Exclusivo,
confirmar o realismo 121 – Planejamento e devendo ser considerado
da correlação entre Orçamento proporcionalmente à população
funções/subfunções 122 – Administração Geral de crianças.
123 – Administração Financeira Orçamento Não Exclusivo,
(Quadro 10) para o 124 – Controle Interno devendo ser considerado
município ou estado 126 – Tecnologia da Informação proporcionalmente à população
que estiver sendo 128 – Formação de Recursos de crianças.
Humanos
analisado. 131 – Comunicação Social

47 48 49
capítulo 4 continuação quadro 10

CORRELAÇÃO ENTRE ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO DO


ORÇAMENTO CRIANÇA E FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO
2. educação
FUNÇÕES E ÁREAS E SUBÁREAS OBSERVAÇÃO
SUBFUNÇÕES DE ATUAÇÃO

12 – Educação 2.1. Educação Infantil Orçamento Exclusivo: função


126 –Tecnologia da Informação 2.2. Ensino Fundamental considerada na integralidade.
243 – Assistência à Criança e ao 2.3. Ensino Médio A subfunção 845 - Transferências
Adolescente 2.4 Alfabetização de Jovens e poderá aparecer especialmente
361 – Ensino Fundamental Adultos em Estados, referindo-se a
362 – Ensino Médio 2.5. Educação Especial repasses para Municípios.
363 – Ensino Profissional 2.6.Ações de Impossível
365 – Educação Infantil Desagregação
366 – Educação de Jovens e Adultos 2.8. Combate à Evasão Escolar
367 – Educação Especial 2.9. Material Didático e Transporte
423 – Assistência aos Povos Escolar
Indígenas
785 – Transportes Especiais
845 – Transferências

12 – Educação 2.10. Capacitação e Qualificação Orçamento Exclusivo: função


128 – Formação de Recursos de Professores considerada na integralidade.
Humanos No caso de Estados, deve ser
considerada a possibilidade da
existência de Ensino Superior,
que deve ser excluído
proporcionalmente dessas
despesas.

O que incluir e 12 – Educação 2.7. Alimentação Escolar Orçamento Exclusivo: função


306 – Alimentação e Nutrição considerada na integralidade.
o que excluir
do cálculo 13 – Cultura
392 – Difusão Cultural
2.11. Difusão Cultural Orçamento Não Exclusivo,
devendo ser considerado
proporcionalmente à população
TEMPO BOM de crianças. Possibilidade de
Você sabe que as classificação da subfunção sob a
funções e subfunções função Assistência Social.
não guardam 27 - Desporto e Lazer 2.12. Desporto e Lazer Orçamento Não Exclusivo,
perfeita 812 – Desporto Comunitário devendo ser considerado
correspondência com 813 – Lazer proporcionalmente à população
de crianças.
as áreas de atuação Possibilidade de classificação
do Orçamento Criança das subfunções sob a função
e Adolescente. Por Assistência Social.
diversas vezes, 12 – Educação 2.13. Pesquisas Orçamento Não Exclusivo,
você certamente 571 – Desenvolvimento Científico devendo ser considerado
ficará na dúvida sobre 572 – Desenvolvimento Tecnológico proporcionalmente à população
e Engenharia de crianças.
o que incluir ou 573 – Difusão do Conhecimento
excluir na apuração. A Científico e Tecnológico
regra é simples:
12 – Educação 2.14. Atividades Administrativas Orçamento Não Exclusivo,
inclua o que você 121 – Planejamento e Orçamento devendo ser considerado
tiver certeza que se 122 – Administração Geral proporcionalmente à população
destina à proteção e à 123 – Administração Financeira de crianças.No caso de Estados,
124 – Controle Interno deve ser considerada a
promoção da criança 131 – Comunicação Social possibilidade da existência de
e do adolescente. Ensino Superior, que deve ser
Exclua o que não tiver excluído proporcionalmente
dessas despesas, antes do
essa função. cálculo proporcional pela
população de crianças.

48 49 50
capítulo 4 continuação quadro 10

CORRELAÇÃO ENTRE ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO DO


ORÇAMENTO CRIANÇA E FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO
3. assistência social e direitos da cidadania
FUNÇÕES E ÁREAS E SUBÁREAS OBSERVAÇÃO
SUBFUNÇÕES DE ATUAÇÃO

14 - Direitos da Cidadania 3.1. Sistema de Garantia de Direitos Orçamento Não Exclusivo,


421 – Custódia e Reintegração • Defesa dos Direitos das devendo ser considerado
Social Crianças e Adolescentes proporcionalmente à população
422 – Direitos Individuais, Coletivos • Criança/Adolescente em de crianças, exceto no caso da
e Difusos Conflito com a Lei Subfunção 243 - Assistência à
423 – Assistência aos Povos • Conselhos Tutelares Criança e ao Adolescente.
Indígenas Possibilidade de classificação
243 – Assistência à Criança e ao das ações de Qualificação e
Adolescente Capacitação Profissional,
845 – Transferências Educação Profissional e Geração
846 – Outros Encargos Especiais de Renda na função 11 –
Trabalho.

08 - Assistência Social 3.2. Exploração Sexual Orçamento Não Exclusivo,


243 – Assistência à Criança e ao 3.3.Trabalho Infantil devendo ser considerado
Adolescente • Erradicação do Trabalho Infantil proporcionalmente à população
363 – Ensino Profissional • Qualificação e Capacitação de crianças.
333 – Empregabilidade Profissional
334 – Fomento ao Trabalho • Educação Profissional
423 – Assistência aos Povos 3.4. Assistência Social
Indígenas • Assistência à Criança e ao
845 – Transferências Adolescente
• Geração de Renda
3.5.Transferência de Renda às
Famílias

08 - Assistência Social 3.4. Assistência Social Orçamento Não Exclusivo,


242 – Assistência ao Portador de • Assistência Comunitária devendo ser considerado
Deficiência proporcionalmente à população
244 – Assistência Comunitária de crianças.
423 – Assistência aos Povos
Indígenas

08 - Assistência Social 3.6. Pesquisas Orçamento Não Exclusivo,


571 – Desenvolvimento Científico devendo ser considerado
572 – Desenvolvimento Tecnológico proporcionalmente à população
e Engenharia de crianças.
573 – Difusão do Conhecimento
Científico e Tecnológico

08 - Assistência Social 3.7. Atividades Administrativas Orçamento Não Exclusivo,


121 – Planejamento e Orçamento devendo ser considerado
122 – Administração Geral proporcionalmente à população
123 – Administração Financeira de crianças, exceto no caso da
124 – Controle Interno Subfunção 243 - Assistência à
126 – Tecnologia da Informação Criança e ao Adolescente.
128 – Formação de Recursos Possibilidade da existência de
Humanos programa de Transferência de
131 – Comunicação Social Renda às Famílias.

49 50 51
capítulo 4 quadro 11

PLANILHA PARA A SELEÇãO FUNCIONAL – ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE


1. SAÚDE
BASE DE DADOS TIPO
ÁREAS E
SUBÁREAS funções e subfunções (B) funcional- DE OCA VALOR
(A) ORÇ. EX. OR. programática (E) (F) (G)
(C) (D)
10 – Saúde
• 301 - Atenção Básica QDD RExO OOuuu.10.301.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
SUBÁREAS DE ATUAÇÃO
PRINCIPAIS ÁREAS E

• 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial QDD RExO Oouuu.10.302.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 303 - Suporte Profilático e Terapêutico QDD RExO Oouuu.10.303.PPPP.i.ppp.ftr. XY.ma.ed NEx
• 304 - Vigilância Sanitária QDD RExO Oouuu.10.304.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 305 - Vigilância Epidemiológica QDD RExO Oouuu.10.305.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 306 - Alimentação e Nutrição QDD RExO OOuuu.10.306.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 571 - Desenvolvimento Científico QDD RExO OOuuu.10.571.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
PESQUISAS

• 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia QDD RExO OOuuu.10.572.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 573 - Difusão do Conhecimento Científico QDD RExO OOuuu.10.573.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
e Tecnológico
ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS

• 121 – Planejamento e Orçamento QDD RExO OOuuu.10.121.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 122 – Administração Geral QDD RExO OOuuu.10.122.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 123 - Administração Financeira QDD RExO OOuuu.10.123.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 124 – Controle Interno QDD RExO OOuuu.10.124.PPPP.i.ppp.ftr.XYed.ma NEx
• 126 -Tecnologia da Informação QDD RExO OOuuu.10.126.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 128 – Formação de Recursos Humanos QDD RExO OOuuu.10.128.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 131 – Comunicação Social QDD RExO OOuuu.10.131.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
17 – Saneamento
SUBÁREAS DE
PRINCIPAIS

ATUAÇÃO
ÁREAS E

• 511 - Saneamento Básico Rural QDD RExO OOuuu.17.511.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 512 - Saneamento Básico Urbano QDD RExO OOuuu.17.512.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 451 - Infraestrutura Urbana QDD RExO OOuuu.17.451.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 452 - Serviços Urbanos QDD RExO OOuuu.17.452.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
16 – Habitação
SUBÁREAS DE
PRINCIPAIS

ATUAÇÃO
ÁREAS E

• 481 - Habitação Rural QDD RExO OOuuu.16.481.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 482 - Habitação Urbana QDD RExO OOuuu.16.482.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 451 - Infraestrutura Urbana 2. QDD RExO
educação OOuuu.16.451.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
12 – Educação
• 126 -Tecnologia da Informação QDD RExO OOuuu.12.126.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 361 - Ensino Fundamental QDD RExO OOuuu.12.361.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 362 - Ensino Médio QDD RExO OOuuu.12.362.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 363 - Ensino Profissional QDD RExO OOuuu.12.363.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
SUBÁREAS DE ATUAÇÃO
PRINCIPAIS ÁREAS E

• 365 - Educação Infantil QDD RExO OOuuu.12.365.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex


• 366 - Educação de Jovens e Adultos QDD RExO OOuuu.12.366.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 367 - Educação Especial QDD RExO OOuuu.12.367.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente QDD RExO OOuuu.12.243.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 423 – Assistência aos Povos Indígenas QDD RExO OOuuu.12. 423.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 785 - Transportes Especiais QDD RExO OOuuu.12.785.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 128 - Formação de Recursos Humanos QDD RExO OOuuu.12.128.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 306 - Alimentação e Nutrição QDD RExO OOuuu.12.306.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 571 - Desenvolvimento Científico QDD RExO OOuuu.12.571.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
PESQUISAS

• 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia QDD RExO OOuuu.12.572.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 573 - Difusão do Conhecimento Científico QDD RExO OOuuu.12.573.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
e Tecnológico
ATIVIDADES

TRATIVAS
ADMINIS-

• 121 – Planejamento e Orçamento QDD RExO OOuuu.12.121.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 122 – Administração Geral QDD RExO OOuuu.12.122.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 123 - Administração Financeira QDD RExO OOuuu.12.123.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

50 51 52
capítulo 4 cont. quadro 11

PLANILHA PARA A SELEÇÃO FUNCIONAL ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE


2. educação (continuação)
BASE DE DADOS TIPO
ÁREAS E
SUBÁREAS funções e subfunções (B) funcional- DE OCA VALOR
(A) EX. O programática (E) (F) (G)
ORÇ.(C)
R. (D)
• 124 – Controle Interno QDD RExO OOuuu.12.124.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
TRATIVAS
ADMINIS-
DADES
ATIVI-

• 131 – Comunicação Social QDD RExO OOuuu.12.131.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


13 – Cultura
PRINCIPAIS ÁREAS
E SUBÁREAS DE

• 392 - Difusão Cultural QDD RExO OOuuu.13.392.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


ATUAÇÃO

27 – Desporto e Lazer
• 812 – Desporto Comunitário QDD RExO OOuuu.27.812.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 813 - Lazer QDD RExO OOuuu.27.813.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
3. assistência social e direitos da cidadania
08 – Assistência Social
• 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente QDD RExO OOuuu.08.243.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex
• 244 - Assistência Comunitária QDD RExO OOuuu.08.244.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
SUBÁREAS DE ATUAÇÃO
PRINCIPAIS ÁREAS E

• 363 - Ensino Profissional QDD RExO OOuuu.08.363.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 333 - Empregabilidade QDD RExO OOuuu.08.333.PPPP.i.ppp ftr.XY.ma.ed NEx
• 334 - Fomento ao Trabalho QDD RExO OOuuu.08.334.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 845 – Transferências QDD RExO OOuuu.08.845.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 423 – Assistência aos Povos Indígenas QDD RExO OOuuu.08.423.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 242 - Assistência ao Portador de Deficiência QDD RExO OOuuu.08.242.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 571 - Desenvolvimento Científico QDD RExO OOuuu.08.571.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
PESQUISAS

• 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia QDD RExO OOuuu.08.572.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 573 - Difusão do Conhecimento Científico QDD RExO OOuuu.08.573.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
e Tecnológico
• 121 – Planejamento e Orçamento QDD RExO OOuuu.08.121.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
ADMINISTRATIVAS

• 122 – Administração Geral QDD RExO OOuuu.08.122.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


ATIVIDADES

• 123 - Administração Financeira QDD RExO OOuuu.08.123.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


• 124 – Controle Interno QDD RExO OOuuu.08.124.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 126 -Tecnologia da Informação QDD RExO OOuuu.08.126.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 128 – Formação de Recursos Humanos QDD RExO OOuuu.08.128.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 131 – Comunicação Social QDD RExO OOuuu.08.131.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
12 – Direitos da Cidadania
• 421 - Custódia e Reintegração Social QDD RExO OOuuu.12.421.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
PRINCIPAIS ÁREAS
E SUBÁREAS DE

• 422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos QDD RExO OOuuu.12.422.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx


ATUAÇÃO

• 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente QDD RExO OOuuu.12.243.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex


• 423 – Assistência aos Povos Indígenas QDD RExO OOuuu.08.423.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 845 - Transferências QDD RExO OOuuu.12.845.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 846 - Outros Encargos Especiais QDD RExO OOuuu.12.846.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx
• 813 - Lazer QDD RExO OOuuu.12.813.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

ABREVIATURAS DO QUADRO 11
• QDD = Quadro Demonstrativo de proporcionalidade do número i = Identificador de projeto, atividade ou
Despesas de crianças operação especial
• RExO = Relatório de Execução • OOuuu.FF.sss.PPPP.i.ppp. ftr.Xy.ma.ed. = ppp = Número do
Orçamentária por Órgão, Projetos e Códigos da funcional-programática projeto/atividade/operação especial
Atividades, discriminando dotação inicial, OO = Órgão ftr = Fonte de Recursos
dotação para o exercício, despesas uuu = Unidade X = Categoria Econômica da Despesa
empenhada, liquidada e paga FF = Função Y = Grupo de Despesa
• Ex = Orçamento Exclusivo Sss = Subfunção ma = Modalidade de Aplicação
• NEx = Orçamento Não Exclusivo sujeito à PPPP = Programa ed = Elemento de Despesa

51 52 53
capítulo 4 tabela 1

MODELO PARA TOTALIZAÇÃO DO ORÇAMENTO


CRIANÇA MUNICÍPIO/ESTADO XXXX
SELEÇãO FUNCIONAL
Orçamento Criança
ESFERAS DE AÇÃO PRIORITÁRIAS E
VALOR* COMPOSIÇÃO
FUNÇÕES GOVERNAMENTAIS (A) (R$) (B) (%) (C)

Saúde
Despesas Totais com Saúde, Saneamento e Habitação
• Saúde
• Principais áreas e subáreas de atuação B1 C1
• Pesquisas B2 C2
• Atividades administrativas B3 C3
• Saneamento B4 C4
• Habitação B5 C5

Educação
Despesas Totais com Educação, Cultura, Esporte e Lazer
• Educação
• Principais áreas e subáreas de atuação B6 C6
• Pesquisas B7 C7
• Atividades administrativas B8 C8
• Cultura B9 C9
• Desporto e Lazer B10 C10

ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS DE CIDADANIA


Despesas Totais com Proteção Social
• Assistência Social
• Principais áreas e subáreas de atuação B11 C11
• Pesquisas B12 C12
• Atividades Administrativas B13 C13
• Direitos de Cidadania B14 C14
orçamento criança e adolescente
despesas totais (D ) 100,00
* Indicar o tipo de valor apurado: orçado, empenhado, liquidado ou pago.
OBSERVAÇÃO: Para o cálculo dos percentuais da coluna (C) – Composição, siga
a seguinte fórmula:
• Valor de cada Item - Valor da Coluna (B) = B1-14
• Valor percentual de cada Item - Percentual da Coluna (C) = C1-14
• Valor Total do OCA = número encontrado em (D)
• Fórmula de cálculo do percentual: C1-14 = (B1-14/ ( D ) – 1) X 100

52 53 54
capítulo 5

CALCULE
O ORÇA MENTO CRIANÇA e adolescente

FASE DA
SELEÇÃO
DIRETA
Uma vez processada a Fase da Seleção Funcional do Orçamento
Criança e Adolescente, você deve prosseguir tornando
consistentes as informações obtidas a partir da análise direta
dos projetos/atividades selecionados. Caso detenha maior
domínio sobre finanças e políticas públicas, você pode apurar o
OCA diretamente a partir da interpretação dos projetos e
atividades dos orçamentos.

5.1. APURANDO A PARTIR DA SELEÇÃO DIRETA

No capítulo anterior, foram apresentadas as orientações para apurar o Orçamento Criança


e Adolescente a partir da classificação funcional-programática correlacionada com
as áreas e subáreas de atuação, discriminadas com base nas três esferas prioritárias
de ação definidas pela Metodologia do OCA (saúde, educação e assistência social
e direitos de cidadania). Com essa Seleção Funcional, a Metodologia oferece con-
dições para os segmentos não especializados realizarem o levantamento prelimi-
nar, assim como fornece indicações mais objetivas sobre o conteúdo do OCA que
se pretende apreender.

Contudo, a idéia geral do Orçamento Criança e Adolescente é muito simples: agregar os gas-
tos públicos em favor da criança e do adolescente. O OCA é a identificação e o
agrupamento de ações e despesas do orçamento público que permitem identificar,
com clareza e objetividade, a quantidade e a qualidade dos recursos destinados à
proteção e ao desenvolvimento da criança. Portanto, a sua apuração pode ser fei-
capítulo 5

ta por meio da seleção direta do orçamento público das ações (projetos/atividades)


que estiverem de acordo com as definições da Metodologia.

Para tanto, é necessário que o analista seja excelente conhecedor da temática orçamen-
tária e da realidade político-administrativa que estiver em análise. Isso porque,
conforme já se abordou anteriormente, o orçamento público é uma lei de caráter
marcadamente técnico-contábil, que não mostra clara e diretamente a destina-
ção dos recursos por setores sociais nem favorece a leitura das despesas programa-
das sob o ponto de vista da implementação de políticas públicas. Desse modo, pa-
ra se extrair as informações necessárias à apuração do Orçamento Criança e Ado-
lescente sem correlacionar com critérios previamente estabelecidos como a indi-
cação de classificações funcionais-programáticas selecionadas (Fase da Seleção
Funcional), é preciso ser capaz de interpretar o título dos projetos e atividades or-
çamentários e conhecer sua finalidade. Isso é possível de ser feito, sobretudo por
aqueles que lidam diretamente com o orçamento público ou políticas de prote-
ção e promoção da criança e do adolescente.

55 56 57
capítulo 5

O levantamento do Orçamento Criança e Adoles- 5.2. BUSCANDO A CONSISTÊNCIA DA


cente exclusivamente a partir da Fase da FASE FUNCIONAL
Seleção Direta exige os demonstrativos
orçamentários, seja da base orçamento Você realizou a Seleção Funcional e dispõe
anual, seja da base execução orçamentá- agora do Orçamento Criança e Adoles-
ria. Embora o levantamento seja conduzi- cente apurado preliminarmente, segundo
do, basicamente, em torno do conheci- as classificações funcionais-programáti-
mento e da interpretação direta do ana- cas indicadas para seleção. Como já foi
lista, é desejável que, enquanto pesquisar visto, essa fase oferece a vantagem da
a estrutura de ações do orçamento, tenha agilidade e da composição do OCA de
à disposição o Quadro 3 "Áreas e Subá- acordo com a orientação objetiva da
reas de Atuação do Orçamento Criança e Metodologia. Contudo, também foi ob-
Adolescente", sobretudo as colunas Área servado o risco de se agregar dados não
de Atuação e Subárea de Atuação, como pertinentes ao Orçamento Criança e Ado-
referência geral para a seleção e a organi- lescente ou mesmo de se deixar de fora
zação das informações levantadas. Desse outros tantos, devido à generalidade da
modo, o resultado final do levantamento classificação funcional-programática e à
acompanhará em mais detalhes os con- inexistência de titulação oficial padro-
teúdos indicados pela Metodologia. nizada de ações. Para sanar esses possí-
veis problemas, você deve seguir as
Além disso, a Metodologia recomenda que se orientações complementares previstas
elabore um quadro em que as ações e as na Fase da Seleção Direta.
despesas selecionadas, com os seus res-
pectivos valores, estejam discriminadas Certamente, ao longo da apuração, aparecem
por unidade administrativa (secretaria, dúvidas sobre o que incluir ou excluir
fundo, autarquia, empresa, fundação ou, ainda, sobre o que considerar exclu-
etc.). Esse procedimento confere legiti- sivo ou não exclusivo. O princípio da
midade ao trabalho, na medida em que Metodologia é incluir o que certamen-
constitui um arquivo disponível para di- te se destina à proteção e promoção da
vulgação, análise e posterior avaliação criança e do adolescente e excluir o
por interessados. que não tem essa função. Nessa fase,

56 57 58
capítulo 5 você tem a oportunidade de confirmar (c) Despesas com Habitabilidade: para apurar
de modo sistemático as decisões toma- os gastos públicos com as áreas de atua-
das, além de controlar a qualidade do ção 1.4. Saneamento e 1.5. Habitação, a
levantamento. Fase Funcional prevê, entre outras, a se-
leção das subfunções 451 – Infra-estrutu-
Com o resultado da apuração em mãos, sobretu- ra e 452 – Serviços Urbanos. Nelas, po-
do quando o levantamento já compõe dem ser classificadas diversas obras e ser-
um arquivo com a discriminação dos viços urbanos, que devem ser avaliados
projetos/atividades, reveja a titulação das em detalhe para se verificar a possibili-
ações. A partir desse ponto, verifique: dade de serem considerados benefícios
para a criança e o adolescente. Como
(a) A ocorrência de títulos de ações imprecisos despesas promotoras da habitabilidade,
ou genéricos: discuta e busque informa- também devem ser consideradas as que
ções complementares que auxiliem na concorram para a melhoria da acessibili-
solução da dúvida. dade, prevenção e proteção de áreas de
risco de alagamentos e desabamentos,
(b) Compare os títulos selecionados com as além daquelas destinadas à regularização
áreas e subáreas descritas no Quadro 3: fundiária. Em algumas localidades, por
caso avalie que alguma área/subárea de exemplo, há controvérsia quanto à per-
atuação não tenha sido incluída, procu- tinência de inclusão de gastos com pavi-
re verificar onde possivelmente ela po- mentação e recapeamento asfáltico, que
deria ter sido contemplada ou se real- podem ser aí registrados.
mente não integra o orçamento.
(d) Despesas com Publicidade: essas despesas
Busque também a consistência de correlações podem ser classificadas na subfunção
previstas pela própria Metodologia co- 131 – Comunicação Social. Entretanto,
mo sujeitas a imprecisões: nem sempre isso ocorre pois, muitas ve-
zes, não estão imediatamente visíveis no
(a) Despesas com Informática: podem ser orçamento, tampouco discriminadas por
classificadas na subfunção 126 Tecno- órgão ou função (Saúde e Educação, por
logia da Informação ou outras. Verifi- exemplo). É preciso analisar, sobretudo,
que o verdadeiro projeto/atividade em as despesas de comunicação de utilidade
que foram lançadas e confirme se sua pública (campanhas educativas, publi-
finalidade pode ser realmente conside- cações didáticas etc.), para avaliar o
rada como benefício para a criança e o quanto realmente beneficiam a criança
adolescente. e o adolescente. Despesas de comunica-
ção institucionais, de modo geral, são de
(b) Despesas com Pessoal: a Metodologia prevê natureza promocional.
a inclusão de todas essas despesas, como
foi abordado na Seção 1.4, excluindo as É bem possível que, em diversas situações, não
despesas com o pagamento de inativos haja pleno consenso sobre uma determi-
(aposentados). Em alguns orçamentos, nada escolha quanto à inclusão ou exclu-
parte dessa despesa como pagamento de são de uma determinada ação ou sua clas-
vale-transporte, tíquete refeição e reco- sificação como orçamento exclusivo ou
lhimentos previdenciários pode estar re- não exclusivo. O importante é reunir ar-
gistrada em projetos/atividades específi- gumentos para subsidiar a opção. Registre
cos que não foram inicialmente conside- a sua avaliação no campo do Relatório
rados no Quadro 11. Entretanto, eles de- OCA (veja Quadro 14) e mantenha um
vem ser incluídos na apuração. arquivo das informações levantadas.

57 58 59
capítulo 6

ANALISE
O ORÇA MENTO CRIANÇA e adolescente
Uma vez calculado o Orçamento Criança e Adolescente, você
deve extrair as conclusões mais completas possíveis sobre as
informações que organizou, com o objetivo de utilizá-las a
favor da promoção e proteção da criança e do adolescente em
seu município ou estado.

6.1.TIPOS DE AVALIAÇÃO

Nos capítulos anteriores, você aprendeu a obter a base de dados necessária à apuração do
OCA e a fazer a leitura da classificação funcional-programática, que permite sele-
cionar as ações que devem integrá-lo. Para saber na prática qual a base de dados
necessária, porém, você precisa definir que tipo de avaliação pretende realizar.

De forma geral, entendemos que você e sua comunidade devem refletir sobre a possibi-
lidade de abordar a questão do destino de recursos públicos em atenção à criança
sob três perspectivas gerais, distintas e complementares entre si. Sua comunidade
pode estar interessada somente em:

(a) Levantar o OCA de seu município ou estado. Veja, então, no que chamamos de ava-
liação básica, os principais estudos que podem ser realizados. Feito esse levanta-
mento, você pode pretender:

(b) Comparar o OCA apurado com algum indicador de eficiência, o que chamamos de
avaliação situacional. Ou, ainda:

(c) Avaliar a evolução de Orçamentos Criança e Adolescente apurados em vários perío-


capítulo 6

dos, que chamamos de avaliação temporal, dispondo de outras alternativas de es-


tudos.

Antes de realizar qualquer uma dessas formas de avaliação, entretanto, é necessário ve-
rificar se o objetivo pretendido é avaliar o desempenho do orçamento previsto (ba-
se orçamento anual) ou do orçamento realizado (base execução orçamentária). Is-
so é imprescindível para determinar que base de dados precisará ser obtida, con-
forme as orientações do Capítulo 3 "Obtenha a Base de Dados do Orçamento
Criança e Adolescente".

Para sua melhor orientação, apresentamos a seguir os tipos de avaliação (veja Quadro
12), detalhando o objetivo de cada estudo sugerido, assim como a base de dados
necessária, os procedimentos principais para seu encaminhamento e as conclusões
possíveis que cada um deles proporciona.

59 60 61
capítulo 6 6.2. AVALIAÇÃO BÁSICA b. Verificação da participação relativa do
OCA previsto no orçamento total
A avaliação básica considera as informações
apuradas no próprio OCA para proceder OBJETIVO: verificar a proporção de
a comparações. Para avançar nas demais recursos previstos em atenção à criança
análises, é necessário, primeiramente, e ao adolescente em relação ao total de
proceder aos estudos indicados aqui. despesas programadas.
Eles vão oferecer as informações para BASE DE DADOS: QDD
realizar os outros tipos de análises. PROCEDIMENTOS:
a. Pegue o valor total do orçamento.
b. Calcule o OCA a partir do orça-
BASES DE DADOS mento previsto.
• QDD = Quadro Demonstrativo de Despesas c. Divida o resultado do item b pelo
• RExO = Relatório de Execução Orçamentária por do item a e multiplique por cem para
Órgãos, Projetos e Atividades, discriminando dotação encontrar o percentual de participa-
inicial, despesas empenhada, liquidada e paga ção do OCA no orçamento total.
CONCLUSÃO POSSÍVEL: o com-
prometimento das despesas totais públi-
a. Comparação do OCA executado com o cas com as ações em favor da criança.
OCA previsto no ano
c. Verificação da participação relativa do
OBJETIVO: verificar proporção exe- OCA no Orçamento de Seguridade So-
cutada do OCA previsto cial da Lei do Orçamento Anual
BASE DE DADOS: QDD, RExO
PROCEDIMENTOS: OBJETIVO: verificar a proporção de
a. Calcule o OCA a partir do orça- recursos destinados para a atenção à
mento previsto. criança e ao adolescente na parcela do
b. Calcule também o OCA a partir da orçamento destinado especificamente à
execução orçamentária, utilizando seguridade social (assistência social,
dados cumulativos referentes a tri- educação, saúde e previdência social).
mestres (1º trimestre; até 2º trimes- BASE DE DADOS: QDD
tre; até 3º trimestre, até 4º trimestre). PROCEDIMENTOS:
c. Divida o resultado do item b pelo a. Pegue o valor total do orçamento
do item a e multiplique por cem para da seguridade social, identificando
encontrar o percentual executado. este montante no corpo da lei ou no
 CONCLUSÃO POSSÍVEL: o per- quadro orçamentário próprio.
centual do OCA executado no período. b. Calcule o OCA a partir do orça-
mento previsto.
c. Divida o resultado do item b pelo
do item a e multiplique por cem para
Avaliando a análise ou analisando a avaliação? encontrar o percentual de participa-
TEMPO BOM comparativos do OCA indicados ção do OCA no orçamento da segu-
As informações da apuração do são avaliações que integram o ridade social.
Orçamento Criança e Adolescente processo de análise da ação CONCLUSÃO POSSÍVEL: o com-
são muito importantes para a governamental a favor da criança prometimento das despesas públicas de
compreensão da situação das e do adolescente. Portanto, no proteção social com ações a favor da
ações governamentais a favor da lugar de reduzir a análise da criança, considerando que nem todo o
criança. Para extrair delas o atuação do Poder Público em OCA poderá ter sido classificado como
melhor, é preciso sempre reunir benefício da criança à avaliação seguridade social.
informações complementares dos gastos públicos com a
sobre a situação político- criança, trabalhe também para d. Verificação da participação relativa das des-
administrativa do ente público. analisar a sua avaliação e extrair pesas com Atividades Administrativas
Lembre-se de que os estudos dela o melhor resultado. e Pesquisas do OCA

60 61 62
capítulo 6 OBJETIVO: verificar a proporção (IPTU), em municípios, ou com o Im-
prevista ou executada de despesas com posto sobre a Circulação de Mercadorias
atividades Administrativas e Pesquisas em e Serviços (ICMS), nos estados ou, ain-
relação ao OCA total, previsto ou exe- da, com o Produto Interno Bruto (PIB),
cutado. entre outras variáveis. Em todos esses es-
BASE DE DADOS: QDD tudos, é preciso considerar as particulari-
PROCEDIMENTOS: dades dos indicadores e as implicações de
a. Calcule o OCA a partir do orça- utilizá-los como meios de comparação, a
mento previsto. fim de chegar a conclusões adequadas a
b. Pegue, na Tabela 1 do OCA apura- partir das informações obtidas.
do, as linhas contendo os valores rela-
tivos a Atividades Administrativas e Neste manual, foram escolhidos dois estudos
Pesquisas e calcule o somatório desse que avaliam a eficiência fiscal das despe-
montante. sas com a atenção à criança e ao adoles-
c. Divida o resultado do item b pelo do cente. O primeiro aborda a relação entre
item a e multiplique por cem para en- o OCA e a receita própria ou recursos
contrar o percentual de participação próprios do município ou estado analisa-
do somatório de Atividades Administra- do. O segundo calcula o gasto público
tivas e Pesquisas no total do OCA. apurado no OCA por criança no municí-
CONCLUSÃO POSSÍVEL: a parti- pio ou estado.
cipação das atividades meio no total do
Orçamento Criança e Adolescente. A receita própria constitui uma classificação ge-
rencial que agrega somente os recursos
6.3. AVALIAÇÃO SITUACIONAL tributários próprios; as taxas; as receitas
de serviços, patrimoniais, agropecuária e
A avaliação situacional compara o valor apura- industrial; e as transferências constitucio-
do do Orçamento Criança e Adolescente nais de que o ente público dispõe. Ela
com variáveis econômico-fiscais. Essa mostra os recursos diretos de que o muni-
comparação permite estabelecer indica- cípio ou o estado dispõe, sem considerar
dores de eficiência das despesas com a operações de crédito e transferências vo-
atenção à criança. Em princípio, há vá- luntárias de outras esferas públicas (veja
rias possibilidades analíticas. Os gastos Quadro 13). Já os recursos próprios refe-
públicos com crianças podem ser compa- rem-se às disponibilidades da receita pró-
rados com outros tipos de gastos públicos pria menos as transferências constitucio-
(por exemplo: gastos administrativos ou nais. Na maioria dos municípios, os re-
serviço da dívida), com o número de fa- cursos próprios são pequenos, e eles de-
mílias pobres existentes, com a receita de pendem, portanto, de transferências. So-
Imposto Predial e Territorial Urbano bra apenas a parcela sobre a qual o ente
possui governabilidade direta de gestão.
Desse modo, comparando o OCA com a
receita própria ou com os recursos pró-
Explore e debata o OCA apurado prios, pode-se avaliar a relação entre o es-
TEMPO BOM das informações obtidas. De posse forço arrecadador e as despesas relativas à
O Orçamento Criança e Adolescente da apuração do OCA, reúna a atenção à criança e ao adolescente. É
que você apurou é o retrato de um comunidade, convide lideranças, possível considerar as diversas fontes em
determinado momento, seja do economistas, assistentes sociais e que a receita é classificada como base de
orçamento, seja da execução sociólogos, e discuta dados para estudo semelhante.
orçamentária de seu município ou sistematicamente para chegar a
estado. Para transformá-lo em uma conclusões mais consistentes. Não Já o cálculo per capita do OCA oferece a opor-
importante ferramenta de promoção esqueça de registrar tais conclusões tunidade de se comparar a evolução da
e defesa das políticas públicas no Relatório do OCA (veja Capítulo 5 renda pública agregada para a melhoria
voltadas à criança, é preciso que do Caderno “Promovendo o Controle das condições de vida das crianças por
você explore o potencial analítico Social”). unidade de público-alvo. As compara-
ções entre Orçamentos Criança e Adoles-

61 62 63
capítulo 6 cente per capita de municípios e estados CONCLUSÃO POSSÍVEL: qual o
distintos devem ser analisadas cuidado- comprometimento da receita própria ou
samente, pois há diferenças político-ad- dos recursos próprios, ou seja, das dispo-
ministrativas sensíveis, para além da rea- nibilidades imediatas com o Orçamento
lidade imediata dos indicadores obtidos. Criança e Adolescente.

a. Comparação do OCA com a receita própria b. OCA per capita no município ou estado
ou recursos próprios analisado
OBJETIVO: verificar a destinação
OBJETIVO: verificar a proporção de média de recursos públicos por criança
recursos destinados ao OCA em relação no município ou Estado.
à capacidade de arrecadação direta do BASE DE DADOS: QDD (base or-
município ou estado. çamento anual) ou RExO (base execu-
BASE DE DADOS: QDD ção orçamentária) e número de crianças
PROCEDIMENTOS: no município ou estado a partir de in-
a. Calcule a receita própria ou os re- formações do Censo do IBGE ou da
cursos próprios previstos, fazendo o Pesquisa Nacional por Amostra de Do-
somatório das rubricas de receitas in- micílios (PNAD).
dicadas no Quadro 13, a partir de in- PROCEDIMENTOS:
formações obtidas no quadro de recei- a. Levante o número de crianças no
tas do orçamento. município ou estado.
b. Calcule o OCA a partir do orça- b. Calcule o OCA a partir do orça-
mento previsto. mento previsto ou da execução or-
c. Divida o resultado do item b pelo çamentária.
do item a e multiplique por cem para c. Divida o resultado do item b pelo
encontrar o percentual de participa- do item a para encontrar o valor per
ção do OCA no somatório da receita capita do OCA por ano, caso a base
própria ou dos recursos próprios. analisada seja anual.

quadro 12 quadro 13

TIPOS DE AVALIAÇÃO DO ORÇAMENTO COMPOSIÇÃO DA RECEITA PRÓPRIA


CRIANÇA E ADOLESCENTE E DOS RECURSOS PRÓPRIOS
(OCA) COM PRINCIPAIS ESTUDOS RECEITAS CORRENTES
Receita Tributária
recursos próprios

AVALIAÇÃO BÁSICA: utiliza-se de informações apuradas no próprio OCA para Impostos


proceder a comparações: Taxas
Receitas próprias

• Comparação do OCA executado com o OCA previsto no ano. Receita de Contribuições


• Verificação da participação relativa do OCA no Orçamento de Seguridade Receita Patrimonial
Social da Lei do Orçamento Anual. Receita Agropecuária
• Verificação da participação relativa do Orçamento Criança no Receita Industrial
orçamento total. Receita de Serviços
• Verificação da participação relativa das despesas com Atividades Transferências Correntes
Administrativas e Pesquisas do Orçamento Criança. Fundo de Participação dos Municípios –
AVALIAÇÃO SITUACIONAL: utiliza informações do OCA comparadas com FPM (1)
variáveis econômico-fiscais; Transferências Voluntárias
• Comparação do OCA com a Receita Própria. Outras Receitas Correntes
• OCA per capita no município ou estado analisado. RECEITAS DE CAPITAL
Operações de Crédito
AVALIAÇÃO TEMPORAL: permite a comparação de Orçamentos Criança e
próprias
Receitas

Alienação de Bens
Adolescente apurados em períodos diferentes.
Amortização de Empréstimos
• Comparação anual dos OCA previstos nas respectivas LOAs.
Transferências de Capital
• Comparação trimestral do OCA nos últimos 12 meses.
Outras Receitas de Capital
( 1 ) No caso de estados, considerar o Fundo de Participação do Estados-FPE.

62 63 64
capítulo 6 CONCLUSÃO POSSÍVEL: o mon- Para promover a atualização, é necessário dispor
tante de recursos públicos empregado de uma tabela com os índices anuais de
para a promoção e a proteção da criança preços, como a Tabela 2 “Planilha com
no período analisado. Índices de Atualização para Preços de
2005”, que traz uma série anual do IPCA.
6.4. AVALIAÇÃO TEMPORAL Os índices devem estar organizados de
forma decrescente, de modo que o ano
A avaliação temporal permite a comparação de para o qual se quer atualizar tenha índice
Orçamentos Criança e Adolescente igual a 1 (um).
apurados em períodos diferentes. Para
processá-la, é preciso colocar todos os Uma vez disponibilizada a tabela, a operação
valores apurados em uma mesma base de atualização é simples. Como mostra a
de preços, ou seja, considerar todos os Tabela 2, basta multiplicar o índice de
valores como realizados em um mesmo atualização para o ano pretendido, na
ano. Esse procedimento é chamado de coluna (B), pelo valor a corrigir, na colu-
deflação ou atualização de preços. Com na (C), e lançar na coluna (D) o valor
isso, a variação de preços (inflação) de- corrigido obtido. Esses valores estarão a
saparecerá, permitindo uma compara- preços constantes ou reais do ano defi-
ção mais realista. nido, no caso, 2005.

Para procedermos à deflação dos valores do a. Comparação anual dos Orçamentos


OCA, precisamos escolher um índice Criança e Adolescente previstos nas
de preços oficial. Há diversos índices respectivas LOAs
calculados com base em diferentes me-
todologias de ponderação, cestas de OBJETIVO: verificar a variação
produtos e serviços e para diferentes fai- (crescimento ou redução) na previsão
xas de renda e abrangências, como o de gastos com crianças e adolescentes ao
Índice Geral de Preços – Disponibilida- longo dos anos.
de Interna (IGP-DI), o Índice Geral de BASE DE DADOS: QDD
Preços de Mercado (IGP-M), ambos PROCEDIMENTOS:
calculados pela Fundação Getúlio Var- a. Calcule o OCA previsto para o
gas (FGV), e o Índice Nacional de Pre- ano em curso e também para os anos
ços ao Consumidor (INPC) e o Índice anteriores.
Nacional de Preços ao Consumidor b. Use a tabela com o índice de atua-
Amplo (IPCA), estes calculados pelo lização para o ano em que deseja atua-
Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- lizar os preços, transformando os pre-
tística (IBGE). ços apurados do OCA dos anos ante-
Atenção para riores, conforme a Tabela 2.
o tipo de valor Para escolher o índice a utilizar, lembre-se de c. Divida o resultado do valor do ano
avaliado que o IGP-DI acompanha mais de perto em curso pelo valor do ano anterior
os preços da realidade do setor público, atualizado; diminua 1 (um) do resul-
TEMPO NUBLADO enquanto que, desde junho de 1999, o tado e multiplique por cem para en-
Em princípio, todas governo federal, por meio do Banco Cen- contrar o percentual de variação do
avaliações podem ser tral do Brasil, adotou o IPCA/IBGE co- OCA no período analisado.
feitas com relatórios mo índice oficial de inflação no país, que CONCLUSÃO POSSÍVEL: o cresci-
contendo valores reflete a variação dos preços de bens con- mento real das despesas previstas em be-
orçados, empenhados, sumidos pelas famílias. Os índices men- nefício da criança.
liqüidados ou pagos. O sais do IGP-DI e do IGP-M podem ser
importante é você ter encontrados no site da Fundação Getúlio b. Comparação trimestral da execução do
clareza quanto à fase Vargas (www.fgv.br). Já os índices do OCA nos últimos 12 meses
do processo IPCA podem ser encontrados no site do
orçamentário que IBGE (www.ibge.gov.br). Como exemplo OBJETIVO: verificar a variação (cres-
quer avaliar. de atualização de preços do OCA, utiliza- cimento ou redução) de curto prazo (pe-
mos, nesse manual, o IPCA. ríodos consecutivos de três meses) ou de

63 64 65
capítulo 6 um exercício completo em relação a ou- sobre as informações alcançadas certa-
tros exercícios anteriores da execução de mente representa a etapa mais relevan-
despesas com a criança e o adolescente. te. Para conferir valor ao levantamen-
BASE DE DADOS: RExO para o to feito, capaz de influenciar a formu-
ano em curso e anos anteriores, confor- lação e a implementação de políticas
me o interesse, ou para períodos trimes- públicas voltadas à criança e ao adoles-
trais completos cumulativos (1º trimes- cente, é preciso produzir o Relatório
tre; até 2º trimestre; até 3º trimestre; do OCA, contendo reflexões sustenta-
até 4º trimestre). das, claras e contextualizadas a partir
PROCEDIMENTOS: das informações apuradas.
a. Calcule o OCA executado no ano
em curso e nos anos anteriores, ou O relatório deve ser sintético, apresentando so-
nos períodos trimestrais selecionados, mente as informações relevantes, con-
lembrando que, por exemplo, o 1º forme o modelo sugerido no Quadro 14.
trimestre de um ano deve ser compa- Deve identificar a organização respon-
rado com o 1º trimestre do ano ante- sável por sua elaboração e ser assinado,
rior e, assim, sucessivamente. a fim de lhe conferir caráter oficial. É
b. Use a tabela com o índice de atua- recomendável anexar a Tabela 1, que
lização para o ano em que deseja atua- mostra a totalização do Orçamento
lizar os preços, transformando os pre- Criança e Adolescente apurado.
ços apurados do OCA dos anos ante-
riores, conforme a Tabela 2. Certamente, a parte principal do Relatório do
c. Divida o resultado do valor do ano OCA é a seção parecer. Nesta, você de-
ou período em curso pelo valor do ve ser capaz de registrar as conclusões
ano ou período anterior atualizado; que mostrem os pontos principais obser-
diminua 1 (um) do resultado e multi- vados pela análise, de forma clara e sus-
plique por cem para encontrar o per- tentada, considerando as especificidades
centual de variação do OCA no pe- político-administrativas do município
ríodo analisado. ou estado analisado.
CONCLUSÃO POSSÍVEL: o cresci-
mento real das despesas a favor das Partindo dos valores apurados, algumas indaga-
crianças e dos adolescentes. ções básicas podem ajudar você a estru-
turar sua análise. De modo geral, pode-
6.5. RELATANDO AS CONCLUSÕES mos identificar seis questões fundamen-
tais, que podem ser debatidas junto ao
Levantar os dados e fazer o cálculo do Orça- grupo interessado, para gerar reflexões
mento Criança e Adolescente consti- sobre as avaliações obtidas do Orçamen-
tuem duas etapas desafiadoras. Entre- to Criança e Adolescente:
tanto, a consolidação das conclusões
1. Que dificuldades foram identificadas duran-
TABELA 2
te o levantamento do OCA que podem
PLANILHA COM ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO PARA ter afetado a apuração?
2. Houve ou não crescimento das despesas a fa-
PREÇOS DE 2005 ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO vor da criança? Por quê? Há explicações
CONSUMIDOR AMPLO - IPCA oficiais sobre o crescimento ou decrésci-
mo do OCA?
ANO ÍNDICE DE VALOR A VALOR
(A) ATUALIZAÇÃO CORRIGIR (C) CORRIGIDO 3. O OCA previsto originalmente está sendo
PARA 2003* (B) (D = B x C) executado no ritmo e volume adequa-
2000 1,51012 dos?
2001 1,42499 4. A proporção do OCA em relação ao orça-
2002 1,32344 mento total é adequada? Cresceu ou di-
2003 1,17607 minuiu no período? Por quê?
2004 1,07600 5. O OCA previsto é suficiente para atingir as
2005 1,00000 metas nacionais e internacionais?

64 65 66
capítulo 6

6. É possível, a partir do levantamento feito, ambígua do orçamento. As comparações


identificar áreas em que se deva reivindi- de realidades municipais e estaduais de-
car o aumento do OCA? Quais? Por quê? vem, por sua vez, também considerar
suas particularidades. Ao final, o impor-
Além disso, é importante considerar algumas tante é que você e sua comunidade che-
questões gerais sobre o desafio de usar guem à conclusão se o OCA previsto es-
avaliações referentes ao desempenho de tá realmente sendo cumprido e se houve
orçamentos públicos para a defesa da incremento dos gastos a favor da criança
melhoria de políticas públicas, especial- e do adolescente.
mente dirigidas para a criança e o ado-
lescente. De um lado, é preciso lembrar Lembre, reflita e discuta. O orçamento pú-
que a própria estruturação do orçamento blico é um contrato social em que são
público, determinada por exigências registrados, em termos de programa-
contábeis legais, não favorece a leitura ção de ações e previsão de receitas e
do desenho e do desempenho das políti- despesas, os entendimentos entre a
SIGA POR AQUI cas públicas. Muita coisa fica submersa, sociedade e o governo sobre as realiza-
Para fins de atualização dependendo de informações adicionais. ções a serem implementadas em bene-
dos preços do De outro, vale reconhecer que é precário fício da população. Certamente, as
Orçamento Criança e interpretar exclusivamente os resultados autorizações e quantitativos registra-
Adolescente, orçamentários e financeiros sem as devi- dos na Lei do Orçamento Anual, bem
recomenda-se o uso do das contextualizações político-adminis- como o desempenho executivo advin-
Índice Nacional de trativas. Eles são indicadores valiosos so- do da sua implementação, constituem
Preços ao Consumidor bre a condução das políticas públicas, elementos significativamente repre-
Amplo (IPCA), por ser o mas precisam ser esclarecidos a partir de sentativos do próprio desempenho das
índice de preços uma análise delas e não o contrário. políticas públicas. Contudo, os resul-
utilizado oficialmente tados das políticas públicas envolvem
para o cálculo da Em razão disso, para otimizar sua análise final, diversas outras decisões sobre sua con-
inflação. O Índice Geral sugerimos que ela leve em conta seis re- cepção e implementação que não es-
de Preços – flexões relevantes (Quadro 15), antes do tão diretamente vinculadas à estrutu-
Disponibilidade Interna fechamento do Relatório do OCA. De ração e execução dos orçamentos. Ca-
(IGP-DI), também usado fato, os números não dizem tudo e de- be a você, no fechamento do seu Re-
comumente, é mais vem, preferencialmente, ser considera- latório do OCA, trazer à tona toda es-
sensível a variações dos no contexto de uma série histórica. sa realidade. Assim, você saberá
cambiais e outras É possível que algumas ações em benefí- transformar o seu Orçamento Criança e
variáveis cio da criança possam ter ficado de fora Adolescente apurado em um real ins-
macroeconômicas. ou mesmo entrado indevidamente no trumento de defesa das políticas pú-
cálculo do OCA, devido à linguagem blicas para a criança e o adolescente.

65 66 67
capítulo 6 Muita coisa para ser analisada com atenção
TEMPO NUBLADO Adolescente, do Fundo Nacional,
A apuração do Orçamento Criança e Municipal ou Estadual de Assistência
Adolescente é o primeiro passo para Social, ou mesmo a avaliação da
você compreender melhor como são qualidade das despesas que foram
gastos os recursos com as crianças e consideradas para comprovar as
os adolescentes em seu município ou exigências constitucionais com
estado. Mas há questões importantes gastos com educação e saúde.
a serem consideradas em cada área, Discuta na sua comunidade. Consulte
que vão além do cálculo imediato. pessoas que podem aprofundar a
Como, por exemplo, o análise do orçamento. E não deixe de
desempenho de indicadores buscar, no Caderno “Promovendo o
sociais perante os gastos Controle Social do Orçamento
realizados, o comportamento Criança e Adolescente”, mais
da execução do Fundo subsídios para a ir a fundo na defesa
Nacional, Municipal ou Estadual dos diretos da criança e do
dos Direitos da Criança e do adolescente.

quadro 14

RELATÓRIO DO ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente – MODELO GERAL

Município/Estado:
Base de Dados Utilizada:
Entidade Responsável:
Valor total
(SOMATÓRIO DE TODAS AS FUNÇÕES/SUBFUNÇÕES LEVANTADAS)

( ) Orçado ( ) Empenhado ( ) Liquidado ( ) Pago


Ano 1/Tri 1 Ano 1/Tri 2 Ano1/Tri 3 Ano1/Tri 4
ESFERA DE AÇÃO
R$ (%) R$ (%) R$ (%) R$ (%)
Saúde
Educação
Assistência Social e Direitos de Cidadania
TOTAL
CRESCIMENTO DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE
Em relação a Em relação a Em relação ao Em relação ao
ano 0/Tri 1 .... % ano 0/Tri 2 ....% ano 0 Tri 3 .....% ano 0 Tri 4 .....%
PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL: .... %
PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO À RECEITA PRÓPRIA TOTAL: .... %
ORÇAMENTO CRIANÇA per capita: ......
parecer

ASSINATURA DO RESPONSÁVEL:

66 67 68
capítulo 6 quadro 15

SEIS REFLEXÕES PARA CONCLUSÕES SOBRE O ORÇAMENTO


CRIANÇA E ADOLESCENTE APURADO

1. A apuração do Orçamento Criança e 4. A comparação do Orçamento Criança


Adolescente carrega as dificuldades da e Adolescente entre municípios ou
própria falta de transparência do Estados precisa considerar as realidades
orçamento público no Brasil. políticas-administrativas e não somente
Os resultados obtidos poderão ser os resultados orçamentários.
questionados sob o argumento de Os resultados numéricos permitem
estarem considerando ou deixando de comparações entre realidades distintas.
considerar determinadas ações/despesas. Isso, porém, exige considerar
Isso se deve à linguagem contábil dos simultaneamente as respectivas
orçamentos, que não se destina a realidades político-administrativas. Além
evidenciar as políticas públicas disso, é recomendável analisar séries
implementadas, e ao poder público que, históricas e buscar indicadores
de modo geral, não se preocupa em dar complementares, que ajudem a esclarecer
clareza orçamentária às suas realizações. as semelhanças e diferenças observadas.

2. Os números do orçamento não 5. A plena execução das despesas


dizem tudo. previstas com a Lei do Orçamento Anual
Os resultados numéricos obtidos são um é fundamental.
indicador importante para mostrar o O orçamento é um compromisso de
desempenho das ações a favor da realizações, negociado a partir do
criança. Entretanto, eles são, antes de Legislativo. Isso envolve o investimento de
tudo, a tradução sintética de aspectos esforços para a conquista de ações e
qualitativos das políticas públicas, que metas a serem atingidas, gerando
precisam ser levantados e analisados expectativas. Para garantir sua
simultaneamente. É importante destacar legitimidade, é imprescindível exigir a
que grande parte das decisões que plena execução dos compromissos
afetam a concepção e implementação registrados na Lei do Orçamento Anual.
dessas políticas não está diretamente
vinculada à estruturação e execução dos
orçamentos. 6.O objetivo principal do Orçamento
Criança e Adolescente é o incremento
qualitativo e quantitativo das despesas
3.Uma série histórica de despesas públicas.
realizadas oferece conclusões mais A ampliação das despesas voltadas para
consistentes sobre realizações. a proteção e promoção da criança e do
A apuração de um ano ou um período é o adolescente, com a respectiva ampliação
retrato de um momento. A análise de uma de cobertura/oferta de serviços e
série de Orçamentos Criança e qualidade da atenção, é prioridade do
Adolescente previstos ou executados Orçamento Criança e Adolescente.
oferece melhores condições para se
avaliar o perfil e a tendência dos gastos
públicos.

67 68 69
de olho no orçamento criança

Iniciativa

Parceria

Apoio

68 69 70
A humanização da informação para
sua utilização na tomada de decisões,
nos processos de aprendizagem
e no empoderamento da população
e da criança é, talvez, um dos
maiores desafios que enfrentam os
países latino-americanos.

UNICEF, 2003
caderno 2

PROMOVEND O
O CON T RO L E S O C I A L D O O R Ç A M E N TO C R I A N Ç A e a d o l e s c e n t e

Iniciativas para aumentar


os recursos públicos
em benefício da criança
e do adolescente
INTRODUÇÃO
73 PARA USAR O CADERNO PROMOVENDO O CONTROLE
SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

CAPÍTULO 1
77 POR QUE CALCULAR O ORÇAMENTO CRIANÇA e
adolescente
promovendo o controle social do oca

78 1.1. O que é o Orçamento Criança e Adolescente


79 1.2. Por que calcular o Orçamento Criança e Adolescente
80 1.3. Como calcular o Orçamento Criança e Adolescente
81 1.4. Como conseguir os dados para calcular o Orçamento
Criança e Adolescente

CAPÍTULO 2
83 POR QUE FAZER CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO
CRIANÇA e adolescente
84 2.1. Razões para lutar por um Brasil pelas Crianças
86 2.2. A importância do controle social do Orçamento Criança e
Adolescente
89 2.3. Fortalecendo a rede de controle social do Orçamento Criança e
Adolescente
91 2.4. Atuando junto ao Poder Executivo
95 2.5. Priorizando a defesa do Orçamento Criança com o Poder
Legislativo

CAPÍTULO 3
99 GARANTINDO O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
NO CICLO ORÇAMENTÁRIO
100 3.1 A importância do ciclo orçamentário para o Orçamento Criança
e Adolescente
101 3.2. Como implementar ações a favor da criança e do adolescente
no Plano Plurianual
103 3.3. O que pode ser feito na Lei de Diretrizes Orçamentárias a favor do
Orçamento Criança e Adolescente
106 3.4. Como incluir ações e aumentar despesas a favor do Orçamento
Criança e Adolescente na Lei do Orçamento Anual
109 3.5. Garantindo a execução do Orçamento Criança e Adolescente

CAPÍTULO 4
115 COMO AUMENTAR OS RECURSOS PÚBLICOS para o
orçamento criança e adolescente
116 4.1. Aumentando os recursos para o Orçamento Criança e
Adolescente
118 4.2. Atuando sobre as receitas próprias do município
120 4.3. Atuando sobre as transferências voluntárias
123 4.4. Atuando sobre os recursos federais da educação
126 4.5. Atuando sobre os recursos federais da saúde
128 4.6. Atuando sobre os recursos federais da proteção social

CAPÍTULO 5
133 MONITORANDO E AVALIANDO INFORMAÇÕES do oca
134 5.1. Por que e como monitorar e avaliar
134 5.2. A importância das metas e indicadores
136 5.3. Utilizando os meios de comunicação

71 72 73
para usar
o caderno promovendo o controle social do OCA

As páginas a seguir trazem um conjunto de informações e orientações para apoiar a


participação da sociedade civil na efetivação de políticas públicas para melho-
ria das condições de vida da criança e do adolescente. Elas procuram mostrar
que conhecer, apurar, analisar e divulgar os resultados do Orçamento Criança e
Adolescente podem ser importantes instrumentos na luta pelo real compromis-
so das autoridades públicas com a promoção e a proteção da criança e do ado-
lescente, assim como podem contribuir para a necessária compreensão do fun-
cionamento da administração pública e do uso dos recursos públicos. O Orça-
mento Criança e Adolescente (OCA), representa o conjunto de ações e despesas
governamentais destinado à infância e adolescência, tanto no âmbito da
União, quanto de estados e municípios. Ele é definido pela aplicação da Meto-
dologia do Orçamento Criança e Adolescente (Metodologia do OCA), apre-
sentada no caderno anterior.

As orientações aqui apresentadas fazem parte do Projeto de Olho no Orçamento Crian-


ça, que tem como estratégia sensibilizar, informar e mobilizar a sociedade para
introdução

o controle social dos recursos e das políticas públicas em benefício da criança


e do adolescente. O projeto considera a elaboração e execução do orçamento
público, momentos decisivos para a definição e consecução de políticas públi-
cas, assim como para a promoção de direitos. Além do cumprimento da exigên-
cia legal de autorização para a realização de ações com a correspondente dispo-
nibilização de recursos, é no processo orçamentário que se materializa a efetiva
decisão de realização da ação e a conseqüente priorização de políticas.

O projeto também desenvolveu o Caderno 1 “Apurando o Orçamento Criança” e o si-


te <www.orcamentocrianca.org.br>. O livro apresenta a Metodologia do Orça-
mento Criança e Adolescente e oferece instruções para a apuração do OCA. O
site traz informações detalhadas sobre o projeto e suporte para a apuração do
OCA. Combinando esses materiais, esperamos que as organizações da socieda-
de civil possam dispor de informações fundamentais para o pleno diagnóstico
dos problemas e para a cobrança de eficiência, publicidade e clareza no anda-

7 2 7 3 74
introdução mento das ações governamentais volta-
das à criança e ao adolescente, melho-
pítulo 4 “Como aumentar os recursos
públicos para o Orçamento Criança e
rando a qualidade da alocação dos recur- Adolescente”, mostra quais fontes de
sos no OCA, colocando, assim, as crian- recursos financiam o Orçamento Crian-
ças em primeiro lugar. ça e Adolescente e o que é possível fazer
para incrementá-las. Finalmente, no
Capítulo 5 “Monitorando e avaliando
USANDO ESSE CADERNO informações do Orçamento Criança e
Adolescente”, você tem orientações so-
Esse caderno foi estruturado para apoiar a
bre a importância e as estratégias prin-
ação de controle social de sua comuni-
cipais de uso das informações geradas
dade. No Capítulo 1 “Por que calcular
pelo levantamento do OCA.
o Orçamento Criança e Adolescente”,
você relembra o que é OCA e os ele- Em cada capítulo, você encontrará referências
mentos necessários para calculá-lo. No aos principais atores envolvidos com a te-
Capítulo 2 “Por que fazer controle so- mática apresentada e à legislação básica
cial do Orçamento Criança e Adoles- pertinente (Consulte a Legislação), para
cente”, é apresentada a avaliação sobre ajudá-lo a compreender melhor o tema
a importância do acompanhamento e abordado. Você também irá identificar
monitoramento das ações e despesas sugestões de ações de vigilância social e mo-
públicas destinadas à criança e ao ado- bilização social para diversos aspectos re-
lescente, destacando a relevância do levantes de controle social do OCA. Ao
Poder Legislativo e da articulação da longo do caderno há dicas para facilitar o
rede de organizações que atuam nesse aprendizado (Siga por Aqui), assim como
campo para o alcance dos objetivos. No três níveis de alerta (Tempo Bom, Tempo
Capítulo 3 “Garantindo o Orçamento Nublado e Tempo Ruim) no processo de
Criança e Adolescente no ciclo orça- controle social. Em algumas situações se-
mentário”, você toma conhecimento rá indicada a consulta ao Caderno 1
das ações de controle social que podem “Apurando o Orçamento Criança” e ao
ser empreendidas durante o ciclo orça- site <www.orcamentocrianca.org.br>,
mentário para garantir o OCA. O Ca- que integram o projeto.

7 3 74 7 5
UM MUNDO para as crianÇas
Formulação relevante do documento
“Um Mundo para as Crianças” ou “Convenção
dos Direitos das Crianças”.

Pacto pela paz


Indicação de formulação relevante do
documento “Pacto pela Paz”.

CONSULTE A LEGISLAÇão
Texto legal importante para sua ação.

SIGA POR AQUI


Indicação de procedimento
importante para atingir determinado
objetivo no cálculo do Orçamento
Criança e Adolescente.

Agentes principais
Agentes sociais relevantes na
implementação de ações em uma
determinada arena de negociação.

vigilância social e
mobilização sociaL
legendas

Sugestões de ações possíveis para


o controle social.
No decorrer deste
caderno você Dicas, alertas e informações importantes para a apuração, a
encontra as análise e o controle social do Orçamento Criança e Adolescente.
legendas mostradas
ao lado. Fique tempo bom NUBLADO RUIM
atento: elas trazem
informações muito
importantes para
seu trabalho com o
Orçamento Criança
e Adolescente.

74 7 5 7 6
capítulo 1

POR QUE
CALCULAR O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
O Orçamento Criança e Adolescente pode tornar-se um importante
instrumento para o avanço da luta de sua comunidade na
promoção dos direitos da criança e do adolescente. Saiba por que
e como calculá-lo.

1.1. O QUE É O ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

O Orçamento Criança e Adolescente contém o que você precisa saber sobre o que foi gas-
to ou está previsto para ser gasto com a criança e o adolescente. Ele constitui o re-
sultado da aplicação da Metodologia do Orçamento Criança (Metodologia do
OCA) para seleção, agrupamento e apuração de ações e despesas do orçamento
público e da execução orçamentária, que permite identificar, com clareza e obje-
tividade, o volume de recursos destinados à proteção e ao desenvolvimento da
criança e do adolescente. O orçamento público é uma lei que contém a previsão
de receitas e a programação de despesas do governo para o período de um ano. En-
tretanto, a classificação de ações e suas respectivas despesas apresentam caráter
voltado, sobretudo, para a contabilidade dos gastos públicos. Ela não mostra clara
e diretamente a destinação dos recursos por setores sociais. Com o OCA, conse-
guimos extrair essas informações e, assim, compreendemos melhor como as polí-
ticas públicas para a promoção e proteção da criança e do adolescente estão estru-
turadas e em qual estágio de implementação se encontram.

A Metodologia do OCA oferece orientações para organizar as informações contidas no or-


çamento público, de forma a evidenciar o que é destinado à promoção e ao desen-
volvimento da criança e do adolescente. Para tanto, indica ações relevantes a se-
rem identificadas no orçamento para comporem o OCA e disponibiliza, também,
capítulo 1

orientações para a avaliação dos resultados obtidos e do desenvolvimento na aná-


lise das políticas públicas em benefício da criança e do adolescente.

O Orçamento Criança e Adolescente é composto por gastos governamentais selecionados


segundo três esferas prioritárias de ação:

(a) Saúde: ações de promoção da saúde, do saneamento e da habitação, e combate ao


HIV/AIDS.

(b) Educação: ações de promoção da educação, da cultura, do lazer e do esporte.

(c) Assistência Social e Diretos de Cidadania: ações de promoção de direitos e pro-


teção social.

Como já foi dito no Caderno 1 “Apurando o Orçamento Criança”, o OCA considera


tanto ações implementadas para a atenção direta às crianças e aos adolescentes (co-

77 78 79
capítulo 1

mo, por exemplo, promoção da educação você saberá qual é o real esforço do Po-
e da saúde materno-infantil) quanto der Público para beneficiar a causa da
aquelas voltadas para a promoção e me- criança. E, desse modo, você e sua co-
lhoria das condições de vida das famílias. munidade terão argumentos mais con-
O primeiro grupo de ações é chamado de sistentes e ancorados na verdadeira
Orçamento Criança Exclusivo (OCA- atuação das autoridades públicas para
E) e o segundo de Orçamento Criança reivindicar e tratar, junto a elas, a solu-
Não Exclusivo (OCA-NE). Para o cál- ção dos problemas sociais identificados.
culo efetivo desse último, a Metodologia
determina que os valores apurados sejam Assim, o Orçamento Criança e Adolescente:
calculados sobre a parcela de crianças e
adolescentes beneficiários, para se alcan- 1 – Proporciona acesso a informação clara e ob-
çar o benefício aproximado dessas ações. jetiva sobre a situação da criança e do
adolescente; algo fundamental na orga-
nização de sua ações. A apuração do
1.2. POR QUE CALCULAR O OCA oferece dados sobre o que e quan-
ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE to é destinado para a área da infância.
Por meio de sua análise, é possível de-
A apuração do Orçamento Criança e Adolescente fender mais e melhor a alocação de re-
é uma poderosa ferramenta para a pro- cursos para o desenvolvimento de crian-
mover e defender os direitos da criança ças e adolescentes.
e do adolescente. Ela consegue pene-
trar na escuridão do orçamento público 2 – Oferece elementos para exigir que as auto-
e trazer à luz a realidade das ações go- ridades do governo respondam publica-
vernamentais em benefício da criança e mente, de forma periódica e transparen-
do adolescente. Com o seu resultado, te, por suas ações, pelas políticas imple-
você e sua comunidade terão à disposi- mentadas e pelo uso dos recursos. Com
ção informações importantes para orga- o resultado do OCA é possível acompa-
nizar ações e avançar em sua luta. Os nhar e avaliar o desempenho dos gover-
gastos públicos são importantes indica- nos em benefício das crianças, exigin-
dores da qualidade da ação governa- do-lhes efetividade em suas ações e
mental. Afinal, a qualidade de vida e cumprimento dos quesitos legais aos
da assistência à criança, assim como a quais estão submetidos. A comunidade
possibilidade de mudança das políticas pode, assim, ir além da simples reivindi-
públicas, passam pela avaliação da dis- cação, exigindo a implementação de
ponibilidade de recursos públicos para políticas sistemáticas e consistentes pa-
as despesas necessárias. Com o OCA, ra a criança e o adolescente.

78 79 80
capítulo 1 3 – Contribui para uma melhor construção da Na etapa de obtenção de dados, você deve de-
inclusão social da população infanto-ju- cidir se deseja apurar o OCA direta-
venil. A partir da análise do OCA, sur- mente da Lei do Orçamento Anual
gem elementos para diagnosticar quem e (LOA) e/ou do relatório da execução
quantas crianças e adolescentes têm sido orçamentária. A apuração a partir da
beneficiadas pelos gastos públicos e de- LOA (Base Orçamento Anual) vai lhe
fender a priorização dos recursos para sua propiciar uma avaliação do que está
proteção e promoção social. A amplia- previsto para a criança e o adolescente.
ção das despesas voltadas para a proteção É possível, por exemplo, comparar o
e promoção da criança, com a respectiva que foi programado em benefício da
ampliação de cobertura/oferta de servi- criança e do adolescente durante os úl-
ços e qualidade da assistência, é priorida- timos anos. Para tanto, é necessário
de do Orçamento Criança e Adolescente. dispor de uma cópia da LOA, especial-
mente do “Quadro de Detalhamento
de Despesas” (QDD) para os anos a se-
1.3. COMO CALCULAR O ORÇAMENTO rem analisados.
CRIANÇA E ADOLESCENTE
A apuração a partir do que foi executado no or-
Para calcular o Orçamento Criança, foi elabora- çamento lhe possibilita conhecer o que
do o Caderno 1 “Apurando o Orçamen- está, de fato, sendo realizado do Orça-
to Criança” com orientações detalhadas mento Criança e Adolescente. Na verda-
para que você e sua comunidade apli- de, o orçamento é apenas uma previsão,
quem a Metodologia do OCA. A apura- uma autorização para realização de gas-
ção exige que você se capacite no tema tos. Assim, muita coisa pode constar de-
orçamento público para identificar e sele- le e não ser executada ou mesmo ser
cionar as ações e despesas que compõem executada parcialmente. É possível, por
o OCA. O auxílio para o levantamento exemplo, apurar o que foi realmente gas-
dessas informações está disponível no si- to com a proteção e promoção da crian-
te <www.orcamentocrianca.org.br>. ça e do adolescente nos últimos seis me-
ses. Nesse caso, você deve obter o rela-
Basicamente, você deverá seguir quatro etapas tório de execução orçamentária (Base
para apurar o OCA: a) obtenção de da- Execução Orçamentária) junto à prefei-
dos; b) seleção funcional de ações e des- tura ou Câmara Municipal, ao governo
pesas; c) seleção direta de ações e despe- do estado ou à Assembléia Legislativa,
sas e d) análise do OCA apurado. referente ao período. O modelo do rela-
tório necessário para essa apuração en-
contra-se no Caderno 1 “Apurando o
Orçamento Criança” e também no site
Qual a base dados para calcular o Orçamento <www.orcamentocrianca.org.br>.
Criança e Adolescente
De posse dos dados que obteve, você deverá
SIGA POR AQUI realmente gasto em um prosseguir na etapa seleção funcional e
A apuração do Orçamento Criança e determinado período (três meses, direta de ações e despesas. Nesta fase, vo-
Adolescente pode ser feita a partir um semestre, um ano etc.). cê identificará as ações e despesas do
dos dados da Lei do Orçamento Para a apuração pela Base OCA e as agregará de acordo com as três
Anual (Base Orçamento Anual) ou a Execução Orçamentária, você pode áreas de ação prioritária (Saúde, Educa-
partir de relatórios de execução utilizar relatórios com valores ção e Assistência Social). O Caderno 1
orçamentária (Base Execução empenhados, valores liquidados ou “Apurando o Orçamento Criança” mos-
Orçamentária). A primeira fornece valores pagos. A Metodologia do tra como você deve proceder para fazer
informações sobre a previsão anual OCA recomenda considerar os esse levantamento a partir da classifica-
de gastos com a criança e o valores liqüidados, pois representam ção funcional-programática do orçamen-
adolescente. A segunda fornece aquilo que já foi realizado, ainda to (cálculo funcional) e, na seqüência,
informações sobre o que foi que não pago. como dar consistência a esse estudo por
meio do chamado cálculo direto.

79 80 81
capítulo 1 Obtendo os dados para o Orçamento Criança e Adolescente
AGENTES PRINCIPAIS
SECRETÁRIO MUNICIPAL DA FAZENDA • É o responsável legal pela emissão dos relatórios contábeis sobre a
movimentação orçamentária e financeira da prefeitura.
• Tem a obrigação legal de responder às solicitações de informações.

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL • É o dirigente principal do Poder Legislativo, que, além de apreciar e aprovar as
leis orçamentárias, tem o dever constitucional de fiscalizar o Poder Executivo e
zelar para que os cidadãos tenham acesso às informações do Poder Público.

MINISTÉRIO PÚBLICO • Tem competência para exigir judicialmente a disponibilização dos dados, em
caso de recusa de disponibilização pelas autoridades do Poder Executivo.

Na etapa de análise do Orçamento Criança e apuração do OCA deve trazer a posição


Adolescente apurado, dispondo da apu- da realização das despesas, discriminada
ração do OCA, você deverá redigir o conforme o “Quadro de Detalhamento
Relatório do Orçamento Criança (Rela- de Despesas” (QDD) existente no orça-
tório do OCA) de acordo com as mento, que chamamos de Relatório de
orientações do Caderno 1 (veja seção Execução Orçamentária por Órgão, Proje-
6.5). Para isso é importante reunir tos e Atividades (RexO) (veja modelo na
membros da comunidade que dete- seção 3.3 do Caderno 1). Apesar de se
nham um conhecimento maior sobre o tratar de um relatório bastante simples e
orçamento e as políticas públicas da ci- amplamente usado pelas próprias prefei-
dade, para chegar a conclusões consis- turas para o acompanhamento da execu-
tentes sobre o resultado apurado. ção orçamentária, não há previsão legal
expressa de sua divulgação ou publica-
ção periódica. Na verdade, a Constitui-
1.4. COMO CONSEGUIR OS DADOS ção Federal prevê a publicação bimestral
PARA CALCULAR O ORÇAMENTO do Relatório Resumido de Execução Orça-
CRIANÇA E ADOLESCENTE mentária (RREO), cujo formato e con-
teúdo são atualmente definidos pela Se-
O acesso à base de dados orçamentários é im- cretaria do Tesouro Nacional do Minis-
CONSULTE prescindível para que você possa realizar tério da Fazenda. Porém, RREO não
A LEGISLAÇÃO a apuração do Orçamento Criança e Ado- oferece dados com o detalhamento ne-
“É dever da família, da lescente. Para a Base Orçamento Anual, cessário para o OCA.
comunidade, da é necessário ter em mãos o Quadro de
sociedade em geral e Detalhamento de Despesas (QDD), que Para conseguir o Relatório de Execução Orça-
do Poder Público integra a Lei do Orçamento Anual mentária com o formato e conteúdo
assegurar, com (LOA). A obtenção da LOA é relativa- adequado, você deve solicitá-lo oficial-
absoluta prioridade, a mente fácil, pois, por exigência legal, ela mente à prefeitura ou ao governo do es-
efetivação dos direitos é publicada em jornal de ampla circu- tado. Protocole ofício de organização
referentes à vida, à lação ou no próprio diário oficial do mu- representativa com a solicitação e sugi-
saúde, à alimentação, à nicípio, estado ou União. Você também ra um prazo razoável para retornar e re-
educação, ao esporte, pode obtê-la na Secretaria da Fazenda, ceber o relatório (veja, no Anexo I, o
ao lazer, à no gabinete do prefeito ou governador, modelo de ofício). Pode ser mais produ-
profissionalização, à na presidência da Câmara Municipal ou tivo solicitar, inicialmente, ao respon-
cultura, à dignidade, ao na Assembléia Legislativa. sável direto por sua elaboração: o secre-
respeito, à liberdade e tário da Fazenda. Em municípios maio-
à convivência familiar Para a Base Execução Orçamentária, você de- res, solicite ao secretário de Planeja-
e comunitária.” ve conseguir, junto à prefeitura, um rela- mento. Se após o prazo estabelecido,
Estatuto da Criança e tório que traga o resultado da execução você não obtiver resposta, encaminhe
do Adolescente, do orçamento municipal por projeto e nova solicitação ao secretário de Assis-
art. 4º atividade orçamentários. O relatório de tência Social (ou do Trabalho), pois ele
execução orçamentária que serve para a é o responsável pelas políticas diretas

80 81 82
capítulo 1 Obtendo os dados para o Orçamento Criança e Adolescente
AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Calcular o Orçamento Criança e Adolescente a fim de dispor de informações
VIGILÂNCIA estruturadas para promoção da inclusão social de crianças, adolescentes e suas
SOCIAL famílias, bem como para acompanhamento e avaliação das políticas implementadas a
favor dessas pessoas.

1. Solicitar ao Secretário da Fazenda dados para apuração do OCA.


MOBILIZAÇÃO 2. Encaminhar junto ao Ministério Público ação para obtenção dos dados necessários
SOCIAL para a apuração do OCA, em caso de recusa da prefeitura.

de proteção da criança e do adolescen- pal. Se for necessário, dirija sua solici-


te, o que sugere que dispensará maior tação diretamente ao prefeito. Apro-
atenção ao seu pedido. veite para agendar uma audiência, o
que certamente ajudará a esclarecer o
É possível que você tenha dificuldades para motivo do pedido.
conseguir o Relatório de Execução Or-
çamentária ou mesmo a cópia da Lei do Se, depois de tudo isso, você não conseguir ob-
Orçamento Anual. Embora a legisla- ter o relatório, a solução é realizar uma
ção brasileira preveja o princípio da mobilização social, acionando a via judi-
publicidade e da clareza na gestão das cial. Procure os representantes do Mi-
finanças públicas (Constituição Fede- nistério Público em sua região. Faça uma
ral e Lei Complementar nº 101/00), representação pela publicidade das in-
em alguns municípios e estados costu- formações orçamentárias, que devem
ma prevalecer a cultura do autoritaris- ser, por natureza, de conhecimento pú-
mo, que resiste em atender aos direitos blico. Além disso, você e sua comunida-
da cidadania. Você deve, em primeiro de podem entrar na justiça comum com
lugar, procurar esgotar todas as possi- um mandato de segurança para garantir
bilidades de obter essas informações o direito à publicidade das informações
na prefeitura ou na Câmara Munici- sobre o orçamento.

Criação de instrumentos necessários


ao controle social
CONSULTE A LEGISLAÇÃO da sociedade, visando à adoção de
“O acompanhamento e a normas de consolidação das contas
avaliação, de forma públicas, padronização das
permanente, da prestações de contas e dos
política e da relatórios e demonstrativos de
operacionalidade da gestão gestão fiscal de que trata esta Lei
fiscal serão realizados por Complementar, normas e padrões
conselho de gestão fiscal, mais simples para os pequenos
constituído por representantes de municípios, bem como outros,
todos os poderes e esferas de necessários ao controle social.”
Governo, do Ministério Público e de Lei Complementar nº 101/00,
entidades técnicas representativas art. 7, III

81 82 83
capítulo 2

POR QUE fazer


CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
O controle social constitui o direito democrático que a sociedade
tem de defender, acompanhar e avaliar a execução de políticas
públicas. Neste capítulo, você conhecerá a importância de realizá- lo
a favor do Orçamento Criança e Adolescente.Também será
informado de como participar da rede de organizações do OCA e
articular uma frente parlamentar voltada para esse controle.

2.1. RAZÕES PARA LUTAR POR UM BRASIL PELAS CRIANÇAS

A luta por um futuro melhor para as crianças e os adolescentes no Brasil não começou
agora. Remonta a décadas de mobilização da sociedade civil brasileira. Muitas
causas sociais foram conquistadas e muitas vêm sendo defendidas e viabilizadas.
Outras tantas precisam, ainda, ganhar corações e mentes para tornarem-se reali-
dade na nossa agenda pública. De qualquer forma, hoje a luta pelo desenvolvi-
mento da criança e do adolescente e pela garantia de seus direitos é realidade
consciente em nosso país, marcada por conquistas relevantes na última década e
sintonizada com compromissos internacionais.

Nessa luta, a sociedade brasileira, por meio de organizações sociais, tem sido a grande
protagonista. Situadas em bairros, localizadas nas cidades, mirando no horizonte
dos desafios do estado e do país, organizações das mais diversas naturezas vêm
atuando em defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, buscando obter in-
formações para suas ações e sobre a situação da criança, lutando para sensibilizar
autoridades, tentando compreender a lógica de funcionamento da administração
pública e do uso dos recursos públicos. Essas organizações lutam para promover o
capítulo 2

controle social das ações públicas capazes de garantir um futuro melhor para todas
as crianças brasileiras.

A luta pela promoção e proteção da criança e do adolescente é a luta pelo verdadeiro fu-
turo do Brasil. Crianças e adolescentes que crescem pobres, tornam-se vulnerá-
veis, com chances mínimas de desfrutarem uma vida saudável e oportunidades
dignas de trabalho e renda na idade adulta. Conforme destaca o documento Um
Mundo para as Crianças, da ONU, ao conferirmos “alta prioridade aos direitos das
crianças, sua sobrevivência, proteção e desenvolvimento, cuidamos dos melhores
interesses de toda a humanidade e asseguramos o bem-estar de todas as crianças
em todas as sociedades”. A implementação de ações prioritárias em benefício da
criança e do adolescente, por sua vez, se desdobra em diversos eixos de ação e es-
tratégias, como assinala o documento Pacto pela Paz.

Hoje, crianças e adolescentes são parcela expressiva da população brasileira, representan-


do 33,20% do total. De acordo com dados do IBGE, cerca de 47,3% da população

83 84 85
capítulo 2

de 0 a 17 anos vivem em famílias com sa taxa está gravemente distante de atin-


renda per capita inferior a meio salário mí- gir a principal parcela de jovens, cobrin-
nimo. São mais de 27 milhões de meni- do somente 40,6%, segundo dados de
nos e meninas sofrendo privações de vá- 2002 da PNAD. Nesse último nível es-
rios tipos, como falta de alimentação ade- colar, de cada cem adolescentes, 17
quada e de acesso a saneamento básico, abandonam a escola na rede pública. A
água potável e educação de qualidade. taxa de repetência para ambos os níveis
de ensino é alta, representando 20%, e a
Além de inseridas em um ambiente de pobreza, de evasão, 5,4% e 7,6%, respectivamen-
nossas crianças e adolescentes estão su- te para os níveis fundamental e médio.
jeitos a graves riscos sociais. No Brasil, Noutra vertente, embora venha caindo
segundo dados da Pesquisa Nacional por gradativamente, a mortalidade infantil
Amostragem de Domicílios (PNAD) de para menores de 1 ano registra no país a
2003, do Instituto Brasileiro de Geogra- alta taxa de 27,8 óbitos para cada mil
fia e Estatística (IBGE), há cerca de 2,7 nascidos vivos, chegando a 41,4 nos
milhões crianças na faixa etária de 5 a municípios do Nordeste, de acordo com
15 anos submetidas ao trabalho infantil, dados de 2002 do IBGE. Porém, o per-
a grande maioria em áreas rurais. De centual de crianças com baixo peso ao
acordo com o estudo Matriz Intersetorial nascer tem subido nos últimos anos,
de Enfrentamento da Exploração Sexual atingindo 8,1% em 2002, de acordo
Comercial de Crianças e Adolescentes, da com o Ministério da Saúde.
Secretaria Especial de Direitos Huma-
nos, existem no país 932 cidades onde Mais do que a gravidade dos problemas, des-
ocorre a exploração sexual comercial in- pontam as dificuldades do Poder Públi-
fanto-juvenil, 495 das quais com popu- co de alterar de forma significativa e
lação entre 20 mil e 100 mil habitantes, sustentada esse cenário. De acordo com
principalmente no Nordeste e no Sudes- o acompanhamento do Plano de Ação
te. No caso do ensino, a escolarização Presidente Amigo da Criança realizado
ainda não alcança todas as crianças. No pela Rede de Monitoramento Amiga da
Ensino Fundamental, a taxa de escolari- Criança, o ritmo dos gastos governa-
zação líquida não cobre todo o universo, mentais no país em várias ações não
atingindo 93,9%. No Ensino Médio, es- tem se mostrado suficiente para o cum-

84 85 86
capítulo 2 primento dos Objetivos do Milênio até 2.2. A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE
2010, período da primeira avaliação ge- SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA
ral. A tendência histórica indica que, E ADOLESCENTE
até lá, serão despendidos apenas 56%
dos recursos necessários para alcançar as Criar um Brasil para as crianças, baseado no de-
metas, sendo que, no quadriênio 2004/ senvolvimento sustentável e em princí-
2007, o governo federal investirá ape- pios democráticos de igualdade, não-dis-
nas entre 16% e 20% dos recursos ne- criminação, justiça social e universalida-
cessários para alcançar essas metas no de, é uma tarefa complexa e desafiadora.
período. A priorização das políticas vol- Ela exige a atuação intensa e organizada
tadas às crianças e aos adolescentes de- da comunidade, mas, principalmente, de
penderá, então, da articulação e do estí- toda a sociedade, para produzir as mu-
mulo a iniciativas de estados, municí- danças que queremos no âmbito da pró-
pios, sociedade civil e comunidade in- pria sociedade e do governo. Ela exige
ternacional. Além disso, a tendência que consigamos promover o controle so-
histórica dos indicadores mostra que o cial das ações em benefício da criança e
Brasil provavelmente alcançará apenas do adolescente, como forma de consoli-
três das oito metas de Um Mundo para darmos a proteção de direitos e a promo-
as Crianças passíveis de mensuração. ção de políticas públicas que precisamos.
Também continuam a faltar informa-
ções para o monitoramento das metas e Em princípio, a família, como unidade básica da
sobre a destinação de recursos para a sociedade, tem a responsabilidade de
criança e o adolescente. proteger e promover a educação e o de-
senvolvimento das crianças e dos ado-
Portanto, são muitas as razões para lutar por um lescentes. Porém, na vida em sociedade,
Brasil para as crianças. Defender o aces- a família tem direito a receber proteção
so à educação de qualidade para todos, e apoio completos para levar adiante es-
incrementar os recursos públicos para sa tarefa. Esse apoio e proteção devem
ações em benefício da população infan-
to-juvenil, assim como lutar pela efetivi-
dade, publicidade e clareza das políticas
e recursos públicos empregados são algu-
POPULAÇÃO RESIDENTE POR
mas delas. É preciso que nós, organiza-
ções de defesa dos diretos e assistência às GRUPOS DE IDADE – 2005
crianças, conselhos e lideranças, seja-
mos capazes de promover o controle so- FAIXAS NÚMERO DE PESSOAS (%)
cial dessas ações para que consigamos Menos de 1 ano 3.666.884 1,99
construir um outro país para nossas
1 a 4 anos 14.303.865 7,77
crianças, nossos adolescentes e jovens.
5 a 9 anos 16.992.071 9,23
10 a 14 anos 16.463.415 8,94
15 a 17 anos 10.315.317 5,60
SUBTOTAL 61.741.552 33,52
“Os problemas críticos continuam: catastrófica. (...) A infância de 18 a 19 anos 7.041.885 3,82
a cada ano morrem mais de 10 milhões de seres humanos 20 a 24 anos 17.782.204 9,65
milhões de crianças, embora a continua sendo destruída pela SUBTOTAL 24.824.089 13,48
maioria dessas mortes pudesse ser necessidade de trabalhar em 25 a 29 anos 15.735.323 8,54
evitada; 100 milhões de crianças condições de perigo e exploração, 30 a 39 anos 27.623.855 15,00
ainda estão fora da escola, 60 % pela venda e o tráfico de crianças e 40 a 49 anos 23.112.620 12,55
das quais são meninas; 150 adolescentes e por outras formas 50 a 59 anos 14.860.109 8,07
milhões de crianças sofrem de de maus-tratos, descuido,
60 a 69 anos 9.181.801 4,99
desnutrição; e o HIV/AIDS exploração e violência.”
70 anos ou mais 7.104.915 3,86
propaga-se a uma velocidade Um Mundo para as Crianças, p. 18
TOTAL 184.184.264 100,00
Fonte: IBGE Diretoria de Pesquisas. Projeção da População do Brasil.
Revisão de 2004

85 86 87
capítulo 2 DEZ RAZÕES PARA LUTAR POR UM MUNDO PARA AS CRIANÇAS
1. A defesa de uma educação de qualidade é renda familiar per capita é menor que meio
o principal desafio para o desenvolvimento das salário mínimo.
crianças.
O Brasil quase alcançou a universalização da 6. É preciso combater a impunidade da
matrícula no ensino infantil, porém, os exploração sexual comercial infanto- juvenil.
resultados das provas de aproveitamento O enfrentamento da exploração sexual
mostram que quase 20% das crianças chegam comercial infanto-juvenil depende da superação
à 4ª série do Ensino Fundamental sem saber ler da fragmentação de ações e programas, de
e escrever. maneira a permitir o fortalecimento do sistema
de garantia de direitos e, fundamentalmente, o
2. A redução da mortalidade infantil ainda é fim da impunidade dos exploradores.
um grande desafio para alguns grupos da
população brasileira. 7. Os recursos públicos destinados à atenção
Apesar da mortalidade infantil ter caído mais de à criança são insuficientes.
40% entre 1990 e 2002, essa melhoria não foi Para alcançar as metas mensuráveis do Um
a mesma para todas as crianças. Hoje, uma Mundo para as Crianças, ao longo do período de
criança pobre tem o dobro de probabilidade de 2000-2010, a tendência histórica aponta gastos
uma criança rica de morrer antes de completar equivalentes a apenas 56% dos recursos
1 ano. Da mesma forma, uma criança que mora necessários.
no estado de Alagoas tem uma probabilidade
quatro vezes maior de morrer do que uma 8. É preciso incrementar a ação dos conselhos
criança que vive no Rio Grande do Sul. constituídos para defesa dos direitos das
crianças e dos adolescentes.
3. Cada vez mais, as crianças e os adolescentes Os Conselhos de Defesa dos Direitos das
brasileiros são vítimas da violência. Crianças e dos Adolescentes e seus respectivos
Entre 1990 e 2002, a taxa de mortalidade por Fundos são fruto de determinação legal e devem
homicídio de crianças e adolescentes entre 0 e ser criados para permitir a formulação
17 anos de idade quase dobrou. consistente de ações e a destinação inequívoca
de recursos a favor das crianças.
4. É preciso erradicar o trabalho infantil.
Apesar do percentual de crianças trabalhadoras 9. Os preceitos do Estatuto da Criança e do
entre 10 e 15 anos de idade ter caído mais de Adolescente precisam tornar-se um verdadeiro
40% entre 1992 e 2002, ainda existem 13,5% Sistema de Garantia de Direitos.
de crianças nessa faixa etária trabalhando. A violação dos direitos das crianças e dos
A probabilidade de uma criança pobre ser adolescentes ainda é uma constante na forma
explorada no trabalho infantil é quatro vezes de maus-tratos, abandono e tráfico, exigindo
maior do que a de uma criança rica. ações concretas para a instituição de políticas
estáveis e abrangentes de proteção.
5. A superação da desigualdade e da pobreza
constitui condição básica para consolidação de 10. É preciso que a sociedade saiba quais
um futuro para as crianças. são os recursos e as ações a favor da criança e
A manutenção de um padrão de como eles estão sendo conduzidos.
desenvolvimento econômico que exclui os Existe uma grande precariedade na atuação do
benefícios sociais básicos compromete as ações poder público no que se refere à clareza e à
de proteção de direitos das crianças e de suas publicidade de informações que permitam o
famílias. No Brasil, quase 50% das crianças e acompanhamento das políticas públicas e do
dos adolescentes vivem em famílias pobres cuja orçamento a favor da criança.

86 87 88
capítulo 2 vir do Estado constituído, que tem o térios que a orientou e dos resultados
dever de satisfazer as necessidades e que pretendeu atingir.
promover e proteger os direitos dos ci-
dadãos. Para tanto, o Estado, organiza- Nessa perspectiva, é preciso que a sociedade
do em instituições e dirigido por gover- atue decididamente defendendo, deba-
nantes eleitos democraticamente, des- tendo, propondo, questionando e bus-
fruta de competências legais para pro- cando o devido compromisso das auto-
por e aplicar leis, conceber e imple- ridades e a eficácia de suas ações, para
mentar políticas públicas, assim como que as soluções concretas para o desen-
para obter e destinar os recursos neces- volvimento da criança e do adolescente
sários à promoção do desenvolvimento e para a defesa de seus direitos sejam
econômico e social das famílias, de suas produzidas. É essa ação de controle so-
crianças e adolescentes. cial que levará, de fato, à edição de leis
e à implementação de políticas públicas
Durante o último século, o padrão de desen- realmente orientadas democraticamen-
volvimento econômico e social que vi- te por critérios de eficácia e eficiência,
gorou no país não priorizou o desenvol- com o devido envolvimento dos inte-
vimento humano e o Estado constituí- ressados. Na verdade, as comunidades já
do não conseguiu proteger a maioria realizam ações dessa natureza junto às
das famílias brasileiras da exclusão so- autoridades públicas e mesmo à socieda-
cial de suas conquistas básicas. Hoje de para que suas causas sociais se tor-
prevalece um cenário de não universa- nem objetos de leis e políticas públicas,
lização de direitos sociais, que resulta e levem à efetiva superação das carên-
em um quadro de disparidades sociais e cias que as geraram. Promover o contro-
pobreza, materializado, principalmen- le social, especialmente da elaboração e
te, na fragilização do direito e do aces- gestão do OCA, é uma ação estratégica
so aos benefícios das políticas públicas nesse contexto.
de saúde, educação, assistência social,
segurança, meio ambiente, entre ou- O controle social dos recursos públicos
“Comprometemo-nos a tras, e, conseqüentemente, comprome- destinados à criança e ao adolescente
não poupar esforços na tedor do desenvolvimento da criança e constitui um momento especial, pois é
continuação da criação do adolescente. no orçamento público que as prioridades
de um mundo para as de ação e o Poder Público passam a des-
crianças, construído a Alguns governantes têm se mostrado empe- frutar de plena legalidade para sua im-
partir das conquistas da nhados na superação dessa dívida so- plementação. O Poder Público processa
década passada e cial, mas enfrentam problemas políti- uma série de decisões para definir o for-
guiado pelo princípio cos e administrativos para implemen- mato e conteúdo da ação governamen-
das crianças em tar soluções. Têm dificuldades para tal, envolvendo diversos agentes políti-
primeiro lugar. (...) Ao administrar os diversos interesses so- cos e administrativos, mas as políticas
outorgar alta prioridade ciais e colocar como prioridade a pro- públicas e leis se efetivam mesmo com a
aos direitos das teção e a promoção do desenvolvi- disponibilização e gasto de recursos. Por
crianças, sua mento da criança e do adolescente, em isso, consideramos que o controle social
sobrevivência, proteção um cenário onde a questão social ain- do OCA permite a você e sua comuni-
e desenvolvimento, da não ocupa claramente o primeiro dade disporem de mais elementos para:
cuidamos dos melhores lugar da agenda política e administra-
interesses de toda a tiva dos governos. A efetividade de a. Avaliar concretamente o desempe-
humanidade e suas ações, por sua vez, vê-se freqüen- nho das ações a favor da criança e do
asseguramos o temente comprometida por entraves adolescente.
bem-estar de todas as burocráticos e processos decisórios
crianças em todas as pouco sujeitos à transparência e ava- b. Decidir com maior clareza quais as
sociedades.” liação. A alocação de recursos públi- políticas públicas que devem ser priori-
Um Mundo para as cos quase sempre está submetida a pro- zadas a cada período.
Crianças, p. 70 cedimentos e condutas que, em geral,
não permitem a compreensão dos cri- c. Estabelecer uma política de ação es-

87 88 89
capítulo 2 tratégica a favor da criança e do adoles- social buscarão criar oportunidades para
cente, ao invés de apresentar apenas rei- a defesa de direitos das crianças e dos
vindicações pontuais. adolescentes. Na prática, essas iniciati-
vas não estarão separadas, mas sim juntas
d. Exigir eficiência e eficácia do Poder como, por exemplo, quando acontecer
Público na alocação dos recursos públi- uma audiência pública em que o levanta-
cos para o combate à pobreza e a promo- mento e a divulgação de informações ne-
ção do desenvolvimento econômico e cessárias à sua organização será, certa-
social das famílias beneficiárias. mente, uma ação de vigilância e a con-
vocação da comunidade à participação,
O controle social refere-se ao direito de atuação ou seja, mobilização social.
da sua comunidade e de toda a sociedade
civil em um Estado democrático, por
meio da vigilância social e da mobiliza- 2.3. FORTALECENDO A REDE DE
ção social, em defesa e promoção de sua CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO
cidadania. Por meio da mobilização so- CRIANÇA E ADOLESCENTE
cial, os indivíduos podem promover
ações para articulação e organização de A eficácia do controle social do OCA depende
pessoas e apoios destinados à otimização da capacidade de articulação das organi-
dos recursos em benefício da criança e do zações que atuam em defesa da criança e
adolescente. Pela vigilância social, é pos- do adolescente na sua região, assim co-
sível desenvolver ações para o levanta- mo do acompanhamento de todos os as-
mento e a difusão de informações neces- pectos que afetam a qualidade de vida e
sárias ao alcance de seus objetivos. No os direitos desta população. A luta por
Orçamento Criança e Adolescente, o con- um Brasil para as crianças terá sucesso se
trole social que você e sua comunidade conseguirmos ir além do enfrentamento
desenvolverão se dirigirá para ações de isolado dos problemas que atingem a in-
vigilância social destinadas ao diagnósti- fância, a adolescência e a juventude,
co e à divulgação dos valores e critérios construindo uma política que otimize a
utilizados para a alocação de recursos pú- utilização dos recursos públicos em seu
blicos, enquanto as ações de mobilização benefício. Temos pela frente um proble-
ma social que só será superado com a
ação integral e articulada dos envolvidos
nesse campo, uma capacidade de ação
Compromissos do Pacto pela Paz que configure um verdadeiro Sistema de
• Garantir a erradicação da cultura, esporte e lazer, de caráter Garantia de Direitos.
violência sexual infanto-juvenil, universal, para crianças e
viabilizando a implantação e adolescentes, que contemple a No Brasil, em sintonia com a Convenção Inter-
implementação do Plano Nacional integração regional e a valorização nacional dos Direitos da Criança, o con-
de Enfrentamento à Violência, da cultura local, garantindo recursos trole social das ações públicas para a in-
Exploração e Abuso Sexual nos financeiros nos orçamentos públicos fância e adolescência está alicerçado no
estados e respectivos municípios. das três esferas de governo. princípio de proteção integral. Desde a
• Garantir a prevenção e erradicação • Reunir forças na universalização década de 1990, com a promulgação do
de qualquer forma de trabalho do atendimento à educação Estatuto da Criança e do Adolescente
infantil, e a proteção do trabalhador infantil baseado nos princípios (ECA) (Lei nº 8.069, de 13 de julho de
adolescente conforme a Lei. de democratização do acesso, 1990), a criança e o adolescente passa-
• Garantir a cidadania das famílias permanência e gestão e ram a ser reconhecidos como indivíduos
por meio de uma política nacional de qualidade social. sujeitos de direitos e em condição pecu-
assistência social, que tenha como • Garantir políticas de saúde pública liar de desenvolvimento que, do ponto
foco o enfrentamento da pobreza, de acesso universal e equânime nos de vista social, merecem o acompanha-
garantindo a proteção integral das aspectos da promoção, prevenção, mento e a proteção durante seu cresci-
famílias, crianças e adolescentes. proteção e recuperação da saúde de mento e formação. Com o ECA, esse
• Assegurar uma política nacional de crianças e adolescentes. papel passa a ser conferido a toda a so-
ciedade e ao Estado constituído, que

88 89 90
capítulo 2 tem o dever de criar e manter políticas Segundo dados do Sistema de Informa-
públicas específicas e básicas para a ga- ções para a Infância e Adolescência (Si-
rantia dos direitos fundamentais da pia) de 2005, existem no país 4.561 Con-
criança e do adolescente. selhos Municipais de Direitos e 4.260
Conselhos Tutelares, para um universo
Como conseqüência dessa doutrina de proteção total de 5.562 municípios. A legislação
integral e especial à criança e ao adoles- exige no mínimo um Conselho Tutelar
cente, foi criado por força de lei um Sis- por município, mas os municípios maio-
tema de Garantia de Direitos, visando à res podem ter mais. O Município de São
proteção propriamente dita, à responsa- Paulo, por exemplo, tem 35 CTs, cada
bilização por ação ou omissão de viola- um responsável por uma região da cidade.
ção dos direitos, à aplicação dos instru- Além disso, constatou-se que, de um mo-
mentos postulados pelo sistema e à inte- do geral, o funcionamento e a estrutura
ração entre os atores do sistema. O siste- desses conselhos e fundos são deficitários.
ma, por sua vez, prevê a atuação articu-
lada de sociedade civil e Poder Público Apesar de estarem no centro do Sistema de
(art. 8º do ECA) para implementação Garantia de Direitos da criança e do
das políticas necessárias, balizadas pelo adolescente, os Conselhos de Direito e
funcionamento dos Conselhos dos Di- os Conselhos Tutelares estão inseridos
reitos da Criança e do Adolescente e em um cenário onde atuam outros con-
Conselhos Tutelares. selhos setoriais, instituições do setor pú-
blico, e organizações não-governamen-
Os Conselhos de Direitos são formados por tais que prestam atendimento ou agem
membros do Poder Público e da socieda- em defesa da infância e adolescência.
de civil. Funcionam nos âmbitos federal, Dentre os conselhos setoriais, destacam-
estadual e municipal e são responsáveis se os Conselhos de Assistência Social,
pela formulação e pelo controle das polí- nas esferas federal, estadual e municipal
ticas de atendimento às crianças e aos pois, atualmente, cumprem papel funda-
adolescentes, bem como pela gestão dos mental na implementação de políticas
Fundos de Direitos das Crianças e dos básicas e especiais. Aos Conselhos de
Adolescentes. Já os Conselhos Tutelares Saúde e ao Fundo de Manutenção do
(CTs), organizados por município, são Ensino Fundamental (Fundef) cabe
responsáveis pelo acolhimento e encami- também função central, uma vez que
nhamento de crianças e adolescentes que acompanham a gestão da principal par-
têm seus direitos ameaçados ou violados. cela dos recursos do OCA.

Entre os atores do setor público, o Ministério


Público ocupa papel relevante. Ele de-
tém prerrogativas plenas para atuar no
“Nós, os governos que participamos independentes que defendam os âmbito direto da defesa de todos os di-
da sessão especial, direitos das crianças, quando reitos. Os agentes públicos que respon-
comprometemo-nos a implementar o necessário; ou outras instituições dem pela concepção e implementação
Plano de Ação, considerando a para promover e proteger os direta das políticas públicas, bem como
possibilidade de adotar medidas direitos das crianças; pela gestão de equipamentos públicos de
como as seguintes: c. Elaborar sistemas nacionais de atendimento à criança e ao adolescente
a. Colocar em prática, conforme a acompanhamento e avaliação são atores centrais para a construção do
situação, leis, políticas e planos para determinar os efeitos das Sistema de Garantia de Direitos.
de ação nacionais eficazes e medidas adotadas em relação
destinar recursos para realizar e às crianças; No campo das organizações da sociedade civil,
proteger os direitos das crianças e d. Promover ampla consciência encontramos aquelas que prestam aten-
assegurar seu bem-estar. e compreensão dos direitos dimento direto e as que atuam pela pro-
b. Estabelecer ou fortalecer órgãos das crianças.” moção e proteção da infância e da ado-
nacionais, como mediadores Um Mundo para as Crianças, p. 27 lescência. Elas são o elemento propulsor
do controle social.

89 90 91
capítulo 2

Nesse cenário, o Conselho Nacional dos Direi- 2.4. ATUANDO JUNTO AO


tos da Criança e do Adolescente (Co- PODER EXECUTIVO
nanda) desempenha papel-chave, a par-
tir do Estatuto da Criança e do Adoles- O Poder Executivo desempenha o papel princi-
cente, na definição das diretrizes para a pal na concepção e implementação das
dinamização de todo esse Sistema de ações que integram o OCA. É ele que
Garantia de Direitos. Ao Conanda cabe detém a competência para cobrar os tri-
a tarefa de integrar, fiscalizar, acompa- butos, gerenciar a arrecadação, adminis-
nhar e avaliar o conjunto das políticas trar os recursos financeiros, humanos e
públicas, bem como de fortalecer a rede administrativos e definir as ações gover-
de atenção integral à criança e ao ado- namentais a serem executadas.
lescente. No quadro “Ações de Contro-
le Social do Orçamento Criança” en- No âmbito do município, o Poder Executivo se
contram-se definições importantes do traduz na figura da prefeitura e se mate-
Conanda para orientar as ações de vigi- rializa, de fato, na pessoa do prefeito. A
lância e mobilização social. prefeitura é uma instituição complexa,
que envolve o funcionamento de diver-
Como já foi dito, o orçamento público é decisi- sos órgãos distintos e, muitas vezes,
vo para a gestão pública, pois ele é fruto complementares. Ela conta com funcio-
de um conjunto de decisões em diversas nários para o desempenho de suas fun-
áreas. Para alcançar sucesso no direcio- ções. Uma parte desses funcionários é
namento desse orçamento em benefício contratada por meio de concurso públi-
da criança, é preciso promover uma rede co (servidores públicos municipais) e
de controle social que comprometa com outra é contratada por meio de empre-
esse objetivo todos os agentes atuantes sas prestadoras de serviços (terceiriza-
nesse campo. Nessa perspectiva, dispo- dos). Já o prefeito tem a responsabilida-
mos de um avançado marco legal para a de, conferida pelas urnas, de governar a
garantia de direitos da criança e do ado- cidade, respondendo legalmente pelos
lescente, que se destina a assegurar a im- atos praticados pela prefeitura. Entre-
plementação de políticas públicas com a tanto, a atuação do prefeito também é
participação da sociedade civil e o cum- complexa, porque, além de estar condi-
primento efetivo dos seus direitos. cionada a leis, esse gestor público exer-

90 91 92
capítulo 2 ce seu poder por meio de indivíduos in- maior porte, tendem a ter suas funções
dicados para ocupar posições relevantes desempenhadas pela Secretaria de
no comando e na administração do ór- Obras e pela Secretaria de Administra-
gão (cargos comissionados), com desta- ção nas menores.
que para os que são indicados para diri-
gir os órgãos da municipalidade (secre- A concepção e a execução do Orçamento Crian-
tários, presidentes de empresas, funda- ça e Adolescente envolve praticamente
ções e autarquias). todas essas secretarias. A correlação das
esferas prioritárias de ação do OCA se
Desse modo, o funcionamento da prefeitura se estabelece de forma quase que direta
deve à ação da chamada administração, com a nomenclatura das secretarias. As-
integrada pelo pessoal de carreira e ter- sim, a Secretaria de Saúde responde pe-
ceirizados, e também à ação do governo, lo eixo saúde, a de Educação por educa-
composto pelos indicados pelo prefeito ção e a de Assistência Social e Trabalho
para comporem sua equipe. O desafio de pelo eixo assistência social e direitos de
um bom governo e de uma boa adminis- cidadania. Entretanto, as eventuais
tração reside, então, na qualidade da ar- obras das três esferas encontram-se, em
ticulação entre esses atores. geral, sob a responsabilidade executiva
da Secretaria de Obras, assim como as
De fato, a atuação da administração e do gover- ações de saneamento (água, esgoto, lim-
no se desdobra em diversos órgãos. A peza urbana e habitação) incluídas pela
eficiência da prefeitura vai depender Metodologia do OCA na esfera saúde.
dessa estrutura e de como os órgãos rela- Isso pode significar que as decisões de di-
cionam-se entre si. Em princípio, não é mensionamento e execução de obras em
possível definir um modelo. Cada prefei- diferentes áreas sejam de responsabilida-
tura pode ter a estrutura de órgãos que de da Secretaria de Obras.
desejar, definida em lei aprovada pela
Câmara Municipal. Tradicionalmente, Para o OCA, a Secretaria de Administração e a
as prefeituras estão organizadas em torno Procuradoria desfrutam de importância
de secretarias, mas, em alguns municí- diferente dos demais órgãos. Em vez de
pios de menor porte, o nível mais impor- responderem diretamente pela execu-
tante pode ser o departamento. Além do ção de alguma ação do OCA, elas são
gabinete do prefeito, de modo geral, te- responsáveis pela criação de importan-
mos as Secretarias de Fazenda, Adminis- tes condições para sua implementação,
tração, Obras, Educação (costuma en- sobretudo pela viabilização do processo
Política de globar esporte, turismo e lazer), Saúde, de licitação, que possibilita a escolha do
Assistência Social e Trabalho, e a Pro- fornecedor do bem, serviço em geral ou
atendimento curadoria, que responde pela gestão jurí- do serviço de obra. Compete à Procura-
CONSULTE A dica da prefeitura. Em alguns municí- doria responder pela legalidade das lici-
LEGISLAÇÃO pios, é possível não haver a Secretaria tações e contratações. Se ela não estiver
“A política de de Assistência Social e Trabalho, embo- adequadamente capacitada e devida-
atendimento dos ra as suas funções certamente sejam de- mente sintonizada com as prioridades
direitos da criança e sempenhadas por algum órgão hierar- da prefeitura, é bem possível que ocor-
do adolescente far-se-á quicamente inferior dentro do gabinete ram dificuldades para a operação, em
através de um do prefeito ou das Secretarias de Educa- tempo hábil, dos empreendimentos do
conjunto articulado de ção e Saúde. Além disso, muitos muni- Orçamento Criança e Adolescente sujei-
ações governamentais cípios possuem Secretaria de Planeja- tos a licitação.
e não-governamentais, mento e Secretaria de Governo, o que
da União, dos estados, tende a ser uma vantagem, pois valoriza Já a Secretaria de Administração pode even-
do Distrito Federal e a dimensão do planejamento e da coor- tualmente ser responsável pela gestão dos
dos municípios.” denação para o funcionamento da pre- serviços ambientais e de limpeza urbana
Estatuto da Criança e feitura. Outras secretarias como as de que compõem as ações do OCA. Entre-
do Adolescente, art. 86 Meio Ambiente e Serviços Urbanos, tanto, na maioria das prefeituras, cabe a
que costumam existir em cidades de ela a operacionalização do processo lici-

91 92 93
capítulo 2 Rede de entidades de garantia dos direitos da criança
e do adolescente
AGENTES PRINCIPAIS
CONSELHOS NACIONAL, ESTADUAIS Órgão de gestão dos Fundos Nacional, Estaduais e
E MUNICIPAIS DOS DIREITOS DA CRIANÇA Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e
E DO ADOLESCENTE deliberação da política de atuação em benefício da criança e do
adolescente no âmbito de sua esfera governamental. Definem o Plano de
Aplicação de recursos do fundo e sua prestação de contas.

CONSELHO TUTELAR Órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela


sociedade, no âmbito municipal, de zelar pelo cumprimento dos direitos da
criança e do adolescente (ECA, art. 131). Formado por membros eleitos pela
comunidade representativa da infância e juventude do município, tem
autonomia conferida por lei para agir, contornar e corrigir desvios e
violações por parte da família, da sociedade e do Poder Público.

CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Atualmente, são os órgãos responsáveis pela gestão das transferências da
União em benefício da criança e do adolescente, tanto na esfera estadual
quanto municipal. Definem o Plano de Aplicação de recursos do Fundo de
Assistência Social e sua prestação de contas.

PODER JUDICIÁRIO É formado por um conjunto de autoridades com o poder de julgar.


Representa o Estado na missão de aplicar as leis, vigiar sua execução e
reparar violações às relações jurídicas. A autoridade competente é o juiz,
também conhecido como magistrado, pessoa investida no cargo, por
concurso público, com competência e jurisdição (limites de sua atuação),
tendo como fim julgar – dar uma sentença ou ordem judicial.

MINISTÉRIO PÚBLICO Instituição jurisdicional do Estado, à qual cabe a defesa da ordem jurídica,
do regime democrático e dos direitos/interesses sociais e individuais
indisponíveis por incapacidade ou impossibilidade. Zela pelo fiel
cumprimento das leis. Em relação à criança e ao adolescente, o promotor
público é a autoridade competente para defender e zelar pelos interesses
dessa população, nos termos dos artigos 200 a 205 do ECA.

DEFENSORIA PÚBLICA Instituição para prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos, e de defesa, em todos os graus, na
forma do art. 5o, LXXIV, da Constituição Federal. De acordo com o art. 4o, da
Lei 80/94, que trata da organização da Defensoria Pública da União, do
Distrito Federal e dos estados, o defensor público tem a função institucional
de exercer a defesa dos interesses e direitos da criança e dos seus
familiares.

AGENTES PÚBLICOS Autoridades do Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal, responsáveis


pela implementação das políticas públicas de proteção e promoção da
criança e do adolescente, formulam e gerenciam o orçamento público,
dirigem as instituições públicas de atendimento à infância e adolescência.

FORMADORES DE OPINIÃO PÚBLICA Personalidades da comunidade que podem utilizar sua visibilidade pública
(COMUNICADORES, ARTISTAS, IGREJAS, para atuar em defesa da promoção e proteção da infância e adolescência.
LIDERANÇAS)

ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS Organizações que prestam serviços de defesa ou atendimento à criança e ao


adolescente. Desempenham papel central no controle social das ações
públicas por serem porta-vozes dos interesses das crianças e dos
adolescentes.

92 93 94
capítulo 2
AÇÕES DE CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE
I. Garantir recursos orçamentários e financeiros nas três verba, para não prejudicar as ações e a continuidade
esferas governamentais, com vistas a fortalecer os dos projetos e programas.
sistemas de saúde, educação e segurança social, para
ampliar o acesso, aos serviços, de crianças e VI. Garantir a urgente necessidade de capacitação da
adolescentes em situação de vulnerabilidade social. sociedade civil em relação ao orçamento público
(federal, estadual e municipal), com vistas a permitir o
II. Estimular a mobilização social e efetivar a controle social e estabelecer mecanismos de
participação dos Conselhos de Educação na monitoramento da utilização dos recursos públicos.
elaboração, aprovação e execução da Lei Orçamentária
do Município, assegurando-se os recursos específicos VII. Propor legislação que destine, para o Fundo
para a educação infantil. Criança, os valores de multas aplicadas a pessoas e
empresas que exploram mão-de-obra infantil.
III. Propor a aprovação de Lei Federal que garanta o
percentual de 5% da Seguridade Social no orçamento VIII. Incluir, obrigatoriamente,nos orçamentos
da União e 5% do orçamento geral dos estados e municipais e distrital, previsão de recursos para
municípios para a política de Assistência Social, manutenção dos conselhos de direitos e tutelares.
garantindo que o repasse de recursos se operacionalize
de fundo a fundo, respeitando a autonomia do município IX.Promover a alteração da legislação vigente sobre o
na definição de políticas e aplicação de recursos. Imposto de Renda, de forma a possibilitar as doações
até o momento das declarações, assim como as
IV. Realizar diagnósticos das demandas sociais para doações de pessoas físicas e jurídicas em qualquer
orientar a formulação e a alocação de recursos para os modelo e em qualquer modalidade.
programas sociais, em conformidade com a realidade e
a especificidade dos municípios e regiões, X. Editar Resolução do Conanda que estabeleça o
instrumentalizando conselhos e gestores para repasse de recursos, fundo a fundo, para Conselhos de
aprovação dos programas da assistência social. Direitos que, comprovadamente, estejam em efetivo
funcionamento.
V. Garantir recursos financeiros para a divulgação e
realização de atividades que venham a erradicar o XI. Envolver os conselheiros de direitos e tutelares,
trabalho infantil e a proteger o adolescente promotores públicos e a sociedade na elaboração e no
trabalhador, ampliando o orçamento de todas as acompanhamento da execução orçamentária de
políticas sociais básicas, nas três esferas de governo, recursos destinados às ações de atendimento dos
com a garantia de que não haja atraso no repasse da direitos da criança e do adolescente.

FONTE: Estratégias e Ações da V Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Brasília, 2003. CONANDA

tatório, cuidando da organização dos pro- mentos” (em algumas prefeituras de


cessos, escolha da comissão de licitação e maior porte, o prefeito delega a secretá-
andamento das contratações. Esse tam- rios por meio de decretos ou portarias),
bém constitui ponto sensível para a exe- as decisões tendem a ser compartimen-
cução do OCA, visto que toda documen- tadas, descentralizadas ou carregadas de
tação e encaminhamento de soluções en- influência por aqueles que se encontram
contram-se a cargo dessa Secretaria. na administração direta do assunto. Por
outro lado, é comum se considerar como
Entretanto, para a garantia do OCA, o impor- responsável principal para a temática do
tante é que você e sua comunidade co- Orçamento Criança e Adolescente o Se-
nheçam o fluxo decisório da sua prefei- cretário(a) de Assistência Social e Tra-
tura. De modo geral, há uma falsa idéia balho. Na verdade, como já abordamos
de que todas as decisões são tomadas pe- acima, isso não procede, porque as ações
lo prefeito. Embora ele tenha responsa- do OCA se situam em diversas secreta-
bilidade legal e seja, como se diz na lin- rias. Certamente, esse(a) secretário(a)
guagem popular, “quem assina os docu- responde por ações de proteção social

93 94 95
capítulo 2 importantíssimas e pode ser tratado co- cretarias de Fazenda, assim como a da
mo patrocinador principal dos interesses Secretaria de Obras. As de Saúde e Edu-
da criança e do adolescente, mas na hie- cação mostram-se sempre detentoras de
rarquia das prefeituras raramente conse- força própria, prontas para liderar o de-
gue ocupar papel relevante. senvolvimento social do município. A
de Assistência, por sua vez, ocupa posi-
Sem dúvida, em toda prefeitura, o gabinete do ção secundária no contexto de prioriza-
prefeito constitui o centro polarizador ção de ações. Caberá a você extrair des-
dos demais órgãos. Porém, os órgãos mu- sa realidade as melhores oportunidades
nicipais detêm poder distinto no anda- para alcançar sua causa social.
mento do fluxo decisório. Normalmente,
a Secretaria da Fazenda aparece como
elemento estruturante desse processo, 2.5. PRIORIZANDO A DEFESA DO
visto que a lógica da disponibilidade de ORÇAMENTO CRIANÇA E
recursos e da capacidade de pagamento ADOLESCENTE COM O PODER
da prefeitura apresenta-se como condição LEGISLATIVO
primeira para qualquer decisão sobre em-
preendimentos. Pela primazia na forma- O sucesso do controle social do OCA em sua
ção de opinião dentro da prefeitura, no comunidade passa pela participação ati-
entanto, concorrem com esta Secretaria, va da Câmara Municipal de sua cidade
a Procuradoria e a Secretaria de Obras. A e, certamente, da Assembléia Legislati-
primeira detém o juízo das condições de va de seu estado e da Câmara dos Depu-
legalidade do que se pretende realizar, tados de modo geral, na rede de agentes
que também desponta como condição para garantia dos direitos da criança e do
fundamental devido às conseqüências adolescente. O Poder Legislativo ocupa
que possíveis irregularidades podem acar- papel central no Estado democrático,
retar para o governo e para a administra- pois a garantia da legitimidade do exer-
ção. Já a segunda ocupa posição relevan- cício do governo está condicionada à
te porque, no Brasil, prevalece a cultura atuação do governante eleito segundo
de que somente obras são realizações go- leis produzidas pelos representantes do
vernamentais válidas, deixando-se em se- povo, reunidos no Parlamento. Ao Le-
gundo plano outras ações promovidas por gislativo cabe aprovar as leis que deve-
outros órgãos finalísticos. Assim, o Secre- rão orientar a atuação do Poder Executi-
tário de Obras tende a deter um poder de vo e, ao mesmo tempo, acompanhar e
influência superior aos demais. Contudo, fiscalizar a ação desses governantes à luz
dependendo das correlações políticas, a do marco legal que ele próprio produziu.
posição do órgão de obras pode, certa- No exercício dessas competências, des-
mente, ser ocupado pelo implementador taca-se seu papel em relação ao orça-
de uma das duas políticas sociais conside- mento público que, sob a democracia,
radas prioritárias hoje no nosso país, em apresenta-se como o programa de traba-
virtude da sua importância político-so- lho do Poder Executivo para o período
cial: a Secretaria de Saúde ou Educação. de um ano. São os parlamentares que
definem as regras para a elaboração des-
Diante desse cenário, você e sua comunidade se programa e, na seqüência, o apreciam
devem procurar o melhor caminho para e o aprovam para execução, assim como
potencializar o OCA em seu município. analisam a prestação de contas das reali-
Como vimos, as prefeituras funcionam zações nele previstas.
de modo complexo. De um lado, admi-
nistração e governo procuram se articu- A atuação do Legislativo na edição de leis, espe-
lar para levar adiante seus objetivos. Do cialmente, das leis orçamentárias – Plano
outro, os diversos órgãos participam do Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orça-
processo decisório em busca igualmente mentárias (LDO), e Lei do Orçamento
da consecução de seus objetivos. Nessa Anual (LOA) – e o exercício do seu po-
perspectiva, é forte a influência das Se- der de fiscalização são bastante comple-

94 95 96
capítulo 2
Atuando junto ao legislativo
AGENTES PRINCIPAIS
PRESIDENTE DA CÂMARA Dirige os trabalhos da Câmara, tendo competência para colocar em
MUNICIPAL apreciação projetos de lei e conduzir negociações para escolha de
presidentes e relatores de comissões, entre outras questões.

PRESIDENTE DA COMISSÃO DE Dirige os trabalhos de apreciação de todas leis orçamentárias e tributárias (PPA, LDO
ORÇAMENTO e LOA), assim como de outros projetos de lei que envolvam despesas.
Comanda o processo de recebimento e validação de emendas ao projeto de lei do
orçamento.

LÍDER DOS PARTIDOS OU BLOCOS Representa os interesses dos partidos na Câmara e responde pelas negociações que
PARTIDÁRIOS antecedem a apreciação das matérias em plenário.

xos. No município, quando chegam à tus de comissão permanente, a centrali-


Câmara Municipal de vereadores, todos dade institucional da matéria e mesmo a
os projetos, inclusive o relativo à matéria sua complexidade são fatores que favore-
orçamentária, são encaminhados, em pri- ceram esse desempenho. Sob esse cená-
meiro lugar, para a Comissão de Legisla- rio, há uma forte tendência para que os
ção e Justiça para apreciação de sua lega- entendimentos sobre a distribuição de re-
lidade. Uma vez aprovada a legalidade da cursos aconteçam no âmbito dessa comis-
proposta de lei, o projeto tramita para a são. Ao Plenário, praticamente tem res-
comissão temática pertinente (Educação, tado a homologação regimental das deci-
Saúde, Assistência Social) para receber sões. Com isso, o presidente da comissão
um parecer e proposição de emendas. Pa- acaba por ocupar posição de destaque nas
ralelamente, segue para a Comissão de negociações, gerando uma centralização
Orçamento, que avaliará seu impacto or- decisória nem sempre desejável.
çamentário-financeiro. Caso se trate de
lei orçamentária, o projeto segue direto Por sua vez, o desempenho dos parlamentares
para essa última comissão, onde igual- na apreciação das leis orçamentárias – so-
mente receberá parecer e emendas. bretudo do Orçamento Anual – tem se
pautado marcadamente pela atenção às
Até a década de 1980, o Legislativo no Brasil emendas individuais e não por uma aná-
não tinha competência para alterar os lise integral da proposta orçamentária.
orçamentos, visto que o art. 67 da Normalmente, prevalece a apresentação
Emenda Constitucional nº 01/67, que de um grande número de emendas, com
fazia parte da Constituição Brasileira no valores insuficientes para a realização de
período, havia vedado emendas decor- seus objetivos. Estas recebem o nome de
rentes do “aumento da despesa global ou emendas-janela e destinam apenas recur-
de cada órgão, projeto ou programa” ou sos simbólicos na tentativa de atender o
aquelas visando “modificar o seu mon- maior número de demandas. Embora não
tante, natureza e objetivos” (§ 1º). A haja impedimento legal a tal prática, ela
partir da Constituição de 1988, os parla- contribui para o distanciamento do deba-
mentares puderam propor emendas de te sobre viabilização de políticas gerais.
forma limitada, somente remanejando Além de fragilizar sensivelmente a eficá-
previsões de dotações e sem poder alte- cia da atuação parlamentar, tais condutas
rar a previsão de receitas. mostram-se nitidamente desagregadoras
e deseducativas, pois sinalizam para a so-
Nos últimos anos, as comissões de orçamento, ciedade a possibilidade de não serem rea-
juntamente com as assessorias técnicas lizadas, além de valorizar uma faceta ins-
do Legislativo, têm desempenhado o pa- titucional secundária do trabalho parla-
pel principal na apreciação e no debate mentar, que é a de responder pelo atendi-
dos projetos de leis orçamentárias. O sta- mento localizado de demandas.

95 96 97
capítulo 2

Em grande medida, tal comportamento deve-se A estimativa de receita é o principal balizador da


à inexistência de normatização da legisla- proposta orçamentária. A Lei Comple-
ção orçamentária, que estabeleça clara- mentar nº 101/00 passou a conferir ao Le-
mente a relação entre as três leis orça- gislativo a prerrogativa para apreciar a
mentárias (ciclo orçamentário). Isso metodologia de estimativa de receitas,
acontece também devido à pouca explo- conferindo se ela é procedente. Durante
ração que o Legislativo faz de seu papel o período inflacionário, eram freqüentes
fiscalizador, sobretudo das exigências in- previsões superestimando as receitas.
troduzidas pela Lei Complementar nº Com a estabilização da moeda a partir de
101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal) 1994, as estimativas de receitas torna-
para a Lei de Diretrizes Orçamentárias ram-se mais realistas. Contudo, em mui-
(LDO). Nessa perspectiva, você e sua co- tos casos persiste a prática da superesti-
munidade devem procurar explorar, jun- mação das receitas sob alegação de que is-
to aos parlamentares, as oportunidades de so facilita a execução do orçamento –
acompanhamento da estimativa de recei- uma vez que o aumento dos valores no or-
ta e de controle das contas públicas para çamento permite incluir de maneira fictí-
incremento do controle social do OCA. cia todas as demandas para depois não
realizá-las. Desse modo, esta prática con-
tribui negativamente para o falseamento
PRINCIPAIS PONTOS DE FISCALIZAÇÃO DO do programa de trabalho contido no or-
PODER LEGISLATIVO çamento, além de estimular a formação
de déficit orçamentário. Quando combi-
I. Cumprimento das metas recondução dos montantes das
nada com o mecanismo de suplementa-
estabelecidas na Lei de Diretrizes dívidas consolidada e mobiliária
ção orçamentária, a superestimativa de-
Orçamentárias. aos respectivos limites.
forma completamente o pacto original do
orçamento durante a execução orçamen-
II. Limites e condições para V. Destinação de recursos obtidos
tária. Na contramão dessa prática, a Lei
realização de operações de crédito com a alienação de ativos, tendo em
de Responsabilidade Fiscal passou a exigir
e inscrição em Restos a Pagar. vista as restrições constitucionais e
que o Poder Executivo apresente, na
as desta Lei Complementar.
LDO, a sua estimativa de receita acompa-
III. Medidas adotadas para o retorno
nhada da metodologia. Com isso, os par-
da despesa total com pessoal ao VI. Cumprimento do limite de gastos
lamentares garantem o pacto orçamentá-
respectivo limite. totais dos legislativos municipais,
rio de forma direta e eficaz, fazendo a devi-
quando houver.
da avaliação da forma como a receita foi
IV. Providências tomadas para Lei Complementar 101/00, art. 59
estimada e corrigindo-a, se for o caso.

96 97 98
capítulo 2 Fazendo controle social do Orçamento Criança
AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Mapeamento de organizações e lideranças que atuam em defesa da criança e do
VIGILÂNCIA adolescente no município.
SOCIAL 2. Levantamento dos principais indicadores relativos à qualidade de vida e promoção
dos direitos da criança e do adolescente no muncípio.

1. Organizar, na Câmara Municipal, uma frente parlamentar para a promoção dos


MOBILIZAÇÃO direitos das crianças e dos adolescentes.
SOCIAL 2. Reunião com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente para
conhecimento das diretrizes de ação e do orçamento do Fundo dos Direitos da
Criança e do Adolescente.

No caso do acompanhamento e controle das privadas (subvenções), além dos per-


contas públicas, a partir da Lei Comple- centuais obrigatórios de recursos para a
mentar nº 101/00 os parlamentares pas- saúde e educação.
saram a desfrutar de um conjunto de in-
formações qualitativas que lhes possibi- Além das competências diretas na formulação
lita exercer seu papel fiscalizador duran- e apreciação de leis, o Legislativo se
te toda a execução do orçamento. A ati- apresenta como um rico e produtivo es-
vidade de análise da prestação de contas paço público para a promoção dos temas
do Executivo ficava, praticamente, res- ligados ao Orçamento Criança e Adoles-
trita à apreciação anual das contas da cente. Os parlamentares são lideranças
municipalidade com o suporte do pare- políticas e formadores de opinião no mu-
cer do Tribunal de Contas. Tal ação, en- nicípio, que devem ser mobilizados não
tretanto, passou a ser periódica em razão somente para a inclusão de emendas no
do Executivo estar obrigado a emitir orçamento, mas para a implementação
quadrimestralmente o Relatório de Ges- de ações de vigilância social e mobiliza-
tão Fiscal e comparecer em audiência ção social. Eles estão inseridos nos diver-
pública para debater a gestão orçamen- sos estratos sociais do município e desfru-
tária e financeira. Por sua vez, o Relató- tam de trânsito em várias instituições
rio Resumido de Execução Orçamentária, tanto no município, quanto no âmbito
uma exigência constitucional cuja pe- do estado e da União. Assim, eles devem
riodicidade é bimestral, passou a ter o ser articulados para apoiar, criticar, de-
seu conteúdo definido pela Lei Comple- fender, influenciar e divulgar as ações
mentar nº 101/00. Diversos quesitos re- necessárias à promoção e proteção da
ferentes à destinação de recursos passa- criança e do adolescente. Essa articula-
ram a ser exigidos, tais como o percen- ção pode envolver o parlamentar indivi-
tual de comprometimento das receitas dualmente, um conjunto de parlamenta-
com despesas de pessoal e dívida, crité- res ou ainda seu partido. O envolvimen-
rios para repasse de recursos a entidades to de diversos parlamentares irmanados
em torno da temática da infância, da
adolescência ou da juventude apresenta
Fazendo controle social do OCA vantagens, pois potencializa a atuação do
CONSULTE A LEGISLAÇÃO Legislativo em favor do OCA e o coloca
Regimento Interno da Câmara Municipal – É a base para a definição dos como tema permanente da agenda. Nes-
procedimentos de funcionamento da Câmara Municipal. se caso, trata-se da constituição de uma
Frente Parlamentar em defesa dos direi-
Lei Orgânica do Município – É a Constituição do Município, trazendo tos da criança e do adolescente, congre-
normatizações complementares às da Constituições Federal e Estadual para gando representantes de todos os parti-
diversas matérias no âmbito do município, sobretudo no que diz respeito ao dos. A partir dela, você e sua comunida-
desenvolvimento urbano e econômico da cidade. de estarão iniciando a organização de um
parlamento para as crianças.

97 98 99
capítulo 3

GARANTINDO
O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente NO CICLO ORÇAMENTÁRIO
O principal momento para o controle social do Orçamento
Criança e Adolescente acontece durante o ciclo
orçamentário. Você será informado do que pode ser feito
para garantir recursos e ações a favor da criança e do
adolescente no PPA, na LDO e na Lei do Orçamento.

3.1. A IMPORTÂNCIA DO CICLO ORÇAMENTÁRIO PARA O


ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

O ciclo orçamentário constitui o principal espaço político para você e sua comunidade
promoverem o controle social do OCA. O ciclo orçamentário é o conjunto das
três leis orçamentárias previstas na Constituição Federal Brasileira – Lei Anual do
Orçamento (LOA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei do Plano Plu-
rianual (PPA) – que se inter-relacionam ao longo do tempo (daí o nome ciclo),
possibilitando ao Poder Público implementar suas ações. Fazer controle social do
OCA nesse âmbito significa incluir, nas leis orçamentárias, as ações em benefício
da criança e do adolescente e atuar para que elas sejam realmente executadas. Sig-
nifica também obter informações sobre o andamento dessas ações, assunto que
discutiremos com mais detalhes no capítulo 6.
capítulo 3

A natureza da vigilância e mobilização social a serem desenvolvidas sofrerá variações de-


pendendo do momento do ciclo. Na fase da Lei Anual do Orçamento (LOA), co-
nhecida simplesmente como orçamento, você poderá inserir ações e aumentar os
gastos a favor da criança e do adolescente. Afinal, é na LOA que a destinação de
recursos para as ações governamentais é garantida anualmente. Os projetos e as ati-
vidades com os respectivos valores de despesas são, ao mesmo tempo, autorizações
e limites de gastos para as ações, que tornam possível sua execução de fato. Na fa-
se da lei do Plano Plurianual (PPA), você poderá discutir a previsão de ações a fa-
vor da criança e do adolescente para todo o mandato do prefeito ou governador. Is-
to porque o PPA constitui um plano de ação para quatro anos, a contar do segun-
do ano de governo, e deve constituir-se na principal referência para a elaboração
anual da LOA. Na fase da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), você poderá in-
terferir na formulação de diretrizes, metas e prioridades do orçamento, assim como
na exigência de transparência da execução do orçamento. A LDO é elaborada
anualmente, fornecendo orientações e diretrizes para a elaboração da LOA, deven-
do também tomar o PPA como base principal para priorização de ações.

9 9 100 101
capítulo 3

3.2. COMO IMPLEMENTAR AÇÕES como lei. Uma vez aprovado, é válido até
A FAVOR DA CRIANÇA o final do primeiro ano do governo poste-
E DO ADOLESCENTE NO PLANO rior. Portanto, quando um prefeito inicia
PLURIANUAL o mandato, vigora o PPA aprovado na le-
gislatura anterior e executado em maior
O Plano Plurianual deve compreender as diretri- parte pelo gestor público antecessor.
zes, os objetivos e as metas de investi-
mentos (despesas de capital) e de ações De acordo com a Constituição Federal, o Plano
de duração continuada para quatro anos. Plurianual é o plano de ação do gover-
Ele é elaborado no início de cada nova no. Contudo, até hoje nenhuma lei
administração e enviado à Câmara de complementar estabeleceu como ele de-
Vereadores (ou para a Assembléia Legis- ve ser estruturado nem o que deve con-
lativa, no caso dos estados, ou para a Câ- ter, como deve ser sua relação com a
mara dos Deputados, se for União) até o LDO e a LOA ou de que maneira deve
final de setembro para a sua aprovação ser feita a sua atualização ao longo do
governo. Isso diminui sua força legal, le-
vando muitas prefeituras a elaborar o seu
Documentos que dão diretrizes PPA apenas para cumprir a determina-
ção constitucional. Por isso, em grande
ao Plano Plurianual medida, a atuação da comunidade pelo
CONSULTE A LEGISLAÇÃO para regiões da cidade com Orçamento Criança e Adolescente no PPA
Programa eleitoral de maiores problemas. significa agir para garantir a essa lei o
governo Constituição Estadual papel de ordenar e comprometer efeti-
Base para a definição das diretrizes Pode apresentar diretrizes vamente as ações da prefeitura, pelo me-
gerais do PPA. Deve ser bem complementares para a elaboração nos no âmbito das ações em benefício da
conhecido, para que se possa do PPA. criança e do adolescente.
cobrar coerência com os Lei Orgânica do Município
compromissos de campanha. Pode apresentar diretrizes Nessa perspectiva, você deve estar atento a
Constituição Federal complementares para a elaboração três importantes ações de vigilância so-
Determina que o PPA destaque os do PPA, como obedecer a diretrizes cial: (a) garantir, no PPA, a inclusão de
investimentos e os programas do Plano Diretor, que diz respeito uma grade programas e ações claras e vi-
sociais de ação continuada. ao desenvolvimento urbano e síveis para a criança e o adolescente; (b)
Exige que haja tratamento especial econômico da cidade. garantir a elaboração de um diagnóstico
consistente sobre a situação da criança e

100 101 102


capítulo 3 do adolescente; e (c) pactuar e garantir
o estabelecimento de metas para a solu-
PPA de seu município, visto que, em ra-
zão da inexistência de uma normatiza-
ção dos problemas e para a conquista das ção clara, existem duas formas distintas:
causas sociais. Avance na implementa- uma analítica e outra sintética. Na pri-
ção dessas ações, combinando-as com a meira, mais comum em municípios de
realização das audiências previstas como pequeno porte, o Plano Plurianual pra-
ações de mobilização social. ticamente se constitui de uma reprodu-
ção da estrutura do orçamento anual
Para garantir a inclusão da grade de programas multiplicado por quatro, em referência
e ações no PPA (ação de vigilância so- ao número de anos exigido constitucio-
cial 1), você deve definir uma lista de nalmente. Nesse caso, é prática comum
programas e ações que permita a aloca- constar um quadro equivalente ao
ção inequívoca de recursos segundo ob- “Quadro de Detalhamento de Despesas”
jetivos finalísticos voltados para a crian- (QDD) previsto na Lei do Orçamento
ça e o adolescente. Desse modo, haverá Anual, com o devido detalhamento de
transparência no monitoramento e na programas, ações e valores totalizando o
avaliação ao longo de sua execução. equivalente a quatro anos de gastos. Pa-
Uma referência para esse trabalho po- ra alguns analistas, essa forma não seria
dem ser as esferas prioritárias de ação do adequada, pois a Constituição Federal
documento Um Mundo para as Crianças, restringe o conteúdo do Plano Pluria-
as estratégias do Pacto pela Paz ou, ainda, nual a Despesas de Capital e Outras De-
as resoluções do Conselho de Direitos da las Decorrentes e a Despesas com Ações
sua localidade. Continuadas e não a um orçamento plu-
rianualizado. Apesar de isso enfraquecer
Para que você encontre a melhor concepção de a natureza estratégica do PPA – uma vez
estrutura de ações a favor da criança e que tudo encontra-se incluído e, por-
do adolescente, é bom verificar qual tanto, sem diferenciação de importân-
tem sido a forma de estruturação do cia – por outro lado dá oportunidade
para estabelecer um compromisso estra-
tégico mais amplo e detalhado.

Atores envolvidos no Plano Plurianual Na segunda forma de estruturação do Plano


AGENTES PRINCIPAIS Plurianual, que segue o modelo do go-
verno federal e é usado com mais fre-
PREFEITO • Define as diretrizes gerais.
• Tem no PPA a oportunidade de reafirmar qüência em municípios de grande porte,
compromissos de campanha. é conferido um papel central aos progra-
mas, que são descritos em detalhe. Um
SECRETÁRIO DA FAZENDA • Elabora a previsão da disponibilidade de recursos programa constitui uma agregação de
para os quatro anos do PPA. ações (projetos e atividades) que con-
SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO • Principal autoridade sobre o PPA. correm para um objetivo comum prees-
• Tem grande influência sobre o prefeito. tabelecido pelo gestor público, destina-
• Coordena o processo que definirá o que o governo do à solução de um problema ou ao
deverá considerar prioritário. atendimento de determinada necessida-
• Precisa realizar um bom processo de negociação de ou demanda da sociedade. Embora as
com os agentes políticos do governo e da sociedade.
• Pode entrar em conflito com o Secretário da ações também sejam descritas, nesse ca-
Fazenda, quando da definição de recursos. so elas costumam ser vinculadas a metas
e não a valores, os quais aparecem de
SECRETÁRIO DE ASSISTÊNCIA • É responsável por uma parcela significativa das modo agregado nos programas.
SOCIAL ações de proteção social, que são de natureza
continuada.
A elaboração do diagnóstico (ação de vigilân-
GRUPOS DE INTERESSE • Os grupos interessados procuram incluir as obras cia social 2) tem sua justificativa na
que consideram mais convenientes, pois é exigência própria natureza do PPA. Por se tratar
legal que empreendimentos com duração superior a de um plano, cabe a ele o estudo da rea-
um ano sejam incluídas no PPA.
lidade sobre a qual pretende atuar, para

101 102 103


capítulo 3 se ter maior clareza e consistência sobre
a gravidade dos problemas e das solu-
por exemplo, de um programa de aten-
ção a meninos e meninas em situação de
ções que se apresentam. Aliás, em ter- risco, o conteúdo da meta a constar do
mos de metodologia de planejamento, o Plano Plurianual deve ser a quantidade
estabelecimento de programas e ações de crianças a ser atendidas e não o nú-
deve sempre ser precedido de estudo mero de monitores a ser contratados.
exaustivo da realidade sobre a qual se
pretende atuar. Entretanto, de modo ge- Lembre-se de que a elaboração do PPA é coor-
ral, não se encontram análises sistemá- denada pelo Secretário de Planejamen-
ticas sobre os contextos que as prefeitu- to. O prefeito define as diretrizes políti-
ras enfrentam para levar adiante seus cas básicas. Em geral, para a elaboração
objetivos sociais e econômicos. Incluin- do plano, são considerados o programa
do um diagnóstico sobre a situação da de governo do então candidato junta-
criança e do adolescente do seu municí- mente com o PPA vigente. A ação de
pio no Plano Plurianual, você e sua co- sua comunidade visando garantir estru-
munidade conhecerão de modo mais tura de programas, ações e metas no PPA
consistente essa situação e com certeza fará com que ele interfira positivamente
obterão um PPA mais respaldado, po- na estratégia de atuação da prefeitura.
dendo debater e avaliar melhor o futuro
de suas crianças e seus adolescentes.
3.3. O QUE PODE SER FEITO NA
O estabelecimento de metas físicas (ação de vi- LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
gilância social 3) constitui uma iniciati- A FAVOR DO ORÇAMENTO CRIANÇA
va importante para a avaliação da exten- E ADOLESCENTE
são da cobertura ou do benefício previs-
to para o período de quatro anos que de- A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve
verá resultar das despesas programadas. conter metas, prioridades e diretrizes pa-
A inclusão de metas físicas no PPA é ra orientar a elaboração da lei orçamen-
prática normal da administração, inclu- tária e alterações na legislação tributá-
sive por exigência constitucional. Entre- ria, assim como na política de pessoal do
tanto, essa ação também costuma ser fei- setor público. Deve também, de acordo
ta de forma pouco rigorosa, apenas para com a Lei Complementar nº 101/00 tra-
cumprimento da determinação legal. Na zer um Anexo de Metas Fiscais e estabe-
CONSULTE A verdade, embora seja exigido o estabele- lecer diversos critérios relativos ao iní-
LEGISLAÇÃO cimento de metas, a legislação vigente cio de novos projetos, contingencia-
“O projeto do PLANO não determina qualquer sanção pelo seu mento de despesas, avaliação de resulta-
PLURIANUAL, para descumprimento ou mesmo esclarece dos, transferência de recursos para enti-
vigência até o final do qual deva ser seu formato. De modo que, dades, entre outros. Ela deve ser remeti-
primeiro exercício via de regra, as metas físicas não expres- da ao Legislativo até 15 de abril de cada
financeiro do sam adequadamente os objetivos a ser ano. Em alguns municípios e estados, a
mandato presidencial atingidos pelo programa ou pelas ações, data limite é 15 de maio.
subseqüente, será principalmente devido à precária cultura
encaminhado até de gestão orientada para resultados exis- A LDO foi concebida para que o Poder Executi-
quatro meses antes tente no setor público. vo antecipe os critérios que deverão nor-
do encerramento do tear a elaboração da Lei Orçamentária
primeiro exercício Para que as metas sejam consistentes, avalie se Anual, bem como ser um instrumento
financeiro (final de elas possibilitam vislumbrar a dimensão para priorização anual das ações previs-
setembro) e devolvido do problema identificado e sua corres- tas no Plano Plurianual. Entretanto, tal
para sanção até o pondente solução. Procure avaliar se as como o PPA, os formatos e conteúdos da
encerramento da metas estabelecidas não se referem ape- LDO – sobretudo os referentes à relação
sessão legislativa.” nas ao dimensionamento do que se pre- da LDO com o PPA e o emprego de me-
Constituição Federal, tende adquirir ou contratar, mas in- tas e prioridades – ainda não foram regu-
ADCT, art. 35, § 2º, I cluem a cobertura das crianças e dos lamentados por lei complementar, o que
adolescentes a ser atendidos. No caso, leva prefeitos e governadores a remete-

102 103 104


capítulo 3 rem para o Legislativo um projeto de lei
bastante generalista e excessivamente
prestação qualitativa de contas, possibili-
tando a você e sua comunidade o acesso
técnico, que tende a repetir determina- a informações qualitativas sobre a execu-
ções legais já existentes. ção do orçamento, principalmente do
OCA, para aprimorar o desenvolvimen-
Para tornar a Lei de Diretrizes Orçamentárias to de futuras ações.
um instrumento que potencialize o Orça-
mento Criança e Adolescente, você pode Apesar de ser determinação legal, essa exigên-
realizar cinco ações de vigilância social: cia não tem sido cumprida. A avaliação
(1) garantir normas de avaliação de pro- de resultados demanda a estruturação,
gramas e ações; (2) estabelecer critérios pelo Poder Público, de um sistema de
para transferência de recursos para insti- valores baseado em opiniões, registros,
tuições privadas; (3) analisar a adequa- dados objetivos, critérios de comparação
ção da alocação e execução dos recursos qualitativos e quantitativos etc., susten-
destinados às ações de proteção e promo- tado por um sistema de informações efi-
ção da criança e do adolescente no Fun- caz nos registros e eficiente na possibili-
do Municipal de Defesa dos Direitos da dade de cruzamentos. No entanto, essa
Criança e do Adolescente; (4) estabele- cultura inexiste, o que é apresentado co-
cer a obrigatoriedade de apresentação, mo justificativa para o descumprimento
no projeto da Lei do Orçamento Anual, da lei. Lutar para a explicitação desses
de quadro com os programas e as ações critérios na LDO é lutar pela atuação do
integrantes do Orçamento Criança e Ado- Poder Público em benefício da criança e
lescente; e (5) garantir a obrigatoriedade do adolescente.
de publicação periódica do Relatório de
Execução Orçamentária do OCA. Além A definição de condições para transferência de
disso, organize-se para levar adiante as recursos do Fundo Municipal dos Direi-
ações de mobilização sugeridas no qua- tos da Criança para instituições privadas
dro “Garantindo a transparência com a (ação de vigilância social 2), principal-
Lei de Diretrizes Orçamentárias”. O esta- mente as que prestam atenção à criança
belecimento de critérios de avaliação de e ao adolescente, são fundamentais para
programas e ações (ação de vigilância so- a otimização do OCA. Elas possibilitam
cial 1) é fundamental para a verificação à sua comunidade estabelecer tanto exi-
dos níveis de eficiência, eficácia e efeti- gências de prestação de contas, como de
vidade atingidos pelo Poder Público na critérios para a própria distribuição de
utilização dos recursos para os objetivos recursos e a definição de contrapartidas.
propostos. Essa iniciativa sucede coeren-
temente o estabelecimento de metas pre- Para que sua comunidade incremente o con-
visto no Plano Plurianual. A existência trole social sobre os recursos destina-
de tais critérios obriga o Poder Público à dos à criança e ao adolescente, tam-

Buscando o compromisso estratégico com o Plano Plurianual


AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Garantir programas e ações.
VIGILÂNCIA 2. Garantir a elaboração e inclusão de um diagóstico da situação da criança e do
SOCIAL adolescente no município.
3. Estabelecer planejamento e metas físicas para solução do problema.

1. Audiência com secretário de planejamento ou de assistência social para discutir


MOBILIZAÇÃO plano de ação.
SOCIAL 2. Audiência pública na Câmara Municipal para discussão da proposta (previsto na
Lei Complementar nº 101/00, art. 48, Parágrafo Único).
3. Audiência pública anual para avaliação do cumprimento do PPA.

103 104 105


capítulo 3
DETERMINAÇÕES LEGAIS DO PPA RELEVANTES
PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA
COMANDO LEGAL RELEVÂNCIA PARA O OCA

(a) Dispor sobre diretrizes, objetivos e metas para Exigência de definição clara e objetiva de condições que
despesas de capital e outras delas decorrentes e orientam as ações do Orçamento Criança que integrarão
ações de duração continuada (Constituição Federal, o PPA.
Art. 165, § 1º).

(b) Compatibilidade com a Lei do Orçamento Anual Exigência de coerência entre as do Orçamento Criança
(LOA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevista no PPA, enquanto plano estratégico, e os outros
(Constituição Federal, Art. 166, §§ 3º, I e 4º). instrumentos legais, que dispõe sobre ações no curto prazo.

(c) Redução das desigualdades regionais. Exigência de tratamento preferencial às áreas e aos
(Constituição Federal, Art. 165, § 7º). segmentos mais desprotegidos envolvidos no OCA.

(d) Dispor sobre todos investimentos com duração Critérios para monitoramento e avaliação de investimentos
superior a um ano (Constituição Federal, Art. 167, § 1º). estruturantes do OCA.

bém é recomendável analisar a ade- cial sobre os recursos destinados à


quação da alocação e execução dos re- criança e ao adolescente, é bom tam-
cursos em seu benefício no Fundo Mu- bém analisar a adequação da alocação
nicipal de Defesa dos Direitos da e execução dos recursos em seu benefí-
Criança e do Adolescente (ação de vi- cio no Fundo Municipal de Defesa dos
gilância social 3). O fundo é uma exi- Direitos da Criança e do Adolescente
gência legal que, embora instituído, (ação de vigilância social 3). O fundo
muitas vezes não congrega as ações que é uma exigência legal que, embora ins-
lhe deveriam caber. Para que sua co- tituído, muitas vezes não congrega as
munidade incremente o controle so- ações que lhe deveriam caber. O Con-
selho de Defesa dos Direitos da Crian-
ça e do Adolescente, além da política
Atores envolvidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias dos direitos da criança e do adolescen-
te (cujos recursos devem estar incluí-
AGENTES PRINCIPAIS dos no Fundo), pode priorizar determi-
PREFEITO • Define diretrizes gerais. nados programas de outras políticas,
SECRETÁRIO DA FAZENDA • Indica se haverá mudança na legislação tributária como saúde e educação, cujos recursos
e a política de reajustes salariais para inclusão de deverão também estar alocados no Fun-
diretrizes na LDO. do, conquistando maior transparência
• Desempenha o papel do Secretário de
Planejamento em municípios de menor porte. na execução do Orçamento Criança e
Adolescente. Caso concluam que esse
SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO • Principal autoridade da LDO. é o melhor caminho, vocês podem in-
• Define o conteúdo da lei.
• Coordena processo interno para definição de cluir essa determinação na LDO.
diretrizes setoriais anuais.
• Propõe quais intervenções do PPA deverão ser As ações de vigilância social 4 e 5 referem-se
priorizadas pela LDO.
à criação de condições para dar clareza
RELATOR DA COMISSÃO DE • Desempenha papel fundamental, pois dá parecer e publicidade ao OCA. Elas deman-
ORÇAMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL a todas as emendas feitas na LDO. dam, em conformidade com o papel
GRUPOS DE INTERESSEL • Grupos diversos podem incluir metas para que constitucionalmente é atribuído à
enfatizar políticas que defendem. Lei de Diretrizes Orçamentárias, que a
• Podem propor o estabelecimento de exigências de estrutura de ações que pode ser defini-
participação popular para a elaboração do
orçamento e transparência na execução da como orçamento destinado à crian-
orçamentária. ça ao adolescente seja explicitada na
• Podem propor a inclusão de critérios para lei orçamentária. Também demandam
transferência de recursos para instituições.
a emissão de relatórios periódicos, que

104 105 106


capítulo 3 possibilitem o acompanhamento da
execução desse orçamento. A viabiliza-
3.4. COMO INCLUIR AÇÕES E
AUMENTAR DESPESAS A FAVOR DO
ção dessas ações de vigilância oferecerá ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE
à sua comunidade o cálculo direto do NA LEI DO ORÇAMENTO ANUAL
OCA e as informações sobre a exe-
cução orçamentária. A Lei do Orçamento Anual (LOA) estabelece a
previsão de receitas e a programação de
Em busca do sucesso de sua atuação no âmbito despesas da prefeitura para o ano seguin-
da LDO, procure o Secretário de Plane- te, na forma de projetos e atividades
jamento para viabilizar suas ações. É ele acompanhados das respectivas despesas
quem responde pela elaboração da LDO nas quais incorrerão. Ela deve ser envia-
na prefeitura. Em prefeituras de menor da ao Legislativo para apreciação e apro-
porte, normalmente é o Secretário da vação até quatro meses antes do encer-
Fazenda quem desempenha essa função. ramento do exercício financeiro (art.
O Secretário de Assistência Social e os 35, § 2º, ADCT-CF), ou seja, até o dia
das outras secretarias finalísticas (Saúde 30 de agosto de cada ano, no caso da
e Educação) também podem ser procu- União, e 30 de setembro, em grande par-
rados, pois cabe a eles a formulação das te de estados e municípios. Até o final
diretrizes pertinentes a suas áreas. A Câ- de dezembro, os parlamentares precisam
mara Municipal, especialmente o relator analisar e aprovar o orçamento, pois ele
da Comissão de Orçamento, exerce pa- deve entrar em vigor no primeiro dia de
pel relevante, pois todas as alterações no janeiro do ano seguinte.
projeto de lei passam obrigatoriamente
por sua prévia aprovação. Durante a apreciação no Legislativo, os verea-
dores têm competência para fazer emen-
Além dessas ações, a Lei Complementar nº das à proposta do Executivo, indicando
101/00 estabelece outras exigências, que de onde deverão ser retirados os recursos
podem ser oportunas para instruir ações e para onde deverão ser transferidos.
em defesa do OCA, conforme mostra o Eles podem, por exemplo, aprovar uma
quadro “Determinações da Lei Comple- emenda transferindo os recursos que se-
mentar nº 101/00 relevantes para o Or- riam utilizados na construção de uma
çamento Criança”. praça para uma escola. Podem também
criar novas ações (projetos e atividades),
mas para isso devem anular despesas pre-
vistas para outros projetos e atividades.
Mas eles não podem movimentar recur-
sos destinados a pessoal e encargos, ser-
viço da dívida e transferências tributá-
Documentos que dão rias constitucionais (art. 166, § 3º, II, da
diretrizes para a Lei de Constituição Federal).
Diretrizes Orçamentárias
Em termos legais, a LOA constitui a autorização
CONSULTE A LEGISLAÇÃO para a implementação de ações que de-
Lei Complementar 101/00 mandem a realização de despesas. Os tí-
Estabelece as principais exigências para estruturação tulos dos projetos e das atividades cons-
da LDO. tituem as autorizações de “finalidade” e
Constituição Federal os valores representam os “tetos” para a
Estabelece que a LDO deve conter metas, prioridades e efetivação de gastos, acompanhados da
diretrizes para elaboração da Lei Orçamento Anual (LOA). respectiva definição das naturezas de gas-
Plano Plurianual tos possíveis de ser realizados (por exem-
Contém os programas e as ações para o período de plo, a compra de material de consumo ou
quatro anos a partir dos quais a LDO deve priorizar ações material permanente, contratação de
na LOA. empresas, pagamento de salários de ser-
vidores públicos etc.). Essa autorização

105 106 107


capítulo 3

compõe um quadro com os títulos das dos problemas em questão e das possibi-
ações e seus valores correspondentes, lidades de solução, chegando, primeiro, à
chamado de “Quadro de Detalhamento delimitação objetiva do empreendimen-
de Despesa” (QDD). to a ser viabilizado e, em seguida, à esti-
mativa de custos. Para que essa ação pos-
Diante disso, a ação de vigilância de sua comu- sa ser realizada pela prefeitura, ela preci-
nidade no âmbito da Lei do Orçamento sa ser enquadrada em algum projeto/ati-
pode ter dois objetivos: (a) incluir ações vidade do orçamento e dispor, na nature-
de interesse da comunidade; ou (b) au- za de gasto adequada, da dotação de re-
mentar recursos para determinada ação cursos suficientes para sua execução. Ca-
em benefício da criança e do adolescen- be, então, em primeiro lugar, verificar no
te. Para viabilizá-las, você deverá organi- QDD os projetos e atividades existentes,
zar ações de mobilização social. para depois avaliar a existência de algum
que seja compatível.
Certamente, para chegar à necessidade de inclu-
são de uma ação concreta em benefício Preste atenção, porque os orçamentos costu-
das crianças e adolescentes no orçamen- mam dispor tanto de ações com títulos
to (ação de vigilância social 1, você e sua amplos (ex.: “Construção de Escolas”)
comunidade terão passado por um inten- como de ações com títulos mais preci-
so processo de reflexão sobre a natureza sos (ex.: “Construção da Escola da Vila

Garantindo a transparência com a Lei de Diretrizes Orçamentárias


AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Garantir regras para avaliação da eficiência de programas e ações.
2. Estabelecer critérios para transferência de recursos para instituições privadas de atenção à criança
VIGILÂNCIA e ao adolescente.
SOCIAL 3. Garantir que os recursos destinados às ações de proteção e promoção da criança e do adolescente
sejam alocados e executados no Fundo Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
4. Estabelecer a obrigatoriedade de apresentação, no projeto da Lei do Orçamento Anual, de quadro
com os programas e as ações integrantes do Orçamento Criança e Adolescente.
5. Garantir a obrigatoriedade de publicação de relatório de execução orçamentária do OCA.

1. Audiência com o Secretário de Assistência Social para discutir diretrizes para o OCA a serem
incluídas na LDO.
MOBILIZAÇÃO 2. Audiência pública na Câmara Muncipal para discussão do projeto de lei (previsto na Lei
SOCIAL Complementar 101/00, art. 48º, Parágrafo Único).
3. Audiência pública bimestral na Câmara Municipal para avaliação do cumprimento das metas
orçamentárias (previsto na Lei Complementar 101/00, art. 9º, § 4º).

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capítulo 3
Determinações da lei complementar nº 101/00
para a ldo relevantes para o orçamento criança

COMANDO DA LDO RELEVÂNCIA PARA O OCA


(a) Critérios para início de novos projetos, após o Exigência do cumprimento universal do comando, mas,
adequado atendimento dos que estão em andamento principalmente, a conclusão dos empreendimentos destinados
(art. 45, caput) à criança e ao adolescente antes do início de novos.

(b) Critérios para contingenciamento financeiro e Caso a receita realizada seja menor do que a prevista,
de dotações, quando a evolução da receita estabelecer proteção absoluta aos programas e às ações
comprometer os resultados orçamentários destinados à criança e ao adolescente, que não sofrerão
pretendidos ou não confirmar sua previsão (art. 4º, I, descontinuidade, continuando a receber os recursos
b e art. 9º, § 2º) necessários.

(c) Regras para avaliar a eficiência das ações Critérios para monitoramento e avaliação do custo-benefício de
desenvolvidas (art. 4º, I, e) programas e ações do Orçamento Criança.

(d) Condições para transferência de recursos a Critérios para o convênio de instituições privadas que recebem
entidades públicas e privadas (art. 4º, I, f, art. 26 e recursos públicos para realizar ações de proteção e promoção
art. 62, I) da criança e do adolescente.

(e) Condições complementares para transferências Critérios a ser incluídos na LDO, seja da União ou do estado,
voluntárias entre União e demais entes (art. 25, § 1º) para transferências de recursos para ações específicas nos
municípios.

‘A’”). No caso de obras/construções, tante adicional, para alocá-lo na nature-


mesmo havendo títulos genéricos nos za de gasto correta. Caso tenha conse-
quais seja possível incluir a ação, me- guido incluir na LDO a exigência de
diante o devido registro da meta física apresentação de um quadro contendo as
que se pretende para diferenciar das ou- ações do orçamento que compõem o Or-
tras já previstas, é melhor que você çamento Criança e Adolescente, você po-
atue para a inclusão de uma ação pró- derá utilizá-lo para avaliar onde é neces-
pria para o empreendimento proposto, sário o incremento de recursos.
justamente para incrementar a garantia
de execução diante do caráter autoriza- Para viabilizar essas ações de vigilância, você
tivo do orçamento. Se a ação defendida poderá atuar tanto junto ao Poder Exe-
CONSULTE for um programa social, além do estabe- cutivo quanto ao Poder Legislativo.
A LEGISLAÇÃO lecimento de metas objetivas, é neces- Normalmente, as organizações procu-
“A transparência será sário que você delimite bem o escopo ram os vereadores para o encaminha-
assegurada também do que deseja ver realizado, registran- mento de emendas ao projeto da Lei do
mediante incentivo à do-o no corpo da emenda parlamentar Orçamento Anual. Como alternativa
participação popular ou em ata com o representante da pre- para garantir as emendas, pode-se atuar
e realização de feitura. Ao contrário da obra, que é junto à Comissão Temática Permanen-
audiências públicas, uma realização definida em formato e te da Câmara Municipal (Saúde, Edu-
durante os processos prazo, programas e prestação de servi- cação, Assistência Social etc.) ou mes-
de elaboração e de ços demandam o consenso preciso so- mo da Comissão do Orçamento. Aqui
discussão dos bre forma e amplitude de implementa- também o relator do orçamento exerce
planos, lei de ção, sob o risco de não conseguir alcan- papel influente, cabendo-lhe a aprecia-
diretrizes çar o que foi pactuado. ção prévia das emendas encaminhadas.
orçamentárias e Em todas as situações, procure incluir
orçamentos.” Entretanto, sua ação de vigilância pode ser ape- emendas com valores realistas, para que
Lei Complementar nas para aumentar os recursos destina- seu pleito seja realmente reconhecido.
nº 101/00, art. 48, dos à criança e ao adolescente (ação de Internamente à prefeitura, o Secretário
Parágrafo Único vigilância social 2). Nesse caso, é impor- de Planejamento (ou o da Fazenda) de-
tante saber qual será o destino do mon- tém a coordenação da elaboração do

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capítulo 3 Conteúdo principal do Anexo de Metas Fiscais da LDO segundo a
Lei Complementar nº101/00
1. Avaliação do cumprimento das metas relativas 4. Avaliação da situação financeira e atuarial:
ao ano anterior. a) Dos regimes geral de previdência social e
2. Demonstrativo das metas anuais, instruído com próprio dos servidores públicos e do Fundo de
memória e metodologia de cálculo que Amparo ao Trabalhador.
justifiquem os resultados pretendidos, b) Dos demais fundos públicos e programas
comparando-as com as fixadas nos três estatais de natureza atuarial.
exercícios anteriores, e evidenciando a 5. Demonstrativo da estimativa e compensação
consistência dessas metas com as premissas da renúncia de receita e da margem de
e os objetivos da política econômica nacional. expansão das despesas obrigatórias de
3. Evolução do patrimônio líquido, também nos caráter continuado.
últimos três exercícios, destacando a origem e 6. Resultados nominal e primário e montante da
a aplicação dos recursos obtidos com a dívida pública.
alienação de ativos. Lei Complementar 101/00

orçamento. Nesse momento, os secre- 3.5. GARANTINDO A EXECUÇÃO DO


tários temáticos desempenham papel ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE
relevante para a definição das ações de
suas pastas. Destaca-se o Secretário de A etapa da execução orçamentária é de maior
Obras que, de modo geral e principal- importância para a viabilização das
mente em prefeituras de menor porte, ações defendidas por sua comunidade.
ocupa papel decisivo na priorização de Além de lutar para incluí-las no orça-
obras. Lembre-se de que é no momento mento, é preciso lutar para que elas se-
da elaboração da proposta orçamentá- jam executadas. A Lei do Orçamento
ria e de sua apreciação pelo Legislativo Anual (LOA) é um programa de traba-
que o prefeito costuma exercer plena- lho para 12 meses, que precisa ser ope-
mente seu comando. racionalmente implementado a partir
CONSULTE A
LEGISLAÇÃO
“Até o final dos meses
de maio, setembro e
fevereiro, o Poder
Simulação de quadro de detalhamento de despesa – qdd
Executivo
demonstrará e PREFEITURA MUNICIPAL DE ESPERANÇA DA FÉ EM R$ 1,00
avaliará o
Unidade Orçamentária Secretaria Municipal De Educação
cumprimento das
metas fiscais de cada
Atividade Administração de Unidades de Ensino
quadrimestre, em
Código do Elemento de Despesa 3111 Pessoal Civil 200.000,00 Valor do Crédito
audiência pública na
3113 Encargos Sociais 140.000,00 Orçamentário
comissão referida no
3120 Material de Consumo 160.000,00
§ 1o do art. 166 da
3132 Outros Serviços e Encargos 200.000,00
Constituição ou
4110 Equipamentos e Material 100.000,00
equivalente nas Permanente
Casas Legislativas 4120 Obras e Instalações 200.000,00
estaduais e 1.000.000,00 Valor total
municipais.” de Créditos
Lei Complementar Descrição do Elemento de Orçamentários
nº 101/00, Despesa Destinados à atividade
art. 9º, § 4º

108 109 110


capítulo 3 Aumentando recursos na Lei do Orçamento Anual
AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Incluir ações de interesse da comunidade.
VIGILÂNCIA 2. Aumentar recursos para determinada ação em benefício da criança e do
SOCIAL adolescente.

1. Atuação junto ao Secretário de Planejamento e/ou Secretários de Obras, Assistência


Social, Saúde e Educação para viabilizar a inclusão de ações ou o aumento de gastos.
2. Atuação junto à Comissão de Orçamento e seu relator para viabilizar emendas.
MOBILIZAÇÃO
3. Atuação junto às comissões temáticas permanentes (saúde, educação, assistência
SOCIAL
social etc.) para viabilizar emendas.
4. Atuação junto a vereadores para viabilizar emendas.

do início do ano, considerando a dispo- to reside no fato de só permitir a execu-


nibilidade financeira mensal real da ção de um conjunto determinado de
prefeitura, as suas condições adminis- ações conforme finalidades delimitadas
trativas e as exigências legais para viabi- e de despesas segundo naturezas preesta-
lização do gasto público. Assim como belecidas de gastos e montante de valo-
não há a definição de uma ordem se- res limitados. Nesse sentido, desde que
qüencial para execução, o orçamento, essas determinações não sejam violadas,
embora lei, também não obriga as auto- as ações e despesas inicialmente previs-
ridades do Poder Público à execução tas no orçamento podem ser operacio-
compulsória das ações contidas na nalizadas parcialmente ou mesmo não
LOA, pois trata-se juridicamente de ser executadas, sem que isso implique
uma previsão de realizações. É uma lei em sanções legais para as autoridades
autorizativa e não mandatária. Na ver- governamentais.
dade, a força legal da Lei do Orçamen-
Para que você e sua comunidade tenham certe-
za de que o OCA incluído na LOA será
realmente executado, é necessário, por-
Atuando para garantir a execução de ações tanto, que acompanhem a execução or-
SIGA POR AQUI regularidade cadastral e de çamentária. Essa execução é um proces-
O orçamento público é autorizativo prestação de contas, que podem so complexo que envolve diversos ór-
e a execução de suas ações exigir ações jurídicas para serem gãos da prefeitura e se desdobra em eta-
depende da conjugação de solucionadas. Outra parcela exige pas executivas seqüenciais, iniciadas no
diversas ações administrativas, licitação, sem a qual o recurso não primeiro dia do ano e finalizadas no final
que se iniciam com o pode ser gasto. Como o processo de dezembro. Na LOA, cada despesa
provisionamento de recursos e de licitação demanda cerca de três precisa seguir individualmente uma tra-
passam pela licitação e chegam meses para ser concluído, é mitação para que seja realmente realiza-
até o empenho, que é o ato que recomendável que até o mês de da. Em geral, uma ação engloba mais de
confirma o início propriamente dito setembro, no máximo, você e sua uma despesa e, portanto, necessita do
da ação. Somente o comunidade consigam a processamento de várias tramitações. O
acompanhamento criterioso e a publicação do edital de licitação. ponto de partida do processo é a defini-
atuação decidida da comunidade Caso contrário, não haverá mais ção de cotas orçamentárias (provisiona-
junto às autoridades podem tempo hábil, pois o orçamento vale mento) para compatibilizar o fluxo da
garantir a certeza de execução dos até 31 de dezembro do ano arrecadação de receitas com a execução
empreendimentos do Orçamento corrente. Em razão da natureza de gastos. Ele prossegue pelos procedi-
Criança e Adolescente. Algumas autorizativa do orçamento, restará mentos legais para escolha do melhor
ações dependem de convênios a denúncia pública do não preço de serviços e bens a serem contra-
que, de modo geral, demandam cumprimento do compromisso tados ou adquiridos (licitação) e a devi-
muitos documentos complexos e assumido. da confirmação da destinação dos recur-
sos (empenho). Conclui-se o processo

109 110 111


capítulo 3 Documentos que dão diretrizes mente não será realizada. Em geral, a li-
beração ocorre por meio da permissão de
à Lei do Orçamento Anual
acesso do agente público a um sistema
CONSULTE A LEGISLAÇÃO informatizado conhecido como Sistema
Lei 4.320/64 Informatizado de Administração Finan-
Define toda a estrutura da lei orçamentária, assim ceira (SIAFI), com o objetivo de emitir
como as classificações de receita e despesa. os documentos necessários ao início do
Regimento Interno da Câmara Municipal processamento da licitação. De acordo
Estabelece os critérios e prazos para apreciação com a Lei 4.320/64, a autorização para o
e tramitação de emendas. uso de créditos orçamentários deveria
Constituição Federal acontecer por meio da definição de co-
Define princípios gerais que devem tas para cada período de três meses (tri-
orientar a estruturação da lei orçamentária. mestre) do ano. Isso dificilmente ocorre.
Lei De Diretrizes Orçamentárias A prática corrente tem sido a autoriza-
Define critérios para elaboração da LOA, ção mensal, o que dificulta ao gestor pú-
diretrizes e metas para definição de seu blico o planejamento de sua ação, já que
programa de trabalho. ele não consegue prever a disponibilida-
de de recursos que terá.

com o recebimento dos bens ou a medi- Naturalmente, ao longo do ano é possível rever
ção dos serviços (liqüidação) e, final- prioridades ou tomar decisões comple-
mente, os pagamentos correspondentes mentares para se proceder à liberação de
(pagamento). Para mais detalhes, con- determinadas dotações. Contudo, mui-
sulte o Capítulo 2 do Caderno “Apuran- tas vezes o agente responsável pelo pro-
do o Orçamento Criança” cesso orçamentário alega dificuldades
técnicas ou legais como um estratagema
Como as etapas são seqüenciais, as ações de para adiar ações que foram incluídas no
controle social devem se concentrar ini- orçamento com o intuito de administrar
cialmente no provisionamento de recur- tensões políticas.
sos. Se não houver liberação dos recur-
sos pelo agente público responsável pelo Após o provisionamento, temos a necessidade
orçamento da prefeitura (normalmente, do controle social da licitação. O pro-
o Secretário da Fazenda), a ação obvia- cesso de licitação visa propiciar a esco-

Atores envolvidos na Lei do Orçamento Anual


AGENTES PRINCIPAIS
PREFEITO • Define diretrizes gerais.
• Tem participação ativa.

SECRETÁRIO DA FAZENDA • É responsável pela definição das receitas que constarão do orçamento.
• Define o quanto deverá ser pago de dívida.
• Em algumas prefeituras, é ele quem elabora o orçamento, desempenhando o papel do Secretário de
Planejamento em municípios de menor porte.

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO • Principal autoridade da LOA.


• Define o conteúdo da lei.
• Coordena processo interno para consolidação da proposta orçamentária, muitas vezes definindo cotas de
despesas por secretaria.

SECRETÁRIO DE OBRAS • Em geral, é o responsável pela elaboração do Plano de Obras, que deverá constar do orçamento.
• Dependendo da prefeitura, pode deter nessa questão maiores poderes do que o Secretário de Planejamento.

RELATOR DA COMISSÃO DE • Desempenha papel fundamental, pois dá parecer a todas as emendas feitas na LOA.
ORÇAMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL

GRUPOS DE INTERESSE • Atuam diretamente nesse momento, buscando incluir suas demandas no orçamento por meio de emendas.

110 111 112


capítulo 3 Atores envolvidos na execução orçamentária
AGENTES PRINCIPAIS
PREFEITO • Define diretrizes para execução do orçamento.
• Aprova encaminhamento ou não de suplementação orçamentária.

• É responsável pela liberação dos recursos financeiros e, na maioria das prefeituras de


SECRETÁRIO DA FAZENDA pequeno porte, pela liberação das cotas orçamentárias.

PROCURADOR JURÍDICO • Formula os pareceres jurídicos necessários ao andamento dos processos licitatórios
• Defende a prefeitura quando há ações judiciais contra processos licitatórios.

SECRETÁRIO DE OBRAS • Tem a responsabilidade legal para realizar a medição de obras em execução para fins
de pagamento.
• É responsável pelo encaminhamento da elaboração de projetos necessários à
contratação das obras.

CÂMARA MUNICIPAL • Aprecia os projetos de lei de créditos adicionais suplementares e especiais


(suplementação).

GRUPOS DE INTERESSE • Atuam diretamente nesse momento, buscando garantir a execução das ações que lhes
interessam do orçamento.

lha da proposta mais vantajosa e propor- Um fator que pode afetar sensivelmente a execu-
cionar a competitividade e transparên- ção orçamentária é a possibilidade do uso
cia na referida escolha. Ela se reveste de indiscriminado do mecanismo de suple-
importância central na execução orça- mentação do orçamento. A suplementa-
mentária, pois, após a homologação e ção refere-se ao pedido de créditos adi-
adjudicação do vencedor, acontece o cionais para cobrir despesas não compu-
empenho dos créditos orçamentários. O tadas (créditos especiais) ou insuficiente-
ato do empenho implica em estabelecer mente dotadas (créditos suplementares)
nominalmente a pessoa física ou jurídica na lei do orçamento ou ainda em caso da
que fornecerá o bem ou prestará o servi- necessidade de realização de despesas
ço demandado pela administração pú- emergenciais (créditos extraordinários).
blica, detalhando-se quantitativamente O pedido de créditos adicionais suple-
o volume e o valor. Nessa perspectiva, é mentares, que é o mais comum, pode ser
fundamental que esse processo seja feito e concedido no próprio projeto de
orientado por princípios de economici- lei orçamentária, quando este for apre-
dade, efetividade e legalidade, para que sentado para a apreciação do Legislativo,
o seu resultado signifique, de fato, o me- ou pode ser encaminhado ao longo do
lhor uso dos recursos públicos. ano, à medida que for necessário.

Garantindo a execução do Orçamento Criança e Adolescente


AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Acompanhamento do andamento da execução orçamentária das ações prioritárias.
VIGILÂNCIA 2. Acompanhamento da suplementação orçamentária.
SOCIAL 3. Apuração do Orçamento Criança e Adolescente para verificação do que já foi
executado.

1. Audiência com o Secretário da Fazenda ou responsável pela avaliação da execução


orçamentária e liberação de cotas orçamentárias para ações prioritárias do Orçamento
MOBILIZAÇÃO
Criança e Adolescente.
SOCIAL
2. Audiência com o Secretário de Administração ou responsável pela avaliação de
licitações vinculadas a ações prioritárias do Orçamento Criança e Adolescente.

111 112 113


capítulo 3

Em prefeituras de pequeno porte, há uma prá- quatro meses do ano, o que modifica o
tica perversa de se incluir margens de sentido original do orçamento.
suplementação muito altas na Lei do
Orçamento. Essas margens chegam a Desse modo, você e sua comunidade devem
ultrapassar o percentual de 30%. Isso considerar as seguintes ações de vigilân-
cria a possibilidade de alterar os com- cia social: (1) acompanhamento da exe-
promissos pactuados no orçamento cução das ações prioritárias desde o pro-
nessa proporção durante a sua execu- visionamento orçamentário, passando
ção, o que acaba por resultar na desfi- pela realização da licitação e emissão das
guração da proposta originalmente ordens de serviço para implementação
aprovada. Ora, se considerarmos o pe- da ação monitorada, quando for o caso;
so relativo individual de cada mês, ca- (2) acompanhamento da suplementação
so fôssemos executar o orçamento dis- orçamentária; e (3) levantamento do
tribuído igualmente em 12 cotas, ve- OCA no período para apuração do que
ríamos que cada mês do ano correspon- já foi executado.
de a 8,7% de todo o orçamento previs-
to. Sendo assim, uma margem de suple- Para a primeira ação, acompanhamento da
mentação, por exemplo de 30%, refe- execução das ações prioritárias (ação de
re-se a mudar a programação de quase vigilância social 1), é necessário, inicial-
mente, que você tome conhecimento,
junto à secretaria executora da prefeitu-
Documentos que dão diretrizes ra, de como será viabilizada a ação mo-
à execução orçamentária nitorada. Tanto para a viabilização de
serviços quanto de obras, é possível que
CONSULTE A LEGISLAÇÃO tramitação de emendas. a prefeitura execute diretamente, adqui-
Lei 4.320/64 Constituição Federal rindo bens ou contratando serviços ape-
Define toda a estrutura da lei Define princípios gerais que devem nas parcialmente, ou, então, que ela de-
orçamentária, assim como as orientar a estruturação da lei cida terceirizar todos os serviços neces-
classificações de receita e orçamentária. sários. Dispondo dessa informação e sa-
despesa. Lei de Diretrizes Orçamentárias bendo em qual projeto/atividade orça-
Regimento Interno da Câmara Define critérios para elaboração mentária serão executados os gastos pro-
Municipal da LOA , diretrizes e metas gramados, deve ser solicitado a essa mes-
Estabelece os critérios para definição de seu programa ma secretaria o comprovante do provi-
e prazos para apreciação e de trabalho. sionamento dos créditos orçamentários,
que em algumas prefeituras é conhecido

112 113 114


capítulo 3 Etapas da Execução Orçamentária
Programação e Provisionamento Liquidação: verificação legal do
Orçamentários: distribuição da cota orçamentária; fornecimento do bem ou serviço comprado para
confere ao recurso orçamentário liberado a pagamento posterior; confere ao recurso
condição de valor provisionado. orçamentário empenhado a condição de valor
Licitação: escolha do melhor preço e técnica para liquidado.
o fornecimento de bens e serviços. Pagamento: entrega de valores financeiros
Empenho: comprometimento efetivo das dotações ao fornecedor do bem ou serviço adquirido;
orçamentárias; confere ao recurso orçamentário confere ao recurso orçamentário liquidado a
provisionado a condição de valor empenhado. condição de valor pago.

como Nota de Provisionamento, na qual suplementação ao Legislativo, de acordo


constam a data da liberação e o montan- com a necessidade. Na primeira opção, é
te de recursos autorizado. Na seqüência, comum a aprovação de um percentual
deve ser acompanhada a licitação. Por geral. Critérios para a utilização desse
exigência legal, deve ser aberto um pro- percentual devem ser aprovados na Lei
cesso físico numerado, que conterá o de Diretrizes Orçamentárias (LDO),
edital de licitação, os pareceres das di- pois, caso contrário, a margem de suple-
versas autoridades, especialmente do mentação poderá ser usada quando e co-
procurador (consultor jurídico) e os re- mo a prefeitura quiser. Na segunda op-
sultados da licitação. ção, o Executivo municipal deve apre-
sentar, junto com o projeto de lei que
No acompanhamento da suplementação orça- encaminhar o pedido de suplementação,
mentária (ação de vigilância social 2), justificativa da sua necessidade, discri-
há ações a ser consideradas por você e minando valores e indicando onde a
sua comunidade no momento da solici- verba suplementar será utilizada.
tação dos créditos adicionais pela prefei-
tura à Câmara Municipal (ou pelo go- Em qualquer uma das situações, você deve ficar
verno do estado à Assembléia Legislati- atento. A suplementação deve ser ope-
va) e ações durante a operacionalização rada considerando o aumento da previ-
propriamente dita da suplementação. são de receitas ou a anulação de despe-
No primeiro caso, é preciso saber que a sas, de modo que os valores totais de
prefeitura pode incluir na própria Lei do despesas e receitas no orçamento perma-
Orçamento Anual (LOA) autorização neçam iguais. Quando é por meio da
para suplementação, bem como encami- anulação, o modo mais comum, é preci-
nhar durante o ano uma solicitação de so monitorar para que a dotação de seu
projeto/atividade orçamentário não seja
atingido. Pior do que não ser provisiona-
da, é ver sua ação ter o valor reduzido
durante a execução orçamentária.

O levantamento do OCA para o período deter-


minado, a partir do relatório de execu-
ção orçamentária (ação de vigilância so-
cial 3) – veja também o Caderno 1
“Apurando o Orçamento Criança” –
oferecerá informações importantes sobre
o estágio de execução das ações prioritá-
rias. Para tanto, podem ser considerados
períodos trimestrais, podendo-se fazer a
apuração para o primeiro, segundo, ter-
ceiro e quarto trimestres.

113 114 115


capítulo 4

COMO AUMENTAR
OS RECURSOS PÚBLICOS PAR A O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente
Os recursos para o Orçamento Criança e Adolescente são
originários principalmente de tributos arrecadados pelos municípios
e de transferências do Governo Federal.Conheça essas fontes de
recursos e veja como é possível incrementá-los.

4.1. AUMENTANDO OS RECURSOS PARA O ORÇAMENTO


CRIANÇA E ADOLESCENTE
É possível que você e sua comunidade identifiquem a necessidade de aumentar os gastos
públicos destinados à criança e ao adolescente. O crescimento de despesas, no
entanto, depende da disponibilidade de recursos, seja por meio de sua melhor
alocação, seja pelo aumento da receita. Portanto, para otimizar os gastos públicos
com a criança e o adolescente é necessário conhecer com quais fontes de recursos
a prefeitura conta para realizá-los. Na verdade, a receita de um município tem ori-
gem em diversas fontes, algumas sob o comando direto da prefeitura (tributos ar-
recadados) e outras que dependem da União ou dos estados (transferências).
Além disso, há uma parte dos recursos da prefeitura, que compõe um caixa único,
cujos gastos podem ser priorizados, e uma outra parcela que é vinculada, isto é, os
recursos obtidos possuem uma destinação previamente definida.

Entre os recursos totais de que a prefeitura dispõe, que chamamos de receita própria, há
a parcela composta pelos tributos que ela cobra diretamente e outra proveniente
de transferências constitucionais da União e do estado. Os recursos da prefeitura
obtidos pela venda de bens que ela possui (carros, máquinas e equipamentos, ter-
renos, edifícios, ações etc.) também compõem a receita própria, mas não são re-
ceitas permanentes devido à sua própria natureza e só podem ser destinadas à rea-
capítulo 4

lização de despesas de capital (obras, instalações, aquisição de veículos, máquinas


etc.) por serem considerados receitas de capital. Os tributos arrecadados por ação
direta da prefeitura são o Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU),
o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), o Imposto sobre a Trans-
missão de Bens Intervivos (ITBI) e as diversas taxas. De fato, estes constituem os
verdadeiros recursos próprios do município, pois os critérios para sua cobrança e o
montante da arrecadação dependem única e exclusivamente da ação do Poder Le-
gislativo e Executivo do município. Apesar do potencial arrecadador que esses tri-
butos representam, sobretudo o IPTU e o ISS, nem sempre os municípios os co-
bram adequadamente, fazendo com que eles não tenham grande representação no
total da receita da prefeitura.

Da União e dos estados, os municípios recebem dois tipos de recursos: as transferências


constitucionais e as transferências voluntárias. As primeiras estão previstas na
Constituição Federal ou em leis que determinam o repasse permanente de recur-
sos em razão da atribuição de determinada competência ao município. Devem

115 116 117


capítulo 4

ser consideradas receita própria do mu- cípio ou entre estado e município. Não
nicípio, pois são repassadas permanen- devem ser consideradas como receita
te e automaticamente. Nesse caso, en- própria, porque seu repasse é descontí-
quadram-se os recursos que chegam aos nuo e sujeito a demandas específicas.
municípios por meio do Fundo de Par- Elas podem ser destinadas à promoção
ticipação dos Municípios (FPM), repas- de ações em qualquer área social ou eco-
se de parcela de diversos impostos co- nômica (desenvolvimento econômico,
brados pela União ou pelos estados, co- educação, turismo, assistência social
mo o Imposto Territorial Rural (ITR) e etc.). Para serem autorizadas, estão su-
o Imposto sobre Circulação de Merca- jeitas à formulação de um projeto básico
dorias e Serviços (ICMS) (veja quadro e a diversas exigências legais de presta-
seguir) e transferências para promoção ção de contas, as quais ocorrem antes,
da educação (Fundo de Desenvolvi- durante e depois do recebimento dos re-
mento da Educação e Valorização do cursos. O não enquadramento em tais
Magistério – Fundef), saúde (Sistema exigências pode implicar na interrupção
Único de Saúde – SUS) e assistência da transferência.
social (Fundo Nacional de Assistência
Social – FNAS). Como dissemos, parte dos recursos da prefei-
tura integra um caixa único e outra
Entre as transferências constitucionais, desta- constitui recurso vinculado. A destina-
ca-se o repasse pelo estado de 25% do ção dos recursos do caixa único se defi-
ICMS para os municípios. De acordo ne pela disputa política que se estabe-
com a Constituição Federal, 75% desse lece internamente na administração
recurso deve ser distribuído consideran- municipal, principalmente durante o
do a movimentação comercial (valor processo de elaboração do orçamento.
agregado fiscal) medida todos os anos Já os recursos vinculados têm sua desti-
em cada município. Os 25% restantes nação legalmente predefinida seja por
devem seguir critérios estabelecidos em força de lei ou convênio e não estão
lei estadual, envolvendo o cumprimento sujeitos à disputa alocativa. Muitas ve-
de quesitos nas diversas áreas sociais – zes, envolvem a existência de contra-
que podem ser metas de escolaridade, partida por parte da prefeitura, que po-
proteção ambiental, participação da re- de levá-los a sofrer alguma influência
ceita própria do município em relação a daquela disputa, uma vez que tais re-
sua receita total etc. cursos devem vir das disponibilidades
do caixa único. Na verdade, há pelo
As transferências voluntárias que chegam aos menos quatro tipos de recursos vincu-
municípios são fruto de convênios, ter- lados, classificados a partir da sua base
mos de cooperação entre União e muni- legal ou da sua finalidade:

116 117 118


capítulo 4 (a) Os recursos transferidos por força
constitucional: recursos da saúde repas-
Contudo, após as transferências, eles
passam a dispor de 29% de todo o di-
sados para pagamento de procedimen- nheiro público arrecadado. Embora isso
tos de saúde ou recursos da educação re- seja positivo dentro do pacto federativo
passados por meio do Fundef; em alguns – acordo de cooperação entre as três es-
casos, podem ser repassados fundo a feras de governo para melhor atender à
fundo, por exemplo, do Fundo Nacional população –, essa situação demonstra
de Saúde para o Fundo Municipal de uma fragilidade financeira dos municí-
Saúde da cidade. pios brasileiros. Conforme dados da Se-
(b) Os recursos oriundos de convênios: cretaria do Tesouro Nacional (STN),
por exemplo, recursos oriundos do Fun- para conseguir prestar seus serviços, im-
do Nacional de Desenvolvimento da plementar seus programas sociais e fazer
Educação (FNDE) para o município no investimentos, cerca de 40% dos muni-
Programa Nacional de Saúde do Escolar. cípios brasileiros possuem receitas entre
(c) Os recursos definidos por lei que de- 95 a 100% dependentes das transferên-
vem integrar fundos: é o caso do Fundo cias constitucionais. Isso certamente li-
Municipal dos Direitos da Criança e mita as possibilidades de ação desses mu-
Adolescente que recebe, obrigatoria- nicípios, já que eles não têm como au-
mente, recursos para despesas com a mentar suas receitas por esforço próprio.
promoção da infância e da adolescência.
(d) Os recursos originários de operações A maioria desses municípios deve essa realidade
de financiamento. à sua fragilidade econômica, pois as con-
dições econômicas das empresas e dos
cidadãos que ali vivem não permitem a
4.2. ATUANDO SOBRE AS RECEITAS obtenção de uma receita expressiva. Em
PRÓPRIAS DO MUNICÍPIO alguns casos, entretanto, ainda prevale-
ce a cultura da não cobrança de tributos
Atuar para incrementar as receitas próprias é e da prática de renúncia fiscal de forma
fundamental, pois os municípios brasi- abusiva. A renúncia fiscal é a liberação,
leiros são dependentes das transferên- pelo Poder Público, do recolhimento de
cias, sobretudo as constitucionais. Se parte dos tributos dos contribuintes, vi-
fôssemos considerar somente os tributos sando algum benefício para a cidade ou
por eles cobrados, os municípios teriam para alguma instituição, em razão da na-
à sua disposição apenas 8% dos recursos. tureza de sua atividade econômica. De
acordo com a Constituição Federal e a
Lei de Responsabilidade Fiscal, as renún-
cias praticadas devem constar em qua-
Verificando por que as transferências voluntárias
dro próprio da Lei do Orçamento Anual
não acontecem e a concessão de novas renúncias deve
SIGA POR AQUI mesmo sofrendo resistências ser descrita na Lei de Diretrizes Orça-
O pagamento das transferências políticas para processar a mentárias, acompanhada de demons-
voluntárias depende do transferência. Há ainda casos em trativo de seu impacto orçamentário-
atendimento de exigências que a própria prefeitura deixa de financeiro, sendo exigida a prévia redu-
cadastrais e de prestação de providenciar os documentos ção de despesa ou equivalente aumento
contas, além do cumprimento dos disponíveis e necessários para a da receita para compensação da perda
percentuais constitucionais de liberação dos recursos. de receita.
saúde e educação, assim como dos Procure conhecer a causa desse
estabelecidos na Lei problema para organizar Para aumentar os recursos próprios do municí-
Complementar nº 101/00 (pessoal corretamente sua mobilização. pio visando beneficiar o OCA, você po-
e dívida). Entretanto, é possível que Busque, sempre que possível, a de considerar pelo menos três ações de
o órgão repassador, estado ou ajuda de um parlamentar para vigilância social: (1) levantamento e
União, esteja com problemas confirmar os motivos da interrupção análise do perfil da receita do município
financeiros ou administrativos, ou da transferência. e da renúncia fiscal praticada; (2) veri-
ficação da regulamentação e efetiva co-

117 118 119


capítulo 4 brança de IPTU, ISS e taxas no muni-
cípio; (3) avaliação da introdução de
Composição Das Receitas
critérios em benefício da criança e do
adolescente para distribuição da parcela Constitucionais Dos Municípios(%)
de 25% transferida do ICMS.
arrecadação receita após
ENTIDADES
própria transferências
Para levantar e analisar o perfil da receita de
seu município e da renúncia fiscal por • UNIÃO 44 24
ele praticada (ação de vigilância social
• ESTADOS 49 47
1), você deve obter o quadro de recei-
tas por fontes e o quadro de renúncia • MUNICÍPIOS 8 29
fiscal, ambos constantes obrigatoria-
TOTAL 100 100
mente da Lei do Orçamento Anual
Fonte: Financiamento dos Gastos da Educação nas Três Esferas/IPEAD
(LOA). Como o orçamento é somente
uma previsão, para dispor do que real-
mente foi executado consiga também o
Balanço Orçamentário Anual, relató- lização de obras, instalações, aquisição
rio contábil que traz a síntese da movi- de máquinas, equipamentos e veículos).
mentação orçamentária e financeira da (c) Avalie o quanto seu município é de-
prefeitura durante o ano. Ele é exigido pendente das transferências constitucio-
legalmente e deve ser disponibilizado nais (principalmente do FPM e do re-
para a Câmara Municipal e o Tribunal passe do ICMS).
de Contas a partir de março de todo (d) Identifique quais transferências vo-
ano. Com esses dados em mãos, levan- luntárias estão previstas na LOA para o
te as seguintes informações: OCA e verifique se elas aconteceram
durante o ano.
(a) Verifique qual a participação percen- (e) Discuta na comunidade para chegar
tual das receitas próprias (IPTU + ISS + a uma conclusão sobre o significado das
ITBI + Taxas) no total da receita dispo- informações obtidas para o incremento
nível (veja Capítulo 6 do Caderno 1). de recursos para o OCA.
(b) Faça o mesmo para saber qual o pe-
so da receita de capital (destinada à rea- A verificação da regulamentação e efetiva co-
brança de IPTU, ISS e taxas no municí-
pio (ação de vigilância social 2) é uma
ação fundamental para o incremento dos
recursos em benefício da criança e do
Composição Das Receitas adolescente. Ela permite ações diretas e
Constitucionais Dos Municípios imediatas pela prefeitura. Para esse le-
vantamento, você deve partir da análise
próprias Transferências Transferências anterior, verificando a evolução da co-
da União do estado brança desses impostos. Em seguida, ob-
• IPTU – Imposto sobre • FPM (22,5% IR e IPI) – • FPEX (25%) – Fundo de tenha a última lei que estabelece os cri-
Propriedade Territorial Fundo de Participação de Compensação dos Estados térios de cobrança, sobretudo do IPTU.
Urbana Municípios Exportadores Analise, buscando identificar os percen-
• ITBI – Imposto sobre • ITR (50%) – Imposto • IPVA (50%) – Imposto tuais (alíquotas) de cobrança estabeleci-
Transmissão de Bens sobre Propriedade sobre Propriedade de dos e os benefícios concedidos. Para sa-
Intervivos Territorial Rural Veículos Automores ber se a base de cálculo (valor estimado
• ISS – Imposto sobre • IOF-Ouro (70%) – • ICMS (25%) – Imposto do imóvel) desse imposto está atualiza-
Serviços de Qualquer Imposto sobre Operações sobre a Circulação de da, solicite à Secretaria Municipal da
Natureza Financeiras Mercadorais e Serviços Fazenda a planta de cadastro e valores,
• IRPF Servidores • Compensação referente que dispõe sobre os imóveis, sua classifi-
Municipais – Imposto à desoneração do ICMS cação para fins de cobrança conforme o
sobre a Renda de Pessoas (LC 87/96-Lei Kandir ) estabelecido pela lei, e os respectivos va-
Físicas
lores estimados.

118 119 120


capítulo 4 Na avaliação dos critérios que serão introduzi-
dos em benefício da criança e do adoles-
De acordo com a Lei de Responsabilidade Fis-
cal, transferência voluntária é “a entrega
cente para distribuição da parcela de de recursos correntes ou de capital a ou-
25% transferida do ICMS (ação de vigi- tro ente da Federação, a título de coope-
lância social 3), é necessário atuar junto ração, auxílio ou assistência financeira,
à Assembléia Legislativa, pois será pre- que não decorra de determinação consti-
ciso obter a aprovação de lei pelos depu- tucional, legal ou os destinados ao Siste-
tados estaduais. Os critérios a serem pro- ma Único de Saúde”. São recursos, por-
postos podem ter várias naturezas. Po- tanto, que podem ser destinados à manu-
dem, por exemplo, considerar a existên- tenção de programas em andamento ou à
cia de Fundos Municipais de Criança e implementação de novos (recursos cor-
Adolescente em funcionamento ou de rentes) ou, ainda, para aquisição de equi-
percentual de aplicação de receita pró- pamentos, máquinas, veículos ou realiza-
pria em ações que beneficiem crianças e ção de obras (recursos de capital). Os re-
adolescentes como condição para repas- cursos podem ser da União ou do estado,
se de parte da mencionada parcela de ou mesmo de agências internacionais de
25% do ICMS. financiamento, como o Banco Mundial
(BIRD), Banco Interamericano de De-
senvolvimento (BID), etc.
4.3. ATUANDO SOBRE AS
TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS Para receber esses recursos, o município preci-
sa comprovar que encontra-se em dia
Você deve saber que, fora a receita própria da quanto: (a) ao pagamento de tributos,
prefeitura, as transferências voluntárias empréstimos e financiamentos devidos à
constituem, possivelmente, a principal União ou ao estado, conforme o caso;
parcela de recursos disponíveis para o (b) à prestação de contas de recursos re-
Orçamento Criança e Adolescente. Possi- passados anteriormente pela mesma fon-
velmente porque, a princípio, elas não te (c) ao cumprimento dos limites cons-
estão garantidas. Precisam ser negocia- titucionais relativos à educação e à saú-
das para chegar até a sua cidade, o que de; (d) à observância dos limites das dí-
exige competência técnica e capacidade vidas, consolidada e mobiliária, de ope-
política de seu município. Além disso, rações de crédito, inclusive por anteci-
como, de modo geral, elas são liberadas pação de receita, de inscrição em Restos
a partir de projetos/planos de trabalho a Pagar e de despesa total com pessoal;
elaborados pelas prefeituras, merecem (e) à previsão orçamentária de contra-
uma atenção especial em termos da ava- partida, isto é, a parte de seus recursos
liação da eficácia e da legalidade do uso próprios que será colocada, também, na
dos recursos repassados. ação objeto da transferência.

Para obter esses recursos, os municípios preci-


sam elaborar projetos conforme as exi-
gências do órgão responsável pela trans-
ferência dos valores. Muitos órgãos dis-
ponibilizam manuais para esse fim. Esse
O papel da União na transferência de processo costuma ser demorado: dura
recursos para Educação mais de seis meses e exige negociação en-
CONSULTE A LEGISLAÇÃO equalização de oportunidades tre a prefeitura e o ministério ou secreta-
A União organizará o sistema federal educacionais e padrão mínimo de ria de estado. Em alguns casos, os proje-
de ensino dos Territórios, financiará qualidade do ensino mediante tos são elaborados para atender emendas
as instituições de ensino públicas assistência técnica e financeira aos aprovadas no Orçamento da União ou
federais e exercerá, em matéria estados, ao Distrito Federal e aos do estado. Normalmente, os ministérios
educacional, função redistribuidora e municípios. ou, no caso dos estados, as secretarias res-
supletiva, de forma a garantir Constituição Federal, art. 211, § 1°. ponsáveis, possuem programas com obje-
tivos e condições definidas para o apoio

119 120 121


capítulo 4

ou financiamento de ações bem delimi- (MTE), bem como pelo Ministério do


tadas. Para conhecê-los, é preciso pes- Desenvolvimento Social e Combate à
quisar. No caso do Orçamento Criança e Fome (MDS). No caso do MTE, há três
Adolescente, recursos dessa natureza po- fontes para transferências voluntárias,
dem servir para geração de emprego, tra- todas elas com recursos do Fundo de
balho e renda; urbanização, saneamento, Amparo ao Trabalhador (FAT): o Pla-
habitação e transporte urbano; assistên- no Nacional de Qualificação (PNQ), o
cia social; ou educação. Nesta seção, sem Programa Nacional do Primeiro Em-
a pretensão de esgotar o tema, vamos prego para a Juventude (PNPE) e o
abordar algumas linhas de transferências Programa Economia Solidária em De-
relativas às primeiras áreas, deixando as senvolvimento. No PNQ, os municí-
duas últimas para as seções seguintes. pios podem apresentar seu Plano Terri-
torial de Qualificação (Planteq) para
As transferências relativas a ações de habitação, obter recursos destinados à capacitação
urbanização, saneamento ambiental e de trabalhadores, a ações de orientação
transporte coletivo, no âmbito federal, e encaminhamento ao mercado de tra-
encontram-se sob a responsabilidade do balho ou a outras formas de vínculo de
Ministério das Cidades. Por meio de suas trabalho e geração de renda. O PNPE é
quatro secretarias (Habitação, Sanea- o programa para geração de emprego
mento Ambiental, Transporte e Mobili- para a juventude. Ele envolve ações di-
dade e Programas Urbanos), o ministério retas com as empresas para criação de
administra vários programas destinados a vagas e subsídio à contratação de jo-
Habitação, Urbanização, Saneamento e vens, gerencia o projeto Jovem Em-
Controle Ambiental. Vale a pena pesqui- preendedor junto com o Sebrae, além
sar o site do Ministério das Cidades de regular e fiscalizar a aprendizagem
(www.cidades.gov.br) e analisar as ofertas profissional prevista pela Lei nº 10.027
e condições para cada caso. (Lei de Aprendizagem). Há, também,
outras ações que podem culminar com
Para geração de emprego, trabalho e renda, há transferências voluntárias para os mu-
possibilidade de transferências pelo Mi- nicípios destinadas à proteção do jo-
nistério do Trabalho e Emprego vem, como é o caso do Consórcio So-

120 121 122


capítulo 4 cial da Juventude e o Serviço Civil Vo-
luntário, que dependem da definição de
União ou por seu estado para o combate
à fome e à pobreza; (2) levantamento e
um projeto básico e de formalização de análise de quais recursos são transferidos
convênio. No Programa Economia So- pela União ou por seu estado para gera-
lidária em Desenvolvimento, há a pos- ção de emprego, trabalho e renda, bem
sibilidade de convênios com os municí- como para capacitação de trabalhadores;
pios para o repasse de recursos a inicia- (3) levantamento e análise de emendas
tivas de geração de emprego e renda em no orçamento da União e do estado a fa-
economia solidária, como a organiza- vor do Orçamento Criança e Adolescente
ção de cooperativas e a assistência téc- de seu município.
nica a finanças solidárias.
No caso das ações 1 e 2, de levantamento e
No Ministério do Desenvolvimento Social e análise das transferências voluntárias
Combate à Fome (MDS), existe tam- para combate à fome e à pobreza, gera-
bém a possibilidade de convênios em ção emprego, trabalho, renda e capaci-
Economia Solidária em Desenvolvi- tação, é necessário obter o “Quadro de
mento, com o foco em ações para po- Detalhamento de Despesas” (QDD)
pulações em situação de risco. Os con- existente na Lei do Orçamento e o Ba-
vênios são firmados por meio da Se- lanço Orçamentário Anual, que traz o
cretaria Nacional de Assistência So- QDD com o orçamento executado. Em
cial (Senas). Na Secretaria de Segu- ambos, é preciso conhecer as fontes de
rança Alimentar e Nutricional (Se- recursos com origem em transferências
san), concentra-se a principal linha de voluntárias (que financiam os projetos
programas de transferências voluntá- e as atividades orçamentários) para
rias para combate à fome e à pobreza. identificar o programa federal ou esta-
Destaca-se o programa dos Conselhos dual ao qual estão vinculados. Fique
de Segurança Alimentar e Desenvol- atento às contrapartidas praticadas. Pa-
vimento Local (Consad), que atua pa- ra que você e sua comunidade possam
ra promoção do desenvolvimento ter- garantir ou mesmo incrementar essas
ritorial, em áreas periféricas do país. O fontes de receita a favor do OCA, é
órgão trabalha com ênfase na seguran- preciso que conheçam também os me-
ça alimentar e nutricional e na gera- canismos de repasse de recursos. Para
ção de trabalho e renda como estraté- cada convênio, há um formato legal
gia principal para a emancipação so- próprio e uma fonte geradora de recur-
cioeconômica das famílias que estão sos. Nesse caso, o levantamento em
abaixo da linha da pobreza nessas re- conjunto com os Conselhos Municipais
giões. Muitos dos programas são im- dos Direitos da Criança e do Adoles-
plementados por meio de convênios cente e de Assistência Social pode ser
com os estados, com destaque para os bem mais produtivo.
programas de Construção de Cister-
nas, Aquisição de Alimentos, Apoio a Uma análise mais detalhada da situação das
Comunidades Quilombolas, Apoio a transferências voluntárias pode exigir a
Comunidades Indígenas e de Atendi- análise das minutas dos convênios. Por
mento Emergencial a Populações em meio delas, você conhecerá o objeto do
Situação de Risco (principalmente convênio, as obrigações das partes, o
com a distribuição de cestas básicas). prazo de vigência, as condições de con-
trapartida, entre outras questões, e con-
Visando ao incremento das transferências vo- seguirá fazer uma avaliação mais com-
luntárias para o OCA de seu município, pleta de seus objetivos e gestão. Você
você e sua comunidade podem imple- pode solicitar cópia do convênio à pró-
mentar as seguintes ações de vigilância pria secretaria responsável pela viabili-
social: (1) levantamento e análise de zação das ações ou à procuradoria (con-
quais recursos são transferidos pela sultoria jurídica) de seu município.

121 122 123


capítulo 4 4.4. ATUANDO SOBRE OS RECURSOS
FEDERAIS DA EDUCAÇÃO
rantir o cumprimento da determinação
constitucional de que eles destinem
25% de suas receitas à educação. Para
As principais transferências para o OCA refe- alcançar esse objetivo, 15% da arrecada-
rentes à educação são constitucionais, ção global de estados e municípios com-
feitas por meio do Fundo de Manuten- põem obrigatoriamente o fundo, o que,
ção e Desenvolvimento do Ensino Fun- na prática, representa 60% de suas dis-
damental e de Valorização do Magistério ponibilidades – montante reservado ao
(Fundef). De acordo com a Emenda Ensino Fundamental. Dos recursos
Constitucional nº 14/96, regulamentada transferidos pelo Fundef, 60% deve ser
pela Lei nº 9.424,/96, que criou o fundo, obrigatoriamente destinado à remunera-
o Fundef transfere recursos da União pa- ção de professores. O restante pode ser
ra os estados e municípios, visando ga- despendido com a aquisição, manuten-

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental


e Valorização do Magistério (Fundef)
•FONTE LEGAL: Emenda Constitucional n.º 14, de necessárias ao funcionamento do ensino”, (f)
setembro de 1996, e regulamentado pela Lei n.º “amortização e custeio de operações de crédito
9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo destinadas a atender ao disposto nos itens acima”, (g)
Decreto nº 2.264, de junho de 1997; implantado, “aquisição de material didático-escolar e manutenção
nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998. de transporte escolar”. (h) Pagamento de professores
leigos, com o prazo expirado de 5 anos a contar da
•APLICAÇÃO DE RECURSOS: No mínimo, 60% dos vigência da Lei n.º 9.424/96, que permitia a utilização
recursos anuais devem ser aplicados na remuneração de parte desses recursos na sua habilitação.
do magistério (não só o salário direto pago ao
professor, mas também todos os demais encargos da •CONTROLE SOCIAL: Estados e Municípios devem ter um
folha de pagamento, como INSS, 13° salário, 1/3 de Conselho de Acompanhamento e Controle Social do
férias), em efetivo exercício no Ensino Fundamental FUNDEF, para supervisionar a aplicação dos recursos
público. São despesas com remuneração dos e o Censo Escolar anual. No âmbito dos municípios, a
professores (inclusive os leigos) e dos profissionais composição mínima desse conselho é de quatro
que exercem atividades de suporte pedagógico: os membros, representando: a Secretaria Municipal de
gastos com direção, administração, planejamento, Educação ou órgão equivalente, os professores e
inspeção, supervisão e orientação educacional diretores das escolas, os pais de alunos, os servidores
(Resolução nº 03, de 08/10/1997, do Conselho das escolas, o Conselho Municipal ou Estadual de
Nacional de Educação). Educação, caso ele exista.

• O restante dos recursos (correspondente a 40% do •PRESTAÇÃO DE CONTAS: Obrigação do Poder Executivo
FUNDEF) deverá ser utilizado na cobertura das demais estadual ou municipal de disponibilizar ao Conselho
despesas previstas no art. 70 da Lei nº 9.394/96, Lei do FUNDEF todos os dados e informações sobre os
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), recursos recebidos e sua utilização, mensalmente.
que permite: O Banco do Brasil fornece extrato bancário da conta
do FUNDEF aos membros do Conselho, deputados,
•(a) “remuneração e aperfeiçoamento de demais vereadores, Ministério Público e Tribunais de Contas
profissionais da Educação”, (b) “aquisição, (LIC nº 3.14.7.1.3), diretamente com o gerente da
manutenção, construção e conservação de instalações agência do Banco do Brasil onde é mantida a conta,
e equipamentos necessários ao ensino”, (c) “uso e com documento de identificação que comprove
manutenção de bens vinculados ao ensino”, (d) a condição de representante com acesso à conta.
“levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas Na internet, também estão disponíveis os dados
visando o aprimoramento da qualidade e a expansão sobre os valores repassados, nos links localizados
do ensino”, (e) “realização de atividades-meio no item Recursos.

122 123 124


capítulo 4 Garantindo Fontes de Recursos de Educação para o Orçamento Criança
AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Levantamento das transferências do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
VIGILÂNCIA Educação.
SOCIAL 2. Levantamento dos critérios de repasse do Fundef.
3. Verificação do cumprimento dos percentuais constitucionais de educação no
município.

1. Audiência com Conselho Municipal de Educaçâo, quando houver, para discussão


do seu plano de aplicação de recursos.
MOBILIZAÇÃO 2. Audiência com o Conselho Municipal de Educação, quando houver, para avaliação
SOCIAL dos relatórios de gestão do respectivo fundo.
3. Atuação junto à Comissão Temática de Educação do Congresso ou a deputados
para viabilizar emendas no OCA do município.

ção e construção de escolas, aquisição cial mantidas por organizações não-go-


de material didático-escolar, transporte vernamentais, desde que registradas no
escolar, capacitação, entre outras coisas. Conselho Nacional de Assistência So-
cial (CNAS). Os recursos podem ser
Em cada município existe um Conselho do utilizados para: aquisição de material
Fundef com a função de supervisionar a permanente; manutenção, conservação
aplicação dos recursos. Uma das ativi- e pequenos reparos da unidade escolar;
dades principais desse conselho é aquisição de material de consumo ne-
acompanhar as transferências de recur- cessário ao funcionamento da escola;
sos para a conta específica no Banco do capacitação e aperfeiçoamento de pro-
Brasil de seu município. fissionais da educação; avaliação de
aprendizagem; implementação de pro-
Existem também importantes transferências vo- jeto pedagógico; e desenvolvimento de
luntárias para o OCA feitas a partir do atividades educacionais. O valor trans-
Fundo Nacional de Desenvolvimento da ferido a cada escola é determinado com
Educação (FNDE). O FNDE transfere re- base no número de alunos matriculados
cursos para estados, municípios e organi- no Ensino Fundamental ou na educa-
zações não-governamentais para que es- ção especial, em cada estabelecimento
tes garantam que a criança conclua o En- de ensino, de acordo com critérios esta-
sino Fundamental. Entre as ações atuais belecidos pelo FNDE.
financiadas com esses repasses, incluem-
se o Programa Nacional de Alimentação Os recursos do PDDE saem do FNDE e vão
Escolar, o Programa Nacional do Livro direto para a conta corrente da unida-
Didático, o Programa Dinheiro Direto na de executora constituída nas escolas.
Escola, o Programa Nacional Biblioteca A unidade executora fará o repasse do
da Escola, o Programa Nacional de Saú- dinheiro de acordo com as decisões da
de do Escolar e o Programa Nacional de comunidade. Se a escola não possuir
Apoio ao Transporte do Escolar. unidade executora própria, o fundo
transfere o dinheiro para a Secretaria
Muito relevante pela autonomia que confere às de Educação do Estado ou para a pre-
escolas, o Programa Dinheiro Direto na feitura à qual a escola é vinculada. As
Escola (PDDE) implantado em 1995, unidades executoras encaminham a
transfere recursos diretamente às esco- prestação de contas às prefeituras ou
las estaduais, do Distrito Federal e es- Secretarias de Educação dos estados,
colas municipais de Ensino Fundamen- conforme sua vinculação. Esses órgãos
tal com mais de 20 alunos matricula- deverão analisar as prestações de con-
dos, além de escolas de educação espe- tas, consolidar e emitir parecer conclu-

123 124 125


capítulo 4 sivo sobre elas e encaminhá-los ao
FNDE até 28 de fevereiro do ano sub-
capacitação de docentes da Escola
Ativa; e o Plano de Desenvolvimento
seqüente ao repasse. As escolas de edu- da Escola (PDE).
cação especial, mantidas por ONGs,
deverão apresentar suas prestações de Considere, com sua comunidade, levar adian-
contas nos termos da cláusula específi- te as seguintes ações de vigilância so-
ca do convênio. cial para conhecer melhor as transfe-
rências para a educação no OCA de
Outro programa de transferência de recursos seu município: (1) levantamento e
do FNDE é o Fundo de Fortalecimen- análise dos recursos do Fundef transfe-
to da Escola (Fundescola), sob a ges- ridos para seu município; (2) diagnós-
tão da Secretaria de Educação Básica tico de demandas de serviços, obras e
do Ministério da Educação (SEB/ aquisições prioritárias nas escolas de
MEC). Ele tem como objetivo promo- seu município, tendo como objetivo
ver ações para a melhoria da qualidade identificar fontes de financiamento
das escolas do Ensino Fundamental, que possam atendê-las; (3) levanta-
ampliando a escolaridade e a perma- mento e análise das transferências pa-
nência das crianças nas escolas públi- ra escolas do município por meio do
cas, prioritariamente nas regiões Nor- Programa Dinheiro Direto na Escola.
te, Nordeste e Centro-Oeste. Por meio
de convênios com os municípios, esta- Para levantar e analisar os recursos do Fundef
dos ou mesmo com órgão do Ministé- (ação de vigilância social 1), procure
rio da Educação, o programa financia: o Conselho Municipal do Fundef de
aquisição de equipamento e mobiliário seu município. Se não houver, procu-
escolar para salas de aula; Projeto de re o seu equivalente no âmbito estadual
Melhoria da Escola (PME); adequação para obter os relatórios com os critérios e
física de prédios escolares; construção a movimentação financeira ocorrida no
de escolas em assentamentos rurais e período recente. Verifique se as exigên-
áreas de comunidades indígenas com cias legais de aplicação dos recursos estão
atendimento educacional do progra- sendo cumpridas.
ma; formação e titulação de professo-
res não habilitados para o ensino nas No caso do diagnóstico de demandas prioritá-
séries iniciais do Ensino Fundamental, rias (ação de vigilância social 2), é ne-
por meio do Programa Proformação; cessário um processo de mobilização so-

Fundo Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente


• FONTE LEGAL: Criado pelo art. 6º da Lei nº 8.242/91, • Podem ser fontes de recursos do Fundo dotações
conforme determinação do art. 260 do Estatuto da orçamentárias do Executivo, doações de pessoas
Criança e do Adolescente - ECA(Lei Federal nº 8.069, físicas ou jurídicas nos termos da legislação vigente,
de 13.07.90) as multas relativas a condenações em ações cíveis e
à aplicação de penalidades previstas no ECA,
• APLICAÇÃO DE RECURSOS: Garantir, nas esferas transferências das demais esferas governamentais,
municipal, estadual e federal, a viabilização da convênios com entidades nacionais e internacionais
política de atendimento à criança e ao adolescente. e receitas financeiras.

• Nos âmbitos municipal e estadual, cada Fundo deve • CONTROLE SOCIAL: Anualmente, os gastos previstos
ser criado, através de projeto de lei de iniciativa do do Fundo devem constar do orçamento, de acordo
Poder Executivo, e será gerenciado, nos termos da com Plano de Aplicação aprovado pelo Conselho.
lei, pelo Conselho dos Direitos da Criança e do • PRESTAÇÃO DE CONTAS: Sujeito à prestação de
Adolescente, também a ser criado por lei. contas nos termos da legislação.

124 125 126


capítulo 4 cial da comunidade escolar a fim de de-
tectar as necessidades do ensino e das
1990, sobre a participação da comuni-
dade e os mecanismos de transferência
escolas. Paralelamente, deve ser feito, de recursos financeiros às demais ins-
junto à Secretaria Municipal de Educa- tâncias de gerência, estabelecendo a
ção, o levantamento dos pleitos enca- previsão de remessas regulares e auto-
minhados ao governo federal. máticas do governo federal. Na se-
qüência, a operação do sistema e a re-
4.5. ATUANDO SOBRE OS RECURSOS lação entre os administradores passa-
FEDERAIS DA SAÚDE ram a ser tratadas a partir das Normas
Operacionais Básicas do SUS (NOB-
As transferências relativas à área de saúde do SUS), editadas por meio de portarias
OCA que são de natureza constitucional do Ministério da Saúde (MS).
e dispensam a exigência de convênios,
são realizadas de acordo com as normas Até fevereiro de 1998, as transferências do SUS
Sistema Único de Saúde (SUS). eram de natureza convenial, implican-
do em várias dificuldades para sua ges-
O Fundo Nacional de Saúde (FNS) é o seu ges- tão. Com a edição da NOB nº 1/96, pu-
tor financeiro, na esfera federal. Criado blicada pela Portaria n.º 2.023, de 06 de
em 24 de julho de 1969, o fundo passou, novembro de 1996 (Ministério da Saú-
de fato, a promover as transferências de de) e alterada em dezembro de 1997,
recursos para os Fundos Estaduais e Mu- instituiu-se o Piso da Atenção Básica
nicipais de Saúde, assim como a celebra- (PAB), que permitiu mudar o paradig-
ção de convênios com órgãos e entida- ma das transferências dos recursos via
des, a partir da publicação do Decreto nº faturamento (produção), para as trans-
3.964, de 11.09.2001. ferências automáticas do Fundo Nacio-
nal de Saúde para os Fundos Municipais
Previsto na Constituição Federal, o funciona- de Saúde. O mecanismo do PAB foi,
mento e o financiamento do SUS ainda, aprimorado em PAB-Fixo, um
compõe o produto de um longo proces- valor per capita nacional, e em PAB-Va-
so histórico, iniciado antes mesmo da riável, que passou a permitir repasses a
Constituição, e que ainda necessita ser alguns programas prioritários que ainda
completado. Sua regulação básica se enquadravam na modalidade de
ocorreu com a edição da Lei nº 8.080, transferência convenial, tais como o
de 19 de setembro de 1990, que trata Programa de Saúde da Família (PSF).
do processo de descentralização, das
competências das diferentes esferas de O SUS, porém, somente passou a ter regras de
governo e da organização do SUS, e da financiamento global definidas com a
Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de promulgação da Emenda Constitucio-

Garantindo Fontes de Recursos de Saúde para o Orçamento Criança


AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Levantamento das transferências do Fundo Nacional de Saúde para o respectivo
VIGILÂNCIA fundo municipal.
SOCIAL 2. Verificação do cumprimento dos percentuais constitucionais de saúde no município.

1. Audiência com Conselho Municipal de Saúde para discussão do seu plano de


aplicação de recursos.
MOBILIZAÇÃO 2. Audiência com o Conselho Municipal de Saúde para avaliação dos relatórios de
SOCIAL gestão do respectivo fundo.
3. Atuação junto à Comissão Temática de Saúde do Congresso ou a deputados para
viabilizar emendas no OCA do município.

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capítulo 4 Sistema Único de Saúde – SUS
• FONTE LEGAL: Constituição Federal: princípios municípios, quando esses não possuem gestão plena.
norteadores do financiamento do sistema de saúde Não dependem de convênios ou outras exigências e
pública brasileiro. Emenda Constitucional n.º 29/2000, se destinam para ações de a atenção básica e para
fixou participação orçamentária mínima obrigatória procedimentos de média e alta complexidade.
para União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
sendo para esses últimos, a partir de 2004, o • Pactuação de critérios para distribuição dos recursos e
percentual mínimo de 15% do orçamento próprio. Lei remuneração dos procedimentos pela Comissão
8.080/90 e Normas Operacionais Básicas do Ministério Intergestores Tripartite – CIT, no âmbito nacional do
da Saúde - NOB estabelecem os critérios, valores e SUS, e pelas Comissões Intergestores Bipartites – CIB,
qualidade dos serviços, e trata da gestão financeira, no âmbito regional, que são comissões constituídas
que viabiliza a operacionalização do sistema. paritariamente por representantes do governo estadual,
indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos
• Prevê sanções para Municípios que não cumprirem o secretários municipais de saúde, indicados pelo órgão
mínimo de gastos, como ajustes compensatórios de representação do conjunto dos municípios do
progressivos (ao longo de cinco anos), suspensão de Estado, em geral denominado Conselho de Secretários
repasses federais e intervenção do Estado, com Municipais de Saúde – COSEMS.
possibilidade de que as autoridades municipais sejam
processadas e se tornadas inelegíveis. • CONTROLE SOCIAL: Cabe ao Conselho Municipal de
Saúde elaborar o Plano de Saúde-PMS para definir a
• APLICAÇÃO DE RECURSOS: Obrigatoriedade de aplicação dos recursos, que, por sua vez, deve se
alocação de todos os recursos municipais, estaduais orientar pelo o Plano Nacional de Saúde – PNS. Ele
ou federais para a saúde no caso do município no orienta as ações do SUS em relação à atenção à
Fundo Municipal de Saúde-FMS. saúde da população brasileira e gestão do sistema,
contendo os objetivos, as diretrizes e as metas
• Os recursos do Governo Federal para o Fundo nacionais de saúde.
Municipal de Saúde são transferências
automáticas(“fundo a fundo”), que constituem • PRESTAÇÃO DE CONTAS: Cabe ao Conselho Municipal
repasses regulares feitos pelo Fundo Nacional de de Saúde elaborar os Relatórios de Gestão para a
Saúde, ou pelo Fundo Estadual de Saúde a prestação de contas.

nal nº 29, de 13 de setembro de 2000. governo federal aplicasse o montante


Essa emenda estabeleceu percentuais de empenhado, em 1999, em ações e servi-
vinculação de receitas, nas três esferas ços públicos de saúde, acrescido de no
de governo, para ações de saúde, a ser mínimo 5%.
considerados em dois períodos. No pe-
ríodo de transição, estados e municípios Para o período definitivo, a contar a partir de
deveriam comprometer gradativamente 2005, a emenda determinou a edição
até 2004, de 7 a 12% e 15%, respectiva- de lei complementar com o objetivo
mente, de suas receitas com gastos em de definir os percentuais de vincula-
saúde – reduzindo a diferença, se for o ção para todas as esferas governamen-
caso, em um quinto (20%) a cada ano. tais, bem como a base de vinculação
Para a União, a emenda estabeleceu que de receitas da União – uma vez que a
o gasto mínimo para os anos de 2001 a base de estados e municípios já foi es-
2004 não pode ser inferior ao apurado tabelecida pela emenda – e a concei-
no ano anterior, devendo ser ao mesmo tuação de ações e serviços públicos de
tempo corrigido pela variação nominal saúde. Na hipótese da não edição da
do Produto Interno Bruto (PIB). Para o lei complementar, prevalece o mon-
ano 2000, a medida determinou que o tante apurado em 2004.

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capítulo 4 Diante do cenário atual, as ações de vigilância
social que você e sua comunidade im-
Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS). No FNDCA,
plementarem para otimizar os recursos há recursos restritos que são disponibiliza-
de saúde em benefício do Orçamento dos a partir de projetos apresentados pe-
Criança, certamente, deverão se dirigir los municípios ou estados interessados,
para a complementação da estrutura de conforme as exigências da Secretaria Es-
financiamento, acompanhamento, ava- pecial de Direitos Humanos (SEDH), seu
liação e controle do Sistema Único de órgão gestor. Esses recursos são muito im-
Saúde, procurando: (a) acompanhar a portantes para diversos municípios. De
definição do conceito de ações e servi- acordo com estudo do MDS, a participa-
ços de saúde, que delimitará o que pode- ção da União nas despesas com assistên-
rá ser gasto nessa área; (b) atuar para cia social no total dos gastos dos municí-
aprovação de um percentual adequado pios brasileiros corresponde a 33,1%, mas
de vinculação de receitas a favor das apresenta variação significativa depen-
despesas com saúde. dendo do estado. Enquanto em Roraima
e Maranhão a participação da União su-
4.6. ATUANDO SOBRE OS RECURSOS pera os 90%, em São Paulo, por exemplo,
FEDERAIS DA PROTEÇÃO SOCIAL ela é de apenas 10,35% e, em Tocantins e
no Rio Grande do Sul, essa participação
Os recursos federais destinados a estados e mu- fica abaixo de 20%.
nicípios para assistência social e, especifi-
camente, para proteção dos direitos da A maior parte dos recursos disponibilizados pe-
criança e do adolescente, encontram-se lo FNAS é considerada transferência
no Fundo Nacional de Assistência Social voluntária, portanto, sujeita a exigên-
(FNAS) e no Fundo Nacional dos Direi- cias de convênios e a respectiva presta-
tos da Criança e do Adolescente (- ção de contas. Entretanto, em virtude
FNDCA). Praticamente, a totalidade dos do disposto pela Lei nº 9.604, de 05 de
recursos disponíveis encontra-se no fevereiro de 1998, essas transferências
FNAS, cuja gestão é responsabilidade do são realizadas de modo simplificado,
com a apresentação de um plano de tra-
balho e cronograma de desembolso pre-
vistos pela Instrução Normativa nº
Estratégia do Pacto pela Paz 1/97, da Secretaria do Tesouro Nacio-
nal, que disciplina a realização e presta-
para aumentar os recursos do ção de contas de convênios no governo
Fundo dos Direitos da Criança e federal. Para os recursos destinados às
do Adolescente ações continuadas de assistência social
que são definidas por decreto do Presi-
1. Ampliar a dotação orçamentária, a simplificação dos mecanismos de dente da República, a lei prevê a trans-
através de emenda constitucional, funcionamento. ferência direta para o respectivo Fundo
garantindo no mínimo 5% das 2. Realizar as conferências Municipal de Assistência Social de ca-
receitas correntes líquidas nas municipais, estaduais e nacionais, da município, desde que exista um Pla-
esferas federal, estadual e antes dos períodos de votação dos no de Assistência Social aprovado pelo
municipal para o Fundo dos Direitos orçamentos. correspondente Conselho Municipal
da Criança e do Adolescente e 3. Propor/criar lei federal que de Assistência Social. Isso facilita sen-
possibilitando que as pessoas condicione o repasse de recursos sivelmente a transferência e sua conti-
físicas façam uso das doações aos municípios à existência e ao nuidade. Atualmente, nessa condição
dedutíveis, também no ato da funcionamento dos Conselhos dos encontram-se os programas de Atenção
Declaração de Renda e que seja Direitos,Tutelares e Fundo dos à Criança de 0 a 6 anos (PAC), de
facultado a todas as empresas a Direitos da Criança e do Atenção à Pessoa Idosa (PPI), de
possibilidade do abatimento do Adolescente, bem como a Atenção à Pessoa Portadora de Defi-
imposto nas doações ao fundo, com regulamentação da função de ciência (PPD), de Atenção Integral à
repasse direto fundo a fundo e com conselheiro tutelar. Família (PAIF) e o Programa de Com-
bate à Exploração Sexual (Sentinela).

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capítulo 4 Atualmente, o Conselho Nacional de Assistên-
cia Social (CNAS) busca a implemen-
Para o encaminhamento das ações de vigilân-
cia 1 e 2, acione o Conselho Municipal
tação do Sistema Único de Assistência de Assistência Social (CMAS) de sua
Social (SUAS), a fim de consolidar as cidade. Com ele, você e sua comunida-
transferências diretas para os Fundos de poderão ter acesso aos critérios que
Municipais de Assistência Social, fican- definiram as transferências para seu mu-
do completamente livre das exigências nicípio, assim como conhecer a contra-
conveniais para repasses. O SUAS de- partida da prefeitura, quais serviços são
verá fazer suas transferências seguindo o financiados e quais entidades integram a
modelo do SUS, tendo um Piso de Pro- rede de atendimento.
teção Social Básico (PSB), para repasse
de recursos destinados a serviços conti- Em todas as esferas em que estiverem consti-
nuados de proteção, e um Piso de Prote- tuídos, os Fundos dos Direitos da
ção Social Especial (PSE), para o finan- Criança e do Adolescente podem re-
ciamento de ações destinadas a segmen- ceber recursos arrecadados pelo pró-
tos em situação de risco. prio município – conforme o estabele-
cido em legislação própria – além de
No âmbito da proteção social, você pode reali- transferências dos outros entes (União
zar pelo menos duas ações de vigilância e estados) e também contribuições de
social: (1) levantamento e análise das pessoas físicas e jurídicas. As doações
transferências do FNAS para o municí- de pessoas físicas e jurídicas para os
pio; (2) levantamento e análise das fundos (nacional, estaduais ou muni-
contrapartidas do município para as cipais) podem ser deduzidas do Impos-
ações de assistência social no OCA. Vo- to de Renda devido.
cê pode levar adiante, também, uma
ação de mobilização social: campanha Para pessoas físicas, é permitida a dedução de
para incremento das doações para o até 6% do imposto devido apurado, in-
Fundo Municipal dos Direitos da Crian- cluindo nesse limite as contribuições
ça e do Adolescente. para o Programa Nacional de Apoio à

Garantindo Fontes de Recursos de Proteção Social para o Orçamento Criança


AÇÕES IMPORTANTES DE:
1. Levantamento das transferências do Fundo Nacional de Assistência Social para o
respectivo fundo municipal.
VIGILÂNCIA 2. Levantamento das contrapartidas do município para as ações de assistência social
SOCIAL no OCA.
3. Mapeamento das organizações que recebem transferências da prefeitura.

1. Audiência com os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e


de Assistência Social para discussão dos planos de aplicação de recursos dos
respectivos de fundos.
2. Audiência com Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e de
MOBILIZAÇÃO Assistência Social para avaliação dos relatórios de gestão dos respectivos fundos.
SOCIAL 3. Atuação junto à comissão temática do trabalho e assistência social do Congresso ou
de deputados, para viabilizar emendas no OCA do município
4. Audiência com o prefeito para incremento das contrapartidas em ações de
assistência social no OCA.
5. Campanha para incremento das doações de pessoas físicas e jurídicas para o Fundo
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

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capítulo 4
Atores envolvidos no repasse de recursos federais
PREFEITO • Pode desempenhar papel vital na captação de recursos para o OCA
junto ao governo federal.

SECRETÁRIO DA FAZENDA • Desempenha papel importante na operacionalização das


transferências para o município.

SECRETÁRIO DE SAÚDE, • Principal autoridade sobre o repasse de recursos federais.


EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL • Define o conteúdo da lei.
• Coordena processo interno para definição de diretrizes setoriais anuais.
• Propõe quais intervenções do PPA deverão ser priorizadas pela LDO.

DEPUTADOS FEDERAIS • Desempenham papel fundamental, pois eles são os elos com as Comissões
Temáticas do Congresso e os responsáveis pela apresentação de emendas no
orçamento da União a favor do OCA no município.

CONSELHOS MUNICIPAIS DE • Desempenham papel estratégico por meio da aprovação dos planos municipais da
SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL área e dos relatórios de gestão

GRUPOS DE INTERESSE • Atuam pela viabilização de projetos junto a ministérios ou pela inclusão de
emendas no Orçamento Geral da União (OGU).

Fundo Nacional de Assistência Social


• FONTE LEGAL: Lei Orgânica da Assistência Social- recursos para Fundos Estaduais, que
LOAS, que o criou a partir da transformação do implementam as ações no âmbito do município
Fundo Nacional de Ação Comunitária- em questão.
FUNAC;gerido pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, sob a orientação do • Parte das transferências é sujeita a
Conselho Nacional de Assistência Social -CNAS. conveniamento prévio, o que pode gerar
descontinuidade na proteção social, em caso de
• APLICAÇÃO DE RECURSOS: Disponibiliza recursos problemas com a prestação de contas ou com a
da União para o financiamento da assistência formalização do convênio.
social de crianças, jovens, portadores de
deficiência, idosos e famílias. • Havendo restrições legais para repasses
destinados a ações continuadas para os
• Recursos transferidos fundo-afundo ou por municípios, o Governo Federal pode repassar
meio de convênio para os Fundos Municipais de diretamente para as entidades privadas de
Assistência Social(ou Fundos Estaduais) relativos assistência social credenciadas
ao Programa de Atenção à Criança-PAC, Programa
de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI, • CONTROLE SOCIAL: Para o repasse direto fundo-a-
Programa Sentinela de Combate à Exploração fundo pelo FNAS(art.30 da LOAS), o município
Sexual, Programa Casa da Família e Programa deve ter instituído e em funcionamento o Fundo
Agente Jovem. Financia também iniciativas de Municipal de Assistência Social, com seu
promoção respectivo Conselho, assim como ter aprovado o
da inclusão social, como apoio a Plano Municipal de Assistência Social, de acordo
micro-empreendimentos de geração de trabalho, com a Política Nacional de Assistência Social.
emprego e renda. Todas as emendas
parlamentares no âmbito da assistência social • PRESTAÇÃO DE CONTAS: Conselho deve elaborar
integram o FNAS. relatório de gestão. Convênios sujeitos a
prestação de contas detalhada ao ente
• Inexistindo Fundo Municipal, o FNAS repassa os financiador.

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capítulo 4 Transferências de proteção social no âmbito federal
PROGRAMA DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA (API) ATENÇÃO À CRIANÇA DE ZERO A SEIS ANOS (PAC)
• Apoio técnico e financeiro a serviços de proteção • Serviço de ação continuada em que são repassados
social básica e especial, programas e projetos recursos a estados, municípios, Distrito Federal ou
executados por estados, municípios, Distrito Federal e organizações sociais, por meio de valores per capita de
organizações sociais, destinados ao atendimento do referência fixos, para a cobertura de despesas correntes
idoso vulnerabilizado pela pobreza.Abrange grupos de (custeio). Essas despesas são caracterizadas como de
convivência, centros, instituições de longa permanência, manutenção de serviços internos e externos já criados
centros-dia, casas-lar, república e atendimento e instalados para o atendimento direto de crianças e de
domiciliar. suas famílias vulnerabilizadas pela pobreza. Exige
contrapartida do município.
PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF)
• Serviço continuado de proteção social básica (Decreto PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL
nº 5.085, de 19 de maio de 2004), desenvolvido nos (PETI)
Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), • Programa de transferência de renda direta do governo
mais conhecidos como “Casas da Família”. São federal para famílias de crianças e adolescentes
espaços físicos localizados estrategicamente em áreas envolvidos no trabalho precoce. O Peti caracteriza-se
de pobreza, que prestam atendimento assistencial e pela transferência voluntária de recursos por meio de
articulam os serviços disponíveis em cada localidade, convênios para acompanhamento pelos municípios.
potencializando a rede de proteção social básica. • Os estados levantam os casos de trabalho infantil em
seus municípios, que são apresentados às Comissões
ATENÇÃO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA Estaduais de Erradicação do Trabalho Infantil para
(PPD) validação e definição de critérios de prioridade de
• Apoio técnico e financeiro a estados, municípios, atendimento.
Distrito Federal e instituições, para o desenvolvimento • Para receber a bolsa, as famílias têm que assumir
de ações de proteção social e inclusão das pessoas compromissos com o governo federal, tais como:
com deficiência e de suas famílias. freqüência mínima das crianças e dos adolescentes na
• Principais serviços: atendimento domiciliar; centros- escola e jornada ampliada equivalente a 75% do
dia; residência com famílias acolhedoras; residência em período total; afastamento definitivo, do trabalho, de
casas-lar; atendimento em abrigo para pequenos crianças e adolescentes menores de 16 anos;
grupos; apoio à reabilitação; prevenção das participação das famílias nas ações socioeducativas e
deficiências; tratamento precoce; habilitação e de ampliação e geração de renda oferecidas. Os
reabilitação/atendimento integral; habilitação e municípios executam as ações de controle.
reabilitação/atendimento parcial; distúrbio
comportamental; bolsa manutenção reabilitação na PROGRAMA AGENTE JOVEM DE DESENVOLVIMENTO
comunidade. SOCIAL E HUMANO
• São financiados, também, projetos de manutenção, • Ação de assistência social destinada a jovens entre
construção, ampliação e modernização de centros de 15 e 17 anos, visando o desenvolvimento pessoal,
atendimento a pessoas com deficiência. social e comunitário, por meio de capacitação teórica e
prática e de atividades que não configurem trabalho
PROGRAMA DE COMBATE À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE mas que possibilitem a permanência do jovem no
CRIANÇAS E ADOLESCENTES (SENTINELA) sistema de ensino, preparando-o para futuras inserções
• Conjunto de ações especializadas de atendimento e no mercado.
proteção imediata às crianças e aos adolescentes. • Concessão de bolsa no valor de R$ 65,00 diretamente
Abrange abordagem educativa, atendimento ao jovem durante os 12 meses em que ele estiver
multiprofissional especializado, apoio psicossocial e inserido no programa e atuando em sua comunidade,
jurídico, acompanhamento permanente, abrigo por 24 desde que esteja regularmente cadastrado e participe,
horas e oferta de retaguarda ao Sistema de Garantia de no mínimo, de 75% do total de aulas na escola e das
Direitos dirigida a crianças, adolescentes e famílias atividades previstas no programa.
envolvidas com a violência sexual.Tais serviços são • Financia 300 horas-aula para capacitadores e
oferecidos em centros ou serviços de referência para o orientadores sociais nas áreas de saúde, cidadania e
atendimento às crianças, aos adolescentes e às famílias. meio ambiente.

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capítulo 4 Cultura (Pronac) e investimentos feitos
a título de incentivo às atividades au-
Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente – ou de documento equi-
diovisuais. Para pessoas jurídicas, é per- valente no caso de doação ao Fundo
mitido o abatimento mensal do imposto Municipal dos Direitos da Criança e
devido no valor das deduções efetiva- do Adolescente. Feito isso, o contri-
das, abrangendo tanto as empresas tri- buinte deve realizar o depósito em uma
butadas com base no lucro real quanto agência bancária oficial.
as tributadas com base no lucro estima-
do. O limite máximo de dedução do Im- Vale lembrar que, de acordo com a Lei nº
posto de Renda devido na apuração 9.250 em vigor desde 1º de janeiro de
mensal correspondente ao total das 1996, doações feitas por pessoas físicas
doações efetuadas no mês é fixado em para organizações de utilidade pública
1%, de acordo com o Decreto nº 794, federal podem ser declaradas na relação
de 05 de abril de 1993. de pagamentos do Imposto de Renda
utilizando-se o código “14 – Outros”,
Para viabilizar a contribuição, divulgue as mas não podem ser deduzidas. Já as
vantagens do recolhimento, que é bas- doações de pessoas jurídicas a essas ins-
tante simples: deve ser processado por tituições poderão ser deduzidas do Im-
meio do preenchimento do Documen- posto de Renda até o limite de 2% do
to de Arrecadação da Receita Federal lucro operacional antes de computada a
(DARF) – no caso de doação ao Fundo sua dedução, conforme a Lei nº 9.249.

Documentos que dão


diretrizes ao repasse de
recursos federais
CONSULTE A LEGISLAÇÃO
Orçamento Geral Da União-OGU
Prevê as transferências para municípios.
Contém as emendas parlamentares que
beneficiam o OCA do município.
Constituição Federal
Estabelece competências das diversas esferas e
critérios para financiamento dos diversos setores
sociais.
LEI 8080/90
Estabelece critérios gerais para gestão do Sistema
Único de Saúde.
Lei 8.742/93
Estabelece a organização do Fundo Nacional de
Assistência Social e dos respectivos fundos
municipais e estaduais, assim como define
critérios gerais para transferência de recursos de
assistência social para a criança e o
adolescente.
Lei 8242/91
Cria o Fundo Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente.

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capítulo 5

MONITORANDO
E AVA L I A N D O INFORMAÇÕES do oca
Monitorar, avaliar e divulgar são ações de controle social
imprescindíveis à promoção do Orçamento Criança e
Adolescente. Aqui você verá como potencializar as informações
apuradas com o OCA.

5.1. POR QUE E COMO MONITORAR E AVALIAR

A implementação das soluções para os problemas sociais é um processo longo e com-


plexo, que envolve diversos atores, recursos e decisões, os quais devem ser ar-
ticulados da forma correta para produzir o resultado programado. O sucesso da
atuação de sua comunidade depende da capacidade que ela tem de monitorar e
avaliar, de maneira permanente, o desenvolvimento das soluções propostas. Pa-
ra tanto, o OCA oferece subsídios importantes, à medida que permite capturar,
por meio da programação e execução de receitas e despesas, o estágio de anda-
mento das ações governamentais.

Monitorar e avaliar são etapas de vigilância social que caminham de mãos dadas. O
monitoramento refere-se ao acompanhamento de todo o processo de execução
das ações governamentais, no qual a comunidade busca informações para a
identificação e a correção de problemas, buscando atuar junto ao Poder Públi-
co para promover decisões. Já a avaliação diz respeito ao processo de levanta-
mento e análise sistemática de informações sobre características, processos e
impactos das soluções implementadas pelo Poder Público, levando em conta
critérios de eficiência, eficácia e efetividade.

Quando a comunidade avalia, ela busca colher subsídios para negociar com as autorida-
des públicas as mudanças necessárias ao aperfeiçoamento da gestão de recursos hu-
manos, financeiros e materiais e da qualidade do gasto público na execução das
capítulo 5

ações governamentais. A avaliação, ao mesmo tempo em que fornece subsídios


para a tomada de decisão, promove a transparência das ações dos governos; con-
tribui para o aperfeiçoamento da concepção e do modo de implementação das
ações propostas, proporciona a otimização da alocação dos recursos orçamentários
e promove o conhecimento, pela sociedade, do funcionamento da administração
das políticas públicas e de seus resultados.

5.2. A IMPORTÂNCIA DAS METAS E DOS INDICADORES

A avaliação pressupõe a definição prévia de metas a serem perseguidas ao longo da im-


plementação das ações. A meta, por sua vez, constitui a quantificação de um obje-
tivo em termos de unidades do produto que a materializa, a ser obtido em um de-
terminado espaço de tempo e em uma determinada escala espacial. No entanto, tal
processo analítico, aparentemente objetivo, não é imediata e inequivocamente
materializável. Os indicadores são as estatísticas que permitem avaliar a efetividade

133 134 135


capítulo 5

das ações implementadas, ou seja, a sua Além disso, a avaliação de resultados demanda
capacidade de alterar a realidade. a construção de um sistema de valores
baseado em opiniões, registros, dados ob-
A conceituação de metas exige a precisa delimi- jetivos, critérios de comparação qualita-
tação da ação pretendida por parte do tivos e quantitativos etc., sustentado por
Poder Público. No processo de constru- um sistema de informações eficaz nos re-
ção da iniciativa, é necessário estabele- gistros e eficiente na possibilidade de
cer uma etapa de reflexão sistemática so- cruzamentos. De fato, a avaliação consti-
bre a disponibilidade de recursos e as tui um processo gerencial, mas também
possibilidades de alcance de objetivos. político-institucional, orientado para a
Portanto, a conceituação não prospera determinação do grau de alcance quanti-
sem o enfrentamento de culturas geren- tativo e qualitativo das metas. Exige, as-
ciais caracterizadas pelo improviso e pe- sim, a maturação do entendimento em
la falta de programação. Nessas condi- torno dos princípios que a estrutura e da
ções, a inexistência de planejamento forma como se organiza e se desenvolve,
prévio acaba por redundar na falta de di- sob pena de não ser validada pelos em-
mensionamento antecipado de objeti- preendedores e, conseqüentemente, não
vos e na confusão entre os objetivos- cumprir sua finalidade de servir à reo-
meio, que viabilizam a consecução do rientação de futuras ações.
resultado final, e do objetivo-fim.

SAIBA O QUE É
Efetividade é a medida do grau de cumprimento
dos objetivos que orientaram a
“Acompanharemos regularmente no levar a disparidades e apoiar
implementação de uma ação, promovendo
nível nacional e, quando uma ampla gama de pesquisa
alterações nos indicadores de resultados.
apropriado, no nível regional e centradas nas crianças.
avaliaremos os objetivos e metas Fortaleceremos a cooperação Eficácia refere-se ao grau de alcance das metas
constantes do Plano de Ação nos internacional para apoiar os fixadas para um determinado projeto, atividade
níveis nacional, regional e global. esforços de formação de uma ou programa em relação àquilo que foi
Dessa forma fortaleceremos nossa capacidade estatística e formar previsto.
capacidade estatística para coletar, uma capacidade comunitária para Eficiência é a análise do uso dos recursos na
analisar e desagregar dados, por acompanhamento, avaliação e realização da meta para um projeto, uma
exemplo, por sexo, idade e outros planejamento.” atividade ou um programa segundo padrões
fatores pertinentes que possam Um Mundo para as Crianças, p. 68 estabelecidos.

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capítulo 5 Monitorando e Avaliando o Desempenho do Orçamento Criança
AÇÕES IMPORTANTES DE:

VIGILÂNCIA 1. Levantamento e análise dos indicadores para as esferas de ação, comparativamente


SOCIAL ao resultado do OCA.

1. Atuação junto ao Secretário de Planejamento e/ou secretários de áreas finalísticas


MOBILIZAÇÃO (assistência social, saúde e educação) para obtenção e discussão de indicadores.
SOCIAL 2. Atuação junto a agências oficiais de estatísticas e pesquisas para obtenção de
indicadores.

5.3. UTILIZANDO OS MEIOS DE vel. Portanto, a linguagem utilizada deve


COMUNICAÇÃO estar de acordo com a linguagem de cos-
tume do nosso público-alvo. Ainda que
As informações do OCA geradas pelo moni- estejamos lidando com um tema pouco
toramento e pela avaliação não podem acessível, repleto de números e bastante
ficar restritas àqueles que as produziram. técnico, precisamos sensibilizar a opi-
Na verdade, elas somente ganharão vida nião pública para a importância desse
quando chegarem ao conhecimento da trabalho, deixando claro que estamos fa-
opinião pública. Difundi-las é, portanto, lando de recursos públicos e qualidade de
precondição para explorar o valor do vida. Parte desse desafio pode ser alcan-
OCA enquanto real instrumento de çado pela exposição de exemplos reais,
promoção e proteção dos direitos da cri- concretos, e por meio de comparações
ança e do adolescente. com o dia-a-dia das pessoas. O segredo,
portanto, está na transformação de um
Para que isso aconteça, em primeiro lugar a in- assunto excessivamente técnico em um
formação tem que ser atual e deve ser co- debate que tem a ver com a vida de cada
municada de forma fácil e compreensí- cidadão brasileiro.

Estratégias do Pacto pela Paz para a parceria com


os meios de comunicação
COMPROMISSO específicos que firam o interesse do
Garantir a criação e implementação do Conselho desenvolvimento da criança e do adolescente.
de Comunicação Social, nas três esferas de 3. Que haja interlocução permanente, por meio
governo, formado por representantes das dos Conselhos de Direitos da Criança e do
empresas de comunicação social, do governo e Adolescente, nas respectivas instâncias. Assim
da sociedade civil. como a promoção do diálogo e da capacitação,
em parceria com faculdades de comunicação
ESTRATÉGIAS social, associações, sindicatos de profissionais da
1. Priorizar a criação do Conselho de comunicação e empresas de comunicação social.
Comunicação na Frente Parlamentar da Criança 4. Favorecer a democratização dos meios de
e do Adolescente do Congresso Nacional, comunicação social via a liberdade de
buscando estender essa iniciativa às demais organização de rádios e TVs comunitárias, sob
instâncias da Federação. controle da sociedade, por meio de associações
2. Que os Conselhos de Direito deliberem, na e conselhos.
forma de diretrizes de políticas públicas de 5. Estimular as empresas de comunicação e
comunicação a serem adotadas pelos governos reivindicar junto a elas a reformulação da matriz
nas suas respectivas esferas, pela proibição de informativa que aporta a família brasileira,
liberação de recursos públicos para programas priorizando o desenvolvimento da cidadania.

135 136 137


capítulo 5 Assim, todo o processo de avaliação e mobili- mas a um repórter ou editor, coletivas
zação da sociedade para o OCA deve ser de imprensa, cartas a editores de publi-
divulgado, assim como o Relatório do Or- cações, entrevistas coletivas. Mas para
çamento Criança (Relatório do OCA), que essa comunicação alcance seu obje-
documento que contém a análise final tivo, é preciso criar fatos no município,
do OCA (veja seção 6.5 do Caderno 1 como encontros, audiências, conferên-
“Apurando o Orçamento Criança e cias, seminários, debates, passeatas, etc.
Adolescente”). É preciso que você e sua Cabe a você e a sua comunidade avalia-
comunidade procurem produzir uma rem sua capacidade de mobilização e
versão sintética do relatório, com lin- confrontarem os resultados com os ob-
guagem não técnica e acessível a qual- jetivos de divulgação que pretendem
quer pessoa. Essa nova versão deve ser atingir para escolher as melhores alter-
feita sem prejuízo do conteúdo, para nativas. As formas de divulgação tam-
aproximar a população do que está sen- bém devem ser definidas de acordo com
do debatido. Em geral, os meios de co- as condições da realidade local e o pú-
municação querem respostas para ques- blico com quem você e sua comunidade
tões bem objetivas como: houve cresci- querem dialogar. Vale até mesmo utili-
mento ou redução dos recursos a favor zar teatro de bonecos ou cordel como
da criança e do adolescente? Os gastos meio de divulgação.
realizados foram realmente efetivos? O
que isso significa para o município? De todo modo, a organização de audiências co-
munitárias em sua própria localidade
Em segundo lugar, é necessário que a comuni- para tratar dos resultados apurados,
dade tenha estratégias claras e viáveis acompanhados da publicação local das
de comunicação, de acordo com o obje- informações levantadas, constituem
tivo pretendido. Existem diversas ma- iniciativas fundamentais. Por meio de-
neiras de comunicar sua mensagem à las, você conseguirá fazer com que a in-
opinião pública: releases (textos curtos formação chegue até os beneficiados
para divulgação jornalística), telefone- pelos resultados das despesas do OCA.

Divulgando o Orçamento Criança


AÇÕES IMPORTANTES DE:
VIGILÂNCIA
SOCIAL 1. Elaboração de versão sintética do Relatório do Orçamento Criança.

1. Entrevista coletiva anual para divulgar os resultados apurados com o OCA.


MOBILIZAÇÃO
SOCIAL 2. Atuação junto aos meios de comunicação para cobertura crítica das
ações integrantes do OCA.

Atores Envolvidos na Divulgação do Orçamento Criança


AGENTES PRINCIPAIS
GRUPOS DE INTERESSE • Devem divulgar o Orçamento Criança e Adolescente tanto para a opinião pública
em geral, quanto para a comunidade na qual atuam.

MEIOS DE COMUNICAÇÃO • Precisam ser sensibilizados para divulgar os resultados do Orçamento Criança e
Adolescente.
• Interessam-se somente por assuntos atuais e que tenham repercussão.

136 137 138


capítulo 5
Acessando os meios de comunicação
TEXTO RESUMO PARA A IMPRENSA (RELEASE) evitando adjetivos e ataques a autoridades.
Um release é um texto sintético, escrito em Também é importante que a carta seja
linguagem acessível, para a divulgação de uma assinada, dessa forma ela ganha uma maior
declaração ou avaliação de ações ou de credibilidade. Lembre-se de colocar uma forma
problemas envolvendo o OCA. A informação de contato ao final de texto.
deve ser, ao mesmo tempo, importante e nova.
O release deve ser conciso, com a informação RÁDIO
mais importante aparecendo no primeiro O rádio tem importância estratégica na
parágrafo e o restante em ordem decrescente comunicação do OCA por alcançar uma grande
de importância. Para se construir um release, quantidade de pessoas, tanto na zona urbana
você precisa responder estas seis perguntas: O como na zona rural. O tempo de exposição
quê? Quando? Onde? Como? Por quê? Quem? pode ser longo ou curto.
Todo release deve ter, na última frase, um nome
e telefone para contato. TELEVISÃO
A TV também atinge uma grande quantidade de
ARTIGOS pessoas e conta com o recurso da imagem. Por
Alguns jornais recebem artigos e os publicam isso, quando pensar em divulgar notícias pela
com destaque em uma seção. Você deve TV, pense nas imagens que podem ser
pesquisar para quais jornais e revistas da registradas. O tempo de uma matéria é muito
cidade, além de publicações de sindicatos, curto. Fale o essencial e pergunte ao repórter,
entidades diversas e movimentos populares, na hora de gravar, quais as perguntas que serão
podem ser enviadas sugestões de artigos. feitas para que você prepare uma resposta
Lembre-se de elaborar um texto sintético, pois clara e sucinta. Além dos telejornais diários,
os jornais costumam ter limite de espaço. existem outras oportunidades para divulgar
informações sobre o OCA na TV, como
ENTREVISTAS COLETIVAS programas de entrevista ou de auditório.
É a convocação antecipada de profissionais dos
meios de comunicação para tratar de um tema INTERNET
específico. Para conseguir um bom Existem muitos sites que cobrem notícias da
comparecimento da imprensa, o tema sobre o sua cidade ou que são específicos sobre a
OCA a ser abordado precisa ser realmente questão orçamentária. Fazer um blog (diário)
importante e atual, e o entrevistado precisa ser ou uma página da sua organização também
bem conhecido (uma autoridade pública, por não é difícil. Pesquise na internet os espaços
exemplo). Esteja atento, porque, para esse que podem ser usados para divulgação. Não se
evento, é necessário dispor de muita esqueça de que já existe um site
informação para ser passada aos jornalistas. <www.orcamentocrianca.org.br> e que você
Em razão disso, costuma ser indicado realizar pode disponibilizar informações nesse site,
apenas uma vez durante o processo. além de divulgá-lo como referência.

CARTAS AO JORNAL
Em geral, cartas são respostas dirigidas à
direção de um jornal referentes a editoriais
negativos ou reportagens inadequadas. Para
que a carta seja publicada, é preciso que ela
atenda aos padrões de tamanho de texto
estipulados pelo jornal. O principal, porém, é
que ela seja suficientemente informativa e
concisa, e que dirija-se ao seu público-alvo,

137 138 139


capítulo 5
METAS PARA UM BRASIL PARA AS CRIANÇAS

ESFERAS
PRIORITÁRIAS METAS
DE AÇÃO
1. PROMOVENDO META A: reduzir em, no mínimo, um terço a taxa de mortalidade infantil de crianças menores de 5 anos, como
VIDAS SAUDÁVEIS primeiro passo até atingir dois terços em 2015.
META A para a iniqüidade: reduzir em, no mínimo, um terço a taxa de mortalidade infantil e de crianças menores
de 5 anos entre os grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos de estudo da mãe.
META B: reduzir em, no mínimo, um terço a taxa de mortalidade materna como primeiro passo até reduzir em
três quartos em 2015.
META B para a iniqüidade: reduzir em, no mínimo, um terço a iniqüidade no percentual de nascidos vivos de
mães com menos de sete consultas do pré-natal entre grupos extremos de situação do domicílio, de renda,
raça/cor e anos de estudo da mãe.
META C: reduzir em, no mínimo, um terço a desnutrição de crianças menores de 5 anos, com especial atenção
às crianças menores de 2 anos; e reduzir em, no mínimo, um terço a taxa atual de baixo peso ao nascer.
META C para a iniqüidade: reduzir em, no mínimo, um terço a iniqüidade no percentual de crianças com
baixo peso ao nascer entre os grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos de es-
tudo da mãe.
META D: reduzir em, no mínimo, um terço o número de lares que não possuem acesso a saneamento e água
potável a preços acessíveis.
META D para a iniqüidade: reduzir em, no mínimo, um terço a iniqüidade no percentual da população sem aces-
so à esgoto sanitário adequado entre os grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos
de estudo da mãe.
META F: elaborar e implementar políticas e programas nacionais de saúde para adolescentes, incluindo metas
e indicadores para promover a saúde física e mental.
META G: dar acesso o quanto antes, e não posterior a 2015, a serviços de saúde reprodutiva a todas as pessoas
em idade apropriada, por meio dos sistemas de atenção primária à saúde.

E COMBATENDO O META A: até 2003, estabelecer metas nacionais com um calendário preciso para alcançar o objetivo mundial
HIV/AIDS de reduzir a prevalência do HIV entre homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos em 25% até
2005, nos países mais afetados, e em 25% até 2010, em todo o mundo.

2. ACESSO À META A: ampliar e melhorar o cuidado e a educação integral na primeira infância, para meninos e meninas, es-
EDUCAÇÃO DE pecialmente para os mais vulneráveis e desfavorecidos.
QUALIDADE META B: reduzir em 50% o número de crianças em idade escolar que não estão matriculadas e aumentar, pe-
lo menos 90%, a taxa líquida da matrícula no Ensino Fundamental ou da participação em programas não
tradicionais de educação primária de boa qualidade até 2010.
META B para a iniqüidade: reduzir em 50% a iniqüidade no percentual de crianças de 7 a 14 anos que estão
fora da escola entre grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos de estudo da mãe.
META C: eliminar as disparidades entre os sexos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio até 2005 e alcançar
a igualdade entre os gêneros na educação até 2015, dando atenção especial para que as meninas, em igual-
dade de condições, tenham pleno acesso a uma educação básica de boa qualidade e possam aproveitá-la
plenamente.
META D: melhorar todos os aspectos da qualidade da educação para que as crianças e os adolescentes
adquiram conhecimentos mensuráveis e comprováveis, especialmente no aprendizado da matemática, da
leitura e da escrita, e adquiram conhecimentos que os preparem para vida.
META F: atingir até 2015, no mais tardar, um aumento de 50% nos índices de alfabetização de adultos, espe-
cialmente no que diz respeito às mulheres.

3. PROTEÇÃO META A: proteger as crianças de todas as formas de maus-tratos, abandono, exploração e violência e melhorar
CONTRA OS MAUS o cuidado e a educação integral na primeira infância.
TRATOS, A META C: proteger as crianças de todas as formas de exploração sexual, inclusive da pedofilia; do tráfico e do
EXPLORAÇÃO E A seqüestro.
VIOLÊNCIA
META D: tomar medidas imediatas e efetivas para eliminar as piores formas de trabalho infantil, como definido
na Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e desenvolver e implementar estraté-
gias para eliminar o trabalho infantil que seja contrário às normas internacionais aceitáveis.
META E: melhorar a situação de milhões de crianças que vivem em condições especialmente difíceis.

Fonte: Um Brasil para as Crianças

138 139 140


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em: 25 ago. 2005.

143 144 145


Anexos
• Modelo de solicitação de informações
orçamentárias
• Funções e subfunções de governo
• Leitura do orçamento
• Glossário
anexo i
Ofício n° /ano (cidade), de de 200 .

Exmo. Sr.

Secretário de Finanças / Planejamento do Estado / Município de

Ref.: Solicitação de Informações

Senhor Secretário,

A entidade , associação civil sem fins lucrativos, com sede na rua ,


n° , (bairro), CEP , (cidade), vem expor e requerer o quanto segue:

1. A Constituição Federal, em seu artigo 227 e parágrafos, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 4°,
parágrafo único, “d”), determinam que as crianças e adolescentes devem ser priorizados na destinação
de recursos públicos.
2. Além disso, dispõe o art. 67, III, da Lei Complementar n° 101/2000, que “O acompanhamento e a avali-
ação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por con-
selho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Min-
istério Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a (...) III - adoção de nor-
mas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas e dos relatórios e
demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples para
os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao controle social”.
3. Ocorre que o caráter apenas autorizativo da lei orçamentária no Brasil e a possibilidade de remanejamento
de recursos através de decretos dificulta que a sociedade possa acompanhar os gastos efetivados com a
criança ao longo do ano.
4. Os relatórios de execução apresentados ao Legislativo oferecem somente informações no nível dos progra-
mas e não das ações detalhadas, como faz a lei orçamentária. Assim, por exemplo, podemos saber a ca-
da bimestre quanto foi gasto no ensino fundamental, mas não podemos saber quanto se destinou efeti-
vamente a despesas com a construção de escolas, com o pagamento de pessoal ou com a alimentação es-
colar. Enfim, não nos é possível conhecer o que, de fato, vem sendo priorizado pela administração mu-
nicipal.
5. Diante do exposto e, com base na Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Com-
plementar n° 101/2000 e Lei Orgânica do (Estado / Município), reivindicamos aqui o acesso de toda
a população às informações detalhadas constantes do Relatório de Execução Orçamentária por
Órgão, Projetos e Atividades conforme o Quadro de Detalhamento de Despesas, disponibilizando-o
mensalmente ao Poder Legislativo Municipal e mediante publicação no Diário Oficial da cidade de
.
Em nome da prioridade absoluta que a lei reserva à criança e ao adolescente, aguardamos o atendimento
do pedido.
Atenciosamente,

(nome)
(cargo)

146 147 148


FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO
anexo iI
FUNÇÕES SUBFUNÇÕES

01 - LEGISLATIVA 031 - Ação Legislativa


032 - Controle Externo

02 - JUDICIÁRIA 061 - Ação Judiciária


062 - Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário

03 - ESSENCIAL À JUSTIÇA 091 - Defesa da Ordem Jurídica


092 - Representação Judicial e Extrajudicial

04 - ADMINISTRAÇÃO 121 - Planejamento e Orçamento


122 - Administração Geral
123 - Administração Financeira
124 - Controle Interno
125 - Normatização e Fiscalização
126 - Tecnologia da Informação
127 - Ordenamento Territorial
128 - Formação de Recursos Humanos
129 - Administração de Receitas
130 - Administração de Concessões
131 - Comunicação Social

05 - DEFESA NACIONAL 151 - Defesa Áérea


152 - Defesa Naval
153 - Defesa Terrestre

06 - SEGURANÇA PÚBLICA 181 - Policiamento


182 - Defesa Civil
183 - Informação e Inteligência

07 - RELAÇÕES EXTERIORES 211 - Relações Diplomáticas


212 - Cooperação Internacional

08 - ASSISTÊNCIA SOCIAL 241 - Assistência ao Idoso


242 - Assistência ao Portador de Deficiência
243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
244 - Assistência Comunitária

09 - PREVIDÊNCIA SOCIAL 271 - Previdência Básica


272 - Previdência do Regime Estatutário
273 - Previdência Complementar
274 - Previdência Especial

10 - SAÚDE 301 - Atenção Básica


302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
303 - Suporte Profilático e Terapêutico
304 - Vigilância Sanitária
305 - Vigilância Epidemiológica
306 - Alimentação e Nutrição

11 - TRABALHO 331 - Proteção e Benefícios ao Trabalhador


332 - Relações de Trabalho
333 - Empregabilidade
334 - Fomento ao Trabalho

12 - EDUCAÇÃO 361 - Ensino Fundamental


362 - Ensino Médio
363 - Ensino Profissional
364 - Ensino Superior
365 - Educação Infantil
366 - Educação de Jovens e Adultos
367 - Educação Especial

13 - CULTURA 391 - Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico


392 - Difusão Cultural

14 - DIREITOS DA CIDADANIA 421 - Custódia e Reintegração Social


422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos
423 - Assistência aos Povos Indígenas

147 148 149


anexo iI
FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO
FUNÇÕES SUBFUNÇÕES

15 - URBANISMO 451 - Infra-Estrutura Urbana


452 - Serviços Urbanos
453 - Transportes Coletivos Urbanos

16 - HABITAÇÃO 481 - Habitação Rural


482 - Habitação Urbana

17 - SANEAMENTO 511 - Saneamento Básico Rural


512 - Saneamento Básico Urbano

18 - GESTÃO AMBIENTAL 541 - Preservação e Conservação Ambiental


542 - Controle Ambiental
543 - Recuperação de Áreas Degradadas
544 - Recursos Hídricos
545 - Meteorologia

19 - CIÊNCIA E TECNOLOGIA 571 - Desenvolvimento Científico


572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia
573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

20 - AGRICULTURA 601 - Promoção da Produção Vegetal


602 - Promoção da Produção Animal
603 - Defesa Sanitária Vegetal
604 - Defesa Sanitária Animal
605 - Abastecimento
606 - Extensão Rural
607 - Irrigação

21 - ORGANIZAÇÃO AGRÁRIA 631 - Reforma Agrária


632 - Colonização

22 - INDÚSTRIA 661 - Promoção Industrial


662 - Produção Industrial
663 - Mineração
664 - Propriedade Industrial
665 - Normalização e Qualidade

23 - COMÉRCIO E SERVIÇOS 691 - Promoção Comercial


692 - Comercialização
693 - Comércio Exterior
694 - Serviços Financeiros
695 - Turismo

24 - COMUNICAÇÕES 721 - Comunicações Postais


722 - Telecomunicações

25 - ENERGIA 751 - Conservação de Energia


752 - Energia Elétrica
753 - Petróleo
754 - Álcool

26 - TRANSPORTE 781 - Transporte Áéreo


782 - Transporte Rodoviário
783 - Transporte Ferroviário
784 - Transporte Hidroviário
785 - Transportes Especiais

27 - DESPORTO E LAZER 811 - Desporto de Rendimento


812 - Desporto Comunitário
813 - Lazer

28 - ENCARGOS ESPECIAIS 841 - Refinanciamento da Dívida Interna


842 - Refinanciamento da Dívida Externa
843 - Serviço da Dívida Interna
844 - Serviço da Dívida Externa
845 - Transferências
846 - Outros Encargos Especiais
Fonte: Portaria no 42, de 14 de abril de 1999, do MOG - DOU de 15/04/1999

148 149 150


anexo IIi – Leitura do orçamento
Criança. O gestor dos recursos é o • Unidade Orçamentária 35: corres-
EXEMPLO 1: Orçamento da União MPAS, por meio do FNAS. ponde à Secretaria Estadual de Assis-
tência e Desenvolvimento Social.
As descrições dos códigos do Orça- • Categoria Econômica 4: o primeiro • Unidade de Despesa 001, da UO
mento Federal podem ser encontradas dígito da natureza de despesa indica 35, indica a Administração Superior da
no Manual Técnico de Orçamento que se trata de uma despesa de capital. Secretaria e Sede.
(MTO), publicado pelo Ministério do • Grupo de Despesa 4: representa In- • Função 10: significa Saúde.
Planejamento, Orçamento e Gestão no vestimentos. • Subfunção 243: refere-se à Assistên-
ano anterior ao de referência do Ma- • Modalidade de Aplicação 40: indica cia à Criança e ao Adolescente.
nual. A classificação funcional-progra- Transferências a Municípios. • Programa 3503: corresponde à
mática (FP) a seguir foi extraída da Ba- • Elemento de Despesa 41: refere-se a Atenção à Criança e ao Adolescente.
se de Dados do Sistema Integrado de Contribuições. • Atividade 4795: representa o Aten-
Dados Orçamentários (SIDOR). • Fonte 100: informa que o financia- dimento à Criança e ao Adolescente.
mento dessa ação é realizado com Re-
Órgão – UO: 33903 cursos Próprios do Tesouro. Entende-se que essa rubrica visa prestar
FP: 08.243.0067.1001.0002 atendimento a crianças e adolescentes
Natureza de Despesa: 4.4.40.41 Nesse caso, constata-se que a constru- na área de saúde. O gestor dos recursos
Fonte: 100. ção autorizada da creche é um investi- dessa atividade é a Secretaria Estadual
mento financiado com recursos arreca- de Assistência e Desenvolvimento So-
De acordo com a classificação funcio- dados diretamente pelo governo fede- cial (Sead).
nal-programática, podemos ler a codifi- ral, transferidos ao governo municipal
cação em questão da seguinte maneira: de Vilhena (RO) na forma de contri- • Categoria Econômica 3: indica que
buição. O governo federal apenas re- se trata de uma despesa corrente.
• Órgão 33: corresponde ao Ministé- passa os recursos, cabendo ao municí- • Grupo de Despesa 3: representa Ou-
rio da Previdência e Assistência Social pio em questão a construção. tras Despesas Correntes.
(MPAS). • Modalidade de Aplicação 90: indica
• Unidade Orçamentária 903: do ór- Aplicação Direta, ou seja, essa ação es-
gão 33, representa o Fundo Nacional tá sendo executada pelo próprio estado
de Assistência Social (FNAS). EXEMPLO 2: Orçamento do estado de de São Paulo.
• Função 08: significa Assistência Social. São Paulo • Elemento de Despesa 41: refere-se a
• Subfunção 243: refere-se à Assistên- Contribuições.
cia à Criança e ao Adolescente. No caso dos orçamentos estaduais, a
• Programa 0067: corresponde à descrição dos códigos está relaciona- Verifica-se que mais de uma fonte fi-
Atenção à Criança. da na própria base orçamentária. Ca- nancia essa atividade. A fonte 2 indica
• Ação 1001: representa o projeto so não esteja, ela pode ser fornecida Recursos Vinculados Estaduais, a fonte 3
(código inicial “1”) Construção, Am- pela Secretaria Estadual de Planeja- relaciona-se com Recursos Vinculados –
pliação e Modernização de Creche. mento, ou órgão estadual responsável Fundo Especial de Despesa e a fonte 5
• Código 002: representa a Localiza- pela elaboração do orçamento de ca- indica Recursos Vinculados Federais. Es-
ção do Gasto que indica Construção de da estado. sa ação, portanto, é realizada com re-
Creche em Vilhena/RO. cursos vinculados federais, do estado e
Do orçamento do estado de São Paulo, do Fundo Especial de Despesa e refere-
A partir da leitura da codificação, veri- selecionou-se a seguinte dotação orça- se à execução de despesas correntes, na
fica-se que essa dotação orçamentária mentária: forma de contribuições.
destina-se a um projeto na área de assis-
tência social no âmbito da criança e do UO – UD: 35001
adolescente, que trata da construção de FP: 10.243.3503.4795
uma creche no município de Vilhena, Natureza de Despesa: 3.3.90.41 EXEMPLO 3: Orçamento do estado do
em Rondônia, no intuito de “assegurar Fontes: 2, 3 e 5 Ceará
o atendimento a crianças carentes de
até 6 anos em creches, pré-escolas ou De acordo com a classificação funcio- Do orçamento do estado do Ceará, se-
outras alternativas comunitárias”, con- nal-programática, podemos ler a codifi- lecionou-se a seguinte dotação orça-
forme define o Programa Atenção à cação em questão da seguinte maneira: mentária:

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Órgão – UO: 33100004 No caso do orçamento do município
FP: 08.243.610.65030.22 de São Paulo, foi selecionada a seguin- EXEMPLO 5: Orçamento do município
Natureza de Despesa: 3.3.90.37 te funcional-programática: de Fortaleza
Fontes: 00 e 01
UO – Órgão – UD: 011120 No caso do orçamento do município
• Órgão 33 corresponde à Secretaria FP: 04.422.0119.2151 de Fortaleza, selecionou-se a seguinte
do Trabalho e Ação Social. Natureza de Despesa: 4.4.90.52 dotação orçamentária:
• Unidade Orçamentária 100004: do Fontes: 00
órgão 33, indica a Coordenadoria de Órgão – UO: 17101
Assistência Social. • Unidade Orçamentária 01: corres- FP: 12 361 0057 2091 0002
• Função 08: significa Assistência Social. ponde à Prefeitura do município de Natureza de Despesa: 3.3.90.32
• Subfunção 243: refere-se à Assistên- São Paulo. Fontes: 101
cia à Criança e ao Adolescente. • Órgão 11: corresponde ao Gabinete
• Programa 610: corresponde à Crian- do Prefeito. • Órgão 17: corresponde à Secretaria
ça Fora da Rua, Dentro da Escola. • Unidade de Despesa 20: refere-se à Municipal de Educação e Assistência
• Atividade 65030: representa Manu- Secretaria do Governo Municipal. Social.
tenção dos Educadores Sociais. • Função 04: significa Administração. • Unidade Orçamentária 101: do ór-
• Macrorregião 22: indica que a ati- • Subfunção 422: refere-se a Direitos gão 17, indica que o gasto é de respon-
vidade está sendo executada no esta- Individuais, Coletivos e Difusos. sabilidade da própria Secretaria Muni-
do do Ceará. • Programa 0119: corresponde à As- cipal de Educação e Assistência Social.
sistência à Criança e ao Adolescente. • Função 12: significa Educação.
Essa dotação orçamentária visa man- • Atividade 2151: representa a Admi- • Subfunção 361: refere-se ao Ensino
ter os educadores sociais em todo o es- nistração da Coordenadoria Especial Fundamental.
tado do Ceará, na área de assistência da Juventude. • Programa 0057: corresponde à Es-
social, no intuito de manter as crianças cola de Qualidade para Todos.
nas escolas. O gestor dos recursos des- Essa dotação destina-se aos serviços • Atividade 2091: representa Farda-
sa atividade é a Coordenadoria de As- de administração da Coordenadoria mento Escolar.
sistência Social da Secretaria do Tra- Especial da Juventude, na área de di- • Localização 0002: indica que a fa-
balho e Ação Social. reitos individuais, coletivos e difusos. vorecida será a SER-II beneficiando
Essa Coordenadoria está ligada à Se- 17.555 alunos.
• Categoria Econômica 3: indica que cretaria do governo municipal, do • Categoria Econômica 3: indica que
se trata de uma despesa corrente. Gabinete do Prefeito, na Prefeitura se trata de uma despesa corrente.
• Grupo de Despesa 3: representa do município de São Paulo. A própria • Grupo de Despesa 3: representa
Outras Despesas Correntes. secretaria é a gestora dos recursos. Outras Despesas Correntes.
• Modalidade de Aplicação 90: indica • Modalidade de Aplicação 90: indica
Aplicação Direta. • Categoria Econômica 4: indica que Aplicação Direta.
• Elemento de Despesa 37: refere-se à se trata de uma despesa de capital. • Elemento de Despesa 32: refere-se à
Locação de Mão-de-Obra. • Grupo de Despesa 4: representa In- Material de Distribuição Gratuita.
vestimentos. • Fonte 101: que financia essa Ativi-
Mais de uma fonte financia essa ativi- • Modalidade de Aplicação 90: indica dade, indica Recursos Destinados à
dade. A fonte 00 indica Recursos Ordi- Aplicação Direta, ou seja, essa ação es- Manutenção e Desenvolvimento do
nários do Tesouro Estadual e a fonte 01 tá sendo executada pelo próprio muni- Ensino.
indica Cota-Parte do Fundo de Partici- cípio de São Paulo.
pação dos Estados (FPE). Tal ativida- • Elemento de Despesa 52: refere-se à Essa FP visa distribuir gratuitamente
de de manutenção de educadores é compra de Equipamentos e Material uniformes escolares para os alunos do
uma despesa corrente realizada pelo Permanente. Ensino Fundamental pertencentes à
próprio estado, na contratação de • Fonte 00: indica recursos do Tesou- zona de atuação da Secretaria Executiva
prestadores de serviços. O financia- ro Municipal. Regional-II/SER-II, como meio de pro-
mento é realizado com recursos ordi- porcionar escola de qualidade para to-
nários do Tesouro Estadual e com co- A despesa prevista destina-se à compra dos. Esse gasto é executado pelo pró-
ta-parte do Estado do Ceará do FPE. de equipamentos e material permanen- prio município por meio da Secretaria
te daquela coordenadoria, e é executa- Municipal de Educação e Assistência
da pelo próprio município de São Pau- Social como uma despesa corrente fi-
lo na forma de investimento. Essa com- nanciada pelos recursos destinados à
EXEMPLO 4: Orçamento do municí- pra será executada com recursos do Te- manutenção e ao desenvolvimento do
pio de São Paulo souro Municipal pela Secretaria do ensino.
Governo Municipal.

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anexo IV – glossÁrio
Acompanhamento da Execução to/atividade orçamentário, para apro- dos pelas Constituições Federal, Esta-
Orçamentária veitar o saldo para suplementação de dual ou Lei Orgânica do Município.
Verificação do cumprimento dos objeti- outro crédito orçamentário, devido a
vos expressos e quantificados no orça- crédito adicional suplementar ou espe- Balanço Orçamentário
mento e da adequação dos meios em- cial. Pode também tratar-se do cancela- Demonstrativo contábil que evidencia
pregados, realizada pelos órgãos compe- mento de despesa em razão da anulação o resultado das receitas e despesas pre-
tentes da Administração Pública, tal de empenho já realizado. vistas em confronto com as realizadas
como o órgão de Orçamento e o de (art. 102, Lei 4.320/64), visando apu-
Contabilidade. Deve resultar num siste- Anulação de Empenho rar o déficit ou superávit orçamentário
ma de informações sobre desvios even- Anulação parcial ou global do empe- corrente. O resultado poderá indicar
tuais entre o programado e o executado, nho, revertendo-se o valor para a dota- alguma das situações a seguir: receita
em relação a projeto e atividade. ção correspondente. prevista > receita arrecadada = insufi-
ciência de arrecadação; receita prevista
Administração Pública Atividade < receita arrecadada = excesso de arre-
Conjunto de todos os órgãos públicos Conjunto de operações de natureza cadação; despesa prevista > despesa
instituídos legalmente para a realização contínua, necessárias à manutenção da realizada = economia de despesas; des-
dos objetivos constitucionais do gover- ação governamental e à operação dos pesa prevista < despesa realizada = ex-
no, seja nas esferas federal, estadual ou serviços públicos existentes. cesso de despesas, não possível legal-
municipal, através da prestação de ser- mente; receita prevista = despesa fixa-
viços, execução de investimentos, im- Autarquia da = equilíbrio orçamentário (na ela-
plementação de programas sociais e re- Serviço autônomo da Administração boração); receita arrecadada = despesa
gulação de atividades de toda natureza Pública, criado por lei, com personali- realizada = equilíbrio orçamentário (na
em benefício do interesse público. É in- dade jurídica, patrimônio e receita pró- execução); receita arrecadada > despe-
tegrado pelos servidores públicos e deve prios para executar atividades típicas, sa realizada = superávit; receita arreca-
atuar segundo os princípios de legalida- que requeiram, para seu melhor funcio- dada < despesa realizada = déficit.
de, impessoalidade, moralidade, publici- namento, gestão administrativa e finan-
dade e razoabilidade (art. 37, CF). Dife- ceira descentralizada (art. 5º, I, Decre- Categoria econômica
re do conceito de governo, pois, ao con- to-Lei 200/67). Os orçamentos das au- Classificação obrigatória e padronizada
trário deste, não desenvolve atividade tarquias obedecem às disposições da Lei da despesa segundo sua finalidade
política, e sim atos administrativos, vi- 4.320/64 (art. 110). Na prática, os cré- econômica, que se desdobra em duas
sando a execução instrumental da ação ditos orçamentários para autarquias categorias, com seu respectivo código:
governamental. Recebe também a de- constam do orçamento da esfera a que 3 - Despesas Correntes (que referem-se
signação de Poder Executivo, quando se se vinculam apenas como transferências às despesas que não contribuem direta-
busca dar significado à responsabilidade intragovernamentais (3211-Transferên- mente para a formação ou aquisição de
constitucional para execução da ação cias Operacionais ou 3212-Subvenções um bem de capital); e 4 - Despesas de
governamental. A Administração Pú- Econômicas) e seus orçamentos pro- Capital (que são despesas que con-
blica é classificada em Administração priamente ditos são aprovados por de- tribuem diretamente para a formação
Pública Direta e Indireta. creto do Poder Executivo no início de ou aquisição de um bem de capital).
cada exercício financeiro (art. 107, Lei
Alienação e Bens 4.320/64), dentro dos limites dos referi- Ciclo Orçamentário
Processo administrativo de venda de dos créditos. Estão sujeitas à licitação Designação dada para a articulação das
bens móveis e imóveis. Significa a nos termos da Lei 8.666/93. três leis orçamentárias previstas na le-
transferência de domínio de bens pú- gislação brasileira(Plano Plurianual-
blicos a terceiros. Está sujeita à prévia Balanço PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias-
autorização legislativa quando se tratar Demonstrativo contábil dos resultados LDO e Lei do Orçamento Anual-
da alienação de bens imóveis. Nas de- gerais do desempenho das receitas e des- LOA), que se destinam, formalmente,
mais situações, os bens devem ser alie- pesas no período de um exercício com- a promover, respectivamente, o plane-
nados obrigatoriamente através da mo- pleto (um ano). Subdividem-se, de jamento, priorização e detalhamento
dalidade de licitação leilão. acordo com a natureza dos resultados, das ações e despesas governamentais.
em Balanço Financeiro, Balanço Patri- Em linhas gerais, o PPA, constitui o
Anulação de Despesa monial e Demonstração das Variações plano estratégico de ação para o hori-
Ato administrativo, promovido pelo ór- Patrimoniais. São estruturados confor- zonte de 4(quatro) anos. A LDO busca
gão central de orçamento, que cancela me as normas da Lei 4.320/64 (art. priorizar o que deverá ser implementa-
parcial ou totalmente o valor de um cré- 101). Devem ser publicados em diário do anualmente a partir do PPA e apre-
dito orçamentário no nível de determi- oficial e enviados à apreciação do Poder senta diretrizes para que a LOA deta-
nado elemento de despesa de um proje- Legislativo dentro de prazos estabeleci- lhe as ações priorizadas.

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Classificação Funcional-Programática particulares (pessoa física ou jurídica), xará, em local apropriado, cópia do ins-
Classificação instituída através da Por- em que haja um acordo de vontades pa- trumento convocatório e o estenderá
taria nº 9, de 28.01.74, do Ministério do ra a formação de vínculo e a estipulação aos demais cadastrados na correspon-
Planejamento e Coordenação Geral, e de obrigações recíprocas, seja qual for a dente especialidade que manifestarem
atualizada por diversas outras portarias, denominação utilizada (art. 2º, parágra- seu interesse com antecedência de até
obrigatória na elaboração de orçamen- fo único, Lei 8.666/ 93). No seu texto, 24 (vinte e quatro) horas da apresenta-
tos da Administração Pública de todas constam o objeto dos serviços a serem ção das propostas (art. 22, § 3º, Lei
as esferas governamentais. Agrupa os realizados pelo contratado, as obriga- 8.666/93). Destina-se a contratações ou
projetos/atividades orçamentários, su- ções do contratado e do contratante, o aquisições de menor valor, conforme
cessivamente, da mais até a menos prazo de execução, o preço total dos ser- valores determinados por portaria do
abrangente classificação, por função, viços e as condições de pagamento. Por Governo Federal, o que o torna a mo-
programa e subprograma, visando o exigência da Lei 8.666/93, sua minuta dalidade mais freqüente.
agrupamento temático das ações gover- consta do edital do processo licitatório.
namentais, sobretudo para fins de plane- É assinado pelo ordenador de despesas Cota Orçamentária
jamento e consolidação das contas na- do órgão público responsável pela con- Parcela dos créditos orçamentários to-
cionais. A esta classificação corresponde tratação, secretários da Fazenda e/ou tais constantes do orçamento para ca-
uma codificação, criada também por Administração e o contratado. da projeto/atividade orçamentário,
portaria do Governo Federal, que acom- que cada unidade orçamentária fica
panha cada projeto/atividade orçamen- Controle Externo autorizada a utilizar em cada trimestre
tário. Ex.: 08.42.024 (Função: Educa- Atividade permanente de competência (cota trimestral), definida, normal-
ção; Programa: Ensino Fundamental; do Poder Legislativo, exercida com o mente, pela secretaria da Fazenda ou
Subprograma: Informática). Consulte auxílio do Tribunal de Contas da União do Planejamento (art. 47 a 50 da Lei
também Lei 4.320/64. e dos estados, que visa promover a fisca- 4.320/64). As cotas poderão ser alte-
lização da execução orçamentária, veri- radas durante o exercício e devem as-
Comissão de Orçamento ficando a integridade (probidade) da segurar aos órgãos a soma de recursos
Nome comumente conferido às comis- Administração, a guarda e legal empre- necessários e suficientes à realização
sões permanentes de parlamentares para go dos dinheiros públicos, assim como o de seu programa de trabalho e manter
apreciação e fiscalização de matérias or- cumprimento da Lei de Orçamento (art. o equilíbrio entre receita arrecadada e
çamentárias, financeiras, patrimoniais e 81, Lei 4.320/ 64). Dentre as competên- despesa realizada.
contábeis, no âmbito dos Legislativos cias constitucionais a serem exercidas
Estaduais e Municipais, nos termos do pelo controle externo (art. 71 e incisos, Crédito Orçamentário
art. 166 da Constituição Federal. CF), destaca-se a apreciação da presta- Valor monetário constante no orça-
ção de contas do Poder Executivo. mento para cada elemento de despesa
Concorrência que compõe os projetos/atividades orça-
Modalidade de licitação entre quais- Controle Interno mentários, e vinculado a uma determi-
quer interessados que, na fase inicial de Atividade permanente de competência nada fonte de receita. Constitui o valor
habilitação preliminar, comprovem de cada esfera do Poder Executivo, Ju- limite autorizado para aquela finalidade
possuir os requisitos mínimos de qualifi- diciário e Legislativo, que visa promo- de gasto. Consulte também Dotação
cação exigidos no edital para a execu- ver a fiscalização da execução orçamen- Orçamentária, Rubrica e Verba.
ção de seu objeto (art. 22, § 1º, Lei tária no seu próprio âmbito, levando
8.666/ 93). Destina-se a contratações em conta os princípios gerais de contro- Deflação
ou aquisições de maior valor, conforme le da execução orçamentária (art. 76, Termo econômico utilizado para se referir
valores determinados por portaria do Lei 4.320/64). Segundo a Constituição à exclusão da parcela acumulada em um
Governo Federal, o que a torna a moda- Federal (art. 74, CF), os três Poderes determinado período de tempo de um
lidade mais complexa. A legislação pre- mencionados devem manter, de forma valor monetário, em razão do crescimen-
vê a realização prévia de audiência pú- integrada, um sistema de controle in- to dos preços (inflação), visando permitir
blica para sua implementação. terno para comprovar a legalidade e a comparação real de valores apurados
avaliar o cumprimento de metas do pla- em datas distintas. Para deflacionar, é
Concurso no plurianual, dos orçamentos, dos pro- necessário ter à disposição de um índice
Modalidade de licitação entre quais- gramas de governo, a eficácia e eficiên- oficial de variação de preços(por exemp-
quer interessados para escolha de traba- cia da gestão orçamentária, financeira e lo, IPCA - Índice de Preços ao Consum-
lho técnico, científico ou artístico, me- patrimonial e da aplicação de recursos idor Amplo). O termo é também utiliza-
diante a instituição de prêmios ou re- públicos por entidades privadas, bem do em política econômica para se referir
muneração aos vencedores, conforme como controlar as operações de crédito. à queda do índice de preços.
critérios constantes de edital publicado
na imprensa oficial com antecedência Convite Descentralização
mínima de 45 dias. Modalidade de licitação entre interes- Situação político-administrativa em
sados do ramo pertinente ao seu objeto, que determinada instituição, dentro de
Contrato cadastrados ou não, escolhidos e convi- um sistema, detém autonomia política
Todo e qualquer ajuste entre órgãos ou dados em número mínimo de 3 (três) para definir suas próprias normas e es-
entidades da Administração Pública e pela unidade administrativa, a qual afi- trutura, assim como arrecadar recursos

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para seu funcionamento, ou possui au- exercício corrente, não importando a to/atividade orçamentário (art. 15,
tonomia administrativa, ou seja, dele- ocorrência ou não do pagamento, ou Lei 4.320/ 64). Os elementos de des-
gada pela instância central do sistema, a saída efetiva do recurso. pesa são definidos e codificados por
para desempenhar determinadas fun- Portaria da Secretaria do Orçamento
ções (desconcentração). Despesa Pública Federal - SOF, recebendo o código
Todo desembolso efetuado pela Admi- inicial "3" e "4", quando constituem,
Despesa Corrente nistração Pública, nos termos da legisla- respectivamente, Despesa Corrente e
Classificação, segundo sua categoria ção financeira, licitatória e orçamentá- Despesa de Capital. Os mais freqüen-
econômica, de despesas realizadas pela ria, subordinado à classificação e aos li- tes são: 3111-Pessoal Civil, 3113-
Administração Pública destinadas a mites dos créditos orçamentários, com Obrigações Patronais, 3120-Material
promover a execução e manutenção da vistas a realizar suas competências cons- de Consumo, 3131-Remuneração de
ação governamental. Desdobra-se em titucionais. Em sua acepção financeira, Serviços Pessoais, 3132-Outros Servi-
Despesas de Custeio e Transferências é o gasto (aplicação de recursos pecu- ços e Encargos, 4110-Obras e Instala-
Correntes (Despesa). De acordo com a niários, ou seja, dinheiro) para a imple- ções, 4120- Equipamento e Material
codificação constante em anexo à Lei mentação das ações governamentais. Permanente.
4.320/64, as despesas correntes devem
ser classificadas iniciando-se com o dí- Diretriz Empenho
gito "3". Ex.: 3.1.0.0 = Despesa de Cus- Orientação quanto ao sentido da ação Ato administrativo do ordenador de
teio. Tais despesas não contribuem di- governamental. Consulte também Me- despesa que cria para a Administração
retamente para aumentar a capacidade ta, Prioridade e Objetivo. Pública a obrigação de pagamento a
produtiva da economia. determinado fornecedor de bens, pres-
Dispensa de Licitação tador de serviços ou empreiteira, de
Despesa de Capital Hipótese definida em lei em que a Ad- acordo com as condições contratuais
Classificação, segundo sua categoria ministração Pública recebe autoriza- estabelecidas (art. 58, Lei 4.320/64).
econômica, de despesas realizadas pela ção para não realizar licitação, devido Através do empenho, o ordenador de
Administração Pública destinadas a à prevalência de uma situação especí- despesa compromete parte do valor de
formar um bem de capital ou adicionar fica, tal qual determinado valor limite determinado crédito orçamentário
valor a um bem já existente, assim co- do objeto a ser licitado ou guerra, cala- vinculado a um elemento de despesa
mo transferir, por compra ou outro midade pública, casos de emergência, de um projeto/atividade orçamentário,
meio de aquisição, a propriedade entre comprometimento da segurança na- reduzindo-lhe, portanto, o valor dispo-
entidades do setor público ou do setor cional, aquisição de bens produzidos nível e, deste modo, evitando a sobre-
privado para o primeiro. São classifica- ou serviços prestados por órgão ou en- posição de outra despesa com o valor
das em Investimentos, Inversões Fi- tidade da Administração Pública, den- já comprometido. O empenho não po-
nanceiras e Transferências de Capital. tre outras (art. 24, Lei 8.666/93). derá exceder o limite dos créditos con-
De acordo com a codificação constan- cedidos (art. 59, Lei 4.320/64). É le-
te em anexo à Lei 4.320/64, as despesas Dívida Pública galmente obrigatório e deve ser prévio
de capital devem ser classificadas ini- Conjunto dos débitos da Administração à realização da despesa (art. 60, Lei
ciando-se com o dígito "4". Ex.: 4.1.0.0 Pública para com terceiros, decorrente 4.320/64). Na prática, ele é emitido
= Investimentos. de empréstimos que podem ser de curto após o conhecimento do vencedor do
ou longo prazo, com o objetivo de aten- processo licitatório (quando ele ocor-
Despesa de Custeio der às necessidades dos serviços públicos, re), visto que é nominal. Para cada
Classificação de despesas correntes em virtude de déficits orçamentários ou empenho, deve ser emitida uma nota
destinadas à manutenção e operação para a viabilização de investimentos ou de empenho.
de serviços anteriormente criados e programas sociais. Classifica-se em Dívi-
instalados, inclusive os que dizem res- da Flutuante e Dívida Fundada. Estatuto da Criança e do Adolescente
peito a obras de conservação, manu- Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,
tenção e adaptação de bens móveis e Dotação Orçamentária que dispõe sobre a proteção integral à
imóveis (art. 12, § 2º, Lei 4.320/64). Valores monetários autorizados na Lei criança. Prevê que a política de aten-
Consulte também Despesa Corrente. do Orçamento Anual para atender des- dimento se fará através de um con-
pesas com projetos ou atividades. Con- junto articulado de ações governa-
Despesas de Exercícios Anteriores sulte também Crédito Orçamentário, mentais e não governamentais, des-
Despesas de exercícios encerrados, rea- Rubrica e Verba. tacando, como linhas de ação, dentre
lizadas e devidamente comprovadas, outras, políticas sociais básicas, polí-
para as quais existia dotação orçamen- Elemento de Despesa ticas e programas de assistência so-
tária específica, com saldo suficiente Classificação da despesa na Lei do cial e serviços especiais de prevenção
para seu atendimento, não processadas Orçamento Anual, a qual correspon- e atendimento médico e psicossocial
por motivos imprevistos ou cujo com- de determinado valor de crédito orça- às vítimas de negligência, maus-tra-
promisso se reconheceu. mentário, que define a natureza do tos, exploração, abuso, crueldade e
gasto (pessoal, material, serviços, opressão (art. 86 e 87). Enquanto di-
Despesas de Exercício Financeiro obras e outros), legalmente autoriza- retrizes desta política, aponta a mu-
São as legalmente empenhadas no do, a ser feito em determinado proje- nicipalização do atendimento, cria-

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ção de fundos vinculados respectiva- finalidades globais da ação governa- ser aplicado um valor anual míni-
mente a seus conselhos dos direitos mental. Ex.: 04 – Administração; 05 - mo/aluno. Cabe à União comple-
da criança e do adolescente, munici- Defesa Nacional; 06 - Segurança Pú- mentar esse valor sempre que não se
pais, estaduais e nacional, criação e blica; 07 - Relações Exteriores; 08 - atingir o mínimo definido nacional-
manutenção de programas específi- Assistência Social; 09 - Previdência mente. Dos recursos do Fundo, 60%
cos, observada a descentralização po- Social. Consulte também Classifica- devem ser obrigatoriamente destina-
lítico-administrativa, dentre outras ção Funcional-Programática. dos ao pagamento de professores do
diretrizes (art. 88). ensino fundamental em efetivo exer-
Fundo cício do magistério.
Execução Orçamentária Entidade, criada através de lei específi-
Fase do processo orçamentário que se ca, que agrega um conjunto de receitas Fundo de Participação dos Estados
inicia com a publicação da Lei do Or- especificadas e vinculadas à realização Transferência constitucional (art. 159,
çamento Anual e que se desenrola de determinados objetivos ou serviços, I, CF) do produto da arrecadação da
com a definição de cota trimestral e sujeitas a normas próprias de aplicação União para os estados e Distrito Fede-
provisão de crédito orçamentário, pa- e prestação de contas (art. 71, Lei ral, na proporção de 21,5% da arrecada-
ra que se implemente a realização de 4.320/64). Conforme dispuser a lei, os ção dos impostos de renda (IR) e sobre
despesas. Envolve o conjunto de de- fundos podem constituir-se apenas em produtos industrializados (IPI). De
cisões sobre a implementação de uma atividade orçamentária (fundo es- acordo com o artigo 2º da Lei Comple-
ações governamentais e também a pecial) ou em uma autarquia propria- mentar nº 62, de 28.12.89, 85% dos re-
administração de receitas através do mente dita. Em ambas as situações, os cursos do FPE são distribuídos para as
lançamento de seus registros (Título créditos orçamentários para fundos Unidades da Federação das regiões Nor-
VI, Lei 4.320/64). constam do orçamento da esfera a que te, Nordeste e Centro-Oeste e os 15%
se vinculam apenas como transferên- restantes para as regiões Sul e Sudeste.
Exercício Financeiro cias intragovernamentais (3214-Con-
Período que coincide com o ano civil tribuições a Fundos) e seus orçamentos Fundo de Participação dos
(art. 34, Lei 4.320/64), no qual se de- são aprovados por decreto do Poder Municípios
senvolve a execução orçamentária. Executivo no início de cada exercício Transferência constitucional (art. 159,
financeiro. II, CF) do produto da arrecadação da
Financiamento União para os municípios brasileiros,
Considera-se financiamento ou em- Fundo de Assistência Social (FAS) na proporção de 22,5% da arrecadação
préstimo a emissão ou aceite de títulos Fundo previsto pela Lei Orgânica da dos impostos de renda (IR) e sobre
da dívida pública, a celebração de con- Assistência Social, a ser instituído, produtos industrializados (IPI). Foi de-
tratos que fixem valores mutuados ou através de lei específica, nos municí- finida pela Lei Complementar nº 62,
financiados, ou prazos ou valores de pios, estados e Distrito Federal, como de 28.12.89, alterada pela Lei Comple-
desembolso ou amortização, os adian- condição para recebimento de recur- mentar nº 71, de 03.09.92.
tamentos, a qualquer título, feitos por sos de que trata essa lei (art. 30). Está
instituições oficiais de crédito, os adi- sujeito à orientação e controle dos res- Fundo de Saúde
tamentos contratuais que elevem valo- pectivos Conselhos de Assistência So- Fundo a ser instituído através de lei,
res ou modifiquem prazos, a assunção cial. Deve possuir um plano de aplica- no âmbito de cada estado e município,
de obrigações decorrentes da celebra- ção, em conformidade com o Plano de como exigência legal para recebimen-
ção de convênios para a aquisição de Assistência Social. Funciona nos ter- to e movimentação de recursos do Sis-
bens ou serviços no País ou no exterior mos da Lei 4.320/64 (art. 71). tema Único de Saúde - SUS. É admi-
(art. 1º, § 1º, Res. 78/98). nistrado por um Conselho de Saúde
Fundo de Manutenção e Desenvolvi- composto por representação do Poder
Fonte mento do Ensino Fundamental e de Público, usuários, trabalhadores da
Classificação da origem da receita a Valorização do Magistério (Fundef) saúde e prestadores de serviço.
qual cada crédito orçamentário por Fundo de natureza contábil, criado
elemento de despesa corresponde, de- pela Emenda Constitucional nº 14, Fundo dos Direitos da Criança e do
finida e codificada a critério de cada de 12.09.96 (art. 5º que altera o art. Adolescente
esfera governamental, no próprio pro- 60 dos Atos das Disposições Consti- Fundo previsto no Estatuto da Crian-
jeto de Lei do Orçamento Anual, nor- tucionais Transitórias), no âmbito de ça e do Adolescente - ECA (Lei Fe-
malmente segundo grandes agrupa- cada estado e do Distrito Federal, deral nº 8.069, de 13.07.90), que vi-
mentos. Ex.: 0 = Recursos do Tesouro, composto por 15% de impostos e sa garantir, nas esferas municipal, es-
1 = Transferências Federais, 2 = Trans- transferências, ICMS, Fundo de Par- tadual e federal, a viabilização da po-
ferências Estaduais; 3 = Recursos Vin- ticipação dos Estados - FPE, Fundo lítica de atendimento à criança e ao
culados; 4 = Financiamento Externo. de Participação dos Municípios - adolescente. O Fundo deve ser criado
FPM e do IPIExportação, cuja distri- através de projeto de lei de iniciativa
Função buição de recursos entre cada estado do Poder Executivo, e será gerencia-
Classificação funcional-programática e seus municípios é proporcional ao do, nos termos da lei, pelo Conselho
de projetos/atividades orçamentários número de alunos nas respectivas re- dos Direitos da Criança e do Adoles-
de maior abrangência, que designam des de ensino fundamental, devendo cente, também a ser criado por lei.

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Podem ser fontes de recursos do Fun- Imposto sobre Operações Relativas à com profissionais ou empresas de notó-
do dotações orçamentárias do Execu- Circulação de Mercadorias e sobre ria especialização, ou de profissionais de
tivo, doações de pessoas físicas ou ju- Prestações de Serviços de Transporte qualquer setor artístico, consagrados
rídicas nos termos da legislação vi- Interestadual e Intermunicipal e de pela crítica especializada ou pela opi-
gente, as multas relativas a condena- Comunicação (ICMS) nião pública (art. 25, Lei 8.666/93).
ções em ações cíveis e à aplicação de Imposto de competência estadual e do
penalidades previstas no ECA, trans- Distrito Federal que tem como fato ge- Investimento
ferências das demais esferas governa- rador a saída ou entrada em estabeleci- Classificação de Despesa de Capital
mentais, convênios com entidades mento industrial ou comercial de mer- que compreende os gastos para plane-
nacionais e internacionais e receitas cadorias ou serviços. Compete ao Se- jamento e execução de obras, inclusive
financeiras. Anualmente, os gastos nado Federal, através de resolução de os destinados à aquisição de imóveis
previstos do Fundo devem constar do iniciativa do Presidente da República considerados necessários à realização
orçamento, de acordo com Plano de ou de um terço dos senadores, estabele- dessas últimas, assim como para os pro-
Aplicação aprovado pelo Conselho. cer as alíquotas aplicáveis às operações gramas especiais de trabalho, aquisição
Está sujeito a prestação de contas nos e prestações interestaduais e de expor- de instalações, equipamentos e mate-
termos da legislação. tação, bem como, caso tenha interesse, rial permanente e constituição ou au-
alíquotas mínimas nas operações inter- mento do capital de empresas que não
Fundo Municipal de Assistência nas ou máximas para resolver conflito sejam de caráter comercial ou financei-
Social (FMAS) específico que envolva interesse de es- ro (art. 12, § 4º, Lei 4.320/64).
Fundo a ser instituído no âmbito do tados (art. 155, I, b, § 2º, CF). O im-
município, como exigência legal para posto é não-cumulativo e pode ser se- Item de Despesa
recebimento e movimentação de re- letivo, em função da essencialidade das Classificação facultativa de gastos por
cursos do Fundo Nacional de Assistên- mercadorias e dos serviços. Vinte e elemento de despesa, realizada confor-
cia Social ao Governo Federal É admi- cinco por cento da arrecadação perten- me a conveniência de cada esfera go-
nistrado por um Conselho Municipal ce aos municípios. Desse total, 75% é vernamental, com o objetivo de alcan-
de Assistência Social e tem a destina- distribuído segundo o valor adicionado çar controle mais detalhado dos gastos.
ção de seus recursos previamente apro- fiscal em cada município e o restante Ex.: dentro de 3120-Material de Con-
vada em um Plano de Aplicação. (25%), conforme lei estadual. sumo: 01 = material de Escritório, 02 =
Material Didático; 03 = Material de
Fundo Nacional de Assistência Social Imposto sobre Propriedade Territorial Limpeza; 04 = Material de Informática.
(FNAS) e Urbana (IPTU)
Fundo vinculado ao Governo Federal, Imposto de competência municipal Lei 4.320/64
instituído pela Lei Orgânica da Assis- que tem como fato gerador a proprie- Lei promulgada em 17 de março de
tência Social a partir da transformação dade, o domínio útil ou a posse de bem 1964, que estabelece normas gerais de
do Fundo Nacional de Ação Comuni- imóvel localizado na zona urbana do Direito Financeiro para elaboração e
tária - FUNAC. É gerido pelo órgão município. A base de cálculo é o valor controle dos orçamentos e balanços da
responsável pela coordenação da Políti- venal do imóvel, aprovado por meio de União, dos estados, dos municípios e
ca Nacional de Assistência Social, sob planta de valores imobiliários, através do Distrito Federal. Define os princi-
a orientação do Conselho Nacional de de lei municipal, assim como a alíquo- pais conceitos e classificação das recei-
Assistência Social - CNAS, e detém os ta. O contribuinte é o proprietário do tas e despesas, assim como o conteúdo
recursos de responsabilidade da União imóvel, o titular do seu domínio útil ou e forma da proposta orçamentária, os
destinados à assistência social. seu possuidor a qualquer título (art. 32 princípios para a execução e controle
a 34, Lei 5.172/66). do orçamento, créditos adicionais e
Grupo de despesa contabilidade.
Classificação obrigatória e padronizada Imposto sobre Serviços de Qualquer
que agrega elementos de despesa que Natureza (ISSQN) Lei 8.069/90
apresentam as mesmas características Imposto de competência municipal Veja Estatuto da Criança e do Adoles-
quanto ao objeto de gasto. Os seis Gru- que tem como fato gerador a prestação cente.
pos de Despesa, com o seu respectivo de serviços que não integram a base de
código, são os seguintes: 1 - Pessoal e cálculo, principalmente do ICMS. Lei 8.666/93
Encargos Sociais; 2 - Juros e Encargos da Lei de 21 de junho de 1993, que estabe-
Dívida; 3 - Outras Despesas Correntes; Inexigibilidade de Licitação lece normas gerais sobre licitações e
4 – Investimentos; 5 - Inversões Finan- Hipótese definida em lei em que a Ad- contratos administrativos pertinentes a
ceiras; 6 - Amortização da Dívida. ministração Pública não precisa realizar obras, serviços, inclusive publicidade,
licitação, sobretudo devido à impossibi- compras, alienações e locações no âm-
Imposto lidade de competição, como no caso da bito da União, estados, municípios e
Tributo cuja obrigação de pagamento aquisição de materiais, equipamentos Distrito Federal. Seu artigo 22 estabele-
tem por fato gerador uma situação in- ou gêneros que só possam ser fornecidos ce as seguintes modalidades de licita-
dependente de qualquer atividade es- por produtor, empresa ou representante ção, determinadas tendo em vista o va-
tatal específica, conforme dispõe o ar- comercial exclusivo, da contratação de lor estimado seja para a contratação de
tigo 16 da Lei 5.172/66. serviços técnicos de natureza singular, obras e serviços de engenharia, seja pa-

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ra compras e contratação de outros ser- para garantir o atendimento às neces- concorrência e concurso. Pode tam-
viços: concorrência, tomada de preços, sidades básicas (art. 1º). Para os muni- bém ocorrer dispensa ou inexigibili-
convite, concurso e leilão. Além disso, cípios, estabelece como competência dade de licitação. O processo licitató-
dispõe, em detalhes, exigências de destinar recursos financeiros e execu- rio visa promover a escolha da pro-
comprovação de regularidade no paga- tar o pagamento para custeio dos auxí- posta mais vantajosa a partir dos se-
mento de tributos (art. 29), bem como lios natalidade e funeral, executar os guintes princípios: legalidade, plena
de qualificação técnica (art. 30) e pro- projetos de enfrentamento da pobreza, publicidade dos atos públicos, promo-
cedimentos administrativos a serem se- atender às ações assistenciais de cará- ção de condições máximas de igual-
guidos obrigatoriamente para a escolha ter de emergência (art. 15) e prestar os dade de competição entre os interes-
da proposta mais vantajosa para a Ad- serviços assistenciais que visem à me- sados (isonomia), julgamento objeti-
ministração (art. 38 a 53). lhoria de vida da população, dando vo das propostas (impessoalidade) e
prioridade à infância e adolescência atribuição obrigatória (adjudicação)
Lei 8.742/93 em situação de risco pessoal e social do objeto licitado ao vencedor (art.
Veja Lei Orgânica da Assistência Social. (art. 23). Para financiamento, cria o 3º, Lei 8.666/93). No Brasil, a licita-
Fundo Nacional de Assistência Social ção é regulamentada pela Lei
Lei de Diretrizes Orçamentárias - FNAS (art. 28) e dispõe, como con- 8.666/93, modificada pela Lei
Lei prevista pelo artigo 165, II, § 2º, da dição para repasses aos municípios, es- 8.883/97, e Lei 9.648/98.
CF, chamada abreviadamente de LDO, tados e Distrito Federal dos recursos de
que deve ser elaborada e enviada ao Le- que trata, a efetiva instituição e fun- Liquidação da Despesa
gislativo pelos respectivos governos cionamento do Conselho de Assistên- Estágio da despesa pública, que se segue
executivos de cada esfera governamen- cia Social, de composição paritária en- ao empenho e ao processo licitatório,
tal, até 15 de abril de cada ano (art. 35, tre governo e sociedade civil, do Fun- referente à verificação do direito adqui-
§ 2º, II, ADCT) ou conforme determi- do de Assistência Social, com orienta- rido pelo credor ou da habilitação da
nar cada Constituição Estadual ou Lei ção e controle dos respectivos Conse- entidade beneficiada (no caso de con-
Orgânica Municipal, estabelecendo, lhos de Assistência Social e o Plano de vênio), tendo por base os títulos ou do-
para o período de 1 (um) ano, as metas Assistência Social (art. 30). cumentos comprobatórios do respecti-
e prioridades da administração pública, vo crédito (art. 63, Lei 4.320/64), vi-
as orientações para elaboração da lei or- Leilão sando, na seqüência, ao pagamento da
çamentária anual, as alterações na le- Modalidade de licitação entre quais- despesa do fornecedor, empreiteiro ou
gislação tributária, a concessão de van- quer interessados para a venda de bens conveniado. É a etapa contábil na qual
tagem ou aumento de remuneração, a móveis que não servem mais para a são verificados todos os documentos
criação de cargos, a admissão de pes- Administração Pública ou de produtos que comprovem a correção da despesa.
soal, a alteração de carreiras e a política legalmente apreendidos ou penhora-
de aplicação das agências financeiras dos, ou para a alienação de bens imó- Meta Física
oficiais de fomento. veis, a quem oferecer o maior lance, Especificação e quantificação física de
igual ou superior ao da avaliação (art. objetivos ou, ainda, indicador físico do
Lei do Orçamento Anual 22 § 5º, Lei 8.666/93). desempenho de um projeto/atividade
Lei prevista pelo artigo 165 da CF, III, orçamentário. Consulte também Dire-
chamada abreviadamente de LOA, Licitação triz e Objetivo.
que deve ser elaborada e enviada ao Conjunto de procedimentos adminis-
Legislativo pelos respectivos governos trativos exigidos constitucionalmen- Modalidade de aplicação
executivos de cada esfera governa- te (art. 37, XXI, CF), através do qual Classificação não obrigatória, formu-
mental até 31 de agosto de cada ano a Administração Pública seleciona e lada por cada ente governamental,
(art. 35, § 2º, III, ADCT) ou confor- contrata o empreiteiro ou fornecedor porém freqüentemente usada para in-
me determinar cada Constituição Es- que ofereça proposta mais vantajosa dicar se os recursos são aplicados dire-
tadual ou Lei Orgânica Municipal, es- para aquisição de bens ou serviços. A tamente por órgãos ou entidades no
tabelecendo, para o período de 1 (um) vantagem pode ser baseada somente âmbito da mesma esfera de Governo
ano, a discriminação da receita e des- na oferta do menor preço (o que é ou por outro ente da Federação e suas
pesa, de forma a evidenciar a política mais comum), da melhor técnica ou respectivas entidades. Objetiva possi-
econômico-financeira e o programa de da combinação de oferta do menor bilitar a eliminação da dupla con-
trabalho do governo. preço com a melhor técnica. A licita- tagem dos recursos transferidos ou de-
ção se desenvolve com a abertura de scentralizados. Ex. no Governo Fed-
Lei Orgânica da Assistência Social processo administrativo, publicação eral: 10 - Transferências Intragover-
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de do edital, habilitação das interessa- namentais; 20 - Transferências à
1993, que dispõe sobre a organização das, julgamento da proposta técnica União; 30 - Transferências a Estados
da Assistência Social, compreendida (quando houver), julgamento da pro- e ao Distrito Federal; 40 - Transferên-
como Política de Seguridade Social posta comercial, homologação e adju- cias a Municípios.
não contributiva. Essa política provê dicação do vencedor. São modalida-
os mínimos sociais e é realizada atra- des de licitação, conforme o valor da Natureza de despesa
vés de um conjunto integrado de ações compra ou contratação dos serviços: Expressão utilizada para designar toda
de iniciativa pública e da sociedade convite, tomada de preços, leilão, a classificação das despesas de acordo

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com suas diversas facetas econômicas fundos instituídos e mantidos pelo Po- Plano Diretor
(categoria de despesa, grupo de despe- der Público, vinculados à seguridade Lei prevista pelo artigo 182, § 1º, da
sa, fonte de recursos, modalidade de social. Deve integrar a Lei do Orça- CF, sem prazo definido para seu envio
aplicação e elemento de despesa). mento Anual (art. 165, § 5º, III, CF). ao Legislativo ou duração de sua vigên-
Inclui as despesas previstas no art. 202 cia. É obrigatória para cidades com
Nota de Empenho da Constituição Federal (previdência mais de vinte mil habitantes e deve fi-
Documento que se presta ao registro social, assistência social e saúde). xar diretrizes gerais para o desenvolvi-
das despesas realizadas pela Adminis- mento urbano do município, assim co-
tração Pública, indicando o nome do Orçamento de Investimento mo o uso e ocupação de seu solo.
credor, a especificação e a importância Orçamento de investimento das em-
da despesa, bem como a dedução desta presas em que o Poder Público, direta Plano Plurianual
do saldo da dotação própria (art. 61, ou indiretamente, detém a maioria do Lei prevista pelo artigo 165 da CF, I, §
Lei 4.320/64), emitido em consonân- capital social com direito a voto. Inte- 1º, que deve ser elaborada e enviada
cia com o ato do empenho, em ordem gra a Lei do Orçamento Anual (art. pelos respectivos governos Executivos
seqüencial cronológica. 165, § 5º, II, CF). Inclui as despesas de cada esfera governamental até 31
com investimento (obras e instalações, de agosto do primeiro ano do mandato
Nota de Pagamento de Despesa aquisição de veículos, material perma- (art. 35, § 2º, I, ADCT) ou conforme
Documento emitido pelo ordenador de nente, imóveis e participações societá- estabelecer cada Constituição Esta-
despesa que formaliza a ordem de paga- rias etc) das empresas estatais. dual ou Lei Orgânica Municipal, pre-
mento de determinada despesa (art. vendo obrigatoriamente investimen-
64, Lei 4.320/64). Orçamento Fiscal tos que ultrapassem um ano (art. 167,
Orçamento dos fundos, fundações, ór- § 1º,CF) e estabelecendo, para o pe-
Objetivo gãos e entidades da Administração Di- ríodo de 4 (quatro) anos, de forma re-
Resultado final que se pretende alcançar reta e Indireta. Integra a Lei do Orça- gionalizada, as diretrizes, objetivos e
com a realização das ações governamen- mento Anual (art. 165, § 5º, I, CF). metas da administração pública para as
tais. Consulte também Diretriz e Meta. Inclui as despesas destinadas à imple- despesas de capital e outras delas de-
mentação dos serviços públicos e à ma- correntes, bem como para as relativas
Operações de Crédito nutenção da burocracia pública. aos programas de duração continuada.
Recursos decorrentes de compromissos
assumidos com credores situados no Outras Receitas Correntes Pessoal e Encargos Sociais
País (operações internas) ou no exte- Classificação das receitas públicas cor- Uma das classificações das despesas
rior (operações externas), envolvendo rentes que congrega os recursos prove- por Grupo de Despesas que se destina
toda e qualquer obrigação decorrente nientes de multas, juros de mora, inde- a agregar todos os gastos com o paga-
de financiamentos ou empréstimos, in- nizações e restituições, cobrança da dí- mento de despesas de natureza remu-
clusive arrendamento mercantil, a vida ativa e outras que não se identifi- neratória decorrentes do efetivo exer-
concessão de qualquer garantia, a emis- quem com as demais especificações de cício de cargo, emprego ou função de
são de debêntures ou a assunção de receitas correntes. confiança no setor público, do paga-
obrigações, com as características defi- mento dos proventos de aposentado-
nidas em lei, por entidades controladas Outras Receitas de Capital rias, reformas e pensões, das obri-
pelos estados, pelo Distrito Federal e Classificação das receitas públicas de ca- gações trabalhistas de responsabili-
pelos municípios que não exerçam ati- pital que congrega os recursos prove- dade do empregador, incidentes sobre
vidade produtiva ou não possuam fon- nientes da integralização do capital so- a folha de salários, contribuição a en-
te própria de receitas, com o objetivo cial de empresas públicas e saldos de tidades fechadas de previdência, out-
de financiar seus empreendimentos. exercícios anteriores relativos a convê- ros benefícios assistenciais classi-
nios, operações de crédito e outros. ficáveis neste grupo de despesa, bem
Orçamento como soldo, gratificações, adicionais e
Documento do Poder Executivo, apro- Pagamento da Despesa outros direitos remuneratórios, perti-
vado pelo Poder Legislativo, que estima Estágio da despesa pública em que a nentes a este grupo de despesa, previs-
receitas e despesas para o período de um Administração Pública paga, conforme tos na estrutura remuneratória dos
ano para todos os seus órgãos, discrimi- termos contratuais previamente esta- militares, e ainda, despesas com o
nando o programa de trabalho autoriza- belecidos, ao fornecedor, prestador de ressarcimento de pessoal requisitado,
do a ser realizado, elaborado segundo os serviço ou empreiteiro, pelo bem en- despesas com a contratação tem-
princípios da unidade, universalidade e tregue, serviço ou investimento reali- porária para atender a necessidade de
anualidade. Do ponto de vista político, zados após a verificação do cumpri- excepcional interesse público e despe-
corresponde ao contrato formulado mento das obrigações, através da liqui- sas com contratos de terceirização de
anualmente entre governo, administra- dação da despesa. O pagamento pode mão-de-obra que se refiram à substitu-
ção e sociedade sobre as ações a serem ser efetuado pela tesouraria, por estabe- ição de servidores e empregados públi-
implementadas pelo Poder Público. lecimentos bancários credenciados cos, em atendimento ao disposto no
(art. 163, § 3º, CF) e, em casos excep- art. 18, § 1o , da Lei Complementar
Orçamento da Seguridade Social cionais, por meio de adiantamento no 101, de 2000.(Manual Técnico-
Orçamento dos órgãos, entidades e (art. 65, Lei 4.320/64). Orçamentário 2006).

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Poder Executivo Programa Proposta Orçamentária
Um dos Poderes da União, indepen- Classificação funcional-programática Compatibilização e consolidação dos
dentes e harmônicos entre si. Na de projetos/atividades orçamentários programas de trabalho contidos nas
União, o Poder Executivo é exercido de abrangência intermediária, abaixo propostas parciais apresentadas por ca-
pelo Presidente da República, auxilia- de função, que designam os objetivos da órgão da Administração Pública,
do pelos Ministros de Estado. Nos Es- gerais da ação governamental. Ex.: 07- formando um documento de unidade
tados e no Distrito Federal é exercido Administração; 09-Planejamento Go- técnica e expressão monetária que se-
pelos Governadores e seus Secretários. vernamental; 30-Segurança Pública; rá encaminhado à apreciação do Le-
Nos Municípios o Poder Executivo é 42-Ensino Fundamental; 43-Ensino gislativo. Compõe-se da mensagem,
exercido pelos Prefeitos e os Secretá- Médio. Consulte também Classifica- projeto de Lei do Orçamento Anual,
rios Municipais. ção Funcional-Programática. tabelas explicativas contendo receita
e despesa arrecadadas nos exercícios
Poder Legislativo Programa de Duração Continuada anteriores e previstas para o seguinte e
Um dos Poderes da União, indepen- Ações permanentes da Administra- a especificação dos programas de tra-
dentes e harmônicos entre si. O Poder ção Pública, que não se referem à ma- balho, custeados por dotações globais
Legislativo é exercido pelo Congresso nutenção de suas atividades, como (art. 22, Lei 4.320/64). Se não for en-
Nacional, que se compõe da Câmara programas sociais ou prestação de ser- viada ao Legislativo no prazo fixado
dos Deputados e do Senado Federal. viços públicos, a serem incluídas no nas Constituições ou Leis Orgânicas
Nos Estados o Poder Legislativo é Plano Plurianual. dos Municípios, este considerará co-
exercido pelas Assembléias Legislati- mo proposta a Lei do Orçamento
vas. Nos Municípios, é exercido pela Programa de Trabalho Anual vigente (art. 32, Lei 4.320/ 64).
Câmaras de Vereadores e no Distrito Expressão utilizada para caracterizar o Consulte também Lei do Orçamento
Federal pela Câmara Legislativa. fato de que o orçamento contém o Anual e Projeto de Lei do Orçamento.
conjunto de ações a ser implementado
Pregão pela Administração Pública. Encon- Proteção integral
Modalidade de licitação em que as em- tra-se materializado nos títulos dos Expressão que visa designar a pleni-
presas interessadas, após apresentarem projetos/atividades orçamentários e tude do exercício de direitos pelas
propostas comerciais, são classificadas deve ser apresentado conforme a clas- crianças e adolescentes em razão da
de acordo com a ordem crescente dos sificação funcional-programática. sua condição peculiar que lhes im-
preços oferecidos até aquela que tiver pede de garantir sua aplicação.
oferecido preço, no máximo, 10% su- Programação da Despesa
perior ao menor preço ofertado, pas- Atividade administrativa desenvolvi- Provisão de Crédito Orçamentário
sando a fazer lances de preços ainda da trimestralmente por cada órgão da Ato administrativo do órgão central
menores, até se chegar ao vencedor. Administração Pública para a solicita- responsável pela gerência do orça-
As exigências de qualificação são veri- ção de sua Cota Orçamentária. mento, confirmando a disponibiliza-
ficadas depois de concluída a escolha ção de créditos orçamentários para as
do menor preço, podendo ser desclassi- Projeto unidades orçamentárias, para que elas
ficada a empresa vencedora por irregu- Conjunto de operações limitadas no possam promover sua execução orça-
laridade na documentação exigida e tempo, que concorre para a expansão mentária. A provisão é contínua à
declarada vencedora a segunda coloca- ou aperfeiçoamento governamental. definição das cotas orçamentárias e,
da. Essa modalidade pode ser imple- Tem objetivos que podem ser avaliados normalmente, é formalizada através
mentada através da rede mundial de física e financeiramente. de uma nota de provisão e da libera-
computadores(internet), chamando-se ção dos créditos no sistema informa-
pregão eletrônico. Projeto de Lei do Orçamento tizado de execução orçamentária.
Projeto de lei, de iniciativa privativa
Prioridade do Poder Executivo, elaborado segun- Provisionamento
Ação apontada como mais importante do as orientações da Lei de Diretrizes Veja Provisão de Crédito Orçamentário.
segundo critérios comparativos objeti- Orçamentárias, que integra a proposta
vos (valor, prazo, população beneficia- orçamentária. Deve conter os orça- Publicação da Lei do Orçamento Anual
da, antigüidade do problema etc.) ou mentos fiscal, da seguridade social e Publicação obrigatória no Diário Ofi-
subjetivos (avaliação política, capaci- de investimentos, bem como a previ- cial de cada esfera do governo da Lei
dade de mobilização comunitária são da receita e a fixação da despesa, do Orçamento Anual, após sua apre-
etc.). Segundo a Constituição Federal de acordo com suas respectivas fontes ciação e dos eventuais vetos do Poder
(art. 165, § 2º), cabe à Lei de Diretri- e destinações. Pode conter autorização Executivo. É condição prévia para que
zes Orçamentárias explicitar as priori- para a abertura de crédito adicional seja possível o início da execução orça-
dades da Administração Pública, em- suplementar e para efetuarem-se ope- mentária. Normalmente, acontece na
bora não haja conceituação legal so- rações de crédito, inclusive os emprés- última semana de dezembro.
bre como definí-la . timos por antecipação de receita orça-
mentária (art. 7º, Lei 4.320/64). Con- Quadro de Detalhamento de Despesa
Priorização sulte também Lei do Orçamento – QDD
Processo de definição de prioridades. Anual e Proposta Orçamentária. Demonstrativo que indica, por órgão

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e unidade orçamentária, basicamen- Serviço da dívida Constituição Federal, para outra es-
te, a alocação de recursos orçamen- Expressão genérica que, em sentido fera (Estados ou Municípios).
tários e financeiros em cada projeto e amplo, designa todas despesas (princi-
atividade, distribuídos por elemento pal e juros) com o pagamento das Unidade Administrativa
de despesa e fonte da receita, consti- obrigações da dívida pública interna Órgão da Administração Pública de-
tuindo- se no principal quadro evi- ou externa e, em sentido restrito, refe- finido em lei, com estrutura e com-
denciador das despesas e ações a se- re-se apenas ao pagamento dos juros. petências específicas para a imple-
rem realizadas pelo Poder Público. Na classificação oficial por Grupo de mentação de ações governamentais.
Despesas desdobra-se em duas catego- Pode se confundir com uma unidade
Quadros da Lei do Orçamento Anual rias: Juros e Encargos da Dívida (códi- orçamentária ou integrar mais de
Quadros explicativos que, obrigato- go 2 que corresponde a despesas com o uma delas. Ex.: unidade administra-
riamente, integram a lei de orçamen- pagamento de juros, comissões e ou- tiva: Secretaria de Educação; unida-
to (art. 2º, § 1º, Lei 4.320/64): I - tros encargos de operações de crédito des orçamentárias: Departamento de
Sumário geral da receita e despesa internas e externas contratadas, bem Ensino Infantil e Departamento de
por função do Governo; II - Quadro como da dívida pública mobiliária) e Ensino Fundamental. Consulte tam-
demonstrativo da receita e despesa, Amortização da Dívida (código 6 que bém Unidade Orçamentária.
segundo as categorias econômicas; corresponde a despesas com o paga-
III - Quadro discriminativo da recei- mento e/ou refinanciamento do prin- Unidade Orçamentária
ta por fontes e respectiva legislação; cipal e da atualização monetária ou Órgão da Administração Pública ou
IV - Quadro das dotações por órgãos cambial da dívida pública interna e agrupamento de serviços a quem o or-
do Governo e da Administração. De- externa, contratual ou mobiliária). A çamento consigna dotações orçamen-
vem acompanhar a lei, conforme o expressão ainda surge para designar as tárias específicas para a realização de
art. 2º, § 2º: I - Quadros demonstra- subfunções 843-Serviço da Dívida In- seu programa de trabalho e com auto-
tivos da receita e planos de aplicação terna e 844-Serviço da Dívida Exter- ridade para movimentá-las (art. 14,
dos fundos especiais; II - Quadros de- na, ligadas à função 28-Encargos Espe- Lei 4.320/64). Consulte também Uni-
monstrativos da despesa; III - Qua- ciais, que se destina à classificação das dade Administrativa.
dro demonstrativo do programa ações governamentais.
anual de trabalho do Governo, em Valor Empenhado
termos de realização de obras e de Subfunção Valores de créditos orçamentários
prestação de serviços. Classificação funcional-programática que se encontram comprometidos no
de projetos/atividades orçamentários estágio de empenho, ou seja, que já
Receita própria mais detalhada do que a função, que foram autorizados para gasto.
Classificação gerencial das receitas designa finalidades específicas da ação
públicas, que congrega somente os re- governamental. As subfunções são dis- Valor Liquidado
cursos tributários próprios, as taxas, as criminadas para cada função existente. Valores de créditos orçamentários que
receitas de serviços, patrimoniais, se encontram comprometidos no está-
agropecuária e industrial e as transfer- Subfunção cruzada gio de liquidação, ou seja, que já se en-
ências tributárias constitucionais. Expressão usada para designar a classi- contram prontos para pagamento.
Também chamada de receita do ficação por meio da aplicação de uma
tesouro. subfunção em correlação com uma Valor Pago
função que não aquela a partir da qual Valores de créditos orçamentários que
Recursos próprios foi definida. Ex.: Função: 12-Educação se encontram pagos. Também chama-
Classificação gerencial das receitas com Subfunção Cruzada: 126-Tec- do de valor realizado.
referentes à disponibilidade da receita nologia da Informação (pertencente
própria menos as transferências con- originalmente à Função 03 – Adminis- Verba
stitucionais, procurando demonstrar a tração e Planejamento). Termo popular para designar os valo-
parcela de recursos sobre a qual o ente res disponíveis na Administração
público possui governabilidade direta Tomada de preços Pública para a implementação de
na gestão. Modalidade de licitação entre empresas ações governamentais. Consulte
interessadas devidamente cadastradas também Crédito Orçamentário, Do-
Recursos vinculados na Administração ou que atenderem a tação Orçamentária e Rubrica.
Receitas decorrentes de contratos de todas as condições exigidas para cadas-
financiamento destinados a projetos tramento até o terceiro dia anterior à
especiais, bem como aquelas liberadas data do recebimento das propostas, ob-
por meio de convênios, que têm final- servada a necessária qualificação.
idades definidas, em geral, sujeitas a
prestações de contas detalhadas. Transferências constitucionais
Receitas tributárias de competência
Rubrica de uma determinada esfera governa-
O mesmo que crédito orçamentário, mental, seja União ou Estados, trans-
dotação orçamentária ou verba. ferida em parte, por determinação da

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