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EM AGROECOLOGIA
FEVEREIRO DE 2006
Capítulo 1 – Bases Conceituais da Agroecologia
INTRODUÇÃO
Este documento tem por objetivo apresentar idéias para o debate sobre as bases
conceituais da Agroecologia, no sentido de contribuir para a construção coletiva de um
programa institucional com enfoque agroecológico na Embrapa.
Começamos por chamar a atenção para a expressão “Agricultura de Base Ecológica”,
utilizada nas discussões internas da Embrapa. Entendemos que a mesma deve ser colocada
no plural: “Agriculturas de Base Ecológica” ou, simplesmente, “Agriculturas Ecológicas”.
Esta sutileza traduz a preocupação em considerar a diversidade existente dentro do conceito
de Agroecologia. Esta diversidade é crucial, pois denota a riqueza que a Agroecologia
apresenta quando aplicada às mais diferentes condições culturais, sócio-econômicas e
ecológicas do nosso País. A diversidade ecológica é a base do equilíbrio e da estabilidade
dos agroecossistemas, e da mesma forma, a diversidade das idéias e das construções sociais
é imprescindível para o fortalecimento da Agroecologia.
Conceitos nada mais são do que representações gerais de algum objeto por meio do
pensamento, onde se procura formular idéias de grande transcendência por meio de palavras
e outros signos. Um conceito é uma unidade, mas esta é composta por uma certa
diversidade: a unidade, que caracteriza e dá sentido a um conceito, geralmente abriga uma
grande variedade de interpretações e manifestações. Deste modo, os conceitos têm um nível
alto de abstração, enquanto as aplicações a eles filiadas se caracterizam por um nível menor
e são vinculadas às práticas.
Assim, quando nos referimos à Agroecologia, estamos focalizando um conjunto de
princípios (unidade), e quando tratamos de Agriculturas Ecológicas, nos remetemos às
manifestações concretas ou à materialização daqueles conceitos (diversidade).
Atualmente está em curso um intenso debate conceitual sobre a Agroecologia. Sem ter
a pretensão de apresentar um conceito definitivo, levantam-se aqui algumas aproximações
que este debate e a literatura especializada vêm sinalizando. Embora o termo Agroecologia
tenha sido utilizado há mais tempo, foi a partir das contribuições de Miguel Altieri, Stephen
Gliessman e outros autores que o conceito ganhou visibilidade, consistência e sentido
dentro da cultura contemporânea. Inspirados no próprio funcionamento dos ecossistemas
naturais, no manejo tradicional e indígena dos agroecossistemas e no conhecimento
científico, estes autores produziram sínteses e se acercaram mais claramente do conceito
moderno de Agroecologia1.
A Agroecologia somente pode ser entendida na sua plenitude quando relacionada
diretamente ao conceito de sustentabilidade e justiça social. Nesse sentido, a Agroecologia
se concretiza quando, simultaneamente, cumpre com os ditames da sustentabilidade
econômica (potencial de renda e trabalho, acesso ao mercado), ecológica (manutenção ou
melhoria da qualidade dos recursos naturais), social (inclusão das populações mais pobres e
1
É interessante notar que o termo Agroecologia consta hoje nos dicionários da língua portuguesa. Pela definição etimológica (agro + ecologia), a Agroecologia seria a “ecologia dos
sistemas agrícolas”, ou seja, o meio natural inerente a qualquer forma de produção agrícola. A esta definição etimológica contrapomos outra, de caráter humano: a Agroecologia como
área de conhecimento social e culturalmente construída. Nesse sentido, o (re)nascimento da Agroecologia vem como resposta a situações objetivas e interesses convergentes hoje na
sociedade. O termo Agroecologia foi assim cunhado para demarcar um novo foco de necessidades humanas, qual seja, o de orientar a agricultura à sustentabilidade.
segurança alimentar), cultural (respeito às culturas tradicionais), política (movimento
organizado para a mudança) e ética (mudança direcionada a valores morais transcendentes).
A Agricultura Ecológica, historicamente denominada no Brasil de Agricultura
Alternativa, nasceu da necessidade da incorporação de uma dimensão ecológica à produção.
Este modo afirmativo de apresentar-se vinha vinculado inseparavelmente de uma forma
negativa, ou seja, a idéia de recusar os métodos e impactos da agricultura moderna
(convencional ou da Revolução Verde). Isto posto, notam-se algumas indicações
conceituais iniciais:
Sendo a Agroecologia um referencial teórico, que serve como orientação geral para as
experiências de agricultura, o caráter local é que dará a feição concreta daqueles princípios.
Sem a consideração das condições locais, o conceito de Agroecologia cai no vazio. É a
realidade socioeconômica e ecológica local que define a melhor forma de aplicação da
teoria, exigindo ajustes finos a cada situação. A própria realidade pode mesmo colocar em
julgamento certos princípios, ponderando sua importância e, por isso mesmo, enriquecendo
os próprios fundamentos da Agroecologia. Por outro lado, a abordagem agroecológica
proporciona a construção de conhecimentos de referência, que podem servir como
inspiração para outras experiências. Cada manifestação local constrói sua própria forma de
concretizar o marco teórico, constituindo sempre novas referências. Tais referências, apesar
de não poderem ser replicadas integralmente para outras realidades, são “faróis” que
ajudam a desenvolver outras experiências. Não são fórmulas ou receitas, mas indicações
que devem sofrer adições, reduções e ajustes, mediante a observação sistemática dos
sistemas produtivos no que diz respeito a sua sustentabilidade. A partir disso, podemos
dizer que:
A Agroecologia é considerada como ciência emergente, orientada por uma nova base
epistemológica e metodológica.
O conhecimento popular e/ou tradicional, embora não passe pelos filtros do método
científico convencional, foi o fundamento de toda a evolução da agricultura durante vários
séculos. Por estar fortemente vinculada a fontes ancestrais de conhecimento, a
Agroecologia revaloriza o saber popular (tradicional ou indígena) como fonte de inspiração
para modelos que possam ter validade nas condições atuais. A valorização destes
conhecimentos não desautoriza os achados do método científico e, ao contrário, considera a
grande importância das duas fontes e a relação positiva entre elas. Portanto:
A evolução de alguns estilos de agricultura ecológica, pela sua forte adesão às regras
do mercado, pode resultar numa relação contraditória aos princípios agroecológicos.
Se pudéssemos fazer uma síntese das contribuições dos autores consagrados no tema2,
bem como de todo o acúmulo do debate mundial atual, poderíamos dizer que:
2
Por exemplo, entre outros: Altieri, M. A., Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. 240 p. Rio de Janeiro:PTA/FASE, 1989; Gliessman, S. R.
Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. 653 p. Porto Alegre:Editora da Universidade-UFRGS, 2000; Guzmán Casado, G.; Gonzáles de Molina, M. e Sevilla
Guzmán, E (Coords.) Introducción a la agroecología como desarrollo rural sostenible. 535 p. Madrid/Barcelona/México-DF:Ediciones Mundi-Prensa, 1999.
É necessário fazer também referência a outro conceito associado à Agroecologia, que é
o de Transição Agroecológica. A Agroecologia não faz sentido apenas como marco teórico.
Para que ela cumpra seu papel é necessário que produza mudanças na sociedade, colocando
os alicerces para uma gradual transformação das bases produtivas e sociais da agricultura. A
transição agroecológica passa por diversas etapas, dentro e fora do sistema de produção,
que podem ser definidas da seguinte maneira:
“Hoje importa deixar para trás esse modelo produtivista: continuar a agricultura e a
pecuária industrializadas que conhecemos hoje impediria tanto salvaguardar o meio
ambiente como proteger a saúde das pessoas (hoje e amanhã). Não há solução possível
para a crise ecológica global sem uma ecologização a fundo do setor agro-alimentar. O
objetivo não deve ser maximizar os rendimentos, senão otimizá-los de maneira sustentável:
conseguir rendimentos ótimos compatíveis com a estabilidade dos agroecossistemas, com a
qualidade do entorno em que se inserem estes, com a segurança alimentar de toda a
população humana e com a justiça social. A palavra chave, para regiões do planeta como
a UE, é desintensificar. Não se trata, simplesmente, de se produzir mais, mas de se
produzir melhor”.
De acordo com o autor ”não será possível reorientar nossas sociedades para um
desenvolvimento sustentável sem mudanças muito profundas no setor agropecuário e
agroalimentar: a Agroecologia – que trata da criação de agroecossistemas equilibrados, que
produzam o suficiente sem danificar as fontes da fertilidade da terra – deve proporcionar a
orientação teórica para esta profunda reorientação. Há de se deixar para trás o modelo
produtivista do último século, com suas não poucas luzes e com suas muitas sombras”.
Enfim, a Agroecologia concretiza um esforço de construção de modelos de agricultura
e de sociedade onde não haja custos ocultos – as externalidades negativas – como a
exclusão social no campo, a dependência de insumos químicos, os impactos ambientais, o
uso insustentável dos recursos naturais, a contaminação ambiental e dos alimentos.
Dessa forma a Agroecologia se constitui numa realidade concreta de construção de um
novo conhecimento que parte da interação entre a biodiversidade ecológica e a sócio-
cultural local, dos saberes dos agricultores e dos técnicos envolvidos no processo de
desenvolvimento (Freire, 1983).
Neste item serão abordados, ainda que de forma muito esquemática, alguns tópicos
para a realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento, na perspectiva até agora
abordada. Um dos principais pontos a trabalhar em projetos de articulação multi-
institucional, realizado numa perspectiva metodológica interdisciplinar e tendo a
participação dos sujeitos implicados como referente, é a construção de diálogos entre os
vários participantes. Entre as estratégias metodológicas que podem ser adotadas, algumas
são indicadas a seguir.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Entre os setores econômicos, a agricultura é o que tem seu processo produtivo mais
intimamente ligado ao meio ambiente. No entanto, a expansão do capitalismo agrário
mundial trouxe a busca da superação das restrições ecológicas do meio ambiente, ao invés
da relevante harmonização entre os fatores produtivos e os processos da natureza.
Historicamente, essa busca ocorreu baseada, principalmente, em conhecimentos físicos e
biológicos, a partir do princípio de que as limitações ecológicas eram plenamente
superáveis, através da geração de conhecimentos e tecnologias. Este processo procurou
reproduzir no ambiente agrícola a lógica industrial de especialização de atividades,
considerando-se que o caráter ambientalmente agressivo dessa forma de agricultura em
grande escala poderia ser moderado com algumas práticas conservacionistas. Com os
primeiros sinais de esgotamento do modelo agroquímico, movimentos de agricultura
alternativa começam a ganhar força, com resgate da lógica de produção agrícola que
respeite e utilize os limites da natureza, e que se contraponha ao uso abusivo de insumos
agroquímicos, à dissipação do conhecimento tradicional e à deterioração da base social de
produção de alimentos. Nesse sentido, surge a Agroecologia como ciência que procura
estabelecer uma base teórica de produção rural que integre princípios agronômicos,
ecológicos e socioeconômicos.
A Embrapa tem uma trajetória no tema que se inicia com iniciativas isoladas de
pesquisadores ou centros de pesquisa, mas que avança na consolidação de projetos em rede
e, mais recentemente, na determinação da Diretoria-Executiva em definir uma posição
institucional em Agroecologia.
Os anos 80 foram marcados por ações relevantes na Embrapa que colaboraram para o
recente fortalecimento institucional do tema Agroecologia, com destaque para a criação da
Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agrobiologia. Outra decisão institucional importante,
na virada da década de 80 para 90, foi a criação e/ou adaptação de várias unidades em
centros ecorregionais de pesquisa (Embrapa Clima Temperado, Embrapa Agropecuária
Oeste, Embrapa Pantanal, Embrapa Cerrados, Embrapa Semi-Árido, Embrapa Tabuleiros
Costeiros e Embrapa Meio-Norte), assim como, no início da década de 90, a transformação
das seis unidades da Embrapa na Amazônia Legal em centros de pesquisa agroflorestal.
Próximo à virada do milênio, por meio da Portaria 743/2000, a Diretoria-Executiva da
Embrapa nomeou um Grupo de Trabalho multidisciplinar, que composto por nove
pesquisadores, mas com a contribuição de mais de cento e cinqüenta profissionais (entre
pesquisadores e técnicos), produziu o documento “O Meio Ambiente e o Compromisso
Institucional da Embrapa”. Este assenta-se em três eixos e desafios ambientais
complementares: o primeiro eixo, de âmbito interno, busca estabelecer uma cultura
institucional que leve a atitudes saudáveis de parte de seus empregados, da instituição como
um todo e também de seus parceiros e clientes; o segundo eixo procura fomentar a
participação da Embrapa na sociedade, contribuindo para a educação ambiental em todos os
níveis e em ações pró-ativas voltadas para a cidadania, em especial na gestão ambiental das
áreas rurais; o terceiro, e mais importante eixo, visa realizar pesquisas científicas e
tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento sustentável da agricultura nacional.
Ademais, o documento apresenta uma análise prospectiva da agricultura sustentável no
Brasil e o papel da pesquisa agropecuária, os principais desafios ambientais nacionais e
regionais em cada um dos grandes biomas brasileiros, assim como descreve a política
ambiental da Embrapa segundo os três grandes eixos e desafios ambientais explicitados.
Na presente década, houve intensificação das ações de Agroecologia em diversos
centros de pesquisa da Embrapa, além de um estreitamento da relação de parcerias com
órgãos públicos e setores da sociedade civil, principalmente, com o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
Empresas Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Sistema EMATER),
universidades, organizações não-governamentais (ONGs) e entidades de representação de
produtores rurais (sindicatos, associações, cooperativas, etc.).
A evolução da posição institucional e as ações da Embrapa relativas ao tema
Agroecologia não partiram simplesmente de uma postura endógena, mas foram, em boa
parte, influenciadas por acontecimentos externos das últimas três décadas, podendo ser
destacados (i) o estabelecimento dos fundamentos da disciplina Agroecologia na década de
70, (ii) a divulgação do Relatório Bruntland - Nosso Futuro Comum nos anos 80, (iii) a
realização e respectivos resultados da Conferência Internacional Rio-92, e (iv) a divulgação
das Metas do Milênio 2000-2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Na parte técnica, diversos projetos e ações em Agroecologia vem sendo desenvolvidos
na Embrapa nos últimos anos. Em 1992, foi instituído o projeto “Unidade Integrada de
Produção Agroecológica”, envolvendo uma parceria entre Embrapa Agrobiologia, Embrapa
Solos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (PESAGRO), que estabeleceu o Sistema
Integrado de Produção Agroecológica (SIPA), mais conhecido como Fazendinha
Agroecológica, propiciando um espaço para pesquisa e formação de estudantes, técnicos e
agricultores, seguindo os preceitos da Agroecologia. Atualmente, mais de uma dezena de
centros de pesquisa da Embrapa possuem suas Fazendinhas Agroecológicas.
Ao longo dos últimos anos, projetos, redes e núcleos em Agroecologia foram criados
e/ou fortalecidos nos centros de pesquisa da Embrapa, estando entre os principais exemplos
as seguintes iniciativas:
PRÓXIMOS PASSOS
• Apoio aos projetos da Embrapa nas áreas temáticas prioritárias do MCT: agricultura
familiar e trabalhadores rurais; agricultura urbana; comunidades tradicionais e povos
indígenas; empreendimentos solidários; tecnologias sociais e segurança alimentar
• Geração de conhecimentos científicos para fortalecer a Agricultura de Base Ecológica
• Apoio aos projetos da Embrapa nas áreas temáticas prioritárias do MDS: produção,
distribuição e consumo; agricultura urbana; hortas comunitárias; planejamento de hortas
comunitárias (sobretudo no Semi-Árido); consumo e renda; segurança alimentar;
hortaliças, ervas medicinais e plantas ornamentais; consórcio de espécies florestais;
tecnologias para afrodescendentes e populações indígenas; beneficiamento e
processamento de grãos, frutas e hortaliças
• Estímulo à ação integrada entre MDS e Embrapa nas políticas públicas em
desenvolvimento
Nos séculos XV e XVI, a ciência moderna emergente (Restivo, 1988) propôs que a
melhor forma de entender o universo e seu funcionamento seria analisando-o como se fosse
uma “engrenagem” perfeita. Essa concepção de mundo materializou-se nos imaginários
científico e social por meio da metáfora “máquina” influenciando paradigmas e modelos
científicos, institucionais e de desenvolvimento (Capra, 1982).
Com essa visão, um projeto, uma organização e até mesmo o planeta são percebidos
e manejados como se fossem uma máquina. Essa visão mecânica de mundo, o modo
clássico de “produção” de conhecimento – positivismo – separa os que geram dos que
transferem, classificando-os em uma seqüência linear, rígida e reducionista, onde a
interação é desnecessária. Essa forma de ciência (De Souza Silva, 2004) se posicionou
distante dos interesses públicos e da sociedade em geral.
Atualmente, o modelo produtivista-reducionista-determinista tem sido
crescentemente questionado em decorrência de suas conseqüências negativas para a
humanidade e para o planeta como um todo. Esse modelo fundamentou os pressupostos da
modernização capitalista da agricultura, pautado numa visão de maximização da
produtividade, sem a correspondente preocupação com as conseqüências da perda da
biodiversidade e dos efeitos sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos e éticos.
No Brasil, essa modernização capitalista da agricultura ocorreu de forma elitista,
concentradora e desigual, beneficiando, principalmente, os agricultores com maior controle
de terra e capital, e maior influência política, em detrimento dos agricultores familiares,
menos capitalizados, com dificuldade de acesso à terra e com menor poder de troca. Com
isso, apesar da significativa elevação da produtividade agropecuária, intensificaram-se a
miséria, a concentração de renda, a exclusão social, a violência no campo, desnutrição das
comunidades carentes e a degradação ambiental.
Em contraposição a esse modelo e em um mundo cada vez mais complexo e envolto
a uma trama de relações, o conhecimento, a tecnologia e as inovações relevantes para a
sociedade como um todo, e não apenas para segmentos privilegiados, emergirão de
processos complexos de interação social em busca de um futuro melhor para a humanidade
e para o planeta, onde a tecnologia deverá ser, necessariamente, um instrumento
importante para a sustentabilidade (Roling, 2003).
Logo, quando procuramos encontrar os desafios futuros da Embrapa em
Agroecologia, estamos diante de um processo de resgate e construção de um outro modelo
de desenvolvimento rural, muito mais do que apenas agrícola-tecnológico, possibilitando
a troca de experiências entre o conhecimento tradicional e empírico, ou seja, a acumulação
e o saber popular, com o conhecimento convencional-analítico, na perspectiva da
construção de um processo sistêmico, compartilhado, ético, democrático e integrado, e que
caminhe em direção a um modelo e à uma sociedade sustentável.
Nessa perspectiva, para a implantação e o estabelecimento de agroecossistemas
sustentáveis, torna-se fundamental a mudança nos componentes socioeconômicos que
determinam o que é produzido, como é produzido e para quem é produzido. Somente
políticas e estratégias baseadas nessas ações poderão fazer frente ao problema da miséria no
campo, à concentração de terra e renda e à crise agrícola-ambiental.
Público preferencial
POLÍTICAS PÚBLICAS
Reforma Agrária
Capra, F. (1982). The Turning Point. New York: Simon & Schuster.
Capra, F. A teia da vida: Uma nova compreensão científica dos sistemas vivos (1996).
Traduzido por Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix. 256p.
Freire, Paulo. Extensão ou comunicação? (1983). ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 93 p.
Klages, KHW (1928). Crop ecology and ecological crop geography in the agronomic
curriculum. J. Amer. Soc. Agron. 20:336-353
Restivo, S. (1988). Modern Science as a Social Problem. Social Problems, Vol. 35(3):206-
225.
Schmitz, Heribert (2005). Abordagem sistêmica e agricultura familiar. In: Mota, D. M. de;
Schmitz, H.; Vasconcelos, H.E.M (organizadores). Agricultura Familiar e Abordagem
Sistêmica. Aracaju, SE: Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção, pag. 19 –52.