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FICHAMENTO A TRADUÇÃO CULTURAL NOS PRIMORDIOS DA EUROPA

MODERNA / PETER BURKE E R. PO-CHIA HSIA (ORGS.); TRADUÇÃO roger MAIOLI DOS
SANTOS –SÃO PAULO: EDITORA UNESP, 2009.
CAPITULO 3: A LINGUA COMO MEIO DE TRANSFERÊNCIA DE VALORES CULTURAIS
– EVA KOWALSKÁ

Carlos Manuel Pinzon Amaya


UNILA – Letras, artes e mediação cultural

A premissa do historiador cultural do capitulo 1 sugere a relevância de cada elemento


que se estará a traduzir, assím como as consequentes ausências de alguns destes "aquilo
que não é traduzído para uma determinada língua pode ser tão significativo e revelador
como aquilo que é traduzido" pag. 61]

O papel do vernáculo para a Reforma do protestantismo se enfrentava ao afincado e


vetusto latim usado durante a liturgia, desvelando a posição da igreja na que "Havia uma
séria preocupação quanto aos leigos ou padres ignorantes lendo as Escrituras, ao mesmo
tempo em que se temia que traduções para o vernáculo pudessem mudar o sentido do
texto, usando metáforas impróprias." [pag.61]
"A ponte de partida básico da Reforma era o acesso às Escrituras como fonte da
verdadeira fé" [Pag. 62]
"Para os eslovacos étnicos, a Reforma não estimulou o vernáculo de maneira imediata e
inequívoca, como fez no caso dos alemães e húngaros, e não levou à identificação do
grupo étnico com sua língua falada (Bitskey, 1999). Estes fatos são interessantes não
apenas do ponto de vista da História da Religião, mas também do funcionamento da
língua, da transmissão de valores culturais e da formação das nações modernas, um
processo que começou nessa época" [pag. 62].
"Poderíamos dizer que os impulso para esse processo partiram da Igreja como instituição
e símbolo da unidade étnica. Todavia a filiação religiosa não teve como se tronar um
fator de unificação." (pag. 62)
Alhures a composição confessional da população europeia demandava que "o
alargamento, o reforço, ou a defesa da identidade confessional representava um valor
básico e realmente uma missão para os membros de uma determinada comunidade"
..."Isso levou a uma acentuada diferenciação entre o -luterano e católico - no quadro de
uma única unidade étnica, cada um deles mostrando forte identidade coletiva"[pag. 63]
"A língua também permitiu que a ideia de uma relação direta entre os eslovacos e os
tchecos penetrasse a consciência coletiva"[pag. 63]
A tradução e produção de textos litúrgicos dos eslovacos em sua própria língua em
relação à Reforma, permitiu difundir sua forma original, pois, "O ensino nas escolas
urbanas era ministrado inteiramente em latim" [pag. 63]
"os ensinamentos da Reforma foram recebidos incialmente em alemão e latim" [pag.
64]
"Os luteranos eslovacos étnicos frente a imposição do tcheco durante liturgia, era
ocasionado por "imprecisões na tradução teriam permitido a oponentes políticos laãr
dúvidas sobre a legalidade da comunidade confessional e negar-lhe o direto de existir"
[pag. 65]. Entretanto, não era apenas a política que influenciava a possibilidade ou
impossibilidade da tradução no final do século XVII e início do século XVII. A ortodoxia
religiosa e o tradicionalismo também tinham um papel na manutenção da situação
existente" [pag. 65]
""Desse modo, os mais antigos textos relacionados à crença religiosa produzidos em
vernáculo (de fato na língua tcheca) no Reino da Hungria só apareceram na segunda
metade do século XVI.." [PAG. 66]
" O texto da Bíblia como ponto de partida para o ensino era um importante meio para a
formação da vida e da identidade da comunidade confessional" [pag. 61] "As
necessidades culturais da elite social húngara já haviam estimulado o desenvolvimento
das belas-letras, de modo que já existia uma língua altamente culta que podia ser usada
na tradução da Bíblia para o húngaro" [pag. 67]
Segundo a comunidade luterana eslovaca no Reino da Bélgica "O que se considerava
importante era tornar disponível para o público geral um texto compreensível das
Escrituras" [pag. 67]
"Publicações não católicas eram drasticamente limitadas e chegaram mais ou menos ao
fim por volta de 1730." ... "Seu valor simbólico aumentou porque eles eram os únicos
recursos aprovados para a assim chamada prática privada da religião" [pág. 69]
".. Não era só a Bíblia que simbolizava a união e a integridade dos luteranos. A língua
em que ela era impressa adquiriu o mesmo valor "canônico"." ´[pag. 69]
"O elemento confessional, que ainda desempenhava um papel substancial na cultura,
contribui para a ênfase de outras tradições históricas" [pag. 70]
"A noção de língua como um símbolo de crença também foi reforçada no decorrer da
recatolização" [pag. 71] "Não houve, portanto, nenhuma tentativa de traduzir a Bíblia
inteira para o eslovaco até a primeira metade do século XVIII, e mesmo então ela ficou
sem publicação" [Pag. 71]
"Até o início do século XVIII, os membros do Estado político húngaro não se sentiam
comprometidos com uma identidade étnica" [pag. 72]
"A identificação dos luteranos com uma língua que era de fato estrangeira ou pelo
menos não compartilhada como um grupo étnico diferente, e que funcionava em vários
níveis de comunicação com a língua falada local, era tão forte que a assimilação maciça
de migrantes eslovacos pelo ambiente ao seu redor não ocorreu em regiões étnicas e
confessionalmente mistas..."´[pag. 73]
"As relações interconfessionais foram, portanto, um fator determinante no processo de
integração do grupo étnico eslovaco, em seu desenvolvimento como uma nação
moderna" [Pag. 73]

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