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Estudo 20 - Eclesiastes e Cântico dos Cânticos

Aspectos peculiares do viver

Texto bíblico - Eclesiastes 1 a 12 e Cântico dos Cânticos 1 a 8 Texto áureo - Ec 3.14 e Cc 8.7a

"Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente;


nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar, e isso Deus faz
para que os homens temam diante dele."
"As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo."

Introdução

Esses são dois dos livros mais emblemáticos da Palavra de Deus. Para muitos dos comentaristas
fica difícil compreender no plano editorial do Senhor Deus, o enquadramento que teria dado ele no seu
programa de revelação progressiva ao homem, sua criatura, a inserção de dois livros tão esquisitos,
perdoem-nos a aparente irreverência, ou pelo menos surpreendentes em suas abordagens como esses dois
de Salomão: Eclesiastes e Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão.

Guardemos sempre as palavras de Deus a Jó: "Quem és tu censurador, para indagar algo do Todo-
Poderoso?" - Sim, quem somos nós para ficar investigando o "por quê" da inclusão desses dois livros na
canonicidade bíblica. O Senhor tem propósitos desconhecidos ao homem... planos inatingíveis à
inteligência humana... visões do amanhã que olhos humanos nunca poderão vislumbrar. E assim, não
temos a capacidade sutil e a perspectiva histórica do Senhor, para perceber nas entrelinhas do livro que
ele escolheu tudo aquilo que ali está contido. Para os livros de Eclesiastes e Cântico dos Cânticos, na
visão divina que os elaborou, propósitos já se cumpriram no passado, planos estão se cumprindo no
presente, e visões entrevistas hoje se delinearão amanhã e na eternidade com plena nitidez aos nossos
olhos humanos e limitados.

Como já mencionamos havia no passado do Oriente uma preocupação muito grande quanto aos
fatos da vida e morte, bênção e maldição, sorte ou azar, riqueza ou pobreza, e muitos sábios daquela
época foram levados a investigar esses temas sob o prisma da filosofia, da teologia, da história, do
misticismo, da feitiçaria e mesmo da sabedoria popular. Existe um livro apócrifo, não registrado na
canonicidade judaica do Antigo Testamento, mas aceito no cânon da Septuaginta e depois pela igreja
Católica, chamado de Eclesiástico, onde muitas doutrinas e práticas dos hebreus são apresentadas e
discutidas. Isto apenas para evidenciar como o assunto era buscado na época em que foi escrito, muito
provavelmente no período interbíblico.

Para nós crentes ficam duas verdades evidentes para trazer-nos a imagem do porque desses dois
textos na Bíblia: primeiro em Eclesiastes, uma visão de um rei rico e feliz sobre o espírito cético e
pessimista do homem que não possui a fé em Deus. Não há outro texto na Bíblia em que o assunto seja
apresentado com tanta objetividade, pois no livro de Salmos este problema é mencionado também, mas
sob o prisma do homem que confia no Senhor. Segundo, em Cântico dos Cânticos, a visão do amor
íntimo, pessoal e mesmo carnal entre homem e mulher, criaturas de Deus, feitas uma para a outra, o
relacionamento central e único que deu origem a toda a humanidade e que por sua importância e
significado mereceria também da parte do Senhor um destaque especial como aqui acontece. Não há
outro livro na Bíblia que o contemple assim. Daí, o porque da inclusão desses dois livros na Bíblia, a
Palavra de Deus.

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I - Dados históricos e preliminares

Ambos os livros são atribuídos a Salomão. Em Eclesiastes 1.1 e depois 1.12,13, isto fica bem
claro. Em Cântico dos Cânticos em 1.1-5, e depois 3.7,9 e 8.11,12, mais uma vez tais confirmações
acontecem. Alguns comentaristas adicionam que tal como aconteceu em quase todos os demais livros, o
autor principal deve ter contado com a ajuda de alguns colaboradores na compilação e reunião de seus
pensamentos e ditos, pois seria impossível a homens como Moisés, Josué, Samuel, Davi e Salomão,
homens voltados para a ação e o trabalho terem tempo e habilidade talvez, para eles mesmos, escreverem
o registro de todos os fatos que cercaram e envolveram os seus dias. No caso especialmente de Salomão,
isto deve ter sido mais fácil ainda, pois sendo o rei Salomão, aquele em cujo tempo (985 a 945 a.C.) o
reino de Judá atingiu o seu apogeu, teria sido muito fácil dispor dos serviçais do templo, os levitas e
escribas para ajudarem e serem mesmo, encarregados de tais tarefas.

O título de Eclesiastes vem junto a um sub-título mesmo na Bíblia hebraica: "Eclesiastes ou o


Pregador". Esta palavra no hebraico (Eclesiastes / Qoheleth) tem exatamente este sentido de pregador ou
orador da Assembléia. Daí suporem os estudiosos que Salomão teria convocado a Assembléia dos judeus
para entregar os seus discursos de grande sabedoria. O nome Eclesiastes veio do grego da Septuaginta, já
Cântico dos Cânticos é o nome mais vinculado ao hebraico "shir hashirim" que deveria significar "o mais
excelente dos cânticos", e que em muitas versões portuguesas veio a tomar o nome de Cantares de
Salomão. Dentro das tradições judaicas, os Cantares eram lidos por ocasião da mais familiar das festas
hebraicas, a Páscoa, a mais importante das festividades dos judeus.

Ambos os livros foram preparados simultaneamente na corte real pelo tempo do reinado de
Salomão (985 a 945 a.C.), havendo alguns estudos que apontam para o período da restauração, quando
novamente o templo se reorganizou, para que os livros sofressem sua organização final. Para alguns
historiadores se em Eclesiastes não existem propriamente dúvidas quanto a sua integral autoria por
Salomão, quanto a Cântico dos Cânticos supõem alguns que alguns deles podem ter sido escritos para
Salomão, em função dos muitos casamentos que teve, e não propriamente escritos por ele.

II - Esboço básico do livro - Sua divisão

Poderíamos dizer que enquanto o livro de Eclesiastes é o livro que menciona as vicissitudes
humanas e a sua abrangência absoluta a todos em homens, o livro de Cântico dos Cânticos celebra o amor
romântico e conjugal, algo de muito significado para os povos orientais e especialmente o judeu que via
na consecução carnal produzida pelo casamento, a manifestação da bênção de Deus sobre a vida do casal
com o nascimento dos filhos e filhas.

O livro de Eclesiastes: O livro de Cântico dos Cânticos:

1. A presença da vaidade - 1.1 a 2.26; 1. A noiva suspira pelo noivo - 1.1 a 2.7;
2. Entendendo as épocas da vida - 3.1-22 2. Aprofunda-se a relação - 2.8 – 3.5;
3. Os males e atribulações atingem a todos - 4 a 6; 3. Elogios ao rei e ao casamento - 3.6 – 4.16;
4. Sofrimento. Os mistérios da vida - 7 a 9.10 4. O noivo ausenta-se e a noiva se lamenta – 5;
5. A excelência da sabedoria - 9.11 a 11.10; 5. A beleza da noiva - 6.1 a 8.4;
6. Conclusão. O dever do homem - 12.1-14 6. Conclusão – 8.5-14.

III - A visão global do texto

Os livros têm objetivos diversos e temas também diferentes. Enquanto o primeiro vem ao
encontro de harmonizar na vida o confronto entre o bem e o mal atingindo o homem em todo o seu viver
e a forma de comportar-se e conviver com tais injunções muitas vezes inteiramente alheias à sua vontade
e ao seu esforço, o segundo vem apenas celebrar aquilo que seria o momento mais exponencial da vida
humana, o clímax da união conjugal entre os dois sexos criados pelo Senhor, quando o amor os une e os
faz viajar por sentimentos de carinhos, renúncia, dádivas, entregas, sem nada querer em troca, pois para
isto ela e ele foram feitos.

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Eclesiastes começa por mostrar que a busca pelos bens terrenos não é causa básica de felicidade
para ninguém. Tudo isto é vaidade para ele, ou seja, coisas que podem ser alcançadas e aparentemente
trazer algum benefício pessoal, mas que no fundo não significam felicidade em toda sua extensão. O
escritor chega mesmo a mencionar que prazeres e riquezas não são sinônimos de felicidade. Nesta
digressão o autor nos ensina também que o homem deve aguardar tais coisas sabendo que para todas elas
existe um tempo próprio, determinado pelos planos de Deus e que os males e tribulações da vida devem
ser enfrentados como situações normais contra as quais devemos precaver-nos. Outrossim, evidencia que
se formos felizes em nossos trabalhos e aquinhoados com bênçãos por Deus, que desfrutemos delas com
gratidão e amor. Em face disto, chama a atenção para que entendamos as desigualdades da vida, como o
mistério dos atos de Deus que muitas vezes não podemos entender, mas devemos aceitar. Finaliza,
incentivando-nos todos a fazer o bem no tempo que temos, preparando-nos assim de forma positiva para a
velhice e o fim da vida física.

Já a visão do Cântico dos Cânticos é a do amor romântico entre noivos que colimam a união
matrimonial. Sabemos que na cultura judaica havia todo um ritual sobre isto. O Antigo Testamento e
mesmo o Novo Testamento nos dão a entender os simbolismos e cuidados com que eles ornavam e
celebravam o casamento. Era uma festa de 7 dias, com processionais da noiva e de suas amigas, do noivo
e seus amigos e toda uma festividade se desenrolando com cânticos, comes e bebes. Jesus participou de
um deles em Caná da Galiléia. Pois bem, para tal celebração, o povo judeu montou todo um ritual muito
bonito e significativo que o escritor sacro, o rei Salomão compôs em um poema de amor, onde celebra
esta conjugação corpórea do homem e da mulher que se amam e se unem pelo casamento, expressando
inclusive de maneira bem romântica, o desejo sexual que deve estar presente na vida de dois seres que se
amam.

IV - Os pontos principais em destaque

Vamos neste estudo, fazer uma diferença. Vamos tirar apenas do primeiro livro em análise os
pontos principais em destaque, deixando a sua melhor contextualização para o segundo:

1. A realidade imutável da vida: O rei mais sábio do mundo foi muito sagaz e inteligente em
colocar um texto como este em seus discursos. Realmente, as indagações do ser humano sobre as
contrariedades da vida, os problemas e as alegrias, são sempre uma indagação permanente ao homem em
todos os tempos, ontem, como hoje também. Uma realidade imutável na vida. "O que tem sido, isso é o
que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol."
(1.9).

2. A fugacidade dos bens terrenos: Outro aspecto muito prático que o livro de Eclesiastes nos
traz é quando nos ensina sobre a fugacidade dos bens terrenos. As coisas são passageiras. Nada da vida
terrena é permanente. O que hoje nos acomete de bom ou de ruim, pode transformar-se amanhã em algo
oposto àquilo de bem ou de mal que nos atinge agora. "Então olhei eu para todas as obras que as
minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo
era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol." (2.11).

3. O tempo de Deus: Um dos maiores desafios para o homem é saber aguardar que os seus
planos e desejos se realizem. Sempre queremos tudo para hoje e para agora. Eclesiastes nos ensina que
existe para tudo um determinado tempo. O tempo de Deus. Ele, mais do que ninguém sabe quando o
melhor pode chegar ao nosso viver. "Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe
pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isto Deus faz para que os homens temam diante dele."
(3.14).

4. As bênçãos e os sofrimentos atingem a todos: O homem se preocupa em preservar-se do mal.


Ele não deseja ser um "azarado", como mencionam alguns. Ou seja, esperar que sempre o pior suceda a
ele e só a ele. Não é bem assim. A Palavra de Deus nos ensina exatamente o contrário. Como servos de
Deus devemos fazer o melhor em nossa vida, certo de que ele, o Senhor, deseja para nós sempre o
melhor: "Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao
puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador;
ao que jura, como ao que teme o juramento... que a todos sucede ao mesmo." (9.2,3).

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V - Sua contextualização

Como mencionamos acima, fizemos os pontos principais em destaque com o livro de Eclesiastes,
deixando para o Cântico dos Cânticos, a sua melhor aplicação prática na contextualização agora:

1. O reconhecimento do amor conjugal: Estava faltando na Palavra de Deus um texto que


celebrasse o amor conjugal criado por Deus em Gênesis. Quando o Senhor ali disse que "serão uma só
carne", celebrando assim o casamento de Adão e Eva, ficou faltando a festa, o banquete. Salomão agora
em seus Cânticos escreve sobre esta festa. Uma celebração do amor conjugal, reconhecendo-o como
fundamental e maravilhoso para a felicidade de sua criatura, o homem... - "Eis que és formosa, ó amada
minha, eis que é formosa... - e a mulher... - "Eis que é formoso, ó amado meu, como amável és
também." (1.15,16).

2. A fidelidade conjugal: Uma das coisas mais degradadas pela sociedade moderna,
infelizmente, é a da existência do leito conjugal sem mácula. A fidelidade conjugal é algo descartável aos
olhos da mídia moderna. O casamento vem sofrendo os ataques mais cruéis do pecado, exatamente
naquele seu mais sublime e belo atributo: a fidelidade conjugal. A exclusividade que o texto a seguir nos
transmite, é o espírito puro e santo que o Senhor Deus deseja e espera no matrimônio cristão: "Eu sou do
meu amado, e o meu amado é meu." (6.3).

3. O amor heterossexual celebrado: Existe em certos textos de Cântico dos Cânticos uma
linguagem que poderíamos chamar mesmo de sensual ou erótica. Lembremo-nos que aos olhos de Deus o
amor sexual não é pecado, desde que compartilhado entre dois seres que se amam e se unem pelo
casamento. A beleza física do homem e da mulher, que se tornam atraentes entre os cônjuges é
perfeitamente compreensível pelo Senhor como o próprio texto nos demonstra: "O meu amado... suas
pernas são como colunas de mármore... ele é totalmente desejável..." "Os contornos das tuas coxas são
como jóias..." (5.10,15,15; 7.1). Este amor heterossexual é o que o Senhor espera de sua criatura que
saudavelmente ama o seu parceiro conjugal e não os desvios e descalabros que a homossexualidade tem
buscado fazer prevalecer nos tempos presentes com as paradas gays e de lésbicas invadindo as cidades.

4. A perenidade do amor conjugal: Uma das coisas mais belas na comunhão fraterna do ser
humano é a perenidade do amor conjugal. Pessoas que se amam e se casam e celebram bodas de prata, de
ouro, de brilhante, vivendo juntas par sempre. É um amor que não acaba nunca. Muda em seus aspectos
íntimos com a idade, com os filhos, os netos, a velhice, mas não perde a sua intensidade nem a sua
integridade, porque no plano de Deus..."as muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-
lo." (8.7)

Conclusão

Tudo contido na Palavra de Deus tem uma razão de ser. No plano de Deus, o verdadeiro autor do
livro, tudo tinha uma razão objetiva, lógica e permanente para ali aparecer. Assim devem ser vistos tanto
Eclesiastes como Cântico dos Cânticos. Havia um motivo divino para ali terem sido incluídos. E por isso,
somos nós abençoados de alguma forma com eles.

"Olho"
Para nós crentes ficam duas verdades evidentes para trazer-nos a imagem do porque desses
dois textos na Bíblia: primeiro em Eclesiastes, uma visão de um rei rico e feliz sobre o espírito cético e
pessimista do homem que não possui a fé em Deus. Não há outro texto na Bíblia em que o assunto seja
apresentado com tanta objetividade... Segundo, em Cântico dos Cânticos, a visão do amor íntimo,
pessoal e mesmo carnal entre homem e mulher, criaturas de Deus, feitas uma para a outra, o
relacionamento central e único que deu origem a toda a humanidade e que por sua importância e
significado mereceria também da parte do Senhor um destaque especial como aqui acontece. Não há
outro livro na Bíblia que o contemple assim.

Leituras diárias:
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
Ec 1 e 2 Ec 3 e 4 Ec 5 e 6 Ec 7 a 9 Ec 10 a 12 Cc 1 a 4 Cc 5 a 8

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