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O GOVERNO

DA IGREJA
Sumário

Tipos de governo da igreja......................................................7

Princípios de governo no Velho Testamento...........................19

Princípios de governo no Novo Testamento...........................25

A liderança no mover de Deus................................................37

Os benefícios de uma equipe ministerial................................45

O propósito de uma equipe ministerial..................................53

O espírito da equipe................................................................61

A mulher e o governo da igreja............................................. ,77

A disciplina na igreja........................................................... . 83

O perfil de um líder aprovado................................................95

O uso da autoridade 103


T ipos de governo da igreja

odos nós sabemos que precisamos de uma equi­


T pe se queremos ser bem-sucedidos. Até mesmo
a unidade mais básica da sociedade demanda um marido
que ame sua esposa e uma esposa que seja auxiliadora
idônea do seu marido.

Espero viver mais vinte ou trinta anos antes de partir deste


planeta. Quando esse tempo chegar, eu gostaria de pensar que
minha vida não foi vivida em vão. Espero deixar algo edificado
para a próxima geração. Não gostaria de deixar apenas um mo­
numento para lembrar os outros do tempo em que fui pastor.
Meu desejo é edificar o corpo de Cristo, que efetua o seu próprio
crescimento por meio de cada membro. Gostaria que a próxima
geração testemunhasse no futuro que esses foram bons dias,
mas que possam dizer que os seus dias serão ainda melhores.
O governo da igreja é um assunto de suma importância.
Toda a edificação da igreja depende do seu tipo de governo.
Portanto, precisamos ter clareza dos princípios que a Palavra
de Deus estabelece sobre esse assunto. Quando' lidamos com
o assunto do ministério na igreja local, precisamos ter uma
abordagem de absoluta sinceridade.
Não podemos ser superficiais, mas precisamos investigar
a Palavra de Deus a fim de conhecer o seu padrão para nós.
Também precisamos ter temor, porque o avanço da obra de
Deus depende de igrejas locais que possuam um governo bíbli­
co. Devemos deixar de lado nossa perspectiva pessoal e nossas
preferências humanas e nos submeter ao plano do Senhor.
Basicamente, há cinco formas de governo da igreja. Deve
haver pequenas variações desses cinco tipos. Todavia, para o
nosso entendimento, vamos nos deter numa breve explicação
de cada um deles.

1. O governo de um único homem ou episcopal


Esse tipo de governo é também conhecido como gover­
no episcopal. Essa é a forma de governo que encontramos na
maioria das igrejas independentes. Nessa forma de governo, o
pastor é o supremo governante que toma todas as decisões. Ele
estabelece os alvos sozinho e encoraja as pessoas a aceitarem sua
autoridade indispensável. Ele é a fonte de entusiasmo, energia,
novas idéias e programas da igreja.

Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que


os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob
seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade.
Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se
grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o
primeiro entre vós será servo de todos (Mc 10.42-44).

Certamente, essa é a forma de governo mais fraca e mais


perigosa. Existem legiões de tentações acompanhando esse tipo
de governo. Essa posição de proeminência, com poder auto­
crático para definir todas as práticas da igreja e uma liberdade
sem restrição alguma, pode causar prejuízos imensos à igreja.
A mentalidade de chefe pode trazer consequências desastrosas.
E quando o pastor naufraga, toda a congregação se vê jogada
no mar da decepção, cheia de agonia e tristeza. Muitos não
sobrevivem às águas de amargura em que são jogados.
Nestes dias, deveriamos mudar a expressão “igrejas inde­
pendentes” para “igrejas particulares”. A verdade é que muitas
igrejas se tornaram propriedade particular de seus pastores.
Creio que muitas igrejas têm experimentado um mover de
Deus em nosso país, mas, infelizmente, por causa de métodos
humanos, práticas mundanas, extremos, desequilíbrios e uso
inadequado do dinheiro, essas igrejas caíram na reprovação do
Senhor. E tudo isso aconteceu, em grande medida, por causa
do governo de um homem só.

Normalmente, esses pastores são intocáveis, agem sozi­


nhos, mas nunca sofrem sozinhos. Muita confusão e pessoas feri­
das são deixadas no caminho. O pior é que todas as igrejas locais
sofrem por causa do erro de uma que se tornou proeminente.

Nesse tipo de governo, todas as coisas estão muito bem


quando não há problemas, ou seja, qualquer sistema pode ser
bom em tempos de paz simplesmente porque o governo não é
tão fundamental em tempos de paz. Todavia, quando a tempes­
tade vem - e acredite, ela vem - , então descobrimos se a casa
foi edificada sobre a rocha. Esta é a razão por que precisamos
definir a visão bíblica do governo da igreja.

Pontos positivos
❖ E o modelo de governo que dá mais agilidade à igreja.
Tudo só depende da aprovação de uma pessoa. Assim,
não existe burocracia.
❖ O pastor decide fazer, quem vai fazer e o que vai ser
feito. Tudo é resolvido de forma rápida e ágil.
❖ Os casos de disciplina também são rapidamente resol­
vidos, trazendo a devida ordem à comunidade.
Pontos negativos
♦ > E desnecessário dizer que a concentração de poder na
mão de uma única pessoa é algo muito perigoso.
♦♦♦ Os erros do pastor podem desviar para sempre sua igre­
ja, uma vez que não há uma autoridade superior para
trazer o equilíbrio.
♦♦♦ Em caso de desvio de conduta pessoal do pastor, não
haverá ninguém para exortá-lo.
❖ Nos casos de haver injustiças na aplicação da discipli­
na, o membro da igreja ficará sem ter a quem recorrer,
prejudicado.
❖ Esse modelo também dá margem para perseguições de
oponentes, ainda que esses estejam com a razão, bem
como o beneficiamento e falta de disciplina para alia­
dos. Todos esses problemas são decorrentes do poder
absoluto de um pastor ou líder.

2. O governo congregacional ou democrático


Essa segunda forma de governo é também conhecida como
governo democrático da igreja. Em igrejas assim, todas as coi­
sas são decididas pelo voto da congregação. As pessoas votam
para decidir a cor da pintura do prédio e até para contratar ou
demitir pastores.
O pastor não tem um poder maior do que um membro
comum da igreja. Ele é simplesmente contratado pela igreja para
ensinar, pregar e administrar os rituais religiosos e sacramentos.
Esse tipo de governo faz o ministro completamente dependente
da vontade e ação dos membros.
O perigo dessa forma de governo é que o pastor tem a ten­
dência de pregar para agradar a maioria. Ele faz uma enquete
antes de pregar, em vez de buscar ouvir a voz de Deus e falar a
Sua palavra. Evidentemente, isso não acontece com roda con­
gregação que possui esse tipo de governo, mas é preciso dizer
que essa é uma possibilidade assustadora.

A história secular mostra as limitações desse tipo de de­


mocracia direta e absoluta. Não é por acaso que quase todas
as nações adotaram um tipo de governo republicano, onde a
democracia é representativa, e não direta. A história de Israel
mostra como a voz do povo e a voz dos profetas levantados
por Deus estiveram quase sempre em desacordo. Isso culmi­
nou na decisão do povo de ter uma monarquia em vez de
uma teocracia.

Disse o SEN H O R a Samuel: Atende à voz do povo em tudo


quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não
reinar sobre ele. Segundo todas as obras que fez desde o dia em
que o tirei do Egito até hoje, pois a mim me deixou, e a outros
deuses serviu, assim também o faz a ti. Agora, pois, atende à sua
voz, porém adverte-o solenemente e explica-lhe qual será o direito
do rei que houver de reinar sobre ele (1 Sm 8.7-9).

No decorrer dos anos, temos visto pastores feridos que


investiram anos de suas vidas em igrejas assim para serem despe­
didos no fim, numa assembléia de gente desamorosa. Quantos
pastores vivem mudando de uma cidade para outra simples­
mente porque congregações se cansaram deles. O resultado é
que os filhos desses pastores se tornam amargos e distantes do
evangelho. Também é terrível a tristeza de muitos pastores que
foram votados para fora do ministério.

No entanto, há um aspecto positivo nesse tipo de governo:


sua dedicação à autonomia da igreja local se opondo ao controle
externo e centralizado.
Pontos positivos
❖ Ninguém pode reclamar por não ter sido consultado
ou ouvido.
*t* Todos os membros têm direito a voto e a opinar sobre os
mais diversos assuntos da igreja. Isso acaba diminuindo
o grau de insatisfação da comunidade.

Pontos negativos
♦ > Em qualquer igreja, há pessoas maduras e pessoas ima­
turas, mas, nesse tipo de governo, todas podem votar.
A palavra de um novo convertido tem o mesmo valor
da palavra de um ancião. Esta é uma das maiores difi­
culdades desse regime de governo da igreja.
❖ A situação é muito constrangedora no caso de disciplina
de um membro. Nesse caso, não é raro a assembléia cair
no confronto direto entre pessoas e grupos.
❖ A morosidade na tomada de decisão complica muito o
processo de liderança.
❖ Como qualquer membro pode ser eleito, a liderança
pode tornar-se frágil e inexperiente.

3- O governo representativo ou presbiteriano


Esse tipo de governo tem sido também chamado de go­
verno presbiteriano. No entanto, o governo presbiteriano não
é realmente um governo de presbíteros, mas o governo de uma
diretoria que se qualifica como tal. Em geral, tais conselhos
são constituídos de um grupo de membros proeminentes de
homens de negócio que, entre outras coisas, é responsável por
contratar e demitir o pastor.
Normalmente, essa diretoria é eleita pelos membros da
igreja. Uma vez que uma de suas funções é manter o pastor em
linha, eles seguem uma série de normas e práticas que visam
proteger a igreja de uma liderança pastoral muito forte. A di­
retoria é responsável por tomar a maior parte das decisões da
igreja, gerir as finanças e viabilizar os projetos da congregação.
O trabalho do pastor se limita a pregar aos domingos e dirigir
os sacramentos e rituais religiosos.
Algumas vezes, os membros dessa diretoria são chama­
dos de presbíteros, mas a verdade é que são apenas homens de
negócio, e não presbíteros espirituais ou ministros ordenados.

Pontos positivos
❖ Esse tipo de governo está livre tanto dos perigos do
poder concentrado nas mãos de apenas uma pessoa
quanto da participação de pessoas imaturas numa de­
cisão democrática.
❖ Ele pressupõe que os homens mais preparados da
igreja são eleitos pelos membros em assembléia para
governá-la.
❖ A igreja é autônoma e livre para escolher seus represen­
tantes, baseada nas condições pré-estabelecidas na Bíblia
para a ordenação de um presbítero (o problema é que
só os mais proeminentes são eleitos).
❖ Em casos de disciplina de um membro, o conselho da
igreja tem condições de tratar o faltoso e aplicar-lhe a
pena necessária para trazê-lo de volta aos caminhos da
Palavra de Deus.
❖ Em caso de problemas com o conselho da igreja local, um
membro sempre pode recorrer a outro conselho superior.
❖ Isso diminui bastante a possibilidade de injustiças e erros
na condução da igreja local.

Pontos negativos
*1* Como a congregação não participa das decisões, isso
acaba dando margem para críticas ao conselho.
*1* Nesse tipo de governo, os processos se desenrolam de
forma muito lenta. Existe uma grande burocracia e o
pastor fica limitado pela diretoria.
♦♦♦ Normalmente, esses conselhos debatem os assuntos por
muito tempo até chegarem a um acordo. Existe muita
política entre grupos que compõem a diretoria.
♦♦♦ O pastor não pode tomar as decisões sozinho, e algumas
vezes é difícil conseguir reunir os membros da diretoria.
♦♦♦ Essa demora nas decisões poder dar uma impressão
de desgoverno e abandono da igreja, uma vez que
somente os membros da diretoria podem decidir os
rumos a serem tomados e quase nunca o fazem com a
agilidade necessária.
*t* Os membros da diretoria comumente não são homens
conhecedores da Palavra e nem cheios do Espírito o que
gera uma grande perda para a obra de Deus.

4 . O governo central
Nessa forma de governo, a igreja é controlada externa­
mente por uma diretoria regional ou nacional, ou por alguma
organização externa. Esse controle externo pode ser feito pelo
Estado - como em alguns países europeus - , por uma diretoria
denominacional, por um bispo ou por um supremo pontífice.
Nesse tipo de governo, náo podemos dizer que existe uma
igreja local autônoma como estamos acostumados a ver nos
outros tipos de governo. O pastor local é apenas um adminis­
trador dos programas, que são decididos e administrados por
uma diretoria externa.
Quando há um problema na igreja local, a diretoria regio­
nal ou nacional tem autoridade sobre a igreja local. Normal­
mente, essa autoridade acontece porque é dona do prédio da
igreja. Podem também remover o pastor e destituir a diretoria
da igreja de acordo com suas diretrizes.
Creio que podemos dizer que as denominações neopen-
tecostais brasileiras possuem um sistema de governo central
(Universal do Reino de Deus, Igreja do Poder de Deus e Igreja
da Graça). O pastor local não possui autonomia para fazer coisa
alguma e se trata mais de um funcionário do escritório central. A
igreja local não possui vida própria porque os membros apenas
participam de cultos e campanhas e não produzem nenhuma
atividade de forma independente.
Nesse tipo de governo, não existe o conceito de igreja
local autônoma, portanto ná.o vamos nos deter estudando
suas características.

5. O governo de uma equipe ministerial


Esse tipo de governo também pode ser chamado de
governo dos anciãos ou presbíteros. A maneira bíblica de
governar a igreja sempre envolve mais de um presbítero. O
governo nunca deveria ser de um homem ou de uma equipe,
mas liderado por alguém reconhecido pelos demais e indicado
pelo conselho apostólico.
Nesse tipo de governo, há muitos ministros trabalhando
no apascentamento da congregação. Juntos, como uma equipe,
eles ministram à igreja local para a qual foram chamados. Essa
forma de governo podería ser chamada também de equipe mi­
nisterial. A maneira mais bíblica é o governo representativo,
desde que os representantes não sejam escolhidos pelo povo.

Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o


seu galardão, segundo o seu próprio trabalho. Porque de Deus
somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento
como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada
um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro funda­
mento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (1 Co 3.8-11).

H á certa semelhança com o governo representativo, com a


diferença de que não há eleição de presbíteros pela congregação.
O pastor é colocado pelo conselho apostólico e os presbíteros
são discipulados e treinados pelo pastor. Uma vez constituídos
os presbíteros, juntamente com o pastor, eles formam o pres­
bitério da igreja.

Apesar de não haver uma eleição em assembléia, isso não


significa que a congregação não seja ouvida. Quando um pres­
bítero é indicado pelo pastor, qualquer membro pode apresen­
tar particularmente sua opinião sobre o candidato. Quando as
opiniões negativas são muitas, o pastor deve rejeitar o candi­
dato. A democracia não é bíblica, mas devemos estar atentos à
congregação. A sua concordância é vital para o avanço da obra.
Acima do presbitério local, existe um conselho apostólico
que serve de recurso para qualquer conflito que acontecer na
igreja local. Ele funciona também como uma espécie de recurso
superior no caso de algum membro insatisfeito com alguma de­
cisão ou risco de ensino errado. No Novo Testamento, a igreja
local é autônoma, mas os apóstolos tinham autoridade para
ordenar presbíteros e corrigir problemas doutrinários.
Cremos que essa é a forma de governo mais bíblica. Não é
uma forma de governo perfeita, mas é a que dá mais segurança
e permite um crescimento saudável da igreja.

Ponto positivos
❖ O presbítero não é eleito, mas é discipulado pelo pastor.
❖ Como não há eleição, não há o risco de pessoas imaturas
serem colocadas no presbitério.
❖ Somente são aceitos como presbíteros homens que pos­
suem um chamado e encargo ministerial.
❖ Todas as decisões são tomadas a partir de um consenso
de todos os presbíteros. Portanto, não existe o risco re­
presentando pelo governo de um só homem.
❖ Existe uma autoridade superior fora da igreja local que
pode corrigir eventuais desequilíbrios.
❖ Existe uma pluralidade na liderança de todas as áreas
da igreja local.
❖ Não há presbítero nominal que apenas toma decisões,
mas todos possuem encargo pelo apascentamento.

Ponto negativos
❖ O maior risco desse tipo de governo é o presbitério se
tornar subserviente ao pastor e não participar ativamente
das decisões. Como são discípulos, podem se sentir cons­
trangidos em discordar de alguma posição do pastor.
♦ > O pastor pode eventualmente pensar que sua autoridade
é maior que a do presbitério.
P rincípios de governo no
V elho T estamento

A unidade da família

N o princípio, Deus estabeleceu a família como


unidade básica, quando criou Adão e Eva.

Hoje, é possível um solteiro constituir uma família, mas,


no plano de Deus, isso somente acontece com a união de um
homem e uma mulher.

A ideia de Deus é que os filhos fossem criados por uma


equipe, o pai e a mãe. Parece razoável dizer que, se Deus orde­
nou uma equipe para uma unidade tão pequena como a família,
na qual as decisões envolvem um número pequeno de pessoas,
então Ele certamente estabeleceu que também uma equipe
governasse a Sua casa. Apesar de ser uma equipe, a mulher
reconhece a liderança do marido, tornando-se uma colíder na
família. Os presbíteros também funcionam da mesma forma
com o pastor sênior.

O exemplo de Moisés
Podemos encontrar na vida de Moisés três exemplos do
princípio da equipe ministerial. O primeiro é quando o Senhor
o envia a Faraó junto com Arão.
Ele falará por ti ao povo; ele te será por boca, e tu lhe serás por
Deus (Êx 4.16).

Moisés reconheceu sua limitada capacidade natural, por


isso o Senhor mandou que Arão fosse com ele. Arão supriría
Moisés naquilo que ele era mais fraco ou que lhe faltava. Paulo
e Barnabé são um exemplo desse mesmo princípio no Novo
Testamento (At 13.1-5).
O segundo exemplo na vida de Moisés acontece quando
ele segue o conselho de Jetro, que aponta outros para ajudá-lo
a carregar o peso da obra.

Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo,


disse: Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo
o povo está em pé diante de ti, desde a manha até ao pôr-do-
sol? Respondeu Moisés a seu sogro: E porque o povo me vem a
mim para consultar a Deus; quando tem alguma questão, vem
a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os
estatutos de Deus e as suas leis. O sogro de Moisés, porém, lhe
disse: Não é bom o que fazes. Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu
como este povo que está contigo; pois isto é pesado demais para
ti; tu só não o podes fazer. Ouve, pois, as minhas palavras; eu
te aconselharei, e Deus seja contigo; representa o povo perante
Deus, leva as suas causas a Deus, ensina-lhes os estatutos e as leis
e faze-lhes saber o caminho em que devem andar e a obra que
devem fazer. Procura dentre o povo homens capazes, tementes
a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos
sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta
e chefes de dez (Êx 18.14-21).

O terceiro exemplo está registrado no livro de Números.


Moisés se sentiu tão sobrecarregado com a obra que ele pediu
para que o Senhor o levasse. A resposta do Senhor foi levantar
setenta anciãos para ajudar a levar a obra.

Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado


demais. Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se
tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha
miséria. Disse o SEN H O R a Moisés; Ajunta-me setenta homens
dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes
do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que
assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do
Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a
carga do povo, para que não a leves tu somente (Nm 11.14-17).

A situação de esgotamento de Moisés tem sido a história


de muitos pastores. Precisamos entender e praticar o princípio
da equipe ministerial. Se Moisés, que falava com Deus face a
face, precisou de outros para ajudar, precisamos admitir que
também necessitamos.
É tolice tentar levar a igreja sozinho. A promessa de Deus
é de tirar do espírito que está sobre nós e colocar sobre nossa
equipe. A maneira como o Senhor faz isso é pelo discipulado.
Quando investimos em nossos discípulos, eles herdam da unção
que nós mesmos possuímos.

A parábola das árvores


Foram, certa vez, as árvores ungir para si um rei e disseram
à oliveira: Reina sobre nós. Porém, a oliveira lhes respondeu:
Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim pre­
zam, e iria pairar sobre as árvores? Então, disseram as árvores
à figueira: Vem tu e reina sobre nós. Porém, a figueira lhes
respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e
iria pairar sobre as árvores? Então, disseram as árvores à videi­
ra: Vem tu e reina sobre nós. Porém, a videira lhes respondeu:
Deixaria eu o meu vinho, que agrada a Deus e aos homens, e
iria pairar sobre as árvores? Então, todas as árvores disseram ao
espinheiro: Vem tu e reina sobre nós. Respondeu o espinheiro às
árvores: Se, deveras, me ungis rei sobre vós, vinde e refugiai-vos
debaixo de minha sombra; mas, se não, saia do espinheiro fogo
que consuma os cedros do Líbano (Jz 9.8-15).
Vou tomar a liberdade de tirar essa parábola fora do seu
contexto e usá-la para ilustrar um ponto importante. A lideran­
ça é algo vital para a edificação do corpo de Cristo. Muitos não
gostam da ideia de ter alguém acima de si, mas a Bíblia diz que
temos de obedecer aos nossos líderes, pois eles velam sobre nossa
alma (Hb 13.17). As árvores dessa parábola estavam procurando
alguém que as liderasse. Elas desejavam ungir um rei sobre elas.

A oliveira
Primeiramente, eles procuraram a oliveira, mas ela se recu­
sou a aceitar. A oliveira fala de unção, e poderiamos dizer que
ela representa o ministério do grande pregador.

A figueira
A figueira também recusou o convite. Alguns ministérios
estão tão envolvidos com a tranquilidade e a doçura de seus
estudos que se recusam se envolver na turbulência de liderar
outros. Creio que a figueira aponta para o ministério do mestre.

A videira
A videira também recusou o convite por causa do seu vi­
nho, que traz alegria. Este é aquele tipo de ministério focado
na alegria do Senhor. Talvez sejam grandes ministros de louvor.

O espinfieiro
O espinheiro rapidamente aceitou liderar as árvores.
Nos dias do Velho Testamento, o espinheiro era usado para
construir cercas para proteção contra animais selvagens. Essas
cercas eram particularmente usadas ao redor de apriscos para
proteger as ovelhas. Muitos pastores possuem o ministério de
proteger o rebanho.
O ponto central que quero enfatizar nessa parábola é que
diferentes indivíduos possuem diferentes ministérios necessários
na igreja local. Ter a igreja governada por apenas um homem
pode resultar em desequilíbrios.

A multidão de conselheiros
Três vezes se menciona a multidão de conselheiros no livro
de Provérbios.
Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de
conselheiros há segurança (Pv 11.14).

Onde não há conselho fracassam os projetos, mas com os muitos


conselheiros há bom êxito (Pv 15.22).

Com medidas de prudência farás a guerra; na multidão de con­


selheiros está a vitória (Pv 24.6).

Salomão, o homem mais sábio, considerou isso de extre­


ma importância, por isso repetiu o princípio três vezes. Só há
segurança no trabalho de uma equipe, porque somente numa
equipe temos uma multidão de conselheiros.

O cordão de três dobras


Salomão também mostrou a enorme vantagem de um
cordão de três dobras.

Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do


seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai,
porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levan­
te. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas
um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra
um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta
com facilidade (Ec 4.9-12).

A mensagem do Velho Testamento é bem clara: o melhor


caminho é a equipe ministerial. Algumas pessoas olham su­
perficialmente para a monarquia do Velho Testamento e pre­
sumem que ali existia o governo de um homem só, mas isso é
um equívoco. Mesmo nos dias da monarquia, nunca deixou
de haver um conselho de anciãos em Israel.

Tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos que esti­


veram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia,
dizendo: Como aconselhais que se responda a este povo? Eles
lhe disseram: Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires,
e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para
sempre (1 Rs 12.6-7).

Além disso, um rei nunca poderia ser um sacerdote, pois


o sumo sacerdote era um contrapeso para o excesso de auto­
ridade do rei. Quando o sacerdócio tornou-se corrompido, o
Senhor levantou o ministério dos profetas. Estes eram apenas
uma continuação do ministério sacerdotal e serviram sempre
de limite para o rei.
Cremos que há a necessidade de haver um pastor sênior numa
igreja local, mas sua autoridade precisa ser equilibrada com pres­
bíteros maduros que possam trazer a Palavra de Deus no tempo
oportuno. Não podemos admitir em nosso meio um pastor que
rejeita a autoridade do presbitério da igreja local. O presbitério ou
equipe ministerial são uma grande proteção para o corpo local.
Evidentemente, não queremos basear esse princípio numa
alegoria do Velho Testamento, por isso vamos ver o padrão claro
do Novo Testamento.
P rincípios de governo no
Novo T estamento

A Palavra de Deus nos mostra claramente que o


padrão de Deus é a equipe ministerial. Não o
governo de um só homem e nem o governo da maioria,
mas a liderança compartilhada de uma equipe.

Três grupos de pessoas


Na saudação de sua carta aos hlipenses, Paulo escreve para
três grupos de pessoas: os santos, os bispos e os diáconos.

Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo


Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos (Fp 1.1).

Observe que todos eles são mencionados no plural.

Os santos
Os santos são todos os crentes da igreja de Filipos. Não
são apenas um grupo selecionado, mas todos os irmãos que
compõem a casa de Deus.

Os diáconos
São aqueles encarregados de suprir as necessidades naturais
dos santos e trazer ordem para a casa de Deus. Como não é
nossa intenção tratar do trabalho dos diáconos hoje, não vamos
nos deter no seu ministério.

Os presbíteros ou bispos
Um dos problemas que temos hoje é a quantidade de títu­
los entre os cristãos usados para descrever o ministério: carde­
ais, arcebispos, bispos, presbíteros, pastores, superintendentes,
supervisores, anciãos, papas, vigários, sacerdotes e reverendos.
Como resultado, existem uma variedade de posições e um nú­
mero de hierarquias que foram desenvolvidas.
Na Bíblia, Deus usa muitas palavras diferentes para des­
crever a mesma coisa. Por exemplo, Ele usa cerca de setenta
palavras para descrever a igreja. A mesma coisa acontece com os
ministros da igreja. Há diferentes palavras no grego, mas todas
elas descrevem a mesma coisa. Precisamos ser cuidadosos porque
alguns tomam a palavra “bispo” e constroem uma hierarquia
de bispos na igreja. Outros tomam a palavra grega traduzida
como “anciãos” ou “presbíteros” e constroem uma hierarquia
com base nessas palavras. E há ainda os que escolhem a pala­
vra “pastor” e estabelecem igrejas tendo pastores como líderes.

Vários nomes para descrever o ministério


No Novo Testamento, muitas palavras são usadas para
descrever o ministério na igreja local. Algumas dessas palavras
eram também nomes comuns para ministros nas sinagogas e
até para funções do governo.

Ancião ou presbítero
A palavra “ancião” era uma palavra com a qual os primeiros
cristãos estavam familiarizados por causa da sua origem judaica.
Anciãos eram usados desde os dias de Moisés (Nm 11.16). An­
ciãos acompanharam Josué na conquista da terra (Js 7.6). O
Sinédrio era constituído de anciãos (Mt 26.3). E cada sinagoga
era liderada por anciãos.

Quando os apóstolos escreviam para as igrejas locais, era-


lhes natural escreverem para os anciãos. Estes eram homens que
tinham uma posição reconhecida e que eram encarregados de
supervisionar a cuidar dos demais irmãos da igreja. Os apósto­
los não apenas escreveram para os anciãos, mas eles mesmos se
identificavam como tais.

Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como
eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-partici-
pante da glória que há de ser revelada (1 Pe 5.1).

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja,


e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome
do Senhor (Tg 5.14).

O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na


verdade, e não somente eu, mas também todos os que conhecem
a verdade (2 Jo 1).

O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade (3 Jo 1).

Nos escritos de Pedro e João, o ofício dos anciãos é tomado


como algo já comum, que já havia se tornado uma instituição
aceita de maneira geral nas igrejas.

A palavra “presbítero” traduzida como “ancião” simples­


mente significa “alguém mais velho, maduro, idoso”. No primei­
ro século, era algo natural para a igreja manter os mesmos títulos
que lhes eram familiares no Velho Testamento e nas sinagogas.
Bispo
A palavra episkopoi é traduzida como “bispo” em nossas
Bíblias (At 20.28; Fp 1.1; 1 Tm 3.2; T t 1.7; 1 Pe2.25). Este era
um título oficial entre os gregos que designava o governador de
uma nova colônia. Tinha a conotação de governo e supervisão.
Paulo usa esse termo quando escreve para as igrejas entre
os gentios. Filipos ficava na Macedônia, Timóteo estava em
Efeso e Tito ministrava em Creta. Ele parece ter adaptado sua
comunicação para a terminologia comum entre os gentios. Por
isso, podemos dizer que era um sinônimo para ancião.
Pedro nos mostra que “ancião” e “bispo” eram palavras
sinônimas que se aplicavam às mesmas pessoas.

Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como
eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-parti-
cipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de
Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas esponta­
neamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de
boa vontade (1 Pe 5.1-2).

Observe que Pedro era um apóstolo, mas aqui ele diz


que também era um presbítero ou ancião. A palavra “ancião”
descreve o homem, mas “apóstolo” descreve seu trabalho no
ministério. Pedro também se coloca na mesma posição dos
demais presbíteros. Ele parece estar escrevendo para iguais, e
não como alguém superior.
Paulo deixa isso mais claro quando escreve para Tito para
que ele constituísse presbíteros em Creta. Ele mostra claramente
que “presbítero” e “bispo” são a mesma coisa.

Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem


as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescreví: alguém que seja irrepreensí­
vel, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não
são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Porque é
indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro
de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem
violento, nem cobiçoso de torpe ganância; antes, hospitaleiro,
amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de
si, apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo
que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para
convencer os que o contradizem (Tt 1.5-9).

Certamente, as palavras “bispo” e “presbítero” se referem


ao mesmo ministério. Eles funcionavam como pastores do re­
banho. Essa mesma ideia está em Atos 20. Paulo manda chamar
os presbíteros de Éfeso e, quando os exorta, diz que eles eram
bispos. Isso mostra que “ancião”, “presbítero” e “bispo” são to­
dos a mesma pessoa. Ancião e presbítero descrevem a pessoa,
e bispo descreve sua função no ministério.

De Mileto, mandou a Efeso chamar os presbíteros da igreja (At


20.17).

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Es­


pírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de
Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue (At 20.28).

Pastor
A palavra “pastor” é a tradução da palavra grega poimen.
Essa palavra é usada dezoito vezes no Novo Testamento. Em
quinze ocorrências, ela é traduzida como “pastor de rebanho”,
especialmente nos evangelhos. Em duas vezes, refere-se ao Se­
nhor Jesus (Hb 13.20; 1 Pe2.25). Somente uma vez é traduzida
como pastor no sentido que usamos na igreja (Ef 4.11).
O verbo poimaino é traduzido como “pastorear” e aparece
dez vezes em nossas Bíblias. Dessas, três vezes tem o sentido
de “pastorear o rebanho de Deus” (Jo 21.16; At 20.28; 1 Pe
2.5). A palavra que usamos para nos referir ao ministro como
“pastor” era completamente desconhecida pela igreja primitiva.
A palavra “pastor” nunca é usada para se referir a um ministro
no Novo Testamento, exceto quando se refere ao Senhor Jesus.
No entanto, está claro que a função de pastorear está sobre os
ombros dos anciãos, presbíteros ou bispos. A palavra “pastor”
aponta para a função desses anciãos.

Quem eram os presbíteros


Apesar de a palavra “ancião” ter o sentido de idoso, eles
não eram necessariamente idosos, eram apenas mais experientes.
Também é preciso enfatizar que os presbíteros eram homens
espirituais e ministros ordenados. Eles eram homens separados
para a liderança espiritual no corpo de Cristo. Eles não eram
homens de negócio ou gente bem-sucedida que controlavam a
igreja, mas eram homens chamados por Deus. Talvez tivessem
que trabalhar para se manter, como Paulo fez, mas eles certa­
mente tinham um encargo ministerial.

A pluralidade dos presbíteros


Um fato claro nas Escrituras é que havia mais de um pres­
bítero em cada igreja local. Havia uma pluralidade na lideran­
ça da igreja. Eles se constituíam numa equipe ministerial, na
qual cada um subordinava seu interesse pessoal e sua opinião
à unidade e eficiência do grupo. Como companheiros, cada
um desempenhava sua função no cuidado do rebanho. Paulo
diz claramente que alguns anciãos se afadigavam no ensino e
outros presidiam (1 Tm 5.17).
O presbitério de uma igreja local era um grupo de anci­
ãos espirituais que supervisionavam a casa de Deus. Apesar de
não definir um número, o Novo Testamento sempre coloca a
palavra “presbítero” no plural.

Os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram


enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia; o que eles,
com efeito, fizeram, enviando-o aos presbíteros por intermédio
de Barnabé e de Saulo (At 11.29-30).

E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros,


depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor em
quem haviam crido (At 14.23).

Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja,


pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus
fizera com eles (At 15.4).

Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a


igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamente
com Paulo e Barnabé, a Antioquia: foram Judas, chamado
Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos (At 15.22).

Ao passar pelas cidades, entregavam aos irmãos, para que as


observassem, as decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros
de Jerusalém (At 16.4).

De Mileto, mandou a Efeso chamar os presbíteros da igreja (At


20.17).

No dia seguinte, Paulo foi conosco encontrar-se com Tiago, e


todos os presbíteros se reuniram (At 21.18).

Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários


os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se
afadigam na palavra e no ensino (1 Tm 5.17).
Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja,
e estes façam oração sobre ele., ungindo-o com óleo, em nome
do Senhor (Tg 5.14).

Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como
eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-partici-
pante da glória que há de ser revelada (1 Pe 5.1).

Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem


as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescreví (Tt 1.5).

Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra


de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai
a fé que tiveram (Hb 13.7).

Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois
velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que
façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita
avós outros (Hb 13.17).

Saudai todos os vossos guias, bem como todos os santos. Os da


Itália vos saúdam (Hb 13.24).

H á somente duas exceções quando o plural não é usado. A


primeira está em 1 Timóteo 3.2 e em Tito 1.7. Aqui Paulo está
dando as qualificações de um ancião. A segunda exceção está
em 2 João 1 e 3 João 1, onde João se apresenta como presbítero.
Atos 13.1 é um exemplo maravilhoso de uma equipe mi­
nisterial na igreja de Antioquia. Ali vemos como o ministério
de cada um era reconhecido. Entre os presbíteros de Antioquia,
havia alguns que eram profetas e outros que eram mestres.

A liderança do presbitério
A liderança do presbitério é uma questão que envolve dois
aspectos. Em primeiro lugar, o Senhor advertiu os discípulos a
respeito de hierarquia e governo na igreja.
Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso
Mestre, e vós todos sois irmãos. A ninguém sobre a terra chameis
vosso pai; porque só um é vosso Pai, aquele que está nos céus.
Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo.
Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se
exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será
exaltado (Mt 23.8-11).

A vontade do Senhor é que, dentro da igreja, nenhuma


pessoa dominaria as demais, mas seríamos todos irmãos. Preci­
samos reconhecer que hierarquias estão fora da vontade de Deus
para nós. No entanto, isso não significa que não haja liderança.
Na equipe de presbíteros, há diferentes dons e habilidades que
resultam em diferentes responsabilidades, mas todos os pres­
bíteros são iguais como cooperadores da obra.

O pastor presidente
O que podemos dizer da função de pastor presidente ou
pastor sênior, como são chamados hoje? Eles são realmente
necessários? Eu creio que a resposta é sim. Eles são necessários
e até vitais para o bom andamento da obra. A ideia de plurali­
dade de presbíteros não retira a necessidade do reconhecimento
de um sênior.
A sabedoria nos ensina que toda discussão precisa de um
moderador, de um líder. Em toda família, há a necessidade de
um pai para dar ordem dentro da casa. Assim, todo presbité­
rio precisa de um pastor para liderá-lo. Ele é o primeiro entre
iguais. Sua função principal é fazer com que tudo funcione
apropriadamente. Isso, porém, não significa que o pastor deva
dominar sobre a equipe e sobre a igreja. João escreveu a respeito
de alguém que amava a posição de proeminência.

Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer


a primazia entre eles, não nos dá acolhida (3 Jo 9).
Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém
não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam
fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros
dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem
movê-los. Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de
serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alon­
gam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e
as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o
serem chamados mestres pelos homens (Mt 23.3-7).

O pastor presidente náo é um chefe que dirige todos os


outros com mão de ferro, dizendo como cada coisa deve ser
feita. Ele não é o técnico do time, mas o capitão que joga junto
com os demais jogadores. Ele deve servir a equipe moderando,
equipando, coordenando, encorajando, avaliando, motivando,
exortando e fazendo tudo o que for preciso para que ela fun­
cione em harmonia.
Precisamos avançar para acabar com qualquer ideia de
hierarquia entre nós. Todavia, precisamos ter sabedoria. Não
podemos cair no extremo de pastores ditatoriais e intocáveis
que tomam a igreja como sua propriedade particular, mas de­
vemos também evitar acabar com a função do pastor sênior, o
que significa que não havería ninguém responsável pelo bom
andamento do trabalho.
A igreja primitiva seguiu o mesmo padrão das sinagogas
judaicas. Nas sinagogas, a autoridade nos casos normais estava
nas mãos de um grupo de anciãos. O Salmo 107 menciona o
conselho dos anciãos.

Exaltem-no também na assembléia do povo e o glorifiquem no


conselho dos anciãos (SI 107.32).

O número mínimo desse conselho era de três anciãos. Se


não houvesse o número suficiente de anciãos qualificados, en­
tão um mestre da sinagoga podería presidi-la, mas não podia
tomar decisões que envolvesse doutrinas ou práticas, pois não
havia outros anciãos com ele.
Cada conselho dos anciãos tinha um presidente vitalício, o
qual poderia ser removido momentaneamente ou permanente­
mente em caso de pecado. Como presidente, ele estava sujeito
ao conselho dos anciãos, que poderiam removê-lo da sua função.
No início da igreja, parecia normal aos irmãos seguir o
sistema de governo das sinagogas: pluralidade de anciãos com
um presidente responsável. Tiago parece que era o sênior dos
anciãos de Jerusalém (At 15.13). Parece também que João era
um ancião sênior na igreja da Ásia menor (2 Jo 1). Mas o padrão
era que eles não agiam de forma independente do conselho de
anciãos ou presbitério. No fim do concilio de Jerusalém, a carta
enviada às igrejas foi feita em nome dos apóstolos, presbíteros
e irmãos.

Escrevendo, por mão deles: Os irmãos, tanto os apóstolos como


os presbíteros, aos irmãos de entre os gentios em Antioquia, Síria
e Cilícia, saudações (At 15.23).

A equipe ministerial não é um novo esquema para que o


pastor tradicional divida os trabalhos do ministério. Antes, é
uma forma de governo bíblica que os apóstolos implementaram
em todas as igrejas, as quais, juntas, conquistaram o mundo
daqueles dias. É a maneira mais segura de termos uma edifica­
ção genuína da igreja local.
A LIDERANÇA NO MOVER
de D eus

U ma vez que estamos falando da necessidade


de estabelecermos uma equipe ministerial,
ou seja, um presbitério de governo em cada igreja local,
precisamos deixar claro alguns princípios espirituais.
Esses princípios se aplicam não somente ao presbitério,
mas também à atuação dos supervisores e do próprio
conselho apostólico.

1. A liderança do Espírito pode fluir de


diferentes membros da equipe
A liderança do Espírito não é permanente ou organiza­
cional; antes, depende do fluir da unção. Aquele com a maior
capacidade espiritual é o líder em determinada situação. Em
um momento, essa capacidade pode estar com certo irmão,
mas, em outro, pode estar com um irmão diferente. A equipe
precisa ser humilde e sensível para perceber quando o Espírito
está fluindo através de determinado membro da equipe.

No Dia de Pentecostes, a maior capacidade estava com


Pedro, mas em Atos 15, ela estava com Tiago. A relação
entre Barnabé e Paulo ilustra esse princípio.
E servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:
Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho
chamado (At 13.2).

Aqui, vemos que Barnabé é mencionado antes de Paulo


(Saulo). Contudo, quando eles estavam em sua missão, Paulo
espontaneamente assumiu a liderança (At 13.9), pois ele tinha
maior capacidade espiritual. Foi Barnabé quem levou Paulo à
Antioquia, e enquanto estavam juntos em Antioquia, ele assu­
miu a liderança, mas Barnabé não discutiu com Paulo quando
este tomou a liderança na missão.

No entanto, quando houve uma discussão entre eles a res­


peito de João Marcos, lemos que se separaram, mas a partir desse
ponto, não se menciona mais Barnabé no livro de Atos. Creio
que o mover estava com Paulo, e quando Barnabé resolveu se
separar, ele saiu desse mover. A liderança da obra precisa estar
sempre com aquele que possui a palavra e a direção inspirada
do Espírito de Deus.

2. O objetivo da equipe ministerial é ouvir o


Espírito
Em Atos 16.9-10, Paulo e sua equipe procuraram juntos
entender a direção do Espírito.

E, percorrendo a regiáo frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo


Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia,
tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade. À noite, sobre­
veio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em
pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. Assim
que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele
■ ............

destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes


anunciar o evangelho (At 16.6-10).

Gosto desse texto porque ele mostra a necessidade de


conhecer a direção do Espírito para exercermos a liderança.
Somos habituados a pensar que a liderança da obra é do líder,
mas o objetivo de toda equipe é ouvir o Espírito. Só há liderança
quando o Espírito fala. Quando a voz do Espírito é liberada, é
preciso haver uma percepção de todo o grupo. Veja o exemplo
de Paulo que, mesmo tendo o sonho, foi necessário que o grupo
concluísse que aquele era um sonho dado por Deus.

Precisamos cuidar para sermos uma equipe espiritual capaz


de perceber o fluir do Espírito na vida uns dos outros. Muitas
vezes, reunidos com o meu presbitério local, nós percebemos
quando alguém fala algo e aquilo é a voz de Deus. Imediata­
mente, nos submetemos, e por isso temos prosperado.

O sucesso de qualquer equipe é justamente essa capacida­


de de ser liderado pelo Espírito. O sucesso de uma igreja local
não é fruto da capacidade natural de seus líderes. Algumas
vezes, trata-se de homens simples e limitados, mas que foram
capazes de perceber a direção do Espírito. Esse é o segredo
de todo sucesso.

3 . O consenso e a unanimidade devem ser o


padrão da equipe
A decisão do concilio de Jerusalém foi baseada na unani­
midade de todos os apóstolos e presbíteros. A decisão não foi
tomada pela votação com maioria simples, mas tudo foi feito
com a unanimidade gerada pelo Espírito.
Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a
igreja, tendo elegido homens dentre eles, enviá-los, juntamen­
te com Paulo e Barnabé, a Antioquia: foram Judas, chamado
Barsabás, e Silas, homens notáveis entre os irmãos, escrevendo,
por mão deles: Os irmãos, tanto os apóstolos como os pres­
bíteros, aos irmãos de entre os gentios em Antioquia, Síria
e Cilícia, saudações. Visto sabermos que alguns que saíram
de entre nós, sem nenhuma autorização, vos têm perturbado
com palavras, transtornando a vossa alma, pareceu-nos bem,
chegados a pleno acordo, eleger alguns homens e enviá-los a
vós outros com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens
que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cris­
to. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais pessoalmente
vos dirão também estas coisas. Pois pareceu bem ao Espírito
Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas
essenciais (At 15.22-28).

Evidentemente, devemos observar se há presbíteros en­


tre nós que desejam apenas fazer prevalecer a sua opinião por
causa do seu orgulho e vaidade. Esse princípio somente pode
ser aplicado se o presbitério é espiritual. Assim, não devemos
nos apressar a fazer algo enquanto não houver unanimidade
dentro do grupo.

4- Seguimos uma visão e um ensino,


não um liomem
A autoridade está na revelação da Palavra de Deus para o
mover atual. Essa palavra sempre estará de acordo com o ensino
apostólico do Novo Testamento. Assim, a autoridade na igreja é
do ensino. Um membro do conselho apostólico possui apenas
a autoridade do ensino apostólico que ele sustenta.
A autoridade também vem da vida e da unção do Espí­
rito. Sempre que há unção e há o ensino apostólico do Novo
Testamento, teremos autoridade à frente da obra de Deus. A
liderança é sempre de uma visão que define o ministério. Toda
visão deve ser de acordo com o ensinamento dos apóstolos.

5 . A autoridade apostólica não é para


controlar as igrejas
A palavra e a visão dos apóstolos é que possuem autorida­
de. Se as igrejas e os santos estão caminhando de acordo com a
palavra, então os apóstolos não têm autoridade para controlar
as igrejas. Mas, se uma igreja perde a visão ou é enganada, então
os apóstolos têm a obrigação e responsabilidade de tratar com a
situação e trazer a igreja local de volta ao trilho do ensino bíblico
do Novo Testamento. A autoridade dos apóstolos é espiritual e
está no seu ministério da palavra.

6. A liderança apostólica não é para


controlar os ministros
No Novo Testamento, algumas vezes Paulo disse aos seus
cooperadores para irem a certos lugares (1 Co 4.17) ou per­
manecer em outros (Tt 1.5). Ele fez isso apenas com aqueles
ministros que eram seus filhos espirituais.
Ninguém deve ter qualquer controle sobre a obra do Se­
nhor e sobre seus ministros. Muitos temem que o conselho
apostólico comece a mexer com os pastores locais ignorando a
direção do Espírito na vida deles. Mas essa não é a nossa visão
e nem a nossa prática.
A liderança no Novo Testamento reside principalmente
nos ensinamentos dos ministros, nunca numa posição or­
ganizacional. Em Atos e nas epístolas, Pedro e Paulo foram
os líderes, mas na maior parte, eles não enviaram ninguém
a nenhum lugar para a obra. Todos os obreiros que saíram
foram enviados pelo Espírito Santo. Atos 13 nos diz que
Barnabé e Saulo foram enviados pelo Espírito Santo (v. 4)
aos gentios.

Todavia, quando se tratava de sua equipe e de filhos es­


pirituais, como Timóteo e Tito, Paulo mandou que fossem
a certos lugares fazer certas coisas (1 Co 4.17; T t 1.5). Ele
exortou a ambos para virem até ele, e eles receberam essas
ordens (2 Tm 4.9; T t 3.12). No entanto, em 1 Coríntios
16.12, Paulo diz:

Acerca do irmão Apoio, muito lhe tenho recomendado que fosse


ter convosco em companhia dos irmãos, mas de modo algum
era a vontade dele ir agora; irá, porém, quando se lhe deparar
boa oportunidade.

Paulo queria que Apoio fosse ver os coríntios pessoalmente.


Ele não disse que enviou Apoio, mas que estava recomendado.
Apesar de Paulo tê-lo recomendado, Apoio ainda tinha a liber­
dade, a autonomia para não fazê-lo, e ele não fez o que Paulo
queria. Esse versículo é uma prova de que Paulo não exercitava
qualquer controle sobre a obra do Senhor. Ele era o líder no
mover de Deus no Novo Testamento, mas não comandava os
cooperadores para fazer as coisas.

Pedro e Paulo não eram tão exigentes na questão do mo­


vimento dos cooperadores. Se eles recomendavam um obreiro
para fazer algo e esse sentia que não deveria fazê-lo, não havia
problema. Mas todos os apóstolos eram muito firmes no zelo
do ensinamento apostólico.

Em 1 Timóteo 1.3-4, Paulo recomendou Timóteo para


permanecer em Éfeso, a fim de exortar alguns a não ensinarem
diferentemente do ensino do Novo Testamento. O apóstolo
João já idoso, em sua segunda epístola, disse aos santos para não
receber ninguém que trouxesse um ensinamento diferente de
Cristo (w. 9,10). Esses são alguns exemplos de que a autoridade
apostólica é principalmente para guardar o ensino bíblico. Se
uma igreja se desvia, eles agem imediatamente.
OS BENEFÍCIOS DE UMA
EQUIPE MINISTERIAL

1. Um ministério pleno

A plenitude do ministério está no corpo. Quando


somos uma equipe, podemos ver a beleza do
corpo atuando. Quando temos ministérios diferentes
trabalhando juntos, ali temos um ministério completo.

E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção


do dom de Cristo (Ef 4.7).

E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para pro­


fetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,
com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do
seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11-12).

Em algumas ocasiões, apóstolos e profetas são mencio­


nados juntos no Novo Testamento, como em Efésios 2.20 e
Apocalipse 18.20. Profetas tendem a ser mais visionários. Nor­
malmente, eles atuam nos lugares celestiais, apóstolos são mais
práticos e lidam com os problemas com direções pragmáticas.
Mas, quando estão juntos, eles se completam.

Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como
bons despenseiros da multiforme graça de Deus (1 Pe 4.10).
2. Um ministério variado
A liderança de Antioquia era múltipla, possuía diversos
profetas e mestres que governavam. O mesmo princípio pode
ser visto no envio de Paulo e Barnabé, que foram enviados
em dupla, e ainda temos João Marcos, que foi adicionado à
equipe apostólica. A liderança em Antioquia era diversificada
e heterogênea:
*1 * Barnabé - Levita natural de Chipre. Provavelmente, era
um homem rico e bem-sucedido.
*t* Simeão, o Niger - O sobrenome “Niger” significa “ne­
gro”. Provavelmente ele era africano. Seu nome era ro­
mano, o que indica que pertencia à sociedade romana.
Alguns acreditam que se trata de Simão, o cirineu, que
carregou a cruz de Cristo (Mc 15.21).
*!• Lúcio de Cirene - Provavelmente havia fugido para An­
tioquia para se salvar da perseguição em Atos 11.19-20.
*t* Manaém - Era da classe alta e fora irmão de leite de
Herodes, o tetrarca, aquele que matou João Batista.
♦♦♦ Saulo de Tarso - E mencionado por último possivel­
mente por ser o menos importante entre os líderes.
Creio que a parábola das árvores mencionada em Juizes
9.8-15 é também um bom exemplo de um ministério variado.
As árvores dessa parábola estavam procurando alguém que as
liderasse. Desejavam ungir um rei sobre elas. Primeiramente,
procuraram a oliveira. A oliveira fala de unção, e poderiamos
dizer que ela representa o ministério do grande pregador.
Como a oliveira recusou o convite, elas procuraram a fi­
gueira, que também recusou. Creio que a figueira com os seus
frutos doces simboliza o ministério do mestre. Depois disso, as
árvores convidaram a videira. Esse é aquele tipo de ministério
focado na alegria do Senhor. Creio que são os grandes minis­
tros de louvor.

Por fim, elas procuraram o espinheiro. O espinheiro rapi­


damente aceitou liderar as árvores. Eu gostaria de colocar um
lado positivo do espinheiro. Nos dias do Velho Testamento, o
espinheiro era usado para construir cercas para proteção contra
animais selvagens. Essas cercas eram particularmente usadas ao
redor de apriscos para proteger as ovelhas. Creio que o espi­
nheiro aqui pode simbolizar o ministério do pastor que tem o
trabalho de proteger o rebanho.

O ponto central que quero enfatizar nessa parábola é


que diferentes indivíduos possuem diferentes ministérios
que são necessários na igreja local. Ter a igreja governada por
apenas um ministério pode resultar em desequilíbrios. Você
pode achar que o pior desequilíbrio é ser liderado por um
espinheiro, mas qualquer das outras árvores sozinha podería
produzir grandes problemas.

3. Acelera o potencial
Evidentemente, uma equipe ministerial acelera a produti­
vidade e produz sinergia. Mais trabalho pode ser feito quando
temos um grupo trabalhando junto do que ter os membros desse
mesmo grupo trabalhando isoladamente. Uma corda sozinha
pode levantar 100 Kg, mas duas cordas tracionadas juntas po­
dem levantar seis vezes mais. Isso é chamado de sinergia.

Perseguireis os vossos inimigos, e cairão à espada diante de vós.


Cinco de vós perseguirão a cem, e cem dentre vós perseguirão
a dez mil; e os vossos inimigos cairão à espada diante de vós
(Lv 26.7-8).
Como poderia um só perseguir mil, e dois fazerem fugir dez
mil, se a sua Rocha lhos náo vendera, e o SEN H O R lhos não
entregara? (Dt 32.30).

Creio que o Senhor estava falando também de uma equipe


ministerial quando estabeleceu o princípio da oração de con­
cordância. Se formos genuinamente um presbitério unido, não
haverá restrição para o que intentarmos fazer.

Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a


terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura,
pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali
estou no meio deles (Mt 18.19-20).

4- Reafirma a verdade
A verdade só é estabelecida quando ela é reiterada e reafir­
mada. Para que um ensino seja firmado numa congregação, é
preciso ter a confirmação e o amém de mais de um líder.

Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer


iniqüidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer;
pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá
o fato (Dt 19.15).

Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas,
para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda
palavra se estabeleça (Mt 18.16).

Esta é a terceira vez que vou ter convosco. Por boca de duas ou
três testemunhas, toda questão será decidida (2 Co 13.1).

Sei que esses textos tratam de questões relacionadas à dis­


ciplina, mas o mesmo princípio pode ser aplicado quanto ao
ensino na igreja local. Quando duas ou três pessoas diferentes
falam a mesma verdade, ela tende a se estabelecer. Quando
um presbitério unido reafirma o mesmo ensino bíblico usando
diferentes ilustrações, então aquele ensino é firmado no meio
dos irmãos.

5. Encoraja a renovação
Um grupo com pessoas diferentes e opiniões diferentes
pode ter mais luz a respeito de qualquer situação com a qual
se deparar. Não precisamos ter receio de discutir coisa alguma,
porque a verdade é capaz de tolerar inspeção e questionamentos.
Se uma afirmação caiu por terra por causa do questionamento
de alguém, então deveriamos agradecer essa pessoa por nos
guardar do erro.

Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da


própria verdade (2 Co 13.8).

Nada pode contra a verdade. Se o pensamento não subsis­


tiu, é porque não era verdade. Tudo o que é falso se desvanece
diante da verdade. Baseado em minha experiência, posso dizer
que é possível haver discordância e amor, é possível haver lon­
gas discussões, mas terminarmos a reunião mantendo o mesmo
afeto e respeito mútuo. Nem sempre conseguimos o consenso
numa reunião. Algumas vezes, demora meses, mas a verdade
sempre prevalece no meio daqueles que seguem o caminho da
verdade e do amor.

6. Equilibra o ministério
Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero
como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda
co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o re­
banho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas
espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância,
mas de boa vontade nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho (1 Pe 5.1-3).

Precisamos ter cuidado para nunca abusar de nossa autori­


dade sobre os irmãos. E a melhor maneira de sermos guardados
desse erro é sendo um presbítero no meio de muitos dentro de
uma equipe ministerial amorosa, mas atuante.
As maiores tentações no ministério envolvem quatro áreas:
dinheiro, moral, ressentimentos e ambição. Quando assumimos
um tipo de liderança individual, estamos muito mais sujeitos a
essas tentações malignas. Todas elas têm o poder de nos tornar
cegos. Por isso, precisamos de uma equipe que nos traga de volta
para o equilíbrio. De todas, talvez a ambição por proeminência,
poder, fama e autoridade seja a origem dos demais problemas
com dinheiro e queda moral. Esse foi o primeiro pecado e é a
fonte de todos os outros (Is 14.13-15).

Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado


no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: E voz de
um deus, e não de homem! No mesmo instante, um anjo do
Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido
de vermes, expirou (At 12.21-23).

O pastor nunca deveria administrar as finanças da igreja


sozinho. Ele sempre deve submeter-se ao presbitério e fazer
todas as coisas na luz do Senhor. Em nosso meio, o salário do
pastor não é definido pelo presbitério local, mas pelo conselho
apostólico representado pelo supervisor de cada região.

7. Facilita a transição
É um fato que um pastor nem sempre ficará toda a sua vida
numa mesma igreja local. Por muitas razões, ele poderá mudar
de congregação e continuar seu ministério em outra cidade.
Alguns se aposentam, outros sentem um chamado específico
do Senhor, e outras vezes o pastor precisa ser removido por
causa de problemas morais. Essas mudanças podem ser muito
traumáticas para uma igreja local. Assim, a grande vantagem de
ter uma equipe ministerial é que ela permite que essa transição
aconteça de forma tranquila e saudável.
Assim como numa família, os irmãos precisam sentir segu­
rança em todo o processo. Um presbitério maduro pode fazer
essa transição de forma muito tranquila. Atos 13.2 nos dá um
exemplo de transição. Paulo e Barnabé foram enviados para
o trabalho missionário, mas os demais anciões continuaram
tomando conta do trabalho da igreja.

8 . Traz realização ministerial


Posso dizer, com absoluta certeza, que a maior satisfação
e realização que encontro no ministério é fazer parte de um
presbitério composto de homens de Deus. Posso afirmar isso
tanto no nível local como no extralocal. Um pastor local so­
mente sentirá essa alegria se investir muito em seu presbitério.
E na pluralidade do ministério que podemos perceber melhor
a ação do Espírito de Deus edificando Sua igreja.

A graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção


do dom de Cristo (Ef 4.7).

O sentimento de autossuficiência é uma das maiores ex­


pressões de orgulho do ego. Precisamos reconhecer nossa ne­
cessidade de uma equipe ao nosso lado.

9 . Favorece o crescimento
Um dos fatos mais misteriosos do ministério é o fato de
que alguns líderes somente conseguem frutificar plenamente se
são parte de uma equipe. Já vi alguns líderes de célula e discipu-
ladores que nunca foram explosivos na liderança, mas quando
se tornaram parte do presbitério da igreja, manifestaram uma
grande capacidade de liderança.
Creio que isso acontece porque a equipe torna-se um
ambiente seguro para experimentações práticas no ministério.
Além disso, numa equipe, a pressão do ministério é distribuída
a todos e não se torna um jugo pesado para ninguém.

10. Preserva o ministério


Talvez essa seja a maior vantagem de o pastor ter uma
equipe ministerial em sua igreja local. A equipe preserva o
pastor. Mesmo um grande profeta como Elias teve problemas
por carregar todo o peso sozinho. A vontade de Deus é que o
peso do ministério seja compartilhado por muitos.
O PROPÓSITO DE UMA
EQUIPE MINISTERIAL

N esse estudo, vamos usar as expressões “presbi­


tério” e “equipe ministerial” de maneira inter-
cambiável. Presbitério traz uma conotação mais religiosa
e formal, por isso escolhemos usar a expressão “equipe
ministerial” como sinônimo.

Por que devemos nos esforçar para desenvolver uma equipe


ministerial? Não há riscos em se estabelecer irmãos para decidir
as coisas da igreja como um presbitério? O ministério do pastor
não será limitado? Estas são perguntas que não podemos igno­
rar. Quando, porém, entendemos o propósito de uma equipe
ministerial, as dúvidas desaparecem.

1. Uma equipe ministerial é o ambiente ideal


para treinar novos pastores
Todo pastor precisa ter consigo uma equipe forte de su­
porte. Alguns líderes serão enviados para abrir novas igrejas,
mas a maioria ficará na igreja local para serem suporte ao mi­
nistério local.
A equipe ministerial é um ambiente de discipulado, e
aqueles que servirem bem como membros da equipe certamente
estarão mais qualificados como pastores locais. Em Eclesiastes
4.9-12, Salomão confirma o princípio da equipe ministerial.
Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do
seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro;
ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o
levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão;
mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer
contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se
rebenta com facilidade.

a. Recompensa por causa da maior frutificação


[...] porque têm melhor paga do seu trabalho (v. 9).

b. Segurança em tempos de adversidade


Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do
que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante (v. 10).

c. Conforto na companhia da equipe


Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um
só como se aquentará? (v. 11).

d. Proteção por meio de compromisso


Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão;
o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade, (v. 12).

Assim, a liderança funciona de forma mais eficaz numa


equipe em que um fortalece o outro.

2. Uma equipe ministerial oferece maior


segurança e equilíbrio para a igreja local
Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de
conselheiros há segurança (Pv 11.14).
Nenhuma pessoa tem todas as respostas e nem possui
uma perspectiva perfeita em cada questão. A equipe ministerial
fornece uma oportunidade para se trazer equilíbrio ao pastor.
Precisamos ter o cuidado para que o presbitério (ou equipe
ministerial) não seja um mero ajuntamento de homens que
estão ali somente para dizerem “sim” ao pastor.
Uma equipe saudável sempre analisará as circunstâncias de
maneira construtiva para apontar a área fraca de uma decisão,
sempre colocará em cheque decisões insensatas e promoverá
equilíbrio no ministério. O pastor, por outro lado, sempre
deve avaliar o equilíbrio de toda a equipe. A possibilidade de
desequilíbrio é minimizada pela liderança de uma equipe mi­
nisterial. Deus odeia o desequilíbrio. O desequilíbrio é uma
abominação para o Senhor.

Balança enganosa é abominação para o SENH OR, mas o peso


justo é o seu prazer (Pv 11.1).

Miquéias 6.11 descreve os sintomas de uma doença que


surge entre o povo de Deus quando o desequilíbrio não é
corrigido.

Poderei eu inocentar balanças falsas e bolsas de pesos enganosos?


Comerás e não te fartarás; a fome estará nas tuas entranhas; re­
moverás os teus bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares,
eu o entregarei à espada. Semearás; contudo, não segarás; pisarás
a azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás a vindima;
no entanto, não lhe beberás o vinho (Mq 6.11,14,15).

Nesse texto de Miquéias, podemos ver alguns sintomas


de desequilíbrio:

a. Insatisfação espiritual
Comerás e não te fartarás (v. 14a).
b. Falta de suprimento espiritual
A fome estará nas tuas entranhas (v. 14b).

c. Falta de suprimento financeiro


Removerás os teus bens, mas náo os livrarás; e aquilo que livrares,
eu o entregarei à espada (v. 14c).

d. Falta de fruto
Semearás; contudo, não segarás (v. 15a).

e. Falta de unção
Pisarás a azeirona, porém não te ungirás com azeite (v. 15b).

f. Falta de alegria
Pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho (v. 15c).

Em uma igreja local, o desequilíbrio é uma doença que


se espalha com facilidade. Ela pode destruir a vida do corpo
da igreja. Paulo disse que precisamos falar da sã doutrina (Tt
2.1). A palavra “sã” significa “saudável”, um ensino equilibrado.
Todo ensino equilibrado traz saúde para a congregação, mas o
desequilíbrio espiritual traz morte para dentro da igreja. Paulo
diz que a palavra de Himeneu e Fileto era como câncer.

Além disso, a linguagem deles corrói como câncer; entre os quais


se incluem Himeneu e Fileto (2 Tm 2.17).

A palavra “câncer” aqui é literalmente gangrena. Isso já


diz tudo sobre o futuro de um corpo adoecido. O desequilíbrio
na igreja local pode causar os seguintes resultados negativos:
a. As pessoas perdem a confiança na liderança, pois se
sentem inseguras por causa do desequilíbrio dela.

b. O ministério na igreja local se torna instável e os irmãos


se tornam inconstantes.

c. Um espírito crítico se desenvolve no meio da congrega­


ção. Esse espírito crítico pode eventualmente destruir a unidade
da igreja local.

g. As pessoas ficam desiludidas e apáticas.

e. Muitos ficam “queimados” na liderança e têm medo de


se comprometer com qualquer coisa novamente.

£ As pessoas tornam-se descontentes, o que pode levar à


divisão.

g. A igreja gradualm ente perde sua influência na


comunidade.

h. O desequilíbrio leva a uma visão estreita do ministério


e impede os irmãos de terem capacidade de discernimento.

i. Por causa da falta de discernimento, a igreja pode ser


tomada por um espírito de engano.

Pessoas decepcionadas facilmente caem em extremos. A


decepção é a verdade tomada sem equilíbrio na doutrina ou
na prática.

j. Em igrejas assim, cada ministério ou departamento pas­


sa a competir por recursos e atenção. Cada líder considera sua
área de trabalho como o mais importante ministério na igreja.

Somente uma equipe ministerial saudável pode aliviar a


pressão sobre o pastor e trazer um equilíbrio saudável à igreja.
3. Uma equipe ministerial é uma
demonstração viva da vida do corpo
A equipe ministerial é uma miniatura da vida corpo da
igreja. Todo líder no corpo de Cristo é chamado para ser exem­
plo para o rebanho. Pedro disse que o presbítero precisa ser
modelo para o rebanho.

Nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes,


tornando-vos modelos do rebanho (1 Pe 5.3).

Paulo exortou os irmãos para que fossem seus imitadores.

Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores (1 Co 4.16).

Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo


o modelo que tendes em nós (Fp 3.17).

Se uma equipe de presbíteros não consegue trabalhar


juntos em unidade e harmonia, então não pode esperar que a
igreja faça isso.

4- Uma equipe ministerial é mais bem-


sucedida no pastoreamento do rebanbo do
que o pastor sozinbo
Evidentemente, um homem sozinho é limitado em suas
habilidades, dons e ministérios. Ele não é capaz de, sozinho,
atender a todas as necessidades da igreja. Isaías diz que um leão
quando ataca uma ovelha não se espanta, mesmo com muitos
pastores vindo contra ele.

O SEN H O R Deus falou comigo e disse: Um leão que pega e


mata uma ovelha não se assusta, nem foge quando os pastores
vêm gritando, mesmo que sejam muitos e gritem bem alto (Is
31.4b, N TLH).

Um pastor sem uma equipe ministerial pode sucumbir


fisicamente, mentalmente e até espiritualmente por causa da
pressão da obra de Deus.

5. Somente uma equipe ministerial pode


lidar com o crescimento de maneira
contínua
Sabemos que a bênção de Deus está sobre Sua igreja, e
uma equipe ministerial trabalhando em harmonia e unidade
inevitavelmente experimentará crescimento. O crescimento,
por sua vez, tornará ainda mais necessária uma equipe para
lidar com o crescimento.
O ESPÍRITO DA EQUIPE

P ara que uma equipe ministerial possa funcionar


apropriadamente, é preciso que cada membro
cumpra algumas condições essenciais.

1. Todo membro deve ter um espírito de equipe


O apóstolo Paulo exortou os irmãos de Filipos para que
tivessem um espírito de equipe.

Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo,


para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante
a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só
alma, lutando juntos pela fé evangélica (Fp 1.27).

A expressão “lutando juntos” é a palavra sunathleo. Essa


palavra é composta pelo prefixo sun, que significa juntos, e pela
palavra athleo, de onde vem o nosso vocábulo “atleta” . Dessa
maneira, a expressão “lutando juntos” literalmente significa
“trabalhar juntos como um time”.

Um time mediano que possui um espírito de equipe e tra­


balha junto pode vencer outra equipe composta de estrelas, mas
que não possui um espírito de equipe. Um espírito de equipe
depende de três características:
a. Um espírito de mansidão
Um espírito de mansidão não tenta se firmar diante dos
outros. Ele flui em conjunto com os outros. Mansidão não é
fraqueza, mas é a força sob controle. A força é controlada pelo
espírito da pessoa, que busca o interesse da equipe, e não o
reconhecimento pessoal.

Uma pessoa mansa pode ser liderada e conduzida facil­


mente. Uma pessoa sem esse espírito de mansidão, todavia,
pode tornar-se um grande estorvo para a equipe. O contrário
de mansidão podería ser um espírito de independência. Pesso­
as que nunca participaram de uma equipe costumam ter uma
atitude independente por causa de sua imaturidade. Outros,
porém, possuem esse traço presente em seu caráter.

A palavra grega traduzida como “mansidão” era usada


também com o sentido de “amansar ou domesticar”. Na Grécia
antiga, existiam cavalos selvagens que eram capturados e doma­
dos para serem usados no exército. A forma como domavam
um cavalo era montando sobre ele e enfrentando toda a sua
resistência. Ele estava acostumado com uma vida independente
e não aceitava facilmente que alguém o conduzisse. Se o cava­
leiro conseguisse ficar sobre o cavalo até que ele ficasse exausto
e seu espírito independente fosse quebrado, o cavalo podería
ser usado pelo cavaleiro e, com mais treino, ele poderia vir a
ser parte de uma cavalaria.

Um cavalo assim amansado não se tornava mais fraco, antes


sua força estava sob controle e poderia ser direcionada por uma
liderança. O pastor não é esse cavaleiro, mas o Espírito Santo
é. Ele é quem tem o poder de nos fazer mansos.
b. Um espírito de submissão
Um espírito submisso é aquele que não tem demandas,
mas se rende ao objetivo da equipe. Ele não é dominador ou
presunçoso, mas deseja que a equipe tenha sucesso. Aquele que
tem um espírito de submissão não se submete apenas ao pastor,
mas aos demais membros da equipe também.

Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo (Ef 5.21).

Submissão não é suprimir-se. O estilo individual e a cria­


tividade não devem ser eliminados. Infelizmente, alguns pas­
tores confundem ser filho com ser um clone. Filhos possuem
a carga genética dos pais, mas não são uma cópia. O Senhor
tem filhos, e não clones.

c. Um espírito de humildade
Um espírito humilde reconhece a necessidade de suporte
e força que se recebe dos demais membros da equipe.

Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais
velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos
de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos
humildes concede a sua graça (1 Pe 5.5).

Um espírito orgulhoso, por outro lado, promove-se a si


mesmo em tudo o que faz. Ele está constantemente tentando
provar suas próprias habilidades e força. Ele destrói o espírito
de equipe quando presume que poderia alcançar o alvo sem a
ajuda dos demais irmãos da equipe.

Características de um espírito de equipe


❖ Quando temos um espírito de equipe, não exigimos que
nosso modo seja a única maneira de fazer o trabalho.
*1* Quando temos um espírito de equipe, nos dispomos
a fazer sacrifícios pessoais por causa dos objetivos
da equipe.
❖ Quando temos um espírito de equipe, encontramos sa­
tisfação quando os alvos da igreja são alcançados, e não
somente quando os nossos alvos pessoais são atingidos.
❖ Quando temos um espírito de equipe, temos alegria em
fazer com que o pastor seja bem-sucedido.
❖ Quando temos um espírito de equipe, nos submetemos
à equipe e buscamos sempre manter a unidade.
Quando temos um espírito de equipe, somos ferozmente
leais em todos os momentos.
*t* Quando temos um espírito de equipe, não nos esforça­
mos para ter reconhecimento pessoal.
♦♦♦ Quando temos um espírito de equipe, somos capazes
de dizer “nós” na maior parte do tempo, em vez de
dizer eu .
*t* Quando temos um espírito de equipe, não ficamos
ofendidos por questões pequenas, mas superamos difi­
culdades por causa do propósito da equipe.

2. Todo membro da equipe deve ter um


espírito de unidade
Em 1 Coríntios 1.10, Paulo orienta os coríntios dentro desse
mesmo princípio de unidade. Ele diz três coisas:

♦♦♦ que falassem a mesma coisa;


♦♦♦ que tivessem uma mesma disposição mental;
❖ que tivessem um mesmo parecer (v. 10).
Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões;
antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental
e no mesmo parecer (1 Co 1.10).

O resultado disso é que seriam uma unidade, e não uma


mera união de crentes. Há uma diferença entre união e unidade.
União é ter muitas batatas no mesmo saco, enquanto unidade
é quando as batatas são cozidas e amassadas, tornando-se um
purê dentro do prato. A unidade tem um preço de fogo e que-
brantamento, ou seja, não há unidade sem o fogo do Espírito
e sem renúncia do ego. Só assim podemos falar a mesma coisa
e ter a mesma disposição mental.
O Senhor Jesus disse que um reino dividido não pode
subsistir. Se uma equipe vai prevalecer, ela precisa caminhar
em unidade.

Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino


dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa
dividida contra si mesma não subsistirá (Mt 12.25).

Como é possível que um grupo de líderes de diversas ori­


gens possam se tornar uma equipe? A resposta, evidentemente,
não é o pastor rodear-se de homens que digam sempre “sim” e
se sintam sempre inseguros para expressar algum pensamento
diferente. Isso seria apenas um grupo de fantoches, o que se
constituiria em um time fraco. Esse tipo de equipe é comple-
tamente inútil.
Nas discussões da equipe, cada membro tem o direito e a
responsabilidade de emitir seu parecer a respeito de qualquer
assunto. O pastor, por sua vez, deve dar espaço para que cada
um possa debater e discordar sobre qualquer questão tratada.
Uma vez, porém, que uma decisão é tomada pela equi­
pe ou pelo pastor sobre uma determinada direção que será
seguida, então é responsabilidade de cada membro assumir a
decisão como sua própria. Ainda que um membro da equipe
sinta que ele está certo, se a equipe decidiu tomar uma direção
diferente, ele deve aceitar sem reservas: “Tudo bem, se esta é a
decisão da equipe, então eu me submeto a isso e vou cooperar
para fazê-la funcionar”.
Dessa maneira, quando saem da sala, são verdadeiramente
uma equipe com um “mesmo espírito”, possuindo um “mesmo
parecer” . Um dos maiores testes para um membro da equipe
que não concorda com alguma decisão está em ser confrontado
por outros, os quais perguntam: “O que você acha da decisão
da liderança? Você acha que esta é a melhor direção?”.
Mesmo que o membro da equipe sinta que a decisão não
é a melhor, ele deve (por causa do espírito de unidade) apoiar
a decisão da equipe, dizendo: “Esta é a decisão da equipe e eu
estou 100% com eles!”. Quando a liderança fala a mesma coisa,
isso tem um impacto muito maior sobre as pessoas. Elas sabem
que criticar uma decisão é mais que criticar um membro da
equipe ou o pastor, é criticar toda a equipe.

A importância da unidade em uma equipe ministerial


a. A unidade é uma condição para termos a oração
respondida
Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a
terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura,
pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus
(Mt 18.19).

A palavra “concordar” usada aqui é sinphoneo no grego.


Você já deve ter percebido que ela é a origem da nossa palavra
“sinfonia”. Muitos instrumentos diferentes podem concordar
ou harmonizar-se tocando juntos. Concordar é tocar no mesmo
tom e no mesmo andamento. Uma equipe precisa estar na mes­
ma sintonia para ver suas orações respondidas.

b. A unidade é uma condição para termos uma visitação


de Deus
No livro de Atos, lemos que quando os 120 crentes esta­
vam reunidos unânimes, o Espírito Santo moveu-se sobre eles
no derramamento do Pentecostes.

Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres,


com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele. Ao cumprir-se
o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar
(At 1.14; 2.1).

A palavra “unânime” usada aqui é homothumadon, que


literalmente significa “ter uma mesma paixão”. Era usada para
descrever quando as pessoas cantavam em uníssono. Eles esta­
vam unidos numa paixão e numa intensidade tal que o Espírito
veio e se moveu sobre eles.

c. A unidade é uma condição da bênção de Deus


O Salmo 133 diz que, onde há unidade entre os irmãos,
ali o Senhor ordena a Sua bênção (v. 3). Esta bênção inclui
três coisas:
❖ uma nova unção (v. 2);
❖ um liberar do Espírito novo e refrescante como o or­
valho da manhã (v. 3a);
❖ o liberar de uma nova vida (v. 3b).

d. A unidade é um fator de segurança e proteção


Em Efésios 4.3, o apóstolo Paulo faz uma exortação: “ [...]
esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do
Espírito no vínculo da paz”. A palavra “vínculo” significa “cor­
das” ou “correntes” no grego. Assim, a unidade é como sermos
acorrentados uns aos outros.
Uma das coisas que nos chama a atenção nos alpinistas
é que eles escalam a montanha amarrados uns aos outros.
Certamente, deve ser um grande conforto para um alpinista
inexperiente saber que, caso escorregue, ele estará preso a outro
alpinista que o segurará. Porque está amarrado ao outro, ele está
protegido. Nós também, quando somos amarrados juntos em
unidade, somos guardados em segurança e proteção.

e. A unidade é uma condição para sermos bem-sucedidos


Gênesis 11.6 diz que o povo era um e tinha o mesmo falar,
por isso não haveria restrição para tudo que intentassem fazer.

E o SEN H O R disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma


linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição
para tudo que intentam fazer (Gn 11.6).

Se aquele povo rebelde estava sendo bem-sucedido mesmo


fazendo algo errado só porque tinham unidade, muito mais nós
prosperaremos se trabalharmos em unidade.

3. Todo membro da equipe deve se


identificar com a visão da igreja
Um problema frequente que se desenvolve em uma equi­
pe é a divergência entre a visão de um membro da equipe e a
visão corporativa da igreja. Ele pode ter certos sonhos e metas
que não se harmonizam com a visão da igreja. É absolutamente
vital que todo membro se identifique com a visão da igreja e
trabalhe em harmonia com ela.
Antes de ser colocado como membro da equipe, o pastor
precisa checar se aquele líder realmente se alinha com a visão
da igreja. Se alguém está vindo de outro ministério, o cuidado
precisa ser ainda maior.

Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais


breve possível, a fim de que eu me sinta animado também, tendo
conhecimento da vossa situação. Porque a ninguém tenho de
igual sentimento que, sinceramente, cuide dos vossos interesses;
pois todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo
Jesus (Fp 2.19-21).

Quando um membro da equipe trabalha para o cumpri­


mento da visão da casa, em vez de colocar sua própria visão
como prioridade, a seu tempo, o Senhor lhe dará espaço
para desenvolver seu próprio ministério. E muito comum
os membros da equipe procurarem favorecer a área em que
atuam na igreja em detrimento das demais. O pastor precisa
trabalhar para mostrar a visão de toda a casa, a fim de que
sejam equilibrados.

4 . Todo membro da equipe deve ser flexível


Todo membro da equipe deve estar disposto a entender
o ponto de vista dos outros. Uma pessoa dogmática e cheia de
opiniões rígidas não pode trabalhar em um relacionamento de
equipe. O resultado é que a equipe deve se render à opinião
desse membro ou viver em constante tensão e desarmonia.
Um espírito flexível demonstra um espírito de humildade.
Uma pessoa humilde reconhece que não possui todas as res­
postas e, portanto, está aberta para aprender com as demais.
Um espírito inflexível é um espírito obstinado, que Deus odeia.
Em 1 Samuel 15.23, lemos que a obstinação é como o pecado
de idolatria.
A única causa adequada para termos um espírito inflexível
é quando um princípio bíblico está claramente sendo violado.
Mesmo assim, ainda precisamos ser equilibrados pelos irmãos
caso tenhamos uma interpretação equivocada ou desequilibrada
do texto em questão.

5. Todo membro da equipe deve se dispor a


receber disciplina
Numa equipe ministerial, deve sempre haver prestação
de contas. Às vezes, o pastor ou a própria equipe deve trazer
correção e ajuste a um membro individualmente. Não impor­
ta o nível que tenhamos alcançado na liderança, ainda assim,
precisamos nos submeter para receber disciplina quando ne­
cessário. O grande sinal de que nos submetemos à autoridade
é quando aceitamos a correção. Tiago diz que a sabedoria do
alto é tratável:

A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois,


pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons
frutos, imparcial, sem fingimento (Tg 3.17).

Uma marca de maturidade espiritual e sabedoria é a ca­


pacidade de aceitar ajustes e correções. Indisposição de aceitar
disciplina geralmente é sinal de orgulho no coração. Uma pessoa
que não aceita disciplina não entende nem pratica o espírito de
equipe. Todavia, o membro da equipe deve dizer: “Deus nos
colocou juntos nessa equipe. Portanto, se você vir qualquer coisa
em minha vida ou em meu trabalho que precisa ser ajustada,
por favor, me fale”.
6. Todo membro da equipe deve amar
as ovelbas
Para ser um membro de uma equipe eficaz na casa do Se­
nhor, é preciso amar as pessoas, em vez de amar a posição. Um
membro da equipe que não tem um coração para as pessoas
tende a ser legalista e duro, e irá dirigir e manipular as pessoas
em vez de conduzi-las.
O membro da equipe deve ter cheiro de ovelha. Ele deve
ser uma pessoa que gosta de estar rodeado de pessoas e envol­
vido com elas. Paulo disse aos coríntios que ele os amava muito
e desejava que soubessem disso.

Porque, no meio de muitos sofrimentos e angústias de coração,


vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficásseis entris­
tecidos, mas para que conhecésseis o amor que vos consagro em
grande medida (2 Co 2.4).

As ovelhas precisam perceber claramente esse amor em


cada membro da equipe.

7, Todo membro da equipe deve ser


totalmente leal
A lealdade é baseada no caráter de uma pessoa, bem como
no seu compromisso. Lealdade significa ter força para se manter
leal mesmo quando há divergências ou diferenças. Aquele que
é leal cobre as fraquezas do líder em vez de expô-las.
Em 1 Coríntios 13.7, lemos que o amor “tudo sofre” . A
palavra “sofrer” aqui é stego no grego, e tem o significado básico
de “cobrir com silêncio” . Aquele que é leal amorosamente cobre
com silêncio as falhas dos outros membros da equipe.
Precisamos dizer também que lealdade não significa ser cego
às imperfeições irritantes de um membro da equipe, mas signi­
fica jogar um grande cobertor de silêncio sobre elas para que os
de fora não vejam. Pessoas imaturas gostam de expor os outros,
porque isso faz com que se sintam melhores consigo mesmas.
Esse é o espírito de Absalão e é letal para a equipe. Se há pecados
no meio da equipe, é preciso agir de acordo com o que o Senhor
nos ensinou em Mateus 18.15, no mesmo espírito de Gaiatas 6.1:

Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele
te ouvir, ganhaste a teu irmão (Mt 18.15).

Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois


espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para
que não sejas também tentado (G1 6.1).

Dessa forma se alguém vem reclamar de um membro


da equipe dizendo que ele foi duro ou que perdeu o domínio
próprio, não devemos concordar com a pessoa, mesmo que
saibamos que o membro da equipe realmente tem esse proble­
ma. Devemos defender o membro da equipe, dizendo: “Talvez
você não tenha entendido o que ele quis dizer. Ele realmente o
ama e não quer magoá-lo” . Depois disso, podemos procurar o
membro da equipe e relatar o que foi dito sobre ele. Isso deve
ser um aviso para que ele supere as suas dificuldades de tempe­
ramento. Lealdade significa que um membro da equipe nunca
fala de forma negativa de um companheiro para outras pessoas.

Como lidar com pessoas que têm reclamações sobre


um membro da equipe
a. Não concorde com ele sobre a reclamação
Mesmo que você saiba que a reclamação é verdadeira em
alguma medida, não deixe que o outro perceba isso. E claro que
lealdade não significa você é obrigado a mentir. Mas se você
não pode dizer nada de bom, então não diga nada.

b. Não dê qualquer credibilidade à queixa


Você deve se lembrar de que você não conhece ainda a
perspectiva do membro da equipe a respeito do assunto. Alguns
pastores não aceitam reclamação a não ser que seja absoluta­
mente verdadeira. Mas isso é tolice.

c. Defenda o membro da equipe o máximo que puder


Isso não significa, porém, que você deve dar ouvidos à
reclamação que você nem mesmo consegue acreditar. Defenda
sempre o membro da equipe, dando-lhe o benefício da dúvida
e fale apenas coisas positivas ao seu respeito.

d. Aconselhe a pessoa a procurar o membro da equipe


A Palavra de Deus diz que a pessoa ofendida deve pro­
curar o indivíduo que a ofendeu e tentar uma reconciliação
sobre o problema.

e. Oriente-a a não falar com ninguém


Queixar-se a qualquer pessoa que não tem autoridade
direta para corrigir uma situação é fofoca e maledicência. Isso
desagrada ao Senhor. A maledicência é classificada junto com
a prostituição e o assassinato:

Cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos


de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo
difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes,
soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos
pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia
(Rm 1.29-30).

A lealdade também está baseada no compromisso. Aquele


que é leal se recusa a negar o compromisso feito, independen­
temente do custo pessoal. A lealdade usa a adversidade para
confirmar o compromisso com os membros da equipe.

8. Todo membro da equipe deve manter as


linbas de comunicação abertas
Algo vital para a saúde de uma equipe ministerial são as
linhas de comunicação abertas. Em todo relacionamento, é
normal acontecerem mal-entendidos e ofensas involuntárias.
Precisamos estar sempre abertos para nos explicar melhor aos
irmãos. A Palavra de Deus diz que isso pode mesmo ser com­
parado a um sacrifício que agrada a Deus.

Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua coo­


peração; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz (Hb 13.16).

Todo membro deve buscar continuamente uma forma de


se expressar melhor e ser conhecido, buscar esclarecimento do
trabalho que ele deve fazer e trabalhar para restaurar eventuais
relacionamentos quebrados. Precisamos evitar toda possibili­
dade de confusão, suspeitas e questões não respondidas. Tudo
isso pode ser eliminado quando nos dispomos a nos comunicar
com os demais sem restrições.
Um membro da equipe jamais deveria dar ultimatos ao
pastor dizendo: “Se isso não mudar, eu vou sair”. Isso é o mes­
mo que fazem crianças contrariadas. Elas dizem: “Também não
vou brincar mais!”. Esse tipo de ameaça é devastador em um
relacionamento de equipe. Ele destrói a confiança e impede
uma comunhão genuína.
9. Todo membro da equipe deve ser
coerente com sua função de líder
Comportamentos incoerentes e inconsistentes na lideran­
ça causam confusão e frustração entre as ovelhas do rebanho.
Um membro da equipe que tem oscilações de humor pode ser
tremendamente prejudicial não só para a equipe, mas também
para toda a igreja.
Se não sabemos como será o comportamento de um com­
panheiro de um dia para o outro, ou se não podemos prever
se o comportamento do pastor será gracioso ou muito duro,
ficamos ansiosos e inseguros. Um grande sinal de saúde é a
previsibilidade. Mas a dureza e o mau humor não podem ser
aquilo que prevemos.
Se uma ovelha não sabe como a liderança vai responder,
então ela terá receio de expressar suas necessidades. Se consis­
tentemente damos sempre a mesma resposta para uma mesma
situação, ganhamos a confiança da congregação.
A MULHER E O GOVERNO
DA IGREJA

O avanço da obra de Deus depende de como as


mulheres se posicionam. Quando elas se po­
sicionam corretamente, a igreja se torna forte. A força
de uma igreja depende muito das mulheres que estão
ali. Isso, porém, não significa que elas devem governar a
igreja. A liderança da igreja foi entregue pelo Senhor Jesus
e por seus apóstolos a homens cristãos qualificados. Esse
é o padrão claramente encontrado na Bíblia.

1. No Velho Testamento, mulheres foram


levantadas como juízas e profetisas (Jz 4-4;
2 Rs 22.14), rnas nunca foram consagradas e
ordenadas como sacerdotisas
O serviço dos sacerdotes era cuidar do serviço sagrado, das
coisas de Deus, conduzir o culto no templo e ensinar o povo de
Deus (Ml 2.7). No Novo Testamento, as filhas de Felipe eram
profetisas (At 21.9; 1 Co 11.5), mas não encontramos nenhuma
mulher no governo da igreja como presbítera, pastora, bispa
ou apóstola. As pessoas gostam de apelar para o exemplo de
Débora e Hulda, mas ele somente prova que Deus pode usar
mulheres para falar ao seu povo. Não prova que elas tenham
que ser ordenadas.
2. Alguns argumentam que Jesus não
escolheu mulheres para apóstolas porque
Ele não queria escandalizar a sociedade
machista de sua época
O Senhor Jesus rompeu com vários paradigmas culturais
de sua época:
❖ Ele falou com mulheres (Jo 8.10-11), inclusive com
samaritanas (Jo 4.7).
*X* Tocou em leprosos (Mt 8.2).
❖ Quebrou o sábado (Jo 5.18).
*1* Não seguiu as tradições da dieta religiosa dos judeus
(Mc 7.2).
❖ Relacionou-se com gentios (Mt 4.15).
❖ Comeu com pecadores (Mt 9.11).
Se o Senhor achasse que essa era a coisa certa a fazer, cer­
tamente teria escolhido mulheres para constar entre os doze
apóstolos, mas náo o fez, apesar de ter em sua companhia mu­
lheres que O seguiam e serviam, como Maria Madalena, Marta
e Maria, sua irmã, Joana e Suzana (Lc 8.1-2).

3. Os apóstolos seguiram o mesmo padrão


de Jesus
Quando os apóstolos tiveram a chance de incluir uma
mulher no círculo apostólico em lugar de Judas, escolheram
um homem, Matias (At 1.26), mesmo que houvesse mulheres
proeminentes na assembléia, como a própria Maria, mãe de
Jesus (At 1.14-15).
Quando os apóstolos resolveram criar um grupo que cui­
dasse das viúvas da igreja, determinaram que fossem escolhidos
sete homens, quando o natural e cultural seria supor que as viú­
vas seriam mais bem atendidas por outras mulheres (At 6.1-7).

4 . As instruções sobre presbíteros e


diáconos se referem apenas a bomens
Os apóstolos determinaram que os presbíteros e diáconos
deveriam ser maridos de uma só mulher e deveriam governar
bem sua casa - obviamente eles tinham em mente homens (1
Tm 3.2,12; Tt 1.6), e não mulheres. Mesmo reconhecendo o
importante e crucial papel da mulher cristã no bom andamento
das igrejas, não as colocaram na liderança de uma igreja local,
proibindo que elas ensinassem com a autoridade que era pró­
pria do homem (1 Tm 2.12), que participassem na inquirição
dos profetas, o que poderia levar à aparência de que estavam
exercendo autoridade sobre o homem (1 Co 14.29-35). Eles
também estabeleceram que o homem é o cabeça da mulher (1
Co 11.3; E f 5.23).

5. Muitos argumentam que Paulo foi


influenciado pela cultura macbista de
sua época
Muitos imaginam que Paulo era machista e que tinha pro­
blemas com mulheres. Mas se ele fosse machista, não diria que
as mulheres têm direito ao seu próprio marido, que elas têm
direitos sexuais iguais ao homem, bem como o direito de sepa­
rar-se quando o marido resolve abandoná-la (1 Co 7.2-4,15).
Se Paulo fosse machista, ele não determinaria que os
homens deveriam amar a própria esposa como amavam a si
mesmos (Ef 5.28,33). Também não se referiria a uma mulher,
admitindo que ela tinlia sido sua protetora e mantenedora,
como o fez com Febe (Rm 16.1-2).
Precisamos ter cuidado com esse argumento cultural, pois
se Paulo foi influenciado pela cultura de sua época ao proibir
as mulheres de assumir a liderança das igrejas, ele deve ter sido
influenciado quando ensinou que o homossexualismo é uma
distorção da natureza acarretada pelo abandono de Deus (Rm
1.24-28) e que os sodomitas e efeminados não herdarão o reino
de Deus (1 Co 6.9-11).

6. O argumento apostólico é sempre


espiritual, nunca cultural
Paulo argumenta que o homem é o cabeça da mulher a
partir de um encadeamento hierárquico que tem início em
Deus Pai, descendo pelo Filho, pelo homem e chegando até
a mulher (1 Co 11.3). Paulo também é espiritual quando diz
que “o marido é o cabeça da mulher como Cristo é o cabeça
da igreja” (Ef 5.23).
Quando Paulo restringe a participação da mulher no en­
sino autoritativo - que é próprio do homem - , ele argumenta
a partir do relato da criação e da queda (1 Tm 2.12-14).

7. A Bíblia ensina claramente que o governo


da igreja é exclusivamente masculino
Infelizmente, o que muitos ensinam hoje é que a Bíblia é
um livro culturalmente condicionado e só devemos aplicar dele
aquelas partes que estão em harmonia e consenso com nossa
própria cultura e época. Ao pensarem assim, estão consideran­
do a Bíblia como retrógrada e ultrapassada e que o modelo de
liderança que ela ensina não serve de padrão para a liderança
moderna da igreja de Cristo.
Quando se chega a esse nível, então a porta está aberta para
a entrada de qualquer coisa que seja aceitável em nossa cultura,
mesmo que seja condenada nas Escrituras.
❖ Como poderemos responder àqueles que consideram o
casamento algo ultrapassado?
❖ Como dizer que é errado ter sexo antes do casamento?
❖ Com o rejeitar o homossexualismo se é uma coisa
moderna?
Quando a igreja relativiza o ensino das Escrituras con­
siderando-o algo antigo e medieval, ela perde o referencial, o
parâmetro, o norte, o prumo - e como ninguém vive sem estas
coisas, elege-se a cultura como guia.
A DISCIPLINA NA IGREJA

1. Objetivos

E
m Hebreus 12.5-11, observamos que Deus
mesmo disciplina e corrige Seus filhos. Nesse
sentido, todos nós somos constantemente disciplinados
por Deus. Todavia, Deus mesmo estabeleceu um go­
verno em Sua igreja, e é Sua vontade que esse governo
também discipline o membro com o fim de zelar pela
vida da igreja.

Embora todo o nosso trabalho pastoral tenha como obje­


tivo guardar o rebanho e conduzi-lo ao crescimento em Deus,
devemos ter em mente que quando aplicamos a disciplina, o
alvo primário não é a recuperação do faltoso, mas a preservação
e proteção da igreja (1 Co 5.1-6).

Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade


tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se
atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. E, contudo, andais
vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse
tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Eu, na
verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espíri­
to, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal
infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu
espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás
para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no
Dia do Senhor [Jesus]. Náo é boa a vossa jactância. Não sabeis
que um pouco de fermento leveda a massa toda? Lançai fora o
velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato,
sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi
imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento,
nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os
asmos da sinceridade e da verdade. Já em carta vos escrevi que
não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não
propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou
roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mun­
do. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém
que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou
maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda
comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não
julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará.
Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor (1 Co 5.1-6).

Portanto, o objetivo principal da disciplina é a preservação


da massa, que é a igreja. Isso pode ser plenamente visto quando
Paulo exorta a igreja a não permitir que o fermento —no caso,
o crente em pecado - venha a levedar toda a massa - a igreja.
Em função disso, podemos afirmar que a disciplina na igreja
tem os seguintes objetivos em ordem de prioridade:
❖ Preservar a pureza da igreja;
❖ Preservar o testemunho da igreja;
❖ Preservar a fé e a unidade da igreja;
❖ Restaurar o crente faltoso.
Infelizmente, hoje as igrejas abriram mão da disciplina.
Qualquer pessoa que tenha encargo genuíno pela edificação
da igreja sempre levará muito a sério esse assunto.

11. As faltas
Devemos rejeitar categoricamente a postura de disciplinar
os crentes por comportamentos que não passam de preconceitos
humanos. Há lugares onde é proibido usar roupas coloridas,
barba ou até mesmo uma camiseta. Essas coisas surgem do
legalismo e da tradição humana. Devemos rejeitar tais coisas.
No entanto, a Bíblia nos ensina que devemos exercer a dis­
ciplina na igreja quando necessário. Mas em que casos devemos
aplicá-la? O Novo Testamento coloca pelo menos seis tipos de
pessoas que não devemos tolerar na comunhão da igreja.

1. Aquele que se recusa a ouvir a igreja


Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele
te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma
ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento
de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se
ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também
a igreja, considera-o como gentio e publicano (Mt 18.15-17).

No texto de Mateus, podemos ver a seriedade de se ne­


gligenciar ouvir a igreja. Pensamos que se alguém é tempera­
mental, isso é algo sério, ou se é imoral, mais grave ainda, mas
não achamos sério e reputamos como quase nada o não ouvir
a igreja. Isso acontece porque não temos revelação do que é a
igreja. O Senhor Jesus, no entanto, nos advertiu a considerar
tal pessoa como sendo impura e publicana. Não devemos con-
siderá-la como um tipo de irmão fraco. Não ouvir a igreja é
algo muito sério.
Na época da reforma protestante, os reformadores queriam
eliminar a autoridade excessiva da Igreja Católica. Isso foi bom,
mas nos levou a outro extremo: hoje ninguém liga para a igreja.
Exercer autoridade excessiva sobre os santos é algo errado, mas
não exercer nenhuma autoridade pode ser ainda pior.
Para que a igreja possa ser ouvida, a primeira condição é
ter um presbitério que realmente funcione. O presbitério certa­
mente representa a igreja local. Deixar de ouvir o presbitério é
deixar de ouvir a igreja. Há muitas situações que são aceitáveis
no mundo, mas não aceitamos no seio da igreja. Temos, por
exemplo, a visão da corte e a visão do divórcio e segundo casa­
mento. O presbitério local pode orientar, por exemplo, que os
irmãos não se divorciem. Quando um membro ignora a direção
e se divorcia, ele está se recusando a ouvir a igreja.

2. Aquele que causa divisão


Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões
e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes;
afastai-vos deles (Rm 16.17).

Evidentemente, esse versículo não pode ser aplicado em


um lugar onde a igreja já é divisiva. Para aplicar esse versículo,
uma igreja local deve estar adequadamente equilibrada. De ou­
tra maneira, o que ela ensina não será adequado e será muito
difícil para um crente ouvir aquela igreja. Toda igreja local deve
ser muito cuidadosa em não enfatizar exageradamente nada que
esteja fora da esfera da fé.
Vamos tomar um exemplo. Se em algum momento um
irmão resolve crer na predestinação por decreto, não devemos
excluí-lo por causa disso, devemos incluí-lo ainda que ele pense
de forma diferente. H á base bíblica para se crer dessa forma,
ainda que não concordemos. Ou pode ser ainda que uma irmã
resolva usar o véu. Não podemos taxá-la de divisiva e excluí-la.
Temos base bíblica para usar e não usar o véu. Não é uma ques­
tão de fé. Consideramos questão de fé os pontos elaborados em
nossa confissão de fé.
Se, todavia, aquele irmão que passou a crer de forma
diferente resolve criar divisão em nosso meio fazendo de um
ponto secundário algo fundamental para a fé, então não po­
demos tolerar essa pessoa na comunhão da igreja. A unidade
da igreja é algo que deve ser protegido a todo custo. H á muito
espaço para o pensamento diferente da vida da igreja, mas não
podemos tolerar que um irmão faça de determinada doutrina
uma bandeira dentro da igreja.

3. Aquele que anda desordenadamente


Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo,
que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e
não segundo a tradição que de nós recebestes. Caso alguém não
preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai
-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.
Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como
irmão (2 Ts 3.6, 14-15).

Aqui nos referimos a certos tipos de pessoas que vivem uma


vida de tal forma desordenada que andam de casa em casa ex­
plorando a boa fé dos irmãos, não trabalhando e causando todo
tipo de problemas. Veja que esses que andam desordenadamente
não guardam a Palavra de Deus. A orientação bíblica é para
que não andemos com tais pessoas nem nos associemos a elas.

4 . Aquele que é pecaminoso


Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros;
refiro-me com isto não propriamente aos impuros deste mundo,
ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras, pois neste caso
teríeis de sair do mundo. Mas agora vos escrevo que não vos
associeis com alguém que dizendo-se irmão, for impuro, ou
avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberão, ou roubador,
com esse tal nem ainda comais. Pois com que direito haveria
eu de julgar os de fora? Não julgais vós os dentro? Os de fora,
porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor
(1 Co 5. 9-13).
Deus é muito zeloso pela Sua santidade e também é muito
zeloso pela santidade da igreja. Ele não permitirá de forma algu­
ma o pecado no meio do Seu povo. Precisamos, porém, entender
que nem todo pecado é passível de disciplina na igreja. Se uma
irmã é insubmissa ao marido, podemos exortá-la, mas não há
como exercer disciplina. Um irmão que possui temperamento
explosivo é algo negativo, mas devemos tolerá-lo.
Existem, no entanto, outros pecados que não podemos
tolerar de forma alguma dentro da igreja, segundo a orientação
bíblica em 1 Coríntios 5.11-13. São seis grupos de pecados:
Impureza - Inclui todos os pecados sexuais, como prosti­
tuição, adultério, sodomia, lesbianismo, homossexualismo, for-
nicação, linguagem obscena, gestos obscenos, pornografia, etc.
Avareza - Sonegar o dízimo, sonegar oferta, deixar de
atender às necessidades da família, ver o irmão passar fome e
ignorar, etc.
Idolatria - Feitiçaria, ídolos, todos os tipos de adivinhação,
prognóstico, consulta de mortos, etc.
Maledicência - Falso testemunho, calúnia, difamação,
infâmia, mexerico, fofoca, etc.
Bebedice - O que se embriaga com bebida alcoólica, dro­
gas, remédios ou qualquer outro tipo de narcótico.
Furto - Ladrão, assaltante, sonegador, chantagista, extor­
são, etc.
Muitos, equivocadamente, dizem que na igreja sempre
haverá o joio e o trigo. Essa, porém, é uma interpretação equi­
vocada. Em Mateus 13, o Senhor disse que o campo é o mundo,
e no mundo existe o joio e o trigo. A igreja, porém, é lavoura
do Senhor, e nessa lavoura só pode haver o trigo. Se porventu­
ra aparecer o joio no meio da igreja, ele precisa ser removido.
5. Aquele que é sectário
Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segun­
da vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando,
e por si mesma está condenada (Tt 3.10-11).

O sectário é aquele que cria partidos dentro da igreja. Ele


fica dentro, mas cria partidos esfacelando o corpo. O divisivo
enfatiza exageradamente uma doutrina e cria “outra igreja” .
Deus é zeloso pelo Seu corpo e a divisáo danifica-o. A atitude
bíblica é afastar-se do faccioso e separar-se dele depois de tê-lo
admoestado primeira e segunda vez.

6. Aquele que vai além da doutrina de Cristo


Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não
permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse
tem tanto o Pai como o Filho (2 Jo 1.9).
O divisivo enfatiza doutrinas bíblicas, o sectário procu­
ra dividir por preferências pessoais. Nesse caso, temos aquele
que fala heresia. Podemos citar como exemplo a atual teologia
modernista. Segundo esses teólogos, Jesus não morreu pelos
pecados, mas apenas como mártir; Ele não ressuscitou e a Bíblia
não é completamente a Palavra de Deus, mas apenas algumas
partes. Esses homens são enviados do diabo e não podemos
tolerá-los em nosso meio. Segundo a Bíblia, não devemos nem
mesmo saudá-los para que não nos tornemos participantes de
sua maldade, nem devemos recebê-los em nossa casa.

111. Como exercer a disciplina


A disciplina de um membro deve seguir três fases:
a) admoestação e repreensão;
b) afastamento da comunhão e ou destituição de cargo;
c) exclusão.

a) Admoestação
Primeiramente, o membro faltoso será exortado pelo líder
da célula. Se o membro não ouvi-lo, o líder deve comunicar o
caso ao discipulador e juntos ambos farão uma segunda exorta­
ção. Se ainda assim ele não mudar seu comportamento, então
será conduzido para a segunda fase da disciplina.
O Senhor Jesus ensinou que pelo menos três pessoas devem
tentar dissuadir a pessoa do erro. O membro faltoso deverá pri­
meiro ser admoestado pelo irmão que testemunhou ou tomou
conhecimento do erro. Se o faltoso ouvir e abandonar o erro,
o pecado deve ser coberto.

Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele
te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma
ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento
de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se
ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também
a igreja, considera-o como gentio e publicano (Mt 18.15-17).

b) Afastamento da comunhão
Essa segunda fase da disciplina só poderá ser exercida pelo
presbitério. Se for o caso de disciplina de um membro da célu­
la, ele deverá ser afastado da comunhão da célula e privado de
participar da Ceia do Senhor por um período de até três meses.
Findado o prazo, ele será avaliado para sua reintegração ou, se
for o caso, terá sua disciplina prorrogada por mais três meses.
Durante todo período de disciplina, o membro deverá
participar de todos os cultos dominicais e ser acompanhado por
um discipulador ou líder. Se ainda assim ele não abandonar a
prática pecaminosa, será conduzido para a terceira fase. Se for
o caso da disciplina de um líder, discipulador ou pastor, além
de seguir o procedimento acima, também será afastado da sua
função de liderança.

c) Exclusão da igreja
Se todos os recursos anteriores falharem, a pessoa será con­
vidada a sair da igreja local e sua exclusão deverá ser comunicada
aos irmãos no nível de relacionamento que ela estiver inserida.

IV) Orientações gerais


Nunca devemos exercer a disciplina com parcialidade.

Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos,


que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com
parcialidade (1 Tm 5.21).

Nem todos os crentes devem ser disciplinados igualmente


pelo mesmo pecado cometido. Existem situações atenuantes e
agravantes. São situações atenuantes:
a) pouco tempo de igreja;
b) pouco conhecimento da Bíblia;
c) sem antecedentes;
d) desejo expresso de se corrigir;
e) confissão voluntária.
Podemos considerar como situações agravantes:
a) muito tempo de igreja (mais de dois anos);
b) bom conhecimento bíblico;
c) ausência das reuniões da igreja;
d) arrogância e insubmissão;
e) ocultamento da falta.
As faltas públicas ou de conhecimento geral devem ser
disciplinadas publicamente.

Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de


todos, para que também os demais temam (1 Tm 5.20).

Quando o pecado de um irmão for público, sua disciplina


será comunicada no limite do seu nível de influência. Se ele for
um membro de célula, comunicaremos apenas à sua célula. Se
ele for um líder de célula, sua disciplina será comunicada aos
demais membros do grupo de discipulado do qual faça parte
e também para a sua célula. Se for o caso de um discipulador,
então sua disciplina será comunicada a toda sua rede de células.
No caso da disciplina de um pastor, mesmo sendo um pastor
de rede, toda a igreja local será comunicada.
Um líder de célula poderá exercer apenas o primeiro nível
de disciplina, que é a admoestação e exortação. Ele não poderá,
em circunstância alguma, disciplinar um membro afastando-o
da comunhão ou excluindo-o da igreja.
Quando se esgotarem os recursos de exortação, o líder de­
verá levar o assunto para seu discipulador, e esse, por sua vez,
deverá informar o pastor para que o presbitério da igreja possa
definir a disciplina.
As faltas veladas devem ser disciplinadas pelo presbitério
de forma discreta e prudente, mas as públicas ou de conheci­
mento geral devem ser tratadas publicamente para que haja
temor no meio do povo.
Não se deve aceitar acusação contra obreiro sem pelo me­
nos duas testemunhas.
Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente
sob o depoimento de duas ou três testemunhas (1 Tm 5.19).

Não devemos exercer disciplina sem que haja primeira e


segunda advertência.

Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e


segunda vez (Tt 3.10).

Quando o pecado de um líder for público ou quando o


pecado não for público, mas tiver grande possibilidade de se
tornar público, o pastor responsável deverá imediatamente des­
tituí-lo de sua posição e admoestá-lo. Caso não haja mudança,
deverá ser levado ao presbitério para o procedimento de afas­
tamento da comunhão. Se ainda assim não houver mudança,
o líder deverá ser excluído.
Quando for pecado de um pastor ou presbítero, deverá se
observar 1 Timóteo 5.19. Se for pecado velado e confessado, a
disciplina deverá se limitar a admoestação de forma absoluta­
mente discreta. Se não for confessado, mas denunciado, deverá
haver destituição das atividades pastorais pelo presbitério e ser
comunicado à igreja.
Caso a disciplina seja apenas uma exortação e não envolva a
destituição do cargo, não haverá necessidade de comunicar pu­
blicamente à igreja. Se for falta denunciada e de conhecimento
público, deverá haver destituição pública do cargo e suspensão
da comunhão da igreja. Se for de conhecimento geral, sem ar­
rependimento do faltoso, a pessoa deverá ser excluída.
Quando a disciplina tiver de ser exercida por um supervisor
da Vinha, o Conselho Apostólico deverá participar da decisão.
Quando um supervisor esgotar todos os recursos de exortação
na tentativa de corrigir um pastor local, este será convocado para
comparecer à reunião do Conselho de Supervisores em Goiânia.
Se tal pastor se recusar a ouvir o Conselho, ele será retirado da
Vinha e a exclusão comunicada a todos os demais pastores.
O presbitério da igreja local será a esfera máxima de deci­
são dentro da igreja local. Mas quando um membro se sentir
injustiçado, ele poderá recorrer ao supervisor da Vinha da sua
região. Se for necessário, o supervisor poderá levar o caso ao
Conselho Apostólico.

V) A restauração do faltoso
A restauração da comunhão só poderá ser feita depois de
cumprida a disciplina imposta pelo presbitério. O crente faltoso
deve manifestar mudança de vida e arrependimento genuíno.
Se tiver sido excluído, deverá ser recebido novamente
como membro da igreja publicamente. Se for caso de exclusão
de presbíteros, pastores ou líderes, a restauração deve ser gra­
dual até que ele venha a ocupar a função anterior. O processo
deverá ser definido pelo presbitério.
O PERFIL DE UM
LÍDER APROVADO

exto: Atos 20.17-38. No capítulo 19 de Atos,


T lemos que Éfeso passou por um verdadeiro
avivamento.

❖ Todos os habitantes da Ásia ouvem a Palavra (At 19.10).


❖ Muitos sinais e maravilhas (At 19.11-12).
❖ O nome de Jesus é engrandecido (At 19.17).
❖ Confissão espontânea de pecado (At 19.18).
❖ As portas do inferno são saqueadas com a queima de
livros mágicos (At 19.19).
❖ A Palavra de Deus crescia e prevalecia (At 19.20).
❖ Contra-ataque do inimigo (At 19.23-40).
♦♦♦ Uma igreja marcante cheia de fé e amor (E f 1.15).
O avivamento foi o resultado do ministério de Paulo
em Efeso. Foram cerca de três anos. Nesse tempo, todos os
habitantes da Ásia ouviram a Palavra e uma grande igreja foi
estabelecida em Éfeso.
No capítulo 20, vemos Paulo falando à liderança, aos pres­
bíteros da igreja em Éfeso. Ele sabia que não os veria mais. Por
isso, libera uma palavra de despedida profundamente tocante
e espiritual. Nessa palavra, encontramos dez características de
um líder aprovado. Ele certamente está nos desvendando o
segredo para sermos homens de avivamento que trazem a glória
de Deus nesta geração.

1. Bons líderes são transparentes


No verso 18, Paulo lhes disse:

Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o
tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia (At 20.18).

Paulo esteve com eles por três anos, e nesse tempo ele não
teve uma vida oculta. Ele não se distanciou de todos em nome
da sua privacidade, mas deixou que sua própria vida fosse um
exemplo para a igreja. Os irmãos de Efeso sabiam como era
Paulo, porque sua vida havia sido compartilhada com eles. In-
felizmente, há alguns que se escondem porque sabem que sua
pregação não se harmoniza com sua vida pessoal.

2, Bons líderes são humildes


No verso 19, Paulo diz que serviu ao Senhor com grande
humildade e com lágrimas.

Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações


que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram (At 20.19).

Quem é humilde não se considera melhor do que o reba­


nho, não se coloca acima dos outros como aquele que sabe mais.
Um sinal da sua humildade era que ele chorava enquanto minis­
trava aos irmãos. Essas lágrimas certamente estão relacionadas à
oração. Quem ora tem um coração sensível, quebrantado com
sua situação e com a situação do seu povo.
O próprio Senhor Jesus foi um líder de oração. Orava
sozinho; de madrugada; passava noites em oração; orava a
noite toda antes das grandes decisões; orava na hora da dor,
da tentação. Quando Ele orou, o céu abriu e o Espírito Santo
desceu sobre Ele.
Paulo foi um líder de oração. Nenhum líder pode ser forte
se não ora. Sem oração, nossos projetos fracassarão. Além dis­
so, quem é humilde serve. Paulo diz que ele serviu ao Senhor.
Servir é trabalho, é empenho, é mão no arado, é esforço. Paulo
prega na cadeia, nas estradas, no templo, na sinagoga, na escola.
Quem serve ao Senhor não vive reclamando, não vive
murmurando, não fica se lamentando dos irmãos e da igreja
onde está. Quem serve ao Senhor não vive procurando elogios,
bajulação, destaque; não vive correndo atrás de promoção.
Quem serve ao Senhor não vive querendo agradar a ho­
mens, fazendo da igreja de Deus uma plataforma de relações
públicas, de concessões, para agradar a gregos e troianos. Quem
serve ao Senhor não deve dar lugar para a vaidade, a autopro-
jeção e a soberba. “Quem é Paulo? Quem é Apoio?” (1 Co 3).
Hoje, estamos precisando de homens que se comprometam
mais com Jesus. Se a liderança não andar com Deus, o reba­
nho não vai andar. A igreja é um reflexo da sua liderança. Se a
liderança falha, o povo falha. Se o líder não estiver na frente, o
rebanho não terá ânimo.

3. Bons líderes são corajosos


Nos versos 19 a 21, Paulo diz que serviu ao Senhor com
grande humildade e com lágrimas, sendo severamente testado
pelas ciladas dos judeus. Não é fácil continuar pregando e en­
sinando quando a perseguição se levanta contra nós.

Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações


que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, jamais deixando
de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publi­
camente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus
como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso
Senhor Jesus Cristo (At 20.19-21).

Paulo não teve receio de pregar o que precisava ser prega­


do. Ele não recuou com medo da reação das pessoas. Ele não
hesitou em dizer o que precisava ser dito, quer em púlpito quer
nas casas. Se havia algo que espiritualmente precisava ser dito,
Paulo não hesitava em dizê-lo. Precisamos de líderes que não
têm medo de chamar os bois pelos nomes.

4 . Bons líderes são sensíveis ao Espírito


E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não
sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo,
de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e
tribulações (At 20.22-23).

Só existe uma liderança espiritual quando somos sensí­


veis em nosso espírito à direção do Espírito de Deus. Paulo
diz que estava sendo impelido a ir a Jerusalém. Ele não tinha
ideia do que ia acontecer com ele lá, mas sabia que lutas e
tribulações o aguardavam. Mesmo assim, ele estava disposto
a seguir a liderança do Espírito, não importando o que tivesse
de enfrentar.

5. Bons líderes são focados


Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo,
contanto que complete a minha carreira e o ministério que
recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça
de Deus (At 20.24).
Paulo tinha um objetivo específico em sua vida e estava
completamente focado nele. Ele havia recebido um ministério
da parte de Deus e seu objetivo era cumprir esse chamado.
Quando diz que não considera a sua vida como algo precio­
so, ele está dizendo que nada era maior ou mais valioso que o
chamado de Deus, nem mesmo sua vida.
Quando chegamos ao ponto de dizer: “N ão tenho nada a
perder porque já entreguei tudo” , então teremos um ministé­
rio abundante e frutífero. Líderes que se preservam é porque
ainda possuem algo a perder. O alvo de Paulo era concluir um
chamado, era chegar à linha de chegada e terminar a corrida.
Precisamos de líderes piedosos, cujo único propósito é viver
para espalhar o evangelho.

6. Bons líderes fazem o trabalho com zelo


Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o
reino, náo vereis mais o meu rosto. Portanto, eu vos protesto, no
dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais
deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus (At 20.25-27).

Paulo diz que anunciou e ensinou aos presbíteros de Éfeso


todo o conselho de Deus. Tudo o que era necessário para que
eles tivessem uma vida piedosa lhes foi passado por Paulo.
Precisamos servir a Deus com a consciência pura. Seria
pavoroso se o sangue dos irmãos clamassem contra nós por não
lhes termos ensinado a Palavra de Deus apropriadamente. Paulo
disse que ele era inocente do sangue de todos aqueles homens.
Se alguém fosse para o inferno, não seria culpa dele, porque ele
lhes havia transmitido todo o conselho de Deus.
Precisamos hoje de líderes piedosos que verdadeiramente
se preocupam com o que nos leva a avançar em Cristo.
7. Bons líderes são pastores
Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito
Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus,
a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois
da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não
pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão
homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos
atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três
anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada
um (At 20.28-31).

Paulo exortou os presbíteros sobre a importância de apas­


centar suas oveihas que Deus confiou em seus cuidados. Nesse
texto, Paulo usa três palavras para definir o ministério: presbí­
tero, bispo e pastor. Paulo sabia que o sucesso da obra dependia
daqueles líderes. Se o que fazemos morrer conosco, então nossa
missão falhou aqui na terra.
Sucesso não é o que você faz, mas quando você leva seus
liderados ao sucesso. Na exortação aos presbíteros, nos versos
28 a 31, encontramos algumas verdades fundamentais:
♦ > Os pastores são constituídos pelo Espírito Santo. Pos­
suem uma vocação celestial.
♦♦♦ Eles foram constituídos bispos, ou seja, guardiães do
rebanho. Deveríam vigiar o rebanho contra os lobos de
fora e de dentro (v. 29,30).
♦♦♦ Foram encarregados de pastorear, ou seja, cuidar,
alimentar, curar, proteger, dar repouso, segurança às
ovelhas de Deus.
❖ Eram responsáveis por todo o rebanho, toda a igreja
local, cada ovelha (Ez 34.1-6).
❖ Não eram donos da igreja. Ela é de Deus. Eram apenas
mordomos, não proprietários.
❖ Devem saber que cuidam de vidas muitos caras para
Deus. Ele comprou cada ovelha com o preço do san­
gue de Jesus.

8. Bons líderes direcionam as pessoas para a


Palavra de Deus
Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça,
que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que
são santificados (At 20.32).

Um dos sinais do mover de Deus em Éfeso era o cresci­


mento da Palavra de Deus. Nós somos ministros e servos da
Palavra. Sem a Palavra, não podemos ter ministério. Os gran­
des despertamentos começaram quando o povo voltou-se para
a Palavra: Ezequias, Josias, Esdras, Atos 2, Ezequiel 37, Éfeso,
Tessalônica e a Reforma século XVI.

9- Bons líderes trabalham duro


De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes; vós mesmos
sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim
e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar
as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar
que receber (At 20.33-35).

O ensino de Paulo não é que o obreiro não possa receber


um salário da igreja. N a verdade, ele ensina enfaticamente que
aqueles que pregam o evangelho devem viver do evangelho.

Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho


que vivam do evangelho (1 Co 9.14).
O que Paulo está mostrando é que bons líderes trabalham
duro e não usam do evangelho para ganhar dinheiro. O trabalho
ministerial não é como uma carreira profissional secular, nosso
alvo é cumprir uma missão dada por Deus, e não enriquecer.

Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários


os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se
afadigam na palavra e no ensino (1 Tm 5.17-18).

10. Bons líderes são compassivos


Tendo dito estas coisas, ajoelhando-se, orou com todos eles.
Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuo­
samente a Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela
palavra que ele dissera: que não mais veriam o seu rosto. E
acompanharam-no até ao navio (At 20.36-38).

Observe a reação dos irmãos à palavra de Paulo. Paulo os


amava e se preocupa com eles. Essas pessoas eram amadas e
cuidadas, por isso elas choraram, abraçaram e beijaram Paulo.
Isso nos diz o que o ministério de Paulo significava para essas
pessoas. Precisamos de líderes que façam muita falta.
O USO DA AUTORIDADE

uanta ferida tem sido feita ao corpo de Cristo


nestes dias por causa de práticas náo bíblicas
de autoridade e submissão ensinadas por alguns. Tais
ensinos têm conduzido muitos a cometerem abusos que
têm causado uma tremenda perda para o povo de Deus.

Precisamos ter cuidado com extremos. Verdades bíblicas


podem ser levadas a extremos, e quando isso acontece, elas têm
o poder de destruir vidas. Não fomos chamados para manipu­
lar as ovelhas ou controlar suas vidas. Precisamos, sim, exercer
autoridade, mas com amor e dentro dos limites estabelecidos
por Deus. Por causa da estrutura de células, tem-se exercido
muita autoridade e, associada à atual visão de discipulado, o que
vemos são pastores que se tornaram donos de seus discípulos.
Neste tempo de muitos bispos e apóstolos, alguns têm
caído em erros que poderão ser fatais para seus ministérios. O
que vemos são líderes que buscam ser servidos e vêm de servir
seus discípulos; líderes que manipulam e controlam a vida de
seus liderados, atuando como autoridade em áreas que Deus
não lhes autorizou. E tempo de buscarmos equilíbrio. Não
exercer autoridade no corpo é pecado, mas exercê-la de forma
extrema é um pecado maior ainda.
A palavra “autoridade” deriva de “autor”. Tem autoridade
quem faz de acordo com o autor. Sabemos que Deus é o autor
de tudo. Assim, nossa autoridade procede d’Ele. Se a exercemos
erradamente, o autor poderá nos desautorizar.

Ralph Mahoney menciona que existem sete níveis de auto­


ridade na Palavra de Deus. Os três primeiros são prerrogativas
exclusivas de Deus e os outros quatro são exercidos pelos seus
ministros:

a) autoridade soberana;

b) autoridade da Palavra de Deus;

c) autoridade da consciência;

d) autoridade delegada;

e) autoridade funcional;

f) autoridade dos costumes e tradições;


g) autoridade dos contratos.

1. Autoridade soberana
É o maior nível de autoridade. É a autoridade imperial.
Este nível nunca é questionado ou desafiado. É absoluto e
infalível. Essa autoridade pertence somente a Deus. Todavia,
algumas igrejas e denominações se apropriam dessa autoridade
soberana, mas não há nenhuma base bíblica para que qualquer
ser humano exerça tal autoridade.

Isaías 14.12-14 nos mostra que essa era a ambição de


Lúcifer, mas apenas Cristo recebeu a autoridade soberana (E f
1.16-22). Assim, qualquer pessoa que coloca sua unção no nível
de ser inquestionável e infalível está assumindo uma posição
de anticristo. Ser anticristo não é ser contra Cristo, mas tentar
tomar o Seu lugar.
Jesus disse em Mateus 24.5 que “virão muitos em meu
nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos” . O b­
serve que essas pessoas não virão dizendo que são o Cristo, elas
não são falsos Cristos. N a verdade, Jesus disse que elas viriam
em Seu nome. N ão haveria o menor sentido alguém chegar e
dizer: “Eu estou aqui em nome de Cristo para dizer que eu sou
o Cristo” . Não foi isso que Jesus disse. Ele disse que pessoas
viriam dizendo: “ Eu estou aqui em nome de Crist, portanto,
minha autoridade é igual à d’Ele, e tudo o que eu disser vocês
devem aceitar como se fosse o próprio Cristo falando” .
Pode parecer loucura, mas eu tenho ouvido pastores di­
zendo isso. Muitos dizem que aquilo que eles pregam na unção
tem uma autoridade inquestionável e final. Já ouvi pastores
afirmarem que, por estarem ali em nome de Jesus, era como
se o próprio Senhor estivesse falando. Por mais unção que
tenham, essas pessoas não possuem a autoridade soberana do
Senhor. Não há nenhuma autoridade na igreja a quem o cris­
tão tenha que prestar obediência inquestionável. Submissão
inquestionável só a Deus.

2. Autoridade da Palavra de Deus


O segundo nível de autoridade é o da Palavra de Deus,
a autoridade da verdade. Paulo disse em 2 Coríntios 13.8 que
“nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria
verdade. A verdade é a Palavra de Deus e Sua Palavra expressa
aquilo que Ele é e aquilo que Ele diz. Assim, a Bíblia está colo­
cada na terra com a autoridade da verdade. Ela é a verdade. Ela
foi inspirada pelo Espírito de Deus e é inerrante (2 Tm 3.16).
Precisamos sempre nos lembrar do que os pais da Reforma
disseram. Primeiro, afirmaram que nada contrário às Escrituras
pode ser verdadeiro. Não podemos aceitar nada contrário à
Palavra de Deus, não importa quem esteja falando. Nessa época
de tantos títulos e posições, ninguém tem autoridade para falar
algo diferente da Palavra de Deus e desejar ser reconhecido.
Ouvi outro dia um pastor (na verdade, ele foi promovido
recentemente para outra função) dizendo que Paulo havia dito
algo, mas que ele discordava. Não há nenhum pastor (ou quem
quer que seja) que tem autoridade para discordar de Paulo ou
de qualquer um dos apóstolos. Essa situação é particularmente
comum no meio pentecostal.
Certa vez, um profeta se levantou e disse que Deus iria
mandar lepra sobre o seu povo infiel. Lembrei-me do que Jesus
dissera aos filhos do trovão que queriam mandar vir fogo do
céu para consumir os incrédulos. Ele disse: “Não sabeis de que
espírito sois” ( ). N a mesma hora, confrontei o profeta e
lhe disse que aquilo era contrário à Palavra de Deus, ao que
ele simplesmente retrucou: “Não sei se está escrito, mas Deus
falou” . Para ele, a Palavra de Deus podia simplesmente ser ig­
norada. Cuidado com os que assumem a posição de possuírem
autoridade igual à da Palavra de Deus.
A segunda coisa que os reformadores disseram foi que
nada que seja acrescentado às Escrituras pode ser obrigatório.
Existem muitas tradições evangélicas até louváveis, mas por não
estarem na Palavra de Deus, não podem ter a mesma autoridade.
O terceiro princípio dos reformadores é que todo cren­
te é livre para pesquisar as Escrituras e checar a verdade. Os
crentes de Beréia são um bom exemplo. Atos 17.10-11 diz que
eles checavam as Escrituras para ver se tudo o que os apóstolos
estavam ensinando estava, de fato, escrito. Eles reconheceram
que as Escrituras tinham maior autoridade que os apóstolos.
Precisamos sempre nos lembrar de que a Bíblia é autoridade
final de fé e prática (G 11.8).
3. Autoridade da consciência
Todo homem é capaz de distinguir entre o certo e o errado,
mesmo os incrédulos e ímpios. A base para tal conhecimento é
que todos nós sabemos o que não queremos que os outros façam
contra nós. Assim, a conclusão óbvia é que sabemos o que não
devemos fazer com os outros. Isso é chamado de consciência.
Precisamos ter muito cuidado para não ferir a consciência
dos outros, pois Paulo diz em 1 Coríntios 8:12 que “pecando
contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra
Cristo que pecais”. Todas as vezes que resolvemos ir contra a
nossa consciência, a Palavra de Deus nos diz que pecamos. A
consciência, portanto, é um nível de autoridade sobre nós e não
podemos desodecer ou ignorá-la de forma alguma.
Homem algum, nem pastor ou apóstolo tem o direito
de exigir de outro algo que vá contra sua própria consciência.
Um marido não pode forçar sua esposa a práticas sexuais que
ofendam a consciência dela. Um pastor não pode impor uma
prática a uma ovelha se aquilo vai contra a consciência daquela
ovelha. Um governante não pode impor ao povo leis que vão
contra a consciência deles.
Esses três tipos de autoridade são os mais elevados, e de­
les podemos concluir que nenhum homem, seja a igreja ou o
Estado, tem o direito de ordenar que você desobedeça a Deus,
à Bíblia e à sua própria consciência. Esses três níveis de autori­
dade são prerrogativas exclusivas de Deus.

4 . Autoridade delegada
Os próximos quatro níveis de autoridade são reservados
aos homens: a autoridade delegada, a autoridade funcional, a
autoridade dos costumes e a autoridade dos contratos.
A autoridade delegada é o nível da autoridade exercida
pelos líderes da igreja, pelos governantes, pelos pais dentro da
família e pelo marido sobre a esposa. Quando essa autoridade
(ou governo) é bem exercida, o resultado será o que está em
Romanos 14.17: o governo de Deus sempre traz justiça, paz e
alegria no espírito.
Os líderes da igreja possuem autoridade delegada por
Deus. Somos seus embaixadores, seus representantes. Como
tais, devemos exercer nossa autoridade não como dominadores
do rebanho, mas nos tornando modelo (1 Pe 5.3).
Nossa autoridade pertence a Deus e por Ele nos foi de­
legada. Se esperamos submissão do rebanho, precisamos ter
a atitude de Cristo: a de dar a vida pelas ovelhas. Jesus disse
que o bom pastor dá a vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Quando
as ovelhas encontram pastores dispostos a dar a vida por elas,
naturalmente se disporão a obedecer-lhe.
A autoridade delegada não é igual à daquele que a delegou.
Nossa autoridade é limitada. Quando um governador manda
alguém representá-lo em alguma cerimônia, tal representante é
uma autoridade delegada, mas seria um absurdo pensar que tal
pessoa agora pode fazer tudo como se fosse o próprio governa­
dor. A autoridade dele é limitada à missão e à responsabilidade
que recebeu.
A autoridade delegada procede dessa responsabilidade. Pelo
fato de ter responsabilidade pela minha esposa e filhos, então
tenho autoridade sobre eles. Eu não tenho autoridade na casa
do vizinho, porque não tenho responsabilidade por eles. Minha
autoridade é circunscrita ao meu chamado e àqueles por quem
sou responsável diante de Deus.
A autoridade delegada nunca pode ir além de sua respon­
sabilidade. O limite de nossa autoridade é, portanto, nossa
responsabilidade. Nunca vai além dela. O inverso também é
verdadeiro: quando deixamos de assumir a responsabilidade,
perdemos a autoridade.

5. Autoridade funcional
A autoridade funcional é, muitas vezes, a base para estabe­
lecermos a autoridade delegada. A autoridade funcional provém
da habilidade, competência, experiência e treinamento.
No momento do ensaio, o líder de música é autoridade
por causa de sua habilidade e treinamento. O pastor, mesmo
sendo uma autoridade delegada e, portanto, estando em um
nível superior, precisa se submeter a ele nessa situação. O médico
é autoridade dentro do seu consultório. Se alguém não deseja
obedecer à prescrição médica, não deveria fazer uma consulta.
O médico é uma autoridade funcional, e ignorá-lo poderia ser
considerado rebeldia.
O pastor deveria se submeter dentro da igreja aos enge­
nheiros na questão de construção, aos médicos na questão de
saúde, e assim por diante. Não que os pastores deixem de ser
autoridade, mas eles reconhecem a autoridade funcional. Da
mesma forma, um marido deveria se submeter à sua esposa
naquilo em que ela possui mais habilidade, treinamento ou
experiência que ele, ainda que ele mesmo não deixe de ser au­
toridade sobre ela.

6. Autoridade dos costumes


A autoridade dos costumes e tradições se estabelece quando
foi provado, através dos anos, que certo costume é para o bem
comum e é aceito por todos. Paulo apela para a autoridade dos
costumes em 1 Coríntios 11, quando fala da questão do véu.
Uma igreja ou liderança não pode ignorar os costumes
de uma localidade ou comunidade. Se foi provado que certo
costume é um benéfico, então ele deve ser preservado. Todavia,
a autoridade dos costumes é sujeita a todos os níveis anterio­
res de autoridade. Se um costume anula a Palavra de Deus,
ele deve ser ignorado e até combatido. Jesus disse em Mateus
15.3 que os fariseus invalidavam a Palavra de Deus por causa
das tradições. Assim, é possível que existam tradições que anu­
lem a autoridade da Palavra de Deus, e, nesse caso, devem ser
combatidas. Mas, na maioria dos casos, costumes e tradições
podem ser respeitados.

7. Autoridade dos contratos


Esta é a autoridade da lei. Ela pode ser observada nos
contratos e acordos legais. A sociedade é regida por esse nível
de autoridade. Existem leis de todos os tipos para todo tipo de
situação. Se ignoramos as leis, estamos pecando contra Deus.
Mas as leis precisam também estar sujeitas aos níveis anteriores
de autoridade.
Uma lei não pode proibir aquilo que Deus ordena. Os
apóstolos foram proibidos de pregar o nome de Jesus; eles,
porém, desobedeceram. Fizeram isso porque a autoridade de
Deus e da Sua Palavra é superior às leis e contratos humanos.
Por outro lado, uma lei não pode autorizar aquilo que é
contrário à Palavra de Deus. Por exemplo, ainda que a lei au­
torize o aborto, nós não praticamos, porque primeiro obedece­
mos à Palavra de Deus. Apesar de ser algo natural, a Lei Civil
em sua origem é divina. Paulo disse, em Romanos 13, que essa
autoridade foi também constituída por Deus e procede d’Ele.
Para concluir, dizemos que uma igreja ou nação levan-
ta-se ou cai com sua liderança. A liderança que você seguir
determinará o que ou quem você é. Assim, nosso cuidado
como líderes, pastores, bispos ou apóstolos precisa ser grande,
pois nossa liderança sobre outros determinará como eles serão
e quem serão.
O povo pode sofrer consequências de nossos pecados e
erros. Vejao exemplo de Davi em 1 Crônicas 21.1-8. Ele pecou
fazendo o recenseamento da nação, mas todo o povo sofreu. O
pecado foi dele sozinho, mas a disciplina veio sobre milhares.
Por outro lado, por causa da fidelidade do líder, todo o povo
pode ser salvo. Veja o exemplo de Moisés em Êxodo 32.30-35.
Todo o povo havia pecado adorando o bezerro de ouro, mas,
por causa de Moisés, todos eles foram salvos.
Uma das coisas sérias a respeito de exercer autoridade é que
o crescimento espiritual do povo é limitado pela liderança. O
líder é o limite do povo. Se estamos debaixo de uma liderança
pobre em Deus, teremos poucas chances de crescimento. A
maioria das pessoas não irá além do nível do seu líder. Para que
a igreja possa crescer, o líder tem de crescer antes. Se a igreja
precisa mudar, os líderes devem mudar primeiro.
Israel foi condenado a vagar pelo deserto por causa da
sua liderança, os doze espias. Por causa daqueles dez homens
incrédulos, todo o povo, cerca de 3 milhões, foi contaminado
e condenado a vagar pelo deserto. Por isso, a advertência da
Palavra de Deus é muito séria aos líderes: “Não vos torneis,
muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior
juízo (Tg 3.1).

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