Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IN S T R U Ç Ã O P A R A 0 G O V E R N O
B A C A P IT A N IA D E M I N A S G E R A IS
J o ã o T e ix e ir a C o a lh o
D IS C U R S O H I S T Ó R I C O E P O L ÍT IC O
SOBRE A SUELEVAÇÃO QUE
N A S M IN Á S H O U V E N O A N O D E 1 7 2 8
B R E V E D E S C R IÇ Ã O G E O G R Á F I C A ,
F ÍS IC A E P O L ÍT IC A B A C A P IT A N IA
O E M I N A S G E R A IS
D io g o P e r e i r a R i b e i r a d e V a s c o n c e l o s
M E M Ó R IA S O B R E Ã C A P IT A N IA
D A S M I N A S G E R A IS - S E U T E R R IT Ó R IO ,
C L IM A E P R O D U Ç Õ E S M E T Á L IC A S
J o s é V ie ir a C o u to
G E O G R A F IA H IS T Ó R IC A
D A C A P IT A N IA D E M I N A S G E R A IS
descrição Geográfica, Topográfica,
H is t ó r ic a e P o lí t ic a d a C a p ita n ia
d e M in a s G e r a is
M e m ó r ia , H is t ó r ic a
d a C a p ita n ia d e M in a s G e r a is
J o s é J O a q u im d a R o c h a
E X P L O R A N D O E V IA J A N D O
T R Ê S M IL M IL H A S A T R A V É S
D O B R A S I L - D O R ÍO D E J A N E I R O
AO M AR AN H ÃO
J a m e s W . W e lls
B R A S IL N O V O M U N D O
W , L. v ó n E s c h w e g ©
S E IS S E M A N A S
N A S M IN A S D E O U R O 0 0 B R A S IL
V is c o n d e E r n e s t d e G a u r e y
T R A T A D O D E G E O G R A F IA
D E S C R IT IV A E S P E C I A L D A
PROVÍNCIA DE M INA S G E R A I S
J o s é J o a q u im d a S ilv a
V IS IT A S P A S T O R A IS D E D : F R E I
D A S A N T ÍS S IM A T R IN D A D E
A P R O V ÍN C IA B R A S IL E IR A D E M I N A S G E R A IS
H.G.F. HALFELD E J J von Tschudi
0 O U R O E M M IN A S G E R A IS
P a u l F e rra n d
('É o /i‘'Ç ã<7
IANA
PAUL FERRAND
PAUL F E R R A N D
TRADUÇÃO
Júuo C a s t a n õ n G u im a r ã e s
NOTAS
J o ã o H e n r iq u e G r o s s i S a d
F r ie d r ic h E. R e n g e r
ESTUDOS CRÍTICOS
J o ã o H e n r iq u e G r o s s i S a d
J u v e n il F é u x
F r ie d r ic h E, R e n g e r
R o n a ld F le is c h e r
BIBLIOGRAFIA
F r ie d r ic h E. R e n g e r
F u n d a ç ã o J o ã o P in h e ir o
C e n t r o d e E s t u d o s H is t ó r ic o s e C u l t u r a is
B e l o H o r iz o n t e
1998
FICHA CATALOGRÁFICA
CDD: 981
CDU: 9 (8 1 5 .1 )
A P O IO :
Fundação de A m p a ro à Pesquisa do Estado de M inas Gerais - FAPEM1G
U niversidade Federal de O uro Preto - UFOP
IANA
C O N S E L H O EDITO RIA L
IN D IC A Ç Ã O DE T EX T O
ROBERTO BORGES MARTINS
REVISÃO D A T R A D U Ç Ã O
IRENE ERNEST DIAS
JOÃO HENRIQUE GROSSI SAD
P R O JE T O G R Á F IC O E ARTE
ESCRITÓRIO DE DESIGN
P R O D U Ç Ã O EX ECU T IV A
ROSELI DE AG UIAR
R E P R O D U Ç Ã O E O T O G R Ã E IC A
JUNINHO MOTTA
REV ISÃO DE T EX T O
JOÃO HENRIQUE GROSSI SAD
APRESENTAÇÃO
U M A M I N A DE H I S T Ó R I A :
P A U L F E R R A N D E S E U L’r O R À M I N A S G E R A E S
ESTUDOS CRÍTICOS
O OURO E M M IN A S GERAIS.......................................................................................... 67
N O T A S ................................................... .................................................................................. 3 4 9
G LO S SÁR IO ................................................. .............................................. ........................... 3 5 5
R EFERÊNCIAS B IB L IO G R Á F IC A S .........................................................362
PAUL F E R R A N D E O O U R O EM M IN A S GERAIS
F R I E D R I C H E. R EN GER,
B IO G R A F IA DE PAUL FE R R A N D
FONTES:
J. H. G R O S S I SAD
R O N A L D F L E IS C H E R
JU V E N IL FÉLIX
In tro d u ç ã o
A JA Z ID A - C A R A C T E R ÍS T IC A S G E O L Ó G IC A S
1. P re p a ra ç ã o d o p á tio in d u s tria l
2. D e s e n v o lv im e n to d a m in a
3. M é to d o d e la v ra
3 .2 . P e rfu ra ç ã o e d e s m o n te
3 .4 . D e s a g u a m e n to d a m in a
3 .5 . V e n tila ç ã o
4 . G e re n c ia m e n to d a m in a
5. P ro d u ç ã o e custo
C usto da Explotação p o r
Despesas A nuais
Tonelada
II. M ã o de O bra:
Extração 2 1 :9 7 1 5 0 0 0 3 0 .3 0 5 05475 0 ,6 5
2 9 2 :4 8 0 5 0 0 0 4 0 3 .4 2 0 65330 8,73
III. M ã o de O bra:
6 1 :9 6 8 5 0 0 0 8 5 .4 7 3 15341 1,85
Total 3 8 9 :6 7 8 $ 0 0 0 5 3 7 ,4 8 5 8$433 1 1 ,6 3
U S I N A DE T R A T A M EN T O M E T A L Ú R G IC O
1. L o c a liza ç ã o d a usina
2. O processo m e ta lú rg ic o
a ) P re p a ra ç ã o m e c ân ic a
b ) A m a lg a m a ç ã o
3. E q u ip a m e n to s d a u s in a d e tr a ta m e n to
3 .1 . P re p a ra ç ã o m e c â n ic a
a ) P en e ira s
0 sistem a de p e n e ira m e n to era c o n s titu íd o de 7 peneiras in clinadas, d is
postas lo g o a b aixo da via fé rre a , no p o n to de descarga d o m in é rio , fo rm a d a s p o r
barras co m 3 ,5 cm de d iâ m e tro , co m a fa s ta m e n to de 10 cm e n tre eixos e in c lin a
das a 40° em reiação à h o riz o n ta l.
b ) B rita d o re s
U tiliza va m -se dois b rita d o re s d o tip o B lake M a rsd e n , em série, e um o u tro
tip o S a n d ycro ft, co m a b e rtu ra de 4 0 cm p o r 2 4 cm , co m ca p ac id ad e de b rita g e m
de 6 m e tro s cú b ico s p o r h o ra , re d u zin d o -se o m in é rio a 16 c e n tím e tro cú b ico s .
Os sistem as de b rita g e m a tua ! d ife re m destes apenas na e vo lu çã o te c n o
ló g ica dos e q u ip a m e n to s , cu jo s p rin cíp io s são os m esm os.
c) M o in h o s
A m o a g e m processava-se p o r trê s sistem as de pilões, se ndo dois b ra s ile i
ros e um c a lifo rn ia n o . Um dos m o in h o s b rasileiros era de 2 4 pilões e o o u tro era
de 32, o p e ra n d o em série, de a m b o s os lados da roda m o triz .
O sistem a de a c io n a m e n to destes pilões era p o r e xcê n trico s fixa d o s, em
n ú m e ro de 6 para cada u m . 0 fu n d o das a lm o fa rize s , o n d e colocava-se a ro ch a a
ser m o íd a , era fo rra d o co m q u a rtz o bra n co .
Todo o a c io n a m e n to era fe ito p o r rodas h id rá u lica s.
Este tip o de pilõ e s fo i, na a tu a lid a d e , to ta lm e n te s u b s titu íd o p o r m o in h o s
ro ta tiv o s de bolas, barra, s e m i-a u to g e n o s o u a u to g e n o s.
A té cn ica de m o a g e m , através de pilões, resistiu d u ra n te m u ito s anos, haja
vis to que a M o rro V elho, única em presa p ro d u to ra de o u ro co m a tiv id a d e in in
te rru p ta desde 1 8 34 , s u b s titu iu os pilõ e s p o r m o in h o s de bo la so m e n te em 1960.
d ) M e s a s C o n c e n tra d o ra s
U tilizava-se mesas de telas e vib ra tó ria s , co m la rg u ra de 0 ,5 0 m e c o m p ri
m e n to q u e variava de 4 ,5 0 m a 5 ,5 0 m , para c o n c e n tra ç ã o de m a te ria l em o u ro li
vre e os s u lfe to s co m o u ro associado.
O m a te ria l, d e po is de passar pelas m esas vib ra tó ria s , era d irig id o para as
mesas de telas, e daí para um a re m o a g e m .
e ) A g ita d o r
O a g ita d o r recebia o m a te ria l dos m o in h o s para e lim in a ç ã o de g a n g a , e o
m a te ria l c o n c e n tra d o era le va d o às mesas de telas.
3 .2 . A m a lg a m a ç ã o
a ) B a te ia s
Eram feitas da m adeira vin h á tico , com 60 cm de d iâ m e tro e 1 5 cm de altura.
b ) M o in h o s d e M a r te lo
Eram pilõ e s de m a d e ira , te n d o na base um a sapata de fe rro q u a d ra d o de
15 cm de la d o , q u e servia para p u lv e riz a r p a rte d o m a te ria l já passado nos t o
néis (para lib e ra r o o u ro ) q u e , a d ic io n a n d o um p o u c o de m e rc ú rio , re c u p e ra
va m o o u ro .
c) R e to rta s d e D e s tila ç ã o
Eram c ilín d rica s , m e tá lic a s, de fe rro fu n d id o , para p ro m o v e r a d e s tila ç ã o d o
a m á lg a m a .
3 .3 . C lo re ta ç ã o
a ) Forn os d e U s tu la ç ã o
Possuíam dois fo rn o s de revérbero, co m duas soleiras dispostas em p ro
lo n g a m e n to um a da o u tra , co m um a fo rn a lh a para q u e im a de m adeira,
b ) Á re a d e R e s fria m e n to
Era um g a lp ã o sem paredes laterais, com um a lage de 9 ,5 0 m de com
p rim e n to p o r 3 ,0 0 m de la rg u ra , situ a d a 0 ,5 0 m a b a ixo d o nível dos fo rn o s .
c) In s ta la ç ã o d a C lo re ta ç ã o
O p ré d io de clo ra çã o e p re cip ita ç ã o era d iv id id o em 3 andares. N o a n d a r
su p erior, tin h a um a tre m o n h a para c a rre g a m e n to d o m a te ria l n o to n e l de c lo ra
ção, q u e se situava no a n d a r m é d io , e lo g o a b a ixo deste, havia um a o u tra tre m o
nha que a lim e n ta va d ire ta m e n te a m istu ra d o to n e l na cuba de filtra ç ã o , situ a d a
n o a n d a r in fe rio r.
d ) T o n el d e C lo re ta ç ã o
Era se m e lh a n te ao de a m a lg a m a çã o , co m ro ta çã o s e g u n d o o eixo h o riz o n
ta l. Possuía in te rn a m e n te um re v e s tim e n to em p in tu ra , para e v ita r a p re c ip ita
ção p re m a tu ra do o u ro em c o n ta to co m m a té ria s o rg â nica s.
e ) R e c ip ie n te d e F iltra ç ã o
Era um a cu b a re ta n g u la r de m a d e ira , p ro vid a de um fu n d o d u p lo . O fu n
d o s u p e rio r fu n c io n a v a co m o filtro . D o fu n d o in te rio r da cu b a, existia um tu b o de
aspiração da b o m b a , para la nçar a so lu çã o de filtra g e m até a cuba de recepção.
f ) B a rrile te s d e P re c ip ita ç ã o
Era um a cuba de m e n o r cap acid ad e , se m e lh a n te à de p re c ip ita ç ã o , com
um fu n d o sim ples de o n d e sai o tu b o de e n tra d a da so lu çã o d o b a rrile te s u p e rio r
de p re c ip ita çã o . Eram trê s b a rrile te s, em d e g ra u , in te rc o m u n ic a n te s .
FL U X O G R A M A DE P R O C E S S O - C I R C U I T O DE SÃO B E N T O
FLUXOGRAM A DE P R O C E SSO - C IR C U IT O DE SÃO BEN TO
LEGISLAÇÃO SOBRE A MINERAÇÃO DE O URO
• 13 fu ro s de a té 2 2 m de p ro fu n d id a d e na d ire çã o de S anto A n tô n io .
A M IN A DE PASSAGEM, H O JE
J. H. GROSSI SAD
• A tr a d u ç ã o p a ra c a m p d e e x p lo it a tio n é f r e n t e d e la v ra (o u f r e n
te d e e x tra ç ã o ).
• N om es de m in e ra is fo ra m d ire ta m e n te tra d u z id o s , e m p re g a n d o -s e p a la
vras fo ra de uso a tu a lm e n te co m o , p o r e xe m p lo , p irita de fe rro (h o je em dia usa-
se p irita , apenas), p irita arsenical (a rs e n o p irita ), p irita de co b re (c a lc o p irita ), p irita
m a g n é tica (m a rca s ita ), o lig is to (h e m a tita ), d is tê n io (c ia n ita ), etc. Em g lo ssá rio no
fim d o te x to , to d o s os n om es são a p re se nta d o s, co m d e fin iç ã o .
N om es de lo ca lid a d e s fo ra m re p ro d u z id o s c o m o co n sta m d o te x to em
fra n cê s, a tu a líza n d o -s e a o rto g ra fia . Em a lg u n s casos os nom es fo ra m m u d a d o s
n o d e co rre r d o te m p o e em n o ta s de pé de p á gina isso é m o s tra d o . A lg u n s e xe m
plos: C o n g o n h a s de Sabará (a tu a lm e n te , Nova Lim a), Ita b ira d o M a to D e n tro
(a tu a lm e n te , Ita bira ) V ila d o Príncipe (a tu a lm e n te , Serro), C a e thé (escreve-se,
h oje, C aeté), M a ria n n a (escreve-se M a ria n a ) etc,
* As no ta s de pé de p á gina d o te x to em fra n cê s fo ra m a g ru p a d a s em um a
única seção, no fim d o te x to tra d u z id o e são n u m e ra d a s c o n tin u a m e n te , de 1
(u m ) a 123, re fe re m -se às n o ta s d o autor.
* A lg u m a s n o ta s de pé de p á g in a (id e n tific a d a s c o m o *N R - n o ta s do
re visor) são usadas p ara e x p lic a r pa la vra s d o te x to (ou para fo rn e c e r n o m e a tu a l
de lo ca lid a d e s).
* Paul Ferrand u tiliz a quase se m p re o te rm o ita b irito no se n tid o d e fin id o
p rim itiv a m e n te p o r W . L. vo n E schw ege (G e o gn o stish e s G e m ã ld e von B rasilien
u n d W a h rsch e in lich e s M u tte rg e s te in d e r D ia m a n te n . W eim ar, 1 8 22 .), isto é, s ig n i
fic a n d o m in é rio de fe rro (h e m a tític o ) de a lto te o r (ver, p o r e x e m p lo , a análise q u í
m ica fo rn e c id a p o r Ferrand, q u a n d o tra ta da M in a d o G o n g o Soco). O u tro s a u to
res usaram a palavra de m o d o v a ria d o : fo rm a ç ã o fe rrífe ra silicosa p o bre, fo rm a
ção fe rrífe ra em g e ra l. M in é rio de fe rro d u ro fo rm a ç ã o fe rrífe ra b ra n d a , etc, O uso
a tu a l re s trin g e o te rm o às rochas la m in a d a s-b a n d a d a s, co n s titu íd a s p o r a lte rn â n
cias claras (q u a rtz o , p rin c ip a lm e n te ) e escuras (h e m a tita , p rin c ip a lm e n te ) nas
quais os c o n s titu in te s são visíveis.
• Do m o d o e xp o s to verifica-se q u e as ja c u tin g a s descritas p o r Ferrand são
m iné rio s de fe rro h e m a títico s, de a lto teor, b ra n d o s (c o n fo rm e análise acim a m e n
cion a da ) e auríferos.
M. PAUL FERRAND
Anciea étève de PEcole Naíionale Supérjeure des mines de Paris,
Projfesseur de métalfurgie et d'exploitation des mines á 1’Ecoíe
des Mines d'O uro Preto (Rrésil), O ftíder d'Acadetnie « j
:v
0/: -V" ..: S-TO
à i ‘ < s< . io n Ú í ..................... ..................
BEX.LO H O R IZ O N T E
lua p r e n s a O ffic ia l d o E s t a d o d e M i n á s O e r a a a
.1 9 1 3
O OURO EM MINAS GERAIS
(BRASIL)
Por ocasião da
Exposição m ineira e m e ta lú rg ica de S antiago (Chile)
Em 1 8 94
O u ro Preto
Im prensa O fficia l d o Estado de M ina s Gerais
1894
O U R O EM M INAS GERAIS
SUMÁRIO
70
Disposição d o p á tio industrial e da usina de t r a t a m e n t o ..............................263
Descrição dos E q u ip a m e n to s e M o to r e s ..................................... 267
Preparação m e c â n ic a ............................................. 267
A m a lg a m a ç ã o ....................................... 277
C lo r e t a ç ã o ............................................... f ....... .................................................................281
A n d a m e n to das O p e ra ç õ e s ................................................... 287
Preparação m e c â n ic a ......................................................................................................28 7
A m a lg a m a ç ã o ................................,................................................................. 291
C lo r e t a ç ã o ........................................................................................... ,..............................295
Considerações té c n ic a s ..................................................................................................29 9
Serviços a c e s s ó rio s ..........................................................................................................30 8
O rg a n iza çã o dos Serviços da Usina. Pessoal da M in a . S a lá rio s.......................30 9
Produção da Usina de T ra ta m e n to ..............................................................................3 1 4
Preparação m e c â n ic a ....................................................... , ......... ,..................................3 1 4
A m a lg a m a ç ã o ................................................................................. 321
C lo r e t a ç ã o .......................... 322
C u sto líq u id o d o t r a t a m e n t o ...................................... 323
Força m o t r i z ...................... ,.................................... ,.3 2 6
A d m in is tra ç ã o , A rm a z é m , Serviço M é d ico , A lo ja m e n to ,
Im postos, C o n stru çã o , Pessoal, C u s t o s ....................... 332
A d m in is tra ç ã o , D iretoria, A lm o x a r if a d o .......................... 332
Serviço m é d ic o . , ........................... 332
A lo ja m e n to e h a bita çõ e s o p e r á r ia s .........................................................................333
Im p o sto s e tra n s p o rte d o o u r o .................................................................................. 3 33
C o n s t r u ç ã o .................................. 334
Pessoal ............................... 335
Custo. Resumo das o p e r a ç õ e s .......,.........................................................3 3 5
A p ê n d ic e ao tra ta m e n to m ecâ n ico e m e ta lú rg ic o .............................................341
TRA BALH O S P U B LIC A D O S
76
PREFÁCIO
O u ro Preto, 1o de ju lh o de 1894.
Paul Ferrand
* NR: Le G énie C ivil, Revue g é né nale H e d to m a ire des in du stries françaises e t étrangéres. Paris, 6, rue de Ia C haus-
sée - d 'A n tin .
* * NR: O u ro Preto e as m inas de o u ro (Brasil).
* * * NR. 0 p ro je to de P. Ferrand, de p u b lica r um s e g u n d o v o lu m e c o m o e stu do de cada c o m p a n h ia restrin giu -se ao
da O u ro Preto G o ld M ines o f Brazil, Lim ited (M in a de Passagem), em v irtu d e d o fa le c im e n to d o m esm o. A m esm a
razão im p e d iu o e s tu d o da legislação, a p a rtir d a Indep en dên cia. Na presente p u b lica çã o pre feriu-se u tiliz a r o s e g u in
te a rra njo ; P rim eira Parte, Segunda Parte (no o rig in a l c o m p u n h a m o V o lum e I) e Terceira Parte (no o rig in a l, corres
p o n d e n d o ao Volume II).
79
Fig. 1 - Minas Gerais e seus centros de explotação aurifera no tem po da colônia p o rtu g u e s a
Fig. 2 . - V ila Rica (O u ro P reto)
80
H IS T Ó R IC O
* NR: a palavra C aeté designa várias plantas, cujas fo lh a s os índios usavam para fin s diversos {d o tu p i Kaae'te:
K a 'a = fo lh a + e 'te = verdadeiro). O utro significado: indivíduo da tribo Caetés, índios que habitavam a antiga capita
nia de Pernam buco.
vários de seus p arentes e a m ig o s o a co m p a n h a sse m em u m a exp ed ição ao in te
rior: p a rtira m de São Paulo no c o m e ç o de 1 6 9 4 e, gu ia do s p e lo itin e rá rio de A r
zão, atravessaram espessas florestas dos sertões, re g u la nd o -se pelos picos eleva
dos de a lg u m a s serras, q u e lhes serviam de faróis na im en sidã o deserta; a tin g ira m
assim a Serra de Itaverava, a 8 léguas d o local o n d e deveria ser e rg u id a , mais t a r
de, O u ro Preto.
A p esar da fa lta de experiência e da insuficiência de seus meios, c o n s e g u i
ra m retirar u m p o u c o de o u ro . C o m o não possuíam utensílios de fe rro , e ra m o b r i
g ados a cavar a te rra servindo-se de estacas afiladas, a fim de d e sco brir as areias
auríferas e fa ze r sua c o n c e n tra ç ã o nos p ra to s de m adeira ou e sta nh o q u e os via
ja n te s se m p re tra z ia m consigo; assim, só e xtra ía m u m a p e q u e n a p a rte d o o u ro
c o n tid o . C h e g a ra m , no e n ta n to , a recolher u m a certa q u a n tid a d e d o precioso
m etal, 12 oitavas a p ro x im a d a m e n te , que tro c a ra m p o r um a ca rabina co m u m dos
c o m p a n h e iro s d o co ro n e l Salvador Fernandes Furtado, chefe de um g ru p o que
desenvolvia suas buscas ao pé d o Ita colom i, à beira de u m a flu e n te d o ribe irão do
C a rm o . Esse ind ivíd u o, u m a vez de posse d o o u ro , de ixo u seus c o m p a n h e iro s a
fim de v o lta r a São Paulo, mas e m Taubaté c o n to u sua boa sorte a um a m ig o , que
n ã o e n c o n tro u nada de m e lh o r q u e o espoliar e f u g ir para o Rio de Janeiro, o n d e
o G ove rn a do r, re co m p e n s a n d o -o p o r um a d e scoberta q u e não fizera, n o m e o u -o
c a p itã o -m o r da cid a d e de Taubaté.
Esses fa to s fo ra m su ficientes para excitar o espírito a ve n tu re iro dos paulis
tas; o a rd o r q u e d e senvolviam na ca p tura dos índios, e m p re g a ra m para a busca
d o o u ro , cuja existência estava d e fin itiv a m e n te reco n h ecida . Estabeleceu-se, a
p a rtir de e n tã o , um a c o rre n te de e m ig ra çã o para os sertões, e as descobertas das
regiões auríferas se to rn a ra m mais num erosas a cada dia.
Os paulistas A n t o n io Dias, T h om as Lopes de C a m a rg o , Francisco Bueno da
Silva e o padre João de Faria Fialho fo ra m os prim e iro s a desco brir o u ro no d is tri
t o de O u ro Preto em 1699, 1 7 00 e 1701, e p o r causa da cor escura d o m e ta l re
tira d o , d e ra m à serra que o c o n tin h a , o n o m e de Serra de O u ro Preto, A riqueza
das m inas a tra iu g ra n d e n ú m e ro de. aventu re iro s, que a u m e n ta v a a cada dia, Er-
gueu-se, no pé da serra, u m a cidade co m o m e sm o n o m e . O u ro Preto se to rn o u
ra p id a m e n te o c e n tro de um vasto te rritó rio , d e n o m in a d o M inas Gerais e cujos
h a b ita n te s fo ra m ch a m a d o s M in e iro s (m ineradores); para p e rp e tu a r a lem brança
de sua criação, fo ra m d ados a bairros da cid a d e nom es de alguns dos prim e iro s
exploradores. .
Esse te rritó r io das m inas fo i po sto, de início, sob a d e p e n d ê n cia da C a p i
ta n ia geral d o Rio de Janeiro; depois, em v irtu d e de sua im p o rtâ n c ia crescente,
fo i re u n id o ao te rritó r io de São Paulo, a fim de fo r m a r a C ap ita nia geral de São
Paulo e M inas, co m a cid a d e de São Paulo c o m o capital (C arta Régia de 23 de n o
v e m b ro de 1709). O p rim e iro g o v e r n a d o r* da nova C ap ita nia geral, q u a n d o de
sua ida a M inas, para instalar um re g im e re g u la r e re g u la m e n ta r os im postos, c o n
fir m o u o e s ta tu to de vila para O u ro Preto, co m o n o m e de Vila Rica de O u ro Pre
to , a 8 de ju lh o de 1711.
C o m o a u m e n ta v a c o n s ta n te m e n te o ta m a n h o da p o p u la ç ã o d o n o vo t e r
ritó rio , e a fim de re p rim ir de m aneira mais eficaz q u a lq u e r m o v im e n to de rebe
lião dos m ineiros, sobre os quais recaía o pesado im p o s to d o q u in to , o g o v e rn o
da m e tró p o le elevou, p o r Provisão de 2 de d e z e m b ro de 1720, a C a p ita nia su b al
te rn a de M ina s Gerais à co n d iç ã o de C a p ita nia geral, in d e p e n d e n te de São Pau
lo, co m Vila Rica c o m o capital. Essa vila passou ao nível de cidade e re to m o u seu
a n tig o n o m e de O u ro Preto, q u a n d o da in d e p e n d ê n cia d o Brasil, em 1822, t o r
nando-se ca p ita l da província de M ina s Gerais, co m o n o m e de Im perial C idade
de O u ro Preto.
" A posição da capital das M ina s fo i in te ira m e n te decidida pela riqueza dos
te rre n o s sobre os quais se erg u eu , pois, em to d o s os o u tro s níveis, n ã o teria sido
possível fa ze r escolha pior. Por to d a s as partes, está cercada p o r altas m o n ta n h a s ,
no m e io das quais se d is tin g u e ao lo n g e o Ita colom i, co m seu cu m e cu rva d o em
fo rm a de ch ifre r o m b u d o " 2 (Fig.2). Por to d a p arte, na p ró p ria cidade, e n c o n tra m -
se m u ito s vestígios dos a n tig o s tra b a lh o s: m o n ta n h a s revolvidas, cujos fla n co s ras
g ados te s te m u n h a m , ainda hoje, ataques d o h o m e m ; reservatórios im ensos com
paredes de g ra n d e espessura, fe ito s de e n o rm e s blocos de pedras, c im e n ta d o s
s im p le sm e n te co m te rra diluída e n d u re cid a pe lo te m p o e cuja resistência d ific il
m e n te a picareta venceria, e n orm e s receptáculos o n d e as águas auríferas vin h a m
d e p o s ita r suas lamas preciosas, q u e o m in e ra d o r re to m a va para delas retirar o m e
tal c o n tid o . E p o r to d o s os lados, nas estradas q u e levam ao c a m p o , e n c o n tra m -
se tre ch o s de m u ro s enegrecidos, ruínas de a n tiga s casas, velhos restos te s te m u
* NR: A n to n io de A lb u q u e rq u e C o e lh o de C arvalho, 1 7 1 0 -1 7 1 3 .
nhas de u m a gran de za passada, cujas fu n d a ç õ e s ainda sólidas resistem às v io le n
tas te m p e sta d a s q u e se a b a te m a cada a n o sobre a região e co m fre q ü ê n c ia ser
vem de base para casas novas q u e se e rg u e m n o local.
E n q u a n to O u ro Preto era fu n d a d a , o u tro s g ru p o s p rosseguiam as buscas
em diversos p o n to s: fo i assim q u e o g ru p o d irig id o pelo co ro n e l Salvador Fernan
des F u rta d o co n se gu iu , ao e xp lo ra r um a flu e n te d o ribeirão d o C a rm o , alcançar o
p ró p rio ribeirão. A ch e ga d a dos e xp lo ta d o re s nessas paragens oca sio n ou a f o r m a
ção de u m c e n tro p o p u lo so , considerável o su ficie n te para que se lançassem os
p rim e iro s fu n d a m e n to s de u m a vila q u e recebeu, e m 1 7 11 , o n o m e de Vila d o
C a rm o , e que, pela C arta Régia de 23 de abril de 1745, fo i elevada a cidade, com
o n o m e de M a ria na , em h o m e n a g e m à rainha D. M a ria n a da Á u stria , esposa de
D. João V, q u a n d o da criação de u m bisp a do em Minas.
D u ra n te m u ito te m p o , os m in e ra d o re s d o C a rm o ig n o ra ra m a vizin ha n ça
de O u ro Preto, q u e dista apenas 12 q u ilô m e tro s : c o n to rn a v a m o m a ciço d o Ita-
c o lo m i para lá chegar, pois não existia c a m in h o através das espessas flo re sta s e
rochas escarpadas n o m e io das quais co rre o rio q u e passa em O u ro Preto, antes
de a tin g ir a Vila d o C a rm o , o n d e to m a v a o n o m e de rib e irã o d o C a rm o . Todavia,
c h e g a ra m a su sp e itar da existência d os tra b a lh o s na viz in h a n ça , p e lo asp ecto das
á guas tu rva d a s pela lavação d o o u ro , e c h e g a ra m a a b rir um c a m in h o através
dessas regiões quase im pe n e trá ve is, g u ia n d o -s e pelas águas lam acentas d o rib e i
rão. Este fo i d u ra n te m u ito t e m p o o ú n ico c a m in h o q u e existiu e n tre as duas ci
dades.
C o m o a fe b re d o o u ro o cu pava cada vez mais os espíritos, a c o rria m às m i
nas a ve ntu re iro s das C apitanias d o Rio de Janeiro, Espírito Santo, P orto Seguro,
Bahia, Sergipe e P e rn am b uco: daí num erosas lutas e sucessivos co n flito s, suscita
dos pela co n co rrê n cia , mas a necessidade de se esp alha rem p o r to d a p a rte levou
à d e sco be rta de novas regiões auríferas.
Foi graças a essas jazidas de o u ro q u e o fé rtil te rritó rio de Sabará veio a
ser e x p lo ta d o e viu ch e ga r um a tal a g lo m e ra çã o de pessoas q u e ra p id a m e n te se
f o r m o u u m a vila, q u e recebeu o n o m e de Vila de Sabará, a 17 de ju n h o de 1711.
A .a lg u m a s léguas dali, as ricas regiões de C aeté a tra íra m os aventureiros,
e lo g o se e rg u e u u m p o vo a d o , q u e fo i tra n s fo rm a d o em vila e m 2 9 de ja n e iro de
1714, co m o n o m e de Vila Nova da Rainha.
Em 1 7 20 , os irm ãos llbernaz c h e g a ra m ao pé de u m pico elevado, o n de
de sco brira m jazidas auríferas; d e ra m -ih e o n o m e de itabira (ita, pedra; bira, b ri
lhante). Em breve, e xp lo ta d o re s se a g ru p a ra m ao seu redor, e o local t o m o u o
n o m e de Itabira d o M a to D e n tro .*
Em Santa Bárbara, encon tra va -se o u ro nas areias d o rio. Em Catas Altas,
era e n c o n tra d o d isse m in a d o na ja c u tin g a .3 In fic io n a d o (in fe cta d o ) to m o u seu
n o m e de u m canal p ro fu n d o o n d e o o u ro existia em a b u n d â n c ia . C a m a rg o s foi
assim d e n o m in a d a p o r causa de Th o m a s Lopes de C a m argo s, u m dos prim e iro s
e xp lo ta d o re s das jazidas auríferas de O u ro Preto, q u e veio, e m seguida, se esta
belecer nesse local.
Por to d a p a rte havia provas da existência de o u ro e o n de , no c o m e ço d o
século só havia florestas im penetráveis, dez anos mais ta rd e havia vilas populosas.
Todavia, c o m o a u m e n ta va c o n s ta n te m e n te o a n ta g o n is m o e n tre os p ri
m eiros o cu p a n te s e seus novos co n co rre n tes, o g o v e rn a d o r da C ap ita nia , A n t o
n io de A lb u q u e rq u e , dirigiu-se às m inas, no c o m e ç o de 1 7 11 , a f im de aí resta
belecer a o rd e m e instalar um re g im e re g u la r pela fo rm a ç ã o de u m c ó d ig o de leis
relativas às minas; in fe liz m e n te , o e s ta b e le c im e n to d o im p o s to d o q u in to sobre o
o u ro e, lo g o depois, a criação de q u a tro casas de fu n d iç ã o , em Vila Rica, Sabará,
São João dei Rei e Vila d o Príncipe, e n v e n e n a ra m ainda mais os espíritos, e n u m e
rosas revoltas eclo d ira m .
Cada m in e ra d o r era o b rig a d o a e n tre g a r as pepitas e o pó de o u ro q u e re
colhia aos fu n c io n á rio s reais; estes retiravam a q u in ta parte (q u in to ), e o resto era
p u rific a d o e fu n d id o em barras, às custas d o G o ve rn o ; essas barras e ra m testadas
e m arcadas s e g u n d o seu títu lo e seu valor, depois e n tre g u e s ao p ro p rie tá rio com
u m a perm issão de circulação.
Esse im p o s to sobre o o u ro era tã o o n eroso, q u e os m in e rad o re s e m p re g a
ram to d o s os m eios para dele escapar. A fra u d e assum iu p ro p o rçõ e s co n sid e rá
veis; apesar das mais severas ordens, passava-se f o r tu ita m e n te para o Rio de Ja
n eiro um a g ra n d e q u a n tid a d e de o u ro em e stado de p ó b ru to . Para p ô r fim a isso,
o n o vo g o v e rn a d o r instalou barreiras nos p rincipais p o n to s dos ca m in h o s c o n h e
cidos: aí as pessoas q u e v in h a m d o d is trito das m inas eram s u b m e tid a s a u m e xa
m e escrupuloso; a n otava-se em u m registro o c e rtific a d o de q u e cada u m devia
88
As riquezas m inerais, q u e p o d e ria m te r sido u m a f o n t e de p ro sp e rid a d e
para o vasto te rritó r io de M ina s Gerais, fo ra m desperdiçadas antes d o c o m p le to
e s g o ta m e n to , pelos a n tjg o s e xp lo tad o re s. Já em 1799, José V ieira C o u to se q u e i
xava: "Desses m esm os m o n te s q u e d ize m estar e sg otados e lavrados não se p o de
dizer senão que estão a rra n h a d o s nas suas superfícies e q u e as veias dos m etais
se a ch am pela m a io r p a rte a inda intactas no seu centro. A ig n o râ n c ia dos m in e i
ros e o de scu id o que h o u ve de se instruir, em t e m p o na sua profissão, esta p re
ciosa classe de h o m e n s é a causa única e. ao m e sm o t e m p o m u i b a stan te da d e
cadência a tua l da m in e ra ç ã o ." 6
Todavia, o erro não cabe apenas aos m ineradores: o g o v e rn o da m e tr ó p o
le ta m b é m fo i responsável p o r tal e stado de coisas, d e vid o a sua incúria ao não
re g u la m e n ta r o tra b a lh o das m inas e não im p r im ir u m a boa dire çã o aos tra b a lh os,
e n via n d o pessoas hábeis na arte das minas e capazes de o rie n ta r os m ineradores;
só se o cu pava e m os pressionar, c o m o te s te m u n h a m as diversas instruções d irig i
das aos g o ve rn a d o re s e o processo da conspiração de Tiradentes e m 1792.
Foi s o m e n te q u a n d o da vin d a da fam ília real para o Brasil q u e c o m e ç o u a
haver p re o cu p a çã o co m o d e stin o dos m in e rad o re s; o m in is tro de Estado, conde
de Linhares, e n vio u a M inas, em 1811, um alem ão, o Barão de Eschwege, para
e stu da r a m aneira c o m o os m ine rad o re s p o d e ria m to r n a r suas m inas mais p ro d u
tivas e. para lhes fo rn e c e r e sclarecim entos e conselhos. In felizm e n te , os m in e r a d o
res se apeg a va m a seus a n tig o s erros e se recusaram a instalar a lg u ns e q u ip a m e n
tos d e stin ad o s a fa c ilita r o tra ta m e n to dos m inérios. Todavia, e sp era nd o q u e seu
e x e m p lo fizesse os m in e rad o re s c o m p re e n d e r m e lh o r seus p ró p rio s interesses, o b
teve, p o r d ecreto, em 1817, a a u to riza çã o de fo r m a r um a c o m p a n h ia de minas;
para isto, c o m p ro u a m ina de Passagem, situada p e rto da vila de m e sm o n o m e , a
seis q u ilô m e tro s de Vila Rica. Instalou u m e n g e n h o de 9 pilões, e c o m e ç o u a a brir
um a galeria p ro fu n d a , destinada ao e s g o ta m e n to das águas que in u n d a v a m a
m ina, da qual existem , ainda hoje, vestígios. Os a c o n te c im e n to s políticos de 1 8 20
o o b rig a ra m a de ixa r o Brasil e o im p e d ira m de assistir ao sucesso de seu e m
p re e n d im e n to , q u e deu b ons resultados, graças a um a a d m in is tra ç ã o sensata.
Os esforços de Eschwege não fo ra m in te ira m e n te perdidos; ao criar um a
c o m p a n h ia , in a u g u ro u um a era nova para a e xp lo ta çã o das m inas de o u ro no Bra
sil. É verd a d e q u e o n ú m e ro das co m p a n h ia s existe n tes a tu a lm e n te n o Estado de
M ina s Gerais é b e m restrito, q u a n d o c o m p a ra d o à q u a n tid a d e de m inas e xp lo ta -
das no século passado; existem o p e ra n d o apenas nove co m p a n h ia s de minas de
o u ro . Em p a rte são estrangeiras; d e vem ser acrescentadas diversas pequ e n as as
sociações particulares, form adas geralm ente com a finalidade de valorizar um a jazida:
S a n ta -B a rb a ra G o ld M in in g C o m p a n y (M in a d o Pari)
D o n P e d ro G o ld M in in g C o m p a n y ( M in a d e M a q u in é )
C o m p a n h ia d a s M in a s d e O u ro fa la (a lu v iõ e s d o R io S a p u ca í)
E m p re sa d e M in e ra ç ã o d e C a e té ( M in a d o C a rra p a to )
C o m p a n h ia A u n fe r a d e M in a s G e ra is (M in a d e D. F lo ris b e la )
A fo rm a ç ã o de u m a c o m p a n h ia de m inas no Brasil é e fe tu a d a co m g ra n
de le n tid ã o e depois de serem superadas num erosas dificu ld a d es. Os capitais são
difíceis de e n co n tra r; é o e stra n g e iro q u e fo rn e c e a m a io r parte. A lé m disso, os
p ro p rie tá rio s de um a m ina só se d e cid e m ve n dê -la depois de longas enum erosas
conversas. Por não te re m q u a lq u e r idéia d o v a lo r da jazida que possuem e p e r
suadidos de q u e c o n té m um te so uro, a co nte ce co m fre q ü ê n cia d e m o n s tra re m
pretensões q u e u m a c o m p a n h ia não p o d e a ce ita r sob pena de se arruinar. Em vez
de e n tra re m e m a co rd o , p re fe re m c o n tin u a r a a rra n h a r s u p e rfic ia lm e n te sua
m ina, d e te rio ra n d o um b e m d o qual não tira m q u a lq u e r p ro ve ito , p o r ser im p o s
sível co n se g u ir os meios para fa zê -lo fru tifica r,
M É T O D O S DE EXPLOTAÇÃO
1. J a zid as d e o u ro
As m inas de o u ro , e m M in a s Gerais, e stão c o n c e n tra d a s em g ra n d e p a r
t e nos fla n c o s da Serra d o E spinhaço. Essa g ra n d e cadeia de m o n ta n h a s , q u e
fo r m a o m a c iç o ce n tra l d o Estado, te m u m a dire çã o N-S, s e g u in d o um a linha
se n s iv e lm e n te m e rid ia n a q u e passa pe lo Rio de Janeiro, O u ro Preto e D ia m a n ti
na, e separa as á guas da bacia d o Rio Doce, a leste, das da bacia d o Rio São
Francisco, a oeste.
Na p a rte desse maciço q u e recebeu o n o m e de Serra de O u ro Preto, é que
se e n c o n tra m n u m e ro so s vestígios das a n tiga s explotações.
Q u a n d o se e xam ina a c o n s titu iç ã o g e o ló g ica da re g iã o ,7 parece que p o
d e m ser d istin g u id o s , na o rd e m de superposição dos te rre n o s, três grandes p e río
dos (g eológicos) distintos:
I o Gnaisse, M icaxistos.
2o Xistos micáceos, Q u a rtz ito s xistosos, Xistos a rg ilosos,Itabiritos.
3 o Q u a rtz ito s co m p a cto s, A re n ito s.
As rochas mais antigas, incluídas nos dois prim e iro s períodos, apre se nta m
características de e stra tifica çã o q u e te n d e m a desaparecer naquelas d o terceiro
período. Parecem análogas às rochas c o s tu m e ira m e n te classificadas nos terrenos
p rim itivo s: as d o p rim e iro p e río d o co rre sp o n d e ria m a terre n o s Laurencianos, as do
se g un d o , a te rre n o s H uronianos.
C o m o as rochas d o p rim e iro p e río d o o fe re c e m p o u c o interesse d o p o n to
de vista q u e nos o c u p a , não nos d e te re m o s nelas. A o c o n trá rio , as d o se g u n d o
p e río d o são, para nós, p a rtic u la rm e n te interessantes. Os xistos micáceos, que
o c u p a m sua base, são g e ra lm e n te cinza-escuro, quase negros, u n tu o so s ao ta to
e se a p re se nta m sob dois aspectos u m p o u c o dife re n te s: na p a rte inferior, são
mais macios, lig e ira m e n te g rafitosos, e scurecendo os dedos; na p a rte superior,
são mais duros e co m p a cto s, p a re ce nd o a lg u m a s vezes c o m ardósias. Entre os
dois, às vezes, vêm se intercalar os q u a rtz ito s xistosos; estes são g e ra lm e n te d u
ros e resistentes, suscetíveis de se separar e m cam adas delgadas, utilizadas c o m o
lajes na região, co m o n o m e de p e d ra de lajes.
Os xistos argilosos que, co m os ita b irito s, o c u p a m o nível su p e rio r dos
te rre n o s fra n c a m e n te xistosos, p ro v ê m da d e c o m p o s iç ã o mais ou m e n o s a vança
da dos xistos micáceos. São e n c o n tra d o s sob c a p e a m e n to s e n orm e s, e as e x p o
sições e n c o n tra d a s a cada passo nos ca m in h o s o fe re c e m ao o lh a r u m a série de
cam adas re g u la rm e n te e stra tifica d a s co m u m a va rie d a d e n o tá ve l de cores, in d o
d o c in z a -b ra n c o ao n e gro, passando pe lo a m a re lo e o v e rm e lh o . Nas partes a l
tas, a d e c o m p o s iç ã o d os xistos é mais avançada, as características de xistosida-
de desap a re ce m , a consistência d im in u i e se te m a tra n s fo rm a ç ã o c o m p le ta em
argila, g e ra lm e n te ve rm e lh a .
Os ita b irito s são u m a m istu ra xistosa de q u a rtz o de grãos fin o s e fe rro es
pecular. São e n c o n tra d o s e m cam adas friáveis de areias b rilha n te s, designadas
v u lg a rm e n te c o m o ja c u tin g a ,8 ou no e sta d o de massa c o m p a c ta q u e c o n té m
p o u c o q u a rtz o e fo rm a d a de o lig is to quase p u ro , que recebeu a d e n o m in a ç ã o de
p e d ra de fe rro . F ornecem u m e xce le n te m in é rio para a fa b rica çã o d o fe rro . Es
sas cam adas a p re se n ta m a flo ra m e n to s consideráveis, co m u m a espessura que
a tin g e c o m fre q ü ê n c ia mais de 100 m e tro s, n u m a exte nsã o de vários q u ilô m e
tros, q u e são quase se m p re re co b e rto s p o r u m a crosta d u ra de c o n g lo m e ra d o de
cor ve m e lh o -e scu ra , f o r m a d o de fra g m e n to s de q u a rtz o o u h e m a tita ligados p o r
u m c im e n to a rg ilo -fe rru g in o s o . Essa rocha, q u e se e n c o n tra e m massas fr e q ü e n
te m e n te cavernosas, sob u m a espessura de a lg u ns m e tro s apenas, era ch a m a d a
pelos a n tig o s m in e ra d o re s ta p a n h u a ca nga (cabeça de n egro) e hoje, mais s im
p le sm e n te , canga. Os ita b irito s a p arecem a lg u m a s vezes em ca m a d a s in te rc a la
das nos xistos argilosos.
As rochas d o te rce iro pe río do , q u e fo r m a m o nível s u p e rio r dos te rre n o s
m e ta m ó rfic o s da região, são q u a rtz ito s de diversas variedades, g e ra lm e n te c o m
pactos. Às vezes o q u a rtz o é e n c o n tra d o no e sta d o de areia friável aos dedos;
te m -s e e n tã o u m a rocha q u e passa ao e stado de arenito.
As jazidas de o u ro são de dois tipos: os filões e os d e pó sito s de aluviões.
Os filões q u e c o n tê m o u ro co rre s p o n d e m a dois tip o s de asp ecto bem dis
tin to : os filões de q u a rtz o e de piritas auríferas e os filões de q u a rtz o a urífero.
Os p rim eiros, os filões de piritas, são fo rm a d o s p o r um a massa de q u a r t
zo co m piritas, c o m u m e arsenical, em cristais e m b u tid o s na massa o u em veios
de grãos densos e fin o s, nos quais o o u ro se e n c o n tra disse m in ad o de m o d o bas
ta n te irre gu la r c o m o um a espécie de poeira tê n u e , excessivam ente difícil de sepa
rar da massa, m e sm o d e po is de re duzida ao e stado de areia fin a . À pirita arseni
cal e à pirita c o m u m acrescentam -se a c id e n ta lm e n te , de a co rd o co m as jazidas,
o u tro s minerais, c o m o a calcita, a d o lo m ita , a siderita, o distênio, a h o rn b le n d a ,
a g ranada, a mica, a tu rm a lin a , a albita, a pirita m a g n é tica , a p irita de cobre, a
galena, a estib in ita . C o m o o u ro recolhe-se u m p o u c o de prata e, ta m b é m , mais
ra ra m en te , b is m u to m etálico.
Os se g undos, os filões de q u a rtz o , co m p õ e m -s e g e ra lm e n te de q u a rtz o
bra n co leitoso, o n d e se e n c o n tra m d issem inados gra n de s cristais de piritas, p rin
c ip a lm e n te pirita de fe rro e a lg u m a p irita arsenical, co m finas lâm inas de o u ro ir
re g u la rm e n te repartidas na massa. E n q u a n to os filões de piritas tê m um a riqueza
b a stan te co n sta n te , e m b o ra p e q u e n a , os filões de q u a rtz o e n cerra m o u ro e m p ro
p o rçã o m u ito variável, mas os grãos mais grosseiros são, em co m p e n sa ção , mais
fáceis de separar da massa estéril.
Os filões co m pirita só a p arecem nos níveis inferiores, p rin c ip a lm e n te nos
xistos m icáceos inferiores e nos q u a rtz ito s xistosos; acim a n ã o são mais e n c o n tra
dos, o q u e faria s u p o r q u e são a n te rio re s aos xistos micáceos superiores e, con se
q ü e n te m e n te , aos xistos argilosos e aos itab irito s. Esses filões ora c o rta m n itid a
m e n te os te rre n o s q u e atravessam, ora seguem planos de e stra tifica çã o e f o rm a m
o que se ch a m a de filões cam ada; em to d o s os casos, são cla ra m e n te separados
da rocha encaixante, g e ra lm e n te dura. C o m d ific u ld a d e se e n c o n tra u m p o u c o de
o u ro na m atéria das salbandas.
A o c o n trá rio , os filões de q u a rtz o são e n c o n tra d o s nos diversos níveis de
e m p ilh a m e n to dos te rrenos, até m e sm o nos q u a rtz ito s superiores, o q u e p e rm iti
ria c o n c lu ir p o r sua o rig e m p o ste rio r à d os precedentes; verifica-se ainda que,
q u a n d o co rta m te rre n o s permeáveis, a rocha se e n c o n tra im p re g n a d a de e m a n a
ções filo n ia n a s p o r um a extensão, às vezes, considerável. É o q u e a co nte ce q u a n
d o esses filões atravessam as cam adas q u e o c u p a m as partes superiores d o m a c i
ço central de M inas: xistos argilosos, ita b irito s, q u artzito s.
Nos xistos argilosos, g e ra lm e n te verm elho s, a m atéria filo n ia n a p e n e tro u
nas num erosas fe n d a s da fra tu ra , de m a n e ira a fo rm a r, na m aio ria das vezes, uma
série de p e q u e n o s filões paralelos, separados p o r íeitos de xistos co m im p re g n a
ção de o u ro s e g u n d o certa extensão.
Nas cam adas de ita b irito s friáveis, ja cu tin g a s , q u e fo ra m atravessadas p o r
filões de q u a rtz o , há im p re g n a ç ã o de o u ro a u m a distância tal q u e parece fo rm a r
ja zid a s, à p rim e ira vista, distintas dos filões e q u e no e n ta n to são e s tre ita m e n te
ligadas aos m esm os. "O s arredores de O u ro Preto a p re se n ta m nesse asp ecto f a
to s co m p ro va d o re s: u m a cam ada considerável de ja c u tin g a fo i aí e xp lo ta d a a céu
a b e rto p o r to d a p a rte o n d e era atravessada p o r filões de q u a rtz o ; as e xp lotações
se e ste nd ia m a 30, 4 0 o u 50 m e tro s à direita e à esquerda d o filã o , e tive ra m
c o m o resu lta d o o d e sa p a re cim e n to c o m p le to da cam ada de ja c u tin g a ; ao c o n tr á
rio, as partes q u e estavam e n tre dois filões, lo n g e um d o o u tro , fo ra m deixadas
intactas, de tal sorte q u e hoje, ao lo n g o do c a m in h o de O u ro Preto a M a ria n a (12
q u ilô m e tro s ), na m a rg e m esquerda d o Rio d o C a rm o , o te rre n o apresenta um a sé
rie de co rte s paralelos, to d o s m o s tra n d o no f u n d o a lg u ns filões de q u a rtz o , sepa
rados p o r massas in ta ctas de ja c u t in g a " , 9 O o u ro se e n c o n tra nessas cam adas em
p alhetas grossas irre g u la rm e n te dissem inadas na massa de q u a rtz o e de fe rro oli-
gisto. Em v irtu d e da fria b ilid a d e da m atéria, a separação é fácil.
Nos q u a rtzito s, rochas duras mas que a p re se nta m planos de pa rtiçã o , h o u
ve apenas u m a p e quena p e n e tra çã o nos leitos de fra tu ra vizinhos d o filão.
Assim, os filões de pirita e os filões de q u a rtz o d ife re m sensivelm ente e n
tre si pela época de o rig e m , p o r sua c o m p o siçã o e pe lo e sta d o d o o u ro c o n tid o .
Observe-se, ainda, q u e os a n tig o s só ra ra m e n te tra b a lh ava m , pe lo m e n o s s e g u n
d o nosso c o n h e c im e n to , os filões de piritas. T in h a m d ific u ld a d e para retirar o
o u ro , co m os meios ru d im e n ta re s q u e e m p re g a v a m . C o m fre q ü ê n cia , p o ré m , ex-
p lo ta ra m as ja c u tin g a s auríferas e os xistos argilosos em c o n ta to co m filõ e s de
q u a rtzo , ra ra m e n te o p ró p rio filã o , s o b re tu d o nos q u artzito s: a rocha, p o r causa
de sua dureza, exigia-lhes m u ito t e m p o e tra b a lh o para ser re duzida a pó.
Os d e pó sito s de aluviões se f o rm a r a m nos vales o u nos leitos dos rios; as
pedras e o o u r o arra n ca d os dos flancos das m o n ta n h a s pelas águas se a c u m u la
ram nos fu n d o s dos vales, fo r m a n d o u m le ito de seixos rolados, de areia e de
o u ro , d e sig n a d o na região c o m o cascalho, cujo e n riq u e c im e n to se p ro d u z iu p o r
um a espécie de c o n ce n tra çã o m ecânica n a tu ra l. Os cursos de água, ao p e n e tra r
nas fra tu ra s escavam, p o u c o a p o uco , cavidades que a p re se nta va m o aspecto de
e n o rm e s caldeiras, co m fo rm a cilíndrica. O fu n d o , em m eia esfera e_as paredes,
fic a m lisos e p o lid o s pela ro ta çã o da á g ua q u e arrastava consigo seixos e fr a g
m e n to s de rochas. Essas cavidades, as quais se dá o n o m e de caldeirões, e n c h e
ram-se, co m o te m p o , de m a té ria mais pesada fo r m a n d o d e pó sito s de cascalho
a u rífe ro de riqueza fre q ü e n te m e n te saliente. Nas partes em q u e a c o rre n te era
mais rápida as águas, escavando o fu n d o , ta lh a ra m depressões c o m o se fossem
corredores, ch a m a d o s daipavas, o n d e o cascalho rico p ô de se acum ular.
São esses d e pó sito s q u e c o n s titu íra m in icia lm e n te o alvo das buscas dos
m ine rad o re s: sua m a io r fa cilid a d e de tra ta m e n to e riqueza e xtra o rd in á ria deviam
te n ta r os p rim e iro s e xp lo ta d o re s de o u ro , que, não te n d o q u a lq u e r n o çã o d o t r a
b a lh o das minas e to m a d o s pe lo desejo de e n riq u e c e r o mais ra p id a m e n te possí
vel, d irig ira m to d o s os esforços para a d e sco be rta desses d e pósitos, e m vez de
o p e ra r os filões que necessitavam de tra b a lh o s mais penosos e mais difíceis para
a e xtração d o o u ro . Esses d e p ó sito s se e sg o ta ra m ra p id a m e n te , t a n t o p o r causa
d o n ú m e ro de m in e rad o re s q u e a u m e n ta v a a cada dia, c o m o p o r causa da fo rm a
desastrosa de e x p lo ta r ao acaso e sem q u a lq u e r o rd e m , d e ixa n d o q u e as águas
d o rio arrastassem os restos estéreis das explotações, q u e ia m se d e p o sita r à j u
sante no f u n d o virg e m , fic a n d o este inexplotável.
Depois de te re m revo lvido in ú m e ra s vezes os te rre n o s de aluvíões, os m i
neradores, cansados de nada mais encon tra r, tiv e ra m e n tã o de se v o lta r para as
m o n ta n h a s e p ro cu ra r tirar, ao cu sto d e .m u ito s sacrifícios e tra b a lh o s co n sid e rá
veis, o o u ro q u e encerra va m e m seu seio.
Foi p o r isso q u e os a n tig o s m in e ra d o re s fo r a m levados a e xtrair, sucessi
v a m e n te , o o u ro d os alu viõ e s e dos filões. Para c o n h e c e r sua m a n e ira de e x p lo
tar, é preciso e x a m in a r s e p a ra d a m e n te os m é to d o s q u e e m p re g a ra m , o u c o m o
d iz ia m seus serw ços, s e g u n d o fo sse m d e p ó s ito s de alu viõ e s o u rochas a tra ve s
sadas pelos filões.
2. D e p ó s it o s d e a l u v ia o
98
Esse m o d o de e x p lo ta r o c a s c a lh o d os rios se c o n s e rv o u a té nossos dias
c o m os fa is c a d o re s q u e , d u r a n t e a esta çã o das chuva s, v ã o bu sca r o o u r o tr a z id o
pe lo s a lu v iõ e s há p o u c o d e p o s ita d o s nos cursos d 'á g u a , d e p o is das g ra n d e s
cheias. O fa isca d o r, para isso, in stala a n t e c ip a d a m e n te de cada la d o d o rio, c o m
a a ju d a de estacas e r a m a g e n s , p e q u e n o s d iq u e s tran sve rs a is q u e v ã o a l t e r n a d a
m e n t e de u m a m a r g e m para o m e io da á g u a , de m o d o a r o m p e r o c u rs o e o b r i
ga r as m a té ria s a rra s ta d a s a se d e p o s ita r e m . Q u a n d o , d e p o is de g ra n d e s chuvas,
o d e p ó s it o a t in g iu u m a c e rta espessura, a r m a d o de u m a b a te ia d e 6 0 a 75 c e n t í
m e tro s de d iâ m e tr o , e n tr a na á g u a , c o m f r e q ü ê n c ia a té os jo e lh o s , e e n fia sua b a
te ia n o c a s c a lh o d o rio; d e p o is , m a n t e n d o - a na á g u a , im p r im e - lh e a lg u m a s s a c u
d id a s para u m la d o e o u t r o , a f im de q u e a te rra e as areias leves se ja m levadas
pela c o r re n te , e n q u a n t o o c a s c a lh o e o o u r o , m ais pesados, se a c u m u la m n o f u n
d o . E r g u e n d o a b a te ia , fa z a s e p a ra ç ã o d o o u r o , r e je ita n d o p o u c o a p o u c o as m a
té ria s estéreis pela ro ta ç ã o , e x a t a m e n t e da m e s m a m a n e ira q u e os a n tig o s la v a
dores. O p ó de o u r o é e m s e g u id a r e c o lh id o e m u m a bolsa de c o u r o q u e tra z e m
na c in tu r a . São, e m g e ra l, n e g ro s p o b re s q u e se d e d ic a m a esse tra b a lh o , exces-
99
siv a m e n te p e n o so p o r causa da d ife re n ç a de t e m p e ra tu r a s u p o rta d a p e lo c o r
po, q u e se e n c o n tra e x p o s to , no a lto , aos raios de u m sol a rd e n te e, e m b a ix o ,
ao f r io da á g ua c o rre n te . A ssim , só p o d e m tra b a lh a r d u ra n te a lg u m a s horas;
c o n te n ta m -s e , de resto, co m u m p e q u e n o g a n h o e tã o lo g o te n h a m e c o n o m i
z a d o s u fic ie n te m e n te para viv e r d u ra n te u m a sem ana, n ã o fa z e m mais nada o
resto d o te m p o .
Esse m e io p rim itiv o de e xp lo ta çã o se a p e rfe iç o o u p o u c o a p o u co , so b re
t u d o p o rq u e nos prim e iro s te m p o s, os lavadores de o u ro d e sco bria m cascalho rico
mais acessível para, em seguida, o p e ra r com cascalho s itu a d o a u m a p ro fu n d id a
de maior, sob água ou re co b e rto p o r um a cam ada mais o u m enos espessa de cas
c a lh o estéril, d e p o s ita d o n a tu ra lm e n te ou p ro v e n ie n te dos rejeitos da lavação.
Desse m o d o fo ra m levados a e m p re g a r p ro c e d im e n to s m e n o s simples,
qu e va m os descrever sucessivam ente.
M é to d o de desvio dos cursos de á g ua p o r b a rra g e m e c a n a l la teral. Esse
sistema consistia em desviar as águas do le ito do rio, a b rin d o um canal lateral em
u m a das m arge n s e estabelecendo, p e rto da e n tra d a , u m a b a rra g e m fe ita de fe i
xes c o b e rto s de te rra e pedras, de m aneira a d irig ir as águas para seu n ovo leito.
Os m in e ra d o re s p o d ia m e n tã o co m e ça r seus tra b a lh o s de e xp lo ta çã o na
p a rte d o leito p o sto a d e sco b e rto mas c o m o as escavações p ro d uz id as e n ch ia m -
se ra p id a m e n te de água q u e vazava da b a rra g e m e d o canal, eram o b rig a d o s a
esvaziá-las c o n s ta n te m e n te . Nos p rim e iro s te m p o s, fa zia m o esva zia m e n to de
m o d o braça!, co m bateias e ca ru m b é s (caixa de m adeira q u a d ra d a , co m a b ertura
na p a rte superior); mais ta rd e e m p re g a ra m caixão em rosário, in clina d o , m o v i
m e n ta d o p o r escravos ou p o r um a roda hidráulica. Essas m á q u in a s in cô m o d a s só
p o d ia m , in fe liz m e n te , servir para esvaziam entos de p e q u e n a p ro fu n d id a d e e
apre se nta va m o in co n ve n ie n te de exigir, para seu d e slo ca m e n to , o co n curso de
u m g ra n d e n ú m e ro de braços; mais de 50 escravos tin h a m d ific u ld a d e para m o
ver essas massas e n orm e s e a m a n o b ra era repetida várias vezes em um a mesma
e xp lo taçã o . Pode-se avaliar as d ificu ld a d e s d o e s g o ta m e n to em tais co n dições e
os entraves acarretados ao tra b a lh o .
Por o u tro lado, para a e xtração e o tra n s p o rte d o cascalho fo ra d o rio, não
havia m á q u in a s n e m vagonetes: m u n id o s da alavanca, q u e é um a barra de fe rro
se rvind o c o m o d e sm o n ta d e ira , da cavadeira, espécie de cinzel de fe rro de p o nta
c h a ta e c o r ta n te c o m c a b o d e m a d e ira (Fig.6) e d o a lm o c a fre , pá curva e p o n t u
da,(Fig. 7) os m in e r a d o re s escav avam o casca lho, e n q u a n t o escravos, c o m u m ca-
r u m b é d e p e q u e n a c a p a c id a d e p o s to na cab e ça , (Fig. 8) ia m e v in h a m c o m d is p o
sição le n ta e p re g u iç o s a , de m a n h ã à n o ite , para trazer, a ca d a vez, u m a p e q u e
na c a rg a d os d e p ó s ito s d o rio. E n q u a n to isso, passava o t e m p o . É p re c is o q u e t o
d os esses tr a b a lh o s se ja m e x e c u ta d o s d u r a n t e a e s ta ç ã o seca; c o m u m a f o r t e c h u
va, o rio vai s u b ir r a p id a m e n te , in u n d a n d o os tra b a lh o s , a b a r r a g e m será levada,
e será difícil q u e t e n h a m t e m p o para salvar suas g ra n d e s m á q u in a s de e s g o ta
m e n to : u m a cheia d o rio será s u fic ie n te para d e s tr u ir e m a lg u m a s h o ra s tra b a lh o s
e x e c u ta d o s c o m g r a n d e c u s to , e m vários meses. Q u a n ta s vezes n ã o f o r a m , p o r t e
re m d e m o r a d o n os tr a b a lh o s p r e p a r a tó r io s de desvio d o rio e d e e s g o ta m e n to ,
s u r p r e e n d id o s pelas ch u v a s a n te s de p o d e r e m re tira r u m a ún ica b a te ia de casca
lh o rico. C o m fre q ü ê n c ia , n os ú ltim o s t e m p o s , e x p e r im e n ta v a m u m a d e c e p ç ã o
a in d a m a io r q u a n d o , a o d a r e m e m u m a p a r te d o rio já e x p lo ta d a , só e n c o n t r a
v a m c a sca lh o p o b re .
101
Fig. 11 - Pespectiva, c o rte e p la n o de um m u n d é u
102
Q u a n d o as m a rg e n s d o rio e ra m e sca rp a d a s o u a p r e s e n ta v a m m u ita s d i f i
c u ld a d e s para se a b r ir u m ca n a l e m u m d os lados, fa z ia m u m d iq u e lo n g it u d in a l
q u e p a rtia d e u m a das m a rg e n s a té o m e io d o rio, o n d e segu ia a d ire ç ã o da c o r
rente p o r u m a certa distância e voltava e m segu ida a g a n h a r a m a rg e m , de m o d o a
fo r m a r u m a n te p a ro e n cra va d o e m p arte d o leito na m e ta d e da la rgura d o rio (Fig 9).
U m a vez t e r m in a d o esse d iq u e , f e it o de fe ixe s e n tr e m e a d o s d e ped ra s e de te rra ,
o c e rc a d o era s e ca d o c o m a a ju d a de rosários h id rá u lic o s , e o t r a b a lh o era e x e c u
ta d o da m e s m a m a n e ira q u e o p r e c e d e n te , r e je ita n d o n o rio o c a sca lh o b r a v o q u e
p o d ia c o b r ir o c a s c a lh o rico, e n q u a n t o este era t r a n s p o r t a d o para os d e p ó s ito s .
As p a rte s secas d o le ito e r a m c o m u m e n t e de p e q u e n a e x te n sã o , e m c o n s e q ü ê n
cia d o p o u c o t e m p o d is p o n ív e l a n te s das chuvas, b e m c o m o p o r causa das m a io
res d ific u ld a d e s de e s g o t a m e n t o d e v id a s às in filtra ç õ e s a tra vés d o d iq u e , m a io re s
q u e as d o canal.
Fig. 12 - Os m u n d è u s d o V eloso
103
M é to d o da p e sca d o c a sca lh o . Q u a n d o os rios e r a m m u i t o la rg o s o u m u i
t o p r o f u n d o s para q u e fo sse possível in s ta la r u m a b a r r a g e m o u u m d iq u e , os m i
n e ra d o re s re c o rria m e n t ã o a esse m é t o d o m u it o sim p le s, m as t a m b é m tã o in c e r
t o q u a n t o o d o s faisca dores.
O in s t r u m e n t o e m p r e g a d o para a pesca era u m saco passa d o e m u m f o r
te a n e l de fe rr o , q u e se p r o lo n g a de u m la d o e m f o r m a de pá p o n t u d a e q u e traz,
d o la d o o p o s to , u m b u r a c o q u e p e r m it e a fix a ç ã o d e u m a lo n g a vara (Fig 10).
Os p e sca d o re s de o u r o , u s a n d o u m b a rc o , a v a n ç a m p e lo rio e la n ç a n d o
c o m fo rç a seu in s tr u m e n t o , f a z ia m - n o p e n e tr a r n o f u n d o ; o saco se e n c h e de cas
c a lh o e seu c o n t e ú d o é, e m s e g u id a , d e s p e ja d o n o b a rc o . R e p e te m essa o p e ra ç ã o
até q u e o b a rc o esteja c h e io ; d e p o is d e p o s it a m o c a r r e g a m e n t o n os d e p ó s ito s de
lavação, na b e ira d o rio.
Esse m o d o d e e x p lo ta ç ã o te ria sido, n o d iz e r de V o n E s ch w e g e , b a s ta n te
p r o d u t iv o . C ita a esse re s p e ito a f o r m a ç ã o d e u m a e m p re s a brasile ira , e m t o r n o
de 1 8 1 7 , para pesca r o u r o n o rio P a ra ib u n a : te ria o b t i d o b o n s re s u lta d o s , m as
u m a a d m in is tr a ç ã o in c o m p e t e n t e o b r ig o u a liq u id a ç ã o da e m p re s a e os sócios
p e rderam tu d o .
104
Esses diversos m o d o s de e x p lo ta r os rios devem te r sido p ro d u tiv o s o su fi
ciente para não afastar os m ine rad o re s, apesar das inúm eras d ificuldades, p ro ve
nientes t a n to dos m eios p rim itivo s de q u e d is p u n h a m , c o m o dos obstácu lo s que
lhes o p u n h a a natureza, a p o n to de só os te re m a b a n d o n a d o depois de te re m m e
xid o e re m exido em to d a s as direções e de te re m p e rd id o to d a esperança de a in
da desco brir a lg u ns vestígios d o precioso metal.
3. C a m a d a s e filõ e s a u rífe ro s
{satenavfa
S k& -0 à â
U fric
■ w //M
112
a p o io às travessas, q u e resistiam m e lh o r à pressão lateral. As águas depois da d e
cantação escoavam para o canal in fe rio r q u e as dirigia para o vale. C h e io um m u n -
déu, suprim ia-se a co m u n ica çã o co m o canal lateral e, q u a n d o to d o s estavam
cheios, in te rro m pia-se o tra b a lh o de escavação para proce d er à co n ce n tra çã o das
areias depositadas, Essa co n ce n tra çã o era fe ita no pé de cada reservatório, dia n te
da fe n d a vertical, no ca m in h o q u e as águas seguiam para a tin g ir o canal inferior.
Um a p e q u e n a p a rte das pedras rejeitadas pelas grades era posta de lado.
Essas pedras p o d ia m apre se nta r sinais da presença d o o u ro ; a elas se ju n ta v a m os
f ra g m e n to s de rochas da jazida, de snu d a d as pelas águas e que apre se nta va m os
m esm os sinais. O c o n ju n to era p o s to de lado para ser s u b m e tid o a u m tra t a m e n
t o m ecâ n ico especial.
V erem os n o ca p ítu lo se g uinte c o m o era m feitas as diversas o perações v i
sa n d o a c o n c e n tra ç ã o das areias e da e xtração d o o u ro .
O n ú m e ro de m u n d é u s con stru ído s p o r u m m e sm o p ro p rie tá rio de m ina
variava s e g u n d o a im p o rtâ n c ia da jazida e as fa cilidades de instalação. A lg u m a s
vezes era a p ro v e ita d o um p e q u e n o vale en caixa do e n tre m o n ta n h a s c o n s tru in d o -
os uns acim a dos o u tro s, e e lim in a n d o as paredes laterais dos reservatórios.
C ertos p ro p rie tá rio s de minas c o n stru íra m reservatórios de grandes d i
mensões, em n ú m e ro su ficie n te para a c u m u la r o p ro d u to d o tra b a lh o de u m ano.
Os que p o d e m ser vistos na m ina d o Veloso, em O u ro Preto, são u m m o d e lo des
se tip o ; fu n c io n a v a m q u a n d o da presença de Eschwege em M inas, e se e n c o n
tra m a inda ho je em p e rfe ito estado de conservação 20 (Fig 12).
Por esse p ro c e d im e n to , os m in e ra d o re s c o n se g u ia m cavar p ro fu n d a m e n te os fla n
cos das m o n ta n h a s , mas p e rd ia m m u ito o u ro . D u ra n te a estação das chuvas, a
violência das águas que rolavam e m to rre n te s era tal q u e nada p odia resistir às
mesmas; tre ch o s inteiros de te rre n o s era m arrancados, e o m a te ria l estéril, m ístu-
rando-se às partes ricas, to rn a v a o tra b a lh o de c o n ce n tra çã o mais difícil. A lé m dis
so, no canal, u m a p a rte das águas, passando p o r cim a das grades co m as pedras,
escoava d ire ta m e n te para o vale, de m o d o q u e u m a certa q u a n tid a d e de o u ro se
e n co n tra va perdida para o p ro p rie tá rio da m ina , t a n t o pelos fra g m e n to s das ro
chas q u a n to pelas areias q u e iam se d e p o sita r a d ia n te nos rios. De fa to , n u m e ro
sos faiscadores chegavam a g a n h a r a vida tr a ta n d o areias de f u n d o nesses rios,
fa ze n d o a tria g e m de algum as pedras que esm agavam para retirar o o u ro na bateia.
3o. T R A B A L H O S N O IN TE R IO R DA S M O N T A N H A S . S o m e n te q u a n d o os m in e
radores d e p a ra ra m com jazidas c o m p le ta m e n te e m b u tid a s nas m o n ta n h a s ou c o
bertas p o r cam adas espessas de rejeito, d e cid ira m recorrer aos p ro c e d im e n to s da
arte das minas, arte b e m ru d im e n ta r para os m esm os e reduzida a a b rir a lgum as
galerias p o u c o p ro fu n d a s, sem o rd e m , in te ira m e n te ao acaso,
Era desse m o d o q u e e xp lo ta va m cam adas de ita b irito s co rta d as p o r n u m e
rosos p e q u e n o s veios de q u a rtz o ou filões cujos a flo ra m e n to s haviam d e sco b e rto
n o fla n c o das m o n ta n h a s e q u e se a fu n d a v a m em seu seio. Nesse caso, o p e ravam
nos p o n to s q u e p areciam m elhores, escavando um a galeria q u e seguia as linhas
ricas, ve rdadeiros buracos de to u p e ira , fa z e n d o curvas inacreditáveis e cuja seção
p o r vezes mal p e rm itia a passagem de um h o m e m . Q u a n d o a tin g ia m u m a p a rte
m u ito p ro d u tiv a , alargavam à direita, à esquerda, acim a, em b a ixo , a le a to ria m e n
te, fa z e n d o desse m o d o u m a escavação q u e ia a u m e n ta n d o , até o dia em que
o c o rria m d e s m o ro n a m e n to s q u e fe ch a va m a passagem , o u q u a n d o era m d e tido s
pela fa lta de aeração o u pela presença de a lg u m a água, q u e não p o d ia m c o n tr o
lar co m os p e q u e n o s m eios a sua disposição. Assim , e x p lo ta va m u m a ja zid a p o r
um a série de galerias que chegavam , cada uma, a um a câm ara isolada, fe ita na
pa rte mais rica. Q u a n d o u m a das razões p recedentes o b rig a va a a b a n d o n a r essa
câm ara, recom eçavam mais a d ia n te um a nova galeria.
Um notável e xe m p lo desse sistema é a inda visível na m ina de Passagem.
A jazida é fo rm a d a p o r um filã o de c o n ta to , q u e pene tra n o fla n c o de um a m o n
ta n h a escarpada, a p ro fu n d a n d o se g u n d o u m â n g u lo de 18 a 20° (Fig 13). Nos
a flo ra m e n to s , a b rira m e sp açad a m e n te , galerias q u e a vançam 2 0 ou 4 0 m etros,
s e g u in d o o m e rg u lh o . Em seguida fo ra m alargadas, de m o d o a fo r m a r salões de
dim ensões a lg u m a s vezes consideráveis. Os m in e rad o re s q u e e xp lo ta va m esse f i
lão fo ra m d e tid o s em seus tra b a lh o s pelo d e s m o ro n a m e n to de u m te t o p o u c o es
tável, f o r m a d o de ita b irito s friáveis e, s o b re tu d o , pelo a p a re c im e n to rá p id o de
água, d e v id o ao m o d o de avanço, d e sce nd o se g u n d o o m e rg u lh o . Essas escava
ções são p o u c o extensas em p ro fu n d id a d e . Q u a n d o a m ina passou para as mãos
de u m a c o m p a n h ia , fo i ab erta um a galeria in fe rio r de e s c o a m e n to de água, na
rocha, para secar a p a rte su p erio r da jazida.
Os a n tig o s m in e rad o re s p re fe ria m fazer o d e s a g u a m e n to à mão. Em pre
gavam vários escravos para tra n s p o rta r a água nos carum bés, c o m o fa zia m no
caso d o m in é rio , em vez de a b rir u m a g a le ria na rocha. Eram re beldes à idéia
de p e rd e r a ja zid a de vista, d e ix a n d o de ver as lin h a s o n d e se e n c o n tra v a o
o u r o visível,
Todavia, q u a n d o a jazida aurífera tin h a u m m e r g u lh o sensivelm ente pa ra
lelo ao declive da m o n ta n h a , d e cid ia m , às vezes, q u a n d o os tra b a lh o s a céu a b e r
t o não eram mais possíveis, a b rir u m a p e quena galeria h o rizo n ta l através dos t e r
renos estéreis e, u m a vez na jazida, a b ria m u m a câm ara tã o g ra n d e q u a n to lhes
p e rm itia a solidez das paredes e desciam abaixo do nível da galeria, até q u e fo s
sem d e tid o s pela a b u n d â n c ia das águas. Foi assim q u e se e x p lo to u , n o princípio,
o filã o d o Faria, p e rto de C o n g o n h a s de Sabará, filã o de q u a rtz o co m piritas a u
ríferas, vertical, cujos a flo ra m e n to s a p arecem n o c u m e da serra.
A in d a hoje se vêem vestígios desses a n tig o s salões, a b e rto s n o a flo ra m e n
to , e aos quais se chegava, nas partes baixas, p o r pequenas galerias. Graças a sua
a b e rtu ra superior, essas escavações são b e m ventiladas e s u fic ie n te m e n te ilu m in a
das para p e rm itir fácil inspeção. Um a delas, q u e p e rm a n e ce u quase in ta ta, dá
um a idéia co m p le ta do p ro c e d im e n to de e xp lo taçã o seg uido pelos a n tigo s (Fig 14).
Os m in e ra d o re s co m e ç a ra m p o r p ra tic a r u m a escavação a céu a b e r to so
bre o a f lo ra m e n to d o filão, e m um p o n to re c o n h e c id o c o m o rico ; a b rira m p r i
m e ira m e n te um a ve rd a d e ira cata, a tu a lm e n te m u ito mais larga q u e no p rin cíp io ,
p o r causa d os d e s a b a m e n to s p ro d u z id o s em suas paredes. Em breve, in c o m o
da d o s pelas águas, tiv e ra m de a b rir u m a p rim e ira g a le ria m u it o p e q u e n a , de 5
m e tro s a p ro x im a d a m e n te , situ a d a no f u n d o d o fu n il e q u e serviu ao m e sm o
t e m p o para a saída d o m in é rio . Foi a p a rtir dessa g a le ria q u e c o m e ç a ra m a e n
t r a r sob a te rra , se m p re s e g u n d o o m é to d o de seguir, passo a passo, a c h a m i
né de m in é r io rico em q u e se e n c o n tra n o filã o . C o n tin u a r a m em descida e n
q u a n t o n ã o se vira m in c o m o d a d o s pelas águas, fa z e n d o o d e s a g u a m e n to p o r
to d o s os m e io s à disposição.
C h e g o u um m o m e n to e m que, e n c o n tra n d o -s e m u ito abaixo d o nível de
p rim e ira galeria, fo ra m o b rig a d o s, para p o d e r c o n tin u a r os tra b a lh os, a a b rir uma
nova galeria de e s g o ta m e n to mais extensa, co m cerca de 2 0 m e tros, e xtra in d o
neste nível t u d o o que era possível retirar; e n fim , vencidos pela a flu ên cia de água
de po is de te re m a b e rto um a terceira galeria p o u c o abaixo da prece d en te , só p u
de ra m fa ze r a e xtração n u m a p ro fu n d id a d e de 8 m e tro s a p ro x im a d a m e n te . Para
co n tin u a r, teria sido necessário abrir, e m níveis inferiores, novas gaierias m e d in d o
c o m p rim e n to s consideráveis, em con se qü ê n cia da p e q u e n a in clinação d o te rre n o ,
coisa em q u e não pensavam . Assim, p re fe rira m a b a n d o n a r essa escavação, para
co m e ça r o u tra em o u tr o p o n to , d e ixa n d o u m vazio q u e m e d e p e rto de 50 m etros
de c o m p rim e n to , co m largura e a lg u ra que va ria m de 5 a 8 m etros.
C o m o m e d id a de precaução, deixavam de te m p o s e m te m p o s u m p ilar de
sustentação, e sco lh e nd o n a tu ra lm e n te lugares o n d e o m in é rio mais p o b re os t e n
tava menos. Assim, na escavação d o Faria, e n con tra -se um p ilar vertical no fu n d o
d o fu n il, e um o u tro h o rizo n ta l, espécie de arco lançado e n tre as duas paredes,
na p a rte larga abaixo d o nível da terceira galeria.
Essas são as raras explotações feitas pelos m ine rad o re s a n tigo s com a a ju
da de galerias abertas nas rochas p o u c o duras, e sem q u a lq u e r reve stim en to para
assegurar a m a n u te n çã o . O tra n s p o rte dos m ateriais era fe ito u n ica m e n te pelos
negros que carregavam na cabeça um ca ru m b é cheio: avalia-se c o m o esse m o d o
devia ser penoso, q u a n d o a galeria se inclinava se g u in d o a jazida ou q u a n d o era
preciso subir d o f u n d o até seu nível. Não se p o d e deixar de a d m ira r a paciência
desses h o m e n s que, apesar dos meios reduzidos, ch e ga ram a a b rir tais escavações.
CA PÍTU LO 2 o
1. G e n e r a lid a d e s
2. A r e ia s e t e r r a s a u r í f e r a s
W KÈÊÊÊfflfâÊfàBtè
119
da de areias puras co m o o u ro d e p o s ita d o , to m a v a u m a nova pá de areia, q u e
tra ta v a d o m e sm o m o d o , co m a p re ca u ção de só re m exe r o n o v o m o n te , sem t o
car no d e p ó s ito de baixo.
D u ra n te a p rim e ira fase da op eração , o lava d or aplicava u m a verdadeira
lim peza à massa, q u e a m o n to a v a c o m o cam adas sucessivas em dire çã o à parte
su p e rio r da canoa. Q u a n d o esta estava cheia, parava de carregar e procedia à
c o n ce n tra çã o da massa lavada.
P rim e ira m e n te , com eçava p o r in te rro m p e r a c o rre n te de água e p o r lavar
as telas das areias em u m a cuba; postas de n o v o no lugar, soltava n o v a m e n te a
água, mas em q u a n tid a d e m enor, e fazia um a lavação da massa co n tid a no fo s
so, a fu n d a n d o o a lm o ca fre até o fu n d o , de m o d o a levar à superfície as partes le
ves. A o cabo de u m c e rto te m p o , e sta n d o o lavado re d u zid o a u m a ca m a d a fina
estendida no fu n d o , o a lm o c a fre se to rn a v a in ú til para rem exer; d im in u ía e n tã o a
in te nsid ad e da c o rre n te e, com u m a chapa de m a d e ira na m ão, p u nh a -se a ras
p a r o d e p ó s ito para re u n í-lo sob a q u ed a e o b rig a r as ú ltim a s parcelas leves a es
capar. Enfim , nada mais sendo a rra sta d o e a cam ada c o n s titu in d o apenas um a lâ
m ina m u ito fina, desviava c o m p le ta m e n te a água e, co m um a p e qu e n a vassoura,
reunia a p a rte espalhada n o te rço s u p e rio r d o fosso, para a re colher em um reci
p ie n te qualquer, bateia ou ca ru m b é . Essa parte, a mais rica em o u ro , era posta de
la d o para ser p u rifica d a , e n q u a n to o resto d o d e p ó s ito era va rrid o e re u n id o sob
a qu ed a d 'á g u a , de n o vo liberada, a fim de fa z e r passar o m aterial, p o u c o a p o u
co, sobre as mesas. Feito isto, as telas era m lavadas na cuba d o d e p ó s ito e su b s
titu ída s. O tra b a lh o da lavação na canoa estava te rm in a d o e o lavador re co m e ça
va co m u m a nova massa de areias.
Esse é o p ro c e d im e n to sim ples a p lica d o à c o n ce n tra çã o das areias e terras
auríferas q u e os m in e rad o re s e xtra ia m dos rios ou das m o n ta n h a s e levavam para
os d epósitos de lavação. C o m u m e n te estabeleciam suas canoas à beira de u m rio
d o qual desviavam u m a p a rte da água, com vista à lavação. As dim e n sõ e s da ca
n oa e a inclinação das mesas variavam s e g u n d o a q u a n tid a d e e a n atureza d o m a
terial a tratar.
Q u a n d o o o u ro o c o rria co m g ra n u la ç ã o fin a , o q u e a u m e n ta v a as d ific u l
dades de re te n ção , m o n ta v a m -s e várias canoas, dispostas e m cascata umas. s o
bre as outras,, seja d ire ta m e n te , seja co m mesas de telas interca la d as (Fig 17).
Q u a n to m a io r o n ú m e ro de mesas, m a io r a in clina çã o para as últim as; assim, se
as m esas s u p e rio re s fo s s e m in c lin a d o s de 15°, as s e g u in te s t e r ia m 2 0 ° e as da
te rc e ira fila , 2 5 a 30°. Era, de resto , p o r e x p e riê n c ia q u e c h e g a v a m a d e t e r m in a r
a in c lin a ç ã o c o n v e n ie n te . N o caso de u m a ta l série de a p a re lh o s , o t r a b a lh o de
lim p e z a era f e it o p o r u m la v a d o r e m cada c a n o a , e, para a c o n c e n t r a ç ã o d o m a
te ria l la v a d o , t ra b a lh a v a - s e p r im e ir o na c a n o a s u p e rio r, d e p o is e m c a d a u m a das
s e g u in te s , s u c e s s iv a m e n te .
A lé m d as c a n o a s cavad as na te rra , c o n s tru ía m -s e t a m b é m c a n o a s de p e
dras, q u a n d o a la vação era e x e c u ta d a c o n s t a n te m e n t e n o m e s m o lu gar, c o m o
o c o r r ia n o caso da c o n c e n t r a ç ã o d o s d e p ó s ito s a u rífe ro s d os m u n d é u s . C o m essa
fin a lid a d e , tin h a -s e a o pé da f e n d a ve rtic a l d e cada r e s e rv a tó rio u m a soleira la je a
da e lig e ir a m e n te in c lin a d a , de cerca d e 2 m e tr o s de c o m p r im e n t o , e m cuja c o n
t in u a ç ã o v in h a a c a n o a , q u e t in h a f u n d o f o r m a d o p o r lajes e g ra n d e s b lo c o s de
ped ras; sua la rg u ra era s u p e r io r à das ca n o a s c o m u n s . D e pois, s e g u ia m -s e as m e
sas fixas lajeadas, e m n ú m e r o de d u a s a q u a tr o , g e r a lm e n te s e p a ra d a s e n t r e si p o r
u m p e q u e n o r e b o r d o d e lajes a p o ia d a s na fa c e m ais e s tre ita . Essas m esas t in h a m
u m a in c lin a ç ã o m e n o r q u e as c a n o a s sim ples, m as u m c o m p r im e n t o m a io r, a t in
g in d o a té 10 m e tro s ; e m sua c o n t in u a ç ã o , existia u m p la n o in c lin a d o , p a v im e n t a
d o c o m p e d ra s ro la d a s e cuja in c lin a ç ã o m u i t o f o r t e p e r m itia o e s c o a m e n to r á p i
d o d o s re je ito s q u e ia m c a ir n o ca n a l in fe rio r.
121
No m o m e n to de e fe tu a r a c o n c e n tra ç ã o dos d e pó sito s a cu m u la d o s em um
m u n d é u , com eçava-se p o r e ste nd e r telas (peles o u pedaços de lã) sobre as mesas;
depois, após retirar a travessa su p e rio r da fe n d a , soltava-se u m a certa c o rre n te de
água no m u n d é u , pelo e sco a do u ro de trás. A fo rça da água arrastava p o u c o a
p o u c o as lamas da superfície, era m lançadas pela fe n d a e caiam em cascata so
bre a soleira lajeada e, em seguida, na canoa, o n d e as partes pesadas se d e p o si
ta va m . Q u a n d o o nível das lamas tin h a baixa do n o reservatório, a p o n to de não
p o d e re m passar mais p o r cim a da b a rra g e m , retirava-se um a nova travessa, e o
tra b a lh o co n tin u a va . A o p e ra ç ã o da lavação na canoa era e fe tu a d o pe lo p ro c e d i
m e n to c o m u m , co m a diferença de que. o la va d or não tin h a de d e rra m a r cargas
de areia na cabeceira, já que era d ire ta m e n te trazidas pela água.
Lavação no s b o lin e te s . O b o lin e te era um a espécie de caixa de madeira,
cujas dim e n sõ e s p e rm itia m a dois o u três h o m e n s tra b a lh a r ao m e sm o te m p o ; sua
p ro d u ç ã o era p o rta n to su p e rio r à da canoa. De resto, tin h a um a fo rm a análoga:
um a caixa inclinada, de m a d e ira grossa, co m 1,50 a 3 ,0 0 m e tro s de c o m p rim e n
to , co m u m a largura a p ro xim a d a de 1 m e tro na cabeceira, q u e ia d im in u in d o para
baixo, o n d e não tin h a mais de 0 ,9 0 m . C o m o a canoa, era a b e rto na e xtre m id a d e
in fe rio r; só q u e era m ad ap ta d as travessas de m adeira que, colocadas um as sobre
as outras, fo rm a v a m u m a b a rra g e m , p e rm itin d o a c u m u la r na caixa um a m a io r
q u a n tid a d e de massa lavada. A lé m disso, atribuía-se u m a m a io r p ro fu n d id a d e ao
bolinetes. A inclinação da caixa era ta m b é m maior, para fa c ilita r a saída da água
e d o m aterial leve; variava, de resto, s e g u n d o a n atureza das areias a serem tra
tadas. A p ó s o b o lin e te eram dispostas mesas de telas fixas, e x a ta m e n te c o m o no
caso da canoa. 22
O tra b a lh o era fe ito do m e sm o m o d o ; a água chegava p o r u m re g o e caía
e m cascata na cabeça da caixa, o n d e nas areias eram colocadas co m pés. Os la
vadores fa z ia m o serviço s e g u n d o o p ro c e d im e n to c o m u m ; à m e d id a q u e se a c u
m u la va m as cam adas de massa lavada, a crescentavam u m a travessa para m a n te r
o e s c o a m e n to no nível da ca m a d a superior. Um a vez colo ca d as to d a s as tra ve s
sas, c o m o a caixa não po dia receber u m a nova carga de areia, passava-se à c o n
ce n tra çã o , q u e era e fe tu a d a raspa n do -se co m o a lm o c a fre . A massa era, desse
m o d o , levada para a q u e d a d 'á g u a „ Para fa c ilita r a saída das m até ria s leves re ti
rava-se u m a travessa da b a rra g e m e, à m e d id a q u e se avançava na raspagem , re
tira va m -se sucessivam ente to d a s as travessas. Um a vez te rm in a d o o tra b a lh o ,
q u a n d o só restava na caixa u m a ca m a d a fin a de massa lavada, re colhia-se a p a r
te rica da cabeceira para passá-la na bateia, e n q u a n to se fazia o resto co rre r so
bre as mesas. 23
Q u a n d o se tra ta v a m areias e terras nas quais o o u ro era fin o e leve, fazia-
se a lavação em u m a série de bolin e te s escalonados uns sobre os o utros, co m m e
sas de telas e m seqüência o u intercaladas no in te rva lo de duas caixas. Os m in e ra
dores observavam as regras citadas p re c e d e n te m e n te , q u a n to à inclinação das
mesas e à m aneira de execu ta r o tra b a lh o.
C o m o os diversos lavadouros era m descobertos, só se p o d ia tra b a lh a r d u
ra n te a estação seca; chuvas to rre n cia is q u e caíam quase c o n s ta n te m e n te d u ra n
te um a certa parte d o ano, im p e d ia m q u a lq u e r tra ta m e n to . Por esse m o tiv o era m
dadas gra n de s dim ensões aos m u n d é u s, a f im de p o d e r a c u m u la r t o d o o m aterial
da e xp lo ta çã o de u m ano.
Em resumo, o tra b a lh o era o m e sm o na canoa e no b o lin e te e c o m p re e n
dia duas fases distintas: na prim eira, acum uiava-se a massa aurífera na caixa, fa -
ze n d o -a passar p o r u m a sim ples lim peza; na segunda, executava-se a c o n c e n tra
ção da massa, cuja p a rte rica era posta à parte, e n q u a n to o resto passava sobre
as mesas, o n d e as parcelas pesadas eram retidas. O d e p ó s ito rico e o das mesas
e ra m em seguida s u b m e tid o s a u m a nova operação, cada u m se p a ra da m en te ,
para a a p uraç ão d o ouro.
126
Fig. 19 - N eg ro tritu ra n d o o m in é rio a u rífe ro
127
As lamas, retiradas d o fosso, era m d e rra m a d a s e m u m a canoa, fa z e n d o -
se c o m q u e corressem sobre mesas de telas co locadas em seqüência; o q u e aí se
d e p o sita va era em se g uida s u b m e tid o à a p u ra ç ã o na bateia, c o m o da p rim e ira
vez. Q u a n d o as lamas c o n tin h a m s o b re tu d o o u ro fin o , os m in e ra d o re s tin h a m
im a g in a d o u m sistem a c o m p lic a d o de re te n ção nas telas: d a vam às mesas um a
p e q u e n a in clinação, para d im in u ir a ve lo cid a d e da c o rre n te , e p o r cim a c o lo c a
va m duas fileiras de telas su p erp osta s e lig e ira m e n te afastadas u m a da o u tra ,
para de ixa r passar água, de m o d o q u e o o u ro flu tu a n te p e rm a n e cia preso às t e
las superiores. Os d e p ó s ito s o b tid o s era m p u rific a d o s s e g u n d o o p ro c e d im e n to
h a b itu a l.
Todos esses m eios eram b e m p o u c o eficazes para reter o o u ro fin o ; t o d a
via, fo i so m e n te nos ú ltim o s te m p o s q u e os m in e ra d o re s reco rreram à a m a lg a m a
ção para e fe tu a r as purificações difíceis. Na bateia q u e c o n tin h a as lamas já c o n
centradas, o a p u ra d o r acrescentava um p o u c o de m e rc ú rio e amasssava o to d o
c o m a paJma da m ã o ; q u a n d o s u p u n h a q u e o o u ro tin h a sido in te ira m e n te a b s o r
vido, lavava a m istura para livrar o a m á lg a m a de to d a im pureza, e a d e rram ava
em u m p ra to de cobre, q u e colocava sobre um braseiro, d e po is de o te r re co b e r
t o co m u m a g ra n d e fo lh a verde de fig u e ira . O m e rc ú rio se evaporava e se c o n
densava, em parte, c o n tra a fo lh a , q u e era su b stitu íd a de te m p o s em te m p o s p o r
um a nova, mais fresca, e n q u a n to se recolhia em u m recipiente o m e rc ú rio q u e aí
se d epositava. A p ó s a destilação co m p le ta , retirava d o f o g o o p ra to q u e c o n tin h a
o o u ro v irg e m no fu n d o . Esse p ro c e d im e n to de a m a lg a m a ç ã o era b e m ru d im e n
ta r e ocasionava perdas elevadas de m e rcúrio .
3. M in é rio s a u rífe ro s
129
Para isso punha-se, sobre blocos de pedra, um a laje espessa de ita c o lo m ito *
c o m p a c to , de 2 0 c e n tím e tro s de lado, d a n d o -lh e u m a inclinação de cerca de 30°.
O ne gro e n ca rre g a d o d o tra b a lh o de pulverização se m a n tin h a atrás, te n d o à sua
esquerda o m o n te de areia a ser esm agada e, à sua direita, u m a tigela cheia de
água. C om eça va p o r d e p o s ita r sobre a pedra u m p u n h a d o de areia q u e aspergia
c o m a lg u m a s go ta s de água retiradas da tig e la e, em seguida, executava a t r it u -
ração, e sfre g a n d o a massa co m u m o u tr o f r a g m e n to de pedra d u ra , diábasio ou
q u a rtz ito , q u e segurava co m as duas m ãos e q u e passava sobre a laje, im p r im in
d o to d a sua força . A cre s c e n ta n d o de te m p o s em te m p o s um p o u c o de água, che
gava a fo r m a r um a lama fin a que escorria p o u c o a p o u c o para a b o rd a in fe rio r da
laje e caía em u m p ra to de m adeira (g a m e la ) p o sto na beirada para re colher a
lama. Esse p ro c e d im e n to de m o a g e m era b e m eficaz, mas b a stan te cansativo
para o h o m e m e s o b re tu d o , m u ito le n to. De resto, a tritu ra ç ã o c o m m a rre ta t a m
bé m n ã o era m u ito rápida, pois cada n e g ro p ro d u z ia e m m édia, p o r dia, 50 q u i
los de m in é rio p u lve riza d o , A p esar disso, os m in e ra d o re s fic a ra m m u ito t e m p o
sem p ro c u ra r m e lh o ra r o p ro c e d im e n to de tritu ra ç ã o e, a inda hoje, e n c o n tra m -
se nos a rredores de O u ro Preto p e q u e n o s e x p lo ta d o re s q u e e sm a g a m o m in é rio
de q u a rtz o a u rífe ro d o m e s m o m o d o .
A lg u n s m in e ra d o re s mais ju d icio so s te n ta ra m m o n t a r e q u ip a m e n to s ca
pazes de s u b s titu ir a tritu ra ç ã o m a n u a l. Entre to d o s , c o n vé m assinalar u m siste
m a h id rá u lic o , d e scrito p o r V o n E schw ege, q u e fo ra im a g in a d o t o m a n d o c o m o
m o d e lo o tra b a lh o de c o m in u iç ã o e x e c u ta d o à m ã o pe lo n e g ro (Fig 20). Um a
g ra n d e placa de cerca de 1 ,5 0 m de c o m p r im e n to p o r 0 ,7 5 m de la rg u ra re p o u
sava sobre u m a p la ta fo rm a de m a d e ira , inclinada; o u tra placa m enor, co m m e
ta d e d o c o m p rim e n to , mas da m esm a la rg u ra , era co lo ca d a sobre a prim eira,
c o m a fa ce lisa para baixo. Um anel fix a d o p o r u m a c h a rn e ira em sua e x tre m id a
de su p e rio r p e rm itia q u e fosse ligada p o r u m a biela e um a m anivela à á rvo re de
u m a p e q u e n a roda de m o in h o , a p o ia d a e m u m a a rm a çã o à distância de cerca de
2 m etros, atrás da p la ta fo rm a , p a ra le la m e n te ao lado m enor. Um c o n d u to de
m a d e ira trazia água acim a da roda, q u e ao g ira r im p rim ia à placa m e n o r u m m o
v im e n to de vai e ve m id ê n tic o à m a n o b ra e xe cu ta d a pe lo h o m e m . U m n e g ro d e r
* Ita c o lo m ito é u m te rm o im p ró p rio e que, de lo ng a d a ta , não é m ais u tiliza d o . D esigna varie dad e de q u a rtz ito xis-
to s o e flexível, c o n te n d o m inerais m icáceos, além de q u a rtz o . Na área da Serra d o Ita co lo m i nã o exite ta l varie dad e
de q u a rtz ito , presente apenas na Serra de O u ro Preto, ju n to dos q u a rtz ito s utiliza dos c o m o lages.
ram ava de te m p o s e m te m p o s sobre a placa maior, na p a rte mais alta, um p u
n h a d o de areia q u e era m o lh a d a pela água q u e caía g o ta a g o ta de u m p e q u e
n o re g o co lo c a d o em c o n tin u a ç ã o ao c o n d u t o e a levava sob a pedra de t r it u r a
ção, tra n s fo rm a n d o - a p o u c o a p o u c o e m lam a fina, re co lh id a e m b a ix o em um a
bateia. Q u a n d o a placa su p e rio r estava m u ito gasta, p u n h a -se so b re ela u m a p e
dra pesada para q u e co n tin ua sse a e sfre g ar os grãos, de m o d o s u fic ie n te m e n te
e n é rg ico , para serem pulverizados,
Q u a lq u e r q u e fosse o m o d o e m p re g a d o na pulverização, a lama o b tid a era
su b m e tid a à lavação, s e g u n d o os p ro c e d im e n to s já descritos.
CA PÍTU LO 3 o
1. Im p o s to s o b re o o u ro
4. E de to d o s os m e ta is q u e se tira re m d e p o is de fu n d id o s e a p urad o s, p a
g a rã o o q u in to a S. A . salvo de to d o s os cu sto s.... 28
P rovedores, espécie de cobradores, fo ra m enviados, em 1700, para rece
ber o im p o s to e, a fim de fa c ilita r sua arrecadação, o g o v e rn a d o r A r t h u r de Sa
M enezes p ro ib iu , pe lo B a n d o de 18 de abril de 1701, q u a lq u e r pessoa de e x p o r
ta r o u ro sem um a a u to riza çã o de circulação q u e provasse q u e havia q u ita d o o im
p o sto. Para isso, m a n d o u criar registros nas estradas do Rio de Janeiro, São Pau
lo, Bahia e Pernam buco.
Esse m o d o de cobrança prosseguiu até 1713, q u a n d o da ch e ga d a às m i
nas d o g o v e rn a d o r D. Braz Balthazar da Silveira, q u e c o n v o c o u os fu n c io n á rio s e
o povo em assembléia em Vila Rica, para tra ta r da cobrança dos im p o sto s e dos
m eios de reduzir a fra u d e . E n co ntro u u m a fo rte op osiçã o p o r p a rte dos m in e ra
dores, q u a n d o a p re se nto u o p ro je to d o rei de m a n d a r c o n s tru ir casas de f u n d i
ção. Para evitar q u a lq u e r d e sord em , a ca bo u p o r co n c o rd a r co m um a p ro p osta da
assembléia, pela qual o p o vo se c o m p ro m e tia a e n tre g a r a n u a lm e n te à Coroa
um a c o n trib u iç ã o { fin ta ) de 3 0 arrobas (4 5 0 quilos) de o u ro , sob a co n d içã o de
q u e os registros fossem a b o lid o s e de q u e cada um pudesse e x p o rta r livre m e n te
seu o u ro . Em 1715, c h e g o u u m a resposta d o rei d e s a p ro v a n d o o sistem a e o rd e
n a n d o a aplica çã o d o q u in to p o r bateia; o g o v e r n a d o r fo i o b rig a d o a re u n ir de
n o vo a assem bléia, t e n d o sido fix a d o e m 10 oitavas (3 5 ,8 6 gram as) o im p o s to
p o r bateia q u e se a d m itia o p e ra n d o . Essa reso lu çã o p e rm a n e c e u sem e fe ito , pois
os m in e ra d o re s p ro te s ta ra m e, em o u tu b r o de 1 7 15 , o rei a p ro v o u o c o n tra to
das 3 0 arrobas. 29
Essa co n ve nçã o fo i renovada a n u a lm e n te até 1718, é poca em q u e fo i d i
m in u íd a para 25 arrobas (3 7 5 quilos), mas co m re to rn o ao rei dos im p o sto s de im
p o rta çã o . C o m o essa c o n trib u iç ã o era dividida de m a n e ira m u ito desigual e n tre
os h a b ita n te s das minas, o rei D. João V d e cre to u , p o r um a lei de 11 de fevereiro
de 1719, q u e esse sistem a de im p o s to seria s u p rim id o e s u b s titu íd o pelo q u in to .
Seriam construídas, para esse e fe ito , às custas da C oroa, casas de fu n d iç ã o , o n d e
t o d o o o u ro seria f u n d id o em barras e q u e seria p ro ib id o e x p o rta r o u ro em pó.
A fim de e xe cu ta r a o rd e m , o g o v e rn a d o r co n v o c o u os provedores, em 16
de ju lh o de 1719, e os co n s u lto u sobre os locais o n d e seria co n v e n ie n te e stabe
lecer casas de fu n d iç ã o . De c o m u m a co rd o , desig na ram Vila Rica, Sabará, São
João dei Rei e Vila d o P ríncipe*, te n d o fic a d o d e c id id o q u e o p o vo c o n tin u a ria a
p a g a r a c o n trib u iç ã o anual até o m o m e n to e m q u e as casas de fu n d iç ã o estives
sem p ro n tas para fu n c io n a r. Q u a n d o os m in e ra d o re s tiv e ra m c o n h e c im e n to des
sa decisão, h ouve um a revolta, e o g o vern ad o r, ve n cid o pelos a c o n te cim e n to s,
teve de su sp e nd e r a co n s tru ç ã o das casas e se re tira r para a Vila d o C a r m o * * . Em
v irtu d e das co n tín u a s pertu rb açõe s, D. João V n o m e o u u m novo g o ve rn a d o r, D,
Louren ço de A lm e id a , q u e ch e g o u às m inas em 1721 e, co m p ru d ên cia, con se
g u iu restabelecer a o rd e m . U m a vez a ca lm a d o s os espíritos, o g o v e rn a d o r c o n v o
cou u m a assembléia em Vila Rica, a 2 5 de o u tu b r o de 1722, para d eliberar sobre
as ordens reiteradas d o rei, relativas à co n stru çã o das casas de fu n d iç ã o .
Para re ta rd a r a execução dessa o rd e m , o povo, q u e até e n tã o pagava a
c o n trib u iç ã o anual de 2 5 arrobas, o fere ceu a u m e n tá -la em 12 arrobas e se o b r i
gou, p o r decisão da assembléia, a pa ga r a partir, de e n tã o , u m a c o n trib u iç ã o de
37 arrobas (5 5 5 quilos). O g o vern ad o r, te m e n d o um a nova efervescência dos es
píritos, c o n c o rd o u c o m essa p ro p o s ta ; mas, a p a rtir d o m o m e n to e m q u e a d q u i
riu a u to rid a d e su ficie n te sobre o po vo, c o n v o c o u de n o vo a assembléia, em 15 de
* NR: a tu a lm e n te cham a-se Serro.
* * NR: a tu a lm e n te cham a-se M a ria na.
ja n e iro de 1 7 24 , e a c a b o u p o r o b te r a decisão, p o r u n a n im id a d e , de c o n s tru ç ã o
das casas de fu n d iç ã o decretando, ao m esm o te m p o , que com eçariam a funcio na r
em 1° de fevereiro de 1725, época em que o sistema de co ntribuição acabaria.
A p a rtir desse dia, to d o o o u ro em pó devia ser levado às casas de f u n d i
ção: aí se retirava a q u in ta p a rte da q u a n tid a d e trazida, o resto era f u n d id o e d e
v o lvid o a seu p ro p rie tá rio co m um a a u to riza çã o de circulação (guia), p ro va n d o
qu e o q u in to fo ra pago. Esse im p o s to , m u ito pesado para os m ine rad o re s, d e te r
m in o u u m a u m e n to da fra u d e ; para m ino rá-la , fo i re duzido, p o r decisão da as
sembléia, de 2 0 % para 1 2 % , em 1730. Em fins de 1732, veio u m a o rd e m do rei
para tra n s fo rm a r o q u in to em im p o s to de c a p it a ç ã o . * * * Esse sistem a era pio r
para o m in e rad o r, que se via o b rig a d o a pa ga r o m e sm o im p o sto , q u e r co n se gu is
se m u ito o u p o u c o o u ro de sua m ina. Assim, o povo, re u n id o em A ssem bléia, a
2 4 de m a rço de 1734, ofereceu-se para assegurar ao rei um a c o n trib u iç ã o anual
de 100 arrobas (1 .5 0 0 quilos), c o m p ro m e te n d o -s e a c o m p le ta r essa q u a n tid a d e ,
caso as e n tra da s d o q u in to nas casas de fu n d iç ã o não a alcançassem.
Essa p ro p o s ta n ã o fo i aceita e, p o r resolução da assembléia, convo cad a a
30 de ju n h o de 1735, em Vila Rica, pelo n o vo g o vern ad o r, G om es Freire de A n
drade, o im p o s to de ca p ita ção fo i estabelecido, apesar de num erosas oposições.
Fixou-se em 4 ,7 5 oitavas (17 gram as) o valor d o im p o s to an ua l a pa ga r p o r cada
n e g ro e m p re g a d o nas minas; aqueles co m m e n o s de 14 anos, nascidos nas m i
nas, eram os únicos isentos. 30
Em bora a experiência n ã o dem orasse a p ro va r q u e esse sistema de im p o s
to era excessivam ente d e fe itu o s o e q u e levava fre q ü e n te m e n te o m in e ra d o r à ruí
na, fo i m a n tid o até 1o de a g o sto de 1751. A p a rtir dessa d ata fo i a p lica d o o sis
te m a p ro p o s to a n te rio rm e n te p e lo povo, q u a n d o da Assem bléia de 2 4 de m arço
de 1734, e q u e o rei a ca bo u p o r aceitar, d ia n te das súplicas repetidas dos h a b i
ta n te s das minas. A lei de 3 de d e z e m b ro de 1 7 50 , anulava o im p o s to de ca p ita
ção e restabelecia o d o q u in to . A lei estipulava q u e o o u ro seria f u n d id o e m b a r
ras nas casas de fu n d iç ã o , d e po is de te r sido d e d u z id o o q u in to , e q u e o p o vo as
seguraria à C oroa u m a c o n trib u iç ã o anual de 100 arrobas de o u ro ; se a entra da
dos q u in to s apresentasse u m deficiência em relação a essa q u a n tia , o c o m p le
m e n to seria o b tid o p o r m e io de c o n trib u iç õ e s e n tre os ha bita n te s. Se houvesse,
* * * NR: im p o s to p a g o pe lo n ú m e ro de escravos
ao c o n trá rio , excedente, o excesso seria p o sto em reserva até o fim d o a n o se
g u in te , de m o d o a servir para c o m p le ta r os q u in to s, se estes se vissem d im in u íd o s
o u, em caso c o n trá rio , seria d e fin itiv a m e n te in c o rp o ra d o à Coroa.
A p a rtir de e n tã o , não fo i mais fe ita m o d ific a ç ã o no m o d o de c o b ra r o im
p o sto, q u e p e rm a n e ce u o m e sm o , até o dia em q u e o Brasil sacudiu o ju g o da
m e tró p o le . A c o n te c e q u e a c o n trib u iç ã o de 100 arrobas, q u e d u ra n te os p rim e i
ros anos se via co b erta p o r um e xcedente dos q u in to s, c o m e ç o u a ser c o m p le ta
da com d ificu ld a d e , q u a n d o os m esm os d im in u íra m e m con se qü ê n cia da d e ca
dência das minas. C h e g o u um m o m e n to e m q u e a e n tra d a dos q u in to s nas ca
sas de fu n d iç ã o se t o r n o u tã o p e q u e n a , q u e os h a bita n te s tive ra m de suportar,
para fo rn e c e r o c o m p le m e n to , e ncargos tais q u e o p a g a m e n to da c o n trib u iç ã o
sofreu num e ro so s atrasos, e lo g o se viram na im p o ssib ilid a d e de satisfazer seus
com p ro m isso s. A e n tra d a dos q u in to s nas casas de fu n d iç ã o , q u e se elevava a
mais de 1 1 6 arrobas em 1759, m anteve-se em cerca de 100 arrobas até 1766. De
clino u a p a rtir dessa época: não passava de 7 0 arrobas em 1 7 77 e de 30 arrobas
em 1808. Caiu para 7 e 2 arrobas em 1819 e 1820, respectivam ente.
D iante d o tris te d e stin o da p o p u la ç ã o das minas, parece q u e o g o v e rn o
real p ro cu ro u , p o r u m m o m e n to , n o c o m e ço d o século, p ro p o rc io n a r-lh e u m alí
vio: o Príncipe Regente, p o r um A lvará de 13 de m a io de 1803, q u e tra ta da a d
m inistra çã o das m inas de o u ro e d ia m a n te s d o Brasil, declara que, te n d o c h e g a
d o ao seu c o n h e c im e n to q u e os m in e rad o re s se e n c o n tra v a m na im possib ilid a d e
de q u ita r o d ire ito real d o q u in to , e d e sejan d o fa vo re ce r os tra b a lh o s e im p u ls io
nar a e xp lo ta çã o d o precioso m e ta l, o re fe rid o im p o s to seria d o ra va n te re d u zid o
pela m e ta d e , ao e stado de m e io q u in to o u d ízim o , e q u e seriam p agos ainda dois
p o r ce n to, o q u e levava o im p o s to de 2 0 % para 1 2 % . Q u a n to à c o n trib u iç ã o fixa,
n ão se fazia q u a lq u e r m e n çã o à mesm a. Há a lg u m te m p o sua cobrança tin h a sido
abandonada.
In fe lizm e n te , essa lei nunca fo i aplicada, e o q u in to subsistiu n o m e sm o
estado. V on Eschwege diz que, q u a n d o de sua vin d a às minas, e m 1811, fez t o
dos os esforços possíveis ju n t o ao g o v e rn o para que o im p o s to fosse d im in u íd o
para o d é cim o , mas sem o b te r resultado, p o rq u e o m au e sta d o das finanças não
p e rm itia p e rd e r a m e ta d e d o q u in to , que ia in ce ssa n tem e nte d im in u in d o . Foi com
g ra n d e d ificu ld a d e q u e co n se gu iu introduzir, nos e sta tu to s das sociedades de ex-
plo ta ç ã o das minas de o u ro , fixados p o r Carta Régia de 12 de a g o sto de 1817, um
p a rá g ra fo re d u zin d o o q u in to ao d é c im o ao cabo de dois anos, a c o n ta r do c o m e
ço dos trabalhos, se se provasse que esses tra b a lh o s eram executados p o r m eio de
m á q u in a s aperfeiçoadas q u e davam m elhores resultados, e se a cada ano a q u a n
tid a d e de o u ro p ro d u z id a não fosse in fe rio r à dos dois prim eiros a nos31.
O va lo r d o im p o s to p o d e servir, até um ce rto p o n to , de base para d e te r
m in a r o g ra u de p ro sp e rid a de das minas de o u ro e a im p o rtâ n c ia de. sua p r o d u
ção desde o dia da d e scoberta. V on Eschwege c h e g o u a avaliar a p ro x im a d a m e n
te a q u a n tid a d e de o u ro paga ao rei c o m o im p o s to em M inas, desde o a n o de
1 7 00 até 1820. Eis o resum o, s e g u n d o a ta be la q u e apresenta em seu livro 3 2 :
2. Casas d e fu n d iç ã o e d e p e rm u ta
C a rg o do s e m p re g a d o s Salário
para uma fundição para quatro fundições
Juiz da co m a rca c o m o in s p e to r da casa 4 0 0 5 0 0 0 réis 1 :6 0 0 $ 0 0 0 réis
Tesoureiro 8005000 3 :2 0 0 $ 0 0 0
Escrivão da receita 800S000 3 :2 0 0 5 0 0 0
C o n fe re n te 800S000 3 :2 0 0 5 0 0 0
Escrivão 700S000 2 :8 0 0 5 0 0 0
Ensaiador 800$000 3 :2 0 0 5 0 0 0
A u xilia r de ensaiador 400$000 1 :6 0 0 5 0 0 0
P rim eiro fu n d id o r 800S000 3 :2 0 0 5 0 0 0
S e g u n d o f u n d id o r 400S000 1 :6 0 0 5 0 0 0
M e irin h o 300$000 1 :2 0 0 5 0 0 0
G ra va d o r 300$000 1 :2 0 0 5 0 0 0
1 1 pessoas 6 :5 0 0 5 0 0 0 réis ' 2 6 :0 0 0 5 0 0 0 réis
Vila Rica, o n d e o n ú m e ro de e m p re g a d o s to taliza va 14, p o r causa da im p o rtâ n c ia
da fu n d iç ã o . O to ta l c o m p re e n d ia 4 7 pessoas, q u e recebiam a n u a lm e n te
2 7 :8 0 0 $ 0 0 0 réis. Todas as despesas para a tra n s fo rm a ç ã o d o p ó de o u ro e m b a r
ras eram p o r c o n ta erário real; pagava-se u n ic a m e n te o im p o s to , q u e era re tirad o
d ire ta m e n te da q u a n tid a d e de o u ro e n tre g u e à fu n d iç ã o .
O o u ro tra z id o p o r cada u m era tra n s fo rm a d o em barras, se p a ra da m en te .
0 fu n d id o r, depois de te r recebido a parte a ser fu n d id a , d e d u z id o o q u in to , es
colhia u m c a d in h o co m ta m p a , de capacid ad e c o n ve n ie n te , n o qual depositava o
pó de o u ro e o p u n h a no fo g o , c o b rin d o -o c o m carvão vegetal. U m a vez in ca n
descente o ca d in h o , soprava co m fo r t e co rre n te de ar, para f u n d ir o o u ro e, re ti
rada a ta m p a , d e rra m a va o s u b lim a d o corrosivo, p o u c o a p o uco , a fim de exe cu
t a r a a p u ra ç ã o do m e ta l. Retirava em seguida, co m u m a cureta, as m até ria s im
puras q u e boiassem na superfície e in te rro m p ia a o p e ra ç ã o q u a n d o o b a n h o f i
cava p arecido co m u m espelho b rilh a n te , de cor verde. Retirava o c a d in h o do
f o g o e d e rram ava o líq u id o em u m a fô rm a ; a barra, s u fic ie n te m e n te resfriada, era
m e rg u lh a d a na água e, co m u m m a rte lo , curvava u m a e x tre m id a d e para avaliar
sua m alea b ilida d e . Se não houvesse rachaduras nas bordas, considerava boa a
fu n d iç ã o ; caso c o n trá rio , recomeçava co m um a dose mais fo rte de su b lim a d o , até
q ue o m e ta l ficasse p e rfe ita m e n te maleável. A barra o b tid a tin h a u m a cor cinza
devida ao m e rcúrio , q u e desapareceria passando-a sobre f o g o fo rte . Essas o p e ra
ções d u ra va m 15 a 25 m inu to s.
Por esse p ro c e d im e n to , havia u m a perda considerável de o u ro , s o b re tu d o
q u a n d o os fu n d id o re s fa zia m o tra b a lh o ra p id a m e n te , c o m o a co nte cia co m f r e
qüência. Assim, recolhiam -se, no fim d o ano, os d e pó sito s das fu m a ça s na c h a
m iné, b e m c o m o as cinzas e os restos dos cadinhos, para serem tra ta d o s. O c o n
te ú d o era p u lve riza d o e m a lm o fa riz e s de fe rro c o n te n d o u m p o u c o de m e rcú rio
no f u n d o e u m a q u a n tid a d e de á g ua su ficie n te para to r n a r a massa b e m flu id a ;
u m a g ita d o r de fe rro , p ro v id o de dois braços em cruz e m o v im e n ta d o p o r um a
roda a m anivela, m a n tin h a em suspensão as areias, q u e a circulação de água a r
rastava para fo ra da caixa, e n q u a n to as parcelas de o u ro mais pesadas se am al-
g a m a va m e m c o n ta to co m o m e rcú rio , ao cair no fu n d o .
A p e s a r disso, a perd a era a in d a elevada: V o n E sch w e g e a avaliava e m 2 , 5 % d o
o u r o f u n d id o . 34
O o u r o p ro v e n ie n te dos q u in to s era g u a r d a d o em u m c o fre especial e f u n d i d o se
m estral ou a n u a lm e n te .
Q u a n d o u m a pessoa tra z ia o u r o p a ra fu n d ir, a n o ta v a -s e seu n o m e e m u m
re g is tro , pesa va-se o p ó e m sua p re s e n ç a e se d e d u z ia o q u i n t o ; o re sto era f u n
d id o e v a z a d o e m b a rra , q u a lq u e r q u e fo sse a q u a n tid a d e . A b a rra passava e m
s e g u id a pe la s m ã o s d o e n s a ia d o r, q u e d e t e r m in a v a o t í t u lo e im p r im ia , d e um
la d o as a r m a s reais, o n ú m e r o de o r d e m , o a n o , a m a rc a da casa d e f u n d iç ã o , o
t í t u lo e o p e so da b a rra , e as p a la vra s p o r e n s a io o u p o r t o q u e , s e g u n d o o t í t u
lo tivesse s id o d e t e r m i n a d o p e lo e n s a io o u p e lo t o q u e . D o o u t r o la d o , im p r im ia
as a rm a s d o Brasil (Fig. 2 1 ) .
C o m o o t í t u lo d o o u r o das p rin c ip a is m in a s era m u it o c o n h e c id o , c o m f r e
q ü ê n c ia se c o n t e n t a v a e m d e t e r m in á - lo p e lo t o q u e .
U m a vez m a rc a d a a barra , era d e v o lv id a a seu p r o p r ie t á r io c o m u m a a u
to r iz a ç ã o de c ir c u la ç ã o (guia ), na q u a l e s ta v a m in s c rito s seu n o m e , a q u a n t id a d e
síiíspe
SN. W Ê Ü
_m.JBt tUmg o n e fta C a fa
X ■■ sí..'V's ■: ^ ç : •
' .■ :•• . ^- a . ■■ ;
■ÇU( ; ax? ' " '■ ::'
I
X 2; " . ■ c:
te"- ; ' . ? .. ; ■ • ■ ., ; ■/■ ; . A ' : 2: í ■ .
K u m a harrA a« »•* m i f maVCO - -
■
«••• Òncai’ oitava^ .e J? d t g r & o j de ouro de vinte p
m
«8
vt quenelle íe fez, e Íeíhe entregou néfta Caía de Fük- 5
-/A. : c ' . ■■ a o ::
141
tas. Pela lei de 3 de d e z e m b ro de 1750, fo i d e cre ta d o q u e q u a lq u e r pessoa que
levasse para fo ra d o d is trito das minas, o u ro em pó ou em barra não fu n d id a em
u m a das casas de fu n d iç ã o , incorria no co n fisco to ta l desse o u ro , e m benefício
dos cofres d o q u in to . Se tivesse ha vid o denú n cia , o d e n u n c ia n te ficaria co m a m e
ta d e d o o u ro confisca d o. Pelo alvará de 13 de m a io de 1803, as penas c o n tra o
c o n tra b a n d is ta era m ain d a mais duras: da p rim e ira vez ele perdia o d o b ro d o va
lo r d o o u ro desviado, sendo q u e u m te rç o cabia ao d e n u n c ia n te , u m o u tr o te rço
a q u e m havia fe ito a c a p tu ra e o resto ao Erário Régio; da se g un d a vez, o q u á
d ru p lo d o valor, q u e era re p a rtid o da m esm a m aneira, e ele era e xpulso da c a p i
ta nia; se voltasse sem te r sido p e rd o a d o , era d e p o rta d o para a África.
A lé m disso, para re string ir mais ainda a circulação do o u ro em pó e to rn a r
o c o n tra b a n d o mais difícil, fo i d e cre ta d o , pelo Alvará de 1o de se te m b ro de 1808,
q u e casas de p e rm u ta seriam estabelecidas nas cidades o u vilas vizinhas dos c e n
tro s m ineradores. Nessas casas os m in e rad o re s e os faiscadores deveriam tro ca r
seu o u ro em pó o u retirar um a a u to riza çã o a fim de tra n s p o rtá -lo para fo ra dos
lim ites d o d is trito da casa de p e rm u ta . O com issário da casa de p e rm u ta pagava
s o m e n te um a fra çã o d o o u ro recebido, o resto só era a ce rta d o d e po is da f u n d i
ção em barra, fe ita a d e d u çã o d o im p o s to e das perdas de re fin o . A cada três m e
ses, a p ro x im a d a m e n te , oficiais reais passavam nas casas de p e rm u ta para recolher
o o u ro . Os comissários das casas de p e rm u ta eram escolhidos e n tre os n e g o c ia n
tes q u e m ereciam a lg u m a co n fia nça ; ficavam , p o r seu tra b a lh o , co m 1/25 do o u ro
re cebido e u su fru ía m a lg u m a s prerrogativas. O o u ro em pó tra z id o às casas de
p e rm u ta só era a ce ito q u a n d o apresentava u m grau su ficie n te de pureza, caso
c o n trá rio era d e vo lvid o a seu p ro p rie tá rio , a fim de q u e fizesse a apuração, a m e
nos q u e se percebesse a lg u m e m b u s te e q u e o p ó fosse fa lsific a d o pela adição de
m atérias estranhas, mica o u lim alhas de latão, p o r e xem plo, c o m o o c o rria com
b a stan te fre q ü ê n cia , caso em q u e t u d o era confisca d o. Assim, cada com issário
devia estar m u n id o de alguns in s tru m e n to s necessários a u m e xa m e s u m á rio do
o u ro , p e rm itin d o -lh e desmascarar a fra u d e.
0 e s ta b e le c im e n to das casas de p e rm u ta tin h a p e lo m e n o s a v a n ta g e m de
evitar, no co m é rc io , as perdas de o u ro devidas às co n tín u a s pesagens d o p ó para
os p a g a m e n to s, sem c o n ta r o in c ô m o d o para o co m p ra d o r, de ser o b rig a d o a cir
cu la r c o m u m a balança na mão. Em co m p e n sa ção , sobre ca rre g a va m as finanças
reais de u m acréscim o de despesas pela criação de novos e m p re g o s, e isto no m o
m e n to em q u e a e n tra d a dos q u in to s d im in u ía c o n s ta n te m e n te . Nessa o p o r t u n i
dade, as casas de fu n d iç ã o , co m excesso de e m p re g a d o s, apenas co b ria m seus
custos e, a p a rtir de 1820, suas receitas não era m su ficientes para p a g a r as des
pesas d o pessoal. V im os, de fa to , q u e os e m p re g a d o s das q u a tr o casas de f u n d i
ção custavam a n u a lm e n te ao g o v e rn o p e rto d e 2 8 c o n to s de réis; c o m o a oitava
de o u ro valia, nessa época, 1 $ 5 0 0 réis, tal despesa representava u m peso de 67
quilo s de o u ro a p ro x im a d a m e n te , e n q u a n to o to ta l dos q u in to s chegava e m 1820
a 2 arrobas, o u 3 0 quilos, m e n o s da m e ta d e da cifra m e n cio n a da .
Se os diversos m e io s de c o m b a te r o c o n tra b a n d o d e ra m a lg u ns re su lta
dos, q u e stion á ve is, tro u x e ra m m u ito s entra ves para os n e g ó cio s d os m in e r a d o
res e, c e rta m e n te as c o n tín u a s perseguições, ju n ta m e n te co m os im p o s to s o n e
rosos a q u e e ra m s u b m e tid o s , fo ra m as p rin cip a is causas da decad ê n cia da in
d ú stria das m inas.
CA PÍTU LO 4 o
1. E x a m e s u m á rio d a le g is la ç ã o d as m in a s d e o u ro a té 1 8 2 2
B A N D O DE 2 6 DE SE TE M B R O DE 1 7 21 D O G O V E R N A D O R , D. LO U R E N Ç O DE
A L M E ID A . Todos aqueles q u e quisessem a b rir minas nos flancos das m o n ta n h a s
e nos locais o n d e as datas não estavam distribuídas, seriam a u to riza do s, c o n d ic io
nand o -se q u e n e n h u m a galeria seria aberta alé m de 4 0 pa lm o s (8 ,8 0 m ) da vizi
nha e, em caso de a b a n d o n o , deveria ser e n tu lh a d a para e vitar os desab a m e n to s,
sob pena de dois meses de prisão.
C o m o os tra b a lh o s de minas nas m o n ta n h a s to m a v a m um ce rto d e sen vo l
v im e n to , lo g o fo i necessário in tro d u z ir um a re g u la m e n ta ç ã o especial para a ex
p lo ta ç ã o dessas novas jazidas. É dessa época q u e d a ta m p ro va ve lm e n te , se g u n d o
Eschwege, as ALTERAÇÕES À LEI DE 1702, cuja data se ig n o ra 35.
Eis, em resumo, as principais modificações introduzidas por esse novo decreto:
Se um a jazida era d e scoberta nas m o n ta n h a s , procedia-se à distribuição,
c o m o de c o s tu m e :o d e sc o b rid o r recebia p rim e iro um a data , u m a segunda era re
servada à Coroa, e a terceira cabia ao descobridor, co m promessa, se fizesse u m a
nova d e scoberta, de receber mais te rre n o , m e sm o que possuísse pouco s escravos,
para a n im a r os m in e ra d o re s a fa ze re m buscas. Se o d e sc o b rid o r fosse a u xilia d o
p o r vários c o m p a n h e iro s, cada u m dele recebia u m a data de 30 braças (6 6 m e
tros) de lado ou 9 0 0 braças quad ra d a s (4 .3 5 6 m e tro s quadra d o s).
Se os m in e rad o re s fossem o b rig a d o s a a b rir u m lo n g o canal para levar
m o n ta n h a acim a a água necessária à lavação das terras auríferas de sua e x p lo ta
ção, os g u a rda s-m o re s su b stitu to s deviam m e d ir to d o o te rre n o q u e reclam avam
para essa fin a lid a d e .
N o caso da d e scoberta de um a jazida te r sido fe ita em u m local p riva d o
de água, o d e s c o b rid o r devia d a r c o n h e c im e n to ao g u a rd a -m o r, q u e p rocedia a
u m a investigação, para saber se não haveria possibilidade de levar água. Se des
cobrisse essa possibilidade, fazia a re p a rtiçã o e m datas; caso c o n trá rio , repartia o
te rre n o e n tre os m ineradores, s e g u n d o o m o d o de e xp lo ta çã o e m p re g a d o p o r
eles. Q u a n d o p ro c u ra v a m a tin g ir a ja zid a p o r galerias h o rizo n tais, tin h a m d ire ito
a 6 0 palm os (1 3 ,2 0 m ) de cada lado, à direita e à esquerda, em cim a e e m baixo,
para p o d e re m a b rir galerias transversais. A o s q u e fa zia m a e xp lo ta çã o p o r m e io
de poços, m e d ia m -se 6 0 p a lm o s em to d a a volta d o p o ç o t o m a d o c o m o centro;
o m e s m o se dava no caso daqueles q u e avançavam p o r galerias inclinadas, e,
q u a n d o a tin g ia m a ja zid a e q u e ria m e xp lo tá -la h o riz o n ta lm e n te , recebiam u m a
p a rte igual à dos prim eiros.
O g u a rd a -m o r devia fazer co m que o escrivão inscrevesse e m seu registro:
a data da re p a rtiçã o d o te rre n o , os atos de concessão ou cartas de datas, a loca
lidade e os lim ites das concessões m arcadas nos q u a tro cantos p o r u m poste, e
p o r fim , a d istrib u iç ã o das águas.
As data s p e rte n c e n te s à C o ro a d e v ia m ser v e n d id a s p u b lic a m e n te a
q u e m pagasse.
O m in e rad o r, p o ssu id o r de u m a m ina, p o d ia vendê-la co m seus escravos,
depois de te r o b tid o a u to riza çã o d o g u a rd a -m o r ou d o su p e rin te n d e n te , Se, ao
c o n trá rio , tin h a e s g o ta d o c o m p le ta m e n te sua m ina e encontrasse, para o c u p a r
seus escravos, u m te rre n o co m possibilidade de e xp lo ta çã o co m a a juda da água
su p érflu a de u m vizinho, podia co n se g u ir q u e lhe fosse d a d o , pelo g u a rd a -m o r,
tal excesso de água e m e d in d o no te rre n o re q u isita d o u m a data de 30 braças (66
m etros) de lado, sob a co n d iç ã o de n ã o causar q u a lq u e r d a n o ao p ro p rie tá rio do
canal. Caso descobrisse u m a ja zid a rica, p odia associar-se co m este ú ltim o para
fa ze r a e xp lo ta çã o em c o m u m .
Os p ro p rie tá rio s de terras não tin h a m o d ire ito de im p e d ir os m in e rad o re s
de c o rta r em suas florestas as grandes m adeiras de q u e tin h a m necessidade para
sua exploração; mas se a lg u é m as cortasse so b o p re te x to de as e m p re g a r nas m i
nas, era p u n id o de a co rd o co m as leis. A lé m d o mais, era p ro ib id o , so b pena de
m u lta , c o rta r m adeiras na vizin ha n ça das fo n te s a m enos de 5 0 0 p a lm o s (1 1 0 m e
tros) de distância, a fim de ser assegurada a conservação das águas.
Q u a n d o surgia u m a d isp u ta e n tre m ine rad o re s, o g u a rd a -m o r, a ju d a d o
p o r seu escrivão, devia fazer u m a investigação para d e cid ir a q u estão, e to d o s os
dois recebiam um a d ie ta (salário) p o r dia, q u e era paga pelas partes. Podia-se a p e
lar ao su p e rin te n d e n te , q u e p o r sua vez fazia um a nova investigação re ce b e n d o
p o r isso, b e m c o m o seu escrivão, as dietas respectivas, da p a rte dos interessados;
de sua decisão só se p o d ia recorrer aos trib u n a is superiores. Em co m p e n sa ção a
a u to riza çã o , co n ce d id a aos e m p re g a d o s e fu n c io n á rio s reais, para possuir e e x p lo
ta r minas, era retirada.
Depois desse n o v o re g u la m e n to , h o u ve apenas a lg u m a s orde na çõ e s que
tra z ia m diversas m odificaçõ e s, até q u e surgisse a lei de 1803, destin ad a a in s titu ir
um a nova o rg a n iza çã o da indústria das minas.
CARTA R É G IA DE 4 DE D E ZE M B R O DE 1 8 1 6 A O G O V E R N A D O R DE M IN A S ,
D. M A N U E L DE P O R TU G A L E C A STRO . Enu ncíava as m e didas a serem t o m a
das a respeito das datas m inerais e da c o m p ra d o o u ro e xtra íd o das minas. Um
a rtig o m e n cio n a va que a d istrib u iç ã o dos te rre n o s auríferos tin h a de ser feita a t o
dos aqueles q u e os reclam assem , dand o -se a cada u m , livre o u escravo, u m a d ata
q u a d ra d a de 1 5 braças (33 m etros) de lado.
Enfim , pelos conselhos re p e tid o s d o barã o vo n Eschwege, e n via d o a M i
nas Gerais para e xa m in a r o e stado das minas, o g o v e rn o d ecidiu se ocupar, de
m o d o m e n o s p la tô n ic o , co m a criação de C o m p a n h ia s de m inas e d irig iu , nesse
se n tid o, u m a Carfa Régia de 12 de a g o s to de 1 8 17 a o G o v e rn a d o r D. M a n u e l de
P o rtu g a l e Castro, a u to riz a n d o a fo rm a ç ã o de sociedades p o r ações para a e x p lo
tação das jazidas auríferas, e sta b e le ce n d o os e sta tu to s q u e deviam ser aplicados.
Esses e sta tu to s, q u e fo ra m fe ito s p o r von Eschwege, a p a re n te m e n te sofre
ram d e po is várias m odificaçõ e s. Seu re su m o é a p re se n ta d o a seguir.
2 . E s ta tu to s das S o c ie d a d e s d e M in a s 39
1. A p re s e n ta ç ã o g e ra l
163
2. Im p e ria l B ra z ilia n M in in g A s s o c ia tio n (1 8 2 4 )
o u seja, 2 1 ,7 kg de o u ro p o r dia.
* NR. Há, ce rta m e n te , um e n g a n o na dim e n sã o m e ncio nad a, isto è, la rg u ra de 1 5 0 m até 3 0 m . O a u to r usa a pa
lavra " la rg e u r", c o rre ta m e n te tra d u z id a p o r largura.
* * NR. M esm a observação anterior.
* * * NR. Idem.
ches) e n c o n tra d o s na p a rte co m p re e n d id a e n tre os níveis 7 e 14 (1 2 ,8 0 m e
2 5 ,6 0 m ). O maior, o u massa o rie n ta l, que o cu p a va a p a rte central dos tra b a lh os
e se estendia para leste, e m p ro fu n d id a d e , era sem co m p a ra ç ã o o mais rico dos
dois. Da superfície à p ro fu n d id a d e de 23 fa th o m s (46 m etros) e n c o n tro u -s e m u i
t o o u ro em grãos, palhetas e massas, e, e n tre os níveis 7 e 21 (1 2 ,8 0 m e 3 8 ,4 0 m ),
e n orm e s bolsas de o u ro ; essa fo i a parte mais p ro d u tiv a da c a m a d a 55. A b aixo , as
grandes massas de o u ro era m m e n o s a b u n d a n te s ; to da via, no níveí 41 (75 m e
tros), eram ainda fre q ü e n te s; no nível 4 8 (90 m etros), se to rn a v a m m en o re s e m e
nos num erosas; depois, só se o b tin h a m pequenas q u a n tid a d e s de o u ro no nível
55 (1 0 0 metros), para só se e ncontrar, em intervalos, raros grãos de o u ro abaixo
d o nível 62 (1 1 5 metros).
Foi nos a flo ra m e n to s da linha P rin cip a l d o veio d o G o n g o q u e os p rim e i
ros e xp lo ta d o re s e x e c u ta ra m tra b a lh o s a céu a b e rto e a b rira m a g ra n d e escava
ção d o Talho A b e r to ; aí o barã o fe z a coleta de o u ro , de q u e se fa lo u , na p a rte
central da jazida.
O veio de Cum ba, que foi ig u a lm e n te exp lo tad o a céu a b e rto pelo p ro p rie
tá rio brasileiro. Na parte oeste, era m enos rico q u e o precedente; co n tin h a algumas
linhas estreitas e curtas, encerrando grãos e palhetas de ouro, da superfície ao nível
21 (3 8 ,4 0m ) e m o stran d o algumas pequenas massas de o u ro no nível 14 (25,60m )
para só m o stra r, a b a ix o , raras parcelas d is s e m in a d a s nas p a rte s p r o f u n d a s 56.
S e g u n d o o q u e fo i d ito , vê-se q u e o o u ro era e n c o n tra d o e m a b u n d â n c ia
s o b re tu d o nas partes estreitas da jazida, vizinhas da superfície; isso explica p o r
que, desde o c o m e ço de suas operações, a c o m p a n h ia re to m a ra a e xp lo taçã o
subterrâ n ea , na região da jazida reco n h ecida c o m o p ro d u tiv a pelo barão, e p o r
q u e a p ro d u ç ã o de o u ro cresceu ra p id a m e n te e c h e g o u ao a p o g e u em alguns
anos, q u a n d o os tra b a lh o s p e rm itira m desenvolver a e xp lo ta çã o n o local mais
rico, c o m p re e n d id o e n tre os níveis 7 e 21 (1 2 ,6 0 m e 3 8 ,4 0 m ). Esse fa t o é bem
e vid e n c ia d o na Tabela 2, q u e apresenta a p ro d u ç ã o anual da co m p a n h ia desde o
c o m e ç o até o fim de suas o p e ra ç õ e s57 .
A q u a n tid a d e de o u ro p ro d u z id a d u ra n te os prim e iro s anos fo i tal que, no
c u rto espaço de 13 anos, de m a rço de 1 8 26 ao fim de 1839, essa m ina p ro d uzia
cerca de 11 to n e la d a s de o u ro co m u m va lo r de cerca de 1 .2 0 0 .0 0 0 libras ester
linas. Os acionistas, q u e tin h a m investido apenas 20 libras esterlinas p o r ação para
a c o m p ra das p ro p rie d a d e s e para as prim e ira s despesas de exp lo ra çã o, já esta
vam reem bolsados nessa época, e tin h a m mais 10 libras esterlinas p o r ação.
In fe lizm e n te , esse p e río d o e x tra o rd in a ria m e n te p ro d u tiv o n ã o fo i m a n ti
do. C o m o as linhas ricas se to rn a v a m cada vez mais raras à m e d id a q u e se a p ro
fu n d a v a e as d ificu ld a d e s a u m e n ta v a m em conseqüência da in filtra ç ã o das águas,
a p ro d u ç ã o anual, q u e se elevava em 1832 a 1 .56 8 q u ilo g ra m a s, declinava co n s
ta n te m e n te a p a rtir dessa época ca in d o para 2 5 q u ilo g ra m a s em 1855.
TABELA 2. P R O D U Ç Ã O DE O U R O DA M I N A DE
C O N G O ' S O C O , (182 6-1 856)
PRODUÇÃO DE OURO
P r o f u n d id a d e
da M in a
A nos Pessoal N a La v a ç ã o Nos M o in h o s
T o tal
(wasshing-house) (stamp-mills)
(fathoms) quilogramas
quilogramas quilogramas
DESPESAS: Em G o n g o Soco
A q u isiçã o de p ropriedades,
m ina , escravos etc. 1 0 0 .8 0 8 libras esterlinas
C o m p ra de m á quinas, utensílios,
gado, a lim e n to s etc. 4 5 1 .9 9 5
Salários e p ro ve n to s 4 3 2 .9 4 2
Diversos 3 .2 0 7
Despesas em G o n g o Soco 9 8 8 .9 5 2 libras esterlinas
Despesas nas o u tra s m inas 2 5 .6 4 9
m p o sto s no Brasil:
3 3 3 .1 8 0
O im p o s to c o b ra d o a n u a lm e n te p e lo g o v e rn o da província fo i de 2 3 % so
bre a p ro d u ç ã o até ju lh o de 1837, de 2 0 % até ju lh o de 1 8 40 , de 1 0 % até o u t u
b ro de 1 8 50 e de 5 % até o u tu b r o de 1853; a p a rtir dessa época, a c o m p a n h ia f i
cou isenta d o im p o s to 50 Entregou 2 .6 0 7 quilo s de o u ro e 2 2 .0 3 9 libras esterlinas
em m o e d a , o q u e representa u m va lo r to ta l de 3 1 0 .7 7 7 libras esterlinas. O im p o s
t o an ua l mais ele va do fo i de 3 9 2 .0 8 9 gram as, e m 1832; o im p o s to a n u a l m e n o r
fo i de 1 .7 2 0 gram as, p a go em 1853, O im p o s to de e x p o rta ç ã o p a g o ao G o ve rn o
Im perial era de 2 % ; ch e g o u ao to ta l de 2 2 .4 0 3 libras esterlinas. O im p o s to to ta l,
de 3 3 3 .1 8 0 libras esterlinas, excessivam ente pesado, fo i quase igual a o m o n ta n
te dos lucros o b tid o s. Essa carga fo i ce rta m e n te u m a das causas q u e apressaram
a ruína dessa c o m p a n h ia , já q u e o m o d o de cobrança, baseado na p ro d u ç ã o , não
evitava de m o d o a lg u m o p a g a m e n to d o im p o s to , m e sm o q u a n d o os resultados
da e xp lo ta çã o davam prejuízo, c o m o o co rre u c o n tin u a m e n te a p a rtir de 1844,
A m in a não se re ergueu. Q u a n d o passou p o r G o n g o Soco, p o r ocasião de
sua via g e m a M ina s Gerais em 1867, o ca p itã o Richard B u rto n fic o u d o lo ro s a m e n
te im p re ssio n a d o co m o cen ário o fe re c id o pe lo e sta b e le cim e nto , co m suas n u m e
rosas con stru çõ es fech ad a s e c a in d o em ruínas. O c o m e n d a d o r ainda executava
a lg u m a extração, co m u m p e q u e n o n ú m e ro de negros, sob a supervisão de um
fe ito r. A rra n c a v a m o m in é rio de a lg u ns pilares a b a n d o n a d o s , o n d e ap arecia m t r a
ços de linhas p ro d u tiva s e o tra ta v a m em u m e n g e n h o de. 18 pilões, para retirar
apenas, c o m o parece, 1 .59 0 gra m a s de o u ro p o r a n o .61
Hoje, t u d o não passa de ruínas; mal subsistem a fa ch ad a e a lg u ns c ô m o
dos da Casa G rande, o n d e m orava o s u p e rin te n d e n te da c o m p a n h ia (o ú ltim o fo i
H e n w o o d ), b e m c o m o o p ó rtic o de e n tra d a , em fo r m a de a b ó b a d a em sem icírcu
lo, q u e lim itava a p ro p rie d a d e a leste. No local o n d e se e n c o n tra v a m os m o in h o s
e lavadouros, só se vêem os vestígios das fu n d a ç õ e s e das paredes, c o b e rto s por
u m ta p e te de vegetação; to d a s as bocas dos poços estão e n tu lh a d a s e o ve lh o n e
gro, ú n ico g u a rd iã o dessas ruínas, que tra b a lh o u na m ina em sua ju v e n tu d e , mal
p o d e in d ica r sua localização ao viajante, interessado nas le m branças de u m a in
dústria passada.
* N R : a tu a lm e n te N ova Lim a
usando-se 2 4 brasileiros e 122 e s c ra v o s 63 A seguir, substituiu-se o e q u ip a m e n to
p o r três m o in h o s de pilões, q u e p e rm itira m o b te r d ia ria m e n te , co m 7 0 escravos,
2 5 a 3 0 oitavas (9 0 -1 0 0 gram as) de o u ro , e x p lo ta n d o a p a rte ch a m a d a V in a g ra
do, p o r causa da c o r a ve rm e lh a d a d o m in é rio d e c o m p o s to .
A e xp lo ta çã o deve t e r sido in te rro m p id a em to r n o de 1818, p o rq u e A u
g u ste de Saint-Hilaire, de passagem p o r C o n g o n h a s de Sabará nesta época, es
creve em seu rela to de via g e m : " C o n g o n h a s deve sua fu n d a ç ã o a m in e rad o re s
a traídos pe lo o u ro q u e se e n co n tra va nos arredores, e sua história é a de ta n to s
o u tro s p o voados. O precioso m etal se e sg oto u ; os tra b a lh o s se to rn a ra m mais d i
fíceis e C o n g o n h a s m o stra a tu a lm e n te apenas a decadência e o a b a n d o n o " 65.
O corre q u e se precipitara ao d e clarar que o o u ro estava e sg ota d o ; o f u t u r o lhe
apresentaria u m d e s m e n tid o fo rm a l. De fa to , o c a p itã o Lyon, d ire to r de G o n g o
Soco, a d q u iriu a p ro p rie d a d e de M o r ro Velho d o pa dre Freitas e a revendeu em
seguida para a C o m p a n h ia Saint-John d'EI Rey, q u e co m e ço u de im e d ia to seus
tra b a lh o s, em d e z e m b ro de 1 8 3 4 e não cessou sua e xp lo ta çã o desde e n tã o .*
A jazida é fo rm a d a p o r u m filã o de espessura considerável, quase vertical,
q u e se apresenta sob a fo r m a de u m a co lu n a oval, inclinada de p o u c o m e n o s de
45° n o p la n o d o filã o , q u e p e n e tro u xistos cinza, ora re co rta n d o , ora a c o m p a
n h a n d o os m esm os e m seus planos de e stratificação. A rocha é co n stitu íd a p o r
um a massa c o m p a c ta de q u a rtz o de g rã o fin o , co m pirita arsenical e p irita de f e r
ro, bem c o m o , o ca sio n a lm e n te , p irita m a g n é tica , pirita de cobre, calcita, d o lo m i-
ta, siderita e alb ita ; estes ú ltim o s a p re se n ta m belos cristais em g eodos. A co lu n a
te m ru m o s u d e s te .* * Sua espessura é variável, a lca n ça n d o 20 m e tro s e m certos
p o n to s e sua extensão h o riz o n ta l chega, em m édia, p e rto de 150 m etros; a mas
sa filo n ia n a está fre q ü e n te m e n te m istura da co m o xisto encaixante, q u e fo rm a
partes pobres na co lu n a e que o rig in a , até m e sm o , o a p a re c im e n to de porções es
téreis. Nos a flo ra m e n to s , sua extensão alcançava cerca de 2 5 0 m e tros. A p re s e n
tava dois co p os principais co rre sp o n d e n te s aos centros d os tra b a lh os: Q uebra-P a-
ne la e Baú a oeste e Cachoeira, a leste co m u m ra m o secu n dá rio, N o rth -b ra n c h ,
q u e ram ificava para o n o rte , para reencontrar, a leste u m espessam ento d e sig n a
d o G am bá.
* NR: A lavra de M o rro V elho só fo i in te rro m p id a recen tem en te, não p o r te r o c o rrid o e s g o ta m e n to mas sim p o r cau-
.sa d o baixo preço do ouro.
* * NR: A frase, em francês, é; "La c o lo n n e est d irig é e vers W qu elques degrés N ". Tal orie n ta çã o é incorreta.
Os prim e iro s tra b a lh o s da C o m p a n h ia fo ra m execu ta d o s a céu a b e rto em
três p o n to s : abriu-se u m p rim e iro c a m p o de e xp lo ta çã o e m Q u e bra Panela e Baú,
um s e g u n d o em C achoeira e u m te rce iro em G a m b á 65; em p ro fu n d id a d e c o n c e n
tra ra m -se os tra b a lh o s nos dois p rim eiros, a b a n d o n a n d o -s e o veio de G am bá, m e
nos rico. Os dois centro s de Baú e de C achoeira p e rte n c ia m , para ser exato, ao
m e sm o veio d iv id id o p o r um a p o rçã o pobre, e a rocha e n tre os dois servia de p i
lar de sustentação; em 1 8 60 resolveu-se d e rru b á-la , de m o d o q u e a p a rtir desse
p o n t o as escavações to rn a ra m -s e apenas um a. Os tra b a lh o s prosse g uira m a b rin
do-se u m a imensa câ m a ra até a época d o in cê n dio q u e d e v o ro u o e sco ra m e n to
p ro v o c a n d o na n o ite de 21 de n o v e m b ro de 1867, o d e s m o ro n a m e n to da m ina.
A escavação tin h a u m a p ro fu n d id a d e de 3 6 0 m e tro s até seu p o n t o mais baixo,
co m extensão de 2 1 0 m e tro s e u m a largura que variava em seus diversos p o n to s
de 2 m e tro s a 2 7 m etros, co m u m a média de 9 m e tro s na p a rte da C achoeira e
de 12 m e tro s na d o Baú.57
D u ra n te esse p rim e iro p e río d o das op eraçõe s da C o m p a n h ia , p ro d u z ira m -
se 2 8 .6 5 8 qu ilo s de o u ro , extraídos de um m in é rio cu jo te o r m é d io era 2 3 ,5 g ra
mas p o r to n e la d a e cuja recupe ra çã o era 15,5 g ra m a s.68 D u ra n te os q u a tro p ri
m eiros anos, p re p o n d e ra ra m as perdas, mas a p a rtir de 1 8 39 h o u ve lucros c o n tí
nuos e co m e ço u -se , e m 1842, a p a g a r d ivid e n d o s aos acionistas. Do capital in i
cial fo ra m investidas 1 3 5 .0 0 0 libras esterlinas. O to ta l dos divid e n do s, pagos de
1842 a 1 8 67 , se elevou a 8 9 6 . 50Ò libras esterlinas, re p re se n ta n d o u m lucro m é
d io de mais de 2 5 % p o r ano sobre o capital, d u ra n te o p e río d o de 2 5 a n o s.69
Os tra b a lh o s prosse g uira m sem in te rru p ç ã o até a época d o in cê n dio. O
m in é rio , e xtra íd o da m ina p o r um p la n o in clin a d o a 45°, co lo c a d o e n tre as duas
escavações de Baú e da C achoeira, era s u b m e tid o a u m a seleção para separar o
xisto e o q u a rtz o pobre, depois envia do aos e n g e n h o s de pilões para ser m o id o e
lavado sobre mesas; as areias, retidas nas peles, era m e m seguida tra ta d a s p o r
a m á lg a m a , e m to n é is de Freiberg, e n q u a n to os rejeitos das mesas (ta ilin g s ) eram
s u b m e tid o s a u m a nova m o a g e m nos arrastras, para um a nova c o n c e n tra ç ã o e
a m a lg a m a çã o . Os e n g e n h o s , p o u c o d ife re n te s d o tip o Gallois, c o m p u n h a m -s e de
2 7 pilões em 1835. Em 1853 havia 6 m o in h o s co m u m to ta l de 135 pilões, p e
sando cada um 2 0 0 quilos e que o p e ravam co m 60 a 8 0 golpes p o r m in u to .70 A lé m
d o mais, haviam sido instalados na praia, nos ú ltim o s anos, 56 pilões destinados
à m o a g e m das areias a serem re tra ta da s, c o n ju n ta m e n te co m os arrastras. Os
tra b a lh o s tin h a m a d q u irid o u m tal im p u ls o que, e n q u a n to se m o in h a m apenas
1 6 .0 0 0 to ne la d a s, e m 1838, co m 65 pilões, chegava-se a m o e r em 1856, com
os 135 pilões, cerca de 9 0 .0 0 0 to n e la d a s. A m ã o de o b ra c o m p u n h a -s e de 3 0 0
pessoas em 1 8 36 . Pouco a p o u c o , elevou-se para 2 .4 0 0 pessoas, das quais 130
era m e u ro p e u s. 71
C o m p re e n d e -se o tra n s to rn o tra z id o p e lo in cê n dio, para u m e m p re e n d i
m e n to q u e se e n co n tra va nas m elhores co n dições de prosp e rid a de . Assim, t o
m o u -se ra p id a m e n te a decisão de a b rir nova fre n te de lavra, visando e n c o n tra r o
filã o p o r m e io de dois p o ços gêm eos, a u m a p ro fu n d id a d e q u e p e rm itiu d e ixa r
sob os d e s m o ro n a m e n to s u m massa de m in é rio su ficie n te para fo r m a r u m sólido
pilar de p ro te ção . Para fa ze r face às despesas necessárias à re to m a d a dos tra b a
lhos, o ca p ita l o rig in a l fo i a u m e n ta d o e 2 5 3 .0 0 0 libras esterlinas, das quais fo ra m
usadas 2 2 3 .0 0 0 libras esterlinas.
Os dois poços, iniciados em o u tu b r o e em n o v e m b ro de 1868, fo ra m a b e r
tos no fla n c o da m o n ta n h a que encerrava a jazida, com u m a extensão de 3 6 3 m e
tros; u m serviu para fazer a extração, de início p o r m e io de cubas, mais ta rd e com
a ajuda de gaiolas guiadas, e o o u tro para o e s c o a m e n to das águas prod uzid as
em a b u n d â n c ia na a n tig a escavação. Gastou-se um a som a de 8 3 .5 1 5 libras e ster
linas para re a b rir a m ina e, e sp e ra n d o q u e se pudesse re to m a r a e xp lo ta çã o su b
terrânea, re tra b a lh a ra m -se a lg u n s m aciços de m in é rio p o b re na superfície, de
m o d o q u e já em 1868, era m m o id a s 6 2 .0 0 0 to n e la d a s de m in é rio , q u e p ro d u z i
ram 3 4 6 q u ilo s de o u ro .
A p a rtir d o m o m e n to q u e te rm in o u a a b ertura dos poços, iniciou-se a a b er
tu ra de um a nova escavação e a m ina passou de n ovo p o r um a fase produtiva.
Em d e z e m b ro de 1874, recom eçava a d istrib u iç ã o de d ivid e n d o s q u e p ro s
seguiu re g u la rm e n te até 1882, q u a n d o a som a e n tre g u e aos acionistas se eleva
va a 5 5 6 .0 0 0 libras esterlinas, isso representa u m lucro anual m é d io de 31 % so
bre o n o vo capital, pe lo p e río d o de 8 anos.
In fe lizm e n te , à m e d id a q u e a m ina se a p ro fu n d a v a , as d ificu ld a d e s de ex
p lo ta ç ã o a u m e n ta ra m . C o m o as águas am ea ça va m invadir os tra b a lh os, fo i p re ci
so instalar m á q u in a s mais p o te n te s de e s c o a m e n to das mesmas, o q u e a u m e n to u
as despesas. Por o u tr o lado, a p ro d u ç ã o d im in u iu sensivelm ente e m 1882, a p o n -
t o de n o a n o se g u in te h aver d é fic it e de nos o u tro s anos os lucros serem m u ito
pe qu e n os. Por isso não fo ra m mais d istribu íd o s d ivid e n d o s até a época da catás
tro fe que o ca sio n o u o d e s a b a m e n to geral da m ina na n o ite de 10 de n o v e m b ro
de 1 8 8 6 .72 Havia sido a b e rto pela e xp lo ta çã o , n o lu g a r da co lu n a de m in é rio , um
im en so realce inclinado, m e d in d o p e rto de 2 0 0 m e tro s de p ro fu n d id a d e , co m d i
m ensões h o rizo n ta is de 15 m etros, a p ro x im a d a m e n te , e n tre paredes, e mais de
100 m e tro s no se n tid o o p o sto .
Enormes blocos de pe dra se so lta ra m de um pilar de suste nta çã o de te to ,
na p a rte alta da escavação, e as paredes, e n tã o in s u fic ie n te m e n te apoiadas, ruí-
ra m a rra sta n d o e q u e b ra n d o e m sua q u e d a as pilastras maciças q u e serviam de
suste ntã cu lo , b e m c o m o o m a te ria l de e xtração e de e s g o ta m e n to e t u d o o q u e
se e n co n tra va e m sua passagem; o a balo fo i taí q u e p ro p a g o u -s e para os poços,
o n d e os reve stim en to s e as peças m etálicas fo ra m , em p a rte , d e m o lid a s ou des
locadas, e u m deles ch e g o u a desabar a p a rtir da p ro fu n d id a d e de 160 m e tros.
A n te s dessa catástrofe, a em presa de M o r ro V e lh o tra b a lh ava s e g u in d o o
m e sm o p ro c e d im e n to d o p rim e iro p e río d o até 1878, co m o m e sm o n ú m e ro de p i
lões, c o m o m o stra a Tabela 3, fe ita para dois anos, 1 8 65 e 1877, c o rre s p o n d e n
te cada a n o a u m a das fases dos tra b a lh o s.
TABELA 3. O P E R A Ç Õ E S DE B R IT A G E M EM 1865 E 1877
1 86 5 (a ) 1 87 7 ( b)
N úmeros
N omes dos
dos N úmeros T o neladas N úmero T o neladas
Eng enho s T o neladas T o neladas
PlLÒES de D ia s d e POR D IA E d e d ia s DE
TRITURADAS
POR D IA E
TRITURADAS
T rabalho p o r p il ã o T r abalho POR p il ã o
1883 (a ) 1884 (b )
N úmeros
N o m es dos
DOS N úmeros T o neladas N úmero T o neladas
M o in h o s T o neladas T o neladas
P il õ e s de D ia s d e POR D IA E d e d ia s d e p o r d ia e
t r it u r a d a s t r it u r a d a s
T rabalho POR PILÃO T rabalho POR PILÃO
4 . B ra z ilia n C o m p a n y (1 8 3 2 )
1840 1 8 .5 2 2 3 6 3 .3 0 2 19,6
1841 22.051 3 2 2 .2 7 2 1 4 ,4
1842 2 1 .9 5 8 2 9 4 .6 7 0 1 3 ,4
1843 2 1 .9 9 4 1 4 3 .6 0 5 6,5
1 8 44 (seis meses) 8 .0 2 6 5 7 .4 1 2 7,1
6. E ast D e l R ey M in in g C o m p a n y , L im ite d (1 8 6 1 )
8 . S a n ta B a rb a ra G o ld M in in g C o m p a n y , L im ite d (1 8 6 2 )
TABELA 5. RE S U L T A D O DAS O P E R A Ç Õ E S D E S D E A
R E T O M A D A D O S T R A B A L H O S (*)
M lN É R IO Produção de O uro
V alo r
A no Po r T o n e l a d a s em libras
T o neladas T o neladas T o tal
TRITURADAS esterlinas
E x t r a íd a s T r it u r a d a s gramas
grama
1885 1 6 .7 1 7 1 4 .1 0 2 1 5 0 .7 1 6 10,7 1 8 .1 1 6
1 8 86 2 2 .6 2 4 1 8 .6 0 7 2 3 2 .4 0 1 12,5 2 8 .2 2 2
1887 2 1 .0 2 0 1 8 .0 6 0 1 9 5 .8 8 9 10,8 2 3 ,5 4 4
1888 1 8 .8 6 2 1 5 .5 9 9 1 2 7 .3 0 7 8,1 15.241
1889 1 9 .6 0 5 16.561 1 6 4 .5 5 8 9 ,9 19.571
1890 1 8 .6 4 2 1 4 .2 0 2 1 4 9 .0 9 5 10,5 1 7 .9 1 3
1891 1 5 .1 5 9 1 2 .0 5 0 1 3 7 .3 5 0 11 ,4 1 6 .5 6 6
1892 1 1 .4 1 0 8 .9 7 0 9 1 .2 4 9 10,1 1 1 .1 2 5
1893 9 .9 9 7 8 .5 6 3 8 6 .4 7 3 10,1 1 0 .2 4 8
195
P ertence à c a te g o ria dos filõ e s d isse m in ad o s co m e s tru tu ra em rosário,
a p re s e n ta n d o um a sucessão de a d e lg a ç a m e n to s e de espessam entos, cuja espes
sura varia de 2 a 15 m e tro s. In fe liz m e n te , as p a rte s espessadas são o cu pa d a s p rin
c ip a lm e n te pe lo q u a rtz ito ou q u a rtz o b ra n co p o bre, e n q u a n to as massas co m tu r
m a lin a e p irita a u rífe ra e stão co n ce n tra d a s s o b re tu d o nas p a rte s estreitas e, em
ge ra l, na viz in h a n ça da lapa. O m in é rio c o m p o s to u n ic a m e n te de tu rm a lin a ou de
p irita arsenical, em massas co m p a cta s de g rã o ce rra d o , a tin g e um te o r de 150 a
2 0 0 gra m a s de o u ro p o r to n e la d a . Esse te o r cai se n sive lm en te q u a n d o in te rp õ e -
se q u a rtz o ; o q u a rtz o b ra n co é, ao c o n trá rio , p o b re e te m apenas 2 a 3 gram as
p o r to n e la d a , mas desde q u e a p re se n te fra tu ra s p re e nchida s co m m a te ria l m e tá
lico, seu te o r se eleva a 10 ou 15 gram as p o r to n e la d a .
O filã o m o stra seus a flo ra m e n to s a mais de 60 m e tro s acim a d o nível da
água na m a rg e m d ire ita d o rio , n o p o n to o n d e a co m p a n h ia in glesa e m p re e n d e u
seus tra b a lh o s su b te rrâ n e o s, e n q u a n to na o u tra m a rg e m os te rre n o s de c o b e rtu
ra fo ra m excessivam ente re m exido s e, em g ra n d e p a rte , re tira d o s pelos p rim e iro s
e xp lo ra d o re s, que e x e cu ta ra m a m a io r p a rte dos tra b a lh o s a céu a b e rto , salvo em
a lg u n s p o n to s o n d e a b rira m p e q u e n o s poços, ve rd a d eiro s b uracos de to u p e ira
d e stin a d o s a atravessar a crosta de ca nga q u e fo rm a a su p erfície da. cam ada de
ita b irito , a fim de a tin g ir o filã o e lavrar o m in é rio em u m c e rto espaço c u jo c e n
tro co rre sp o n d ia aos poços.
A co m p a n h ia inglesa co m e ç o u seus tra b a lh o s em ja n e iro de 1 8 64 , c o n
c e n tra n d o -o s na ja zid a s M in e ra ló g ic a e no F undão, alcançadas p o r m e io de g a le
rias in clinadas, ab ertas no p ró p rio filã o , d e n o m in a d a s D aw so n e Fiaym en na p ri
m eira, e Foster na se g un d a , u tiliz o u ig u a lm e n te um v e lh o p o ço da Sociedade
U n iã o M in e ira . Pôde-se e fe tu a r a m o a g e m d o m in é rio e xtra íd o , desde o co m e ço
das operações, u sando, após a lg u n s reparos, um dos três e n g e n h o s q u e existiam
no local. Esse e n g e n h o , de 6 hastes de m a deira, estava in s ta la d o na M in e ra ló g i
ca; um se g u n d o , em p a rte a p o d re c id o , no Fundão, fo i quase c o m p le ta m e n te
s u b s titu íd o p o r um e n g e n h o de 12 hastes c o m p ra d o na viz in h a n ça ; q u a n to ao
te rc e iro , n ã o há in fo rm a ç õ e s . U m n o v o e n g e n h o de 3 0 hastes fo i p o s to em fu n
c io n a m e n to no c o m e ç o de 1867 e o p rim e iro e n g e n h o s u b s titu íd o p o r um o u tro
de 12 hastes n o a n o s e g u in te , de m o d o q u e a usina de tra ta m e n to a ca b o u p o r
se c o m p o s ta de trê s e n g e n h o s co m um to ta l de 5 4 p ilõ e s; e xistia m , alé m do
m ais, duas arra stras para p u lv e riz a r m ais fin a m e n te um a p a rte das areias das m e
sas de lavação.
Os tra b a lh o s p ro sse g u ira m , m as sem p o d e r c o b rir as despesas, até o c o
m e ço de 1 8 73 . Nos ú ltim o s anos, em M in e ra ló g ic a , te ria o c o rrid o a invasão das
águas, m e sm o c o m a e xistência da g a le ria de e sc o a m e n to , a b e rta a lg u n s m e tro s
acim a d o le ito d o rio; além d o m ais p e n e tro u -se n u m a p a rte estéril d o filã o , o que
te ria fe ito a g e re ncia d e c id ir p o r c o n c e n tra r a e xp lo ta çã o no Fundão. C o m o o m i
n é rio era c o m p o s to , na m a io r p a rte , de q u a rtz o p o b re , as perdas a u m e n ta ra m .
Isso levou à suspensão dos tra b a lh o s em fe v e re iro de 1 8 73 , d e po is de no ve anos
de e xp lo ta ç ã o . Nesse p e río d o m o eu-se um to ta l de 1 0 3 .9 7 8 to n e la d a s de m in é
rio, das quais fo ra m re tiradas 7 5 3 .5 6 0 gram as de o u ro , re p re s e n ta n d o um re cu
peração m é dia de 7 ,2 4 gram as de o u ro p o r to n e la d a . O v a lo r d o o u ro p ro d u z id o
se elevou a 8 7 .7 9 5 libras esterlinas, e n q u a n to as despesas te ria m a tin g id o
1 1 5 .9 6 2 libras, cau sa nd o assim um a perda de 2 8 .1 6 7 libras.
A c o m p a n h ia , d ia n te das perdas c o n tín u a s o co rrid a s em Passagem te n to u ,
e m 1 8 71 , o p e ra f a m in a de ja c u tin g a de P ita n gu i, situ a d a em um c o n tra fo rte da
Serra d o C araça. As d ific u ld a d e s p ro vo ca da s pe lo g ra n d e v o lu m e de água perco-
la n d o te rre n o s excessivam ente perm eáveis, levaram ao a b a n d o n o da e xp lo ta ç ã o
n o fin a l d o a n o se g u in te , d e p o is de nela te re m sid o in vestidas m ais de 1 0 .0 0 0 li
bras e sterlinas. A c o m p ra e as despesas de e xp lo ta çã o dessa m ina c o m p le ta ra m a
ruína da c o m p a n h ia ; co m o o c a p ita l in v e s tid o se e n co n tra v a in te ira m e n te c o n s u
m id o em 3 0 de ja n e iro de 1873, d e cid iu -se p o r sua liq u id a ç ã o , após m e n o s de dez
anos de existência.
14. E m p re z a d e M in e ra ç ã o d o M u n ic íp io d e T ira d e n te s (1 8 7 8 )
M in é rio e xtra íd o da m in a 2 7 9 .9 1 7 to n e la d a s
M in é rio tritu ra d o nos e n g e n h o s 2 1 7 .8 0 4
P rodução de o u ro em lin g o te s 2 .5 6 7 q u ilo g ra m a s
V a lo r d o o u ro 3 2 5 .4 3 1 libras e sterlinas
R e n d im e n to p o r to n e la d a tritu ra d a 1 1 ,8 gram as
M in é rio tritu ra d o 3 1 .4 1 7 to n e la d a s
P rodução de o u ro em lin g o te s 157 q u ilo g ra m a s
V a lo r d o o u ro 1 9 .6 3 0 libras e sterlinas
R ecuperação p o r to n e la d a tritu ra d a 5 gram as
A m ina d o E spírito S anto está situ a d a na m o n ta n h a de m esm o n o m e em
se g uida a Raposos, e n tre esta vila e a m in a de M o rro V e lh o, cuja p ro p rie d a d e é li
m ítro fe , A ja zid a co m p õ e -se , co m o a de Raposos, de um a série de filõ e s em c o
lunas, co m c a im e n to de cerca de 35° para E, a p re se n ta n d o um a espessura v a riá
vel de 3 a 8 m e tro s 97 Esses filõ e s tê m a m esm a co m p o siçã o q u e os pre ce d en te s
e, na o p in iã o de M ezger, seriam m ais n u m e ro so s e m ais ricos q u e os de Rapo
sos.98 Todavia, até h o je a c o m p a n h ia não re a lizo u q u a lq u e r tra b a lh o ; os a n tig o s ,
ao c o n trá rio , a b rira m num erosas escavações su p e rficia is, d istrib u íd a s sobre mais
de 3 0 0 m e tro s, co m um a p ro fu n d id a d e de 2 0 m e tro s o u mais.
A m ina do B orges, situ a d a ao sul de C aeté, na v e rte n te o e ste da Serra de
S ocorro, fo i c o m p ra d a , em 5 de a b ril de 1883, p e lo Sr. P a rtrid g e , em n o m e d o S in
d ica to , de um p ro p rie tá rio b ra sile iro , A n tô n io Pereira Borges. A ja zid a é c o m p o s
ta de um filã o de q u a rtz o e s fu m a ç a d o , co m a lg u m a p irita arsenical, te n d o um a
d ire çã o p re fe re n cia l de oeste a leste e um m e rg u lh o de 38° para o sul. O o u ro en-
c o n tra -se c o n c e n tra d o em co rp o s co lu n are s c u jo c a im e n to é de 35° a 40° para E,
no p la n o d o filã o .99 A té a q u i um ú n ico c o rp o , M in a d e Á g u a , fo i ve rd a d e ira m e n
te e x p lo ta d a , s o b re tu d o pelos a n tig o s p ro p rie tá rio s . O Sr. P a rtrid g e in sta la ra um
e n g e n h o de 16 pilõ e s e a C o m p a n h ia , no p rim e iro a n o de e x p lo ta ç ã o , fe z a lg u ns
tra b a lh o s . C o m o de 1 .68 5 to n e la d a s de m in é rio re cu p e ra ra m -s e apenas 2 .5 1 0
gram as de o u ro , ou seja, 1,5 g ra m a p o r to n e la d a , a b a n d o n o u -se a e x p lo ta çã o .
D u ra n te o exercício 1 8 8 8 -1 8 8 9 , fez-se o u tra te n ta tiv a , em um s e g u n d o c o rp o ,
C achoeira: de 4 3 0 to n e la d a s de m in é rio , re cu p e ro u -se 6 7 2 g ra m a s de o u ro , ou
seja, 1 ,5 6 g ra m a p o r to n e la d a .100 Desde e n tã o , cessou a a tivid a d e .
Em re su m o , das q u a tro m inas da c o m p a n h ia , a ú n ica q u e a d q u iriu g ra n d e
im p o rtâ n c ia fo i a de Passagem. Para a te n d e r às despesas exigidas p e lo d e s e n v o l
v im e n to dos tra b a lh o s e as m o d ific a çõ e s de tra ta m e n to , e c o n s id e ra n d o q u e a
som a paga p e lo S in d ica to para a d q u irir as diversas p ro p rie d a d e s e in stalações t i
nha a b s o rvid o 4 /5 d o c a p ita l, fo i necessário fa ze r em 1 8 8 9 um a em issão de
6 0 .0 0 0 libras e sterlinas, em 3 .0 0 0 o b rig a çõ e s h ip o te c á ria s de 2 0 libras. A lé m d o
m ais, c o m a fin a lid a d e de in sta la r um n o vo e n g e n h o c a iifo rn ia n o , em lu g a r do e n
g e n h o de 2 4 pilões, já a n tig o e em m au e sta do , e de in s ta la r a p e rfu ra ç ã o m e câ
nica, re c o n s titu iu -s e a C o m p a n h ia , em d e z e m b ro de 1 8 92 , em nova base, co m
c a p ita l de 8 0 .0 0 0 libras e sterlinas, em ações de 1 libra in te g ra liz a d a s p o r 15 s h ii-
lin g s e tro ca d a s pelas a n tig a s co m a c o n d iç ã o dos p o rta d o re s a p lica re m 5 s h il
lin g s: isto p e rm itiu d isp o r de um a som a de 2 0 ,0 0 0 libras e sterlinas para fa z e r fa ce
às novas in stalações a tu a lm e n te em cu rso de execução.
TABELA 6. R E S U L T A D O S D O T R A T A M E N T O ATÉ F I M DE
D E Z E M B R O DE 1893.
Recuperação de
M in é r io Produção de
O u ro por V a lo r do O uro
A nos TRATADO O uro
T o nelada francos
toneladas gramas
gramas
2 0 . C o m p a n h ia M in e ra lú rg ic a B ra s ile ira (1 8 9 1 )
Essa c o m p a n h ia fo i fu n d a d a em 1 8 91 , co m ca p ita l de 2 .0 0 0 c o n to s de
réis, dos quais apenas 4 0 0 c o n to s fo ra m in vestidos até ho je , a fim de fa z e r a c o m
pra e p ô r em p ro d u ç ã o diversas ja zid a s m etálicas. Dessas, três são ja zid a s a u rífe
ras, situ a d as a vários q u ilô m e tro s ao sul de O u ro Preto: Falcão e Venda d o C am
p o , c o n te n d o diversos filõ e s de q u a rtz ito s * a u rífe ro s, e o Rio G u a la ch o , c o m
p re e n d e n d o a cam ada de a lu viõ e s q u e fo rm a o le ito d o rio no p o n to o n d e este
descreve um a curva a ce n tu a d a .
Foram fe ito s apenas a lg u ns tra b a lh o s de e xp lo ta çõ e s no Falcão e fo i c o n s
tru íd o n o Rio G u a la ch o um cana) q u e c o rta a re fe rid a curva, a fim de desviar as
águas e secar o le ito .
2 1 . E m p re s a d e M in e ra ç ã o d o C a e th é (1 8 9 2 )
2 2 . C o m p a n h ia A u r ífe r a d e M in a s G e ra is (1 8 9 2 )
1891 (6 meses) 8 .9 8 2 g ra m a s de o u ro
1 8 92 1 4 .6 8 9 1 4 .6 8 9
1893 1 9 .4 8 4 1 9 .4 8 4
Total 4 3 .1 5 5 4 3 .1 5 5
Legenda: A - ad m istra çá o; B - arm azém ; C - la b o ra tó rio ; D - clore tação ; E - local de p re p a ro dos cartucho s; F -
a flo ra m e n to s da ja zida; G - galerias ab an don ad as; H - e n tra d a dos planos inclinados;
I - rodas de extração e e s g o ta m e n to ; J - ala de p e n e ira m e n to e tria g e m ; K - m o in h o de 2 4 pilões;
L - c o rre d o r dos fra g m e n to s m enores para os m o in h o s de 32 pilões; M - m o in h o de 32 pilões;
N - o fic in a dos ta nqu es; O - o fic in a de am algam ação ; P - sala de lavação na bateia; Q - fo rn o de de stila çã o do
m e rcú rio; R - c o rre d o r dos fra g m e n to s m aiores; S - b rita d o r; T - m o in h o de 4 0 pilões;
U - tu rb in a dos 4 0 pilões; V - p la n o aéreo
2 16
TERCEIRA PARTE
THE OURO PRETO M INES
OF BRAZIL, LIMITED
M IN A DE PASSAGEM
APRESENTAÇÃO
O u ro Preto, 1o de s e te m b ro de 1894.
Paul Ferrand
* NR: essa m ina era a m ais im p o rta n te p o rq u e a m in a de M o rro V e lh o estava aind a sendo recup erad a do desaba
m e n to de n o ve m b ro de 1886.
* * NR: O fa le c im e n to p re m a tu ro d o a u to r nã o p e rm itiu a pre pa raçã o d o s e g u n d o fascículo.
CA PÍTU LO I o
SÍN TESE G E O L Ó G I C A
C o m p o s iç ã o d a ja z id a
221
seguem -se, para acim a, os q u a rtz ito s xistosos e n caixa nte s d o filã o , d e po is os xis
to s c rip to c ris ta lin o s e p o r fim , na p a rte su p erio r, os sid e ro xisto s, o u ita b irito s , e os
xistos a rg ilo so s ve rm elho s, re co b e rto s na su p e rfície p o r u m a crosta de ca nga mais
o u m enos dura.
M ica xisto s q u artzosos. Esses m icaxistos se a p re se n ta m sob dois aspectos:
m ica xisto co m m ica negra, m a rro m a co b re a d o ou verde escuro, o c u p a n d o as p a r
tes superiores e m ica xisto co m m ica verde, m ais cla ro , a lg u m a s vezes a c e tin a d o ,
a lte rn a n d o -s e co m o p rim e iro , mas a u m e n ta n d o de v o lu m e em p ro fu n d id a d e .
Este ú ltim o parece se m e lh a n te aos q u a rtz ito s xistosos, m as d ife re dos m esm os
pela a b u n d â n c ia de m ica.
São e n c o n tra d o s , co m fre q ü ê n c ia , e n tre as cam adas de m ica xisto , veios de
q u a rtz o c ris ta lin o ou le ito so , c o m espessam entos ocasionais q u e a tin g e m p e rto
de um m e tro de espessura e, a inda, in filtra ç õ e s calcárias. Nos g e od o s fo rm a d o s
p o r esses espessam entos, co n stata -se a presença de cristalizações variadas: o dis-
tê n io azul, g e ra lm e n te im erso na massa d o q u a rtz o le ito so , o q u a rtz o em cristais,
a m ica ve rd e de co r clara ou esm eralda em placas hexagonais, a m ica negra ou
ve rd e -e scu ro em pequenas p a lh e ta s h exagonais, a tu rm a lin a ve rm e lh a em fin a s
ag ulha s, a calcita em ro m b o e d ro s , a d o lo m ita co m fo rm a de cristas de g a lo , a si-
d e rita em e sta do de e sp ato d o u ra d o e a lg u ns cristais de p irita . Na viz in h a n ça dos
a flo ra m e n to s e n co n tra m -s e , nesses g e od o s, in d u to s calcários em fo rm a de n ó d u -
los q u e re co b re m as cristalizações e, às vezes, os cristais de fe rro esp átíco a p re
se ntam sinais avançados de d e co m p o s içã o . De co r d o u ra d a vítrea, to rn a ra m -s e
m a rro ns, opacos, passando ao e sta do de h e m a tita m a rro m , a inda q u e co n se rva n
d o sua cristaliza çã o . A rocha se co b re de um a cam ada ocreosa; a lg u ns desses cris
tais espáticos se e n c o n tra m re d u zid o s a seu e n v o ltó rio e xte rio r, fo rm a d o de lâ m i
nas fin a s. São vazios in te rn a m e n te .
Q u a rtz ito s xis to so s e filã o . Os q u a rtz ito s são b ra n c o - esverdeados, em ca
m adas e s tra tifica d a s b a sta n te regulares. Sua m ica, p aralela à e s tra tific a ç ã o , é de
um b ra n c o -a c e tin a d o ou ve rd e -cla ro , de um b rilh o n a carado. É m u ito u n tu o s a ao
ta to , o q u e fa z co m q u e fre q ü e n te m e n te seja to m a d a c o m o ta lc o . Trata-se de
um a va rie d a d e de sericita.
O s q u a r t z it o s se e n c o n t r a m in t im a m e n t e m is tu r a d o s c o m o filã o . Na m a io r ia das
vezes são in te r e s tra tific a d o s e m c a m a d a s paralelas, de espessura variá v e l o u , a i n
da, m o s tr a m -s e m u t u a m e n t e in te r p e n e tr a d o s sob a f o r m a de c u n h a ; a m assa fi-
lo n ia n a p o d e , t a m b é m , e m c e rto s p o n to s o c u p a r to d a a espessura d o c o r p o da
ja z id a e, e m o u tr o s , p o d e d e s a p a re c e r p o r c o m p le to , q u a n d o e n t ã o t o d a a c a m a
da é f o r m a d a p o r q u a r t z it o s (figs. 2 8 e 29).
Esses m e s m o s q u a r t z it o s são visíveis e m d ife r e n te s p o n to s a o lo n g o da
Serra, d e s d e O u r o P reto a té A n t ô n i o Pereira, p a s s a n d o p o r Passagem e p e lo M o r
ro de S a n ta n a . Em O u r o Preto, seus a f lo r a m e n t o s são c o n s id e rá v e is ; lá f o r a m
a b e rta s várias p e d re ira s p a ra e x tra ç ã o de lajes (p e d ra s d e la je ), p o r causa de sua
f a c ilid a d e para se p a r t ir e m c o m o lo n g a s fo lh a s ; nas p e d re ira s f o i possível c o n s t a
t a r a pre se n ça d e n u m e r o s o s filõ e s de q u a r t z o , n o r m a is à e s tra tific a ç ã o e sem
a p r e s e n ta r q u a lq u e r das ca ra c te rís tic a s d o d e Passagem . De O u r o P re to a Passa-
223
g e m , os q u a r t z it o s a f lo r a m e m dive rs o s locais, seja na p r o x im id a d e da e stra da,
seja n o le ito d o Rio d o C a rm o . Tem -se to d a ra z ã o e m s u p o r q u e essas d ife r e n te s
c a m a d a s na v e r d a d e f o r m e m a p e n a s u m a ; há d e f a t o g r a n d e c o n c o r d â n c ia em
sua d ire ç ã o e m e r g u lh o : de O u r o P re to a P a ssagem , a d ire ç ã o varia de N 7 0 ° a 60°
E. Na m in a ela é N 4 5 ° E e n o M o r r o de S a n ta n a , N 3 6 ° E; a cu rv a q u e a serra faz
na v iz in h a n ç a de M a ria n a ju s tific a essa p e q u e n a m o d if ic a ç ã o na d ire ç ã o . O m e r
g u lh o , v o lta d o a p r o x im a d a m e n t e para SE, é d e 2 0 ° a 2 5 ° p e r t o d e O u r o Preto,
de 18° a 2 0 ° e m Passagem e de 1 5 ° 3 0 ' n o M o r r o de S a n t a n a . 114
O filã o se c o m p õ e de q u a r t z o le ito s o , r e c o r ta d o p o r n u m e r o s o s e espes
sos veios de m is p íq u e l e m cristais e m b u t id o s na massa, a c o m p a n h a d o s c o m f r e
q ü ê n c ia p o r t u r m a lin a e m a g u lh a s n e g ra s e, t a m b é m , m as e m m e n o r q u a n t i d a
de, de p irita de f e r r o q u e a p re s e n ta crista liza çõ e s varia d a s, e de p irita m a g n é tic a .
O m is p íq u e l e a tu r m a lin a e n c o n tr a m - s e e m m a io r a b u n d â n c ia : o p r im e i
ro se e n c o n tr a e m m assas c o m p a c ta s f o r m a d a s de p e q u e n o s cristais a g r u p a d o s ,
de c o r b ra n c a p r a te a d a , cuja te x tu r a g r a n u la d a e b r ilh o vivo le m b r a m o a s p e c to
d o aço, m as são m u it o friáveis. A t u r m a lin a o c o r r e s o b a f o r m a de p e q u e n a s a g u
lhas n e g ra s m u it o fin a s , re u n id a s e m m assas de t e x tu r a ce rra d a , b a s ta n te friáveis,
c o m m u it a f r e q ü ê n c ia s a lp ica d a s de cristais iso la d o s de m is p íq u e l. A p irita de f e r
ro se a p re s e n ta e m cristais cú b ic o s , a lg u m a s vezes sem f o r m a p r ó p r ia e a g r u p a
dos, m as e m g e ra l iso la d o s c o m o m is p íq u e l. Tod avia, e m u m a c e rta p a r te d o fi-
Q n a # * Warns. v e ln é 1
kel et ScmrMidlBc,
224
lão, bem lim ita d a , d e sco briu -se p irita co m asp ecto in te ira m e n te especial: aparece
em massa c o m p a rtim e n ta d a , cujas células são fo rm a d a s de cristais fin o s de um a
c o r a m a re lo -cla ro , le m b ra n d o a d o o u ro verde; exposta ao ar, cobre-se de e flo re s-
cências de fio s b rancos sedosos e ta m b é m de cristalizações brancas e verdes de
s u lfa to de fe rro , o q u e fa z s u p o r q u e se está em presença de p e q u e n o s cristais de
m arcassita. Esses c o m p a rtim e n to s são, às vezes, p re e n c h id o s p o r h e m a tita c o m
p a cta ve rm e lh a ou m a rro m um p o u c o a rg ilo sa ; depois desaparece, su b stitu íd a p o r
um a massa d u ra de h e m a tita . A p irita m a g n é tic a se e n c o n tra em pequenas m a s
sas co m p a cta s, a m a re lo -b ro n z e , g e ra lm e n te associada co m a p irita c o m p a rtim e n
ta d a . A p irita de co b re , m u ito rara, a co m p a n h a em p e q u e n a p ro p o rç ã o os cristais
de p irita c o m u m .
C o m o se vê, a co m p o siçã o da ja zid a não é u n ifo rm e . De resto, convém
acre sce n tar que nela se co n sta ta a presença de o u tro s m in e ra is além dos já c ita
dos: são a calcita, d o lo m ita , s id e rita , g alena, e s tib in ita , d is tê n io , g ra n a d a , m icas
verde e n egra. A m a io ria existe na viz in h a n ça das salbandas, o q u e te n d e a lhes
d a r um a o rig e m co m u m co m a das rochas encaixantes: descobrem -se crista liza
ções de ca lcita , d o lo m ita , s id e rita , d is tê n io e m ica ve rd e p e rto d o m u ro , gra n ad a s
u n id as à p irita cú b ica , p e rto d o te to e m icas negras no te to e no m u ro * . Todavia,
veios de c a rb o n a to se in filtra ra m irre g u la rm e n te na massa fito n ia n a . E n q u a n to a
ca lcita é e n c o n tra d a nos m icaxistos sob a fo rm a de cristais ro m b o é d rico s, nos
g e od o s d o filã o aparece co m o m a g n ífico s cristais in co lo re s esca le n oé d ricos e,
ta m b é m , prism as he xag o n a is; estes ú ltim o s a p re se n ta m co m fre q ü ê n c ia a p a rti
c u la rid a d e de, ao serem destacados, q u e b ra re m -se na base s e g u n d o sua cliva -
g e m , d e ix a n d o na p a rte c e n tra i um n ú cle o cris ta lin o , q u e não é senão um escale-
n o e d ro e m b u tid o n o cristal de prism a h e xa g o n a l.
N o m u ro , o filã o está em c o n ta to co m os m icaxistos, dos quais às vezes é
se p ara do p o r um a sa lb a nd a fo rm a d a p o r um xis to n e gro, g ra fito s o , q u e p e ne tra
fre q ü e n te m e n te na p ró p ria massa d o filã o ; de resto, co n sta ta -s e em diversos lo
cais a p e n e tra ç ã o dos m icaxistos n o filã o , a p o n to de fo rm a r um fa ls o m u ro que
a tin g e a té um m e tro de espessura, sob a q u al se e n c o n tra a massa filo n ia n a . Em
g e ra l, é p e rto d o m u ro q u e se e n c o n tra m c o n c e n tra d o s p re fe re n c ia lm e n te os
veios ricos co m p o sto s de p irita arsenical e tu rm a lin a , co m u m p o u co de q u a rtz o .
H I S T Ó R I C O DA EXPLOTAÇÃO
N Ú M E R O DE O uro e x t a íd o
N úm ero de
P ILÕ E S TONELADAS T otal POR TO NELADA
A nos TO NELADA S TRABALHANDO T R IT U R A D A S
T R IT U R A D A S E M M É D IA P O R P IL Ã O E
em o it a v a s EM G RAM AS E M O IT A V A S EM G RAM AS
P O R D IA P O R D IA
1865 5.137 18 0 ,7 9 1 1 .0 0 2 3 9 .4 5 3 2 ,1 4 7 ,6 7
1870 16.022 52 0 ,8 4 3 3 .4 8 8 1 20 .0 88 2 ,0 9 7 ,4 9
Total 1 0 3 .9 7 8 2 1 0 .1 2 3 7 53 .5 01 2 ,0 2 7 ,2 4
236
Pr odução C usto em P erdas em
Fernandes stam ps , 6 p il õ e s p o s t o s em f u n c io n a m e n t o em 21 de
JA N E IR O DE 1864
V ic t o r i a s t a m p s , 15 p il õ e s p o s t o s e m f u n c i o n a m e n t o e m 27 de ju lh o d e 1866
11.69 6 19.151 7 .4 5 5 V ic t o r i a s t a m p s , 15 n o v o s p il õ e s p o s t o s e m f u n c i o n a m e n t o e m 10 d e j a n e ir o
de 1867
1867
OUTRO EM 4 DE NOVEMBRO
14.982. 17.27 6 2 .2 9 4
5 .2 0 2 1 0 .7 9 4 5.5 92
8 7 .7 9 5 115 .9 62 2 8 .1 6 7
tra b a lh o s p re p a ra tó rio s q u e fo ra m e xe cu ta d o s a ca baram p o r a b sorve r seus ú lti
m os recursos. C o m o o c a p ita l se e n co n tra v a c o m p le ta m e n te e sg o ta d o em 3 0 de
ja n e iro de 1 8 73 , fo i d e cid id a a sua liq ü id a ç ã o .
A m in a de Passagem fo i c o m p ra d a , em 1 8 73 , p e lo liq ü id a n te da c o m p a
nh ia , q u e a ve n d e u , p o r sua vez, em 2 4 de m a rço de 1 8 83 , a R obey P a rtrid g e , re
p re se n ta n te de um s in d ica to fra n cê s c o n s titu íd o em 1 8 80 , co m a fin a lid a d e de
buscar m inas de o u ro passíveis de serem postas em co n d içõ e s de e x p lo ta çã o p o r
um a co m p a n h ia .
Nesse ín te rim , um e n g e n h e iro fra n cê s, C h. M o n c h o t, fo ra e n v ia d o pelo
S in d ica to à Passagem, em 1 8 81 , a fim de se in te ira r do v a lo r provável da m ina e
p re p a rá -la co m vistas a um a nova e x p lo ta ç ã o .117 C o m o nessa época, havia mais
de sete anos q u e a c o m p a n h ia inglesa cessara to d o s os tra b a lh o s , o acesso à m ina
se to rn a ra im possível em co n se qü ê n cia dos d e sa b a m e n to s. A s galerias de e n tra
da estavam em p a rte cheias, a. g a le ria de e sco a m e n to e n tu lh a d a e os tra b a lh o s ,
in fe rio re s ao nível dessa g aleria, c o m p le ta m e n te in u n d a d o s. Q u a n to à usina, um a
p a rte d o m a te ria l estava um ta n to e sp a lh a d o p o r to d o s os lados, o resto estava
quase em ruínas. O Sr. M o n c h o t co m e ço u p o r to m a r m e d id a s para o d e sa g u a
m e n to da m ina , para a e xtra çã o fu tu ra d o m in é rio e para a re to m a d a de um a p a r
te da usina de tra ta m e n to . M a n d o u d e sa te rra r o p e q u e n o canal de 3 a 4 q u ilô
m e tro s q u e servia a n te rio rm e n te para levar água d o Ita c o lo m i aos tra b a lh o s e de-
se n tu lh a r a g a le ria de e sc o a m e n to , a fim de secar a m ina até o nível da m esm a.
D u ra n te esse p e río d o , co n stru íu -se um a roda h id rá u lic a de 9 m e tro s de d iâ m e tro ,
qu e acionava de um la d o um a b o m b a de e s g o ta m e n to e d o o u tro um ta m b o r de
e xtra çã o . C o m o os tra b a lh o s na viz in h a n ça d o p o ço D a w s o n 's eram os m ais im
p o rta n te s , pôs em e sta do de fu n c io n a m e n to essa g a le ria de e n tra d a e aí in sta lo u
a b o m b a e a via fé rre a para a e xtra çã o . Em se g uida , re cu p e ro u a roda m o triz dos
W ild e s sta m p s e, co m os m a te ria is re sta n tes da usina, co n se g u iu re c o n s titu ir um
e n g e n h o de 12 pilões, q u e co m e ço u a fu n c io n a r em ju n h o de 1881 e serviu para
os testes co m o m in é rio . In fe liz m e n te , seu m au e stado n ã o p e rm itiu operaçção
lo n g a e, p o u c o an te s da p a rtid a d o Sr. M o n c h o t, um a nova b a te ria de 12 pilões,
d e stin ad a a s u b s titu ir a p rim e ira , fo i posta em p re p a ro . C o m e ço u a fu n c io n a r em
ju lh o de 1882.
0 S in d ica to, d e po is de te r re a liza d o a co m p ra da m ina no co m e ço de 1883, a d
q u iriu trê s o u tra s m inas, Raposos e Espírito S anto, situ a d as p e rto de Sabará, e
Borges, p e rto de C aeté, e o rg a n iz o u , n o fin a l de fe ve re iro de 1 8 84 , um a c o m p a
nh ia de m inas que c o m p re e n d ia essas q u a tro p ro p rie d a d e s — Passagem, R apo
sos, Espírito S anto e Borges — , co m o n o m e de The O u ro P reto G o ld M in e s o f
Brasil, L im ite d . Essa co m p a n h ia co m e ço u as o p e ra çõ e s em Passagem em a b ril de
1 8 84 . C o n tin u o u im e d ia ta m e n te os tra b a lh o s e m p re e n d id o s pe lo S in d ica to , fa
ze n d o o tra ta m e n to m e câ n ico dos m in é rio s co m o e n g e n h o de 12 pilões; um se
g u n d o e n g e n h o de 12 pilões fo i em seguida p re p a ra d a para ser co lo ca d a d o o u
tro la d o da roda, a fim de c o m p le ta r u m e n g e n h o de 2 4 pilões. M ais ta rd e , in s ta
lou-se, ao la d o e ab aixo d o p re ce d e n te , um n o vo e n g e n h o de 32 pilõ e s e depois,
em um nível a inda m ais baixo, um e n g e n h o de 4 0 pilões c a lifo rn ia n o s , de m o d o
qu e , a tu a lm e n te , a usina te m três e n g e n h o s de pilões, q u e re p re se n ta m um to ta l
de 9 6 pilões.
CA PÍTU LO 4 o
D I S P O S IÇ Ã O GERAL D O S TRABALHOS
1. E x p lo ta ç ã o
D E S M O N T E . O d e s m o n te da rocha é e x e cu ta d o c o m a a b e rtu ra de fu ro s
q u e são ca rreg a d os co m d in a m ite . Os fu ro s tê m um d iâ m e tro u n ifo rm e de 0 ,0 3 m
e um c o m p rim e n to q u e varia de 0 ,2 0 m a 1 ,7 0 m . São fe ito s s e g u n d o o p ro c e d i
m e n to clássico de fu ra ç ã o co m a juda d o p o n te iro (b ro ca ) e da m a rre ta m a n ip u la
da p e lo o p e rá rio m in e ra d o r (b ro q u e iro ).
O tra b a lh o é g e ra lm e n te e fe tu a d o p o r u m h o m e m q u e m a n o b ra os dois
in s tru m e n to s ; os fu ro s p ro fu n d o s são fe ito s p o r dois h o m e n s q u e m a n e ja m , a lte r
n a d a m e n te , um a m a rre ta e o o u tro , o p o n te iro .
As brocas e m p re g a da s são barras de aço de seção o c to g o n a l, de 22 m ilí
m e tro s de d iâ m e tro e co m um peso de 3 ,1 0 k g p o r m e tro linear. O jo g o de brocas
co m p re e n d e os c o m p rim e n to s de barras de 0 ,3 0 m , 0 ,4 5 m , 0 ,6 0 m , 0 ,9 0 m ,
1 ,2 0 m , 1 ,3 5 m , 1 ,5 0 m , 1 ,6 5 m e 1 ,8 0 m . A m a rre ta sim ples pesa de 2 kg a 2 ,5 k g ;
a de duas m ãos, 5 kg.
Para a e xecução dos fu ro s in clin a d o s para baixo, o o p e ra d o r d e rra m a nos
m esm os um p o u co de á g ua , a fim de re s fria r sua fe rra m e n te , de o n d e p ro vé m a
d e sig na çã o b u ra co s d 'a g u a . V isa n d o im p e d ir q u e essa água espirre a cada g o lp e
da m a rre ta , co b re o b u ra co co m um ta m p ã o de c o u ro a b e rto n o m e io , para d e i
xa r passar a broca. A lim p eza se fa z co m um sim ples p e da ço de m a d e ira , cuja
p o n ta grossa lig e ira m e n te a ch a ta d a fo rm a um a b o rra in a que, in tro d u z id a no b u
raco e re tira d a b ru s ca m e n te , arrasta para fo ra a lam a re tid a pela a lm o fa d a .
Os fu ro s in clin a d o s para cim a são vazados a seco e lim p o s co m um a cure-
ta de fe rro ; são de sig na d o s b u ra co s ch u la no s.
Nas fre n te s de lavra, os m in e ra d o re s o c u p a m -se u n ic a m e n te em fa z e r f u
ros nos locais in d ica d o s pe lo m a rc a d o r, q u e lhes dá a posição, ru m o e extensão
de cada um dos m esm os. Esses fu ro s tê m um a p ro fu n d id a d e que va ria de 3 a 8
p a lm o s (0 ,6 5 a 1 ,7 0 m )118 e q u a n d o um deles está p ro n to , o o p e ra d o r in tro d u z
u m a vara para d e ix á -lo assinalado para o m a rca d o r e n c a rre g a d o da v e rifica çã o .
Seu tu rn o é de 8 horas p o r d ia , e cada u m fa z, d u ra n te esse p e río d o , de 7 a 12
p a lm o s (1 ,5 0 m a 2 ,6 0 m ), c o n fo rm e a posição dos b u ra co s e a dureza da rocha.
0 c a rre g a m e n to e fo g o são fe ito s , no fim d o tu rn o de tra b a lh o , p o r dois
o p e rá rio s especiais, os fo g u e te iro s , q u e a c o m p a n h a m o m a rca d o r em sua ro n d a;
este, d e p o is da ve rifica çã o , lhes in d ica o n ú m e ro de c a rtu ch o s q u e deve c o m p o r
a carga de cada fu ro .
A d in a m ite e m p re g a d a é a d in a m ite -g o m a de N o b e l, de fa b ric a ç ã o fra n
cesa, em c a rtu c h o s e n vo lvid o s em pa pe l a p e rg a m in h a d o , de 2 0 m ilím e tro s de d iâ
m e tro e 100 m ilím e tro s de c o m p rim e n to . O n ú m e ro de c a rtu c h o s de um a carga
d e p e n d e da p ro fu n d id a d e d o fu ro : no caso de um fu ro de 3 p a lm o s, a carga é de
3 ca rtu c h o s; 4 p a lm o s, 4 c a rtu c h o s ; 6 p a lm o s, 5 ca rtu ch o s ; 8 palm os, 6 ca rtu ch o s.
São co n su m id o s em m édia 6 c a rtu c h o s de d in a m ite para d e s m o n ta r um m e tro c ú
b ico de rocha; à razão de 3 to n e la d a s p o r m e tro cú b ico , isto representa um c o n
su m o de 2 c a rtu ch o s p o r to n e la d a d e sm o n ta d a .
Para ca rre g a r um fu ro , in tro d u z -s e o n ú m e ro de c a rtu c h o s in d ic a d o , o ú l
tim o co m e s to p im , sem p ô r q u a lq u e r b ucha; no caso do s fu ro s in c lin a d o s para
cim a, o fo g u e te iro c o n te n ta -s e em m a n te r a carga co m a a juda de um a sim ples
bu ch a d e p a p e l. A m a rra -s e u m a m echa de a lg o d ã o , e m b e b id a em p e tró le o , na
e x tre m id a d e d o b ra d a d o co rd ã o , que te m c o m p rim e n to de 0 ,1 0 a 0 ,1 5 m , o que
p e rm ite a ce n d e r ra p id a m e n te diversos lances em um a m esm a fre n te de lavra.
C o m o os tu rn o s da m in a co m e ça m às 6 h o ra s da m a n h ã e às 5 da ta rd e ,
os fo g u e te iro s p re p a ra m as cargas e as d e to n a m a p a rtir de 2 horas da ta rd e e de
1 h o ra da m a d ru g a d a , de m o d o q u e há um in te rv a lo s u fic ie n te de te m p o , antes
da re to m a d a d o tra b a lh o , para p e rm itir q u e se dissipem os vapores nocivos p ro
d u z id o s pelas explosões. Por segurança, deixa-se sem pre tra n s c o rre r o in te rv a lo
de um tu rn o an te s de d e slo ca r h o m e n s para um a fre n te o n d e h o uve explosões.
Os fo g u e te iro s o cu p a m -se , a té a h ora da re tira d a de m in é rio em destacar,
co m a a ju d a de alavancas, nas diversas fre n te s de lavra, os pedaços de ro ch a , em
p a rte descalçados, q u e a m eaçam ca ir d o te to o u das paredes.
O m a te ria l p ro d u z id o s pelas d e to n a çõ e s é d e s m o n ta d o pelos o p erário s,
q u e fa ze m no local um a p rim e ira tria g e m , a fim de separar o m in é rio dos q u a r t
zito s e dos xistos estéreis. A c u m u la m o m in é rio e m b a ixo , p e rto da p e q u e n a via
fé rre a q u e e n tra na fre n te de lavra, o u o tra n s p o rta m , em c a rrin h o s de m ã o sem
pés q u e tra fe g a m sobre um c a m in h o de tá bu a s, a té um co rred o r, o n d e o descar
regam , para ser re to m a d o e m b a ixo . O estéril é u tiliz a d o c o m o a te rro q u e vai ser
jo g a d o nas câm aras a b an d o na d a s. Esses o p e rá rio s são e n via do s sucessivam ente
pe lo m arcador, de fre n te em fre n te , para lá e xe cu ta rem o d e sm o n te .
2. E x tra ç ã o
2 50
Fig. 31 -C o rte vertical e p ro je ç ã o h o riz o n ta l d o a p a re lh o de tra çã o m ecânica
251
Fig. 32 - C o rte e vertical e p ro je ç ã o h o riz o n ta l de u m vago ne te
252
esta se m p re fa z o veículo sair dos trilh o s v ira n d o -o para u m la d o e p ro d u z in d o
apenas alguns estragos m ateriais, em lugar de c o n tin u a r a c o rre r sobre a via, com
u m a ve lo cid a d e acelerada e se a rre b e n ta r n o fu n d o , p ro d u z in d o acidentes f r e
q ü e n te m e n te graves.
Os cabos de e xtra çã o são cabos de seção circular, de aço, c o m 17 m ilím e -
t r o s d e d iâ m e tro , pe san d o 1 .0 1 6 gram as p o r m e tro linear. Term inam n u m anel c ô
nico q u e serve para p re n d ê -lo s no g a n c h o de e n ga te . A cada cabo se liga u m ú n i
co va g o n e te ; viagens de ida e volta , feitas em 2 4 horas nos dois planos, variam
de 2 0 0 a 2 2 0 ; a velocid a d e m édia d o veículo é de 1r7 5 m . *
O c a rre g a m e n to do s va g o n e te s é fe ito a p a rtir de gra n de s caixas de d is tri
b u içã o q u e p o d e m receber 4 0 to n e la d a s de m in é rio ; t ê m a fo rm a de u m a tre m o -
nha, fe ch ad a na parte in fe rio r p o r u m a p o rta de alavanca, e são d ire ta m e n te c o
locadas e m cada nível em e xp lo ta çã o n o m e io d o pla n o, de m o d o a de ixa r a b a i
xo passagem livre para os veículos. Isso p e rm ite fazer o c a rre g a m e n to d ire to , p a
ra n d o o v a g o n e te e x a ta m e n te ab aixo da p o rta . Os coletores no subsolo, em n ú
m e ro de dois e m cada pla n o, servem à diversas recepções de um p la n o e se des
locam s e g u n d o as necessidades para fa ze r o c a rre g a m e n to nos diversos níveis. Na
superfície, os coletores, em n ú m e ro de três para os dois planos, recebem o v a g o
n e te cheio, s u b s titu e m -n o p o r u m vazio e o d irig e m ao local de tria g e m para lá
bascular sua carga.
E m pregam -se dois m ecânicos na m a n o b ra dos g u in cho s, u m para cada
g u in c h o . Têm a seus pés o pedal d o fre io e, ao alcance da m ão, a m anivela da
e m b re a g e m . Entre os dois e acim a de sua cabeça te m -s e a alavanca de m a n o b ra
da c o m p o rta de e n tra d a da á g ua na ro d a . U m m a rte lo , m o v id o p o r u m fio de f e r
ro q u e corre ao lo n g o de cada plano, p e rm ite -lh e s receber os sinais dos coletores
d o subsolo.
O serviço da e xtração é fe it o e m dois tu rn o s , u m de 10 horas de dia, o o u
tro de 13 horas à n o ite. O pessoal m u d a de t u r n o s e m a n a lm e n te . É p a g o por
hora: os coletores d o subsolo à razão de 3 5 0 réis, re ce b e n d o assim 4 $ 0 0 0 réis (50
francos) p o r dia; os coletores da superfície, de '1 8 0 a 190 réis, o que lhes dá
2 $ 0 0 0 a 2 $ 2 0 0 réis (2 ,7 5 fra n co s a 3 francos) p o r dia; os m ecânicos, à razão de
2 2 0 réis, o q u e lhes dá 2 S 5 0 0 réis (3 ,4 7 francos) p o r dia.
TABELA 8. P R EÇ O DE EX ECU Ç Ã O DAS
de A vanço de d o m etro c ú b ic o d e
G a le ria d e
2x2 1005000 13 8 255000 3 4 ,5 0 5 7
D ireçã o
G a le ria de
3x2 1205000 1 6 5 ,5 0 205000 2 7 ,6 0 5 6 ,5 0
R eco rte
Plano
3x2,20 1805000 248 275000 3 7 ,2 0 9 7 ,5 0 -8
In clin a d o n° 2
Plano
3 ,5 0 x 2 ,5 0 240$000 330 275000 3 7 ,2 0 12 7 ,5 0 -8
Inclinado n° 1
3. D e s a g u a m e n to
0 d e s a g u a m e n to é e xe cu ta d o p o r m e io de b o m b a s instaladas no Plano n°
1, cujo a vanço é se m p re m a n tid o a um a m a io r p ro fu n d id a d e q u e a q uela d o Pla
no n° 2, para aí c o n c e n tra r as águas.
As b o m b a s estão dispostas em série ao lo n g o de u m dos lados d o p la n o e
elevam as águas desde o f u n d o até o nível 150, de o n d e p a rte um a galeria de es
c o a m e n to q u e ve m d e se m b o c a r acim a d o rio, a a lg u ns m e tro s d o nível das cheias
e 50 m e tro s ab aixo da p la ta fo rm a da boca dos planos (Fig. 29).
O jo g o das b o m b a s c o m p re e n d e : na p a rte inferior, u m a b o m b a de sucção
e de elevação de 0 ,1 3 m de d iâ m e tro , q u e é m u n id a de um a sp ira d o r de ju n ç ã o
flexível e m c o u ro e eleva as águas ao nível 4 0 0 . São re to m a d a s p o r três sucessi
vas b o m b a s de recalque, de e m b o lo m e rg u lh a d o r, para serem levadas ao nível da
galeria de e sco a m e n to , p o r o n d e flu e m n a tu ra lm e n te até se lançarem no rio. A
p rim e ira b o m b a , de 0 , 1 5 m de d iâ m e tro , eleva as águas d o nível 4 0 0 ao nível .315;
a segunda, de 0 ,2 0 m de d iâ m e tro , eleva ao nível 235, e a terceira, de 0 ,2 3 m de
d iâ m e tro , eleva ao nível 150.
VIAS DE C O M U N IC A Ç Ã O
Por Por
Em
Em Reis Total M e tro M e tro Em Reis Em Francos
Francos
C o rre n te C ú -b ic o
1505000 - 1605000 .2 0 7 - 2 2 0 6 5 0 -6 8 0 86 13 1 2 1 $ 0 0 0 -1 3 0 $ 0 0 0 1 6 7 -1 7 9
4 . S erviços acessórios
5. Pessoal d a m in a
214
63
29
6 . P ro d u ç ã o e cu sto d a e x p lo ta ç ã o
li. M ã o de Obra:
2 9 2 :4 8 0 $ 0 0 0 4 0 3 .4 2 0 6$330 8,73
III. M ã o de Obra:
6 1 :9 68 $ 0 0 0 8 5 .4 7 3 1 $341 1,85
Total 3 8 9 :6 7 8 5 0 0 0 5 3 7 ,4 8 5 85433 1 1 ,6 3
CA PÍTU LO 5o
TRATAMENTO M E C Â N IC O E M ET A LÚ R G ICO
D O M I N É R IO
1. P rin c íp io d o tr a ta m e n to
QUADRO 1
261
L e g e n d a d o Q u a d r o 1.
T r a i t e m e n t d u m in e r a i e m 1 8 8 8 ( p e n d a n t u n e j o u r n é e d e .24 h e u re s ):
T r a t a m e n t o d o m i n é r io e m 1 8 8 8 , d u r a n t e j o r n a d a d e 2 4 h o ra s ,
M i n e r a i v e n a n t da m in e ; M i n é r i o p r o v e n ie n t e d a m in a .
C r lb la g e e t S c h e id a g e : P e n e ir a m e n t o e E sco lh a m a n u a l
Q u a rtz pauvre: Q u a rtz o p o b re
S té rile s (a la r iv ie r e ) : E sté re is (p a ra o rio )
M e n u s : F ra g m e n to s m e n o re s
B o c a rd s : M o in h o s
1 a r (2 e , 3e) Tables r e t ilig n e s : P rim e ira s (segundas, t e r c e ir a s ) m e sas
re tilín e a s
S a b le s p u v re s ( t a ilin g s a la r iv ie re : A re ia s p o b r e ( r e je it o s ) p a ra o rio
S a b le s d e n s e s : A r e ia s d e n s a s
D is trib u ite u r: D is trib u id o r
S a bles ric h e s : A re ia s ricas
R e je cts (ré s c e rré s ): R e je ito s (r e s e r v a d o s )
T o n n e a u d 'a l m a g a m a t i o n : T a n q u e d e a m a lg a m a ç ã o
S a bles e t A m a lg a m e : A re ia s e A m á lg a m a
M e r c u r e : M e r c ú r io
C aísse d e d é p ô t : C a ix a de d e p o s iç ã o
B o u e s le g e re s (a Ia riv ie re ); L a m a le ve (p a ra o rio )
D é p ô t : D e p ó s it o
M o u l i n à M a r t e a u x : M o i n h o de m a r te lo s
A p p a r e il à re s s a u ts : A p a r e l h o c o m re s s a lto s
F il t r a t io n : F ilt r a g e m
A m a lg a m e im p u r e : A m á lg a m a jm p u r a
M e r c u r e e t B is m u t h a u r if é r e : M e r c ú r io e B is m u t o a u r í f e r o s
L a v a g e e t F il t r a t io n : L a v a ç ã o e F iltr a g e m
..A ffin a g e : P u r if ic a ç ã o
B is m u th a u r if é r e en b a rre s : B is m u t o a u r í f e r o e m b a rra s
S é p a r a t io n : S e p a ra ç ã o
Or b ru t; O u ro b ru to
O r e m b a rre s : O u r o e m b a rra s
P e rte : P erda
2. D isposição d o p á tio in d u s tria l e d a u s in a d e tr a ta m e n to
2 65
Fig 3 4 - D epend ên cia de clo re ta çã o
266
CA PÍTU LO 6 o
D E S C R IÇ Ã O D O S E Q U IP A M E N T O S E M O T O R ES
1. P re p a ra ç ã o m e c ân ic a
268
Fig 37 - Vista de c o n /u n to do bntador, tipo Sandycroift
Peso t o t a l 270
2 69
i.
3l
Haste d e fe rr o 1 2 7 q u ilo g r a m a s
E s to q u e d e aço 64
C a b e ç a de f e r r o f u n d i d o 89
S a pata d e aço 83
Peso t o ta l 3 6 3 q u ilo g ra m a s
fJLglLaJLfe.
= E £= X !:
2 72
0 passo te m 0 ,2 0 m ; o pilão dá 8 0 golpes p o r m in u to . Cada bateria c o m
p reende cinco pilões q u e tra b a lh a m na o rd e m 2, 4, 5, 3, 1, e a a lim e n ta ç ã o é f e i
ta pelo m e sm o p ro c e d im e n to q u e n o caso dos pilões brasileiros. Os alm ofarizes,
de fe rro fu n d id o , são descarregados pela face anterior, q u e recebe duas telas m e
tálicas aplicadas u m a c o n tra a o u tra e inclinadas de 10°, A tela q u e se e n co n tra
n o in te rio r é de malhas em fio de fe r r o q u e serve para p ro te g e r a tela fin a c o n tra
o c h o q u e d ire to das lascas de pedra; em p re g a -se para isso um a tela n° 12 de 4
m alhas p o r c e n tím e tro q u a d ra d o com 3,5 m ilím e tro s de a b e rtu ra e f io de 1,5 m i
lím etros de espessura; no exterior, te m -s e u m a tela de latão n° 31 co m 186 m a
lhas p o r c e n tím e tro q u a d ra d o co m espaços de 0,5 m ilím e tro de a b e rtu ra e fios de
0 ,2 5 m ilím e tro s de espessura. A fa ce p o ste rio r é disposta para receber placas de
co b re a m a lg a m a d o , mas não é utilizada.
A a rm açã o dos a lm o fa riz e s é fe ita co m m o n ta n te s unidos, de 3 m e tro s de
altu ra e 0 ,3 5 m de lado, ligados p o r m e io de fo rte s cavilhas. S uportes de m adeira
colo ca d os na p a rte traseira dos pilões servem para suspendê-los acim a d o a lm o
fa riz para q u a lq u e r reparo. As baterias são dispostas de m aneira a fu n c io n a r in
d e p e n d e n te m e n te um as das outras; cada u m a te m eixo co m e xcê n trico p ró p rio ,
co m polia ligada p o r u m a correia à polia c o rre s p o n d e n te d o eixo m o triz principal;
a polia é ligada a um a e m b re a g e m que p e rm ite to rn á -la solta ou fixa à vo n ta d e
no eixo, de m o d o que, p o r um sim ples m o v im e n to de alavanca, pode-se parar
um a b ateria de cinco pilões, e n q u a n to as o u tra s c o n tin u a m a fu n c io n a r.
A roda m o triz é de fe rro . Trata-se de um a roda hidrá u lica de 12 m e tro s de
d iâ m e tro e de 1 ,80 m de largura, co m um a espessura de coroa de 0 ,3 0 m . Trans
m ite seu m o v im e n to às duas árvores m o trize s principais p o r m eio de e n gren a g en s
inte rn a s e c o m o a q u a n tid a d e de água disponível é su ficie n te apenas para a cio
n a r 30 pilões, é a ju d ad a p o r u m a tu rb in a h o riz o n ta l q u e utiliza a a ltu ra da q u ed a
da água em sua saída da roda até o nível do ribeirão. Essa tu rb in a tra n s m ite f o r
ça a um dos eixos m o trize s p o r m e io de correias de transm issão, e assim se te m
u m excesso de fo rça disponível, que é utilizada para a cio n a r os b ritadores, c o lo
cados n o a n d a r superior, p o r m e io de transm issões p o r correias.
M esas d e Ia v a ç ã o . As mesas e m p re g a d a s são mesas d o rm e n te s retilí-
neas, de du as espécies: as mesas g ira tó ria s (re v o lv in g stra ke s) e as mesas de t e
las (p la n e n h e rd ). Todas tê m la rg u ra de 0 ,5 0 m e c o m p r im e n t o q u e varia de 4 ,5 0
a 5 ,5 0 m e tros.
A s m esas g ira tó r ia s t ê m a f o r m a de urn p ris m a tria n g u la r , s u s t e n t a d o p o r
dois p in o s e m suas e x tre m id a d e s e in c lin a d a s de 1 /12 da h o r iz o n ta l (Figs. 4 1 , 4 2
e 4 3 ). Esses p ris m a s são f e ito s de t á b u a s f o r t e s e seus p in o s são d e m a d e ira d ura;
re c e b e m na s u p e rfíc ie la te ra l p e q u e n a s tá b u a s , e n ta lh a d a s s o b re u m a fa c e c o m
ra n h u ra s paralelas, e m re d e q u a d r a d a de 3 , 5 m m de p r o f u n d id a d e e e m in te r v a lo
ig u a l u m a s das o u tra s . São d is p o s ta s t ra n s v e rs a lm e n te ao c o m p r im e n t o d o p ris
m a, para m e lh o r re te r as areias pesadas; re b o r d o s d e 3 c e n tím e tr o s , c o lo c a d o s ao
lo n g o das arestas d o p ris m a , im p e d e m a á g u a de t r a n s b o r d a r para os lados.
Essas m esas são e m p re g a d a s u n ic a m e n t e para a c o n c e n tra ç ã o das areias
e m sua saída d os pilõ e s (D, Fig. 33). São e n file ira d a s e m u m a m e s m a lin h a a d ia n
t e e a b a ix o d o s a lm o fa riz e s de u m a série de p ilõ e s e a g r u p a d a s p o r pares e m u m
c o r re d o r in c lin a d o c o m p assa gem reservada para o la v a d o r e n tre dois co rre d o re s
vizin h o s. U m c o n d u t o d e m a d e ira , c o lo c a d o na cabe ce ira de cada m esa, tra z as
á g u a s c a rre g a d a s d e areias, e n q u a n t o na p a rte de trás u m p e d a ç o de c o u r o c o m u
nica a mesa c o m o c o n d u t o v e rtic a l de e s c o a m e n to . Há 10 mesas para o m o in h o
274
d e 2 4 pilões, 16 para o m o in h o d e 32 pilões e 4 0 para o m o in h o de 4 0 pilões.
A s m esas d e te la s m ó v e is se rve m para re te r as areias q u e e s c a p a ra m da
p rim e ira c o n c e n tra ç ã o , o u para c o n c e n t r a r de n o v o as areias já lavadas. Estas ú l
tim a s são, p a ra ta l, d e r r a m a d a s e m caixas d e d is tr ib u iç ã o (p a s s a d o re s ), c o lo c a d a s
nas cabe ceiras, à ra z ã o de u m a caixa para d u a s m esas (Figs. 4 4 e 4 5 ). As d is tr i
b u id o r a s são caixas de m a d e ira r e ta n g u la re s , c o m f u n d o f o r m a d o d o is p la n o s in-
275
clm ados, te n d o os m esm os in clinação de trás para d ia n te ; dois c o n d u to s de m a
deira co locados nos reb o rd os da caixa servem para levar a água, necessária à la
vação; o de trás d e rra m a na caixa um fin o fio de água q u e arrasta p o u c o a p o u
co a areia pela a b ertura feita na fa ce a n te rio r ao pé dos planos inclinados, e n
q u a n to a da fre n te d irige um a co rre n te de água, p o r m e io de c o n d u to s verticais,
em u m co rre d o r lo n g itu d in a l co lo ca d o na cabeceira de cada mesa, u m p o u c o
abaixo dos orifícios de e s c o a m e n to das caixas.
As mesas são fo rm a d a s p o r um a superfície plana de tábuas, inclinada a
1/12, dividida na largura p o r barras tria n g u la re s de m adeira, a intervalos de
0 ,5 0 m um as das outras; em cada mesa m o n ta -se u m a série de telas, destinadas
a a u m e n ta r a aderência das areias e q u e p o d e m ser retiradas à v o n ta d e para sol
ta r o d e pó sito . Um o rifício fe ito no corredor, na cabeceira de cada mesa, serve
para liberar a co rre n te de água e as areias. Na p a rte trazeira existe um re servató
rio de m adeira o n d e se d e p o sita m as areias finas arrastadas pela água q u e esca
pa, em seguida, pe lo ve rte d o u ro .
Depois de sua passagem sobre as mesas giratórias, as águas carregadas de
areias finas são d irigida s d ire ta m e n te p o r um c o n d u to para as mesas de telas, sem
a in te rm e d ia çã o de um a caixa de d istribu ição . No e n g e n h o de 2 4 pilões, há 10
mesas de telas e 2 caixas co m 4 mesas; no e n g e n h o de 32, 4 7 mesas de telas e 5
caixas co m 10 mesas; n o e n g e n h o de 40, 10 mesas de telas e 12 caixas (E, Fig.
33, Prancha I) co m 2 4 mesas. Há, além d o mais, no e n g e n h o de 4 0 pilões, 4 0 m e
sas de telas que servem ig u a lm e n te para reter as areias e cu jo d e p ó s ito é retirado
p o r m e io de vassouras de ju n c o .
Tonéis de m o a g e m . Servem u n ic a m e n te para p ro d u z ir um a pulverização
mais c o m p le ta das areias, a fim de p e rm itir u m a nova classificação p o r lavação (F,
Figs. 33 e 46). C o m p õ e m -s e de u m a cuba cilíndrica de fe rro , cu jo f u n d o é eleva
d o no c e n tro e q u e se abre para dar passagem a u m eixo vertical de rotação que
recebe m o v im e n to de um a roda de e n g re n a g e m cônica, situada abaixo da cuba.
No f u n d o repousa u m re b o lo a n u la r de fe rro fu n d id o , sobre o qual se m ove um
re b o lo se m e lh a n te fix a d o em um a a rm a d u ra m etálica q u e se aparafusa sobre o
eixo, de m o d o a fazer va ria r o in te rva lo e n tre os dois rebolos. A espessura de cada
u m deles é de 6 ,5 m m , e sua largura na coroa é de 0 ,4 0 m .
0 a g ita d o r c o m relhas q u e recebe as areias q u e saem d o s m o in h o s é f o r
m a d o p o r u m a c u b a c ilín d ric a de fe rr o , na q u a l se m o v e u m s iste m a de q u a tr o
b ra ç o s fix a d o s e m u m c o n e a p a r a fu s a d o n o eixo de ro ta ç ã o . C a da b r a ç o recebe
trê s a g ita d o r e s d e f e r r o q u e t e r m in a m c o m o relhas d e c h a r r u a (G, Figs. 3 3 e 46).
Em s e q ü ê n c ia e s tã o in s ta la d a s 4 m esas d e te la s m ó ve is, s o b re as q u a is passam as
ág u a s c a rre g a d a s d e areias. O c o n j u n t o desses a p a re lh o s c o m p r e e n d e d o is m o i
n h o s e u m a g ita d o r, c o lo c a d o s s o b re u m la d o d o e n g e n h o de 32 pilões. R e cebem
m o v im e n t o de u m a ro d a P e lton c o m 12 cavalos d e fo rç a , cuja á g u a m o t r iz é t r a
zida, p o r u m t u b o d e f e r r o f u n d i d o , d o nível d a p la t a f o r m a s u p e rio r, para escoa r
e m s e g u id a p o r u m c o n d u t o n o canal de a lim e n t a ç ã o d o s 4 0 pilões.
2. A m a lg a m a ç ã o
2 77
u m a ro d a d e n ta d a e n g re n a c o m a ro d a m o t r iz c o m u m aos dois (B, Fig. 4 8 ) e para
in t e r r o m p e r o m o v im e n t o de u m to n e l, basta m a n o b r a r u m a ala va n ca q u e faz
d esliza r la te r a lm e n te o b lo c o d o m a n c a i v iz in h o da e n g r e n a g e m (C, Fig. 4 8 ). U m a
ca lh a de d is tr ib u iç ã o , c o lo c a d a a b a ix o d o t o n e l (D, fig s. 47 e 4 8 ), re c e b e a m is t u
ra de areias e de a m á lg a m a , e a d e r r a m a le n ta m e n te n o saxe, para a s e p a ra ç ã o
(E, fig s. 4 7 e 48).
O saxe (figs. 4 9 , 5 0 e 5 1 ) c o m p õ e - s e d e u m a caixa r e ta n g u la r de m a d e ira
E, d iv id id a e m trê s c o m p a r t im e n t o s n os qu a is v ê m se alojar, r e s p e c tiv a m e n te , trê s
prism a s re ta n g u la re s d e m a d e ira , fix a d o s a b a ix o de u m c a rro F, f o r m a d o p o r um
q u a d r o q u e se a p ó ia s o b re d o is eixos, cujas ro d a s se m o v e m s o b re t r ilh o de f e r r o
p la n o , a p lic a d a s s o b re os re b o rd o s lo n g it u d in a is da caixa.
O c a rro é d o t a d o d e u m m o v im e n t o h o r iz o n ta l d e vai e ve m , de 0,1 Om de
a m p lit u d e , p o r m e io de u m a biela e de u m a m a n iv e la , q u e o lig a m a o e ix o m o t o r
d o s to n é is . Os prism a s são p ro v id o s de d e n te s de fe rr o , em sua base, e o p rism a
278
Figs. 4 9 /5 0 /5 1 - C o rte vertical e p ro jeção h o riz o n ta l d o saxe e p o rta c a rrin h o
279
0 c o n ju n to do s a p arelhos de a m a lg a m a ç ã o co m p re e n d e , p o rta n to , dois
to n é is de Freiberg, duas calhas de d istrib u iç ã o , dois saxes e seis mesas d o rm e n -
tes. É d is p o s to sobre u m dos lados d o e n g e n h o de 32 pilões, c o m o eixo m o to r
lig a d o p o r m e io de u m a tra n sm issã o p o r correia, ao eixo d o e x c ê n tric o corres
p o n d e n te .
B ateia. A lavação na ba te ia é fe ita em bateias de v in h á tic o, c o m fo r m a de
u m cone m u ito o b tu s o de 0 ,6 0 m de d iâ m e tro e 0 , 1 5m de altura.
M o in h o de m a rte lo s. Os m o in h o s de m a rte lo s (h a m m e r-m ilis ) são pilões de
m adeira que fu n c io n a m c o m o p e q u e n o s m arte le te s, cuja cabeça, m u n id a de u m a
sapata de fe rro q u a d ra d o de 0, 1 5m de lado, bate em um a larga calha de m a d e i
ra sobre u m soco q u a d ra d o , ig u a lm e n te de fe rro ; o peso da sapata é de 50 q u i
logram as, o de u m soco é de 25 q u ilo g ra m a s.
Servem para pulverizar em u m grau mais fin o um a p a rte das a re ia s já pas
sadas nos to n é is e, pela presença de um p o u c o de m e rc ú rio que é a g ita d o nas ca
lhas, retém -se um a g ra n d e p a rte d o o u ro liberado.
Em sua seqüência estão caixas de d e p ó sito , o n d e se a c u m u la m as areias
q u e saem m u ito le n ta m e n te das calhas.
Existem dois m o in h o s, na o ficin a dos 32 pilões; estão dispostos p o r bate-,
rias de cinco e m duas séries, um a de 20 m artelos, a o u tra de 10. O peso da p a r
te q u e bate, em cada m a rte lo , é de 8 0 q u ilo g ra m a s. O eixo de excêntricos é m u
n id o de 3 excêntricos de m adeira p o r m a rte lo , e o n ú m e ro de g o lp es p o r m in u to
varia de 3 0 a 35 com um curso m u ito p e q u e n o de 0 ,1 0 m . A p ro fu n d id a d e das ca
lhas é de 1 m e tro , e a égua sai p o r um o rifício lateral a 0 ,5 0 m do fu n d o , de m o d o
q u e a sapata está c o n s ta n te m e n te imersa na água. Estes a p arelhos recebem m o
v im e n to p o r u m a to m a d a de força nos eixos dos excêntricos dos 32.
R etortas de d e stila çã o . Para a destilação, são utilizadas re to rta s cilíndricas
de fe rro f u n d id o , c o m ta m p a e m fo rm a de disco lig e ira m e n te cô n ca vo (fig. 52),
de o n d e sai u m t u b o de fe rro recurvado, ao qual se se atarra ch a u m s e g u n d o tu b o
reto, em seu p ro lo n g a m e n to . Um a a rm açã o em arco se p re n d e no re b o rd o da re-
to rta . Pela in tro d u ç ã o de u m a cu n h a de fe rro e n tre o fla n g e e a ta m p a , o b té m -se
u m fe c h a m e n to h e rm é tico . A destilação é processada pelo a q u e c im e n to de cada
re to rta em u m fo r n o c o n s titu íd o p o r u m a sim ples fo rn a lh a de ustulação.Existe um
f o r n o de três fo rn a lh a s para essa operação, n o a n d a r d o e n g e n h o dos 32 pilões.
Fig 5 2 - R e to rta d e d e s tilia ç ã o
3. C lo re ta ç ã o
281
0 f o r n o g r a n d e t e m as d u a s soleiras c o m u m a la rg u ra u n i f o r m e de 3 , 0 5 m
e c o m p r im e n t o ig u a l d e 4 , 1 5 m , c o m a d ife r e n ç a de nível d e 0,1 Om de u m a para
a o u t r a (figs. 53, 5 4 e 55). De cada la d o d o f o r n o , e x is te m q u a t r o p o rta s de t r a
b a lh o , d u a s p o r soleira, e trê s p e q u e n o s t u b o s para a e n tr a d a d e ar, q u a n d o as
p o r ta s e s tã o fe c h a d a s . Sua f o r n a lh a t e m 1 ,6 0 m p o r 0 , 8 0 m .
Em s e g u id a ao f o r n o e n c o n tr a m - s e u m a fossa, o n d e c a e m as p o e ira s a r
rastadas, e o m a c iç o das c â m a ra s d e c o n d e n s a ç ã o , d iv id id a s p o r d ivisória s t r a n s
versais a l t e r n a d a m e n t e a b e rta s nas e x tre m id a d e s e n o m e io . Segue-se a ra m p a ,
c o m c o m p r im e n t o d e 4 0 m e tro s , a d a p ta d a ao declive d o m o r r o , p o r cerca de um
te r ç o d o c o m p r im e n t o e c h e g a -s e a u m a c h a m in é f e ita de d o is t u b o s de f e r r o ca-
v ilh a d o s u m s o b re o o u t r o , c o m d iâ m e t r o de 0 , 5 0 m e a ltu r a t o ta l d e 7 m e tr o s (Fig.
3 4). Para o c a r r e g a m e n t o das areias a s e re m u s tu la d a s, u m a t r e m o n h a está c o l o
cada a c im a de u m o r ifíc io f e it o na a b ó b a d a d o f o r n o n o m e io da so le ira m ais a fa s
t a d a da fo r n a lh a . Para a d e s c a rg a das areias q u e im a d a s a bre-se u m c o n d u t o v e r
tical a tra vé s da o u t r a soleira, d ia n t e de u m a das p o rta s v iz in h a s da fo r n a lh a , d ir e
t a m e n t e a c im a de u m a a b ó b a d a f e ita n o m a c iç o d o f o r n o . Isso p e r m it e a i n t r o
d u ç ã o d e u m v a g o n e t e de ch a p a de fe rro .
2 82
Á re a de re s fria m e n to . 0 local de re sfria m e n to , simples g a lp ão a b e rto de
to d o s os lados, c o m p re e n d e um a p la ta fo rm a lajeada de 9 ,5 0 m e tro s de c o m p ri
m e n to p o r 3 m e tro s de largura, situada a 0 ,5 0 m abaixo d o nível dos fo rn o s . Uma
linha férrea, com la rg u ra de 1 m e tro , p a rte d o fo r n o g ra n d e , corre acim a da área
lajeada em t o d o seu c o m p rim e n to , e u m a o u tra linha, co m largura de 0 ,6 0 m , si
tu a d a ao lado a 1 m e tro abaixo dessa área, liga o local ,à clo re ta çã o (Fig. 34).
Instalação de clo re ta ç ã o . O p ré d io da clo re ta çã o ê de p re cip ita çã o é d iv i
d id o em três andares, o n d e são re p a rtid o s os diversos serviços. De u m la d o se e n
co n tra , no a n d a r su p erio r (A, Fig. 34), u m a tre m o n h a para o c a rre g a m e n to das
areias n o to n e l de cloretação, co lo c a d o no a n d a r m é d io (B, Fig. 34), e d ire ta m e n
te abaixo deste, u m a segunda tre m o n h a para d e rra m a r a m istura d o to n e l na
cuba de filtra ç ã o , colocada n o a n d a r in fe rio r (C, Fig. 34). Do o u tro , u m a b o m b a ,
instalada em b a ixo , serve para levar a dissolução para um a cuba de recepção, no
a n d a r m é d io , passando-a em seguida, para os três barriletes de p re cip ita çã o dis
postos em degraus n o a n d a r inferior. Um a tu rb in a de eixo vertical, colocada
n u m a e xtre m id a d e d o prédio, serve para a cio n a r os diversos a parelhos p o r m e io
de transm issões p o r e n g re n a g e n s e p o r correias. A tre m o n h a de ca rre g a m e n to , na
qual vem d a r a via férrea, é m a n o b ra d a p o r m e io de u m g u in c h o , de m o d o a le
var sua bord a su p erio r ao nível d o assoalho, e n q u a n to o f u n d o pene tra na a b e r
tu ra central d o to ne l.
Tonel d e c lo re ta ç ã o . O to n e l de clo re ta çã o é s e m e lh a n te ao de a m a lg a
m a çã o e é a n im a d o p o r u m m o v im e n to de ro ta çã o h o riz o n ta l em t o r n o de seu
eixo (D, figs. 56 e 57). É re c o b e rto in te rn a m e n te p o r u m a ca m a d a de p in tu ra m e
tálica ve rm e lh a , a fim de e vita r u m a p re c ip ita ç ã o p re m a tu ra d o o u r o e m c o n ta
t o co m m até ria s orgânicas. A tre m o n h a de saída, situ a d a abaixo, é fix a d a às v i
gas d o assoalho.
R e cip ie n te de filtra ç ã o . O recipiente de filtra ç ã o é um a cuba retangular, de
m adeira, pro vid a de um f u n d o d u p lo (E, figs. 56, 57 e 58). O f u n d o superior, que
fu n c io n a c o m o filtro , repousa sobre duas barras de m adeira e é c o m p o s to p o r
um a gra d e de m adeira de três ce n tím e tro s de espessura, p o r u m a fo lh a de c h u m
bo com fu ro s de 0 ,5 m ilím e tro de d iâ m e tro , e p o r o u tra g ra d e de m adeira, cujos
intervalos são p re e nchido s de q u a rtz o branco, em grãos d o ta m a n h o de um a noz
e fin a lm e n te acima, p o r um a cam ada de 1 c e n tím e tro de espessura de q u a rtz o
284
Fig. 58 - C orte d o e q u ip a m e n to de clore tação
285
fin o . Do f u n d o in fe rio r da cuba p a rte o tu b o de aspiração da b o m b a , e n carregado
de c o n d u z ir a solução de filtra g e m até a cuba de recepção (F, Figs. 56 e 57). O re
cipie n te e a cuba são recobertos de um a massa verm elha.
Barriletes de precipitação. A cuba de precipitação é se m e lh a n te à prece
dente, mas de m e n o r capacidade, co m u m f u n d o simples de o n d e sai o t u b o de
entra da da solução no barrilete su p erio r de precipitação. Os três barriletes (G, Figs.
56 e 57), são dispostos sobre andaim es em degraus e ligados um ao o u tro p o r um
t u b o recurvado, fa z e n d o c o m u n ic a r o f u n d o de um co m o t a m p o d o o u tro . O ú l
tim o te m u m tu b o e m b a ixo , que se p ro lo n g a para fora. Cada um dos barriletes é
de m a d e ira p in ta d a de v e rm e ih o e circ u n d a d o p o r u m anel de b ro n ze co m um
d iâ m e tro de 0 , 1 5m e altu ra de 0 ,3 0 m . O f u n d o te m fu ro s de 2 m ilím e tro s e é re
c o b e rto p o r um a tela fin a q u e p e rm ite filtra r a solução e passar assim de um para
o o u tro . A tu rb in a q u e serve para m o v im e n ta r o to n e l e a b o m b a , utiliza um a q u e
da d 'á g u a de 3 ,5 0 m através de um a to m a d a lateral fe ita n o canal de e n tra d a das
águas m o triz e s da usina. D epois de sua ação, as águas escoam para u m canal in
ferior, q u e vai dar n o c o n d u to p rincipal em u m nível mais baixo.
CA PÍTU LO 7o
A N D A M E N T O DAS OPERAÇÕES
1. P re p a ra ç ã o m e c ân ic a
cer os c h o q u e s d os p e d a ç o s m a io re s , n o m o m e n t o d o c a r r e g a m e n t o . Sua c a p a c i
d a d e é d e 1 to n e la d a . Os estéreis são a c u m u la d o s e m u m c a n t o d o local e e m se
g u id a c a rre g a d o s p o r sua vez nos v a g o n e te s , p a ra s e re m d e s p e ja d o s , p o r u m c o r
redor, n o rio.
0 pessoal da t r ia g e m t r a b a lh a a p e n a s d e dia; re c e b e o r d e n s de u m c a p a
ta z, e n c a rr e g a d o d e re g is tra r o n ú m e r o de t r e m o n h a s d e f r a g m e n t o s p e q u e n o s e
d e v a g o n e te s d e f r a g m e n t o s g r a n d e s , q u e passa ra m e m v in te e q u a t r o horas.
B rita g e m . Os f r a g m e n t o s m a io re s são s u b m e t id o s à b r it a g e m a n te s de
passar à m o a g e m . A c u m u la d o s e m u m re s e rv a tó rio especial, são c a rre g a d o s nos
v a g o n e te s , q u e c ir c u la m e m u m a via fé rre a p a ra le la aos b rita d o re s , para e n c h ê -
los su c e s s iv a m e n te . D e speja -se s o b re u m p la n o in c lin a d o o c o n t e ú d o d os v a g o n e
tes q u e é c o n d u z id o c o m a ju d a d e u m a e n x a d a , p o r dois o p e rá rio s , p o s ta d o s de
ca d a la d o d o b r it a d o r e m f u n c io n a m e n t o , para as m a n d íb u la s .
Os p r o d u t o s c a e m e m f o r m a de g r ã o s d o t a m a n h o d e u m a n o z n os re
s e r v a t ó r io s d e a l im e n t a ç ã o s it u a d o s a b a ix o . G ra ça s à r a p id e z d o a n d a m e n t o e
à p o t ê n c i a d o s b r it a d o r e s , a o p e r a ç ã o d u r a a p e n a s a lg u m a s h o ra s p o r d ia ; as
s im , os d o is o p e r á r io s e m p r e g a d o s n e s te t r a b a lh o f a z e m , a lé m disso , o u t r o s
s e rv iç o s a c e ss ó rio s.
M o a g e m . T o d o o m in é r io t r a z id o e m f o r m a d e f r a g m e n t o s p e q u e n o s p as
sa e m s e g u id a pela m o a g e m n os e n g e n h o s de pilões. Os re s e rv a tó rio s de a lim e n
288
tação, disp o stos em n ú m e ro de dois p o r e n g e n h o , tê m u m a ca p a cid ad e tal que
são mais d o q u e suficientes para o c o n s u m o d iá rio dos pilões. Os corred o re s in
clinados, q u e tra ze m o m in é rio para cada bateria, fu n c io n a m a u to m a tic a m e n te
de m aneira a m a n te r no a lm o fa riz u m a ca m a d a mais ou m e n o s c o n s ta n te de
2 ,5 c m de espessura. A o m e sm o te m p o , a água é in tro d u z id a p o r tu b o s de ferro,
à razão de 18 a 2 4 litros p o r m in u t o e p o r haste.
Não são in tro d u z id o s n e m m e rc ú rio n e m placas de co b re a m a lg a m a d o nos
alm ofarizes; visa-se apenas à tritu ra ç ã o d o m in é rio , sem p ro c u ra r re te r nos pilões
u m a p a rte d o o u ro c o n tid o . A pesar disso, q u a n d o a cada mês se fa z a lim peza
dos a lm o fa rizes de fe rro f u n d id o , en con tra -se, m istu ra d a ao m in é rio e m parte
m o id o e aos d e trito s q u e o acaso tro u x e para essas caixas, u m a certa q u a n tid a d e
de o u ro em pepitas e em p e q u e n o s pedaços m a rte la d o s; p o r um a lavação na b a
teia, separa-se o o u ro , de resto b a stan te a b u n d a n te , já q u e representa em m édia
1 0 % d o o u ro c o n tid o n o m in é rio t ra ta d o nos pilões ca lifo rn ia n o s.
Lavação nas m esas. O m in é rio sai d o a lm o fa riz sob fo rm a de grãos finos,
a rrastados pela água através das telas m etálicas, e passa p o r um c o n d u to de m a
deira q u e se su b d ivid e para re p a rtir o lavado e n tre as diversas mesas g ira tó ria s
(p rim e ira s mesas) Nas ra n h u ra s das mesas se d e p o s ita m as areias densas, p irito -
sas, e n q u a n to as areias leves {ta ilin g s ) são levadas pela á g ua para u m c o n d u to
de m adeira c o lo c a d o na p o n ta das mesmas. A cada 2 0 m in u to s u m m e n in o gira
sucessivam ente as mesas, im p r im in d o -lh e s u m a ro ta çã o de 120°, de m o d o a
a p re se n ta r à c o rre n te u m a su p erfície lim pa. M u n id o de u m a lança, lava o d e p ó
sito da p re ce d e n te , q u e o ja to de á g ua arrasta p o r u m c o n d u t o para u m a cuba
de d e p ó s ito especial. Temos assim dois tip o s de areias: as areias densas e as
areias leves (ta ilin g s ).
As areias densas são s u b m e tid a s a um a se g un d a lavação sobre mesas d o r-
m entes de telas móveis (segundas mesas): um o p e rá rio retira as areias da cuba e
as despeja e m u m a calha de d istribu ição , o n d e u m p e q u e n o file te de água as a r
rasta p o u c o a p o u co . Um a fo r t e c o rre n te de água, avaliada a p ro x im a d a m e n te em
1 00 litros p o r m in u to e p o r calha, pega-as na saída e as arrasta sobre duas mesas
c o rresp o n d en te s. As areias ricas se d e p o s ita m sobre as telas, e n q u a n to as finas
vã o se a c u m u la r a lte rn a d a m e n te em u m a das duas caixas de d e p ó s ito instaladas
e m b a ix o das mesas e as águas levam os resíduos pobres para o rio. M u lh e re s são
encarregadas de e rg u e r a cada h o ra as telas das mesas, q u e são lavadas em um a
cuba especial cheia de água, e substituídas p o r outras. Essas areias ricas são s u b
m e tid a s à a m a lg a m a çã o , que e stu da re m os p o s te rio rm e n te .
P ulverização. As areias finas, extraídas das caixas de d e p ó sito , são e n v ia
das às panelas de m o a g e m para serem su b m e tid a s a u m a pulveriza çã o mais c o m
pleta. Despejam -se co m pá 5 0 0 q u ilo g ra m a s de areias na panela, c o m q u a n tid a
de de água su ficie n te para fo r m a r um a p olpa de consistência u m p o u c o sem e
lh a n te à d o m el. A panela gira à razão de 60 voltas p o r m in u to s .
A m ó q u e é m óvel, á a trita d a co n tra a m ó fixa, de m o d o a p ro d u z ir o es-
m a g a m e n to c o m p le to das areias; disso resulta um a c e rto desgaste das mós, a
p o n to da espessura ser reduzida a m e n o s de 2 ce n tím e tro s ao cabo de 2 meses.
É preciso, nesse m o m e n to , p ro v id e n c ia r a sua su b stitu içã o . A o te r m o de 6 horas,
a carga das du as penelas de m o a g e m é despejada de u m a vez no a g itad o r, a b rin -
do-se a to rn e ira do fu n d o , e é lavada co m u m excesso de água. As areias são
m a n tid a s em suspensão na cuba d o a g ita d o r pe lo m o v im e n to dos braços verticais,
que g ira m à razão de 8 a 10 voltas p o r m in u to , e o m a te ria l lavado escoa le n ta
m e n te p o r u m o rifício lateral fe ito no a lto da cuba, a fim de ser c o n d u z id o para
trê s mesas retilíneas de telas móveis. U m a c o rre n te de água lim p a ch e g a na cuba,
para d ilu ir cada vez mais as areias.
C o m o o e sco a m e n to d o m aterial lavado é um p o u c o mais rá p id o que a in
tro d u ç ã o da água pura, seu nível d im in u i le n ta m e n te na cuba e é preciso, ao cabo
de u m certo te m p o , a brir o se g u n d o o rifício de esco a m e n to , in fe rio r ao prim eiro,
e faze r assim se g uida m en te , até a brir o d o f u n d o , q u e acaba p o r esvaziar o a g ita
dor. Esse tra b a lh o é realizado em 6 horas, de m o d o q u e ao cabo deste te m p o , a
cuba está p ro n ta para receber u m a nova carga dos panelas de m o a g e m . A massa
lavada que passa sobre as mesas deposita suas areias mais pesadas, e n q u a n to os
resíduos pobres são levados para o rio pelas águas. O d e p ó s ito das telas é lavado
de hora em ho ra p o r mulheres, que o a c u m u la m em u m a caixa de depósito.
Lavação do s ta ilin g s . As areias leves {ta ilin g s ), q u e n ã o fo ra m retidas sobre
as prim eiras mesas giratórias, são dirigida s e m sua saída para novas mesas (q u a r
tas mesas) de telas fixas, que re tê m as areias mais pesadas, e n q u a n to as águas a r
rastam os rejeitos para o rio,
Os d e pó sito s das mesas são va rrid os a cada m eia h o ra p o r g a ro tos, q u e in te rro m
pem , sucessivam ente em cada um a das mesas, a passagem das areias, para subs
titu í-la p o r u m a c o rre n te de água pura, que, sob a ação c o m b in a d a da vassoura,
arrasta as areias c o n ce n tra d a s para u m a cuba de depósito.
Os d e pó sito s das terceiras e q u artas mesas, extraídos de suas cubas res
pectivas e esgotados, são carregados em sacos e enviados pelo p la n o aéreo para
a cloretação,.
A p re p aração m ecânica e n co n tra -se te rm in a d a , nesse p o n to d o tra ta m e n
to , p o r assim dizer. C hegou-se, p o r p e n e ira m e n to s, m o a g e n s e lavações sucessi
vas sobre mesas, a duas qu alid ad e s de areias, q u e vão ser su b m e tid a s a um t r a
ta m e n to m e ta lú rg ic o d ife re n te — as areias ricas vão para a a m a lg a m a çã o , e as
areias co n ce n tra d a s, para a cloretação.
2. A m a lg a m a ç ã o
3. C lo re ta ç ã o
4 . C o n sid era ç õ e s té c n ic as
301
L eg en d a d o Q u a d ro 2
T r a ite m e n t d u m in e r a i e m 1 8 9 4 , p e n d a n t u n e jo u r n é e d e 2 4 heures):
T r a t a m e n t o d o m in é r io e m 1 8 9 4 , d u r a n t e jo r n a d a d e 2 4 h oras.
M in e r a i v e n a n t d e Ia m in e : M in é r io p ro v e n ie n t e da m in a .
C r ib la g e e t K la u b a g e ; P e n e ir a m e n to e Escolha m a n u a l
G ro s: F r a g m e n to s gro sso s
Stériles (a la riviere): Estéreis (p a ra o rio)
M e n u s : F r a g m e n to s m e n o re s
C o n c a s s e u r: B rita d o r
B oca rd s: M o in h o s
1eres Toiles: P rim e ira s telas
1es (2s,3s, 4 s ) Tables re tilig n e s : P rim e ira s (S e g u n d a s , Terceiras, Q u a rta s )
m e sas re tilín e a s
Sables riches, denses, p a u v re s (ta ilin g s ): A re ia s ricas, densas, p o b re s (rejeitos)
D is trib u ite u r : D is tr ib u id o r
Résidus de s sables riches: R esíduos da s areias ricas
S ables c o n c e n tré s : A re ia s c o n c e n tr a d a s
S ables tré s ríches: A re ia s m u it o ricas
B atée: Bateia
Caisse d e d é p ô t : C a ixa d e d e p o s iç ã o
F o u r d e g rilla g e : F o rn o d e u s tu la ç ã o
S ables à g rille r: A re ia s p a ra u s tu la r
S ables grillés: A re ia s u s tu la d a s
T o n n e a u d e C h lo r u r a t io n : Tonel d e c lo re ta ç ã o
P o u d re d ' o r im p u r ; Pó d e o u r o im p u r o
O r e m b arres: O u r o e m b a rra s
A f f in a g e : P u rific a ç ã o
L iq u e u r ch lo ris se d ' o r e t ré sid u s p a u re s : L ico r d e c lo r e to d e o u r o e re síd u os
p o b re s
F iltra tio n : Filtra çã o
Résidus (à Ia rivière): R esíduos (p a ra o rio)
O r p re c ip ite : O u r o p r e c ip ita d o
P ré c ip ita tio n : P re cip ita çã o
Caisse d e d é p ô t : C a ixa d e d e p o s iç ã o
Em resum o - tal c o m o o m é to d o era a p lica d o p rim itiv a m e n te - de uma
q u a n tid a d e a d e q u a d a de m in é rio para ser tra ta d a , c o n te n d o 1 .20 0 gra m a s de
o u ro , perd ia m -se d u ra n te a p re p aração m ecânica 5 0 0 gram as, ou seja, .4 2 % .
A tu a lm e n te , pelas m o d ific a ç õ e s in tro d u z id a s nessa p a rte d o tra ta m e n to , chega-
se a perder, em u m m in é rio q u e c o n té m 1 .60 0 gramas, apenas 5 5 0 gram as, ou
seja, 3 4 % . É e vid e n te q u e há u m progresso sensível, mas ain d a é preciso a p e rfe i
çoar a c o n c e n tra ç ã o dos rejeitos pobres das q u artas mesas.
A m a lg a m a ç ã o . Essa p a rte d o tra ta m e n to p e rm a n e ce u , p o r assim dizer, a
mesm a, pelo fa t o d o p ro c e d im e n to e m p re g a d o só c o m p o rta r p o u co s a p e rfe iç o a
m e n to s e de ser preciso lu ta r s o b re tu d o c o n tra ações quím icas nocivas, in d e p e n
dentes d o p ro c e d im e n to . O e q u ip a m e n to co m ressaltos fo i s u b s titu íd o pela b a
teia, para separar o a m á lg a m a das areias. Nos m o in h o s de m a rte lo , são tra ta da s
apenas as areias ricas sucetíveis de c o n te r ain d a u m p o u c o de m a té ria a m a lg a m á -
vel, e n q u a n to o restante passa pelo tra ta m e n to q u ím ico . É e vid e n te q u e os m o i
n hos de m a rte lo seriam v a n ta jo s a m e n te su b stitu íd o s p o r pilões ca lifo rn ia n o s de
m o d e lo m enor, a tu a n d o co m g ra n d e n ú m e ro de g o lp es e c o n te n d o m e rc ú rio em
seus alm ofarizes, já q u e se visa re d u zir as areias para p ó e p ro d u z ir a a m a lg a m a
ção no m o m e n to e m que, p o r sua q u e b ra recente, os grãos de o u ro livre são sus
cetíveis de se u n ir mais fa c ilm e n te ao m e rcú rio . C o n tin u a -se , p o ré m , a e m p re g a r
esses aparelhos até nova o rd e m , co m o risco de só serem a b a n d o n a d o s q u a n d o
estiverem n o fim de seu fu n c io n a m e n to .
C lo re ta çã o Essa parte d o tr a ta m e n to é c o m p le ta m e n te nova. O tip o de
m in é rio co m p le x o , e m presença d o qual nos e n c o n tra m o s , n ã o p e rm ite o e m p re
g o ú n ico da a m a lg a m a çã o , sob pena de te r u m a elevada perda de o u ro . C o m o
m in é rio a tual, co m 15 gra m a s de o u ro p o r to n e la d a (exercício 1 8 9 2 -1 8 9 3 ), de
1 .60 0 gram as de o u ro c o n tid o retiram -se, p o r a m a lg a m a ç ã o sim ples, 8 9 5 gramas,
o q u e representa u m a perda de 4 4 % . Pela in tro d u ç ã o da cloretação, essa perda
é reduzida em 1/4; cai para 3 4 % . Esse tra ta m e n to c o m p le m e n ta r d im in u i de
m o d o notável as perdas, m as apresenta o in c o n v e n ie n te de to d o s os tra ta m e n to s
qu e exig e m o e m p re g o de reagentes quím icos especiais: seus custos são elevados,
o q u e só p e rm ite ap licá -lo a areias de um c e rto teor. Em Passagem é preciso que
as areias para u stu la r c o n te n h a m 16 gra m a s de o u ro p o r to n e la d a , para co b rir os
custos especiais da cloretação.
V a nta g e ns da c lo re ta ç ã o em co m p a ra çã o co m a a m a lg a m a çã o . C o m o o
o u ro é e n c o n tra d o no m in é rio em dois estados, disse m in ad o no q u a rtz o e disse
m in a d o ou c o m b in a d o nos sulfetos, prefere-se não p ro lo n g a r a a m a lg a m a çã o ,
pois ela não retira, de m aneira eficaz, o o u ro dos sulfetos. Depois de haver recu
p e ra d o o o u ro livre no c o n ta to co m o m e rcúrio , enviam -se to d a s as areias da
a m a lg a m a ç ã o para a cloretação.
P r e c ip it a ç ã o P o r
P r o d u t o s Q u ím i c o s S u l f a t o d e p r o t o x it o
P r o to su lfeto de C obre
de Ferro
5. S erviços acessórios
1. SERVIÇO DE PREPARAÇÃO M E C Â N IC A
Triagem
C ap a ta z 1
O p e rá rio s (h o m e n s e m eninos) 28
O p e rá rio s (m ulheres) 24
53
B rita g e m e lavação
C apatazes 4
O perários dos pilões 8
Lavadores(m eninos)nas 1as mesas 8
Lavadores(m eninos)nas 4 as mesas 7
Lavadoras (m u lh eres) nas 2 a5 e 3 as mesas 3
O p e rá rio s nos b rita d o re s e nas areias 3
33
TOTAL 86
2. SERVIÇO DE A M A L G A M A Ç Ã O
C ap a ta z 1
Lavadoras na b a te ia 4
A m a lg a m a d o r 1
Lavadoras nas 5as mesas 2
O p e rá rio s nas areias 4
TOTAL 12
Q u e im a d o re s no fo rn o 6
O p e rá rio s para e m p iih a r m a d e ira 1
M a n ip u la d o r na clo re ta ç ã o 1
A ju d a na clo riza çã o 1
TOTAL 9
L a b o ra tó rio
Q u ím ico 1
M e n in o de la b o ra tó rio 1
TOTAL 2
Forja e o ficin a
M e câ n ico s 2
Ferreiros 2
Ferreiros auxiliares 3
A p re n d ize s 2
TOTAL 9
310
C arpintaria
M e stre c a rp in te iro 1
C a rp in te iro s 8
TOTAL 9
Total do pessoal da usina 127
P R O D U Ç Ã O DA U S I N A DE TRATAMENTO
1. P re p a ra ç ã o m e c ân ic a
N úmero N ú m e r o de N úmero
N úm ero M é d io d e T oneladas M é d io d e
N atureza dos N ú m e r o de
de D ia s P il õ e s e m T ratadas T oneladas
M o in h o s P il õ e s
T rabalhados T rabalho D urante por P il ã o
por D ia o A no e por D ia
» 32 3 5 4 ,5 2 9 ,9 4 9 .8 3 4 0 ,8 6 3
Total 56 3 5 2 ,8 5 1 ,1 5 1 4 .5 3 2 0 ,8 0 5
M o in h o s C a lifo rn ia n o s 40 3 6 4 ,5 3 8 ,0 2 2 2 .6 9 7 1 ,5 9 3
Total 96 3 5 6 ,2 8 9 ,1 7 3 7 .2 2 9 1 ,0 7 7
2 7 0 - (6 5 T I2 ) = 2 4 7 q u ilo g ra m a s
Q u a n to aos pilões de fe rro , c o m o a sapata nova pesa 83 q u ilo g ra m a s, e
co m o perde 70 q u ilo g ra m a s d u ra n te seu serviço, o peso m é d io de um p ilâ o é de
8 6 3 - (70112) = 3 2 8 q u ilo g ra m a s
De o n d e se d eduz:
29 64 n 5428 = 56%
N ú m e r o de sapatas o u
P il õ e s N ú m er o T ratado em T o n a la d a s
Saca s U sadas
5 6 h a ste s d e m a d e ira 1 4 .5 3 2 1 3 6 sa p a ta s
4 0 hastes d e fe rro 22 6 9 7 ^ sa p a ta s
6 6 sacos
2 2 .6 9 7
9 6 hastes 3 7 ,2 2 9
4 :6 7 3 $ 6 0 0 5 .9 9 2 1 0 7 ,6 $ 321 0 ,4 1 2
3 :7 5 3 $ 6 0 0 4 .8 1 1 2 6 5 ,7 $165 0 ,2 1 1
2 :4 7 2 $ 6 0 0 3 .1 6 9 3 4 3 ,8 $109 0 ,1 4 0
6 :2 2 5 $ 6 0 0 7 .9 8 0 $274 $ 351
1 0 :8 9 8 $ 6 0 0 1 3 .7 9 2 $293 0 ,3 7 5
TABELA 13. DESPES AS DE IN S T A L A Ç Ã O D O E N G E N H O DE
4 0 PILÕES C A L I F O R N I A N O S
D espesas
D etalhe
E m R é is Em franco s
I. A te rro s e A lv e n a ria ; v ig a m e n to
A te rro s p a ra o p re p a ro da P la ta fo rm a 5 0 :5 0 Q $ 0 0 0 1 0 0 .0 0 0
Total 1 4 1 :4 0 0 5 0 0 0 2 8 0 .0 0 0
C u s to n a In g la te rra 3 7 :8 7 5 5 0 0 0 7 5 .0 0 0
F re te , tr a n s p o rte s , im p o s to s d e a lfâ n d e g a , e tc . 2 2 :7 2 5 5 0 0 0 4 5 .0 0 0
T o ta l 6 0 :6 0 0 5 0 0 0 1 2 0 .0 0 0
T o ta l G e ra l 2 0 3 :0 0 0 5 0 0 0 4 0 0 .0 0 0
2 . A m a lg a m a ç ã o
B is m u t o O uro
A m álg am a (gramas) O uro O uro em
a u r If e r o(g r a m a s )
e x t r a íd o
BRUTO BARRAS
P r o v id ê n c ia Ba rr as de por
Bolsas de Espo n ja s O uro (g r a m a s ) (g r a m a s )
B IS M U T O TO N ELA D A
am álg am a D£ OURO e x t r a íd o T otal T otal
A U R ÍF E R O D E M IN É R IO
Ta n q u e 4 6 8 .6 0 0 1 9 8 .7 9 3 5 2 .1 7 2 1 2 .7 3 0 2 1 .5 2 3 2 0 6 .6 1 6 5 5 ,5
M o in h o de 9 5 .7 0 0 3 3 .7 8 2 3 3 .7 8 2 3 7 .7 8 3 8,9 1
m a rte lo s
L im p e z a dos 5 5 .2 9 0 5 4 .1 2 9 1 ,4 5
a lm o fa riz e s
Total 5 6 3 .7 0 0 2 3 2 .5 7 5 5 2 .1 7 2 1 2 .7 3 0 3 0 0 .5 9 5 2 9 4 .5 2 7 7 ,9 1
3. C lo re ta ç ã o
M in é rio tra ta d o 3 7 .2 2 9 to n e la d a s
A reias co n ce n tra d a s, para u s tu la r 780
A reias ustuladas 572
O u ro e xtra íd o p o r c lo re ta çã o 5 4 .0 7 5 gram as
O u ro p o r to n e la d a de m in é rio tra ta d o 1,45
O u ro p o r to n e la d a de areias para u s tu la r 6 9 ,3 0
O u ro p o r to n e la d a de areias u stuladas 1 0 5 ,5 0
O uro e m barras O u r o f in o
Pro v id ê n c ia T ít u l o
4. C u sto líq u id o d o tr a ta m e n t o
0 cu s to d o tra ta m e n to d o m in é rio é a p re s e n ta d o de m o d o d e ta lh a d o na
Tabela 16.
A ta b e la m o s tra q u e as g ra n d e s despesas são devidas às p rim e ira s o p e ra
ções d o tra ta m e n to ,
De fa to , a p re p a ra ç ã o m ecânica a bsorve m ais de dois te rç o s d o cu sto , e o
re sta n te é d iv id id o e n tre os serviços de a m a lg a m a çã o e de clo re ta çã o , à razão de
u m te rç o para a a m a lg a m a ç ã o e de dois te rço s para a clo riza çã o. 0 p rim e iro ser
viço exige, p o rta n to , m ais despesas; é ve rd a d e q u e to d o o m in é rio deve passar
p o r ele, e n q u a n to nos o u tro s é tra ta d a um a fra çã o m u ito p e q u e n a das m atérias,
co m o vim o s no p a rá g ra fo p re ce d e n te .
C o m o as despesas de a m a lg a m a çã o e de clo re ta çã o re fe re m -se a um n ú
m e ro re d u z id o de to n e la d a s de areias c o n ce n tra d a s, estas devem a p re se n ta r um
te o r de o u ro c o m p e n sa d o r. O te o r m ín im o para p a g a r as depesas especiais da
a m a lg a m a çã o é de 4 0 g ra m a s de o u ro p o r to n e la d a de c o n c e n tra d o ; para a c lo
re ta çã o, é de 1 6 g ra m a s p o r to n e la d a de areias a ustular.
Todavia, e n q u a n to a in sta la çã o da a m a lg a m a çã o n o to n e l exige um m a te
rial sim ples e p o u c o im p o rta n te , a c lo re ta ç ã o o e m p re g a fo rn o s de u stu la ção e
n u m e ro so s ap arelho s, se bem q u e o uso d o s u lfe to de co b re p e rm itiu reduzí-los.
Os custos da p rim e ira in sta la çã o são p e q u e n o s para o p rim e iro serviço; são mais
TABELA 16. C U S T O D O T R A T A M E N T O N O E X E R C Í C I O
18 92-1 893 M I N É R I O TRATAD Q: 377.229 T O N E L A D A S
( C A M B I O M E D I O : 7 8 0 REIS P O R F R A N C O )
C usto do tratam ento
D e s p e s a s a n u a is
POR TO N ELA D A
N om enclatura
11. A m a lg a m a ç ã o
M â o d e o b ra 7 :4 1 0 5 0 0 0 9 .5 0 0 $199 0 ,2 5 5
M e rc ú rio 1 :5 8 9 $ 0 0 0 5 .8 8 3 $123 0 ,1 5 8
III. C lo re ta ç ã o
M ã o d e o b ra 7 :5 1 4 5 0 0 0 9 .6 3 3 $201 0 ,2 5 8
M a d e ira p a ra q u e im a r 8 :4 8 4 5 0 0 0 1 0 .8 7 7 $228 0 ,2 9 2
P ro d u to s q u ím ic o s 7 :9 9 8 5 0 0 0 1 0 .2 5 4 $215 0 ,2 7 6
C o m p o n e n te s 6 :5 1 1 5 0 0 0 8 .3 4 7 $ 175 0 ,2 2 4
IV. P re p a ra çã o m e c â n ic a e d iv e rs o s
M ã o d e o b ra d e tria g e m 2 1 :3 2 1 5 0 0 0 2 7 .3 3 6 $573 0 ,7 3 5
Q u ím ic o 1 :1 8 0 5 0 0 0 1.513 $031 0 ,0 4 0
M ã o d e o b ra 7 2 :7 7 9 5 0 0 0 9 3 .9 0 4 1 $ 955 2 ,5 0 6
TABELA 17. C U S T O DA IN S T A L A Ç Ã O DA C L O R E T A Ç Ã O
D e s p e s a s d e in s t a l a ç ã o
N om enclatura
E M RÉIS E M FRANCO S
1. F o rn o d e u s tu la ç ã o ,
A te rro s 2:000$000 4.300
M a te ria l, c o n s tru ç ã o , c o b e rtu ra 5:000$000 10.700
T otal 7:0005000 15.000
II. C lo re ta ç ã o
FO RÇA M O T R IZ
TABELA 18. C U S T O A Q U E O D U T O M E T Á L I C O
D e s p e s a s d e in s t a l a ç ã o
N om enclatura
E M RÉIS E M FRANCOS
M a te ria l m e tá lic o
C o m p ra e tra n s p o rte 2 5 ;0 0 0 $ 0 0 0 3 2 .0 0 0
M ã o d e o b ra e a cessórios
M o n ta g e m , m assa, p in tu ra , e tc. 6 :0 0 0 $ 0 0 0 7 .7 0 0
T otal 4 3 :0 0 0 $ 0 0 0 5 5 ,1 0 0
3 28
Q u a d ro 3
A fo rç a to ta l da q u ed a é de 3 0 3 cavalos-vapor, dos quais são u tiliz a d o s ,
para os diversos m o to re s:
Roda de e xtra çã o 21
Turbina da fo rja 1 1 ,5 0
Roda d o m o in h o de 2 4 pilões 12
Roda d o m o in h o de 32 pilões 48
Roda de Pelton 30
Roda d o m o in h o de 4 0 pilões 48
Turbina 58
Total 2 8 1 ,8 3 ca va lo s-va p o r
C a pataz.
M arcen e iros 2
Pedreiros e o p e rá rio s d o s aterros 10
Total 13
Q U A D R O 3. D I S T R I B U I Ç Ã O DA F O R Ç A M O T R I Z
D is tr f lv u t iD n de ia Rare molncc
L — DM &) h-es
M —ffjufcur <k chato &imêtrcst
i
L e g e n d a d o Q u a d ro 3
D is trib u tio n de la fo rc e m o tric e : D istrib u iç ã o da fo rç a m o triz
L - D é b it em litres: L - V azão em litro s
M - H auteur, de c h u te em m étres: M - A ltu ra da qu ed a em m e tro s
T u rb in e de C h lo ru ra tio n : T urbina de c lo re ta çã o
T urbine de fo rg e : Turbina de fo rja
Roue de E xtra ctio n : Roda de E xtração
Roue de E p uisem ent: Roda de E sg o ta m e n to (da água)
Roue des p ilo n s: Roda dos pilões
T u rb in e des p ilo n s: Turbina dos pilões
Roue Pelton des Pans: Roda P elton dos Tanques
Lavage: Lavação
Riviére: R ibeirão
2 . S e rviç o m é d ic o
3. A lo ja m e n to e h a b ita ç õ e s o p e rá ria s
4 . Im p o s to s e tra n s p o r te d e o u ro
5. C o n s tru ç ã o
C a rp in te iro s 3
Pedreiros e o p e rá rio s de a terro s 4
Total 7
Postos sob as o rd e n s d o ca p a ta z d o canal, esses o p e rá rio s tra b a lh a m nas
m esm as co n d içõ e s e recebem os m esm os salários q u e os d este setor.
6. Pessoal
A d m in is tra ç ã o 6
M ina 306
Usina 27
C anal 13
C o n stru çã o 7
Total d o pessoal 459
7 . C u s to . R e s u m o das o p e ra ç õ e s
EXERCÍCIO 1 8 9 1 -1 8 9 2 M in é r io t r a t a d o : 3 6 .9 7 9
T O N E L A D A S ( c à M 8 IO M É D IO ! 725 R ÉIS P. F R A N C O )
D e s t in a ç ã o
D e s p e s a s a n u a is C U S TO POR TO N ELA D A
A d m in is tra ç ã o 2 8 :3 8 7 $ 0 0 0 8 9 .1 5 4 $768 1 ,0 6 0
E x p lo ta çã o 3 8 9 :6 7 8 $ 0 0 0 5 3 7 ,4 8 5 105538 1 4 ,5 3 5
T ra ta m e n to m e c â n ic o e m e ta lú rg ic o 1 0 6 :2 8 7 5 0 0 0 1 4 6 .6 0 0 25874 3 .9 6 4
M a n u te n ç ã o d o ca n a l 1 1 :1 6 3 $ 0 0 0 1 5 .3 9 7 $302 0 ,4 1 7
Im p o s to e c a rre g a m e n to d o o u ro 2 4 :0 6 3 5 0 0 0 3 3 .1 9 0 $650 0 ,8 9 6
T otal 5 7 0 :5 2 5 5 0 0 0 7 8 6 .9 2 5 155428 2 1 ,2 8 0
EXERCÍCIO 1 8 9 2 -1 8 9 3 M in é r io t r a t a d o : 3 7 .2 2 9 toneladas
(c â m b io m é d io : 725 r é i s p. f r a n c o )
D e s t in a ç ã o
D e s p e s a s a n u a is C usto por to nelada
A d m in is tra ç ã o 3 2 :7 2 8 5 0 0 0 4 1 .9 5 9 $879 1 ,1 2 7
E x p lo ta çã o 4 4 4 :9 5 2 5 0 0 0 5 6 9 .6 4 4 115935 1 5 ,8 0 1
T ra ta m e n to m e c â n ic o e m e ta lú rg ic o 1 4 4 :9 5 2 5 0 0 0 1 8 5 .8 3 4 35893 4 ,9 9 1
M a n u te n ç ã o d o c a n a i 2 0 :5 0 7 5 0 0 0 2 6 .2 9 1 $550 0 ,7 0 5
Im p o s to e c a rre g a m e n to d o o u ro 1 9 :6 4 3 5 0 0 0 2 5 .1 8 3 $528 0 ,6 7 7
Total 6 7 3 :8 6 5 5 0 0 0 8 6 3 .9 2 8 185100 2 3 ,2 0 5
TABELA 2 0 . R E S U M O DAS
N úm ero
N úm ero de A m alg a POR
M É D IO DE C lore
E x t r a íd a s R e j e it a d a s T ratadas D IA S DE m ação T o tal T O N E LA D A
PILÕ ES tação
TRABALHO gram as TRATADA
P O R D IA
1 8 8 5 -1 8 8 5 3 .6 8 6 1 .2 3 6 3 .4 2 4 4 5 6 (a) 12 5 4 .5 8 2 5 4 .5 8 2 15,9
1 8 8 6 -1 8 8 7 1 4 .9 1 5 1 .0 2 4 2 .6 6 2 365 2 4 (b) 6 2 .5 8 4 6 2 .5 8 4 2 3 ,5
1 8 8 9 -1 8 9 0 3 5 .7 2 7 5 .9 8 5 2 3 .8 1 3 362 6 7 ,4 (d) 3 0 8 .8 9 4 3 0 8 .8 9 4 13
1 8 9 1 -1 8 9 2 4 6 .2 4 3 9 .0 7 4 3 7 .5 4 3 3 6 1 ,5 8 9 (f) 4 0 2 .2 5 2 4 6 .5 8 8 4 4 8 .8 4 0 12
1 8 9 2 -1 8 9 3 4 6 .0 1 9 9 .2 6 4 3 6 .9 7 9 3 5 8 ,5 91,1 3 0 7 .0 6 8 4 1 .4 5 7 3 4 8 .5 2 5 9 ,4
Total 2 5 7 .6 2 6 8 .7 9 0 3 7 .2 2 9 3 5 6 ,2 8 9 ,1 7 2 9 4 .5 2 7 5 4 .0 7 5 3 4 8 .6 0 2 9 ,4
M É D IA DE
RÉIS P A R A
FRANCO
E M RÉIS E M FR A N C O S E M RÉIS E M FR A N C O S E M RÉIS E M FR A N C O S
A P Ê N D IC E AO TRATAMENTO M E C Â N IC O E
M ETA LÚ R G ICO
en 1 8 3 4
S t í r i in
"tTsS (alorrvüre) .
T . ÍCS^G. 1800
ik
1
■--------------- - Í S i w » ’» u w u w c g ta e S / u u u ^ e i .
T. 0 , 800=a. 1000 (1250 C. p ar T) T. 10-G. 2 4 0 « 4 G . p ar T ) T. 5 4 ,2G0--a 33 3 & 8 0, p ar T)i
R íjtts
la r i vibre)
C f 5 Ò S ü itc » r a w n d ----- — ——
T.O)TOO-G. 100 (l43G -parT) T. 0,300-^. 130 ^44Gf. p a r T ) T.0,8C 0*G . 60 f S G . p arT )
1
I______
•.0,4ecG.»0(IODO&
T 1 ,7 5 0 *5 :
f - o u i f í <for t>p>W
« . 890
Cr f« iar*e:
<3.1150 (sa,9D 5- p t t pJsU v* f it ü t i*
0 r f r é if it é
ITêuãjton]»--- -
" t ' Í/Í&t-G- 40 í‘4 ) a pai* T )
Q. 3ò0
Liqueur chl<mire<Ftr
342
L e g e n d a d o Q u a d ro 4
T raite m en t du m inerai em 1884 (p e n d a n t une jo u rn é e de 2 4 heures): Tratam ento
d o m in é rio em 1884, d u ra n te jo rn a d a de 2 4 horas.
M inerai ve n an t de Ia m ine: M in é rio proveniente da m ina.
C riblage e tK Ia u b a g e : P eneiram ento e Escolha m anual
Stériles (a la riviere): Estéreis (para o rio)
M enus: Finos
Concasseur: B rítador
Bocards: M o in h o s
le re sT o ile s : Primeiras telas
1s Tables Retilignes: Primeiras mesas retilíneas
2s (3s, 4s ) Tables retilignes: Segundas (Terceiras, Q uartas) mesas retilíneas
Caisse de d é p ô t: Caixa de depósito
Rejets (à Ia rivière): Rejeitos (para o rio)
Résidus de sables riches: Resíduos de areias ricas
Sables concentrés: Areias concentradas
Sables trés riches: Areias m u ito ricas
Four de grillagé: U stulador
Sables à griller: Areias para ustular
Sables grillés: Areias ustuladas
Poudre d 'o r im pu r: Pó de o u ro im p u ro
Tonneau de C h lo ru ra tio n : Tonel de cloretação
O r en barres: O uro em barras
Liqueur chlorisse d 'o r e t résidus paures: Licor de clo re to de o u ro e resíduos pobres
Résidus (à Ia rivière): Resíduos (para o rio)
O r précípíté: O u ro p re cipitado
Liqueur ch lo ru re d 'o r: Licor de clo re to de o u ro
P récipitation: Precipitação
du os se a c u m u la m em caixas de d e p ó s ito situadas a se guir; b) as areias densas re
tid a s sobre as p rim e ira s mesas vã o ig u a lm e n te para um a caixa de d is trib u iç ã o e
passam para as terceiras mesas, o n d e são re tid a s as areias co n ce n tra d a s, e n q u a n
to as fin a s vão para o rio; c) e n fim , as areias po bres {ta ilin gs ), q u e escaparam à
ação das p rim e ira s mesas, passam d ire ta m e n te para as q u a rta s mesas, o n d e é re
tid a um a p a rte das m esm as sob a fo rm a de areias co n ce ntrad a s, e n q u a n to os re
síduos po bres co rrem para o rio.
As areias m u ito ricas vã o para a lavação na b a te ia e um a vez d e se m b a ra
çadas do o u ro livre, são enviadas para o fo rn o de ustu la ção , o n d e passam ig u a l
m e n te os resíduos a cu m u la d o s nas caixas de d e p ó s ito das segundas mesas, bem
co m o as areias co n c e n tra d a s das te rce ira s e q u a rta s mesas.
A seqüência do tra ta m e n to é a m esm a já vista a n te rio rm e n te . A ssim , o c o r
re supressão c o m p le ta da a m a lg a m a çã o e das operações q u e dela d e p e n d e m ,
c o m o o a b a n d o n o da p u lve riza çã o nas bacias. Reaiiza-se um e co n o m ia c o n s id e
rável de m ã o -d e -o b ra , devida às diversas m a n ip u la çõ e s e xig id a s p e lo e m p re g o da
a m a lg a m a çã o , q u e é, em p a rte , co m p e n sa da pe lo a u m e n to d o pessoal necessá
rio à lavação das areias na b a te ia ; em co m p e n sa ção , não se te m m ais perda de
m e rcú rio , de m o d o q u e a e c o n o m ia nesse aspecto é c o m p le ta . E n fim , um a v a n
ta g e m co n siderável é devida à m e lh o ria d o re n d im e n to , o q u e é e vid e n c ia d o pe lo
q u a d ro e s q u e m á tico d o tra ta m e n to , que m o stra q u e a perda cai para 2 8 % ; em
co m p a ra çã o co m a Tabela 5, vê-se de fa to q u e a s im p lifica çã o tra z id a ao tr a ta
m e n to p e rm itiu re d u z ir a perda de 3 4 para 2 8 % .
EXERCÍCIO 1 8 9 3 -1 8 9 4
O u ro livre 3 0 0 .6 2 3 gram as
O u ro de clo riza çã o 1 0 2 .4 4 4
O u ro to ta l 4 0 3 .0 6 7
Teor de o u ro p o r to n e la d a tra ta d a 1 0 ,8 5 g ra m a s
V a lo r d o o u ro to ta l 1 .2 0 5 .5 0 0 fra n co s
JULHO 1894
P rodução de o u ro em barras:
O u ro livre 3 3 .5 6 6 gram as
O u ro de c lo re ta çã o 8 .0 8 8
O u ro to ta l 4 1 .6 5 4
R e n d im e n to de o u ro p o r to m elada tra ta d a 1 0 ,4 6 gram as
V a lo r d o o u ro to ta l 1 2 4 .9 0 0 fra n co s
M in é rio tra ta d o : 4 7 .7 7 2 to n e la d a s
P rodução de o u ro 4 9 9 .8 4 8 g ra m a s (em barras)
Em bora os novos e q u ip a m e n to s , d u ra n te o p rim e iro m ês de fu n c io n a m e n to , não
te n h a m a lca n ça do o re n d im e n to q u e deles se p o de esperar, q u a n d o em fu n c io
n a m e n to re g u la r p o d e m o s, to d a v ia , co m p a ra r os n ú m e ro s o b tid o s co m aqueles
dos trê s ú ltim o s exercícios, d u ra n te os quais o m in é rio tra ta d o fo i de um te o r mais
ou m enos co n sta n te . V e rifica m -se as v a n ta g e n s alcançadas p e lo n o vo tra ta m e n to
e o a u m e n to da p ro d u ç ã o d e v id o ao e m p re g o dos novos a p a re lh o s (Tabela 21).
Pr o d u ç ã o de O uro e m Barras
V alor da
E x e r c íc io M i n é r io t r a t a d o
produção
POR TO N E LA D A
total
TRATADA
to n e la d a g ra m a s g ra m a s fra n c o s
1 8 9 1 -1 8 9 2 3 6 .9 7 9 3 4 8 .5 2 5 9 ,4 0 1 .0 9 1 .9 5 0
1 8 9 2 -1 8 9 3 3 7 .2 2 9 3 4 8 .6 0 2 9 ,4 0 1 .0 8 8 .0 0 0
1 8 9 3 -1 8 9 4 3 7 .1 1 9 4 0 3 .0 6 6 1 0 ,8 5 1 .2 0 5 .5 0 0
J u lh o 1 8 9 4 x 12 4 7 .7 7 2 1 4 4 9 .8 1 8 1 0 ,4 6 1 .4 9 8 .8 0 0
Há g ra n d e n ú m e ro de citações, em no ta s de pé de p á gina da o b ra de W .
L. Eschw ege, P lu to Brasiliensis, no tra b a lh o de P. Ferrand,. As citações, em sua
m a io r p a rte , referem -se à títu lo s de ca p ítu lo s d o P lu to e e stão em a le m ã o . Há um a
tra d u ç ã o fe ita p o r D o m íc io de F ig u e ire d o M u rta , que to m a m o s co m o re fe rê n cia ;
desse m o d o , as citações de E schw ege, o rig in a lm e n te em a le m ã o , vêm aqui
tra d u zid a s . Em a lg u ns casos a p re se n ta m o s um a tra d u ç ã o a lte rn a tiv a (fe ita p o r F.
E. Renger e revisada p o r J. H. G rossi Sad), que ju lg a m o s m ais a d e q u a d a q u e a q u e
le p u b lica d a . Nas no ta s q u a n d o aparece m e n c io n a d o o n o m e E schw ege, isolado,
0 te x to de re fe rê n cia é o P lu to Brasiliensis.
A s o b ra s cita d a s, do s d ive rso s a u to re s , c o n s ta m das "R e fe rê n cia s
B ib lio g rá fic a s ", P. Ferrand é um dos poucos a u to re s a n tig o s q u e fo rn e c e m b ib li
o g ra fia (inclusive n ú m e ro da p ágina d o te x to c o n s u lta d o ). C o n tu d o , em a lg u ns
casos, fa lta m dados na m esm a. Por isso, a b ib lio g ra fia fo i d e tid a m e n te exa m in d a
e c o m p le ta d a p o r F. E. Renger.
O revisor p re fe riu n u m e ra r de m o d o c o n tín u o as no ta s de pé de p á g in a do
te x to o rig in a l. Estão n u m e ra d a s de 1 a 123 e id e n tific a d a s em relação à p a rte do
te x to a q u e se re fe re m (P rim eira, S egunda ou Terceira Parte).
S e g u n d a P a rte
T e rc eira P a rte
113 Ver o m apa dos p rin cip a is fa z im e n to s a u rífe ro s nos a rre d o re s de O u ro Preto. O
O u ro em M ina s G erais, P rim eira Parte.
114 M e zg e r
115 E schw ege, 1832.
116 Esse ta b e la (Tabela 1) fo i resum ida de diversos d o c u m e n to s g e n tilm e n te
fo rn e c id o s pe lo c a p itã o de m in a M a rtin , a n tig a m e n te lig a d o a essa c o m p a n h ia .
117 M o n c h o t
118 O p a /m o te m 0 ,2 2 m .
119 A o câ m b io m é d io de 7 2 5 réis p o r fra n c o , no exercício de 1 8 9 1 -1 8 9 2 , ao q u al
c o rre s p o n d e m os diversos salários a p re sentados.
120 M é to d o b ra sile iro de tra ta m e n to d ire to dos m in é rio s de fe rro em p e q u e n o s
ca d in ho s. (Ver a descrição no G énie C ivil, t. IV, n° 4, p. 55).
121A análise desse p re c ip ita d o b ra n c o fo i fe ita n o la b o ra tó rio da Escola de M ina s
de O u ro Preto, p e lo Sr. C arlos T ho m a s de M a g a lh ã es G om es, re c o n h e c e n d o que
era um a rs e n ia to á cid o de fe rro .
122 A o câ m b io m é d io de 7 8 0 réis p o r fra n c o , n o exercíco 1 8 9 2 -1 8 9 3 , ao q u a l c o r
re sp o n d e m os diversos salários re p o rta d o s ,
123V er p ro c e d im e n to de fa b rica ç ã o d o carvão, especial em M ina s G erais, n o G énie
C ivil, to m o V, n. 2 5 , p. 4 1 8 . In d u strie du fe r au Brésil (E studo d o m é to d o ita lia n o ).
G L O SSÁ R IO
J. H. G R O S S I SAD
Caeté: D esignação de várias plantas; indígena da trib o dos caetés, da a n tiga ca p ita
nia de Pernam buco.
Calcita: Um m ineral, ca rb o n a to de cálcio.
C anga: Rocha fo rm a d a pela cim e n ta çã o de fra g m e n to s de ta m a n h o variado, de
h e m a tita e /o u ita b irito . O c im e n to é o o x id o de fe rro , em geral h id ra ta d o . A lé m
deste tip o de canga elástica, há um a canga quím ica não fra g m e n tá ria co n stitu íd a
p o r ó xid o h id ra ta d o de fe rro . As cangas p o d e m capear d e pósitos de ita b irito ou
de h a m a tita .
Canoa: Escavação p o u co p ro fu n d a , fe ita na te rra , usada para lavar areias auríferas.
C apitação: Im posto pago p o r cabeça.
C apitania (hereditária): Cada um a das prim eiras divisões a dm inistrativas d o Brasil,
das quais derivaram as províncias e os atuais estados.
Carta Régia: O rd e n am e nto escrito, enviado pelo rei de P ortugal a seus g o ver
nadores provinciais.
C arum bé: Caixa usada para tra n s p o rta r cascalho para ser lavado, nas catas de o uro
ou de d ia m a n te. Escreve-se, ta m b é m , calum bé.
Casa de fu n d iç ã o : Local criado pela a d m in istração portugesa o n de se fu n d ia (após
d edução do q u in to ) e se purificava o o u ro , apresentado em barras.
Casa de p e rm u ta : Local de troca de o u ro p o r um p a g a m e n to parcial e/ou o n de se
o b tin h a a u torização para tra n s p o rta r o m esm o.
Cascalho: S edim ento elástico não co n so lid a do , com grãos (partículas) m aiores que
2m m . C o n stitui-se de g rânulos (2 -4 m m ), seixos(4-64m m ), m egaseixos (6 4 -2 5 6 m m )
e m atações (> 2 5 6 m m ).
Cascalho bravo: M istura de cascalho e areia, q u e fo rm a cam ada re co b rin d o o cas
calho "ric o " (aurífero).
Cata: Escavação em aiuvião, de fo rm a a fun ilad a .
Cavadeira: Cinzel de fe rro , de p o nta chata e co rta n te.
C ham iné: A plicada a fiiões, a palavra significa co rp o a p ru m a d o, de fo rm a cilíndrica.
C h u la n o: O m esm o que enxó.
C opelação: O peração de separação de m etais preciosos, sob a q ue cim e nto , em um
ca d in ho ch a m a d o copela.
C rocoita (Crocoise, em francês): Tam bém cham ada C h u m b o V erm elho da Sibéria.
C ro m a to de c h u m b o , um m ineral que ocorre em escamas ou pequenos cristais de
cor verm elha ja cin to , transparentes e frágeis, com b rilh o a d a m a n tin o e co m traço
(cor do pó) alaranjado.
C ureta: Espécie de co lh e r usada para lim p a r furos.
Faiscador: Pessoa que lava cascalho ou areias auríferas, à procura de faíscas (pal
hetas) de ouro.
Ferro especular: H em atita (óxido de ferro) da variedade especular (especularita), de
b rilh o m e tá lico e cor preta. N om e fo ra de uso.
Filão: Ver d e fin içã o de veio.
Finta: Espécie de im p o sto ou encargo pecuniário.
Fratura: D escontinuidade em um co rp o rochoso.
Frente de lavra (em francês, dépilage): A b e rtu ra subterrânea na qual se extrai
m inério. Pode ser fe ita para cim a (a p a rtir do nível de tra b a lh o , para o m iné rio
superjacente) ou para baixo (a p a rtir d o nível de tra b a lh o , para o m iné rio subja
cente). Feita em degraus, cham a-se estope. Na lavra a céu aberto, corresponde às
porções da jazida subm etidas à extração.
Ita b irito : Rocha m e ta m ó rfica , co n stitu íd a p or alternâncias (lâm inas) de q u artzo com
ó xid o de fe rro (h e m a tita e/ou m a g n e tita ). O a rra n jo a lte rn a d o claro e escuro c o n
fere notável aspecto listrado à rocha.
Ita co lo m ito ; V ariedade xistosa e flexível de q u a rtzito , co n te n d o m inerais micáceos
(m ica, clo rita) em adição ao c o n stitu in te p rincipal, q u a rtzo . Na realidade, o nom e é
im p ró p rio , pois os q u a rtito s da Form ação Itacolom i não são flexíveis; os q u artzito s
flexíveis da área de O uro Preto p e rtencem à Form ação M o e d a . O nom e não é
usado a tua lm e nte .
Itaipava: C am ada rochosa mais branda, encaixada em rocha mais dura, que atrav
essa um rio, de m argem a m argem , fo rm a n d o um a depressão.
X isto: Nom e geral de rochas m e ta m ó rficas foliadas, e stru tu ra essa derivada da pre
sença de m inerais lam elares (micas, cloritas, ta lco ) q u e tê m h á b ito em escamas. O
xisto se parte em folhas, paralelam ente ao a rra n jo fo lia d o dos m inerais (xistosi-
dade). M u ito s xistos, ao se d e com p ore m , a d qu irem aspecto argiloso.
X istosidade: A rra u jo planar, m u ito bem desenvolvido, de m inerais lam elares e/ou
prism áticos.
REFERÊN CIAS B IBL IO G R Á FIC A S
F. E. R E N G E R
m u ito s i l l em x negro
C uiaba C a e te S aint JoE i d El Rey M in in g C o m p a n y Ltd qz em grãos fin o s e pir 12 5 5 5 lav
co m p a cto
E spirito Santo S a b a ra O u ro Pre o G o ld M in e s o f Brazil Lim ited qz g ra n u la r bra nco e pir collunas nos x NS 35E 3-8 par
Faria S a b a ra Soc ete des M in e s d o r de Faria qz arenoso b ra nco e qjt NS 8E $60E 8 16 7 7 lav
II - FILÕES DE QUARTZO A U R ÍF E R O
A n to m o Pereira O uro Preto P a u la C a s tro q tz t 'c - c o veios p e q ^ e -c s em x a g csos par
C arvalho Caete Emp eza de M in e ra çã o de Caete g z algum a q z ç sos s c s c? pe quenos filoe s nos x WE 26 par
C atta Branca O uro Preto Brasil [an C o m p a n y (a n te rio rm e n te ) q z co m a s t s. e .t x m icaceo N1SW N 8 0 -8 5 W 12 8 par em 1844
C atta Preta M ariana Jose C o tta e outros qz c o - z_ OU NE S40 58E 2-5 par
Falcão O uro Preto C om r a nhia M in e ra lu rg ic a Brasileira Qtz a 'g jm a q z fil diversos 1-2 par
L a g o a D o u ra d a Tiradentes E m p re z a d e M ijn e ra ç ã o d o M u m c p io d e T ira d e n te s q tz a lg u m a q ü m u ito s filoes-cam ada em x verde N60E S 30E S 6 0 -8 S E 0 1-1 par
• 'o c o C=~ e o fz fe r r u g n o s o filõe s-cam ada e n x a 'g 'oso N30E S 60E S 40E par
S ão J o ã o d e G u a n h ã e s Serro g z c o m p ir par
V e lo s o O u r o P re to 02 ita aband
B ru c u tu S a n ta B a rb a ra ja c aband
C o rr e g o S M ig u e l S a n ta B a rb a ra IV o r ro G ra n d e S y n d ic a te ja c expl
jac co m o x id o de M n linhas e ag o rre ados
G o n g o S oco S a n ta B a rb a ra Im p e ria l B ra z ilia i M in in g A s s o c ia tio n ( a n te r io r m e n te ) ita WE 3 0 -5 0 S 90 aband
de A u Pd
Ita b ira d e M a t t o D e n tr o Ita b ira A s s o c k ç ã o B ra s ile ira d e M in e ra ç ã o c a n g a ita e q z g r a n J a r ita N45W N45E par
ita e qz fnavel (m) NE 2 0 -3 6
M a q u in e M anana D o n P e d ro G o ld M in in g C o m p a n y L im .te d ja c g rã o s e Im h a d e A u ita m icaceo e qz b ra n co (t) N 2 7 -3 0 W par
Taquanl S ao a ra ja c c o m o x id o d e ? *n
IV - CAMADAS DE ALUVIÃO A U R ÍF E R O
B a rro A lto C am panha case e a '9 \ e r ~ e - a aband
D ezem boque S a c ra m e n to | a re g r ã o e p e p ta s v s e s c e A u l av