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1 INTRODUÇÃO

Apendicite é a inflamação do apêndice cecal, uma bolsa em forma de verme do


intestino grosso. A apendicite mais comum é a apendicite aguda, que apesar de poder
ocorrer em qualquer idade, é muito mais comum na adolescência. É extremamente
comum, afectando mais de 7% de toda a população em algum momento das suas vidas.
A apendicite crónica é na verdade composta de apendicites subagudas repetidas,
que levam a inflamação continua.

Etiologia

Até recentemente julgava-se que as apendicites surgiam após obstrução


continuada do seu lúmen por uma massa sólida. Hoje sabe-se que as obstruções
permanentes serão responsáveis apenas por uma minoria dos casos. Por possuir seu
óstio no ceco, pode entrar e ficar retido um fecalito ou coprolito (pequena pedra de fezes),
ou mais raramente um pequeno parasita intestinal, dificultando seu esvaziamento. Outras
causas são cálculos da vesícula biliar, ou aumento de volume dos gânglios linfáticos
locais. As bactérias que permaneceram na luz do apêndice produzem gases que ficam
retidos na cavidade, causando distensão da parede do apêndice e dor. Este aumento da
pressão dentro do lúmen do órgão gera isquemia (déficit de oxigênio). Após várias horas
de deficiência de oxigênio, a isquemia transforma-se em necrose (morte das células), que
estimula maior multiplicação das bactérias. A maioria dos casos deverá ser devido à
infecção directa do apêndice aberto ou após breve obstrução.

Complicações

A complicação mais comum é a perfuração livre do órgão para a cavidade


peritoneal, com extravassamento de fezes e pus para fora da alça intestinal. As bactérias
invadem o liquido peritoneal (peritonite).
Outra complicação é a invasão do sangue com septicemia e coagulação
intravascular disseminada.
Formação de abcesso bacteriano.
Trombose da veia porta.

Diagnóstico

O diagnóstico de apendicite é difícil devido ao grande número de casos que


apresentam apenas alguns, ou até nenhum sintoma específico até muito tarde na
progressão da doença. As apendicites com poucos sintomas são mais freqüentes em
idosos ou crianças pequenas. Outro problema é que o apêndice pode ter localizações
raras, o que dificulta a atribuição de uma dor num local onde ele não seja comum (como
no lado esquerdo). Contudo, a apendicite, se não tratada, é muitas vezes mortal, e
mesmo as apendicites atípicas são mais frequentes que qualquer outra causa de ventre
agudo, logo são sempre diagnosticadas cerca de 20% de falsas apendicites.
Os sintomas clássicos (que, como foi dito, ocorrem em uma minoria) são:
- Dor difusa contínua no abdôme, junto do umbigo, movendo-se por vezes para o
quadrante inferior direito (fossa íliaca direita) após algumas horas (no ponto de
MacBurney). Por vezes é muito moderada em intensidade.
- Sensibilidade ao toque no ventre, por vezes com alguma defesa dos músculos.
(sinal de Blumberg)
- Náusea e vômito.
- Febre baixa.
- Falta de apetite
Estes sintomas geralmente se agravam com a progressão da doença.
Análises do sangue poderão mostrar leucocitose (aumento da quantidade de leucócitos).
Em casos duvidosos é aconselhável uma tomografia computadorizada (TC) abdominal,
que mostrará a parede do apêndice edemaciada (inchada). Entretanto, o uso de TC em
mulheres grávidas e em crianças é significativamente limitado, devido a questões
envolvendo exposição à radiação.
Sinais apresentados
- Sinal de Rovsing
- Sinal de Blumberg
- Sinal do psoas
- Sinal do obturador

Diagnóstico Diferencial

São outras condições que podem dar sintomas que simulem uma apendicite:
- Salpingite aguda (infecção das tubas uterinas)
- Doença inflamatória pélvica como a (Adenite mesentérica)
- ITUs (infecções do sistema excretor (antigo trato ou aparelho urinário)
- Dismenorréia (menstruação alterada com dores intensas)
- Isquemia mesentérica (do intestino por acidente vascular ou volvo)
- Hérnia intestinal
- Colecistite aguda
- Enterocolite
- Gravidez ectópica
- Diverticulite

Exames

A maioria dos pacientes com apendicite aguda mostra alteração no hemograma,


caracterizada por aumento do número das células de defesa (leucócitos), que variam de
10000 a 20000 células (o normal é de até 10000 células). O exame de urina também pode
mostrar alteração, devido ao contato do apêndice inflamado com o ureter e a bexiga.
Quanto aos exames de imagem, os mais utilizados atualmente são a ultra-
sonografia e a tomografia computadorizada de abdome. Estes exames mostram o
espessamento do apêndice e a presença de pus ao seu redor (abscesso). Além disso,
estes exames também são úteis para o diagnóstico de outras doenças que causam dor
abdominal, e que podem ser confundidas com apendicite, principalmente nas mulheres
(cisto de ovário, gravidez tubária). Os estudos atuais mostram que a tomografia
computadorizada mostra maior eficácia do que a ultra-sonografia para os diagnósticos de
apendicite aguda.
Tratamento

Apendicectomia aberta (não laparoscópica) em curso

O tratamento da apendicite é a retirada do apêndice,podendo ou não ser seguido


de antibioticoterapia na dependência do aspecto do apêndice no intra-operatório.
Atualmente, o método indicado para a realização da apendicectomia, retirada do
apendice, é a cirurgia vídeo-laparoscópica, realizada através de 3 pequenas incisões, e
com o auxílio de um monitor. Este tipo de cirurgia permite uma recuperação mais rápida,
devido ao pequeno tamanho das incisões, além de um melhor efeito estético. Além disso,
a cirurgia vídeo-laparoscópica permite a inspeção de toda a cavidade abdominal,
excluindo-se assim, outras causas de dor abdominal que não a apendicite. Nos casos em
que há um abscesso, há a necessidade de colocação de dreno para o completo
esvaziamento do pus da cavidade abdominal.
O tempo de internação varia de 24 a 72 horas em média, dependendo da
recuperação do paciente e do grau de contaminação da cavidade abdominal (presença de
pus no momento da cirurgia).

Pós-operatório

A recuperação de pacientes que foram operados é relativamente rápida,em


apendicites em fase inicial operados por cirurgia laparoscópica,a alta poderá ser prescrita
até mesmo no dia subsequente a cirurgia,retornando o paciente às suas atividades
habituais com brevidade; atividades esportivas são liberadas após 3 meses do
procedimento.

Anatomia Patológica

O exame do apêndice retirado na cirurgia serve de confirmação do diagnóstico. Há


infiltrado inflamatório constituido por neutrófilos, congestão dos vasos, edema e serosa
avermelhada. Em casos avançados (denominados apendicites supurativas agudas) há
grandes quantidades de pus intraluminais, e áreas de necrose da parede.

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