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CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO EUROPÉIA

SUMÁRIO: 1) Antecedentes da Constituição Européia; 2) Prefácio e Preâmbulo; 3) Parte


I da Constituição; 4) Carta dos Direitos Fundamentais da União Européia; 5) Políticas e
Funcionamentos da União; 6) Espaço de Liberdade Segurança e Justiça; 7) Ação Externa da
União Européia; 8) Instituições da União Européia; 9) Disposições Gerais e Finais; 10)
Conclusão
PALAVRAS CHAVES: União Européia; Formação da Comunidade Européia; Direitos
Humanos; Política Interna e Ação Externa da União Européia ; Instituições e
Funcionamento.
INTRODUÇÃO:
O presente artigo tem por objetivo analisar os principais pontos em que se fundamentam a
política, a sociedade, e a economia, oriundos da junção dos estados nações da União
Européia em torno de uma única Constituição. Segue, dessa forma, o exame de cada parte
da Constituição da União Européia, iniciando-se pelo preâmbulo e finalizando nas
disposições gerais e finais.
1) ANTECEDENTES DA CONSTUIÇÃO EUROPÉIA:
A formação e a evolução da Comunidade Européia representa uma das mais bem sucedidas
empreitadas de integração regional, que culminou na definição de uma Constituição para a
União Européia.
O processo de integração européia teve seu início com a declaração de Robert Shuman,
ministro francês das Relações Exteriores, em maio de 1950, com vistas a construção
progressiva de uma Europa integrada, preparando a criação de uma união política de todos
os países da Europa, em termos de uma federação européia.
A proposta da França para a criação do mercado comum do carvão e do aço foi bem
acolhida na Alemanha, na Itália e nos três países integrantes do BENELUX _ a Bélgica, os
Países Baixos e Luxemburgo. Em 18 de abril de 1951, foi assinado em Paris o tratado que
instituiu a Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA).
Para ampliar a integração européia a toda economia, foram assinados em Roma, em março
de 1957, os dois tratados que instituíram a Comunidade Econômica Européia ( CEE), o
“motor da construção européia”, pela sua natureza da tratado-quadro ou Tratado-
constituição,objetivando a criação de um mercado comum.E a Comunidade Européia da
Energia Atômica ( CeeA ou Euratom), que propunha-se a promover na Europa a utilização
da energia nuclear para fins pacíficos.
Ao longo dos anos, vários tratados de adesão foram aumentando, significativamente, o
número de países-membros da Comunidade Européia, que passou a ser chamada de União
Européia.
Em 7 de fevereiro de 1992, foi assinado em Maastricht, o Tratado da União Européia,
firmado pela Bélgica, pela Dinamarca, pela Alemanha, pela República Helênica, pela
Espanha, pela França, pela Irlanda, pela Itália, por Luxemburgo, pelos Países Baixos, por
Portugal, pela Grã-Betanha, e pela Irlanda do Norte, entrando em vigor em 1º de novembro
de 1993. O tratado assinala uma nova fase no processo de integração européia imposta pela
necessidade de “ criação de bases sólidas para a construção da futura Europa.”
Tomadas em consideração todas as inovações no seu conjunto, podemos dizer que a União
Européia, verdadeiramente, refundou-se e reordenou-se através da Constituição Européia.
Unificação institucional, pondo fim ao dualismo Comunidade Européia – União Européia,
fusão dos respectivos tratados, melhor definição de princípios e das atribuições,
incorporação da carta de direitos fundamentais, maiores poderes do parlamento europeu,
maior papel dos cidadãos ( direitos fundamentais, iniciativa legislativa popular)_ Eis o
conjunto de pontos principais que fazem da União Européia um notável passo em frente na
transformação da EU em uma entidade política plurifuncional (e não somente voltada a
fins econômicos, como era inicialmente a CEE)1.
2) PREFÁCIO E PREÂMBULO:
O prefácio da Constituição Européia é uma espécie de texto introdutório, com certo teor de
contextualização histórica da própria necessidade e convocação da Convenção Européia
que remonta à Laeken (Bélgica)2, em 14 e 15 de Dezembro de 2001, onde constatou-se que
a União Européia se encontrava em uma encruzilhada decisiva de sua existência, fazendo-
se necessário, então, convocar-se a Convenção Européia sobre o futuro da Europa3.
A referida convenção apontou as seguintes propostas para as questões levantadas na
declaração de Laeken, assim determinadas no texto: propõe uma melhor repartição e
definição das competências da União e dos Estados-Membros; recomenda a fusão dos
trabalhos e a atribuição de personalidade jurídica à União; estabelece a simplificação dos
instrumentos de ação da União e propõe medidas destinadas a reforçar a democracia, a
transparência e a eficácia da União Européia, desenvolvendo a contribuição dos
parlamentos nacionais para a legitimidade do projeto europeu, simplificando o processo
decisório, tornando o funcionamento das instituições européias mais transparente e mais
compreensível.

Numa regra geral, os preâmbulos constitucionais destinam-se a sintetizar, sumariamente, os


grandes fins da constituição. Em outra vertente, o preâmbulo da CE, em sua especificidade,
apresenta-se mais como uma certidão de origem e legitimidade, apresentando-se ainda
como um protocolo relativo à aplicação da subsidiariedade e da proporcionalidade, como
pode -se ver no trecho em que transcrevemos:”Conscientes de que a Europa é um
continente portador de civilização (...), Inspirando-se nas heranças culturais, religiosas e
humanistas da Europa (...).Convencidos de que a Europa, agora reunida, tenciona progredir
na via da civilização, do progresso e da prosperidade a bem de todos seus habitantes (...).
Certos de que “unida na diversidade”, a Europa lhes oferece as melhores possibilidades de,
respeitando os direitos de cada um e estando cientes das suas responsabilidades para com as
gerações futuras e para com a Terra, prosseguir a grande aventura que faz dela um espaço
privilegiado de esperança humana,(...).

3) PARTE I DA CONSTITUIÇÃO:
A primeira parte da Constituição Européia se destina a definir a União, apontar seus
objetivos e traçar sucintamente as competências dos órgãos e das instituições, já que na

1
António Vitorino, membro da Comissão Européia responsável pela justiça e assuntos intermos.
2
Em 15 de dezembro de 2001, o Conselho Europeu, reunida em Laeken, adotou uma ‘ declaração sobre o
futuro da União Européia, ou também chamada de Declaração de Laeken.
3
Prefácio da Constituição da União Européia.
Parte III este tema é tratado pormenorizadamente. Alguns assuntos merecem destaque desde
já.
Interessante é analisar a competência da União, a qual apresenta dois níveis. Em certas
questões4 como, por exemplo, funcionamento do mercado interno e política comercial
comum, ela atua com exclusividade no estabelecimento de regras. Em outras, todavia,
compartilha sua competência com os Estados-Membros, isso significa que esses só são
competentes em determinadas matérias na medida em que a União não tenha exercido a sua
competência ou tenha decidido deixar de exercê-la5. Aqui reside uma grande celeuma, visto
que em áreas de suma importância e urgência, como energia, ambiente e defesa dos
consumidores6, os Estados-Membros ficam, de certa maneira, impedidos de agir.
Também a política externa e de segurança provoca discussões profundas. Os Estados-
membros são obrigados a apoiá-la ativamente e sem reservas. Além disso, foi novamente
proclamado que a política da União respeitará as obrigações decorrentes da OTAN7,
conforme já havia disposto o Tratado da União Européia8; para muitos, consagra-se, com
isso, a dependência do projeto de defesa européia a tal organização.
Há também que se ressaltar o processo legislativo criado de co-decisão9 entre o Parlamento
Europeu e o Conselho de Ministros- instituições da União que serão posteriormente
detalhados – pelo qual ambos se encontram em pé de igualdade. Contudo, em certos
domínios legislativos fundamentais ao Parlamento só cabe emitir pareceres, pode-se citar a
fixação de preços agrícolas e a matéria fiscal.
Por fim, é importante destacar que a Conferência Intergovernamental10 enfrentará ainda a
objeção de países, como a Finlândia, a Áustria, a Suécia e a Polônia, em duas outras
questões essenciais. A primeira se refere ao fator populacional empregado quando o
Conselho Europeu e o Conselho de Ministros deliberarem por maioria qualificada, pois
esta se configura com a maioria dos Estados que representem, no mínimo, três quintos da
população da União11. Países pouco populosos, ficarão, em conseqüência disso,
subordinados a Estados como o Alemão e o Francês. A Outra controvérsia consiste na
redução do número de comissários com direito a voto justamente num momento em que ----
novos membros aderem à União
4) CARTA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPÉIA:
A carta dos direitos Fundamentais não apresenta nenhuma grande inovação face à Carta de
200012, as poucas mudanças foram de redação para lhe adaptar à nova estrutura institucional
da União conferida pela Constituição. É por tal motivo muito criticada.
4
Artigo 12, Parte I, Projeto de Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa ,Jornal Oficial n° C
169 de 18 de Julho de 2003.
5
Ibid., Artigo 11, segundo parágrafo, Parte I.
6
Ibid., Artigo 13, Parte I.
7
O tratado que criou a Organização do Tratado do Atlântico Norte foi assinado em 4 de abril de 1949 em
Washington, nos Estados Unidos e é formada por 26 países.
8
Artigo 17 do Tratado da União Européia, Jornal Oficial nº C 325 de 24 de dezembro de 2002.
9
Artigo 19, item 1, e artigo 22, ambos da Parte I, Projeto de Tratado que estabelece uma
Constituição para a Europa ,Jornal Oficial n° C 169 de 18 de Julho de 2003.
10
Segundo o artigo 48, primeiro parágrafo, do Tratado da União Européia, Jornal Oficial º C 325 de
dezembro de 2002, no âmbito dessa Conferência os Estados –membros negociam as reformas dos tratados.
11
Artigo 24, Parte I, Projeto de Tratado que estabelece uma Constituição para a Europa ,Jornal Oficial n° C
169 de 18 de Julho de 2003.
Em alguns artigos se inseriu referência às agências da União, não apenas às instituições e
órgãos13. Em outros momentos, em vez de falar em direito comunitário ou dos Tratados da
União e da Comunidade Européia, emprega-se os termos direito da União e se faz remissão
ao próprio texto constitucional14.
Essa Carta é inserida no texto com força vinculativa. Tal fato assegura certeza jurídica na
proteção dos direitos dos cidadãos relativamente aos atos das instituições européias. Por
outro lado, é conferido competência à União para aderir à Convenção Européia dos Direitos
do Homem e aceitar a jurisdição do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, o que
constitui um controle externo dos atos da União, os direitos da pessoa ganham, então, maior
proteção.
A inovação exposta é de grande relevância, visto que comprova a fixação do ser humano
como cerne das ações da União, o que também se evidencia pelo expurgo da pena de morte
do contexto dos Estados-Membros, pela proibição de práticas eugênicas e da clonagem
reprodutiva e pela proibição de afastamento, expulsão ou extradição para Estado onde a
pessoa corra sério risco de ser sujeita à pena de morte, a tortura ou a outros tratos ou penas
desumanas ou degradantes.
Veda-se a discriminação em suas mais variadas formas: de cor, etnia, credo, sexo, origem
social, opinião, língua, nascimento, idade e, muito propriamente inserida na Carta, de
características genéticas e de orientação sexual. É proibida também a discriminação por
motivo de raça, termo este anacrônico dado à ciência há muito Ter negado a existência de
raças na espécie humana; constitiu, então, expressão inaceitável em uma constituição
recentemente elaborada.
Declara-se a liberdade de associação, de reunião, de religião e convicção, de expressão e
informação, de profissão, de empresa, de pensamento, de artes e ciência e de circulação e
permanência de pessoas. Asseguras-se o direito de petição, de resposta na mesma língua, de
juiz natural e imparcial, dentre outros.
Proclamou-se também direitos sociais e políticos de que são exemplos: direitos de asilo, de
educação, de propriedade, da criança viver em contato com ambos progenitores, dos idosos,
de trabalho e ação coletiva, de proteção à saúde, de eleição, etc.
Diversos são os setores descontentes com a atual redação – ambientalistas, grupos ligados
ao progresso da ciência e da tecnologia, associações de apoio às crianças e aos idosos,
católicos etc – devido a impropriedades terminológicas, omissões ou falta de profundidade.
Todos esses problemas devem evidentemente ser analisados pela Conferência
Intergovernamental, o que não se pode olvidar é que o sentido de uma Constituição se dá
mais pelo valor que as instituições e o povo souberem lhe dispensar, tendo em vista tratar-
se de um sistema em construção, do que por seu sentido literal.
5) POLÍTICAS E FUNCIONAMENTOS DA UNIÃO:

12
Segundo site oficial do Parlamento Europeu, a Carta dos direitos Fundamentais da União Européia, Jornal
Oficial nº C364 de 18/12/2000, p.1 à 22, foi elaborada e aprovada por uma Convenção composta por
representantes do parlamento Europeu, dos Parlamentos nacionais, dos Estados-membros e da Comissão
Européia, sendo solenemente proclamada no Conselho Europeu de Nice de Dezembro de 2000. É considerada
pelo PE como embrião de uma verdadeira Constituição.
13
É o que se observa nos artigos 43 e 51 da Carta dos Direitos Fundamentais, que é a Parte II da Constituição
14
são exemplos: os artigos 16 e o 52, segundo parágrafo, da Parte II
A UE constituída por 25 paises atualmente, iniciou-se com o objetivos apenas econômico e
monetário, ampliando-se, consideravelmente, com a inserção de novos domínios, como a
cultura, a informação, a defesa de consumidores, a segurança, a energia, o meio ambiente,
as relações internacionais e o desenvolvimento cientifico e tecnológico, até alcançar a
amplitude e a complexidade que apresenta hoje. Daí as profundas implicações no campo da
sociologia jurídica e do Direito, e o surgimento de um pluralismo jurídico, caracterizada
pela existência e concomitante de dois ordamentos: o primeiro, representado pelo Direito
Nacional composto por normas internas elaboradas no âmbito de cada pais membro; e o
segundo, representado pelo Direito Comunitário, composto por normas supranacionais
decorrentes dos tratados comunitários e elaboradas pelas instituições comunitárias diretivas
( conselho da União Européia, Comissão Européia e Parlamento Europeu) e pela
jurisprudência emanada do tribunal de justiça das Comunidades Européias.
A constituição da União propõe como política interna basilar o estabelecimento de um
mercado interno compreendido como um espaço sem fronteiras internas entre os paises no
qual é assegurado a livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais. Nesse
aspecto, os trabalhadores não empregados na administração publica têm direito de circular
livremente na União, sendo vedado toda e qualquer discriminação entre os trabalhadores
dos Estados –Membros, razão da nacionalidade, no que diz respeito ao emprego, à
remuneração e às demais condições trabalhistas15.
A Constituição Européia a fim de assegurar a livre circulação de pessoas proíbe também as
restrições à liberdade do estabelecimento dos nacionais de um Estado-Membro no território
do outro Estado-Membro16.
Entretanto, essa liberdade de locomoção nos territórios dos Estados-Membros encontra-se
restrito à aplicabilidade das disposições legislativas nacionais de cada país que prevejam
um regime especial para os estrangeiros justificado por razões de ordem pública, segurança
pública e saúde pública.
Cabe também a livre circulação de mercadorias mediante uma União Aduaneira17 que
abrange a totalidade do comércio mercante e implica a proibição, entre os Estados-
Membros de direitos aduaneiros de importação e exportação e de quaisquer encargos de
feito equivalente bem como a adoção de uma pauta aduaneira comum nas suas reações com
países terceiros. Proibi-se também, as restrições quantitativas e os direitos aduaneiros de
natureza fiscal18.
Tem-se de forma suscita como finalidade da União Aduaneira: a promoção de trocas
comerciais entre Estados-Membros e paises terceiros; aumento da competitividade das
empresas pertencentes à União; o abastecimento desta em matérias-primas e produtos semi-
acabados, e assegura o desenvolvimento racional da produção e a expansão do consumo na
União, evitando perturbações graves na vida econômica dos Estados-Membros.

15
Constituição da União Européia, Título III: Políticas e Ações Externas, Seção 2: Livre circulação de
pessoas e serviços, Artigo III-18.o.
16
Ibid., Subseção 2: Liberdade de Estabelecimento, Artigo III-22.o.
17
Constituição da União Européia, Titulo III: Políticas e Ações Internas, Seção 3: Livre circulação de
mercadorias, Subseção 1: União Aduaneira, Artigo III- 36.o.
18
Ibid,. Artigo III-38.o.
Nota-se que para que haja a manutenção da livre concorrência no mercado interno a União
reserva para si a supressão de disposições legislativas ou administrativas dos Estados-
Membros que provoquem distorções na livre circulação de mercadorias.
Quanto a política econômica e monetária tem-se uma ação em prol de uma moeda única, o
euro, e a definição e condução de uma política monetária e cambial únicas, cujo objetivo
primordial é a manutenção da estabilidade dos preços de acordo com o principio de uma
economia de mercado aberto e de livre concorrência. Contudo nem todos os paises aderiram
a chamada Zona Euro que engloba apenas 12 Estados-Membros e três países “pré-
participantes”: Dinamarca, Suécia e Reino Unido. Sendo os Estados restantes designados
como “Estados-Membros objeto de uma derrogação”19 aos quais incumbe cumprir certas
obrigações para que sejam admitidos na Zona Euro como: realização de um elevado grau de
estabilidade dos preços; sustentabilidade das finanças públicas; e não desvalorização de sua
moeda nacional em relação ao Euro pelo período de dois anos.
Uma das inovações trazida pela Constituição Européia está o Sistema Europeu de Bancos
Centrais constituído pelo Banco Central Europeu e pelos Bancos Centrais Nacionais, sendo
atribuições ao Banco Central Europeu a aplicação de multas ou sanções pecuniárias
compulsórias às empresas em caso de incumprimento de seus regulamentos europeus e a
determinação de medidas necessárias para utilização do euro como moeda única dos
Estados-Membros.
Já em relação à Política Social a “União dos Estados- Membro, tendo presentes os direitos
sociais fundamentais, tal como os enunciam a Carta Social Européia assinado em Turim,
em 18 de outubro de 1961, e a carta comunitária dos Direitos Sócias fundamentais dos
trabalhadores de 1989, têm por objetivos a promoção do emprego, a melhoria das condições
de vida e de trabalho, de modo a permitir a sua humanização, assegurando simultaneamente
essa melhoria uma proteção social adequada, o diálogo entre parceiros sociais, o
desenvolvimento dos recursos humanos, tendo em vista um nível de emprego elevado e
duradouro, e a luta contra as exclusões. Para o efeito a União e os Estados-Membros atuam
tendo em conta a diversidade das práticas nacionais em especial no domínio das relações
contratuais, e a necessidade de manter a capacidade concorrencial da economia da União. A
União e os Estados-Membros consideram que esse desenvolvimento decorrerá não apenas
do funcionamento do mercado interno, que favorecerá a harmonização dos sistemas sociais,
mais igualmente de processos previstos na constituição e da aproximação das disposições
legislativas regulamentares e administrativas20”,
Complementando a política social a União instituiu o Fundo Social Europeu administrado
pela comissão que tem por escopo promover facilidades de emprego e a mobilidade
geográfica e profissional dos trabalhadores, bem como facilitar a adaptação às mutações
industrias e a evolução dos sistemas de produção.
Há, ainda, uma política comum quanto a agricultura, pesca, ambiente, defesa dos
consumidores,transportes e energia.
A política agrícola comum tem por objetivos: incrementar à produtividade da
agricultura,fomentando o progresso tecnológico, assegurando o desenvolvimento racional
19
Constituição da União Européia, Titulo III: Políticas e Ações Internas, Capitulo II: Política econômica e
monetária, Seção 4: Disposições Transitórias, Artigo III- 92.o.
20
Constituição da União Européia, Titulo III: Políticas e Ações Internas, Capitulo III: Políticas Noutros
Domínios Específicos, Seção 2: Política Social, Artigo III- 103. o.
da produção agrícola e a utilização ótima dos fatores de produção (mão-de-obra);assegurar
um nível devida eqüitativo à população agrícola mediante aumento do rendimento
individual dos trabalhadores; estabilizar os mercados; garantir a segurança dos
abastecimento;e assegurar preços razoáveis nos fornecimentos aos consumidores. Já em
relação ao ambiente tem-se os princípios da precaução e da ação preventiva da correção,
prioritariamente na fonte,dos danos causados ao ambiente e no principio do poluidor
pagador.
Nesse contexto, as medidas de harmonização destinadas a satisfazer exigências em matéria
de proteção do ambiente incluem, nos casos adequados, uma clausula de salvaguarda
autorizando os Estados-Membros a tomar, por razões ambientais não econômicas,
disposições provisórias sujeitos a um processo de controle por parte da União. Resta
lembrar o esforço da União em promover a coesão econômica, social e territorial dos países
envolvidos, bem como a redução da paridade entre os níveis de desenvolvimento das
diversas regiões em atraso.
6) ESPAÇO DE LIBERDADE, SEGURANÇA E JUSTIÇA:
A União constitui um espaço de liberdade, segurança e justiça, na observância dos direitos
fundamentais e tendo em conta as diferentes tradições e sistemas jurídicos dos Estados-
Membros, desenvolvendo uma política comum em matéria de asilo, imigração e de controle
das fronteiras externas.
A Constituição Européia também desenvolve uma cooperação judiciária nas matérias civis
de modo a assegurar: o reconhecimento mutuo entre os Estados- Membros das decisões
judiciais e extra- judiciais, a citação e notificação transfronteiras dos atos judiciais e extra-
judiciais; compatibilidade das regras aplicáveis nos Estados- Membros em matéria de
conflito de lei e de competência; a cooperação na obtenção de provas; elevado acesso a
justiça; compatibilidade das normas de processo civil aplicáveis nos Estados- Membros;
métodos alternativos de solução de litígios; e apoio à formação dos magistrados e dos
profissionais de justiças21.
Já nas matérias penais busca-se estabelecer regras comuns sobre a admissibilidade mutua
das provas; direitos individuais em processo penal; e direitos das vitimas de criminalidade.
Essa política penal comum destina-se aos seguintes tipos penais: terrorismo, tráfico de seres
humanos e exploração sexual de mulheres e crianças, tráfico de drogas e de armas,
branqueamento de capitais, corrupção, contra facção dos meios de pagamento,
criminalidade informática e organizada22. Em se tratando de crimes graves que afetam
vários Estados- Membros, bem como das infrações lesivas dos interesses financeiros da
União, a Procuradoria Européia é competente para investigar, processar e levar a
julgamentos os autores e cúmplices, atuando em ligação com a Europol, sendo esse órgão
responsável por reforçar a ação das autoridades policiais e dos outros serviços de execução
das leis dos Estados- Membros.
7) AÇÃO EXTERNA DA UNIÃO EUROPÉIA:
A ação da União na cena internacional assenta nos princípios que presidiram à sua criação,
desenvolvimento e alargamento, e que é seu objetivo promover em todo o mundo:

21
Constituição da União Européia, Titulo III: Políticas e Ações Internas, Capitulo IV: Espaço de Liberdade
Segurança e Justiça, Seção 3: Cooperação Judiciária em Matéria Civil, Artigo III- 170.o.
22
Ibid,. Seção 4: Cooperação Judiciária em Matéria Penal, Artigo III- 171.o.
democracia, Estado de Direito, universalidade e indivisibilidade dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais, respeito da dignidade humana, igualdade e solidariedade e
respeito do direito internacional, em conformidade com os princípios da Carta das Nações
Unidas23.
Dentre as inúmeras políticas e ações nas relações internacionais, fica disposto na
Constituição: apoiar o desenvolvimento sustentável nos planos econômico, social e
ambiental dos países em vias de desenvolvimento, tendo como principal objetivo erradicar
a pobreza, e além disso, eliminar progressivamente os obstáculos ao comércio
internacional. O que se constituiria com a as relações do bloco econômico da união
européia com os demais, o que incluiria o Mercosul.
Os Estados- Membros apóiam a política externa e de segurança comum num espírito de
lealdade e de solidariedade mútua de modo a abstercem de empreender quaisquer ações
contrarias ao interesse da União.
A Constituição também abarca uma política de cooperação para os países em
desenvolvimento contribuindo para erradicação da pobreza, o que inclui ações de
cooperação econômica, financeira inclusive de assistência, especialmente no domínio
financeiro24. Já as ações da União no domínio da ajuda humanitária referem-se ao socorro e
proteção as populações dos países terceiros vitimas de catástrofes naturais ou de origem
humana, de modo a fazer às necessidades humanitárias resultantes dessas diferentes
situações.
Por fim, cabe a União celebrar acordos internacionais com um ou mais Estados terceiros ou
organizações internacionais somente nos casos em que a constituição expressamente
preveja a sua possibilidade ou quando a celebração de um acordo seja necessária para
alcançar um dos objetivos das políticas da União previstas constitucionalmente.
8) INSTITUIÇÕES DA UNIÃO EUROPÉIA:
O funcionamento da União Européia é bastante complexo e exige a necessidade do trabalho
conjunto de várias instituições, órgãos consultivos e agências.As instituições que garantem
o bom funcionamento do gigante europeu são o Parlamento Europeu, a Comissão, o
Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas.Os órgãos consultivos da União são o Comitê
das Regiões e o Comitê Econômico e Social. A agência mais importante é o Banco Europeu
de Investimentos.
O Parlamento Europeu (PE), na sua qualidade de Instituição representativa dos cidadãos
europeus, constitui o fundamento democrático da Comunidade. A fim de garantir à
Comunidade a sua plena legitimidade democrática, deve ser plenamente associado ao
procedimento legislativo comunitário e exercer, em nome dos cidadãos, o controlo político
sobre as outras Instituições da Comunidade. A celebração de qualquer tratado de adesão e
de associação de um novo Estado-Membro está sujeita ao parecer favorável do Parlamento.
Estão igualmente sujeitos ao parecer favorável os atos relativos ao procedimento eleitoral e
os procedimentos tendentes a sancionar um Estado-Membro em caso de violação grave e
persistente dos princípios fundamentais da União. No que se refere à participação do
procedimento legislativo o PE participa na elaboração dos atos legislativos comunitários a
23
Constituição da União Européia, Titulo V: Ação Externa da União, Capitulo I: Disposições de Aplicação
Geral, Artigo III- 193.o.
24
Constituição da União Européia, Titulo V: Ação Externa da União, Capitulo IV: Cooperação com os países
terceiros e ajuda humanitária, Seção 1: cooperação para o desenvolvimento, Artigo III-218.o.
diversos níveis, em função da base jurídica pertinente para cada um desses atos. O seu
papel evoluiu progressivamente de uma participação exclusivamente consultiva para uma
co-decisão em pé de igualdade com o Conselho. Quanto aos poderes orçamentais, o PE
participa no procedimento orçamental desde o seu estado preparatório, nomeadamente no
tocante às linhas de orientação gerais e à natureza das despesas. O PE aprova
definitivamente o orçamento e controla a sua execução. O PE dá quitação à execução do
orçamento. O controle do Executivo também é tarefa do PE, para isso dispõe de vários
instrumentos de controle. O primeiro refere-se à investidura da Comissão. Em 1992, através
do Tratado de Maastricht25 subordinou à sua aprovação prévia a nomeação pelos Estados-
Membros do Presidente e dos demais membros da Comissão, enquanto colégio. Com o
Tratado de Amsterdã26 foi mais longe, ao submeter à aprovação distinta do Parlamento a
designação do Presidente da Comissão, previamente à dos demais membros. Outro
mecanismo é o que realiza as perguntas, ou melhor, Período de Perguntas27 das sessões
plenárias. A Comissão e o Conselho são obrigados a dar uma resposta. O PE tem o poder de
constituir uma comissão de inquérito temporária para controlar as alegações de infração ou
de má aplicação do direito comunitário. Em matéria de política externa, de segurança
comum e de cooperação policial e judiciária, o PE tem direito a ser regularmente informado
e pode dirigir ao Conselho perguntas ou formular recomendações. É consultado sobre os
principais aspectos e as opções fundamentais da política externa, de segurança comum e de
cooperação policial e judiciária (PESC) e sobre qualquer medida prevista, à exceção das
posições comuns em matéria de cooperação política e judiciária. O PE tem o poder de
interpor recurso junto do Tribunal de Justiça, em caso de violação do Tratado por uma outra
Instituição. É o PE quem nomeia o Provedor de Justiça28.
Analisando as atribuições do Conselho de Ministros, observa-se que, com base nas
propostas apresentadas pela Comissão, o Conselho adota a legislação comunitária, sob
forma de regulamentos e de diretivas, ou conjuntamente com o Parlamento Europeu, ou
individualmente, após consulta ao Parlamento Europeu. O Conselho adota igualmente as
decisões individuais e as recomendações não vinculativas e promulga resoluções.
Estabelece ainda as modalidades para o exercício dos poderes de execução que são
conferidos à Comissão ou reservados ao próprio Conselho. No que se refere à política
externa, o Conselho celebra acordos internacionais da Comunidade, acordos que são
negociados pela Comissão e cuja celebração exige o parecer favorável do Parlamento

25
Tratado que instituiu a cidadania da União Européia e a esta foram atribuídos direitos e deveres. Foi
firmado em 7 de fevereiro de 1992 com representantes dos doze países-membros das "Comunidades
Européias", isto é, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo,
Holanda, Portugal e Reino Unido. Mais tarde, aderiram ao Tratado: Áustria, Finlândia e Suécia.
26

Assinado em outubro de 1997, o tratado de Amsterdã é aquele que consolida os avanços obtidos no tratado de
Maastricht e dá especial atenção à temática social, de imigração e direitos humanos.

27
`A Comissão caberá responder, oralmente ou por escrito, às questões que lhe sejam colocadas pelo
Parlamento Europeu ou pelos seus membros [art. 197.º (140.º) e 239.º CE].

28
O Parlamento Europeu nomeia o Provedor de justiça Europeu, que tem poderes para receber queixas
apresentadas por qualquer cidadão da União ou qualquer pessoa singular ou coletiva com residência ou sede
estatuária num Estado-Membro e respeitantes a casos de má administração na atuação das instituições, órgãos
ou agências da União, com exceção do tribunal de Justiça no exercício das respectivas funções jurisdicionais
[ art. 237. º CE].
Europeu. Referente às nomeações, Conselho nomeia os membros do Tribunal de Contas, do
Comitê Econômico e Social e do Comitê das Regiões.Nas políticas econômica e monetária
o Conselho assegura a coordenação das políticas econômicas dos Estados-Membros e, sem
prejuízo das competências do Banco Central Europeu, toma as decisões políticas no
domínio monetário.
O Conselho Europeu dá à União os "impulsos necessários ao seu desenvolvimento" e
define as "respectivas orientações políticas gerais". Na política externa define os princípios
e as orientações gerais da política externa e de segurança comum e decide sobre as
estratégias comuns com vista à sua execução. Em matéria de cooperações reforçadas, cabe-
lhe decidir em última instância sobre a autorização a conceder aos Estados-Membros que se
proponham instituir entre si uma cooperação política e judiciária reforçada.
Na sua qualidade de depositário do interesse comum, a Comissão constitui o centro
impulsionador da ação comunitária e o garante da sua aplicação. A Comissão detém,
normalmente, o monopólio da iniciativa no que diz respeito às decisões comunitárias e
elabora, a este título, as propostas sobre as quais deliberarão as duas instituições com poder
de decisão, ou seja, o Parlamento e o Conselho. Em matéria de gestão da União Econômica
e Monetária, a Comissão deve apresentar ao Conselho: recomendações para a elaboração de
um projeto de orientações gerais das políticas econômicas dos Estados-Membros e da
Comunidade; relatórios sobre a evolução econômica em cada Estado-Membro;
recomendações sobre as medidas a tomar em relação aos Estados-Membros que não
seguem as orientações estabelecidas; propostas de medidas no caso de surgirem
dificuldades econômicas graves na Comunidade ou num determinado Estado-Membro;
pareceres e recomendações no caso de existir ou poder ocorrer um déficit orçamental
excessivo num determinado Estado-Membro; propostas no sentido de conferir ao Banco
Central Europeu atribuições relativas à supervisão prudencial das instituições financeiras;
propostas (na ausência de propostas do Banco Central Europeu) de alteração dos estatutos
do Sistema Europeu de Bancos Centrais; recomendações sobre as taxas de câmbio entre a
moeda única e as outras moedas, bem como sobre as orientações gerais para a política de
taxas de câmbio; recomendações sobre as medidas a tomar no caso de surgirem
dificuldades num determinado Estado-Membro ao nível da balança de pagamentos. No
âmbito da política externa e de segurança comum e da cooperação policial e judiciária, a
Comissão é plenamente associada aos trabalhos do Conselho, como pode apresentar
qualquer proposta ao Conselho. A Comissão vela pela boa aplicação dos Tratados
comunitários, bem como pela aplicação das decisões adotadas por força destes.
Quanto às atribuições do Tribunal de Justiça, este "garante o respeito do direito na
interpretação e aplicação dos Tratados". Para tanto, resolve litígios entre a CE e os Estados-
Membros; litígios entre a CE e os Estados-Membros; litígios entre as instituições; litígios
entre os particulares e a Comunidade; emite pareceres sobre acordos internacionais. Em
certos casos especiais, o Tribunal de Justiça pronuncia-se fora do seu domínio de
competências, como, por exemplo, quando emite um parecer sobre os acordos externos
concluídos pela Comunidade.
Outra instituição importante é o Tribunal de Contas, cuja competência é cobrir as contas da
totalidade das receitas e despesas da Comunidade, bem como de qualquer organismo criado
pela Comunidade (salvo exclusão prevista pelo ato constitutivo do organismo em causa). O
Tribunal examina estas contas no sentido de garantir a sua fiabilidade, a legalidade e a
regularidade das receitas e despesas e a boa gestão financeira.
Como já foi mencionado, o Comitê Econômico e Social é de natureza consultiva e o seu
papel consiste em comunicar às Instituições responsáveis pelas decisões comunitárias a
opinião dos representantes da vida econômica e social. O Tratado prevê que, num certo
número de domínios, só poderá ser tomada uma decisão após consulta do Comitê pelo
Conselho ou pela Comissão, como, por exemplo, a política agrícola; a livre circulação de
pessoas e serviços; a política dos transportes; a política de emprego; a política social;
educação, formação profissional e juventude; saúde pública; defesa dos consumidores;
política industrial, investigação e desenvolvimento tecnológico; ambiente; entre outros.
Pode igualmente ser consultado em todas as matérias pela Comissão, pelo Conselho ou pelo
Parlamento Europeu, sempre que estas instituições o considerarem oportuno.
O Comitê das Regiões é um órgão consultivo que garante a representação das coletividades
regionais e locais da União, sendo o porta-voz dos interesses destes órgãos territoriais junto
da Comissão e do Conselho, a que apresenta pareceres. A criação do Comitê das Regiões
constitui uma vertente significativa da vontade de "continuar o processo de criação de uma
união cada vez mais estreita entre os povos da Europa, em que as decisões sejam tomadas
ao nível mais próximo dos cidadãos, de acordo com o princípio da subsidiariedade".
Quanto às consultas obrigatórias, estas dizem respeito à educação, formação profissional e
juventude; cultura; saúde pública; redes transeuropéias nos setores de infra-estruturas de
transportes, das telecomunicações e da energia; coesão econômica e social, na sua
amplitude. O Comitê poderá, por outro lado, ser consultado sobre todas as matérias pela
Comissão, pelo Conselho ou pelo Parlamento, caso estas Instituições o considerem
oportuno.
O BEI, Banco Europeu de Investimento, acima denominado como uma agência, é uma
instituição sem fins lucrativos, tem por principal missão a concessão de empréstimos e de
garantias a médio e longo prazo a projetos de investimento que contribuam para o
desenvolvimento equilibrado da União. O Banco apóia também países terceiros cujo
desenvolvimento a União pretenda favorecer. Dentro da União Européia ele cuida
basicamente de assuntos relacionados ao desenvolvimento econômico das regiões menos
favorecidas; melhoramento das infra-estruturas de transportes e de telecomunicações;
proteção do ambiente natural e urbano; apoio às pequenas e médias empresas; educação e
saúde, além da iniciativa Inovação 200029.
9) DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS:
A União Européia sucede à Comunidade Européia e a União em todos os seus direitos e
obrigações, quer sejam internos, quer resultem de acordos internacionais constituídos antes
da entrada em vigor do Tratado que estabelece a Constituição por força dos Tratados,
protocolos e atos anteriores, incluindo a totalidade do ativo e do passivo da Comunidade e
da União, bem como os respectivos arquivos30.

29
Lançada em Março de 2000, a iniciativa destina-se a construir uma Europa baseada no conhecimento e na
inovação. Os objectivos dos empréstimos são o desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME) e do
espírito empresarial, a divulgação da inovação, da investigação e do desenvolvimento e das redes de
tecnologias da informação e da comunicação, a formação de capital humano e o investimento em projectos
audiovisuais europeus. Desde Maio de 2000, estes empréstimos destinaram-se às redes de comunicação (965
milhões de euros), à educação (448 milhões) e ao capital de risco (214 milhões) a favor das PME inovadoras.

30
Constituição da União Européia, Disposições Gerais e Finais, Artigo IV- 3.
O Tratado que estabelece a Constituição é aplicável ao Reino da Bélgica, ao Reino da
Dinamarca, à República Federal da Alemanha, à República Helênica, ao Reino da Espanha,
a República Francesa, à República Italiana, ao Grão Ducado de Luxemburgo, ao Reino dos
Países Baixos, a República da Áustria, à República Portuguesa, à República da Finlândia,
ao Reino da Suécia e ao Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte31.
As disposições gerais tratam ainda, do processo de revisão do tratado que estabelece a
Constituição, a adoção, a ratificação e a entrada em vigor da Constituição, num período de
vigência ilimitada.
10) CONCLUSÃO
Em vista da análise e dos fatos apurados no decorrer deste trabalho, pode-se concluir que
falar da Constituição Européia deve ter presente que esta constituição é:
a) um contrato da sociedade européia com os seus cidadãos; b) uma identidade cultural
formada por várias culturas em termos de religião, educação, ensino, ciência, arte e
desporto; c) é um espaço de cultura jurídica assente na unidade e pluralidade; d) um
espaço de publicidade plural onde a política assume um papel de relevo; e) uma
comunidade constitucional constiruida pelas Constituições nacionais e a
Constituição européia; f) um espaço jurídico em que desaparecerá o “Direito
Europeu” para dar lugar a disciplinas como “Direito Constitucional Europeu”; g)
um espaço onde o “constituir Constitucional faz referencia a instâncias universais e
a dimensões transcendentais.
Neste patamar, a extrema variedade de normas incorporadas na Constituição Européia
criará, desde logo, relevantes problemas quanto à normatividade desta Constituição. Se
entendermos por normatividade de uma Constituição a sua especificidade e respectivos
efeitos facilmente se verificará que a sua pretensão de se converter em norma e medida para
a política e para o exercício do poder vai encontrar notáveis dificuldades, desde logo porque
ao constitucionalizar todas as políticas se transforma igualmente numa Constituição
dirigente da vida econômica e social; ou seja, fato este que é de uma aplicabilidade
questionável em paises tão diferentes, como exemplo, os do leste europeu como a
Alemanha. Seria então sobreposição de interesses de paises dominantes? Questiona-se
ainda, se tal dirigismo Constitucional não iria no sentido contrário a questão das soberanias
nacionais.
Por outro lado o discurso sobre a Constituição européia não deve subestimar princípios
fundamentais estruturantes da competência da União, designadamente os princípios da
atribuição, da subsidariedade e da proporcionalidade.

31
Constituição da União Européia, Disposições Gerais e Finais, Artigo IV- 4.
REFERÊNCIAS:

 ACCIOLY, Elisabeth. Mercosul e União Européia: Estrutura jurídico-


institucional. 2.ed. Paraná: Juruá Editora, 1999.
 CASELLA, Paulo Borba. Comunidade Européia e seu Ordenamento Jurídico.
1.ed. São Paulo: LTR, 1994.
 FAZENDA, Luís. A Constituição Européia e o referendo. Disponível em http:
www.udp.pt/textos/europ/constrefer.htm Acesso em 16 ago. 2004.
 LOBO, Maria Teresa Carcomo. Ordenamento Jurídico Comunitário. 1.ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 1997.
 Revista de Direito Constitucional e Internacional. Editora Revista dos Tribunais,
n° 37/ano 9, outubro- dezembro de 2001.
 SANTOS, Carlos. Ninharias democráticas e Constituição Européia. Disponível
em http: < www.udp.pt/textos/europ/ninharias.htm> Acesso em 16 ago. 2004.
 VITORINO, António. A Constituição Européia: que novas perspectivas para a
UE? Disponível em http: www.cijdelors.pt/Newsletters/Constituicao/Vitorino.pdf
Acesso em 16 ago. 2004.
 UNIÃO EUROPEIA. Projecto de Tratado que estabelece uma constituição
para a Europa . Disponível em: http://europa.eu.int/eur-
lex/pt/treaties/dat/constit.html .Acesso em 26 jul 2004.
 UNIÃO EUROPÉIA. Carta dos direitos fundamentais. Disponível em:
http://europa.eu.int/smartapi/cgi/spa_doc?smartapi!celexapi!prod!CELEXnu
mdoc&1g=32000X1210(01)&model=guichett Acesso em 24 ago 2004.
 Parlamento Europeu. disponível em :<
http://www.europarl.eu.int/presentation/defaut_pt.htm > Acesso em 24 ago
2004.
 UNIÃO EUROPÉIA. Tratado da União Européia. Disponível em <http: //
europa.eu.int/eur-lex/pt/teaties/dat/C_2002325PT.000501.html> Acesso
em: 28 ago 2004.
 Le projet de constitution européenne. Disponível em: <http:// www.vie-
publique.fr/actualite/dossier/constitution_europeenne.htm > Acesso em 28
ago 2004.
 Pourquoi une Constitution européenne? Disponível em <http://
www.amipublic.com/actualite/?n=326> Acesso em 28 ago 2004.Parte
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