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Vânia Ribeiro Ferreira

Metodologia e Prática
de Ciências no Ensino
Fundamental
Sumário
CAPÍTULO 3 – Por que formar educadores em educação ambiental?....................................03

Introdução.....................................................................................................................03

3.1 O conceito de Educação Ambiental............................................................................03

3.1.1 Meio Ambiente e sua relação com o ser humano.................................................04

3.1.2 Educação Ambiental: conceitos..........................................................................07

3.2 Histórico da Educação Ambiental na Política Nacional de Ensino....................................08

3.2.1 Importantes conferências internacionais na história da Educação Ambiental............09

3.2.2 A Educação Ambiental no Brasil.........................................................................10

3.3 Formação de educadores em Educação Ambiental .......................................................12

3.3.1 Os saberes dos educadores e sua prática pedagógica..........................................12

3.4 Como promover a Educação Ambiental nas escolas?....................................................14

3.4.1 Panorama e uma reflexão sobre Educação Ambiental nas Escolas..........................15

3.4.2 Conhecendo alguns projetos de Educação Ambiental...........................................15

Síntese...........................................................................................................................18

Referências Bibliográficas.................................................................................................19

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Capítulo 3
Por que formar educadores
em educação ambiental?
Introdução
Prezado estudante, você sabia que o avanço da crise ambiental ocorrida nas décadas de 1980
a 1990 tem uma relação direta com o aumento dos problemas sociais e econômicos? A partir
disso, surgiu a necessidade de se avaliar as vertentes ambientais e econômicas de forma conjunta
e não mais isoladas, como era feito até então. De um lado, era necessário analisar os impactos
da crise econômica e, do outro, os fenômenos do aquecimento global e a destruição da camada
de ozônio, entre outros problemas (JACOBI, 1997; GUIMARÃES, 2009; CONCA, 1995).

Desde então, vem crescendo a preocupação com questões relacionadas ao meio ambiente. Você
pode acompanhar, quase todos os dias, notícias sobre problemas relacionados à contaminação
de água e dos solos ou a desastres ambientais, ao aquecimento global, chuva ácida, resíduos só-
lidos, entre outros. Mas como podemos avaliar criticamente toda essa quantidade de informação
que recebemos diariamente? Você pode se perguntar, ainda: qual é o seu papel como professor
neste processo? Ou qual é o papel da escola na formação das crianças para que desenvolvam
uma consciência ambiental? Como promover a Educação Ambiental nas escolas? Pois bem, es-
tudante, convidamos você a refletir sobre essas e outras questões neste capítulo da disciplina de
Metodologia e Prática de Ciências no Ensino Fundamental.

Você estudará a importância da Educação Ambiental dentro da escola e como ela possibilita,
por meio do ensino, formar cidadãos conscientes de suas atitudes diante do meio ambiente. Para
isso, você irá entender como funciona a relação do ser humano com a natureza e como este in-
terfere no meio. Neste capítulo você irá compreender, ainda, o conceito de Educação Ambiental,
além de conhecer seu histórico no mundo e no Brasil.

Além disso, tenha em mente que a educação formal é um espaço coletivo para reflexões e
produção de conhecimentos, por isso é importante que a perspectiva ambiental seja inserida
nas práticas pedagógicas dos professores. Desta forma, você também vai estudar a formação
de educadores em Educação Ambiental e quais são as especificidades e necessidades dessa
preparação. Outro fator a ser considerado, nesse contexto, é o papel da escola, cujo objetivo é
criar um espaço de discussão e reflexão. Por esse motivo, vamos conhecer diferentes formas de
promover o tema nas escolas.

Nesse sentido, podemos dizer que todos já ouviram ou tiveram algum contato com o tema, mas,
afinal de contas, o que é Educação Ambiental? É o que você vai estudar a seguir. Vamos lá?

3.1 O conceito de Educação Ambiental


Para iniciarmos os estudos deste tópico é importante compreender, primeiro, o conceito de meio
ambiente e como se dá a sua relação com o ser humano. Você já parou para pensar sobre isso?
Isso se faz necessário porque apenas a partir do entendimento sobre o funcionamento do meio
ambiente e de como o homem pode interferir, positiva ou negativamente, é que se tem a dimen-
são da importância da Educação Ambiental e qual o seu papel.

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Metodologia e Prática de Ciências no Ensino Fundamental

VOCÊ SABIA?
Você conhece o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA)? Coordenado
pelo órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, do governo federal, o
documento norteador do programa foi escrito de forma a estar em sintonia com o Tra-
tado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
(1992). Ele apresenta as diretrizes, os princípios e a missão que orientam as ações do
programa que visa a divulgação da educação ambiental e a capacitação dos profissio-
nais da educação. Acesse em: <http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-
-de-educacao-ambiental/programa-nacional-de-educacao-ambiental>.

Vamos, então, buscar compreender como se estabelece a relação entre homem e natureza e
conhecer algumas concepções nesta área.

3.1.1 Meio Ambiente e sua relação com o ser humano


A relação entre o homem e a natureza existe desde o início da humanidade. No entanto, pode-
mos dizer que foi nos séculos XVI e XVII que começaram a surgir estudos e pensamentos impor-
tantes sobre essa relação. Nesse sentido, podemos citar Francis Bacon, cujas linhas de pensa-
mento apontavam que a natureza deveria ser dominada pela humanidade. Para ele, o homem
deveria utilizar os conhecimentos obtidos por meio da natureza para extrair o máximo dela em
benefício do bem-estar da sociedade (SEVERINO, 2009; SANTOS, 2013). Espinosa, outro autor
da mesma época, não concordava que o meio ambiente deveria ser dominado pelo ser humano.
Ele acreditava que deveria haver um constante equilíbrio nessa relação, uma vez que um depen-
de do outro (SAWAIA, 2009; SANTOS, 2013).

Figura 1 - Educação Ambiental possibilita formar cidadãos conscientes de suas atitudes.


Fonte: avian, Shutterstock, 2016.

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Seguindo a linha de pensamento de Espinosa, Karl Marx, no século XIX, também acreditava na
relação de dependência homem-natureza. A partir desse entendimento, Marx denominou o ho-
mem como “indivíduo” e a natureza como “objeto” (SANTOS, 2013).

VOCÊ QUER LER?


O livro “Educação Ambiental: no consenso um embate?” (2009), de Mauro Guima-
rães, é baseado na prática pedagógica do autor, bem como no seu trabalho como
ecologista. Guimarães traz as concepções de vários teóricos e busca romper com a
Educação Ambiental voltada única e exclusivamente para um indivíduo fora do con-
texto. Por isso, ele busca discutir a temática dentro de uma perspectiva sociocultural,
política e econômica.

Mas, antes de entender essa relação, é preciso compreender o conceito de meio ambiente e de
ecologia, que é a ciência que o delimita. Vamos entender melhor? A palavra ecologia vem do
grego, onde oikos significa casa ou lar, e logos significa estudo. Dessa forma, o alemão Ernest
Haeckel definiu, em 1869, a ecologia como o estudo dos seres em seu lugar de sobrevivência
(ODUM, 1997).

Compreenda que a divisão de ecologia, de acordo com Odum (1997), parte do seguinte nível de
complexidade: célula, tecido, órgão, sistema, organismo, população, comunidade, ecossistema
e biosfera, sendo que cada compartimento tem organismos vivos (bióticos) e não vivos (abióticos)
que interagem entre si.

Biosfera

Ecossistema

Comunidade
Aumento do nível de complexidade

População

Organismo

Sistema

Orgão

Tecido

Célula

Figura 2 - Divisão da ecologia em ordem crescente de nível de complexidade.


Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

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Metodologia e Prática de Ciências no Ensino Fundamental

A partir dessa análise, podemos definir o conceito de natureza como um meio de interligação e
interação entre os organismos, em uma complexa cadeia de relações sem início e sem fim (CA-
PRA, 2001). Entenda, assim, que os diversos sistemas de organismos vivos se interligam e fun-
cionam adaptando-se ao meio onde vivem, por meio de estímulos ou perturbações provocadas
por agentes externos (MATURANA; VARELA, 2001). Nessa interação, o sujeito acaba adquirindo
novos conhecimentos, uma vez que busca compreender melhor o meio, o que leva ao desenvol-
vimento de ações em benefício do seu bem-estar.

Figura 3 - Nossas atitudes afetam o meio ambiente.


Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2016.

Na visão de Capra (2001), esse modelo pode ter, como consequência, impactos como a conta-
minação ou a poluição. Veja as principais características:

• a produção em massa, para suprir a demanda pela aquisição de bens de consumo;


• a busca pelo capital e pela evolução tecnológica;
• a exploração intensiva dos recursos naturais.

VOCÊ SABIA?
A contaminação e a poluição muitas vezes são utilizadas como sinônimos, mas se re-
ferem a processos com efeitos diferentes. Acompanhe: a contaminação é a presença
de substâncias ou seres patogênicos em concentração acima do normal e que causa
alguma alteração no meio. A poluição, por sua vez, ocorre quando essa concentração
interfere nas relações ecológicas. Por exemplo: um descarte de esgoto doméstico em
um rio é uma contaminação, pois ela causa a diminuição do teor de oxigênio do meio.
Se essa alteração chegar ao ponto de causar a morte de peixes e prejudicar os seres
que o utilizam como alimento, seria uma poluição.

A contaminação e a poluição muitas vezes são utilizadas como sinônimos, mas se referem a
processos com efeitos diferentes. Acompanhe: a contaminação é a presença de substâncias ou
seres patogênicos em concentração acima do normal e que causa alguma alteração no meio. A
poluição, por sua vez, ocorre quando essa concentração interfere nas relações ecológicas. Por

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exemplo: um descarte de esgoto doméstico em um rio é uma contaminação, pois ela causa a
diminuição do teor de oxigênio do meio. Se essa alteração chegar ao ponto de causar a morte
de peixes e prejudicar os seres que o utilizam como alimento, seria uma poluição.

Agora que já sabemos como funciona a relação homem e natureza, veremos, a seguir, o conceito
de Educação Ambiental.

3.1.2 Educação Ambiental: conceitos


Na linha de pensamento de Karl Marx, esse conceito consistia em pensar complementa e con-
traditoriamente em mudanças de atitudes culturais de maneira organizada. Para isso seriam
necessárias ações políticas e coletivas que levem em conta a realidade social e o funcionamento
da natureza (SAWAIA, 2009; SANTOS 2013).

Em 1973, o conceito de ecodesenvolvimento foi utilizado pela primeira vez, cujos princípios
seriam discutidos posteriormente no Relatório Brundtland, elaborado em 1987 pela Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente q ­ ue propôs a existência de cinco dimensões para a sustentabili-
dade (SACHS, 1986; GUZMAN, 1997; JACOBI, 1997):

• social;
• econômica;
• ecológica;
• espacial;
• cultural.

Com isso, buscava-se estabelecer uma relação entre o aumento do bem-estar como o aumento
do padrão de vida sem que resultasse na diminuição dos recursos naturais ou produzidos pelo
homem (NOBRE; AMAZONAS, 2002).

VOCÊ SABIA?
Atualmente, sustentabilidade é um tema bastante debatido. Você sabe qual é o seu
significado, de fato? Pois bem, definir sustentabilidade não é algo tão simples, pois
esse conceito vem evoluindo e engloba vários aspectos. Segundo Hill (2003), a sus-
tentabilidade se relaciona às formas de se pensar o mundo, o indivíduo e a sociedade,
de maneira que leve às seguintes ideias: indivíduos com valores éticos, autônomos e
realizados; construção de comunidades de maneira coletiva, com base na tolerância e
igualdade; sistemas sociais, onde as instituições sejam participativas, transparentes e
justas; adoção de medidas ambientais que sejam valorizadas, que preservem a biodi-
versidade e os processos ecológicos fundamentais à manutenção da vida.

Atualmente, sustentabilidade é um tema bastante debatido. Você sabe qual é o seu significado, de
fato? Pois bem, definir sustentabilidade não é algo tão simples, pois esse conceito vem evoluindo
e engloba vários aspectos. Segundo Hill (2003), a sustentabilidade se relaciona às formas de se
pensar o mundo, o indivíduo e a sociedade, de maneira que leve às seguintes ideias: indivíduos
com valores éticos, autônomos e realizados; construção de comunidades de maneira coletiva,
com base na tolerância e igualdade; sistemas sociais, onde as instituições sejam participativas,
transparentes e justas; adoção de medidas ambientais que sejam valorizadas, que preservem a
biodiversidade e os processos ecológicos fundamentais à manutenção da vida.

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Nesse cenário, podemos entender que os debates e os encontros que tratam sobre Educação
Ambiental mostram que existe a necessidade de se formular um quadro teórico conceitual sobre o
tema. Sua base teórica inicialmente era fundamentada em uma visão preservacionista e ecológica.
Porém, nas últimas décadas percebeu-se a necessidade de incluir novos valores, como a questão
social e econômica. Pedrini (2000) afirma que a estrutura da Educação Ambiental constitui-se em
um saber com característica multidisciplinar, porém é interdisciplinar na sua linguagem e transdis-
ciplinar na sua ação. Ou seja, esse conceito envolve várias disciplinas que se relacionam entre si
e se fundem para criar essa nova área. Podemos afirmar, então, que o objetivo é desenvolver nos
estudantes novos valores, hábitos, posturas e ações na sua relação com o meio ambiente.

Para Reigota (1995) os conhecimentos na Educação Ambiental devem envolver uma análise his-
tórica e epistemológica dos conceitos e modelos científicos, juntamente com análise do problema
socioambiental. Com isso, é preciso abranger experiências que permitam aos estudantes conhecer
e se sensibilizar com os ecossistemas que os rodeiam, passando a ver a importância do meio am-
biente para a saúde e o bem-estar. Além disso, esses conhecimentos devem possibilitar avaliar a
relação entre o desenvolvimento econômico e os possíveis problemas ambientais atrelados a ele.

Desta forma, tenha em mente que a Educação Ambiental deve sempre considerar a relação entre
o meio ambiente, o crescimento econômico e a sociedade, pois todos estão entrelaçados, de
modo que se uma das partes apresentar problemas, as demais sofreram as consequências.

Figura 4 – A educação deve focar no futuro: em que mundo você quer viver?
Fonte: Ziablik, Shutterstock, 2016.

Depois de entendermos o conceito de Educação Ambiental, vamos conhecer um pouco da sua


história no mundo e no Brasil.

3.2 Histórico da Educação Ambiental


na Política Nacional de Ensino
Apesar de não ser uma disciplina formal dentro do currículo, a Educação Ambiental pode e deve
ser trabalhada na escola básica: seja por meio de iniciativa individual ou de grupos multidisci-
plinares de professores.

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Figura 5 – Para entendermos melhor o conceito de Educação Ambiental,
é preciso saber como a sua história foi escrita.
Fonte: Cienpies Design, Shutterstock, 2016.

É importante que, antes de entender como a Educação Ambiental foi inserida no cenário nacional,
você conheça os eventos internacionais que foram importantes na sua história. Muitos deles, além
de mencionarem a relevância do tema, oferecem orientações sobre a sua implantação. Vamos lá?

3.2.1 Importantes conferências internacionais na história da Educação Ambiental


Para iniciarmos os estudos deste item, podemos destacar o Clube de Roma (atualmente uma
organização não-governamental), que reuniu cientistas, empresários e políticos de vários países
desenvolvidos pela primeira vez em 1968, na cidade de Roma (Itália), para discutir propostas
sobre assuntos relacionados à política, economia internacional e, principalmente, aos proble-
mas ambientais (McCORMICK, 1992). Em 1972, o grupo publicou um importante documento
chamado “Limite de Crescimento”, que denunciava os limites de exploração do nosso planeta
(MORADILLO; OKI, 2004).

Ainda em 1972, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada na
cidade de Estocolmo (Suécia), que foi um marco internacional ao definir a Educação Ambiental
como necessária na resolução dos problemas ambientais. A Conferência de Estocolmo propôs,
inclusive, orientações sobre a capacitação de professores e a criação de métodos e recursos
instrucionais específicos para o ensino do conceito.

Diante desse novo cenário, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco) promoveu, nas décadas de 1970 e 1980, diversas conferências, inclusive para
atender às demandas feitas em Estocolmo. A primeira delas foi a Conferência de Belgrado, Sér-
via (antiga Iugoslóvia), que em 1975 reuniu especialistas de mais de 60 países e produziu uma
carta e um Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), que organiza informações
sobre instituições que trabalham com o tema e promovem eventos e publicações sobre o tema.

O segundo evento que aconteceu em resposta às recomendações estabelecidas no encontro de


Estocolmo foi a Conferência Intergovernamental de Tbilisi, Geórgia (ex-União Soviética), que
elaborou uma declaração com os objetivos, metodologias, características e recomendações para
a Educação Ambiental. Estes foram, posteriormente, aperfeiçoados pela Unesco em publicações

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Metodologia e Prática de Ciências no Ensino Fundamental

nos anos de 1985, 1986, 1988 e 1989, com sugestões, inclusive, de ser inserida na educação
formal e informal, para todas as idades.

A terceira conferência aconteceu no ano de 1987, na cidade de Moscou: o Congresso Interna-


cional sobre Educação e Formação Ambiental, que se diferenciou dos demais eventos por ter
foco na criação de um quadro teórico-metodológico para a efetivação da Educação Ambiental,
bem como sua implantação ao longo da década de 1990. Além de outros encontros menores,
um dos mais importantes foi chamado de Cúpula da Terra ou Rio 92 (Rio de Janeiro, Brasil).
Dentre os documentos oficiais aprovados estão os temas Meio Ambiente e Desenvolvimento, Flo-
restas, Mudanças Climáticas, Diversidade Biológica, além da Agenda 2, que contém orientações
sobre a implementação da Educação Ambiental, além de estabelecer os compromisso a serem
assumidos para a sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida da população mundial.

Em 2002, o Rio +10, ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizado na África
do Sul, foi um fórum de discussões das Nações Unidas que fez um balanço de todas as ações que
foram propostas em 1992 no Rio de Janeiro. Na ocasião, novamente verificou-se a necessidade
de que todas as nações trabalhassem e assumissem responsabilidades com relação à preserva-
ção do planeta. Além disso, ficou nítida a relutância de determinados países em cooperar com
este trabalho, como por exemplo os Estados Unidos. (MORADILLO; OKI, 2004).

VOCÊ QUER LER?


O livro “A Primavera Silenciosa” (1962), de Rachel Carson, traz uma reflexão sobre
a necessidade de a sociedade começar a se preocupar em relação à conservação
dos recursos naturais. A autora questiona o modelo norte-americano de agricultura
fortemente dependente da cadeia do petróleo, uma vez que os produtos químicos uti-
lizados eram derivados dos combustíveis fósseis. Além disso, Carson fala sobre o uso
indiscriminado desses produtos e seus possíveis efeitos na saúde. Embora o livro seja
da década de 60, muitos dos questionamentos e problemas apontados se apresentam
bem atuais. É possível dizer que, embora não tenha sido lançado como um livro de
Educação Ambiental, cumpre esse papel.

Após estudarmos sobre essas conferências, podemos dizer que todo o conhecimento acumulado
ao longo destes eventos pode ser utilizado pelos educadores como fonte de informação e temas
para reflexão. Além disso, foi a partir das discussões e rumos tomados nesses encontros inter-
nacionais que a Educação Ambiental começou a ganhar cada vez mais importância no Brasil.

3.2.2 A Educação Ambiental no Brasil


As iniciativas sobre a implantação de temas ambientais no ensino formal brasileiro têm seu regis-
tro, em casos isolados, na década de 1950. A maioria das atividades restringia-se à observação
do ambiente ao redor da escola, no bairro ou na cidade, e era realizada por professores de
ensinos básico e superior. Essas saídas eram chamadas de “trabalho de campo” ou “estudo do
meio” (MENDES, 2009).

No Brasil, a oficialização da Educação Ambiental ocorreu no ano de 1981 com a publicação


da Lei Federal 6.938, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Apesar de certo
atraso em atender as recomendações da Conferência de Estocolmo (1972), esta lei resultou do
trabalho em conjunto de diversos setores da sociedade, como ONGs, partidos de esquerda,
ambientalistas e acadêmicos (MORADILLO; OKI, 2004).

É importante destacar que vários órgãos federais, tanto ligados ao meio ambiente quanto à área
de educação, contribuíram com a implementação da Educação Ambiental no país ao longo dos
anos, principalmente por meio de projetos como o Programa Nacional de Educação Ambiental

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(ProNEA), o Programa de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental (PEPEA) e as Diretrizes de
Educação Ambiental (DEA).

Quando a Constituição Federal de 1988 foi lançada, a Educação Ambiental passou a ser obriga-
tória em todos os níveis de ensino, mesmo sem ser uma disciplina. Em 1992, paralelo ao evento
Rio 92, o Ministério da Educação (MEC, na época Ministério da Educação e do Desporto) orga-
nizou um evento onde foi elaborada e aprovada a “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”,
cujo objetivo era discutir sobre a sua implantação em todos os níveis de ensino.

Podemos destacar que, principalmente na década de 1990, a Educação Ambiental enfrentou


inúmeras dificuldades no que diz respeito ao seu reconhecimento e implementação em todos os
níveis de ensino, uma vez que, nesta década, o Brasil adotou uma política voltada às regras do
mercado econômico e capitalismo, sem a devida preocupação com as consequências ambientais.

VOCÊ QUER LER?


A Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA) é organizada pela Rede Brasileira de
Educação Ambiental. Seu formato é acadêmico e não acadêmico, uma vez que a Educação
Ambiental pode acontecer nos meios formais e informais. Com isso, a publicação oferece um
espaço para relatar, além de trabalhos científicos, vivências, experiências e reflexões sobre o
tema central. Ela pode ser acessada em http://www.sbecotur.org.br/revbea/index.php/revbea.

Outras duas importantes ações realizadas no sentido de implementação foram a inclusão da


questão ambiental nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB/96) e a inclusão
de orientações para os professores incorporarem a Educação Ambiental no ensino escolar nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que apresentavam as instruções gerais das reflexões
sobre o trabalho com os estudantes. Vale ressaltar que este documento apresenta o tema trans-
versal Meio Ambiente, propondo que a Educação Ambiental seja trabalhada em todas as séries
do ensino fundamental e em todas as áreas do conhecimento (BRASIL, 1997).

Já no ano de 1999 foi aprovada, pelo Senado Federal, a Lei Federal 9.795 com o objetivo de
oficializar a presença do tema em todas as modalidades de ensino.

VOCÊ O CONHECE?
Francisco Alves Mendes Filho (1944-1988), o Chico Mendes, foi seringueiro e ambientalista
brasileiro. Ele recebeu diversos prêmios como reconhecimento a seu engajamento. Den-
tre as atividades que realizou podemos destacar o 1º Encontro Nacional de Seringueiros
(1985), que discutiu sobre a união de seringueiros e indígenas em prol da floresta amazôni-
ca. Em 1987, mostrou a uma comissão da Organizações das Nações Unidas a devastação
causada por empresas financiadas pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em
Xapuri. Um ano depois, ele foi assassinado. Acesse o site http://institutochicomendes.org.br.

É importante você saber que mesmo com todos esses avanços, há ainda muito trabalho a se fazer
para consolidar a Educação Ambiental, principalmente no que diz respeito a uma melhor articu-
lação entre os setores governamentais e não-governamentais. E neste sentido, vale destacar que
as escolas têm um papel muito importante, bem como os educadores. A seguir vamos discutir um
pouco sobre a formação desses profissionais para que possam trabalhar o tema.

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Metodologia e Prática de Ciências no Ensino Fundamental

3.3 Formação de educadores


em Educação Ambiental
Para que a Educação Ambiental se concretize, ela precisa da atuação de educadores preocu-
pados em discutir a situação ambiental, inserindo o tema em sua prática pedagógica. E você
sabe como isso pode ser feito? É preciso conhecer a que se propõem os professores e como eles
podem fazer para alcançar seus objetivos frente ao desafio de trabalhar com este conceito. Você
estudará, a seguir, a importância da formação específica dos educadores nessa área, e verá
alguns trabalhos e pesquisas referentes ao tema.

3.3.1 Os saberes dos educadores e sua prática pedagógica


Em Educação Ambiental além do conhecimento específico de sua disciplina o professor deve
ser capaz de fazer conexões desta com os temas e conceitos relativos à área do meio ambiente.
Espera-se que o educador desperte nos estudantes o desenvolvimento de valores, atitudes e com-
portamentos que levem em consideração a relação entre sociedade e natureza. Segundo Shul-
man (1987, p 10), “os saberes dos professores podem ser comunicados de três formas distintas:
pelo enunciado de proposições, por meio da narração de fatos ou experiências ou por meio da
vivência de dilemas teóricos, práticos ou morais”.

Figura 6 - O papel do educador ambiental é fundamental na construção de um mundo melhor.


Fonte: Joseph Sohm, Shutterstock, 2016.

De acordo com Certeau (1994), o fazer pedagógico deve contemplar práticas diferenciadas,
questionadoras, usando problematização e a contextualização do que é ensinado. É necessário,
dessa forma, uma Educação Ambiental que forme agentes (estudantes) focados na construção de
uma sociedade socioambientalmente sustentável.

A velocidade com que as mudanças econômicas, sociais e culturais acontecem força os professores
a se adaptarem e estarem por dentro de tudo que ocorre a respeito dessa temática. Uma grande
quantidade de informações, disponíveis por meio da TV, rádio, jornal e principalmente a internet,
chega até nós a todo momento, o que faz com que o educador precise estar preparado para inter-
pretar e constantemente reelaborar esses conhecimentos e repassá-los aos estudantes. Para isso, é
fundamental que ele tome consciência da importância de seu papel como implementador da Educa-
ção Ambiental, deixando claro no seu planejamento o que pretende com as aulas e como proceder.

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Em um trabalho que avaliou as perspectivas de alguns professores frente às suas ações, Mendes
(2009) fez uma sistematização para a formação de um repertório de conhecimentos sobre Edu-
cação Ambiental, como você confere no Quadro 1.

• “Mobilizar” o estudante (discutindo e trabalhando questões ambientais).


• “Instrumentalizar” o estudante (vinculando conhecimentos técnico-cien-
Perspectivas tíficos às ideias sobre meio ambiente).
do professor
• Fazer o estudante “vivenciar” determinados problemas ambientais.
• “Sensibilizar” o estudante para as questões ambientais.
1. Diagnosticando valores dos estudantes com relação a questões ambientais.

2. Abordando temas do universo local do estudante.

3. Abordando assuntos do dia a dia (e que geram discussão na sociedade).


Experiências
4. Levantando ideias e concepções dos estudantes sobre temas ambientais.
do professor
5. Incentivando as iniciativas dos estudantes.

6. Transformando a escola numa microesfera de práticas socioambientais.

7. Abordando assuntos do universo cultural dos estudantes.

Quadro 1 – Descrição das expectativas e experiências do professor.


Fonte: Elaborado pela autora, baseado em MENDES, 2009.

VOCÊ QUER VER?


O documentário “Lixo Extraordinário” (2010) retrata o trabalho do artista plástico Vik
Muniz no Jardim Gramacho, que é o maior aterro sanitário do mundo, localizado no
município de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. No trabalho, o artista produz retratos
dos catadores que trabalham no lixão, com ajuda de diferentes materiais que são
encontrados. O documentário fala de arte e a questão do lixo na sociedade, além de
mostrar a dura realidade do trabalho dos catadores. Por tratar de várias temáticas,
pode ser utilizado pelo professor para discutir diferentes questões com os estudantes,
desde a parte ambiental até a econômica e a social.

Neste ponto, podemos observar dois eixos para a Educação Ambiental (LIMA, 2002; LOUREIRO,
2004): um conservador, onde predominam ações pontuais e descontextualizadas, e outro eman-
cipatório. Desta forma, será baseado em práticas que contemplem não somente a preservação
ambiental, mas no contexto em que acontece e quais causas e consequências dos pontos de vista
econômico, político e social.

Tristão (2002) destaca que existem quatro desafios para o educador ambiental, que você confere a seguir:

• enfrentar a multiplicidade de visões, o que implica na necessidade de articulação dos


processos cognitivos com o contexto do estudante;
• superar a visão do especialista;
• superar a pedagogia das certezas;
• superar a lógica da exclusão.

Além disso, Stengers (1990) destaca que interdisciplinaridade, nesse contexto, é um desafio, uma
vez que permite superar a fragmentação do conhecimento.

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CASO
Você como professor de Ciências pode criar uma atividade sobre consumo consciente de água.
Pode trazer para os estudantes dados mostrando quantos litros de água, em média, são gastos
por minuto ao se deixar uma torneira aberta e um chuveiro ligado. Depois, peça para eles pensa-
rem em quanto tempo por dia gastam em cada uma dessas atividades: escovar os dentes e tomar
banho. Peça para que eles anotem o tempo durante uma semana. Com esses dados, ajude-os a
contar quantos litros por dia utilizam, em média, com base nas anotações de cada um. Formulem
uma estimativa para o mês. Em seguida, discuta sobre os resultados com os alunos e compare
os consumos com os dados fornecidos inicialmente. Finalize falando sobre os problemas do
desperdício de água, o quanto é caro o tratamento e como a água potável está cada vez mais
escassa no mundo. A partir daí eles serão capazes de entender melhor o quanto certos cuidados
são importantes no dia a dia para evitar o desperdício. Incentive as crianças a conversar sobre
isso com as famílias.

Compreenda, então, que o desafio está no fato de a Educação Ambiental envolver as ciências
naturais, sociais, exatas, científicas e humanas. Você deve estar se perguntando: mas como fazer
essa junção? Pois bem, essa preocupação com a interdisciplinaridade mostra a importância de
se avaliar os processos sociais que desencadeiam transformações na natureza. Por exemplo: a
construção de casas nas mananciais dos rios, que causam problemas ambientais graves em fun-
ção da contaminação com esgotos e resíduos sólidos.

Por ter um caráter interdisciplinar, a escola toda pode ser envolvida na realização de projetos de
Educação Ambiental. A seguir estudaremos sobre a importância desse envolvimento.

3.4 Como promover a Educação


Ambiental nas escolas?
Para iniciarmos os estudos deste tópico é importante que você compreenda que a relação entre
o meio ambiente e a educação tem se tornado cada vez mais próxima, ao mesmo tempo em que
adquire um caráter mais desafiador. O debate ambiental, seja na forma de disciplina ou como
eixo temático, de forma a articular as disciplinas no currículo, é um ótimo indicador da intenção
de internalizar a Educação Ambiental.

Figura 7 - A escola tem o poder de formar os educadores ambientais do futuro.


Fonte: wavebreakmedia, Shutterstock, 2016.

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Perceba que, sendo a escola um espaço de construção do conhecimento e de discussões, ela se
torna fundamental no processo de formação de educadores ambientais. Dessa forma, é necessária
uma constante sensibilização dos professores, bem como sua capacitação em relação ao tema.

3.4.1 Panorama e uma reflexão sobre Educação Ambiental nas Escolas


Até aqui você já viu que em nível nacional a temática ambiental é sugerida pelos Parâmetros Cur-
riculares Nacionais. Tendo isso em mente, é importante ressaltar que ela deve se institucionalizar
na escola, por isso precisa estar presente na elaboração dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP),
currículos e outros documentos normativos escolares.

Segundo dados do Censo Escolar, que é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
sas (Inep), no ano de 2001 foram registradas aproximadamente 115 mil escolas que ofereciam
Educação Ambiental de maneira formal ou informal. Já no ano de 2004, esse número aumentou
para 152 mil, o que representa crescimento de 32%. Além disso, a pesquisa verificou também
um aumento do número de matrículas, no período de 2001/2004, em escolas que ofereciam a
Educação Ambiental.

Diante desses dados podemos dizer que eles demonstram o constante esforço das escolas em
implantar o tema nos currículos. Mas o relatório traz um questionamento: que ações desenvol-
vem as escolas que dizem trabalhar com Educação Ambiental? Um dado interessante observado
na pesquisa é que muitas delas, embora trabalhem a questão ambiental, não têm infraestrutura
adequada para destinar o esgoto de forma correta, por exemplo, bem como não descartam cor-
retamente o lixo gerado no ambiente escolar. Essas questões chamam atenção para o fato: se a
própria escola não segue o que ensina, como esperar que os estudantes o façam?

3.4.2 Conhecendo alguns projetos de Educação Ambiental


Dentro do ensino de Ciências existem inúmeras possibilidade para se trabalhar esse conceito. Por
ser uma área que envolve, além das ciências naturais, várias áreas do conhecimento, os projetos
deste tema podem ter caráter multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar: tudo depende
da maneira como será conduzido. Mas o que importa aqui é que o objetivo de “conhecer para
preservar” seja alcançado, despertando uma maior conscientização por parte do estudante em
relação às questões ambientais. Além disso, tem como foco transformar o estudante em um in-
divíduo multiplicador desse conhecimento, incentivando-o a dividir tudo que ele aprender com a
família, amigos e vizinhos.

VOCÊ QUER LER?


Ao acessar o site do Ministério do Meio Ambiente você encontra o Relatório do Le-
vantamento Nacional de Projetos de Educação Ambiental. Dentre alguns dos temas
trabalhados, podemos destacar: problemas de realidade local e geral; lixo/reciclagem;
ambiente urbano; ações comunitárias; ecossistemas locais; áreas de preservação am-
biental; bacias hidrográficas, mananciais; flora e fauna da região; bairro/município/
comunidade; unidades de conservação; poluição e/ou tratamento de água; saúde/
doença e saneamento básico.

Ao acessar o site do Ministério do Meio Ambiente você encontra o Relatório do Levantamento


Nacional de Projetos de Educação Ambiental. Dentre alguns dos temas trabalhados, podemos
destacar: problemas de realidade local e geral; lixo/reciclagem; ambiente urbano; ações comu-
nitárias; ecossistemas locais; áreas de preservação ambiental; bacias hidrográficas, mananciais;

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Metodologia e Prática de Ciências no Ensino Fundamental

flora e fauna da região; bairro/município/comunidade; unidades de conservação; poluição e/ou


tratamento de água; saúde/doença e saneamento básico.

Para que você entenda melhor sobre a aplicação do tema no ambiente escolar, veremos alguns
projetos desenvolvidos por escolas de ensino fundamental no Brasil, seja de forma isolada ou em
parceria com órgãos governamentais ou instituições privadas. Saiba, no entanto, que a intenção
não é detalhar profundamente cada um dos trabalhos apresentados, mas sim mostrar ideias que
podem ser adaptadas à realidade local.

Além disso, tenha em mente que muitos documentos trazem, além do desenvolvimento do projeto,
a concepção e a elaboração, e que muitos discutem como foi a etapa de capacitação dos profes-
sores e da escola como um todo para que esta tivesse condições de desenvolver os programas.

Vamos ao primeiro exemplo? Acompanhe: é um grupo de projetos que estão descritos em um


relatório de Registros de Projetos de Educação Ambiental na escola, elaborado pela Secretaria
de Educação Fundamental por meio da Coordenação-Geral de Educação Ambiental (COEA).

O registro destes sete projetos contou com a sugestão de algumas secretarias estaduais ou
municipais de Educação, que escolheram os projetos que mais se destacaram em suas regiões.
Confira a seguir quais foram os temas propostos e os Estados/cidades presentes no relatório.

• Rio Grande do Sul / Erechim:


- Ervas Medicinais;
- Importância Histórica da Usina Hidrelétrica de Itá;
- O Borrachudo (mosquito).

• São Paulo/ Atibaia:


- Educação Ambiental Crianças da Paz;
- Projeto EcoCultural EncontrArte.

• Mato Grosso/Mimoso:

- Projeto Mimoso;
- Formação Continuada dos Professores;

- O outro lado dos animais peçonhentos 1 – Uma proposta para a Educação Ambiental.

• Santa Catarina/Itajaí:
- Clube olho vivo – monitoramento ambiental voluntário.

• Pernambuco/Afogados do Ingazeiro:
- Projeto Resgatar o Rio Pajeú.

• Amapá/Arquipélago do Bailique:
- Educação e Desenvolvimento Sustentável;

- Escola na Comunidade.

• Pará/Santarém
- Ilha de Ituqui - Um projeto-piloto.

Vamos conhecer mais alguns exemplos?

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O projeto Escola Sustentável, sugerido pela coordenadora do programa de educação ambiental
do Cedac, em São Paulo, apresenta um trabalho com o objetivo de implantar práticas susten-
táveis na escola. Ele envolve não somente os estudantes e professores, mas também direção,
coordenação pedagógica, funcionários e comunidade do entorno.

O projeto Escola Verde, desenvolvido em escolas de ensinos fundamental, médio e superior da


Região do Rio São Francisco, é um exemplo de pesquisa aplicada do tipo pesquisa-ação. Os
trabalhos realizados são seminários temáticos interdisciplinares e oficinas para capacitação de
professores, implantação de coleta seletiva, arborização das escolas, elaboração de materiais
didáticos, entre outros. Alguns exemplos de ações desenvolvidas: compostagem, reciclagem,
saúde ambiental, arte ecológica, mídia ambiental e outros.

Outro trabalho interessante e que vale a pesquisa é o Projeto Referencial de Educação Ambiental
nas escolas das comunidades de atuação do Projeto Sertão no Território do Pajeú (PE). O foco,
neste caso, foi em relação à sistematização da prática pedagógica dos professores e seu proces-
so formativo. Com isso, buscou-se valorizar a construção, o planejamento e a execução.

Neste ponto, vale destacar que muitas vezes a escola sozinha não tem condições ou precisa
de orientações tanto sobre como elaborar projetos quanto para ter acesso a informação e a
capacitação. Um exemplo relevante, nesse sentido, é o Projeto Sala Verde, coordenado pelo
Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Ambiente, que é uma forma de incentivo
à implantação de espaços que podem servir de centros de formação e informação ambiental.
A “sala verde” pode ser um espaço vinculado à rede pública ou privada, dedicado a projetos,
ações e programas educacionais voltados ao tema central. Atualmente, esse trabalho conta com
aproximadamente 357 salas em todo país que se localizam, em sua maioria, em prefeituras,
secretarias do meio ambiente, de educação, institutos federais e universidades. Desta forma,
constituem-se como uma opção para as escolas criarem parcerias para seus projetos.

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Síntese Síntese
Concluímos o capítulo 3 da disciplina e agora você já conhece a importância da Educação Am-
biental. De maneira resumida, você:

• Entendeu melhor a relação do homem com a natureza;

• Aprendeu sobre o conceito de educação ambiental;

• Conheceu diversos eventos importantes que deram origem à Educação Ambiental;

• Estudou a História da Educação Ambiental no Brasil;

• Entendeu o papel do professor na Educação Ambiental;

• Refletiu sobre o papel da escola na Educação Ambiental;

• Conheceu livros, filmes, documentos e aprofundou conhecimentos na temática ambiental.

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