Você está na página 1de 16

GESTÃO ESCOLAR; O BRINCAR COMO

INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM

RESUMO

Diante do tema proposto, estarei realizando uma observação por meio de uma pesquisa de campo
de como gestores de escolas das séries iniciais vem apoiando a ludicidade nas práticas de sala de
aula para melhor aquisição e aprimoramento dos conhecimentos dos alunos bem como a atuação
do coordenador pedagógico frente a este desafio. Por muito tempo os jogos e as brincadeiras eram
considerados um passatempo sem outros objetivos. Era a forma que as crianças utilizavam o tempo
livre. As brincadeiras eram feitas sem ter qualquer significado pedagógico. Os brinquedos que
existiam eram somente para distrair, enquanto seus pais trabalhavam, faziam suas obrigações ou
conversavam. Atualmente sabe-se que as brincadeiras e jogos infantis são representações da vida
real da criança e que ajudam a desenvolver sua capacidade de imaginar, pensar e agir por si
própria sem depender de um adulto para ensinar. Essas atividades são essenciais na formação
integral da criança, principalmente quando ela está na fase de desenvolvimento escolar. No
entanto, para que tenha efeito na educação, elas precisam ser trabalhadas de forma pedagógica.
O presente estudo teve como objetivo verificar a influência do lúdico na educação infantil,
buscando embasamento na bibliografia disponível, para entender como a criança aprende através
da ludicidade no processo de ensino/aprendizagem, bem como no desenvolvimento global da
criança. Por meio desta pesquisa foi possível entender o quanto o lúdico pode ser um instrumento
importante e imprescindível na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das
crianças.
Palavras-chave: Ludicidade – Aprendizagem - Séries Iniciais.

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda a seguinte temática: Gestão Escolar: Um novo olhar para o brincar
como instrumento de aprendizagem visando a realidade de escolas da Rede Municipal de Teodoro
Sampaio. O objetivo geral deste estudo é realizar uma análise de que maneira os professores da
Educação Infantil e dos Anos Iniciais vem inserindo a prática da ludicidade e como esta prática é

1. Marise Luciano Silva de Sousa.


2. Dilcineia dos Santos Reis
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Licenciatura em Pedagogia (PED12977) – Prática do
Módulo VII - 22/11/18
2

encarada pela gestão escolar. Tendo em vista, observamos como esse fenômeno ocorre nas salas de
aula tanto na Educação Infantil quanto nas séries iniciais do Ensino Fundamental, uma vez que,
mediante a estudos posteriores, vê-se que a inserção do lúdico nessas etapas da Educação Básica
tem se configurado como um mecanismo facilitador do processo de ensino aprendizagem por parte
dos aprendizes. O foco primordial tem sido a contribuição que o gestor escolar tem dado a esse
processo, no que tange a sua participação e interação com base na proposta a ser analisada.
Antigamente os jogos e as brincadeiras eram considerados um passatempo para as crianças, As
brincadeiras eram feitas sem ter qualquer significado pedagógico. Os brinquedos que existiam
destinavam-se apenas para distrair.
A partir do início do século XX, segundo Kishimoto (1993) algumas instituições de
educação infantil desenvolveram o jogo a partir de teorias pedagógicas influenciadas por Frobel,
Claparède, Dewey, Decroly e Montessori. Com o passar do tempo foi se tornando mais visível a
possibilidade de utilizar os jogos e brinquedos para desenvolver a aprendizagem de forma lúdica.
Sabemos que o lúdico tem sido considerado uma ferramenta importante para o aprendizado
do aluno. Isso se deve ao fato de que o aluno, quando inserido num ambiente em que esteja
envolvido com jogos, dinâmicas, desafios e outros, terá despertado sua motivação para descobrir o
novo e produzir conhecimento.
A escolha do tema deveu-se ao interesse de obter novos conhecimentos a respeito da prática
pedagógica a partir das atividades lúdicas. Percebeu-se pelos estudos realizados que o ensino e
aprendizagem na maioria das vezes continuam sendo insatisfatório, o que sugere a necessidade de
mudanças no âmbito educacional.
Por meio do lúdico é possível melhorar o desenvolvimento social, pessoal e cultural em
qualquer fase da vida do homem, pois é de conhecimento geral que os jogos e brincadeiras fazem
parte da vida de todos, melhorando a comunicação e a socialização do individuo.
A produção deste trabalho possibilita a ampliação de estudos acerca da temática, uma vez
que o foco na gestão tem sido pouco relatado, mas devemos considerar a sua importância para que a
aprendizagem aconteça.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DO JOGO

Ao enfatizar o jogo como instrumento didático pedagógico é possível constatar teoricamente


inúmeras considerações e nomeações a seu respeito, onde se destacam algumas expressões como:
jogos, brincadeiras, brinquedo, atividade lúdica e esporte. As linhas que separam os jogos, esportes,
ginástica, brincadeiras ou danças são muito tênues, servindo mais para uma definição didática. Na
3

visão de Brotto (2001, p. 12) não existe uma teoria completa do jogo, nem ideias admitidas
universalmente, o autor apresenta uma síntese dos principais campos culturais e científicos onde os
jogos são utilizados:

- Sociológico: influência do contexto social no quais os diferentes grupos de crianças brincam.

- Educacional: a contribuição do jogo para a educação; desenvolvimento e/ou aprendizagem da


criança.

- Psicológico: o jogo como meio para compreender melhor o funcionamento da psique, das
emoções e da personalidade dos indivíduos.

- Antropológico: a maneira como o jogo reflete, em cada sociedade, os costumes e a história das
diferenças culturais.

- Folclórico: analisa o jogo como expressão da cultura infantil através das diversas gerações, bem
como as tradições e costumes através dos tempos nele refletidos.

Mediante tais concepções compreende-se que o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária,
exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente
consentidas no meio cultural do povo, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si
mesmo, acompanhado de um sentido de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da
vida quotidiana. Nesta perspectiva, Brougére (2004, p. 16) complementa que:

A palavra "jogos" aplica-se mais às crianças e jovens, exclui qualquer atividade


profissional, com interesse e tensão e, por isso, vai além dos jogos competitivos e de regras,
podendo contemplar outras atividades de mesma característica como: histórias,
dramatizações, canções, danças e outras manifestações artísticas.

Diante desta afirmativa, percebe-se que o jogo constitui-se numa atividade primária do ser
humano. É principalmente na criança que se manifesta de maneira espontânea; alivia a tensão
interior e permite a educação do comportamento. Sendo assim, verifica-se que o jogo auxilia no
desenvolvimento físico, mental, emocional e social do sujeito.
Como forma de referendar a importância do jogo como um dos componentes imprescindíveis da
cultura humana, Murcia (2005, p. 9) ressalta que:

O jogo é um fenômeno antropológico que se deve considerar no estudo do ser humano. É uma
constante em todas as civilizações, esteve sempre unido a cultura dos povos, a sua história, ao
mágico, ao sagrado, ao amor, a arte, a língua, a literatura, aos costumes, a guerra. O jogo serviu de
vínculo entre povos, é um facilitador da comunicação entre os seres humanos.
4

Dentre todas as contribuições ofertadas ao desenvolvimento do ser humano, o jogo possui


grande relevância em função de viabilizar condições para o aprendizado e entre estas se destaca um
aspecto fundamental que é a socialização, onde através das quais os indivíduos constroem seu leque
de conhecimentos mediatizadas pelas relações que estabelecem com o meio.

Nas pesquisas de Murcia (2005, p. 11), evidencia-se o jogo como uma atividade natural de todo
ser humano, ressalta que: “essa palavra está em constante movimento e crescimento, e faz parte de
nossa maneira de viver e de pensar; o jogo é sinônimo de conduta humana”.

Neste processo é necessário lembrar que desde muito cedo o jogo na vida da criança é de
fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua
volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter
sentimentos de liberdade e satisfação pelo que faz, dando, portanto, real valor e atenção às
atividades vivenciadas naquele instante. Nas pesquisas de Pinto e Lima (2003, p. 5) verifica-se que:

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras de a criança comunicar-se sendo um


instrumento que ela possui para relacionar-se com outras crianças. É através das atividades lúdicas
que a criança pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade
interior. Ela irá aos poucos se conhecendo melhor e aceitando a existência dos outros, estabelecendo
suas relações sociais.

Como se observa o jogo é um estímulo tanto para o desenvolvimento do intelecto da criança


quanto para sua relação interpessoal, fundamental para o processo de aprendizagem infantil. Assim
sendo, quando jogam ou criam os seus próprios jogos, as crianças terão uma compreensão maior de
como o mundo funciona e de como poderão lidar com ele à sua maneira. Os jogos, portanto, podem
ser afirmações do que está acontecendo, ou representações do que as crianças entendem.
No que consiste aos tipos de jogos, é importante destacar que são normais às expressões como: jogo
tradicional e jogo popular, como se constata nos estudos de Murcia (2005, p. 110):

O jogo tradicional é aquele transmitido de geração em geração, quase sempre de forma oral.
De pais para filhos e de filhos para netos; de crianças mais velhas para crianças menores.
(...) O jogo popular faz referência ao que procede do povo, por isso se define o ‘jogo
popular’ como aqueles que são praticados pelas massas e não necessariamente são jogos
tradicionais, mesmo que com o tempo possam se perpetuar.

Na visão deste autor, verifica-se que os jogos podem ser classificados por diferentes
nomenclaturas dependendo da sua origem no meio social e cultural do povo. Contudo, o jogo está
inserido em diversos contextos e modalidades, onde conforme o mesmo autor, também se destaca
5

os jogos folclóricos por evidenciarem um leque de manifestações oriundas da realidade sócio-


histórica de uma dada sociedade.

Quanto à utilização do jogo, este pode ser direcionado a uma clientela bem diversificada e com
diferentes idades, as pesquisas de Brougère (2004, p. 13) evidenciam que: “O jogo pode ser
destinado tanto à criança quanto ao adulto: ele não é restrito a uma faixa etária. Os objetos lúdicos
dos adultos são chamados exclusivamente de jogos, definindo-se, assim, pela sua função lúdica.”
Portanto, os jogos podem ser utilizados por qualquer pessoa.

Os jogos em suas diversas fases contribuíram sensivelmente com os aspectos formativos dos
seres humanos, tendo em vista que na Educação Infantil o mesmo serve como recreação,
favorecendo a aprendizagem da leitura e escrita e, ao mesmo tempo, pode ser utilizado como
recurso para adequar o ensino ás necessidades infantis.

Conforme a vasta oportunidade de recursos que envolvem o lúdico, não se pode perder de vista
o referencial da cultura, que por sua vez, é muito importante, pois retrata a história de um povo e
nesse contexto, o jogo tem um elo de ligação com historicidade dos antepassados da humanidade
que deixaram um legado de modalidades lúdicas que servem como entretenimento e lazer.

2.2 CONCEPÇÕES TEÓRICAS DO QUE É LUDICIDADE

A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. Segundo Piaget, o desenvolvimento
da criança acontece através do lúdico, que não representa somente o jogar, mas sim pode ser
encontrado em várias manifestações como na dança, teatro, brincadeiras, construção de materiais
concretos e nas histórias.
Nesse sentido a função educativa do lúdico oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu
saber e sua compreensão de mundo. Para Friedman (1996) os jogos lúdicos permitem uma situação
educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando alguém está jogando está executando regras
do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo ações de cooperação e interação que estimulam a
convivência em grupo. Os jogos são importantes para descontrair e fazem bem para a saúde física,
mental e intelectual de todos. Para a criança, os jogos ajudam desenvolver a linguagem, o
pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima. Prepara para serem cidadãos capazes de
enfrentar desafios e participar da construção de um mundo melhor. Por isso se configura adequado
para ser utilizado como ferramenta para a aprendizagem escolar em todas as áreas de conhecimento.
É importante mencionar que o lúdico tem sua origem na palavra latina “ludus” que quer
dizer “jogo”. Se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo
apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido
6

como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a


definição deixou de ser simples sinônimo de jogo. (LEAL, 2011, P.10)

A definição de ludicidade foi definida de várias maneiras durante muitos anos por estudiosos e
pesquisadores, dentre outros cada um dando, dominação e conceito de sua prática e importância,
acompanhando suas linhas de pensamentos e estudos. Como expressão de significados que tem o
brincar, “o lúdico representa uma oportunidade de (re) organizar a vivência e (re) elaborar valores,
os quais se comprometem com determinado projeto de sociedade” conforme Gomes (2004, p.146).
Segundo Kishimoto (1993), foi em meados de década de 1930 que os jogos educativos
começaram a ser inseridos nas instituições infantis. Naquela ocasião, o Brasil conheceu
personalidades importantes no campo da Psicologia, como Claparède, Pierre Janet, Mira e Lopes,
André Reis e outros que auxiliaram na disseminação de estudos na área da psicologia infantil,
inclusive sobre o jogo. O sentido do jogo era considerado como uma manifestação dos interesses e
necessidades das crianças e não apenas como distração. A formação da criança era viabilizada por
meio dos brinquedos e dos jogos que ela executava.
Também para Piaget (apud Almeida 1974, p 25), “os jogos não são apenas uma forma de
desafogo ou entretenimento para gastar a energia das crianças, mas meios que enriquecem o
desenvolvimento intelectual”.
Segundo Kishimoto (1999), o jogo educativo utilizado em sala de aula na maioria das vezes
vai além das brincadeiras e se torna uma ferramenta para o aprendizado. Para que o jogo seja um
aprendizado e não uma obrigação para a criança, é interessante deixar que o aluno escolha com qual
jogo queira brincar e que ele mesmo controle o desenvolvimento do jogo sem ser coagido pelas
normas do professor. Para que o jogo tenha a função educativa não pode ser colocado como
obrigação para a criança.
Na educação infantil é possível utilizar os jogos e as brincadeiras para desenvolver o
cognitivo, a motricidade, a imaginação, a criatividade, a interpretação, as habilidades de
pensamento, tomada de decisão, organização, regras, conflitos pessoais e com outros, as dúvidas
entre outras. A afetividade, o companheirismo, a disciplina, a organização dos brinquedos após o
uso, podem ser adquiridas através das brincadeiras conjuntas entre as crianças.
Segundo Adamus, Batista e Zamberlan (apud Costa 2006), os jogos, brinquedos e
brincadeiras na infância são atividades essenciais para instigar a curiosidade, a auto-estima e a
iniciativa da criança, com isso desenvolver a linguagem, o aprendizado, o pensamento, além da
atenção e concentração.
Por outro lado, é preciso considerar o que propõe Negrine (apud Costa, 2006 p.104): “a
concepção de que o brincar está reservado às crianças nada mais é que a perda da naturalidade
7

humana, imposta pelo homem ao próprio homem, já que a história nos diz - o adulto costumava
dedicar muitas horas ao lazer”.
É necessário lembrar que qualquer criação do homem até mesmo as brincadeiras e jogos
estão relacionados ao contexto social, histórico e cultural do momento, dessa forma assume as
características da época.

2.3 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO/ APRENDIZAGEM

Na atualidade, tem se atribuído atenção especial ao brincar como elemento fundamental para
aprendizagem. Contudo percebe-se que nas instituições escolares há significativa distância, quando
se toma por base a presença de referenciais teóricos e diretrizes que disseminam privilégio ao
brincar e a presença deste na rotina diária, sobretudo em seguimento iniciais.
Assim o lúdico quando trabalhado numa perspectiva pedagógica pode ser um instrumento de suma
importância na aprendizagem, no desenvolvimento, cognitivo, afetivo e social na vida da criança.
Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções
espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas
cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de
relevância para desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 1999, p. 36).

Acredito que todos os professores e futuros professores devem adquirir conhecimentos para
trabalhar com a ludicidade no ensino/aprendizagem.
No entanto em conversas que tive com alguns professores que trabalham na rede pública, me
foi relatado que não trabalham com a ludicidade por ser muito complicado conter as crianças, elas
se desentendem e começam brigar ficando difícil controlá-las, por isso preferem não trabalhar com
os jogos e brinquedos. Já outros destacaram que é muito importante, pois faz com que o aluno
aprenda mais. O professor precisa ter criatividade para poder trabalhar com brincadeiras, as quais
precisam ser planejadas, viabilizar os materiais necessários para a brincadeira, criar regras, para que
tudo se encaminhe de forma pedagógica e produtiva para que os alunos possam brincar e adquirir
conhecimento de forma mais prazerosa.
Para Szymanski (2006), ao trabalhar com o lúdico partindo de ações pedagógicas que
valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia, para que as crianças desenvolvam a
representação simbólica, são fundamentais no processo de aprendizagem. As histórias, músicas e
poesias infantis trazem um grande leque de possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula,
onde as crianças poderão interpretar, dançar, declamar, mostrando suas habilidades que ainda não
foram detectada pelo professor em uma aula “normal”, criando novas possibilidades de
conhecimentos pertinentes para o aprendizado da criança.
8

Quando o conhecimento é construído através do lúdico a criança aprende de maneira mais


fácil e divertida, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e a curiosidade, pois faz
parte do seu contexto naquele momento o brincar e jogar, garantindo uma maturação na aquisição
de novos conhecimentos.
É importante que as crianças se expressem ludicamente deixando aflorar sua criatividade,
frustrações, sonhos e fantasias, para aprender agir e lidar com seus pensamentos e sentimentos de
forma espontânea. No entanto, a ludicidade não é apenas entretenimento, ou um brincar por brincar
é algo que deve ser trabalhado pelo educador.

2.4 O PAPEL DO DOCENTE NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM JUNTO A


LUDICIDADE

Consideramos relevante o papel do professor cuja ação pedagógica tenha compromisso em


esclarecer para as crianças quais objetivos que querem alcançar naquela atividade, quais são as
regras, porque as crianças precisam compreender que o brincar é um instrumento de aprendizagem
por meio de um momento de diversão. Deste modo é válido que o professor repense a sua prática
pedagógica para um maior domínio na sua área de conhecimento, apresentando, assim, uma postura
consciente para criar alternativas de enfrentamento que propiciem às suas crianças, ambientes de
aprendizagem que elas se identifiquem.
De acordo com Perrenoud (1995, p.28): “ensinar é organizar as interações e atividades de modo
que cada aluno se defronte constantemente com situações didáticas que lhe sejam as mais
fecundas.” Na formação acadêmica dos professores tem-se pouco contato com disciplinas voltadas
para como o professor deve repassar o seu conhecimento ao aluno, e muitos acadêmicos se formam
sem saber como trabalhar diretamente com os alunos e repassar os conhecimentos adquiridos dentro
da sala de aula.
Dentro desta perspectiva, é relevante rever quais caminhos seguir para assegurar práticas
concretas comprometidas em questões didático-metodológicas, que estabeleçam uma relação
estreita entre o processo de aprendizagem da criança e a comunidade da qual faz parte. Assim, o
fazer pedagógico tornar-se-á um ideal que vai além do domínio dos conteúdos. Freire (1996, p.106)
diz: “Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero
permanentemente a minha. Não posso ensinar o que não sei.”
Deste modo, o papel do professor é incentivar a criança para que ela assume uma postura e
possa desenvolver seu senso crítico formando os seus conceitos. Assim, o desenvolvimento da
prática do professor precisa considerar a meta que pretende alcançar, para que as crianças
9

desenvolvam seus aspectos cognitivos e afetivo, envolvendo-se com as temáticas propostas


garantindo aprendizagens que façam sentido em relação a sociedade. O papel principal do educador
nesse processo é estimular os alunos à construção dos conhecimentos através das atividades lúdicas,
fazendo com que eles sejam desafiados a produzir e oferecer situações problema que serão impostas
pelo educador, a fim de motivar a percepção e construção de esquemas de raciocínio, além de ser
uma forma de aprendizagem diferenciada e significativa. O professor, como principal responsável
pela organização das situações de aprendizagem, deve saber o valor da brincadeira para o
desenvolvimento do aluno. Cabe a ele oferecer um espaço que mescle brincadeira com as aulas
cotidianas, um ambiente favorável à aprendizagem escolar e que proporcione alegria, prazer,
movimento e solidariedade no ato de brincar.
O educador não precisa ensinar a criança a brincar, pois este é um ato que acontece
espontaneamente, mas sim planejar e organizar situações para que as brincadeiras ocorram de
maneira diversificada, propiciando às crianças a possibilidade de escolher os temas, papéis, objetos
e companheiros com quem brincar. Dessa maneira, poderão elaborar de forma pessoal e
independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais (RCNEI, 1998, p. 29).
O professor como mediador da aprendizagem, deve fazer uso de novas metodologias,
procurando sempre incluir na sua prática as brincadeiras, pois seu objetivo é formar educandos
atuantes, reflexivos, participativos, autônomos, críticos, dinâmicos e capazes de enfrentar desafios.

2.5 O PAPEL DO COORDENADOR JUNTO AO DOCENTE

Os processos educativos tendem a passar por mudanças ao longo do tempo. Tais mudanças são
necessárias e estão sempre buscando a melhoria da qualidade da educação. Em meio a isso, a
Educação Infantil, como etapa inicial da Educação Básica, também modificou sua metodologia para
atender às necessidades do educando. Nesse sentido, a participação do coordenador pedagógico
como parceiro do professor tem conduzido os processos de ensino e aprendizagem de forma
inovadora. Assim, para Moyles (2002) as crianças as crianças sentem grande prazer em repetir jogos
que conhecem bem, sentem-se seguros quando percebem que contam cada vez mais habilidades em
responder ou executar o que é esperado pelos outros.
Na construção de um ambiente favorável ao aprendizado tanto na Educação Infantil, o
coordenador pedagógico tem um papel fundamental para a construção de saberes. Libâneo (2004,
p.221) afirma:

As funções da coordenação pedagógica podem ser sintetizadas nesta formulação: planejar,


coordenar, gerir e acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógicas-didáticas e
10

curriculares da escola e da sala de aula, visando atingir níveis satisfatórios de qualidade


cognitiva e operativa das aprendizagens dos alunos (LIBÂNEO, 2004, P.221).

Assim, o trabalho do coordenador pedagógico deve estar bem definido e claro, para que todos os
envolvidos no processo tenham tranquilidade em executar suas tarefas. Nesse sentido, o gestor
pedagógico poderá operar na Educação Infantil, auxiliando aos professores no desenvolvimento de
sequências didáticas que envolvam jogos e brincadeiras, já que, conforme destaca o Referencial
Curricular Nacional da Educação Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998, p.58), é importante valorizar
lúdicas na Educação Infantil, pois um dos benefícios trazidos por este tipo de metodologia é a
facilidade com que as crianças incorporam os conhecimentos, diferentes de quando o trabalho é
feito de maneira mais tradicional.
Embora muitos professores, presos a metodologias antigas, não estejam interessados em
dinamizar suas aulas com a presença dos jogos e brincadeiras, o coordenador pedagógico deve atuar
como incentivador desse tipo de atividade, propondo sequências didáticas dinâmicas, nas quais o
professor possa encontrar meios para que seu aluno interaja e aprenda. Nesse sentido, o
coordenador pedagógico deve estar munido de conhecimento teórico sobre esta prática, contudo não
deve pensar em fazer isto sozinho, mas sim em parceria com toda a equipe de professores envolvida
no processo.
Ainda hoje, mesmo depois de tantos estudos que comprovam a eficácia da inserção de atividades
lúdicas nas classes de Educação Infantil, muitos professores ainda não se sentem seguros para
implementar essa proposta em suas aulas. Isso se deve, sobretudo, ao fato de que é um tema novo,
que requer da gestão pedagógica uma atenção maior para a formação continuada dos professores, a
fim de que desmistifique a ideia que os mesmos têm sobre o assunto.
Diante dos impasses que podem surgir, o coordenador pedagógico pode atuar como parceiro do
professor, contribuindo para que os mesmos possam trabalhar de forma lúdica e deixar que seus
alunos se sintam à vontade para aprender brincando. Isso deve acontecer de forma natural,
conforme afirma Velasco (1996, p.78):

Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou intelectuais. Quando a


criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de desenvolver as capacidades
inatas podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a
vontade tem maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e
afetuoso.

O gestor deve criar parceria com os professores e mostrar para os mesmos, principalmente para
que os que ainda não acreditam na construção do conhecimento por meio da ludicidade, que, como
afirma Velasco (1996), a brincadeira é uma atividade completa para o educando na fase inicial da
sua jornada de estudos. Diante disso, Oliveira (2002) destaca algumas competências desenvolvidas
11

pela criança por meio da brincadeira, dentre elas a compreensão das características dos objetos e os
elementos da natureza e os acontecimentos sociais.

2.6 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

O ato de brincar é fundamental na formação do indivíduo principalmente na fase da infância


tanto para o seu desenvolvimento motor como psicológico, tanto os pais como os professores
devem deixar um tempo livre para a criança brincar dando limites de horário e tendo a hora da
diversão e a hora da obrigação, sendo essas, prazerosas onde a criança se divirta mesmo na hora da
realização de obrigações rotineiras. Esse limite faz com que a criança tenha disciplina, tanto em
casa quanto na sala de aula.
Conforme MELLO e RAMO, 2007 p72:
“Através de atividades lúdicas a criança cria situações imaginária em que se
comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos e quando brinca seu
conhecimento desse mundo se amplia, porque, nesta atividade, ela pode fazer de conta que
age como adulto age imaginado realizar coisas que são necessárias para operar com objetos
os quais os adultos operam e ela não”.

Esse pensamento mostra o quanto é importante a atividade lúdica, trazendo a criança a


imaginação do real introduzindo-se na realidade do mundo de maneira que ele perceba o concreto
com “o concreto” em mãos. A criança brinca sem saber o que realmente está aprendendo, e essas
brincadeiras acabam formando sua própria personalidade, construindo nela atitudes de como ser que
está inserida na sociedade mesmo que por enquanto seja só na imaginação.
O brincar enxerido no cotidiano escolar do educando além de ser uma atividade que traz o
enterrasse do mesmo para a realização das atividades, torna-se também necessário de acordo com
Santana (2007), a brincadeira não é apenas uma dinâmica interna da criança, mas uma atividade
dotada de um significado social que necessita de aprendizagem. Tudo girara em torno da cultura
lúdica, pois a brincadeira que se torna possível quando apodera elementos da cultura para
internalizá-los e criar uma situação imaginaria de reprodução da realidade. É através da brincadeira
que a criança consegue adquirir conhecimento, superar limitações e desenvolver-se como
indivíduo.
O aprender através de jogos e brincadeiras permitem saber o que já é conhecido, quando
uma atividade difícil é recebida por meio de jogos e brincadeiras essa se torna fácil de ser
compreendida.
Segundo BORBA (2006, p. 40);
“A liberdade do brincar se configura no inverter a ordem, virar o mundo de ponta-cabeça,
fazer o que parece impossível, transmitir em diferentes tempos-passados, presente e
12

futuro...uma excelente fonte de conhecimento sobre o brincar e sobre as crianças é observa-


los brincando.”

Desta maneira as pessoas iram entender o porquê de tanto movimento no período inicial da
vida escolar da criança, pois nesse tempo eles não param e estão em sua melhor fase de
aprendizagem.

2.7 O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO DISCENTE.

O lúdico é de grande importância para a formação da criança, pois desde cedo a sua
aprendizagem adquirida, é através de brinquedos e brincadeiras introduzidas pela participação dos
pais na sua formação inicial. E assim juntamente com a ajuda participativa de todos que o cercam o
discente vai se desenvolvendo. Conforme diz (FERREIRO 2000 p. 25):
“As crianças não aprendem simplesmente porque veem o outro ler e escrever e sim porque
tentam compreender que classe de atividade é essa as crianças não aprendem simplesmente
porque veem letras escritas e sim porque essas marcas gráficas são diferentes de outras. As
crianças não aprendem apenas por terem lápis e papel a disposição, e sim porque buscam
compreender o que se pode obter com esses instrumentos. Em resumo não aprendem
simplesmente porque elaboram o que recebem por que trabalham, cognitivamente como o
que o meio lhe oferece”.

Portanto o ato de aprender a ler se dá de acordo com as necessidades do indivíduo, assim como
para saborear uma fruta pela primeira vez tem que se gostar para experimentá-la novamente. É o
mesmo caso dos alfabetizando se eles não tiverem interesse em saber a aula, ou se a aula não der
esse interesse ao educando, ela não será prazerosa, trazendo apenas o conteúdo sem nenhuma
atividade interessante ao olhar do aluno será desprezada pelo mesmo, mas se transformar esse
conteúdo em brincadeira ou um jogo que esteja inserido no cotidiano do educando ai sim se tornará
valorosa e prazerosa. (ROSA e NISIO 1999, pg.77) dizem que.
“Com as atividades lúdicas espera-se que a criança desenvolva a coordenação motora, a
atenção o movimento ritmado, conhecimento quanto a posição do corpo, direção a seguir e
outras”.

Só através dessas capacidades citadas acima o alfabetizando terá um bom desenvolvimento na


escola, pois é através da brincadeira lúdica como o simples “pular corda” que as crianças forma sua
coordenação motora, que às vezes os discentes na aula de educação física não sabe a proposta real
dessa atividade essencial para o desenvolvimento motor da criança.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


13

Conforme visto nas discussões ao decorrer deste trabalho, que as questões da ludicidade não
compreendem apenas jogos e brincadeiras, mas como um mecanismo no qual possibilita momentos
de lazer, divertimento e aprendizagem, propiciando as crianças experiências únicas, diferenciadas,
singulares. Será através da proposta lúdica que as crianças irão deparar com momentos ricos em
criatividade e imaginação, favorecendo assim uma aprendizagem mais integrada e adaptada ao seu
mundo.
Ainda, no percurso deste estudo, foi possível analisar a importância do lúdico para o
desenvolvimento biopsicossocial da criança, tecendo-se no tear da pesquisa, questões históricas que
fundaram o sentimento da infância e o quão se torna importante estabelecer e desenvolver
parâmetros e formas singulares e especificas para lidar, entender e cuidar das nossas crianças.
Tomando o lúdico como uma ferramenta fundamental para o processo de ensino e aprendizagem na
educação infantil, deparamos com um universo teórico consistente que faz chão, sustentando o
presente trabalho e confirmando à hipótese de pesquisa, ou seja, o lúdico é peça fundamental e
indispensável na educação infantil e no processo de constituição da criança.
A realização da pesquisa nos possibilita a oportunidade de refletir acerca do processo da
construção do conhecimento da mesma forma que este momento para se fazer um confronto com a
realidade e os saberes já construídos.
A presente pesquisa é descritiva e de cunho qualitativo, com coleta de dados através de um
questionário estruturado e observação. O questionário teve como objetivo levantar o processo da
utilização do lúdico na formação do educador e quais as ações e estratégias do professor em sala de
aula que envolve a aplicação do lúdico com forma de ensino para avanço nas aprendizagens dos
alunos, identificar os fatores limitadores, os pontos fortes e fracos da aplicação podendo assim, ter
uma visão ampla da situação da aprendizagem lúdica das crianças.
É importante enfatizar que nos deparamos com professores, que mantiveram a princípio uma
resistência para aplicação do questionário e a realização das pesquisas. Porém conseguir cumprir
esta etapa.
A ludicidade dentro da educação infantil vem com a função de fazer a união daquilo que
uma criança aprende com o seu educador, só que não apenas teoricamente, mas também na prática,
deixando com que as mesmas, coloquem a mão na massa, o que perceptivelmente é bem mais
facilitador na compreensão. Esta praxe vem de encontro com a função do educador e do educar, que
se pode citar como a ferramenta de informação e formação destas crianças enquanto indivíduos,
dentro de uma sociedade constituída.
Haja vista que tanto o professor, quanto a família, tem um importante papel no processo
educativo, mas com um viés diferenciado, principalmente nas fases iniciais, que é o momento onde
essas crianças conhecem um mundo que vai além delas mesmas, estabelecendo mecanismos e
14

ferramentas, que possam auxilia-las neste momento de informações e formações enquanto futuros
indivíduos inseridos em uma sociedade. Por esta e outras razões citadas aqui, pode-se compreender
que o lúdico, tem como função não apenas deixar com que as crianças sejam crianças, mas também
servir como mediador diante de uma formação mais saudável e de acordo com a idade. Destarte, o
lúdico é matéria prima para se trabalhar com as crianças e nos mostra que através da brincadeira, do
jogo, das fábulas, da arte, será possível encontrar e promover um novo modo de educar.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que a criança, a infância e a aprendizagem constituem um tripé


fundamental para uma construção saudável destes indivíduos enquanto futuros cidadãos, repletos de
direitos e deveres, mas também que sejam munidos de uma infância construtiva para sua formação.
Desta forma, verificou-se o papel do lúdico, enquanto uma rica ferramenta para o ensino,
principalmente na formação infantil, onde o objetivo principal é uma criança sendo criança, ou seja,
uma criança que é respeitada em sua fase de desenvolvimento, a infância, sem abdicar a
aprendizagem cabível a sua faixa etária. Acredito que os futuros professores podem e precisam
tomar consciência desse potencial educativo viabilizado pelas atividades lúdicas. É necessário
observar se os professores atuantes têm conhecimento de alguns conceitos, de como o lúdico pode
influenciar na relação do brincar com a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. O propósito
desse artigo é, porquanto, mostrar a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras para o
desenvolvimento e aprendizagem das crianças. O domínio de novos saberes no campo do lúdico
poderá se tornar uma importante contribuição para o aperfeiçoamento das práticas pedagógica
especialmente dos professores das séries iniciais do ensino fundamental.
O Objetivo principal desse trabalho foi apresentar os benefícios que os professores e seus
alunos terão quando souber a real proposta lúdica no Processo Ensino aprendizagem, desta forma,
deparou-se com dois objetivos específicos sendo: O primeiro é identificar as principais dificuldades
dos professores quanto a pratica de uma aula lúdica. Procurando de modo facilitador uma forma
harmoniosa e produtiva de se administrar a aula. No segundo permitir que através de pesquisa com
professores, coordenadores e gestores questionarem essa forma de aprendizagem.
Sendo abordada a contextualização do lúdico no processo de ensino aprendizagem na
alfabetização da escola acima referenciada bem como a importância lúdica no processo evolutivo da
criança. A temática aqui discutida demonstra que muitos têm sido os saberes atribuídos aos jogos,
na busca de caracterização das práticas pedagógicas bem como as concepções que envolvem o
processo educativo. Brincar, jogar, divertir-se na sala de aula constituem atividades estimulantes
15

tanto para o aluno quanto para o professor. Estar aberto para mudar seus paradigmas a respeito de
sua forma de trabalho é um exercício que o professor precisa fazer.
Não basta dominar as teorias e decidir-se por trabalhar com jogos. É necessário deixar-se ir junto
com a brincadeira, aprender e perceber as diferentes nuances do aprendizado de uma turma. Tudo
isso implica libertar o seu fazer profissional das amarras que constrói durante a sua escolarização e
sua formação, o que implica um conhecimento pessoal e profissional profundo e muita vontade de
mudar, ou seja, de ver algo ser feito diferentemente.
São relevantes as atividades lúdicas no desenvolvimento infantil, bem como sua função no processo
educativo; para que esse processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma prazerosa, os
professores devem estar cientes de seu papel nessa fase de construção de conhecimento das
crianças. Os educadores, por sua vez, devem se preparar para trabalhar com o criar, pois a
criatividade deve ser vista como um elo dinâmico e contínuo. Nessa perspectiva, o docente não
deve ver a criança como receptora passiva de estímulos, mas como uma pessoa capaz de ação, que
interaja, crie e recrie possibilidades e novas aprendizagens.
Um desenvolvimento harmônico, lúdico, que inclui aprender a ouvir opiniões diferentes e a contra-
argumentar, estabelecendo comparações objetivas entre várias maneiras de se compreender um
mesmo fato, pouco a pouco vai contribuir para tornar a criança apta a um intercambio, real com os
outros, favorecendo a troca de experiências, por estar baseada na cooperação e na reciprocidade.
Rompendo com a aceitação passiva de ideias ou sugestões mal compreendidas, a criança que
desenvolve a ludicidade entra em contato com uma forma mais ampla de linguagem, passa a ser
sujeito ativo de suas ações e as defende nas conversas com os adultos. Assim, o seu “mundo lógico”
passa a ser transformado de acordo com suas vivências.
O “fazer” é um dos critérios essenciais para orientar as condutas do professor frente às
crianças. Sendo assim, o que realmente importa é criar o maior número de situações que promovam
o desenvolvimento de habilidades variadas com o objetivo de alcançar um maior aprendizado.
As crianças devem sentir-se sempre capazes de exercitar o que foi proposto. O progresso dos
movimentos e das habilidades deve ser de qualidade crescente, superando obstáculos e aspirando a
novos desafios. Esse progresso repercute nos demais movimentos e possibilita a introdução de
outras e mais complexas atividades.
Para tanto, o professor deve compreender a importância das tentativas desenvolvidas com
atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento do raciocínio. Deve aprender a respeitar a
criança e valorizar cada descoberta que venha a fazer em sua vida escolar. O respeito pelas várias
etapas deste desenvolvimento constitui uma conduta que, uma vez refletida, transcendem quaisquer
que sejam as características do meio imediato. O que realmente interessa é atribuir a cada criança o
papel de sujeito ativo na construção de formas cada vez mais aprimoradas de conhecimento, pois
16

somente o indivíduo ativo é capaz de atuar frente às pressões sociais, compreendendo-as para
transformá-las. O grande desafio é o repensar a Educação em sua totalidade, enfrentando a
fragmentação do conhecimento.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 1974.

COSTA, Wilse Arena da. 50 sugestões didático-pedagógicas para o ensino da leitura e da escrita
em sala de aula. Cuiabá: Entrelinhas: EDUFMT, 2006.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes,
1993.

SZYMANSKI, Maria Lídia Sica; PEREIRA JUNIOR, Antonio Alexandre. Orgs: Diagnóstico e
intervenção psicopedagógica: reflexões sobre relatos de experiências. Cascavel: Edunioeste,
206.

WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. Tradução


Esméria Rovai. 5. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

Você também pode gostar