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U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

RACIOCÍNIO LÓGICO

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DO RACIOCÍNIO LÓGICO ................................ 5
UNIDADE 2 – FERRAMENTAS MATEMÁTICAS APLICADAS AO RACIOCÍNIO
LÓGICO ............................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 72
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INTRODUÇÃO

“Loucura é querer resultados diferentes, fazendo tudo sempre igual.”


(Abert Einstein)

Que as empresas continuamente procuram profissionais mais gabaritados,


ou seja, mais dinâmicos, já é sabido por todos nós. Mas como poderíamos
diferenciar profissionais mais gabaritados e dinâmicos? Em verdade, o mercado
procura profissionais que consigam tomar decisões através de raciocínios e
estratégias corretas. Mas o que seria uma argumentação correta? Nesse sentido
surgem a Lógica, a Filosofia e a Matemática que formam em conjunto, as áreas
do conhecimento que descrevem o raciocínio lógico, que é amplamente utilizado
para a resolução de problemas diversos e comumente cobrado em concursos
públicos e/ou privados.
Inicialmente deve-se observar que quando falamos ou escrevemos, na
grande maioria das vezes, surgem termos e expressões com sentido não muito
claro, inserindo assim, várias dúvidas com relação ao sentido de nossa fala e
escrita, ou seja, ambiguidade. Dessa forma, pode-se pensar numa série de
indagações, tais como: Qual o significado desta expressão? Qual a sua
lógica? Não são ideias contraditórias? É lógico? Tem sentido? É sabido que
a terminologia “Lógica” é proveniente da Grécia significando “logos”, sendo a
discussão do uso de raciocínio em alguma atividade, ou seja, o estudo normativo,
filosófico do raciocínio.
Historicamente, a Lógica foi estudada em várias civilizações da
Antiguidade, desde a Índia, na recursão silogística, passando pela China no
Moísmo e na Escola dos Nomes, bem como, na Grécia Antiga que a Lógica foi
estabelecida como disciplina por Aristóteles, com a sua obra Organon.
É interessante salientarmos ainda que a Lógica examina de modo geral as
formas que a argumentação pode tomar, quais dessas formas são válidas e quais
são sem sentido. De outra forma, ressalta-se que em Filosofia, a Lógica tem papel
fundamental na metafísica, ontologia, epistemologia e ética, enquanto que na
Matemática, estudam-se as formas válidas de inferência de uma linguagem
formal, caracterizando o seu valor lógico. Já para a Ciência da Computação, a
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lógica é uma ferramenta indispensável nas linguagens de programação e, por fim,


a Lógica também é estudada na teoria da argumentação. Atualmente, a Lógica é
utilizada em concursos de organizações privadas e governamentais nos mais
variados níveis de instrução em processos seletivos.
Portanto, o nosso módulo busca a apresentação de ferramentas
relacionadas à teoria da argumentação e do raciocínio lógico propriamente dito,
que visa a resolução de problemas de uma forma coerente e estruturada, seja em
termos gerenciais ou não.
As palavras acima são nossa justificativa para o módulo em estudo.

“Teoria é quando nada funciona e todo mundo sabe o porquê.


Prática é quando tudo funciona, mas ninguém sabe o porquê.”
(Anônimo)

“As soluções que mais interessam a uma organização são aquelas


que aumentam a sua competitividade.”
(Kaplan)

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não
fizer nada, não existirão resultados.”
(Gandhi)
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UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS DO RACIOCÍNIO LÓGICO

1.1 Aspectos introdutórios


Poderíamos iniciar a abordagem do nosso texto, indagando: “O que seria a
Lógica?” ou “O que seria o Raciocínio Lógico?” Ou ainda, “Você sabe utilizar o
seu Raciocínio Lógico para a resolução de problemas?” De outra forma, “Saberia
definir uma decisão?” “Saberia classificar os diversos problemas e as
metodologias de resolução dos mesmos?” Sendo assim, esperamos responder
questões como estas e outras que nos façam entender a importância do
Raciocínio Lógico e, porque não da Lógica para a resolução de problemas
simulados diversos. É sabido que as empresas, de forma geral, praticam de
problemas deste foco em concursos diversos, desde instituições financeiras, bem
como, multinacionais.
Inicialmente, devemos salientar que, de acordo com Martins (2012), o
termo “lógica” (do grego clássico λογική logos, que significa palavra,
pensamento, ideia, argumento, relato, razão lógica ou princípio lógico), é uma
ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o
pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a
verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser
atingida.
Dessa maneira, a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem
pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A
aprendizagem da lógica não constitui um fim em si. Ela só tem sentido enquanto
meio de garantir que nosso pensamento proceda corretamente, a fim de chegar a
conhecimentos verdadeiros. Podemos, então, dizer que a lógica trata dos
argumentos, isto é, das conclusões a que chegamos através da apresentação de
evidências que a sustentam. O principal organizador da lógica clássica foi
Aristóteles, com sua obra chamada Organon. Ele divide a lógica em formal e
material.
Nesse caso, note que a Lógica é o ramo do conhecimento humano que
estuda as formas pelas quais se pode construir um argumento correto. Porém,
como poderíamos caracterizar um raciocínio correto? Geralmente, um raciocínio é
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considerado correto quando as conclusões a que se chega são as melhores


possíveis, dada a informação disponível.
Devemos ressaltar que, ao analisarmos uma determinada proposição,
queremos em verdade decidir se ela é verdadeira ou não, por mais simples que
seja. Exemplificando, quando você deve decidir pela direção da direita ou pela
direção da esquerda, ou ainda, definir qual ramo gostaria de se formar, são
proposições simples, mas que demanda de uma argumentação para a tomada de
decisão. Com relação a esta decisão, pode-se mensurar o estudo da Lógica em
dois tipos.
 Lógica Dedutiva: uma proposição pode ser apenas verdadeira ou
falsa, não havendo alternativa intermediária.
 Lógica Indutiva: uma proposição pode ter diferentes graus de
plausibilidade associados a ela, de acordo com esta parece ser mais ou menos
verdadeira.

Vejamos a ilustração introdutória a seguir.

Situação Introdutória (Adaptada de Martins, 2012): suponhamos que


você é um guarda de uma determinada rede de supermercados, e durante a sua
inspeção noturna escuta um alarme disparar. O alarme que disparou é o alarme
de uma joalheria dentro do hipermercado, e a mesma está com o vidro da frente
totalmente estilhaçado. Saindo da joalheria, você vê um homem, vestindo uma
máscara e carregando algo na mão, em verdade um saco. Após detê-lo para
averiguar o que está acontecendo, você vê que o saco está cheio das joias da
joalheria. Segue logicamente, de uma forma dedutiva, que o indivíduo abordado é
um ladrão, ou seja, que ele estava assaltando a joalheria dentro do hipermercado.
Cabe ainda comentarmos que a Lógica Dedutiva, frequentemente chamada
simplesmente de Lógica, lida com a verdade de proposições. Grosso modo, uma
proposição corresponde ao significado de uma dada sentença e, em lógica
dedutiva, elas são afirmações que são ou verdadeiras ou falsas. De outro modo,
com relação à Lógica Aristotélica, proposições são encaradas como afirmações
que afirmam ou negam um predicado (uma qualidade) de um sujeito. Vamos
averiguar mais um exemplo simples.
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A: Sócrates é um homem.
Portanto, temos que:
B: Sócrates é mortal.
Notemos que o raciocínio acima está correto, mas será que ele serve de
um molde que garanta que qualquer raciocínio que tenha a mesma forma será
correto? Em verdade, o raciocínio do exemplo anterior, possui a seguinte
estrutura: dada uma premissa A, segue uma conclusão B. O problema é saber se
qualquer raciocínio desta forma é correto. Vejamos outro exemplo, utilizando a
mesma forma:
A: Meu automóvel é verde.
Portanto,
B: meu carro é um vegetal.
Para raciocinarmos no sentido completo, vejamos o exemplo:
A  B: Todo homem é mortal.
A: Sócrates é um homem.
B: Sócrates é mortal.
Aqui, pode-se caracterizar que o esquema acima é válido para quaisquer
inferências, chegando a uma conclusão correta, desde que as premissas sejam
corretas. A saber, se A implica em B e se A é verdadeiro, logo B também o é.
Em outro sentido, quando falamos com relação ao Raciocínio Lógico, de
acordo com Braine e Rumain (1983), para a compreensão de um texto, o leitor ou
ouvinte tanto utiliza o raciocínio lógico para a compreensão analítica (o que exige
mais habilidade mental) quanto o raciocínio prático para compreensão ordinária (o
que se revela mais superficial).
Grosso modo, quando é necessária a resolução de problemas, ou nos
envolvemos em discussões ou argumentações, o melhor é não se deixar levar
pelo caminho mais fácil e sim procurar obter uma compreensão a respeito da
situação analisando uma a uma, cuidadosamente, as premissas relacionadas, de
modo a tirarmos conclusões de maneira mais exata e precisa possível. Não
utilizar o raciocínio lógico, muitas vezes pode nos levar a conclusões incorretas e
a recorrer a falácias na argumentação, já que, de modo prático, nos deixaremos
influenciar pelo conteúdo das premissas e por nossas crenças. Lógica, portanto,
parte de uma dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas
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premissas, delas, por inferência, se tira uma terceira, chamada conclusão.


Argumentar de forma lógica é diferente de usar manipulação, coação ou
persuasão; cada estratégia melhor se aplica a contextos distintos e visa a
finalidades específicas.

Figura 01: Fundamentos da Lógica.


Disponível: http://educacion.udd.cl/ver-diplomado/diplomado-en-neurociencia-aplicada-a-
la-educacion/ Acesso em: 14 nov. 2015.

Além disso, é sabido que a Lógica tem como sustentação para a sua
descrição teórica três princípios fundamentais. Porém, antes de apresentarmos os
mesmos, vamos exemplificar a fim de compreendermos os mesmos. Se
considerarmos, LEANDRO é LEONARDO, essa premissa contraria dois
princípios, que podem ser observados, a seguir.
Primeiro Princípio (Identidade) (KELLER e BASTOS, 2004): esse
princípio nos diz que se um enunciado é verdadeiro, ele é verdadeiro, sempre e,
de outra forma, se ele é falso, ele é falso, sempre. Dessa forma, observe que:

LEANDRO é LEANDRO / LEONARDO é LEONARDO


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Segundo Princípio (Não contradição) (KELLER e BASTOS, 2004): Esse


princípio nos fala que um enunciado não pode ser verdadeiro e falso ao mesmo
tempo.

1.2 Terminologias fundamentais da lógica


De acordo com Martins (2013), temos algumas nomenclaturas ou
terminologias importantes na descrição e construção dos aspectos relacionados
ao raciocínio lógico a partir da Lógica Proposicional.

1.2.1. Tipos de argumentos


a) Argumentos dedutivos (tipo silogísticos). Nestes argumentos, a
verdade das premissas assegura a verdade da conclusão. Se as premissas forem
verdadeiras, e o seu encadeamento adequado, a conclusão será
necessariamente verdadeira. Os argumentos dedutivos não acrescentam nada de
novo ao que sabemos.

Exemplo: Todos os homens são mortais. Francisco é homem. Logo,


Francisco é mortal.

b) Argumentos indutivos. Neste caso, a conclusão ultrapassa o conteúdo


das premissas. Embora estas possam ser verdadeiras, a conclusão é apenas
provável.

Exemplo: Todos os banhistas observados até hoje em uma determinada


praia brasileira estavam queimados pelo sol. Logo, o próximo banhista que for
observado estará queimado pelo sol (aqui temos o argumento indutivo:
generalização, previsão).

c) Argumento por Analogia. Neste tipo de argumentos, parte-se da


semelhança entre duas coisas para se concluir que a propriedade de uma é a
mesma que podemos encontrar na outra. As diferenças específicas são
ignoradas.
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Exemplo: Marte é um astro como a Terra. A Terra é habitada. Logo, Marte


é também habitado.

d) Argumentos falaciosos. Argumentos com aparência de verdadeiros ou


válidos, mas falsos e inválidos.

1.2.2. A nova retórica – classificação dos argumentos

a) Argumentos Quase Lógicos. A sua estrutura formal confere às suas


conclusões uma aparência lógica irrefutável.

Exemplo: A pena de morte é contraditória com o objetivo de querer


prevenir a violência, uma vez que matar é sempre considerado um ato de
violência.

b) Argumentos baseados na Estrutura do Real. A sua estrutura está


baseada em fatos reais. As conclusões, por este motivo, têm implícita a ideia que
são suscetíveis de serem confirmadas.

Exemplo: Existem crimes que destroem vidas humanas, logo os seus


autores devem ser castigados de acordo com a natureza dos seus atos.

c) Argumentos que fundam a Estrutura do Real. Sua estruturação está


centrada em princípios universais, que se supõem estruturarem a realidade. As
conclusões decorrem destes princípios, impondo-se aparentemente como
necessárias. Este tipo de raciocínio parte de casos conhecidos que são
assumidos como modelos ou regras gerais. A argumentação tem por objetivo
passar destes casos particulares para uma generalização dos exemplos.

Exemplo: A Igualdade de todos os cidadãos perante a Lei é um princípio


sagrado da Justiça e da coesão social; sem o respeito por este princípio, qualquer
sociedade desagrega-se.
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1.3 Dialética: tese, antítese e síntese


A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada. A antítese é uma
oposição à tese. Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma
situação nova que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate. A
síntese, então, torna-se uma nova tese, que contrasta com uma nova antítese
gerando uma nova síntese, em um processo em cadeia infinito.

1.3.1 Formas de argumentação


a) Argumentação por citação: sempre que queremos defender uma ideia,
procuramos pessoas ‘consagradas’, que pensam como nós acerca do tema em
evidência. Apresentamos no corpo de nosso texto a menção de uma informação
extraída de outra fonte. O trecho citado deve estar de acordo com as ideias do
texto, assim, tal estratégia poderá funcionar bem.

b) Argumentação por comprovação: a sustentação da argumentação se


dará a partir das informações apresentadas (dados, estatísticas, percentuais) que
a acompanham. Esse recurso é explorado quando o objetivo é contestar um
ponto de vista equivocado.

c) Argumentação por raciocínio lógico: a criação de relações de causa e


efeito é um recurso utilizado para demonstrar que uma conclusão (afirmada no
texto) é necessária, e não fruto de uma interpretação pessoal que pode ser
contestada.

1.4 Meios de convencimento


A busca por informações é fundamental no mundo atual para as
organizações ou para as pessoas propriamente ditas, logo, em diversos casos,
temos notícias sobre novos indicadores estatísticos, taxas de juros e índices de
preços, sendo que alguns são corretos ou legítimos enquanto que outros são
incorretos e ilegítimos. Tal fato está ligado aos meios de convencimento, sendo os
argumentos o que originam a falácia ou sofisma. Dessa forma, de acordo com
Martins (2013), define-se premissa e termo como segue.
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 Premissa: é uma fórmula considerada hipoteticamente verdadeira,


dentro de uma dada inferência. Esta se constitui de duas partes: uma coleção de
premissas, e uma conclusão. Premissa, em verdade, significa a proposição, o
conteúdo, as informações importantes que servem de alicerce para o raciocínio,
para um estudo que levará a uma conclusão.
 Termo: considerando um sistema lógico, temos que um termo é um
nome associado a um objeto do universo de discussão.
 Falácias Lógicas: são consideradas erros de raciocínio ou de
argumentação, erros estes que podem ser visualizados e corrigidos por
pensadores que primam pela prudência. De acordo com Bispo (2011), as falácias
são divididas em:
 falácia do homem espantalho – consiste em definir um termo para
vantagem própria, utilizando posições definidas por um opositor. Este tipo de
falácia é muito utilizado no ramo político;
 falácia de várias perguntas – muito utilizada no âmbito do direito pelos
advogados em ocasiões oficiais, ao fazer uma pergunta que em verdade é
múltipla, ou seja, uma pergunta que vale por duas ou mais perguntas, a qual não
caberia como resposta um sim ou um não. Exemplificando, “Já parou de bater na
sua filha?” Note que aqui, tal pergunta pode ser desdobrada em: “Alguma vez já
bateu na sua filha?” e “Bate atualmente?”;
 falácia da inversão dos quantificadores – para este tipo de falácia,
vamos observar o seguinte exemplo: “Todas as pessoas têm uma mãe, então,
existe alguém que é mãe de todas as pessoas”.
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Figura 02: Termos utilizados na Lógica.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1.5 Elaborando a solução de problemas lógicos e matemáticos


Sabemos que a tomada de decisões é levada a cabo em todos os aspectos
da vida e em qualquer altura. Você com certeza já se deparou com uma situação
problema, seja ela mais simples ou mais complexa. Ou seja, em algum momento
teve que tomar a decisão acerca da resolução de um problema. Você saberia
descrever o que seria uma solução? Saberia descrever o primeiro passo para a
resolução de um problema? Saberia caracterizar as várias faces de problemas
que temos? Entende perfeitamente o grau de complexidade de um problema
qualquer?
Primeiramente, deve-se entender o conceito de decisão. Para tal, decisão é
um termo do latim decisio, a decisão é uma determinação ou resolução que se
toma acerca de uma determinada coisa. Geralmente, a decisão supõe iniciar ou
pôr fim a uma situação; isto é, impõe uma mudança de estado. Os especialistas
definem a decisão como sendo o resultado de um processo mental-cognitivo de
uma pessoa ou de um grupo de indivíduos. Conhece-se como tomada de
decisões ao processo que consiste em optar por uma entre várias alternativas. Na
visão organizacional das empresas, a tomada de decisões costuma ter recurso a
metodologias quantitativas (com estudos de mercado, ferramentas de raciocínio
lógico, estatísticas, técnicas financeiras, entre outros) para reduzir a margem de
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erro. Salientamos que existem várias definições e conceitos de decisão, mas uma
que exprime bem a forma como será tratada aqui diz que uma decisão é um curso
de ação escolhido pela pessoa, como o meio mais efetivo à sua disposição para
alcançar os objetivos procurados, ou seja, para resolver o problema que a
incomoda.
Atualmente, o nosso universo de vivência é cada vez mais globalizado, ou
seja, temos que as organizações, de acordo com a concorrência contínua,
acirrada e até mesmo desleal, sejam elas no âmbito público ou privado, querem a
contratação de profissionais que consigam raciocinar de maneira crítica em vista
dos diferentes problemas que surgem no decorrer de suas vidas sociais e
profissionais, tornando-se, dessa forma, mais dinâmicos e argumentativos com
base em critérios e em princípios logicamente validados. Dessa forma, é muito
importante o entendimento dos tipos de problemas, bem como, os passos lógicos
para a resolução e/ou encaminhamento da solução dos mesmos.

1.6 Problemas
O que seria um problema? É evidente que temos algumas frases populares
que fazem parte do nosso mundo atual. Quem nunca ouviu?
Que falta de sorte! Justo agora fura o pneu do meu automóvel!
Algum problema, meu filho!
É, tenho que pensar e muito de como vou sair dessa situação agora.
Grosso modo, um problema pode ser encarado como qualquer situação
que exija o pensar do indivíduo para levar a sua solução. Uma exigência atual do
mundo globalizado é por gestores e/ou administradores cada vez mais dinâmicos
e completos, neste sentido, “o pensar produtivamente” é importante e, para isso,
nada melhor do que estar familiarizado com situações problemas que os
envolvam, os desafiem e os motivem a querer resolvê-las. Consequentemente, a
resolução de problemas tem sido reconhecida como uma metodologia de
raciocínio fundamental, logo, é necessário o desenvolvimento da habilidade de
elaborar um raciocínio lógico e fazer o uso inteligente e eficaz dos recursos
disponíveis, para que sejam propostas boas soluções aos problemas comuns do
cotidiano.
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1.7 Classificando os problemas


Com relação aos tipos de problemas, de acordo com Dante (2000),
podemos classificá-los em: exercícios de reconhecimento, exercícios de
algoritmos, problemas padrão, problemas processo ou heurísticos e
problemas de aplicação. Cabe ressaltar que todos eles demandam de raciocínio
estruturado para resolução, bem como, de uma sequência de passos para a sua
resolução.

Figura 03: Classificação dos Problemas.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Vejamos a descrição e exemplos de cada um deles a seguir.


 Exercícios de reconhecimento: seu objetivo é fazer com que o
indivíduo reconheça, identifique ou lembre um conceito, um fato específico, uma
definição, uma propriedade, entre outros.
Por exemplo:
1) Dados os números 12, 15, 100, 1003, 1560 e 2070, quais são
primos?
2) Qual é o sucessor de 1000?
3) Duas centenas equivalem a quantas dezenas?

 Exercícios de algoritmos: são aqueles que podem ser resolvidos


passo a passo, tendo como objetivo o de treinar a habilidade em executar um
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dado algoritmo. Lembrando que um algoritmo que é um termo muito utilizado na


área computacional, é entendido como uma sequência lógica de passos.
Por exemplo:
1) Determinar o valor de [13 x 14) + 20] ÷ 5.
2) Efetuar a soma: (1008 + 1140) – 2004 + 70 x (30– 4) + 10.
3) Se 20 x 30 é igual a 600, dado n natural podemos afirmar que o
produto n x (n + 1) sempre é um múltiplo de 2?

 Problemas padrão: na sua resolução temos o envolvimento de uma


aplicação direta de um ou mais algoritmos anteriormente aprendidos e não exige
qualquer estratégia. É interessante notarmos que aqui, a solução do problema já
está contida no próprio enunciado, e a tarefa básica é transformar a linguagem
usual em uma linguagem matemática, identificando as operações ou algoritmos
necessários para a sua resolução. Comumente cobrado em problemas diversos
de concursos. Eles podem ser divididos em problemas padrão simples e
compostos.
Exemplificando:
1) (Simples) Numa classe existem 45 meninos e 21 meninas. Quantos
alunos existem na classe?
2) (Simples) Uma telha pesa 1 quilograma então 1 telha e meia pesa
quantos quilogramas?
3) (Composto) Carlos, Rodrigo e Caetano possuem juntos 90
ingressos. Sabendo que Carlos tem 32 ingressos e os outros dois possuem
quantidades iguais, determine o número de ingressos de cada um.

 Problemas Processo: são problemas em que a solução relaciona


operações não contempladas no enunciado, sendo que, em geral, não podem ser
traduzidos de forma direta para a linguagem matemática e nem solucionados pela
aplicação automática de algoritmos. Também são comumente reconhecidos pela
nomenclatura problemas heurísticos.
Exemplificando:
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1) Em uma reunião de uma organização existem 8 gestores. Se cada


um trocar um aperto de mão com todos os outros gestores, quantos apertos de
mão teremos ao final desta reunião?

2) Eu, Carlos, tenho o dobro da idade que você tinha, quando eu tinha
a idade que você tem, quando tiver a idade que eu tenho, a soma de nossas
idades será 45 anos. Quais são nossas idades atuais?

 Problemas de Aplicação: são problemas que apresentam situações


diversas do dia a dia e que exigem o uso das ferramentas da Matemática para
serem resolvidos. Comumente recebem a nomenclatura de situações problema.
Aqui, podemos citar ferramentas matemáticas simples até as mais complexas.
Exemplificando, para realizar um relatório, um gerente de uma empresa
precisa saber qual é o gasto mensal, por colaborador, que ele tem com a
alimentação. Como podemos ajudá-lo? Neste caso, poderíamos indagar:
Quantos colaboradores da empresa almoçam na empresa diariamente? E
mensalmente? Quantos quilos de arroz, macarrão, tomate, cebola, sal, entre
outros, a empresa consome por mês? Qual o preço atual por quilo de cada
um desses alimentos? Quanto se gasta de gás?

1.8 Resolvendo um problema – passos fundamentais


Para descrevermos a solução de um problema, podemos nos pautar em
uma metodologia que leva em consideração quatro etapas principais, que são:
compreender o problema, elaborar um plano, executar um plano e fazer o
retrospecto ou verificação. Tal metodologia, segundo Dante (2000), ou mais
precisamente, tais etapas não são rígidas, fixas e intocáveis, pois a resolução de
um problema é um processo dinâmico, sequencial, subjetivo e rico, não se
limitando a seguir instruções passo a passo, tudo depende do grau de
complexidade do mesmo. Vejamos no Quadro 1, as principais características de
cada uma dessas etapas.
Quadro 01: Descrição das etapas de resolução de um problema.
Etapa O que pode ser feito?
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O que o problema quer? O que ele deseja?


Compreensão do Quais são as hipóteses e as condições do
problema problema?
É possível fazer uma figura, um esquema ou um
diagrama, ou ainda um fluxograma?
É possível simular a resposta?

Qual é o seu plano para a resolução do problema?


Quais estratégias você tentará desenvolver?
Elaboração de um Plano Você se lembra de um problema semelhante que
pode ajudá-lo a resolver este? Já resolveu algo
parecido?
Tente organizar os dados na forma tabular e
gráfica.
Tente resolver o problema por partes.

Execução do Plano Execute o plano elaborado, verificando-o passo a


Anterior passo do mesmo.
Faça todos os cálculos indicados no plano de
ação.
Execute todas as estratégias pensadas, obtendo
várias maneiras de resolver o mesmo problema.

Realização do Observe se a solução obtida está correta.


retrospecto ou Existe um outro caminho para a resolução deste
Verificação problema?
É possível utilizar o método empregado para
resolver problemas semelhantes?
Fonte: Adaptado pelo autor de Dante (2000).
Vejamos alguns exemplos que ilustram os vários tipos de problemas.
Exemplo 01: Sabemos que 100 representa uma centena, enquanto que 20
representa duas dezenas, sendo assim, quantas vezes 100 é maior do que 20, ou
seja, uma centena é maior do que duas dezenas?
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Solução: Primeiramente, devemos calcular a diferença entre 100 e 20, ou


seja, 100 – 20 = 80, na sequência dividimos 80 por 4, obtendo 80 : 20 = 4,
portanto 100 é 4 vezes maior que 20, ou na forma percentual, 100 é 400% maior
que 20.

Exemplo 02: Um tijolo pesa um quilo mais meio tijolo. Quanto pesa um
tijolo e meio?

Solução: Neste caso, notemos que de acordo com os dados do problema,


podemos escrever que:
1tijolo = 1 kg + ½ tijolo 1tijolo – ½ tijolo = 1 kg ½ tijolo = 1kg se ½ tijolo pesa
1 kg, logicamente 1 tijolo pesa 2 kg, e um tijolo e meio, ou seja, 1 ½ tijolo pesa 3
kg.

Exemplo 03: Um senhor na terceira idade tinha como única herdeira sua
filha, que estava grávida, quando ele sentiu que a vida em breve lhe faltaria,
decidiu então procurar um advogado e montar o seu testamento. Sendo assim,
ele deixou, então, o seguinte testamento: “Deixo 1/3 da minha fortuna para
minha única filha e o restante para a criança que ela está esperando, se for
homem; deixo 1/2 de minha fortuna para minha única filha e o restante para
a criança que ela está esperando, se for mulher.”
De acordo com o testamento deixado pelo senhor, analise e julgue os itens
a seguir em Verdadeiro (V) ou Falso (F).
( V ) Se a criança for um menino a ele caberá o dobro do que sua mãe
receberá como herança.
( F ) Suponha que a filha do senhor deu à luz um casal de gêmeos. Dessa
forma a herança deverá ser dividida em três partes iguais pelos herdeiros do
senhor.
( F ) Em qualquer caso a parte da mãe é menor do que a parte de seu(ua)
filho(a).

1.9 Relacionando a lógica com a filosofia


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É sabido que a Lógica é uma ciência de índole Matemática e intensamente


ligada à Filosofia, pois o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o
conhecimento busca a verdade, sendo assim, é preciso estabelecer algumas
regras para que essa meta possa ser atingida.
Dessa forma, segundo Bispo (2011), a Lógica é o ramo da Filosofia que
cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um
instrumento do pensar. Salienta-se que a aprendizagem da Lógica não constitui
um fim em si. Ela só tem sentido enquanto meio de garantir que nosso
pensamento proceda corretamente, a fim de chegar a conhecimentos
verdadeiros.
Podemos, então, dizer que a Lógica trata dos argumentos, isto é, das
conclusões a que chegamos através da apresentação de evidências que a
sustentam. O principal organizador da lógica clássica foi Aristóteles, com sua obra
chamada Organon. Ele divide a lógica em formal e material.

Definição (Sistema Lógico), de acordo com Bispo (2011), um sistema


lógico é um conjunto de axiomas e regras de inferência que visam representar
formalmente o raciocínio válido.

Diferentes sistemas de lógica formal foram construídos ao longo do tempo


quer no âmbito estrito da Lógica Teórica, quer em aplicações práticas na
computação e em Inteligência artificial. Historicamente, Lógica é também a
designação para o estudo de sistemas prescritivos de raciocínio, ou seja,
sistemas que definem como se "deveria" realmente pensar para não errar, usando
a razão, dedutivamente e indutivamente.
A forma como as pessoas realmente raciocinam é estudado nas outras
áreas, como na psicologia cognitiva. Como ciência, a Lógica define a estrutura de
declaração e argumento e elabora fórmulas através das quais estes podem ser
codificados.
Implícita no estudo da lógica está a compreensão do que gera um bom
argumento e de quais os argumentos que são falaciosos. A Lógica filosófica lida
com descrições formais da linguagem natural. A maior parte dos filósofos assume
que a maior parte do raciocínio "normal" pode ser capturada pela lógica, desde
21

que se seja capaz de encontrar o método certo para traduzir a linguagem corrente
para essa lógica. Note então que a Lógica Formal delineia um método
organizado e cuidadoso de pensar que caracteriza qualquer investigação
científica ou qualquer outra atividade de raciocínio.

1.10 Lógica Proposicional – aspectos fundamentais


De acordo com Martins (2013), a linguagem natural, com a qual nos
expressamos diariamente, é muito suscetível a ambiguidades e imprecisões.
Existem frases não gramaticais que possuem sentido (por exemplo, anúncios de
classificados no jornal) e frases perfeitamente gramaticais sem sentido ou com
sentido múltiplo. Isso faz com que a linguagem não seja apropriada para o estudo
das relações lógicas entre suas sentenças. Sendo assim, no estudo da Lógica
Matemática e Computacional, utilizamos de uma linguagem formal.

Definição (Linguagens Formais), de acordo com Bispo (2011),


Linguagens Formais são objetos matemáticos, cujas regras de formação são
precisamente definidas e às quais podemos atribuir um único sentido, sem
ambiguidade.
É interessante se observar que linguagens formais podem ter diversos
níveis de expressividade. Em termos gerais, quanto maior a expressividade, maior
também a complexidade de se manipular essas linguagens. Iniciaremos nosso
estudo da lógica a partir de uma linguagem proposicional, que tem uma
expressividade limitada, mas já permite expressar uma série de relações lógicas
interessantes. Nesse contexto, uma proposição é um enunciado ao qual
podemos atribuir um valor verdade (verdadeiro ou falso).
É necessário lembrar que nem toda sentença pode possuir um valor
verdade. Por exemplo, não podemos atribuir valor verdade a sentenças que se
referem ao seu próprio valor verdade, com a sentença “esta sentença é falsa”.
Esse tipo de sentença é chamado de autorreferente e deve ser excluído da
linguagem em questão, pois, se a sentença é verdadeira, então ela é falsa; por
outro lado, se ela for falsa, então é verdadeira.
A linguagem proposicional exclui sentenças autorreferentes. Dessa
maneira, a Lógica Proposicional Clássica nos permite tratar de enunciados aos
22

quais podemos atribuir valor verdade (as proposições) e as operações que


permite compor proposições complexas a partir de proposições mais simples,
como a conjunção “e”, a disjunção “ou”, a implicação “se...então...” e a
negação “não”. A linguagem proposicional não nos permite expressar relações
sobre elementos de um conjunto, como as noções de “todos”, “algum” ou
“nenhum”. Tais relações são chamadas de quantificadoras.

1.11 Proposições e princípios fundamentais


Definição (Proposição), de acordo com Martins (2013), define-se
proposição ou sentença como sendo todo o conjunto de palavras ou símbolos
que exprimem um pensamento no sentido completo.
As proposições transmitem pensamentos, isto é, afirmam fatos ou
exprimem juízos que formamos a respeito de determinados entes. Vejamos
alguns exemplos de proposições como segue:
a) A Lua é um satélite da Terra.
b) Toda função é uma relação.
c) Goiânia é a capital de Goiás.
d)  > 3.
e) O conjunto dos números primos é finito.
f) O conjunto dos números racionais é enumerável.
g) sen(90°) = 1.

A Lógica Matemática adota como regras fundamentais do pensamento os


dois seguintes princípios ou axiomas. Ressaltamos que um Axioma é uma
afirmação aceita como verdadeira sem demonstração. Tais princípios são:

Princípio 01: (Princípio da Não Contradição) – uma proposição não


pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo.

Princípio 02: (Princípio do Terceiro Excluído) – toda a proposição ou é


verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sempre um destes casos e nunca
um terceiro.
23

Figura 04: Características obrigatórias de uma proposição.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Segundo Bispo (2011), por conta deste segundo princípio, fala-se que a
Lógica Matemática é uma Lógica Bivalente. Por exemplo, as proposições
citadas anteriormente são todas verdadeiras, contrariamente das proposições
seguintes, que são falsas.
(a) Luís Américo descobriu o Brasil.
(b) Einstein escreveu os Lusíadas.
(c) O conjunto dos números reais é finito.
3
(d) é um número inteiro.
5
(e) O número  é irracional.
(f) A constante de Euler e é um número irracional.
(g) Carlos é mortal.
(h) Os números transmitem conclusões do mercado.
(i) A sequência dos números primos é infinita.
(j) O conjunto dos números irracionais é finito.

(k) tg( ) = 1.
4
24

Sendo assim, percebemos que as proposições são expressões a respeito


das quais podemos dizer que são verdadeiras ou falsas.

Figura 05: Caracterização das proposições.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1,12 Valores lógicos das proposições


Definição (Valor Lógico), de acordo com Martins (2013), define-se valor
lógico de uma proposição a verdade se a proposição é verdadeira e a falsidade
se a proposição é falsa.
Ressalta-se que os valores lógicos verdade e falsidade de uma
proposição designam-se abreviadamente pelas letras V e F, respectivamente.
Dessa maneira, o que os princípios da não contradição e do terceiro excluído
afirmam é que:

Importante! Toda a proposição tem um, e um só, dos valores V ou F.

Consideremos, por exemplo, as seguintes proposições:

a) A proposição “O mercúrio é mais pesado que a água” tem valor


lógico verdade (V).
25

b) A proposição “O Sol gira em torno da Terra” tem valor lógico


falsidade (F).
c) A cidade de São Paulo é a capital do estado de São Paulo tem valor
lógico verdade (V).
d) O número 2 é o único número par primo tem valor lógico verdade
(V).

1.13 Proposições – simples e compostas


De acordo com Martins (2013), pode-se classificar as proposições da
seguinte forma:
Simples ou Atômicas
e
Compostas ou Moleculares

Figura 06: Classificação das proposições.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Definição (Proposição Simples), de acordo com Martins (2013), chama-


se de proposição simples ou proposição atômica aquela que não contém
nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma.
26

Além disso, segundo Martins (2013), as proposições simples são


geralmente designadas pelas letras latinas minúsculas: p, q, r, s,..., chamadas
letras proposicionais.
Vejamos alguns exemplos de proposições simples:
p: Carlos é careca.
q: Pedro é estudante.
r: O número 25 é quadrado perfeito.
s: Recife é a capital de Pernambuco.

Definição (Proposição Composta), de acordo com Martins (2013),


chama-se de proposição composta ou proposição molecular, aquela formada
pela combinação de duas ou mais proposições.
Segundo Martins (2013), as proposições compostas são geralmente
designadas pelas letras latinas maiúsculas P, Q, R, S,..., também chamadas
letras proposicionais.
Vejamos alguns exemplos de proposições compostas:
P: Carlos é careca e Pedro é estudante.
Q: Carlos é careca ou Pedro é estudante.
R: Se Carlos é careca então é infeliz.

Note que cada uma delas é formada por duas proposições simples.
As proposições compostas também costumam serem chamadas fórmulas
proposicionais ou apenas fórmulas. Quando interessa destacar ou explicar que
uma proposição composta P é formada pela combinação das proposições simples
p, q, r, ..., escrevemos:
P(p, , r, ...)
As proposições simples e as proposições compostas também são
chamadas respectivamente átomos e moléculas. Deve-se ressaltar ainda que as
proposições componentes de uma proposição composta podem ser, elas
mesmas, proposições compostas.

1.14 Conectivos: o que são?


27

Definição: de acordo com Martins (2013), conectivos são as palavras que


usamos para formar novas proposições a partir de outras.
Dessa forma, por exemplo, nas seguintes proposições compostas:
P: O número 6 é par e o número 8 é cubo perfeito.
Q: O triângulo ABC é retângulo ou é isósceles.
R: Não está chovendo. Salientamos que na literatura encontramos que o
“não” é conhecido como modificador.
S: Se Jorge é engenheiro, então sabe Matemática.
T: O triângulo ABC é equilátero se e somente se é equiângulo.

Todos estes exemplos, são de conectivos usuais da Lógica Matemática


(palavras grifadas em negrito), isto é, “e” , “ou” , “não” , “se ... então” , “... se e
somente se ...”.

Figura 07: Conectivos usuais da Lógica Matemática.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1.15 Tabela Verdade: o que são?


Vimos que segundo o Princípio do Terceiro Excluído, toda proposição
simples p é verdadeira ou falsa, isto é, tem valor lógico V(verdade) ou o valor
lógico F (falsidade), ou seja, podemos escrever de forma simples a seguinte
disposição tabular.
28

P
V
F

Figura 08: Valores lógicos possíveis relacionados a uma proposição p.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Em se tratando de uma proposição composta, a determinação do seu


valor lógico, conhecidos os valores lógicos das proposições simples
componentes, faz-se com base no seguinte princípio: “O valor lógico de
qualquer proposição composta depende unicamente dos valores lógicos
das proposições simples componentes, ficando por eles univocamente
determinado.”.
Admitindo tal princípio, para aplicá-lo na prática à determinação do valor
lógico de uma proposição composta dada, recorremos quase sempre a um
dispositivo denominado tabela verdade, na qual figuram todos os possíveis
valores lógicos da proposição composta correspondentes a todas as possíveis
atribuições de valores lógicos às proposições simples componentes. Em verdade,
segundo Martins (2013), a tabela verdade é um instrumento utilizado para
determinar os valores lógicos das proposições compostas, a partir de atribuições
de todos os possíveis valores lógicos das proposições simples componentes.
Sendo assim, por exemplo, no caso de uma proposição composta cujas
proposições simples componentes são p e q, as únicas possíveis atribuições de
valores lógicos a p e a q são:

p q
1 V V
2 V F
3 F V
4 F F

Deve-se notar que os valores lógicos V e F se alternam dois em dois para


a primeira proposição p e de um em um para a segunda proposição q, e que,
29

além disso, VV, VF, FV e FF são os arranjos binários com repetição dos dois
elementos V e F.
Para uma proposição composta cujas proposições simples componentes
são p, q e r, as únicas possíveis atribuições de valores lógicos a p, a q e a r são
mostrados abaixo:
p q r
1 V V V
2 V V F
3 V F V
4 V F F
5 F V V
6 F V F
7 F F V
8 F F F

Analogamente, observa-se que os valores lógicos V e F se alternam de


quatro em quatro para a primeira proposição p, de dois em dois para a segunda
proposição q e de um em um para a terceira proposição r, e que, além disso,
VVV, VVF, VFV, VFF, FVV, FVF, FFV e FFF são os arranjos ternários com
repetição dos dois elementos V e F.

1.16 Notações dos valores lógicos na tabela verdade


Segundo Martins (2013), o valor lógico de uma proposição simples p será
indicado por V(P). Sendo assim, exprimimos que p é verdadeira (V), escrevendo
V(p) = V.
Analogamente, exprimimos que p é falsa (F), escrevendo V(p) = F.
Vejamos o seguinte exemplo ilustrativo, levando em conta as seguintes
afirmações:
p: O Sol é verde.
q: Um hexágono tem 9 diagonais.
r: 2 é raiz da equação x 2 + 3.x – 4 = 0.
30

Logo, temos que:


V(p) = F, V(q) = V, V(r) = F

Analogamente, o valor lógico de uma proposição composta P é indicado


por V(P).
Resumindo, podemos interpretar uma tabela verdade, ou tabela de
verdade ou tabela veritativa como um tipo de tabela matemática usada em
Lógica Matemática e Computacional para determinarmos se uma fórmula é válida
ou se um sequente é correto. As tabelas-verdade derivam do trabalho de Gottlob
Frege, Charles Peirce e outros da década de 1880, e tomaram a forma atual em
1922, através dos trabalhos de Emil Post e Ludwig Wittgenstein. A seguir, são
apresentadas algumas figuras de processos diversos associados às tabelas
verdade relacionadas.

Figura 09: Representação de uma tabela-verdade.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
31

Figura 10: Representação de uma tabela-verdade.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
32

Figura 11: (a) Tabela-verdade e (b) Circuito para somador completo.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

1.17 Linguagem simbólica e linguagem corrente


Segundo Martins (2013), quando uma proposição é descrita em termos de
palavras, dizemos que a mesma está em linguagem corrente, enquanto que se
uma proposição for caracterizada em termos dos símbolos lógicos, dizemos que
ela está em linguagem simbólica.

Exemplo: Traduzindo para a linguagem corrente. Sendo as proposições p:


Jorge é rico, q: Carlos é feliz, então podemos escrever:
a) q p
Se Carlos é feliz, então Jorge é rico.
b) q  ~p
Carlos é feliz se e somente se Jorge não é rico.
c) ~p  q
Se Jorge não é rico, então Carlos é feliz.
33

Exemplo: Traduzindo para a linguagem simbólica. Sendo as proposições


p: Marcos é alto, q: Marcos é elegante, então podemos escrever:

a) Marcos é alto e elegante.


p q
b) Marcos é alto, mas não é elegante.
p ~ q
c) Não é verdade que Marcos é baixo ou elegante.
~ (~ p  q)

1.18 Operações lógicas sobre proposições


Da mesma forma com que trabalhamos com a soma e adição entre
números, multiplicação e divisão de números, em várias situações com relação às
proposições, efetuamos muitas vezes certas operações, as quais são chamadas
de operações lógicas. Essas operações obedecem a regras de um cálculo,
denominado cálculo proposicional, muito semelhante ao que acontece no
contexto da aritmética sobre números. Aqui, estudaremos interessados em
estudar as operações lógicas fundamentais, que são: negação, conjunção,
disjunção, disjunção exclusiva, condicional e bicondicional.

Figura 12: Principais operações lógicas fundamentais.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
34

Definição (Negação), segundo Martins (2013), chama-se negação de


uma proposição p à proposição representada por “não p”, cujo valor lógico é a
verdade (V) quando p é falsa e a falsidade (F) quando p é verdadeira.
Dessa maneira, “não p” tem o valor lógico oposto daquele de p. Em
símbolos, a negação de p é indicada com a notação “~ p”, onde lemos: “não p”. O
valor lógico da negação de uma proposição é, portanto, definido pela seguinte
tabela-verdade construída de forma muito simples:

p ~p
V F
F V

Ou seja, pelas igualdades:

~V = F, ~F = V
e
V(~ p) = ~ V(p)

Vejamos alguns exemplos ilustrativos.

a) p: 3 + 3 = 6 (V) e ~ p: 8 + 3  5 (F)

b) q: 1 < 3 (F) e ~ q: 9 > 3 (V)

c) r: Roma é a capital da França (F) e ~ q: Roma não é a capital da


França (V)

Na linguagem comum, a negação efetua-se, nos casos mais simples,


antepondo o advérbio “não” ao verbo da proposição dada. Assim, por exemplo, a
negação da proposição:
p: O Sol é uma estrela é ~ p: O Sol não é uma estrela
35

Outra maneira de efetuar a negação consiste em antepor à proposição


dada expressões, tais como “não é verdade que”, “é falso que”. Desta forma, por
exemplo, a negação da proposição:
q: Carlos é engenheiro é ~ q: Não é verdade que Carlos é
engenheiro
Ou
~ q: É falso que Carlos é engenheiro

Devemos notar ainda, que a negação de “Todos os homens são


elegantes” é “Nem todos os homens são elegantes” e a de “Nenhum homem
é elegante” é “Algum homem é elegante”.

Definição (Conjunção), de acordo com Martins (2013), chama-se


conjunção de duas proposições p e q à proposição representada por “p e q”,
cujo valor lógico é a verdade (V) quando as proposições p e q são ambas
verdadeiras e a falsidade (F) nos demais casos.
Em símbolos, a conjunção de duas proposições p e q é indicada pela
notação: “p  q”, onde lemos: “p e q”.
O valor lógico da conjunção de duas proposições é, portanto, definido pela
seguinte tabela-verdade:

p q p  q
V V V
V F F
F V F
F F F

Ou seja, pelas igualdades:


V  V = V, V  F = F, F  V = F, F  F = F
e
V(p  q) = V(p)  V(q)

Vejamos alguns exemplos ilustrativos.


36

 p : A neve é branca (V )
a) 
q : 2  5 (V )

p  q: A neve é branca e 2 < 5 (V)


V(p  q) = V(p)  V(q) = V  V = V

 p : O enxofre é verde ( F )
b) 
q : 7 é um número primo (V )

p  q: O enxofre é verde e 7 é um número primo (F)


V(p  q) = V(p)  V(q) = F  V = F

 p : CANTOR nasceu na Rússia (V )


c) 
q : FERMAT era médico ( F )

p  q: CANTOR nasceu na Rússia e FERMAT era médico (F)


V(p  q) = V(p)  V(q) = V  F = F

 p :   4 (F )

d)  
q : sen  0 (F )
 2


p  q:   4 e sen  0 (F)
2
V(p  q) = V(p)  V(q) = F  F = F

Definição (Disjunção), de acordo com Martins (2013), chama-se


disjunção de duas proposições p e q à proposição representada por “p ou q”,
cujo valor lógico é a verdade (V) quando ao menos uma das proposições p e q é
verdadeira e a falsidade (F) quando as proposições p e q são ambas falsas.
Em símbolos, a disjunção de duas proposições p e q é indicada pela
notação: “p  q”, que se lê: “p ou q”.
37

O valor lógico da disjunção de duas proposições é, portanto, definido pela


seguinte tabela-verdade:

p q p  q
V V V
V F V
F V V
F F F

Ou seja, pelas igualdades:


V  V = V, V  F = V, F  V = V, F  F = F
e
V(p  q) = V(p)  V(q)

Vejamos alguns exemplos ilustrativos.

 p : Paris é a capital da França (V )


a) 
q : 9  4  5 (V )

p  q: Paris é a capital da França ou 9 – 4 = 5 (V)


V(p  q) = V(p)  V(q) = V  V = V

 p : CAMÔES escreveu os Lusíadas (V )


b) 
q :   3 ( F )

p  q: CAMÔES escreveu os Lusíadas ou  = 3 (V)


V(p  q) = V(p)  V(q) = V  F = V

 p : Roma é a capital da Rússia ( F )


c) 
q : 5 / 7 é uma fração própria (V )
38

p  q: Roma é a capital da Rússia e 5/7 é uma fração própria (V)


V(p  q) = V(p)  V(q) = F  V = V

 p : CARLOS GOMES nasceu na Bahia ( F )


d) 
q :  1  1 ( F )

p  q: CARLOS GOMES nasceu na Bahia ou 1  1 (F)


V(p  q) = V(p)  V(q) = F  F = F

Definição (Disjunção Exclusiva), conforme Martins (2013), chama-se


disjunção exclusiva de duas proposições p e q a proposição representada
simbolicamente por “p  q”, que se lê: “ou p ou q” ou “p ou q, mas não ambos”,
cujo valor lógico é a verdade (V) somente quando p é verdadeira ou q é
verdadeira, mas não quando p e q são ambas verdadeiras, e a falsidade (F)
quando p e q são ambas verdadeiras ou ambas falsas.
Na linguagem comum, a palavra “ou” tem dois sentidos. Assim, por
exemplo, consideremos as duas seguintes proposições compostas:
P: Carlos é médico ou professor.
Q: Mário é alagoano ou gaúcho.
Na proposição P se está a indicar que uma pelo menos das proposições
“Carlos é médico”, “Carlos é professor” é verdadeira, podendo ser ambas
verdadeiras: “Carlos é médico e professor”. Porém, na proposição Q, se está a
precisar que uma e somente uma das proposições “Mário é alagoano”, “Mário é
gaúcho” é verdadeira, pois, não é possível ocorrer “Mário é alagoano e
gaúcho”. Dessa forma, a proposição P é a disjunção inclusiva ou apenas
disjunção das proposições simples “Carlos é médico”, “Carlos é professor”,
isto é:
P: Carlos é médico  Carlos é professor
Ao passo que a proposição Q é a disjunção exclusiva das proposições
simples “Mário é alagoano”, “Mário é gaúcho’’, isto é:
Q: Mário é alagoano  Mário é gaúcho
39

Sendo assim, o valor lógico da disjunção exclusiva de duas proposições é


definido pela seguinte tabela-verdade:

p q p q

V V F
V F V
F V V
F F F

Ou seja, pelas igualdades:


V  V = F, V  F = V, F  V = V, F  F = V
e
V(p  q) = V(p)  V(q)

Definição (Condicional), conforme Martins (2013), chama-se proposição


condicional ou apenas condicional uma proposição representada por “se p
então q”, cujo valor lógico é a falsidade (F) no caso em que p é verdadeira e q é
falsa e a verdade (V) nos demais casos.
Em símbolos, a condicional de duas proposições p e q é indicada pela
notação: “p  q”, que também de uma de duas maneiras:
(i) p é condição suficiente para q.
(ii) q é condição necessária para p.
Além disso, na condicional “p  q”, dizemos que p é o antecedente e q é o
consequente. O símbolo “  ” é denominado símbolo de implicação.
O valor lógico da condicional de duas proposições é, portanto, definido pela
seguinte tabela-verdade:
p q p q
V V V
V F F
F V V
F F V
40

Ou seja, pelas igualdades:


V  V = V, V  F = F, F  V = V, F  F = V
e
V(p  q) = V(p)  V(q)

Importante! Portanto, vemos que uma condicional é verdadeira todas as


vezes que o seu antecedente é uma proposição falsa.

Vejamos alguns exemplos ilustrativos.


 p : GALOIS morreu em duelo (V )
a) 
q :  é um número real (V )

p  q: Se GALOIS morreu em duelo, então  é um número real


(V)
V(p  q) = V(p)  V(q) = V  V = V

 p : O mês de maio tem 31 dias (V )


b) 
q : A Terra é plana ( F )

p  q: Se o mês de Maio tem 31 dias, então a Terra é plana (F)


V(p  q) = V(p)  V(q) = V  F = V

 p : DANTE escreveu os Lusíadas ( F )


c) 
q : CANTOR criou a Teoria dos Conjuntos (V )

p  q: Se DANTE escreveu os Lusíadas, então CANTOR criou a


Teoria dos Conjuntos (V)
V(p  q) = V(p)  V(q) = F  V = V

 p : SANTOS DUMONT nasceu no Ceará ( F )


d) 
q : O ano tem 9 meses ( F )
41

p  q: Se SANTOS DUMONT nasceu no Ceará, então o ano tem 9


meses (V)
V(p  q) = V(p)  V(q) = F  F = V

Importante! Uma condicional p  q não afirma que o consequente q se


deduz ou é consequência do antecedente p. Assim, por exemplo, as
condicionais: 7 é um número ímpar  Brasília é uma cidade; 3 + 5 = 9
 SANTOS DUMONT nasceu no Ceará; não estão a afirmar, de modo
nenhum, que o fato de “Brasília ser uma cidade” se deduz do fato de “7 ser
um número ímpar” ou que a proposição “SANTOS DUMONT nasceu no
Ceará” é consequência da proposição “3 + 5 = 9”. O que uma condicional
afirma é unicamente uma relação entre os valores lógicos do antecedente e
do consequente de acordo com a tabela-verdade anterior.

Definição (Bicondicional), conforme Martins (2013), chama-se


proposição bicondicional ou apenas bicondicional uma proposição
representada por “p se e somente se q”, cujo valor lógico é a verdade (V)
quando p e q são ambas verdadeiras ou ambas falsas, e a falsidade (F) nos
demais casos.
Em símbolos, a bicondicional de duas proposições p e q é indicada pela
notação: “p  q”, que também de uma de duas maneiras:
(i) p é condição necessária e suficiente para q.
(ii) q é condição necessária e suficiente para p.
O valor lógico da bicondicional de duas proposições é, portanto, definido
pela seguinte tabela-verdade:
p q p q
V V V
V F F
F V F
F F V

Ou seja, pelas igualdades:


42

V  V = V, V  F = F, F  V = F, F  F = V
e
V(p  q) = V(p)  V(q)

Importante! Portanto, vemos que uma bicondicional é verdadeira somente


quando também o são as duas condicionais: p  q e q  p.

Vejamos alguns exemplos ilustrativos.

 p : Roma fica na Europa (V )


a) 
q : A neve é branca (V )

p  q: Roma fica na Europa se e somente se a neve é branca (V)


V(p  q) = V(p)  V(q) = V  V = V

 p : Lisboa é a capital de Portugal (V )



b)  
q : tg  3 ( F )
 4


p  q: Lisboa é a capital de Portugal se e somente se tg 3 (F)
4
V(p  q) = V(p)  V(q) = V  F = F
 p : VASCO DA GAMA descobriu o Brasil ( F )
c) 
q : TIRADENTES foi enforcado (V )

p  q: VASCO DA GAMA descobriu o Brasil se e somente se


TIRADENTES enforcado (F)
V(p  q) = V(p)  V(q) = F  V = F

 p : A Terra é plana ( F )
d) 
q : 2 é um número racional ( F )
43

p  q: A Terra é plana se e somente se 2 é um número racional


(V)
V(p  q) = V(p)  V(q) = F  F = V

1.19 Caracterizando a tabela verdade de uma proposição composta


Se considerarmos uma série de proposições simples p, q, r, s,..., podemos
combiná-las com a utilização dos conectivos lógicos: ~, , , ,  . Além disso,
vimos que podemos construir proposições compostas, como por exemplo:
P(p, q) = ~ p  (p  q)
Q(p, q) = (p  ~q)  q
R(p, q, r) = (p  ~q  r)  ~(q  (p  ~ r))
Dessa maneira, se utilizarmos as tabelas-verdade das operações lógicas
fundamentais:
~ p, p  q, p  q, p  q, p q

É possível construirmos uma tabela-verdade correspondente a qualquer


proposição composta dada, tabela-verdade esta que mostrará exatamente os
casos em que a proposição composta será verdadeira (V) ou falsa (F),
admitindo-se, como é sabido, que o seu valor lógico só depende dos valores
lógicos das proposições simples componentes. Salientamos que
primeiramente, para a construção de uma tabela-verdade para uma dada
composição composta, vamos discutir com relação ao número de linhas desta
nova tabela. Sabemos que o número de linhas da tabela-verdade de uma
proposição composta depende do número de proposições simples que a
integram, sendo dado pelo seguinte Teorema 01 abaixo.

Teorema 01 (Número de Linhas da Tabela-verdade de uma Proposição


Composta), segundo Martins (2013), a tabela-verdade de uma proposição
composta com n proposições simples componentes contém 2 n linhas.
Para a construção prática da tabela-verdade de uma proposição
composta, iniciamos por contar o número de proposições simples que a
integram. Se há n proposições simples componentes: p 1 , p 2 , p 3 ,..., p n , então a
44

tabela-verdade contém 2 n linhas. Para isto, à 1 a proposição simples p 1 atribuem-

2n
se = 2 n 1 valores V seguidos de 2 n 1 valores F; à 2 a proposição simples p 2
2
2n
atribuem-se = 2 n  2 valores V, seguidos de 2 n  2 valores F, seguidos de 2 n  2
4
valores V, seguidos, finalmente, de 2 n  2 valores F; e assim por diante.
Genericamente, a k-ésima proposição simples p k (k  n) atribui-se alternadamente

2n
= 2 n k valores V seguidos de igual número de valores F. No caso, por
2k
exemplo, de uma proposição composta com cinco (5) proposições simples
componentes, a tabela-verdade contém 2 5 linhas, e os grupos de valores V e F se
alternam de 16 em 16 para a 1 a proposição simples p 1 , de 8 em 8 para a 2 a

proposição simples p 2 , de 4 em 4 para a 3 a proposição simples p 3 , de 2 em 2

para a 4 a proposição simples p 4 , e, enfim de 1 em 1 para a 5 a proposição

simples p 5 . Vejamos um exemplo ilustrativo.

Exemplo: Vamos construir a tabela-verdade da proposição composta:


P(p, q) = ~ (p  ~ q)

Solução: Apresentaremos a construção da tabela-verdade solicitada no


exemplo, de três modos diferentes.
1° Modo de Resolução: Formamos em primeiro lugar, o par de colunas
correspondentes às duas proposições simples componentes p e q. A seguir,
formamos a coluna para ~q. Depois, formamos a coluna para (p  ~q). E, por fim,
formamos a coluna relativa aos valores lógicos da proposição composta dada.
p q ~q p  ~q ~ (p  ~ q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V
45

2° Modo de Resolução: formamos em primeiro lugar as colunas


correspondentes às duas proposições simples p e q. Em seguida, à direita,
traçamos uma coluna para cada uma dessas proposições e para cada um dos
conectivos que figuram na proposição composta dada.

p q ~ (p  ~ q)
V V
V F
F V
F F

Depois, numa certa ordem, completamos essas colunas, escrevendo em


cada uma delas os valores lógicos convenientes, no modo abaixo indicado:

p q ~ (p  ~ q)

V V V V F F F
V F F V V V F
F V V F F F V
F F V F F V F

4 1 3 2 1

Os valores lógicos da proposição composta dada encontram-se na coluna


completada em último lugar (Coluna 4). Portanto, os valores lógicos da
proposição composta dada correspondem a todas as possíveis atribuições dos
valores lógicos V e F às proposições simples componentes p e q (VV, VF, FV e
FF) são V, F, V e V, isto é, simbolicamente:

P(VV) = V, P(VF) = F, P(FV) = V, P(FF) = V

Ou seja, de forma simplificada:


P(VV, VF, FV, FF) = VFVV
46

Note que a proposição P(p, q) associa a cada um dos elementos do


conjunto U = {VV, VF, FV, FF} um único elemento do conjunto {V, F}, isto é, P(p,
q) outra coisa não é que uma função de U em {V, F}:
P(p, q): U  {V, F}

1.20 Tautologias, contradições e contingências


Poderíamos iniciar a abordagem do nosso texto, indagando: “O que seria a
Lógica?” ou “O que seria o Raciocínio?
Definição (Tautologia), chamamos de tautologia ou proposição
logicamente verdadeira, a toda proposição composta cujo valor lógico será
sempre V (Verdade) independentemente dos valores lógicos das proposições
simples que a compõem.
Definição (Contradição), chamamos de contradição ou proposição
logicamente falsa, a toda proposição composta cujo valor lógico será sempre F
(Falsidade), independentemente dos valores lógicos das proposições simples que
a compõem.
Definição (Contingência), chamamos de contingência a uma proposição
composta em que possui tanto valores lógicos V como F é dita uma contingencia,
ou seja, uma contingência nada mais é do que uma proposição em que na última
coluna comparece tanto V quanto F.

1.21 Implicação e equivalência lógica


Segundo Martins (2013), dizemos que uma proposição P implica
logicamente ou apenas implica uma proposição Q, se Q é verdadeira (V) todas
as vezes que P é verdadeira (V). Observe claramente, que dizermos que uma
proposição P implica logicamente Q significa que todas as vezes que nas
respectivas tabelas verdade dessas duas proposições não aparece V na última
coluna de P e F na última coluna de Q, com V e F em linha comum, isto é, não
ocorre de modo simultâneo valores lógicos V e F para P e Q.

Exemplo: Consideremos a tabela verdade a seguir que nos mostra as


proposições p, p  q, e p  q .
47

p q pq pq pq

V V V V V
V F F V F
F V F V F
F F F F V

De acordo com a mesma, percebemos que a proposição “p  q” é


verdadeira (V) somente na linha 1 e, nesta linha, as proposições “p  q” e “p  q”
também são verdadeiras (V). Dessa forma, a partir da definição formal descrita
anteriormente da implicação, notamos que a proposição “p  q” implica p  q, bem
como, “p  q” implica p  q, donde escrevemos em símbolos p  q  p  q e p  q
 p  q.
De outra forma, segundo Martins (2013), fala-se que uma proposição P é
logicamente equivalente ou apenas equivalente a uma proposição Q, se as
tabelas verdade destas duas proposições são idênticas, ou seja, quando
apresentam os mesmos valores lógicos respectivamente.

Exemplo: Consideremos a tabela verdade a seguir que nos mostra as


proposições “p” e “~ ~ p”.

p ~p ~~p
V F V
F V F

Ou seja, este exemplo, nos mostra que a dupla negação equivale à


afirmação. Dessa forma, a partir da definição formal descrita anteriormente da
equivalência, notamos que as proposições p e (~ ~ p) são logicamente
equivalentes ou equivalentes, donde escrevemos em símbolos “p”  “~ ~ p”.
48

UNIDADE 2 – FERRAMENTAS MATEMÁTICAS


APLICADAS AO RACIOCÍNIO LÓGICO

2.1 Aspectos Introdutórios


Agora estaremos interessados em apresentar algumas ferramentas da
Matemática, da Matemática Aplicada para a resolução de problemas envolvendo
o raciocínio lógico. Em verdade, temos diversas ferramentas desde as mais
simples até as mais complicadas no intuito da resolução de problemas diversos.

2.2 Grandezas Proporcionais


Se uma propriedade X de uma substância está relacionada à outra
propriedade Y e se uma depende da outra, dizemos que X é proporcional a Y. O
símbolo α (alfa) indica a proporcionalidade. Ou seja, em geral dizemos que: duas
grandezas são diretamente proporcionais quando, aumentando (ou diminuindo)
uma delas numa determinada razão, a outra aumenta (ou diminui) nessa mesma
razão.
Notação: X α Y (X é diretamente proporcional a Y)
A densidade, por exemplo, é a constante que relaciona a proporcionalidade
direta entre a massa e o volume de qualquer substância. Por definição, sabemos
que a densidade é igual à massa dividida pelo volume. Dessa forma:
m
d=
V
mαV
(Massa é diretamente proporcional ao volume)
m = dV
(Massa é igual à densidade multiplicada pelo volume)

Contrariamente, temos também a proporcionalidade inversa ou indireta,


acontecendo quando qualquer aumento de X, acarreta em uma diminuição
proporcional em Y e vice-versa. Em geral, temos que: duas grandezas são
inversamente proporcionais quando, diminuindo (ou aumentando) uma delas
numa determinada razão, a outra diminui (ou aumenta) nessa mesma razão.
Neste caso, a relação de pressão com o volume é uma relação inversamente
49

proporcional, pois para uma mesma massa e mantida a mesma temperatura, um


aumento de pressão irá acarretar em uma diminuição do volume e vice-versa.
1

V
(Pressão é inversamente proporcional ao volume)

Os problemas de proporcionalidade são resolvidos por Regra de Três, que


se trata de uma maneira bastante prática e simples que discutiremos a seguir.

Figura 13: Tipos de Regra de Três.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

2.3 Regra de três simples


Ao analisarmos grandezas proporcionais, procuramos apenas
reconhecer a natureza da dependência entre elas. Aqui, vamos ampliar nossa
análise incluindo valores numéricos envolvidos nessa dependência e
determinando os que são desconhecidos.
Para tal, vejamos a seguinte situação introdutória.
Situação Problema: Suponha que seja de seu interesse determinar a
distância que um automóvel percorrerá em 8 horas, sabendo que, se a mesma
velocidade for mantida durante 6 horas o carro percorrerá 900 km.
Primeiramente, para a resolução desta situação, duas questões são
colocadas: a primeira é quanto à natureza da proporção entre as grandezas
envolvidas, e a segunda refere-se à montagem da proporção. Ao conjunto de
respostas dessas duas questões e à determinação do valor desconhecido
denominamos de Regra de Três.
Solução: Neste caso, montamos a regra de três da seguinte forma,
dispondo as grandezas, bem como os valores envolvidos, de modo que
50

possamos reconhecer a natureza da proporção e escrevê-la. Desta maneira,


podemos escrever:
Grandeza 1 (Tempo) Grandeza 2 (Tempo Percorrido)
6 900
x
8

Observemos que colocamos na mesma linha valores que se


correspondem: 6 horas e 900 km, 8 horas e o valor desconhecido. Além disso,
utilizamos as setas para indicar a natureza da proporção entre as grandezas.
Caso elas estejam no mesmo sentido, as grandezas são diretamente
proporcionais. Caso estejam em sentidos contrários, são inversamente
proporcionais. Nesta situação introdutória, para estabelecer se as setas têm o
mesmo sentido, é necessário respondermos à indagação: Considerando a mesma
velocidade, se aumentarmos o tempo, aumentará a distância percorrida? Como a
resposta a essa questão é afirmativa, descobrimos que as grandezas são
diretamente proporcionais. Sendo assim, podemos escrever:
6 900
=
8 x
Ou seja:
6.x = 8.900

7200
x=
6

x = 1200

Portanto, concluímos que o automóvel percorrerá 1200 km em 8 horas.

Notemos que claramente neste exemplo, temos uma Regra de Três do


tipo Simples Direta.
51

Vejamos outra situação que ilustraremos um exemplo envolvendo uma


Regra de Três do tipo Simples Inversa.

Situação Problema: Suponha que um automóvel, com velocidade média


de 90 km/h, percorre um certo espaço durante 8 horas. Qual seria o tempo
necessário para percorrer o mesmo espaço com uma velocidade média de 60
km/h?

Solução: Neste caso, podemos montar a seguinte disposição:

Grandeza 1 (Tempo) Grandeza 2 (Velocidade)


8 90

x 60

Agora devemos responder a seguinte indagação: Mantendo o mesmo


espaço percorrido, se aumentarmos a velocidade, o tempo aumentará? A
resposta é portanto Negativa. Vemos, então, que as grandezas envolvidas são
inversamente proporcionais. Como a proporção é inversa, será necessário
invertermos a ordem dos termos de uma das colunas, tomando a proporção
direta. Sendo assim, modificamos a disposição acima, reescrevendo agora da
seguinte forma:

Grandeza 1 (Tempo) Grandeza 2 (Velocidade)


8 60

x 90

Logo, podemos escrever a proporção:


8 60
=
x 90
52

Ou seja:
60.x = 8.90
8.90
x=
60
x = 12

Vejamos mais alguns exemplos resolvidos envolvendo, Regra de Três


Simples Direta e Regra de Três Simples Inversa.

Situação Problema: Numa determinada indústria farmacêutica, 16


funcionários com igual capacidade de trabalho realizam uma tarefa durante 45
dias. Com apenas 10 funcionários, em quantos dias será realizada a mesma
tarefa?
Solução: Neste caso, podemos montar a seguinte disposição:
Grandeza 1 (Número de Grandeza 2 (Dias de
Funcionários) Trabalho)

16 45

10 x

Notemos que colocamos as setas com sentidos contrários, já que se


aumentarmos o número de funcionários, diminuirá o tempo necessário para
efetuar a mesma tarefa. Então, temos uma proporção inversa, o que torna
necessária uma inversão de termos em qualquer uma das colunas. Sendo assim,
escrevemos:

16 x

10 5
Daí, segue que:
53

16 x
=
10 45

Ou seja:
x = 72
Em outras palavras, a mesma tarefa será executada em 72 dias.

Situação Problema: Comprei 15 kg de feijão por R$ 360,00. Quantos


quilos poderia comprar, se tivesse R$ 1.200,00?

Solução: Neste caso, podemos montar a seguinte disposição:

Grandeza 1 (Quantidade de feijão) Grandeza 2 (Preço)

15 360

x 1200

A proporção entre as grandezas é direta, porque, se aumentarmos a


quantidade de feijão que vamos comprar, aumentaremos o gasto. Dessa maneira,
a proporção necessária será :
15 360
=
x 1200

Ou seja:
x = 50

Em outras palavras, poderia comprar 50 kg de feijão.

Importante! Regra de Três Simples é um processo prático utilizado para


resolver problemas que envolvam pares de grandezas direta ou
54

inversamente proporcionais. Essas grandezas formam uma proporção em


que se conhecem três termos e o quarto termo é procurado.

2.4 Regra de três Composta


Como resolver problemas semelhantes aos anteriores, mas apresentando
mais de duas grandezas? Ou seja, vamos agora utilizar a Regra de Três para
resolver algumas situações em que nos deparamos com mais de duas grandezas,
ou seja, estão envolvidas mais de duas grandezas proporcionais. Como exemplo
introdutório, analisemos a seguinte situação.

Situação Problema: Numa empresa alimentícea, 10 máquinas trabalhando


20 dias produzem 2000 unidades de determinado produto. Quantas máquinas
serão necessárias para produzir 1680 unidades deste produto em 6 dias?

Solução: Como nos exemplos anteriores, devemos verificar a natureza da


proporção entre as grandezas e escrever essa proporção. Vamos utilizar o
mesmo modo para dispor as grandezas e os valores envolvidos.

Grandeza 1 (Número Grandeza 2 (Dias) Grandeza 3 (Unidades


de Máquinas) do produto)

10 20 2000

x 6 1680

Para estabelecermos o sentido das setas, é necessário que fixemos uma


das grandezas e relacioná-la com as outras. Suponhamos então que o número de
dias seja fixo e, consideremos a seguinte indagação: Aumentando o número de
máquinas, aumentará o número de unidades produzidas do produto? A resposta a
essa questão é Afirmativa. Dessa forma, as grandezas 1 e 3 são diretamente
proporcionais.
55

Agora, suponhamos fixo o número de unidades produzidas do produto,


respondemos a seguinte questão: Aumentando o número de máquinas,
aumentará o número de dias necessários para o trabalho? Neste caso,
percebemos que a resposta é Negativa. Logo, as grandezas 1 e 2 são
inversamente proporcionais.
Para escrevermos corretamente a proporção, devemos fazer com que
todas estejam no mesmo sentido, invertendo os termos das colunas
convenientes. Naturalmente, neste exemplo, fica mais fácil inverter a coluna da
grandeza 2, daí podemos dispor da seguinte forma:

Grandeza 1 (Número Grandeza 2 (Dias) Grandeza 3 (Unidades


de Máquinas) do produto)

10 6 2000

x 20 1680

Vamos utilizar agora (lembrarmos) que uma grandeza proporcional a duas


outras é também proporcional ao produto delas. Assim, vamos escrever a
proporção:
10 6 2000
= .
x 20 1680
Ou seja,
x = 28
Portanto, concluímos que serão necessárias 28 máquinas para produzir
1680 unidades do produto.
Vejamos mais alguns exemplos resolvidos envolvendo a interpretação de
Regra de Três Composta.

Situação Problema: Uma torneira enche um tanque em 20 horas, com


uma vazão de 1 L por minuto. Quanto tempo será necessário para que duas
torneiras, com vazão de 2 L por minuto, encham o mesmo tanque?
56

Solução: Neste caso, temos a seguinte disposição:

Grandeza 1 Grandeza 2 (Horas) Grandeza 3 (Vazão)


(Torneiras)

1 20 1

2 x 2

Comparando as grandezas número de torneiras e vazão com a grandeza


número de horas, que mantém a incógnita x, percebemos que:
i) Mantendo fixo o número de torneiras e aumentando a vazão, o tempo de
encher o tanque deverá ser menor. Desse modo, diminuirá o número de horas.
Essas grandezas são, portanto, inversamente proporcionais. Logo, as setas
devem ser colocadas em sentidos contrários.
ii) Mantendo fixa a vazão e aumentando o número de torneiras, o tempo
para encher o tanque deverá ser menor. Desse modo, diminuirá o número de
horas. Essas grandezas são, portanto, inversamente proporcionais. Logo, as
setas devem ser colocadas em sentidos contrários.

Dessa forma, já considerando a inversão das colunas, a proporção deve


ser:

20 2 2
= .
x 1 1
Ou seja,
x=5

Portanto, concluímos que serão necessárias 5 horas para encher o tanque.

2.5 Teoria dos conjuntos e aplicações


57

A partir da segunda metade do século passado, os pesquisadores


passaram a se preocupar, cada vez mais, com modelos teóricos capazes de
abranger também os aspectos qualitativos, além dos aspectos quantitativos, de
cada um dos infinitos fenômenos que compõem o nosso mundo real.
Procurou-se, portanto, uma linguagem universal que permitisse descrever,
de maneira precisa e concisa, todos estes modelos, desde os existentes até
aqueles que porventura viessem a ser criados, sendo assim, nasce e é
estruturada a teoria dos conjuntos, que também constitui uma poderosa
ferramenta para a resolução de problemas de raciocínio lógico. Especificamente
falando, o diagrama de Venn é uma ferramenta prática para a resolução de
problemas.

2.6 Conceitos fundamentais da teoria de conjuntos


O pontapé inicial da teoria dos conjuntos consiste nos conceitos primitivos
de conjunto, elemento de um conjunto e igualdade de conjuntos. Dessa maneira,
para indicarmos que x é um elemento do conjunto A, escrevemos x  A (leia-se
x pertence a A). Contrariamente, se escrevermos x  A, significa que x não é
elemento do conjunto A. Conjunto é uma estrutura que agrupa objetos e constitui
uma base para a construção de estruturas mais complexas, logo, além de
representarmos um conjunto por uma letra, na maioria das vezes maiúscula,
podemos usar mais três representações distintas, que são:
a) Enumerando os seus elementos:
{a, e, i, o, u} conjunto das vogais,
{0, 1, 2, 3, 4,..., 2009,...} conjunto dos números naturais (IN)
b) Descrevendo os elementos do conjunto por uma propriedade exclusiva
dos mesmos: IN = {x / x é um número natural}; V = {x/ x é uma vogal}.
c) Representação Gráfica pelo Diagrama de Venn, que constitui uma
excelente ferramenta para visualizarmos as relações entre elementos e conjuntos,
bem como entre os conjuntos, como mostrado na Figura 14 a seguir.
58

Figura 14: Exemplos de Diagramas de Venn.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Dessa maneira, de acordo com Dante (2000), dizemos que dois conjuntos
A e B são iguais quando possuem os mesmos elementos, isto é, todo elemento
de A é também elemento de B e, todo elemento de B é elemento de A. Tal fato é
denotado por A = B. Por exemplo, os conjuntos A = {3, 4, 7} e B = {4, 7, 3} são
iguais. Além disso, dados os conjuntos A e B, dizemos que B é subconjunto de
A se, e somente se, todo elemento de B é elemento de A. Esta relação é dita
relação de inclusão, sendo denotada por B  A (lemos B está contido em A). Por
outro lado, se existir pelo menos um elemento de B que não é elemento de A,
escrevemos B  A e, neste caso, B não é um subconjunto de A, isto é, não está
contido em A. Vejamos alguns exemplos.
1) {a, e}  {a, e, i, o, u}
2) {1, 2}  {1, 3, 5}
3) {1, 2, 3, 4}  {1, 2, 3, 4, 7, 8, 9}
4) {19, 7, -3}  {-4, 18, 20}

Salienta-se ainda que um conjunto especialmente importante é o conjunto


vazio, ou seja, o conjunto que não possui elementos, o qual é representado pelo
símbolo  ou por { }. Sendo assim, o conjunto de todos os brasileiros com mais
de 300 anos e o conjunto de todos os números os quais são simultaneamente
pares e ímpares são exemplos de conjuntos vazios. Além disso, de modo geral,
nas aplicações da teoria dos conjuntos, todos os conjuntos considerados são
subconjuntos de um mesmo conjunto U, chamado de conjunto universo. Assim,
por exemplo, o conjunto A = {2, 3, 4} é um subconjunto de U = IN (conjunto dos
números naturais). Vejamos mais algumas definições universais envolvendo a
teoria de conjuntos que são utilizadas para a resolução de problemas diversos,
tais definições são as operações envolvendo os conjuntos.

Definição: Chamamos de união de A e B ao conjunto A  B formado pelos


elementos que pertencem a A ou a B ou a ambos. Em símbolos, a união entre A e
B é caracterizada por A  B = {x | x  A ou x  B}.
59

Definição: Chamamos de intersecção de A e B ao conjunto A  B formado


pelos elementos que são comuns aos dois conjuntos. Em símbolos, a intersecção
entre A e B é caracterizada por A  B = {x | x  A e x  B}.

Definição: Chamamos de diferença A – B ao conjunto dos elementos que


pertencem a A (ao primeiro) e não pertencem a B (ao segundo). Em símbolos a
diferença A – B é definida da seguinte forma A – B = {x | x  A e x  B}. Por
exemplo, se consideremos os conjuntos A = {x  IN | x > 2} e B = {x  IN | x 2 = x},
então A – B = {3, 4, 5, 6,...} e B – A = {0, 1}.

Situação Problema: Uma prova de Lógica era constituída de dois


problemas. 300 alunos acertaram somente um dos problemas, 260 acertaram o
segundo, 100 alunos acertaram os dois e 210 erraram o primeiro. Quantos alunos
fizeram a prova?
Solução: Vamos resolver o exercício utilizando o Diagrama de Venn, para
tal consideremos os conjuntos A = {alunos que acertaram o primeiro problema} e
B = {alunos que acertaram o segundo problema}.

Sugestão! Neste tipo de situação sempre devemos começar pela interseção


entre os conjuntos envolvidos na questão.

Figura 15: O diagrama de Venn do problema.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

Dessa forma:
60

Primeiro Passo: colocar o valor 100 (A  B);


Segundo Passo: colocar o valor 160 (260 – 100);
Terceiro Passo: colocar o valor 210 (210 = número de alunos que erraram
o primeiro problema);
Quarto Passo: colocar o valor 140 (140 = 300 – 160);
Portanto, o total de alunos que fizeram a prova é dado por 140 + 100 + 160
+ 50 = 450 alunos.

Situação Problema: Determine a validade do seguinte argumento:


S 1 : Todos meus amigos são músicos.

S 2 : João é meu amigo.

S 3 : Nenhum dos meus vizinhos é musico.

S: João não é meu vizinho.


Solução: Note que as premissas S 1 e S 3 permitem construir o Diagrama

de Venn mostrado na Figura 16 a seguir. Por S 2 João pertence ao conjunto de


amigos que é disjunto do conjunto de vizinhos. Logo, S é uma conclusão válida e,
portanto, o argumento é válido.

Figura 16: O diagrama de Venn do problema.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

2.7 Porcentagem ou percentagem e aplicações


O estudo da porcentagem (ou percentagem) é ainda um modo de
comparar números, usando a proporção direta. Entretanto, uma das razões dessa
proporção deverá ser sempre uma fração de denominador 100. Vamos deixar isso
mais claro: numa situação em que você tenha que calcular 40% de R$ 300,00,
será necessário determinar um valor que represente, em 300, o mesmo que 40
em 100. Isso pode ser resumido na proporção:
40 x
=
100 300
61

Definindo de acordo com o Dicionário Aurélio, porcentagem (ou


percentagem) é uma parte proporcional calculada sobre uma quantidade de 100
unidades. Além de ser muito utilizada, ela é extremamente importante em
diversas aplicações do nosso dia a dia. A solução de problemas envolvendo
cálculos percentuais é encontrada considerando sempre o total como sendo 100
unidades, ou 100%.

Situação Problema: (Dimensionamento das Áreas de Um Restaurante)


O planejamento de um restaurante está sujeito a múltiplas influências por parte
dos clientes, de novas tecnologias e modismo. O conceito atual prevê que 40% da
área seja da produção, 20% para armazenagem e os 40% restantes para
atendimento ao cliente. Já o novo conceito prevê as porcentagens de 20%, 20% e
60%, respectivamente. Uma nutricionista foi contratada para planejar um
restaurante numa área de 230 m 2 . Quais serão os tamanhos da produção,
armazenagem e atendimento, nos dois conceitos?

Solução: Notemos inicialmente, que a área total vale 100%, dessa forma
segue que:
Conceito Atual:
- Para a Produção, temos que:

100 % (Área Total) 230 m 2

40% (Produção) x m2

Donde concluímos que o valor de x é dado por:

40.230
x= = 92 m 2
100
- Para a Armazenagem, temos que:
100 % (Área Total) 230 m 2
62

20% (Armazenagem) y m2

Donde concluímos que o valor de y é dado por:

20.230
y= = 46 m 2
100
- Para o Atendimento, temos que:

100 % (Área Total) 230 m 2

40% (Atendimento) z m2

Donde concluímos que o valor de z é dado por:

40.230
z= = 92 m 2
100

Novo Conceito: Analogamente, temos que:

- Para a Produção, temos que:

100 % (Área Total) 230 m 2

20% (Produção) x m2

Donde concluímos que o valor de x é dado por:

20.230
x= = 46 m 2
100
- Para a Armazenagem, temos que:

100 % (Área Total) 230 m 2


63

20% (Armazenagem) y m2

Donde concluímos que o valor de y é dado por:

20.230
y= = 46 m 2
100
- Para o Atendimento, temos que:

100 % (Área Total) 230 m 2

60% (Atendimento) z m2

Donde concluímos que o valor de z é dado por:


60.230
z= = 138 m 2
100

Portanto, concluímos que as dimensões devem ser iguais a:

 No Conceito Atual – Produção: 92 m 2 , Armazenagem: 46 m 2 ,


Atendimento: 92 m 2 .

 No Novo Conceito – Produção: 46 m 2 , Armazenagem: 46 m 2 ,


Atendimento: 138 m 2 .

2.8 Curiosidade? Diet é igual a light?


A noção para tal indagação é NÃO, ou seja, os produtos diet são
diferentes dos produtos light.
64

Figura 17: Diet é diferente de Light.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.

A diminuição percentual tem sido bastante abordada nos novos


lançamentos, pois os produtos light, por legislação específica, devem conter
algumas quantidades (dentre estas as calorias) percentualmente menores que
seus familiares convencionais. Já os produtos diet são aqueles fabricados com
redução máxima de algum componente (não necessariamente energético) e que
são usados em programas alimentares especiais, onde existe a necessidade de
alguma restrição, por exemplo, ausência de sal (para hipertensos), ausência de
açúcar (para diabéticos) e outros casos.

Figura 18: Os produtos diet e light.


Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
65

Situação Problema: (Aumento e Diminuição Percentual), para


entendermos os cálculos de aumento e diminuição percentual, consideremos uma
pessoa com massa corpórea ideal de 70 kg em duas situações:
Primeira Situação: Com 65 kg;

Segunda Situação: Com 75 kg.

Dessa maneira, perguntamos:


1) Qual o aumento percentual necessário para a pessoa atingir sua
massa corpórea ideal?

2) Qual a diminuição percentual necessária para a pessoa atingir sua


massa corpórea ideal?

Solução:

1) Neste caso, temos que:

Antes Depois

65 (kg) 70 (kg)

100% x

Donde concluímos que:


x.65 = 100.70
Ou seja:
100.70
x=
65

x = 107,6923077 ou aproximadamente 108%


66

O aumento percentual é este valor subtraído de 100, ou seja,

107,69% – 100% = 7,69%

Generalizando qualquer situação, temos a seguinte expressão simples


para a determinação do aumento percentual:

(Valor Depois  Valor Antes ).100


Aumento (%) =
Valor Antes

Quando sabemos o valor do aumento percentual necessário e desejamos


saber qual será o valor da massa corpórea final podemos usar o cálculo abaixo:

Nova Massa Corpórea: 65 kg + 7,69% de 65 kg

E como 7,69% de 65 é igual a 9,99999, segue que:

Nova Massa Corpórea: 65 + 4,9985 = 69,9985 kg

Ou aproximadamente,
70 kg.

(As diferenças se devem aos arredondamentos, sendo que tais


arredondamentos serão explicados um pouco a frente)

Vejamos a montagem abaixo, que explica nas entrelinhas de como


calculamos 7,69% de 65 kg.

Total Parte do Total

65 (kg) x
67

100% 7,69%

Donde concluímos que:


x.100 = 65.7,69
Ou seja:
65.7,69
x=
100
Ou ainda:
x = 4,9985
2) Neste caso, temos que:

Antes Depois

75 (kg) 70 (kg)

100% x

Donde concluímos que:


x.75 = 100.70
Ou seja:
100.70
x=
75

x = 93,33 ou aproximadamente 93%.

A diminuição percentual é 100 subtraído do cálculo acima, ou seja,

100% – 93,33% = 6,67%

(Valor Antes  Valor Depois ).100


Diminuição (%) =
Valor Antes
68

Quando sabemos o valor da diminuição percentual necessária e desejamos


saber qual será o valor da massa corpórea final podemos usar o cálculo abaixo:

Nova Massa Corpórea: 75 kg – 6,67% de 75 kg.

E como 7,69% de 65 é igual a 5,0025, segue que:

Nova Massa Corpórea: 75 – 5,0025 = 69,9975 kg ou aproximadamente


70. kg

A montagem abaixo explica como foi calculado 6,67% de 75 kg.

Total Parte do Total

75 (kg) x

100% 6,67%

Donde concluímos que:


x.100 = 75.6,67
Ou seja:
75.6,67
x=
100
Ou ainda:

x = 5,0025

2.9 Regra de Sociedade – uma aplicação envolvendo a porcentagem


De acordo com Castanheira (2011), chamamos de sociedade um grupo de
duas ou mais pessoas que se juntam, cada uma com um determinado capital, que
deverá ser aplicado por um certo tempo numa atividade qualquer e com o objetivo
de conseguir lucros. Para entendermos tal metodologia, vamos considerar a
situação introdutória em que três amigos ganhem R$ 9.000,00 na loteria, como
69

resultado da premiação de um jogo, cujo valor da aposta era de R$ 4,50. Dessa


forma, consideremos que os sócios tenham contribuído com as seguintes
quantias:
Sócios Capital (R$)
A 1,00
B 1,50
C 2,00

A pergunta a ser respondida, é quanto cada um irá ganhar?


Observemos que este é um caso do que chamamos de divisão em partes
proporcionais às quantias investidas, sendo assim, podemos escrever:
A B C
  
 1 1,50 2
 A  B  C  9000

Resolvendo o sistema, temos que:
A B C A B C
  
1  1,5  2 1 1,50 2
Ou seja, A = 2000, B = 3000 e C = 4000. Portanto, A receberá R$ 2.000,00,
B receberá R$ 3.000,00 e C receberá R$ 4.000,00.

Importante! Nos casos de sociedades mais complexas, é relevante também


o período de tempo durante o qual cada sócio deixa o seu dinheiro
investido.

Com relação à classificação de uma regra de sociedade, salientamos, que


o que define uma sociedade como simples ou composta é o fato de os capitais
aplicados e de os períodos de tempo da aplicação serem iguais ou diferentes para
cada sócio.

1.10 Regra de sociedade simples


Temos dois casos a considerar que são descritos a seguir.
70

Primeiro Caso: Os capitais são diferentes, mas aplicados durante períodos


de tempo iguais. Neste caso afirmamos que: “Os lucros ou prejuízos serão
divididos em partes diretamente proporcionais aos capitais investidos.”.
Situação Problema: Carlos e Roberto montaram uma pequena
concessionária investindo conforme a disposição de valores a seguir.
Sócios Capital (R$)
Carlos 2.500,00
Roberto 2.000,00

Ao final de um ano, o balanço apurou um lucro de R$ 13.500,00. Quanto


cada um deverá receber?
Solução: Neste caso, vamos chamar de x e de y o que Carlos e Roberto
devem, respectivamente, receber, temos que:
x y
 e x + y = 13500
2500 2000
Aplicando as propriedades das proporções, vem que:
x y x y 13500
   3
2500 2000 2500  2000 4500
Logo, x = 7500 e y = 6000.
Segundo Caso: Os capitais são iguais, mas aplicados durante períodos de
tempo diferentes. Neste caso, afirmamos que: “Os lucros ou prejuízos serão
divididos em partes diretamente proporcionais aos períodos de tempo em
que os capitais ficaram investidos.”.
Situação Problema: Três amigos A, B e C, juntaram-se numa sociedade
para a montagem de uma concessionária com idêntica participação no capital
inicial. A deixou seu capital no negócio durante 4 meses, B por 6 meses e C
durante 3 meses e meio. Sabendo que, ao final de um ano, houve um lucro de R$
162.000,00, como dividir essa quantia entre os três amigos?
Solução: Neste caso, notemos que existe a necessidade inicial de
transformarmos os períodos de tempo em uma mesma unidade, meses ou dias.
Utilizando a unidade dias, vamos considerar o mês comercial com 30 dias, daí
podemos escrever:
71

 A B C
  
120 180 105

 A  B  C  162000
Aplicando as propriedades, temos que:
A B C A B C 162000
     400
120 180 105 120  180  105 405

Portanto, A = 48000, B = 72000 e C = 42000, ou seja, os lucros auferidos


por A, B e C serão, respectivamente, R$ 48.000,00, R$ 72.000,00 e R$
42.000,00.

2.11 Regra de sociedade composta


Nas sociedades compostas, tanto os capitais quanto os períodos de
investimento são diferentes para cada sócio. Trata-se, portanto, de dividir os
lucros ou prejuízos em partes diretamente proporcionais, tanto ao capital quanto
ao período de investimento. Dessa forma, temos que: “Quando os capitais e os
períodos de tempo forem diferentes, os lucros ou prejuízos serão divididos
em partes diretamente proporcionais ao produto dos capitais pelos períodos
de tempo respectivos.”.
Situação Problema: Uma sociedade teve um lucro de R$ 117.000,00. O
primeiro sócio entrou com R$ 1.500,00 durante 5 meses, e o outro, com R$
2.000,00 durante 6 meses. Qual foi o lucro de cada um?
Solução: Observe que se trata de uma regra de sociedade composta.
Chamando de x o que o primeiro sócio deve receber e de y o que o segundo
receberá, temos que:
x y
 e x + y = 117000
(1500).(5) (2000).(6)
Aplicando as propriedades, vem que:
x y x  y 117000
   6
7500 12000 19500 19500
Logo, x = 45000 e y = 72000, ou seja, o primeiro sócio receberá R$
45.000,00 e o segundo sócio receberá R$ 72.000,00.
72

REFERÊNCIAS

ATIENZA, Manuel. As razões do direito: teorias da argumentação jurídica.


São Paulo: Landy, 2006.

BASTOS, C.L & KELLER, Vicente. Aprendendo a Lógica. São Paulo: Vozes,
2002.

BARONETT, Stan. Lógica: uma introdução voltada para as ciências. Porto


Alegre: Bookman, 2009.

BISPO, Carlos Alberto F. Introdução à lógica matemática. Rio de Janeiro:


Cengage, 2011.

BERLINGHOFF, William P.; GOUVÊA, Fernando Quadros. A matemática


através dos tempos: um guia fácil e prático para professores e entusiastas.
São Paulo: Blucher, 2010.

COPI, Irving M. Introdução à lógica. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978.

DIENES, Zoltan P. Lógica e jogos lógicos. 3 ed.. São Paulo: Epu, 1976.

FILHO, Edgard de Alencar. Iniciação à Lógica Matemática. 18. ed. São Paulo:
Nobel, 2000.

KELLER, Vicente; BASTOS, Cleverson L. Aprendendo lógica. Petropólis, RJ:


Vozes, 2004.

LEWIS, Harry R. Elementos de teoria da computação. 2. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2000.

MARTINS, Marcia da Silva. Lógica: uma abordagem introdutória. São Paulo:


Ciência Moderna, 2012.

RAGSDALE, Cliff T. Modelagem e Análise de Decisão. Edição Revisada. São


Paulo: Cengage Learning, 2009.

SALMON, Wesley C. Lógica. 3. ed. RJ: LTC, 2009.

VOESE, Ingo. Argumentação jurídica: teoria, técnicas, estratégias. Curitiba:


Juruá, 2011.

ZEGARELLI, Mark. Lógica para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2013.

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