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John

Cárter Brown
Library

Purchased with
the Assistance of the
Finn M. W.
Caspersen
Acquisitions Fund
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ABECEDARIO
M LITAR
D O SOLDADO
I
CL V E O
DEVE FAZER TE CHEGAR A SER
Capitaõ,ôt SargentoMÓr:St pera cada hütdelles infolidum
& rodos juntos faberem aobrigaçaõ de feus cargos, & o
modo que teraõ em formar Companhias , Batalhões, ÔC
Efquadrões de menor, ou mayor numero de Soldados,
& como fe desfaraõ, & fe tirara aRaiz quadra pera
os faber formar, & outras coiifas curiofasque
os aífeiçoados a efta Arte folgaraõ
de faber.
dom volumes.
Diuidido em
RECOPILADO DE GRAVES AVTORES
pello Alferez Ioaõ de Brito de Lemos Caualeiro fidalgo da Cafa dc
S.Mageflade,Ajadant« d‘hu Terço de infameria de
que he
Coronel Bras Tellcs de Meneies, natural de Bar-
gança, & morador nefta Cidade.
DEDICADO AO EXCELLENTISSIMO SENHOR

EM LISBOA: Cm todas as lianas yectJSarUs, Por Pedro


Craesbeeck
ImpieíTor delRey. .
,
V tar
Abecedario da ArteMiÜ
I eftelruro q te por titulo
compofto porloaõ de Brito de Lemos, naõ té
coufa contra a Santa Fê,ou bõs coítumes;he liuro
de importância, 5c que os homes q fe prezaó de o fe r haõ
de feftejar; 5c por elledeuiaõde ler, 5c mandar que fe leífe
em fuas cafas a feus filhos, ôcnaõ gaílarê q tempo em liiiros
de trouas profanas q naõ fertié de mais que de enrreter a
oucioíidade,que naõ fe desbarate em deftruiçaõ dos bons
cuílumes; fe be a naõ acende cõ fua demaíiada brandura;
efte he o liuro primeiro q me veo àmão,que fora do eftylo
deíle miíerauel tempo trata da guerra cõ muita curioíida
de, Sc vtilidade política, õ tambe ajuda a conferuara fé 5c
bõs cuftumesjeíte deuia de fer aifumpto dos Acadêmicos
deita noífa Cidadeipello qfou de parecer que fe lhe dè a
licença quepedèperao imprimir:Em Lisboa i8.deAbril
de £30. Ir.Thmas deS.Dómingos Magtfier

V I efte liuro intirulad©


Abecedario Militar , do que o foldad© deue
fazer âte chegar a fer Capitaõ, Sc
autoies pello Alferez foaõ deButo de
SargétoMòr recopilado de vários
;

Lemos, naõ tem coufa que encon


tre noífa Sanda Fé, antes he obra que contem em fy grande
erudiçaõ,
ôcperitia em toda a difdplina militar, & feri de mui grande proueito
pe-
r a efte Reino efpecialmente pera os que a profeífam:
;
pello que me pare
ce dignifsima de fe imprimir. Lisboa nefta Cafade S. Roque da
Com-
panhia dc IEsV,em 6.de Mayo de 630. Dofior Urge Cabral.

V lítas as informações podefe imprimir


cujo titulo he Abecedario Militar, Scc. 5c depois
de impreífo torne conferido com feit original pe-
ra fe dar licença pera correr, 5c femella naõ correrá.
boa aos 10.de Mayo 630.
Lif-
eíte liuro

G. Pereira. D.loao daSylua- D-Mig.deCaftro. F.Afít.deSeufa»

\] Iftocomo confta eftar cõferido o impreífo cõ feu original, 5c c õcor


dar co elle, damos licéça pera correr. Lisboa
18.de Fet eieiro de 631.
G.Pcntra, D.loao da Sylua. PrancCco Barreto. Pr.Anto.de Soufa.

^^'AxaÕ efte liuro em duzentos Sc cincoenra reis. Lisboa 2 -


.dc Feue-
-A reiio de 631. Cabral. Sala^ar.
1 Por
?
Or mandado de V. Mageftade vi efte liuro, q copos

P Ioaò de Bricto de Lemos, intitulado AbecedarioMi-


litarmelle eftaô incluías, Sc incorporadas todas as re-
gras, ôc preceitos Militares,q vários Autores efcreueraõ,q
elle recopilou cò muita curioíldadeexplicandoo cõ mui-
tos cafosj&hiftorias antigas, Scfeitos danaçaõ Portuguefa.
Pareceme muito vtil pera aquelles,q profeífaõ a guerra, q
nelle acharao na noíía lingoa materna tudo o q pertence à
Milicia,como aprouaõ os Religiofos,a q foi cometido pel
lo S.Officio.Sc afsim fou de parecer queV.Mageftade lhe
deue conceder a merce q pede pera o imprimir. V. Mage-
ftade mãdarâ o que for feruido. Lisboa 17.de Iulho de 6 30.
Mamei de Freitas .

Or mandado de V.Mag. vi efte liuro intitulado Abe

P cedarioMilitar recopilado por Ioaõ de Brito de Le-


mos:quê o ler cõ animo indifFerente verà q o Autor
o trabalhou cõ bo zelo, tomou louuauel emprefa, deu ne-
ceífaría doutrina tirada de bõs Autores, corroborada com
muitos, Sc bõs exêplos antigos, Scmodernos,eftrãgeiros> Sc
naturais- NeceíTaria digo.porq V.Mag. manda q geralméte
fe exercite nefte Reino o vfo das armas*pelío q defta Arte
ferà bê q haja muitos liuros: que quatos mais fore, menos
difculpa teraõ os q naõ fouberé fer foldados, & os q efti-
marS fer quais deuê entenderão , porq caminho a virtude
militar, he a geral de todas. PraBat cateris alijs militam virtus
PlatJib-^. q fertilizada cõ abundãcia da honra immortaliza
louuores: eflhonorW alerio Ma
Nam virtutis vberrimu alimentu
ximoiib. 2.c.i. illuftra gerações, Sc o poder de V.Mag. fe
engrandece. Oq vifto lhe deue V.Mag. fazer merce dal i-<
cença q pede pera o imprimir. Henrique Corrêa daSylua .

Ve imprimir efte liuro viftas asliceças do

O
fe poífa
S.Officio,Sc Ordinário, Sc as mais informações q
fe tomaraõ,Sc naõ correrá fem tornar á Mefa pera
fer taxado.Lisboa2.de Setembro de 630.

Farrete. Pimenta Dabreu. Cabralf


DEDICATÓRIA
A DOM THEODOSIO
SEGVNDO DO NOME
DVQVE DOS ESTADOS D E B R A-’
gança &Barcellos, Marques de Villaviçofa, Conde de
Ourem, Arrayolos,Neiua,& Penafiel, Senhor de Mon
te alegre, Monfqrte, & Villa de Conde, Ccndeftable
de Portugal; & o primeiro, & mais antigoDuque de
toda Hefpanha & Italia dos que agora conferuaó fua
dignidade, & eítado defcendente dos Reys defte
Reyno de Portugal, & doSando Condef-
table Dom Nuno Alures
Pereira.

E todas as artes
Excellentifsm
JÜ Senhor fo a Militar pertence aos
1] ‘Príncipes, porque a elles ejldenco -
mendada a defenfao de j eus pouos y
0) quais [em cila je naÕ podem conjeruar , &•

ajsi a V. Excellecia he deuido dedicar efle Abe-


ceàârio da Arte Militar, porque nefle %eyno te
‘V Mxcellencia quafi tantos vajailos como Sua
IVÍageftacle, ç> porque meu intento o he pera
f q
nelle fejtipra parte da falta que ha da dita Arte
J
em ÍingoaÍ c/rtugue%a,de que os Joldados fe pof

?3 Ps
DEDICATÓRIA
Jaó aproueitar ofereço a V-Excellencia imitan
do aValerioMaximovnico recopilador da btflo
Çregos
ria de ffar fies líludres &
''Romanos de -
dicando o limo de Regi o que deitesfei^ ao Em
perador Tiberio Ce/ar,pera que com o nome de
tam grande Príncipe naõ tiuejlem olhos enuejo
fos que notar, nem lingoas fatiricas que murmit
rar, & poise fias de Portuga f que merecem em

feitos, âittos, obras iguêlaremfe aos Romanos t


& (fregos,& aos das mais nobres , & opulen-
tifsimasAlonarchias do (fniuerfo cxcedendolhe
cifrandofenefeReyno ta o limitado o mais
notauel em tudo o que das outras fe e/creue:&-
afsibe digno da protecÇaõ de V. Excellencia.
fT odos os efcriptores , Excellentifümo Senhor,
dige que a dedicatória que de jemelhantes obras
fe dedica a ‘Príncipes tão altos como P. Exceli,
ha de fer breue , &
/ uceinta , &• que não fo-
mente fe naõ fale nella nas proezas dos paren-
tes muy chegados, mas nem ainda nos valerofos
feitos depay&- duos, por feguir ejle conje
lho pajjo em fikncio as grandezas, O' titulos da
antiga, & Real decendencia dos Pays &Auõs
dcV Exceli. que faõ os Reys deJleReyno, &• 0
DEDICATÓRIA
fanto Ccndefiable Z) N uno Alures Pereira,^
à

as infinitas virtudes de V.Excell.a/si naturaes


como adquiridas de Jeusprcgenit eres,deixa ndo
também a refyfi que tine de minha parte pera
dedicar a V.ExcelLefte Abecedario pera o (js-
pitulo [eguinte , com o qual me não atreuera a
fairfenão fora com a confiança da protecção,
amparo de hum 'Príncipe como jf. Exceli, pera
que[e\a ejlimado conformefua gradeia, &não
como fruito meu que dou o que pejjb,& não o
que desejo,per a cem ijlo poder refijlir aosgolpes
dos proprios de(la profifiaÕ , fegm andome que
,
fendo recebido de U.Excetl.não aueia defeitos
que notar :& pois V» Exceli, por fua Peai de me
cia ampara a todospofio que em obras mais ele
gantes &- doutas com mais regão
pofio ejperar
a protecção de U. Exceli, como minimo criado
& vafialoquejou, & confiadamente me pojfb
por
ter e/le oforão meu pay &
,
pois tsuôs : ajsi .

peço a V. Exceli. Je\a feruido pòr os olhos não


no pouco valor defla obra, fienão no muito amor
,

& grande animo, cem que a ojfereço a V, Ex*


cellencia por me mofirar grato às merces recebi-
das, porque não he menos wag n anima ceufa cor
,

*4 mo
mo di%Tlutarco receber pouquidades com ale
i

gre ro[lo>qnefager grandes/fr auantejadas mer


ces:& porque difto fico confiado eejfo não de ro*
gar a ‘Deosnoffo Senhor aumente vida,& efla
m do de F. Excellencia por largos annos como os
vaflallos t &- criados defe)amos,&-c.EmLisboa
2 5 de lulho dia do Apoflolo Santiago Tatrao
de Efpanha amo de 1629 ,

hao de 'Brito de Lemos.


A DO M 1 O AO
SEGVNDO DO NOME
Duque dos Eftados de Barganfa,
& Barcelios, &c.

Efoluto de fair a luz cõ a recopila-


çaó deíle meu Abecedario Militar,
me ©ccorreraó dous Príncipes, a que
o dedicaíTe ambos taò iguaes nas Ex~
cellencias, Sc generofidade , como en-
conformes : por quantoaam-
tre fy
bos igualmente eftaua obrigado os :

quais erao o Exccllentifsimo Príncipe o Duque Dom


Thcodofio,que Deos tem, Sc V. Exccllencia. Ao fim
o dediquei ao Duque pellas razóes, que aponto na
Dedicatória acima : & por quanto tinha conhecido
meu pay, Sc auòs no feruiço do Duque Dom Ioaó o
Primeiro feu Pay, & Auò de V.Excellencia , de quem m' n
receberão muitas merces.E a V.Excellencia tomei por
padrinho na breuidade do defpacho, que cófegui ta5
fauorauel da aceitaçaó daobra, Sc de me mandar dar
ajuda de eufta pera o caminho , & que impreflb o li-
uro tornaíTeipello que o dei áimpreflaó confiado nas
grandezas do Duque. Neftes termos foi Deosferuido
dar a S. Excellencia o prêmio de feus merecimentos,
que he de crér eftara gozando por fuas heroicas virtu-,
des.excel lente gouerno, & copiolas efmolas defpendi-
das de feus thelouroscom tanta magnificécia. Pelloq
paffando" a V, Exccllencia por titulo h eredi tário feus
" ' ’

Ef>
JEftados lhe paftaõ juntaméte com elle as obrigações

que a eftc Sercnifsimo Príncipe lhe corriaó, ôc me fi-

ca acçaõ de aprefentar de nouo , ôc offerecer efta o-


bra a V.ExcclIencia, pedindo a admitta em fua protei-
çaò, pera queemparada delia feja de todos bem rece-
bida. A. refpeito da matéria defte liuro tem V.Excellé-
cia fobre as herdadas precifa obrigaçaó de o emparar
Ôc defender, por fer a Milícia coufa generofa,& a V.Ex
cellencialhe fer taõ natural a aplicaçaòafemelhantes,
ôc que os Príncipes cò o exercício da Arte Militar le
alentem a gloriofas cmprefas feve nos magnânimos
Príncipes Alexandre, Pírrhojulio Cefar, Scipiaó Afri-
cano, & outros, que pella defenfaó de fuas patrias oíFe
em facrificio fuas vidas como
receraò no altar daFama
Codro Rey dos Athenienfes Curcio cidadaa
foraò ,

Romano, ôc o noífo ílluítrc Português Ruy Pereira


tio do fanto Condeftable Dom Nuno Alurcs Pereira
progenitor, & tronco defta RealCafa de V.Excellécia,
de quem no difeurfo defta obra faço particular merno
ria.E como todos osPrincipes benemeritosdaMilicia
imicaraòaoutros,qucnella tinhao feito fingularespro
greífoscomo Achylles aHercules, Alexandre a Achyl-
les, íulio Cefar a Alexand re, Outauiano a Iulio Cefar.

Afsi V.Excellencia como de hum Oráculo recebe ôc ,

imita a difeiplina militar cifrada corno em compendio


no Excellentifsimo ôc fanto Condeftable, a cuja imu
tacaõfe podia formar hum dos mais valerofos Capi-
tães do mundo, Ôc íeil-luftrarà a grandeza de hum taò
alco Príncipe como V.Excellencia, a quem pella dtf-

cendencia dos Reys defte Reino lhe compete efte ti tu


lo.
lòyôcjuntamente por quanto o Duque Dom Jaime, q
ganhou a Cidade de Azamor foi jurado por Principc
deites Reinos atè o nacimento dcl Rey Dom Ioaô o
Terceiro, pelioquefelhe deu o banco dc pinchar de
ouro atraueífado pellaorla vermelha oque fóaosPrin
cipes,& Infantes he concedido, & ás Princefas,& Infan
tasdeprata,fignificandoaprecedencia.queabaixo dos
Reys tem os Príncipes, ôc Infantes aos maisfcnhores,
defdeo qual tempo ficaraô gozado os Duques de Bar
gança dospriuilegios de Príncipes, & Infantes, §c appa
rato Real, de que vfaó com todos os officios ôc infig-
,

nias de Rey ainda na Corte, como fe vio nefta Cidade


de Lisboa no anno de i6ip. afsiílind© nella a Catholi-
ca Mageílade delRey Felipe o II. E que o banco feja
deuifa de Príncipes, & Infantes fe ve pello que trouxe
elRey D.Ioaó fendo Príncipe, & os Infantes, filhos dei
Rey D.Manoel em efpecial os Infantes D.Affbnlb, ôc
D.Henrique,quedefpoisfoi Rey deite Reino como o
moítraTofcano folq. Afsi queExcellentiíf.Senor per
tencedo a Arte Militar aPrincipes taò heroicos como
v. Exceli. &
tendoa dedicado ao Duque DóTheodofio
que Deos Agora por tres razoes fe offerece a v.Ex-
té.

cell nas quais confio me faramerce amparar com feu


aufpicio,& benenolenciata primeira por dependencia
do Duque, que Deos haja: afegunda por o aflumpto
delia fer tao proprio de Príncipes: a terceira, porq po-
de bé fereita a primeira obra, que a v. Exceli fe apre-
fenta defpois de entrar napoífe de feus Eílados, em q
Noífo Senhor o conferuepor largos annos como feus
vaífallos lhe dezejamos. FaIc,
ÀdoftrA o Autor a refyo cjueteue pera àeàicAt
ejle limo a X) txcellencia.
.

Porque Excellentifsimo Senhor todos os homens


|£g|j|fò
faber, Sc cõ efte penfamento defpois que
|||||P defejaõ
começei a fer foldàdo em armadas, Sc algüs annos
de Alferes de infanteriadefta Cidade , procurei
alcançar a perfeição da Milicia a que fempre fuy muy in-
clinado ,
por cujo refpeito SuaMageftade me fez merce
filhar Sc acrecêtar a caualeiro fidalgo, por meu pay.ôcauos
naõ terem foro nefte Reyno vindo a eíle do de Caftella>a
iníhncia delRey Dom loao o III. por mandado do Empe -
rador Carlos V o Dodtor loaõ Fernandez Machuca meu
.

auô a ler na nouaVniuerfidade de Coimbra donde depois


de ler algüs annos por o pedir o Duque D.Theodoíio foy
fermeftre do Duque D. loao Pay de V. Excellencia com
6o.mil reis de tença, confta doliuro das merces, foi. 232.’
Sc por fer peífoa de calidade, 5c grande talento lhe fez hon
ras Sc merces mandandoo atfentar Sc cobrir , fazendolhe
,

merce de hüa Comenda daOrdem de NoífoSenhor 3ESV


CHRISTO , Sc afsi as receberão depois feus filhos 8c ne-
tos, porq meu pay que era o mais velho teue 300. mil reis
de renda no termo da Cidade deBargança,3c outros dous
irmaõs cada hü fita Cone fia, hüa na Villa de Barcellos , SC
outrama Villa de Ourem, Sr loaõ de Lemos feu neto rece*
beo merce que eftudaodo em Coimbra venceífe moradia
de feuCapeliaõ, êc outra fua neta Frãcifca de Vatderrama
recebeo moyos de trigo de renda na Villa de Ourem Sc ,

todos os mais foraõ fempre recebendo merces, que aqui


naõ declarojfo a my fez V. Exceli. merce no amio de 599-
d ‘ajuda de cufto pera me embarcar, Sc por adoecer me fez
fegunda merce o anno de 600 como fe verá dos liuros da
,

cozinha:& naõ me embarquei por mudar de eftado,8c por


que tiue vários fuceííbs me naõ pude mais aprefentar an-
te V. Excell.com algü feruiço, o que fiço agora com efte
Abecedario,em que moftro muitas couías curiofas, Sc nao
viftas.
vfftas , nem impreflas
neíle vaõ 37. efquadroes apon-
:

to guerra formados com fuas contas & praticas, com q


cie

o Duque de Barcelos, 6c os Senhores D. D uarte^Bc D. Ale-


xandre fe podem entreter por fer arte que pertence a tao
altos Príncipes, em que acharaõ muitos 6c valerofos feitos
do fanto Condeftabie Dõ Nuno Alures Pereira , de cujas
1

grandezas naõ tratarei por o auerem feito algüs Autores


emfeus liuros dedicados a V. Exceli, mas tocarei alguas
das muitas vitorias que Noííb Senhor lhe deu por feus ms
recimentos pera ornato defte meu Abecedario Militar*
,

as quais os Príncipes dcuem imitar 6c íeguir.

c J
l rologo ao agradecido Leitor .

gp^^Efejos de fatisfazer (fe nifto cabe fatisfaçao) a ani-


pi^pj mos naturalcncce affeiçoados á honra Porcuguefa,
spSliifS leuados do amor da patria me moueraõ,6cobriga~
raõ a fair cõ efte Abecedario de Arte Militar peilo grade
zelo que fempre tiue do bem comu deftcReyno,6c de fa-
zer â minha naçaõ Porcuguefa algu feruiço:6c pois naõ pa
dc effeituar eftes defejos na guerra em obrais, a que per na-
tureza fui fempre inclinado , os quis moftrar, efcreuendo
efteAbecedario de ArteMilitar DizV cgecio lib-i. c.q.quc
fendo Cacaõ inuicfto nas armas dizia muitas vezes, depois
que efcreueo a Arte Militar, que muito noayor feruiço, 6c
vtilidade fizera à Republica em efcreuer, que em obrar»
porque asobrasacabao cõ o corpo, «Sc o queíe efcreue fica
em eterna memória, porque fe por largos interualos, 6c def
cuido de feus profeífores fe efqueceíTe parte delia, ou to-
da com recorrer aos liuros fe pode reftituir 6c recordar:
,

Ôc muitos Emperadoresefcreucraõ.&fizeraõ efcreuer pre


ceitos d' Arte Militar 6c porque em noífa naçaõ eftaõ ja
:

quaíi efquecidos cõ a lòga paz, fem auer liuro de que nos


poíFamos ajudar,efcreui efte,6co fruito deli e offereço aos
Portuguefes,que fendo delles bem recebido o auerei por
bem empregado, ôcc,
T A-
TAVOADA DO LIVRO PRIMEIRO
defte Abecedario Militar dos Capitulos mais notaueis
delle,&:naõfefaz a regra coftumada per abeceda-
rio delle,nem de outras muitas coufas
que fe
incluem de Cap.a Cap. por euitar en-
fadamento aos Leitores.
Roua o Autor que na paz Cap. 9. do cargo de Capitão, em q

P
Cap i
fe ba de aprender o que na
guerrafe há de fazer .foi,
. Come o exercido da Arte
fe trata de fua
Sucefio que a
teue.
eletç ao. 7
armada Ponuguefa
76
Militar pertence mais própria - Cap. 10. da clemencia que 0 Capi
mente a nobreza. 8 tab vfara com os rendidos , & da
Cap. 2. dos fidalgos quefor ao a re~ vtihdade que vem â Republica ,

fiauraçao da Bahia. 1 dro principio que tiuerao asguer


Cap. 3 . do fera iço que às Senhores ras de F landes. 81
de & Prelados fizerao a
titulo t Cap. ii . 0 Capitao fará oraçao a
S, Magéslade, & do agrade cime De os pera que Ibe de bom fuc -
to que deu por fu a Real carta.
20 cejfoemfuas emprejas. 50
Cap .4. da obrigação em geral de Cap. ir. ordenara 0 Capitao, que
iodos os foldados. 26 noexercito nao ajamolheresfoU
Do que pertence aos c offollet es teiras,& auedoasfejao comus.93
1

pique iros. 32 Cap. 1 2. dos milagres que Nofo


Da obrigação dos arcabuzeiyos.36 Senhor vfou co os Capitães que
Da obrigaçao dosmofqueteir os. 39 pelejarão por fua fanei a Fe. 9$
Dos offiiiaesque vao de roda. 40 Cap. 13 dos foldados Romanos , &
Cap. f. dos grandes cafligos que Pcrtuguefes , que morrerão por
fe derao afoldados por nao guar- fua patria y empenhado fensfilhos
darem a ordem Militar. 4 5* pella hurar de vexações. 100
Do valor dos Portuguefes jo
Cap. í^.como 0 Capitao ha de fer
Cap.6.emquefe mofira a obriga defmtereffado dos inimigos ,
é*
gaçao que tem 0 Cabo de efqua- liberal co os fe us. x 03
dra. 5-3 Cap. 1 f . Vfayã na guerra de ardis
Cap. 7. em que fe mofira a obri- & efiratage mas comofizerao Ro
'
gacdò que tem 0 Sargento. 5
6 manos & Portugutfes pera
,

Cap. 8 . do cargo de Alfèrez,cuja \


vencerem 3 cr fao ferem venci-
eleição fe fará co cofideraçao.63 i
dos . 107
Cap.
Cap. ié. de como o Capitao fera Cap. 9. cômofe diuidira humef-
prudente emfua retirada. 1 3 quadrao quadrado em oito ef-

Cap. 17. do cargo do Coronel , ou qu>adroes . 49


Meftre de Campo 132 . Cap 10. comoje formarao de ou-
Com 0 queje diz no fegundo li - tra maneira euto efquadroes de
81.^86 hufó.

Cap. como fe formara hu ef-
1 1 .

T AVO AD A DO quadrao ouado , é* dentro hum


fegundoiiuro. quadro. 5£
AP .1. do cargo do Sargen Cap. mo fe formara humef-
1 2 .cf

Cgento
Cap.
to Mor.
2.
foi. i
dooffcio de Sar-
Mor marchando em cam-
quadrao de cinco quadros a ma-
neira de Axedres,cubertostodos
esquadros co huafileira de arma
po 21 dos .
Cap 3 . . m
/í mofira a dife- Cap. 1 3 . como fe ordenara hu e/qua
rença que ha do Sargento Mor draofeiflanado. j3
de humTeyçoao Capitao do mef Cap. 14. como fe formara hum ef-
mo Terço em refpetto de feus car quadrao triangular de hu a tres,

gos.
34 & de tres a cinco . $"4

Cap. 4. do cargo de Ajudante, das Cap. 1 *. como fe formara hum ef-

furtes , & talento ,


que dene quadrao triangular de dous a
quatro. ? F
5-. hua regra Cap. 16. como fe formar a hum ef *

geral pera com muita facilidade quadrao triangular , & dentre


faber qualquer numero de que emforma com mui-cttnea outro
numero he raiz. 39 ta gente. f 6
Regrai pera multiplicar de cabeça Cap .17 .remo fe formara hum ef-
com muita facilidade. 41 quadrao de meia Lua.
Cap. 6. de comofe formarao efqaa Cap. 18. como fe formar a hu ef-
droes quadros de gente de pe.
44 quadrao de terreno cubeyto com
Be como fe formarao efquadroens tres fileiras de armados. y 8
quadros cem gente armada ,
é" Cap. como fe formara hum
1 9.
d farmada. 46 efquadrao quadro cuberto com
Cap. 8 de como fe formara 0 ef-
. hua fieira de armados , (fi fogo
quadroes quadros com praça em outra de defarmados. 60
meio .
*
4S Cap.2o % com fe formarao quatro
tfqiiadroes de armados detro tm tro de arcabuzeiros,ou de piqttes
hum quadro que fique praça em defarmados. 7
meio. 61 Quadro perfeito de hum 0 Ter~
dap. 2i. como fe formara huef- €õ. 72
^
qnadr ao redondo. 62 Efquadrao redondo que ferue pe-
,

Çomohum S ar gentoMor formara raBerberia . 72


hum efqUfdrAO de prazer com Efquadrao de meia Lua forte, co
fua conta. 64 fua guarnição. 73
Quadro de gente. 6ç Outro cfquadrao prolongado. 7 3
guadro de gente com piques de- Outro efquadrao de gr an frote.7 4
farmados. 6f Outro efquadrao de quadro de gert
Quadre de gente com volante 6 . te armada, com centro de arcaba
Efquadrao por terreno condena- zeiros . 74
do. 67 Efquadrao dobre te. 74
Outro efquadrao condenado por Nouo modo de proua da raiz, qua-
terreno. 68 dra. 7f
Efquadrao quadro de gente em Cap. 2 3 em que fe molha 0 modo
cruz. 68 ,quefe te de efcaramuçar nag uer
guadrc de terreno perfeito. 69 ra coo inimigo. 7$
Outro quadro de terreno. 7© Cap. 24. como fe desfarão efqua -

Outro quadro dc terreno com cen- droes ao modo de T landes. 82

Erratas do primeiro iiuro.


'©l.i.pag.z.reg.z.pezon leapczon. fol,3 pag i.reg 30. luz luz? foi 6 pag í. re-

gra 8 cou£i couià: fol.7.pag.z.reg-x. f o lios,


l. fofles iolTos, fol.iz.pag.i.reg x6,qrtJe que»

fbl i3.ícg.i.eidade Cidade, foi. 17. rcg.penuh. Dingo Diogo: foUo.pag.-z.reg 13.
outenta,&: fincoenta !ea outenta,& fmco; na mefma pag.ieg.i? nouenta > & tres
quatro
centos, & hu mil reis jleajUouenta, Sctres contos quatrocentos, £c húmil reis. fol.z6.re
gra 4,man?don mandou: fol.30.pag.z.reg.i5 :agrauarqueagrauar a quem. f0l.3z.re
gra 4.arca area. foi 3 3 reg.31.dar cõ cila dar cõelle: 5c regra 3z.abatela abatclo.

Ou licença para fe imprimir efie Iiuro. Lisboa


11.de Mayo de 630.
f
Q aff nr do Rego d^Afonfecn.
Troua o Autor ,que na pa^fe ba de apren-
der , o que na guerra Je ha de fatger.

FCOCMJ Andou fua Mageftade leuancar companhias nè-

S
*'“*’’’*
|||

to
"'**"
ftc

co
Reyno, por fer afsi neceíiano rer armadas, &:
Toldados para conferuação dos Rey nos, que pof
que gozem da paz,ferà boa, em quãco não
dcfeuidac de Teus preíidtos ordinários, que
quanto eftiuer com as armas na mão preftes ao que fe ofFero
f-
em
cer,ferá temido dos imigos, & tefpeitado dos
q o não focem
porque não fera conueniente,que o leão corce as vnhas para
dormir, porque paííará mal, fe efpecar lhecornéa cre-
cer.ôc fendo achado fem defenfaõ, perderá húa vez fua Iiber^
dade,& ficará á Gorceziadefeus ímígos, afsiq na paz ferà da
muito proueico a ver Toldados leuancados, caílellos guarnecí
dos,&: bem fortificados.comando exemplo do inuêcíueJ
Ref
dom Ioão o fegundo,que quando cftaua em mayor paz&crí
quillidade, como muito prudente, & vigilante Príncipe fa-
zia, & ordenaua fuas couTas,ancesde obrigar a
neceTsidade
dellas,como fez no anno de 1488. que com grande diligen-
cia mandou prouer,& fortalecer todas as cidades,
víllas.fc ca
ílellos dos eftremosde feus Reynos: afsi noreparo,&
defen-
faõ dos baluarces^auaSjmuros.torreSjComo arte!haria,polu©
ra, & falítre, armas, armazés, &
codas as mais coufasneceíla-’
rias, 5í apofentos,& cafii paraiíTo ordenadas,& mda tudo ifto
náoquisfiardadiligêcia &
cuidado, que os Alcaides dellespo
dião ter,antes ordenou nouos officiaes mores,
pcíToas de cre-
dico.autboridade, & bom faber repartidos peílas comarcas,'
.

paraque com cuidado proueífem todas as dicas couTas,


ra que eftiueílcm bem guardadas,fez em
pa- &
alguas comarcas no
uas tercenas, em quceftauão muybem concertadas neílo
A mefmo
Abecedmo militíir

mcfmo anno mandou começara caua,& grande torre de O


liuença, do que aos Reys de Caftclía pezon:& lhe mandara-
dizer, & pedir, que em tempo dc tanca paz, & amizade, como
éncre elles fe dcuia dc hüa,& outra parte fazer cou-
auia não
fa, de que podeíTeprcfumír,nem
fe fufpeicar que entre clies po

deíTe aucr diíFercnçasi cl Rey lhe rcfpondeo com palauras de


grande amizade & muita fegu rança porem mandou conti-
nuar com o começado, como fe vè de fua Chronica cap. ^7-
O que lheferà dc tanta vcihdade, que feus amigos, &imi-
gos o tenaerão &: fe não atreucrao a intentar coufa cm que o
)

offendão com o temor- porque as guerrasdormidas dc fupí-


toefpertáo & a paz he boa.tanto q hco fim da guerra, com
fc r coufa de tanto defeanfo a natureza humana a faz boa,teti
do armadas preftes de que fe feguem dous proueitos ao Prín
cipe^ Republica.que faó delias fairão os gaftos, & guardará
o feu,&#ftarâ piompto para fer fenhor do alheo: & como a
monarchia he tão grtnde,5z abraça tanto tem particular ne-
cefsidade de eftar fobre auífo D z Ariftoteles que os Reys
:

hão dc ter poder para fazer guardar as leys, que he gente ar-
mada porque Tem ella as leys não tem força, como fe vio em
Roma na di&adurade Sy 11a, ôz na de Cefar, que tendo, co-
mo diz Tito Liuio Dec.i.liu.i.hua !ey ,que condcmnaua aos

I,)l que pretendião leuantarfe com o império da patria, chegan-


do a ella Sylla.&Cefar com podetofos exercitos,nãofoy efta
Icy de nenhum efife íco, porque ambos fc apoderarão
de Ro-

ma, cada hu por fua vez afsi fe vetà,q mihtar na paz,


a arte

SZ na guerra ferue.afsí para defender a patria a^s imig^s, co-

pa- a fazer que os fub ditos obedeça o as leys: pella


qual rc
mo
do poder des Reys, não
2 ão quãdo Ariftoteles Polic li, 3 trata
.

poder para defender as leys,


dizmaís f não que hão
,
dc ter
querendo moftrar niíToquc na obferuoncia dellasconíifte to
do c poder dos Reys^ôe afsi de codas as Republicas, com o que
guerra
fica moftiado de quanta importância he ter gente de
com
dai re^õeí d@-Jutor, 2
com as armas na maõ ao que feofferccer para o bc
preftes,

comam da patria^uc efte hefô o mea ínccnto.


i E vencendo efte dcfsjo as ioípcrfeiçõesjcom que me a-
cho, vendo o manifcfto agrauo , que algús efentores fazem à
noflã naçloPoctugusía algú cépo cão cernida, como ínuejada
amarando as cruzes de fuas bandeiras por as mais remotas
partes domunio,ainda queagora cão desfauorecida que O-
landefes,& Mouros, que em noílb feiice cempo eráo eidos em
pouco ccm hojeoufadia a virem à bocade noflã barra a co-
mac.&: cacmar,o que por cila entra, de que os eftranhos eferi
peores comaõ atreuimento de acnbuir o bom a fi & a nos o ,

peor.o que mc deu animo pera lhe refponderjporque diz Bec


natdmode Efcalanre £01.44, ver fo, fc fazem efquajrões da
rres } Sc quacro cerços juncos em dias de jjacaíha, como fc vío
ui, que o Duque de Alua deu fobre Lisboa aos inimigos re,
bcldcs quando os vencco, & desbaratou o que he muico a-*
:

lheo da verdade, porque os Porcuguefes fempre forão leais a


feus Rey s,no q leuao a ventagé a todas as nações do mudo»©

q fe proua com aquellas graues palauras dei Rey dom Ioão o


lí. que fempre osfauorccia,& lhe fazia muitas merces, porque
fempre os achara junco de fi na batalha de Touro: & eftando
comcdo hü dia diífe publicamcnce: muy neceífaría coufa rac
foy veftir armas para conhecer os homés, a q dcuo fazer mec
çe. palauras dignas de memória diras dc hum tão alto Prín-
cipe em louuor dos Porcuguefes feus vaflãllos & p.rque :

não digão os eftrangeiros que os Porcuguefes fó faó louuados


de feu R~y ,por feus valerofos feitos, & lealdade, vejaõ as pa-
lauras da Rainha Cachohca dona Ifabel.quc eftando em quo
bra com el Rey, lhe difleraõ muitos fenhoresem hum confe-
lho,paraque fofria Cantas coufas a el Rey de Portugal, que lho
fizeffe guerra, &lhecomafle o Reyno & perguncandolhe a
,

Rainha.como fe poderia fazer , & que gente dc cauallc auia


em Caftclla,6ccra Portugal, fabendo eila muico bem,lhe difíe
'

Az ra
Mecedario militar
rão^ueem Cafteíla & cm Per
auería dezafeis mil decauallo }
tugal fecc ou oito Rainha refpondeo,que faremos nos
mil: a

a iíTo, que efles todos faõ filhos^ osmcííbs faõ vaflallos no ,

quefe moftraa lealdadedos Poituguefes o que também fe ,

vio no mefmo Rey, que fendo leuantado,,& jurado por eíle,


obedecido com confemimentodcl Rey dom Afonfo feu pay,
que eftando em França com penfamenco de yr a lerufalem,
lhe mandou ordem pera lílb :& fendoíhe eíloiuado por el
Rey de França, veyo a efte Reyno, & defembarcou em Oá-
ras,aonde el Rey dom Ioão tanto que o foube, lhe foy bejar
a mão,&defi{bo do título de Rey/upofto que foy muy roga
do do pay que gouernafle o Rey no que ellc fe ccntentaua
:

com gouernar o Algaiue,o qve elle não quis confentir,eftan


do com os joelhos en^terra dandolhe rezões, & palaurasdc
,

Príncipe cão prudente, & filho tão obediente, de que el Rey,


& cs que com elíe vinhaõficaraõ muy comentes, & alegres,
porque auía a'gus que duuidauão da lealdade do Príncipe,
eoufa nunca vifta, rejeitar cetro depois defer obedecido &ro
gado.fem contradíção.noque fe proua â obediência do Ptin
cipe,& a lealde de feus vaífallos,& afsi fica refpendido ao que
o Autor attas nomeado maldiíle,em chamar aos Porcugue»
fes rebeldes.

3
Vertficafe a lealdade dos Poituguefes com a,que teue-
raõ elles& o Infante Dom
Pedro,f lho de el Rey Ioão Dom
o primeiro^ue fahecendo ei Rey dom Duarte feu itmaõ, fi-
cou el Rey Dom Afonfo o quinto de idade de finco annos,&
gouetnando o Infante feu no o Reyno,porefpaço deoito an
nos,com tanto aplaufo do Reyno, que chegarão a quererlhe
pór eftatuas em feu leuuor.feo mefmo Infante o não eftorua-
ia-,fcm que ouueífe no Infance,&. nobreza, & pouo do Reyno
hua fó imaginação de fe alterar com o Rey no cu gouemo ,

delle, antes tanto que el Rey chegou a quatorze annos o In-


fame em Cortes, que paraiííb fez em Lisboa, lhe largou o go
uerno
das restei do Autor, 3
tiecno do Rey no,que cl Rey não quisaceicar.Sr o fez gouee-

nar mais tempo, fupofto quea hiftona vay auante, o Rey no,
& Infante foráo iguaes na Iealdade,que a feu Rcy era deuida,
& afiim o mandouel Rcy publicar,inda depois da morte do
Infante: Sí veríficafc mais a lealdade dos Portuguefes com a
vinda do fenher Dom Anconio Prior do C rato de Irgiatec
ra com húa armada dedezafeis,ou dezoito mil Ingrefcsa efte
Rcy no ..chcga adoíie aos muros defta cidade/em qucouueíle
pcílba de nome, nem foi dado particular, que fe paíTaííe a fea
campo, fendo neto de Rey deite Rcyno, criado nelíe, conhe-
cido de todos, amigo de muitos compadre de algús, com o
,

que fica prouada, & refinada a lealdade, que fempre os Por-


euguefes uueião a feu Rcy, 5c que o A. atras apontado vfou
de dolo em lhe chamar rebeldes.como fica dito.
4 E vendo eu que os foldados,&: cabos defquadra fargen-
ío s,$c alferes, capitães das companhias, & íargentos mòres das
comarcas eleitos pellascamaras,não tem regra algua demili
cia em noífa língua Pottuguéfa.que poftaó feguir com a bre-
tudade,que conuem que lhe ficará fe
a feus encargos,para o
uíndo efte meu A bcedatio, para bem entenderem as obriga-
ções de feus carregos,a que os curiofos defta arte fe podé ap-
plicar lendoo muitas vezes,
E vendo que ha nefte Reyno muitos & valerofos foldados
da índia, Fíandes,Brafil,& de outras conquiftas; & quenenhü
delles fe quis occupar em efereuer defta arte cocando lhe efta
obrigação roais que a mi, excepco a que fez Luis Mendes de
VafLoncelieSjfidafgo illuftre. que hoje viue,de que osafeiçoa-
dosa efta arre fe podem aproueítar efcnpra com grande e-
,

ru dição, muitos fundamétos.ô: allcgaçces doiic]fsimas,por ci;


ja razão he pira meftres mais, que para difcspulos; 5c afsi o
dizo mefmo Autor no principio do feu tratado, que não eí-
creue.como ora fe coftuma, íenaocomo fe farà mais petfci-
pj&afsi fenão deixa entender de todos, como fe entenderá
A 5
eft©
Meccdâ.rio militar
cila, de que trato por fer efcrípta com menos philofophia, 5c

breues palauras, que he parce,de que codostem neccfsidade


de feaproueícarjporquea breuídade,& preíleza na guerra he
a viutoría delia.
5
E fendo os Porcuguefes tão valerofos,como fe tem vif-
to em codas as conquiílas da Chnftandade, em que elles flo-
receraõ com grande aogmento delia* não há hum que efere-
uafeus feitos táo heroicos por fer nofTa nação mais inclina-
da a fojeicar, 5c comjuiftaqôc pifar indómitas^ belicofas na-
çóes,que em gafíar tempo na compoííçaô de fuas obraSiCou-
fa bem deíTemelhance daquelle infigne Emperador Iulio Ce-
íar,o qual de dia tinha a lança para pelejar, 5c de noi
na mão
te a penna para efereuer feus feitos, mas como os noílos Por-
cuguefes tem as maõs ;
5c os outros a lingua,& penna,tem def-
culpa fu a falta,

6 Neíle meu A beedario não difputo dc opiniões, mas fó

(jgo os autores nqui apontados,que faõ os mais autenticos,ÔC


com iílo fer infalliuei não haõ de faltar roedores que queí- ,

rão dar íua vnhada, pois femelhances não faltarão aos mais
airos,& fubidos efcnprores do mundo,dondè vem acanharem
fe os homés(patticularmence PorcuguefcS)a fairem com fuas

obras, por naõ fe auenturarem âs ingratidões de gente pouco


agardecida que não ferue dc mais que de julgar crabalhos a*
lh ;os,não fendo elles para nada,-Diz Marco T ullío que mais
faceisfaõos homés ern reprender obras alheas que afazer ,

eucras femelhances por leues que fejaõ: 8c no tempo deMarfe

co Tulho auia femelhantes homés queferà ncíle noíTo,quc


ha villão tamanho, como hum fcuereiro Dalemtejo,que não
fó deixará de fazer outro, como efle, mas ainda procurará poc
codas os mey os que efíe nao faia a luz: com tudo eu me lan.
ço fora deílas queixas porque eílou certo que não faltarão
,

murmura Jores»para os quaes não g.ftey meu rempo; & po-


iem me náo podarão negar o trabalho, 5c curioíIdade,que ti-

ue
*Das rações do
Jíutnv
neem recopilatefteAfcecedar’ °
4
le fó efpcro
doscuriofcs arardccídÍ^^ ° dél
es;& q«ã 'oe u ami « os dc 2ei
f pello fci
patua peiia natural drfeS M
° ?<=»«
mçosâ minha

, & pr ec a ILT

ZT ^ «»'«£?:;;
3!D0 S quetodM *»<>sío
boa vontade.com
<ja

7
que Jhe
E porque dcfte R
? Por galardaõ
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f
^ J»!»
,
cíle
_
krurço.
L,V a índl3 >&a 5' , 0 0,d *dos
,
cra nem tem conhecimento
c' UC!as «onqnif|
aj qu ? / a fetuirel
< tfafa5 na mil,,
a enfinem.Sí
que a pratiquem
dc ia ? !ra
nor fa i° ?
de «neftre*
d mo de proueito aosn, r quc ,
9 efa tfte meu S

com
.,ré quea»
e úm ç A becc.
fuas obras,
& 5*enw * ni °res fi.yjõ
-ia ao mundo
tratados dffta
das grandezas
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13
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ad dando no.

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porque p -, ’ <]ne por ifi'0
m- a nãoen^nd^.n fc fecliaó

fabetíR e f
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Capitães
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Jbecedario militar _
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«c o affirma
o Capitao Ber-
Ancores
dizem os Autores
,,

Attc m ,lit«fol.o
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íholanea de Pf ütan do Alfetez mais
antigo,
A,Udante h mais antigo
que eu nâo foffe o
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tirado pot Autor


de ® a“ ta e *
como a obra-
milícia eftud ® d
J “gfe um firnfe
dizecfe qoe
reípondo o rtftote , K phtaô.que dizem
ue
da ao que lhe militar de modo »
perfeitamente aa
que pata <efaber ap d paz.íopp»
foitak.a k ha d .*
comella fe alcance
.

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queentendeo o
^o°toVu^ outro
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com vfo ua guetia f defen-
que ló
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® la !e exetcicio
pata fe
epimaó fe ba de
eftudo.Sc douttina '^
mefmos Autor» qu
.
q e c ft a F
dizem os contin uaçao
derem ,fc

negar, porque o
deandat na guetra
que
m<
ff.
fe

enfinao a fazer
3 e
K
^^ordenadamente K k
q
confiado regras ,

-he ar-
preceitos, g c laro eftá
que
fazer guetrac &
da regra pata Atift oteles,
Platao
Ç
pot tal recebida P 0 ' 05 ",^ lhe chamao
te, 5c de p hl |ófoph.a
Rep.hb a. & cm todas as ' * necéfFatiamente
»»«»* ç he arte
'
.

sute,& poem
e
^svilfe naõlabefm
ap.endet parafc apten-
fe ha de
f a que todas as artes fe
fe aprende & nao
dem rxercHandc
P°J1

te a
fe
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ceritcS a cilas
^pe.tc^ct a ofcrar
mefmas,
porque o
,

porem ba muita
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oue aprefde nao
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faz obra
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que faz
aiS perfeita
artífice perfeito,
aartem.luar
fenaõ os perfeitos
artífice *
..
&
& afsi
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^ como .^bras
obras^p^^ as

s aí t :fiecs
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aite ,
find
fe

naõosqoetftiuerem japÇ'_
cs, q«
,
,
touro peifeitcs nclla
P
, F 1

que sò a ckuein fazer qa ,

afsl
dâi reboes do Autor. 5
que na paz fedeue aprendei porque mal poderá o Toldado
,

aprender na guerra efh arte entre a morte & o temor, que pa-

ra aseoufas Te aprenderem,& fe obrarem, não pòec fer apren-


der na guerra a arte delia quando he neceííario ebraromef-
mo,que aprende, Sr por iílo diz Plataõ de RegJib. 2 que ne- .

nhum homem fe faz bom jugador de Taboias& Xedresfe


de minincfenãoexeicita ndlcs & queremos (diz elle) que
tanto que hum homem toma na maõ oefeudo, cu qualquer
outra arma militar fe faça em hum dia bom fufHcíencc &
foldado,pelJo que Vegecio de Remillib-i. ordena com gran-
des perfuafcês que os homens,que fe elegerem para íclda-
dos apcendão,muito antes que vaõ à guerra, o que nelia hao
de obrar, & Tico Liuio tem a mefma opiniaõ dizendo que a
gcnte,que ha de pelejar ha de ter efludado o exercido &c a- ,

prendído no tempo da paz.o que na guerra ha de fazer, & afsi


na paz, Sc não na guerra fe ha de aprender a arte militar pa-
ra fe faber.Sc fer vtil à Republicaque, a fará com geme fuflt-
cience,Sc nâo fendo afsi nunca, ou raramente fe alcançará vi-'
doria, entendendo ifto bem es Romanos cuílumauão a dar
hçaõ a feus Toldados nouoscadadia duas vezes, & aos velhos
hua, como refere Maitím de Aguilus no feu tratado folio
49. verf.
E não ha duuida, nem contradição, que pofTa negar que 3
que todos ©s eftados tem mais necefsidade
arte militar hs de
(

poiqueelia os confetua conferuando as Cidades , & nelíasa


efpécie htimana,& alcança o defejado fim da guerra que he a
paz.aqual fero fua vírcudefe não poderá alcançar, nem con-
feruar ,
porque cila aíftgura as Cidades da guerra ,
que
apofíuirero peifeitamence ,
ella hc amais necefiaria que
todas as artes Sc mais que as leys
, & mais poderofa
qúc o dinheiro o qual fe delia não for em parado he da-
, ,

noí^simo Sc nclla 6c não nas humanas forças ,[Sc natu-


, ,

ral, esfoiço, coníiík 0 poder das Reípubljcas, Reyncs,Mo-

A j
nar-
narchias, & finalmence ella muda s mip dos de huaparre a
outra.
po(Jo que diga que mais q U e as eys
£ nem por iíloos
,

fuidados deixarão dc as aprender atues de irem a gu: rra,por


que a nenhua fotce de gence aíTencarão as letras melhor que
aos Toldados porque os faz forces 5i perfeitos, Szmuiccs vale-
roíos EtnperadoreSjReySj^Gapitaés gcneraesforãoletrados,
&afsim fe abração as letras com as armascomo a caualana,
coma infantariaem exercito que juncas hüa com a outra
faõ forcifsimas. E aísim Iuftiniano emperador dizia que a
Mageftade imperial não fò aula de eíhu ornada com as ar-
mas, mas cambem auiade fer armada com as letras paraque
no tempo da guerra,&:da paz foífe bem gouernada.
11 Porque temo neife particular achar contradítores,
que não dem credico a Ariftoceles & Platão.&aos mais Au-
tores alíegados.moíharei que os Lacedemonios efereuerão a
arcc Milicar^ fizerão eftudos dellajnflituindo mcftres efpe
ciaes.para a fciencia dasarmas, eníinando os moços de pou-
ca idade aprendeíTem a fcíencia delias em toda a variedade:
DizVegecio que feguindo os Romanos os eftatucos dos Lace
demonios,& tendo os preceitos militares em vários lioros os
deixarão efencos,^ entre ellcsforão os mais afsinalados Au-
toresMarco Cacáo, Iulio Pontino^Celfo U Mediaco & os
,
:

Emperadores AuguftOjTrajano, & Adriano deixarão eícríp


tos efpeciais cõmentarios, & para melhor dizer, picceicos da
arte Militar, cm efpeciai amíciplma compoíra por Augufto,
de que foy abreuiador Fiauio Vegecio,que compos por raan
dado do Emperador Valentiniano,a quem a dedicou & não
de codo faltarão eferípeores nefta noíía nação da difcípjína
mihcar,porque ainda oje fe achara na torre do tombo hum li
uro ofFerecido a el Rcy Dom Dinis,emque fe mbftra a obri-
gação dos officiaes princípaes da dé infinitas cou-
fas pettenccntcs aella^ daarce decaualgar,^ he fama fer cõ-
das razoes do Autor. 6
pofto porei Rey Eduardo, pois, co.mo.fe diz ,
he acípecie
pode chamar decente, que he
p> incipal da arte Militar, que fe

amefma,qucpeilos Lacedemonios foy eferipea^ depois pel-

los Romanos eferiptores ,


&por outras muitas nações* em
codas as linguas,em variostempos,eníinada com princípios
commú$,& regras cercas, fupofto que contra ellas fe eras em
primeiro lugar aauthotidade de hum dos mais fabíos,& difei
plinados capiíaés,que teue a ancigua>& moderna milicia quo t

foy Aníbal, ante- quem hum día hum grande Philofopho cha
mado Formião doutamente difpucou tudo, o que dos líurcs
fe achaua efcrico da arte Militar , de que Anibal efcarneoeo,
dizendo que não era maceria eíla arte, que nasefcolascom lí
uros,com regras,&: preceitos fe pofla eníinar & aprender, fu-
pofto que fe aponta contra efta authoridade de Anibal, que
he grande, outra mayor,poís he de muitos fabios capitaés tão
rxceílentcs, que nifto o contradizem juntos, a faber, Marco
Catão, Pinho Rey dos Epirocas,Clcarco feu filho, outros &
famoílfsimos Emperadores Trajano, Aduano, Valétiniano,
& outros muitos, que a teuerão,& reputarão fempre por arte,
tc refumiraõ em feus comentários: fie não he de crer que A-

nibal entendeíTe o contrario, o que quiz dizer aformiaõqter


na memória por termos philofophicos
fó pella efpeculação
os preceitos da arte Militar, &difputales à fombra,como el-
le fazia, fem tratar de mais,não podia fer de effeiro mas fe a ,

eftetempo fe perguntara a Anibal feaqueiles preceitos effu-


dadoserãoem razão bõs por quem quizeíle,& pudeílelcgo
juntara pranca,& efpeculação, eftaua cerco, queA nibal nãodí
ria o contrario pois nos deixou exemplos deíla verdade affic

maVcgecio de'le q fédoja taõ grãde foldado,& eílãdo de ca-


mính r p na,aquella celebre jornada q fez a Italia, le não quis
partir fem-qJhe víeíTe de Lacedemoma hum grande meílre
deíla arce de
}
queclieouuio muy de efpacio todos os precei-
tos dtllâ -em os quais ínftruido diz Yegecio que d go u
, .

tantos
Abecedario militar
tantos confules,& tantas Iegioés,como fe fabe, fendo inferior
em numero,& forças, 8£ aísi com rezaõ fe acha a arce militar
cam verdadeira, que affirma Vegecio que fendo cila arce por
vários tempos efquecída dos Romanos, foy dos liares oúcra
vczcirada,^ por ella cornou em fynão húa vez, mas muitas
cftando aqueile Império a ponto dc fe perder, & o General
Lucio Lucullo quando foy contra Mlcridates nãofezoutra
coufa depois que chegou a Afia mais que dar a execuçaõ o ,

que pellos liuros Militares foy eftudando pello caminho, ífto


mefmo foube executar contra os Romanos o Lacedcmonio
Xantípo, que fe affirma delle que com efta arte eftud*da, dc
executada triumphou das Romanas armas em tempo, que
cilas de Cartago andauão tnumphantes, dc dizem os Autores
que mecendoíe hum exercito de bizonhos em algum recon-
tro do inimigo antes de o ter enfinado na paz,he leualo ao a-
çouguea preço dc morce ínfamé,Fuy taô largo na explicaçaõ
deftes preceitos por que amayor parte dos Soldados peidem
feu tempo em jf>go,ô£ outras ociofídadeSjnaõ tendo vontade,
ou faculdade para fe bem aplicarem a efta arte por falta do
fundamento deuido da cfpeeulaçaõ defefperáo de poder cftu
dar efta arce militar, & afsi,por encobrir fuas faltas, tuftumão
-vámence zombar da arce militar eftudada, & diz o Meftre de
Campo Valdez que não he razão refponder aos, que a não
tem,& das muitas que dàj & para confundir a ignorância dos
tais bafta que codas as artes cem fua cheonca, &
pratica efpe-
Çt aef-
culatiua, com a pratica fe obraó ascoufas neceílarias,

peculatiua he a,com quefe entende,&determina tudo, o que


dé que fediaidc cm duas partes prin-
por pratica fe ha fazer,
cipais, que faõ offenfa, & defenia, oftendetaos inimigos fobre
que formos Sc def. ndec do que fobre nós vier, & afsi fica
,
mo-
ha de
ftrado que na paz fe ha de aprender, o que na guerra fe
fazer, como melhor fe relatará no dtfcutfo defta
obra,&para
que dos exerçicios fe ure o fruAo^quefe pretende he necef-
das razoes do Autor . y
fario qucos Toldados le apliquem a clles de boa vontade com
todo feu animo, o que fe alcançará fazendo o Capitaõ,o que
fazia Maico Valerío Coruino ( diz Tito Liuío Dec.Uib,i )
que nunca fe vira outro Capitão mais brando com os folda-
des exercita n d ofle com os mais Ínfimos em codas as coufas
militares , &
nos jogosem que os Toldados Ezem experien-
cia das forçascom igual rofto fofria Ter vencido, que vence-
dor,não dcTprezaua nenhum, era igual com todos nas obras,
fegundo conuinha bcmgno nas palauras, finaimente fe lem-
braua tanto da liberalidade cô os fubdftos, quato de fua dig-
nidade, nas quais palauras fe moftra hum modo felicifsimo
para que o Toldado fe exercite de bca vontade pois nenhua :

coufafaz os Toldados mais leues que os trabalhos exercita-


dos em companhia de Teu afabcl Capitão & a/si moftra Scí-
,

piaõ o maior quais os exercícios deu em Ter & a ordem, que


,

nelles fe ha de guardanporqiie quando quiz leuar o exercito


de Cartago de Eípanha contra os imigos fez primeiro exerci
tar os foldados(fegundo PolibioJíb 10.) mandando que’o pri
meiro dia cada Toldado armado correfíe cnncaeíiadios, o fe-
gundo que todos olhaíTem fuasarmas,& as IirnpaíTem,& con
6 ercaíTem,o terceiro que defcançaíTemjO quarto que com ba *

cedem cõ efpadas de pao cubercas de couro,© quinto q cor-’


reíTem como o prkneÍTo,& logo eníinou comoauiaõ de mar
ehar, cometer & retirai fe,& as mais coufas pertencétes à guer

ra,trabalhando fobre tudo que em todas as ocaíioés manti-


ueílem a deuida ordem militar.
Mario imitou a eftes dous Capítaés ( diz Plurarco in vita
Mat ) que nunca recufou nenhom grande trabalho nem os ,

piquenos achou indignos delle,masconcendendo com oí> ho


mens de mais authoridade em confelho,& prudência ccnten
dia cõ os Soldados na paríimoiíia, & eftrekeza de vida peilo
que alcançou, como Marco Valerío Coiuino a beneuolencia
de todos , quando aguar daua~ os Cimbros que baixauáo a ,
^
Ítala
Abecedario militar
Icaiiafczcom o Scipíaõ exercitar os foldados em codas as
coufas da guerra fazendoos correr .& caminhar, fazer fofHs&:
trincheiras afsi todos os feus foidados obedecei ão de boa
,

vontade, fegundo o que lhe ordenaua , & ficarão tara


dcftros como nas fuas
viduiiasfe vé E o racfmo bene- .

ficio alcançarão os Capicaés quefeguirão ‘o mefmo cftil-


,

locoino foraoMeceiloem Africa,S:ipiaô menor cmEfpanha


como fc vè em Salluftio, & Appiano Alexandrioo,& aduirta
o Capícáo que não leue o exercito conrra cs imígos fem
o ter algüs mefes continuados cftes exercícios ao menos
quatro ( como diz Vegecio lib. z.cap.í.) &afsi fica moftra-
do que na paz fe ha de aprender, o que na guerra íe ha dc fa-
zer.
15. Do que fica dito fe vè claramcnce.que qnem cfcreucr
deftaarce,& der delia mais exemplos fará feruiçoafua pa-
criaj&para recreação dos vindouros me pus a todos os rifeos,
que podem vir,que todos efperarci a pé quedo como verda-
V deiro Português dos quais no difcuiíb defte meu Abcccda-
,

rio,dirci algúas grandezas. & porque não ouueíle occafiaõ dó


me acobardar,^ fazer tornar acras do cemeçado(como mui
tas vezes acontece dizerem hüs bem ,
& oucios mal) o fiz,
fem o comunicar a peílba algüa,nem aindaae roeu Saigtnco
xnòr, que era cerco aconfelharme não tomaííc efta empiefa,
;)J4>
fem mais fundamento 0 que baftara para me fazer defiílir
,

delia,& afsi dos erros, que nella ouuer.não terei diículpa,pois


furtei o corpo aoconfe ho (em tudo tam neceflario, ) com
que os poderá remediar, &: me difpus a fofrer tado que fe dif-
fer ( como quem faz cafa na praça) & dos que com bom a-
rimo & zelo da pacria o quizerem emmendaj receberejr
,

merce, aproueicandome doconfelho de San&o Agoftmho,


que fendo de fecenca annos dizia não ter pejo de aprender de
; }

hum menino, & afsi digo que fempre me fometo à verdade,


& á correição dos, que melhor o entenderem, aos quais peço
fayao

*
, 1
da nobreza dos foldados. 8
fayao a luz com feus tratados , & nellcs apontem os erros de-
ftemeu Abccedario, que raeferuiraõ para enmendacie não
fazer outros, & fc ifto lhe parecer pouco ,
8c mal allegado de-
uerãoellesfair primeiro com o feu muito t
8c bem concerta-
do para me efeufartm efte trabalho,

C A P I T V L O L
.•
. t
•'

í Li -U 'lí

Qomo o exercido da Arte Militar pertence


,

mais propriamente a nobreza.

Ara obrigar aos nobres a exereicarera feus filhos nefta

P arte Militar lhe moftrarei eomo


de fua natureza
lh* pertence por auer procedido da verdadeira nobre-
za porque os Romanos tanco que chegauão feus filhos à ida»
Tblla

d© de dezafece annos, fahiaõdas cfcolas de aprender letras,


&’armas ,
logo os mandauao à guerra emdefenfaõda
Republica, & afsi fe acharão tantos nobres nella , que diz
Efcalante que na batalha dcCannas.aonde forão vencidos do
valcrofo A mbaí fe acharão cantos aneis de ouro que entro
(
os Romanos era infignia de nobreza) que mandou a Carta-
go giande copia dellcs. E de Amilcar efcrcueTito Líuio que
trouxe eíle feu filho Ambal Je idade de noue annos ao feu
exercito para o fazer ram valente/agaz, & esforçado capitão
como foy,& Seipiaõ African© na batalha dc Trafimeno, on-
de foy vécído o exercitoRomano, fendo de idade de dezafo-
teannos liurou ao Conful feu pay da morte, que eftaua cahi-
do do eauallo em terra.
i, E não fomente os Romanos coftamarao a mandar
feus filhos de pouca idade aguerra, mas rambem o fi-
#

zerão os noífos Porcuguefes porque cl Rey Dom loaõo II.


}

fendo
AbcctAario milita?
fendo Pfineipe deidade de dezafeís antios foy com e!Rey^
D* Affoníò Y feu pay na tomada de Arzílla cm África pe-
t

dmdolhe o lcuaiTeconfígb,que ihoconcedeo contra o pare-


cer de codos,onde o fez tam valerofamence que dc todos foy
louuado, & feu pay o armou CauaJIeiro dentro naMefquica,
aonde eftaua o corpo do Conde de Marialua,que morreo co-
mo valero fo caualleiroaquem elRey qtnz honrar defpcis de
morto com dizer ao Princjpe: Filho, Deos vos faça caõ bom
caualíeiro como eíle.que aqui jaz^ no combate matarão os
lytoucos cambem ao Conde deMonfanco, & outras muitas
peífoas,&: dos Mouros forão mortos dons mil,& caciuos finco
mil almas. Tomoufe muico rico defpojo, que foy auahado
cm oucocentas mil dobras & foy tudo, de quem o tomou,
,

poc el Rey faicr efcali franca o que deuiaõ fazer agora os


,

Príncipes, & Generatsem feu nome: porem não a quem o co


mar fenão por repartiçaõ a cada ham o que lhe cocar para
,

que todos participem, & tenhão ordem. Confia da Chtonica


foi. 4. Afi ordenou elRey Dauíd por ley, que com juflo tí -

tulo he hum dos noue da fama,na guerra, que teue com os dc


Seleg que leuaííe tanta parte o foldado, que fieaíle em gnarda
de algum pafíb,como o que foífe a pelejar, com a qual fen-
tenç.i auerigou húa queftaõ, que auia entre os feus íoldad^s
E certo que fena muito juíla efta fencença fe fe guardaíle,em
particular neftc Reyno onde os naturaes delledas Conquí-
,

ítas da índia, & outras parres em que milicão tem perdido


, ,

muitas Vídas,&: vicfconas por a não guardarem porque cadí


;

hum fe defordena antes dc os inimigos eílarem de todo ven-


cidos a roubar, & earregarde deípojos á p 0 rfia a quem mais
leuará, &: eílando carregados, & defordenados, dão os inimi-
gos fobre elles cobrado o perdido corn muico dano dos ven-
cedores, que tornãoa ficar vencidos & fe ouuera deaponcac
:

eíles fucceíTos em noílasConquiílas fora nunca acabado que


fua Mageíladç deuera remediar mandando que fe guarde a
d.inoble^t dos foldados. ç>

fcntença referida, & que tudo fepufefTe era monte com gra-
tas penas a quem cncobriffecoufa algua cornada na batalha,
U. fe reparciíTs igualmente conforme á praça], Sc cargo de ca-
dahum dos offíciaes.-porque fendo os foldados cercos q fe lhe
hadedar parte porínceiro não auerá nenhum, que não guar-
de ordem,com que fe alcançarão grandes vi&orias, em efpe-
ciai nas partes da índia aonde mais milita a noíTa nação: ifto
não fò,aos que fe achão na batalha Sc ficão nas guardas dos
,

pjíioSjComo fizerão os foldadosdel Rey Dauid, mas atnda,


aos que ficáo no mar nos nauíos, Sc embarcações por or-
,

dem do feu General, & Capitão Sc ao s doentes, que não he ju-


,

fto percãofua parte fem culpa fua, Sc afsi todos procuraram


alcançar vi&oria fem eomecerdefordem.
2. E no anno de 1459. paífou a Afríca Dom Fernando
Marquez de Yilla Viçofacora grande acompanhamento do
Caualleiros de fua cafaleuandocon/igo tres filhos mancebos,
que naque!lad4ade dauão moílras de raro esforço , o que fez
©brigado da fama de D» Duarte Capitão de Alcácer Qui-
bir publicando hia fó bufear o credito de fer feu foldado, Sc
vfando Dom Duarte de fua natural criação, & corceíia, Sc do
refpeito, que fe deuiaá Real peffoa do Marquez quiz eftar,

â fua ordem entregandolhe o Baftão, que o Marques não a«


ceicou, mas com palauras de agradecimento Sc corceíia o a
,

companhou íemprecomo foldado particular em rnuiras en -

tradas, que fizerão de confíderação achand©.ííe o Marquez


nellas com feus filhos no mòr furor dos imigos,como fe rda
ta na vid de Dom Duarte fol.125. B afsi entrou rambem cm
i

Alcácer Dom Fernando primogênito do Duque de Bragan


ça o anno de 1461. com luzido acompanhamento de cria-
dos^ vaílallos de fuacafa leuando mil foldad. s pages à fua
cu fia ,
Sc nas entradas, quefe fizerão nos lugares dos Mou-
ros moífrou fempre grande valor., Sc prudência mifturando
com a mageítade de Príncipe o cuidado de foldado paci-
B cu lar,*
Abecedario militar
culâc porque fendo o primeiro nos perigos mofíraua feio

cambem em obedecer , & guardar as ordens do Conde feu


Capicaõ dando grande exemplo com íua Real peflfoa do 5

que deuiaõ cornar os fidalgos, & nobres de hoje, porque na-


quellc^cempo condenauaõ os maiores o ocio & com feu e-
,

Xsmplo os fenhores ances quenaõ que feus filhos fe achaf-


fem no meyo dos exercicos, que das cidades & tornando a
5
efte Reyno lhe fez el Réy Dom Duarre merce de titulo de
Conde de Guimaraés confia da vida de Dom Duarte de
,

Menefes foi, 189* E não fomente fizerao os Duques da Cafa


de Bragança heroicos feiros no feroiço dei Rey kfuapatría
,
nos tempos pjfía dos peilo que merecerão ferem fenhores
. ,

de grande parte dc Portugal prouendo quarenta Sc finco


Cemendas de fuadata & húa de outo mil cruzados a fora
,

muicas igtejas,, Prjorados,& Abbadias de muita renda, &ain-


da em rroíl s tempos o excelíentiísímo fenfoor Dom Theo*
d o fio figundo do nome Duque dc Bragança pa fiou a Afri~
ca com grande acompanhamento de foldados feus vaíTallos
pagos á luacufia, & muitos fidalgos & caualleíro5 de fua
,
cafa fendo de idadè de doze annos, corno relata Gcronimo
de Mendoça no huro, queefèreueo da infelice jornada dei
Rey DomScbafiiaõ & ainda hoje os fidalgos Portugue*
,

fes ,
&
nobreza defte Reyno oiofirou feu valor, & esforço
na reíkuraçaõ que fizeraõ da Cidade do Saluador Bahia do
iodos os Santos partes do Brafil, para onde fe embarcarão
com grande animo, & deipezas de fua fazenda, fabendo que
os rebeldes Oiandcfes a cinhao ocupado ignorando ovaloe
antigo , com que em melhores cempos
, não largauão os
,

Porcuguefés as forças, que húa veztinhaõ ganhadas porque


,

não he nouo nelles o cuidado dc rebater os inimigos de fuas


terras, & fronteiras que por profifiaõ &: natural herança de
,

feus auós fe moftra não ter o mundo outros mais leaes nem
,

mus cfieiíuofos ao feruiço de feu Rey qiae elles, O que fe


da nobreza doi foldados* xo
prema com o fcruor, & honrado zelo,
que moftrarao quan*
CathecínagQuernaua eíle Reyno por çl*
doa Raynha Dona
Dom Sebaítiaõ íeu neto íer de pousa idade. EftaoHo a
Rey
Fortaleza de Mazagaõ cercada pella pcflba doXarifeRey
de Fez, que trazia configo duzentos míl, homens
entre gen-

te de pè, Scdecauallo queacudíocanco


cõcurfo de nobreza
defte Reyno que mandar fua Alteza por jofti-
foy neeeíTario
cas nas gales 5c galeoés
,
da armada que partia para o íocor**
deíxaíTem embarcar os fidalgos que , fem
ro para quo náo ,

meter na armada, Verificafe ífto com o


ordem íuafehiaõ
que fuecedeo neíte Reyno o an no de 1587. indo pot Gene*
ralda armada o Marquez de San&a Cru2 em feguimento do
famofo CoíTario Francifco Draque , que andaua à vífía das
Ilhas. Foy nclla porMeftre de Campo de hum Terço
Por-
tuguês Dom Ioaõ de Vaíconcelos no de loaõ deDom
Vaf-
concelosfenhoc de Mafra embarcado na nao da índia poc
nome Santo Antonio , em que foraõ oucenta fidalgos qu® ,

cinhaõforo a fora outros muitos, que o não tinhaõ, Sé mais


de duzentos criados delRcy: de forte que leuaua efta naotaoi
copiofo numero de foldadefca nobre que o Sercnifsimo Prín-
entam gouernaua efle Reyno maa
cipe Cardeal Alberto, que
dou publicar hum cdi&ogêrak que todo o fidalgo, éc pefioa
de qualquer forte, qualidade, que fofTe, què fe quízeíTe de-
&
fembarcar lhe o foldo, moradia, &merce que em ref-
ficaífe ,

peico de ir neíla jornada tinefle recebido ÕC que fua Mage-


,

Itade lhe auia efte feruiço por feito como fe fofíe embarcado
na dica armada, com certídaõ de c© mo fe defembarcara por
efte refpéico o que tudo náo foy parte para que de toda a gen-
1

te, que fe tinha embarcado fe defembarcaífe húa fó peíloa,

como conta Luís Aluarez Barriga fidalgo bem conhecido,


que foy nella,de que hoje ha muitos viuos,&dos que lhe.Icm-
brarão de repente me deu os nomes feguinces-

31 Dom
Abeced.irio militar
Dom Antonio de AtaideConde de Caího.
Dom Aluaro de Abranches.
Ay fos de Mirada Henriques Capita© mor, que foy das naos

- da índia.
Antonio Pinto defpachado com Maluco".
Antonio da Gunha defpachado com outra Fortaleza.
Antonio de Teue,
Antonio Furtado irmão do ArcebífpoGouernador Do Af-
fonfo Furtado,
Dõ Aluaro de Soufa Capítao da Guarda.
Antonio da Cunha de Palhauã.
Antonio Queimado Tcllo.
Antonio da Sylua,
Diogo de Brito irmaõ do Vifconde Luis de BritOi
Diogo de Soufa.
Dom Franeifco de Soufa Goucrnador da Ilha da Madeira».
Fernaõ de Alcaceua neto do Conde da Idanha,
Dom Fernando Henriques.
Franeifco Corrêa da Sylua Gouernador do Cabo Verde.
Gil de Gois da Sy lueira.

}l
Geronimo de Teue.
large de SoufaEfparragofa.
jf* V Geronimo Fernandez de Magalhães irmaõ do Efcriuaõ da
Gamara dcfta Gídade.
Luis de Mello da Sylua irmaõ do Alcaide mór de Eluas.
Dom Luis Lobo, que hoje he Padre da Companhia.
Luis Mendes de Vafconcelos Gouernador que foy de An-
,
gola.
Luis Aluares Barriga.
Luis de Mello Ferreira.
Luis Pereira de Lacerda Embaixador da Pefíia,
Luis Pereira de Miranda.
Leonel de Abreu de Lima.
*

Miguel
da nobreza dos foldados. I
Miguel de Siqueira defpachado com Maluco.
Manoel Corrêa de Lacerda.
Manoel Freyreda Sylua.
Manoel Carreiro CoucinhoJ
Pero Corrêa da Sylua,
Pedro Aluarez dc Abreu.
Pero Batrecode Albuquerque,
Pero Machado de Brito.
Pero de Magalhaes.
Pero de Sotiía defpachado cora Dámao. ^
a a Coita dq
Simaóda Sylua, que tinha fido Capicao mor
Brafil. „ r .

Simaõ de Mello irraaõ deLuis de Mello


Ferreira.
de Pernambuco.
Vafcode Soufa Pacheco Gouérnador
Viccuce Machado de Brito,

E não me deu os nomes dos mais por auer ^.annos , quo


sfto paíTou. ,
-

po-
Em muitas occafí oés fe virão cercados de grande
3
der de inimigos , fendoos Porcuguefcs muito
poucos. Em
Côchira o grande Duarte Pacheco ceuefete vitorias. Ln o
Sc» euS
cercado por mar, S por cerra por el Rey de Calicut ,
j

nosdous Cer-
Capitães. Dío defendido -pcllos Porcuguefcs
Antonio
cos celebradosjhum debaixo do valor do Capícaò
outenca mil c5-<
da Sylueíra contra o Rey deCambaya cora
batentes Sc outenca galés
,
de*Turcosem fua ajuda, em que vi-
nha o Baxà Solimaõ com feusGenizaros outro debaixo do
:

tem-
famofo, Sc valente Capícaò Dom loaõ Mafcarenhas,em
po do Vizorrey Dom loaõ dé Caftr© que em peííba
,
a foy
batalha
defender , Sc decercar dando aquella memorauel
com sòs mil SC fet^cencos Forcuguefes, Sc pouca copia de ín-

dios gente, que não tem mais valor que, o que cobraõ à vifta

dos noíTos ,
que he o que lhes dá animo, com os quais afsí

B eon :
}
Abecedario militar
confederados desbaratarão hum poderofifsímoexercito de
Turcos, Fartaquis & Rumes gente dèíhifsíma nas armas.
,

Duas vezes Goa húa em tempo do grande AfFonfo de Albu-


querque^ outra em tempo do Vizorrey Dom Luís de Ataí-
de quando o Diáicão veyoem pefioa com todo feu poder
fobreelle outro o de Chaul por Nizà Maluco ao mefmo té-
po,que o Diaícaõ cercou Goa pofto que bem differente por
fero mais apertado cereo,quc nas hiftorias fe ]é,em efeito fe
vio no Eftado da índia que o Emperador do Egipto o quiz
tirar das mãos aos Portugtiefés, que lhe foy refifíido pello ef-
forçado Dom Francifco de Almeida prjmeiro Vizorrey da
InJia , & *afsi vltimamente, quando ligados entre fy os tres
mais poderofos Monarchas da índia, cometerão aquelle Ef-
tado a hum tempo em Goa,Chaul &: Dio com sòs finco mrl
)

foldados PortuguefesTorão desbaratados fcus poderofos exer


citos,& Malaca defendida pello General Andre Furtado d©
Mendoça,ao poder de nóue Reys por terra & ao General
,

dos Olan jé res Cornelio Mataüfc , que atinha cereado por


mar, & por vezes por outros capitaês volrando fempreesinú
gos com as mãos na cabeça arrependidos de intentarem o ,

qac não podiaõ l^uarao cabo & não ha muitos annos que*
..
,

os OlanJefes experimentarão efta verdade de que os Portu-


gífefes fabem fuftenrar o que poííuemrporque oanno de 607
foy Paulo Vacardem General Ol indes comtreze naos de for
ça que ieuaua para a índia eercar Moçambique parecen-
,

dolhe que a tinha certa antes de partir deu à Senhoria dc O-


landa omenagem daquejia praça o qual experimentou â fiaa
eufta o valor de Dom Efteuão de Acaide,& dos foldados Por
tuguefes^ue o acompanhauao, deixando o cerco com muira
per Ja de genre,& reputaçaõ, Afsi fuceedeo a outro Capitão
Ofa ndes que indo rara a índia o anno feguinte com outra
,

armada entrou em Moçambique com bandeiras de paz, &


Oa como fe entrara em Olanda pcifuadido que o Vacardé
tiuha
(ia noble^a dos Joldados . i £

a praça, de qusauu dado


tonado
omenage. Ahum &
tinha
que a poíluia gente, que a nao la-
outro moftrou a Fortaleza
armada de vellas quizerao os Olan-
bia hrgar.Com húa
17.
de tfiz.leuar a cidade de Macao aber-
defes em 2.4 de Iunho
fem fortificação lançando em
terra 800. mofqueteires
ta &
duzentos Portuguefes moradores. Foião re-
com menos d&
bacjdos com mdrte de
quatrocentos dos melhores dclles. ba-
ndos Cercos antigos & modernos bem íamofos
faô outros ,

em África AfiaXouea naçaõ Porcuguefa fuílcntoa com


,
&
credito, &: gloria de fed valor &
mais chegado a nòs fentirao
,

como os Porrnguefes (abem defender fuas catas


os O.andefcs
intentarão tomar 0 Forte da Mina, fendo Gouerna-
quando
deMello,a quemeftado en-
dor daquella praçàD.Chriftouaõ
inimiga pedir aporta
fermo mandou o General da armada
Flamengo (lhe refp ondeo Dona CbViftouaõ)
l eza queeftaua
.

leuancado da cama nãq, efperou do


quem tal petiçaõ fazia^
dos muros, & torreoés do Forte a qmnhe^cos mofquetei-
tro
ros,mas antes fahio fora dellesa recebellos eo>m o feu
Gcne-
*
a,K
ral.que os guiaua naõ paíTando osPortuguefes < de ©utent
áè-> todos era
alguns da terra, íoy tam determinado o valor
cometer ao inimigo que ficarão na briga muitos mortos c <3

o feu General, & no alcance da vi&oria quafi todos, do


fucceífo fe ouue fua Mageftade el Rey Phchppe II, por ram
obrigado que morrendo Dom Chriftouão no mar vindo
,

da Mina, fez merce da Comenda, queporfua morte vagou a


Dom Iorge de Mello feu fobrínho, & herdeno, que fea efti«
mou por prêmio da ví&oria de feu cio mais eftimou a efpada
do General OIandes,que lhe deixou em final de o auer ven»
cido,&: morto. Agora.no tempo de Dom Francifco deAlmeí
da Soto maior Gouernador da mefma Fortaleza,foy cometi»
do cõ húa armada d.O!andefes,q laçarão em terra dous mil
mofquetciros,dos quaes lhe matarão mil& outocemos del-
lesmão paíTando os Portuguefes de trinta^ quatrocentos ne-
B4 gtos
Abececiario militar
gr os da térra. Em Angola foca o rcbactfasfem
tempo do Go-
uernador Fcrnaõde Soufa, duas efquadras
Olandefas no aiv
no âc 6 6. 62.y.&c ao de 615. foy PeroPeres Almirante
2.
da
armada OJaadefa^ue cornou a Bahia ao duo
Reyno de An-
gola com feis nãos,» dous,pacaxos,& forão
rebatidos; & ou-
rro cal fucceíío emeraõ na Capitania
do Eípiricu Sancto*.
aonde aporcaraõ com asmefmas euidoze de Marco
vellas
de 62.$. lançando em tetra cento & vinte mofquecciros &
ou
tenta foldados mais, que forão
confrangidos a virar asco-
ftas com vime & finco OJandkfcsmíí
rcos,
Baile por encarecimento; & benra dos
muitos feridos. &
Porcugaefes moftrar
como Dom Suciro Mendes Pereira em Roma,
comaefpada
m mao dentro em hüa paliçada defendeo o parcído de Ef-
,

panha coneta o Imperial com a viâoria que alcançou


dê ,
hum bíjuo Caoal!eiro,Alemaõ que o do Império fuítenta-
,

Ua & pns dtímo filemeioao feudo pellos


,
Emperadores pre-
tendido fobre ^.fpanhs,&a precenfaõ daefpada.que
em final
dem andaua affualmePitfj brazaó grande para
jde fujeiçaõ lh^c
c-sPorcugaefes (em efpecial para os Pereiras) Sedmida
cm ,

çue por te fcruiço lhe eftà


Efpanha, como relata o Licen-
kiacfo^fo Barbofa Homem em fua verdadeira Rezão deef-
Rccordey eftas glorias paífadas dos Portoçuefcs-
que ^ incitem os psefentes 5£ futuros
2 alcancar outras
3
jt memantes .& mais auaarajadas
J ero ferniço de ícu Rey,& de
.iua pacna,como fizer aó os
íeohores de titulo,# fidalgos*, que
(forao na jornada da Bahia/endo
osprímeíos qrue adernarão
praça Dom Afionfo dc Noronbã do-Cônfelho-do Eftado de
lua Magcftade, que auia fido C a picão dc
Tanger &,dc Cep- ,
:
uernador do Aígarue, Vizorrey da
índia, que tornou a
^
r
por I ruiria feu
~ C
" ^
n ° ^ a fi £otou praça de fbldado
r

Rey & pclJo bem de fua patriar & Lais AU


particular
,

uaresde iauoí afeo hor da Cafa,&


VHla-dc Tauera, Conde
de òam toa o da Pefqjicuai, fenhor
do Mogadoèio # da ,

'
Yilla.
Das rações do Autor. 13
Mirandella.íe Altamkga, Adendo Mòr dà cidade da
Villa de
Eftado da fua Mageftade, o quo
Miranda & doConfelho do lenhores de
outros muitos
também fizeraõ
codas as Comarcas do Rey no.Cidades.st V.l-
Caualleiros de
muita nobreza , que aqui nao nomeyo
las delle, em que.fby
nomes Sc por nao fer infinito naex-
nor lhe naõ alcançar os ,

peço aos que aqui naô forem nomea,


plícaçaõ deites, E afsi
vontade que mie de o fazer & tratac
dos me agcadeçaõ a boa
os moradores da Villa ac Viana Foz
de feu valor em efpecial
embarcou mais canridadede fel^s no-
dc Lima, donde fe
& Manoel Brauo de Tauora da dita
bres que de outra algúa,
de idade de dozcannosco vinte
Villa mandou hum filho feu

foldados pagos à fua cufta.

CAPI TV L O II.

‘Sabia
Dos fidalgos,qforão a reítauraçao da
General V. Manoel de Menefes .
capitania.
Orn Manoel dcMcnefes General.

D Aluaro de Abranehes filhô herdado de Do



cifeo Coutinho.íd neto do Conde
picaô de Infantaria.
de Villafranca,Ca

Gonçalo de Soufa filho de Fernao de Soufa Gouernador


do
Fran

Angola feu herdeiro,8t Capitaó de Infantaria,

Ioaó Tello de Menefes filho do General Dõ


Manoel do

Msnefes, Capítaò da Capitania.
Lourenço Pites Carualho filho herdeiro de Gonçalo Pires
Carualho Prouèdor dasobtas defua Mageftade,
Anconio Telles filho de Luís da Sylua Vêdor da Fazenda,
&
do Confelho do Eftado de fua Mageftade;
deMenefes
D. Affófo deMenefes filho herdado deD.Fadsíque
de Figueiredo filho primeiro de Iorge
de Figueiredo.
Lms
Mecedario"militar
Anconio de Figueiredo feuirtnaõ.
X-uis Gomes tis Figueired®.
Dom Fraticifco de Portugal Conde do Vimiofo.'
D otn Duai te de Menefes Conde de
Tarouca
A15 “'ltlSt<1UaGOeIh0 fcnhor
námb U co dl Cik de P «’

l0 Õ a
S vl í vÍ!“T j
U ° dc M/ nsfcs filho do Regedor Diogo da
et íoa5 Tello feu auòPie.
udente
fid Z?a c do
que foi i
Paço.&Gouernador defte Reyno.
F C° L S F aC0 fiiho de Dotn Efteuaõ de Faro
cón deTÍ t v J
Soí ífSglJ .’ d ° ', "tlh “ c
Ef- *
Dom Ioaõ de Portugal filho de Dom Nuno Aluarez
de Por-
cugal,Goucrnador,que fo defte Reyno,
y
Aluaro Pires de Tauora filho herdado
dc Ruy Lourenço do
Tauora doConfelho do Eftado
de faa Mageftade, Gouer-
nador que foy do AIgarue.it Yizorrey
da índia.
Dj í
nC qU S d Menefe$ fiiho herdado
Dom Fernãdo
/\ r" r da
de Menefes j i
Caía do Louriçal.
de

Dom Ioaõ de Lima filho fegundo do


Vifconde de Yíliano-
ua de ^erueira.
Paulo Soares filho de Domingos
Soares Thefoureiro das
Moradias.
Ruy Corrêa Lucas CapitaÕ de Infantaria filho de
Bcrthola-
meu Rodrigues Lucas Corregedor que foy do
Crime da
Coice.
Rodrigo de Miranda Henriques filho de Ayres de Miranda
Henriques.
Pero da Sylua da Cunha filho de Duarte da
Cunha da Sylua.
Aluaro de Souía filho primeiro de Gafpar
deSoufa do Con-
^ & Goaernador que foy
>

Anconio Carneiro de Aragaõ filho de Francifco Carneiro.


Manoel
da nobrecidos JoUados. 14
Manoel de Soufa Coutinho filho de Chríftouaõ de Soufa
Coutinho Guarda mór da Cafa da India,& Senhor da Ca
fade Bayaõ.
Dom Diogo dc Vaffconcelos de Menefes filho de Dom Affo-
fo de Vafconcelos dc Menefes da Cafa de Penella.
Dom Sebaftia© feu irmaõ
Dom Nono Mafcarenhas da Gofta filho de Dom loaõMaf
carenhas.
Nuno Gonçalucs de Faria filho de Niculao de Faria Àlmo-
cacel mór.
Sebaftiaõ de Sà deMcnefes herdado deFrãcífco de Sà deMe-
nefes irmão do Conde de Matoíinhos, q Deos cem ,& pay
do Conde de Penaguiaõ.
Nuno da Cunha filho herdado de Ioaõ Nunes da Cunha,cà
fado com a filhado Conde d‘Acouguia.
Pero Corrêa da Gama Sargento mor que com o mefmo car
go ficou na Bahia,

A L M RA N T
I A.

Ero da SyluaGouernador quefoy daMma irmão cíer

P rol.
Diogo da Sylua Regedor.
Dom Aluaio Coutinho fenhor do Caftello de Almotr
Dom Francifco de Portugal Comendador de Ftonteira da
Ordem de Auis.
Dom Ioaõ de Soufa Alcaide mórdeThomar.
Antonio Corrêa fenhor da Cafa de Belías.
Egas Coelho da Cunha.
Dom Antonio de Caftello Branco fenhor de Pombcíro.
Símaõ Mafcarenhas Caualleiro do habito de S.Ioaõ.
Dom Lourenço de Almada filho de Dom Antaõ de Almada
fenhor do Bomo.
Francifco

/
Abccedario militar
Francifco Monis,
huis.ds Moura Telles fenhor do lugar da Pouoa,&Ameada.'
DomDíogode Menefes.
Fernando Aluares dc Toledo, & Antonio de Abreu filhos de
pcdraluerez de Abreu;
Francifco Serrano Sargento mor de hum Terç®.

CONCElC,AM,

A Nconio Monis Barreto Meftre de Campo*


Dom Antonio de Menefes filho herdado de
Carlos de Noronha^ Capítaô de Infantaria,
lorge de Mello filho de Manoel de Mello Monteiro
Portugal.
D6m
mòr de

Henrique Henriques dé Miranda filho herdeiro de Luís de


Miranda Henriques fenhor dos Confelhos de Ferreiros,
& Tendaes.
Luís Cefar filho herdeiro de Yafco Fernandez Cefar Prouc-
dor dos Almazens de fuaMageftade.
Francifco de Mello de Caftro filho de Antonio de Millo de
Caftro Capita5 mòr das naos da índia.
Geronímo de Mello de Caftro Capitaõ de Infantaria.
Antonio da Sylua filho de Pero da Sylua Chancelíer da ín-
dia.
DomLopo da Cunha fenhor de Arrcntor filho de Dom
Pe-
dro da Cunha fenhor dc Sanear.
Dom Francifco Dèca filhode D. lorge Déça.
Pero Cefar Dèça filho de LuisCcfar Prouèdor dos AlmazeS.
Pero Lopes Lobo filho ae Luís Lopes Lobo.

SAM I O S E P H,

Dom AfFonfo dc Noronha.


O Conde
da nobreza dos Joldados. j<|.

o Conde dc Saõ íoaõ da Pefqueíra.


Antomo Luís de Tauora filho herdeiro doConde de S.IoaõJ
Dom Henrique Henriquez filho herdeiro de Dom Iorg©
Henriques fenhor das Alcaceuas..
Dom Rodrigo da Cofta filho deDom Gyleanes da Cofta Pro
fidence que foy do Defembargo do Paço.
Dom loaõ de Menefes filho herdeiro de Dom Díogo de Mo
nefes.
Dom Díogo de Noronha filho de Dom Chriflouaô de No-’
ronha.
Antomo de S, Payo filho de ManocLde S.Payo fenhor dc
Villaflor.
Lopo de Soufa filho de Ayres de Soufa.
Gonçalo da Coita Coucínho.
Dom Manoel Lobo filho de DomFrancifco Lobo.
Dom Sancho de Faro Capicaõ de Infantaria filho do Conde
do Vimieiro.
Manoel de Soufa Mafcarenhas 0

Ruy Dias da Cunha.


Francifco Barreto de Meneies.
Dom Diogo Lobo filho de Dona Rodrigo Lobo Capitaó
do NauiOa.

C RARIDADE.

D Varte de Mello Pereira^ Martins Affbnfo de Mel-


lo^

loaõ de Mello.
lorge de Mello feus

Luís de Brito Falcaõ.


filhos:
Efteuaõ Soares de Mello fenhor da Cafa de Mello*

f
Efteuaõ da Cunha,& Luís da Cunha feu írmaõ.
Diogo Cardofo filho de Diogo Cardofo o deLoures,
Luis Dutra Corte Real*
Pero
tl
1

II

Abccedario militar
D^rn rardofo Coutinho.
;© Cardofo de Noronha, que foy nefta Cidade Capí-
taõ d c Infantaria muítosanno$,de qué o Autor foy Alferes
Saluador Coelho da Cofia.

SOL D O V R A D OJ

Luaro de Soafafi lho de Síraaõ de Soufa.'


Luís Barreto Cermehe filho de Manoel Barreto.
JL AiSimaõ Freire de Andrada filho de Diogo Freire de
Andrada.
Pero Corrêa da Sylua^ Antonio de Freiras da Syltia ambos
írmaõs filhos de íoaõ Rodrigues de Freitas da Ilha da Ma-
deira.
Sébaftiaõ Gonçalues de A ruellos filho de Pero Corrêa Ribei
» r * r

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO

RíftaÔ de Mendoça Furtado filho de Pero de Mcn :

Henrique Gorreada Sylua , &: Martim Corrêa da Sylua fi-

lhos de Luis Corrêa da Sylua fenhor da Torre da Murra.


Francifco de Mendoça Furtado, & Chnftouaõ de Mendoça
^
!

Furtado Capitaõ do Natiio filhos dc Ioao de Mendo-


ça Furtado.

nos;sa
das razoes do Autor. 16

NOSSA SENHORA DA AI VD A.'

1
Oaõ Machado de Brito .

Duarte Peixoto da Sylua» A


I Bras Soares de Soufa.
Efteuao de Brito Freire,
/

lofeph dc Soufade S.Payo.'


Pero da Cofta Tratiaços filho de Ioaõ Trauaçosda Coftá,
Gregorio Soares Capítaõ doNauío.

NOSSA SENHORA DE PENHA,


de França.

M
Dom
Artim AíFonfo dc Oliueíra dé Miranda,
O Morgado de Ohueira que morreo na Bahia de
hua bala de artelharia.
Diogo da Sylueira, filho de Dom Aluaro da SylueiraJ
& neto do Conde da Sorcelha.
loaneMendesde Vafconcelos filho de Luís Mendes de Yaf-
conselosGouernador quefoy de Angola.
Dom Rodrigo da Sylueíra,&Fernaõ da;Sylueíra filhos de D.
Luís Lobo da Sylueira fenhor das Sarzedas.
Lucas de Andrade de Mello,
Saluãdor de Si de Benauides filho deGouernador do Rio dc
Ianeíro.
Símaõ de Miranda Henriques filho de Fernaõ de Miranda
Henriques.
Martim Aírbnfo de Tauora írmaõdo Repoííeíro mor.
Gonçalo Tauates,
Martim Pereira daCamara filho deLopo Aluarez dcMoura.
lorge Mexia Souto.
Diogo Yarejaõ Capitaõ do Nauío.
Mais
Abecedario militar
Maisfe embarcarão nos nauics da armada Portuguefa.
Anconio Pinco Coelho fenhor da Cafa de Filgueiras.
Conftantino deMslIo.
Sebaíliaõ de Vafconcelos.
Sebaíliaõ de Sá de Miranda;
Diogo Rangel de Macedo filho dc Cofmc Rangel Dcfem-
bargador que foy do Paço,
Diogo Ferreira.
Aluaro de Soufa deSetuuai.
Francífco de Souto maior.
Gonçalo de Brito da Sylua.
Garcia Vellesde Caflello Branco.
Dom loaõ de Menefes Roxo.
Dom Aluaro Coatinho & Dom , Franciico Cominho ir-
mãos filhos do Marichal.
Luís da Sylua.
Martim Affonfo de Mello.
Manoel dc Soufa Pereira.
Manoel de Soufa deMefquira.
Manoel dias Tauares.
Pero da Sylua Peixoto,
Pero de Mefquica.
Pero Corrêa de Soufa.
Simão dc Figueiredo de Caflello Braneo.
Sebaíliaõ de Figueiredo.
Mais foy a eíla reílauraçãi Dom Fcancifco de Moura, quo
foy Capitão mór na Bahia.
Saluador Corrêa de Sá.
Affbnfo de Aibuquerque Coelho morador no Brafil.

Felippc Caualganre lá morador.


Feliciano Coelho de Carualho.
Felippe de Moura.
Felippc Caualgante.
da nobleça dos foldaâos. 1
Franclfco de Souto maior.
Gsronimo Ciualgance de Albuquerque.
lá mora-
Ioaõ Caaalgante de Albuquerque
dor.
Lourenço Caualgante.

De coda a mais nobreza, quefe embarcou nefta Armada


alcancei os nomes, dos quefe fegucra.

Rodrigo Soares Pancoja filho do DefembargadorDiogo Soa


rcs.

Anconio Lobo Pereira.


Anconio da Sylueira. ^

Andrc Velho, &í Anconio Velho filhos do Doutor Aluará


Velho.
Henrique Pereira de Lacerda.
Anconio Barreto Pcdroíb.
Ambroíio Cardofo,
Aífbnfo do Porco Pedrofo.
Anconio Trauaços. 1

A nconio Cardofo Rebello.


Anconio Mendes Arnao Efcrmão da Cor-]
reiçaõ,
Anconio Coelho dc Mello do habito do
Sanéliago.
Bísrcholamcu do Carualhal filho de Diogo Lobo
Pereira, "
#
Benco do Rego.
Bercholameu Carneiro.
Domingos dc Mendoça.
Domingos da Moca,
Diogo da Cofia.
Dingo Gomes.
Diogo Garcia Enccrtabodcs,’
Ç Diogo
wm

Abecedario militar

Díogo de Caftro.
Diogo Marques.
Damaíio Lopes.
DamaGo Peixoto de Azeuedo*
Domingos Dias Yillalobos.
Damiaode Soufa. r
Efteuaò Barboía.
Fianeifco Corrêa CaualJejro de Tanger,
Fernaõ Pereira,
Francífco de Mello.
Francifeo Figueira.
Gonçaioda Cunha.
Gafpar Carualho de Andrade 8
Qregorio Cabral.
Ioaõ Rodríguez de Sotifa.
Ioaõ de Moraes.
Ioaõ Pereira Becancor.
Ioaõ Furtado.
I orge Cabral da Camara.

Ioaõ Barboía de Almeida,


Ioaõ Froes.
I lí laeinco de S.Payo»
Ioaõ Lobato.
mèi Ioaõ da Cunha.
Geconimo Madeira.
Ioaõ de Yillanoua Efcriuã© pequeno da apofentadoria da
Corte.
Iofeph deítaufa de S. Payo.
Ioaõ Yelho Trauaços.
Iacinto Barboía.
Iorge Pinco,
Ioaõ da Rocha da Cunka.
Ioaõ de Baco.
Luis
danoble^a dos Joídados. ig
lorgc Mexia Fouco.
Luís AlaarezLandin &Saluador Landin filhos de Sy lueftrè
;

Landin.
Lucas Fialho,
Luis dc Seixas:
Luís Borges,
Lourénço Rodrigues.
Leonardo Pereira.
Manoel de Mello de S.Payo.
Manoel Lamego'
Manoel Dias Guedes,
Manoel Trauaços.
Mmoel de Almeida Homéra,
Miguel Ferreira.
Xjanoel de Moraes filho de Theodofío de
Moraes.
Manoel Ribeiro.
Nículao de Siqueira.’
Felippe de Saõ Payo,
Pero de Morin.
Pero Bras de Luna.
Pero da Gamara de Mello."
Paulo Gomes.
Sebaftiao dc Mendoça,
Sebaíliaõ da Cunha.
VcbanoThemudo.
Venfsímo de Pina|

E da mais nobreza nao pude alcançar os nomes por iréni


em differences nauios de que forão por Capitaés os Lguin-
,

tes.

Conftancino de Mello.'
Ruy Barreco de Moura’.
C 2 Chrifto-
Abecedarir tnilil ar
Chriftouaô Cabral Comendador do habito de Saô loaõCa
pitaò de Infantaria ,
ora defpachado por Gouernador do
Cabo Verde, filho dc Ancomo Cabral que foy Dcfembax:-
gador do Paço.

m Domingos Gil da
Diogo Ferreira.
.Benco do
Fonfeca.

Rego Barbofa*
Ioaó Cafado.
Scbaíliaõ Marques.
Manoel Palhares Lobato*.
Roque de Moraes.
Cofme do Couto
Luís Aluarez Banha Ajudante, de hum Terço ;,que fua i» M
gefíade açrecem ou aGapicaõ com o habito de Chufto.

Partio efba Armada da Cidade de Lisboa em vinte &dous


diasdo mes de Nouembro de 1624, conííatu de vinte
duas vellas, Ga coês, Nauios, Caraudlas., que todas arquea*
!

uaó finco mil nouccentas & feííenta 5c quatro conelladas-


que leuauác gente do mar md duzentos & feílenta & tres, de
guerra 7601 quintaes de bifcouto 884. pipas- de vi-
,

nho, 41.90 arrobas de carne , 2339. arrobas de peixe, 1782*


arcobasde arroz íii.quartos de azeite: 93 pipas de vina-
gre. sio.peçjsde arrelharia de bronze,&ferro, 20504 pelou-
ros redondos de cadea. 2710 mofquetes arcabuzes,.
,

209. qumtaes dc chumbo em pelouros. 1365 piques, & meios


piques, 2o2.quinraes de mutraõ, 544 quintaes de poluora,
1378. pipas de agoa,
O ptouimenro dos mantimentos deíl? Armada foy por ,

ouco mefes tirando a agoa de que foy prouida fomente pa-


ra quatro & porque os nauios não fora 5 capazes de re-
.

ceber todo o bi Couto , & vinhos tendofe rcfpeito à


cm barca cio dos fidalgos que ndla- forao embarcados,
,

a que fedeu defpenfas para parte de luas matalotagens:


fe
da nobreci dos foldadot, gg
leuaiãoobifcouto a cõ
fetomarío mais quarto nauios, que
ouco tnefes,&: vinhos de quatro mcfrs dos
Primento dos dicos
maiores da atmadâj a qual de mais das ccu‘as re-
fjs nauios
lcueu queijos. paffa,figcsjcgu-
feridas dos dicos mantimentos
mes,amendoas afuquac,amcixaspaffa<ias, doces, vinte & duas
l

boticas,dousMedicos & Cirurgiões em os mais dos nauios:


1

das munições referidas leuou


palanquçtas de fertOj ien*
âlem
ternecas.pêsdecabr^colhercs.catrcgadoces.guaidacartu-xosi
ios ao fer uiço da^a rte ih<i na,
SiCodos os mais pr c ccchos necelTat ;

eíkíras de
pâs enxadas, aluiôes, fouces reçadomas,machados#
cfparcosparaa fottifíeaação : Jeuourambem breu* alcacraõ,

pregadoras forccadas.linho. eílopa, chumbo em pafla, Síern


paõ^nxarcea^onaSjpano de creu fio,& outras miudezas per-
tencentes ao apacelho & conceito dos nauios:
5
leuou para pro
uifaõdos foldados câcidadc de pares de meas, ça par oseamifas,
duzencascamas para o hofpital dos doentes, & vinte mliciu
zadosem reales para o qne fe cffece-ceíTcde feu prouimen-

Maísforao neíla jornada embarcados na armada de C


a-

ílellaDom Aftonfode Alcncaftro filho feguodo. do Duque


de Aueiio,que ora he Marquez de Poitofeguro^&r de Fontes*
Conde de Mejorada # Comendador mor da Ordem deSan-
$riago,General das Gales de Porcugaljda Chaue dourada 6>C ,

do Coníelho do Eftado de foaMagçftade. D.Francifco deFa


ro filho do Conde de Faro do Coníelho de S. M. na dica ar-
q
mada feruia com mes de Encrecemdoj&no af-
cê efeudes por
falco/} os Olandefes derão aos Htfpanhoes no feu quartel c5
o pique nas cnaõs libertou o Marquez de Cropani Medre da
Capo Gene al,q osOlandefcs leuauão catíuo.como o meímo
Macquez confeíTou, Pero Cefar de Meneies S ho de V a xo
Fernandes Cefar Pçouèdor dos Almazés,o qual hia por Capi
taò do nauio S.Cacherína. Dó Luís Cominho filho do Cõ-
r dita
de do RedondoVízorrev q oy da índia, o qual fetuia na
armada com cem efeudos de foldo de Encreccnido,
A ar-
Abecedario militar
A armada deCaíhlla, que foy em íbcorro á reftauraç„õ
da bania leuaua trinta êc finco velías, a faber
& tres ga-
vinte
leões muy fortes, & bc
arcilhados.em que entrarão íete Capí -
canias;& Almirantas,fete Vrcas,
dousCaraudlões, quatro pi-
naças,húa Tartana hiaõ nella trinta
;
Companhias comeres
Mcltres de Campo cem Entreccnidos. O
, numero de codos
rorao.de guerra finco mrl cento & nouenra
& hum,8c de mar
mil & nouecentos & feíTenra & noue, peças
de artelhana grof
ia íeiícentas & ourenca
& noue . Forão nella muieosCaual-
leiroscom muitos criados luzidos. Leuaua
bafhmentospa-
fecemefescontadosde8.de Dezembro. Leuaua
todos os
Ofhciaes mores do arrayal de hum exercito
, Capellaes dos
nauios da armada Leuaua hum Prior
& vinte & dous Pa * ,

dres da Ordem de fam Ioaõ deDe@s,


Leuaua muycopiofo
a preíto de artelharia de Campanha
& Ofhciaes de quantos,
,

othcios ha dc trabalho, & algus càuallos,


cocheiros. & verdu-
gos.

rmadasf y por General Dem Fadríque de To^


Jedo,& Oíorio Marquez de Villanoua.

E a eíles dons Generaes,& Armadas fe renderão os Rebel-


des Olandefes ao primeiro de Mayodiade Sacftíago, & Sam
Fdqpedeéiy.

E álem diftofizerão os fenhores de Título^ Prelados de-


ite Rey no hum grande feruiço a fua Mageftade pera as def-
P Czas armada, como fe verá no capitulo íeguinte.

C API-
danoble^a dos Joldados. 20

C A P I T V L O III.

*Do /eruiço, que os Jenhores de itulo , T


T rela dos, fi^erão a Jm Ad-ge/ladei dõ a* &
gradeamento ,
que deu por Jua
'Jgeal Carta.

A Camara de Lisboa quarenta Contos,


O Duque de Bragança outo eoncos.
O Duque de Atieiro vinte mil cruzados, que defpen
deo nefta jornada
Alencaftre.
com feu filho fegundo Dom Affonfo de
O Duque de Caminha feís contos & ,
quatrocentos mil reis
procedidos de trezentos mil reis de juro ,
que vendeo com
licença de fua Mageftade.
O Duque de Villa Hermofa nouecentos & feflenta mil reis.’
OMacquez de Caíbllo Rodrigo, com húa companhia de
Mofqueteiros,que mandou leuantar nas fuas tetras hum ,

conto & trezentos & íincoenta mil reis,& fe por Capitão


y
dei les Ruy Barreto de Moura Comendador
de Caflro Le-
boraó.que leuou coníigo feu filho Ioaõ Aluarez deMoura.1
O Arcebifpo Primàs quatro contos
O Arcebifpo dc Lisboa outocentos mil reis,
O Arcebifpo de Euora hum conto. Si outocentos mil rcís^
O Bifpo Eleito de Coimbra hum conto & feifeentos milreís;
O Bifpo do AJgarue quatrocentos mil reis.
O Biípo da Guarda outocentos mil reis.
O bifpo do Porto feifeentos mil reis.
Dom Pedro Coutinho outocenros mil reis.
Dom Pedro de Alcaçcua feifeentos mil r e is.
FrancifcoSoares quatrocentos mil reis
C4 O
Àbccedãrio militar
O Correo mor outocencos mil reis.
Os filhosde Eitor Mendes hum conto, &feifcentos míl reis.
Os hom ens de negocio deite Rcyno treze contos & feifçen-
3
cos mil reis.
Os Flamengos hum conto.
Os Italianos feifcentosmil reis.
Os Alemaés outocencos mil reis?
O Conde da Caítanheira hum conto.
Conftancíno de Magalhães duzentos mil reis.
Tríítaõ de Mendoça com hum nauío de trinta & finco to-
nelladas & duzentos homens a fua cuítacrcs contos^ o u-
?

tocentos míl reis.


Domingos Gil da Fonfeca quinhentos
, outenca &: fincoenu
mil reis.

Ioaõ Ferreira, que híapor Prouêdor da Fazenda quatrocen-


tos mi Ireis
Affonfode Barros Caminha quarrccentos míl reis,
Manoel dias Guedes quatrocentos mil reis.

Sorna tudo nouenca & tres quatrocentos^: hum mil reiSi

Carta dc S. Mageííade.

Y ^
l a Vojfa carta de 22 .do paffado, porque me
íes conta da partida da armada

a empre/a da recuperação da (Bahia


TâÇces 5 que Vos mouerao a ordenar que
das
dèfi
de /ocorro 5 que Vay

confide
JeguiJfe a Viagem em
-

dti-eitura às libas do Cabo Verde, & nellas aguardaffe a Vom


tadrique de 1 eledo-, a? porque com muito grandefa-
ettoit

tisfaçaõ de que ei Vafiallosdeffa Coroa , » nobreza delia


,
cone/poudendo inteiramente ao muno, que
os amo, Csejhmo
da nobleça dos foldaclos. zx

fi^erao , & /e afsinahrao ,


em occafioes de tm grande im-

portância a meuferutçoy is àfegurança , is conferuaçao de


meus fâfynos me pareceo diçertwlo por ejta carta para que

gèralmente fe tenha entendido , isque confio em Deos que


por meyo do animo , is Valor de tam bom Vaffallos , bao de

refiaurar defla jornada effeim> que Je defejaoyis fe lhe pe-


os

dem com hifiancia f a cujo fim ordenareis fe continuem fem in -


tennijjdo as orares , is facrificios ,
que mandei fe fí^efjem

para bom juccejjo delia *

Muito Vos agradeço y o que trabalbaUes no apreflo , is


defpacho da atmada^entendendo que foy de modo que Je ven^
cerdo tam grandes difficuldadesyque o çelo, amorais cuidadó
com que me feruis poderá conftguUyqve deueiseft ar certos que

leide ter jempre p&rticular lembrança, is aos minijlros , e?


ôfficiaesjque vos ajudarão agradecereis dc minha parte o qm
cadabum fe ^ de maneira %
que todos Jaib ao ,qu mebe mny
prejente

A Dom Vadrique de Toledo tenho mandado que logo fem


perder hora^faja de C adi is Va bufe ar a armada às ilhas

de Cabo Vade y isno dia, em que partir anije a Dom Mamã


dc Menefesy por a caranella, que lhe auús de enuiar para q
ejlejaa pontoais fe nao detenha , is porque fobre tudo
uem^que DomManoel deMcnefes por nenhum refpeito, «•

aconucmeto fe parta dabi fem D Tadrtquryou recadofeu c


turandoco fa^er o contrario a fe defencontr areais dejeo ^p
tudo, lhe àefpacbarús logo büa carauella ligeira com orck

precifí, is muy apreflada para que afít o faça , is nella f


ouuer entrado algit nauio dos q fs efperauao co pokora , n
Cs
Mecedario militar.
qualquer outra via o poderdes auiar, lhe enutareis toda,
a que
je achar, para que je remedee a falta delia, que a armada
te-
u h <& eu tenho cà m
do mar Occeano mandado je embar-
quem os duzentos (? fetenta (? tf es qumtaes que Gajpar
,
'Barboja linha comprado em Seuilha (yCaàt^, es o
7 StcreU
rio Bertholameu de Jtnb ay a embarcou para !bt daient
Je
no Cabo Verde.

Regras, que fua Mageflade pos com fua


Reai maõ nefta meíma carta.

A Gora que do agradecido a lo hien

que (e ay a ofrecido ejta


amor defíosVaJJallos, que es muy
,
dido al de pacho de laarmada
,
. que me ha acu-

muy conteneode
occafion por experimentar el

conforme a lo que yo les me-


y

?7
f

Madrid a
V a
ttes

^ ue ellosveran, que yo
de Veftembre de
les mertcere jtempre ,
en
1 624.

r. e y.
t0 nand 30 qi atr3 hia dizendo Temo
ih,nr l
°,

0 m
^
D
'

° m HcntI( ue de Menefes
s outro feme- «

filho de D ó
D.n r/riT
Duarte 'r
de Menefes
l
terceiro Conde de Viana
q Ue fendo de
pouca ,dade. fahio com fcu ,

pay a húa entra di lue


ff2a0 s
ouros, na qual feouue
ram galhardamente quenãoconten
Sírsr
doíTe
cio/re o Mouro
0 ví -
1
e
Cílcla°"r
*
;*° i
^ 0 iez com
f'8"“
canc o valor que Iancan-
ao mar por eícapar de íuas maõs
fc lançou
,

eras
da nobreça dos JoUados'. zz
trasclle ,
& o maçou, andando grande efpaço lutando canto
com as ondas, como com feu inimigo com grande rifco^de
fuavida; & hede
notar que pafTando íeu pay à fua viíta na
cxecuçaõ da vitoria, não perdeo ponto delia (vendo o filho
naquelie perigo) por não perder em feu officío, nem dar lu-
gar que os fcus fe defínandaíTem porem o Ceo, que o guarda-
iu para mores coufas lhe deu valor para vencer as ondas jun-
camente com Teu imtgo & cerco, que não foy eíla honra defi-
)

gual.ao que fe efrreue de Capitaés infignes, que acropeilarão


refpeicos de feu fangue por acudir ao mayorde fua honra,
& obngaçõesjôí concluindo com cfte fidalgo eílando feu pay
em Al acer Qmbir eetcado dei Rey de Fez com cê mil com-
bacences, defpois de afsiíhr no cerco fincoenta & fece dias s
pa-
decendo os cercadosgrandifsimas fomes, & trabalhos por fal-
ta dc mantimentos, ouue noticia no campo dos irnigosde fua
necefskkde 6c que ja chcgauão a comer os cauallos o que
,

vendo o Capicaó Dom Duarte para que os Mouros enten-


,

delfem o contrario mandou fair fóra feu füho


5
nri-Dom H
que (que não tinha quinze annos ) com trinca decauallo os ,

mais gordos Sc bem penfados,a desfazer húa trincheira ( de q


os noífos recebiaó notauel dano, o que foy corn tanta prella
que efpantou o imigo que tal não imaginaria ) que lhe foy
,

defendido com grande poder do Alcaide deTanger,que efla-


ua naquelle poflo,& Dom Duarte focorreo feu fiiho,& elRey
aos fcus,& fc trauou a peleja de poder a poder^ 6c foy efee dia
tam gloriofo para os Português que fe não fobreuieta a noi-
te, poderá acabarem hua hora o Impeuodeíle Rey Momo,
que ficou tam acobardado com osfeusque kuantou o cerro
com perda de tres mil de: lies 6C porque vou tratando do va-
5

loc de feitos heroicos. que fizeraõ Rcmanos!& Pmtuguefcs de


pouca idade: Dom Henrique de Mcnefes.dc que vou talando
eílando em Alcácer , 6c fabêndo que no eílreito andaunõ tres
nauiosde Francefes CoíTanos^fahío aelles contra vontads ,

defeupay, em hiu carauella.com trinta foldados Heclh, os


Abecedaric rnlii ar
refolutos a morrerem vencer^ hum naujo pequeno que lo-
go (i defgarrou,& enconrrando o imigo, fe mucílirão valero
famence por as proas durando a peleja bom efpaço^azendo
osFraiicefes feu deuer, por fc não poderem defafcrrar & por )

fim entrou Dom Henrique a Çaplcania , não efeapando ne-


nhum dos ímigos de morto, ou fetidojcuja víâoriafe ceue por
milagrofa peila vantagem dos ímigos era nauips & gente, de
que Dom Henrique ficou ram fendo que efteue muitos dias
fem cfperança de vída,& chegando â praya foy recebido nos
braços de feu pay.& fua may Dona Ifahel de Caftro, moftrou
tam grande valo^&charidade q deitando feu filho,acudio cõ
preíia a curar os feridos tratando ©s Francefcs com a mefma
charidade que aos Poicuguefes, Ôcdandolhe o Conde liber-
dade.defpois de faõs,alguns obrigados do bom tratamento fi-
carão em fua companhia.
E Dom Lourenço dc Aguílar Hefpanhol cm a jornada,
que fez á Serra vermelha aonde morre© pelejando com os
,

MouroSjleuauaconfigo a Dom Pedro feu filfio de pouca ída-


de,& vendoo fendo,& cabido em cerra o mandou retirar di-
zendo,qu£ náo fofie toda a carne em hum efpcce.
E o grande Alexandre de idade dedezafeis annos come-
çou a goue» nar o Rey no,Sç exércitos de Felippe de Macedo-
majfeii pay>& quando efte Príncipe foy conquiftar a Afia cle-
geo trinta mil moços bem difpofios que fujeicoü em diuer->
}

las nações,que fofiem enfinados nahngoa Grega & exerci-


,

tados na arte miluar ao vío de Mhu edonia, os quaes fahiráo


tam de(lros & valerofos que íó cem elles fe fizera fenher de
t

todo o mundo, a cujo dominio afpirauão feus altos, &: ínutn-


cjueis penfa mentos fea morre, que o encontrou em Babylo-
nia,o naó atalhara* & á fua ímiraçao Saiadmo Scldaõ do E-
gipeo ordenou a milícia dos Mamelut os, que o Graõ Turco
elege dos moçoschamados Genizaros, por cujo esforço tem
alcançado tam grandes vi&orfas, procurandoos de meninos
por todo feu Império círandoos por fcuça de poderde feus
,

P a y$
dt nobreci doí foldidos. z \

pays Chrtftaõs fazendoos renegar, &


mandandoos enfina*
as letras Àrabias ,
& adifeiplma das armas & nefres e- ,

xetcicios enaõ os íeus Baxás , &


Capítaés feus filhos ler
uandoos configo de meninos á guerra de que nos be tefte- ,

Mahamec Bey, &: Saim Bey que vinha com feu pay
rounfaa ,

Selin fegun*
Aly Baxá General da armada do Graõ Turco
nome, que foy vencida pelía armada da liga Cacho-
do dufte
de que foy General ofenhot Dom Ioaõ de
Auíhia ÔC ,
líca ,

jio tempo dos Reys paíTados os nobres dcfte ticulos , &


às Conquiftas pcíTbalmence fazen-
Reyno coftumauaõ ir
dograndes gaftos de fuas fazendas, como foy o Conde Dom
Pedro ,
que Cónquifta de Cepta com el Rcy
paííoii à

Dom Ioaõ o Piimeiro, que ofezdella Capitão de juro, Con-


de de Villa Red donde defeendem os
,
Duques de Cami-
nha & leuou finco nauíos á fu a cu ft a bem anilhados de

sente,
,

& baftimencos, como fc verá na vida de Dom Duar-


ee de Menefes foi. 6 . &í que fenhores de Titulo que por i-
,

jcm à guerra merecerão nome


eterno • & Dom Duarte
deMenefes terceiro Conde de Viana, que paífou a África
com o Conde Dom
Pedro deMenefes feu pay fendo de
idade de algunsfeis annos & naõ rinha dez perfeitos
,

quando, fem ordem de feu pay fahio a efearamuçar com os


,

Mouros, como diz Dom AgofHnho Manoel no huro,que ef-


creueoda vídado dito DomDuarce, & que fendo de treze
annos foy armado Caualleiro à villa dos Mouros que a)U. „

darão a feftejar eíle celebre ado ,& fendo de dezafeis annos


gouemou Cepta com Baftaõ de General, pello que todos fica-
rão atras defle valcrofo Português que nunca foy vencido, ,

atè idade de fincoentaannos, que acabou a vida


por faiuar a
de feu Reyjde que fe colhe autilidade, que fe alcança de os.
foldados começarem a militar de pouca idade fuy ram largo ,

cm tratar dos fucccílbs de Cepta & Alcácer que me fica , ,

pouco lugar de o fazer das mais praçis de África que ,

£e onueia de contar os valcrofos feitos ,


& batalhas.
Abecedario militar.
campais que de ordinário cem com os Mouros requería5
t ,

maior volume,& afsí traçarei de paíTajem nos Capirães,quego


uetnarão Tanger, & Mazagaõ de6n. a efta parte fem parci-
eulatizar grandes vi&orías que todos elles pello difcurfo do
,

tempo alcançarão, que por férem muitas pafíb em íileneío, &:


fó cocarei algüas que de certeza me víerão â noticia, No ce-
po que o Coronel Hcnuque Corrêa da Sylua gouernaua á
Fortaleza de Mazagaõ fuccedeo que indo a pefear Gaípar ds
Torres valente íoidado ( que tinha feito aos Mouros muito
dano por auerTeruido de cfcuta,& por ííTo ddks bem conhe
cidoj fedefeudoudemodo que, dando o barco em feco por
efprayar a marè,foy caciuo com quatro compjnheiros peílos
Mouros de Azamor^ue eftauão de vigia,& nelle fizeraõ grã -
des anótomias fazendoo em retalhos com a crueldade que,
coftumão fazer aos, que os tem vencido. Eílauaõ a eftè tem-
po por fronteiros na dita praça ouco fidalgos de pouca idade,
porem de minto valor que eraõ Marnm Conca da Sylua,
,

Francifco Corrêa da Sy ua,Payo Corrêa da Sylua írmaõs fi-


!

lhos do Capitão GéraljLopo Furtado de Mendoça, & Hen-


rique Comea da Sylua fobrmhos do Géral, Amonio Lobo, 1

& Marcim Lopes Lobo irmaõs, 3í Conftancíno de Sá de Me-


riefes, que nenhum deües chegauaa vinte annos^ue fencidos

da crueldade que os Mouros vfarão os quuferaõ caftigar com


hum feito heroico pello qiie,com muito fegredo mandarão
,

pello Alfaqueque hnacana afsmàda por rodos a dezafeisMou


ros dos mais conhecidos de Azamor para fahirem com elles
a defafio dous a hum: porque os auiaõ por defafiados^ que-
riaó fair a campo com elles, fem que o Capicaõ o foubeífe,pa-
ra o que lhe dauaõ quinze cjias de efpaço.dencco dos quaes os
efperari iõ em ceito lugar nomeado na carta, defuiados do
fa:ho,& Foí caieza,por naõferem fentidos em rezão da cruel-
jdadeque-vfarão com o Chnftaõ defpois de morto contra o
eílillo da guerra. Leuou o Mouro a earta, &' tornou com re-

polh que aceitauão o deíafio^ nos quinze dias(em quefem-


pre
da nobreça dos JoWados. 24 .

pre armados com difsímulação de fair ao campo a conuerfaC


com o Capitaõ da Guarda delle porque o Geral o não alcan-
çaífej naõ vieraõ os Mouros. Não pode ifto fer com tanto fe-
gredo que o Gêcal o naõ foubefTe paíTado j a o dico prazo, &
}

por 0 fazerem fem fua ordem, os mandou prender. PaíTados


alguns dias aparecerão os Mouros quatro em hua parte 5£
,

quatro em outra para que os fronteiros fe foífem pòr no po-


íío & os colherem na rede, Foy neceflario ir fazer lenha, &
}

erua.como he coílumCj&cm faindoas Atalayas lhe correrão


feifeentos de cauallo, & mais de mil de pè com tánCa preífa
que mararão hum delles. No que os Mouros vfarão de fuas
traças coftumadas, que era romãr os fidalgos ao defcuido &
,

naõ com Osckzafeis, que elles lhe pedirão mas com mil & ,

feifeentos chamando do Capitão. Tocoufe reba-


pellos filhos
te fahí© o Geral com fua gente,
que feriaõ cento &fefenra de
cauallo, & quinhentos de pè, que romperão os Mouros, pon-
doosem fugida.matandolhe cnnta & fete,& elles a nós hum
5Ò foi dado por nome Pomarès,poccujO refpeito fe chamou a

batalha de Pomares por fer muy renhida em que osouto fi-


,

dalgos do defafio, que o Gèral para o rebate mandou foltar


fartarão bem feus defejos.,
Naò fuccederáo menores coufas no cempo,que gouernou
a mcfma praça Dom lorge Mafcarenhas.que hoje he Conde
de Cafiello nouo,& lhe fuccedeo,o qual leuou cenfigo feus fi-
lhos de muy pouca idade, cujos feitos não particularizo poc
me dizerem qu« ddles cem afeu cargo peíToa que
a reJarçao
,

a fará em melhor com


mais fatísfaçaõ; Aellefe fe-
eftillo &r
5uio 3 ras Tellesde Menéfes que teue, em todo
o tempo de
feug >uer no grandes efearamuças com os Mouros;de quean-
lauaõ tam amedrencados que nao oufauaõ a fahir ao campo
M para fe vingarem, & tomarem a Forraleza fe appellida* ão,
?s Alcaides huns a°s outros
juntandoíTe finco mil de cauallo»
^ outros -antos Je p(> &
hum dos dias de Abrd de fain- 1623»
io as Atalayas ílícgurat o campo p.ra fazer lenha ;
& crua,
fahio
Abccedario militar
fahíoo Alcaídcde Azamor com os feus a crauar peleja com
pé,S£
os noílos, que feriaõ duzentos de cauallb,& feifcencos de
andando Ja na refegua fairão os da cilada com ,
quem o Ge-
ral pelejou por muitas horas a arqua partida de lança pe-
, &
louro^ foy tam grande que a fenhora Dona Ca-
a batalha
therina Maria de Faro molhcr doCapicaõ Geral mandou
de íocorro dous barris de poluora, & por fegurar aFõrtaleza
com grande valor fez leuantar a ponte, & fechar as portas por
que,fe foífe, o que ímaginaua ficaífe a Fortaleza fegura
dos
que defencerrou o Sanótif-
Mouros • foy o aperto tanto
òc fe

limo Sacramento, pedindofelhefauor com muita deuaçaõ,8£


noílos
lagrimas, que fórão aceicas pois,noffo Senhor deu aos
qual íb
afsinalada viftoria em q tomarão muitas bandeiras, a
teue por milagrofa, & os Mouros confeílarão que
viraottes

Capicaés armados, dous em cauallos brancos, & hum em hum


caftanho , osquaes os venoerão, & desbaratarão por os acha-
tem fempre na dianteira em qualquer das muitas partes, poc
&
onde cometerão os noíÍbs temfe porccico que era© os pa-
)

droeiros da Fortaleza San&iago Saõ Sebaftiaõ,& Santo


An-
tonio. Dos Mouros forão morcosouténta,&
muitos feridos,
hum menino, que
& dos noílos morrerão fó hua Ata!aya,&:
vinha de pefcar.Os valerofos feitos de Dom
Gonçalo Couti-
nho do Cõfelho do Eftado defuaMagcftadc,queimmediata-
mente fuccedeo por Capítaõgèral na dita praça, não trato em
particular por andar delies hum liuro impreílb.
Na cidade de Tanger, gouernandoa o CapitaÕgêral Dom
Pedro Manoel Conde da Atalaya, cujos fucceffos forão feli-
cifsimos teue nelles o primeiro lugar a grande
vi&oria.que al
feu Adayl
cançou 8 .deFeucreiro de 6 2i dia, em que;trazendo
bois de ara-
lorge de Mendoça Lopes mais de quacrecentos
do,2v muitos Mouros catiu©s,recolhendofe com
a prefa^ fen-
cauallo lhe fahirao ao
do os noílos duzentos &: dezafece de ,

encontro paífante de quatrocentos de catf allo,& míl de pe, q


Africanos desbaratarão matando na
os noíTos Cauallciros
primeira
da nobf e^a dos foUados. 25
píimeirá inucílídara muitos Mouros, & pondoos em fugida,
lhe tomara 6 as bandeiras, & vieraò
triunfando para a cidade,
como outras vezes fizerão no campo daquella Fortaleza. Da
mcfma maneira fe ouue Dom lorge Mafcarenhas Conde de
Caftelio noue>queafsícm Mazagaô.como nefta própria pra-
Ça,foy valerofo Capitaõ açoute dos Mouros, a quê por nvui*
cas vezes desbaratou matandolhe,&
catíuando infinitos^ tra
zendo todo o íeu gado,Stfuas molheres, atilhos de fuas aldeas,
adonde os hia conquiftar. Como cãbê fez 0 Cõde de Linha-
res & ora o faz 0 General D Fernãdo Mafcarenhas^ de ordi
s

nario peleja cõ o mais valerofo Mouro da Berberia o Morao


bito Cídi Hamcce Laex cò qué té grandesefearamuças traze
do o Mouro innuraerauel gente em munas occafiões,cm q o
véceo mata ndaihe muitos Mouros mòrmente o cerco, q pòs
aquelJa cidade emMayo de 630.CÕ mais de 24-milMouros de
pé ôr de caualio,na qual oecafiaõ matarão os noíTos tanta gõ-
ce foy forçado ao Mouro leuancar o cerco q fedeue ao ef-
q ,

£òrço,&valor deftc Capitaõ No tépo deftes Generaes nomea


,

doscõfta por certidões fuas defdoan no de óij.aefta parte a-


charéfe nasoccaíiões de guerra os Capícaés Anconio de Mo-
raes da Sylua & Ayres de Soufa da Sylua peíToas muy nobres
meas patncios.õr nacuraes da Villa de V inhaes,q por pelejare
valerofamente merecerão os hõrafíe S.M. cõ as iníignias da
Cruz mais eftimad| defte Reyno , que tcazem no peito por
indicio defeu valor, & natural esforçoi
E para os foldados que haõ de exercitar efte habito .de mi-
lícia diz AriftoteIes,quc os que andaõ na guerra rem neccfsí-
dade de /eys,que prohibaõ os males, & cambem dos, que cxzt
citaõ a vircude, para que as penas que fe puferçm reprimaõ
,

as alterações dos ânimos dos foldados,q fegué a guerra, por


q
as fuas defordens faõ de muito mor dano
q as dos outros &c
,

afsi conuem que os façaõ pelejar valerofamente & que as )ey s


4

fejaõ guardadascom grande rigor-& fcuerídade.


De duas coufascem necefsidade as Reípublicas para fe
p _ - cpnfec-
Abecedario militar
confcruarem,& éngrandeccremjque faõjuílíça na paz,& for-
ça naguerra,que tendoa fera ímpofsiuel naõ fe augmentar,S£
conferuar cm fuagrandeza,&eftado;& afsi o dizem Plataõ,&
Diogenes que os preceitos militares naõ íaõ menos necef-
fanos que as Jeys, antes mais*, porque com elles fe enfina cu-
do,o que conuem para fazer guerra ordenadamente , & afsi
fem elles, naõ fepoderam vencer os inimigos porque o fim do
foldado naõ he sò pelejar, mas ccm ordem de forte que me- ,

diante ella,alcance a vi6toria;pe!lo que faõ de tanta ímporcã-


cia os preceitos militares que fem elles tudo o mais ficaarnfca
do,& afsi o diz Anítocelcs que naõ faõ boas Icys as que fa& ,

bempoftasjenaõasque faõ bem obedecidas porque naòfeob ;

feruandoas que pouco importaõ, também fe naõ obfeiuaraõ,


as que eftaõ poílas para alcançar juíliça na paz & força na ,

guerra,& por eda razaõ perguntado Solon , fe eraõboasas,


kys.queelle dera aosAchenienfes:Refpondco, q boas eraõa-
quellas^ que elles obedecião dando a entéder q ferão de pou
co fruto as boas leys,qfe nao guardaré.q femiffofe nâoa! ca-
çará o proueito da ley miJica^ccmo fcefperaua.& cm Efpac
tafe vê hum clarifsimo exemplo, com que fe prouabem que
com a obfeiuancia das ley s fe alesnça juftiça na paz & foiça ,

na guerra,& díz Cayo Vdio,que em quanro obferuou as kys.


de Lycurgo akifsimamente fioreceo &:Tico Liuio/eguindoa
5

meíma opiniaõ diz que nenhúa coufa fe^maior danoáquel-


la Republica* que naõ guardar asleys que Lycurgo lhe d e.

ra & porque nenhúa Republica pode Ao recer como ce-


,

nho dito fem juftiça na paz & foiça na guerra eftá cia.
, ,

ro que pois Efpatca floreceo com a obferuancia das lcy s


,

dc Lycurgo que com ella alcançou eftas duas coufas , jufti-


,

ça na paz & força na guerra & como com a obferuancia


, ,

das ley s íe augmentarão às foiças das Refpublicas afsi com a


pouca guarda delias fe enfraquecerão onde náo ocue obfer-
uancia delias, crecerão os yicics, & com elles a corrupção a ,


qual he fraqueza dc todas as coufas , & o coílumé de p afiar

mJÉéÊO. C .f- áS ^ a
da nobleça do\ fo/dados. 2
pellas culpis pequenas.ferâcaufa defe augracncarem as gra-
des pelía qual razaõ diz Tíc© Liuío , que de coufas de pou-
co momento dependem muitas vezes, as de grandes empre-
fas. Duas partes cem a obferuancia das leys . húa hc man-
dar, & outra he obedecer : A
primeira pertence aos que go
uernaõ: A fegunda aos fubdtcos &
afsi © que gouerna , na<3
,

ha de mandar coufa contra ley ôeofubdito naõ ha de fa-


;

zer coufa cm que a defobedeça.


,
Pello que ao que gouer -
na compete a feuendade na obferuancia das leys.que ha de fa
zer guardar, & aos fubditos obedíenciacm comprir o que as ,

leys ordenaõ,difto nos deixarão hum nobilifsimo exemplo Sc


leuco, ic Anciocho feu filho, porque tendo Selcuco feito húa
Jey,em que mandaua tirar os ©Ihos,a quem cometeíTe adulce
rio foy feu filho Antiocho comprendido nella,no qual man.?
dou,que fe execurafle a pena òc naó querendo o feu exercito
que defpois defua morte lhefic/jíTe humPrincipe cego inflou
com grandes rogos que fe naõexecucaííea ley nelle &: fatif-J :

fazendojSeleucoa efla jufta demanda tirou hum olho a fy,


& outro a feu filho, por naõ ficar hum Rey cego , nem a ley
por guardar dando exemplo de juftiça & feu filho de obe- ,

diência, moftrando cambem, que ha de cuílar hum olho ao


Capiraò deixar dè guardar ley. E para ifto ter eflfeito hado ,

leuaridiance dos olhos o que difíe Chrifto noflb Senhor por


,

Sam Marcos^ que vindo á terra por nos faluarpropos fempro


em fuas praticas o prêmio des bons & o caftigo dos macs, ,

porque fem premíofe nao fará coufa boa & fem caftigo fe ,

naõ euitaram males & Valerío Maximò, & Placaõ, & Ho-
:

mero. dizem que aos foldados fe haõ de dar prêmios, & quo
eftcshaõdefer cercos, potque fendo certos os perigos não
deuem fer os prêmios dauidofosí, porque em henhüa hjfto-
ria fe lerá, que os Lacedcmonics, Athcnienfes & Roma-
nos ciucílem determinados prêmios quèouueílem de dara ,

peíTaas que fermflcm nas coufas políticas ferido certos & j ,

infalliueis, os queauiaõ de dar aos foldados, no -que fevt o

Di * cuida-
Jbccedario militar
cuidado , que cs Romanos tiuerão de os premiar os quacj ,

prcmiauaõ os feitos, & nao as qualidades porque eíTas não


paffaõ à virtude dos progenitores, o que agora emnoíos
tempos fcdeuera guardar, &tiueraelRey mais nobreza, que
o feruira, & fiz efta aduerrcncia porque não poíTaõ dizer os
,

íoldados,qoe lhe faltei com ella.

C A P I T V L O IIII-

*Da obrigação em geral de todos os


Joldados.

A Ntes de tratar das qualidades & partes,que cs fclda-


,

dos deuem cer> direi húa murmuração, que ha dos


Porcuguefes, que dos eftrangeims faõ muy nctadcs,
dizendojhe íalca o piincipal que ha de atier na milícia que
,

he a obediência como diz Cartião , que traçando de qoe


,

nação faem mais valentes foldados defpois de nomear cada


,

hüa por fi . ccnclue que os Poicuguefcs fam agudos, & do


bom entendimento & hábeis mas que pello pouco exer-
,
,

cício , que vfaó na milícia fam indomirrs,& feitos á fua von-


Sadenão obedecendo a feus officía es.ôc fupenorcs porcm,que 5

fendo exercitados fc pode efpcrar delles o que he pofsiuel ef-


,

peratfe de todas as naçoés do mundo, no que derãooccafiáo


(como diz E realame Dialogo quarto) que a c.lRey Dom Se»
haffião fjltaíTem Coíifelheiros na mfelice jornada de África,
fendo deatn peuca idade, &: falto de experiencia de guerra
(como conuinha) potque os Caualleitos deíle Reyno fo-
frem mal que os gouernecucro abaixo dapiíToa Real, & que
.quando ouueíle peííoa para o cal caigo teria muita parte a
inueja para lhe nao recenheceré fuptnondadc, &pòde fcr.q ;

por
da obriâàÇaÕ doí foldados . 27
poréfle refpeico deíxaua el Rey de nomear Capicaò gene“
ral, quegouernaíTe ocxcicico como fez Carlos Qmnto fcii
,

auó, porque em a deTunes foy Dom Alonfo de A uai os


Marquez dei Yafto &nade Alemanha Dom Fernando do
t

Toledo Duque de Alua,&delRey Dom Feljppc o foyFih*


beteo Príncipe de Piatnonce na tomada de iam Quincim,
por afsi conuir paraixpediçaõ de muitos negocíos ,de modo
que naõ dão os eftrangciros aos Portuguefcs outra falta, fs-
náaeftade não obedecerem,fendo aísi que fora de fua patrja,
& gouernados por CapítaéseftrangeiresdJes faõ os melhores
foldados do mundo em obediencia^ealdade, vaIor & esforço,
3

como fe cem víflo nas guerras paífadas, onde fe acharão ; hc


verdade^ue os q vão militar fora,pella mor parte, faõ peíToas
nobres & defangue.quc faem de íua pamapor ferem inclina
3

dos às armas ,& ganharem honra na guerra ,afsi que osPor-


tuguefes ( guardando obediência ) íaõ & feram fempra
,

excellences foldados & oseftrangeiro; não ceram que lho


,

oppor. Efta obediência ha de começar pelíos nobres para


que os mais os imitem tomando exemplo dèlles, como Fze-
rão os dc Efparca, que tinhão por ley que o primeíro^ue en
tra fie na guerra foíie o fen Rey,& o vlcimo,que fahiíTe delia,
pata com ííTo os vaíTallosos imitarem & não terem occaíião
,

de fazer o contrario. E para ãucr detratar de foldados, fera


bem fe diga primeiro, a orden^que fe deue ter na eleição del-
les. Diz Plucarco que em codos os Reynos ha homens animo

fos,& cobardes, o que fevío bem vencendo os Romanos aos


Lacedemoníos,com muito menor numero,que elles, fendo os
Lacedemoniescoftumadosa Tecer coda a ourra naçãoj& as
q
coufas mal feitas faó vergo nhofas^ aonde os mãcebos voluta
riãmete fedifpocm a coufas honradas, dos quaes he maisabor
recida a infamia, q o perigo, porq eftes faõ,diz elle,osq parece
fortes, &cerribcisaos immigoSjporcãco não só csSeptétrionaes
faõanimofos.né sòdas céperadas regiões ha bõsfoldado$(co-
mo diz Ariftoteles) mas cm coda aparre q ouucr homés,quo
3

D5 eftímcra
Jbeceâario militar
te
Ü fe corraõ de fazet vilezas fe acharaõ bons foldadcs, eftes
hiõ de bufcar,& dclles fazer exercito, & afsi querendo Sócra-
que
tes molhar, quies eraõ cs melhores fgldados coneíue ,* ,

defpre-
fao.es que amaõ a honra, & que os que por natureza
2âõ os periges faõ íemdhsntes aos ammaes
iiracionacs,

como diz o aiefmo Atiftotcles que o que naõ teme he falco


,

que animal btu-


de razad ôi o rnefmQ he falto de razão fer

que diz Philo,qus nao deuem aceitar na milícia


co ; pello fe
a-
todos os acceüidos; & logo adiante diz que Tc não receba©
qtie les que vem com hum defejo à guerra como os
famintos
á co,nída,& como o apecice que neila tem o faminto hc
co-
}

mum ao dosa iimaes hfacionaes, o homem, quedefte modo


afsi fe nao
fe metei: nos perigos ferà femelhante aos brutos> &
reêebcraò na milícia íenaõ os que pot honra fao animefos:
Xenophonte d z qtie cm nenhúa coufafedeue julgar Lvcur-
;

go por homem marauilhofo fenão em ordenar quê cs Lace-


dememos antepuf. ífem hüa henrada morte a hüa vida afren
tefa, porque eíbes fa© os que na guerra fazem obras genero-
fas, & Sócrates no conuitede Xenophonce, louuãndo os£a-
cedemonios os louuaua pfoeedu
q a fê,& valor,de q clíe
dtfTe
vergo-
de naõ terem por Deos o defauergv:nhamento fenaõ a
nha^ Plutarcho diz, que lhe parece queosanngos eftima-
temor,
uaõ que a fortaleza não foíTe aquella que he falta de
vergonhofas povqnc diz clle, a-
mas de infanaia,& de coufas ,

quelles.que temem as leys faõ animo fosco ntr a os inimigos,


& aquelles que temem fe diga mal delles cometem fem ne*
,

pro-
nhum cemor todas as emprefas dificilts & perigofas.ífto
ua bem, o que muitos & gs andes Capiraés diflerão, que raras
eíla
vezes, os bngofos faõ bons foldadcs, pello que feguindo
opmiaõ elegerfehaõ foldadcs des que mais honrada. & parufi-

camenre viuetem,& mais obedientes fokm às leys de fua pa


ãna.St' deíbes fe deue fazer a eleição de todos c s ‘olciadcs. As
armas L ha de faber que fe inucnraião pa- defender cs fra-
cos Se cafligat os foberbosj & entre Chnftãos paia defender
primei-
daohrigaçiõ doí Joídados. 28
prímeiramente afe de noílo Senhor Iefu Chrifto&, fua Tanta
Igreja de Roma^eada naçaõ ftu Rey, &patria & deuem *

feremparo das d jnzellas,& as mais molheres, meninos, 5c ve-


lhos ôc Moftciros de ReIígiofos,& Religtofas.
(

i Tanco que o Toldado aflencar praça em os liuros de


fua Mageftadefica obrigado eom folemne juramento de fer*

uic bem,& fielmence a Teu R:y,& Capitaõ General, 5c obede-


cer a codos feus cfficiacs^ cudo o que for do feruiço deiRey
fobpena d~ graue caft>go (
&
tanco, que tem aíTentado a praça
nos ditos huros fica tido por hontado, 5c por eíh razaõ deue
ter muita conca eom fua honra porque neila coníiíletoda a
,

perfeição deílc habito de Toldado 5c não sò a hao de trazer


,

diance dos olhos, mas nas meninas delles.por fer a honra cou
Tde tanco refpeico , que não procede das virtudes do corpo,
fenão das vúcudes da alma como Ja ga 5c exctllenremenre o
diz An bal Romeu Ferraiienfe no Teu terceiro Dialogo da
honra & que cila excede a todos os dotes, 5c bens humanos, 5c
que ellcs fe nã >
podem com ella comparar
z E pa ar Tiréhonrrados ^ aícãçaré vitorias com efperaça
deferem auanta;ados em fyldo &carreg s ha miíter feré bons
Chriftãos tementes a Deos, bc que guardem Tua ley porque .

Tem líío Tc nao pode fazer coufa boa, pelio que tudo Chriftaõ
hc a ííTo obrigado, 5c muuo mais o he o Toldado, que cs de oa
tra profifsãoipoíquetema morte mais propinqua,&arrazeiu
diante dos olhos pebas occaficés da gnerra,que Te lhe oífere-
cem cada momento,& muites delles,como nao entendem as
obrigaçoés de foldado,lhe parece que o dsa que afTntáo pra-
ça & recebem Toldo ficão fendo Gentios 5c que não tem r bri,
gação deguardar a ley dos Chriftãos, frcuídão que lhe he li-
cito jurar, blasfemar, & fazer todo o genero de maldade por
fer tido por valente não atentando que não pòde fer vale? to
ne ihum Toldado honrado,& valerofo Fdtandolhe o temor de
Deos que he o fundamenro, que ha de leuar, & afsí he cerco
que o que for obediente a Deos, 5c aos offícíacs da milícia
D4 alcag-
Abccedarií militar
alcançara todos os cargos honrofos.que nefta arte fe permi-
por íffo ha de fer bom Chnftaõ confeflandoíTé mui-
tas vezes no anno, pello menos quatro tomando a íanfta
,

Comunhão: porque efla arte militar he mais digna de co-


das as artes do mundo, & tem cm fy infinitos pontos de
honra, que dura para fempre, a qual fe.antepoem â vida por ;

tanto fc guarde todo o foldado de cahir em algüa deshoa-


ra, & ínfamia i corno eflar amancebado ou trazer eonfigo
,

molher, com que não for cafado nem beber de modo que
,

lhe feja notado, que he grande falta entre fo!dados,que a pfiç


ejeile,&álé
raeíra vez,q for ddío nocado,não fe farà mais cota
díffOjfe lhe rifcará a praça,& ferà lançado fora da
cõpanhia.
Duas coufas obiigaõ ao homem afahir defua pacríaa fer
foldado, a primeira por ter natural ínclinaçaõ às armas , &
ganhar honra no exercício delias , a fegunda por fér pobre
ôí naõ ter com que fe fufrentar &c pofto que o habito de fol-
;

dado arme a codos.a poucos vay bem, Sc por íífolhe he muy


neeeííado faberfe bem gotiernar com feu foldo porque naõ ,

que o
ha coufa mais vil, que o pedir, nem de mais grandeza,
muito proueito as camaradas co-
dar, & por cila razaõ faõ de
poupando a outra parte para vedir,.
mendo parte dofoldo.&
& calçar,,& armaríe, & cambem faõ vteis parais enfermida-
acodem aos outros,
des, q ue htsns U parafe ihe naõ fazer def-

corte íiajporque fendo quatro^u feis eamaradaSjnaõ fe arre-

liem co tu facilidade afrontilos de obra nem dc palaura^


,

Deue andar bem tratado de fua peíloa conforme ao fold© q .

cadahum tíuer Sc
, deixar deveftir galas por ter boas armas,^
bem conccrcadas.que faõ as pr incipaes»&: lhe na© faltara ne-
uhtía peça pequena, nem grande.
3
Dous preceitos ha de guardar o foldado fem falkncia,
que faõ a ordem, que fc lhe de f,&: obediência a feus officiaes:
Mardeu Capitaõ Carchaginenfé mandou enforcar feu filho,
que tinha defterrado por naõ lhe obedecer, & dizia o ptegaõ,
a hum Capiraõ
' - - - por defebedeca
que o maadaua enforcar
- -
-
Cac-
da obrigação dos foldaâos. z
Carchagínení^parecendolhe maior crime, que o de naõ obe-
decer a feupay,p3rque aobediencia,quefe tem aoCapicaõhe
vctltdade. comum, que he pay de patna.pois he amparo delia,
U afsi foy appellídado Camillo por Roma quando a liurou
,

dos Gâilos & a do pay he refp^to pamculafiFabío Máximo,


;

fendo Conful, porque feu pay eftapdo ã cauaílo paliou por


elle,&lhe naõ guardou o refpeico,que fe guardaua aos Con-
íules mandou ao I í&or que fizefíe íeu oífieío, o qual o fez a-
f

pear,& elle difie ao filho que paííara daqudle modo, porque


quifera ver fe conhecia que era Confu), pello que mais obe-
diência fe deus ao Capitaõ,que ao pay porque he cam grande
o crime da defobedíencia naguerra,qne por pequeno,que fe-
ja he digno de morce,porquc he cerco, que quem naô labe o-
bedecer, não faberá mandar ; & quem ifto guardar poderá op-
porfea qualquer oífício de milícia, Sc ferà chamado Sc eido ,

por foldado honrado, & por iíío ha de fer obediente aos mã-
dados de feus officiaes.no que coca aoferuíço dtlRey,& de no
nhum modo ha de refufar o que lhe for mandado inda quo ,

não tenha ohrigaçaò de o fazer, &defpoi$fe enrender, q naõ


cftaua a iffo obrigado poderá com boa razaõ dizelo a íeus of-
ficiaes maiores para que oucra vez o naó occupé, no que lhe
naõ coca, SC de nenhum modo o dia, que for de guarda ha de
fair delia fem licença de algum de feus officiaes.

4 Tem obngaçaõ de laber o nome das coufas de guerra,'


que faõ neccFarLs i ordem, para queeftejaõ auííados do que
haõ fazer em fujsGómpanhias,que faõ as fegu inces Bando
.

he quando o General ou Coronel , ou Meftre de Campo


,

manda algua ordem, a qual fe ha de guardar & comprír


,

puncualmenre na forma delia, & o meíme he fe ó mandar o


Capítaó.ou Alferez, ou qualquer official que feja cabo onde
o pcflá mandar. PaíTa palaura,he dizer a primeira fileira
a ordem, que o Coronel manda ou o Sargento mór ou
, t

oucró official,que a poffia dar^elladizeilo á fegunda, Sc a fe-


gunda á cerçeua , que fe irá eoncinuando com grande
breuT
Jbecedario militar.
breuUadejcfla palaura ha de paíTar de boca em bocapelios
foldados em cada fileira do corno direito, cè chegar ao ca bo ;
a qu ,1 fileira, em que vay oCapicáo diante íe chama vanguac
da, &í as mais fe feguem ,& a vk:ma fiieira fe chama Reta-
guarda a qual hecaru honradá como a Vanguarda, & muitas
veZwS acontece paíTar o Capkãoâ Retaguarda, q>e fica lendo
Vanguarda, virando os foldados as caras, & a Vanguarda fi-
ca fendo Retaguarda. Alahe poremfe os foldados homòro
coai hombíojuaròs huns dos oacios, Fileira he irem os foi

dados em ordem apar poucos oa muitos


(
Fazer alto,hc cf-
rar quedos . Marchar, he andar depreftrou deuagar com
forme cocar o tambor, Eflar for te,he citar firme, fem fe bo-
lír. Recirar, he cornat atras tendo porem fempre
a caia ao

inimigo fe eftiuer perto. Dar hua carga ,


he difr
ararem
todos juntos. Arma, arma , hccftac preíles para dar ba-
talha; & tudoíílo temo foldado obngaçaó de entendera
coque de atambor,& o Capitaõ dc os faber mandar , hí o tam-
bor de o faber cocar cada toque depe* fy. Naé feja c foldado
amigo de meter cizania enrre osfoldadoSjO que ouuir dizer a
dizer a outro ,quefe naó fiaraó delle > nem cs
hum meírnos
feus am<gos,&: camaradas, & dc todos fera
aborrecido.

5
O toldado naõ ha de jurar, nem por imaginaçaõ,por-
que he peccado de que nofíb Senhor fe oftende muito, &C
,

fe cem viflo muito grandes caftígõs por


fua duiína maõ em

alguns,que tiuerao efte rnao coílume de que temos exemplo


,

cm hum Capicaò, que tragou a lingoa, & outros que morre-


rão apreíFadamentc feridos nabocafend© notados deite
vi-
nas oeca-
cio , que pofto íe cenhaõ vifto alguns defaímados
fioés íerem valentes. A rcgta géral & mais
verdadena he,
que o foldado que na oceafiaò da p leja leuar fua conLien-
,

cia quieta indoconfeífado , & com osa&osde Chuftaõ ,


por

fem duuida fe tem que ferã ajudado de Dcos & mais valei
,
o-

famence pdejari,&fe epporà ao petigo porq fc morre na 5


,

que fe
he para fempre como o que ellà em peccado mortal ,
moiro
dl obrigação dos foldadoi. 3
©
motre vay condenado, & iftobaíh acerca defte ponto, que o
diabo cem introduzido entre foidados neeios tendo por va-
lentes,aos que peccando fe atreuema Dcos, & he certo, que
fe tem experimentado & vifto nas occafioés que os que na
,

paz faõ juradores & aeucíladores & valentões, nascepanhías,


l )

o dia, que ouucm aífouiar os pelouros pellas orelhas cobraô


grande temor & faõ afronta de fua naçaõ. Hade tratar tl
,
,

conuerfar com foidados dc boa vída^oílumes^ fama,& ferà


honrado como i lies , &c fetiuer algum vicíOjOu mà ínclinaçao
felhe cirarà,còm a conuerfaçao & bom
proceder dos caes.
,

Guardef de trarar com gente de rapina, não feja preguiçofo,


nem durma muíco,que he mao coftume para foldad^ôc naõ
ferà cílimado, fejacutiofo de faber bem iugar as armas que ,

he parte muic© nece aría afsipiquejComocfpada, &daga,ro-


cklla.arcabuz ^mofquere, que para nfanraríaimporca mui-
to. Também Íaberá/Caualgar em cauallo ágineta^eílradio.
ta, 6c ennítar bua lança para quando fe lhe offerecer que tudo
lhe pode fer necenfario para algum cffcito, 6c álem de fer vircu
de,he meyo proueítofojmediante o qual
terá lugar com os no
bres eftímado. §erà muito curiofo & vigilante
Sc delies ferá
í

dofazer fua guarda afsí de pofl^eomo de Acalaya,& cencine-


la em qualquer pefto,qne o poferem,que he a principal obrí-
gaçaò,que ct m. Guatdtfede dormir, que fe for achado por
qualquer ofhcial o pode matar & lançar do muro abaixo, co
mo fez Piratcs em Corintho rodando as guardas daqueTa ci
dade,que a hum que achou dofmínd o o matou bí he cam be t
}
efpccíe de crtiçaõ & quando menos eaflígo lhedaõ,
he mete-
lo em hum ceifo penduralo publicamente no corpo de
, 6c
guarda } efl:a jfronta fe Jhe faz porque ja não he bom para o
feruiço deRcy porque fe dormio na pefta,& por lhe naõ da-
rem a morte Jhe daõ tal caftigo. O
Capitolio Romano fora
ganhado pellos Gálios fe os pacos, ou ades não acordará© as
,

polias que dotmiaõ & por iffo A lexandie era tam vigilanrc,
que dormia com húa pela de chumbo na maõcorn hum bra-
ço
mm
Abccedario militar
pára que coin
ço fora c?o leito,& hua bacia de metal debaixo
de feu meílre Ariíloteles,
o eftrondo aeordaíTe fendo liçaõ
fono enfraquece os efpirscus dos ho-
que diz que o muíco
,

ds aprender dos officiaes pa-


mens. Tenha muíco cuidado
aos officios honrofos, náo fejafalador,nem arrogan-
ra fubir
te, que fera mal quiílo, & guatdefe
de afrontara peíloaalgúa,
*L que nao terá hora de fono defcanfada, a dihgencia q pufer
quãdo ouuer oo-
& 3

em fe guardar poraõ outros em o bufcar, &


cafiaõi oífenda com a efpada,& não com a lingoa, te- Nem
que be
nha palauras, nem differenças no corpo de guarda
!

pouco refpeito, que ferem aoRey &ferâ caftígado de feus,

II officiaes,& tídopor^cobardejporque fe fabe, queali naõ po-


de brigar fenão quem perder a vida. Com os hofpedes aon-
não he
de poufar,não renha difíerenças,nem oscrace mal que
o agafalha,& twer razaõ,
de foldado hõrado agrauar, que fe

peça a feu offic/al,que o mude daquella poufada & fobre tu- ,

muito que he parte, que importa ao foldado


do feja fecrcto ,

honrado. Procure ter por camaradas foldàdos honrados da


boa fama,& coílumeSjde que poflfa aprender, & por nenhum
com elles,fenaô tratalos com coda a lhano
eafo ha de quebrar
za,verdace,&: lealdade, como irmãos.
6 Não ha coufa ,
que mais aparte a amizade dos Colda-
dos^migoSj&caniaradas^ue porfiar^ afsi o foldado honra.
J!«í dq,que quer conferuar amigos > não fe ponha em queftão de
porfias com de por vencido dos mais votos
cl cs, antes fe
í
,
&
dos menos ainda, que entenda tem razão. Guardeíè
dc to-
amigo tratar porque>diíTo le leuan-
car em molher, que feu ;

mais, que por ou


taõ grandes inimizades, & fecoftumão raarar
cadahum não quer para fy não o faça a
tra coufa & o
,
que
feus camaradas. E cambem íc guarde de
tomar moço de ou
eofíumao
tro foldado, fem licença de feu amo, que por íílb

fuceeder grandes diferenças, & inimizades,


&he mal feito,
que outrem lhe tomo &
que hum foldado fique fem feruiço,
fouber, que o não ha de receber ou-
fm cnado,& fe o criado

V
, i 'w ‘

wtsm
da obrigação dos foldados.
3 I
tro foldado.procurarà feruir bem,& ferfiel a feuamo,& quâ"
do fe forjerá cõfua licença. Tenha porcoftume recolherfê
à fua bandeira ao primeiro toque doatambor, em efpecia 1 fe
for em companhia de arcabuzeiros, & cambe dos inais,& naõ
darà occaíiaõ a feus officiaes o reprehendeíé,& cafl igaré/an-
teso ceraõ cm boa conta>& Jhe teiaõ refpeico. Onde o puze-
rern de pofta ha de eftar com muito cuidado , & vjgdancía.
E por nenhum cafp faya da ordem, que lhe der ofeu official
& íe algüa coufa fucceder,& vir, queconuemao feruíço dei
Rey aujzaràlogo ao Teu official por outro fo Jdüdo para quo
lhe dé o remedio neceílario. E naõ ha de deixar a pofta, em
quceftiuer de noite, nem de dia fem que o mude o official a ,

que toca,nem duuide de ir aonde o mandarem feus officiaes,


que lhe perderam a corcczia com razaõ, ainda que feja Cabo
deefquadra.&aduirtafe quceftando de noite de pofta naõ dei
xc entrat, nem chegar aellepeííba algüa fem que lhe dé o no
me indi que feja conhecído,ou feu prrprío Capíraõ.cu Sar-
gento mordera o feu Coronel òc íe for o Capitaõ General
,

menos, que ourroalgum.


7 O
foldado honrado, 5: de primor não ha de confentir
q
em íua prefença fe diga mal de feus officiaes maiores, ou me*
y

nores,que também ofaõ delRey.que he mao coftume.ôepou-


ca corte? ia, & menos faber dizer mal de quem eftá obrigado
a defender & o ha de mandar & gcuernar , antes o ha de
, ,

honrar, & refpcirar ainda que o foldado feja muito nobre,


& fidalgo, & o o fH ciai o naõ feja canto porque bafta fecj

minifho Rey & #adâhum folgará fe


dei vfe com elle
outro tanto tomando exemplo dos grandes & afsmalados
,

Capitars,
8 Não faça força a nenhua molher ainda que feja adiada
em terra ae inimigos rebeldes vencidos á força de armas^
,

nem em ourra parce.quc hc muita falca de fua nação,&ofFcn-


fa de Deos, & dei Rey ,
& fera ptiuado da vida com infamia
k fe queixarem d JIc a feu official por menor ,
que feja,

Se o
-'-rWíSí

Abecedario militar .

Alferez, ou Sargento , oa
Sí o f«a Capitaõ, Sargento tnaior,
Cabo ds cfqiadra lançar maõ i efpada, ou infigma,
que eras
razaõ fujaihè,
pata o caíligarcom coiera,inda que não renha
'

naõ lhe replique, nem ofpereerh quanto o feguir >nem


^ lhe

* fe fie
vifto
Capitaó
opmiaõ
em húa fulfa que
nem fe auec eícrico tal
General de quantos
alguris
,
cem para‘ íi fem a ter

cxemplô^de Rcy.Emperador né
ouue no rtmndo.que baila fugir
poique lhe naõ
vinte ou trinca paífos pata ficar defobaigado ,
fugir te feafaftac
baftari & cem obrigação de obcdeeer,Qu
,

lembre da cfpada, nem de


de codo,& aduircafe que fe não
fua
>&fe defender, que ihecu-
outra arma algüa para lhe refiftic

porque ainda que o officia! não he mais que nu


ílarà a vida,
homem ha defec refpcicadoem tudo , o que manda com
au.
no que co-
thoridade Real,& por tanto ha de fer obedecido,
car ao íeruiço dclRey em dia de Terço, ou
de batalha & no ,

exercito tem a mefma obrigaçáo,porque afsi conuem ao fer,

uiço delRey o nào fizer fera caftígado em continente,


,
& fe

que alí não ha lugar de prifaõ, nem informação.


Nao ha de
Companhia a correr a cerra ainda que de íninn-
fairda fua ,

poffa dar co-


cros, fem licença de feu Capicão,oudc quem lha
ncoefsida-
tra obando queeftâ lançado, & fe a cafo fahir por
de não feja cabeça porque o pagará
com a vida na primeira
que tocar que he i5at-
aruore,qae fe offeiecer peilo ofíicial a ,

rachei de Campanha.
que
9 Soldado honrado não ha de comer na cauerna,
O
em húa tarde, que te
he mao coftume,& afronta fua,8í gaita o
ou tomando que he
paia ouco dias, &defpois fica pednWo, ,

peot no que perde fua reputação. foldado O quando entrar

que aja licença para a faqveat aul-


emtérta de inimigos inda
que nas Igrejas, potquefèra ca-
zefe que não toque.no eftíuer
filem difio oieta
ftigtdo tigucofamcnte de feus officiaes Sc ,

offemlido.
também de Oeosnollo Senhot que fe auetà pot ,

Rey da Peifia le diz


Cambifes Gentio filho do maior Cito
que foy. pello pouso
cafligado refpeito, que teue cm querec
di obrigação dos JoUados. 52
deftruir 0 templo de Júpiter Hammon com hum exercito de
íincoenta mil homés,&eílando todos comendo, &
defeançan
do fe leuancou hum grande pè de vento com que ficarão to-
,

dos debaixo da area fem efeapar hum sò (como díz Ándrc


Eborenfe) & que afsi o affumarão osvezinhos habitantes por
todos aquelles areais.
10 O
Soldado honrado não ha de jugar fobre as armas
,

porque he cerco que fem ellasíe não pódefèruit bem aelRey,


nem tampouco jugar veftídoSjUem fobre elles, nem fobre pa-
laura.que he cauía de perder ocredito. A
nenhum foldadp,
conuem anoitecer fora de íeu quartel, onde eíliuer fu a ban-
deira, fem licença de quem lha pode dar,quer feja exercico.ou
alojamento.
A mor parte dos foldados nouos>& outros pouco confide-
rados lhe parece .
que por cíte arre de mílicía armar a todos,
lhe não conuem mais, que eftar de guarda com feu arcabuz,
ou pique ás coitas fem maisconíideração, que efperar,que fe
acabe o mes para receber paga, ou focorro,
& quando feus of*
ficiaes ou o foldado velho os reprehéde,&
amfa de algúa falta,
& lhes dizem o que deue fazer,fe rí diffo fazendo zombaria,
,
de quem lho díz, &: não entendem os taes ignorantes,
que efta
arte militar tem so em fy mais pontosde
guardar, do que cem
tedas as leys, que lhe não declaro aqui, por lhe
1
não parecer
r
importuno.

Do que pertence aos Cojjoktes , O*


Tjqueiros

A Vendo detratar dos foldados/arei primeiro menção


dos piqueiros. como armas mais
mo diz
antigas porque
o Capitão Pauia que os Africanos forão
primeiros, que lcuarão varas com as pontas
pelejarão com os Egipcios^ outros dizem
os
de ferro quando
co-

que os Sguiçaro s
forã 0
Ahecedaríc militar
para fe defenderem
focáo os inuentores delias naõ fomente
dos acometimentos da gente de cauallo , mas também para
meyodeftas armas tem elles tanta ouíadia
vencellos,8c por
quinze, ou vinte mil homens das feus em boa ordem
que
fc oppoem a hum grande exercito de gente de cauallo, como
mofttatáo, 8C fueraõ em Noara ,
8: em Marinhaó.Os exem-
plos da virtude, 8C esforço, que cfta
gente tem moftrado era
quedefpois da jornada dei Rey de França
armas, foycaula,
mais nações os tem feguido, 8c em efpecial
Catlos Outauo.as
os Icalianos,8c Alemaés, 8C Hefpanhoes que tem chegado a
,

repuraçaõ.V ahi he rteeeíTario trabalhar por aptendec


grande
cfta arte, com que facilmente
nos poffamos defender de cada
fazer iftohenecefla-
naçaó.K preferimos a todos; 8c para fe
bemoscorpos dos foldados para que pot-
tioatmat muito
mais difficulcofo o fetem vencidos,
faá fofteros golpes, 8c fer

defotdenadosefpecialmente as fileiras de diante , Sc codos


8c
fe he pofsiuel cadahum
fegundo as armas, que leuat.as quaes
deuem fet hum bem comprido de todas as peças
GoíTollete
elpaldar,motriao,aelpa
efcarcellas, braçais, manoplas, peito,
Caftella, <1 QC U'
naõ muito comptida.masda marca de nem ^
Francefes,
cingida no cinto, nem tam alta como
vfao os
naõ embaraçar o fokhmo
ram baixa, como os Alemaés por
a poffa leuar da cinta com
ua l

que deue ficar cm modo, que


fempre ha de leuar daga que he
sò mão eftmdo atroado, 8c
,

delia cm alguanecefsida-
he muito neccffana para fe ajudar
d
i

U pique ha
O na ac comprido, ^
ici buuipnuu,
de fer 8C também 7
maneira

alabar da qua
que fe en-
*

armar de
do feruir com ella, 8c fe deuem que el-
não a ligeira
tenda delles que querem bem pelejar,
8C ,

cm vencer porque vao mal


tes fe occupaõ mais em
fugir, que
o exemplo dos Romanos, que ar.
armados, mas deuefe tomar
foldados para as batalhas com as
armas mais pela-
mauão os
firmes contia os
das que achauão para queeftiueíTem mais
fugindo lenao
inimigos porq afsi não cuidauão em
fc (aluar ,
âoi CofioUetes Ti queirós. ^
fcmvencsc os inimigos alcançando vitoria ou morrer no ,

campo, & afsifo queixaua Vegeeio porque os foldados do feu


tempo hiaõ armados à ligeira , Si naõ ímicauaõ aos antigos,
que fobrepujauaõ a todos feus inimigos por eaufa de ferem
bem armados, porque os deíàrmados ordinariamente fi-
caõ vencidos nas batalhas * Sc fe os noífos querem fer cídós
por valentes, mais que todos ; he necefTaúo, que fe armem
o melhor que for poísiucl, afsí os que haõ de fer a força das
,

baralhas , como os Arcabuzeiros , que haõ de andar nas cf-


5

caramuças para aísi darem mais trabalho acsimigos, & f<i


defenderem delles, & terem mais ferças para lhe poderem
lefíftir.

A principal coufa de que ofoldado ha dc vfar he guardar


ordem ,
Sc eftar feguro no lugarem que for pofto por feus
porque náo ha maior dcfordcm,&:fraqueza no foi»
cfficíaes,
dado, que quebrar a ordem que lhe eftá dada , Sc defamparar
o lugar em que foy pofto por qualquer modo que feja perque
quanto maisartíícado mais honra alcança.
z Efte genero de arma de pique eftá oje cam perfeíçoa-
do que lhe chamaõ Rcy de todas as armas, Sc hc a mais anti-
ga delias, Sc diz o Capicaõ Pardo que os Macedonios hiaõ á
guerra com
piques de vinte Sc ©uto palmos &c muito forni-
,

dos , que eraõ tam deliberados na guerra que naõ confen-


Sc

tiaõ ferê metidos nos centros dos cfquadrões.fenão nos luga-


res mais perigofos & afsi quãto mais cõprido for maisfauo-
}

recetá os cõpanheiros,quc em cfquadraõ calara© os piques as


mais filcíras,q pó deré pâfa oíFcndc r o imigo,porq sédo dc me
nos compriraenco naõ pòdé chegar a offender mais,q a pri-
maira/egúda, terceira fileira], Sc a quarta naõ fará cfFc nfa ao
inimigo, nem defenfa à primeira fileira fe naò for do dito cõ
primento ; Sc dizBernardino Efcalante no feu Dialogo
terceiro folio 16. que o pique, Sc coffollerc he de (mais ef«
cima por genero de arma a mór firmeza do campo,
íèrefte
& o vfaráo os Suíços primeiro cm noífos cemposàimicaçaò
-
£ dos
Jbeccdario militar
que os eraziaõ muy
dos foldados antigos de Macedonía ,

grofios
eompndos como tenho dito,- para fe defenderem dos
corriaõ,& rcu
vandos de cauallos Aiemaés feus vifinhos.que
com que foraõ refreados feus ímpetos,
bauaõ feus campos ,
exércitos.
Sc delles vfaóagora osgroffosefquadtões.ír firmes
fullétado com a mao,
O trazer do pique he íobre o horobro
ha de eflar perto
Sl com boa graça , Sc a mão que o fufienta
leuantado para rom,
do hombro Sc o cotouello hum pouco
,

que fica liure, ha de trazer atras fobre a daga


& nao
Ka nuõ,
o,
eftendida para baixo, que parece hum homem muy
defaito
hum pique em lua
Sc he para ver hum Toldado,
que fabe leuar
deuida pcrfciçaõ. . .

Os no cabo das Weiras


foldados, que nas ordés forem
3
fora femnun-
haõ de leuar cs piques no hombro da banda de
para
ca os mudarem Sc os que vaõ dentro tem liberdade
,

maò atras
os leuarem no direito Se também haõ
,
de leuar a
Sc caminhar haõ de ir com
os
fobreadaga. No marchar ,

alta.com o paflô graue, ©s o hos


po»
corpos direitos, a cabeça
11 e
fileira eroqhade ir
ftos nos cõpanheitos.afsi da mefma
mouiment
tdjcomo na que vay diante, Sc todos os pafíbs.êc
ou caminhe
Ó cila fizer, ha de fazer a oucra fileira, q a fegue,
tocar o tabor, Sc muito direi
depreíTa, ou de vagar, conforme
o ouuido K
toscodoshuns dosouttos. Haõ de leuar pofto ,

que tempo
fentidono tábor.fem falarem, nem conueifarem,
pique no hombro
ha paia o poderem fazer. Haõ de leuar o
companheiro»
com o conto, em altura da cmua da perna do direitos
todos iraó de hú mefmo cópríméto.Se
q vay diante, & como fazem a -
não
cõ fu a perna da parte cm que os leuar Sc
parecem dgacs,
onns que os teuaõ altes.gc outros baixos, que
haõ de dato paflo nó mefmo tempo que
%c todos os da fileira
foradrrà que fabe
he fcrroofo.Êí parece bem , SC quem vir de
fer foldados. ,

hunsdfS outros de hombro a hombro


j. A largura de
húa vataCaflclhana Sc de^conv
quatro pés # que vem a fer ,
dos (^oJJ~ol[etes>&- ‘Piqueiros.
prido de peito a efpaldat hum pique &: meyo, ifto marcban-
do, que em efquadraõ eítaram na forma, em que os ordenar o
Sargento maSor, que feram fece de peito a efpaidar , os tres&
de hombro hombro.
a

f
Quando oCapicaõ, ou outro official fizer final que
aruorem os piques ha de aruorar a primeira fileira ,
& como
çlla fizer fará a fegiinda,& o mefmo fará a cercei râ, & a quar-
ta, &os mais, que fe feguem,& afsi iraõ aruorando cada filei,

ra per fi,o que faram no lugar onde aruorou a primeira, fe fo-


rem marchando : & efta ordem fe deue guardar em fazer
calar os piques, & abaixalos fem auer confufaõ , & cendoa fe
veram os erros de cada hum, que por lhe naõ ferem notados
procuraraõ acercar, o q naõfaram quãdo todos aruoraõ,ou ca
la 5 os piques juntos,porque entam fe naõ vé ram claro o er-
ro, que cadahum faz,ôc quando o foldado aruorar o pique ha
de virar hum pouco o rofhrcom hum g iro do corpo , & cõ
boa graça olhandopua a ponta do pique, como fe não olhaf
fe para ver por onde o ha de calar, aruorar, & abater & para
;

acuorar ha decorrer com a maõ efquecda do meyo do pique


para o conto & fazer com ella contrapefo .& kuantar o pique
com a maõ direica eftendendo o braço para o ferro para ar-
uorar cõ graça,& gcito.q nlo ha mifter de fazer força pegan-
do fempre no pique com a maõ toda & naõ com as pontas
,

dos dedos, q não hegrauidade, cõ a qual lhe pôde cahir o pi-


que.Nio o cncoífe à cabeça/enão direito no hõbro,& afafta-
do della,que he feo,& fe fence auer fraqueza. Todos os Tolda-
dos de cada fileira haõ de aruorar & abacer os piques em hu
,

mefmo cépo, & todas as vezes, q feofFerecer enrrar de guarda,


ou íihir delia, & em'qualquec occafiaõ,q tomar o pique hade
andar tres paíTos com elle aruorado na m aõ,o
q fe faz afsi pa-
ra fe abater com
graça, como para fe a^aftar dos companhei-
ros por lhenão dar com ella na cabeça, ou lhe tirar hü olho,
& abatela no hombro com o fencicjo nos companheiros co-
mo eftá dito,
E ^ 6 Eu-
Abccedârio militar
6 Entrando a Companhia de guarda nao ha de largai

o pique da maõ atè naõ pór a bandeira em feu lugar, & cn-
fe

tam fe poraõ os piques ao lõgo delia,& ao faír aCõpanhia da


guarda naõ haõ de tomar os piques na maõ fenaõ
quando o
Alfetez tomar a bandeira, & aísi em os largar ,
como em os
dos piques todos os rooai-
tomar haõ de fazer os foldados
mentos, que fizer g Alfcrez, ou o embandeirado com a
ban-
piques cem mais obngaçaõ de guardar a
deira porque
,
os
Defpcis
bandeira que os Arcabuzeiros, nem Mofqucteiros.
Cofíblletes do
de entrada a Companhia dc guarda naõ haõ os
mais que dos braçais & rourrioes, porque fam
defarmarfe ,

obrigados a cftar com efpaldar , & peito téque o AlfertZ


lhe dé licença .
que ferà defpois de aucr tomado o nome,
& entretanto haõ de pafíear pella praça dc armas, P c ^"?
Corpo de guarda , porque o foldado armado parece mal
al-

femaJo ; 5: quando ouuer dc comer armado, ha de fer arri-


mado, ou cncoftado,& defpois que o Alferez fe defarmar o fâ
sara também os foldados Coflolleces pòrcm haõ de ficat
fempiecem agola, 5d lembrolhe que atragaõ fechada^ nao
na boa mi«
aberta; que o naõ podem fazer nem fe ccíluma ,

foldados cm qnanto eftíuerem de guarda nao hao


liciâ.
'
Os
de nazer roupeta apertada comcmto*fobte as armas, nem ío-
bre a gola porque fe ,
offerecerá occaíiaõ deprcíTa „ que nao
poderá tirar o cinto , & roupeta,& codas as vezes que
eftíuel

de guarda ha de eftar em corpo fe não chouer, & cam apare-


vifta para ot-
lhado^ promptocomo fe o inimigo eíliaera à
fendelo,ou fe defcnder & quando por razaõ do frio, ou chuua
5

trouxerronpeta naõ ha de fer apertada com o cinto, fenaõ a*


*
bersa que af> ihe efhllo na boa milícia*
eftiuetê peitos em efquadra© cõtra
y Quando os foldados
os inimigos de Caualiaria.que os querem cometer por naõ fc
íem rotos haõ dc fincar o conto do pique no pè direito & ,

com o pè efquecdo adiãte firme, & as maõs pcftas em o mcyo


r ?^° do inimigo*
do píquecom aposse 3 cata para fora
i ioíCoJsol/etes , Ç ‘Pqueiros.
direito aos peitos djs cauaiios,
A ponta do pique ha deeftac
t^ue fendo mortos, o feraõ cambem feus donos porque com
j

acmas, efporas, lança, & a pé mal fe poderam bclir. E fe fi-


zer força para romper o efquadraõ lançará araaó direita 2
efpada por cima do pique , òt do braço efquerdo, que eíhrà
prcftcs.ôr curta como eftá dito para que eom a roaõ direita
a poííaleuar, tendo o pique com a maõ efquerda firme ao
pc direito, & com a efpada na maõ ferir o inimigo emparan*
dofTe debaixo do pique, comorefere o Capitaõ Pauia foi. $2,

ôc Vafcoucellos liuro primeiro folio 9 9. diz que para Sei-

piaó ganhar a batalha, emquevenceo a Aníbal mandou


que os Piqueiros fe abtidern, òc deíxaífem paífar os Elefan-
tes,que efperauão com os contos dos piques no chaõ como
agora fe efpera a cauallana fwppofloque alguns Capicaés, &
:

Sargentos mores faõ de oacro parecer, oq nao he muito q na


guerra fempre fe enconcraõ as opiniões, como fe vio em doug
valcrofos Capitães ÁfFoníb de Albuquerque,& Dõ Francifco
de Almeida fobre o modo com que fe melhor eonferuana o
Eftado da índia: & afsicadahum efeolha a opiniaõ , que me-
lhor lhe parecer, mas encontrando a Cauallariade Couraças
ao efquadraõ com os piques na maõ dará com ellesem terra,
o que não fará fe os tiuer com os concos no chaõ firmes Sc ,

os mais dos Autorcs,qnctem eferito fam defta opinião co-


mo tenho apontado no que acima cenho referido. E que-
rendo combater com outro efquadraõ léuaram os piques
muito juntos que não poíTa caber encre elleshum foldado,
& para darem golpe no imigo com maisforça ham de leuac
os piques encoftados aos peitos com a raao efquerda dia«-
ceem o meyo do pique ,
&: com a direita correr o pique té
chegar com eila ao braço efquerdo , & chegar a mão por on-
de o pique ha de correr, & no mefmo tépo juntar o pê direi-
to ao efquerdo cõhugeito do corpo,com
q dará grãde golpo
no imigo, & lhe romperá as armas ficãdo acras da mão direi-
ta quatro palmos cfc piqu^para contrapefac opefoquefor

3 adiante
Abeceâario militar
a ligeireza recolher õ pique para outra
adiante, & poder com
vez dar coro prefteza ftgundo , &
terceiro golpe, &
bote no

ímigo,& os manque poder j


ha de fer
1
&
com tanta prefteza

que lhe não ha de dat tempo para lhe pegar no pique como
tem acontecido por vezes^porque eftando no cerco de
Maza
gaõ humíbldado esforçado feiíndo" nos inimigos com íoi
pique , que eftauaõ iguaes do muro com húa montanha
de
Mouros no pique com tanta força que
terra,lhe pegarão os
pique
efteuearrifcado a fe lançar entre eiles por naõlaigar o
9

Deos não ajudara com forças para lho arrãear das mãos,
fe o
como vé do tratado do dito cerco.
fe

8 Todos os Autores, que efcreueráo dearte militar con-


cluem quê as Companhias ha© de ter duas partes de folda-
des piqueircs,& outras duas de armas de fogo de Arcabuzcí-
ros,& Mofqueteiros & todos affirmaõ que os foldados Cof-
,

folíetes faõ mais honrados que os outros porque nos piques


.

confifte a força do efquadraõ,para o q«e os foldados Coífol-


íetes deuem ir bem armados que lhe não falte
peça algua,,
de muitas fétidas^ afsi o diz
porque liuraõ aos que os trazem
D.Sancho de Landonho no feu tratado fol.9.

9 Também faõ neceííatios Piqueírcs defarmados para


muitas occaíiões que fe offerecercm ,irem coro
Arcabuzeircs
por onde naõ pódem ir os Goílolletes armados com tanta
feguír cs inimigos fe rorem
piefteza^em gente de cauallo a
desbaratados, & irlheno alcance, & torr ar hum paílodef im-
não podem os Arcabuzeircs fem piques
portância a que
,
ir
elks
por muitos tefpeitos porque oi migo pode virar fobre
,

com a gente de cauallo , & fem piques correm mu ico perigo


outei-
afe defenderem fe for em campo[iafo que feachaíFem }

aruoredos patos^rn que a caualla


ros, &vallados vinhas,&
s
rr

dc
ria naõ pudeííe entrar entaõ fícariaõ os Arcabuzeircs
'
,

tcoos
melhor partido que os de Cauallo, 3c nifto concordaõ
Autores que das duas partes dos piques ha de fer a terça
os
patte dçlles defarmados com feus niurncês na
cabeça fómen
dos (joJfolletei > 0'Tiqueiros, $6
tecLbaíxo da barba.
10 E pofto que digo acima què os foldados quando en-
trarem de guarda ou fairem delia haõ de aruorar os piques,
,

& darcom ellcscres paííoscodauía diz Dom Sancho de Lan-


donhofol. 8 que por nenhum modo deuem dar os paííds co
.

os piques aruorados por fe não verem as ínhabílidades dos,


que o não foubsrem leuar, Efta opiniaõ fe approua com os
Terços,que paífarão per anccfuas Mageftades Dom Feiippe
o primeiro defte Reyno a fenhora Raynha Dona Anna
no Campo de.CanciJhena junco a Badajoz, afsiftindo tambo
o Duque de Alua rodo o exercito , ram perto que as peííoas
fe conheciaõ de rofto a rofto fendo o primeiro Terço de In-
fancaría,que paftbu o de Lombardia,que gouernauaDomPc-
dro de Soco Maior, que chegando defronte dc fuas Msgeft a-
des parou & aruorando o pique virou o rofto a fuas Magc-
,

ftades fazendo fuacorcczia com taes continências como cõ-


uinha cm cal lugar & acabando de a fazer calou o pique no
,

hombrofem dar paíTos comelle, & o mefrao fez a primeira


fileira.& tedas as mais feguinces(como diz o AlferezMarcun
de Aguilus fo). 56 .) pello que parece que quando a taes Mo
narchas fé não derão palies com os piques que cambem fe ef-
cufarádallos agora. Cadahum efeolha mfto , o que melhor
aduercmdo que fe for hua fileira de Capitaés ou
lh s parecer
,

foldados CoíT lletcs fe haõ de conformar a fazerem todos do


hum modo, porque fera muito feo em húa fileira darem hüs
os paftbs.& outros naõ.
11 Tambcm fe aduirte que quando falamos em fazeref-
quadraõ he sòdos piques armados & dcfarmados.& dcllesfe
,

faz a conca , & fecira a raizquadra & não de Arcabuzeiros


,
;
porque fe os caes efquadrões achaflera ficio ,& lugar, que ccní
elles fe encheftem naó feria nccelíarío guarnecei
os com arca
buzcria (como diz Aguilus, & outros Autores)
& que os Ar-
cabuzei resje ponhão em barrancos, &
outeiros , & vallados
donde ppftao offtndwr a cauallaria , & não ferem ©ffendidos^
Abccedârio militar
delia. prometi ferbreue,& vou fendo largo naõ
E porque
aos Piqueiios, Sí os lol-
iratodc outros pontos conuenientcs
naõ derem por fatisfeitos Sc forem
dados, que comeftes
,
fe
Osquaes
cutiofosopòdem ver nos Autorcsaqui apontados.
quinze ou vinte prques baila-
faó de tanta importância que ,

Sefe defenderem ce outo-


iaõ para com clles fazerem roflo,
embofcada_fairão para dcgoUr os
centos cauallos.quc de búa
Amiaés fattão a bufear erna, Sc aos
moços,queem oeetco de
falteados por mam a-
íoldados que osguardauáo, que fendo
Cauallaria fe fortificarão coro
<do dei Rey de França de fua
diffe o Aifetez
quinze ou vinte piques para efeaparem , Sc
refpond:do, que do mefmo
de que faria guarniçaó? Foylhe
es o
pano, como drz Dom Drogo de V íllalobos, Sc Benauí

E tratído em particular dos A rcabuzeiros, & Mofquètei-


íoiaõ acha-
rcsdtzo Cs pitâo Pauia fobpi. que eftas armas
Sc impor,
das ha pouco tempo ’U que faó de muito
,' fFetro i ,

comas trazerem foldados dèfiros, porque importa®


tancra
araisquinhentos deftes, que dons mil, que o nao fejao, quem
algum. Os arca-
contcctaõ com fazer eíhondo km effi. iro
bua me ma m
buzes deuemfet todos de húa marca Sc dè ,

neeefsidade pcfTzo e,u r

Bscaõ, para que ofrereccndofle


deuem pefat hnco ps-
pekmos de huns aosoutros,osquaes
louros hua quarta*

Da ohrigaçao cios Anahtt^irou

S Areabuzeires haõ de feroír


com bons arcabuzes
limpos, & que renhaô boa culatra &
que a ferpe jo- ,

poíía íuíteG-
eme bem ; ha de trazer bom cinto que
bclfacom pe-
lar aefpada.hafco, poluorinho com po uora ,

louros, facattapo.fuzd, pederneira, & rafbador, que lhe &


& que a mola feche bem
mo falte no arcabuz vaqueta ,
da obrigação dos Arcabugeiros. §7
frafco porque" naõ caya mais poluora que a neceílaría por
’>

não rebentar o arcabuz , que ferà em damno feu & dos, ,

que efliuerem junto de!le , & a efpadabem arrecadada ena


talabarte forre, para que qu. ndo correrem , &: fairarem trin-
cheiras,& vallados lhe não do cinto, de medo que có
falte fora

a maó direita a p.fía leuar da cinta tendo a\efqutrda occupa-


da com o arcabuz.
i O frafco fe traz arras no cinto porque melhor fe poffa
;

caminhar Acorrer, & porque lhe não caya algúafaifca de lu-


me de> murraõ que ha de traze racefo na maõ cíquercaem
,

duas pontas, em tempo de efearamuça, cu batalha, ou eílan»


do de guarda com as pontas por entre cs dedos para íóra das
coftas da maó, & não haõ de vfar de poita frafco que não ho ,

bom eflillo na guerra, & tanto que os offciaes o vem o cor-


ta©, porque nas corrídas,& efcaramuças.& em todo o maisgo
nero de excr cicio faõ de muito impedimento de todos os
Amores Ló tidos pot fuperíluos (como dizoCapitaõ Pauia
foi 5>4)
1 A bolfa eom o mais ncceíTirio nella ha de trazer no
cinco diante em direito da perna direita , & © poluorinho
encima, & o murrao encima ddle para que poíla eftoruae
qualquer faifea que lhe pode cahir & abrazar o foídado,,

como acontece cada hora , & em que fe ha de ter muito fen-


tido,

3
O arcabuz fe ha de trazer no hombro com boa graça
algum tanto atraucílado todos iguaes porque codas as ccu- ;

fas na arte militar parecem bem , & faõ proueitofas o Tol- , &
dado ha de pretender que fe faça conta de fua pcílea & va- ,

lor, & todas as pcífoas que fe não prezão de fy & do qno


, ,

fazem não podem scercar nem fazer coufa boa quanto


,

mais em armas , em os quaes fe vè logo os que faõ para


cilas.
Abecedaris militar.
©fficiaestodos os da primeira fileira haõ dedifparar a hum
tempo abaixando os arcabuzes 6c dííparac todos juntos alto
,

ao ár,8e náoém terra pello$!nconueniences,que muitas vezes


acontecem de fe Icuantar hua pedra SC dar na perna de quem
,

vav diante, & iu mefm* lugar ha de difparar aíegunda.&ter-


ceira,& qnarta fileira, & todiSas mais Dífparando,a primeira
coufa, que ha de fazer em abaixando o arcabuz do rofto , em
que o ha de meter para tomar o ponto como fe tirará ao ini-
miga, ha de círar o muríaõ,& polo na roaõ efquerda encre os
dedos comas pontas para fòra à coíii da maõ em que ha de
,

ter o arcabuz, & logo com a direita tomar o frafeo da


cinta,

Sc carregar porque o foldado ha de eftar fempre com o arca-


j

buz carregado com poluora fem pelouro, faluo for em tempo


de fofpeita ou que o ímígo eftitieíTe defronte, ou quando fo
,

vay de ronda ou eftíuer de pofta, ou em outras femeihantes


,

occaíiões,& não de outro modo pellos defaftres, que vem a a-


contecer , & fe naõ tiuer poluora para tornar a carregar deí-
pois de auer difparado ha de fingir que carrega pondo o fraf-
eo no arcabuz,& fazer codas as mais aparencias,com© fe fora
de verdade, ceuando com o polaarínho a efeorua^porque pa-
rece feo fe o naõ faz af5i,& cuidaõos que eftaõ de íorâ
que o
arcabuz eftâ carregado.
Drfparando na fileira não fe ha de deter, fenão difstmula-
damente abaixar o arcabnz com graça, foprando o murraó,
& calandoo na ferpe & abrir a coíTolleta encoftando o arca-
,

buz no encontro do hombro direito, & torrando o ponto,


que ha de fazer inda que atire ao ár, & nao teia o dedo pole-
gar fobre o cano do arcabuz, que eftorua o temar do ponto,
& parece mal,&: também he perigofojporque fe acertar de ar-
rebentar o arcabuz, podelhe kuar o dedo fora da tr.aõ, & em
difparando recolha a mecha com a maõ dircin,& metaa em
tre os dedosda maõ cfquecd 2 ,& torne a carregar como eftâ
,

dito.

o Os que andaò nos cabos das fileuashaõ de trazer os
3 '

Arca-
da obrigaçao dos Arcabu^eitos. 38
Arcabuzes da banda de fora, & ter fentido de irem direito da
fileira, que vay diante,& todos iguats , & onde diíparar a pri-

meira fileira difparara afegunda, terceira, & quarta &todas a


mais, que naõ difparaiaõ fenão naqaelle lugar. Indo marcha
do diante de algum official maior que efteja vendo haõ do
,

difparar ondecomeçar a primeira fileira como eftá dito íal;


,

uo for quando derem hõacargajOU quando algum quizer dif-


parar por feu gcfto : naõ indo neíla occafiaõ haõ de leuar o
morríaó arado debaixo da barba antes largo na cabeça que ,

aperrado porque afsi fentiram menos os golpes, que recebe-


,

rem pedradas^ outros. Haõ detrazero mortiaõ muito lim-


po^ luzente, porque parecem bem, & poem terror ao ini-
migo.
6 Todos os petrechos de frafcoSjbolfajpoluorfnbOj&muc
raõ fe haõ de trazer encima da roupeta & naó debaixo falyo
,

choucr pelios ter m a is prefies â maõ fem impedimento fô ,

algum fe defprezar de cs trazer defcubeitos nsõ merece go-


zar de fuas liberdades. E faõ de tanta importância os foi da-
dos Arcabuzeiros .^ScMofqueteíros dèflros, &pcftosem boa.
ordem que baíbáo para alcançar büa vidtcria indaquefbja
contra a furia da cauallaria Francèía como fe vio no cerco,
,

que fe pos a cidade de Dorlens pello Conde de Fontes? que


vendo o Duque de Bulhon General da Cauallaria Erancefâ
naqueila fronteira, que veyo febre a dita cidade de Dorlens
com numero, que delia ajuntou em duas tropas & dous m:I ,

peoés para fazerem leuantar o cerco ao Conde, que tinha fo*


bre a dica cidadc,& de outra rropa vinha por CapitaõoCon-
dcftable que leuaua híhs armas fortes todas douradas com
,

húa banda branca bordada & inuíftirão com tanta furia à


,

noíTa cauallaria que a romperão^ indo ja desbaratada,


& el-
les ccm arrogancia lhe fahío por hum lado ua manga
de A r
l

cabuzdrcs, & Mofqueteíros queda pnmeira carga matou


,

mais dc cem cauailos com que os noíTos cobrarão an mo i


,

dciãa lobie clles dc modo que os desbaratarão^ foy prefo o


dito
Abecedarir militar
feis foldadosem eotitc-
dito Condéftable.K eftando íinco.ou
chegou hum ComtíUrio
da de qual delles feria ptifioneiro
Cauallaria,8í diife em alta voz, Mata, mata, que inda nao
de
hia o Duque de Bulhou tugindo
he tempo de prifaõ potque,

elles.K logo
com o rcfto da cauallatia, & pod riavirac fobte refgate,8
aom fet pelToa de grande
o Condeftable foy motto
fuacelada Sí plumas foy leuada ao
,
Conde de Fontes, que a
eftimou muito por fer de tal peffoa : no que fe vè a obediên-
humjofficíal na guerra quenãotmerao
cia, que fc déuetec a
rcfpeito ao grande tefgace para deixarem de matar ao v-on-
mais de
delUble,cómo lhe foy mandado , em qae mortetão
France-
trezentos fenhores de Titulo & dos
dous mil peões
,

nenhum efeapou de motto, ou catiuo , como relata Bena-


fes,
importância faõ os Ac-
uides fol.ií. no que fe verá de quanta
Mofqueteitos, porque fó os Arcabuzciros po-
eabuzeiros ,8í
ftos em boa ordem tem poder
pata fe defender da cauallatia
Efcalante no terceiro Dialogo
inimiga. 8£ ainda mais moftra
com os inimi-
foU 7 que na batalha de Rauena temetetáo inimigos «a
inclinada a parte dos
gos, K vendo ja a viftoria
contra os piques de hu
lançarão com fuas efpadas,&: broqueis
groílb efquadraõ de Tudefcos da
banda negra & o rompe-
fe nao forao focorri.
rão fazendo nelles cruel matança que
vidonofa naoh-
dospclla Cauallatia Francefa,queandaua
poderão fahir pello meyo da
cata nenhum, Sc com tudo ífto
virtude des broqueis, qi
batalha liutes, o que faatnbuhio à
0 a "^ uo ao
fendo rodelas tiuetaó mais vantagem : . T*
que fem iffo fe nao alcan-
de feus ânimos. & ferem conformes
de Andrada com poucos
çará coufa boa & Dom Fernando
:

foldadosbifonhos, que leuaua de Hcfpanha em foctmo do


Betbcleta, poderão co
er aõ Capiraó,que eftaua ceteadoem
feu^broqueis desfázet os piques dos Tudefcos do m
cxerc.ro

Francefa tc que Monfiur


dc
mizo.&tromeera Cauallatia ,

deixandolhes o cam-
Vrbma feu General fe falualíe fugindo batalha
foi. 47-q« e n»
po Imre, Si diz mais Dialogo quarto
da obrigação dos Mofqueteiros. 3 p
de Pauia fetecentos Hcfpanhoes Arcabuzeiros desbaratarão
el Rey Francifco dc França que era a flor defua Caual-
,

Jana,& foy piefo com morte de muitos dc feus Capitacs,

Da obrigaçaÕ âos Mofqueteiros.


Tratando de Mofqueteiros
fe aduirte, que haõ dó

E fazer o mefmo
quceftá dito dos Arcabuzciros^or-
,

que tudo he hum exercício de fogo , 6c poluora,


auendo de difparar na fileira fc jaõ todes juncos em hum
&
lugar, & quando quizerem difpatar hum , cudous, ou tres
íè haõ de adiantar tres , ou quatro paílos & fincar a forqui-
,

lha que fem ella naõ haõ de difparar & calando o mof-
i ,

quete haõ de tomarlheo ponto fincando o couce do mof-


quete no hombro direito , & dcfpois de difparar dara
paífo eom o pé direico ,
5c irá juntameme com a maõ di-
reita tirando a mecha da ferpe 5 Sc virando o mefmo mof-
quete ,
6c dando aquella volta eom graça què he hum go-
,

ílo vê 11o,
i E cornará logo a carregar indo marchando, que quan-
do difparar companheiros eftaõ iguaes com clle que os
ja os
,
pafíos quedèu he
pello tempo, qucfcauiade deter, & naõ ha
de ficar atras , que parece muito mal,&- a forquilha ha de an-
dar fempre prefa com feu fiador metida no braço porquo
naõcaya: os Mofqueteiros faõ de muita importância 6c
,
que podem reíiftir à Cauallaría como fizerao cm Mon*» ,

chiei quando o Conde Ludouic© de NaíTau irmaó do


,

Príncipe de Orange vindo com fetc mil de cauallo


,
5c
hüa grande 6c larga forna de Infantaria cometerão aos
,
nof-
fos, que eraõ menos as duas parces, onde foy morto 1

6c ,
fua gente rota , 6c desbaratada o que fuccedeo defta j

maneira, que auendo oÇçndc Ludouíco dico a dous filhos


àç
Abecedarid militar
vinha come He,
do Conde Palatino que naqueíla occafiaõ
,

que os Hefpanhoes pelejauaõ pouco, &


nãoaguardauao a ca-

com grande nu
u a a r ia, hu m dei les arroga ntem
e n t e fe partio
1 1

mero delia a prouar a maõ com os Heípanhoes &,


muita di-

usrhdade de de trombetas baftardas, clarins ôc gai-


mu fica ,

tas, 5c atabales, de
que os daquella naçaõ muito fe ptezao, 5£
os inuc-
parecendolhe que os Mofqueceíros era gente fraca
que cornou fendo mais
iliojdos quaes foy cambem recebido
os inftrumentos paru o Con-
depreffa do que vey o deixando
que feu primo fe tinha aui
de Ludouíco.o qual parecendolhe
como Caualíeiro nouel quiz cambem
do com os Heípanhoes
vítima fortuna com os mefmos Molqueteiros os ,
ir prouar a
que a feu primo:
quaes o receberão com a mefraa vontade ,

porque o ferirão de morte, & fua' genccfoy


desbaratada, & di-
quanto im
go ífto por duas razões: A primeira porque fe veja
o que poderá trazer muitos exem-
porca a mofquetería, para
nas guerras de Flan-
plos do que os Mofqueceíros cem feito
auenguado o erro que ha neftas Companhia*
des.ohdc fica ,

mofquetes nellas como em


de Portugal afsi em auer poucos ,

naõ prefta para os menear A fe-


fe darem a gente inucil, que
:

pòdem ter os noAos


gunda íe pôde ver quam pouco partido
contra os Mofqueceíros de qne os
Arcabuzeiros pelejando
offcndem ao longe aonde os nof
inimigos vfaõ, que Com elles
Capicao
fos Arcabuzeiros naõ pòdem chegar, como relata o
Pardo foi 8. ,

de trazer lu
2 Os Arcabuzeiros^ Mofqueceíros naõ hao
impedimento-, nem haõ de ti
uas nem chinelas por naõ terem
coroendo.nem dormin.
rar feus frafcos,&: petrechos do
cinto,
modo algum porque íempre haõ de eftac
do nem por outro ;
nao ha de
préftes como fctmeílem o inimigo á vifta por iflo
de guarda faluo
mudar camifa, nem veftido em quanto eítá
dc-fahir em corpo de Guarda a ou-
eftiuer molhado, nem ha
;

outros diuínos officios porque ndie


tempo
uitMilfa,nem a ,

dc imporcancia^que na guerra n^o


podia fucceder fazer fa ca
da obrigação dos Mofqueteiros. 40
ha ora cerca. nem djzer naõ cuidei.
lílo fe ha de guardar na paz ao pe da letra com o rigor da
ley ôc quando tenha licença de feus offkiaes para ir oimic
MiíTa,& os diurnos officíos em tempo, que não prejudiquem
ao feruíço delRey a que o Toldado eftà obrigado do ponto,
,

que aílentou praça,& eftâ liftado na Companhia; porque em


takempo fera virtude irá Miíía^aoscffícios diuínos, &de
força o ha de fazer, que afsí conuem a todo Chíiftaõ.
T
odo o foldado cíià obrigado a conhecer cs toques do tã-
bor,& quando naõ fejaõ codosjia de conhecer os maísnecef-
farios^uedaõ marchar, lançar bando,tocar arrna,& recolher,
que fe os nao encende naõ pode acodir a fua obrigaçaõ Cem
*
facilidade^ ficará corrido de fe lhe faber efia falta.
5 Eftando de pofta dedia, ou de noite o muro, ou as arJ
rnas.ou q ualquer outra parte com nome,ou fem ellc ha
de ef-
tar sò paííeando em corpo fe naõ chouer para
t queeftejaõ co
o fenttdoprompto ao que importa aafèruiço dei Rey & íq
;

for Coffollete ha de eftar com o peito, 6c


efpaldar,&feu pique,
òí te for ArcabuzeirOj ou Mofqueteiro com
feu arcabuz oix ,
Hiofquete & ha de ter o murraõ acefo,& cuberto,
,
& fe for de
noite cílando quieto & foffegado fem que fe entenda onde
eíta de pofla por Fugir às traças do inimigo,
que pretenderá •

enganado, ou mataílo, & naõ hade deixar


ehegar peíTòaal-*
güafem lhe dar o nom^como fica dito atras.
4 As ©rdens. que lhe derem fèus ofhciaes ha de guardar,
obici uar com
grande cuidado Tem perder ponto, quan-
do fahír da pofta as ha de dar ao fold ado que entra
5 era feu Iti
gat a iazer feu quarto, fe naõ for com
elle o officíaí^ueo aly
pos.que_tem obngaçad de o ír tirar &
, meter o quede nouo
entra a fazer feu quarto, &
datlhe a ordem que hadeguardar
® 9
no que naófiràfalra.
5 Porque debaixo da pofh^&r çentinelia todo
o corpo do
guarda dorme & defeança, & por iflé o foidado^que deixar a
poíU,em que o puferem na guerra, cu na paz
cem pena dc
morto
Abecedaric mtlitar •

morte, ou fe dormir nella ,


ôr afsi mefmo fc eftandõ ém parte
dar o nome, a-
de fofpeica deixar encrar gente de fora fem
uifaros feus offtciaes cem#
a mefma pena.

T>oí Officiaes,que vao deronda

que vaõ deronda haá dé ir quietos pata

O SOfficiaes
entenderem onde ha aluoroto,8c ajuntamento^
dír a elle a ver o que hc
detellos,& mandar
,
acu
Sc fe fot'eaufa de luftancia
auifoaosofficiaesmaióres,actarobem haõ

de ir quietos para ver fe a centinella dorme,


oufeeftacoma
Qsqueleuarem murraó acefo o leua-
vizilaneia neccflàna,
mal-
*am de modo que naõfcja vifto o lumedellejporqueos
ronda, 8i juftiça, Sc toma-
feitores vendo conheceram que he
vam outtocaminho.íe os deixaram paífar, encaó tornaram a
temor da ronda como tem
fazer feus malefícios feguros fem
aconcecído por vezes. . „ _ .

Oqueentrata dar o nome à poftâ, eu centinella ° de-


lenao
ue dar com vozbaixa de modo que naó fejaencendido
nem boiit
dó foldado que cftà de poíla, & naó ha de
menear,
algum >0U
- com nénhumgenero de armas, nem fazer
7 "!'en"
e •
to pot Ijão dac fufpeita de inimigo
& fc o foldado.que
:

que chegue baixara


ma dar o nome for CoíTolleté antes
maóefquerda junto no ferro deue,
piaue,& o tomará com a
porque
Limam entrará a dar o nome a pofta.& centinella
centinella fenho-
,

feentraffe com o pique no hombro


póde a
o conto para diante, 8rnao
rearfe delle, porque ha de ircom
fenhorear de fuas armas,
herazaô que nenhum foldado deixe
Aicabuzeiro ha dc cn-
porque fem cilas fica vencido, & fc for
rrar a dar o nome fem fazer algum
mouímento coroo acima

OS foldados,;que rondaÕ forem officiaes reforma-


,

dos a elies toca leuar q nome,‘8i naó os auendo aos


auant
^
âoi Officiaes ,que vão de ronda.
^i
dos.&foldados mais velhos, 5c práticos na míhcía aosjCo f- >
&
foletes,por ferem armás mais dignas, que os Arcabuzeíros, &
mais antigos^ nobres, como eftá aueriguado,&: o diz o Capí-
taó Pauia foi.^7.que faõ a maior firmeza de hum campo Sc ,

amefcno diz Efcalance fof.2.6.


Todos os foldadosfaõ obrigados a ir aonde vay fua ban-
deira ,
5c quando acontecer cocar arma haõ de fahir os Ca»
pitaés, 5c Officiaes, Sc todos os foldados com toda a breuida-
de pofsiuel á praça de armas , Sc o oíficíai
,
que naõ fahir io-
go ,naõSc fizer codas as diligencias com os foldados para q
fe ajuncem com muita breuidade merece fer pnuado do
feus cargos, Sc officios. E o foldado que naõ fahir com muita
prefteza deue fer caftigado em fragrante pellos officiaes. Eo
foldado, que com prefifa
fe naõ poder armar leue as armas cõ-

porque fe ja tiuer marchado a irâ buf-


figo atè à fua bandeira,
car á praça de armas , 5c fe com muita pieíTa fe cocar arma
faya com as armas oíFvnfíuas por remediar algfia bulha, que
fe tenha começado, SC o que for carde fuppofto que và bem
armado deue fer caftigado ainda que o cocar da arma feja
falfo.
Nenhum foldado,né outra alguapeíToa pôde dar arma fal-
ia fem licença de quem a pòde dar com pena de morte, &afsi
mcfmo quem cometer ofearamuça com os inimigos fem Jice
ça ’e quem a pòde dar pena da vida. Quem for correr ao cam
po fem licença cempcna,fegundo o delito, & a qualidade dei
lc,& lugar, em
que for.
} Os que forem correr o campo com licença tudo o que
trouxerem, deuem prefentac a feus maiores para" que o repar-
t*õ,& o que afsí o na5 fizer perderá a fua parte: Sc ferâ cafti-
gado o foldado, que marchando fem ordem fair da fi!eira,em
que os officiaes o puzerem fe íàir fem necefsidade precífa me-
rece caíligo em continence.
4 Nenhum foldado ha de dar vozes, nèm gritos mais do
aecelfano eftando era ordé,oti em efquadraõA fe naõ ba fiar
F cafti-
Jbecedaris militar;
flagrante fera tirado da fileira por afronta fua,
caftigalo em
d.fto feptezaiáo muito osCa-
porque os mais fe enmenaé.fc
tos pouos de Germania.que
cò olhar os feus Capitaés, & Ml-
niffros entendiaõffeomo diz Ccfai) fe fe auiaõ de tentar. ou
de^ter em pelejar,
remeter aos inimigos a ordem que a-uíaõ ,

feguiravi-
& feleuauaõ os inia^gosde vencida,&ícauíaõde
nem íabia© fora da ordem
ftoria Jamais fe defeompunhaõ
:
,

pa<a render os vitus.como para def-


de feus efquadiòcs afsi
poarosmortosi & quando eraó vencidos guardauaocom
que bziaõ man mo
tanto concerto a ordtm de feus Capitaés
ftra de feguir retirada, que final
de vúuperofa íugida>& alsi cs
mi)ícia,porque
micos & falar nas ordens he muito danofo na
com tambores & ,
pífaros, & gritos naõ fe podem entender
as ordens, que daõ os officiaes ;
pclloque hc neceflario eltac
com muito filercio,
porque
5 Se algum Toldado fizer falta,ou defordem ,
feu official o queira cafiigar
por iffo meter
,
maõ
& à ef-
pena de motte
pada , efperar o tal official terà por
& iffo
ia
mas poderá defuiatfe, fugir delle , que o naõ feguira
&
fer confideiado , no que toca
afeuofficio, fe no letui- &
ço dei Rey ferir algum official tem também a hielma
pCÍ
eu qualquer outra peflba que
’é‘ fixar
O official,
de feus ofh-
,

dei Rey ou
quartel em prejuízo do fetuiço ,

palauras efcandalofas contra as


ciaes maiores ou que diffet
,
fe caufe algum
rumor
leys de fuaMageftade de modo que
a raei-
em prejuízo do feruiçodelRey tem pena de morte
:SC
ou
ma te<â o foldado.quecm fegredo ttatac com o inimigo,
petfoa fcrue de ef-
emendet que o official, ou qualquer eutra
tem melma pena
pia, & o naõ defeobtie a feus fupetioies
a.

que o p. incipal.
efpias, & outros
7 Para fe eftufarem eílas defordens de
Terço, ou
ihconuenientesTe naó deuc confentir no Exercito,
Companhia pcffoa , que naõ tinha aiíenudo piaça nts H
dos Offictae$>que v ao de ronda.
4:
uros dcl Rey ou que firuaó outros oifícios & os tacs náõ
,
,

haò dececpa;ce, do que ganharem os fo/dados, &osquenaõ


feruircm em algua coufa de guerra deuem íercaftigados co-
mo vagabundos, inquietadores da paz como facão nos
&
Eftados de Oiaada pelío Cardeal Alberto Archíduque dc
Auítfía (como diz o Duque deCarpinhano n© feucracado
fol.141.) Nenhum foldado pode paffai praça , nem moftra
em nome de oucto,porque hc em fraude do ícruiço ddjRejr
por duas razões A pcímeira he de muita impottancia por.
:

qje fe fe comete algua empreia.com fe acharem nas iiftas

dei Rey pagos quatorze mil Toldados ,


& na occafiaõ fe a-
chaõ íeis md 0 com que fe perde a empreía íiqua el Rey en-
ganado em muita parte, com o acontece o no tempo dei Rey
Dom Duarte defte Reyno que cratando de paliar a A fu»
,

ca a conquiftar , êí tomar Tanger no anno dc mil & qua«


trocencos &c trinca & fece os Infantes Dom Henrique, ôc
Dom Fernando fèus irmaõs, pellas hftas ,
que felhede-
raõ, fe fez numero dc qaatorze mil foldados Porcuguefes 8t

naoccaíiaõ de fua embaicaçaõ fe acharaõcom feis mil fo-


mente, & â fama do grande poder, com que paífauaõ, fe refer-
mou a guainiçaõem Tanger com fete mil Moucos de guer-
ra, que na occafiaó foraõ focorridos de muitas parces dc mo-
do que fcachaiáo dez mil homens deCauallo, & nouenta
mil dc pê & os R. ys de^Fez & Marrocos & o de Be*
, , ,

liz , & o de Tafilece fe acha aô na defenfaõ do dito Cer-

co & os Infantes com os (eis mil Porcuguefes* que lena-


,

raõ, & outros,quefe lhe ajuncaraó da fo: çs de Cc pta, fu 5


ílencaraõ o Cerco trinta & fete dias obrando yJerofos fei-
mc Pnr filou» Í^C mne nn A kn
* n/í n fp n tr-i lni*
rt- 1r »> « f * rr *1
:!
Abccedario militar
cefsidade condscederaô no pattido.q osMduroslhe fizeraõ
obrígaraõ a entregar-
de q deíxandoihc'a cmbarcaçaõ líure fe
lheCepta deixado em refenso Infante D-Femãdo o
qual par

tido aeeirado,& entregue o Infante, ©s Mouros


naõ compri-
antes cometerão com maior impetu aos noíTos.q defefpe-
laõ
o mar
rados abrirão valerofamente cõ as armas caminho até
onde fe embarcaraõ & chegaraõ a Portugal
,
deixando cati.

çoo.foldados^ entre elles ouco


uo o Infante perdédo mais de
mais de quatromil dos inimigos, co-
fidalgos fe bé morreraõ
Eporefta razaõ feperdeo eIRey
mo dizD. Aguftinho foi 45
Frãcífco por dar a batalha de Pauia cõ menos géte
daq tinha
eaufa detua
pellas pagas & dizGraciano,q efta foy a principal
rota.Valcócellos fol.217. No q fe pode ver ©engano, & frau-

dde.q fe fa? a eIRey em fe aflentaré foldados fantafticos q na


occaíiaõ haô de faltar: A fegúda hc a fraude, qfe faz à fazéda
dclRey,& quem taes erros cometer merece grauc caíbgo* SC
o ofíkial, que o confentir ferà priuado de feuoffici©,& cafti-
gadocom rigor,
tambera
Fíz lembrança defta jornada para a fazer
8.
aos officiacs
do valor dos Pctcuguefes, & dar a entender
quanto importa naõ enganar a el Rey nas i-
deite tempo ,

efiarn á fua conta donde refultaõ as


grandes per-
fias que
1
grandesencac-
das que fe tem referido no que ficaó com
,
,

gos de teftuuiçaõ naõ somente a eIRey mas à Republica, >

qualidade, que naõ tenha re-


& fua naçaõ , que pode fer de
paro. ^
- .

pei-
das mofiras naõ tiucr 0 rei
O foldado,que ao paílar
to deuido aosofficiaes delRey em efpecial aos maiores,
& ror
feg un “
dcfubediente cmpalauras, ou obias merece caOigo
naõ fomente
do o cafo o permitir porque a geme de .
guerra
an-
naõ ha de agrauar, mas nem permitir que fe faça agrauo
emparar fracos^ os pouco podéjSZ
testem obngaçaõ de os q
o
porq o Exercito, Terço, ouCõpanhia, de q vou falãdo(poiq
fupciip*
inefmo he hum T erço q hum Exeicitojondc caò ha
dos OffciaeSy(]ue vão de ronda.
ao Coronel, ou Meftrede campo,6r afsi o fica fendo hum Ca:
picaõ de fua Companhia ou qualquer outro officíal que eC
, ,

reja por cabo de foldados a que cem obrígaçaõ de obedecer,


ao que lhe for mandado do fei ujço dei Rey como fe foííc a
,

peíToa do feu Capicaõ General. E porque fe não pode fuften-


rar fem vitualhas, & mantimentos he neceftãrio dar paíFagem
fegura aos Mercadores^ Tratantes deiles, & que os foi dados
lhe naõ fayaõao caminho a tomalos^em outras coufias, êr.q
lhe naõ queimem os moinhos, caías, & lugares, que efiiuerem
à roda do dito exercito, nem fazer mal algum fobpena de gra
uecaftigo,& ainda de morte,
10 Ò foldado naô ha de fazer rancho fóra do quarrel, que
for afsígnado á fea bandeira peio Furriel fobpena degrauc
caftigo, Todo o foldado pòde ferprefoemcõtinéce por qual
quer oíficial das Companhias, & Terço, & Exercito, & afsi o
pòdefer peílos íeus Cabos de efquadra.
11 Os trèdorôsJadrõeSj&amccinadoresfe deué enforcar &

os q cometerem outros deliros.q naõ mereçaõ morte, deuem


fer prefos,& dcgradados,fegundo a qualidade do cafo.Ea ne-
nhum foldado fe deue dar craco de corda, nem caftigo, que o
infame para auer de ficar naCõpanhia, porque naõ he razaõ
que os que forem afrontados vaõ em fileira, & apar cõ os fol-
dados, que profeííaõ a arte militar, cm que fe encerraõ todos
os pontos de honra, & nifto deuem ter muita conca, & refpêi-
to os Oíficíaes de fua Mageftade.
ti. O foldado quando aflentar praça, procure Capiraõ
valerofo, & nobre , porque a eftes fe cometem as mais diffi-
cultofas emprefas em que fe alcança honra & fe naõ for fi-
,

dalgo, &for valerofo , nem por ifíb deixe de aftencar pra-


ça em.fua Companhia tomando o exemplo da nobreza dos
Romanos, quefe prezarão demilítar muíres annos debaixo
das bandeiras de Cayo Mario, nacido em húa pobrevilla da
cerra de Arpinas de vis, & pobres pays,& de outros muires
Emperadores, que com efta virtude ennobrccerão feus aní-
F 3
mos
Abecedarid militar.
mos,comoValentiniano.que fcy filho de hum Cordoeiro na
tural de Vngúa & Máximo nacido em hum
,
pobre caftello
po Viceco-
de Tracia, nem tampouco fe defprezaraõ Philip
Duque de Milaõ ;&©utrcs Pctentados de Itália deter
uiice
filho de
por feu Capitaô General a Nículao Pachíno, que era
hum carniceiro & a Francifco Sforcia,& a Tendulo ícu pay
,

nacidcs em Gatinola, nem a Senhoria de Veneza fe dclpre- ,

ip u de ter por feu Capitaõ nomeado & celebrado


entre osfa^

molos a Franciíco Carminola, que auiafido Paftor de gado,

& outros muitos PiinGipes,& Refpublicasconfiarãoo gouer-


no ,de feus exercites, & a defenfaõ de feus Eftados de femelhã-
tes Cap t tacs leuantados pello valor de feus ânimos.
Daqui pode temar animo, & occafiaô todo o foldado
13
honrado &fe poderá perfuadn que feu vaIor,&: esforço o po-
dará chegar a eftes lugares^ porque do esforço, & feitos he-
roicos namilícia naceo,& mee a nobreza, & fidalguia, & mui
to poderá aqui dizer ndde patticular.
14 O
foldado ha de ir á batalha confcflado, porque peleja
com grande animo, fem temor quando fe fence quieto na
&
muito denoto do Apoftolo San£hago,que
co.nfciencia.Sc ferâ
aos
por f u meyo coftuma nolTo Senhor darfauor,& viòtoúa
Chríítaõs como fc vio quando apareceo o Apoftolo a elRey
Pelaiode Leaõ,eftando recolhido no.mome Aufeua, que ho-
je fe chama a Coua de fanca Mana, com
poucos dos ü us, quo
ih ficarão de outras batalhas receofos de fair aella lhe man-
dou quefe m naõ duuidaílem fair a pelejar com
c 0 n fe ífaíTe , Sí

os Mouros que fem


,
duuidaos v.enceria^cemovenceo fendo
vifto inuenciueimer te pelejar na baralha o fanto
Apcítclo
em feu fauor , donde tomarão principio os Hcfpanhoes de
chamarem por elle em todos osencontrosde peleja òí bata- ,

lha .ppelhdando Sandugo^aníbago.


Mas ida ha de nacer primeiro da ordem do General,
ou Capitaõ que gouerna. a batalha &: naõ de foldados paiti.
,

ciliares que fó o pòdern muocar em feucoraçaõ fem


darem
dos Offictaes>que va o de rondo. 4^
vozes, que he de dar bacalha,& apertalacom prefteza de
final
ammo.que sò pertence ao Generafou Capicão,& pefToa/que
cftiuer em feu lugar em qualquer recontro de batalha porq ;

elle fabe a ora Sc tempo em que a ha de mandar dar, Sc naõ o


foldado,que lhe naõ toca }
Sc pódeo diz^ç fora de tempo, Sc de
conjunção*
\6 Os Toldados comedores efn demafia faõ caufa de gran-
des aluorocos pellos exceífos, que fazem naõ fe contentando
com a pofsihihdade de Teus hoTpedes , de que cem fuccedido
grandes perdas a alguns Príncipes detobedecendolhe Rc y-
nos,& Re 'publicas, que eftauaõ debaixo de feu domínio, co-
mo fizerao os Napolicanosconcra elRcy Cai los Outauo naõ
podendo fofrer as infolencías dos Francefesde que refultarão
as Vt fperas Sici/ianas contra efta meíma naçaõ Sc ja que fa- :

lo nellas direi a caufaque ouue para iífo. He de faber quo


,

armando elRey Dom Pedro de Aragaõ muitas galés & gente


de guerra fe temeo elRey Carlos de França que feria contra
elle procurou que o Papa Maitmho IlII, mandaífe perguntar
a elRey de Aragaõ a cençaõ porque armaria tantas gaiès SC
, ,

nauiosquefea eafo era contra Infiéis o ajudaria com todo feu


poder, ao que dizem elRey Dom Pedro náo.deu mais come-
dida refpofta que dizer o que Plutarcho conta de Ceciho
,

Metello: Se cuidaífe que minha camíía fabia algüa coufa de


meus fecrecos lançalahía no fogo: com o que fe tornou o Em
baixador do Papa,& dahi a pouco tempo elRey Dom Pedro
paíTou a África bem apercebido Sc começou a fazer goerra
,

aos Mouros por ventura por difsimular com elRey Carlos^


defpois que fez muitos danos em teirade Mouros fe veyo cõ
feu exercito a Scrdenha para eíperar ali o auife de Jcaõ Pro-
chica, que por fua ordem andauaem Sicília reuoluendo as vo
tades dos pouos contra elRey Carlos, Sc naõ era neceííarío
muito trabalho para os fazer rebellar porque os Sicilianos
;

èraõtam mal tratados dos Francefcs que ja fenaõamaõ com


clles como com vaífallos, fenaõ como com eferauos, Sc peor,
F 4 porquo
Abccedario militar
porque fe na5 contentauaõ com lhe tomaras fazendas, filhos*
& molheres,fenaõ que cs tnbutos,& excorfces eraõ intolera-
ueis^ naõ auia homé rico, que hum dia, ou cutro fe lhe naõ
Icuantafié algum falfo tefíemunho por lhe cirar a fazenda ÒC ,

honra-deíxando a parce que naõ auía homem em Sicília, quo


oufaífe a queixatfe,nem olhar a catados Francefes &fepor ,

fcus peccados refpondiaõ algüa palaura com furía lego eraõ

com elles téos matar algúas vezes fem auer ordem de ca-
,

ílígar fem ínfulco, nem defaferameoto que os Francefes fi-


,

zeííera, de que fe fegui© que com pouco trabalho de load


Ftochíta, que por paite delRey Dom Pedro andaua felici-
to fahio com feu intento & fuccedeo hum cafo o mais no-
,

tauél que,
fe pode imaginar bem femelhante ás letras que
dizem dc Miciidaces quando mandou matar em feu Reyno
em hum cerco dqi todos os Romanos que nelle fe acharão,
,

o que deue fer eximplo para os Príncipes , & nações eftran^


geuas, que tem fenhorio fobrealgúa gente ou Reyno ncua**
,

mente conquiftado porque naõ cuidem que podem liure-


}

mente executar feus appetices fem que algum dia venhaõ a


pagar por junto como dizem, O que fizeraõ,& indafca opi-
moés que todas as cidades de Sicília fe concertarão feereta-
lijcncc de matarem os Fiancef sem hum certo dia, &
oraco-
mando por final quando cocaíFe o fino de Vefpera & vindo
* dia & ora concertada em todas as cidades & pouos derao
,

de improuifo fobre os Francefes, òc mataraõnos a todos fem


deixar humsò & naô comentes com lílo porque naõ fi*
,

caíTe íemancejné geraçaô dellesbufcaráo as molheres qtie eíia


uaõ pienhes delks, & asmacaraõ fem piedade cafo notauel, àí
digno de memória; &: que tenha paílado afsi le proua com o
iiíaõ antigo, que daly ficou quando íe quer figníficar algum
grande perigo, ou trato repentino dizem: Guardar das Ve/pe-
ras Sicilianas.Omefrno fizeraõ cs Chríítaõs q ficarão canuos
}

c poder dos Mouros nadeftruiçaõ dcHeip.anha-em ccp® dclv


Rey D a Rodt igo,qpor naõ poderéfofur cs maos cratamécos>q
dos Offieia es, que va o de ronda. 4?
lhe faziaõ fekuantarâo contra ellcs, os qne viuiaõ em Soria,
& mata ão mil Mouros, fuppoílo que cutros dizem que fo-
taõ deus miljComo diz a Hiftotia Pontifical lib.4,fol.i04.Por
tanto deuem os Reys fci muy eoníiderados no trato, que fc
víacom feus vaílallos efpecialmer/ceem feu viuer,&coftumes
porque fctis fubditos o figaõ , & fe faõ de macs coítumes os
vaílallos fazem o mefmo, com que fe vem a coriomper a Re
publica em ofFenfas de Deos.o que fe vio bem cíaro em elRey
Viciza antecefifor dei R y Dom Rodrigo, que perdeo Hefpa-
nha,de que foy gram parte efte maoRey Vitiza que foy a- ,

çouce deHefpanha,porqueem feu tempo fe começou a perder


o refpeito,& veneraçaõ quea Deos fe deue, porque fendo el-
Je o penúltimo Rèy Godo foy tam mao que no anno de yoi.
fez büa ley que elle,& feus vaíTallos pudeífem ter hua,& mui
tas mancebas, & chegou o feu defaforamenço a mandar que
cs Clérigos pudeífem cafar,& alguns fez caiar á forjça,de quo
fe feguio em Hefpanha noua corrupção de coftumes; fez der-
rubar os murosa muitas cidades ,& desfazer as armas em to-
co feu Reyno dizendo que em ram profunda paz como Tuas
terras tmhaõ, & auiaõ dc ter não auia nccefsídade de armas
para offender, nem muros para fe defender tirou fem caufa,
:

nem razaõ o Arcebifpado de Toledos hum fanto Atcebif-


po que o pofíuhia para o dar ao maluado Oppas feu irmão*
E no anno de 714. el Rey Dom Rodrigo tirou o Reyno a
cftc ty ranno, & abominaucl Vitiza ,
& o prendeo círandolhe
no firr? de noue anno$,que reynou comerendoran-
os olhos
tospeccadosqueem cafhgo delles permítio Deos vieífem os
Mourcs a poífuir Hefpanha dcncro detres annos defpois de
fua piifaõ por
ir tudo corrupto defeus maos coftumes padecei

do os Hefpanhoes grandes trabalhos por efpaço de dous an-


nescomefterifdade de fomes, & psfte.de que morrerão mui.
cos,& com rudo fe juntarão cem mil Hefpanhoés em defenfa
de Hefpanha, & fuppofto que defarmados, & deífemelhados
ciueraõhúa grande batalha cqm os Míyuosque durou outo
Akecedario militar
dias,& qo fim venceraoos Mouros aos Chriftaos cora sjuda
do Conde Dom Iuhaõ,& do maluado Arcebifpo Oppas, que
andaua com elles ,& ‘de dous Infantes filhos do Rey Viuza t

que por craco, que cora os Mouros tinhaó feito fe pafiarão a


elles no crance da batalha paca lhe darem o Reyno de Hefpa-
nha que atua fido de feu pay a qué ellley Rodrigo o cuou, o
,

que os Mouros não cumpnrãoantes © Capicaõ Muça,que ti-


nha o gouerno de Hefpanha por o grande Miraraohra lhe
mandou cortaras cabeças, afsi a elles como ao Conde D 0 ra
Iulião: &c o falfo Arcebifpo Oppas que andaua nas batalhas
,

perfuadindoaos Chriftaos fe entregaíTem aos Mouros foy


prefo por elRey Pelaío,que faleeeo na era de 7J2,. & atfirma
o Arcebifpo Dora Rodrigo que era fua morte fe ouuirao can
tos em feu fauor no âr.& fuccedeulhe no Reyno feu filho Fa-
tiila.qiie motreo dentro dedousannos ínconfideradamentc
lutando com hum Vílo anno de 734. Por canto deuem os
Príncipes ter muita confideração em feu viuer. Os Infantes
mortos fe chamáo Siberco, & Eua filhes de Yuiza, Hiftoria
Pontifical lib ,4 fol.i68-

CAPITVLO V.

^Dos grandes ca/ligoSjCjue federão a foldados


por não guardarem a ordem militar.

Screue Herodíano, &fam Poncjanojulio Capicolíno

E que no anno de noíTo Senhor Iefu Chrifto de 1213. foy


eleito por Emperador Septimio Seuero, o qual foy o
primeiro que caíhgou Toldados em gèral & foy a caufa

quegouernando o Império Iuhano primeiro deíle nome fen


do hum dos melhores Emperadores que Roma teue o mata-
,

rão os foldados Pretorianos porque lhe naõ confentio em


fuas
de caJUgo dss fcldados.
fuas liberdades : A efta caufa elegerão Emperador em Roma
a Septimio Sêuero, & quando lhe chegou a noua Sc o modo
como foy morto feu anteceílbr determinou de chamar hua
legiaõ de Alemães & Jhe tomou juramento que lhe feríaõ
j

heis Sc leaes , Sc trouxeos coníígo eom o demais exercito ,


Sc
chegado a Romá mandou Preto-
vir diante de fy os fcldados
rianos os quacs eftauaõ bem temerofos do cafo acontecido,
,

Sc fazendolhe hüa pratica aíFeandolhe o feito, & moite doEm


fetador prenunciou quefoílém Lqueados, &defíerrados cõ
núlhas ao redor de Roma, & que nunca mais tiraífem foldó
do Império: Efte foy o primeiro caftigo geral que fe fez a foi
dados , 6c dahi ficarão os Alemães por Pretoríanos donde até
hoje fe té fiado delies aspcíToasdos Príncipes. Sc o Papa, Sc os
demais,& no exercito a artelharia,que he o que mais importa
em hum campo.
1 IuIjq Cefar auendo hua Legiaõ de feu exercito corrido
a terra em Lombatdia,& roubado alguns lugares dos am ígos,
Sc confederados os mandou de/imarafon de corno, que era
o cafiigo mais afrontofo de todos. Eo Emperador Aurélio
mandou caftigar os foldados de feu exercito, ^uc ouueífemto
madoalgua coufa contra vontade de feus duiros por peque-
na quefoíle. E Pcoconio Nfgto condenou à morte fetefol-
dados, que furtarão hum galo a Lu h afpcJe,& a feu rogo lhe
perdodu com lho pagarem noucado M£ndes foi. 2o8. }

2 Aluidio CaLio mandou em finco dias enforcar ametade


de feu exercito pellas demafias,que ti^haõ feito, que foy cau-
fa de fe iho entregarem os pouos , Sc o prouerem de manti-
mentos.
3
O
Marques de Pefcara mendou cortar as orelhas a há
foídado,que indo marchando fe fahio a roubar hum Cafal Sc
rec amando o Lidado que antes quizera perder a vida lho
concedeo mandandoo enforcar na primeira atuore.
4 Ao giaõ Tamoilaõ fe qm ixou hum laurador que hum
L idado lhe cornara por ferça hans requeijões ,
Sc fendolhe
mcíha-
Ahecedaric militar
moflradoo mandou abrir pello meyo & lhos tirou do efta-
,

mago,^ afsi trazia o feu exercito tam enmendado & obcdié- )

tres dias em hum campo,aonde eitana


cc que eftando alojado
hum pomar com fruíta madura ficou com elia á fua partida,

& para auer efte temor nos Toldados Te ha de vfac de femelhã-


tc rigor.
5
Emperador Macríno Tez cozer dous Toldados em
O
hum couro de boy atados com ascabeças Tora cè que morref
fem.por auerem forçado hua criada de hum hoTpede onde
eítauaó poufados*
6 Aureliano fez defpcdaçar hum Capítaõ em duas atue-
res por auer adulterado com a molher de Teu hofpede.
Fiz lembrança deites caítígos porque Te veja como os Tol-
dados eftam obrigados a viuer com muito reTguardo de Tuas
vidas pello rifco,em que eítaõ de as perder infamemente por
coufasde pouca importância.
Toldado ha de ter amor,& refpcíto a feu Capitaõ, &
O
7
ha de fugir de motins porque lhe naõ fucceda, o que aconte-
ceo aos Toldados de Dom Vgo de Moncada fendo Vizorrey
de Sícilia.quc os deixou na Fauianahua Ilha defpouoada,em
que acabarão â fome 6c outros do motim de Rondano etn
,

tempo de Dom Fernando de Gi>nzaga,com que Te pouoarão


muitas amores^ forcas.
8 Também foraõ caítígadcs os Romanos por Scipiaõ
M.úor que achando naexpugnaçaõ de Carthago alguns Ro
}

manos.os fez pòr em Cruz como cobardes,^ aos liados cor-


tai lhes as cabeças como quebrantadoresdafè )
& amizade &
,

quãdo Scipiaõ o deítruhio, os que acho^que tinhaõ ganhai


do Toldo em TeuCampo,& mudado de forcuoaos mandou la-
çar aos Leões & que os defpedaçaíTem.
beftas feras para
E Qmlinio Máximo lhecortar as maõs para que
mandou
fofíem exemplo aos mais deita maldade, como rambem fez o
gnod; Albuquerque na fegunda cornada de Goa aos Portu-
guéf.s que açhou que com aduetfa fortuna Te tinhaõ paíTado
à parte
docaftigodos folàãdos. 47
k parte dos inimigos, aos ejuaes mandou cortar as orelhas, ôc
dar outros caftigos para exemplodcs inaís : afsi os folda- &
dos feaduntaõ, que naó façaõcoufa contra fua honra por-' ,

que ihe naõ fucceda alguns des caftigos aqui relatados por- .

que demais de eftar obrigado a iílb dá boa eonta de fua


pefiba & he honra de fua patria porque logo fe diz,
, j
O
fbldado de ul nação fez tal delito , & por hum perdem to-
dos.
9 O
foliado ha de refidir fempre na primeira Compa-
nhia ,
que aílentar praça , porque ferá notado * & tido por
pouco confiderado fe èzer o contrario quebrando amiza-
de com os feus officiacs h & amigos por bufear outras do
nouo.
10 O
foi dado não ha de reeebçr carta dt inimigos índa

que feja de feu pay , porque lhe não aconteça o queaconte-


eco ao Philofopho Demofthencs que por receber cercos
5

doés dei Rey de Perfía^oy tido per fufpêito, & defterrado da


patria & ha de to mar o exemplo de Fabricio,que fendo come
tido com grandes prefentesde ouro que lhe mandou el Rey
,

Pirro lhos regeitou dizendo , q os Romanos eftimauao mais


vencer íeus inimigos,que poíTuir^ gozar fuas riquezas^ afsi
ha de fet o foldado defintereflado.
11 E porefta razão ha defofrer com paciência os traba-
lhos 6c aduerfidades quefe lhe oíferecerem no difeurfo da
,

guerra moftrando a verdadeira virtude & não fe acellerará,


,

nem fará fentimento por não pagar feu foldo


fe lhe an- ,

tes fe moíhará com rofto alegre fuppoflo que padeça aduer-


íkiades euitando por todas as vias os morins que por ferne-
lhancescafos ceftumão fucceder como fzérão mil & feís
}

centos Hefpanhoes,que eftauão em Gelanda amecinados, 6C


paíTarão aBiabance acrecentados em numero, queprocura-
ião meterem fe em BruíTdlas.como declara o Cuque de Car-
pinhano fol.33. anno de mil & quinhentos^ trinta & feis. &
Cguindo fo.nj. dizfc amotinarão zocofoldadcsdelnfárari^
& mil
Abecedario militar
& mil de caualIo (
& outros taes
amotinados fora5 feruír ao
Conde xMauricioem no cerco,que;pos fobre a ci
feu exercito
dadc de BolJuque foi. ii6 òí d,z mais que outros amoti-
nados, que eíUuaõ em Graue fizeraô grandifsimos danos em
Brabance foi. * 9 Pello que íe fica vendo qaatn prejudictaes
1 ,

faò bs motins^ faõ caufa de fe perderem muitas jornadas, ôc


occaíiõesjcomo rclara o fobjedico foi. i&. E naõ faço men-
ção de outros muitos motins, èí do grande prejuízo quecau-
larão nos Eíladosde Flandes no exercico dei Rey Catholico,
& naõ no dos Qlandefes rebeldes, & quem ífto quizer vcrcõ
mais curioíidadc veja o tratado das guerras efcrrco pello Du-
que de Carptnhano^&QS commcntanos do CapicaõDomDio
go de Yillalobos,
vi Quatro qualidades ha deter o foldado, que faõ de
muita importâncias quaes faõ Robuftos Defttos nas ar.
: ,

nus, Obedientes, & Nadadores que feo naõ fbuberem haõ


,

fe decxercicar,& aprendercom grande cuidado, porque húa


dellashe a mais neceífana em que fe ha de moftrar muito va-
lente, & defiro para fe poder valer nas oceafiões,quc por mo-
mentos fe lhe pòdem ofFcreeer em os exercitos, èc embarca-
ções de marjempaíTar nos, como fe vio quando o Empera-
dor Dom Carlos paílou oAlbiscomos dez Hefpanhoes
que fs iançatão à agoa com as eípadas na boca, & nadando
ganharaõ as barcasdos inimigos queeflauao defendendo, ÕC
elle paíT u da outra parte da nbcira. Os do exercito de Ale-
xandre fe afsinalaraó ao paíTac do Rio Gramfo, que lhe era
defendido pellos Capitaés,& gente dei&ey Dario fendo Ale
xandre o pnmetto, que fc lançou à agoa para obrigar aos
mais que o feguiíTem que foy caufa de alcançar aquells dia
,

húa grande vi&ona&: muy importante paia fe fazer fenhor


de Afia.
Sercorío Capítaõ Romaao fe arremeçou armado ao Rho-
dano,& o paliou a nado por efeaparde muitos inimigos, que
o cometerão.
E do
do cajligo c/ss folàados. ^8
E dc Augufto Cefar fe cfcreuc, que pelejando em Sicília
cahio ao mar,& nadando fe falucü. E Endo el Rey Mafci-
mífa roto por elRey Siphace,& indo fugindo fe lançou
a hü
Rio,&de mergulho o paflou, &afsí efcapou & feguindco hu
,
foldado fe afogou por naõ fabcr nadar, cuidando os ínimí- &
g°s <3^ era o mefmo Rey fe afleguiaraô mais
do ireccíTaiío,
que f y caufa de tornar febre &
elies , recuperar feu Reyno
4 *
que tinha perdido.
15 E na jornada de Marfelha o Marques de Pefcara dc*
fendeo tresgaJcs.qoc lhe leuaua Andre
JDoría á toa,& oMe-
ílrc de Campo Mondragon paíTou
com osfeldados de feu
Ferço o Rio Scaldis cm Brabanre por baixo de
A nuers quati
do fediuide a volca de Vergas fendo gma o
feu Sargenro mòr
Vallejo para focorrer os Hefpanhocs que eftauaõ cercados
,
na I Jhaus Dargus & poftoquefc afogaraõ
,
alguns delles
sjue naõ fabiaõ nadar fez aquelle
dia a mais vencurofa & atro
lida jornada, que jamais Romanos
nem outra algua njçaõ ,
izerao.
14 De Iu'io Céfar fabemos qne achandoflc em húa bac.'
ano poitode Alexandria apertado
demuitos inimigos, fa
ançou agoa nadando, & chegou faluo àsfuas
a
naos lem que
e molhaile o quaderno
de feus comentários, que conílgo lc-
aua, 8c hum foldado feu em
Inglaterra tendo defendido va-
:to amente hum paftb
eftreit© a muitosinimigostè
que feus
ompanhcirosfe pufeflem em faluo fe
lançou em húa lagoa,
ue eftaua perto, & nadando
chegou a feu campo em faluo
mundo a Horacio Cocles quando defendeo
iaa Potfcna Rey deTofcana a ponte dcRo-
em quanto os Romanos a rõ-
iao com
quefe lançou no Ttbre armado como
ando íepos em faluo.
eftaua, & na-
"° Ccrc " Maçalquibit Imm foldado chamadoDa-
d(
. ? r
° ~ crar P a( wuaa nado as mais das noites ao
|
Caftello «fe
iao, 6c ícuaua,& trazia todos os tecados,
que Dom Marti-
10 mandada aoConde <Je A lcaudcte íeu itmaõ quefoy
, ,le
Abecedítrir militar
para aqueila Fortaleza fefuftentar tantos
muita importância
j |iS a«me foy (ocorrida delRey Felippe o ptudente.
t
no pele-

O foldada ha de fsc valente, êt decerminado
animo inclinado a
fe for tccncrofo naó póde
tec

porque
valctofas.que os corações fracos, &: tímidos nao ou-
emptcfas
fao a cfpetat , nem
menos a cometer, porque na guetta o te-
ignominiofa.Sí afsi os Lacedemomos
mor he coufa infame,&
executauaõ ínfahuelmence
húa ley de Lycutgo Rey de Efpat-
foldado que tugiffeda batalha nao
ra em que mandaua que o
Republica, nem cafarfe.nem veftirfeeo-
oódeffe tet officío na
L os demais , fenaó que andalTe afsinalado como cobarde,
quepodeflè fer oppuraido,
com ametade da batba rapada, K
todos fem poder tet recutfo nem vingança,

6C afrontado de
Romano náo confentio que os tol-
comefte rigot o Senado
batalha de Cannas foffem recebidos na
dados que fugirão da
cidade antes os dcftertarão
com afronta para Siqilia , & com
Marcello que naquella occatiao
interceder por elles Marco
pedindo hcençaao Senado para
auia paífado ãquelle Reyno
íeToder fetu.r dellcs naqoelU 8
náo etaô merecedores de ferem
uerra fe lhe iefP onde f
admitidos ao exercito Ron
| Ç
lhe pateceffe & o que con-
porem que fizeíTe o que ,
no

S
uinha mais á vtiiidade.Sr proueito
fcrnpre occupádos no fetuiço
fera foldo, nem prémio
algum , &
tornar a Italia&com lhe otferecet
que
Aníbal
da Republica
ord.nanoooexe.cto
nao podeíTem jama
lhe refgataflem le^
com que

prefos naquella bata a °


nâ “
mil Romanos que auiaõ fido de mance
fe tanto numero
quizerão fazer confiderando ,que
dc.xatão prender ínfameme-
Z; peleja, ão com valor náo fe

nenhüa cou-
^r^lerfarc^Capitão dos Lacedemoníos có
guerra como co dizetlhes co
faalentaua tanto à fu a gente de
orelhas a codos.que guard
feruor que lhe penetraua as
difciplma militar,*: que auíáo de temer mais feuCapitaOjque

os imigos dádolhes a entender ,


que os que nao cxecutaflem
do cafligo dss folàados . Ag
feus mandados como valetes perdcriaõ a vida como infames,
naõ na querendo empregar como valcrofos ,& afsi as molhe*
lheres Lacedcmonias os mimos que faziaõ a feus filhos quan-
do hia5 à guerra era dizctlhes que cornaílem a cafa com as
armas vencedoras, ou mortos em cima delias.
17. O
Toldado naõ hade arrancar debaixo da bandeira
nem cm Corpo de guarda, nem paraaparcar, & sò 0 deuem
fazer com arcabuzes te mais armas metendoíle em meyo
, ,

dos que bngaõ,& o officíal, quefe achar prefence,ou Toldado»


que eíiiuer de pofta prenda os delinquentes, que de o naõ fa-
zerem afsi, te deixarem paííar femeaftigo vem mores danos
como Te vio nefte Rxyno no anrto de 6 $, em que foy por
Vizorrey da índia 0 Conde de Linhares quo fazendo os
#

foi d idos, que fe auiaõ de embarcar alguas traueífuras, te cri-


mes arrancando contra os Alcaides , te tomandolhe os pre»
fosde Teu poder fem por iífo ferem cafíigados, foy caufa do
chegar feu defaforamenco , te oofadiaacanco que contra o
fera iço dei Rey, & contra Tua profiro que he dar fauor i
,
juftíça remeterão com cila, fazendolhe força te lhe tirarão
,

de poder hum Sigano, que eftaua ao pé da forca para fer en-


forcado dando cutiladas nos Alcaides ferindo, te matando
,
feus homens fem que por iífo fe fizcífe exemplo dè algum
ca-
üigo fendo afsi q por falta dcllc he toda a ruína dos foJdados,
te temo que ©ucro día façaó outra peor,&: he certo,
que fe os
annos paíTados caftigaraõ os íoldados, que aos lauradores
do
termo ihetomauaõ,o que traziaõ pera vender fem lho pagar,
te o racfrao faziaõ ás
vendedeíras da cidade, te ainda dizen-
do palaurasfeas,&afrontofas,&: ás vezes efpancandoascõ
o
grande efeandaio andando em bandos para que a á
, juffica o
naõ podcíTe caftigar fem auer húa rebe iiaõ,^ motín de guec"
ra ciuil entre os foldados, te juftiçaj pello que fe deuem cafti-.’
gar os pequenos deli&os com rigor para fc euitarem
te na5 ,

CiKgarem aos grandes que afsi coftumaõ acontecer mui-


}

Ywzcs as defobedíencias dos Toldados mais que


em outro
G genef
Abecedarie militar.
vio cm os motins que fe começa
ceneto de homensjcomo fe
foi de quatro compa-
»õ a vfat em Flandes.que o primeiro
noanno de 1570.& defpois foraõ em grande crefcime-
nhias
to,como^fica di
dÍ2> q ue a j u ftj ça dos R e
ys he paz

amparo patna pelio que fen-


dos feus pouos, guarda, H da ;

eflefim haõ defer paz dos po-


do os (eldados ordenados para
uos, Ü amparo da patría
( como diz Vegecio )
& aperceben-
deue fer a primeira
do (Te guerra fe alcança a paz
á
Sc afsi
,

ordenar à adroiniftraçaó da juftiça, que


faltan-
coufa.que fe
todos os ruins fucceffos.K diz Marco
do ella fe podem temer
apaitadas da juftiça
Tuliío que todas as coufas que andaõ ,
SC
íaõincertas mas que aonde ella fe guardar feia felice
,
,

fortaleza do homem ammolo


por iflo dizia Galilao que a ,

porque faltando ella nao


onde faltsfle a juftiça era inútil,
huns aoscutros: Sc 0 Eccleliaftico
deíxaraõ de fazer dano
injuftças Ü maldades dos Reynos os pol.
diz que pellas
,
,

íuitaõ Reys tftrangeiros & naõ


pôde nenhua Republica fa-
:

zer cou fa boa fe fe oftendeiem


huns aos outros dentro nclU»
& afsi diz plataõ que nenhúa cidaJe, nem Reyno, nem ajun

fe nao pode a_ caq-


fe fe oftendeiem huns a outros, com que
iftoiia,» afsi he neceffario
fazeremfe os foldauqs )uftos
car v

para que o Príncipe íefaça


poderofo , mas como hecl.fficul-
juftos pellas
tofoemhum exercito ferem todos os fo dados
homens conuem bufear hum meyo,
varias naturezas dos
com que fefaçaõ o temor da pena, porque
juftos, que ferà

r como diz Plataõ) nenhum


homem he jufto de fua proptia
fefauar quem a txe .u
vontade E porque naõ baftaià aley

contra bando que he muio-


0
tef- ha de executar o que for
ferà condenado quem
o que-
lauel.St fem a Imitir defefa algfia
feú melhor poucos bandqs, &
bem guarcai »
brar ü afsi
tanto o fu, dado fe gu
, -
que muitos para o naõ ferem. Por
Sc afsi de
dede fazet valentias contraajuftiça ,
^'bandos
docàjligô dos Joldãdos, $o
bindos que faõ ma;s ngurofos que as ieys. Naõ fer| coroa-
}

do diz o Apoftolo Sam Paulo efercuendo a feu difcipiJo


(

Thimocheo)fenão o que legitimamence pelei jar*. hc dizer que


o que pelejar fegundo a ley pofta por feu Capicaõ efte merece
coroa, & crmmpho Succedia entre cs Romanos que efun-
do nas guerras auía alguns, que faziaé coufas famofas, & por-
que era contra a ordem pofta por feus Capitães naõ solhe
naõ dauaõ coroa de vencimento fe naõ que os caftigauaõ; de-
ftes foy MãlioTorcato q em feu proprio filho executou p^na
de morte, porque fahío a refpondcr a hum, que da parte con-
traria defafiara a batalha particular, com o matar & ganhar ,

grande honra, portj o pay defendera cõ pena de morte o fair


a femelhantes batalhas fem fua particular licença o mefrno .

lhe aconteeeo a Pofthumio Trebacio(como diz Valerio Má-


ximo) de maneira que fó aquelle íoldado merecia & fe lhe ;

daua coroa, que pelejaua, & vencia fegundo a ley pofta por
feus Capitães & Ariftoteles díz, que fó o bom fe detie hon-
:

rar & que naõ ficara honrado quem fizer a injuria


, fenaõ ,

quem generofamence a fofeer fem vingança:como bem fe vio


em Dom Luis de Atai de fidalgo principal que militando na
,

índia teuc em hua Igreja em certo dia dc fefta palauras com


hum foldado ordinário fobrehum aftenco que achou occupa-
do pe 11o foldado fendo feu, o qual de lanço em lanço lhe deu
húa bofetada, em cuja vingãça leuou de hu punhal para õ ma
tar a tépo q o Sacerdote leuantaua a Deosjhe pedío o foldado
perdaõ,& eile generofamenre lho concede©.

do valor dos Portuguefes.

i* TT TT Aõ os foldados de fér tam valerofos como foraõ


‘"i os Portuguefes no feu bom tempo cm que excc-
X A deraõ aosRomanos,& Gregos, como fe verà nos
,

capitulos.feguintes.
i Sendo o grande Mogor Rey pocentifsímo do Oriente,
Gí quo
Abecedario militar
que poem em campo trezentos mil homens de cauallo>& íírr*
comíl elephantes de guerra,& querem riquezas &thefoures
incrediuçis, contra ©s Poituguefes , a quem defejaua muito
tirarGoa de fuasmaõs & ainda o Eftado da índia para o
,

que lançaua hum dia taes contas que daua o negocio por a-
cabado ôí ouuindo efta foberba hum foldado Português,
,

que andaua em fua Coite aggrauadò do Vizorrcy da índia,.


& em feu feruiço do^MogorJcom lhe pedir licença diífe*

que fua Alteza fe adiarcaua muito ,


& o que dizia era fa-

zer conta fe m a hofpeda ,


que fe fua Alteza tinha os Portu-
guefesem tanta eftima > como dizia que os esbulharia ca
Lftado ,& ostra ria prefos cam facilmente? Porque ainda que
cllcs naõ deíxariaõ tomar fem o moiden
foraó galinhas fe

A querefpondco o Mogor dizendo Eu naõ quero vir cem :

cllesàsmaõs fenaõ tomallos á pura fome a que rcfpondeo j

o Português, que fua Alteza eftaua conforme com a von-


tade dos Portuguéfes que também diziaõ otomariaõâ
,

fede, da qual liberdade o Mogor como bom caualleíro ficon


muito contente do Português o eftimou dali por dianie,
,
&
mais.
3. Barriga Português indo prefo ém poder dos Ca-
Lopo
pica és do Xarife detpois de lhe terem morto o cauallo com
ande animo & esforço fe lançou a hüa iança dos Mou-
g t
,

ros, que o Jeuauaõj ô£ tirando lha das maos o matou com


ci-

la , & tor pando tamanho terreiro que


fobre outros fez
pode tomar o cauallo do Mouro, clle matou & nelle qae i-

fe faluou & o trouxe


,
por memória de cam afsinalado & ,

nono feií'* ôc admiraçao dos Mouros q,ue fem lhe po-


,

derem dar remedio eftauao vendo como fugia, & fe lhe aco-
lhera dentre as maõs com tanto esfotço & valos como tinha ,

moftrado,
4 E 0 mefm© fez o Capiraõ Manoel dc Lacerda na fe-
gunda jornada de Goa junto à porta da Fortaleza fe encõerou
cõ hum vaícnçe Turco dé cau<íllo,qdefua pcíToa fazia tantas
valem
_ —
do valor dos Tortuguefes.
valentias que ellc fó dilatou a viétoria hum bom efpáço,& cer
rando com elle o macou,& lhe tomou o caua lo,& ie iubiO nel
le com que foy feguindo a viéfcoría Comentários de Affon-
fo de Albuquerque 3,p.cap.3.
E Frey Anconío dc Samlíomaõ primeira parte li b.5. cap»
9% diz que cm tempo doGouernador da índia Lopo Vazde
S. Payo andaua o Capícaõ Eicor da Sylueira pella Co ha de
:

Cambaya pondo aferro, & a fogo aquelías pouoações de ffc


te que reLncido o Geral Alixa , que o Gooet nador destra-
tara lhè remeçou muita gente de Caualío^de pé qoe o fize-
raõ retirar á fua Armada porem em ordenança (aluo hu foi-
dado Português por nome Francifco Godinho do feruiço dei
Rey Dó íoaõ 0 III. o qual acha ndoffe longe defuaCompa-
nhiacarregaraõ fobre ele osímigos,&: naõ tendo outro remé-
dio mais que cfde Deos,&;o do íeu bom esforço, & vendo vir
para ellc hum Mouro a cauallo defmandado dos outros, que
xnoftraua querér matalo, fem medo algum o efperou com
fua rodella,& hum pique, & lho raeceo por debaixo do bra-
ço a tempo, que o Mouro o leuantaua para dar nelle o golpe,
51 deu com elie em cerra mal ferido & faltando logo no ca-
,

uallo tomou hua lança que vio no chaõ, com que rebateo a
,

de outro Mouro, que lhe fahio ao encontro para o matar ,

o atraueíTou pellos peitos fem lhe valer as boas armas que ,

o Mouro trazia , ôc comando o eaualo pella redea fe veyo


recolhendo para os feus que o reecberaõ com muita feíla
,

com grande admiraçaõ dos Mouros , que o viaõ írcom


douscauallos de vantagem , & húa lança dos feus mefmos
triumphaado & mofando dellcs
,
fem o poderem ata-
,

lhar, & poreflatam marauilhofa façanha lhe deu oCa-


piraõ Eitor da Sylueira armas de Caualleiro & o Gouerna- ,

dor Lopo Yaz de Sam Payo lhe naõ chamaua fenaõ o meu
Caualleiro^ 1

5. E indo o mefmo Lopo Barriga catiuo em poder do


XanfciMahomece |
Eftando em fua prifaõ
,
fabendoífe
G3 ova-
Jbecedarh núlitâf.

ovabr de braço pellas patces de África onde era bem


feu
Marrocos, ondeeftaua
conhfiHáo, vinhao de muito longe a
muitas ptffoas a ver homcm.de que
ramo efpanto ama entre
Gsquuesfoy hum Cide Aly valente Mouro do Reyno de I re
onde Lopo Barriga èftaua metido
ir cem, o qual entrando
em fon de efcatmo lhe diíie 1 eis
cm ferros fe eh. gou a elle ,

pofto em fua liberdade


cia tanta fua fama que o tomara ver
assbarbas Ü alargando a roaõ lhe
pegou
jftta ihc arrancar .

dellas-*o animofo Português naõ


podendo fofrer ( moa na-
oufaáia do barbato
quelle trilie eftado) odefaforamento, &
fua liberdade com hum
pao.que
como fe fora em tempo de
a cafo junto de fi
com tanta torça q
tinha lhe deu na cabeça
em & o meftno fizera a outrosdous,
cahio logo morto tetra,

que com elle vmhaó fenáo fugitaõ, por


onde o ctuel,& rnju-
mandou que lhe tizerao
dar dous mil açoutes
fto Xarife lhe ,

que defpoís mandou a el-


em pedaços a camifa nascames, com
refgatou fofrendoes
Rey Dom loaó o Terceiro que o ,

o ouuiráogemer , nem
dizer hru
M nta pacíenf iaque jamais
Caftelhano de naçao.n
fó palauia: Autor Diogo de Torres
hiftona dos Xirifes cap 31
no fegundo
6 Do mefrno esfotço vfoo Martins Botelholmgca & «
Rio pata tomar
Cerco do Dm, o qual palíou o que
esforçadifsimevigia do campo,
abraçou com humMoilto
tftaiia muy bera
armado com elle apettado entre ost-
,
&
outra vez 0 Rio, & o meteu a feu
ros fo,& fem ajuda paflfou

pefarviuo dentro na fortaleza cap 83.


r da Sy lua r
Ca
7 ,
E outra maior valentia acõnteceo a Ruy
indo por Capitaõ na conqui ta
ualeiro Português,?; arnfeado
dos Hefpanboes que a el a
da Terra Santa em companhia
,

quando Godofte de Bulhon Duque deLoreinaa


to
paílaráo
deu entre e.Rey
moo Turcos na batalha Campal que-fc
aos
delia fahro pedindo
Ricardo &Saladino no maior confltâo
defabo sò por fó hum barbam
Turco por nome Garrbe arma
lançada aa pjcoço clua
do dc armas brácas.Se cc hua al,aua
cio valot dos Tortuguefei' 52
de Frechas com feu arco,& feu alfange^ maça nasmaòs, naõ
fofrendo Ruy da Sy lua tanta foberba, & otgulho do Turco
lhe fahto ao encontro^ andou com elle ás cutiladas té nc u-
cc.em que quebrando as armas vieraõ a braços, & defpojs de
afsi andarem hum pedaço Ruy da Sylua o aperrou entre os
,

braços com tal força que lhe fez faltar os olhos & língoa fóra
amaílandolhc as armas como fe foraõ de cera mecendolhas
por dencro lhedefmembrou os cllbs dando com elle morto
no chaõ,como fez Hercules no defafio que teue com o Gigá- (

ce Ancheo ,
o que foy principal occaíiaõ de fe aclamar a vi-
storia pellos Chrifiaõs..& elle íoy em fi nal de agradecimento
vifitar os lugares fancos de Bethlem,& dar graças a Deos pel-
las merces.que lhe fizera era vencer tam poder ofo,& íbberbo
inimigo como refere largamente Lcpe de Vcga Carpio na fu a
Ierufalem conquiftada Canc 1 6 .

8 Outro femelhance Português foy Vaíqueeanes da C o-


fia da família dos Cofias cabeça & tronco doappellido de
,

Corte R al &o nome, que lhe el Rey


primeiro, que teueefie
Do m Ioaõ o Primeiro deu pella facilidade, com que fe efíe-
recera ao dtLfio dos Caualleiros de Inglaterra , ende fcy co
onze Portuguefes companheiros a dcfaggrauar as damas In-
glefas.em queentraua AluaroGonçaluez Coutinho c Magri-
ço de alcunha. Foy efte Vafqtieeanes Fronteiro mòr de Ta-
uira grande Caualleiro,^: de notaueis forças- achcufe em vá-
& dos mais arrífeados natemada de Cf pta por
rios trances, ,

elRcy Dom Ioaô o Prímeiro & elle foy o primeiro qLe por
l
,

força de armas emrou os muros, & arucrou fobre elLs o pri-


meiro pendaõ, fendo o derradeiro, que da frota faltou em ter-
ra,& com auer na defenfa grandifsm a refificncia acomeceo
com animo & oufadia que foy occaíiaõ de e'R.y a tomar
,

mais prefies do que cuidaua como efereue lerommo Corte


Real canto 15. Efic Vafqueeanes foy o que em Inglaterra ,

venceo em defafio hum Inglês que trazia por armas a Cruz


,

vermelha fimplez, que elle por memória de feu vencimento


C4 aplicou
Abccedario militar
aplicou às fuas antigas armas dos Coftas.
9 Semelhante confiança , & esforço moftrou Affbnfsí
A nes Penedo hum Português popular , mas de altos efpiri-
tus na cidade de Lisboa onde entam eftaua o Meftre de Auis
Dom Ioaõ acompanhado de todo o pouo delia , & de mui-
tos Cidadões, queoelêgíaÕ por Regedor, & defenfor do
Reyno contra el Rey Dom loaò de Caftella, que por mor-
te dei Rey Dom Fernando de Powugal feu fogro queria en-
trar no Reyno, & tomar pofie delle pella Raynha Dona
Brins fua raolher contra cs craros firmados com juramento
de ambosos Rtynos eftando csprincipaes na Camarada
,

Cidade, a que forão conuocados para fe tratar melhor efte


negocio, & auer nelle refoluçaõ lhe foy notificado por parte
do Meíhe o requerimento do pouo cm o elegerem por feta
Regedor & defenfor, & que vííTem /eeraõ contentes da e*
,

kiçaõ, que agente popular nelle fazia: os da Camaraemca.


fo tamarduo,& pcíado pollo cftado, em que víaõ ascoufas
fe naõ fabiaõ refoluer,nem dar refpofta, o que vendo o mag-
nânimo & leal Afonfsi A nes Penedo pondo maõ à efpada
,

(
comooutro Cornelto no Senado Romano ) d fie para os í

da Carnara; que oucorgàiTem o que íèjhe dizia, quâdo nao &


que o paganao pella garganta antes que dali faiíkm i & mo-
ftrandoíTe colérico contra eiles fe amotinou o pouo de manei
ra que ítceofosos do Confclho de algúa reuolca ou motim, ,

fi&etaô danecefsidade vkcude*& refoluendcíTe na vontade do


pouo elegerão por Defenfor do Reyno, & Regedor delle ao
Meíhe de Auisf, fendo de vinre õc feis annos oqualfeouue ,

tam esforçada ,
5C na defenfaõ delle qus
valerofa, mente

por feus, merecimentos alcançou o titulo Real & foi hum ,

des mais bem afortunados^ de Portugal, como


felices F^cys

eoncaLopes náprímeíta parte da Cbronica dtíle Rey capitu-


lo ^6!
xo E o meftno aconteceo a Luis Gonçaluez Malafaya
na embaixada que fez aos Rcys Cathclicos de Caftella da
patea
do valor dos Tortugufes. 53
parte drlRey Dom Ioaô o Segundo de Portugal fobre a con-
clufaõ das pazes ,
aos quaes dando hüa carta de crença lhe
diíTe lhe refp< ndefllm lt go, & mandandoo elRey Dom Fer-
nando agaíalhat, & repoufar reípondeo, que fua Alteza o a*
uia de cuuit logo , porque aquelle ferra o maior repoufo ,
&
gafalhado, que podia ter j & cuuindo elRey ccmartcr.çao
íua embaixada iefpondeo; que aquillo fe fatia defpois de
feu vagar 3 ao que replicou Luis GonçalueZ ; que eile fe naô
auia de partir dali fera Jeuar as eícnpeuras firmes , & confir-
madas como Lz Cavo Pompilo Romano ) & entenden-
( ,

do que elRey Cathohco dilataua a refpcíla com termos & ,

manhas 0 defaíiou fem efperar, nem ouuir palaura algúa vi-


rou pella porta fora, peiem elRey fem mais dilaçaõ temen- ,

do o poder, & brio dei Rey Dom Ioaô de Portugal man*-


dou chamarímmedíatamente a Luís Gonçaluez dizen- ,

Ihe; que o que fe auia de fazer ao tarde fe fizeííe ao cedo; fez


logo fem nenhua demora as efcrípcuras das pazes por cem
annoscom todas asclaufulas , & condições neeeffatias > as
quaes afsinou el Rey & Luis Gonçaluez em nome dei Rey
,

feu fenhor em virtude do poder ,& patente, que leuaua, & lo-
go lhe foy entregue o treslado por todos afsinado como cm ,

femelhances a&os fecoftuma, & notando elRey a redução*


& colsra com que lhe Luís Gonçaluez falara pregunteulhe;
como fe chamaua: Refpondeo , que Luis Gonçaluez Mala-
faya Di(fe el Rey
: Podreis dezír al Rey mi primo que yo
:
,

os pon^o nombre de Luis Gonçaluez Bucnafaya, & man-


dandolhe dar cem cruzadcspara o caminho íbe djfíe: A- ,

migo andad conDios, el qual vaya en vueftra compahi^ 6c


deípaeÉado como defejaua partjo caminho de Portugal.che-
gou a Euora aonde elRey eftaua, & dandolhe conta miuda-
mente de fua embaixada elRey lhe fez muita honra, & gran-
des rnêrceSjCom efpcrança de outras maíores,como fe refero
na mefma embaixada Tofcanocap. 8 8.
iu O q cambe fe pòdeyerno esfoiço de Martim GÍçaluez
Jbecedario militâr
de Macedo Reyno na bata'ha Real
fidalgi nobilifsimo deftc
de Aljubarroca onde fendo eIRéy D:>m Ioaõ o Primeiro a-
peitado de Aluaro Gonçalaez de Saadoual fidalgoCafte-
lhano,qac lhe pegou da maça com que pclejaua, Martim
Gonçaluez ofocorreo neftc trabalho marauilhofamence , 5C
o liurou delle (como fez Clyco a elRcy Alexandre J 5c o ini-
migo foy logo morto & o exercito Caftelhano desbaratado
,

com muita honra dos Portuguefes como refere Fernaõ Lo-


,

pes na Chronica deite Rey parte i.eap.q.*, &r Duarte Nunes


do Liaõ na meíma. E em pago defte focorro fez elRey merce
ao dito Martim Gonçaluez. E naò trato de dar conta de ou-
tras valentias de foldados Portuguefes , porque naõ terà fim
cílc liuro fe for nellas por diante nefte lugar eftas baftaõ.

C A P I T V L O VI.

Em que fe mo sira a obrigaçao que tem o Qa*


bo de efquadra.

O Offício de
fantaria
Cabo de efquadra em Companhia de
Hefpanhoh hc muy antígo,& afsi em as
tentes Reaes,que fe faziaõ em aquelle
panhias de Infantaria os Reys naõ a^sinalauaõ, nem faziaô
mençaõ fenaõ sò do Capitaõ,& Cabo de efquadra, U defpois
tempo para cõ
In-
pa-

para cá fe criarão os ofdcios de Alferez & Sargento em as cõ -


panhias da InFàncaria porque faõ officios muy neceífarios, &
maiores em título, que o Cabo de efquadra, ao qual*o Capi-
taõ de Infantaria deue criar confidcradamente que feja o Tol-
dado mais benemeríto,& pratico de fua Companhia & fuffi-’ ,

ciente para aquelle cargo, & outros maiores^ de mais impor


cancia^ que feja apto, &: fufficiente para ie lhe encomendar
qualquer couía de confiança,& que íaibaefcreuer.
x. Ha
da obriga çao do Cabo de efquadra. 54 .

í. Ha ahi opíniõesde alguns foldades que o Cabo de ef- , :

quadra,naõ hade caftigar ao foi dado porem a nenhum te-


;

nho ouuido a razaô porque fenão que eu imagino que os


,

taes nunca feruiraõ fendo foldadosem nenhúa eíquadra , 6C


por tanto naõ fabem as occafíées que os Cabos de cfqeadra
,

foem ter para cafligar os foldados defordenados,& inobedien


tes. He em coufas quecoruemao
neceíTarío os caftígue ,

feruiço dejReycomo o Cabo deefquadra éílé em Corpo d©


Guarda feparado,ou em parte,que a feií cargo eOèaquella gé-
te nao faindo da ordem,que cem de feu maior; ha de mandar
refolucamencc afsi aos de fua efquadra que tiucr afsinala-
,
,

dos,Sc áos da efquadra,que chamaõ de Capicaõ.& de qualquec


efquadra,& elles haõ de fazer o que o tal lhes ordenar em fer-
uiço de féu Rey , &
o que de grado o naõ quizer fazer far-
Ihohá fteer com rigor, &
fe ocafo paflar adiante defeomedin-

dofíe o ha de caftigar eom


a efpada fem que o eftropee que ,

o foldado he bemfeja caftigade com a arma,& fazerlhe fazer,


o que lhe cem ordenado, mas olhar primeiro a ordem que tç,
Sc como o manda que em tal tempo naõ ha para que fe oc-
,

cupar em prender o tal foldado fenaõ và feruir com aqusllo,


d*nde 0 manda. E naõ ha tal caftígo como efte, que defpois,
que L começou a prender & a vfar eíle cafl:igo,& fazei infor-
mações Sc tanto tingir papel em
como fe os folda-
a miíicia
dos foífem Cidadôes,que tem & Ezc nda com qus
poflefTr és
pagar direitos de Ouuidores,&r Efcnaãcs anda muy corrupta,
Sc defauerg mhada que fe fe cafbgaífc o foldado com a arma
,

feruirin & obedecería com cuidado, & feria mais honrado. E


l

he muy claro que como vém que os oTciaes naõ os oufaõ


caíbgar andaõ com mvy demaíiada liherda.le Si perdem o ,

refpjico aos ofnc»aes,V pella menor occafhõ & fem razaô fo ,

queixaõ^ taõ cridos J: feus Mimílros alguns , que faõ roíns


mais dcpreíla que hum Capicaõ muy honrado com coda fua
verdade & naõ me negara alguém que mais temor mete cm
os foldadesjer fómêce dousemeodo hum Terço caíligatíos
cem
Ahecedaric militar
com a arma, que vmte prefos,que fe rin da prifaõ de víntenê
trinca, nem mais dias a ccoco de fahir com fua vontade* O
deue fer obedecido, Sc ha decartigar sò porfcruiço dei
officiaí
Rey SC naõ de oucra maneira, & o Toldado ha de feutir,& obe-
decer como Toldado que feafsio naõ fizer em nolía naeaõ
,

naõ fe farà couía boa com elles, mas cambem naõ imagine
ninguém, que naõ fe ha de prender o Toldado, & cartigar poc
juíhça.que afsi hadefer porcodos oseafes, que fi^er fora do
fragance,que fe remedea com o e iftigo da arma,que Taõ cafos
da difciplina da guerra* Sc defauergonhamencos , como Taõ
morres, feridas mal dadas, SC força de molher; por Te auer em
baraçado com gence do lugar em lhe fazer danos Sc agrauos, ,

poc coufas dc furto, por correr o campo , Sc por qualquec


coufa, que quebre o vando de feu General,ou Meftre de Cá-
pOique para tifo he feu caudilho, Sc juftiça ordinaria^ Sc cem
feu Óuuidor, SC Barraohei: Mas cornando ao propofico do
Gabo deefquadra em o Corpo de Guarda, que ertê a feu car-
go he lagar de Capitaõ mas donde eftaó ©ucros officiaes fu-
:

periores naõ ha de caftigar, nem incromecerfe em oucra cou-


fa mais , que em o feruiço de feu Corpo dc Guarda
ou lu- ,

gar, que a elle fe lhe aja encomendado Sc afsi fica declarada


,

a concenda.
i Em nenhua maneira deue fercafado o Cabo deefqua-
dra, porque he de pouco fetuiço,5r de muico embajaço, Sc fe
con
o he defacomoda coda fua efquadra.porque naõ pode ter
figo nenhum camaiada de feu* foldados nem os,
pòde trazer
efquadra
a íua cafa,& ha o de fazer ao contrario* que coda fua
nella cada hora lhe ha de acudircom o que
ha de entrar , Sc

ouuer msfter, Sc ha de olhar por elles como por família fua,8C

afsi eftâobrigado, Si lhes ha de ir à maõ, que naêfaçaõ coufa


mal feita, SC quando os vir com dinheiro lho ha de fazer ga-
ftac em aquillo,quc mais neceíTario
lhe feja de armas, ou verti-

dos, porque naõ o joguem, Sc ha de procurar deter fua efqua-

dra muy bemacofiumada,&enfinalosha a tirar com arcabuz,


“ ' J

&c©m
da obrigaçao do Cabo de efquadra.
& com o pique fazer que o joguem & tella comprida de foi"
,

dados & ainda ha de procurar de trazerá Companhia o s


,

mais foldados,& amigos,que poder que cila he fua ©brigaçaõ*


3
Ha d procurar com fe us fc Jdados.que façaõ Camara-
das,& que eílem conformesem fuas pouíadas & fe ouuer al- ,

guas differenças entre elles aueriguallas


apaziguados, Ô£ &
quando fucccda algúa defordcm, que eíle a naõ pcfla reme-
,

diar acudirá a íeu Sargento & fe o naõ achar a feu Alferez,


,
*
ou ao Capitaõ que primeiro achar para que fe remedee com
breuidade,
Se lhe tocar em prefidio a guarda de algua porca ou do
,

outro poflo com fua efquadra naõ coníiuta queoíoldado fe


cafe, mais com húa pofta que com outra que he mao vfo,
, ,

& fe deue prohibir fenaô que ninguém faiba donde ha de ir,


porque poderia íucceder deite mao vfo algum notauel dano,
& ainda facilmete treiçaõ,porqucaínda que falaõ hüa iingoa
naõ faõ todos Hefpanhoes, que fe foem criar de outras nações
com nofoutros,& naõ faõ conhecidos, & em tal occafiaÕ pode*
ria fer.que fc conhece fiem, & remediando a principal cau-
fafeaífegura de talfufpeita. Também foe íucceder auec
algúas poítas feparadas , donde para quatro ou finco tem
,

feu Corpo de guardadora fua lenha & naõ he bem que,

va de ordinário hua Camarada delles juntos porque ,

facilmente concertaríaõ a fazer dano (como foem fazer;


fe

cm algum Iardim cm lenha , outras coufas peores


, & fe , &
vaõ cada noute defiguaes naõ fe fiaõ huns dos outros, nem
êi
fè conceitaõ com tanta facilidade &
cora íílo fe remedea eíte
abufo.
O Cabo deefquadra vigilante hade conhecer os cofiumes
de todos os foldados de fua efquadra porque fe lhe fucce-
,

der ír em algúas partes por bagagis, ou alojar em algum ea-


fal fepaiado, ou em algõa falua guarda
Ter boa guar- .

da, & conca com o que for defordenado ,


ou galinheiro ,
ou .

que refgaca algúa bokca ,


porque eítes caes faõ perigofes,
& qual-

i
Abecedetno militar
& qualquer que ouuer de for dem prende lo porque vá
feíco ,

por iy,àí naõ feja folco atè quea parte &C ainda os Síndicos,
:

ou lurados do lugar eíhm facisfeicos,& que aja auldo íacisfa-


çaõ delles por eferico, porqae por hüa çu ja & pequena couta r

deitas fefoem queixar facilmente os lugares, & fazem pouca


honra a feu Capicaõ, Por canto conuem que viua com cui- ,

dado, 8£ quando lhe fuccedec repatcir à fua efquadra muni-


ções, baftimencoS; ou bagages procure concenealia coda , &
naõ defgoítallos por hum particular, ou dons, aos muicos por
lhe querer mais, que fe agrauaõ difto muito,
Guardefc defer vandoleíro com hum official mais que cõ
outro, nem traga reportes, nem jogue de orelha, naõ furte o
officio aos corredores de câmbios de mercadores , que he
muy ruíra, ôzdanofo officio,& ao Sargeto ha de ajudar em tu-
do o q poder, qoe fempre ha oceaíiaõ que naõ o ande bufcan
do pois naõ tem outra coufa que fazer*
4. O
Cabo de efquadra ha de feruir cõm muito cuidado
principalmence quando feoíFereça marchar com fua bandei.
ra , & jamais fe ha de fiar que outros officiaes façam tudo,
o que fe offerece fenaó com diligencia ver o que fe paíla em ,

os lugares aonde alojar porque foem fuccedec algüas defor.


,

dens encre foldados afsi pendencías entre elles,como com


os da terra, & foe auer necefsidade de prouer de bagages pa-
ra os foldados enfermos , & ter muito cuidado do que
cocar a fua efquadra ,
guarda ou efcoka,
,

ou o que for,& aísi paffará adiante


feruindo com diligen-
cia, & grande
cuida-
do:

C AP^
daobrigaçao do Sargento. 36

C A P I T V L O VII.

Em que fe moBra a obrigaçae que tem o


Sargento.

Tk *7 A eleiçaõ do Sargento fe ha de ter muita confídera-

Ç aõ P Gr
nel l* confíftir a principal parte da obfcruan-
I
^ cia da dífeiplina militar, &
toca a feu ofhcio a execu-
ção, do que fe ordenar por fèus ofhciaes maiores, & afsi im-
porta que feja muy pratico, & muy valcrofo foldado, mui- &
to experimentado em todas ascouías de guerra porque he
,

officio demuita importância { hc neeeílario, que íaiba & he ,

ifto ramo afsi que fe póde fofrer que os mais officiaes da com
panhia fainda que feja ©proprio Capitaõ; fejaõ bifonhoS fem
pracica,nem experiencía, & o Sargento ha de fer forçada-
rr^nrs foldado velhote grande efpiritu^ diligencia.
í. Conuem que faiba ler,& efereuer para fazer a Jifte
dos foldados da Companhia & tellos na memória, & co-
,

nhecellospellosnomes & pellas camaradas, & faber diftinfta-


)

menre quantos Coflblletes, Piques, & Moíquetesha na Com-


panhia^ que numero de Arcabuzeiros com morrões, & fem
clles para pór com diligencia toda a Companhia
em ordem
fegundo a necefsidade em quefe achar & íitio,quefe lhe oíFe-
5

reecr , & para


que naõ tenha confufaõ n© armar da Compa-
nhia apartará os fòldados de hua forte de armas dos
outros
para os poderem meterem ordem com melhor conílderaçaó
pondo os íoldados mais práticos na Vanguarda & Retaguar-
da^ nos lados onde maisim porta, porque a elle Jhe coca fa-
zer quea Companhia vá muy concertada,&
poftacm ordem,
em ;dfftanci- siguaes, com a s armasbé poílas, ôcifto ha dc fa-
zer com muito comedimento , & henrofas paiauras para os
Ábecedarir militar
obrigar,que lhecenhaorefpeíco ordenando aos tambores, &
pífaros o coquc,quehaõ de fazer eonxfeus inftrumencosje ha
de macchar dcproffa,ou de vagar-ôi por outros refpeicos.
2. Quando as Companhias faemem ordenança para fa-
zer refenha , j5c receber paga hc cftillo irem os foldados
pel!a maior parte enfileirados de finco era finco por fileira fe
ouuer Mofqueceíros haõ de ir feguindo a primeira fileira de
Arcabuzeiros fendo Companhia de piques, & logo tornaraõ
a feguir os mais Arcabuzeiros de modo que a bandeira yd na
Retaguarda das Arcabuzeiros,& detrás delia todosos piques,
que fe naõ paífarem dc tres fileiras, lhe poderá por o Sargenio
detrás delles outras fileiras de Arcabuzeiros dc modo que a
bandeira fique no centro, & raeyo da Companhia, ifto fe en-
tende quando o$ piques naõ cheguem a tres, ou quatro filei-
4.
ras, porque chegando a eíhs podem ir os piques fuppoíto quo
faõ poucos.
3.
OSargento hade guardar a ordem,que Ihé der o Sar-
gento maior,&mofl:rarfc mflb muy diligente , & defiro afsi
nos efquadrões.como nas efearamuças, porque em femelhan-
tcscafos fe fe fábe bem entender coftuma hum Sargentoj a
ganhar honra, &reputaçaõ, & pello contrario deshonra,
& infamia notauel fendo cafo dc defordem & defe perder ,

tempo,
A efie official toca repartir as efquadras ,
que haõ de
fer de guarda na muralha &repairos do campo , SC ruas do
,

quartel donde efiiuer alojado ôc osque haõ de acompanhara


,

bandeira, 5c naõ ha de confcmir quefoldado algum venha a


ellafem trazer todas fuas armas,& tambemlhe coca finalar os
que haõ de ir fazer efcolta, Sc correrias ao campo, & os que
haõ dc trabalhar em reparos .Sc trincheiras & fc fe offcrece-
,

remqnefiões nas Companhias a efie official toca prender os


delinquentes,© q fará com muita brãdura,& mais moderaçaõ
do que coftumaõfazec cs Míníftros da juftiça,potque naõ he
raz.ió que hum oíficial trate mal a feus foldados.
j. E
da obrigação do Sargento. 57
^ E cambem lhe coca pór, & tiraras poftas,& guarda*
gtúandoas ré onde haõ de ficar Sc aconfelhar aos Cabos de
,

efquadrao que haõ ds fazer corrm meando lhe o feu parecer fo


bre o pór das cencinellas & datlhes o nome, que trouxer do
)

Sargento maior com muito fegredo,& recaco,&fuppofto que


coqua aos Cabos deefquadra faber as munições.que tem os
foldadosde poluora, pelouros, & murraõ,& de outras armas,
6 como as gaftaõaelle toca cambem a fupetintendencia das
caescoufas^ àle diíToimporta aoferuiço dellley,poi:q mui.
tas vezes em íè diftribuir mal, fe arrifca o effeito de hú exer*
Ctto vindclhe a faltar tudo nas maiores nccefsidades.
6 Quando fe offcrecer oceafiaõ de pelejar o ba de fazer
onde lhe parecer queeílarà melhor entre os foldadcs para os
gouernar.&: acudir á obrigaçaõ que tem como verdadeiro foi
dado, para o que ha de andar com armas leues^ fao morríaõ,
Sc couraça, ou camífa de malha,^ coura danta. Se faltarem
mantimentos na Companhia a èlle lhe coca procuralos das
munições do exercito para que os foldados naõ padeção,&: rc
parcílosha pellos Cabos de efquadra para que osdifhibuaõ
por fuasefquadras de force que cada Camarada alcance fua
parre por igual. & o mcfmo farà nas muniçoés de poluora, pe
íouro$,& murraô,& nas mais coufas neceíTanas para que a
Companhia ande bem ordenada^ prouida.
E na aufencia do Capitaô ha deterá raefma obediência
ao Alferez,que fica em feu lugar para o goucrno de toda a
Companhia, & parcicularmenreha de ter muito refpeicoao
Sargenco maior comprindo tudo o que lhe mandar & afsifíin
do cm fua prefença de ordinário rcconhecendoo por feu
principal fuperior do que mandar tendo muito cuidado
cm todos os cafos que fe oíferecerem, & confiderar feus defe-
nhos para que com fua doutrina fe faça merecedor de me-
lhor cargo,
7 Ha o Sargento de fer muy folicíto Sc naõ fe lhe hade co
,

nhecer preguiça algua,&ha de cruzar todas as horas o quartel


-
— H ’

de
Jbecedarie militar;
de feus Toldados por todas as partes ainda que naõ tenha
que
fazer por veroquepaffa que entre ,
gente de guetracada
momento fuccedem coufas,que remediar, & acudir a cafa do
Medre de Campo, & ao Sargento maior para faber fe fe cffe-
rece algúa coufa para os ter gratos, & fazer o que lhe ordena-
rem com muita ddigencia,& vontade que o que fouber fazer
cite officio fufficientementefaberà fazer outro qualquer

m ais importância porque he cuidadofo,& aftuto,
O alojamento dos foldados de fua Companhia (
fe bem o
ha de fazer o Furriel delia, que he feu officio ) ha de paíTât
por fua maõ & elle mefmo ha de alojar fua Companhia,
,

Porque o Furriel uao ha de fazer mais, que o que toeá ao


alojamento, Sí o Sargento repattillo & ha de ajuntar todos
*

os foldados que façaõ camaradas entre quatro , ou feis em


,

cada cafa erma, Sc em o campo o ha de fazer também, & em


nenhúa parte fe deue alojar hum Toldado sò ainda que feia
em cafa de feus hofpedes , que naõ pódc nada em cafa alhea
hum íó, que o podem deitarem hum poço fem fc faber del-
le nem em erma
dkía podem eftar fenaõ juntos quatro
ou ,
,

íeis como eítà dito porque citando juntos eítam


mais fegu-
ros, Sí coraaõ amor ; & fc algum for ferido ,on
enfermo he,
lego focorndo & toda a Companhia eítà conforme y Sc no
,

barato fazem mais prá-


comer viuem melhor Sc mais ,
Sc fe ,

ticos ,SC curíofos huns à porfia de outros >& cada hum de


per fy naõ tem gouerno, nem amizade & o eftar sò he
cau-
,

fa de criarem vícios que alguns foe auer ruins a tomar em


,

cafa do vizinho o que eftâ bem pofto 8c feguro ,& ,


tudo jo-
gaõ>& para iffo o querem cs taes,& naõ sô fazem iíto mas n-
raõfe afsi mefmo a fuítentaçaõ,&: iíto caufa eftarem fos que fc
o pòderam
cftam acompanhados com feus camaradas naõ
&lbevaõ
fazerum facilmente, porque fe os reprehendem ,

à maõ/e enmendaõ, fazem de maos bons: o outro he de


Sc fe
mifiet
muito defeanço para code*s os òffiLiaes, quando os haõ
haô de achar jutos
íabet donde (ainda q feja à meya noutt) fe

quatro
dá ohrigãÇíiQ do Sargento. y3
quatro, ou feis delles como fuceede cada hora pedir o
Sargaço
maior algúa quantidade de Toldados Arcabuzeíros, ou piques
muy depcetíXq ccndoos alojados de aquella maneira os acha
com facilidade ,
8£ cambem como fe tém viíto em algúas cer-
ras auer defordens de noucereuoícas,ou cocar arma faem qua
cro,oa feis Toldados armados juncos dehüacafa,& abrem por
donde querem té chegar à fua bandeira donde haõ de acudir,
& no exercito o méfmo.
8 Diísímuladamence hadeencrarcm as poufadasde feus
f»ld.ados a defora & quando lhe pareça como que paflfa por
,

ali defcuidado por ver o que fazem, porque alguns ha,que fe


alojaõ em cafas ermas defcompoem as mefas, & madeira, que
}

cíU bem pofta,&: a queimaõ,& foem a empenhar os coberto-


reSjlençoes.&ro mais da cama para jugar, que he grande pla-
neta efte em a InfantariaHefpanhola, & cem pouco remedio
fenaõ for fazendo diligencia de andar fobre elles naò fomen-
te fazem codo o dico, que cambem coftumaõ alguns ruins ve-
dcr as arma$,& fe vaõ fugindo para oucros eíFeicos. Também
he boa a diligencia de andar fobre elles que naõ pnflaõfahir
comfuas más inccnçoés fendo a mmdo viíitados fe póde
remediar, como he conjuraçaõ de motim, capear
ou roubar ,

de nouce 5c outras muitas más coufas, que fe coftumaõ fazer


ás efcuras,& he infamu de toda a Companhia que logo fe ,

publica de que Companhia faõ os caes tudo fe remedea com


diljgcncia,& cunoíidade.
Em o que coca ao feruíço dei Rey afsí em o da guarda, 1

como em cuio o demais ha de fer refoluco, & naô ha de


confencic que nenhum lhe replique defpois que der a or-
dem afsí a Cabo de cfquadra ,
coma a Toldado masaduirta
que hade olhar primeiro muy bem ,
o que manda & que
ordem cem, & ^m mandandoo fe aça fem upgar, nem fuf-
pender o que ciiier mandado, que de outra forte naõ fará eou
fa com Toldados ap{çíTada,nem aceitada.
9 As ordens q aelhc derem feus fupenores, donde quer q
H z fe
Abecedaric militar
fe achar.as ha de comprír puntualmente^fe em hum mefmo
fugeico lhe derem dous.ou tres officiaes as raes ordens feguirá
a que lhe ouuer dado o Superior maior fe ja a naõ tiuer reuo-
gado,& por feu gofb,nem por outra coufa faça o contrario,

& ha de executar as caes ordens ao pé da letra.

fe de guardar de fer vmgaciuocom feus foldados


Ha quo ,

he opinião de crueis?pufilammes,maos officíaes fenaõ, que fe

aja enojado com algum dellcS em paíTando aquella


cólera & ,

furia,& em virando as coftas naõ fe lembre mais do paílado


com aquelle foidado naõ lhe ha de ficar nenhum máo inten-
to em feu peito, & afsi como lhe conheçaô feu humor que,

lhe pafíaprefloa cólera, mas quede repente fe enoja


feguar-
darão de o anojar, & defpois que lhe paflar aquella funafe af*
fegura o fo!dado,que naõ o pcríiguirà mais,& ficafem nenhu
inao penfamento,& fe lhe conhecerem cj he vingatíuo,&
mal
acondicionado fugiram delle,& naõ viraõ à fua Cópanhia ,SC

a emer facilmente, & dará defgoílo a feu Capitaõ


fe desfará q
queixandefíe delle que os trata mal, de que o virà a odiar, &
nífto»&em tudo de gofto a feu Capitaõ,& acertará.
Idades .ao
jo Ha de rcr muita conta em conhecer quacs fo
mais perfeitos paia feruír com húas armas, & quaes com ou-
a feu Capitao pata q
na & olha los bem para aduèrtir diflb ,

que bem
píoueja a cada hum a arma que- lhe conuem:
os faõ

di rpoftos,At bem CcfioUetes: os que faõ dobrados,


feitos, para
para
refeitos, galhardos Mofqueteiios q aísi conué q fejaô
&
fu peitar aquella arma tam pefada: os medianos & menores ,

para Àicabuz(iros,qafsi faõ pci feitos, & mais


a conto a ar* &
eabuzerk do inimigo os cffenderá menes, tem híía van- &
rnaisa feu gofto os
tajçcfn,& naõ pequena, que fempreatiião
polnora obia
peque nos debaixo para cima, & he mais ccito,&a
como dizer de pequeno ao q he
melhor de baixo para cima,
feja mavs
crecido & té
mais põtaiÍ3 & o Mofqucieifo,
;
ainda q
a pol*
crecido be he a fuaarma como o arcabuz de
fe
quilha
üora farà a raeíma fat çaê atua diferétcméic có hüafor
— - - '
- “ em
dá obrigaçao do Sargento. 5 j
êfn que defeança o mofquetejqufi abaixa fobe como quer, ,
&
&por fer tam pefadaarma he neceííario que feja galhardo,

o qae o reger ôi o dia de hoje fazem a própria proua, que os


,

Arcabuzeiros no caminhar de necefsidadejâinda que feja em


cõpanhia de Arcabuzeiros, que hc donde fe trabalha mais, &
fe vè cadahumpara o que he:& fe naõ forê galhardos feacha
tam rendidos em algüs trabalhos repentinos, que cem, como
fe vè cada dia.por canto conuem que o Sargento conheça a ca
dahú para o q he bõ,& para prouer as armas,queacadahum
ihecõuem, & as pofía fugeitar, que importa muito aoíeruiço
dei Rey porq fe lhe daõ ao foldado as armas, q naõ pôde íe-
:

nhoreár naõ pòdc fermr cõ cilas, & faôduas perdas km p.ro-


ueicoao foldado queas kua, & ellas, que em poder de outro
feruinão,que o foldado fe naõ fugeica bem fuas armas naó he
fenhor delias antes o embaraçaõ. He obrigado a enfinar
aos foldados de fua Companhia a porfe bem cadahum cõ as
armaSfCõ que feruecomo o Sargéco maior em todo o Terço.
A o Coílollece que o traga muy límpoiSc bem tratado, & bom
pique comprido, &
não de menos de vinte &íinco palmos dc
vara de Hefpanha com fua funda ga!ante,& porque no cargo
de Sargento maior fe cníinará cada coufa das armas como as
haó de trazer, & cratalas,& feruir cõ ellas naõ direi aqui mais
nefte particular. *

li. O Sargenco que ha de fazer bem feu officio fe eftiuer


em pr^fidio em entrando ncllc ha de reconhecer coda a mu-
ralha, portas.lugares donde ha de por fuas poítas & guardas.’
O mefmo em campo, que o quefe diz de hum Cabo íe diz do
oucrojha de ter muita conca, com o que o Sargento maior lhe
ordeoar^ nifto,& em tudo o demais que lhe mandar &con-
fiderar a geme que tem ,&como pódê cõprír cõ cila, &cada
hü donde o ha depor,S£osCabosde efquadra,q ha mifter pro
uelo todo cuciofamente. Nenhu tenha fí cio cefto,nem faiba
donde ha de iratê que clle lhos afsinale, Sr reparta. Trazer
os Cabos de efquadia cm caes tempos confgo que afsi farà
,

H 5 tudo
Abecedari® militar ;
com faci lidade que lhe ajudaõ muito ! Naô ha de dat
tudo
a nenhum delles mais hum,que a outro em quanto cocar ao
a

daguaida faluo que em o Corpo de guarda principal da bá-


dena ha de piouei ao que lhe parece que he mais pratico, 8£
de maisauthoridade, & refpeito para q fupra em
ranto q cllc,
acharem mas os demais cedos
ou feu AlfereZ fe na© nelia ,

vaõ pot fua ordem jgualmenre fem agrauar a ninguém afsi

em campo que coftuma alojar al-


em preíidio.como faluo fe

gúa vez feguro do excefsíuo frio , & lodos tcrri-


em preíidio
beis em cal cafp* pell o trabalho que ha ahi de trazer,
& leuar
guarda, podia con-
o em que dormem aos Corpos de fe lhe

ced. r hum mes de termo a cada hum com fua eíquadra em


hum mais* porque fe iiuò affciçoe aly mais que a
naõ
parto.
Ha
[fràt fazer o Sa r gento temer &
íefpeitar, Sz que cs tol-

dados chamem temaõ, & reípeitem. Diram que naõ pode


&
por-
caber junt as eftas contrariedades fim pòdem nefte cafo ,

que hecomraúoo fauorece para fer amado.


que o que parece
nada
Niò tirando ao foldado do pobie foldo , & alojamento
feri amado. Naõ o tratando mal de palaura ferà amado
detodos. Dandolhe bom alojarr ènto fcrà amado* Se em
aígrain dtfcusdo o acha & o teprchçndeem
íegredo lerà ama
}

Com Jhe naõ tirut dalênha, que lhe tocar


na guarda fe.
do.
lhe fcr bom companheho,ferà amado,&
pa-
rá amado. Com
coufas fobreditas
ya fer temido &
refpeitado o fauorecem as
fabendo bem o que manda & naõ lhe efcapando defceido,
,
co-
Bem defordem. No ordenar & mandar ha de fef tefoluto
mo fe nunca ouueífe tratado com nenhum delles em tal fé-

o que
po,naõ roga coufa algõa de feu particular, Íí-naõ manda
haõ de fazer em feruiço de feu Rey.
il Naõ ha de zombar Jamais com nenhum foldado, em
osCí»rpc»s de guarda, nem dar matraca né caminhando
como
palaufas dtfceme*
Te* ço,ouExercito fc ha de confentir falar
did. s fenaé quefe marche com filencic^nem apode mnguera>
nem
dá obrigação do Sargento. 6o
nem coníinca que fe faça; porque difto fe vcma perder o ref-
geral com clles, & em ordenando
peico facilmente, nem feja
a coufa que fe faça logo &c fe algum fe moftrar inchado, cnto-
,

nado.ou defcomcdido ( que íoe auer alguns que fe poem em


diíFerenças ôi refpoftas argumentando fe lhe toca ,
ou naõ ir
donde fe lhe ordena dizendo que o entende cambem como
o que o manda; quanto mais cnconado for fendo em cafo da

Guarda em feruiço delRey o caftigarà mais depreíía que em ,

cal cafo naõ ha ahi prender, nem fazer proceílo fenaõ caíbga-
lo de maneira que naõ o aleije,
nem fira Sc fe lhe fugir naõ
,

aquíllofaue de. obediência, Sc caíbgo; mas ha ahi


no figa, que
alguns, que coftamaõ eftar quedos cuidando que naõ fe atre-
darlhe caftigo que tíraraõ do caminho a hum lob,
ueràm a ,

em efFeico por entam ainda que efté efcalaurado ha de ir don-


de o manda que defta maneira o tal ferâ caífigado Sc os
,
,

mais temeram, afsi fera cernido, & refpeitado,que eftasceu-


fasdo feruíço dei Rey naõ cem mais milagre queefte,nera
outra delicadeza que o, que for defobedience ôf remiífo 6C
, ,

naõ faz em feruíço dei Rey o que lhe mandaõ feja caftigado-
que o foldado,que naõ obedece naõ fe deue confencir que te-
nha foldo porque he dinheiro, Sc tempo perdido, que em efta
;

arte a obediencía he a mais neceíTaria propriedade que ha de


ter o foldado para fer perfeito.

13 Naõ fe ha de defarmar nenhum foldado como enrre


de guarda ate que feu Alferezfe defarme,nem o nome fe dará
acé cftatem as porcas cerradas em preíidio, nem no campo té
que o Sirgento maior venha a por as poffcas à noute efeura.
E tè efta hora naõ fe haõ de defarmar , Sc quando elle ouuer
de dar os nomes às poftas não fe ha de dar fenaõ no quarto
da prima ao proprio foldado, que a fizer , SC o ha de deixar
pofto no luga^em que ha defazera pofta,8e naõ de outro mo
do,& aduirca que fe naõ ha de mudar pofta nenhua, que elle,
ou o Cabo de efquadra,que eftà no Corpo de Guarda, donde
aquella pofta fe prouê naõ vàem peíToa mudala com o folda-
H4 r do.
Abecedarir militar
do, que ba de ficar em feu lugar, & o que fac Icualo configo ao
Corpo de guarda, &: dahi naõ faiu nenhum,a que fe tenha da
do o nome. E no campo efiando com exercito fe coítuma
as mais d as noutes eftando o inimigo no campo mudar o no-
me ofFerecendoíTe oceafiaõ -

t & efte dar, & tomar o nome ho


perígofo,^ afsi he necefifario dalo com grande fegiedo, poiq
dalo ao foldado,qne eftà de pofta pode o inimigo eftar tam
perco que o ouça talando alco(como té acontecido muitas ve
zcs)porque o inimigo bufea para /íTo Toldados intelligentes^
aílucos; pello.que nefie cafo he neccíTano grande vigdancia.
E nos lugares de ímporcancia^ue he chaue & íeguro do cam-
po naõ occupe Tenaõ pcííoas de muita confiança, & praticcs
de que tenha farisfaçaõ.

4
1 No prefidio & Corpo dc guarda donde cftà a bandei
(

rã naõ ha de entrar algum das percas adentro, onde naõ efle-


ja dado o nome de noute pel’a vizinhança das caías faluo
for conhecido fem que hum oíficial fava a ver quem he,que
ali naõ ha de auer nome, & o tal ainia qu-e Teja do h gar, ou

inimiga fc deuc admitir, porque naõ 4 òde fazer dano, antes


pòje t?azer algum auifo de impcrraneia & por efta razaõ fo
.

dcue dar cíl.a ordem âspofias para que faibaõ o que haò dè
çbfecuar.&auizar.
15 O Sargento deue rondar íó, & vero que fazem os feus
Toldados fe naõ ouuer perigo.na terra, cu rço campo porquo }

achando algum defenido indo sò o pode reprthender eotn


brandura, 0 que naõ farà indo acompanhado, porq aelle co-
mo procurador & meftre dos foldados de íuaCompanhia lhe
roca ca{Hgar,& reprehendet as falras,&; hadefer fc ereto como
o Co n íeflor Te quer que fe fiem delle>que he muito grande víe
Eude,& nem tudo fe ha dekuar com rigor faluo nos ca fos de
ijmpjrtancia,
\6 Ha de ter o Sargento a lifta dos Toldados de Tua Cõpa
nhia efquadra por efqua dra,&r qua.es íaó os que fe acornodaõ
*por ca mnadas em hüa cafa & ""
fabecihvs. às poitas,
~
Naõ
da obrigaçao de Sargento. 6t
Naõ ba de fer amigo de fo! dados de chímemnetíi folhei
ros.nem eonfentir qr e os ajaem fua Companhia ffe hcpof-
fiucl ) que faó danofcs & cauíadores de muito mal, & sò fer»
,

uemdc fazer mào offício , que nenhum auifo importante


daram; antes oencubriram ( o que eftà Lcm experímétado)
& dicam coufaç, com que aja rcuolta entre officiaes, & folda-’
dos,& hum fó dtftes,que ajá em hüa Companhra baftapara
a inquiecar^que o cal naõ faz fenão o ofhcio de Sachanas,que
he reuoluí r.
17
Cuardefede íèramarcebado^ue he coufa efcandalo-
fa,& cem muitas difíiculdad s. A primeira condenação de fua
alma: Afegunda gaíTa as forças de fua pcíToa,que heo q mui-
to deue guardar, porque cem offício de muito trabalho, gafta
a bolfa,he caufa de grande murmuraçaõ entre as gentes para
o feruiço delRey muy danofo q fará mil fahzSjbc pòde fer tal
a joya que lhe trará crabalho,& perdição, otíkial amance-' O
bido mal pòde reprehéder ao foldado,q o fbr,porq mandan*
dolhe q bote a manceba de cafa ( que afsi he feu nome ; logo
ha miumuraçaõ,& dizem que deite elle primeiro a fua Aísi
que para fet Meflre lhe eftá mal reprehender a outro alguer*
feu proprio vicio: Nem fe embarace com molher algúa da
Companhia em nenhüa maneira que lhe fuccederam nota,
ueis dimnos & defgoftos fenaÕ que
, viua em quanto for
ofhcial liure , & í e achara muy contente, & defeançado,
& feruirà melhor, & os foldados cambem ,
& naõ murmu-
rará ninguém delle, & o amaram todos naõ tocando noa-
Iheyo»
18 Ha Companhia coda a gente do
de perfeguir na fua
mao viuer que não parem
comofaõ ladroés galinhei-
nella
,

ros,folheiros nem homemquefe tome do vinho, porque


,

faó damhcíifsimos, & mfamia da Companhia. O mefmo os


reuoltofòs homens, que pelejão por molheres, que não he ne-
nhum proueito ao feruiço delRey mais de occupar o aloja
q
mentoj u fetuc de meíirade eníinar aquclle e-fíici© a outros,
Hj qu G
Jbecedario militar
que o que difto feruem, & naõ eftudaõ em outra coufe
fejaõ,
fsnaõ como fè haõ ds eximir do trabalho,^ fe efeondem para
a necelsídad;,& defpoís de paíTado aquillo faemeomo afoga-
dos ao terceiro dia. Naô fe diz ifto em geral que bem fe vè
íenaõ por alguns ruins^orque os naõ aja, que hs grande fai-
ca fe achem de femelhante vicio donde ha ahi tanta honra,
& nobreza em a Infantaria Hefpanhoia: ha mifter deftetra-
los.
So algum foldado prender defeu proprio mociuo porque
,

afsi conuenha^ der parte a feu Capicaõ dilTo^u a outro fu-


petíor , guardefe de o foltar* que o naõ pode fazer que em
cal cafo náo pode mais do offício de prender & na© foltar.
Fauorecello,& procurar defpois de tiralo dah por bons meos
deueo de fazer que eftá ©brigado a iííb.
Tenha muita conca quenaó lhe efqueça o nome, que lhe
derem feus fuperiores que hegrande defcuido, & oífender ao
feruíço delRey grauemente.
19 .Fora do feruiço delRey naõ lhe aconteça acutílar a al
gum foldado prmcipalmence fe ouuerem jugado, & tiuerem
contas por caufa de molheres,ou por odio que lhe tenha, que
o naõ pò^e fazer,nem fe atenha a que he ofâcia^Ôi que por o
fer o haõ de fofrer por obrigaçaõ forçofa,que naõ a ha né o
,

foldado a tem,& fé o efcalaurar ficará com JÍTo , & com a af-


fronta, & o foldado faià muito bem em acudir porfua hon-
ra,^ vida,&nmguem ihe dirá que, o fez mal,&ao s fficial fim,
& lhe tiraràm o cargo cõ muita razaõiporquc aquiilo paflbu
fobre coufâí fuas,&: não em cafos de feruiço dei Rey fenaõ
ígualandoíle com o foldado, & naõ como ofticial feu, fenaõ co
ixio inimigo, que o offendeo, que aquelle cargo , nem
os mais

naõ dá elRey para tratar mal os foIdado$,que o feruem fenão


paraosenfinar por emperfeiçaõ para o tempo ,
que os ha

miíler, & oshaõ de cer,craur(


& fuftentar,com o amigos, & cõ-
panheiros,& não como eferauos, que o não faõ. Nem cam.
pouco pòdem fetuir a feu Rey fem honra, & faõ obrigados a
da obrigâfao do Sargento' 62.

acudir por ella.& fe o officíal lha tira fica fera ella,que não
lha pode reftícuir era cafos femelhames.
Emcoufas que tocaõ ao feruiço de feu fenhor naô perde o
foi dado fendo caftigado por ífib porque aqutllo he regra di.
reita inftituida na milicia,mas por as razoés ditas fira, que não
foy por eafi:igo ) & perece a honra ,
& íenvella náo pódeferuir
a hum taro. alto Senhor como he ,
feu Rey nenhõa forre da
ftddado fenão aquelle que for honrado. muy
ío. Aduirca bera, que não tire ao foldado algum aloja-*
menco.que tiuer para o dara outrc^que o naõ pode fazer fem
licença de feu CapitãOi & que a tenha não para meter outro
em feu lugar,&aeile darlhe outra fenão for porque tenha
defconforrnidade ccm o patraõ,ou camaradas, & fenão ha dc
fer o foldado muy contente delle , porque he cafo de menos
preçoj dcucra ru<inerra fem occafiaõ o foldado fe refintirà dei
}

lc com razão.porque fe lhe faz agrauo,queaquelle alojamen-


to tem ja por elRey ,
como
o foldo ordinário, que não he do
Capitãoj òc fe fe queixa a feu Meftre de Campo lhe parecerá
mal por aquelle agrauo lhe dará licença para mudar fua
, &
praça em outra Companhia, & feu Capitão ferá reprehendi-
do juílamente.
Quando lhe fucceder marchar cora sò a fua Companhia
aduirta que a.elle toca o cuidado, do que for neceífario pro-
uer para o feruiço de aquella Companhia, & ha de fuprir pel-
r
lofeu Al erez,& Capitão* O
primeiro ha de tratar com leu
Capitão fe fe deue fazer diligencia em madrugar. E fequifec
ircom pouco bagage.ouccm muito conforme lhe ordenaré
ha de fazer a prouifaõ, & diligencia afii de bagages como de ,

marchar, & tenha por cílillo que a primeira noute fe faça a


guarda de foldad(/s da efquadra do Capitão, que for neceíía-
na queelles hão dc fer o principio, & defpois arreo o Cabo
5

mais antigo com fuaefqnadra & afsi os mais profeguindo.


j

Também ha dc ter grande conta no repartir dos. Cabos


para a guarda do bagage que todos trabalhem igualmentefem
agrauar
Abecedario militar
agrauar mais a hum, que a outro,&: ifto ha de ordenar de hui
vez para fempre. Ao Furriel ha dê mandai adiante a fazeco
alojamento, & dizerlhs o que ha de fazer, &r como ha de reco-
nhecer a cafa do Capitão, & da bandeira q efla ba de fer em
,

parte publica,& conueniente para por a bandeira, que fc veja


de longe ô£ eftè fegjira que fe lhe poíTa por bom Corpo dc
guaeda. E também lhe ordenará, que renha conra de apar-
tar as boletas decadaefquadra de perfy paradallasa cada*hõa
&nãofeha de meter cm fua cafa fcmquè efté alojada toda a
Companhia, & acomodada. E ordene aos CoíTolletes que ,

nunca deixem feu pique fora da cafa donde alojarem fena5


dentro, que feia fenhor da fua arma.que naõ e feja ode fora,
que fe a cíuer fóra,&o quizer matar o do lugar o poderá fazer
com ella própria; ôepor eíle perigo , que he grande eonuem
ao Sargento faber alojar a cada foldado fegundo ciuer a ar-
ma, que feja fenhor della & ordene aos Cabos de efquadra,&
}

a todos os foldados queemouuindo oatambor a qualquer


hora que feja acudaõ todos com prefteza â bandeira , fenâo
cafhgalosha èm fragrante, que afsi conuem em taes tempor.
Os atambores haô de fer alojadosem a primeitacafa vicinha
da bandeira, donde eftà oCorpo deguarda;& as caixas hãoda
£car femprecõm a bandeira.
E’o Cabo de efquadra,que eftiuer de guarda ha de faber a
poufada dos atambores que não ha ahi para que chamallos a
palotadas dos tambores porque ha alguns em aquelle ofheio,
que os não defpertaram de nenhum modo porque dormem
com as cabeças arroupadas. Também ha dc ordenarjao Ca
bo de efquadra a hora, que quer que coque a recolher , & le-
uancatfe muy cedo,& fazer com diligencia carregar o baga-
ge,& afsi fairà a Companhia quando oCapítão mandar. Ao
qualjôe ao Alferez,como fe leuante logo os ha de verípara fa-
ber fe ha ahí algúa ordem noua.perquc aquella nhute poderia
ter vindo algüa ordem do Meflre deCampo,ou do Capitão
General. A(si que ha d( fer rauy folicico^ vigilante, que o
Sargento
da obrigação do Sargento. 63
Sargento em hua Companhia deue de imitar em tudo a hum
Sargento maior em hum Terço &ccmo marchar a bagage
,

irá no lugar que mais feguro feja.


,
Cs Toldados fempro
) & o caminho
recolhidos & ,
em ordem ( Tc for pcfsiuel o
fofre.

C A P I T V L O VIII.

‘Do cargo de difere cuja eleição fe farà


com con/ideraçao.

N A eleiçaõ des Alferez ha de ter o Capitaô díuerfas


coníiderações, poique naõ bafta Ter valente, bom, 8£
anímofo foldado,fenac) que ha de fer Teu igual fendo
pofsiuefem valor, difcriçsõ^ confclho pois lhe coca o gouec
no da Companhia em fuas aufencias,poiq a bãdeira he opri
meiro fundamento da Companhia,em q cenfifte ahenra, S£
reputaçaõ delia, & de feus Toldados, & conuem que a p£fToa,q
fe ouuer de eleger nefie carrego tenha as qualidades,q hü per

feito Capitaõ,& eftimaçaõ de honra para que a faiba guardar


& defender, porque he cargo taõ qualificado q dizia oDuque
de Alua, que Tc os Alferez forão prouidos per el Rey como
faõ pelíos Capitães era o melhor cargo da guerta & entre
,

outras muitas razões que daua muy eiiidenres era eíla a


,

principal: que a honra de hum exercito muiias vezes efla-


ua em húa bandeira o que Teve em hum aíFalto de hua
terra cercada que Te hum Alfere2 com Tua bandeua Te lança
dentro os fi/ldadcs majs vizinhos aella o Toguem por onde ío
ganha hua cidade, & fe alcança húa vjftoría ce mo o fez o
j

Alferez Ofoa nabatalha , que oCcnde Dom Qomes „ &


Dom Pedro de Lara cíuerão pella Raynha Dona Orraca de
CaíklJa contra dRey Dom Alonfo.dc Aragaõ feu maiido,
em
Abeceàâiio militar
em que foraõ vencidos,^ ú Çonde moi^ & fendolhe corta-
da* ambas maõs
as pata lhe tirarem O eftandarte o recolheo
t

afsi com os cocos dos braços t 8c o defendeo valerofamence


appellidando feu nome, dizendo, Oka , Ofea, & feusimigos
pnncipalmence o Emperàdor magoado inda que vi&onofo
a qual batalha fe deu junto â Villade Sepuloeda em Cafteíla
a ii. de Abril do anuo de 1121. encre o Emperadoí Dom Af-
fonfo de At agaõ Rey Outauo de CaUella, com o Conde Do
Gomes de Gondefpina o maior Cauallciro 9 que auia ern Ca-
ftella naquelle tempo.
O mefmo aconteceo na batalha dc Touro em Gaftclla en-
tre elReyDom AíFonfo o V. de Portugal & os Catholicos ,

Reys deCaftella Dom Fernando^ Dona Ifabel onde fican-


do a viótoria pellos Reys Cathohcos , deceparão as maõs
a Duarte de Almeida Alferez pequeno dei Rey Dom Af*
fonfe para lhe tirarem delias a bandeira Real & lhe deraõ t

táncas feridas que odeixarão por morto & como defte a ouue
t

rão como aconteceo ao Caualleíro Caftelhano porem a ban-


deira ficou por Portugal, porque vendoaGonçalo Pirez va-
em poder dos Caftelhanos.que atraziaõ pei-
lente Português
lo campo no tempo do disbarace da peleja não podendo fo-
frertamanha offenfa fe ajuntou com outros esforçados Por-
tuguefcs,& juntos remeterão a elles,&fazendoos fugir a toma
rão das maõs a hum fidalgo, do appellido de Souto maior, & o
mefmo Gonçalo Pirez a tomou, & o prendeo fobre fua fé, &
trouxe a bandeira ao Príncipe Dom leaõ ,
que pelejando por
elRey Dom Affonfofeu pay e outra batalha diuidida fe ti-

nha feito vídoria abfoluto fenhor do Campo &em pa


com a
ga de cam notauel íeruiço fendo Rey o tomou por fidalgo
dandolhe tença em fua vida>& armas para elle & feus defeen-
dentes que faõ as armas dos Bandeiras, & daqui tiueraõ orige
como trata Tofcano cap.iu. fol.117. & Garcia de Refende na
Chronica do dito Rey Dom Ioaõ o S/gundo cap.íj porque
difie a R ivnha de Caficlla: Sinotuera el Pollo no fé q</è
do cargo do Alfereg.
fuera dei Gallo.
1. Diz Tico Liuio na fegunda Década cap.25. que no
tempo,em que cs Romanos ficarão líures do jego dcsTar.
quinos que be como dizer Rey que puferaõ em fuas infignias
aquellas letias.que diziaõ, como era com acordo do Senado
Romano, mas que fempre fe guardou aquella Cuftodia â
Bandeira da Aguia negra a qual quando marchaua o Cam-
,

po hia diance das outras bandeiras,^ no efquadraõ tem a par


te dire!Ca,& efta infígnia entregaua o Senado -a hum hemém
muy pamcula^a quem feguiaõ todos os demais Alferez,© ca
minho,& ceremonías, que efte Alferez fazia em ascafas, que
particularmence fe fazem para as demais bandeírasgouerna-
o díro Alferez da Aguia negra. & digo ifto poiqueantígame*
tc fc alojauaõ codas as bandeiras em bua cafa,que era tam ref-
peitada de rodos que em tempo deBarzano Emperadcr Ro-
mano hum traidor por nome Marcial matou á treiçaõ ao dt
to Emperadcr, & fugindo dos que o feguiaõ fe meceo na cafa
das bãdciras que lhe valeo de forte que ninguém lhe fez mal,
dode fe infere o muito refpeito que fe deue ter aos Corpos dc
Guarda.inda que nefte tempo fe lhe não tem canto como he
de obrigaçaõ, Capítaõ Pardo fol.32.
2. E quando Iulio Cefar venceo a Pompeio na baralha
pertode Dyrrachio, & defpois queofeguio, & na rtuoka,qu0
teue com Ptolomeo Rey daquelle Reyno o ajudou hum fol-
dado chamado Nucio de forte que obrigou a Cefar a fazer-
lhe merce, & em fatisfaçaõ de feus fertaíços lhe promerco dar
o cargo da infígnia da Aguia negra, o que faz,muíto a meu
propofuo,
Em hum recontro quc tcueelRey
% Dem Fernando de Ná-
poles com os Francefes,&
Tudefccs cercadosem Ambercafo
bre o colner agoa.que foy efíe Alferez Tudefco achado mor-
to com amaõ direita cortada & a efqoerda ferida, & com cs
,

dences tinha aferrada a bandeira que parecia que tinha efpi-


rado quando começou a fazer aquelle feito.

E
fibecedario militar
como o foy o Alfe-
E ha de fer o Alferez tam valente
Grrelhano, que fendolhe leuado o
rez Ilhefcas na batalha de
leuancou a bandeira com a mao
braço diceico com húa b.la
lha tirarem a recolheo em
efquecda.K fendolhe cortada para
fazer pé atras te que os Francefes vencidos
li 5C defenJeo fem
& desbaratados vicârao as coftâs. ~
Auellaneda Alferez
A E com o mefmo valor Pedto de
acbandoffe na defenfa da
doCapitaõ Machim de Monguia
Preuifa.que fendolhe leuada hua
na0 Aríçonefa na jornada de
bandeira em popa afirmado
perna com hüa bala campeou a
a nouce,* morreo, porque
íobre a caua da perna tè que veyo
tem em defender eíhs infamas
he tanta a prefunçáo, que fe
Reaes como propriamente
lhechamao os Italianos, & Fran-
Alferez, que tem a feu cargo de mor
as
cefes que permitem os
antes quéperdellas; como fez hum
Al
ier defefpetadamente
desbaratada a noffa armada fo-
fetez Hefpanhol quando
foy
ficar em poder de Turcos lem
el-
bre os Gelues que vendoíle da
faluar por fe auerem apoderado
petança nem ordem de fe
que
pór em cobro a bandeira ae forte ,
fua galè acordou de
à mão de feus imígos,K armado comoicft
nãopodefíe vir
ella , & abraçado com
a haftea f= lan Ç c “
fe reuolueo com
fundo.&eft.ueffe fegura de int
mar pata quecomelle foíTe ao
P ganhao em hua batalha a
m go s Al mu.tas bande.ras.que fe
Mauncto.cobrou g«-
TJc m mais famofa.St P or iffo o Conde
o Conde de Baxas Sc
de teputaçaó quando desbaratou
,

fol.8l-
tomou feflenta bandeiras, Benauides
colfumão polas por trofeo
5 E os Generaes vencedores
como fe vê em o grao Cppitao
em fuas Capcllas,& Enterros,
em S.Ieronimo deGianadi.St no de
Dom AUraro Baçao pay
Real do
dÕMarquez deSanAa Cruz.enel Vizo.&oeftadarce
memorauel Sc glo-
Gram Turco que fe ganhou na baralha
o mandou el Rey' Dom Fe
hppe o Pri-
Sofa de Lcpânto
por em SamLourenço
meiro dcftc nome em Portugal
Real. v
do cargo de Âlfere
$ E os defccndentes de algãs Generaes tem coftume
de as
trazecem afsinaladas por orlas noscfcudos de fuas armas co-
mo trazem os da Caía de T oledo, as que ganhou Dõ Fernão
Aluarez de Toledo feu ancecelTor fendo General delRey D5
loaõ o II de Caítella contra os Reys de Aragão,& deGiana-
da nas batalhas,que com elles teue.
Cordoua, as que ganharlo o Conde dc
7 E os da Cafade
Cabra & o Alcaide dos Donzeis íeu íobnnho quando pren-
derão a elR^y Chico de Granada , & vencerão todo feu po-
der junco a Lucena,
8 E os Cõdcs de Palma.as que ganhou AfFonfo Fernãdez
Porco Carreiro feu anteceflbr em hu grãde recõtro, qteuecõ
osMouros deGranada,defedédolhesa enrrada emAndaluzi?.
E he cão grádeaperda de húa bãdeuaReal.q obrigou a dff
cõpor o Emperador D. Carlos quando o Marquez AlíertO
foi vécido, & prefoem Roquelles de SaXonia,q cõ fer cão prix
dente fe defcõpos dizédo a vozes, Alberto, Alberto, em q re-;
cado me puzeftes meuseftãdarces & bandciras?j& quando foy
>

prefo o Duque de Saxonia nos cocercos,q fc fizerão, a primei


ia condição foi que fe encregatfemlogoao Emperador codas
as bandeiras que feauião perdido naquelle recortro.
<? E o Emperador Oa&auiano Auguílo defpois q pos paz cm
todas as R^giocs do mundo, & mãdou cerrar o céplo de lano
nenhúa coufa cftimou tãco detodos os prefenres & ricas jcyas
q lhe mádarâo muitos Rcys,& gétesde partes remotas, como
os^os >archos,& Seitas lhe crouxcráo,q forão as Aguias,& bá
deiras,& outras infignias militares,^ a Marco CraíTo,&:outTcS
Capitães Romanos auiaõ ganhado nas guerras paííadas.
io Refere Lucio Floro q Ouótauiano Cefar ao fim de feu
Império em hua guerra q teue cõ os Parchos.porq hiíCapicão
General feu perdeodouseftádattes ferindofe no rofto daua vo
Z>sdizcndo:0 Partho,daime meus eftãdartes & conrenraiuos
com quatro Legiõesq me degolafteS,& erão cã tas as laftimas,
que dizia que perguntandolhe os feus porque fazia tantos
,
'

g I extre-
Abecedaris militar-
extremos pois tinha perdido outras coufas maiores lhe ref. ?

pondeo, que a reputação de hum exercito confiftia em hua


Iníignia,^ por ifto dizia o Duque q era o cargo mais honro
fo pois nelle eftaua a honra de hú exercito. E Viterbenfe em
feu Panrheon comer teftemunha de vifta diz.cj o Emperador
Fcderico Barba Roxa em a batalha,que teue eõ osMilanefes
vendo perder humeftãdaite dcsfeuslhe cauíou tanta turba-
ção que veyo a perder a batalha por elle,pella qual razão, os
Alferez deuem fer homens conforme ao cargo.
U. E quado D. Aionfo Principe de Aragaõ fe partia para
a Conquifta de Serdenha el Rey feu pay mandou trazer
diã-

te de fy o pendão da Cafa de Aragão,& tornando© nas mães


fan
lhe diíle, filho: Eu te entrego efte pédao de nefíb gloriofo
gue, q nunca foy de inimigos machado limpo, & fem mãcha
to dou,& fe cal mo nao has de tornar nao apareçás mais
diã-

ce dos meus olhos,& com efta eflimação o Comendador


An
tonio Maldonado General dasGalès da Religião* de Malta
achandoíle no desbarate da jornada dos Gelues foy aconfelha
do,& perfuadido de feus Pilotos, que fe recolhefíe a hú Fone,
que o tornarião por hum canal feguro à terra, & ellc lhe mã-
dou q gouernaíTcm na volta do mar dizendo que eftimaua
.

em pouco fua vida.fe o eíládarte,& gale fe auía de perden, &


leuãtando os olhes ao eftandarteReal lhe diflerq tè entaõ não
auia permitido Deos foíTe em poder de T
urcos>& q afsi cfpc
raua de não fer tão defgraciado q jal ouuefle de fucceder em
feu tempo„& que prometia quando lhe a fortuna foíTe tão ad-
uerfa de vender fua vida de forte q ficaíTe de feu feito eterna
memorial afsi Ochaly Rey de Argel com nenhúa coufa fe
defculpou ranro diante de Sehnfcu Emperador de auer fugi-
do da baralha Naual de Lepantbo como em lhe apre'emar o
eftandaite da Capitania da Rtligiao de Malta, cem quê auia
pelejado fuppofto que entre nações de Barbaros as não tem
em tanta reputação porque fentem mais perder hum fcldado
que codas as bandeiras do exercite,
iZ Quando
do cargo de Alfereç. 66
u * Quando a Companhia fe forma dc nouo manda oCa
picão fazer a bandeira das cores, que lhe parece atrauefifando
por eila a deuifa do Príncipe ,a quem ferue para fer conheci-
da dos ha de militar no Campo faz fe
feus feldados, 8C íe fe
hnm pouco mais pequena para que féja mais leue 8c para as ,

guarnições fe faz maior para que campee mais pellos muros,


8c cfl:as*bandeiras Rcaes fe nomeão encre as nações FianCe-
fas 8c Icalianas Iníignías 8c os Hefpanhoes Bandeiras.por-
,
,

que ancigamãncc tmfoaõ os Romanos reparnda a gente de


feus exereicospor legiões que faõ feis mil feifeencos 8C fef-
,

fentaôcfeis 8c Conorces,5c Centúrias, ôc Manipules & pa


, ,

ra feeonheeerem crazião em húas hafteas figuras de vulto ,

com Águias 8C Dragoés ÔC mãos 8c os reciacos de al-


,
, ,

guns de feus Emperadores, 8c chamauaõlhes ( Signa) don-


de vierãoa dizer os Italianos, Sc Franccfes ínfignias, 8c Ioão
Goropío Becano em fua Gigancomachía , que dirigio a
Dom Fernando de Toledo Duque de Alua tratando da E»
chimologia do nome de Brabante diz que bandeira em A- ,

lemao quer dizer banda ou cinta com q as molheres cofíu-


mão cingir a cabeça ôc apertar o cabclío à femelhança das
,

diademas dos Reys antigos & que quando os Alemães mi.


j

litauão contra os Romanos trazião por final húa deftas ban-


das ou cintas atadas em huas lanças para fe diíferençarem
,

dos inimigos a quechamauão bandas julgando que os qne


,

debaixo daquelles finaes militaíTem auiáo de fer vnanimes,


& fortificados com eftreica atadura de amizade 8c concór- ,

dia ôc que afsi os Godos, 8c Francos, 8c outras nações Sep-


,

tentrionaes tomarão dèlles efte nome 8c os Hefpanhoes ,

dos Godos, de quem forão fugeítados chamandolhes ban-


deiras, eftendendoas, & fazendoas de mais feda como agora
fe coftuma 8c fe chamarão Alfcrez
,
os que as trazém por-
,

que o final dc húa Legiaõ Romana era húa A guia de prata


feita de vulto pofta em húa lança como acima tenho dito,

ÔCo que a trazia lhechamauão Aquihfer, 8c deite nome lhe


• I i vieião
Abecedaru militáf
quaes tinhao
victão a dizer Alíerez entre as mais nações cs ,

afea carrego as bandeiras fuppofto que entre os FrancefeS


fe coftumão a chamar Capitães de
iníignia & a paiaura, ;

Signifer , quer dizer homem que trazia


,
iníignia na

guerra, & he tam antigo que diz Eufebio, & Platina Au-
tores graues, & antigos que a primeira bandeira que
fe le-
,

uantou no mnndo foy a camifa de Nembroth na guerra que


fazia contra feus irmãos Cleomarce na hiíloria Teutho-
,

nica no capitulo nono affisma que o primeiro que Icuan- ,

tou bandeira & vfou delia em exercito foy Iupiter filho


,

de Satuyno do qualefcreue
,
que feu pay Saturno o mata-
,

ra logo em nacendo feo foubera por o temor, que tinha


que
hum de feus filhos lhe auia de tirar a vida, & o que poífuhia,©

que dizem alcançou por Aflrologia judiciaria, ou por Ne-


gtomancia em que efte Saturno era muy douto, & por
,

eíla mefmacaufa tinha ja morto outros deus filhos tanto


que nacerão porem a may efiimulada de ver matar feus
.

filhos tam cruelmente logo que fe fentío prenhe de lupt-


terencubrio o parto tê que pario & tendo parido o calou, ,

quinze
do maneira que o pay o não feube té ter idade de
annos o qual tanto que ceue noticia foy contra elle, porem
,

o moço auizado de fua mãy ajuntou gente & veyo


contra ,

feu pay com exercito formado & fez que tingiíTem


,
hum
pano btanco com fangue de hum animal & o leuantou pos ,

bandeira em final que queria vingar o fangue de feus inno-


cences irmãos, o qual reprefentaua aquella enfanguèntada
bandeira j & efta foy a primeira que fe leuantou em exerci-
to conforme a efte Autor & o mefmo efereue Ioaó Inglês
,

em feus Comentários, & afsi os Romanos trazião por ef-


tandartes húas Águias negras ,
a que chamauãõ iníignías
Romanas ,
o Meítrc Godofredo acvecenta mais a efta
&
hiftoria que ao tempo, que fe quizerão juntar os dons
poderofos exércitos de pay & filho abaiaou do Ceo boa r-
,

do hüafermofe Águia negra que fe pos fobre*a ír fign ia.


• — — “ ,
r
A f*.
do cargo de Alfere 6j
de lupker» o queciuerão por bom agouro os de fua parte, &
afsi dali cm diance mandou lupicer por húa Aguia íobre feu
eftãdarce.das quacs iníignias feaproueicarão osRomanoSjpor
qac fe prezauào de deccnderde IupjCer t como diz Tico Li-
mo na fegutid a Década Diz mais Eliomarte na hiftona
:

Theatomeacap B que vindo Iupiccr muy contente da vi*


ótoria acribuindoa áquella Aguia que baixou do Ceo orde-
,

nou que a mfignia fobre que fe pòs andaíTe fempre junco a


,

elle com húa figura de Aguia & afsí diz Tito Liuso que os
,

Emperadotes Romanos entre as mais bandeiras, que traziaõ


era húafó com Aguia negra,& efta junto de fua pefída, don-
de ficou coílams que anrigamente fechamaua Guiador aos }

que buícauaõ os Capitães Generaes & daqui ficou cha-


,

marfe Guiaõ em noíla naçaõ como coufa que guia áquel» ,

les,quc bufeaõ o Capicaô Getal, porque decõtino anda dcctas


delle.

14 Epor efta razaõ os Entrecenídos, que andaõ junco


de fuapeíToaíegucm como a inúgnía mais fuprema , & afsi
os ditos Entrecenídos cem obriga çaõ por fua conca 5c por ,

Er ordem de fazer guarda na Ante Camara do General, por-


que ali edá o dico Guiaò ôc naõ fe fabe de certeza fe a guar-
,

da fe faz ao General, ou ao Guiaõ pellas razões fcguincesj


O General tem deconcino quando eftà em Campanha húa
Companhia de Infantaria outra de Caualo qne lhe fa- ,

zem guarda cila he húa das razões 5c outia he qne o


; ,

Guiaõ naõ cem lugar finalado na paz nem na guerra fe- ,

gundo fe cem vifto, & afsi os Entrecenídos todas as vezes que


o Cuiaó fie em Campanha laem elles por obrigaçaõ arma-
dos com lança, gineca,
fazendo cuftodia ao dito Guiaõ, 5c afsi
ellesdeconcino o guardão 5C não feguem a peíToado Ge-
,

neral com as Companhias da Guarda afsi de lanças, como de


Arcabuzeiros digo ifto, porque o Guiaõ não tem lugar íi-
;

nalado, & andando a cauallo naõ no pòJem rer encre as


bandeiras 5c por efta mefraa razaõ não cem Alfcrez
,

1 3 fenão
Jbeceiiaris militar''.

&êfU encomendada á guarda deíla ín-


fenaô page de Guiaõ,
fupremaao CapitaÒ da Guarda do Capitaõ General,
fígnia
como diz o Capitaõ Pardo fol.31.
14 E os Porcuguefes cjyando entrauaô em batalhas leua-
uaó em feus exercitos o Guiaõ Real,& da Sanda Cruzada St ,

a imagem de noíía Senhora nelle pintada,& da cutra parte o


Sanfto Len)jo,& oneras Relíquias, & logo osRctratos delRey
Dom loaõ o Primeiro de Portugaí,& do Condeftable Dom
Nuno Aluatez Pereira íingular honra para feus defeenden-
em perpetua mc moria,como relata Dom A-
ces Sc para eftar
goftínho Manoel no liuro f( gundo foi. 4 6 da vida de Dom
.

Duarte de Mertefes
E quando ò A lferez recebe a bandeira a primeira coufa,
que ha de fazer con: ella aha de fazer benzer imdgy^pm fua
Companhia formada com feuCapitaõà Igrcj^que tiuer mais
deuaçãoccm muita folemnidade fc benzerá porque nofíb

Senhor lhe dè felices fucceílds, Sc o Capitaõ da fua máo def-


pois de benzida a emregará ao Alferez com muitas palauras
de recomendação encòmendandc lhe aCuflodía,& defcnfhõ
della,& ema recebendo a irá abater diante do Altar do San-
ehfsimo Sacramento cres vezes Sc a vitima ficará abatida
no
,

chaó em efpacio de hum Pater ncffer,^ A ue Maria, que te-


zarà,& em quanto fe benze c fiará oGapítaõ de giolhoscom
ellá Ana máo & a rsi eftara o Alfefez para a receber, &
quando
s

fairda Igreja os foldados daram húa carga tocandoffe c s tã-


bores,&r pifanoscom muita feda, Sc desfazer doífe a Compa-
nhia, eftà o Alferez obrigado a torna !la ao Capitaõ naó fe ,

tendo anres achado erh algum aílàlto de batãna c u muralha,


SC recontro, em que tenha pelejado, porque da h por
diante fi
1
*

ca fendo do Alferez cfndoa merecida por feu esforço.


iy Hade andar o Alferez fen pre muy luíbofo,&’ bem
armado de cofTollete Sc morriaõ, efpada & daga que faõ as
,
,

fuas próprias armas,&.qnnndo deixar a bandeira ha de trazer


na maõ’,011 detras de ff 0 fui venablo paia fçr conhecido nos
aloja •
do cargo de Âlfereg. (8
alojamentos, ha. fe demoftrar aos inimigos efpantofo,&: ter-

ribel,com aefpada na maõ diraca, 6c coma bandeira leuan-


tadaemalco com a eíquerda em as occafiões em que fe a-
char ,
Sc pelejar feguirá os foi dados afsi como quando o ini-
migo ouuer rompido o efquadraõ cé à lua fronte , ou fe cor-
tai a fileira 8C nos aífakos de bataria, ÔC muralhas , 8C outros
t

confli&os pòds ferir aos inimigos com a pontada hafté da


bandcira ôt para ífto procurará ter fempre por camaradas os
foidados mais práticos, &
valentes, porque ainda que todos os

da Companh.a eftaõ obrigados afauorecello pelia honraco-


mua todadauia feauancajarão, os que lhe uuerera mais obri-
gação^ quefeviobem noaífalto,que fc deu â cidade de Afrí
caem Berberia, quando o Vizorrey de Sicília loaõ daYcga*
&: Dom Garcia de Toledo a ganharão que fendo derribada
na bacana, 8c malferido ©Alferez do Capitão Moruella\ quo
era feu irmaõ o Sargenco^ue cambem o era o focorreo, 8c o
faz retirar ficandoffe com a bandeira 8C paliando adiante c5 ,

ella como vaierofo foldado foy morto, Sc em vendoa cahir o


Capitão a leuantou 8c íuftencou fazendo officio de Alferez, SC
de Capitão cé que o lugar foy entrado, de que ficou tam feri-
do que em poucos dias veyoa morrer Sc Jtintamente o AU ,

ferez acabando todos tres irmaõs pelia deFenfa defta ban-


deira.
1 6 E no aííalto que fe deu a Roma quando o exercita
,

de Borbó a faqueou fendo mortalméce ferido o Alferez Ioa5


de Aualos, antes que eípiraíTe encomendou com palauras d©
muito encarecimenco a bandeira & fua honra ao Capicao ,

Suaço,que pelejando valerofamente eflaua junco dèlle,& efto


Capícaõ a íuftencou SC defendeo valerofamente tê que foy
,

derrubado no chaõ ao paliar da muralha que lha co/narão os


inimigos 8c cornando em feu acordo remeceo a e les com
,

grande determimção, & lhe tomou outra das fua* matando


o Alferez quea dtfendia o qual defp.>ís de entrado o lu^at
,

diíle a feu Capícaõ Auillus ,


que cm facisfa ção da que fe auia
1 perdido
Abecedario militar
perdido offerecia aquella,& cumpria tudo aquilIo,a quéo Al ;
ferez eftaua obrigado para conferuação dc fua honra.
18 E no aíTalto,que fe deu à Galê na guerra dc Granada
fendo morto na bacana o Alferez do Capitão Dom Pedro
çapata,& tomandolhe os.Mourosdentr© a fua bandeira ven-
do ifto o mefmo Dom Pedro remecec a ellcs pclla bataria aei
rna>& focorrido de feus amigos lha tirou, & recupercu pele-
jando valente^animofamente^&feo Alferez pelejando os ,

inimigos remeterem a elle,& Ifce tomarem a bandeira não per


dera fua reputaçac fkandolheimm pedaço dahaftea na mão,
Eícalante Dialog $,
19 E quando a Companhia marchar ha o Alferez de
letuí^bapdcira ao hombro como braço direito leuantado,
& o punho aperrado no pèda haílea delia, o cctouello leuan-
tado com graça, 5i a bandeira atraueílada no hombro de mo
do que indo peiia rua vá quaf] tccando com a ponta da lança
pelias paredes della & iftocom graça, & donaire que afsi pa-
;

icç ctk muito bem com 0 pano foito, ou recolhido; & fe fizer
a to a ha de aurorar
f
& nas pelejas, &• recontros fbrçada-
,

mente a ha de ter, & nas refenhasem prefença dofeu Gene*


iA U quando paíTar porelle ha de aruorala & abatela duas
,

vezes fazendo fua coctezia com o è, Sc gíolho Em ordenan-


f

ça .& cfqoadraô fempre vão as bandeiras juncas no centro , 52


meyoddle. O mais honrado lugar he o dos lados precedendo
o do lado direito, que ha de fe r Cabo des mais de modo q os
mais haõ de leoar a bãdeira na forma q elle lcuar a fuajfe a le-
na r ao hõbrOjOu foltaa&í hão de leuar asfuas & fer recolhida
da mefma maneira Sc fs a largar ao embandeirado, & tomar o
,

venablo todos farão o mefnio,potq ferâ eoyfa fcairéas bãdei


ras de húa hLíra deferête hüas das outtas .& efta mefma oc-
dem fe guarda noscmbandeirad^s.
O abater bandeiras ao Capitão General teue princípio fe-
gsindo conta Paulo Ou íio^ Suetonío Tranquilio que ac á-
'

seceo em tempo de Cláudio quarto Hiuperador Rosnano. E


efto
da cargo de Aljere 6ç
efte Emperador o día das ceremomas de fira coroação atiédo
de lhe dara ofeu Exercito mandou q viefséde
homenagem
perfy osAlfeiezacujO cargo eftauao asAguias.&infigniasdas
bandeií as Rcrnanaq& q a feus pès Ibasabatefsé.o cj fendo fei
co nãufi pouco murmurado des Romanos, &defdéaquel-
letépocé o prefente fe té vfado efta ceramonia, & ja fe incro-
duzto de maneira que íe nãocôtenrão os Generacs com fe lhe
abacerem as bandeiras húa vez, como osRomanos Emperado
resmas querem q fe lhe fação cilas cêremonias duas, & tresvé
zeSjpello q o Screniísimo D. Ieaõ de Auíhia de gloriofame-
moria h ho do Emperador Carlos V. tão celebrado no mun
do pello valor de fua peflba,&alteza & fenos em efpecial por
)

fua muita Chnftandade tinha ordenado, & poftoem pratica


müyverdade:ra & acertada como f^zia as demais coulasqas
badeiras não abattíTciTq& daua razãodiftoi porque não er*
fe

decente que as bandeiras , que reprefemão & faõ infignias ,

Reaes feabatáo ao Capitão dei Rey em eípecial as bandeiras


Chnílãs em as quaes comummcnie eíH pofto o-íinal da Sale-
(

ta Cruz:
10 Oprimeiro quepos Cruz em bandeira foy o Empe-
rador Conllancino filho de San&a Elena & foy acaufa que a-
uendo de dar batalha a Maxcncio Emperador pocemifsimo
tyranno (comoefcreue Eufebio no huro 9, da hiftoria Eccle-
fiaílicaj que e fiando duuidofo do fim da batalha lhe apareceo
em fonhos á parte do Oriente o final da San&a Cruz,& huns
Anjos que lhe diziaõ:Coni éfte final da Cruz vencerás, pello
que mandou pòr ém fuas bandeiras efh d iuifa da Sã&a Ciuz,
U o Em pera do co vencco, & matou junto a Roma naquella
memor.mel bata ha ema qual Confiantino vio no Ceo o fi-
nal da Cruz, em [que nofib Senhor padeceo com húa lerra,
que dizia: Confianunonefle final vencer em memória do qual
o E athoíico Em perador Confiantino Magno defpois fez pòc
cm Roma húa 1 (tatua fua com húa Cruzem a mão dieira ef-
etuo nella eftaspalauras : Com efiefaudauel final indicio
1 J verda-
Abecelario militar
verdadeiro de fortaleza Eu hureinofía Cidade do Jugo feru A , &
dvo do tyr nmo \ &
finalmente Lurei o sentido, &
Pouo Romano o , &
refttiuia Jui antiga liberdade , Eufebio hb.^.cap.9. Ponti-f. primei
ra parte fo.19.verf E ao Inui£hfsimo,& San&o Rey DóAf.
fonfo Hennques^ppareceono^o Senhor no Campo deOa-
rique,& lhe diífe; Ncfte finai vencerás.
2i Quando o Alferez entrar de guarda que os Lidados
4

eítam poftos em ala ha de aruorar a bandeira quinze paíTos


antes de chegar ao Capitaõ com ella aruorada,& paíLr pello
meyo dos foldados que eftaõ abertos em ala 9 & porfe â máo
direita do Capitaõ com ella calada no hombro diréito vi-
1

rando o roíio para os foldados^ue iraõ com feus piques aruo


rados na mão cLz paíTos antes de chegar á bandeira èí os arrí ,

jwaram junto a ella,


ii Quando o Alferez gouernar a Companhia,& entrar
no Corpo de Guarda, ou paiiàr o campo onde eftáo outras
bandeiras ha de aruorar 0 venablo, &com elle calado no hó»
bro ha de marchar tè paíTar o Corpo de guarda, ou o campo
ondeeflão as bandeíras,& no Corpo de guarda fepotà no lu-
gar do Capitao efperando a bandeira, & foldados que entra- ,

ram com ella eomo eftà dito,


E pafifando por ante o General cambem ha de aruorar o
venablo,&: calalo no hombro, 6C chegando ame elk aruora-
lo com a mão direica pegada ao conto delle aruoralo em al^-
£o,& fazer duas cotcezias com os pes começando com o direi
to,& feitas ellas calar o venablo nochão,&dar tres,ou quauò
paíTos auante,& o Sargento fe porá em feu lugar^&irá mar-

chando eõ a Companhia, que não ha de parar, nem fazer de>


rença,& elle virará pello meyo delia tê chegar á bandeira. &
tomandoa da mão ao embandeirado a leuarâ no hombro, &
no mefmo lugar onde fez a cortezia ao Vizoney.ou General
a abaterá duas vezes como eílà dito & dará tres, ou quatto
,

paífos com ella òc a cornará a largar ao embandeirado, & mar


charà deprefifa pella Companhia & fe porâ na Vanguarda
,

delia
do cargo de Alfereg. 70
delia marchando para que o Sargento torne depreíla agouer
narfua Companhia.
13 E quando o Alferez fe encontrar com
cutraCôpanhia a
hade deixar marchar diante leuando Capitãoqafsi heeflillo,
& cortezia faluo elle for íeguindo as mais Companhias de feu
Terço para fe fazet efquadiaõ,ou dar moftra, ou for defpedi-
do pello Sargento mòr para fe pór cm algum pcfto, que en-
tam não ha lugar de vfar de cortezia , & comprimento , que
era deuido ao Capitão, que 0 deue auer afsi por bem fem quo
hüa Companhia feembaraec; nem rompa a outra poreuitar
ineonuenientes, & defoidcns ermo fuccedeo em Flandes
no
anno de 1600. que duas Companhias ganhauao fel-
. das que
dono campo do Conde Maurício hüa Flamenga , & outra
Francefa fc cefafiarao & por concerto forãc ao dtRfio vinte
& dous década parte, & dosFUmenges morrerão finco, &dos
Francefesdczaílete,& tudo iflo he culpa dos oíficíaes &pouco
refpeito que íe tem às bandeiras Reaes,&cferuiço delRey re-
cebe dano : dizo Duque de Cacpmhano foLii4. Mio que o
Alferez ha deter muito cuidado que esfeus foldados fe não
embaracem com pefToa algua.
Se ouuer Coronel no efquadraõ,& Mefíre de Campo a ba.
de ira do Coronel precede,& hade ír no melhor lugar & en-
contrando o Alferezcom o San&ifsimo Sacramento abaterá
a bandeira tres vezes & a vitima a deixara ficar no chão, & fe
tiuet efteencontro no meyo de hüa rua eílreíta fará pór os
fold idos em ala todos a hüa parte bem eftendidos ao compri-
do paraquemâo impídão a paíTage & elle fc porá na fronte,
abMerà como eflà dito,k.' os fe ldados haõ de abater cs piques
deicandoos no chão todospara hüa parte.
A elRey qpíTo Rnhor a ha deabatér tres vezes, & aos feus
Generaes & Vizorreis duas
,
porque as
,
ndeiras fe não a-
batem fenão ao Sanóliísímo Sacramento & a fu a Magefia-
,

de,V a fea General.de que temos exemplo no Marqucz de Ef


piaa^quc fendo Geoeraldo Palacinado em Fiandts, Meftrc
de
Abecedark milit ar
dc Campa General do Exercito de fua Mageílade efhndo
formado o exercito lhe abaterão as bandeiras do Palacinad®
de que ellc era General , &c não as do exército de fua MagefU-
de.de que ellc era Meftce de Campo General & ,
afsi fica clara
cfta queftáo.
Os Aiferez quando fe formac efquadrao, ©u batalhaõ, quo
guiarem alguaguarnição ou manga delle canco que chega-
,

rem á Vanguarda onde eftiuer Capitão da Infancaria hada


largar o pofto } &: tornar á batalha, & etòar nella com fua ban*
deira como os demais Aiferez.
O Aiferez não ha de pelejar fenão com a fua bandeira na
mão nas ocsaíioés.quecfFcrecerem inda que feja para fe af-
fe

finalar,&mofl:rar feu esforço,porque não he jufto que largue


a fua bandcíra,porquc nella coníidc fua honrai & cfU obriga
do a guardala,& defendelacomo eftà dito.
E nos alojamentos fe acompanha a bandeira com os folda
dosem Corpo de Guarda ainda que fejanapaz fora de fuf-
peita,oque fe faz afsi por aucorídade,& reputação das bandei
ias, como por euitar inconueuientes,& motins quecoftumã©
a fuccedet, afsi conuem que tenha o Aiferez fempre coníigo
hum atambor para recolher os foldados, & pera os cafos que ,

feoffereceremjporque faõ as bandeiras tam veneradas, & ref-


p^itadas dos foldados que fe nao tem vifto oíFender aquelles,
que fcacolhem a ellis temerofos do furor efttmandoas por m
uiolaueljcomo fe vio quando em Bíeíia quízerão matar a D.
Luis Icarofeu General.que com fe recolher a ellas baftou pa- }

ia que deixaífem de acometer cáoabominauel atreuimenco.


OAiferez ha de ferapaziguador das paixões que ouuer ,

entre os foldados, & feu Sargento, & Cabos de efquadia & as ,

mais, que tiuerem os foldados Iiuns com outros, & ifto há de


fazer com muita prudência, & brandura para que lhe fiquem
todos obrigados, & lhe tenhão amor,& boa vontade, & o que
não poder acomodar falohà faber ao feu Capitão pera o re-
mediar , & peta os crimes que os foldados cometerem na
^ , " ' ~

Com-
da cargo de Alferes^ 71
Companhia em fua prefença, ou fora delia os póde prender,
& dar conta ao MefUede Campo, ou Coronel, Efcalanu Dia-
logo 3.fol,$6.veif.
24. Terá cuidado cj cs foldados fejaõ bem prcuidcs das
coufas neceííanas aduemndo aos Cabes de eíquadra façaõ
bem feu ( fhcic,& queo Sargéto fatisfarà com fua obrigação,

& j
no ordenar da Companhia & no meter
ara ifto o ajudaaà
das guardas, o qee eftà obrigado a fazer precifamente eftãdo
o Sarcéc docnce ou impedido ha de viíitar as poftas &cétine
5
?

las perfuadmdo os foldados que tenhão refpeito a feus Sargen

cos,& Cabos de efquadra & paia fazer ífto importa ’que feja
, f

difcreto,& tenha partes peracõ boas razõts oseonuencer pa


ra que guardem a cbferuancía da diíciplina militar.
Também
toca ao Alferez a diíhibuiçaõ dos alojamentos,
& poufadas dos foldados dando ordem ao; Furriel do que ,

fè ha de fazer , & de como ha de diftribuir as bagages entre


os foldados particulares, & enfermos não confentindo que
o tal ofíiciai faça roubos por fer ceufa de giande efeandalo,
como fe notou bem em muitas Prouincías fuceedendo fobre

íftomuitos aluoroços quando os foldados entrão em Ccrpo


de guarda em algum Prefidío, ou Companhia, eftaõobíiga*
dos a não fe defarmarem em quanto o Alferez naõ dé xar
as armas em o qual haõ de ter poftos os olhos para o imi-
,

tar como os tem poftosnas bandeiras para as feguirem ,•

aisio Alferez naõ deue de deixar as armas té que as portas


do Prefidío naõ efíem fechadas & fe eftiuer cm Campo ,

quando mente o pôde fazer, & naõ de outra maneira


fegura
porque não tomem os foldados exemplo em fua neghgen-
eia õcfrcxidao, fenáo de todo o trabalho porque a pro-
, ,

fiíTaô militar fe fuftentaeom hum perpetuo cuidado, & exer*


cicio.
Quandoo Capitaõ cftiaer aufente ao Alferez roca o
gouerno da Cõpanhia como elle em pdiea fe ha de fazer ref-
peicar, & ordenar o que conuem ao feruiço dd Rey & naõ ,
~ ~ "

~ poderá
Abeccdario militar
poderá defpidir Toldados, nem dar licença que paífea outras
Companhias, nem aftcncar praç i Ja outros de nouo fem dar
parte a fcu Capitão, & aos Oificues delRey a quetoca & por-
;

que no que ey de referir coeance ao Capitão toca cambam ao


officio de Alferez me não alargo mais a tratar delle.
i6 Ha de cer mmco refpeito a feu Capitão,& hazer o que
lhe ordenar com amor, qtu he jufto que liie agradeça fem-
pre a honra que lhe dà em lhe entregar fua bandeira que a
,

feu proprio filho não poderá dar mais que entregarlhe fua
honra & a delRey que c@m nenhúa o poderá honrar tanto
,

como lhe entregar fua bandeira; peilo que lheeftá muy obri-
gado, &ahadc terem feu poder afsí na guerra, como na paz
vifto fazer confiança delle
,
que não he de outro effeico ô£ ;

ifto fe vfa na guerra, & com mais razão na paz & fe o Capi-
:

tão entender, que o Alferez não he capaz de ter a bandeira


cm feu poder não no faça,nem fe deshonre , que afsí fe pòdc
dizer que para defeonfiar delle o fez,

CAPITVLO IX.

Do cargo de Capitão, em que fe trata de


Jua eleição.

A Eleição dos Capitães pertence ao Confelho de Efta-


do de Guerra quando feleuaotão de nouo, & qnan*
do vagão eftas praças em os exercitos as prouèm os
Capitães Generaes,& osVizorreis
Efcalante Díalog 3 foi
em feus gouernos,como diz

1. Potèm nefte Reyno fe não vfou ifto no leuantamemo


que no anno de 61 5 fe fex de Capitães, porque somente no-
meou fua Mageftade quatro fidalgos dos principaes defta
Corte por Coronéis nella todos experimentados na guerra q
forão
do cargo de Capitão. 72
forao Bras Telles deMenefesdeCenfelhodefua Mageflade»
q ue no anno dos Irglefes feruío a fua Mggefbde de Capitão
mór na Cidade do Poçco & lua Çcmáicaj& fcy Capnáo,&
Gouemador na Yilla dc Mazagão, & Capitão mór das naos
da India,& Henrique Corrêa da Sylua dcConfeJho de fua
Mageftade & Alcaide mór da Cidade de Tauira que també ,

foy Capitão de Mazagão & Dom


Ietge Maftarerhas.q» e ou
trofi teue o me fmo cargo & he Prtíidente da Camara defta
,

Cída ]
c, & hoje Condede nono & do Ccnfelho do
Caftello ,

Eftadodcíua Mageftade, que por fuas occupaçóes fcy pro-


uido em feu lug<ir Simao de Mello feu curhado, & Nuno de
Mendrça,do Confelho do Eftado de fua Mageftade que ofer-
uio ern Fiandes,& outras partes, & foy Capitão mor de Tan-
ger, &'Prefidente da Meíà da Confciencia & Ordens, & hoje
Conde de Vai de Rey que também por fuas occupaçóes fcy
prouido nelle Dom Miguel de Almeida; os quaes nomearão
Capitães & fizerão rol delles,& fua Mageftade os confirmou,
porque efta he a diíferença que ha de Meftres de Campo a
,

Cotoneis que não tem junfdição de nomear Capitão como


elles fazem.&t quando vagão os Capitães em feus Terços no-
meão outros fua Mageftade 0$ confirma, Os que forão
nomeados no Terço do Coronel Bras Telles de Menefes dc
}
que fou Ajudanre faõ os feguintes.
Ruy Gomes da Sylua. Luis Corrêa dc Faria Capitães de
Arcabuzeiros Chriftouão de Barros da Sylua Vicente .

da Coita Fclippe da Cruz que foy prouido por Sargento


mor da Cidade de Eu ora & entrou em íèu luga r Lourenço
,

da Sy’ueyra, Antonio de Moraes da Sylua , que largou a


Companhia por ir peraTanger, & entrou em feu lugar Luis
de Payua Giralte. Símão de Souía que he falecido & en-
,

trou em feu lugar Dom Manoel da Sy lua,& Gaspar da Cunha


de M.ndoça que he falecido,& entiou em feu lugar Pero de
Arauio de Azeuedo. Triftão Vaz da Ve ga. Seballiãc Vcl-
lofo ue Vera, Manoel da Cofta TrauaíTos muitos
;
delies fi-

dalgos,
Abecedario militar
dalgos,& Capitáes antigos dc partes, Sc merecímencoSjComo
he íabido, Sc mfto fe me pòde dac credito porque pofto que ,

íaõ Capitães do meuTerço lhe náo fou fufpeico por lhe naõ
cftarem coufaalgüa obrigado, &com aCompanhiado Coro
nei.de que hc Capitaõ feu fil/.o Morgado Dom Fernando
Telles de Faro, faõ doze Companhias em cada Terço.
2* E por feeuitarem os fatores, que fe fazem aos Família
res;& chegados dos Geneiaes , SC Vizorreis ,&Confelheíros
de Eílado fe deue de guardar hua ley infalliuel que ferà em ,

muita vcihdadedo feruíço de fua Mageftade, quehe quando


fe ouuer de leuancar gence de no*o fenaõ de prouifaõ de Ga-
pitaõ,nem de outros carrego^ aos que por meyos de fauores
os pretenderem nas Cortes dos Príncipes, que os prouém fe-
naõ que dem ordem aos Generaes Vizorreis, Sc Coronéis, q
afsiffcem nosexercitos t 6c no gouerno de differcntes Eftados
qua mandem lifta dos AJferez maisantigos # & práticos na mi-
licia& de maior nome que ouuer.ôí dos caes íe faça a eleição
deCapícies,^ tragaõconíigo Sargentos práticos para ferem
prouidos em os cargos de Alfercz, SC Cabos dc efquadia para
ferem Sargentos & dos Toldados mais práticos para Cabos de
}

cfquadra,ô£ que a mefma ordem guardem os Vizorreis^Ca-


picães Generaes^ que os pagadores dos Exércitos ,
Sc Arma-
das naõ paguem, nem dTntem praça a Alfercz ,
que naõ aja
íiio Sarg.nco nem a Sargento, que naõ aja íido Cabo de cf-
,

quadra.
Que ido fe guarde infal iuelmentc ,
porque defe fazer i

3
afsi viram as Compmhias a fec luzidas, 5£ auetà neilas quieta-

ção^ bom gouerno Sí os foldados teraõ obediência aos of-


,

ficiaesvendoíle mandar, & gouernar por foldados mais prá-


ticos Sc mais ancigos que elles
,
SC cadahum pretenderá fu-
,

bir a eíles cargos por fua virtude pelejando com muito


va-

lor.
E fe defta qualidade foraõ os Capitáes das Cópanhias,
4
de Alcaudete na jomada de Mo-
^ foraõ com o Conde
que J
ftaga$
da cargo de Capitão 73
ftattaV foubcraõ
gouernar fua gente içcólMç &
rcuucfc com boa ordem poc
.cometer quando conuinha,»
a viftoria.ôc nao fora morto feu Ca^
ventura que aicançaiáo
fcpizadosdcspêsdos cauallos , como-crap &
pitaõ General,
pouco práticos não tiueraõ a prudência ,&va-
bifonhos &
lor que deutaõ, nem a
que tmerão osCapitacs do cxeicito d e
General no aíialco de Ro
Borbon defpoisquc foy morto feu
fera elle nenhum ralcou a fu a obriga-
ma que com fe verem
loaõ de Vrbina animando a
ção como lhediíTeo Capitaõ
cadahum delles eia naquel.
tedos cs do Exercito dizédo: que
la occaíiaõ Capitaõ
General. •

Porem ítto naò fc deue entender nos Capitaes ,


& oíhcia*es
Companhias dos Regi-
que fc leuantaõ pelío Reyno nas
mentos * Ordenanças porque eftes haõ de fer eleitos nas
,

Camaras na formado Regimento dei Rcy Dom Sebaíluõ,.


refpeito que auendo
que Deos tem foi 2. Porem hafe de t et
nas Cidades, Villas, & Concelhos peffoas &
homens práti- t

cos, & exercitados na milícia haôde


prcféiirfc aos maísfuppo
fto que C jaõ &
de mais qualidade, mais ricos, porque ao fer-
uiço dei Re y & bem das Refpublicas conuem que feja afsi,
,

porque diference ha de nadar, o que fabe,do que o que nunca


entrou na agoa.
5
Tanto que o Capítaõ for eleito ha de procurar acertar
na eleiçaôdos officíaes ,
que o haõ de ajudar
gouernar as a

fuas Com panhias que fejaõ tam piaticos como eonuem para
femelhanreefreico, porque neíta eJciçaõ fé ha de dar a conhe-
cer feu valor,& esforço^ prudência, que fe a tiuer farà a elei
caõ igual á fua fendo pofsiucl, porque tanto que chega a fer of
ficial logo ha de ir acrccentãdofe de Cabo de efquadraa Sar-

gento^ de Sargento a Alfercz, que heapeíTca, fobre quem


o Cjpicaõ ha de defeançar & de quem ha de fiar fua honra,
,

& ha de er.tregar a bandeira dei Rcy que ella reprefen- ,

ta fua Real pcífoa & afsí he neeeíTario que na eleiçaõ


,

dos offkiaescenhaófcmpre muita confidéraçaõ


J
em trabalhar
'
k po
Abeceàario militar
por achar, & acertar nas ptfíbas trais ccnucnicntes aostaes
cargos, porque mfto ficará dande mc firas de fua pefíba,
& valor, & fenão pello contrario como fe tem viflo mui-
tas vezes vendendt fle tilas praças a ptífoas, que as naõ
merecem , & os Officíaes que ha de elegeqôí nomear faõ os
feguintes,
6 Hum Aíferez.Sc hum Sargento, & a cada vinte & fin-
co foldados hum Cabo de efquadra em que enciará húa,
que fe chama a Efquadra doCapitaõ & os foldados delia
,

haõ de íer os melhores de toda a Companhia, a qual efià


em tam boa reputaçaõ que todo o foldado por nobre, & Ca-
naSleíro que féja, & qualquer Alferez, & Sargento pòdefer
foldado nella, fem perder de fua reputaçaõ ainda que ajaõ
tido génte a feu cargo porque ostaes faõ auantajados em
,

firas pagas &r o Capicaõ os refpeita &eftíma como fua pró-


,

pria pdroa,& íc aeonfelhacom ellc$,& os nomea por feus of-


ficiaus quando vagaô,& quando he necefíatio para a gum ef-
feico nomea hum deiles.
7 Tanto qué o Capitaõ tem aceitado a Companhia , &
feitos feus officíaes , & liífadosos foldadosíantes que marche,
H ca r.inhe com a Companhia fará benzer a bandeira para
que noflb Senhor lhe dê bons fucceflds, & entregalaha ao Al
fetez com palauras de muna recomendação, lulio Cefar
no tempo da peleja mandaua afsifhr eni cada Legião(queco
sno diz Vfuatdo tinha húa Legião de foldados feis milfeis
centos & feífenta & feis) húa pefToa para que deííe fé do valor
de cadahum dos foldados para afsí ©s cbngar a que foífem
valentes, & com efte exemplo deucro os C apuães prouei que
naõfó na fua efquadra, mas em cadahõa dasoutras aja alguns
foldados particulares,& auantajados que importa muito. por
que ©s demais façaõ feu deuer, & fe cuitero de feus \ícies,quc
coftumão ter & ha dc procurar que todos os feus foldados
fejaõ bons Chnftáos, & tementes a Dtos & que oução Mif- ;

fade ordinário, & fe cenfçflem > porque. não ha ccufa boa


do cargo de Capitão. 74
onde fs na 9 tiuerefle fundamento,
& não hão de jurar, nem
exemplo que o Varaõ que jura mui
blasfemar porque temos
Êcclcfuftieo, que fera eheo de maldade,
to diz o Sabio no
praga em fu a cafa, não diz o que jura me n
& que não falcará ou outra jurara mcncu
tua fenaõ o que jura muito hüa vez,
perjurar que o poríe em perigo
ra,&hecam graue peccado
o que muito o aborreceDccs
de cair nelle como fcpoem Jura
caftigaio na outra vida íenão que ne-
tanto que náo aguarda
mandar pragas nas caias, cm que viuem
(ta os caftigacám

caes peflbas & afsi os que


,
fo virem que as padecem como
,

necefsidades , & craba-


faõ enfermidades, perõguiçaés ,

lh^s cuide que o cem muito bem


merecido por feus jura-
mentos se por ííTofe
,
vaõ à maõ no jurar, de fe ouuec
bandas, & paixões entre feus foldados os ha de compor , &
apaziguar.
£ que víuerem com deshoneftidade,& mao exemplo te
os
do a feu cargo molhetes deshoneflas,& de mao viuer re prchc
delosha afperannence, & íe naõ fe enmendarem defpedilosha
de fuas Companhias, porque não fe deue permitir em as ban-
deiras nenhum folddOO que viua mfamemence.
)

8 Ha de ter muito cuidado que feus hl dados fc exercite


no jugac das armas, & que eftem bem armados delias eníinan
dolhes a ordem, qué haõ de ter quando pelejarem conforme
aos íniaiígoSjquG tiuerem oppoftos contia fy pclla diffcrt ça,
que ba dc pelejar com Tudefcos, & Italianos &
Francefes, &
a dos Turcos, &r Mouros de Bcrberia imitando aCefar que r

ferem f us foldados vdhos,& muy práticos nas guerras deFíã


ça,FIeípanha dizia quando paíFou a iazer gueira a
,&r Italia ,

África com os Numidas, Se gente Africana fez grandifsima


diligencia em iheenfinar como auiaõ de/ pelejar 5e valerfe
,

contra as arremetidas, gritos, & vozes daqueiles Barbar s,


& que fc occupem codi/sem os mais exercícios que lhe faõ
,

neccflarios para fe fazerem práticos na milícia dè modo que


m Companhia fc não faça cpufa com defordem guardando
~~ Kl fem-
Jbecídarif militar
fcmpre os preceitos militares em todas as coufas, que Iheen^
comendaiem fendo igual a feus foldâdos nos peiigos
,
&:tra>
balhos.
Fará muy de ordinário re fenha em fua Cõpanhia {-afiando
os Toldados à fua vifta que os virá a conhecer melhor pellos
,

roftos,& feus nomcs.que he caufa muy necefiaria, & impoità-


te a hum CapiCâõ conhecer a feus foidados.
9 Quando marchar, 8c fizer exercício eom fua Compa>
nhia ha de ptocurar que nenhum foidado fayada ordem 8c *

fileira em que vay poífo que vá por terra de amigos 8c fem ,

fufpcita de inimigos, porque naõ tomem licença de fazer


damno nas vinhas cafas, 8c pomares, 8c em outras tenas
,

cukiuadas, porque difTo refulta efcandalo , & aluoroto en-


tre os naturacs da terra por onde fe marcha 9 o quehe caufa
de ferem mal recebidosem os lugares, 8c alojamcntos'onde
poufaõ,em os quaes ha de ter grande vigilância porque os fcl-
dâdos naõ façaõ defordem com os feus hofpedes, nem lhe fa-
çâõ agrau ),& que fe contentem eom o q lhes deré conforme
afuas-pofvibílidades cafiigando com iígor,os que mfio forem
atreuidos, porque de o fazer afsi alcançará nome,& reputaçaõ'
de bom Chriftaõ,& vilerofo
10. E por aigunsCapitaes o naó auerem feito afsi da
do a feus foidados mais licença do que conuem tem chegado
a fazer grandes aggrauos, forças, & roubos em fuas p ou fa-
das pelia terra donde marchaõ que foy caufa de alguns de
feus officíaes fofiem degolados ,
enforcados, &c juft;çados
na praça de Madrid ,
Efcaiante Dialogo terceiro folio 3 .

verf.
11 . E afsi Iulio Cefar quando paflbu de Sicília a Afríca
contra Scipiaój Rey Iuba de Numidia auendo deixado
&: el

naquella Ilha a Nona ôc Decima Legiaõ entendendo def-


*

pois quando mandou por ellas à má ordem, & gouerno, que


os CapitãeSj&officiacstíuerão em fuaauíencía em confentk
que os foidados roübaflçm a terra ,
8c que viueflem fem
vfarem
do cargo de Capitao, 75
vfarcm do exercício militar os mandou chamar cm prefenç*
de todo o Exercito, & defpois de lhe dar húa larga
reprchen»

faò de fu a mâ vida,& da que confencirão que os foldados to-


e

maííem os mandou defterrar logo do exercito infamcmente,


& que fe embarcaíiem, & fe íahiífem em continente de Áfri-
ca.
\l O que também feguío o Duque de Alua nas reforma-
ções dos Capitães que vietáo á guerra de Portugal que fe
, ,

fizccaõ com grande prudência afsi pera cadigo dos que exce-
derão, como perã exemplo dos mais Capitães do Exetcico,
r '~ y
que foy caufa que Bolea Cgpicãõ de Campanha executado
com tanto rigor feus bandos, &
os do Meftre de Campo ,
&£ c *:'

General enforcando tantos foldados facinorofos , òí


dróes que fe afíirma , &
cem por muito cerro que mor-
rerão mais nèrtacxecuçaõde juftiça que em codo o rigor da
guérra-
1^
Companhia dc Arcabuzeiros ha
Se o Capicaõ for de
de vfar de arcabu/,& fe for Capicaõ de piques ha de vfarjde
pique , & de coífolletc , fendo rrmjr curiofo èt prcuido de
,

armas para que feus foldados o imitem , & fe a cafo Iheen-


commdar q ie afsifta de em algum lugar com fua
preíidio
Companhia ha com fua Compa-
do repararfe,& foitiíicarfc
nhia com muita prefteza, & diligencia & defenderfe com
,

fummo valor como o Capitão líidro Pacheco o de Dra-


fez
gus,quc com fer lugar fraco , & fer cercado nelle por Iaraz®
General do Príncipe de Orange com coda armada inimi-
ga, que paíTauaõ de dous mil homens , que fendoihe anaza-
das as muralhas com bacana, & dandolhe muiros afTalros fe
defendeo efte Capicaõ valerofamentc com sòs duzentos Hef-
panhoes tè que lhe focorrco o Hefpanhol Mondragaõ quan-
do paífou com fua gente áquelle braço de marcam eftendi-
doa nado,&afst imicaua o valor, que reue o Capicaõ Fran-
cifco Fernand ’Z dc Auila na defenfa,que fez emVneque cm
Brabantc cõ fó cem Hefpanhoes fendo
'
lugar mu y fraco que
,

Kj fen-
Jhecedaris militar
fendolhe batido & cendolhe as muralhas rafas, fofreo muito
aíTatos,&os defendeode todoo Exercito dos Eftados,de que
crão Generacs Hierges^ o Conde Bofsü,Efcalante Dialogo
3. foi. 9 .

14 E fe campeando o Excrcico lhe mandarem fazer al-


gum cffeito ha de moftrar muico valo^ &v o
gilancía pera
confcguir animando a feus foldados^ aconfeihandofle com
com os mais pratico* de fua Companhia nas
feus •officiacs,-&
decermi nações, qué ©uuer de feguír procurando afsinalar fet»
lemelhanceseffeícoscomo o fez o Capitaõ Ortisacarde antes
que fe deíTe o faco á Villa de Anuers emhüa efearamuça^ cõ
cs inimigos ceue, em que lhes ganhou fuas trincheiras de for-
te que fe léuara mais geme coníigo fe poderá entrar, & tomar
a Y
illa aquella nouce,& como o fez o valerofo IulíaõRomei-

rc, que famdo de Lira com fó cem foldados Hefpanhoes foy


em hüa noute fobre Vbalem lugar junco a Malinas que os ,

inimigos forcífícauão, & cocandolhe arma por hüa parte os


comcceo por outra, de que elles eftauão may defeuidados 6C ,

lho ganhou, & prendeo o Capitão Gouernador Monfiur de


Ferri degolando mais de outocencos foldados inimigos que ,

eftauão no prefidio rml,& quatrocentcs, Efcalante Dialogo


3 LoL 3 s».
^
O Capitão naõ ha de fer temerário^ ha fe de adacrtír mui
co que não intente coufa em q pcffa fer imputado, de atreuK
do,porque cs que naõ vaõ prouidos,& aduerndos dos fuccef-
fos que lhe podem acontecer quando fe lhe cfFerecem fe a-
chaõ muy turbados fe m faberem o que fazem,como fuceedeo
aos Capiíãcs Cefpedes, & Valdés na guerra de Granada.que
fe perderão com fuas Companhias de inconáderadcs,& pou-

eo práticos.
15 E 0 mefmo fucccífo teue nos Gui afros Dõ Icaõ Ví-
lharoel,& mereuínea a fronteira o Capitão Portundo Gene-
ral das Gaiès de Heípanha,que foy ah morto, & fua Armada
roca,& desbaratada pcllos Turcos, & para abremar exceffos,
& per-
do cargo de Capitão. j6
conuem-muito que o Capitaõguar;
5L p er d a s feraelhantes
que lhe derem os officiaes ma.o-
de a ordem, & indrucções ,

affentos.qucfe tomão no ConfelhodeGuer


res8i náofairdos
parte ahi fe efcolhecom os votos de
ta porque pella maior
experiencia o que mais conuem ao feruiço dei Rey porque
votos, de força ha de atiet alguns que acer-
onde ha muitos ,

para que nao fucce-


tem o quefedeue faret ínfalliuelmente
da o dcfaftrado cafo.que nefte
Rey no acontece©.

Succejfo tpue a Armada Tortuguefa teue.

os Capitães Portuguefcs.q
foraó na Armada de q

D E
eta General D.Mmoel de
náo feguírcm
bre fe as naos da índia que
dê partir para Lisboa na
ahi
forma,
Menefcs o anno de 616.
oalTento.quefecoraou
eftauaõ
que fua
com a
naCorunha fo-

Mageftade
armada auiaõ
mandaua
nenhum modo do porto tè não
fe aíTentou que em
faiíTem
laneito.K fegurar o tempo por fer de muito
paliar a Lua de
.perigo Coda de Hefpanha no inuetno;
a
potem fem embar-
go defte a (Tento dahi a algús dias fe tefolueráo os Capitães,que
eftauaó naCorunhapartiremle em vinte & hum de
Dezem-
bro fazaó mais aíperade todo o anno, &paflando a vella por
Ferrol donde eftaua o Capitaõ General a Almiranta
da Ín-
dia/; z final a Manoel com duas peças, 8: tanto quefai-
Dom
todos,
tão’ao mar lhe deu hum vento Sul, que os efpalh >u a
SCefpeando oGcneralque abonançíTe o tempo deteuefe

ttes diasno fim d s quaes partio como defefper .do a ver fe


pod a teme bar aquelk tam giandeabfutdo,8£ d^f >rd. m,po-
rein fendo leuado da mtfmat mpedade an iou c.nfttadanJo
cada vez maí' refdueráo era
com q crecendo
os ventos té fe

hüu furiofatorment. de muitos dias no vitimo doslquaes, q


foy a 8,de Imeiro de 027. padeceraó ha dos mais mdera-
ueis natifrusios qje no mar Occeano lc tem v.fto cor.fi ie-
lc 4 rando
Abecedíirif militar
rando grandezas dosGalcões &c liqueza das naosdaln-
as ,

dia ,
&o
numero da nobreza, que fe perdeo & o que mais ,

he a grade, & notauel crueldade das moi tes , com qüe acabar
rão, porque os que fe perdem no mar alto naõ padecem mais
que hum genero de mcrte,& eíTe breue, porem aqui era peor
que a meíma morte & o temor delia , porque de todos os
f

elementos eraõ ameaçadas h os ventos lhe rompiaõ as veir


las, maílarecsç& íemes o mar os íeuaua furiofamente à ter-
;

ra, & da terra os tornaua a meter no profundo &oucros ar-


,

rebataua das mefmas naos & nauios como aconteceo a


,
,

Dom Antonio de Menefes eíhndocorajhum Crucifixo nas


maõs animando a feus íbldados como valerofo
& pio Ca- }

pitaõ ;
as taboas com que fe abraçaoaó para fegurarem as vi-
dasachauão armadas de cruéis pregos,
que lhe rompiaõ as
entranhas, & os degolauaõ na terra
tam uefejada acabara©
huns feitos pedaços nos penhafeos com o imperu das ondas,
& outros enregelados de frio nus aodefemparo & arè o fo- ,

go do Ceo os combatia com rayos, & corífcosj muy ako, &


profun do, he o Iuízo de Deos pois nunca fe vío milícia tam
bem difciplinada,& com tanta penitencia & Ladaynhas & .
,

oraçoés que parecia maisConucnto de Rcligiofos que Ga-


leões de foldadoSjpelío que podemos crét piamente que eftas
mortes que naõ foraõ menos prêmio dos que as padecerão
,

que caftigo geral deíle Reyno, ao qual deu tamanha perda,


que iguala à dei Rey Dom Sebaíbaõ referuando fua Reai
peífoa.
i A
nao Capitania do General Dom Manoel dc Mene-
ies feperdeo em Sam íoaõ de Luz efeaparaõ delia cento &
ourenta peíloas & morrerãotrezencas
, Almirante An. : O
lonio Monis Barreto fe perdeo em Bi » ona fem fe faluar da
fua nao mais que o Meftre , ôc outro homem do mar tz ,

clle toyachado cm terra com hum prego atraucífado peita


garganta de húa caboa do nauio. Dom Anronio de Me- 1

Befes motreo clle,& quafí todos, Do nauio de Manoel Dias


do
lio fuccejfo da Armada Toi tuguefa, 77
de Andrada fj faluou coda a genre pot confelho do Capicaõ
Díogo Dias Coimbra feu camarada , que hoje he Eftnbeito
do Duque de Br-gmça q mandou lançar húa efpia do nauiO
á terra, por onde íe alatão,& faluarão como eu vi por húa eee-
tidaó jurada doCapitaõ, Do nauioCapitão ChnítonaõCabral
efcapou clle cõ i^pefloas, sò o Galcaõ deGõçalo de Soufacf
capou deita vmuerfal defauétura,q efcoJhédo có excellente a-
cordo,& cõfclho,ames varar na Coita dc Hefpanha do q na
de F rança foi ter a Bifcaya,& fc recolheo em‘hum porco a faU
uamenc : Eíte foi o milerauel fim da Armada Porcuguefa.
1 Na companhia deíta Armada hiaõ duas naos da ín-
dia, de que era Capicaõ mór Vicente de Brico de Menefes,
qucfeperdeo na ponta de Bordeos 6C delia cfcaparáo pou- ,

cas peíToas perecendo o Capitaó , & os prjncipaes A Al- .

miranta fe alagou cnS Bayona de França , onde fe affbgaraó


trinta FrancefeS, que fahíraõ a ajudala & dclles efcaparão ,

sòquarro, & da nao o contra meftre & dous índios. E ,

pellas carregações importou a perda dcítes dous vazos qua-


tro milhões,

3 , Os fidalgosmortes que fe pode faber o nome faõ ,

Dom Antonío de Menefes filho de Dom Carlos de Noro-'*


nba. Dom Ioaõ de Menefes o Roxo. Dom Lourenço
de Almada filho, & herdeiro de Dom Antão de Almada.
Nuno da Cunha filho 6c herdeiro de Ioaõ Nunes da Cu-
f

nha. Fernaó Aluarcz dc Toledo,filho de Pedraluarez de A-


breu,& AntonioGõçaluez da Camara. FracifccLopesLobo.
Francifco de Moura filho de Aíexandre de Moura. Simao
Mafcarcnhas Maltês. Dom Ioaõ de Viueiros Coutinho.
Ancomo Moms Barreto Almirante da Armada. Marcim
Aífonfo de Tauora irmaõ do Repoíleiro mòr Vicente .

àc. Brito de Menefes Capiraõ mór das naos da índia Dom


Francifco Manoel Capitaõ que foy de Chaul.
,
Nuno
de Mello da Syltn. Luís Barreto Ccrniche. Dom Francif-
co da Cofia filho , & herdeiro dc Dom Gonçalo da Coita.
k 5 Dom
Abecedario militar
Dom Manoel Lobo. Dom Diogo de Carcamo* Dora
Ancomo de Lima.
Pero de Mendoça Arraes. Antonío
de baõ Payo fiiho do tenhor de Villa Fior. Duarte Dias
;

de Meneies, & Fra ncifeo de F seitas filho do Capitaõ Manoel


de Freitas, & outros muitos fidalgos, & Caualleiros,que fe ci-

nháo achado na reílaiiração do Brafil,que neíla occafiaõ qui-


zcrão acompanhar feus Capitães mais por honra, & primor#
& zelo de feruir a fua Mageítade que por oucro reípeito,& cã-
bem neíla armada fe perdeo hum Terço de foldados Portu-
guefes,que eílaua leuantado neftaCorte,que eraõ exercitados
foldados,& k tinhaõ achado na reílauraçáo da Bahia donde
lançaraõ os Olandefes,quea tinhaõ totriddo.
Todaeílaperda,que foy a maior, que íe fentío em Portu-
gal (comoeílà dito; fecaufou de os Capitães naõ guardarem
oaífenco, que tinhaõ tomado em prefença do feu General,
que não eílaua com elles nefte acordo, porque eftaua com a
fua nao no porco de Ferrol por naõ poder tomar o da Com*
nha como fez a mais armada,coníla tudo do tratado, que fo- ;

bre ííloefereueo Francífco de Abreu natural de Lisboa.


4 De modo que os Capitães haõ de guardar as ordes de
feusofficiaes maiores,& comprilas á rifcajporque com ífib fi-

caõ ndo com fua obrigaçaõ naõ fe ofterecendo ©eca


facisíaze
fiaõ onde manif (lamente fe conheça fer nctauel dano oguar
dalaS}Como fez o Capitaõ Garcia de Efcalante na Jornada em
queDom Aluaro Baçaõ íoy a Galiza para cuitar os danos, &
entradas, que os Cofiarias Francefes faziaõ nos porcos daquel
le Reyno què auendofie dado ordem do General a todos os
Capitães que tanto que ouuefiem viHa dos inimigos nenhum
nauio paílalTe diante da Capitania có penada vida^fcalante
Dialog } fal.39.verf.
ç E amanhecendo ao outro día ttueraõ vifla dos inimi.
gos ,6t o General mandou amainai as vellas da fua Capitania
para que os mais fizefiem o nu fmo para fe coimar confelho,
&i fe potem em ordem de peleja^ôc parecendo a eíle CapFaõ,
que
docâYgo ele Capitão. j8
fe perderia a oecafiao de viras mãos com os inimigos fe fe
q
dctiueíTem fem guatdar a ordem, que fe lhe eftaua dada com
vellas rendidas, & com outros nauios, que o feguiraõ comoa
a boca do porto dende os inimigos eftauaõ,& pelejando com
todos os dcccue tè chegar o General com o refto da mais aro-
mada com que alcançarão a vi&oiia tomando vinte &fece
nauios com mais de mil Francefes
cies a fora os que morre-
rão na batalha, o que lhe foy muy agradecido pello General,
potque fe entendeo que feefte Capitaõ-fe não adiantara a de
fenderlhe a fahida os inimigos fe fizerãoao mar Iargo,& fugi-
rão por ferem os feus nauios maispequénes & ligeiros de mo
do que fe naõ alcançara efta vi&oria, Pello que os Capitães
haõde fer muy confidcradosna execuçaõ das ordens, que lhe
forem dadas,
6 O Capitaõ ha de fer de bom juízo, & razaõ, porque im-
porta muito que os Capitães, & mais Officiaes que tiueretn ,

foldddosa feu cargo o fejaõ pata perfuadir a feusfoldados , SC


Sc os [èprehender do que fizerem defordenadamente fem dif
ciplina Sc para os animar nos recontros, & pelejas , que tiue-
rem para que com paciência Sc bom animo fofraõ os traba-
,

lhos,& necefsidade que de ordinário feoffcrecem nas guer-


ras de forte que naõ venhaõ a fazer motins, nem outras defor
dens f melhances por naõ ferem fofridcs nas aduerfidades.
Importa muito, que naõ feja auarento fenão multo liberal co
os feusfoldados focorrendoos em fuas necefsidades, Sc traba-
lhos, dando ordem que fejaõ pagos de feu foldo ordinário, Sc
que fe lhe não faça agrauo difsipandolhe como co-fuas pagas
ftumaõ de fazer alguns Capitães com pouco temor de Deos,
em os qoaés deuiaõ de lazer os Capitães Generaes muy ngu-
rofocadigo, porque naõ he jufto que a praça de foldacjp feja
diminuída, p< r quem tem obrigaçaõdc lha acrecentar.
7 O dia que a fua Companhia for de guardaha dc man-
dar par feu Sargento cornar o nome & ordem do Sargento
,

maior^cu de outia peíToa,que tenha authondade pera iha dar,


cem
Abecedario militar
com a qual fo ha de gouernac nas guardas, &cettcinel!as
dc
de noute,etn que eooíifte a fcguridade do exercito.
8 Ha de viíkar as cemínclias, & Corpo de guarda, & ter
muíca diltgencu,& cuidado que os ofíiciaes & foidados cu ca*
)

praõ com fuas obrigações precifamence conforme â ordem


que ciuer de feus ofííciacs maiores fará que fua Companhia
,

eíteja fempre prouidade fachos elenternas & outros lumes


, ,

para reparar diuerfas coufas que dc noutecoftumaõ acontc*


,

cer.

9 OCapícaô ha de obedecer á ordem do Sargento mor,


& dos mais Ofheiacs maiores com grande diligeneia refpei-
candoos, & acompanhandoos para os obrigar a que o amem,
& eftimem; & procurar fabcrdelles as ordens, & difeurfos que
fe comaõ para profeguir a guerra,porquc hc grande virtude fa
bec o que conuem a fua obngaçaõ,& ferá muy importante ter
ífto entendido para fe achar com mais coníideraçaõ, & facili-
dade nas coufas.que fc lhe ofFerecerem,& encomendarem po
dendofe auantajar noferuiço dc feu Príncipe, & facísfaçaõ do i

fua peffoa tendo muita pcudencia,& faber vfar com valor na


profpera ou aduerfa fortuna.
10 Marchando com fua Companhia ha de procurar que
vàprouida da bagage neccííaria, porem com tanta modera-
çaõ que por nenhum modo hajdeconfentir que feus foidados
va5 embaraçados, fenaõ muy á ligeira com fuas armas, porq
fe fe lhe ofterecer pelejar com os inimigcs^fe moftraram mais
determinados cm ganharlhe a roupa que cuidadofos em eon
fecuar a que tiuerem ,
& naõ permita que foldado algum te-
nha cauallo fenaõ forem alguns particulares dos mais práti-
cos, que poderam feruir de cauallos ligeiros,que poderam def
cubrir,& reconhecer o Campo, &leuarauiíc$ fe fe cffereccr
necessidade
Em os alojamentos fe alojará] de ordinário entre feus foi-
dados dandolhe exemplo com fua virtude & bons coftumes
,

fendoihc cõpanheiro na afpereza do feu vmer fem procurar


para

HQ
do cargo de CapitaÕ. j6
pata fy manjares nem ,
outros comeres delicados imitando a
lorge Cafhioto fenhor de Aibanía ,
& a Cacaô V ticenfe, de
quem fc cíercue quetrazendolhe hum foldado hum púcaro
de agea em occafiaõ,que o exercito padecia grande íede em
Libiao naõ aceitou dizendo, que naõ era mais efLminado,
que os foldados pita deixar de fcfier a mefma fede coma
mcfmafortuí.a.que elles- & que quando naucgaua naõ bebia
outro vinho fenaô>e que tinha para os foiçados 5i gente do ,

mar, & de Aníbal conta Tito Liuio que fendo meço, bi mili
iando no exercito de Afdrubal dormia de ordinário no chaõ
cutertocom hum repefleiro do campo, & em feu con er Sc 5

veíhr fe naõ dífFcrençaua dos mais foldados de feu cargo 6C :

d 12 Alexandre que afsi como o Capiraõ he a cabeça do Exec


cito por cllc ha de começar a ordem , que cs foldados haõ de
fcguir,poiquc a rsi como a cabeça pameipa do que padecem*
os outros membros, afsi o Capitaõ deue participar dc naba-
lho,& mandandoScipiaõ o Menor Africano que os foldados
naõ üueflem camas regaladas el!e foy o primeiro que dor- ,

mio etn hüadc feno & díz Plutatcho que nenhúa coufa
:

cra mais grata ao Romanos que comer o Capitaõ do mef-


mopaõ, que comiaõ os foldados & que com elles tra*
,

balhaua ao folnaseauas, & trincheiras, com que Galilao


nas guerras de A íia aleançou grande gloiia & o mefmo
,

Plutarcho diz que mais honrados faõ os Capita. s , que


partícipaõ dos perig>s & trabalhos dos foldados que
, ,

esqu: repartem dinheiro, & honras & por íflop udence-


:

mente ordenaraõ os Efpartanos que os feus Reysfoífem cs


p;ímeiros,que entrafTcm nas batalhas, & os detiadeires afe
tetiraré dillas.Naõ deuiaõ elles de querer q osReys fe amícaf
fem fem ordem masquizeraõ moíhar fer neceilíno para fe-
rem amados participar do perigo de feus foldados, & afsí
vendo Alexandre que os feus foldados ttmiaõ, a afpere-
za do caminho, por onde marchauaõ por fer terra defer-
ia fe apeou , & marchou a fè com elles participando do
era-
Abecedaris militar «

crabalho,& por iílb foy fegaido,& Ccfar deu o fcu aJojamen-


co não auendo oucro ) a h im foi dado doente ficando ceda
(

a noute ao fereno & rermnd^líe Xerxcs da guerra dos Ga-


:

lufos (fendo o caminho afpero) fe apeou com que os Tolda-


,

dos fofrerao o trabalho com maisanimo,& o mefrno fe refe-


xede Scipiaõ Africano, & de outros Caualleiros Romanos,
q[uecom efta virtude víerão a fer excelicntss Capitães trata-
rá muito bem,& com boas obras a feus foldados cendoos em
lugar de filhos para que elles o amem , & refpeícem como a
pay, porque fendo ifto afsi nenhua coufa cometera em que
,
elles o não íigaõ com muito amor, & valor auenturando luas
vidas com oufadia pelia honra commua,de que lhe ficara no
xne bom,& fama com feu Generaf& com feu Exercíco com ,

que obrigará a feu Príncipe a que lhe dè prermo, 6c facisfação


conforme a feus merecimentos, porque conforme elle víar o
faram feus foldados,de
que temos exempío,
Quanto importa companhia dos bons diznolo a diurna
a
Efcriptura em Saul que por fe ajuntar hüa vez com certos
,

Profetas veyo a profctifar com elles ; ifto mefrno fe vé em


Thimoceo,que por feajuncar com o Apoftolo Sam Paulo Ln
do Gentio feu pay,& Iudia fua mãy veyo elle a fer bom como
Sam Paulo,que era bom»; veyo a ferPrègador como SaêPau
lo,que era Pregadcr veyo a fer Bifpo como Sam Paulo que
;

era Bifpo, veyo a fer Martyrcomo Sam Paulo, que foy Mar.
tyr:& S:meaõMecaphraftes,que efenueo fuavida lhe chamou
Àpoftü.lo para que em tudo pareça Sam Paulo amoefta 0
,

mefno A poftolo aTito feu difcipulo que feapartidíe de con


tierfar com Hereges,porque da fua conuerfaçaõ fe fegue mui
to mal, & dano. Conta a Sagrada Efcnptura no fegüdo liuro,
Paralipomenon que em tempo dei Rcy Ioás fe defmanda-
rão os Ifraelitas cm idolatrias, & em outros vícios & pecca-
,
dos offeníiuos a Deos noífo Senhor-, & fazia íílo o pouo ven.
do que o mefrno fazia o Pv ey porque ao tempo, que o criou
loyada fu mo Sacerdote ay & #
meítre feu ,
que 0 auia fei-
do cargo de Capitão. 8o
toRey ,8íconferuadonoReyno tratauadeferuiraDeos,8£
procuraua que o pouo fizefTe o mèfmo tnas fendo morto o
*

Sacerdote elRey fedeímandou em cffenfas de Deos, & o po-


uo por feu exemplo fez o mefmo por tanto importa que o
,

Rey íiguao exercício militar, & todos os bons coíhmies para


que feus vafíallos o figuaõ.
iiOs Capitães tem obrigaçaõ de ordinário enfinaretn
Cus foldados afsi a atirar,& menear o arcabuz.como inueftic
com o pique ao ínirDÍgo,& dar cs paffos com clle •
òc faber a-
bacello ôc aruorallo afsi a efearamuçar, como em efquadrões
para que aprendaõ o exercicio das armas,que afsi o faziaõ os
Romanos em feu tempo: & afsi como eraõ deflres , & práti-
cos erão fenhores das vitorias te que gozarão do defcanço,ô£
vfatão de rapina por onde começarão a perder o ganJbado, q
he o caminho mais certo de quantos há.
li £ porque Pinho entendia ifto eftudou fempre (como

dtzia Plutarcho) a arte militar porque rendo elle neceísidads


de bons foldadcs entendeo que efte era o melhor modo 2 ta
p
lhe não faltarem porque fendo elle o melhor Capítaõ do mu
do como entendia Aníbal efte fó deuia fer o fim cõ fempre
q
exercitou a arte militar, pois para fy naõ tinha necefsidade do
tanto exereiciofifto fe proua com todos os grandes Capitães,
que tcue o mundo,pcrque Pompeo, fegundo diz Alexandri-
no, fendo ia velho, & de tanta reputação entre os Romanos

como fe vè do que delle fe efereue em quanto leuantaua o c-j


xercito contra Cefar rodos cs dias feexercitaua com os fol-
dados trabalhando ma:s do que fuas forças idade permí- ,
&
uaõ porque fendo entam oPrincípe daquella Republica,
elle
& tendo necefsidadede bons foldados entendeo que naõauia
para iíib oucto melhor me yo,que exercitarfe com elíes.O mef
m ? fazin S jpiaõ o-maíor Africano fendo Empcrador do E-
Xerciro de Hei panha,& pella mcfmarazaõ feexercitaua
Ale-
xandre co nn nua mente com feus foldados
& por iifo 0 s ceue
,

tam bonSjCómo moílra© as grandes viótoiias qqe conrellcs


,

al-
Abecedario milicar
alcançou. E afsi o Princípe que quer que o feia Réyno figua
;

os militares exercícios feja o prirneiro.que os continue, &: iffo


baftarà ,
& fe os rnefmos militares exercidos períeueraiera
.

fecà (coaxo diz ílciíloceles ) que todo o cofturae he deUi-


tofo
13 Hi da ter a fua Companhia bem armada, SC que a ne-
nhum falte peça das armas que ciuer obngaçaõde feruie
,

camélias, Sc que eftè bem acoílumada 5c lhe ha ds procurac


,

codo o proueico vniuerfal; ha fe de prezar de fer companhei-


aco
ro dos tbldad JS,porque coda a nobreza, que feruc a elRey
de ás companhias de Infantaria, queeftam cheas de fidalgos,

Sc Caualleicos, 6C afsi he rezaõ que o Capicaõ os crate


com hõ
radas palauras,& bom procedimento, 6c cambem os ha de
ca.

íligir quando o merecerciiiique afsi conuem que o façacomo


que os ajude, & procure feu acreccnta-
a íua msfma fa nília,8c

mcnco.&r do mcfmo modohaó de fer caíligados os que forê


dcfmandadoscom a atma, que heo melhor caftigo cm fra-
grante, Sc o que rnaísfe teme na guerra, & afsi ferá ei Re y bem

Quando o Capicaõ fizer exercício com feus foldadosha de


cílar arma Iode codas as armas para lhe dar bom exemplo co-
mo fazia o Conde de Viana que dezafeis annos trouxe hua
íaya de malha no corpo eftando em Ceuta fem a tirar.
14 He coítume entre Capitães cet camaradas a que da ,

mefa,& he coufi de proueito parafy &C para fua Companhia,,

comer
qu: todos clles auerain poc bem dando o Capicaõ dc
a quatro. ou íeis camaradas de fua Companhia mais, oume-
nos como lhe parecer a foldadosde bons procedimentos,que
tem pouco foldopara fe fuílenca: em conforme a feu refpeico,
6c eftimaçaõ para fe poderem veítif & armar por tempo de
,

feis meies, 2CaCabados ellesquc bufquem


vida, & tomar outras

ta atas, 5c afsi feguir coda a Companhia qne d fte modo a tra


armada, contente nao dar de comer
rà bem trata ia,ÔC 5c ôc ,

que quando lhe for neceílucio lho não agra-


f mpre
r
a alguns
^
decetam,
âocAfge cfêCapitao. £l
dsoetatn,5£ deixaram no melhor.
pfocurco Capícaõ que por fua culpa fe fUõ perca al-
gum foi da do de fua Companhia em vícios & liberdades dc ,

maos coftumès, que de mais de fer offenfa de Deos Sz del- ,

Rey ha de dac conta a Deos dilTo, porque os foldados e fta m


afeu cargo como fua própria família & elle he feu pa* ,

ftor no temporal ,
& efpirícual & ha dc fazer que fe ,

confelfem quando manda a Sanòta Madre Igreja & quan- ,

do oferecer occaíiaô de perigo,


fe & ouuer tempo como eftà

obrigado como bom Chriftaõ , & o que for remiífo


dac
conta a feu Coronel ,
& Sargento maior para o reme-
diar.
16 Se o Capicao quer acertar, & fazer o que eftà obrU
gido ha dc ver o rofto a feu Coronel muitas vezes , & cada
dia, 5c fe eflíuer com fua Companhia aufente efcreualhca-
uifandoo fempre do que fucceder entre a gente de guerra,
porque tem obrigaçaõ dc o fazer afsi, ôe de mais que oterà
prompeo cora feu fauor, que he de muita importância, ôc pro-
ueito para fua Eftaodo fua Companhia ce
Companhia.
guarda eflrà de noute, & de dia com e!la
obrigado a afsiftir

acompanhando a fua bandjeira, & por nenhum modo ha do


deixar de o fazer, porque póde fucceder algüacoufa, & re-
uoltade repence afsi de foldados ,
como de gence dopouo,
j & cerra donde eftiuer, & hum cocar de arma , &: outras
coufas que eftando prefencc com fua peffoa o remediará
,

!
eom breuidade & lhe ceram o refpeico deuido &: os folda-
, ,

dos lhe ceram mais amor tratando com elles & tendoos ,

junco dc fy os eníinarà como em cfcola falando em conuer-


:
façaó de coufas de guerra & degenero de armas & outras
, ,

galautarias
,
& com ifto fe faram práticos & aprenderam o ,

que dcuera fazer.

17 Se algúa vez lhe fucceder acucilar algum foldado poc


ter cometido dcli&o , com que o mereça fe lhe fugir naõ no
liga 5cfe qfeguitçom acolcra náo digajmata^ata ,
qonaó
L pódo
Mecedario militar
pode dizèr , & fc0 matarem neíía occafiaõ,ém que 0 dííTe


lhe cuftaràa vida, mas pòde dizer & pedir, & mandar que
,
f

lhe prendaõ aquelleíoldado , a que teram obrigaçaó de fatif-

fazer,
18 Náoconfínta,que em fua Companhia nenhum foi da-
do pafle palaura,
porque o naõ pode fazer fenaô o Coronel
& Sargento mór,& o Capítaõ de Arcabuzemos de Vanguar-
da^ Retaguarda que por ífld fuccedem mil defoidês^ue ve
afuceeder mandando o Coronel, ou Sargento maior pafíar
palaura em hum efquadraõ não íe guardar a ordé como cõ-
uem,& vem a ficar no meyo do caminho deferdenando o q
o dito Coronel^ Sargento maior leuaõ ordenado & quado }

marchar com fua Companhia mandará que. osfoldados vaõ


quietos & com íilencio tocando fempre caixa ora húa ora ,

outra-, & naõ coníinta,que algum foldado lhe pergunte aon-


de vay com fua Companhia, què he mào ccfiume , & o naõ
pòde fazer: Em dia de batalha não leue cauaílo corredor, por
que fe naõ imagine delle que largará a fua bandeira faluando
fua peíToa, n as antes ha de morrer pella defender , que a íífa
eftâ obrigado.

C A P I T V L .
O'
7
. .
X. •
:

*Da clemencia >


que o vfarà com os
Capita o
rendidoi, & da vtilidade, que dtjjo vem a

H A de vfar de clemencia com


porque o vencer he ceufa humana^ o perdoar cou
fa diuina & em effeito nenhúafe pòde chamai verda
os inimigos rendidos,
da clemencia do Capitão. bz
eras configoalgua deraencia»
dcira vjftoria fenaõ algüa,que
& afsi Franófeo de frança dizia que os Reynosfeaí-
cíRey
pódern acquma ,& c<>
cançaõ com força & com riqueza fe
,

feiuar & que a boa fortuna


quando mais profpcra fe nioftra

coftuma a feu faluo virar as coftas, 6c em hum momento na-


ftornar quanto em muitos annos tem leuantado mas o apa- ;

vfar de clemencia 6c miíencordia 6C


relho, & occafiaõ para > >

engrandecer os homens fu a fama não he coufa,que todos os


Príncipes alcancem ,6C que cile tinha
por ditofos os que a vi

nhaõ a cer fe o foubeftem obrar como o Emperador Carlos»


que lhe deu liberdade fendo o mefmoRey de França feu
o Duque Fehppe de Milaô a cl Rey Dora
priíioneiro , 6c

AfFonfo de Nápoles , & o Soldaõ Saladino ás molheres


Chnftaas de Hierufalem que fuppofto que os corações ge-
,

ncrofos folguem de alcançar ví&orias todauía lhes peza da


ad.ueríidade alhea & afsi chorou Alexandre por Dano 6C
, ,

Iulio Cefar por Pompeo ,


& Marcello por Syracufa , 6C
Scipiaõ por Numancia & el Rey Dom Aftonfo de Ná-
,

poles por Surrento, & de fazer o contrario fe dàcccafiaõ


a grandes guerras como moftrarey, nasqueouueem Flan-
des naõ querendo os rendidos dar obediencía ao vencedor,
que pofto que a dem no publico em feus coraçeés lhe fica o
contrario como fe vio nos Eftados de Flandes ,
que por fale-
cimento do Empetador Carlos Quinto em Septembro de
iç ç 8. p-díarão feus Rey nos,& Eftados a elRey Felippe o pru-

dente o primeiro de Portugal & concluindo em Abril em


}

a Cidade de Cambray as pazescom el Rey Henrique Se-


gundo dc França fe determinou de tornar a Hefpanba don-
de era chamado por opportunas occafioés 6c tendo feito 9

vir dj Icalu a fua irmaa Margarita molhar de O&auío Fac-


nefio Duque de Parma para lha encarregar o íupremogo-
uernodos Paizes baixos começou ordenar muitas couías
a
necaftanas, para quiecaçaõ daquellas Prouincias. 6c fcZ den-
tro nos Paizas dmetfos Gouernadores nomeando em par-
~
~ lz cicu.
Mecedarir tnilitAr
ticularGuilherme dc Nafiau Principe deOrangc em Olan
da & Gelanda & o Bifpo de Arras quedefpois foy Car-
, ,

deal & teue gtande authorídade acercada Duquefa Mar-


,

ganta Gouernadora, & a outras pefídas dignas forão dados


por elRey outros cargos princij. aes &demaisdifto tinha
;

fua Mageftade mandado a Roma folicitar com fua Santi-


dade Paulo Quarto o negocio de acreccntar o numero dos
Btípos nos Paizes baixos , gt pedida' com inftancia pello
grande zello, que tinha fua Mageftade acerca da Religião
Catholica ,
de todo o ponto foy aprouada pello fan&o Pon-
tífice & juntando defpojs pello mes de lulho na cidade de
,

Gante em Flandes os Eftados Gerais de codas as Prouincias


fua Mageftade lhe fignificcu as necefsidades vrgentifsimas,
que o cfoamauaõ a He pánha reprefentandolhe os refpeitos,
que opetfuadiaõ a deixar em feu lugar a Madama de Par-
ma exliorcandoos a que lhe obedeceftem do mefmo modo,
queeftauaõ obrigados a fua Real peííoa ,
& em concluíaõ
lhe lembrou que fobre tudo defendefTem a Religíaõ Catho-*
lica , & refpondendoeom a reuerencia, que con-
os Eftados
umha merce mandaíTe fair fora dos Paizes
lhe pedirão de
todos os foldados eftrangeiros & que naõ confentiffem fof-
,

fem prouidos eftrangenos na adminíftraçaõ das coufas publi-


cas, & pofto que defeenrentarão a el Rey eftes pedidos com
tudo lhe concedeo paftaílem aM ilaõ dezafeisCompanhias do
foldados velhos Hefpanhocs, que fua Mageftade t inha intéto
dc deixar nos Paizes baixos, & concluídas eftas coufas fekm-
barcou em poucos dias chegou profpsiamente a Hefpanha; i

partido el Rey Madama Gouernadora fe paíTou de Gante


,

a Bruflellas , & deu principio ao meneo das coufas publi-


cas. i

i. Auía annos antes começado a inficionaríe os Paizes


baixos de heregias de Lutheranos, Caluimftas, & Anabapti-
ft -•s parte por meyo do contrato, & merca ncias,& parte com

a oecafiaõ das gueiras pufladas porem ao tempo dapartida !


da clemência cio Capitao. #3
aluorotados osani-
de fua Mageftade feachauaõ igualments
mos dos nobres U dos Eccleíiaftieos , & dos pouos.que faó
,

peffoas, que formaõ os Eftados das Pio


as cres differenças dc
uincias & a
,
todos em particular defprazia a aufencia dei
Rey, de cuja cornada tinhão pouca efpetança, U a nobreza,
que em tempo dc Carlos teue fempre o primeiro Iugar^ôr au
thorídade &: fauor tinha grande ciefgofto que foliem mais a f

uorccídos, & poderofos osHcfpanhccs dei Rey Fehppe , &


)

defconcemou demais difto a#s nobresauerfe dado o fupre-


jjjQ goaerno a Ouqucía
de Par ma, em cujo lugar defejauão
a Madaroa Cliríftíerna Duquefa de Lorena Jobunha dei
Rey , de quem igualmente fe auia tratado & fobrecudo íe :

defgoftou o de Orange porque nefte mcfmo tempo de or.


,
|

!
dêm dc fua Mageftade, lhe foy mandado que defiíliíFe de in-
tentar a precenfaõ quetinha
,
de poder alcançar por molher
filhas de Chriftierna para com efte
|

a Dorochea a menor das


i mey 0 ganhar pata fy a mor authorídade para quando lhes to
cafle ogouerno dé Flandes j & difieíTe que por efta occafiaõ

elle fe deíefperara de modo que


dentro de íy mcfmo fe reíol
ueo de inquietar^ intentar nouidadeSjCom que percutbac o
Eftado daquelles Paízes, & naccrão defpois entre os nobres
!
diuerfas differcnças.que ajudarão muito ao acrecencamenco
daquellas reuoltas,&: fe queixarão entre fy também de aueré
í
fido mal remunerados dos feruiços,q fizeraó nas guerras paf-
fadas,o que junto com o defejo comum de nouídades , & do
|
mudar fortuna achandofte quafi rodos grandemente gafta-
dos.5c carregados dé diuidas caufadas deviuerem muy defor-
kicnad.unente o tempo das guerras, que viaõ concluídas con-
tra fua vontade, &quc lhefalcatião as pagas de que auiaõ go-
zado.
1 Os fe moftrauaõ defeontenres da noua
Ecclefiafticos
criaçaó dos Bífpados porque concluhido efte negocio com
,

authorídade do Pontífice Paulo Quarto que fey defpois ,

confirmado poc Pio Quarto feu fucceflfor anno de \s6o.


Lj Tínhão
Mecedario militar
Tínhaõ também eftesdefgeftos os Abbades,& Prçbendadcs,'
porque das rendas qae
#
noucs Bifpados,
lhe círauaõ fe faziaõ
bí aspreeminenciasjdc q tè emana auíaê gozado fetransfcnaô
aos Bifpos,
3. Ao pouo defagradaua o nouo ffeo, vigilância dos
&
Prelado$ que fe ínftjtuhiao dentro dos Paizes que auiaô de
t
,

dar a exeeuçaõ os editos publicados por Carlos, & renouados


por Fclippe contra os Hereges para conferuaçaõ da Religiaõ
Cachòlica SÊ os que ja eftauaõ inficionados da heregia publí-
y

cauaò que fe queria fazer força em razaõ da cenfciencia in-


fticumdo húa ngurofaInquiijçaõ,como em Hefpanha. Ne*
fie c mpo andauaõ em grande augmentoas heregias, que fe*
gn aõ fazèndò diíle principal cabeça ao Príncipe deOrange
peíToa de fag teifshno engenho^ que linha artifício, & traça
de fe faber valer dos meyos neceflaríos para aluorctar 0 po-
uo conforme íeus intentos, diíícíTe que de pequeno eftaua in-
clinado à Seità;& heregia de Luthero, & mottendoJhe a pri-
meira molhér fe caiou eõ a vnica filha de Maurício Eleitor da
Sáxonia a quai fe affirma lhe premeteofaria dilatar aSeita de
Lutherocô Codas fuas forças cBardas o anno de $£2 & afsi o
i

fez porq cmBardas o anno dito fe começou a pregar em fua


Cafá cdtra a Sanâa Fê Gatbolfca.gc muitas pcfíoas acudiraõ
a ouuír. Em eíFeicp foj hum Embaixador a Hefpanha i que
procurou perfuadir a füa Magefiade coneedefíe em Flandcs
liberdade de Confciencia prohibindo as pi tgações publicas
dos Hercges,mas fua Mageíiade refolutanu nte lhe rcfpon-
deo,que queria antes üaòTer Rey,que permitir a'güa heregia
em íeus Reynes: & cfecco tanto oâíremmemo dos He leges
que em Anuers o anno de 1566. fe Icuánfrão na Igrtja maior
de modo que chegarão a faquear os Calíces,& Yaíos fagradoS
quebrando os A!tares,&as Imágèns/ôc fc difíc importou o ía-
co quinhentos mil cruzados* Na nojute íeguinte fe executa,
ião femejbantc s maldades cm outras lgrejas & quafl no mefi*
i

mo tempo padecerão a mefma tempefladecm rnmtasC idades


;

da clemencia do Capitão. F4
Yillas d» Paifes bauws fendo fiu Mageftade infotmado
repraheniec fcmelbanies maldades dando licença
mandou
macar.a quem de nono as fizeffe , & o
que qualquer podcffe
de Anuers le foy a Colona & fc
Abbade de Saó Bernardo
,

quanto cieeiao as hcregias. Enttn-


cafou do quefepòdever
agradarão aos ma.s noorcs. st po-
deuíTe que eftas maldades
elcrito porque nenhum fe opor co-
derofos co mo alguns tem
malfe.rores fendo coda gente vil,& othciaes
tra o furor deíles
deduzencos homens, como diz
meeani ;os,4us naó patfauao
o Djqu:de Carpinhano.fol.s».
hor o fizer áo os
Senhores deftc Reyno no rouoo
M'
Parroehial Igreja de fanífa Eogracia
ta » a r roz,que fe fez na
a nouce de ij.de laneiro de 6 50
excrarauros deita CiJadecm
da dica Igreja o diuioifsimo,& SanâifsimeSa
fendo roubado
diJigencias que fe fizeraõ poC
cramenco q ne não baft - nce as ;
ordem do Samfto Officio,& Juíbças Ecclefiafticas, & Secula-

res para fe dcfcubrir o


Rouba ior, mas ainda alguns íenhores
de c tulo defta Corce ,Sc
fidalgo's,& outras pcflbas pa-cicularcs

por afsinados &C cfcriios feus poftos nas porcas da igrejas


fo
,

obrigarão a dar a pefloa qne cal defcabriífe huns à


dous mil
cruzados Sc outros ©ffi< ias, Sc outros ma.s, & menos confor-
me as tendas que tinhaõ Sc naò fomente cites mas coda a fi-
dalguia, & nohreza,& gencc dopouo atdia em
dcuaçaõ,& fen
Cimenco de cam g<ande maldade, mas d fenhor Aicebi po D.
f

AfFonfo Furtado de Mendoça Gouernador defh Reyno or-


denou prudencifsimameme que o fentimcnco fe deixa fie SC ,

em (eu lugir fe fizeflern muitas,& muy grandes fedas em lou-


uor do Sanótifsimo Sacramento^ que eftmeíTe na Igreja ma
triz defta Cidade a Saníta Sè oucodias deícu berro auendo
nelía ojlla menhã pregações offíciandoíTc a MiíTa S.xta Sc ,

Co npieca de cada dia com grande folémmdade afsiftindo o


fenhor Arcebifpo & a Ig eja armada ncamente convcs pa-
,

nos Rcaes da cornada de T unes.


£m 0 Domingo fim deite Oucauario foy leuado com fo-
L4 lemno
m
Abecedârir militar
lemneprcciííaõ á dita Parrechía de fsnâa Engracia o que ,

fe fez com muita fefta indo pella rua da Padaria>& Pelouri-

nho fahio ao terreiro do Paço, dahi pella Ribeira à Rua di-


reita de Alfama á porta da Cruz tê fan&a Engracia o q foy,

muico para ver por fer rata a nobreza^pouojcj acõpanhaião


efta prociííaõ, em
q foy o íenhor Arcebifpo Goucrnador & ,

cs fenhores de titulo & fida'gos fi zerao o mefmocom tanto


,

feruor & deqação que a Cidade ficcu defpcjada, &de)les,&


}

da nobreza não faltou peflba conhecida ,


que nãoaccmpa-
nhaífc o San&ifsimo Sacramento indo infinitos Irmãos de
todas as Confrarias de codasas Jgrejas defta Cidade damef-
ma Irmandade com vermelhas, círios, & tochas
Íuas capas
actfas,& faindo do meyo dia durou ate nome pcdío
jajites
muico ccncurfo de gente, que ouuf,!.& na ina Igreja de fan-
fta Engracia, tíleue o Sandifsímo Sacramento outro Oura-
uarío defcuberto tilando ricamente armada fazendofleá
fctla.&r cufto delia de mi íica,& pregarão, ceia,& ricoschei-
ros.por conta da Conddfa de Linhares, afsi a tarde cni qufl
(

vcyp a procififaõ:& ftgnndaySr terça,& quarta fèira &


à quin- ]
}

; n tez a leíta pello mefmo modo Dem Antenío da Sylua


Thezoureiro da Alfa ndcga tendo à noure muito fogo dear-
nmes, rod^mc ntantcs,&fcguctes. A fefla feira fez a feOa o
Conde do Sabugal Meirinho mór defle Reyno afsiílindo o
Outauauo na dica Igreja fem comer íènão â noute. AoSab-
bado fez a feft a Icaô Gomes da Sylua filho de Luis da Syl-
ua do Confelho do Eftado de fua Mageílade & Védor do
,

fua fazenda. A o Domingo fez a Lfia o fenhor Arcebifpo


Gouet nador diiíe Mn a em Pontifica] & vnaõfe no difcuC
íb defieOurauario algúas coufas de deur çaõ da gente que ,

foy Jnnumerauél,a que acudio á d-ta Igreja que fe cenfiderou


por milagre que aaendo tanto aperto por entrar na Igrea, 1

.& tomar lugar nella não auer em tede o dito tempo difFeren-
ças,nem diílençoés pella deuaçaõ com que a gen-te acudia*
,

ôccra tanto que enceriandçfle o Senhor cm cada hum des


j ditos
da cletnencia do Captião 8$
ditos dias â noute não fe qneria ir a gente da Igreja fendo
af$i que muita delia naõ auia comido em todoo dia.
6 Na qual Igreja de falida Engracia fe fundou hua Con-
fraria pellos fidalgos defta Corte intitulada Efcraucs do San-
£fcifsimo Sacramento para que cm todos os annos perpetua-
mente fefaça hüaièfta ao Sanâifsimo Sacramento que ha ,

de durar c cs dias na mefma Igreja eftando o Senhor defeu-


í

berto que ha de fer cm 17 18, de Ianetro detadahum an-


no, para 0 que pedíraõ Jogo a Sua Sanftidade lubileo plenif-
íimo para que o ga nhafTem todas as peííbas , que confefíadas,
& comungadas vihtarem a dita Igreja de fan&a Engracia
em hum dos ditos tres dias nomeados: & afsi o mefmo Breue
para que nos ditos tres dias poíía eftar no/To Senhor defeu-
berto na dita Igreja fem embargo deferem dias de trabalho,'
& que poíía aucr prègaçaõ pella menhã,& â tarde:& o Com-
promííío que fc fez da dita Confraria fe afsínon em dczano-,
ue de May o que foy dia de Pafcoa do Efpiritu Santo de 630.
juncandoííe os doze Irmãos, que feruem efte anno na mefma
Igreja aííentandofíe em bancos no cruzeiro delia fem auer
entre eUes Prouêdor, nem Preíidencia nos lugares os quaes
.

fam o Marqucz de Caftello Rodrigo. Dom GcnçaloCcu-


tinho do Confelho do Eftado de fua M. gdíade. Dom
Martinho Mafcarenhas Capitaõ dos Ginetes ncfte Reyno,
!
Conde de Sa n&a Cruz do Confelho do Eftado de fua Mag,
Dom Luis dc Noronha irmaõ do Duque de Caminha. O
;
Conde de Sao Ioaõ do Confelho de Eftado, loane Mendes
de TauoraSumilher da Cortina de fua Mageftade. OCon-
dedos Arcos Gcnril homem daCamara de fuaMageftade.
Pero da Sylua de Saó Payo Preíidente da Mefa pequena do
Sanâo Offieio nefta Cidade, &Deaõ da Sanéfca Sè de Leiria»
O Conde da Calheta. Dom Anrcnjo da Sylua Thezourei-
ro da Alfândega defta cidade. OBífcondede Ponte deLi-
ma. Dom Lourcnço de Lima fe u neto, /os quaes conforme
ao compíomi/fq no £m do anno haõ de nomear outros do-
ze
Abece daria militar •

ze para fazsrem a fefta no aano feguince &c defla maneira ,

hi 5 de fazer os de n is fcgumces com ordem aperta difs ima


de juramento que naõ polTaentrar na dica Cjnfraria quem
tiuer raça, nem fama delia deChnftaõ nouo.
6 De matsdifto ouus deuotos, & pcíToas de deuaçaó, que
dcraõ peÇiS d jcel,& corcínas, & cofie de muíco valor pau fe
encerrar o Sand (simo Sacramento , & o Correo naòr defte
Reyno AntonioG^mes da iVíatca fidalgo da Cafa de fua M.
dc deu húa alampa ia de praça com azcice de renda para fera -
pre fer alumiado, N a
que os Heréges ficaram vmdo q quan
co mais indscencias elles lhe fizerem aos deuotos Chnítaòs fe
lhe autua a deuaçaó para melhor o ísrutrem ,
& louuarem no
que fe fica deuaçaõ.que neftc Reyno fe Cera ao dmi
vendo a
mfsimo Sacramento. Fiz lembrança deftecafo para obrigat
aos vindouros a ferem deuotos do San&Dsímo Sacramento,
que femprefeia louuado por todos os feculos,
y Em eíFeico a D aqueza dc Parma fez canto, que os Of-
fictosdiuinos fe,rornaraõ a continuar como de antes enfra-
quecendo os Hereges de modo que parecia que ja naõ auia
,

que ccmerjSc indo o Duque de Alua o anno de 1 67. a Flan 5

des com Exercito de oueo mil nfantes, & com mil & auzen
*
I

cos de Cauallo com algunsfoldados vtlhos Hcfpanhoes S£ ,

Italianos .& entre elles Chapim cargo de


Vicello a quem deu
Meftredc Campo General o que fendo éncendido
,
efta

vinda do Duque èc a muica,


authondade, & poder, que trazia

fugiraõ muitos de Fia rides, & e !e no anno de 1 J67 começou


a Fortaleza de Anuers que fe acabou dentro em hum anuo
com gafto de quinhentos mil cruzados que a cidade pagou
por efperar ficar liure de tres mil ícldados,que tinha de guat
ííiçaõ, fez o Duque com grande rigor as cou-
dc Alua correr
fas de ju(tiça & fez citar
J
publícamente ao Principe de Oran-
ge ÔC a Ludouico feu írmaõ,& ao Conde de Horne,& outros,
os quaes naõ parececaõ cfcufandoffecom diuerfas razoes, o

de Orange,& o de Home publiçauaõ hum mamfcfto cm que


da cbmenciado Capitão. 86
affirmauaõ,fe lhe naõ guardauaõ os priuilegiosjtquc tinhao có
mo Cauallciros que eraõ do Tufaõ , por mcyo do Impera-
dor^ de outros Príncipes de Alemanha fe bufcaua algum
modo de concerto entre ei Rey^ os referidos ,
mas auendo
fua Mageftadedado ordem para que de ne-
a feus fubditos

nhum modo trataíTcm de rocycSjentrt tanto expirou o termo


da cicaçaõ fem que apareceflem, & ode Alaa os fez declarai*
pot Rebeldes & condenara morte confilcando todos feus
,

fundamentos os Paços
bens,&: de pois fez derrubar de feus
do Coimbergo,no qual os conjurados dc Bruííellas fe auiaõ
ajuntado muitas Vi zes & os Príncipes dites queauiaõ íncer-
}

pofto fua authoridade para concertar as coufas do dtOrãge,


& de outros Rebeldes ficaraó defeontences de que elRey fi-
,

zelTe tampouco caio de fuas ínterccfíbés,& cftauaõ defconcert


tes de q o Duque de Alua em tam brcue têpo fizeííe morrec
ma s de mil &fetccemos homens como qual rerror fugirão
mais de trinca mil,& fbraõ caftigadoses pregadores Hereges.
& por efte refpeico fe diíTe que eftauaõ mouidosa ajudar os
Rebeldes de f landes & de fauoiecerem ,
fyaugmemarem a
heregiaia’uorotados defta force muitos Príncipes de Alema-
nha, fizeraõ os rebeldes Olandefes por feus meycs,& dos con-
federados publicar díuerfas coufas em odio dos Hefpanhocs,
clumandolhe inimigos natmaes. Dcfias coufas adquirio o de
Alua cõ osFlamengos antes odio.q louuoqôí pella eftacua que
dc«fy mefmo fe £ z lcuar car,& por dentro do Caftello de An
uers o anno de 1^71 Do fobredito tiuerao principio as guec
ras de FUndes,& os primeiros amotinados que ouue naquel- t

)es Eftados foião qujtro Companhias do Terço do Coronel


Lodrori, que eraõ Alemães em Valêncieenes erade 1570 que
fendo pagos, do que fe lhe deuia foraõ caíbgados os autores
cia alteiaç iõ.

8 For ííTo hc bem vfar de clemência com cs rendidos


p que tenhão c fFcndido ao príncipe tomando exemplo
do que nuífo 5 enhor nos enfina por Sam Lucas, que tanto
quo
Abecedario militar
que Sam Ioaõ Bapcifta Precurfor do Senhor fahio do Ermo
a pcêgar a primeira coufa, que denunciou Sr prègou aos ho-,

mõs foy qucauia,&:haperdaõ de peccados^ como diz o Se-


nhor qusderramaaa feufanguo para remedio de peccados:
por canco como iiz Saõ Lucas Saõ Ioaõ Bapnfta veyo a
prégàc vozfuaui sima de perdaõ de peccados: Efta parece, que
cra aquella voz, da qual diz São Ioaõ no Apocalypfe que
ouuío húa voz que era como de excellênces cangedores, que
,

eftauaõ cangendo em Tuas violas. Com efta voz eonfolou o


Senhor na Cea a coruaçáo^ctitleza defeus Difcipulos quã-
do confagrando o vinho, & feu preciofo fangue diíTe Efte ha :

o meu fangue do nouo Teftamenco, que fcrá derramado por


muitos para remí ífaõ de peccados: Efta mefmalhe encomen-
dou por Sam Lucas que piégaflem em codo o mundo dizen-
do pregai em roeu nome penitencia j
& remiíTaõ de peccados
açodas asgences começando de Hyerufaíem.-Por iíTo bradou
Pedro ('como fe conca nos a&os dos Apoftoios) dizendo em
hum Sermão todos os Profetas dão ceftemunho de lefu Chri- %
fto,que por feu nome haõ de alcançar remiíTaõ de peccados
todosos que nclle crerem de maneira que noílb Senhor nos
enílnou a perdoar, & afsi o deue de fazer o Príncipe & o Ca- ,

pitão General em feu nome a codos os rendidos por força,ou


por vontade , 6c quando não tiueramos exemplo tam certOj
em que não pode auer falca nos poderá bailado que temos de
lulio Cefar por fercam generofo & magnanimo,& ram ama-
do de feu Exercito q achandoíle em peílba vcnceo ítncoétaôÉ
duas batalhas & reconcrosgrandes, & difíiculcofos coro mor-
te de hum milhaõ,6c Gem mil peíioasem ouco annos,que foy
Emperador B.rnardino Corio Milanes Orador & Chtoni-
,

fta famofo & he denotar que com fua geme foy contra os
;

Suíços paífando o rio Rín dó Alemanha a vingar a injuria


datreiçaõ feita poreilesá RepublicaRoroanaem matar aCaf
lio Conful Romano, &: coda fua gente porem lulio Cefar
lhe deu a batalha^ de duzentos & nouenta mil ,
que eiaõ os
ini-
da ckmencia do Captiao 87
inimigos, degolou cento & trinta mil, & pcdindclhepazeílha*
outorgou tomando refens, & verdadeiramente era feguido,
Sc fetuido de boa vontade he coufa muito para notar que
:
,

OiHufipetcs, Tt defccs paífarão o Rjn quatrocentos, & ttín-


ta mil homens delles a habitar cm França, Borgonha ÒC ,

Flandes Sc occupar tudo 0 que podcíTcm


,
Iulio Cefar che- *,

gandolhe tfta noua lhe fahio ao encontro, Sc os rompe©,


&deftruhio, & cs mais, des que f caraõ viuos fe contenta-
rão deoferuir pella noticia, qtie delle tinhaõ , Sc afsicom
a gente , que dc boa vontade o feguia conquiftcu todas
as Prouincias de Suiçc^Flamengos, Sc Francefes, Sc paífbu
a Ir»gluccrra & a fugeitou tendo boa fortuna no mar ao
,

palTir aquellas térras Sc defpoisforaõ icbellados os Inglefes


contra elle ,& os tornou de nouo a conquiílar , & deixan-
doos quietos, & vencidos paffou aBefpanha,& lançou dei-
la a feu contendor PGmpeo,& fenhereou tudo o que elle pof-
fuhia de forte que efic valerofo Capitao cam digno defer lou-
uado na miíícia,& de o terpor efpelho cadahum,q o fegue fe
lhe atríbue graõ parte de fuas vi&orias por fua bondade , SC
clemencia, Sc magninimidatfe & que ifto o fazia vi&o-
,

riofo ,
& aísi triumphou dc Afia, África, Sc Europa. Sc
outros muito valeroíos guerreiros, & conquifiadores poi fe-
rem amados dos feus , Sc tcllos gratos haõ /ido viótoriofcs,
,

de grande fama, & pello contrario haõ peidído os mal a-


Si
condicíonados, que feus exercicos naõ rra2iaõ comentes , cc-’
rno fuccedeo a Actila Rcy dos Hunos foberbo & duro ho- ,

mem inimigo dos ChnftaõSi que dando a batalha a Theodo-


licoR y dos Borgonhõcs nos campos Cathálanos com ter
,

maior pujança de gente.que o Borgenhaó fe vencido com


perda de ceoto.&oucenta mil homcs,pefto que tíkReyThco
dorico ficou morto nella, de outros muitos fe podera dizer,
q
deixo por me naõ alargar,
8 E üem do benefícío.q o Exercito recebe fc ganha illu-
ftre leputaçaõ de clemcncia porque o tratar bem aos ifdidos
;

ferà
"•5P WHI aék

Abecedario militar •
ferà baílaíitQ caafa para rendermos que ainda fe defenderem,
como iuccedeo a Flamimo^a quem fe rendeo muita parte de
Greeu por faa clemencu,& piedade, como diz Pecrarcha no
críumpho da fama, & Vafconcellos foi í^S.
He verdade, que o Duquede Alua fez grandezas em Flan-
des, &c mais fizera fe no fea tempo a Raynha de Inglaterra
não fizera preza em alguns nauios , em que fua Magdhde
mandaua quacrocentos mil cruzados ao de Alua para incor-
ro dos foldados que com tormenta foraõ dar a íeus portos
,

no anno de 5 8 6 o Duque de Carpínhano fol,2i.


i .

$ E nefte meímo anno mandou o Duque de


Alua cortar
as cabeças a vinte & hum dos Olandefes Rebeldes que eraõ ,

os príncipaes delles,Carpinhano foi. 19. Eera tam reâo que


fendolhe offerecido hum prefente de cento & vime mil cru-
zados,porque difsimulaííe,&: naõ mandafTc cobrar a noua fín
ta,que fe tinha lançado nas fazendas o naõ aceitou que foy ,

caufa de grande aluoroto nosanimos dos Flamengos^ dahi


por diante fe entregaraõ muitas praças aos Olandefes que
fe
,

ouro,
íizeraõ muito poderofos com mais de hum miihaõ de
que a*
que tomarão em vinte & tres rfauios 4 c mercadorias ,

poetarão nas terras que fe tínhaõ rebdlado fem o faberem


,

anno de 15^2. Carpínhano foi. 50.


10 E he canto ífto afsi,q diz Iuftíno,cj pode mais contra
os Partos a fama de Aiag-iH^que a força de outro algumCa
picaõ,que os naõ pode fugeiur com as armas, & elle os fugei*
tou com a opiniaõ, que dei le le tinha j & fendo
©s Thebanos

desbaratados dos foldados mandarão a Epaminundas porGc


neral.cuja fama fem combarer rendeo os inimig s,
11 E naõ somente fe ha de vfar de clemencia com os ren }

didos,mas em efpecial com as mo';here$,como fizeraõ muitos


Generaes &: Capitães & Dom Pedro de Feria na expugnaçaõ
;

de Dura que as recolheo todas na Igreja daqudle lugar, &


as
v

concra o bando dó Emperador que queria


defendeo todas ,

que todas fe paíTaíT.m â efpada por defgofto ,


qnc tinha da*

mm
da chmencia do Capttao. Sg
quelle lugar, & de feu Príncipe, que lhe era rebelde ,
& âs de
Sam Quintim quando elRey Felippe o ganhou fez a mefma
defenfaó o Duque de Sefla Dom Gonçalo Fernandez dc Cor
doua, que entrando pella bataria prendeo o Almirante de
França, que eftaua defendendo aquella praça & o Duque ;

deu ordem que às molberes fe naõ fizefle effenfa algúa-


ti E nefte particular remos exemplos rariísimos, porque
Scipiaõ Africano na tomada, &encrada que fez a força de ar-
)

mas naCidade de Çarthagena em Hefpanha entre os defpo-


jos, dc catiucs outros foy preza húa dcnzella Hefpanhola ef-
tranhamencc fermofa de pouea idade, & trazida a Scípiaõ o ,

quala mandou guardar com toda a honcftidade & cortezia ,

pofsmel,& defpois fendo informado que era pefíba de nobre


linhagem afez entregar aféuspays, &aLuceyofeu eípofo
Príncipe dc alguns pouos daCeltiberia & para feu dote, & ca-
íamento lhe deu com ella.o que feus pays,& parentes lhe pro
metiaõ,&dauaõ por feu refgate acrecentando a ifto muitas
honras, que lhe fez citando prefente a fnas bodas.
Semelhante ou com mais virtude o fez o Condeflable D5
Nuno Aluarez Pereira em tempodas guenasemre Portugal*
& Caftella^ue entrando húa vez por cila gétes defeu arrayai
com feu Capitão chegarão a bua aldea onde prenderão hús
noiuos.que fe hiaõ a receber â Igreja, dc aprefentãdoos com
!

g ande contentamento ao pio Conde elle fe anojou muito, Sc


moftrou pelJo fucceífo entranhauel fentimenro reprehenden-
|
do afpe lamente ao Capitão, que tal confemira que el)e , & os
feus fizefLm & fabendo pefToalmentc dos ncíuoSjque lhe não
f ra f ita d shonra,fi£ afronta algúa , nem defeomedimento,
& defcoitezia contra fua honeftídade,& limpeza fe alegrou,
dc eftimcu tanto a repefta como a melhor vi£toiia,das queal
cançou em fua vida & naõ fó lhe
deu liberdade com cs mais
prifioneiros,mas xcedendo os termos de humanidade,& cle-
mcncia os acompanhou para tnò* fegurança & mais honra
,

tc a aldea dizendo â noiua^ que a queiia mais honrar do


; que
a hon-
Abecedario militar
ahonraraõos queaprenderaõ, Sc afsiftio emfeu recebímeto
fazendolhe muícafeíU, cantando nellaosdc fua Capei Ia SC j

aos noiuos deu algüas peças de fua camara, eom que Hcaraõ
joiuy ledos, Sc concernes louuando a alca Sc heroica virtude
,

Romanos Sc Porcuguefes,) do pio Sc


(acontecida fó entre ,
,

Chnftianifsimo Conde Dom Nuno Aluarez Pereira, pcllo q


com mais razaõ, que Scipiaõ ,
era dc Teus proprios inimigos
amado,efl:imado,8C querido- ô£ afsi Deos lhe fazia tantas , SC
cam auancajadas merces,nas milagrofasvi&orias, que alcãçou
dos CafteHianoSjde quehe autor Fernaõ Lopes naChroníca
delRcy Domloaõol. pare. i. cap.199.
15 O mefmo fuccedeo a Alexandre Magno na batalha,
que ouue com eIRey Dario de Períia , em que o venceo ôc ,

desbaratou, foraõ prefas, 8c vieraõa poderde Alexandrefentra


o defpojo) a molhc^Sc hüa irmã de Dario ambas cm extrema
fermofas,as quacs pello perigo, que podiaõ correr com os Tol-
dados, qué leuados da viftona lhes euftaría pouco chegara
força declarada concra fua honcftidade Alexandre tomou
particularmente á fuá conca encomendando a guarda de fuas
peíToas^ quem foubeíle honralas.Sc guardar fu a honra fielmé
te como era rezaõ fem elle fc demouer a mao péfamento cÕ
algüa delias, antes as fazia feruír,& acatar com muita decencia
co.no quem eraõ,8c naõ fegundo o prefente eftado cm que fe
víaõ por onde delRey Dario feu inimigo foy muy louuado
cuidun Jo de antes de Alexandre que como vencedor vfaria
liuremente do feminil defpojo.como lhepareceíTe,Plucarcho
na vida de Alexandre.
Naõ menos o fez o Gouernador da índia Lopo Yaz de S;
Pay õ em Porca lugar forte 8c ínexpugnauel doze legoas dc
,

Cochim quãdo o entrou por força de armas: entre muitas ri-


quezas oucras^ue no faco fe acharão foraõ prefas dentro nos

paços a molher>5c hüa irmã do Arei Capitaó,& fenhor do lu-


gar, que neífce tempo cra foradelle, asquaes fendo defpojadas
que íbbre fy
dos foidados de muitas, Sc ricas
'
joyas ,
- roupas,
Sc
- tinhaõ
da clemência do Qaptiao
pello
%
dnhao veftidas & vindo ifto à notíck do Gjucrnâdor
:

proxi.no perigo, quevío em fua honcftidade como Catholi-


experieocia cs
co & prudente Capitaõ , que conhecia por
.

excc íTos de foidados ví&oriofos d^fembarcou (


o que iè çnuo
com toda a preí!a,&:acodindo â ne*
naõ tinha feíco,em terra
fenhoras as liurou da liberda-
cefsidade, & afronta daquelUs
de foldadefca, & comandoas a feu caqgo as encomendou ,
&
entregou a peíToa dc confiança & dc quem íe podia
çfperar
,

muita honra,&: acatamento, & as fazia refpcitar &: feruir hon- (

radamente como coufa proptía fcmelhance a Alexandre , 8C


mereceo poc efta virtude o Gouernador que o Arei feu inimi-
go juncamencecom o refgate de fua molher,& irmã lhe man-
daíTe os agradecimentos de canta eortezia
com ofrerecimento
de fua peiloa ficando com os noííosem boa paz & amizade
refere Frey Antonio deSaõ Romaõ tuftoriada índia lmr.3,,
pare í. cap-8,
14 E o mefmo exemplo temos cmMarceiio Romano, o
qual auendo de expugnac a nobre Cidade dc Caragoça cm
Sicília confidcrando em que miferia fe auía de ver por pieda-
de delia chorou amargamente como dizem alguns Efcripco»
res, que antes que ella derramaííe feu fangue derramou cllc
t

fuas lagrimas, & mandou por públicos bandos que nenhua


molher folie deshõrada & que nenhumCaragoçano fofle ca»
rnado catiuo,mas queafazenda, ÔT eferauos ficaíTe por prefa
aos foidadosj & fe efte bom Capitaõ Romano que foy Gen-
j

j
tio fez tam dignas prouifoés & louuaueis bandos que fará
, ,

hum Capicaõüel & bom Chriftaò , o qual defdo fagrada


,

Baptifmo he foldado de noíío Senhor Iefu Chríílo , & por


efta razaõ o Capitaõ Chriftaõ dcue coníí Jerar que afsi como
vence, & fobrepuja pella Fe,& Religião, a Marcello 6c a todos
os Gentios ôrPagaõs Romanos , & Gregos, & Barbarc^
,

afsi o deue vencer na piedade & mifericordia , clc u


,
&
I
meneia proueja ,
& remedee que a caftidadc ,
& hon-
ra das roolheres fé falue f
& fegurc em particular do

M Freiras
Jhecedario militar
Freiras efpofas de noflb Senhor Iefu Chrlílo & das molhe* ,

res nobres, às quaesfazem profilTaõ de honeftidade, porque


a molher, que perde fua honra he irreparauei & naõ na ò • , j

de cornar a cobrar,& naõ té mais, que perder,& prcucja tam


bem que as Igrejas, & Moíleiros & outros lugares pios , & ,

confagrados & dedicados ao feruiço deDeos naó fejaõ faquea


(

dos né roubados, ném fe lhe faça violência algüa, de que re-


,

inos exemplo em hum decreto do ‘San do Pontífice Eftefano


Primeiro, em qne manda que ninguém coque a coufas fagra-
das fe naõ for Sacerdote porque lhe naõ aconteça o que a ,

cl Rey Bale hazar filho de Nabachodonozor que por tocat

os vaíos doTemplo,& vfar dcllespara coufas profanas veyo


do Ceo vingança fobre elle, de que fe pôde ver o acatamen-
to, que fe ha de ter às coufas fagradas, Pontifical lib.i capitul.
1 . E Sixro Primeiro, ordenou o mefmo que nenhum Leigo
tocaílecom as maõs aos Calices,nem coufas fagradas, Ponti-
fical lib i Gode Herege Arnano
cap.io. foi. 17. E Alarico
quando faqueou Roma anno de 412, vfando comosRoma-
nos gran des crueldades mandou que nenhum d©s feus foíle
oufado injuriar algum inimigo que fc acolhefíe ao Templo ,

dos Chriftãos, & príncipalmente ao do Apoftolo Saõ Pedro,


pontineal lib.2 cap 9. foi 4 6. E quando efte , que era He*
rege ceue efte refpeito aos fagrade s Templos com quanta
,

miais razão0 dtue rer o pio Capítaõ Catholico & que os ,

Sacerdotes , & outros Religiofos ferues de Deos naõ fe-


jaõ apertados nem maltratados des foldados velhacos,
.

que naõ tem mifericordia nem piedade algüa lembrandofie ,

de Pompco Magno que defpoís que Lqueou o fagrado


,

Templo da Cidade de Hieruíalem nunca mais pode alcan-


çar vitoria algúa & no fim de fua vida morreo mifeiaucl-
,

mente ,
& osfoldados, que fe acharão a faquear,& fazer vio-
lências s & fac gios & outras abominações nefandas â
il
,

ínfdice ,
& defauencurada Roma no anno de mil & quí-
nhencos& vinte &fccea maior parte dellcs mt rreraõ pobres,
&
da clemencia do Càptiao $o
Sc quafi todos de morte violen-
SC miferaueis mendicantes ,
ta de ferro, fogo, ÒCagoa & fe alguns dclles raorreraô dc
.

fua morte natural com algüa fazenda mal ganhada Deos


fabe aonde citaram aquellas infelices & miferaueis almas
,

portas.
E naõ exemplo de Marco Crafto, nem o de Pom-
bafta o
o pu-
peo Magno, que ora acabo de referir que roubarão,

Hyetufalem mas temos mais a-


ro, ec prata do Templo de
percados exemplos dc Rcys mais modernos bem conheci-

dos afst pelU grandeza do eartigo como por


,
naúauer fido a
caufadefy mais que os facrilegios comecidos nab em
rou-

bar como CraíTo & Pompeo


,
mas em pedir & hacier peL ,

los termos, que lhe parecerão ordinários o ouro, & prata

das Igrejas corão fe vio pellospeccados de el Rey


Balchazac
denunciados aos Afsinos por aquella maõ que lhe efcreoco ,

na parede a fencença , a bom tempo leuantou a maõ el Rey


Dom Manod para que Deos a leuancaíTe também de feme -
lhances cartigos, o quetambem fez el Rey Dom Fernando
o Sanfcto que auendo dias eftaua fobre Seuilha lhe aconife-
,

lharaõfe remeduíTede grandifsimas falcas que tinha de di-


,

nheiro, & baftimentcs com os thezoures das Igrejas , a


q,jc o fan&o Rey refpondeo que mais queria hum Pater
no-
fter delias que todo o feu ouro, 6c prata o qual zcllo
,
lhe pa-
gou Dcostam breue que ao outro dia fem o imaginar lhê
!

deu a Cidade em feu poder, Barbofafbl.an.


6, Naô quiz o Serenifsimo Rey Oauid dar licença a
hun foliado feu para que mataíTa a Saul feu fogro como (
^
i parece do primeiro liuro dos Rey s ) podendoo tazerfacil-
meme, 6c tenddho ellc muy bem merecido por ter fahido
com exercito formado a buicalo ,
6c fé o podeíle auer matalo
dandolhe Deos nas maõs dormindo em fua tenda 6c dor-' ,

mindo todos os que o podnó defender 6c a razaõque pa- ,

ta ifto deu Dauid foy que era ungido do Senhor no que fo .

z M vè
Àbecedario militar
vè o relpeito , que fe ha de tet aos Rchgiofcs & âs couGí
fagradas.

CAPIÍVLO XI.

OCàpitãofaidoraçaõ a Deos para que lhe


eiè bom fuccejfb emfuas emprejas

como fizgraõ Oi que fe

Gmo fez Iudas Machabeo


C paíticularmente dado ao cuko diuino que antes de
entrar em batalha & de cometer feus inimigos
, fazia
oraçaõ a Deos pedíndolhc fauor, & ajuda no prefente tram
Capitaó Ifraelita, foy tam

cc a qual acabada f guro 9 & confiado daua fobre o campo


s

contrario, & o rompia, vencia & desbarataua como quem


,

da maõdiuina era ajudado & naõ fe achara baralha que


; ,

perdefFe vfando de antes da oraçac^nem algua, que ganhaífe


íèmella.
Afsi o Condeílable Dom ]SJ uno Aluarcz
fazia o íânflo
Pereira fundamento, &
tronco, & origem da nobiljfsíma,
& Real Cafa de Bragança que em tudo foy outro Iudas
,

Machabeo, porque nunca jamais entrou em batalha, nem


lompeo com feus inimigos que primeír© naõ franquçafíe
© Ceo com oraçaõ para o fazei* com mais aliuio
, & ,

ccnfclaçaõ fu a trazia em feu campo hum dcuoto Cmci-


£xo na bandeira & por iníjgnia & dtuífa húa Ima-
, ,

gem da Vjrgem Ncíla Senhora pintada & ante ellc pon ,

do os gioihcs em tena 9 & asiracsk uantadas publicamente :

fazia
como o Capitão farã oraÇao a T)eos. 9
naó fotaõ poucas lhe
fazia oraçaó U quando as preflas.que

naõ dauaõ lugar vfando dos mefmos termos cora os olhos


penfamentoem Deos alcançaua fentença por
no Ceo, &
fua oraçaõ ledo Sc fem receo cerco da vito-
fy Sc feica ,

ria pelcjaaa com cal esforço ôi buo que claramence fe co-


,

fobrenacuraes fazia õ ás
nhecia a vantagem , que as armas
maraiulhofas vi&oiías que com
humanas nas grandes Sc ,
,

rauico poucos fempre alcançara dos


muitos Caílelhanos fein
fua Chroni-
perder alçüa SC ganhando codas, confta da
,

ca ancíga moderna, de Francifco Rodrigues Lobo & de


, & ,

na
Fernaõ Lopez naChronica delRey D. Ioaó o Primeiio
primei ra,&: fegunda patee.
Semelhance foy ltidas Maehabeo.que defpoís de vencer a
Lyfias Capicaõ dei Rey Anchioco fe fahio acompanhado
dos feus ao alco do monceSyon, onde achando os
altares,

SC lugates fan&os contaminados, Sc


dammficados por feus

í
imígos íe lhe trocou em dobrada paixaõ ,
femimenco ,
SC
'

lagrimas o prazer da gloria que da pafTada


,
viftona al-

cançara doCapicaõ Lyfias, Sc acodmdo logo com pio a-


mmo pella honra de Deos começou peíToalmence com os
feus qué aly íe acharaõ a alimpar, Sc lançar fora a imnuin-
,

dicia,& pouca limpeza dos lugares faunos, có que erao pro-


fanados com tanta deuaçaõ t Sc piedade como lagrimas dc
feus olhos,
í. Afsi o fez o fan&o Condeftable Dom Nuno Aluarei
Pereira cm outra femelhance occafiaõ qual defpoís de ter
vencido, SC desbaratado os príncipaes Capitães dcCaftcl-
knamemoraucl batalha, que chamaõ dos Acoleiros por
aucr ali muitos mcyalegoa de Fronteira Yillade Alente-

;
jo ,
que foy hüa das maiores que fe deraõ ern Hefpanha
,

por dar graças a Deos da merce , que lhe auia feito,


& por fua pameular deuaçaõ fe foy hum dia de Endoen-
ças acompanhado dos feus a pé , Sc defcalço cm Romaria
a Igreja dc Noík Senhora do Acumar húa legoa da Villa
I

M )
te
Aheceàario militar
dc Monforte,& entrando nella a vio tam defcompofta
)& çu-
ja,& chca de efterco dos caua!los,& ginetes, que os
Caftclha-
nos nelía metiaõ quando por ah paíTauaõ que
compadeci-
do,ôc efeandalízado o Cacholico,
& pio Conde,efquecido da
vi&oria paífada com o prefente obje&o fe lhe
arrácaua a al-
ma,de que era boa teftemunha a corrente de lagrimas
dos
feus olhos, & como o Machabeo acodindo
pella honra da
Rehgiaõ a fez alimpar fendo elle o primeiro,que ccm
fingti
lar detiaçaõ;& humildade a começou a
varrer & lançar fora
,

a immundicia com notauel exemplo & deuaçaõ


, de todes,
que em tam fan&a obra cadahum procuraria auanta^arfe

qtie detodo a Igreja foy limpa, & varrida,
Fernaõ LopesC hro
nica delRey Dotrfloaõ o 1 part.i.cap cjj,
Do fando Rey Ezechias conta a Sagrada Efcriptura no fe
gundoliurodo Paraíipomenon que entre outras
coufas, que
tez em
q agradou muito aDeosfoy húa mandar alimpar, ÔC
purificar o Templo de Hierufalem
achando© quando come
çou a Reynar cheo deefterco,^ outras ím mu
ndicias,
z O
mefrno Condeftable,& Duarte Pacheco Pereira S£
,
o esforçado Capitaõ Ionathas irmaõ de ludas
Machabeo apre
fentando batalha aos Capitães de Demerrio feu mortal ini-
migo, quedem certa embofeada procurarão desbaratallo
ÔC
,

P endeilo foi defemparado dos feus, que afTornbrados de po«


der e.fcapar da gtande multidão de inimigos
deraõ a fugir,
vendoíTe o nobre Capitao deixado dos íeus no
mcyo dcfto
trabalho & perigofo trance com pouca efperança de liberda-
5

de focorreoflc âs armas diuínas;fremedío vitimo de fuafalua-


çaõ) fazendo a vífta de todos oraçap a Dtos
pedindo o aju-
daíTe contra feus imigos,& o fez com tanto
afFi&o de efpiri-
tu que
cometendo os contrários acompanhado yi dos feus,^
de enuergonhados fizeraõ volra os desbaratou
&r venceo có
,
tanta perda delles, quanta a honra & louuor
, que naquelle
,

d;a Cra de coda a efperança,& remedio


v
humano^mediante a
oiaçaõ do Capitaõ fan&o ganharão os Ifraelitas
1 Mach.it.

Svme-
como o Capitão fara oraÇao a Deos. 91
Semelhante aconceceo ao mefmo Conde Dom Nuno^i-
uarez Pereira na famofa.Se celebre batalha de Vai Verde em
Caftella duas legoas de Merída,onde fendo oppnmido, & af-
frontado do poderoíifsmio exercicoCaftelhano vendo quaó
pouco moncauaõ armas humanas quando o fauor diui-
no falta valcofledasdo Ceo,quc naquelle paflo lhe faziaõ no
lanei mingoa, & faindoíTe da bacattia fe meteo entre dous pe-
nedos, onde pofto de gtolhos com as mãos & olhos no Ceo
,

fez oraçaõ a Deos o ajudafíe naquclla afronta , & pode tanto


cora fudS mudas vozes, que (femelhante a Ionachas)começou
a ferir, &: matar nos Caftelhanos em forma que em poucas
horas os fez dcfpejar o campo SC os desba ratou, & venceo ( q
,

o mais cerco) com profpero & felicc fucccíTo


ífto nclle era ,

ganhando as bandeiras de Caftella com morte de grandes, Sc


slluftresCapícães.que muito illuftrarão aquelle dia Com feii
fangue as armas Porcuguefas auezadas, & criadas em bcbello
defeus inimigos, Chronica anriga do Conde & Lobo no feu
Condeftable canto 16. FernaoLopez Chromca dei Rey Dõ
i
loaõ 0 Primeiro part,2.cap, 57.6c o Poetá Príncipe Luíiadas
cant.8. e&aua 30.

3 Pois na índia na5 faltou hum


Duarte Pacheco Pereira
tam celebre por feus feitos que porPortuguês, & guaidac
fec

lealdade a feu Rsy feefeufou da dignidade Real: Efte famofo


! tanto como mal galardoado Capicaõ nes combates que o ,

Cámorim Emperador do Malauar com outres Rcys feusa-


! liados, lhe deu em hum paflo chamado Cambalaõ Ilha pe-
quenajunto a Cochim em defenfaõ do Rey da terra noíTo
fiel amigo fe vío tam apertado, & afligido com pouca efpe*

rança de fua vida,& liberdade, & de nouenta Porcugucíes que


com clle pelejauaõ contra cantos, & tam poderofos inimigos
quevendoífe falto das forças humanas^o meyo do confli-
áo,U f uría do combate à vifta de rodos (como fez IonathaS^
fe posde gíolhos no nauio ,em que pelejaua & fez oraçaõ a
,

Deos porem em vores altas fegundo o eftado,em que fe vio,


M4 Sc
Abecedarir militar
& ella acabada confiado, & feguro no faucr diuíno esforçan-
do os fcus mandou difparar a artclharia , o focorrcotam
marauilhoíamente que bem fe conheceo pelejar Deos por
,

quem por elle pelejaua^ alcançou do Emperador,& mais


Reys infiéis hua milagrofa vi&otia, & de muita imporrancia
pello muito em que fe auenturaoa oeftado doRey de Co-
chim, & o norae,& credito Português, Dom Ieronimo Ofo.
no lib.j Fernão Lopez hiftoria da Índia lib.i.
O mcfmo aconteceo a elRey Pompílio fegundo Rey dos
Romanos entrando húa vez os inimigos por fua terra forão
a toda a preífa os feus a auifalo dízendolhe que a fofle de-
fender ances que creceífe mais o damno porem o Relígío-
,
fo Pompílio virando branda, & manfamente orofto ref-
pondeo a quem lhe que eftaua facrificando 6c
iílo dizia ,
,
com efta repofta lhe deu de maõ, & defuiou que o naõ defo-
cupaíítm de feu exercicio dandolhe a entender bom e*
(
xempio de Gentio) que mais fe refreaua a furía dos inimi»
gos com o íauor & ajuda de Deos, que com poderofos exér-
,

citos & afi foy que acabado o facrificio ajuntou fua geme,
,

com que desbaratou logo ftus inimigos alcançando cklles


hüacam gtande & marauilhofa vitoria, Plutarcho na vida
}

de Pompílio. ,

4 O proprío aconteceo ao mefmo Conde Dom Nuno


Aluarez Pereira na fobredica batalha de Vai Verde onde
,

cftando cm oraçaô encre deus penedos chegaraõ a elle ©s


feus com demaíiada preífa dizendelhe o apetto,& mortal pe-
jigo^m que eílaua o feu campo & o damno que do Cafte-,
,

Ihano recebia que o fofle atalhar com fua pcífoa porque


,
todos o achauaô ja menos da batalha, comquehiaõ aflo-
xando a feria de feus braços* o Conde virando fuaue,& bran
damente o roflo, qual outro Rey Pompdio refpondeoaos
,
menffageirrs, que ainda naõ era tempo que o deixaflem o-
íar, dandolhts de maõ pello naõ diuertirem
de afio tam
pio^ impoi cante afeu intento como quem moftraua que
j 7'“ "
7 as
como o CapitãofaA oraçao a T)eos . pj
as mudas vozes de fua otaçaõ etaõ as armas com
,
queauia.
de rebater as de Teus inimigos, & alcançar delles vifloría. E
afsí foy porque ac abada fua oraçaõ meteo maõ a efpada 8^ ,

ferindo os Caftelhanos cs enxotou db tampo com igual proí


peridade a confiança cm Deos ficando abfoluto fenhor dcl-
le,& coro mór honra.q c em a de A fubarrota por fé ajunta*
rem aqui o refto das foiças Caftelbanas & fer eftimado cm
,

muito mais gente» & dentro em fuas preprias terras >


& ví*
alcançada por fua peffoa, FernaõLopez naChronica
éfccria

dei Rey Dom Ieaõ o Primeiro pane 2. captul. 37. & outros
Aurores, & nas Chronícas de Caflella, que defta batalhas fe
naõ moftraò pouco fentidas.

C A P I T V L O XL

Ordenai a o Capitaõ que no Exexcito nao aja


melheres folteiras , auendoas fe &
\aS commuas,

O Rdenara 0 Capitaõ/ que no Exercito naõ aja mo-


Iher folteira’algüa & auendoa fe lançará delle,&:fe
)

parecer rigurofa efta ley coníideiando a fraqueza hn


mana, que fendo fraca parareíiftir a feus apetites toma forças
para fazer maiores offenfas cõfentirfelheaõjmasfeiam publi-
cas (como nos Exércitos agora fecoftuma) & quem tjuer al-
gúa em particular ferà pella pnmeita vez apairado com
branda amoeftaçaõ, & pella fegunda perderá qualquer digd
nidade que nô Exercito tiuer,como foy Lucro Fliminio con-
denado por Catao a perder e dignidade Senatoria p 11 a pai-
xaõ com que amauaa húa molher matando fó pella com-
prazer antes do tempo a hum condenado à morte como
Cataõ lefe.e ca fua condemnaçaõ ? & fendo foldado.
Abecedario militar .

fera laneado do exereico a fom deatambor como


fiziaÇcrt 0 :
no aos comprehendidos nefte vício He : muico para fencic
eítarem. u cii Jeprauados os coftumesda
vida honcfta que pa-
rece ler neceflario naé fe fazerem
hum exercito de Cacholi-
COS O que fe faia no do$ Gentios,
porque naõ fó Sercono da-
tendeo o trato das molheres, mas outros
muitos Capitães & ,
afsi quando refülutamente
íemandarque naó aja cm hiira
Exercito molheres feri muito jufta Iey,&
muito vtil porque
alem de prohibir a nofla o íllicito trato delias naõ ha ccu
la mais contrariai difeiplina
militar porque ella heafpera,
\
feucra,& duraj& o trato das molheres
he íafciuo, delicado &:
brande, & afsi diz Tiro Liuio^ue com ,

a lafciuia, &ociofida-
de fe desfaz a difeiplina militar
, & afsi
como elle diz a caufa
principal da ruína deAntíocho
foi a lafciuia deixandoíTe ven
cer no meyo da guerra de húa filha
de Cleomor tdorno , &
poriílo o Emperador Aurehano entre as
ordens, que deu
leu exercito foy o preceito da continência
em
entendendo quan
Co importa aos foldadosguardallo,poj álem
s dos muitos ma-
les,que configo tras efte vicio faz os
homens ínconftantes,qua
he o principio da rebeliaõ,& crcíçaõ, &afsi Sy phaces por So
phonisba quebrou a palaura,que tinha dada aSúpiaõ
de o fa
uorecer na guerra de África ,3c pella mefma caufa
perdeo A-
nibal Taréto, porq fendo namorado
de húa Tarencina hum
dosGapítáes,qne Ãnibaltinha deixado para guarda
da terra
pella comprazer entregou Tarento a Fabío pello que fe
, de-
ue com muito cuidado dar todo o remedío pofsiuel
a vicio
cam eoncrano da militar difeiplina de que temos
, na diuina
Efcricura exemplos.
No liuro dos ímzcs conta a diuina Efericura que poreftar
DeosnofTo Senhor agafta do com os Philífteos por
ra?a5
que deixando de adoralo & rcucrencialo reuerenciauaõ
,
ÔC ,
adorauaõ pedras, & paos quíz caftigjlos fcparaifto finalou
,

hum Caualieiro iluftre de grande animo &esforço chamado


}
Saníaõ rçlo Capitaõ de feu pouo, & mandouopara
que com
fua
quem Exercito naõ aja molbetes. P4
fua pefToa moleftaífe, & caftigaflV aos Philifteos. Faziao afsí
Sanfaõ ,
tinha com elks diueifos encontros, contendas,&
fahiaõelles femprecom as maõs na cabeça, Succedeo qae
eftando afeiçoado Sanfaõ de húa falfa ,& enganofa femea cha~
mada Dalida por meyo feu veyo a fer prefo dos Philifleos,^
no cabo perdeo a vida entre elles.
Quando Scípiaó Africano chegou à cidade de Carthago
para lhe pòr cerco confíderou que para homens , que aüiao
de continuar a guerra, & exercício militar Jhesera muy preju-
dkíal o trato.&conueifaçaõde molheies publicas, queanda-
uaõ no Excrcito.peljo que as lançou todas delle,&r asnão cõ-
fentio mais fob graaes^penas impoftasao que o concraiio fi-
zeíTe,que fcy certo occafiaõ de esforçarem os foldados ,
fe &
comctcremcom renouadas forças àCidade,& fazerem louua^
das façanhas defprezando a morte por honra t Sc feruiço do Se
nado,&: de feu bom Capitaõ rè a ganharem, & Scipiaõ mere-
cer por i/To muito Iouuor.& deixar exemplo de fy a Capitacs
amigos de perpetuarem feu nome.
Semelhance^fez o Conde Dom Nuno Aluarez Pereira
dcfpois de vencer a batalha Real dc A Ijubarrcta eftando em
terra deBragança com defenhos de entiar(como entrou -poc
Caftella vendo que era indecente a homens^órmenteChri-
íláos.para oexereicio militar delicias.mimos,& conuerfaçaõ
|
de molheres deshoneílas,& proftitutas de que’ oarrayal hia
(

bem prouido) & que naosò os foltcircs,masainda oscafades


traziaó com tam pouco temor, & muito deíTeruiço dé Deos
as concubinas coníigo.pcr feruiço ,& honra de noíTo Senhor*
6c bem da Companhia entende© em mondar, como roimfe^
mentc,oanayal lançandoas fora codas com ngurofas penas;
Occafiaõ vcrdadeiramente de mudarem o eíhdo, & feu roim
modo de viuer Sc cobrarem nouos ânimos .& forças efporea
,

do cada qual de finguíarízarfe entre outros Sc naõ ter conca,

com a vida por alcançar fama (que fempre de heroicos feitos


dura em feiuiçc, Sí honra de fçu Rey, Sc defenfaõ da pama)
&o
Abecedario militar
& o Conde porefla louuada virtudcalcanSoa eom mais glo-
ria, que Scipiaõ ímmortal fama nefta vida, & coroa dc galar-
daõ na eterna, Lopezna Chronica delRey Dom loaõ o Pri-
meiro parce i. cap, 70.
E o mefmo exemplo fe pòde cornar de Francifco Sforeia
filho de Concindia, que ímacando aScipiaõ Africano, não
q
quiz chegar a hüa fermofa donzella. que foi prcfa porfcus
foldados no Caftello da Cafa noua com a cer recolhida em
fua tenda fcado neceííarío mais animo para refiílír a hum vi-
cio,quc para acometerem a hum Exercíco,& com femclhaa-
cc exemplo de fy mefmo pode eíle Capitaõ,& outros muitos,
que ouue no mundo reformar feus Exércitos] fem permitir q
os foldados^ gente de guerra fe defmandem em vícios pois
com ncnhüa outra couíà fe fazem cam afteminados & inúteis )

para as armas, como fe vio bem naexpugnaçaõ de Numan-


cia fendo vencidos cantos Confules,& Capitães fem poder fa-
zer algum pello exercito Romano eftar corrompido
cíFeito
com maos cortumes cê que veyo a goucrnar Scipiaõ Emilia-
BO,qué o reformou deftcrrando as molheres namoradas , SC
prouendo que os foldados lançaíTem de fy todo o genero de
regalos^ comedem cm pê, & quefc exercitaíTem muy de or-
dinário nas armas.o que toy de canta importância que fain-
do dahi a poucos dias de Nu maneia a pelejar com a oufadu,
Sc confiança coftu.nada furaõ forçados a retirarfe virando as
eo(bas,&: fendo reprehendidos de feu Capítaõ porque fugiaõ
dos Romanos que cantas vezes cínhaõ vencido lhe refpon-
deraô que os foldados eraõ os mefoios porem o Capicaõ era
,

outro de mais valor & de melhor gouerno


,
que os paflTa-
,

dos,
1 Porem 0 rígorda juftiça fe hade executar nospropríos
foldados do Exercito merecendo feus exceííbs, porque na
,

guerra naõ ha peccar duas vezes importa muito para o bom


;

gouerno, que o Capicaõ cemido,& amado como o foy A-


feja
mbal com fer hum caualleiio particular de Carchago fem
mais
que no Exercito ruo âja molheres . 95
mais fenhorio nem eftado rendo por inimigos declarados
,

os mais ptincipaes Senadores daquclla Republica & fer


o E- ,

xeicito que tinha a feu cargo de difterentes nações naõ Te


,

efereue que jamais entre leus foldados ouueíTe motim nem ,


,

defconcerto a'gum êm tantos annos como militou cm Hef-


panha, França, & ltalia porquê caftigaua com rigor os de-
,

lidos que cometia a fua gente de guerra, & cs premíaua


com muita liberalidade nas valentias que fazíaõ , & pagaua*
lhe feu foldo ordinario,& a feu tempo,

c A P í T V L O XII.

ff a Fê.

Ndo 0 Emperador Conftanjrrm> Magno em volta de Ro


ma contra oTyranno Maxencio chegaraõ a termo dc
I fe dac batalha, & como o Emperador eílmeííe o dia an-
do fucceffo delia por lhe o Ty ranno ter muita vá-
tes folicico

!
tagem lhe apareceo no àr huaCruz do modOj&r traça daquél
laque fe lhe moftrara o dia de antes, feita a Cruz,& dada aba
talha junto da ponte Miluia, duas milhas fóra da porta do Po
pulo em Roma foy Maxéciodesbararadoj Ôc morto , confia
de Sozomen lib. 1. capitul/3. Eufebío líb. $. capitul,^. Caf-
fiod. i • criphífl-. Socrat. hift.Ecclef. lib. i.cap.i. Niceph.lib./.
Cap. 2,9.

1. Semelhante milagre acontecco ao felici^imCj&fAn&o


Rey Dõ
AfFonfo Henriques primeiro Rey de Portugal, quo
eftãdo feu Exercito pequeno em numero, mas grãdç em esfoc
ço à vifta de finço Rc^s Mouros entre íy confederados, de q
Abecedario militar.
cra cabeça Ifmael, 04 Ifmar com infinitos milhares dehomés
em ham Ugir do Campo de Ounque cm Alentejo chamado
delpois peilo fauceilo Cabeças delRey junco â Viila deCa-
fteoVerde duasdoío do fu cceííb da batalha foy certificado
dwüa em fonhos, ôc defpois Jhe apareceo húa Cruz ( como a
outro Conftantinojlaluo que de vantagem eílaua neíla Iefti
Chrifto Crucificado como por^nòs padeceo certificandoo
pot fua d uina boca ffauor grandifsimo & que fe naõ acha
,

que aconteceífe a oucto Rcy,ou Emperador; que naõ sò ven-


ceria aquella batalha,mas em quantas pelejafíe contra os ini-
migos da Cruz como do tempo fe vio, & dan-
peilo diícutfo
doífe a batalha venceo o Príncipe os finco Reys Mouros cò
grande eftrago, mortandade, & perda delles em memória do
qual milagre deixou o ianõto Rey por armas a efte Reyno
de Porcugal as finco quinas ordenadas conforme adiuina vi-
faõ,que faõ finco efeuderes azueis em Cruz em campo dc pra
ca & em cada efcudcce finco dinheiros de prata em afpa, por-
t

que Chrifto foy vendido, & efte efeudo grande eftà hoje pc.
fto fobre cucro, que lhe ferue de orla com fete Caftelles dc
ouro cm vermelho, que faõ as próprias, & verdadeira^ arma s
do Reyno^jdo Algarue.que ajuntou, & vnio elRcy Dom Af-
fonfo Ilí. Conde de Bolonha,& por timbre a ferpe em figura
dc Chrifto ou (como quer Duarte Nunes do Leaõ na hgun-
da parte das Chronicas dos Reys de Portugal manufcnpcas
na vida delRey Dom Ioaõ o PnmeiroJ vfou delia o meímo
Rey Dom Ioaõ por memória da que matou Saõ IorgePacraõ
da Cauallaria da Garrotea de Inglaterra, de q‘eile eraCaual-
leir© & eftas faõ as armas mais conhecidas & refpeitadas na
,

redondeza da terra por verdadeiras,& triumphantes, que ou-


tras algúas: De todo efte cafo, 5t vífaõ hz elRcy hum juramé-
co e m Cortes,que fe fizeraõ em Coímbia a 1 9- de Outubro
do anno de 1151 dc treze annos defpois defte aparecimento^
batalha.o qual eftâ em o Mofteiro de Alcobaça.que o mefmo
Rey1 fndou ',u confta de Duaite Galuaõ na Chronica defte
“ ~
Rey
âos milagres q Deosfe ^ por Capitães. 96
Rey capitul. 15. & Duarte Nunes do Liaõ na mefma foljjJ
& outros.
i Afsi aconteceo a Iofue,& ao mcfmo Rey Dom AíFon-
fo Henriques. Iofl&Capiiaõ do pouo delíiael na batalha,
que teue com Araalechj que com hum podcrofo exercito de-
terminaua extirguir o pouo de Deos,& metello â efpadafem
perdoar à nenhum gehero dc coufaviua dado que a guerra
foííe juíla,^ fan&a naõ fe fiando Iofueem forças humanas
fem ajuda das diurnas, ordenou com o fanfto Moyfes que co
fuas orações por hüa parte ,
& clíc com as armas pella outra
deííem principio à peleja, de que elperaua fair vencedor &;

naõ foy menos que em quanto Iofuè pelejaua de hum alto


|
monte eftaua o fan&o Moyfes fazendo oraçaõ a Decs com ,

as maõs kuantadas, & os olhos no Ceo pedindo a© Senhor


!
fauoreceífe afeu Capitaó.que por feu amor eftaua íacnfican-
!
docom tanta vontade fua vida,& dtz a diuina Efciipcura que
í
mais fezMoyfesorando,que Iofuè pelejando de maneira quo
quando Moy fes cefifaua d^ fua oraçaõ,& abatia as maõs. efta-
ua vencedor feu inimigo Amalech, & como tornaua lenanta-
! las fe conhecia claramente pender ávi&oría à parte de Iofue
;

0 qual afst rompeo & desbaratou os inimigos valerofamente


s

|
com grande honra,& repucaçaõ de fua peftba Exod,i7.
Bem f. melhante & euidente milagre aconteceo ao fobredi-
|
to príncipe Dom Affonfo Henriques exemplo de bellieofos,
& fandtos Reys que no annode 1111. indo com maõ armada
contra Albucazan Rey de Badajoz, que entrando pelias ter
j

ras da Beira afiTolaua. & deftruhia quanto achaua


; o Príncipe
j
como Cacholico.&r pio naõ fe fiando em outras armas que
!
nas diuinas,leuou de caminho a hum Frey Aldeberto Reli-
1
giofo Fiances, Prior doMofteiro de Saõ Ioaõ deTarouca (que
naquellecomenos fe andaua edificando da Ordem de Saõ
)

Bcnto,ao qualpedio o Príncipe que em quanco pelejaua fizef


fe elle-oraçaõ a noíT> Senhor pedmdolhe efficaz mente lhe deí

fe viftoiia contra os Momos. Com efte concerto & confiãça

fe
Âbecedaric militar
fc ciMUOtthua ccmerofa batalha entre os exércitos por efpaço
de tempo fem auer melhoria de nenhüa cUs patees té que as
mudas vozes do fan&o Prior (diz a htftoria) que como outro
Moyícs meceraõ nas maós do Chriftianifsimo Príncipe a vi
ftoria, ôc os Mouros começarão a fugir, ôc os noílos a macac
nelles ganhando ricos dsfpojos, de que refulcon notauel glo-
na ao nome Português mais pella oraçaõ do fan&o Frey Al-
debetco.que pellasarmas do Principe como fe bem vio,& ve-
rificou no alcance , que elle com alguns cauallos ligeiros fez
aos Mouros,quc fugiaõ,onde o Príncipe Jeuou o peorparti-
do por falta da oraçaõ do Abbade como que lhequiz Deos
moftrar o meyo por onde lhe concedera a vi&oría,8c quere n
do o Rio Tauora achou pellos Mouros tomado o paf-
paíTat
fo do Rio ôc lembrando a Frey Aldeberto que em fua
ora-
â

çaõ punha aefperança davi&oria cometeo os inimigos c6 mui


co anicno.ôc esforço, Sc os rompeo, Sc desbaratou com morte
de muitos dellcs, ôc paíTou lmremente o Rio confeíTando pu*
blicamence que em fc o Prior pondo em oraçaõ fe declaraua
a vi&oria por fua pane ,
pello que deu ao Mofteiro de Sam

Ioaõ de Taroucaalgõas terras S: lhe fez outras muícas hõras,

merces, Frey Beinardo de Brito na Chconica de Ciftcr pri


melra parte lib.i. cap.4.
O mefrno Iofuè na batalha que ouue,
com os finco Rcys
Amorreos inimigos de Deos,Sc feus em fauor, Sc ajuda dosGa
baonitasos rompeo com tanta felicidade que vío faltar an-
que a profperidade a feus intentos,
tes o tcnhpo a fua ventura,
& vendo que auia pouco tempo de Sol deíejofo de vencer a-
quella prefente batalha , Sc feguir o alcance delia
chamou a
Deos em feu fauor & fcy fua oraçaõ tam poderofa que fez pa
diffirindo o dia por tam grande efpaço
rar o Sol de feu curfo
que acabou lofuê fua vi&otia, Sc profeguío o alcan-
de tempo
ce matando ôc ferindo nos inimigos
cruclmente. lofué cap.
10.lofep.de Antíq. Iib.5 cap.h1
Omefrno acontcceo a
---- Dom
Payo Pcres Coirea natural
- - —
- da
dos milagres q Veosfe^por fapitaes, 97
ílaCidade de Euora ( como fe lê nos Anmuetfaríos da Sè d*
mefma Cidade) Meftre da Ordem dc Sanótiago em Caftei-
la que vindo às maõs com os Mouros ao pé da Serra Mo-
,

renaema Prouincia deLeaõ junco donde agora he Sanâá


Maria de Tudia defpois de muuas horas de peleja fem fe a
vi&ona moftrat por ncnhúa das parces vendo faltarlhe o dia
coro defejo\ dc vencer aqutlla baralha que tanto ihe impoc-
,

caua, & feguico alcance delia chamou a Decsem feu fà-


uor, & ajuda pedindolhe foíTe feruido fazer parar o Sol de
feu curfo milagcofamentc como em outro cempo o tinha fei-
co com I jfuè Capicaõ dc feu pouo de Ifracl, por cuja oraçao
( dizem memórias daquclle tempo ) que parou o Sol dif-
as
firindo o dia por cam grande, & nocauel efpaço de cempo que
nelle concluio perfeicamence o Meflrc a vi&cria começa-
da & feguio o alcance com grande eftrago dos Mouros &por
memória & lembrança deite milagce,& vitoria mandou o
,

Meftre edificar húa Jgrcjaá fuacufta , a que pes nomeSaníla


Maria de Tencudia. Palauras formaes,com que comou a Vir-
gem Noíla Senhora (cujo crao díaj por incerceííbra,&hoje
corrupto o vocabuio,fe chama Sanéta Maria de Tudia, onda
clle eftàentcrrado,afsio efereuc Frey Francifco de Radcs dc
Andrade na hiftoríade San&iago cap.i4.&D.Bernardino da
Mendoça noprologodos Commencarios dos Paizes baixos,
j
& fe craca no Imro da Regra da Ordem de Sanftiago,q el Rey
Dom Fclippe o Piiideme mandou fazer oanno de 1 751. em
|
Cortes em Madrid c*p. 2.&oucros òco coca Lopc dcVega
,

Carpio na fua Hycrufalem conquiftada cancoi^. foi. 459


|
codos de naçaõ Caftelhanos , que o milagre largamente con-
|
caõ, Sc o fazem Português, Sc nolfas híftorias que o afíirmao
,

pofto que naõ ccacaõefta marauilha, com fer confa própria»


& cam ad nirauel, & acontecida em Rey no vizinho claro in-
dicio dc q iaõ larga macería os Porcuguefes daõ com fuas
obras a Efcriptores alhcos.& de maiscredico para nós, & ven-
tura da q ceue na bacaiha do Campo de Oarique 0 fanfto Rey
N Dom

Mecedario militar
Dom Affonfo Henriques com hum Hiftoriador moderno
que ao íeu aparecimento de Ghrifto lhe chamou vaidade, &
defatino naõ vendo o fé u pata com tanta íimplicidade o ef-
creuer, & atribuir cs Caílellos das armas dc Portugal a el-
Rey Dom Sancho Capello & fazer primeiro Bifpo de £-
,

uora Saõ Pedro com outros deliramentos^com que fe c©nfun


de a íi mefino.
E Iodas Machabeo Capitaõ do pouo de Deos na batalha
contra Timetheo feu grande inimigo no conflifto delia fé
vio pelejarem os Anjos em feu fauor fobre feus cauallos
muy bem ajaezados fazendo nos inimigos grande eftrago
com lanças, & armas de arremeço com que eraõ confufos,
,

& perturbados cahindo em terra atropela ndoíTe huns acs ou-


tros, com que alcançou o Capitaõ ludas Machabeo hüa vi-

storia bem importante à honra de Deos^ atirhoridade de fna

pcífra z.Machab.io,
5
Outro femelbante milagre fe vio na memorauel bata-
lha do Sala d o nos campos.de Tarifa contra o Emperadord*
Marre s c os Reys de Granada, Tunes, & Bugia desbara-
% &
tados por os Rcvs AfFunfos o Quarto de Portugal, & de Ca-
feu poder & pcílbas fe juncarão para
po
ftellaXI- que com ,

grande multidão de Mourcs, des quaes


derem rtfiftiracam
era impofsiueí feu vencimento fe neíle trabalho naô^acudira

V a diurna Miíl ricordiacom hua grande & fermefa


Compa-
ven-
,

nhia du Anjos em feus cauallos brancos mofttandeíTe


cedores contra aquelles infins cem lar ças & armas ofteníi*
uasde arremeço, com que fazLõ nelles miíerauel eftmgo
pefti/$a ndoos & deferdenandoos de mar eira que foraõ
,
mor
j

tos na batalha paffante de quatrocentos mil Mouros, & so-

mente fincflentdi Chtiflaõs aly morrerão íebre o que athty


húatiGüa na lingua antiga que díz.
dos n ihgres q Deosfe ^ por Capitães. ?8
Segnn cn la hifíoúâ falto»

La gtnu vencida fw\

Sejjenta mil de C auallo^


Quatrocentos mil de pte.

Vi&oxía das maiores, que fe alcançarão no mundo , que


por fercam importante á Chnítandade he celebrada nas I-
grajasGathedraes de Portugal & Caítclla com titulo de vi-
,

toria Çhnftianorum. Elte milagre fe achou em húa me-


mória daquelle tempo amiga conca MaíisDialogo terceu
rocap.4.
E a rsi elRey Pclayo ( primo dei Rey Dom Ro.
Dom
4
drigo, por perdeo Htfpanha ) na primeira batalha,
quem fe
que na entrada das Aftmías & monte Aufcua (que hojecha-
;

maõacoua de San^a Mana) teue com os Moucos, onde A-


lsarnaõ Capicaõ de cenco, & oucenca, & Cete mil combatentes
o tinha eflreitamente cercado, & poftoem grandifsimo apcr
to combatendoo com toda a furta que os barbares podiao
,

titac defuamdignaçaó , mas como os Deos tinha cornado à


fua conta vioíie hum grande , & marauilhofo milagre em fa-
uor dei Rey Dom Pelayo, & dos Chnftãos , que com elle ef-
tauão, &c foy que as fettas, lanças& mais armas , & tiros de
,

arremeço que os Mouros lançauaõ contra a boca da coua


,

aos defenforesChriílãos fe virauaó contra elles erefmes , &c


ahi empregauaó fua funa matando, & ferindo nciles crudif.
fi namente, & por outra parte as maícas armas & tiros que
,

da coua os cercados de pendiaõ mediante as quaes,& o focor-


io primeiramencedo Ceo.quealy pelejou pellos Chnftaõsfe
puferaó os Mouros em fugida atropelandoiíe huns aos outros
com tal confufaó.defa ino. & embaraço que os poucos, que
fahiraó da coua em leu alcance bailarão para matar muitos
milhares JeHeSiCom que cl R~y Dom Pelayo cobrou grande
animo para e npc: ndef maiores coufas concra feus i iimigos,
U da piedade CacuoUca, de que tirou muita honra ,
fama ,6c
KZ no m
Abecedarir militar
nomc,& fe lhe deue muito grande louuor por fer o primeiro,'
que começou a reftaurar Hefpanha, oArccbírpo Dõ Rodri-
go lib.4 cap. 3. & outros.
S Com
femelhante milagre fauorcceo Deos Noflfo Se-
nhor os Portuguefes cm o porco de Ormús( Cidade antiga
de Carmania muito populofa , & forte de quem todo o
Reynocomouo nome)qoando a primeira vez o^grande Af-
fonfo de Albuquerque a conquíftou com fete vellas fomen-
te , & quatrocentos & fetenta homens dc peleja' com que
partira defte Rey no contra mais de trinca mil homens de
naçaõPerfas, & Arábios, que por mar, & por terra vaíe-
refamenre a defendiaõ & fe traucu a peleja no mar com
.

tanto fciuor, & valentia deambas as partes que fe duui-


dou da vi&oria, que naquelle dia perfeitamente alcançarão
os noífos fazendo grande eftrago ,
& deíhuiçaõ em fua
muito poderofa , &gtoíía armada, na qual baralha pofto
que os Ci nftaós fe ouueílem comardentifsimosanímos quiz
lhe Noílb Senhor moftrar como aquella peleja éílaua a fua
conta porque fe acharaõ ( vencida a batalha) fobre a agoa
,

grande numero de Mouros moitosdc fechas, que tmhaò


metidas pcllo corpo de que morrerão fem outra fétida al-
{

güa das noílas armas naõ auendo em coda a armada peíToa,


quecjueffe arco, nem frecha, ném quem foubefTe tirar com
clie. em
que moftrou Deos aly fua diuina potencia(como em
ícmeihames neccfsidades coftuma fazer, q as frechas q cllcsti-
lauaó voltauaõ cõ tanta força & impetu torna ndoíle àquel-
q
s

les
q as defpediaõfaziaó nelles rrarauühofo eflragc.&afsimor
;

naõ cõ fnas próprias inacs fcomo acontcceo aos Mouros dei


Rey D,Pelayo) pondcfTeem tal eonfufaõ Srdefcrdé que os ,

poucos que nas noífas naos hiaõ, que com eiles brauamete a-
pertarão bailarão para matar os mais delles hurando o alto
Deos aos portuguefes da fuiia da arrdharia inimiga permi-
ríndo que com feu diuino fauor & aux lio alcançaíTe o
#

grande Aífcnfo de Albuquerque hÊa grande milagrofa


vi&oria
âo í milagres q ‘Deosfegpor Qtpitae- 9j <
,

viftoria digna de feugenerofo peito, com que ganhou, & mc


receo nm-ca louuor SC perpetuação
,
dá feu nome, Sc fama
naquellas parces do Òiience cnctegandoíTclhe logo a terra, 6c
ao Rey delia fazello ctibp&júo de ícu Rey Autor loaõ ,

de Barcos na fegunda Década lib.t. capitulo quinto ,


SC

oucros,
6 Oinuenciuel Rey Dom Iaime de Aragao primeiro
do nome chamado o Conquiftador na conquiíta da Uh a de
Malhorca, 5C entrada da Cidade ( de que era Rey humpo.
derofo Mouro chamado Recabohibe ) foy viíto dos Mou-
ros entre os decauallo hum Caualleiro armado de
armas
muy rcfplaniecentes fobre hum cauallo branco com húa de-

uifa nos peitos dc húa Cruz vermelha naõ auendo tal ho,
mem encre os Chriftaós, de cuja vifta, 5c feruor no pelejir
os Mouros ficauaõ cam eípantados Sc amedrentados què fu
t

giaõ dclle a toda a furía , Sc dauaó como cegos , 5c perturba-


dos nas maós dos Chriftaõs,que ps íaziaõ em pedaços. Cre-
rão todos que fem duuida algúa era aquelle Caualleiro o
glociofo Martyr Samlorgc, que como defenfoc 6C Patraõ ,

dos Rey nos dá Aragaõ apareceo aquelle dia fauorauel a feus


foldadoSj&i lhes meteo nas mãos húa memorauel Sc glorio- ,

fa vitoria, com que o nome*, 8c fama dei Rey Dom Iaime


ficou cam celebre como^pmido Sc rerpeitado dos Mouros
, ,

j
das Ilhas òí lugarescircumveíinhospor terem a Cidade SC
. ,

Ilha de Malhorca por coufa force ,& ine*rpugnaucl SC :

|
gozou deila el Rey & a poíTulno todo o tempo dc fua vi-
,

da , Sc inJa em n oííbs tempos efU em poder de Catho-


j
licos ,
que a fouberaõ conferuarcom particular cuidado 5c í

vigilância, Bernardino Gomes o diz na fua vida lib. 7, capi-


jCul. 9.

7 Naõ faJcou femelhantediuínofauor ao rnefmoGouer-


na Jor Atfbnfo de Albuquerque na conquifta 6c tomada ,

da Cidade Sc Ilha de Goa na índia a fegunda vez em


,

que de todo a ganhou , onde a refiítencia de Turcos sc ,

NX ~
Mou 2
Abecedario militar
Mouros que com muito animo & acordo ,
pele jauaõ mè-
teoem defeonfiança aos mais oufados ,
& valcrofos dc a po-
der entrar, por ferem muy pouces, & os inimigos muitos & ,

muy bons foldados. Neíte trabalho,& aUiçaõ apareceo hum


homem armado de fuas armas brancas com húa Cruz veime
lha no peito (como no Exercito delRey Dom IaijneJquc vi-
íiuelmente andaua em companhia dos Chriftaõs lerindo , SC
matando nos Mouros/ & mais barbaros denodadamente SC ,

metendoífe no mais arrifcado da batalha fazia miferauel ef-


trago nos Goanos, de que elles mefmosforaõ melhores refte-
munhaSjpotque deípois de ganhada a Cidade pergunrauaõ,
q
Capicaõ era hum que diante delles andaua>& affirmauaõ que
}

eftc homem os fizera fugir & que elle fó fora o que lhes co-
,

rnara a fua Cidade; cujos íinaes nunca viraõ os noíTos nem


,

tal hornem auia entre os Portuguefes. Por onde entenderaô


índubitauelmenre fauorecellos ogloríofo Apoftolo Santia-
go Patraõ, &c defenfor de Hefpanhá Si da Coroade Portu*
1

gal.comofe mpre coftuma em femelhantesapercos & perigos, )

naquellas partes acontecidos Sc porque Affonfo de Albuquer-


que era Comendador da fua Ordem. & feu particular deuoto
qutzlhe agradecer efte fauor; & merce, que delle recebera co
hum feruiço que fícaíTe perpetua mente por lembra nça,& mo
}

moria do milagre,6c vitoria, que^or feu meyo alcançara de


Cus inimigGs.com que feu nome, & fa ma, foy ram cçlcbre Si ,

íe eftendeo com canta gloria & reputaçaõ fua pellas par-


,

tes da índia ,
Sc muito longe fora delia que naô fó acrecen-
cou o cemor^&efpanto aos Reysdaquclle Imperío.mas mere-
ceo todo o fauor & graça afsi delles, como dos PrineipesChri
}

ílaõs, Por fer o maior feito que nunca tam poucos homens
,

fízcraõ cm Cidade, que cra cabeça (como hoje he Metropolí


dc toda a índia afsi no tempora),como no efpiritual,& que fc
tinha por impofsiucl prderfe ganhar por nenhúa força de ar*»
mas Si todauia lançou fora o Hidalcaõ fenhor delia, que por
vezes com g- andes Exércitos procurou cobrala, mas fempro
Deosfe^ por Capitães. lüO
do ; milagres q
dos Porcugueios, qoe aeonfef-
fov defendida v-detofamenre
cuidado.queeftanatura men-
uatão tè «ora com o tecato,6í
naçaó coftuma, refere DamiaodeGoesChioai-
te bellicofa
3.capri, Gommentanos ao
cadelRey Dom Manoel patc.

Albuquerque parc.a. cap.4. Sí outros.


que os Capitães , a quem Deos fauoreer
com Te.
De modo
de qu tratamos pude-
raelhancesWlagres como fez a eftes, e

ram entrar nas batalhas com valetofocípuítu.S animo come


tendo valerofos feitos como fizeraõ.os que fe fegucm.moire.
do pella honra, St defenfaô defua patría ficando com vida
mo
moratiel para fempre.

CA P I TVL O XIII.

Vos foldados 'Romanos, ú* Tortuguefes,que


morrerão por fua patria empenhando
fem filhos pella liurar de
ve x apões.

Scãdo Pompeo Magno indignado contra os Mamer-

E ctuospor íegutr as pattes de Mario Capícaõ cambem


R xnano C u mortal inimigo prometeo de os meter to
dos i efpada.& a nenhum conceder a vidajo que fabédo Si he-
mo Príncipe diquella Cidade ( em que Pompeo o unha cc r-
cado) por faluaçió delia, & de feus Cídadões lhe fahio ao ca-
minho, & lhe diílVqie os íeuscraófem culpa algüa & que *

ells Schemo a unha coda por os perfuadu ter co 1. Mario & ,

pelejar por /ua defenfaõ, & que poisafsi era na verdade delie
tomaíTcVinganÇi , ^exccucaíle a pena que por feu refpeico
,

fcusCida iões,& nacuraes mcrcciaó. Erpantad-> Pompeo do


force# & confiante animo de iam bom varaõ,& cafo tam raro,
N4 *
Abecedario militar
ar elIe qüC Peíla fâlua í aõ & {™de de feu
íí. t?Dunt
antepunha f j L pouo .

vida,&
fua honta, naõ sò lhe perdoou
xou it liuremente , & o dei-
mas engrandecendo fua viitude le-
,

0
X°a“ ZC ° fiCa d ° fal * a a
ceftaçao , Mantua ?
Cidade da „a de fua pro-
hu t0 quarto, Piutatcho apopht. Sc m
D°m E g as Monis a vo
, & ^an difsiroo
3n Rey m Affcnr° Hen,, 'l««m outra
San foÍ t r°-
a o?°
0 ^
fe-

ÍorTr
V
ffl?
&
°'-
r
Cuimaratsfua
C)Ual
P ° r " Utar
p a tna do poder
Príncipe
dei R. y
&
Dem
.

6 L chan,ad0 Em Petador
DonfiV
Dom r w° ( q Ue ao Prrncipe
Affonfo Henriques na Villa tinha cercado por naõ
,
0n
S em &
f
Vaíraía au « fido
rataK w í
deduaslan

desba- ja delle
Ç 3das emhúa petna na batalha
Arcos rTv
dos Ar^os de Vai de Vez naõ longe da Ponte da Barca
Si
correntes do Rio Lima
. deixando fete Condes catiuos
om elRcy que leuantaíle o cerco prornetendclhe fez /
que oPrín
cipe im a luas Cortes, por
cujo refpeito èlRey dcLeaô fe foy
para Caftella &
eftando em Toledo para fazerCortes a
.

,
que o Príncipe DomAifonfo
naõ quiz ir , nem era obri.
gado por naõ faber de tal concerto
Egas Monis a tro- :
co da pa/aura do Príncipe mal
cumprida fe foy a Toledo,'
& fe. oftereceo ao
F.nrperador ( como fez Sihenio
) &
deus filhpsfcus , & com baraços,
( como fe vê em fua fe-
pulcurade PaçodeSoula onde eftam eirados ao natural
,

íegumuo a jornada a cauallo com o dito


feu pay) dizendo-
Ihe que delle, & de feus filhos
tomaífe vingança & execu-
ta Ife fua ira & fatísfizelfe a mà vontade , que tinha aos
,

Pottuguefes, mormente ao Príncipe


ku fer.hcr mataui- :

Jnado s Ernperador de tam raro


exemplo de lealdade por
eonlelho dos fenhores
q BC prefentes eífauaõ. & o feito en-
,
grandeciaõ naõ sò perdoou ao leal
; Egas Monis, & o man-
cou com muita honta Jiure para Portuga!
com os filhos, mas
amua perdeo o nojo, que tinha ao s
Pottuguefes ,
Duaqe
Galuaa
dos Qapitaes <j
morrerão pelU patria. jo i
Galuaõ Chroníca dclRey, Dom Afifonfo Henriques capit, 8»
5>. & í *. Frey Berna* do de Brito na Chroníca de Cift.
r parc.i*
hb, 5 ca,*. 4. & outros.
Ao Conful Amlío Regulo acomeceo queeílando prefo
em Carthago fcy emiiado a Roma pellos Carthaginenfts
a períuadifLao Senado que cnmgaffe cs catiucs que íâ ci- ,

nhaõ o qial chegado a Roma aconfelhou com mfiancia


,

ao Senado que nc m catiuos entrcgaíTe nem a pazfecon- ,

fentííle para o que foubedar taes razões que o Senado mouí-


do delias outorgou o parecer de Regulo , por o qual ten-
dc ífeos Ca thaginenfes por efcarnecidos o mararaõ cruel-
mente, Apia-n. Álex, in Afric. Piinio de varões illuft. capí-
tul. 40.
2 Na@. menos 0 fez 0 Infante fan&o Dom Fernando fi-
lho dei Rey Dom Ioaõ o Primeiro que no cerco deTan- ,

ger por íaluaçaõ dos feus fe deuem retens aos Mouros, os


quaes vindo em concerto com el Rey Dom Duarte feu ít-
maõ que (
neíle tempo Reynaua )
que fc entrcgaíTe Ceíca
,
pella liberdade do Infante, eftc Infante jamais o confentio,
antes da mefma prifaõ ,
& catiueíro efereuía a elRey feu ir-
maõtal naõ fizefle , & o defuiou fempre
nem confentiíTe,
com muita inftancia de femelhante trato dizendo que nun-
ca Deos quizeiie que Cidade, que tanto fangue de Chriftãos
!
tinha cuftado,& tanto ímportaua ao bem da { Chnftandade
elle fofife folco por dia, & aísi efcolheo cfte fando Infante

|
viuer antesem tatn vil, baixo catiueíro & & morrer mi-
,

ferauelmente nelle por faluaçaõ dos feus, & de Hefpanha


que darfe Ceuta aos Mouros que el , Rey Dom Ioaõ feu
|

|
p iy comprara com fangue [de tantos , & tam bons Caoal-
jeí os, & fidalgos Portuguefes que na emprefa fe acha- ,

rão & porella lerchaue & fegurança de Hefpanha, pd-


, >

lo quecfiatnecidos osMouros de fuas pretenfoés lhe aperta-


rão a prifaõ, em que morreo defpois de ter efpantado to-
da a Maurúania com infinnçs milagres ;
que em fua vida,
Nj &
Abecedario militar.
& por morte Deosobrou por feus merecimentos, conta f rey
leronuno Romano na vjdadefte fan&o Infante capicul. 14.
gccapitul. 17. ÔC Díogo de Torres na htftona dos Xanfes
capital. 5
»
4 *

5
Semelhante tinha dantes íeit .> Nano Gonçaluez Capi-
taò do Caltello de Fana em tempo das guerras deJ Rey Dõ
Fernando de Portugal com eiRey Dom
Henriqi& de Cartel.
la,& oCondc de Traftamara,© qual lendo pellos Caltelhanos
vencido,& prefo foy por ellcsleuado em ferros,^ com homés
de armas ao pe do muro do Cafteilo de Faria para perfuadir
ao filho que o entregaflfe aos Caftclhanos elle todauia ?indo
à fala com o filho com animo feguro , &
esforçado cheo dc
lealdade, ôd honrofa oufadia ertimando mais perder a vida
q
&
ver menos cabada fua honra, fec delleal a feu Rey,& p«ttia
(qual Actilio Regulo) aconfelhoo.& diííe ao filho que Lbpe-
nade fua bençaõ ,elle naõ entiegaífe o Cafteilo íenao a
,

eIRey feu fenho^&r o defe ndefle ré morrer por elle, & dicas
eftas vitimas palaurasauendofte os que o leuauaõ por zom- <

bados de feus intentos em prefença do filho o maçarão alí


fea^indecencemence ás punhala jas^oncaFernaõ Lopez na
Chronica delRey Dom Fernando cap 75 & Duarte Nunez
na mefma fol # io<>.& outros. Por efte ilimtre feito acrecenta-
rao feus defeendentes o efeudo de fuas antigas armas fazen-
do o campo delis de vermelho po* memória do fangue que ,

efte fiel Gapitaõ ali derramou , & entre as finco flores de Lis
de prata, que dances feus afee n-Jences iinh«ó por armas em af-
pa aftencaraõ o Cafteilo de prata a cujo pè fora morto pon-
do fobre o Cafteilo a flor do meyo dé maneira que ficaõ tres
flores em chefe, & duas em faxa por timbre *fe lhe deu o mef-
• mo Cafteilo som húa Flor de Lis vermelha emcimaccmo ho
je trazem os do appelhdo de Faria Também traziâo ao

do Cafteilo hum corpo humano efpedaç ido, Como diz Ioaó
Rodrigues de Si nas crouas das gerações,

Ao
4 } •

dos Qapitaes q morrerão pella patsia. iQz

Ao pè de hum Caflello erguido


porfendo Ver abaixado
las hum homem ejpedalado
em muitas partes partido

Faria he, que nao faria


por onde a Cauallaria
tiueffe algum erro, ou tacha

por gu ar dar j o que denta •

petronio Granio Capital da c&aua Légiao de Túlio Cefar


nas guerras de França, cm certo porto daquelle Rcyno cha-
mado Gorgonio,defendeo o paffo a feus inimigos fó com fuas
armas valerofamentç por faluar os fens, & naõ pelejarem em
paíToj& iugar, onde a morte era nelles mais cêrta, que a falua-
çaõ das vidas: & t ile como esforçado Romano faltandolhe o
fangue das muitas feridas que cm feu corpo recebera^elejan-
?

dofemprecom muito esforço cahio morto em terra, aucndo


fua morte por bém emprcgada,Gom faber ,
que á cuftadefua
vida cínhaõ ps feus efcapad©,& eraõ poftos em faluo Texior }

in Theatro part.i. capitulo de charitate in patríam.


Semelhante facrificio fez de fna vida pello feruiço da
pat tia no porto de Lisboa Ruy Pêceira tio do Condeftable

Dom Nuno Aluarez Pereira Capiraõ do bua nao, que vinha


na frota da Cidade doPorto cm focorro de Lisboa, a qual ti-
nha de cerco por mar, & poi terra elRty Dem Ioaõ o Pri-
meiro de Caftella.o que perdeo a batalha de Al ubairota bC ,

o Meftre de Auis Dom lcaôcfiaua dentro nella, que com


muito esforço^ cauajJana a defendia. Ruy Pereira vendcf
fe atalhado da armada Caftelhana que quena zurzi? as ga ès
de Portugal aue em fua Comoanhia vmhaõ temendo dante
AbececLric milhar
mão, que lhes fariaõgvande dano como prudente,
&auiíãda
CapiCiójVerdadeiro amigo da patria defprezando a morte
(como outro Pecfomo Gramo pella faluaçaó das gales Por*
)

cug adas adiantou delias por impedir á frota Caííeíhana


fe

feus deifenhos,ô£ aferrando logo com a mais forte


& pode ,

rofa,de que era Capícaõ Iaaõ Uarena CaftelhanoJmpedioàs


outras fua paííagem ; de maneira que vararão as gales
Porco -
guefas da oucra banda, fem nao Gaftelhana poder impeddas,
nem fazerihc dano, tudo i cuíta de feu fangue, que com mui-
to esforço, & brio pelejando derramou em que os Caftelha-
nos viraó o cafo cocalmence perdido fe no mey o da refrega
.

naõfora mortalmenteefte bom Pottugues (írnmorcal na ta- !

ma dos homens ) ferido de hum virotaó, com que em leuan»


cando a vifeira lhe derão pella cefta de que cahio m orto den-
Cro na nao ram contente dc fua morte afsi por feren? fcruiço
de fua patria,ôc faluaçaó dos feus, como facisfeic© de a deixar
bem vingada no fangue Cadeihano refere Fernaõ Lopcz na
Chronica delRey Domloaõ o Primeiro p.u capj31.ee Duar
te Nunes na mefma.
6 . O nnefmo aconteeeo no primeiro cerco de Dio a Gaf.
par de Soufa Capícaõ de hum baluarte, que cambem por íal-
uac os feus,que fe biaõ recolhendo à fortaleza tendo ja dado
nos arca yaesTurquefcos, em que auiaõfeico miferauel cftrago
vendo,que os perfeguiaõ os Turcos, & que alguns des feus fi-
cauaõ de fora,ancepos fua vida por faluaçaó ddles, & fazendo
rodo aos inimigos que ,
ja a efte tempo em grande numero,
lhe faziaòca/ga naõ sò guardou, o paíío qual o Romano
( )
mas ainda os arrancou do em que eftauaõ com canto esfor-
ço^ valentia que fahio com eiles a campo largo, mas como
era fó,& os barbares muitos , &esforçados afleftando todos
nelie feus tiros, foy desjairi tado das pernas por as muitas feri-
das, que o efgotarão do fangue derrubado, & morto cruelrné
te, naõ fem miferauel cftrago dos Turcos, & grande gloria de
fua morce^ue por faluar feus foidados , & companheiros . &
vellos
dos ^ápitãcs q morrerão pella pátria. lOj
1 maõs daquellcs barbares aehaua pouco hua
Jures das cruéis
vida para com ella moftrar o muito, que deuia a fua paEr ra>£õ
ta U> po deSo-ufa Coutínho primeiro cerco de Dio
liu.z. cap.

15. ôdcronimo Corte Real no mefmo cant.17, & Cbronica


delRey Dom Toaô o III. cap* 62.

O mefmo acontcceo a Antçn.o Monís Barreto Gouerna-


dor dos Eftados da índia, que por feccirer a fortaleza de Maj
hca (Tendo Ttiíhô Vaz da Veiga por fubfticuiçaõ Capiraô
delia) que os Achens,& laos tinhaõ cercado ,
& lhe era mais
que faluaçaõ, & liber-
certa fua cocai deftfujçáõ, &cariuciro 5
dade, pedio à Cidade^de Goa vinte mil pardaos empreftados
(que faõ quinze mil cruzados a razaõ de trezentos reis que
,

tem cada pardao) dandolhe em penhor Duarte Monis feri


filho menino dejfecc para outo annos, que a Cidade aceito uj
& o Gouernador fe remediou por entameom o dinheiro , êc
deícmpenhou o filho cm breue tempo, coma Iorge de Lemos
nos cercos de Malaca p,2.cap 4. fol.15.
10 Quafi femelhante tinha feito dantesoGouernader da
Índia Dom Ioaõ de Caftro em outra igual neccfsidade que :

fe riaõ empenhou o empenhou log© os cabellos da (üa


filho ,

batba.de que fez hüa trança, que mandou a Goa por Diogo
Rodriguez de Azcuedo pedirá Cidade fobre el'es também
outros vinte mil pardaos prometendo deíempenhalos o mais
preítes quepodeííei o qual dinheiro por ellc fer bem quifto à
[

Cidade lhe mandou lunrameme cornos cabellos cffereci-]


mentos liheralifsimos de venderem fuas fazendas por feu fer-
uiço , Chronica dei Rey Dom loaõ o Terceiro patee quarta
eap. 18.
n. E porque entre Caualleiros que naõ fotaõ Pi incipes,'
nêGouernadores da índia bá?quê e<n femelhates feitos fe afife
melhaífe Com os taes,&' por ventura com mór vantagem farei
breue méçaõ deRuy, McndesRibeiro de VafcõcellcsCap ra5
de Céuca,q no anno de Chrifto de 1474. fofreo hu dos mais
trabalhoícs cercos, que fe fabc, porque do mas eraeercado de
Cafte-
Jbecedario militar
CaífcsIfmoSjSr di cerra de Mouros todos feus inimigos pro-
curando cada qual das partes fazerfe fenhores da Cidade.
Com o longo cerco c.aceo a fome nos cercados porque
, &
ham mal npre vem com outro encadeado deu nelies a pe-
íe

fe pecdeia a Cidade fe o negocio na 5 fora com Porcu-’


guefes; &c leu Capicaõ Ruy Mendes, que á cufta cfe feu fangue
o remediou com campo fazendo concerto com os Momos
eercadores, que lhe deíTem mantimento, com que manter o
cerco contra os Caftelhanos pofto que os pezaíTem a ouro, &
porque pella necefsldade prefsncs eftaua íalco de dinheiro
lhes deu em penhor feu filho herdeiro Anconío de Vafcon-
ceilos moço de pouca idade (como fez o Emperador Valdo
uino eom feu filho para com os Venezeancs ao qual no fim
)
de outo mefes die defempenhou de poder dos Mouros pagati
do quanto lhes dcuia dos mantimentos, caio raro & nunca ,

vifto pella pouca fé da gente Mauritana onue ouue muitascir


cunílancias,que remeto ao theacro Lufítanoem que fe relata
mais partiCularmente, como tudo fe conca em hüa Re!aç*o
mixea de fua vida & feitos, que Antonio Pereira fenhor de
,

Bailo neto de Dona Ifabel molher deíte Ruy Mendes Ferná.


dez^ue tem em feu poder afsmada por o dito Anconio Perei-
ra. Deíle valerofo Caualleiro fala a Chronica dei Rey Dom
Affonío V. quecompos Ruy de Pina no cap.f çt. a quem fe-
guío Maris Dialog. 4. cap. 9. onde lhechamaõ Ruy Mendes
Ribeiro,

C A P I T V L O XIIIL
V

Como 0 Capita 0 ha de fer definterej] ado dos


inimigosy & liberal com os Jeus.

O Capicaó hade fer defincereííado dos inimigos, ôdibe-


ralcomos Rus comando exemplo de Calicratidas
famo-
o Capitao [e\a àefintercfhào ><& liberal. iG-j.

famofo Capitao da arniada


Lacedemonia tem nomeado,
Períiaceita quantidade de di*
que mandandolhe elRey de
foldados, & pata elie hum
nheito.que lhe prometera para os
amor, amizade, Calicratidas aceitou
ptefente em final de &:

o dinheiro por fet pata os foldados, & o ptefente tornou a


paz , nem amizade
mandar d.zendo naô queria ter com elle

pois a naô Aiha com todos os


Lacedemonios. de qué clle era
& natural, & comefia lepcfta mcftrou quanto de-
Capitao
bem comum da patúa. &: pouco pa.ticular intereffe
ícjaua o
deixando confufoao Rcy de ram roarauilhola abfimencia &
tefoluto animo, Plut in apoj ht. Lacon, Erafm.ín apoph.iifcu.
de Ca^icrat.
O mefmof( z,& diffe o grande
AfFonfo de Albuquerque
i

cm Olayace cidade do^Reynode Ormus que por reconhe*


que cesta aquelíaera lhe mandarão os Mouros receofos
cer
coufas de comén
de fua cerca perdiçaõ hu ptefente de muitas
pedmdolhe pazes juncamence mas AfFonfo de Albuquerque,
}

da cerra armada, as Eftancias com bõ-


q ue por ver a gence
batdas que demofirauaõ quereremfe defender entendendo
,

feiem ardis U manhas naò aceitou o prefente dizendo , que


,

naõ aoia dc aceitar nenhüa coufa de peííoas.a que ouueíTe de


|
fazer guena fenjóquizeíTem fer valfalios dei Ri.y de Portu-
gal, cujo Capitao M6r elle t raenuiado por feu mandado ao
Rcyno,& Cidade de Ormús,cuja repoíta bé moftrou o dese-
jo de ferutr a fua patriadefapegado de íntereííls particulares,'
naõ
ie eraõ vniuerfais ao Rcyno & patria donde era natu-
,
q
ral,& quee criara & foia mandado áquelias parces do Oucn-
|
ce para honra, Sc bem comrnum delle , conftade feus Com-
! inentavioscap. i.

zLueio Paulo Emílio Conful Romano fendo ram gran-


de & achou nocamfo de ReyPerfeode
rico o defpojo. que íe
Mjcedonn quando o veneeo & prendeo naõ tomeu delle
,

mais, que Lü* taça dé psata de pouco preço de que fc naõ lo- }

grou pot a dar a feu genro Tubero, ou a Cayo Elio como


quer
Abecedario militar
<|ucr Plínio cm pagQ,&galardaõ,doqueem feu fauor,& aju*
da fizera na batalha Efte foy o primeiro vafo,
que entrou na ;

Cala, ôc tamilu dos Elios.Valerio Máximo


lib.4. cap 2 Pluc.
na vida de Paulo Emil. Ci c offic.i. .

Semelhante abftinencia foi a delRey Dom Aftbnfo


Henriques na bacalha do Campo dcOuriqueemnue
veneeo
desbaratou finco poderofos Reys
Mcuros fenr/o cam gran-
des,& ricos os defpojos & em tanca
, copiacl Rey os reparcio
pcllos feus
vencedores^ tomou parafy dezanoue bandeiras,
& alguns pendões, que mandou pendurar pellas Igrejas do
Key no cm memória defte cam notauel vencimento,cuja glo
ria íemelhance á de Paulo
Emílio lhe coube por defpojo,
Frey Bernardo d c Brito Chronica de Ciftcr
parte primeira
lib.j.cap j.
Omefmo‘fezo Infjnte fqueafsi fe chamauaõancigitnen* J
cc os hinos primogenícos dos Reys)
DomSaneho feu filho,
que do grande, & groílb defpojo de Albo ,aque Rey de Scui-
lha,que venceo,& desbaratou nos campos de Axarafc,& n nõ I

tomou parafy mais que a honra de cam bom feito &goíto , ,

dc icpartic tudo pella fua gente como cfcreuc Duarte Galuaõ


na Chronica deí Rey Dom AíFonfo Henriques capitul. 51,
& outros.
4 * Pois a ei Rey Dom Affbnfo Quarto quem lhe tirará
fua gloria cm femdnance occafiaõ? como foy na memorauel
batalha do Salado contra o Emperador de Marrocos, & el-
Rey de Granada quando foy em ajuda dcl Rty Dv Affbn* m
fo de Caftoíla feu fobnnhogenro fendo ram opulento, &
, 6c
de preço inexcunauel o defpojo,que no campo, vencida a ba
talha,fc aehou & el Rey de Portugal atentando mais
; à glo-
ria do vencimento que a feu particular intercífe naõ qmz dei
lc mais,quc o Infante Abohamo filho de Alboaly R.y de Se
julroénçi.quc clle por fua maõ caciuara no campo, 6c o crou-
x *a Portugal, donJe defpois com muitas merccs o mandou a
}

feu pay gracipíamenCe pofto quepelio feu refgacc lhe offere*


0 c apitao fe](iclefinterefíado,& liberal. 105
grande foma de dinheiro , cornou mais elRey finco
ci a 5

bandeiras que pòs na Sé de Lisboa para


memória, lem bra- &
ça deita infigne vitoria , &
algüas efpadas , arreos , & &
jaezes de cauallosde pouca valia em refpeíco do ricodef-
Caualleico aceitou ( como fe achou
pojo que como franco
em him Sumario antigo dos Reys defte Reyno ; com con-
fcncimetuc\ dei Rcy Dom
Affonfo de Caftella pos fobre
armas de Portugal, ôc sò
a porca de Tarifa emSêuilha as
acompanhado de gloriofa fama fe cornou aos feus Reyncs
de Portugal, Ruy de Pina o refere na vida deíie Rey,^& ou-

ír<

Niõ menos o fez el Rey Dom AíFonfo. o Quínco chama-


do o Africano na entrada & facoda ViIIa de Arzílla em
,

Afnca onde 0 defpojo foy aualiado em muiras mil dobras


,

de ouro* Dé tudo cl Rey fez efcala franca aos do feu Exerci-


faluo a honra daquellc feito
to fem delle querer para fy nada
RoydePmanafuavidacap, 16 z. & Duarte Nunes na mèf-
ma #
&: outros.

y E porque nem Reys fiquem com efta gloria exca


fo os
dendoaosq o naõforaô acharemos ao grande, & valerofo D,
Francífco de Almeida pnmeito Vizortey da índia, q do def-
j
pojoda Cidade de Quiloa, q entrou, & cornou à força de ar-
mas naõ quiz,né aceicou delle maisq huafófreeha(comoPa-u
lo EnjiÜo a caça; dizendo que para elleaqmllo baftaua,a qual
j

tomou para memória da vi&oria largando Iibcralifsimaméco


aos feus o esbulho da Cidadc,rcfere Damiaõ de Goes na Chro
!
nica dei Rey D. Manoel pacc.a. eap.2.
6 E efte mcfmo V izorrey do defpojo das armadas de Mí
í
roce em Calecur,& Mclique Az fenhor de Dio, que em cerca
batalha naual desbaratara repartindo tudo peilos feus fem to-
mar nada para fy, Goes na mefma Chronica part. 2. cap. 59.
Ofouo lib,£. MjfFJib.4. fol.mihi 53.11b. 8.
7 O mefmo fez D.Ioaõ Pereira Capica5 da cidade de
Goa
na batalha concra Soleimaga Capitaõ do Hidalcaó fenhor,<|
"
O ' fora
Jbecedario militar
f órada Cidadé,& Ilha deGoa cruel inimigo dos Portuguefes,'
de que lai n do vencedor Dom Ioaô o naõ foy de fy menos
naõ aceitando do campo (que valia muito mais que a tenda
)
do Capitaõ Solei Maga Cbronica delRey Dom Ioaõ o III.
,

p.3, cap.18.
8 Scípiaõ Africano entre defpojcs, & caciuos que enã
,
Hefpanha alcançou de Afdrubal Capitaõ de artago foy
hum menino filho dei Rey de Numidia por eUrem o gentil
homem , & fabendo que naõ tinha pay , fe criara em &
cafa dei Rey Mafsíniffa feu auó
o ceueconíigo hum golpe
de tempo , no fim do qual fazendolhe largas
raerces o man-
dou aMafsiniffa liberalmente como filho de!Rey,que era fem
por elle querer refgaie algum Líuio
Decad.3. lmr.7. Valer.
M ix. hb.5. cap 1,
,

9 Dc
Icrodhance humanidade &
liberalidade víoiie!»
,

R y Dom
Affonfo o Quarto com 0 Infante-Abohamo filho
de Aibõah Rey de Sejulmença que na batalha do Salado
,
por fua maõ cacíum no campo o qual Infame el Rey
,

teue ncffe Reyno de Portugal hum pouco de tempo tratan-


doo fem} rè naõ como canuo, & Mouro mas como filho de ,

Rey,qu5era & no cabo o mandou a el Rey feu pav graciofa-


mence (
poftoque pello feu refgate lhe cfferecerâo grande
forna de ouro] acompanhado de muitas
merces, que por fua
ida, &
dantes elRcy lhe fizera, como ofezScipiaõ, Refe-
re Ruy de Pina na Chronica dei Rey Affonfo o Dom
Quarto capitulo 55. Duarte Nunes na mefma Chtonica
£q).i66.
10. Naõ menos fezelRcy Dom Affonfo o Quinto em
feitos, &
appellidos íemelhantes Scípiaõ quando ganhou
à força de feu valerofo braço a Villa de A 1* z 1 a era África
onde entre outras pcffoas veyo a feu poder Mafamede hum
filho de Aludeqne graõ fenhor entre os
Mouros ,
&
fenhor de A.zilla que defpois veyo
, a fer Rey de Ftz, que
trouxe a Portugal cacíuponde 0 teuc fece annos , no fim
dos
Capitão fe\a âefwterefiido,& liberal. io5
8

dos quacs cl Rey DomAffonfo o enuiou liuremcnte ao


p‘, refgate querer algum preço mais, que o go-
y fcm Por feu
ftó dcfiu liberalidade
fazcadolhoriiuicas, & grandes mer-
grandeza que naô tinha de pnfionciro mais,
ces com canta
foube cambem agradecer a
que o nome , èc o Moleixeque
cotcezia delRey, que foy defpois caufa vni-
liberalidade &
o cerco da Graciofa Reinan-
ca de deixar com facilidade
Dom
Ioaõ o Segundo feu filho conta Damiaõ
do jaclRey t

Chronica do Príncipe capitulo 26. foi. tm-


dc Goes na
hi
iu E naò cam sòmencc os Rey s , & Príncipes vfaraò dc-
porque o mefmo fizeraõ outros
fta clemencia, 5: liberalidade,
valerofos Portuguefes como o fez Dom Duarte de Menefes,

maõ defpcndeo fempre quanto podia fer em cf


qqe com iaiga
ta virtude o encarece Gomes Eanes,que conca feusfucceíTos,
de ordinário, & que a Xeque Laraus Mou-
& quafi fuccedidos
com
ro nquifsimo ÔZ o mais poderofo daquèlla Serra junco
,

Alcaceré Ceguer^de que liberalmence largou o refgate de hú


filho feu, a quem queria muito fendo grande quantidade de
cruzados,& outras muitas joyas de preço íneftimauel & nota ,

que em menos de annos deu mais de trezentos cauallos,


tres

veftidos, joyas, & outras coufas era mcreiuel o que repartia


,

por todos parecendo ímpofsiuel que fazenda cam limitada co

mo a fu a foífaíTe tanta Iargueza.porque he cerco jámaís fahia

de fua prefença foIdado,& outra peíToa algua afligida fem fo-


cotro de fua necefsidade, & defgofto: fobie tudo amaua gran
demente a verdade, & craó fuas palauras infaliueis canto que
chegou a fet a vitima confiança dos mefmos Mouros fendo
elles o mefmoeng.no mas tem a virtude poder de fe fizer
eftimar dos que mais a aborrecem por ííTo naõ íofria que fe
tratafiem eom cfttatagema,nem dobiezes,6c dizia qoea men
tira nunca fora proueico'a,& que a verdade era mais neccíla-
ríacom os iní.nigos^ue com amigos ,6c fiados em fua pala-
uca fomente to outro refem dcfçmpararáo os Mouros do
O l Taiifa
Mecedarh militar
Tartfa a mefrna Cidade confefTando
que naõ queriaõ outra
ff gur idade mais queaproineflade
Dom
Duarte, como tela-
“f ,IJl D
L* viritíS* '«-í S^»I>oM.«ocI,
iZ No tempo que tinha o Cetro de Ifrael
Dauid focce-
deo em todos feus Eftados grande
carcftia de fome por fai;
C
df Da uTd fh
dado deDautd
raÒ 3
°
r°* t0d ° S 05 Sa “
lde ‘0 por man.
fobre o cafo & refpondeo que tinha Saul
,

h graU ° 305 Gab * onitas 000


P * confederados com
Ís
os ífrachtas
lfr aeS?t! que era neceíTauo lhe foffe feita fatisfaçaõ
fendo requeridos diíTeraõ
cl es ? , &
que naò fe dariaõ or farif-
0 p
Ua5 Ída 3 a,gUnSda ££,a aÕ
dcuDauTd n'e V f
3
de Saul man ‘
íere fiJhoS & fie£CS do
mefmo 5aul
meliTío Sai/ Fr™
Er
:
f^í
a niay de alguns deftes Refnha amiVa
'

quefoy de Saul, qual efteue


a chorando todo o tempo qafef-
uuerao nts paos tê que auendo
Deos mandado
eSÍePU tadCS' &fuamay Reí
urra aZ ^
P ha “Igum tanto confo.
ladT®
10 Rcgu! ° Ca ita õ,& Conful
Kj:™'™*""
feno® era certo recontro dos P Romano
Carthag.nen^es desbaratado, SS
pufo foi por elleenuiado por
Embaixador a Romalpedir,
requererão àenado quizeíle fazer
troca,.& cambra de huns
catiuos pellos outros, 8t fendolhe
dado juramento qne ou ne-
gociaíJc.ou nao fe tornaria á íua
pnfaõ fe partio caminho dè
Roma, St por nao negociar fua embaixada
em comprimento
de fcujurwnemo fe tornou a Cat.hago
dtfpr, zando o medo
da morte por nao quebrar o
juramento de fua Religiaõ Ap-

vIim
r" c - »** ***«;*.
Z ,° P adre Fr6y Antonio
Loureiro da Ordem do
^«Ohl™ n dfe gam
c n
Pranc Hc°. c ue fendo catíuo
fir/oc ?
l com outras
Um D uf,a Currate na Ccfla de Cam-
bava io‘!nr do acl?n
a P teffc Dtan j
Rey Mamudio inimigo fcuero dos
p Itln
P<jmiguefesfoyporelleenuiado a Goa em bufea
d^rcfgne
P a ra
o Capitao fejadejÍnterefí.iclo ) &‘ liberal. 107
elle & feus companheiros com
Cal condição qué naõ o
para ,

achando fe cornaria à íaa prifaòde Cambayaa cerco tempo,


Sc dia que lhe afsmou el Rey Mamudio, & em final
,
& ,

prenda de que afsi o fana lhe deu o feu cordaõ que o bar- ,

barorccebeo dizendo que aceitaua o tal penhor por faber


que os Chfiílaõs com fó a verdade conquiftauamos o mun-
do & juratodo Frey Antonio pella fan&idade daqueJU a<pc*
,

Ta corda míignia principal de fua Rcligiaõ Serafica de tor-


nar a fua priíaõ com o refgacc, ou fem elle fez fua viagem, fie
como chegando a Goa naõ achafle o Gouernador nella,
nem m:nos ncgociaífe fua precenfaó cm comprimento de
feu juramento fe cornou (como fez Regulo) à fua prifaõ
de Cambaya eftimando mais com notauel ccnftancia ofíc-
recerfe à morte, que violar a promeíTa dc fua Rehgiaõ a que
tc obrigara, oquepos no barbaro Rey fit nos grandes de
,

feu Rey no canto efpanco de feito ram admirauel que fem


preço algum lhe deu com os mais catiuos liberdade henran-
doos fobré tudo com muitas dadiuas ,
5c moftras de amor }
5c
louuando os Portuguefes de honiés deeftremada fê.&palaura
inuiolaueis obferuadores de fua Iey,& Religião. Maffe de reb.
Indic» Iib j. fol.mihi 115. Frey Antonio de Saõ Romaõ na hi-
Hroria da índia patte 1. lib. 1. cap.3, Bt outros papeis parti-
culares.
14 O
Capitaõ deue fer leal em comprir as prometias , &
palaura por fer coufa de muita importância ,& ornato de fua
pefíoa feomo diz aquelle Sabio; Verbaligant homines.tauroYum
cor nuaf'unes , Bos corntt carfitur , fed bom Çermonc ligatur )
lembrandolfe.que por a obfcruancia defta fortaleza toraõos
antigos muy celebrados nas hiftorías de feus tempos cõ grãdo
louu or,5:adiniraçaõ de todos,pella pontualidade, q tín aó em
cóprír o q cinhaó prometido naõ tendo tefpeito aos perigos
de fua vida, nem aos proueitos,q fc lhe podiaõ f guir como be
mofbou bexcoPompeo,a cuja nao de cõcerto,& cõfentíméto
foraõ çwOf auio,ô£Anconio,com os quaes trazn guerra,^
O 3
fen
Âbecedario militar
fendolhc dito que feleuantalTe
com elles rpor naõ faltar á fc
c
prometida o naõ qmz fazer.
De modo que o Capitaõ valerofo tém
obrigàcaõ de fer a-
migoda pacna defintercíTado com os inimigos & liberal có
r° Idad0S
f nTnm°r^ no que com
fida a pontualidade,
“ que g uar darápahuracom
' e
toda
elles aíTentar pofém na or-
dem da guerra vfara de ardis conforme
o tempo fte difpufer
° CC * f,ücs >P° rc ue 0 eftratagema
na guerra naó dà nome do
V l
cobardia ao Capitao, antes he
valor vfardelU fizeraõos
Romanos. 6c Pomiaupfec

Vfara na guerra de ardis , eflratagemas;


como ji^er ao T^omano
cportugue*
/es para vencerem na o fe*
tem vencido

V Endoífe certo Prefidío Romanoctibu


thinos,& brauamente ©pprímído cora
ça de fe poderem defender rrmíto
modo de focorro vfaráode hum ardíl que os
go. ornarão hüa andorinha,que ccnfigo
tempo
faluou do peri-
}

auiaõ para efte ef-


reito Jeuado & lhe dcauaõ
} os filhos no lugar, donde pro c ura-
uao fer focorridos, & atandoJhe
nos pês hum £o, ou linha co
certos nos, peJlos quaes
fe dauaõ a entender quê dentro cm
cantos di as, em quea batalha
efiaua aprazada os focorreflfem
a deitarao a voar
, & ella fe deu também com o negocio que
c egpuao feu ninho a tempo, que entendendo os
a jgnin caçaõ do auifo
Romancs
ordenarão logo focorrer aos cerca-
os * uiralos da afr. ma, em que
dfauao Plínio Jib. io.
capi.
vfarà de ardis^O- ejhatagenus. io§
capícul 24. nac. hift. Píer, m Hyerog). lib. 22. cap. de hi-
rundme.
í. Com femelhante modo dc ardil,& por benefício de ou
tro animal fe liurou Tanger de algú deíaftre, & fobrefalco pe
ngofo que lhe ordenaua a fortuna em tempo do Cachohco
,

Rey Manoel fendo Capicaõ mòr daqueila Cidade o ef-


Don$>
foiçado D*>m Rodrigo de Monfanco fobre oqual fabendo ,

Dom Ioaõ de Meneies Capicaõ de Arzílla, que decia el Rey


de Fez com hum poderofo exercito com pcecéfaõ de a ganhar
daqUella volca,de que Dom Rodrigo jiaõ podia cer amfo fal-
uo por mar.& naócom canta prefteza que piimeiro o Rey
Mouro naó fobreíalcaíTe a Cidade Içmbrouíc que húa cadelia
de Tanger, que por eiqueeimcnco aly 'ficara a hum Cidadaõ
da mefma Cidade poderia remediar efta nccefsidadc &afst ,

lhe mandou húa carta aopefcoço (como os Romanos a


acar
linha nos pçsds andorinha) mu* bem encerada, am que o a-
uifaua da ida dciRey, &á boca da noute a fez pór na praya,
& aç tucala muito bem com o que fokandoa com a dor dos
,

açouces caminhou com tanta ligeireza para fua cafa Sc fe cu- ,

ue na jornada de maneira que chegou às porcas de Tanger a


tempo^ue Dom Rodrigo foy amíadc,& notando a nouidade
denunciadora de algum iecreco mifteno tomou a carta, por
onde foy auífado, & fe aparelhou com taco cuidado que fe lí-
urou delRey de Fez,& de feupoder com muito credico,& ho-
ra de fua peííba,Goes parc.i. cap 451, Oforio lib.2. MansDia
log.4-wp.17-
Em Flandes fe vfa muito deftes ardis, mas com pombos
(como diz Dó Bernardino de Mendoça nos Commencanos
dos Paizes baixos.lib,9.cap.p. foLi88.
2 Defte mefmo efl:ratagema,& ardil de guerra em diffe-»
rentes modos vfaraõ os Romanos vendofle cercados dentro
n ) Capitólio em R y ma de ccrc js Fran ;efes, que fe apodera-
ra ó p )r ar mas da Ci da Je Sc efperauaõ tomalos á fome vfaraõ
d: ardil, que lhes de^ as vídis Sc foy que algum pouco dc
,

O4 trigo,
Abecedario militar
tngo,& paõ (que fo para comer tinbaõ) o arrojauaõem
mo.:
do de defprezo dcciina do Capicolio nas tendas dos
inimigos
fendo aísique fe naõ podia diísímular entre os
cercados a fo-
me >
marauilhadrs os Franctfcs ua confiança,
& defprezo Rq
manocuidarao auer no Caftello prouifaõ de
mantimentos
que lhos arieoieííauaó no feu campo como
quem lhes daua a
entender q pedas armas, & naõ por fome
fe auia de concluir
a demanda ddiftiraõ do cerco, & fe
foraõ deixando o Capito-
h e efüa furiâ Liu.Dcc.i.- hb.y.
JL°
Ouzd. r ^ f
faft.d.
> Valer.Max. hb.y.cA. ' ^
Semelhante aconteceo aos Portugucfcs
noccrco.queo In-
íanre Dom Affonfo Conde de Bolonha/que deípois foy Rey )
posa -doNeo da Beira porlhoFernaõ Rodrigues
Pacheco
Alcaide mor do Caftello naõ querer
entregar por aucr deUe
íeicodromenagem aelRcyDom Sancho
o Segundo, ao qual
por fer rcmiftb & íxoxo no gcuerno
, de feu eftado foy pello
Papa a inftanoa dos Porcugoofcs dado por
Regedor do Rey-
:
na efte Conde*de Bolonha feu irmaõ o qual Conde vendo
,

que nao podia entrar os cercados determinou


toroalos á fo-
me, mas iuccedeo que nefte aperto paftou
hua aguia, que vi-
nha de contra a Ribeira do Mondego (que
perto eftá dolu"
gar voando por cima do Caftello
)
no qual deixou cair das
,
vnhas húa truta muito grande, a qual tomando
FernaõRo.
.dcigucs, & vendoa fer mofa a
mandou aparelhar & pór em
|)aõ de milho ( como diz o Chromfta
Ruy de Pina por naõ
ter outro) & a mandou em
prefchte ao Conde ao arrayal
ânandandolhe dizer que bem o podia ter cercado
quanto fua
vontade foíTc, mas que fe por fome efperaua
de o tomar que
viík fe os homens,que daqoélla vianda
eftauaõ abaftados re-
rraõ razao de contra fuas honras lhe
Conde , U
entregar o Caftello.
cs que o prefente viraõ ficarão
O
marauilhados de
ecmoaquillo feíTe & vendo que difterir mais o cerco cra per
dertempo de balde Jeuantouífe deílc,& o Caftello
ficcu hure
cgm eíte fingular eftratagema fendo afsi que os dc dentro
vfara de árdis>& eflratagemas. ioy
padeciaò grande fome ,
& neccfsidade ,
& na© podiaô durar
muito em fua conftancia ,
& com o que
cinhaõ â femeihança
do ardil dos R< manos cffeKCido a f us imigcs fe falua; aô do
perigo, Pina na Chronica delRr y Dom
Santho o Segundo
cap. 10. Duatte Nunes na mefma fcl^B. Corte Real no naa-
fiag.caw-L?. foi i^,
3. ItidjO Carthagoem focorro do exercito
Scipiaõ fobre
R -mano, que a Cidade tinha cercada fem a poderem entrar
por o muito esí. rço,& grande refiftencía quccsCarthaginé-
íes delia mofheuaó vfou de hum ardil fingular, que naõ que-
brou pouco oscorações aos cercados mandou acender mui-

tas fachas de fog o.& ataks nos cornos de muitas vacas porq ,

com aefeuridade da noute eRganaíTem a vifia dos inímiges^sê


prefumiífem ferem tantos os foldados como os fogos craõ,8£
aparecendo afsi de noute fobre aCidade com grades apupos,
& vozariapor dar animo aos feus.&r defmay o aos cercados po
de tanto feu eílracagema com os Caithaginenfcs que crendo
eftar fobre elks todo o Impetio Romano começaiaõ defpejat
os muros acomtos, & confufos do falfo excefsíuo poder de
Scípiao. Appian.in Afeie.
Do mefmo ardil vfou o Gouernador da índia Nuno da
Cunha no focorro da fortaleza dc Dio ( Capitao Antonio
da Sylueira )
que atinhaõ cercada os Turcos, & pofta em
muito perigo fem a poderem entrar. Mandou pois o Gcuer-
nador algüas fuftas em focorro com gente ,& munições ne-
eeflarias ,
& em cada húa fez pòr quatro fachos, ou lumi-
nanas em popa, & afldmando afsí àvifta dos Turcos hua nou
te fingiaõ comctcloseom grandes apupos, aJandos(& eftron-
dos de artelhatia sò por dai animo aos cercados com a vifta
do focorro, & com a efperança de outro maior, &efpanro,
& temor aos Turcos os quacs quando viraõ tantos f^gos en-
ganados com a efeuridaõ da noute, q o numero acrecentaua
crendo q outras tacas vellas como fachos vinh^õ de focorro,
& q coda a índia eftaua fobre elles fc fizeraõ à vella sc quer w r
prouac
Abecedario militar
f0,tUM COm ° S notr° s antes mar
aui JhaJos
.!r«f!c!c
t»nco esforço, com que os noffos defendendoíTe
de
offin diaó ou
dc s ”“ r< c ”"
U
2 ‘
dl COn, P° s dous ««os e
ft tem a d o sJ fe n d o
ÍlnuJof
gamado le os p
Portugucfeseraõ bons homens de p et*
poodeo que so os Porruguefes nerra> Ref-
que as outras nações fegurfle
pod.aó ter barbalro rofto t
mo
eftiIJo das mo Jhéres^dcMcN
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,
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u bo dafc.mo-
e disf.açadoem na-

foycfpUt 3 C,dadc de Tl °y*


fido & V« o ( ae "dia auia.quaõ
& conhecer o
Tf ° )
a que cra neceflaria,como
forte era, & a gente que
&
ti-
por onde para a cornar &:
í

deftrmr efcudrinhando feus


fegtedoi,
5c deffenhos cometa
baftüU P ara hrcil mente defpois fer

deílruida.&arrafada, Homerus in IliadeK
hoceíl lib.ro.
1 C ha
aftuCÍ f°y 3 dc Efteuaô da

oJn/n ,f r Garaa rpay do


e, Vafco
: da C auaCamaprirneirodefcubridor
InJicoJ fidalgo fa do Infante Dom
mandado for efp.ar em Afrrca a Vdlade
domar
Fernando, por cujo
An!a (que nòscha.
naPe ) * er ' a de feus inimigos
para a queimar & de- ,

fi d, ra
v!f Ç P aram òrdifstmuIaçaó (como fez ofa
andcffc
gaz VJyfiesj em veftrdos.Sí tra/os
a de «crcador andaua com
de marinheiro, â manei, &
as peças, Sc ferras de figos do Al.
garue,& paíla as cortas vendendoas
pella Vrlia para melhor
conhecer o fitro delia & notar, o que dentro auia, & que for-
ca eza era a fua,& nte para defender, &a que
g bafiaua para
feefcalar como defpois tomou, queimou,
&
deftruio o anno
de r 4 áS. em queomefmo Infante Dom Fernando pa/Tou a
cila
hfatâ de ârdis,& eflratdgemtts. i io
;lla com hüa armada ,
como efcreueGoes naChronicado
Príncipe cap.17.
6 Procurarão Capitaõquc os foldados naõ façaõ dano
a oucrem.porquc he preceito de natureza o qual foy fempre
,

cammal guardado fendo tan? neccíTarío para a conferuaçaõ


da concorda que em nenhúa coufa deue auer mais feuerida-
de, # rigor flue na obfèruancia das, que debaixo defte precei-
to fe comprehendem porque defdo princípio do mundo fe
,

viraõ nellegrauífsimos danos, que ínjuftamente hunshomés


aos outros fe fizeraõ, & fazem decontino ccm.moices & af-
t

ffontas coufas.quc ninguém queria que lhe fizeflem, com as


quaes todos ©s Eftados, & Congregações de homens fe arrui-
naõ'& com aconcordia florccem # afsi querendo Alcíbia-
,

dcs leuantar Athenas quafideftruida a primeira coufa que


,

procurou foy aconeordia da Republica dentro de fy mefma t


com que a tornou a muy profpero eftadojde que temos exé-
pio no Apoftolo Sam Paulo, o qual cfcreuendo aos Roma-
nos lhe amoeftaquc naõ tcnhaõencre fy contendas, nem dif-
fcrenças r # ainda que feja de ordinário ífto viciofo, # dig-
no de fer reprehendido do Apoftolo, & como a concordia fe
na5 pofíaconferuar aonde fe fazem os homens huns aos ou-
tros dano, pois o contrario da'concordia he a difcordia, # ef-
ta confte em offenderem huns aos outros, & aonde fe naõ
fe
guardar efte preceito de naõ fazer dano a outrem naõ pode
auer concordia, pois aonde fe quebra neceflariamente ha de
auer o feu contrario,# como a concordia confifte na igualda-
de,# vniaõdas partes.què formão qualquercorpo deuefe pro
curar que os foldados,# ofíiciaes entre fy eftem concordes, v-
nidos,# igualmente gouernados,porque elles faõ as partes, de
que fe forma o corpo de hum exercito,# por iífb diíle Demc-
trio, que afsi como nos edifícios quando debaixo de hum te-
õto, # de huns íós liames fe comprehendem as cafas aquell
las,que juncamente eftam vnidas duraõ mais, áfsi o txercico
oude todas as coufas homem porhomem diligcncememe cõ
vnida
Abecedaric militar
vnída vontade fe ordanaõ fa faz mais dmauel,&
firmé afeia •'

Cjneordia.K vniaõ daspartes.queformaó


qualquer corpo o
faz mais poderofo.fc firme, & fc afta
faicar no exercito naõ
po-
dera clle durar.nem preualecar contra feus
inimigos & por-
que fe nao podara alcançar eíta vniaó.Sí
concordia no exer-
cito hc neceflario fe guarde efte
preceito de naõrfazer dano
a oucrem.
f

7 Conuem muito pata húa Republica fe conferuar


crecer em forças obferuar
&
conferuar a inteireza
,
fce
naõ fó as
leys politicas.mas as leys,& preceitos
militares, porque a obfer
uancia das eys políticas vnindo osfubdítos
faz hum sò cor.
po da Republica, qual vn.aó he húa
a grande força delia, mas
fe quando chegar a fazer guerra
for negligenten a obferuan-
eia dasleys.&preeeitos militares
naõ bailará para fe defender
a obferuancía das leys politicas,&: afsi
dizendo
Valerio Maxi
mo o medo com que o Império Romano fubira
à grandeza^
d,Z: A ora virc * os a » atar
do principal ornamen-
arrimo do ?Impeno Romano.queatègora
.
to.St
com faudauel
perleuerança dos Romanos fe manteue
fem erro inuiolauel,
que ne a feuera 8c rigida obferuancía das
,
ordens militares,
emeujo reg.iço,& protecção fc confetua
ofereno.&tianqui;
eirado da bemauencurada paz
, poisa obferuancía das
afsi
,
eys.ít preceitos militares foy sò,a
& engran.
que conferuou,
deeeoaqnella Republica; bem fe vè quam neceffana be para
a conferuaçaó‘& grandeza de todas,
& afsi como as leys poli.
ucas íe inílituem para conferuar em
concordia;aos fubditos.
oblertian doire conferuaõ vnidamente
a Republica, as milita-
res acrecencaò as forças
na guerra , pello que obfetuandoíTe
ficara o exercito muito mais poderofo
quando fucceder fazer
guerra.Sc porifíb diz Tico Liuíoque
quando Papírio procu-
raua condenara Fabio por quebrar a
ley que lhe tinha podo
de nao dar batalha fem ordem fua
fe confirmou o Império
militar comocom amoite de Manlio,8c
não quíz dizer que
reconfirmou o Império dos Capitães com os
foJdados porq
alie
vfara de ardis
cfiefe tinha ja
& efiratagemas.
bem declarado em outras muitas acções, Mas
I 1

diz que fe confirme u fuzendoíle durauel corjo aqueJla obfer-


uancia dc Icys, & mefíreu bem fer cfte feu intento dizer quo
fe confirmou o Império militar com a morte de Manho o ,

qual foy condenado à morre por feu proprio pay, porque ti-
nha mandado que nenhum foldado combatefle em fingulac
defafio comqos inimjgos,& fazendoo Manlio(ainda que alca-
çou a vi&oriaj executou nelle a pena de morre.a que o condo
nauaa ley,q tinha feito,& bé fevè q naõ moftrou mfio tanto
o poder do eargo quanto a feueridade de juftoj & feuero juiz,
obferuandocomo deqia a ley,pois fendo feu pay fem o Impé-
rio da guerra ocinha fobre elle,porq em Roma por ley de Ro
mulo podíaõ cs pays condenar os filhos â morte fem os Ma-
gifiradosccmo diz Dionifio Halicarnafsío & em Valeria,

Máximo fevè nefia ley executada dizendo que Cafsio por-


que feu filho fendo Tribuno fe obrigou ao pouo com ambi-
Cjofcs modos &foy oprimeírojq proposa ley Agraria depois

q deixou o Magiftrado ajuntando em caía os parentes^ exa


minando a caufa o condenou à morte, & lha fez dar & afsí .

pois cõ a feueridadejde Papirio contra Fabio fe confirmou o


Império militar como com a morte de Manlio naõ quer di-
zer fenaõ que fe fez durauel com a obferuancia , que todos
daly por diante tiueraõ das leys militares, pois com canto ri-
gor as viaõexecucar, &
como o Império da guerra fem as for
ças fenaõ poíla conferuar eftà claro que a obferuancia das
k ys lhe daua aquellas, que baftauaõ para preualccer contra
os inimigos,
8 E no que Tico Liuio diz quando conca a eondenaçao
de Manlio fe mo fira queífto encende dizendo efia feueridado
foy dc grande vtilidade . quandq fe deu a batalha afsi ,
&
dizia Ciearco que os foldados auiaõ de temer antes o Capi-
taõ quéos inímigos^orq osque temerem o Capitaõobferua
ramas leys milicarcs,& afsi fe acrecentarà a força doexerci-
cíco, & por iflo diz Salluftio que mais vezes caftígauaõ os
Roma-
Abecedario militar.
Romanos na guerra a aqueiles, quêcô.baciaõ contra a ordem
valerofamence,&: aquclles, qne ao recolher mais carde fe eci- r

rauaõ da batalha qus aqudles,quc deixauaõ as bandeiras , ou


que naõ podendo refiftir aos inimigos lhe cediaõ o lugaq
porque cinhaõ por maior dano naõ obferuar as leys milita*
ies,que ferem em algfías occafiões inferiores,
f
U \\ fto fe mo.
ftra bem quetinha© por maior a força da obfcruancia das
leys, que a da fortaleza dos Toldados pois delia faziaõ mais
,

cafo,que das vi&orías.que comdefobedienciaalcançauaõrpel


lo que a Republica,que obferuar com inteireza as ley* mili-
tares na paz,& na guerra ferà muito poderofa digo na fpaz, :

porque fem ellafenaõ obfcruarem a obediécia aos mínimos


preceitos da militar difciplma fecá difheulcofo fazer que as
obferuem na guerra, aonde o temor, & trabalho peuurbaõo
animo dos homens: porque afsí como osCeos cem dous pótos
fixos fobre que fe mouem conferuando o mundo com feu
,

mouimento/em o qual pereceria Do mefmo modo as Ref.


:

publicas cem outros dous polos fobre osquaes mouendofle


,

continua, & vniformemence feconferuaraõ ; Eftes faõ o pre- í

mio,& caífígOj&afsi difle Solon que eftas duascoufas confer.


uauaõ a Republica, 5c nenhua fem ellas fe poderâconferuar.
9 E para a milicia cec bom efFeito farâ o Capitaõ lançar
bandos, & guardalos fepu fallencia que porque era bando, o
:

que condenaua a Manlio foy nelle por feu pay mandada exe
curar a pena difcu pando eíle rigor fua mefma obediência,
?,

porque fendo mancebo na fegunda guerra^, que os Romanos


tiueraõ com os Gallos defafiando hum delles ©s Romanos a
fingular batalha naõ quiz eUa-fem licença doConful
fair a

que parece deuia fer deitado bando que nenhum foldado cõ-
baceíTe em particular batalha. Também era bando o de Tí-
to Quinto Cíncinato mandando quando o fizeraõ Ditador
que codos os Toldados fe prefentaíTem em cerco dia com. comi
da para finco dias, 6c doze pao^ daquelles com que encam fe
,

forcificauaõ os alojamentos : 6c do meírno modo no confli-


to
11
yfaia de ardis,& ejlratagemas.
que Fabio
ao dabatalha feriaem os bandos como fe vè no ,
Ambufto mandou deitar combatendo a Gidade de Anxur pu
no femor da batalha que naõ mataífem fenaõ aos,
bheando
que dei-
que tiueflem armas: Efíe bando lheaproiicicou tanto
mais refiftenc ia
tando os imigos as armas por terra foy fem
entendem por aquel-
ganhada a Çidade, &afsios bandosfe
las coufas.que no autuai tempo da guerra
femandaõ publi-
car ao fom de atambor, ou trombeta.
Quem bem coníiderar difeorrendo pellas hiftotias an
i'o.

vera mais vi&orías alcançadas pella prude-


tigas & modernas
cia
}

,
& induftria dos Capitães, que pella força ,
& armas
Vi
dos foldadcs. E afsí fe verá fó com a prudência prcualecer
riato pobre Português contra os poderofosexercícosdos
Ro-
manos^ por iífo dizia Sertorio que mais valia o ingenho § ,

as fo; ças, o que muito ordinariamente íuccedc


na guerra , &
afsidiz Poltbio que nas coufas da guerra faõ de menos
impor,

tancia aquellas.que maoifeftamentc,& com violência fe


faze,

que aquellas,quecom o engenho, òí cpportunamente fe poé


em ettvito.
moftraraõ agora asconíiderações^ cautelias,
Pelio que fe

que ^ra vencer os inimigos fedeuem fazer procurando an-


tes a ví&onacomo bomconfeiho ,que com as forças,
pois

[como dizPlutarcho) fendoos Lacedemonios beilicoíifsimos


eftimauaoOanto maisasjrt&orias, que com o ingenho , enga
nos, 5c perfuafoés alcjmçauaõ que as,quc Jhe dauaõ a força, &
violência que facrificando neftas hum gallo, em honra das q
o ingenho lhe dauafacríficauaõ hum couro^ afsi dizia Cefai:
que elle era do mefmo parecer contra os imigos, que os bons
Médicos contra as infermidades do corpo que afsicomo
,

muitos querem maisfararos corpos com dieta, & bomRegi-


mento.quc com violentas medicinas el!e queria antes íugei-
tar o inimigo víuo com aftucía que morto com o ferro
,
S£ :

S ipiaôera da mefma opiniaò dizendo que o bom Capitaó


ha de fer como o Medico, que no extremo vfao feno & o ,
Abecedario militar
fogo:|ifto moílra Políbío.pocquo contando que os Acheoj
denunciauaõ as batalhas aos inimigos &
0 lugar onde auiaõ
,

de combater naõ fcferuindo de armas de arremeço, nem fe-


crecasdiz, 6c agora naõ fecem por bom Capicaõ, que faz ma
o
iiifeftamencealgia coufa das tocantes á guerra 6c por ifTo
:

diz Yegecio que os Romanos craziaõ na bádeir^das Legiões


o M mocauro » porque afsi como elle cftaua efcopdido no La-
biíincho deuc o coafelíio do Capicaõ cftar fecreco dencro do
jfeu penfa mento. Pcllo que eonuem que o Capicaõ procure

chegaras fuas emprefas ao fim quoprccende cora as cauçcl-


,

las^ bom confelho ances que com as forças, o que hc muíco


mais feguco, 6c cerco, porque defte modo nunca fcauencuraõ
todas as forças,&: cometendo o inimigo quando o naõ cfpera-
ua,ou quando eftà mais defeuidadio fica mais certa a vido ria
que quando elle eftiuer preuenido,& afsí ante vendo codas as
coufas,& prouendo com bom confelho o neceffario fe poderá
fem manifefta baralha alcançar a vi&oria: pois como diz Ho
xodoco o fim das grandes emprefas confiftc no bom cõfelhoj !

E por iíTo diz Pcíibio que fe nós naõ coníiderarmos codas a-


qusllas coufas que fe podem ance ver como naõ diremos que
perdemos muitas por noíTb defeito? Pello que confidcrando
o Capítaõ tudo, o que lhe póde de bem , ou de mal acontecer
preumindoíTe com o bom confelho confeguirà profpero fim,
6c fugirá dos males que podia padecer }
,
&
afsi aconceceo aos

Cafsianosjporque fendo em duas batalhas vencidos pellosPer


fas vendo que as forças lhe naõ aproueitauafõ valendoíTe do
ingenho,& confelho os desbarataraõ com húa embofeada 6C ,

diz Herodoco que naõ ficou nenhum viuo. Mas para melhor
fc alcançar o que conuem para efte fira fe cratarâ particular,
mcnce dascoafiderações neceíTarías para vencer com omge-
nho,& confelho antes que com as armas.
11. Para chegar per efle modo a guerra ao fim, que fe pre-
tende feconfi Jerarà a natureza, &ammo dos nacuraes da ter-
ra donde fe ha de fazer a guerra a condiçaõ , 6c natureza do
,
Gene-
e&ratagemas. 1
vfarâ de ardis 1
qualidade, & poder dofeu Exercito.
General dos inimigos, a
confidcraçac nel
& quanto à primeira
.

ti o fino da terra ,

guerra fc ha de fazethc
fe deue cpnfiderar
b a gente onde a
nouldades, & pouco conft
de natureza ligara, amiga de
nao con;
Plutaicho os inconftames
es porque ( como diz )

podetam facilmente com elperan-


fero 16 a mi* ade , fc afsi
aliança dos inimigos como Am-
ca de futuros bens tirar da
Italia , pois por efta razao <o
bat fez a moitas Cidades de
porque diz T.to L.uio queerao os
lhe entregou Capua ,

amigos de nou.dades : fc
ligeiros, fc
Capuanos de an.mos
tres Tarentmos lhe. entrega-
leuadjs das mefmasefperançjs
íiroelle no priocipio da guctra vfou
rão Tarento, fc por
nclla ptend.a o que he ccufa de
de clemência com os que
,
,

natureza, fcafsi foy de tanto


muito effeico com gente defta

proueito a Scipiaò a clemência, eõ que tratou os Hefpanhoes.


prendeo em Caubagena de Hefpanha.que por ella fe lhe
que
quaes fe naõ fora a éfperança, que
ren ieraô nmiras terras, as
d c lhe daua de futuros bens naõ deíxaraõ a amizade do s Cac
thagmenfes, & que es habitadores de Hcfpanha fofíem entaã
de ligeira natureza fe mo fira bem com as mudanças que »« ,

Príncipes delia mu*


zeraõ fndabíle, 6j Mandomo os maiores
dos Caithaginenfes para a
dandoffe húa ‘vez da amizade
dos Romanos & rcbelandoffe dos Romanos dahy a pou-
,

co tempo fem cer cauía para illo : 6c afsi a clemencia ,


com
que Scipiaõ começou a ceacar os Hefpanhoes dandolhe efpe-
rança de futuros bens os trouxe quaíi todos a fua amizade,
para o que cambem ferá de proueito ter homens de
refpeico,
eípalhando por todos os imi-
& credico^ue fecreramence vaõ
gos peomeftas dos que pòdem efperar eotregandofte ao
,

goue. no,dc quem procura conqmftalus Sz © damno, que do ,

lefiftir fe lhesíeguírâ porque com gente defta natureza faõ


,

podecofas coufas a efpcrança do bem , & o temor do mal.


E
afsi deraõ o Império a Bafsíano que defpois fe chamou
,

p Aruo-
Abecedario militar.
Antonino os foldados, quefecretamentcefpalhauaõpel-
lo Exercito efperanças degrandifsimos prêmios dos quaeS
,

perfuadidos o leuancaraõ por Emperador & íft 0 mefmo


,
aproueícou a muitos, que o foraõ por ferem os ânimos de to-
dos os Toldados Romanos naqueJIes. tempos cam amigos de
nou idades & ligeiros como fe pode conhecer peilas mui-
,

tas mudanças, que Ezeraõ de Emperador cs pois fe o re-


;
mor dos males faz. o mefmo effeico em Seuero ic verà que ,

lendo odiado dopoap Romano : o qual tinha feito a lulia-


no Emperador pelio temor que d e feu poder tínfeaõ ma-
,

tando Iulia.no fe acoflâtaõ a elle ainda que defejauap mais


}

obedecera Nigro, que no Oriente fe tinha leuantado com


nome de Emperadoç:&por i/fo Sertorio fendo mais piadofo
que cruel ('com o eícreuem Appiano, & Pluta.rch.oJ ueimo
q tf
hüa Cjdade em Hefpanha a viíla. de Pompeo porque com o
temor de femdhante crueldade fe lhe rcndiflem asm ais af
íi ferá de muita importância com gente defta
natureza darlhç
cfperançade futuros bés fe fe réderem,& pòr nos feus ânimos,
o temor de grandes males refiílLndo,para o que he necdfano
traralos com clemencia ao principio da guerra,& mãdar ho-
més que fecretamécc perfuadaõ eílas coufas,& para iílo ter me
lhor c fíei to fe ganhará algr.a praça forte, & arrimandofe com
o Exercito a cila fe deixará eftar,& dali fe tentaram com dadí
nas & promeítasas peííbas.que entre os inimigos tiuei é algum
poder, & junraméte homés de menos conta, que cambem faQ
muitas vezes neceíTaríos para os auifcs & elles cofbumaõ fet
,

cs.meyoSjCom que fe acrahem os de mais impoitancia,& pô-


de fucceder que fem mais guerra deíle modo fe acabe a que fc
começou; como Míardonio acabara a que fazia a Grécia fe
tomando o çonfelho des, Thebanos fe deixara eftar junco a
Thcbas com o Exercito tentando porefta via aemprcfa,que
com a batalha perdeo.-porque como os Thebanos ccnheoao
a. inconftancía dos Gregos por ella fer a que deíUuhio a fu a
1jfara de dY(lis i &' tfiídtógGtttâS, II<|.

Plutarcho, & Iuftino )


potência *( como efcreuem Hetodoto,
efperauaõ vencellos com efte modo mas em :
íezuramente
quando fe aja de
quem defende hé tilo ao contrario, porque
femelhante gente he necef-
defender algüa terra habitada de
fano confirmada na fé por todos os modos pofciueis , dos

quaes he oçpielhor, & mais feguro, obrando ,


& affabií gouer-
fegnro o
no porque {como dizSencca) naõ tem R;yno
defamado, & a juítiça, Sc brando gouerno he o
me.
Príncipe
para ganhar as vontades dos fubditos Sc por líTo
lhor meyo :

diz Stobeu que as leys conuem que fejaó afperas ,


& riguro-

fas, mas o gouerno, que


por eilas fe fizer brando ,8c piadofo.
He também de naõ menos importância para ganhar, & con-
firmar as vontadesdos fubditos hum animo grato & liberal, ,

remunerador dos fctuiços.que lhe fizerem porque aos


libe-
que vendo a
raes nunca faltaõ amigos como
mofttou Anato,
pacriaem difcordía donde fe temia vir a poder de algum Ty
ranno como tè entaõ eíhuera entendendo que sò na liberali-
dade eftaua o temedio delia alcançando grande foma de di-
nheiro de Pcolomeo Rey de Egypco o diftribuio pellos feus
oacuraes com o que lhes ganhou as votades^ aquietou os ani
mos a1terados,& pcllo côtrario o Príncipe q envlugar de fa-
,

zer merces carrega de ttibucos os vaffallos eflâ muy artifcado


a fe perder como diz Appiano Alexandrino q acontecera a
O&auiano fe Marco Anconio pafíaia em Italia quando clle

tinha contt a fy codas as vontades dos moradores delia pella


pè!ta,que lançou paraefia guerra, mas dilatando Marco An-
tonío a jornada pode cl c cõ a bradura do feu gouerno.& m^r
ces,q a algüs fefc confirmar os quaíi rebellados ammos,&afsí
fe defcnjeo,& effendeo ao imigo como fe fâbc,pelb q
quado
de antes q os imigos comecem a fazer guerra fe naõ trnh^ cq
o bõ,afFabil,& brando gouerno, & liberalidade ganhado as võ
tades dos fubditos temendefle a guerra conuem com eftaS
:

coufas confitmalos na deuida obediência que pofío que feia


Pz diifi*
Jbecedario militar
difjficuJtofo ganhar com pouco tempo de benefícios as von-
cades,que em muíco decyrannia fe perdei am he eíle melhoC
meyo. Porque o que por temor íie obedecido felohá cm
quanto fe naòeiuer occaííaõ de o defobedecer & pello con-
trario o pouo que ama aos Pnncipes em nenhúa oscafiaS
,

defobedece, & fe com rigor, os quizetem opprím^. & forçár


como codo o violento fé corrompe eíla mefrna força os obrí
garà paia que em rendo occafiaó fe Lurem deita como fe ,

vio no Império êc morre de Maximino que fazendoíTo


> ,

obedecer por temor ainda que todo o Império temia mui-


,

to o feu poder, &?. crueldade como o defamaua ém tendo oc-


cafuõ para fe rebellar cem a eieíçaõ de Gordiano
feito Em-
pe iador na Líbia todo íe rcbeliou de foite que vendofíe os
feus foldidos com todo o mundo por inimigo elegerão
por
melhor partido matai.lo, que defendelo, E afsi com brande*
& j )fto gouerne premiando os feruiçcs dignos de merces cõ-

firmarà o Príncipe,
ipe, ou Capitaõ animou dntfuhHirnc
Canirao os ânimos dos fabditcSg que
ha de defender & o haô de ajudar, Mas íe a gente que fe hadfl
coaq iftar,ou defender for de animo confiante & amigado
,
feu P inctpe, fera neceílario a quem conquifla valerfeda for-
ça &c uifciplina militar como Ambai no cerco de Sagunto, q
ate atm> desfazer com a forç a naõ pode fugeicar & quem
i
,

deíen le tae&fubJiros terá necefsidade de menos diligêcia em


os confirmar mas huns,& curros deuem procurar confeguir
íeus intcnc* s com os modes apontados.
il Coníidcrar a narurezM,& condíçaõ do General he de
tãn importaria como fe experimentou na guerra os Roma
q ;

nos ciaeraõem Italia cõ A nibal>& na de íugurcha em Numí-


d*a,& em outras muitas de as hidorias Gregas &Latinas fa-
q
zé meçaõ E afsi defpois de teré os Romancs recebido algúas
rotas de Aaihal conheccdo o Senado a fua cõdiçaõ cn?êdia(co
modizTiro Liuio)q cõuínha bufear cõtra cllc Capicaô,qcõ a
mefma arte fe gouernaíle & o mefmo acontcceo a Metélip
,
'•ofiira Je ardis, & eftraUgemas. x15
foy pouco fslice nella em quã.
tu eactta lugurthin» parque ,

natureza, &: condição de Iugaccha. ec eo-


co naó conheceo a
afsi Vegeeio tem por ucilibim*
nhecendoa o desbaratou , SC
confi jeraçaõ efta do
General cncomendandoa como hua das
a guerra a profpero fim.pello q«o
principaes caufas de chegat
conhecer a condição do General
fendode tanta importância
exemplos fe vè ; fed.ra em pait.cukt
o
/como por eftes ,

o modo como coníor mc a


que delia fe'deue conliderar &
vencer, coníiderarf-ha fe he arrogan-
ella fe procedeti para
temerário, fe he prudente aftuto,
te incon liderado Sc ,
,

ou
comido animofo quando conuem,
fe he cubiçolo ,
8c
dos mais defeitos apontados Se foy ar-
fe eftà liure defte, SC
«temerário facilmente fe enganara
rozanes inconfiderado,
aflamin.ojao Lago Tia.ymeno, que co-
como Aníbal fez
natureza fua para o cegar da paixaõ te que o le
nhecendo efta
vencido deftruh.o a fua vifta
uaíTem a fer,como foy roto, 8C
Fnet Foi, Sc Arefo , Sc afsi lena do da fua
todo o tecritono de
atiçada com efta índuftiía veyo cótra o parecer de
condiçaó
aguatdar pelloCollega
todos os q o aconfelhauaõ fem querer
a dar batalha onde Aníbal tinha feito húaembofcada, cóquo
o rõpeo alcáçando avi&ona,q fez mais celebrado oLagoTra
íimeno, 8c afsi cô tazaõ diz Plucarcho,cj os homés defta
natu-

rcza.ic cõdiçaõ facilméte caé cm todos os enganos, 8: ciladas

do iai(i)igo,8C ó muitas vezes defprezádooscõfelhos proueíco


fos faõ caufà„de'fua tuinaipello cócrafemelhãtes Capitães fe
q
deue fazefa guerra como moftra o exéplo referido dandolhe
oceafiaõ pata acender o animo furíofo nodefejo da batalha,
8c logo offerecetlha onde com fecreta
cilada fe tenha por cer;

ta a vi&oria. E porque Aníbal fe fabia


aproueicar da arro-

gância de alguns Capitães Ronunosalcançou em Italia tan-


tas viíbrias que efta caufa lhe deu cambem a de
Ttcbia,
porque fabendo por fuas efpías que Semptonio Collcga de
Seipíaõ eftaua arrogante ,
8C defejofo da batalha pélla
viítoria, quetmera dehúa bunda de foLdados, que encontrou
- - •
‘ .

p
* " carte-
y
Abecedario militar
carregados de defpojos determinou em quanto Scipíaõ
nao
podia continuar pella falta de faude cora o exercito de o in
citar a dar batalha onde com o engano de húa embofeada
o venceíTe,& afsi mandando pòr em cilada Magon com a Ca
aallaria, fez fairosNurpídas a efearamuçar diante do exer-
cito de ScmproniOjO qual fem mais confideraça^como efta-
ua defejofo decombatcr íahio logo com todes os Toldados, &
afsi mefmo A mbaljO qual no feiuor da batalha fez retirar os

feusté que Magon fahio da embofeada & desbaratou eom a


,
fua chegada o inconfiderado Sempronio
,
& o mefmo acen-
teceo a Mínucio,que tendo igual authoridade com o Ditta-
dor Fabio Máximo eftando arrogante, por hua frefea vi&oria
que tiuera dando batalha inconfideradamente de todo fe
perdera fe Fabio o naõ focorrera & Marco Centurio fey do
,

mefmo modo desbaratado por Aníbal em Lucania por fer


inconíiderado, & temerário & afsi o Capita© defta natureza
,

fe vencera cora os eíhatagema$,& ciladas, cm que facilmente


cairá fazendoo com manha, & arte cegar da natural paixaõ.
Efta confideraçaõ deue fazer afsi quem conquifta, como qué t

defende, que ambos fe podem aproueicarda condição do ini


migo: pois do mefmo modo quem defende póde vfardos en-
gands,& ciladas que quem cenquiíla & afsi cambem he co.
; ,

nwra a ambos confiderar como fe deue combater cõtra oCa


pitaõ píuden£e,aftuco,ammofo:pO']S do mefm© modo, que Fa
bio Máximo, & Marcell© defendiaõ Italia do prudente, & fa-
gaz Aníbal conquiftou Metell© as terra*, que o aftutifsímo Iu :

gartha defendia. PeJlo qud conhecendo no inimigo tal con-


dição afsi quem conquifta., como quem defende deue efiar t

tam aduercido,& acautelJado que nem o inimigo o pcfía to-


mar defcuidado,nem oseftratagemas meter tm algum perigo,
do que nos mefmos Capitães temos bellífsimos exemples,
pois Fabio eftaua tam aduèríidò cómo fe ve quando Anibal
fe faluou com o efhatageraa- dos brys que fendo de neute
aaõ conhecendo ninguém o engano, que © inimigo fazia elle
o en-
vfaia de ardis,& ejlratagemas.
116
encendeo, & coda a
noute efteue com o exercito ordenado
& afsio inimigo nunca o podia achar
•orno para combater ,

delacentadamentenosen-
íefapercebido.ocm fazer quedèffe
a n os que
lheocdenauacomo fe vío quando lhe mandou hüs
-eitos Metapolitanos
com cartas dos mais principaes da ter-
quererlha entregar que fe naõ mouco
ça em que lhe dtziaó
que
cotneftaafperançaceqae naõ foube pellos agoureiros
Aníbal, mas andando iempre lobre ellcr
cea eftratagemadc
lhe fazia mais dano do
que recebia com calpiudencia, & va-
l 0 r que recebendo
húa vez. dano dos inimigos tornou logo
que diíTe Aníbal que combatia
«o outro dia a fazerlho. pello
vencedor naõ o deixaua repoufar,
cotn tettibel Capicaó.que
repouíaua. E atsi diz Pofsidomo que Fabio
& vencido naõ efpada de Roma. Pello que
efcudo,& Marcello
foy chamado
Aníbal fe deuecõ-
com inimigo da fortaleza, Bteondiçaõ de
batet com muito tento andando fempremuy precatado, &
naõ repoufe.nem o deixe tepou
tam felicito que como Fabio
far vfando cambem dos mefmos enganos.com que elle faz a
guerra como eftes Capitães faziaõ :
poísfe Aníbal com en-
gano ganhou a Tatento cambem com engano o recuperou
Fabio, par quem elle entam difle que também os Romanos
tinhaôofoi Aníbal. E fe desbaratou muitas vezes os Roma.
nos com eftratagemas com elies o tompeo Marcello como fe
vio em Nala.que entendendo que os Nolanos eftauaõ deter-
minados, porque tinhaõ ptacica com Anibal de lhefaqueat
,

os bagages.faindo elle da tetta onde eílaua alojado a dat bata


lha aas Cacthaginenfes mandou cerrar as porcas, Sc ordenan-
do o exercito dencro da terra mandou que todos os naturaes
delia fe retiraflem.K fe naõ pofe.Tem fobre o muro, Sc enten-
dendo Anibal por eftasdemonftraçóes que combatiaó dentro
da terra chegou fe com o exercito cuidando ganhallaimasco-
mo efteue perto foy cometido por húa parte do exercito da
MarcelIo,& logo por outras duas partes , que tomando em
meyo osCarthaginenfes os desbaratataõfazendoos fugir aos
Âbecedario militar
alojamentoscom perda de finco mil Toldados & afsi também
Metello vTando da mefma arce delugurtha venceo porque ;

conhecendo que naõ podia vencer a Iugurtha com as armas,


porquceUe com os Teus enganos, & eftratagemas lhe fazia
mais dano, do que recebia vokoufe a fazer a guerra com os
mefmos enganos & eftratagemas , & afsi o p*>de vencer
,

mcftrando que para vencer os aflutos, & prudentes Capi-


tães dcue o que contra elles combate fazerfe da Tua natureza
ainda que a tenha differente & Te elle com enganos &
, .

ciladas faz a guerra vfar do mefmo modo andando tara


precatado que naõ caya nas que o inimigo Jhc armar
,

kguindo o exemplo de Gayo Fuluio que feruindo de Le-


,

gado na guerra dos Tofcanos fendo Fabio Máximo Di&i-


dor querendo os inimigos enganallo com hum eftratagema
o naõ poderão fazer deíeobiindoo elie com muita prudên-
cia,
porque eílando metidos os inimigos entre as*ruinas de
hum Lugar deftruido que ficaua perto do feu campo man*
,
í

daraõ alguns Toldados em habito de pa flores com algum :

gado a hum prado , que ficaua entre as cafas 5e aloja-


,

mentos dos Romanos para que fatndo álguns a lho querer


tirar foííem cometidos pellos,que efiauaõ ria embofeada, mas
Gayo Fuluio naõ quiz que ninguém faíífe a elles pelio que
;

Te chegarão mais aos alojamentos dizendo algúas palauras


aos RomanoSjCom que os moueraõ a defejo de os cafligar , &
H pedindo licença ao Capitaõ elle mandou que efeurafiem os,
que encendiaõ a Jingoa fe conformauaô as palauras ]com os
habkos^u fe eraõ os hábitos paftoris ôrellas dehomensmili-
tares,& polidos, & fazendoo afsi conhecerão que eraõ Tolda-’
dos,com o quefe mamfeftou aos Romadcs o engano: &r afsi
eílando o Capitaõ adoertido defie modo para fe naõ deixar
inconíideradamenre mecer nos enganos, que o ímigo lhe fi-
zer, St procurando fazerihe a guerra com os enganos.com q
elle a faz com tanto que fejaò licFosj naõ deixará de ficat vi-
píoriofojmas fe o Capitaõ for cubiçofo feràfacil de render,
'

pois
vfara de ardi^te- ejlratagemas.
i\j
pmFafri como naó auetà coufa que hum
doente de ardeintíC
íma febre naõ dc por hum púcaro de agoa hum cubiçoío, q
feabrafa na febre da íua cubica naõ
aueiaccufa.quc naõ faça
as trai-
por matara fede delia. E afsi fe eíperem delle todas
ções Si maldades , que os homens podem cometer
,

por iífo ò% o Meftre Koedina que os filhos defta roim mãy


enganos periuiios inquict?çaõ violên-
faõ traições ,
, ,

deshumaniaade crueldade & pello que fe pode ter


cia, , ,

dc fazer cometer todas eftas coufasao cubi-


fegura cfperança
çoío pdla facísíaçaé de feu appetíte & afsi ao Capitaõ de-
>

ita natureza fc comprará cem


ouro a fê , que deue a Tua pa-
ou íeja conqui.
tna ou ao Príncipe , porque faz a guerra ,

que lançou do
ftando, ou defendendo como fez Tendes,
território de Acbenas o exercito dc$ Megarenfes ,
& Lacei
demoníos comprando com dadiuas a fé de Ckandri-
da guerra a Pli-
des dado por companheiro no goucrno
porfer moço Sc do mefrno
ítonates Rey de Lacedemonia :

Iofepho) liuraraõ c$ Hierofolimitancs


modo ( fegundo fe

de alguns Capitães dos Romanos.porque conhecendo


nelles
a orde
eftavil condição comprarão com dadiuas a paz contra
que tinhaõ para fazer guerra, mas nefte tempo fomes depare
cer que todos fé tente por efla via,porq defpoís que
Agefdao
morreo.q naõ quiz aceitar a grãde copia dec uro,q elRey de
Perfiajlhe mâdaua porq deixafle a guerra de Afia naõ vimos
outro,'que fizeífe o mefrno antes fabemos muitas emprefas s

que por efta via fe acabarão, & fe Plutarcbocfcreue.ra nefte

tempo com maior razaõ diíícra que o ouro applieado dcfto

modo cra o neriio da guerra: pois achára poucos peitos, a


que cllenaõ rcndeffe. íâ Lícurg© entendia ífto quando de-
fterrou de Lacedcmonia o ouro, ôijprata. E niftole.v.è quãçò
maior poder elle té agora pois cometendo cominuamete gra
uifsimas maldades fazendo injultiças aos homés, traições aos
Rcys Si aos Reynos naõha quem o defterre, fenac muitos, q
o abracem, & fefepódedizet o adorem/i pois agora hetaõ
çj

p p°de-
j
Abecedario militar.
poietofo tentetnle eotn eile os Capitães ainda
qae conhect-
damsnce fe naó tenhaõ por cobiçofos porque fe húa gora
: da
agoa paíTa com os feus brandos golpes a dura pedra
bem fe
pode efperat que cm breue tempo com os duros golpes
da ca
beça fe penetre o peito de qual quer homem. E afsi
adui rra o
que quizer fer digno do gloriofo nome de bom Capitaõ,
que
entrando nefte cargo ha de deixara cobiça em
quanto o ad -
mmiftrar. Sen do Lífandro Cap-Kaõ de
Lacedemonia man-
doulhe Díonifio cyranno de Caragoça
dousveftidos riquif-
Jimos para fuas filhas, os quaes clle naõ qmz
aceitar , 8c fendo
mandado defpois por Embaixador ao mefmo Ty ranno man
dandoihe clle doas vcftidos para que efeolheíTe
qual lhe con-
cencaíTc para hua filha fua tomou ambos
dizendo que me-
lhor efeolheria ella. £ afsi em quanto foy
Capitaõ naõ quiz
aceitar o qae lhe dauaõ comando mais do
que lhe ofFereciaõ
sondo particulac,no que fe vé que era cobiçofo mas que re-
freou efte vício em quanto era Capicaõ General da fuapatria?
pello que era quanto hum homem he General de feu exerci-
to conuem fugir defte vicio ainda que fora do cargo lhe naõ
poíía refifti^porque fendo Capitaõ farâ dano,& naõ o fédo sò
afsi, mas eflando liure d^lle & dos mais defeitos apontados,
,

tendo codas as parces que a hum perfeito Capicaõ fe deucm


,

attribuír naõ fe podendo o tal com nenhua das coufas referi-


das yencè^nem desbaratar procurarfehá ver fe poralgúa via
fepòdeenimiftar com os feus naturaes & foldados para
,
que o deponhaõ do cargo , &onaõ queíraõ obedecer. E afsi
procurou Aníbal quando vio que naõ podia desbaratar a Fá-
bio Máximo como aos Capitães com quem
, atè encaõ com-
batera fazer que os Romanos
o odiaííem imitando nifto os
Lacedemonios^ue fazendo guerra aos Achenienfes quizeraõ
faztrlhc fofpeitofo Penclcs que era o Capitaõ, que fó podia
,

defender Athenas somo fez,& afsi ambos fe feruíraõ de hum


mefmo eftracagema porque Anibal queimando todos os lu-
:

gues,& fazendas, quceftauaõ juntos de húa propriedade do


Fabío
vfarà de ardis & eflratagemas.
Fabio á deixou iiureda ruína, que as outras padeciaõ quererr
1 1

do moftrar niftc,que tinha pratica com Fabio.o que naõ dei-


xou de fe euidat,& fazer muita alteraçaõ no pouo, Do mef-
mo modo os Lacede momos querendo fazer amigo Pendes,
eu fofpeitofoaos Atheoienfes deixaraõ inteiras as fuas pro-
priedade s^uei mando todas as outras da Campanha. Masello
como prudentífsímo entendeo o eftratagcma antes que eiles
o fizcífem ic apercebendoííe contra o dano, que lhe podia re-
fuhar fez do 2 Çaõao publico das propríedadcs.que osLaccdc-
niomos 1 e deixaraõ inteiras: com o que naõ teue effeito o
engano dos inimigos. E afsiefie heo remedio, que nefte ca-
fo fara o Capitaõ,que defende a fua patria, porque contra
el-

le fó podeferuirfemelhante eftratagema, o
qual fe remediara
como fez Pericles,^ quando naõ for ram preuenido ficcsini-
migos façaõ primeiro o engano, que fe lhe ponha o lemedio
ferlhehá neceífario para Ic tirar a fofpeita , que delle fe pôde;

ter fazer, o que o inimigo naõ fez queimando^ deftruindo


a
propnedade,qne lhe deixou, ou venuendoa,&gaftado em fer-
uiço de fua pattia, o que lhe derem por cila como fez Fabio
Maximo a que Aníbal lhe deixou liure do dano das outras co
>

mo eftà efte eftratagcma contra quem de-


dito.MâS feruindo
fendeipoís sò elle póde ter propriedades na terra onde fe faz
a guerra ferá neceífario fazer contra o que ccnquifta outros
para o mefmo fim, os quaes contra ambospoderam feruir, E
feram fazer crer com engano, fie fingimento aos feus naturaes,
& foldadcs ou ao feu Príncipe, que tem algúaconuençaõcom
os inimigos recebendo delJesprefcmes de ímporranciaj&que
gouerna a guerra froxamente iílo com cartas falfas ou pei-
,

tando alguns foldados feus para que eípalhem cffa voz pello
exercito de force que fem fe faber dende fahiochegue aos cu*
uidosdetodos fie deftemedo poderá alcançar afua preten-
,

faõ como O&auianojque remendcífe di Marco Antcnio mã*


dou ao feu exercito alguns foldados que efpalhaffem p*r eilç
(

fêmelhantesccmfas,&:tcdasasm^is,que pcdeííem mouer os


foi d?-
Abecedâric militar
foldados contra o feu Capítaõ, & junramente mandou deita
hu i$ liurmhos.em que eftas coufas eftauaõ efcrícas
, com o
que quaíi codo o exercito efteuepor fe lhe rcbellar.Mas fuílé-
cando Marco Anconio eora as fuas perfuafoés alguas Legiões
naõ pod; fazer que outras o naõ defamparaíTem. Pcilo que
com efteSjôá lemelhantes eflracagemasfe procurar^ com mui-
ta caucellaque fe tire do cargo o Capítaõ, contra quem naõ a-
*
proueitiõ as armas, nem oucros eftratagemas.
13 Confiderar a qualidadc,& força do exercito inimigo
como V egscio diz he de muita importância mas ha de fer co
mo elle cníina dizendo que eftará o Capítaõ prompcarncnco
efpeaulando como em hüa lite ciuil todasjas condições, par-
&
tes dos feus foldados,& dos inimigos porque dcfte modo po-
derá julgar qual dos exércitos excede ao outro. E afsi nao fó
fc deue coníl Jerar a qualidade, & força do exercito contrario
mas do proprio , porque de outro modo a^õ fc poderá perfei-
tamence faber como com os proprios foldados fe lia de defen
der, ou ofFender aos inimigos, porque os contrários compara-
dos melhor fe conhecem: & fem efteconhccimento dos exec-
cicos naõ poderá o Capítaõ fazer conceito do modo, com
que deue proceder para chegar a fua emprefaao defejado fin,
écafsi para náocairem algum erro de importância íecoceja-
ram as qualidades,& for ças dos exerciros para o que fe coníi.
derará Q tempo, que andaram na guerra & com que nação
,

combateram, & feeia poderofa,.ou fraca^ejvalerofajoucobar»


de,& defpois de andar algum tempo na guerra viueram mui-
to fora da milíci^porque como as forças, & arte dagacrra fc
prefuma eílarem mais, em quem mais a exercita prmcípalmé-
te nos foldados, que com a continuação delia fe fazem mais
fofredores dos traoalhos, & menos temetofos nos perigos pel-
lo cempo.que hum ou outro exercito ccmbaceo fe conhece-
.

rá qual delles fe auamaja, pois do que mais tempo andbu na


guerra fe deue ter melhor opinião. Mas porque não sò an-
dar na guerra muito tempo pôde fazer os foldados mais de-
vftracie drdh> & ejlratâgev/HU X19
tros,& ammofes.fenaó a gente, com que pole arão , & aarte^

;om qaccombateraõ coníiJerarfchâíe aqtielia, aquc fizeraõ


ruecra tinha pouco poder, porque ainda, que a fugeicafse naò
pode prefumir qaetiueífo nscefsidade de muita foiça
difciplma militar^ afsi naõ podiaõ ficar cam exercitados, bC
deífroscoaap pedo têpo>qae durou a guerra fe, podid julgar,
nem combatendo contra gente cobarde.&r pouco deítr a na ar
te militar pòclem ainda q muito tempo cõ e 11a cóbatc fiem fi-
car aptos pàraofFundecé,ou fe defenderé do Exercito q fe go-
uernar cò a vcrd*i.ira,& poderofa arte militar ccmoVegecío
dizem muitos lugares fempre a viâona fica.cõ esq mais íabc
delia Mas lo defpois de gaftar muito tépo na guerra, q fe fatff-
fe cõ aVce,& cõtra gente belhcofa viuel^é aigús annes na [az,

èí quietaçaó da pacifica pacria (como diz Vegeci-oj deuêfe le-

putarpor bifonboSíSc afsi como tacs maftda clle de.no.uo e-


xeicitar Mas conhecendo por eílascõfideraçôes q o Exercito
inimigo fe auantaja em difciplina & fciencia m fitar junto cõ
i

ter poder baftante conuem(como diz Vegeciojq de nenhum


itiodo fe chegue a dar batalha & cm outro lugar eníinando,
:

o que ha de fazer o General, q fe achaco Exercuo inexperto


diz que quando os inimigos andaré pelks continuas corre-
rias q fe fazem defordenados, mande algúa pas te dos ícus fôlr
dados b)íonhos &: daquelb s,q por' algum t£mpo déjxaraõ de
}

Eguit a guerra em companhia dos, que tiufr por mais exerci-


tados para que pondo os inimigos em fugida &: matando aU
gu is con firme aos exercitados a cxpericncía-, &aos naõ exer-
citadosaugmente o animo, 5£esforço:&do mefmo modo diz,
q fe
comcteõ cò ímpeto os inimigos ao paliar dos rios, ao de-
cerdos afperos montes ru efpeílura das feíuas nas dífficulda-
des^das terras alagadiças, & nos caminhos difificultoíosfem o
faz<r maniíeílo a ninguém, & que difponha o feu camí-
tih# d* f >rre , & com tanto
fcgredo que fem os inimigos fo
poderem p, rceber cs tome dormindo, & comendo, ou cfpalha
dosq ello campo defcuidados de femelhante cometimento^
&
Âbecedario militar
& quando chegarem cançados do largo caminho com im-
prouifas cometidas os naõ deixará repoufar, E que primeiro .

fedeue tentar todas ascoufas^ue fuccederem mal naõ façao


muito dano,& fc bem fejaõ dc grande proueito, & o que feri-
ra deftes auifos fe proua bem com a guerra que Sercorio ceue
com os Romanos: porque com hmn Exercito deveis mil &:
,
feifcencos Infantesencre Afrícanos.Rofnancs^^ufitanos, &
fetecentos cauallos Luficaeos rompeo muitas v,Z3s os Exér-
citos dos Romanos combatendo contra t^es que tinha© céto,
& vinte mil foldados^ fete mi! cauallos todos experimenta-
dosem continuas,^ importantes guerras , o que fez cem ef.
caramuças^ eftracagemas fofrendo cratalhojandando pc 11 os
mont£S,ô£ padecendo a fome, que muitas vezes o apeita ua, 5c
no fucceíTo de M
u mio com Ceífaraõ Capitao dos Luíkanos
fe ve também humclanísimo exemplo deita doutrina. Por-
que rendo o antcceífor de Ceílaram roto alguns Exércitos
dos Romanos vindo Mumío com outro nouo foy desbara-
do por Ceifaram na primeira batalha.que fe deraõ perden-
do dezafeís mil Toldados & os alojamente-s, & faluandeflk cõ
finco mil fe retirou a hwm lugar forte onde os eíteue exerci-
tando acè que os fentío difpoftes para cometer os,inícnigõs,&
faindo dali aos.que vía defmandadoscom ímprouiíàs acome
tidas matando muitos tornou a cobrar os defpojos que u-
,

nõa perdido^ fez ccm finco mil, o que naê pode com vin-
te mil pello que fazendo a guerra do modo, que eítá aponta-
do fe poderá preualecer como eítes Capitães fizeraõ contra 0
Exeicíto^que for maispoderofo,^ exercítado porque dilata-
?

do a guer ra na continuação delia fe viram os foldados a exer


citar de force que lhe naó façaõ os inimigos muita vántagc
antes elles lhapodem fazer pello mais trabalho,^ cuidado cõ
qae fe haõ de defender com os pequenos recontros êm ,

que f carem com a viftoria fc iram animando para os maio-


res, & como diz Vegecío hum Exercito £ouco numerofo 6:
,
,

debil guiado por hum bom Capitaõ com contínuos eftrata-


gemas

__
vfarâ de ardis,& eflratagemai. no
çémas/improuifas cometidas muitas vezes alcança a vi£í:or ia,
afsi gouernandofle (como eftàdno) pode o Gapuaõjqne go

jerna o pequeno Exercito cer efperançade ficar com a vióto


ria ainda que fe o Exercito inimigo ,& poderofo tiuer hum
Capicaô naõ menos deftro,& experimentado que o contrario
parece que ^ftáda fua parte mais certa,pois Exercito fupe rio
em fenças &contmuaçaõ da guerraguiado por hum pruden
te Capicaõciaramente parece que promete húa fêguta efpe-
rança de profpero fucccíTo* Mas pofto que efta feja a mais
ordinaria opíniaõ Sertorio com a expetiencia moftrou o
contrario, pois combatendo eom Mecello p udentifvimo Ca-
pitaõ de hum bcllicofo Exercito do modo que efta dito naõ
í&fedt íendeo delle,roas lhe fez multo dano, por onde parece
que com cfte modo de fazer aguerra fe vem a igualar o po~
der, que nas forças falta: &a razaô he porque o Exercito de
,

maior numero naõ pode íeguir o inimigo pelíos paflbs aíjpc-


ros &: eftreitospos? onde ellb anda de ordinário
}
} & quando o
queira fazer a fuagrandeza lhe farâ maior dano fendo impe
aido dos caminhos eftreicos^ afperos, nos quaesos poucos
cem melhor paitido, porque feordensõ melhor; & fendolhe
neteftario com mais facilidade fe rctíraõ, os quaes andando
por lugaresfeguros nunca chegaram a combater decendo ao
campo aberto fenaõ quando com muita vantagem o poderem
fazer: & fe o Exercito maior mandar al^Júa parte ,
que pellas
montanhas perfiga os inimigos, ja fe igualaó de numero, &c
afsi naõ fica cora a. vantagem do poder Nem também ha de

faber melhor a terra porque íempre ferà mais ordinário fer


,

menor, & mais fitaco o Exercito,que defende a ptopna terra


que o que a conquifta^orque o Capitaó,que os defende obri
gado da nrccfsidade amparafe do Exercito,que pòdeauer, &
quem conquifta podendo efeelher o Exercito, que lhe pare-
cer mais neceílario conforme a emprefa fempre o elegerá dos
mais pracicosfoldados & de maior numero
) & afsi fempre o
,

racnor faberâ melhor a terra. Pello queainda que efta ron.


fidexau
Ábecedarir militar
íiJcraçaõa quem defende, & po Jc feruir
a quera conquifta
com tudo he maisprouauel fetmais íicccl]àrú,a quem k de-
fende, E afsi Ícruindoífe do que nella fe aponta podeià cotn
o pouco numero dos nacuraes refiftir aos poderofos Exércitos
dos inimigos eftcangeiros: mas crocandeífc a foite por algu n
accidence como fe moftra no fucceíib de Mumíc^ qúe'mdo a
conquiítar perdendo a maior parte do Eu E^etcito ficou
muy ínfefíor ao inimigo cambem dis mefmas aducríencias»
fe aproueicará como Mumio fez,a quem tam v tis foraõ:mas
o Capítaõ que gouemar o Exercito mais podérefo íeguirá
,

com diíference modo a guerra procurando tirares inimigos


aterra chã,& defocupada para romper com elles,pois cílácec
to que chegando a dar batalha com Exercito fuperioi de for. ;

cas,& de accejem fegura a viâoria,pois naõ sô cs, que de nu-


mero,ô£ de acre fe auantajaraõ coflumaõ ficar com eÜa mas,

os mujto inferiores de numero fe nu arre fe auamajaó otdina


riamente vcncem,& afsi para alcançar efte fim procurará ehe
g,u a dar batalha, ÔT quando o inimigo efhndo fobrcefleaui
focom nenhúacoufa fe poíTltrazcr a e ia.ferà de muito effci*
to tomadhe os páíFos, nrarlhe os baftimencos & vendoo em
:

lugar^que dè de fy pode rfe cercar fazsllo & quando p©r cite


:

caminho fc poder acabar a guerra ainda que na batalha fe te- :

nha certa a vi&mia por elle fe procure quando a breuidade


naõ for de mais importância: porque dizia Cefar que quâdo
fetem efperança de acabar a emprsfa fem ferida aqaefim
,

(ainda que com profpera batalha) fe querem perder os pró-


prios foliados, &foírcr que os dignos de fer galardoados fe
aumeuremâs fecidis,&á morte? & afsi do modo, que eftâ di-

to eíle s dous Exércitos faram a guerra. Mas fe o Capítaõ que


defende L* vsr cam inferior ao inimigo que lhe naõ pofifa relS-
fUr.nem defender as terras por onde ha de pafifar fatàcomo
Fabio M<xi rtO,que em tomando a Diftadura mandou que
coda a gente que habitaíTeem lugares fracosTe retira ílem aos
mais forces, & guardadas, & que toda a cerra poi onde paílaíTc
1

o Excr-
á de ardis ç> ejlraiagemtts. 12
vfa ,

defamparaffe queimando M calas ,&


, Exercito dc Aníbal fe

mantimentos , deftruinrfo
a^ampanha , naó ficando coufa,
confumifl* pata que necefs.tando Aníbal de
nue o fogo naó
baftimentos o vteffa a apettat com a falta dclles 5c ja os :

dar batalha t.uetao ram apertado a


Sey tas deftc modo, fem
maramlhafefaluou : & ais. lera ifto
Datio que çoc grande
mais poderofo Exercito
hum grande remedio comta o
defender a partia onde lhe naó faltaram
quando o inferior ,

neceffarios : cambem fc confiderm em


que
os baftimentos
fuper.or fe na CaeaUaria.onlnfanca-
pa.ts o inimigo he mais
lnfantana pata fo
ria & em que parte da Cauallaria, ou
cila como ja diíle quando íe tratou de !e
apeíceber comta :
pello que aqui fe naó dira
uantac & armar o Exercito ,
.
tcmedio pata o Exercito in~
mais Serà cambem vcilifstmo

fenoc ou feja conquifhndo .


ou defendendo fazer que fe !c-
aJgua dífcordia , o que íerà mats
uance no Exercito inimigo
numeroío poisauerà nelle mais von-
facil no, que for mais ,

tades encontradas, & mais variedades dccoílumcs, & po-


dendo leuancar ferà principahfsima caufa de o deíhuir , que
(como dizSeneca)naõ baftaõ forças fem conformidade,^ afst

encomendando muito Vcgecio que fe fe mee dífcordia no E-


feja peque-
jtercito inimigo diz, que nenhüa naçaõ ainda que
arruinada dc feus inimigos fe ella mef
na pode fec facilmente
ma com as fuas difeordiasfe naò confumir. Eracleahe dííta
bom exemplo pois pella dífcordia dos feus naturacs foy cn-
,

ctegue á cruel tyrannia de Clearco , que podia ram pouco


que por ellas mefmos eftaua delia defterrado & Roma , qüo ,

naõ pode fer de nenhãa potência domada pèlla dífcordia dos


feus nacuraes fe fugeicou á tyrannia do Império & afsi po- :

, &
dendo femear dífcordia que he principio de creiçaõ re-
,

belião no Exercito inimigo ferà caufa de fua ruína. Para


remedio difto fc farà o que fez Euménes
,
porqwe temen-
,

do algua creíçiõ ou rebelliaó dos feus quando fe declarou


,

inimigo dc Macedonia vindo contra ellc Antigcno


por -----
- - - r

; diffç
Abecectario militar
difíe em hua falia que ,
fez aos foldados que quem temeíTe a
guerra fe podia ir onde quízcíTe ,
& como ninguém deícu-
bertamente fe quer moftrar craidcrefta liberdade fez com
que de fecreto o naõ foífem, U f< z dar aos pnncipaes do feu
Exercito eartas falfas para cada hum delles em nome de Án-
tigono, em que lhe prometia grandes merces de dinheiro & ,

outras couías fe macaíTem Eumenes & naõ peitando ne-


,

nhum o partido agradecendolhe a fua fidelidade defcubtío o


engano porque fc Anrigono quizdíe tentar o mefmo cui-
,

dando que era induíhia lua lhe naõ aproueitaíTe & afsí de- :

ite modo fe poderá aíltgurar o Capitaõ das traições dos fein


foldados, que em difcordias faõ muy ordinárias aííegursn-
doíle p ímciro da difcetdia ccm naõ querer no feu Exeicito
fenaõ gs foldados, que com moita vontade o feguirem pois ,

tendo todos hua meíma vontade ao feu Capícaõ naõ feram


de muito momento as difeordías, que entre elles ouuer pois ,

naõ deixaram por ellas de feguir, o quefe lhes ordenar.- pello


que ainda que naõ pareça de muita importância a confidera-
çaõ da terra, em que ha de fazer a guerra com ella fe alcan
çaraõ grandes viófconas, & acabaraõ dífficeis emprefas como
fe vè na morte de Meteílo pois confidcrando Aníbal pri-
,

meiro que elle a terra acomodada a fázor embofeada quan-


do Metello a fcy reconhecer com perda de quafi todos os,
que o acompanhauaõ ficou clle morto, &ç o Collega feri-
do pella embofeada, que Anital tinha feito alcançandc tam
grande vi&oria como fe>y matar a Metello & Sertorio naõ ,

podendo ganhar certa parte do Reyno de Toledo com a


confideraçaõ da terra em que os moradores delia fe de-
»

fcndiaõ os fugeitou , porque íabendo que era toda foha co-


mo cinza & que com o vento fe ieuantaua muita, &fat il-
menre era leuada aonde elleaguiaua mandou fazer gran-
des montes delia da parte do Norte defronte das couas em ,

que habitauaõ,com que naquclla paite víuiáÒ,& afsi ventan


do hum Neste rijo ac* dia fcgwinte ajudando com o pifar dos
1

cniiallos
eüratagemas. 1 iz
. vfarâde ardis
o P
eauallos aleuütac
çóes que naõo podendo foflfe.aot^ ^ p eU o
P
fendo té então nenhaa ç
dofta confideraçao
d. ».t
1«“»
pouco cafo confideundo
Sta montuofa cfcc.

^ >
& a agoaS
, ,
8c P«u«,
liure deftc*
VfV fc
í
CffP
í fc kBohan defocupada ,
8c

eu fe he taha
agoa para bebec ,

Execcico
.^'f^atmadocotnellaso
:
Exercito dcue o
lugar referido fe
tem a
teriâ da mduftria , 8£
Capitaó aptoueitaifc
em íememante
lh

m anha fazendo embofeadas «“««8 &


^

0td
^
S
^ Q Capua5
neftemodode combater naé de-
rnte Tftmo K°pr ac. e o
Sa^guerudeíemel^n^ce^td^s^
da G
C Aníbal quando entrou
J
T fim pot d\e “erpe?to buicaua
us díbofques 6c paffo, difpoflos P a-
m Wia as te
Mas fe o Cap.tao nao
,

aftee.as Africanas .
ra ex c tar a
no feu engenho 6C « emo
para elfe
éftiucr cam confiado
,
pclü eltar
combater tendo Exercito com
® qae
do de onde
aberto , 6C defembaraçado
com o, n, migo em campo
lugar fugirá da terra P
as ciladas naõ tem a J ”
que eftando alojado entre F
B >

tem fazet como Pfeilippo ,


donde
Efcotofa por fera terra
& Thebas mudou o campo a a
&balfas, Sc coufas acomodadas
eftaua chea de aruotes ,

combater Iwremente^mas
embofeadas. Sc que na5 deixauaó
Exercito inferior com o qual nas i m •

o Cap.taõ que tiucr


a v.aot.a como naconfide
fedas batalhas naó efpetaalcáçac pálios
aterra motuofa.ee de
raçaó paffada fe «fe: naõ deixara
Abecedario militar
eftreitos pclla chan,& defembaraçada :
pois nella com as ém-
bofcadas,& eftratagemas poderá defender , & ofFender aos
fe

ímrmgosA em femelhante cerra hum,&: oucro Exerèito mais,


ou menos poderolo deue fazer defte modo a guerra preten-
dendo alcançara vitoria com as embofcadas^cftratagemas
que a difpofiçaõda cerra lhe oíFerecer,mas na quq^for cercada
de lagoas , & pauis, & fc alagar procurara na© meter nella o
íeu Exercito por fe naõ ver nos perigos, em queCefar fe vío
por cfte refpeíco na guerra de Gallia Sc os Romanos defpois
:

delle tantas vezes em Alemanha


porque íendo os naturaes
,

coftumados a caminhar por fetnelhances partes fabendo os


paífosonde fe podem faluar, ou perder: & ignorando os fol-
dados do Exercito eftrangeiro poderá íer com
facilidade ro-
ço, Sc naõ o engane o fucceíJo de
Maximíno , que fendo no-
uamente eleito Emperador deu batalha aos Alemães dentro
dos feusiagos Sc lagoas, Sc os vencec: porque
, confídetando
Germânico defpois de fazer alguns annos guerra
em Alema-
nha o peder dps Alemães Sc o medo com que os auia de
, ,

vencer diz Cornelio Tácito que refolueo que os Alemães


,

fe podiaõ vencer com hum Exercito bem ordenadofem cam-


po aberro Sc defembaraçada porque toda a fua confiança,
,
,

& defenfa efhua nos bofques, Sc lagoasA afsí fe determinou


a fezer guerra por mar entendendo liurarfe com i:ío do pe-
rigo cr m que em femelhante terra combatia. mefm o de- O
ue fazer todo o Capiraõ procurando tirar a guerra
á parí©
onde os inimigos fe naõ aproueitem deíh vantagem & :

quando naõ for pofsiuel façaa cem muito tento naõ che-
gando a combarer fem primeiro faber cs paíTos também co-
mo os proprios naturaes para fe guardar dos perigofos Sc ,

apoderar dos que lhe pódem fer de proueito,mas ifto não


ferà fe naõ quando naõ tiuer outro algum remedio
& :

para não chegar a tfía nccefsidade ( quanto os inimi- m


gos feampararem das fuas lagoas lhe queirnaiam os lu-
gares quçpcílbirem^ deíhuiiâas propriedades, prendera
as
vfara de ardis,& ejlratagemas. 123
molheres,8£ filhos para com a paíxaõ
dcíhs perdas os cita*
a;
repaco a terra onde fem impedimento pofíaõ
com-
do fcg uro
vendo em poder des inimigos as mais cíb
bacer,ou para que
pellas cobrar , ou façaõ como
tnadas coufis queiraó renderíe
a Iuhano , os quaes vendo def»
os Alemães, que aguardauaô
dcfamparaião as embofeadas aonde efpc-
truír as fuas terras
dano particular te
rauaõ o proueito comum por acudir ao ,

com comuns, ^particulares danos,


afsi defte modo poderá cs
inimigos liuiaiMos que elles lhe faram nasfuas
que fizer aos
hgoas. Masquem defende tendo por
amparo lagoas te pa- t

ms procurará naõ fair delles fenaõ com muita vantagem


te ,

conuezinhas cerras confa-, que 0*


para ido naô deixará nas
dcfcndclbs, oti de que tanto finta a perda que
por
brigue a
el'a (e concertemcom os inimigos mas pondo molhe* es fi- ,

lhos, te fazendaem lugar feguro aguardará os inimigos nas

fu .s lagoas te pauis onde


defendendoíeihe íaram muito da-
,

no. r
14 Na cerra cfwft, te defocupada onde deftes repares fo
«ao pôde apr ueicar quem defende nem quem conquííla
, ,

be ag ,crra muito mais perigofa porque gouer nandofle am-


bos os Exércitos com a vigilância necefiaria de força fe ha do
vir acabar com a vniueríal batalha onde em
húa sò hora fe
pòdc perder, o que muitos annos feconfeiuou peflo quo ,

anus que em femeibanre parte fe comece a fazer a guerra dê-


ue quem ha de conquiíhr pretender'' que o feu Exercito
quAtldonar» poder fe t auantajado ao dos inimigos em nu»
mero valor de foldados
,
te pratica de Capitães feja igual
,

a elie ;
te pello menos quando no numero for inferior fe-

ja no mais auancajado ,
como
moífraõ muitos fuc-.
porque
ceilos das antigas guerras a viéfconafica ordinariamente com
aquiles, que rem mais valor te faõ mais práticos na ar-
,

te militar, te experimentados ua guerra te fazendo guer-


.

ra em terra chan, te defempedida fe deue proceder com


muito temo, porqne em terra defaiberta & onde a vifb ,

Q| d»
Alecedario militar
da inimigo âca defcubrindo os erros, & defordens
que fe fize
rem pode qualquer fer de muito dano porque fendo defcu-
,
berco pellos inimigos podefe facilmente
aproueirar delle SC ,

aísi a principal coufa, que hum


Capicaõ deue pretender em
femeihance cerra he naõ fazer defordem algúa.
Sc gouernarfe
com todo o cuidado, ordem pofsmeI,& procura^por co/das
&
as vias t Sc modos pofsiueis, naõ dar
batalha fenaõ quando fe co
nhecer com vantagem, para poder aguardar occafíaõ fe va
&
lera dos alojamencos^porqiie eílando feguro nelles
poderá a-
guardar a conjunçaó^ue defeja,& fe a procurar com promp
tídao, diligencia, & manha telahá
mais depreíTa doque a efpe
raua,masefte remedio fucccdè ordinariamente fer mais
necef
fario a quem defende, que a quem conquifta porque
;
ningué
vai a conquiftar atetra, que outro pofíuc fenaõ cuidando
que
fcè fuperior:& quem defende a neceís
dade o obriga a fe dc
fender do modo,que pòde,& àlcm difto muitas ve2es,quem
fe
defendeso com fe entreter ©ífende aos inimigos. & afsí
enten
dendo ifto decinhaGayo Sulpicio a guerra dos GaJlos,quãdo
defendia Roma d.llcs. Pello que o Capitaõ, que defende a-
proueitandoíTe dos alojamentos naõ dará batalha fenaó quã-
do ciuer muy conhecida vantagem, & fe a terra onde fe ha de
dar a bacalha for falta de agoa hum Sc outro exercito leuarà
,

carros com pipas‘ou barris delia porque a fede lhe naõ tire a
viftoria. E afsi com efle cemor auendoPhdippo de combater
com os Romanos em hum lugar falto de agoa mandou Je- ,

uar rn Retaguarda do Exercito muitos carros com pipas Sc


,

barris de la,& fazendo oCapitaõ asconíideraçõcs referidas, Sc


preuenindofc no trance da bacalha do mais terá mais cerco
ganhar a viâoria que perdella. Pello que antes que fe dè ba-
calha fe ha de confiderar poderfe nella melhoraraos ímigos,&
como fuccedendoafsi fe lhe poderá eftoruar a vi&ona & ain-
t

da ficareom ella tirandolha das maõs,para o que fedeúem or


denar duas coufas, a primeira he deixar fora da bacalha alguns
foldados^uc focorraoa parte, que ciuer necefsidade de focor-
ro:
vfarà de ardis, & efiratagem^s. 124
focorrerem os.que
ro: porque como eftaó determinados para
fe reriraõ naõ fe
atemorífararo com a perda dos feus pois iflo

asruardaõ para entrar também na batalha, & os toldados, que

f retirarem cobraram animo vendofle bem focor-


tfmerofos e

ridos,8£ voltando todos


juntos contra osimígcs he muy po-

fto em razíó
fazeremlhe perder o qne tmerem ganhado.

,f
E afsi fendo cometido Scipiaó por Magon, 6c Malsr-
alguns cauallos.q
niffa.ouuerá de fer rotofe o naõ focorreraõ
cffcito trnha deixado naincubetta de hum monte,
pata effe
masfocorrendoo com dano dos rmigosfez os aloiamentos
como determinaua, 8c os foldados, que Petilio tinha deixado
na batalha q
diffo ciueiTem necefsidade
para Acorrer os, que
Samnites lhe fiz< raõ alcançar vidlo-
elle & Sulpicío deraó aos
ria, porque vendoelleque
os inimigos cmliaó apeitado o ror-
no'efquerdo da fua batalha fez que os focou
edem eftes fc Ida
lotada ordem do Exercito.
dos que para cfte effeico ficaraõ
ajuntando parte de Cauallaria no focoiro rõ-
que fizeraó:
peo nefte corno os inimigos, como que também fe alcançou a
w&otia.tio outro»
\6 E afsi fc deixara aígúa gente fora da batalha para fo-
correr a paite delia, qtie for opprimida des inimigos,
aoutta
coufa he fazer que eftes foi dados, que ficaõ de foccrro.ou ou-
tros alguns fe ponhao em parte ,
que íem os imigos os fenti-

rem os poííaó cometer pelias ceftas quando a baralha efbuer

maistt2uada ôc iftofem duuída dará perfeitamenre a vnfto-


,

ria & para proua diffo bafta sòfer


eftratagt raa cr» finado por

Decs ; porque pedindolhe Damdconfclho paia cometer os


phiMeus lhe difíe Deos que os naõ comcteíFe pella fronte

ma s que vokafle com o exercito à roda dc hum bofque de pe«


reíros,que ficaua entre os £xercites & que oscomecofie pelias
}

coftas quando fenciffe que os cometiaó pella fronte, & fazen-


doo Dauid afsí alcançou viftoria. E o mefmo mandou fazer
a Iofue quando lhe quiz entregara Cidade de Hâí
que co-
metendo CEimtamil foldados a Cidade pelias coftas quando o
Q4 Rey
/ibcced.
7U.ÍK10 militar.
Rcy delia combatia com
“•“Hf dt
'f
“*
Iofuè pdla ontn
M" min o m„a 0 „PEí ,„fÓÍ
.

R -

dos mas cambem com soa


dímonftracaõ deu alruas vnfto ‘
como fc v.o.na que Sul pici0 a!can
r.as
mandou por nosbaeaces
gages ae
deciro- n
|eu do5 oauos.pcrcjue
cargj es homens,
P c q ue Xs
«auaõ jrLa
«auao armados com as armas dos
nt „ que os gcuer.
doentes, & com as que ti.
h ha 0a S n,m gOS ° S
quacs kz <1« • noute
da bamM Í f r

anes
P°[dkín kcreca mente efccndidcis em hunsmen
(

tes , que ficaaao nas cofhs


do Exercito inimigo para
parecendo quando elio ihc fizcíTe oue 1
li na!
atemoJaflem aosim'
i r""" qU ‘ Craó foldados & fazendo
calha cftaua na morforça
quando a ba-
cemerofos ©s iniiveos eta Wir!
,

co™„„,„„ fcp.fají
to Lt.uio que fizeiao defpois
f„ glJa E „, „ .
Jj*
muitas vezes outros Capnáes
Romanos, & cftiangeitos.com grande
ptoueito &„’fS| 0
rece&era quem o fizer com os ,

foldados widadeitos,
ou fin-
Do que
vé de quanta importância
fc
faõ os ardis de que
mos Mitos exemplos te
ate na fagrada Efcriima.Em
grande
confufao, &
per.g; fe vio o pouo de
Dcos fendo feu Capitaó
Gedeao como diz a d.un a Efcri.ura
no imro dos iLei
eftauao perto de leu, inimigo,
,
queeraõ mu.ro» em nüme-
P C0S C, n ai he Dets» manda dO| fizelfe
r

efia jorna-
d^& crd a fi )

ter foftu a rofto ao dccuberto patecia


tente’ ídlde' & dou-
d.ce, & conhec.damcnre a«motrer;ft)l
rt
-u Dem a G^dèaô
& aiiielbe qa e dmiáiie a fua
geme que < etaô tr ezfcccs Ida-
ucs
dosèm ciei partes K nome cada hum dos foi.
que vindo a
,
. «a a barro, &
/4Q /ionf»rA nr»! •
f
dentro nel-
dados leuaíTe em a maõ hum I

cancaro de

cocha acefa, U deíVa maneira poftos todos em a4a co-


le húa
perto cocaíle as trombetas,
meceíTe o inimigo,^ que eftando
outros, & apareceflem
& qufbrafíc os cancaros hunscom os
todos grandes vozes 62
os lumes d^rcpence,& que deílem
,

alai idos U
fizeffem ingeras trombetas U ao for* acorda-
,

raõos Madiamcas. & acordados como


viraõ de repente tan-

tos lumes por tantas partes junto com euuir cantas vozes 62
,

g r, ca ficaião deimayados. & naõ íabiaõ aondeacudiífem para

offcnder ou íc defenderem. Em
lugar de ferir aos Hebreos
fcforiaõ.&comcftc ardil, & mduftria os
faansaos* outros
vencidos & osHebreos vencedores. De
Madianícas ficaraõ ,

Capitaõ ordenado feu Exercito marchara


modo que tendo o
por fe naõ defalcn
contra o inimiga a paíTo cheo,62 fofíegado
tarem os foldados comapreffa do
marchar, & codosjraõ cm
.feus Iugarescom filencio.
'/

ty OS Lacedemoníos cofêumauao cantar ao fom dospi-


farosdiua cancãõ a que chamauão caftorio quando dcfte
mo*
}

do marchauáo para combater , diz Plucarchoque q^em


&
confiderar os verfos que elles cancauão ao fom dos pífaros nas
batalhas julgara cõ rezão, queTherpandto, & Pmdaro ajun-
tarão a fortaleza á mufica , porque |diz eile; Therpandro,
dlffe fallando dos Lacedemoníos.

}iic iutmtim cufpis Vtrct dtilcifihnu

ludtçintnjtie patens.
. Abecedario militar.
Hic &
confiljiftne s,
Et q ui decernant pralio
‘Belligeriim iuuenum funt cbori
Hic arma Mujas addetent,

Aqui ba Vtlbos bons para confelbo


,
E mancebos, que a guerra determinem,
E aqui juntas ejlaò armas, (pMufas.

Mas fe os
Lacedcmonios cantando vc rfos fe anin-
anaÓ p a :

ra a batalha pm que também


fc naõ animaram
osfoJdadoscã
ando outros verfos? Pois temos outros
com que mais fegu-
,

ramente podemos efpcrar que


feinfundaõn9tios,& valero-
fo, animes nos foloados,
que os cantarem & n oua confufaó ,
nos inimigos,, que osouuirem
como aconteceo a Iofaphar,
que indo contra a grande multidaóde
inimigos mandoípòc
diante da baralha os MuCcos.quc
coftumauaõ canraraDeos,
& quervílem cantando eftc Pfal.i|j.
Lmfitzmini Domino quontatn inauriiuin vuferkor-*
dia eiusa

E começando a cantar encheo Deoç os inimigos


de tanta
confüíao que voltandoas armas comra fy
hum aos outros fe
mataraõ;&afsi pois temos ver fc s tanro
roaíspodc;rofos vaê os
foi dados a batalha cantando
o vetfo acima , Cwfitmm De*
mnOt&c*
Porque confiando na fua mifcricordiaelle dará nouosani
mos aos,que nclle confiarem, &
noua confufaõ aos inimigos.
Marchando nefte modo irá o Capicaó vendo
parcicuJarmen-
tetoda a batalha confiderando fe
lhe falta algfia coufa & com
prarnas a prepo fico animará os foldados
aEi em particular i

algúa
vfata de ardis, & efiratagemas. 116
ileúaNaçió, Terço,
Companhia,Capitaõ, ou Soldado como
as pcancas genes na Van-
:m eéral codò o Exercito fazendo
Retaguarda pata fer oumdo de todos os
ruatda , Corno Sc
,

elles o feu Capitao em


oldados todas as partes, Soendo
em
fe acrece mata adilt-
nenhum auetà defcuidoantes em todos
viftos de quem ha de fer juiz de
7encia,& acamo pois que faó
uas obras Sc remunerador delias.
Dando Conílantino a Io-

defendei França dos Alemães


liano o titulo’ déCefar parair
dilTelhe. „ ,
.

Se participante dos meus trabalhos,


&

dos meus pen- 5

conca, &fe for necef-


gos, & coma a defenfa de França acua ,

[acio combater poemce no mcyo dos ceusCapicaes ,


& dalhe ?

neceflario aduirtindo femprc.o que mais


animo quando feja

conuem caminhando ordinatiamence os que combaterem


deixa *
accndeòs à guerra, & focorreâquclles^uetcmerofos fe

os froxos, ÔC afsi feras ceftemunha,


rcm romper, & reprehende *

Kjuiz das cobardia esfoíÇo,,


^

Ifto mefmo deue fazer o CapitaÕ Ger^l mas com cal cèí-
guardo que fe naõ meta nos perigos arrifcando fua vída.por-
quc nella arrifca todo fea Exercito, porque fendo cabeça dei-
le fe ellefe perder poderá faluac o Exercito, & afsi fe vi-
naõ fe
co
ráo muicos Exércitos rotos fó por lhe matarem o Capitaô,
mo aconceceo aos Tofcanos com a morte de Tolumnio:poc-
que em o matando Aulo Cornelio Cafsío logo foraõ rotos»
E na primeira batalha que Pirro deu aos Romanos o auifoii
hum amigo que feguardaíTe de cerco Toldado Romano que ,

naõ tíraua os olhos dclle , &


no mefmo tempo o cometco o
Romano, mas errou o golpe,& ferio o Cauallo.pello que Pir-
ro mudou a fobre vefte com hum dos feus foldados , o qual
matarão, 6c entendendo ambos os Exércitos que era Pirro, o
dos Romanos fe animou, & 0 dos Gregos fe encheo de te-
mor de modo que fe perdera fe conhecendoo Pirro naõ tira-

ra a celada da cabcça,& fe moftrara viuo aos feus foldados co-


mo quecobrando o perdido animo desbarataraõ aos Roma-
nos.
Àbecedario militar
nos. &a
r
deuco Capitaõ General proceder com taí
si
refguaf*
do que fem a vlcima necefsidade fe naõ meta nos perigos
por iílo Pluurcho louuaua muito hüa reporta de
&
Thimote©
porque mortrando CurcteCapícap Atheníenfe aos
Athemea
fesalguns rtnaes de feridas com hum efeudo
parta do de húa
lança lhe dirteThimoteo eu me corri geandemecee
ertando
no cerco de Samo, porque cahío hua lança junro
de rcim pa-
recendome que procedera mais temeraria aientc
do que eon
ninhaa hum Capitaõ General,
28 Mas quando for ncccflario auentarar a vida para
fa U
uar hum Exercito, mó
temerá nenhum perígo.poiqueo vi-
timo hm dACapicaõ General he a vi&oria de feu Exercito
patria, & afsi quando para íflb for
&
neceflarío auencurar
perder a vida.erte he feu proprio officio.
29 Por irto Silla vendo na fegunda batalha
que deu a
Arcl 8 ao que os íeus foldados combat/aõ
froxamente temen-
do a ruma de todo o Exercito, tomando a inrtgnia
da Águia
fe pos diante dclJe dizendo em aka
voz fe alguém vospergun
taxo Romanos em que lugar defamparaftes Silla voífo
,

Capitaõ: Dizei quê em Orcbomeno combatendo


com Ar-
chclao remçreo contra os inimigos, o que
vendo os feus co-
brando animo aleançaraõ hüa inrtgne vi&rría.
Ertando Epaminondas no vitimo da vida ferido,
de quo
morreo pcrguntoupello' ertado do Exercito, lhe foy diro
quo
vencedor ..Refpondeo, &
filiou afsi. Num veíier Ep
amima-
das nafutur quiafíc montur. Digna femença de todos os
,

louuores militares quer dizer.


Agora, vaílullcs dizei que
,

começa a viuer o vt rtd Epammondas


pois afsi morre ferido
por ficardes vencedores. Também íe corra dt
IReyCodro, q
fendo au lí) d o q U;e auia de morrer, fe cs íeus venceísé
, & fe fi*
caíle cô-vida- auiaõ de ficar vécidoselle antepondo o bem dos
Eus ao proprio fedisfrí?çou,& metido no meyo des auenturet
resfey nn-i to,o
q nâõ acontecera fe fe naõ disfraçara porq os
inimigos tiuewô nccícia do Oráculo-,* mandaraô
per ed ião 1
vfara de ardis& tflratagemdu i^y
aubUco que faluafse a Codro poisem ellemoirer eftaua fua
fua vi&oria,a
perdiçaõ,& em ficar cõvida cinhão a certeza de
qual fe alcãçou por parte dos foldadcs deCodro* £ afsi ira o
Capitaõ como eftá dito ammãdo com foa preíéça,5f palaur as

os feus foldados quãdo foié marchado cctra os imigos^&naba


talha fe nã? arrifcará fenáo quádo lhe for
ò vitimo remédio
para ajcãçar vi&oria mas eftarà em parte dõde veja osfuccei
quaes/eftaráprócifsimaméte cõfidctãdocemo oja
fos delia, os
defenhos
gador doAxedrêz os lãçosdo imigo,para desfazer os
delie^ melhorar os feus,© qnão poderá fazer fe fe ocupar
em
pelejar como foldadorporq o q cobate não pôde aducrtirmais

Ò ao ímigo,q cem diante & he neceífario aduhtao fucceíTo v-


niuerfal de todos pois na batalha fe confidera não so as vi^to
rias particulares dos foldados>mas
a vniuetfal d e todo o Exec

cito,& deíte modo focorrerà aonde for necefiario,


reformara
as partes defordenadas, mudará a ordem fendo neceíTatía,
&
fegundoo fucceífo,& difpcíiçãodasccufas;
1 Tudo o que atè aqui fe tratou he fegundo á arte, mas
cj codas eftascoufasfejão acompanhadas
he neceífario de vírta
de,q he como o efpiritu nos corposrporq sé ella nçnhúa deftas
terá vida morredo nos foldados o animo, q por o mcyo delias
deuera reuíuer & afsi em todas ellasconuem que o Capitão
,

com a virtude da perfeita fortaleza ponha húa fegurança nos


ânimos dos foldados com que augmente em cada' hum a
,

proptia virtude porque em todos os homens a efperança


:

da viftoría acrecenta o esforço & o temor de a perder co-


,

bardia E por iíTo íentindo Quinto Fabío que osfeus fol-


:

dadoi eílauão temerofos pella grande multidão dos inimi-


gos lhe fez crer queelle cinhaaparelhadacerta arma fecreta,
com que os auia de desbaratar , & tornando elles a cobrar
animo pe 11a confiança que o Capitão mofUaua fairão a
,

dar baralha, & vencerá© os inimigos: & afsi deuc o Capítád


coma virtude de feu animo confirmar nos foldadcs'a efperan-
ça da vitoria para que elles com mais animo a procurem.
Abecedarir militar
te para qnaos Toldadas conheçaõ íílo nelle he necefíario naõ
fò animallos com as palaufaqque para efte fim lhes diràmas
com alegria do roflo^ com moftcar em codas as coufas que
}

fc oíferecerem o pouco cemor,que cem do perigo da batalha;


te naõ ha coufa cm que mais fe conheça a fegurança do ani-
,

mo que em cracacos perigos da guerra com' galantarias de


Corce, porque o Cemerofo naõ faoe cracar fenáo dos perigos,
que Cem, & do remedío delles.& a si codos osgtándes,& vaie-
rofos Cápicães moítrarao defte mod© a fegurança de fcus ani
mos^ com ella a virtude da pe* feica fortaleza
de que eraõ ,

dotados. Succedendo Dioniíio defpois da morcê de Leomdas


no gouerno dos crezencos Lacedemanios , que dcfendião o
paíTo deThermopilasao quaíi ínnumerauclExercíco deXer-
xes ouuindo dizer a hum ceito Trachinio qi»ê erão cantas as
fctas dos imigos,que nrauãocomo hüaefcura nuuemaluzao
Sol refpondeo boa noua he efta porque os combateremos
,

á fombra,& não oos cegara o Sol & dizendo os Th ermo pi-


,

las que os inimigos erão mmcos mais em numero que os íeus’


foldadosrefpondeo,que iíToera melhor paraelles que vet ce-
riãomais^ recirandofe com pouca gente de cerca emprcfa,
que queria fazer coneta Orchomeno indo a encontrar os ini-
migos, que a cafo vinhão pelio mefmo caminho lhe diííc hã
foldado que o auifiua difto que hiaõ a dar nas mãos dos hru-
gos,& elle refpondeo, te porque não dirás tu queelles vem dar
nas noíTas ? È afsi foy , porque os desbaratou. E Alexandre
auendo de dar batalha a Dano não moílrou menos confian-
ça: porque dormindo mais do coftumado te fendo eras de ot
denar a batalha entrou Parmenion a defpertalo dizendoíhc
defpois de o acordar Que deícuido he efte teu que dormes
:

como vencido
fe ciucfles te não eftiueíTs para entrar eai
,

guerraem hua grandifsíma batalha? Refpondeo # & naoce pa-


rece aci que temos vencido pois que efhmos liures do traba-
lho dc íeguir a Darío por eíta cerra deferca íeelle fugilTe te ,

nãoquizefTe combater? E na batalha perfeuerou namefma


COU;
vfara de ardis, & eflratagemas. i~8
o mefmo Parmenion
mnftancia, porquomandandclhedizer
fahião os mais valo-
me fe da primeira fronte da batalha não
ro fos foldados a íocorrcr
a Reiaguar da pcrdcnao os alojame-

:os bc bagages refpendeo 5


qReello eftaua fora de fy qüe ,
&
os vencedores ganha-
por tftar cemerofofe não lembrauaque
aô as fa.uVadcsdosimigos^que os vencidos não um cui-
fo cuidao como
dado de bagage.dlnheiro,^ efcrauos porque
morrer gloricfamente. E Cefar que-
poderam combatendo
rendo dar batalha acs Eluecíos que o cometerão com hum
,

grande Exercito eftando retirado em hum


monte difle
ham cauallo para fe feruir delle n? b-talha qúe o
trazendolhe
feruina delle Para ícr-
guardaflem que dcfpois da viéfcoria fe

guír os mrgos.que fugiffcm: & afsi moftrando c Capitao em


todas as occafiêeso pouco temor,*
grande cor/fiança confir-
dos perigos, ff mo-
mara osanimos dos foldados no defprezo
ftrara que facadornado de virtude
de ,
&
perfeita fortaleza»

com que cobrará credito entre os feus a íuas opíníoés que im>
porra muito para o feguirem promptamcntérm todas as em.
prefas>que intentar, & afsi por efta reputação foy Marco An
tonio fcguido d( s foldados com muito mais animo do que
pfometiaa profpera fortuna de Odiauiano ajudada do gtan
de fauor que lhe dauão a memorta de Cefar,& afua beneuo-
lsncia mas cobrou Marco Antonio pella batalha das Philip-

picas tanta reputação entre os foldados de ammofo , pru- &


dente Capitão quepor efta caufa diz Aj piano Alexandrino
que fenão paffa ão muitos dos feus a Odauiano,
jp Procedendo o Capitão como cfta dito antes da bata-
lha & no crance delia, em quanto não vencer não feoccupa-
rà em coufa a'güa mais que empelejar ainda que pcíla ga-
nhar a bagage dos inimigos o náo farà, porque c ccupandoííe
os feus coma prefa feram facilmente desha. atados que ifto ,

deu a Aulo Corneho a vi&otia,que teue dos Samnítes por- ,

que tctirandoífe para bufear lugar comodoondc alojarcome


tendo os inimigos quando naó podia ir adiante , nem fazer
aloja-
Abecedarir militar
alojamento mandou por cm Retaguarda os bagages com pou
ca guarda^ vendo a Cauallaría dos inimigos que aj podia la-
quear com facilidade o foy fazcr,& como Aulo Cornelío fon
be que eftauaõ occupados com a prefa abrindo os faedos , &
caixas mandou
à fua Cauallana^ue es cometdíe,& matandp
acodos comecco dcfpois a batalha pella Retaguarda, com que
alcançou vi&oria. E do mefmo modo romperão osFcancc-
fes aos Italianos junco a Taro por fe oecupareríi os Iralianos
emfaquearos bagages, que eftauaõ com pouca guarda pello :

que em quanto a batalha durar fe naõ entenderá em mais q


cra pelejar ate vcncer,& fe vír o Capitaõ que a vi&oria.fe co
meça a moftrar de fua parte encam com mais impe cu faça pe*
lejar aosfeus foldados, porque cs ímígospereaõa efperança
de recuperar o que ciuerem pgrdido>& dcfconíiando da ynfto-
xía fe ponháo mais depreíTaero fugida porqafsíeomo csMe
dícos defeonfiaõ da faude do enfermo quando fcacrecenta o
mal, com que ja naõ podia afsi defeonfiaraõ os Capitães iroi-
gos da vnftoria fe virem cometer o feu Exercito com maior
impetu quando ao menor naõ podíaó refftir. Iftofèviona
batalha dj Pharfalia,porque vendo Cefar ham claro princi-
pio de viftoria tendo roto a Cauallaria de Pompco,&: os fol-
dados de fundas,& íetas mandou entrar na batalha o terceiro i

cfquadraõ.que tòentaõ naõ tinha pelejado, & Pompeo ven-


do que os feus perdiaõ , &í que as forças dos inimigos crecíao
defefpcrou da vi6fona,& defemparou a batalha procurando
faluatfe & afsi naõ fe deixará de combater com maior fúria
,

atè os imigos ferem de todo vencidos quando Dcos chegar


o Capitaõ a naõ fe contente sò com ver fu-
efte felice eftado
gir os imigos mas ftgaosatê naõ ficar delles parte algüa que ,

cabeça ainda que, debil porque


fe pofía vnir^Õi cornar a fazer
fe viraõ muicos Exércitos rotos por fe contentarem fó com a
vidoria deixando os imigos com algúa força. Eafsi defeui-
dandolfc os Carthiginenfes cm feguir as Relliquias’dos Exér-
citos dosScipiões ajuntandoíTc elias,& fazédoCapicaõ aLucio
Ma- cio
de ardis freftratage nu. 119
vfaã
viftotiofos Exércitos , & o
^Jccío desbaratarão depois os
Sando Ponlificeo Papa Ioaõ Decimo o
Bcfcno fuccedeoao ,

que foy defte modo. Soubcfe em Roma por noua cerca que
em Pulha com grande poder,
os Mouros eraõ defcmbarcados
fazcciefiftcncia tinhaò fugeicado to-
8£ ancesdcfcihc poder
Calabna, & quaíitodo o Reyno de
da aquella ?rouincia,&
impedimento. Ghegaraò racn perto dc Roma
Nápoles fem
queimaffem que afsi o publica-
qucfe temco'a comaíTem, ou
por naõ auer Príncipe de tres^ue fe unhaõ letianta-
uaõ clles
de Saxonia & Lu-
do,queeiaò Conrado, Henrique Duque ,

contra os Mouros , quo


douico Gin que nenhum fe opufeffe
Pontífice começou a fazer gente,
coníi lerado pcllo valerofo
&porfe cm ordem parafeopór â futia dos Mouros , pa- &
ra mais feguridade pedio focorro
a Alberico Duque dc of- T
cana que folgou fauorecer cara
,
jufta caufa ,
&
recolhen-

do a’ mais gente que pode fe foy a Roma


,
& junto ,

com o Papa Cidade em bufea dos Mouros nof-i


fairaó da
fos grandes inimigos fazendo o Papa o officio de Capítaõ Ge
neral, qae o fabia rouy bem fazer, & naõ tardarão muito
que
fe naõ encontrartcm com os ífriigos,que andauaõ na
Campa-
nha de Roma talando , ôtjdeftruindo os campos comgran*
difsima fu ria , & crueldade, & pofta cm ordem fua gente
lhe aprefencataõ batalha , que clles naõ recuzaraõ , & fo
defenderão muy grandemente & durou a peleja gtande pai«
,

te do dia fem fe conhecer a vi&oria tè que foy Deos feruido


Papa, & os Mouros desbaratados portos em fugi-
ficaíTe pcllo

da,&: o Papa Sc Alberico feguirão o alcance com tal anim o q


,

os obrigaraõ a retirar adondedefpoís dc poucos dias toinaraõ


a dar frguuda batalha de poder a poder ,
& foraõ os Mouros
vencidos cõ maior eftrago,& matança q na primeira, &ficaraõ
caõ fracos, & perdidosq desépararaô todos os lugares, qcinhaõ
ganhados recolhendo a gente,q tinha© nas guarnições fe fize-[
raõ fortes noMoncede S. Angelo emPulha junto aManfredo-
nu^ou Siponto ondeduraraõ por muitos annos,&foraõ caufa
K do

1
Abecedario militar
de grandes males & calamidades cm Italia , no que fe deu
,

culpa ao San&o Pontífice, & a Alberíco, quç naÕ executado


aviàoria esmo poderam,que lhe fora muito fácil acabar da-
quella vez aos Mouros fem deixar relíquias delJes^uc depois
foraõ cana danofas como relata a híftoria Pomifíeal lib,4- foi.
155. anno dc 916. ç
2o 1 endo o Capítaõ feito todas as confide rações apon.
tadas^.oucras muicas^uefe deíxaõ dc dizer por euitar enfa-
damento para o dia dá batalha aduirtira os foldadcs do que
deuem fazer paia procederem como conucm na bara ha: !

porque fem o fauor de Deos em nenhua coufa fe pòde al-


cançar o píofpero fucccílb a mefma carde iram os Religíofos,
que ouuer no Exercito aos Corpos de guarda donde fara m
praticas aos foldados, com que os incitem a íc porem be*m
com Deos , & pór na fua mifericordiaa efperança da vifto-
ria, que he o mais certo finai de a alcançarporque confdit
in Domino ftcut Monç Sion mn commoucbitur in dUvmm . E
mfto fe guardará também hum preceito feu porque manda
ua ( como fe 1 e no Deuteronomio ) que aodac da batalha
hum Sacerdote diante dos fclda dos, o qual os ani*
fe pofeífe
maíTc que naõcemeífem, porque Deos eftaua entre eilrs^&
pelejauaem feu fatior, & naõ sò os ífraelitas que tantas vezes
t

tinhaõ experimentado que fó véneiaõ cs fauorecidos deDee 5


mas os Idolatras Gregos & Romanos naõ conhecendo 2
,

Deos conheciaó que fó nelleeílaua a efperança, & afsi cui-


dando que com os feus naõ
facrificieso podiaó rer propicio
dauaõ batalha fem piimeíro facríficar
,
que nós , que
pcllo
conhecemos 0 verdadeiro Der s , què sò pòde dar as victo*.
nas ainda que com Arados & Aguihhedas fe peVaífe»
,

eílamos muito ir ais obrigados a pjoeufar feu fauorieno-


uando cfte coíluroc de animar aos foldados cem 0 feu neme
por meyo de Sacerdotes aptos para eífe cfFeitOj&jumamérte
fe mandará confeífar todos os foldados fazendo faciifkio a

'Deos das próprias vcntades,que lhe he muito mais aceito que


as
vfara de ardis, & ettratagemas. 1 30
d,zDaui<l) B aõ fe deleita có ho,
isdis victimas-oorquefcomo
o íactllkio do coraçaõ eoBKUO,&bn-
locauftos,né fedefpreza
mdhado.
horrendo dia, fatal, incerto,
n# nh-cendo aqaelle
{ como lhe
chama Vegecio ) em que fe hade dar avmuer-
íal batalha «om a
primeira luz fe começar» as Miffas.a que
porque eftas fao as atmas,
comungaraó todos os foldados ;

defender dos iniínigos porque o no-


que melhor os pódem ,

torre fortifsima tc eíle bo o mais podetofo


me do Senhor he ,

alcançar a viâotia , porque o


focorro, que pòdeauer para
Defpois de co-
Senhor he forte , Sc poderofo na
batalha .
mandaram comer, porque indo
mungarem os foldadosfe
naó poderam durar muito nella, porque
cm jeium à batalha
mantimento debilita-
enfraquecido o eftamago por falta de
corpora< s,& os corpt s naó poderam fofrero pe
ram as forças
batalha . & afsi a todos os Ca-
fo das armas, & o trabalho da
pitães, que deraõ batalha com os foldados em jejum fuccede©
efta foy hóa dascoufas (fe-
nial como a Sempronio,& porque
gundoTito Liuio)que lhe fixeraõ perder a viótoria deTracía,
que deraõ Scipiaõ a vi&oria,quc al-
& a mefma foy hüa.das a
cançou de Aníbal , porque eometendo clle os Catthagmen.
fesantes de terem comido.ôt detendo artificiofamente a bata,
lha para que durando muito ftnciflem os imigos a fome en-
fraquecerão de forte, que dizfTitoLmío; que feâíiímauaõ
aos efeudos para fc poderem ter,& afsi todos os Capicá; s,qu a
obferuaraõ a mcfmaordem naõíõ quando elles ordenauaõ a
batalha com fua comodidade, mas cambem quando etaõ co-;

metidos dos imigos podédoo fazer com fegurança corr o fez,


Emílio que fendo cometido dos Tofcanos naô quiz fairdes
alojamentos fem primeiro comerem os feus foldados Sr afsi
,

fdíz Vcg^cio) que antigrmente fecoílumauí não dar bata-


lha fem prineiro comerem os foldados, ma> quenaõ queria
que comedem muito porem ifto feja quando a prefía naS
:

foc maisimporcante. que o combater confUatememe como


Ri fo
Abeceiario militar
fe vio na vi&oria que Timolao ouue de Se$e focorrendo aos
Adnanitas de fua parcialidade porque fe deixara comer cs
,

foldados fora fentido deSefte, 5c não o poderá vencer


t
porque Sedte cinha mais genre &a vigeria ccnfiftia em
,

cometer repentinameme , & também quando os foldados


eftaõ tam defejofos de combater que naõ queiraõ^guardar a
comer naõ ferá erro obedecer neíla parte âarce, & ao a-
nimo dos toldados como o fez Iuliano que indo contra
,
osGermanos eítando ja perto do feu Exercito (juiz fazer al-
to, & alojar paraque os foldados comeílem & repoufaf- ,

fem aquella nouce mas elles eítando com grandifsímo ani-


,

mo pedirão que logo os leuaiíe a inuiftircom os inimigos, o


cjiie veodo Iuliano íem fe deter deu a batalha,
Sc vence®
como Ike prometia o valor dos foldados, Mas naõ auendo
eítas occaílões comeram primeiro, 5c logo os poram. etn
ordem procurando antecipar o inimigo, $c aparecer em Çan$*
panha çom o Exercito pefloem ordem antes que cllc ordena
o feu;|)è’rque ou ferá cometido eflando confufo, & defordena-
do,ou ordenandoífecom preÜa & tumulto dará grande co-
,

modidade para fer cometido com muira vantagem do Exer-


cito quieto, & ordenado & afsi a principal caufa da v &oiia»
b

que Cláudio Ngron alcançou dc Anibal foy fair elle em


ordem para dar batalha antes que o Exercito inimigo fè
podcíle ordenar, porque ( como diz Tiro Li ui o ) andauao
os foldados de Anibal tam efpalhadcs pello campo Ô£ ,

faro defordenados
,
que muy facilmente poderaõ todos fet
pifados, bc mortos da Cauallaria Romana &r afsi be tam
,

cílimada a prefteza nas occaíices de guerra que cem ella


diz Valeúo Máximo que deílruio Scipiaõ Catfhago St ,

por iíío perfuadmdo Dèmoflhesies aos At henienfes que fe


aprcfTaííem para a guerra de >Philippe R<
y de Mactdonia,
diiTe que por nenhúa ceufa Phiüppe fora fuperior aos A-
chenienfes feus inimigos fenaõ por fer fmpre o primeiro a
fazer todas as coufas t
&c ir. fempte diante ,e.m todas 1

" v /" '


as
vfarít 4c dHttâtâgtwàs* íji
ás facções. pata ordenar o Exército eoRiofonin fede:
Mas
quaes fao o íicio-oode fo ha de
ué confiderar finco coufas,as
naçoés, 5: qualidades dos foldados de hum,
dac a batalha, as
o vento, pó. Feitas eftasconfidera:
& outro Exercito, o Sol, o
para fe dar bacalha,que acomo-
eoes formaram os efquadrões
daram con/ormeao que feacharem, Em conclufao
fitio,em
temeantos reparos como feridas, & cafi.
o exercício da guerra
cosenganos como defenganos, & he tam cuidadofa como te-
que de ordinário contrafta 0 quo ha de go-
merária efta arre,

uernar com o entendimento, & fadiga


de fuapeíToa^pcngo
defama,honra,&gloria,ou aniquila-
de vida.acrcccncamcnco
&aísi com o cuidado que tem fc efta repa-
mento perpetuo: ,

lhe oadena ordo


rando da ferida, que fecretamence o inimigo
em contrario por onde fc pofla auantajar dei
nandolhe outra
le,fic fair com feu
intento & naõ faz pouco, o que com aftucía,
com ífto of-
& manha cila reparado a todas as horas ; porqueconjuntura
grandemente aguardando pa
fende a feu inimigo
na cabeçafem perda de fuagence,que hc, o %ue ha
ta lhe dar
viuen-
de pretender aucr vitoria conferuando feu Exercito,
com recato, & comendo feu inimigo á onzena fem fe aaé-
do
turar em batalha fe pofsiuel for
,
porque naõ lhe minguara o
Exercito, nem farà falta ó focorro para o ajudar fe eftiuer lõ-
gc ôí lhe naõ vier em tepo de necefsidade fera facilmente pet^
didoj

CA P I TVL O XVI-

<
Decomo 0 Çapitao feia prudente emfua
retirada,

Quando muito prudente ajudandoíTé


fe retirar fera

E do fegeedo, & homens^ molherestomâ


boasefpíasde
doçxéplono Conde de Barras, qué o CõdeMaurício
-
desba-
Mecedario militar
desbaratou eftando alojado por ordem do Princípe Cardeal
eom tres mil Toldados de pé & de cauallo no Cafal de Tor-
,

nace,pefco de Vergas,& Bredá^Cidades des Bftadcs rebeldes,


Efteue efta gente ali alojada muitos dias paflando necefsida-
des, & por que o inimigo ajantatia numero de gen-
ter auifo
te püa o ír bufear
determinou a recirarfe,& fuppcfto que o
fe
quiz fazer em fecrèco o inimigo teue maior íntelligencia com
fuas efpias,que o auifaraõ do dia da recírada,&:còm finco mil
foldados Cauallaría, & Infantaria marchou toda aquella non
te em boa ordem, & ao amanhecer Teus corredores defeubri-
rão o de Barras,que jaeftauafora do Cafal, &fehia retirando
niáisdepreda do que conuínha,que caufòu defordem,porquc
defeuberto o Olandes,quecom fua Vanguarda começou a
picar na Retaguarda do de Barras, o qual como valente Ca -

ualieirOjSc COm boa refoluçaõ animando os feus feposa reíi


ÍHr aoimpetu dos OJandefes que como lhes pareceo que os
,
do Conde fugiaõ carregarão cem maio»* furia: defenderaofe
algoqs com exemplo do de Barras mas como foy o golpe de
feus imigosmaior que Tuas forças com a morte do Conde do (

Barras &
outros Capitães que lhe afíiftírão começara© os cf*
>

quadrõesa dtsfazerfc,& foraõ todos vencidos &índolhen© ,

slcance deraó os OJandefes vozes que fe faluaffe a vida aos Ba


com que fc acabarão de render, porque a força,& mife-
lõcs,
ricordiafaz render o inimigo, O
Olandcs chegou fua gente,
& defpojcu cs moreos.que eraõ poucos & tomou muitos vi-
,

nos que eraõ Alemães,Balccs, & Iraiiáncs tomando feíFenca


bandeirascomo eftá djto,que deu grande nome ã vjfioiia c©
que o Maurício fe recolheo tríumphante a 01anda,Benauides
foi 82 Portanto feja o Capitaõ muy acaurclJado em fua
retirada o que importa tanto como hõa vidoria. o qual ven.
doa inclinada á parte contraria rendo perdida a cípc tança de
vencer procuiará antes do vitimo fimretirarfe com a melhor
ordem, que for pofsiuc! a algum íítio ferte aonde pormeyo
das trincheiras^ alojamétos béfprtihcadosfe defendera ate

poder
a fera oCafitaõpmiete em fuà i]t
retirada.
o pulfo ás forças, que
poder melhorar ò partido comando

do fofrimenco efperãdo.o benefício


naõ faõ baftantesvalhafe
pòde vir cal occafiaÔ, que com os feus pou-
do tempo que lhe
os muitos, de que temos exemples apontados.
cos desbarate
Conca a dínina Efcrícura no liuro dos Iuizcs do torce, &
va
lerofo Capàtaõ Gedeaõ, que hía por mandado dc Deosa pele-

jar com os Madiamcas.* chegou


com feu Exerciio a hum rio,
& como os toldados foflena morcos de Lde.&qui/cíTcm bebcc
Deos que ciuefíc conra,& olh-fíc qual delles bc-
mandoulhe
biaõ comando agoa com a maõ eílando em pé, & quaes dei-
ddpcdiflc,& fizefV
tados comandoa com a boca,ô: que a eftes
fe tornar & aos outros leuafíe coníigo &,
foraõ sos trezentos
beberaõ em pè comando
de dez mil, que eraõeodos os, que
a agoa com a maõ, & com elies venceo Gedeaõ ao ímigo, &
alcançou húa famofa v-iftoría. O
intento de Deos foy (como

diíTe omcfmo Gedeaõ) que efta


vitoria fc acribuifíe á fua di-
urna clemência, & naõ a forças.& poder humano, & por iííb
quíz que fendo os ímigos muitos fofíe contra ellcs pouca gen
efta chea dc temor,Ô2 cobardia, a qual moftraião na ma-
neira de beber agoa no Rio porque os valentes fem
j
temor
algum fe arremeçaraõ no chaõa beber, & os cobardes tendo
temor fevínhaõ os ímigostemauaó agoa com a maõ eftando
mais preftes para fugir. De modo que o desbarate nasocca*
íiões de guerra fu ccedc muitas vezes por peccades
dos folda-
dos,& por falta de gouerno,& cõfelho de feus Capitães como
fe vé doscxemplos referidos: porque he de tanta
importância
auet na guerra bons confelhciros que ameaçando Deos pello
Propheca Ifayasa feu pouo tendo dado em Idolatrias aparta-
do (Tc de fua adoraçaõ.fc feruiço a ameaça qne lhe faz he di-
,

zerlhe que tirará de Hierufalem dc Iudea os Esforçados, os


Prophecas,&os velhos^ue daó bom confelho, &
que lhe da-
rá Príncipes moços, que naõ faibaõ aconfelbar refulcando da
qui a dcftruiçaõ do pouo. Yaleralhe a Roboaõ fi'h© de Sala-

maõ naõ perder a mòr parte de f us Eftados, que foraõ dez


R 4 Tribus
Abecedario militar'
Tríbus de doze.qaecraõ por todos fe tomara o confelho
dos
velhos,qae lhe drziaõ naô agrauafle a feus fubdicos
com cxcef
fiuos tnbucos & peitas ouuío os moços, que lhe
;
díziaõo fízef-
fe,6r danoulhc tanto o tomar o confelho deftes
, & deixar o
daquelles que experimentou o muito que vai o
, bom confe-
lho,& o muíco que fe ha de eftimar quem o dá.
e
Cheganaffc a hora da morte aMachathias pay
dosMachabeos
tinhaos a redor de fy dandoíhe ordem como
fe ciefcndcfTcm
defèus imigos,& o pouo de Deos creceffe,
&para quetfto ti.
üeíie bom fim diflelhes ahi vosfícaSimaõvoffo irmaõ homem
de confelho ouuío, & elle fera voíTo pay. E afsi
o deuem fazer
os Capitães que qinzerem acerrar & fazer
entender afeusfoi-
dadcs qoc fotaõ desbaratados por feus peecados,&
que hç ne-
ceílario pnrernfebcm com Deos de que
, temos exemplo na
r
fagrada E cfitura como eftá apontado, &
fica eftaconfidera-
ção tendo enmenda, & arrependimento
confiadamenre tor-
nará cometer os muitos inimigoscoro os
i

" feuspoucos, & os



venccià como fez Gedeaõ.

c A P I T V L o xvir.

Do cargo do (^oroml , oh Adtflrede Qampoy


§ue tudufe inche em bu a mefma obrigação
ÚF também je*entenàeid da obrigaçao
doQapitao Mor debua
Comarca .

O ~
i^argo do Coronel dc hum Terço como
fe declara
no íegundo hui o no cargo de Sargento Mór, he do
muira aufhoridade.ôc reprcíenta ptíToa de grande ref
pdto.com o bc razao.por £ r cabeça,&- gma, juOiça ordinaria,
&
cargo âo Coronel. 133
Infantaria, que tem
&ffoucrno de todas as Companhias de
ha de dar todas as or.
em feu Terço & a ícu ,
cargo elle lhe ;

forem neccffariaspara o bom


dens remédios, & promfoés.que
&ao Sargento Mor, como a todos os Capitães, & Ot
couerno
Soldados dc todas as fortes de feu Terço, & ateda
a
| cl3es &
com clles habíta:& caftiga codas as coti-
gente de fe*uiço,que
& fe achando em tal
indeuidaj naô
as que faõ mal feitas ,

General, ou Mefhcde CampoGeneral


tempo fcuCapitaõ
que o ouuer a elle fe deuc acudir com muitas
em tal lugar fe

coufas,que fuccederem.em quanto ao goucrno


em codas: po-
jufhça ordínaría 0 Coronel ha de conhecer das
rem como
caufasdefeu Terço per ante feu Letrado
acompanhado em
o ha de ter,& fe ehama A udítor com feu Ef
fua prefença.que
Meirinho, & os cafos.que fuccederem fe appellaõ pa
cnua5,&
ra o Meílre de Campo
General, que he o que defeança aoCa
pícaó General, & feu Tenente &
elle lhe dâ efta authoridadei
,
,

apellação,mas não em primeira inílã-


& conhece em grao de
onde quer que os Capitães de feu Terço leítíuc-
cia: porem
com fuas Companhias gouernando. De tudo, o que fuc-
retn
a feu Coro-
ceder tocante à gente de guerra haõ de darauifo
prenderem por delido
nel: & fe algum Soldado, ou Oífieial
fem fua ordem.porque hc fua junfdiçlo,
naô no hão de folrar

ee ielle coca conhecer difío,& não das coufas, que tocarem ao


gouerno da Capitão General, a quem fe ha
terra, fenão a feu

de acudir: Porem fe fuccedefle o foldado matar algum da ter-


ra.ao Coronel toca conhecer diíTo:& oCapitão,que afsi o n~o
fizer errará, & náofaz, o que he obrigado
porque aquillo he,

. fua junfdiçaõ & cadahum quergozar do que lhe coca, que af-

fiefiá dito' no cargo de Capitão para ,


fe fabeteomo fe ha do
ob-feruar nefte particular.
Para determinação das coufas de jufliça, rem humLe*
i
r
trado (como acima fica dico)com E criuão,& Meirii.ho, efte
he o que julga: & para dar fentença, & determinação nocafo
íuccedidoo confulu com o Coronel, & com fua vontade, fe
Rj dâ
Abecednric militar
da a fontença & fe_m que elle meu
:
a maõ o Auditor
pode dsfpachsr coufa algua:-0 Meirinha naó
fecue para executar
as r^fens, que lhe der o Auditor por
ordem do Coron-d
iarcrnr <
jamencosde ^
ben
todo? T* t" 16 '
^
feu Terço, & rcpamllos
h ‘ P ara flZe ' ° s *1°-
pcllos demais Fur.
ríeis d. cada Companhia,
os quaes o haõ de ajudgr
nsfte mí-
K t0d ° Sa ° Meftrc de Cain P° General <^üanoo
, fe of-
ferece'r
Tambem o Furriel maior ha de tomar todos os
veftídos ar.
mas.muniçoes balhmencss se todas as coufas,
,
que da muni-
ção fc hao de dar no feu Terço por
elRey. Ifto ha de repar.
nr o oargento Mor, outras coufas
tem que fazer, em que naó
me detenho fenao que ha de ter conta de tudo
o que cíuer to
cebido a conta delRey para a
dar aos Officiaes de fua fazen-
da quando lha pedirem Com o que
. fe tera dito do Futnel
maior de hum Terço fe ha de entender
donde ouuer Exerci-
co do Furriel General, que fe
chama Qnartel Maeftre.a quem
todos os Fumeis acudiram, & ao
Mcftre de Campo General.
J. Também afsínala todos os démàis Officiacs maiores
&: neceharios que cria.SC fetuem
em feu Terço, como de cada
num ie dira adiante, que haõ de fer nomeados pcllo
M- ftre de
»-anipo de boa razaó.hum Capitaõ
Barrachel de Campanha
que he o que executa a juft.ça que por
, mandado do Meltro
de voampo f; faz afsi dos que encorrem,
dos, como de outras coufas.que fe
& quebraó feus ban-
cfferecem para o que traz
,
letnpre confígo feu Ofíicial.que
executa , Sí hum Tenente cõ
leus toldados acaualio p-raqu
o acompanhem. Efte Barra-
chel de Campanha, he neccflarío que
o aja para meter medo
Sl temoraos malfeitores, que quebiaõ os
bandos,8r ha de cot
ret o capo.Sfcammhos para cuitar que
nenhum foldado fofa
nem faça dano em Campanha aos tratantes nem
lhe favaõ
,

aos caminh s a tomar os baftmiencos


que traacm para ba-
,
ítecero campo: Ido fe deue guardar
inuiolauelraente , & ao
que achat coneta o bando fazendo dano
o póde caflígar fem
replica,
Vo cargo do Coronel 134
fabe qsc ha aquel-
replica, q«è o tal traz a fentença con/igo,&
la pena. mais,que Coca a feu cargo no marchar com fcu
Do
campo fc dirà no cargo do Sargento Mòr.
4 Também cm fcu Terço hum Medico muy
ha de cer
fesm experimétado
'
com conhecimento da naçaõ da gente,q -

ouuer em Terço,afsi de Hefpanhoes,como de Italianos, èí


outras nações: Efte ha de feruir no Hofpital de (eu
Terço on
de ha dc audr botica para que aja de todas as medicinas
necef-

fatias & de foiça o hadeauer no Terço,poique fe paga a


,

curta dos foldados dcllc, ^ t

Afsi he neccííatio humCirurgiaõ muy bem experimen-


5
tado em cirurgia, que com 1T0 feremedeaõ muitas feridas gra
oifsimas fc cura bem,& fe fabe pouco, & he defgraciado maca

aos que caem em fuas maôSjnefte officio he neceíTario feja


ha
bil,& cen a boa maõ.
ifto muy nccefiáno
6 Afsi cria hum Tambor mòr.què he
para a guerra, que efte feja
& muy habil/uíficiente^ diligen*

te ; &que naõ fej fauorf potq na© he officio,Que


i nomeado por
o requeira fenaõ habilidade &curfo,& que naõ feja necéíla? io
(

cnfmalo a dle,fena 5 que feja Meftre para enfinar a rodos es


demaistarobores do Terço. que erte cuidado ha de cer & qu í ,

rodos fe aõ bons, & que fejaõ claros em lançar bando, & que
tragaõ bon> inftrumentos , & ha de faber dos que feruem va
Terço fe falta algum em algúa Companhia ,
gcaduertir dilu>

ao Sargento Mór.& o ha de a judar em tudo , & naõ fe hi de


apartar delle,poiqnc lhe hade feruir de leuar ordens,& lãç
bandos & d^aperceber as Companhias para as guardáS,& a
de acudir de ordinário a fua cafa Eftc para fer perfeito h* :

mifter fer dèrtro,& faber muitas coufas, & de razaõ naõ lhe
deue faltar nenhâa, & quando menos poucas comofaó iaòet
íançir bando bem claro &naõ mal entendido tocar a reco ,

lhgr,& marchar, fizer chamada parachamar os demais tam


bores , & para deíafio de batalha ,
para ír eom recado a algu »

terra,ou caftello eniàs



for
*
mandado t
& fer habil para dat

_
recado.
Abecedario militar
íecado,qué lcuar ôcpara entender a repofta.que lhe
(
derem,
íabella explicar defpois ; hade ter aduertencia
em quanto dà
leu recado, & aguardara repofta de reconhecer
amuralha fc
tem ioífo dagoa,ou fe he com cfOneiras altas ou baixas
, & ,
de cuda o demais,que vir difíiculcofo, que para ilío vay.
Eíle
ha de fer Hefpanhol entre elles , & naõ de outra paçaõ
,
que
aísi conuen!^ ha de conhecer,
& faber cocar rodos os coques
de atambor das nações, que pracicamoSique faó PrancefeS;
A-
]emãss,Efguiçaros,Gaícoés,Efcocefcs Turquefco, & Mouríf-
#
co,&: 01andefes,quc Italianos he
oproprio que Hefpanhohha
de faber falar, & entender codas eftas lingoas fc he pofsiuel: ha
de faber cocar arma fucioía,batalha foberba,
retirada fuaue pa-
ra fe refazer; 6c ha de cer cuidado
dc fazer que os demais tam-
bores leuem guardadas dc ordinário algúas
pelles para feus
tambores para que fc achem apercebidos quando fe
ihe rom-
perem as outras^ ceram niílo grande cuidado, que alguns fe
lhe naõ da que lhe falcem^em que fe rompaõ
as próprias cai
aras* Ofinal, porque ha de fer conhecido
, ôc ha de trazer de
ordinário he hüa gineca de ferro pequena, feja a haíle mais
&q
comprida que lua eftatura meyo palmo com hõa borla como
Capicaõde gaftadores,& naõpaoquc naõ lhe he dado:Ôí por-
que no cargo de Sargento Mòr fe acharam todos os feruiços,
& cuidad 0 s,que marchando ha dc Cer, não digo mais aqui!
7 O Mcftre de Campo para fua guarda tem ouco alabar.
deiros Alemães pagos por e!Rey,que hão dc acompanhar fua
peflka quando clle qmzcr, que para líTo fe lhe dà a paga del-
les.

8 Grande em feu Terço hum Capel-


vcílidads ferá auer
láo mór,q fofíecabo dos mais Capellãcs,& elle examine co-
q
^os os mais, porque alguns cem necefsidadedc ferem examí
nados; Efte cal deuia fer de boa vida, & coftumes & de aucho-
iidade,& que renha conca como cadahum viue,& o remedee!
& com ifto andará a Chriílandade cm feuTerço afsí de Sacec
doccs^ como da mais gente bem concero da
ôc naõfe viuirà
t

çom
9 i
*D o cargo do Coronel .
? 5
comofe vítie tz fé temcdiaraõ grandes
com tanta. jjsfectdade ,

males.ôí grandes abuíbs. r c


Os Romanos, & Macedonioschamauao em leus
exér-

citos ao que chamamos Terço Legiaó & o diuídiaõ em dez ,

pattes como entre nòs em doze


Capitães, porem em numeros
era de numero
diforentesinins dos outros todo o Tribuno
;

cauallo E cadahúa daquet-


dc 6100. homens de pe,& de ^70.
]as partesltóthamauaõ Cohorte Ama outros Capitães tãbé,
homens, outros Cenru-
que fc chamauaõ Cencurios de a 150.
a 200. outros íe chamauaõ Cemanarios,eftes eraõ de
rioes de
100. comogaftadores,quc fazjaó foflbs ^trincheiras com fuas
demais emefquadraõj
efpadas na cinca, & em tancoeftauaõ os
vfauaõ na Infantaria cercas armas naquelle tempo,quo
porem
graça ian ças largas f já-
agora valeriao poucq,que hexouía de
bèfta a pé, & a cauallo, fundas, S£
cos, cela das, capacetes, arcos,
certa inuençaó dc m anga de madeira como braçaes nos bra-
ços efquerdos,& repares de corc iças,& guardauaõ
bem as per J ?
nas: os mais valentes eraõ auantajadosem raçaõ, & pitança, q

todos viuiaõ como em paço. Também eraõ honrados^ gra-


tificados os que fe finalauaõ emeouías particulares, & afsi pe-
leiauaõ cora muita ordem, &
difciplina porque ,
eftauaõ muy
exercitados, déftroSjCoftumados, &
obedientes, quehe o que
roais importa:& afsi deueo Mcílre de Campo mandar que o
foldado de feu Terço fe enfme & exercite.
v

10 Ordenará o Meíhe de Campo que em feu Terço aja


quinze foldados Arcabuzeiros de cauallo em cada Cõpanhia
que vem a fer no Terço 180. pellas razões referidas foi.
11 Deue mandar que no feu Terço naõ aía ofjficial, nem
foldado amancebado por muitos refpeícos & deue conçeder q
aja a'gúas molheres publicas ao menos quatro por cento r
ainda que ha eftatuto velho que fejaõ ouro por cento: Eíhs
baõ dc eftar em quartel feparado em prefidioem lugar occul-
to por o que conuem â honeífidade da vizinhança & he muy
conueniento que as aja para euitar maieres danos, às quaes fe
deue

'

'

\
Abeceda ri o n, ilit a r
d ae dir cafa.fc fetuiça gcat.s.cojno aos
“*
foldados & também
he proueico das nzmto da cccta para que f
uas irmãs, molhe
tes, 3c filhas eftem mais feguras
& deue de mandar com publi-
:

co banjo com os demais , que fe publicarem


,
& fe fixara no
Corpo de guarda que nenhum foldado durma
, de noute em
ca ade nenhúa delias com a pena, que lhe parecer
?o foldado,
a cilas pecuniária, que he,o que lhe doe
, & que efta pena exo-
cute o Meirinho do Terço, que he feu
officio: as ^uaes haó da
ler viucadas porelle para ver fe o guardaõ;
6c para o que im»
porta a faudedos foldado* haõ de fet vilicadas
pello barbeiro
^ticfâ nomearparaefte cffeico cada
ouco dias por naõ ínfícío-
fiarem a gsutc. Em Campanha femprefeafsinará quartel nas
coitas do Terço aonde faram fuas barracas, não tendo tendas:
O Capitaõ de Campanha entenderá com cllas.que he fua ju.
rifdiçaõ.qafsi lho deue ordenai
o Meftrede Campo Tambg :

conuem.que nenhum foldado tenha nenhúa delias fua


i con-
Ca por euícar brigas^ diííenfoés.
13 Deue o Meílre de Campo mandar lançar bando pu-
blico cm feu Terço pello Tambor mor dc muitas coufas, que
fecumpíão ao pê da letra, ou
não os lançai, que neftecafo ha
de fer rigurofo de principio, que
hea importância, fau de,? &
quietação de feu Terço, & de bons coftumes fem liberdides
deshoneftas,& efcandalofas pendenciasjuntas occultas dc nou
ce. Nifto fe vma com recati^que he danofo
donde facm mo-
cins,& vinganças de injuiiascom os do pouo,rumorcs
& re- ,

iiolcas de muita importanciacontra o fermço de Deos


dei-
Rey.E ao foldado que ouoer de andar nofcruíçodelRey náo
fe lhe deue dar tratos em publico por pouquidade faluopor ,

via de tormento que mfto não perdera nada de fua honra.


,

Não tratarei mais nefte particular do cargo do Coronel & ,

Meftre de Campo, que he tudo húa coufa, porque em tudo o


,

que eftà efcnto do feu Tei ço eftã narrado, que ha que dizer,
o
que tudo lhe cocaa feu goucrno; fenáo que,o'‘Meíhc de Cam
pode hum Terço de Infmcam indo 5Ò com éllc a qualquer

/
Vo cargo âo Coronel 13 6
prefa ha de ter todo o cuidad©,&: aduertencias &
ha de dar
»m >

todas as prouifoês , SC fazer todos os ardis, que conuem à tal

cmprefa como fe foíTe Capitão General Porque em cal cafo o


feu Terço he Exercito.fc elle o ha de prouòr todo, & deue fer
homem maduro & de boa experíencia, índa que feja de
,

& ioo.anno.s, como era Dõ Gonçalo Mendes da Maya Oii-


dador genro de Egas Monis adiantado delRey Dom AfFon*
fo Henriquci E oMeftre de Campo Mondragap que fendo ,

defta idade paíTou a nadocom leu Terço como fica ditP,Bena-


uides foi. 43. E faltando eftesfc deue de criar do Capica 5
mais curfado,& ds maior opíniaõ, &authorídade para bem
acercar.
14 A jurifdição do Coronel, ou Mcíhe de Campo naõ cem
limite de terra ouProumcía , porque he fobre as peíToas de
feusfoldados onde quer que forem achados, &afsi qoaeíquer
outros Iuizes de codos osReynos,& Prouíncias,de que elRey
he fenhor lhos deue entregar fe por os Mtíhes de Campo lhe
for requerido com as fe fazia nos
culpas dc feus delidos corr o
tempos paliados de que temos exemplos,& baftaram eftes.
,

Hum Cabo de Efquadra foy morto por hum foldado emCã-


brefi,& a requerimento de Luis Peres de Vargas lho entregar
rão os Corregedores da Corte em Spira aonde a efta fezam
eftaua o Emperador Carlos Quinto. Outro foldado matou a
hum Cabo de Efquadra em Valcnça dei pò & a requerimento
de Sancho dc Mardonis lhe foy entregue pcllo Vizorrey de
Sicilia, & fe ifto fe fizefle fempre afsi fe eícufaraõ muitos deli-
dos entendendo os delinquéces que em nenhua paite eftarana
feguros porque os foldados na guerra tem muitas occaíiões
para delmquír, & aísi he neceflano rcmedialo com rigor, SC
fviauiddde porque dizia Scípiaó Africano que mais importa
conferuar a vida de hum amigo qoe cirala a cem inimigos, &
o Duque de Bragança Dom Iaimes quando tomou a Aza mor
lhe deraó ponto que a Cidade dcAlmedína, dc Ti tecílauar
defpejadas em parte com os moradores atemorizados qn-a
podia.
Abecedario militar.
podia fua Excellencía mandalas tomar ao que refpondeo quã
cíhmaua mais a vida de hu foidado que a valia das dicasVilias.
Doufimaeífe cargo de Coronel,& Meílce de Gampo ôc ,

Capicaô fíaóc de hüa Comarca, que pòde oíFereccrfelhe a mef-


ma obtigaçaõ,ÔC ordenarfelhc acuda com as Companhias do
íua Comarca a hum rebate, & cer necefsidade d&fair , U cee
expenencia^com o que cudo fe lhe fará facil.
ij Eftou vsndo que fe me pergunta debaixo de que bati-'
deira miiicei paca meacrcuer a imprimir cfte Abecedario l ao
que relpondo (fe he licico comparar grandes coufas a peque*
cas) com Pompeo Magno, que ancesds fer foidado foy Ge-
neraljOU Emperador nome, que naquelles heroicos cépos lhe
competia, & que defpoís vfurparaõ os que fe leuantatão com
a Republica Romana fenhora do Império do mundo. Per-
guncandolhe em Icalia ance o Di&ador Syila os Eleitores fe
unha comprido osannosde milícia conforme a obrjgaçaô
dos Caualleírosí DiíTe que èt cornandolhe a fazer pergun-

ta declaralíe debaixo de que Capicaõ? Refpondeo, que debai-


xo de fy mcfmo,& no feu Exercito & afsi facisfaço eu dizea.
,

do que debaixo de minha curioílJade , &c índuftna que fao ,

baílantes, quando naõ ciuera os principios de foidado que te- ,

nho dico. Eque meu intento he feruic aos Leitores acenden-


dolhes os ammos para que^com mais viueza , &
deílreza fe
empreguem nas armas dilatando a fan&a Fé,& feruindoa feu
Rey ,U honrandoífe a fy & as fuas pacrias como aconceceo
, ,

aCefar incanfaucl em Imros para que fe lhe auiuaíTem


ler

mais feus bellicofos cfpiritüs, E canco que lendo as proezas


de Alexandre Magno fe perfuadio a imitallo como fez em
quanto lhe durou a vida, & o Império. Com igual, & maiot
generohdade^ curioíidade fe criarão os altos penfamentos
delRey Dom Sebaftiaõ, que com ler a hiftoria, & vida do in-
uiítifsicno Emperador Carlos Quinto feu auò com grande
applicaçaô propôs cm feucatholico coraçaõ não sò ínntallo
mas excsdello em chegando a Idade conuenience aruorando ,

as
Vas razoes do Autor. 13 ?
)S armas, que
o mefmo Senhor deu a feus anreceffores noV>-
murosde Marrocos, 8£ Féz &
fazer fe fenhor de Afnca co^
jornada de Alcácer a fortuna nao eor-
mo fora fe na infeUcc
tara o melhor de
feus annos, & magmmmidade de feus cf-
craca Amador Rebello da v.da
defte Rey.
piticus.como
r
is Efe cerco que naõ ha liuro por humilde, quefeja,
lie
boa,de que os Leitores fc poflaõ
qnc naõ renha algüa coufa
;

que he de cudo nunca fe me pode


bom faber
aproaettar , & ,

dcfejo,& o quetiue dc liluílrar a minha na*


dcfaeradeccrcftc
algâas finezas de feu yalor.&naõ trato de outros
çaõ trazendo
tratar no fim dette liuro , dos
valeroídsfeitos, como prometi
muito & porque faço fe-
Pomiftucícsòot me auer largado ,

incorporado nefte,que confio fera agradauel aos


cundo uuro
preceitos, & exemplos que tem,& cem ofenga-
Licores pellos
em conta os defeitos que acharem que cuido nao
caõ leuar , ,

acrccencar por feu nacuraL


feram muitos fc o vulgo osnaó
dar occafiaã a que outros
coftume, &í afsi me antecipei por
Autores faiaõ com obras trabalhadas de mais annos & mais ,

polidascm competência defta, quê primeiro cífereço lem-


brando com tudo que he facil acrccencar ao que fe inuenta.'
Dizia Horacío Príncipe dos Ly ricos & fummo Phílofopho
,

moral que o que ímprimiíTc auia dc reuer apurar íèu liuro


por noueaonos imitando neftc artificio a natureza, que puri-
fica nos veneres por cfpaço dc noue mefesas crianças, que ra-
ramence chegaõ a cem annos, & com razaô os Autores deucm
reuer, & purificar feus líuros naõem noue mefes, ou noue an-
nos, mas em muito mais: porque fendo bem acabados fiquem
dignos dc viuer naõ fómence cem annos mas cm quamo o
mundo durar. E por muitos naõ guardarem eíle preceito os
caftiguu o ccmpo, que com o verdadeiro examinador cem fe-
pultado cm efquecímento muitas obras , que fairaô a luz an-
tes de tempo. E como cfte Abecedario naõ tem chegado a no
ue annos, nem 'ainda a noue mefes naõ pòdecfperar bom
fucceífo fe o naõ puíer no animo cândido dos Leitores, & em
nao
Abeceàario' militar
naÕ fer efte liuro meu,, mais que no nome & trabalho
que ti. ,
ue de o Tccopilar dos Ancores nelle apontados
, & naõ £rhi
com alguns oaptrulos , folhas, em Ue fe aponta
& o que
q ,
dos Autores nelle allegoipor o fazer de
muitos
ptoluxo nos mais para que os curlefos ovejaó,
& nao fet ,

fe ata Iouaor deuido, & naõ leuei


& a cadahum
algua hiftoria"ao cabo poc
naõ fazei a meucafo mais que aponta-la remete
ndome aos
Autores que as apontaõ.fc quando os
Caíklhanos me impu-
tem que meajudei nefta obra de feusliurosfaibaõ
que cam-
bem me ajudei de outros muitos que o naõ faõ
&í mais
quando elles da lingoa Pottugucfa traduzitaõ na
fua os Diá-
logos do Padrefrey -Eicor Pinto
& os Lu fiadas' de Luis de
,

Camões, & a nauegaçaó, & hiftoriasda noffa


índia Otíen-
tal; Aniagem, que fez ao
Piefte Ioaõ Ftancifco Aluarez
Capcllaó dei Rey Dom Manoel Goftumes, & trajos da.
:

quellas partes, & osliuros dos coftumes da Chrna,& Iapaó.


& caitas quedelà roandaraõ os Padres da Companhia de Ie-
fus O
primeiro linro da Indi-a de Fernaõ Lopes Caftanbe-
:

da: AChromca de Iorge Caftríoto té Palmeirim do &


,

Inglaterra feito por Francifco de Moraes que


na noíTa lia<-
goagem canto fe auanrajou deixo outras craducções paladra
por palaura que nefta obra fe naõ achará
, fe fe me ar- ,
&
guir algua falta nos vocábulos, & còllocaçaõ comAriftocc-
lesdiíeique o Orador, &Hiftoriador mais deue detratar do
coufasimporlam.es k Republica que dejornato de palauras
de Gramáticos & retoricos como fe Jè do grande Plotino
,
}

f
Platônico, que de propoíico defmanchaua as palauras feado
as fentenças grauífsrmas, dizendo que sò fe
auia de aduertíf
na fubftancia da Hiftoria, & naõ nos aecidenrcsj quaes faõ as
palauras com vários , & exquiíítcs modos que às vezes tiraõ
o fer;& luftre,ao que fc pretende perfifedir, & dar a conhecer.
E como o fru&o, que dcfte trabalho quet o colher he fomen-
te animar, & aprcueítar araeus naturaes & neftc pomo naõ
,

tfílee como defe;o tenho pot certo que ferâ aceito efle zello
>,i. •
ao
Ui
*Das 1 38
aos Leitores , quccom o faaor que me derem neíle lhefeço
prompto fentido para o fegundo liuro , que fe fegue, que na®
foy tudo nefte para que tiuefsé tempo de defeanfar deí-
[pois de vífto ,
& coníiderado o que nefto^
fc contem.

*
LAVS DEO

"jv

li;
imn
hví-r
,
Foi. i.

LIVRODESTE
SE
]VNPO
^BECEpAIUO MILITAR, EM
|ae fe trata por extenfo do cargo de
Sargento maior
m prcíidio, marchando em campo,
& a obrigaçaó&
lo Ajudante# Moílrafe húa regra geral
pera com mui-
a facilidade fe faber de cabeça formar
qualquer efqua
irao por grande quefeja*. õc comofe conhecera
o nu^
ncro dos Soldados, que vem no eíquadraó do inimi-

go ôc Te enfina o modo de tirar a raiz


quadra breue*
^

nente, & a proua delia por muitos Autores,& muitos


dquadrões, cada dcfeu modo, comfua conta,
hum
>raticaj & como fe efcaramuçará de prazer, de ver- &
dade & a razao que o Autor teue pera pór a eíte
;

liuro o titulo de Abeccdario militar j 6c


outras coufas,que os afifeicoados
aeftaartc folgaraó
dever.
CAPITVLO I.

*Do Sargento mor , Jjvgular cargo , preeminente


nagnerra, por cu]a waopafía todo oefiencuâ
delia , como acjui fe moftrara .

B )

jj
Eixando de parte as razões jaaponradas, bua das
que mais me obrigou a fair com eíU Abecedario
foi ver que hum dos fru£to$da vinda de noffo Se-
a nhor
Akecedario militar
nhor Iefu Chrifto ao mudo foi tirar a guerra, & difcordia,
que aelle auia plantado em feu lugar a paz , concordia
6c
entre todos; porem, nem por ííTo quiz que quãdo foíTe ne-
ceíTario,8c ouueíTe muito jufta caufa que na5 fe poífa dar
guerra, mas^antes por ella íer o meio efficaz pera ter paz,
mefmo Deos tomou officio de Sargeoeo môr, dando a or
dem queauiaS de ter os arrayaes do Pouo quando vinhaõ
do/Egypto, repartindoihes as cftancias, em que cadaef.
quadraõ auia deeftar eorao fe vé no cap. 17. do Exodo^Da
uid deu taõbe efte officio de Sargento mór a Chrifto nof-
fo Senhor, ou pello menos aos Anjos Pfal. 33. cercará o q
jo do Senhor aos que temem, & conforme a S.Ioaõ Chry-
íoftomo,&a Genebrardo he o mefmo que dizer. Afienta*
rào Anjo do Senhor fipus ar rayais em contorno dos que
temem a Deos: ou por Anjo do Senhor fe entenda Chrif-
to, que na fagrada eferiptura tem efte nome, ou fe entea-
da, qualquer Anjo do Ceo, fe moftra bem quaõ eftimado
foi,8e deue fer o officio de Sargento môr.O mefmo Deos
em oteftamento velho mandou muitas vezes fazer guer-
ra, & as aprouou dando afsinaladas vi<ftorias,Sc concorren
do com afsinalados milagres, & mui grandes. Mádou Deos
a Saul, que fizefte guerra a Amalech, fucedeulhe profpe-
ramente. Pelejando Abraham cora fôs 3 18. Soldados con-
tra quatro Reys,lhe deu Deos mui afsinalada vi<5toria. Pois
que diremos da vitoria, que pella oraçaõ de Moyfes alcan
çaraõ os filhos de ifraei? Pera a vidoria da grande memó-
ria que Deos deu a lofue contra finco Reys, concorreo 0
mefmo Deos com fazer parar o Sol, 6c chouer muitas pe-
dras, que eraõ muito mais, os que ellas mataraõ, que os q
mataraõ os filhos de ífrael.Cõ fós 300, Soldados quisDeos
ajudar a Gedeaò, 6c lhe deu aquellatam afamada vi&oria
cohtraosMadianitas. Sólonathas filho de Saul com hum
pajem de lança cotneteo hua vez ao exercito dos Philif-
teos , 6c fora© tantos os que morreraõ matandoíè hus aos
outros
carge/sr- efficio de Sargento Mor.
0 z
que diz a Sagrada Efcrip-
mtros per diuina ordenaçaõ ,

ura que foy hum grande milagre queDeosfezem a- ,


,

juelles campos. Em o tempo dei Rey Ezechias mandou


Seos hum Anjo, que no exercito dei Rey Senachenb
natou cento, 5c oitenta, Sc finco mil homens. Em hüa
ruerra dos Machabeos lhe mandou Deos do Ceo Anjos
:om armas, §c cauallos, 8c alcançaraõ hüa iníigne vi&o-
:ia & naõ fomente em o tempo da ley velha, fenao tam-
:

pem em o nouo teílamento deípois da Afcenfaõ de noííb


Senhor Iefu Chrifto , & depois de fe auer pregado o fan-
5to Euangelho por todo o mundo tem comcorrido o ,

mefmo Senhor com notaueis, Sc milagrofas viótorias,que


por elles dauaa Príncipes Chriftãos, Sc Catholicos . Sa-
bida coufa he as viófcorias que o grande Conílantino aL-
,

cançou apparecendolhe o da Sanófca Cruz no Ceo ,


íinal

com outros fauores diuinos. E em outra batalha, que ven


ceo o grande EmperadorTheodoíio mayor appareceraõ
os Apoftoíos Saô Ioaõ,8c Saõ Phelippe,que peleijarato em
feu Fauor. A Theodoíio o Menor appareceraõ também
os Anjos , que peleijauaõ contra os Mouros Sarracenos.
San&o Agoftinho conta , que querendo hüa vez os Go-
dos tomar Roma , foraõ mortos milagrofamente mais de
cem mil delles , 8c dos Romanos naõ ficou nenhum feri-

jdo • Padecendo o Exercito do Emperador Marco Auré-


lio, ainda que Gentio, grandifsima fede eflando em ,

Mograuia, per oraçaõ dos Soldadas Chriílãos veio tapta


Ichuua do Ceo per ordem diuina
,
que todos mataraõ a ,

fede & ficâraõ fatisfeitos , como contaõ muytos Auto-


,

res Do Emperador Carlos Magno, 8c dei Rey Lu do ui


cofe puderaõ contar muytos milagres, com que Deosfa-


norecia as guerras dos Chriílãos O Conde Mont-Fort .

com mil foldados coofeífados, 8c commungados com- ,

Ibateo aos Hereges Albigenfes, desbaratou o Exercito de


cem mil homens, macandolhe vinte mil delles, naõ mor-
a z rendo

!
Abecedario militíir

rendo <3os Cacholicos mais que fece, ou oito peltoas E


cambem em Hefpanha temos tantos exemplos que naõ
,

he neceffarioillosbufcar a outras partes : 6c baftaa vido-


ria de Tolofa onde morrerão duzentos mil Mouros, naõ
morrendo mais que vinte 5c cinco Chriftãos 5c por tao :

afsinalado milagre, ôc vidoria vemos fe celébra cm Hef-


panha aos dezaíeis de Iulhoa FeftadoTriurppho da Cruz.
E que poderemos contar das grandes vidprias , ,que os
Portuguefes tem alcançado em todas as partes , que tem
-deícuberto? 5c naõ quero nomear cada hua per fy por- ,•

que andao muytos liuros cheos , 6c os Portuguefes


diílb
foraõ fempre mais de fazer, que defailar, nem deaffoa-
lbar fuas coufas & afsi o menos he o que delles fe efcre-
:

ueo, ainda que Frey Bernardo de Brito , asChronicas da


índia, 6c as dos Reys Portuguefes tem aífaz que contar,
6c que ver. El Rey Dom Affonfo Henriquez cora onze
mil Toldados desbaratou feifcentos mil Mouros no Cam-
po de Ourique 5c naõ falta quem diga, que eraõ noue-
:

centos mil O tnefino Rey com duzentos 5c cincoenta


.

Porguefes tomou Sandarem aos Mouros , fendo bua v»l-


la taõ forte , 5c murada afsi de natureza , como de mu-
,

ros ,5c cantaria, como fe fabe E o mefmo Rey Dom


.

Affonfo desbaratou aquelle grande Rey Baxa com treze ,

Reys Mouros. Francifcõ Rodnguez Lobo.Condefiable Canto 4 y r ,

que confiado em a grande multidão de gente, que trazia,


lhe veioaprefentar batalha em os campos de Saudarem,
5c com poucos íoldadoslhe faio o dito Rey ao encontro,
fendo ja velho, 5c enfermo, pondofeapê, Scleuandoda
íua efpada os desbaratou a todos, matando muytos mi-
lhares delles 5c vendo ao longo de fy hum braço arma-
:

do, que o cobria hua aza , o qual lhe pareceo fer Anjo,
5c o affirma emfeu juramento que via cair mortos ao
,

longo de fy mil, & dez mil, 5c muytos mil E que mui- .

to he ifto pois o Caudilho 5c Capitaõ General foy Portu-,


gues
Do cargo ,& officio de Sargento Mot. 3
ues ta conftimado na fciencia da gtterra>nacido para ai
(Ti

as empreías, tam valerofo por


fuapeífoa, felicifsimo era
uas coufas, vidoriofo fempre,& nunca vencido,que
um
eguramente fe pode dizer/que corre rifco acharfe outro
3e mais fama mais antigo, ou moderno,
que lhe exceda, ou
5 oíIa com rízaõ competir com elle> Efte foy o primeiro
&ey de Portu^gal Dom AfFonío Enriques, de quem ouíada
nente que em todo o rigor lhe naõpode ferante-
direi ,

pofto Alexandre Magno, Cefar, nem Cario Magno, nem


Diuro algum deita forte, por feguir a guerra por maisPro-
aincias,& conquiílarem maisReynos,&Eítadosque elle,
adqueriraò mais fama : a proua fe fabe que a efpada, que

dRey Dom Affonfo Enriques arrancou fendo de pouca


idade a naõ tornou a embainhar, nem defpois de velho,
pois coníla pellas Chronicas,que na primeira batalha,que
deu ao Conde de Traftamara,em que lbeficàraò fete Cõ-
des em feu poder, com outros infinitos defpojosnaõ cbe-
gaua a vinte & cinco annos , & na que deu ao Emperador
de Marrocos paffaua de oitenta , & toda a idade em meyo
gaftou naquella felice milicia conquiftando terras, & de-
fendendo as conquiftadas: fe acha ter vencido em campo
pinte Reys & dous Emperadores titulo taõ grande em
, ,

todo o refpeito, & mayor pello pouco exercito, que fem-


ipre trouxe. E Viriato General Português com foldados da
taefma naçaõ fu ítentou quatorze annos contínuos a guer-
|ra contra a potência Romana , desbaratando vários exer-

ícitos. Sabida coufabe as grandes vidorias, que osPortu-


jguefes alcançaraó fempre de todos aquelles que osvinhaõ
jbufcar afuas terras, em Portugal lhe ficauaõ vidas, armas,
jcauallos, &mais defpojos, &os Portuguefes faziaõ tapa-
ges de fuas fementeiras com os oíTos dos mortos. Muito ti-
nha q dizer neítas matérias, & apõcar as partes deites encõ
tros.mas como fou Português naõ faço cafo de taõ pique-
jnas coufas, fó digo, que de todo o dito fe vé claramête fer
a 3 muitas
Jbeceáario militar
muitas vezes li cita &
íanâra guerra, pois noflb
Senhor ci
leus milagres a abona, Sc fauorece, tomando
o officio d
Sargento môr, Sc Meftre do Campo, dando a
cada hum
eftanc.aaonde hadeeftar. E querendo que os
Sanótos n
gloria lhe chamem Deosdos Exércitos,
que iffo quer di
zer Domitms Deus Sabbaoth. E a^Igreja enlinadS
porSandtc
Agoftuaho Sc Sanóto Ambrofio lho canta
,
po Hymno d<
Te DeumUudamus-, paraque afsi nosconfte
ferferui do qu<
por meio da guerra aja paz.E afsi diz S.Gregorio
Nazlan
zeno.quemilhor hea boa guerra, que a paz,"
quenosapai
ie de Deos. E poreftacauía o SpiritoSantoamacom
zele
aos que deleu natural faõbrandos,& trunfos,
paraque fa
çaõ jufta guerra. Pello que, fe vemos que era algüas
guer
ras_muito juftas naõ fomente fe na5 alcançaõ
vitorias, fe
mo que fe perdem, ôc desbarataõ grãdes exercitos,
naõ hí
culpa da parte da guerra , fenaõ dos Soldados
guerreiros
por cujes peccados nos vem grandes caftigos, ôc fe
desba^
ratao exercitos, de^que auiagrandesefperanças com
aífu
deshonra dos homes,&: com muitas ofFenfas de Deos. Tu
do iíto faz a malicia humana, & para a deftruir, & alcãçat
0 bem da paz,he muitas vezes neceífario hauer guerras
H prouer antes de bons Soldados para alcaçar vidíorias,que
,

lcM naõ de muitos, que fejaõ tais que por feus peccados fe per
>. caõ,como tantas vezes vemos, defpois de taô grãdes gaftos
vv ,?K
feitos com ta® bom zelo dos
Reys Catholicos.E vendo eu
tantas, & taõ claras razoes
de que noífo Senhor he feruido
que aja guerra para bem da paz & aumento da Cbriftan-
,

dade.- ôt^vendo taõbem como o mundo arde em


'

í|t
guerras,
& fe vaõ aparelhandooutras muitas,me pareceo
fazer ef-
11 te Abecedario, & Tragado da Arte Militar no
,qual naò
pretendo mais quedar ordem como nos defendamos de
noflbs inimigos.
1 car S° de Sargento Mòr, eílâ bem entendido fer
Tenente de Coronel de hü Terço,em que ferue eíte car-
go*
‘Docargo/p officio de Sargento ISAb*. 4 ,

•o, St requerefe quefeja mui


habil, St deílro Soldado, o q

la de exercitar, St entender
o tal cargo, St que feja botn
:ontador,robufto,& agil de fua peílba,que reprefente au^
horidade, & quefeja diligente, St vigilante. St ha de fec

Procurador, St Meftre principal da gente de feu Terço, Sc


?araute, de^uem pendem todas as diligencias, cuidados,
}ecefsidades>St remedios de todo o Terço, St todos osadj
lerti mentos. St prouifoes,que nellefe coftumaõ vfar,ha 5
ie pafiar por fua mão, St elle ha de tomar de feu Coronel,
:omo de cabeça,St Caudilho, guia, gouerno, St juítíça or-
dinária de feu Terço, todas as ordés. St as ha de executar
3 Sargento Mayor ; que com elle fe defcuida o feu Coro-
aelem todo, St por todo afsi em exercito, como em preíl-
dio,St de verdade que fe pode dizer que he galhardo offí^
cio na infanteria. St de muita confiança, St preeminente:,
porem de grandifsimo cuidado. Todas as vezes que fe Mae
Djffcrecer no exercito pode ver a cara de feu Capitaõ Ge*
aeral, St de feii Rey fe ahy eítiuer , StnaÓ ha ponta,, nem
;

pauilhaõ cerrado pera elle ; porque feu cargo o requere


afsi pera tomar ordésde feu Capitaõ General como para
,

lhe referir, o que o feu Coronel lhe ordena ,St o que elle

(ouberque tem fuccedido, St o quefe ha miíler de reme -


diar,St para tomar o nome. E certo que Sua Mageftade el
jRey Dom Phelippe o Prudente entedia muito bem quao
Ipreeminentç trabalhofo, St importante he efte cargo, o
,

|qualeftimou,8t honrou muito, cõ o anthorifar,St acrecen


tar que defdo annode 1580. que paífou a Portugal o feu
exercito lhe acrecentou de foldo fobre vinte St íiaco ef-
,

jCudos,que tinha, quinze mais, que faõ quarenta, que hfc pa


jgade Capitaõ, com que ceífaõ competências ( como diz
j-Aguilus, foi. 42. )Sc porque em íodasascoiifas,que ocorre
no exercido das guardas, cuidados, St defcuiclos delias, fa^
zer armar, St enfinar aos Soldados, naõ tem necefsidade de
ordem particular do Coronel, bafta auelio coaamunicado
- com
a q
Abeceàario militar
cora ellehuavez,com que pode mandar juncara ente que
que mais conucm: fem que fe Mie replique
fe faça aquillo
ohaõ de fazer todos ; que não he oficio de efperar pare-
ceres: que requere prefteza, Sc obediência,- Sc por efta re-
foluçaò,que ha nelle,fe bem ha de fazer feu oficio, he Cau
fa de fer malquifto.Sô deue de prouer as coufas bem coa
lideradas, Sc que todas as companhias gozem do trabalho
iguahnente.
2 Para efte oficio fe deuebufearo foldado de mais
iateira oppiniao,que feache na Infanteria,defpois de fer
muy curfado na guerra Sc não fe deue de prouer por fa-
,

uor, que não he oficio que requeira fenão habilidade , Sc


não faõ todos os Toldados, por muy curfados que fejaõ na
guerra, aptos para fazer bem efte oficio : & feria coufa
muy acertada que fe oppofeífem a efte cargo, como fazem
os letrados pera ferem prouidos, Sc que o que melhor con
ta der de fy em feu exame, Sc mai^author idade reprefen-
tar,o leuaífe-que he merecedor de tanta gloria como efta,
ainda que trabalhofo, Sc cuidadofo Sc defta force aueria
muy fu licientes, Sc deftrosoficiaes defte minifterio; por
que hus a porfia de outros aprenderiaõ o que melhor pu-
deífemiporem naofe conidera todas as vezes nadadifto;
que fe tem vifto ferem prouidos em peftbas.que tem pou-
co que efquecer: Sc nefte particular o miniftro, que tal
proué deferue a feu Rey, Sc aggraua aos Coronéis ; que a
elles tocaria nomeallos , ScaoCapitaõ General prouellos
osqueelles nomearem * porque tem mais noticiado que
he apto para efte cargo, que não o Capitaõ General, Sc al-
güso aceicaõ coniados no Dialogo de Valdés, porque te
o NumeratodeCataneoNauarres do Eftado Venezeano,
dequefoy tirado de cento té vinte mil homens pera for-
mar cfquadrões Sc o leuaò na algibeira , Sc fe fe lhe per-
,

der içarão às efeuras, Sc cão pouco lhe ferue a todas as ho-


ra$5que he condicional, Sc afiifeaão deuiao fiar nelle, fe-
<Do cargo &- officio de Sargento
Mb 5
que he o perfeito Luro, & o
aõ aprender bem a contar,
- vifto como fe faz que ifto náo fe perde, St o traz lem-
r ;

're confieo: & que farà


com aquelle Numerato de vinte
Berberia, oa
quando felhe offereça ordenarfelheem
ail,
hü efquadraõ de todo hu exer-
m outra parte que fizelle

ito detrintâ, ou quarenta mil


homês ou fei (centos rai,
,

ajuntaraoem Ni-
omoaffirma,San<ao Antonino, quefe
eaem Betania , & feíTenta mil de caualo na jornada da
San&a .Hiítoria Pontifical, folhas 108? Eafsi naoficara
ferra
códenado por terre-
eruindo, nem quando ouueffe defer
,o o efquadraõ í porem a
conta, Sc eftillo comleuar hum
St a falta delle,
nemorial que de ordinário deue trazer ,
,
grande que leja,
íabainba daefpadao poderá fazer , por
lhe aão fica ferumdoa
Io modo que lho pedirem: Sc
afsi

facaneoNauarres. , ,
n
2 Hum efquadraõ bem feito, em fua proporção,
contrano.
ndoria de hüa jornada.* & fehemal feito,
pelo
Remilitari que os Era
iporiffo dizia Vegecioefcriptor de ,

criado hua
aeradores Romanos tinhão em feu exercito
chamauaõ Teífario 8c que
aeífoa para efte ofhcio a que ,

;lles mefmos em peííba fe ocupauão em o fazer, coníide-


jornada em
•ando que confiftia a viótoria,Sc felicidade da
hutn
"eu efquadraõ formado, 5c he afsi, que em campanha
elles lhe
efquadraõ bem formado, he muralha forte, Sc afsi
chamaõ Muro, & lhe puzerão bom nome:quanto mais, que
fer Sargento Mayor , tem necefsidade de
ou-
p que ha de
cuidado, de impor-
tras coufas demuyta habilidade, St Sc

tância, que fizer como fe vera neíte difeurfo.


peífoa lhe he neceífario tet
4 Para o feruiço de fua ,

idous, ou tresquartaos andadores, St que


nãofejão caual-
lios que o poífaõ filuar porque não he dado a feu car-
,
,

go: St não hão defer grandes, porem galhardos


porque i

apear muy tas vezes no dia, &


libe acontecerá caualgar, 8t
fe forem crecidos, lhe dar aõ trabalho.
iJbeceihrio militar.
Afsi ha mifter hum Ajudante: & fe
no Terço omier qu
tromi* nomes, íaõ neceífarios dous
em exercito , doqir
^
le tratara em feu lugar.
5 O SargentoMór ha de procurar com feu Coronel qu
o atambor mayor de feu Terço feja
muy habii , & deftrc
6 elle proprio o deue bufcar, que feja tal,&c que aprend
por ua habilidade, & naõfeja neceífario
en^nalio, &qu
eileleja meítre pera enfinaratodos
osatambores do Ter
ço ; porque fendo habil hefeu
defcanço, &
o ajudará- en
muitas coufascomo Ajudante em
trazer, ôcleuarordes, 6
co lançar os bandos.
f
C ° mo e nrrar de P^fidio co feu Terço em algua tern
,
ha de fazer de toda a- gente feu efquadraõ
T

no fitioqueme
lhorlhe parecer para tal occafiao, &
exercício ; que o hí
e ter reconhecido adiantandoíe:
8c em tanto que elle cc
ien Ajudante dà a volta a toda a
muralha, & portas, & lu
gares onde fe porão Corpos de guarda
>8c poftas ha de ef
tar feito até que torne, & ha de ver dentro, & fora do ta
lugar o que conuem remediar & reconhecer
,
, a Cafa do
Coronel, & Almazes-, lugares de munições, 8c prifaõ. Def-
eque todo eíliuer reconhecido informar,Sc tratar com
feu Coronel, ou Meftre de campo fe conuem
cerrar algua
porta, das que ha, 8c a diffículdade que achar
nos Corpos
de guarda, 8c muralha, 6c Caua-lleyros,& em effeito de tu-
do, o que lhe parecer conuem remediar, 8c ver quantas
Companhiasfe haõ mifter para a guarda de cada dia;& def
pois de tomada a reíoluçaõ de feu Coronel doque deue de
obferuar ordene a feu Ajudante o cuidado, que de fua par
te ha de ter, & prouer as guardas, que para iííb leuou coníi
go a reconhecer, & elle em metendo a guarda, ha de eníi-
nar aos Sargentos donde, 8c como haõ de prouer feus pof
tos em cada cabo, para que.todofe faça com prefteza, 8c
diligencia de bua vez, íem dar vozes, nem quebrar a cabe-
ça^que he confufaõ.E o Sargento Mayor ordene aos Alfe
de Sá rgent» Mor. 6
<0 o cargo ojficio

:za guarda de fuas bandeiras, & delbes as mais ordés, que


-E ver fe as Com-
haõ de dar para cada Companhia.
,

lhes
fer duas em c ? d *
:

r
anhias de arcabuzeiros.que deuem
8c tao pouco bao de ler
u de doze bandeiras, que baftaõ,
fazer aguarda de dia, q
íenos, & fe faô baftantes haõ de
todas igualmete.E
ie tocar, 5c fênaõ baftaõ repartidas
mayor lance bandos das ordens,
o ifto.faràqrçe o tambor
asCompanhias
me o Meftre de campo lhe ouuer dado, 8c
feu efquadrao co
ue haõ de fer de guarda, 8c afst desfará
Deixadas as bandeiras
no o fez, ou como eftiuer melhor.
demais para que le
iue forem de guarda, darâ licença às
Alferez que as ponhao na jaoella
‘aõ atojar.ordenãdoaos
ellas, Sc logo o
le fuaspoufadas para que elle acerte com
ou efquadras
Ajudante repartirá, Sc enfinaràacompanhia,
ordenado donde irao ta
•oiío o Sargento Mayor lhe tem
canalleiros , 8c outras partes.
zer fuas guardas os poftas ,

Coronel,
Em tanto o Sargento Mayor prouerà a guarda dopara reco-
munições, prizaõ , 8c finalará a praça de armas
lher feu Terço quando fe tocar arma.
Abagajé doTerço inteiramente.Sc junta ha de
entrar
7
arcabuzeiros.q
de retaguarda delle, 8t hüa companhia de
feu Ajudante, ate
a guarde :8c naõ fe ha de apear elle, nem
toda agente porque ha
que tudo eftè prouido.Sc alojada :

alojamentos no principio delles,


às vezes difFerenças nos
ha de remediar forçofamente com
8c outras coufas,que as
de taõ refoluco em ordenar, 8c ma
muita deftreza.-Sc ha fer

dar, que no rofto fe lhe conheçaque naõ lhe efcape, nem


perdoe a nenhü defcuido nem defordem que com orde-
,

nar deftramence.fem defmandar jamais o que


hüa vez tem.
mandado, fe fará tudo com facilidade, 8c bem fe deforde-
na,8c defmanda o,que hüa. vez tem mandado, Scnaõ
olhou
primeiro o que mandou acertará em poucas coufas,8enao
olhar
farà coufa perfeita cõ noíTa naçaõ Portuguêfafe naõ
bem a ordem, que tem , 8t dala com deftreza , 8c que em
-
“ man-
tAbecedario militar
mandando fe que o aca be de mandar , & con
faça antes
efta conclufaõ concluirá liberalmête
como o tiuerem cc
nhecido,& queoentende,&fabe ordenar,
lhe teram tantc
rerP eito,& temor os Toldados que o dia
que o virem com
alegre rofto ficarao muy contentes , & lhe faberà bem a
comida. t
8 Todo
Qoffício fe faz bem com deftreza, fem
dizer
palauras peladas , de que os foldadosfe
efcandalizaõ mui-
to , Sc nenhum caftigo de feu
offícial fentem tanto como
elte.qae he injuria. Ba nenhum de
todos os officiaes eítà
tao mal eíte particular como ao
Sargento Mayor , que he
meítre, dequem todos haõ de aprender,
Sc herazaõque
elle va a mão, Sc reprenda ao
offícial, que tal coítume ti-
uer > q«ehemuy mao, & muy odiado,
tratandoos malSc
em a mayor necefsida de, que mayor pezarlhe
& pofTaõ fa
zer o faraó cair em falta, &o faraõ
pello contrario tratan-
doosbem depalaura, fara delles o que quizer
le crrcreça lhe
, quando
dano muytahonra,& contentamento,&lhe
&
lerão muy obediétes, & todos os offíciaes das companhias
luarao fatisfeitos,& obrigados: Sc pelLo contrario,
ferào
contrario porem fe o foldado em fua arte naõ

fízer o que
deue & fízer faltas Sc coufasmal feitas, ha mifler
3 ,
que o ca«
itiguem de forte quelhe meta o temor nas
entranhas; que
bem fe pode fazer íem o aleijar com certas arremetidas,
& acemãis de o ferir, ou prender, de que o foldado logo
iQge,& ° ^ ar g en to Mayor ha mifter pouco peralhe
meter
medo; porque feus proprios offíciaes os ameaçaõ com el-
le, 5c entre os mefrnos foi
dados fempre fazem algua defor-
dem,ou defenido, temendo o Sargento mayor, & dizem:
guarda que o faberà o Sargento mayor;ja vem o
Sargento
mayor,* olhai que vos prendera, ou vos quebrará
a cabeça:
aísi que deita forte fe ameaçaõ
como os meninos ct> o me-
ítre que osenílna , Sc com fò ouuir o nome do Sargento
o íe entende , que he caftigador de ;

defor-
^Do cargo &'.officio de Sargento Mo- 7

lefordens, Sc defenidos : & afsihetam refpeitado como


ie razaõ.
9 Adonde quer que fe achar com
*
'

íeu Terço , alsi


r n .

Mayor ha de or-
areíidio como era campanha o Sargento
companhias,
lenar ao tambor mayor lance bando pera as
iue a noite fôguinteham defer de guarda, o que rara pê 11a
tenhaõ faido de luas
nanhãa cedo antes que osíoldados
>

porque naõ pretendaõ ignorância,


)oufadas, & quartel;
5c eítem apercebidos , Sc fe
ponhaõ em ordem , bem ac-
uados, 5c adornados; que para o tal tempo fao as
galas.
do preíidio fe lhe
10 A nenhüa Companhia dentro
pera de ordinário fe-
deue afsignar guarda , ou quartel ,

praça d 'armas, 6c dali fe re-


aaõ„ que todas fe recolhaoâ
entrar de
uartaõ ; quefoe acontecer em muytas terras
marda tres,Sc quatro bandeiras cada noite, Sc naõ he bem
jue nenhua íaiba onde ha de hir finaladamente,fenaõ
que
> Sargento Mayor tenha cuidado
de as repartir , de forte

pe todos andem iguaes.


1 Ao meter da guarda as tardes, que afsi he coítams
lifferente dos Alemães, queeiles a mecem pella manhaa;
porque fbachaõ mais a conto , Sc edaõ nella ate o outro
lia pella manhaa porem, ao noflb vfofe deuia de meter
:

iu^ hora antes de anoitecerjporque os que encraõ tenhaõ


peado, Sc os que faem polTaõ cear Efta he a verdadeira
.

lhora porque
:
nenhum ha de entrar de guarda que naõ
,

penha ceado 3
que defpois de entradonaõ ha de fair delia,

pc afsi andara direita a regra : Sc quando as


bandeiras en-
prarem de guarda, naõ ha de auer tabolas de jogo poílas
|em Corpo de guarda ; que he pouco refpeito Sc emba-
,

Iraçaò, que fempre eftaõ perto delle , Sc ao que em dia de


guarda entrar com chinellas, ou pantufos nos pés 6c ao
,

|que fe embaraçar com capa , com as armas âs codas-, fe


baõchouer 6c ao que eítando de guarda de dia a trou-
:

xer, fe nocauelmente naõ fizer grande frio, romperlha


!tAbecedario militar.
nas coftas , qne em tal tempo he ociofidade vfar de capj
& embaraça,& he danofb vicio, que fe tem vfado de poi
co tempo, como outras coufas que fazem damno.
i 2 O legitimo final de hum Sargento Mayor, que d
ordinário ha de trazer na mão, he hum baftaõ,
com que 1
ac ^ a ma,s *olto,& preftes que comgineta/imda
que ber
P° de trazer fe quizer, que ferà quando eftiuer apè ver
entrar a £ uarda:mas a caualo he natural o
baftaõ, St tu
f Z,**r nos embaraço, & maneijo, para com ellc moftrar, St apon
^ tar °, que quer dízer & P ode fer de tres P é * de medida
*'

ue o que cada foldado occupa de hombro


em ordem
a hombro
de batalha, & em efquadraõ, que lhe pode
fer
uir quando quizer medir hum terreno jufto, & naõ ha qui
ter pontos, porque naõ tem ferro: nem fe
deue aggrauar (

foldado, que for caftigadoco o Baftaõ, porque o


traz po
arma, St naõ pera afrontar, ainda que com elle toque
mai
dando em feruiço dei Rey & naõ ha de lançar cada vez
,

que fe lhe offerecer caftigar o Baftaõ, St puxar pella efp*


. <% porque efte officio requere prefteza, St em neohüa
con fa ha de perder tempo: St de força ha de leuar oBaftac
que lhe ferue de arma,& nao de pao: nem tem tal nome,
fenaõ de Baftaõ, St final de Miniftro, que cada hum o co-
nhece com aquelle final, que o- traz por fer maneiro, 8t
préftes para áppontar com elle donde quer finalar/ St por-
que cruza cada momento por entre a bagage St moços ,

defordenados,com que aparta, St caftiga. St fe com ella to-


car no foldado naõ o afronta, nem ofFende em fua honra,
porque he fua legitima arma, St milhor que gineta^que he
embaraçoía,como eftá ditto.
l
3 Quando as companhias d arcabuzeiros fazem guar
f

da de^dia aofeu Terço ao amanhecer fe haõ de recolher:


,

St haõ de eftar mudadas as compmhias de piques que a ,


noite paflada fizeraõ guarda ao íair do Sol, St fe iraõeftas
com fuás bandeiras a defçançar : St logo afeguinte tarda
*Do cargo & officio deStrgento Mor. 8
& fairàadearcabu-
mtraraõ de guarda outras de piques,
metade como for, St ifto he o ordinário
eiros inteira,ou a
t bom eftillo. v c .

14 Como entrar de preíidio naterra,reconhecera tora


donde Lhe poflao
ielle todo o contorno, que tiuer perigo,
r debarrancos,bofques, jardins; porque
azer embofeadas
tiro pella manhaa aoabnr
> inimigo lhe naõ faça algum
com cuidado aoabnr
das portas:& para ifto conuem, que
foldados arcabuzeiros tora de
âellas, mande dous,ou mais
feguro tomando todos os que eftiuerem
:ada porta pera ,

de cniarda as armas na mão: 8t como aquelles


fairem a re-
conhecer, tornem a cerrar a porta; St como tenhao reco-
nhecido o perigo tè trezentos paíTos, St eftar fegura a cam
hum, ou dous, ou mais
panha, ha de ordenar que difpare
ireabuzeiros, St fe ha inimigo haõ de difparar
todos tocan
ioarma, pera que os de Corpo de guarda entendaõ hum»
ic oücro:Stcomoa poftaque
eftá emeima da porta ve que
?s foldados re conhecedores tem feico final de
feguro,abri
:â as portas: St o que aly eftiuer por cabeça,
repartirá fua
gente pella parte defora. St de dentro em ala com fuas ar-
mas nas mãos,8t afsi fairà agente de dentro, que và a tra-

balhar muy repoufadamete, 5t naõ de tropel, St largoshus


dos outros, St faida aquelia, entre a de fora, St logo ponha
hua poftá fobre a porta, 8t outra fora, & outra âs armas, Stfe
he pofsiuel outra na própria porta, ou ponte delU;porque
fe fe offerecer algüa coufa leuante a ponte, ou deixe cair o
reftilho, St cerre as portas, St todos haõ de eftar fem fe pac
tir em algua outra parte em feu corpo de guarda : St deue
de aueretn cada hua delias dous efpecos compridos, com
fuas haftes, pera tentarem hum de hua parte, 8t outro de
outra, fe entra algum carro de feno,ou palha, que traga de-
tro algua coufa,pera o que o haõ de atraueíTar por duas,oa
tres partes ; porque não tragaõ algus gente do inimigo; q
efteauifoaos eaíinou Cefaro de Nápoles na 'entrada que
" '
\ .

£4* TT
hccedario militar.
fez de Tttrin cóm os carros de fêno, & nenhum da terra h
de entrar có arcabuz carregado,ne murraõ acefo. Se for
preíidio fufpeitofo, haõ de deixar todos os que entraren
íiia^ armas à porta, 3tleuallas ao Coronel, que ordenara,*
quejhe parecer. Ao cerrar das portas haõ de eftaros qu
eftaõ de guarda em ellas,comoao abrir arntados, ôc âler
ta,& defpois de cerrada, o que ali eftiuer por cabeça apal
para as fechaduras , 6c acompanhará as chaues com o
Soldados, cjue lhe parecer,até a cafa do Gouernador-
i s Ha de procurar com feu Coronel que fe fixem err
Corpo de guárda por efcrito as ordens, que fe- haõ de ob
feruar : St depois de lançar bando pera que todos tenhaí
noticia, &o fatbaõ, porque entendaõas penas em que en
correm, Seque naõ pretendaõ ignorância, & os bandos fe
haõ de execu tar porque naõ fe farà coufa boa , antes he
;

peor lançailòs Tc afsi fe naõ fizer, porem taõbem em alguas


coufas que fu cedem repentinas, fe deueter coníideraçaó,'
St fe podem acomodar.
x£ O Sargento Mayor, que quizer com os foldados de
feu Terço acertar nas occaíiões,que fe offerecerem deite
adeftrallos. St canfarfe niflo muyto ^ pois he omeftre que
&
ha de eníinar,Sc guiar, St fho eftà a feu cargo, lhe conue
i

muito pêra os achar bem difciplinados,& coftumadosípor


que todas as coufas,que fe lhes offerecerem farà com faci-
lidade defta forte. Afsi o faziaõos Theffarios, que tinhaó
eíle cargo nos exercitos,6t prelidiosRomanos em tempos
ocíofos enfinauaõ afua gente em as efcolas aos foldados
velhoshõa vez ao dia , a que chamauaõ Veteranos , 6c aos
foldados nonos duas vezes.a que chamauáõTyrone$,&afsi
hiaõ deftros aos exercitos , 6c hão fomente os Jexercicios
erao nas armas mas para os aligerar que mandaffem bem
,

fuas peffoas 'os lenauaõaos campos a correr, & faltar, 6c a


nadar, 6c a todas as virtudes, que conuinhaõ para o exerci*
cicio da guerra^õc demais diíto os faziaõ caminhar arma-
dos
7)o cargo/? officio de Sargento Mor. 9
os, de todas as peças
de fuasarmas , com que cada hum
a cauallo dous dias no mes,
U ia de feruir afsi a pé, como
àscoftas o que cada hum auia de comer.dando.Se
euando
andando
ecebendo a carga, como fe peleijàrana guerra,
lez mil paíTosdè ida, volta, & &
com eftesexerciciosos
de feruir dellesem leus
'aztaõ Jeito», peraquãdofe auiaó
E
faziaõ mais eflreito vinte mil deftes exercita-
xercitos.
trinta mil foldados nouos.Por efta razaõ eraó vi-
Jos.que
por onde fe
aoriofos té que deraõ emviciar.&regalarfe,
De femelhantes fins he
começaram a desfazer, perder. & continuo
caufa a ociolidade, & largo repoufo
de prefidio
delicias de mo-
de annos, & com a occafiaõ do amor, &
repoufo do cuidado. Sede exerci
lheres, regalo, 8c dormir,
cobrar preguiça, Sc co-
tar as armas fe vem a efquecer, Sc

VeíTe efte particular em claro exemplo fucedido


bardia .

a hum dosvalerofos Capitães ,


que onue no mundo em
filho de
tempo dos Gentios, quefoy Anibal Carthagines
Amilcar, o qual fendo de noue annos tomou juramento
que em toda fua vida feria inimigo dos Romanos, Sc che-
gando a idade de gouernar hum exercito , paífou de Hef-
panha por França a Italia , donde ao paiTar do Rio Rho-
dano teue grande combate com gente dos Romanos, que
Ihedefendiaò o paífo porem Anibal com muita inftan-
:

cia fez com taboas, madeira, Sc aruores cortadas


pontes,
com que paífou aquelle Rio com muito trabalho por for-

ça de armas, Sc não com menos induftria paífou os afperos


montes Alpes rompendo montanhas, Sc penhas com fo-
go, Sc vinagre, desbaratandoos, por onde abrio caminho
de fua viagem pera paífar feu exercito de cento & vin-
,

te mil homens a pè cauallo, Sc a bagagem delles em


, Sc a

I
Elefantes animaes enfadonhos , que para os paífar lhe foy
forçado cortar aruores , Sc fazer cfplanadas à pofta , cu-
bertas de terra, Sc eruas encima, pera que aquelles ani-
maes fe não efpantaífeín.
b Com
Abecedatio militar
Comeíla aftucia paíTou o
Piamonte, onde com nau^tí
alegria fez a feu exercito hua elegante oraçaõ , confoian
doo do grande trabajjio que paíTou no caminho, que & u
eftauaõ onde achariaõ abundancia de todo o
neceíTario
como lhe auia prometido peila muita fertilidade que em
Italia auia Daqui defpois de ter repoufado- tomou fua
.

viagem a volta da Romanía , 5c ao paífar 4 p Rio Trebia


cmoPlacentin teuehum recontro com gente Romana,
& alcançou vi&oria & paíTou do outro cabo á volta de
,

Perufa onde junto ao Lago Traíimeno teue outro en-


,

contro, ôcforaò mortos vinte 5c tres mil Romanos. Paf-


fou comeílas vi&orias aLapunha em Cannas (que agora
he Borleta ) donde também combateo , 5c teue vi&oria
contra os Romanos com morte de mais de quarenta mil
delles : fegundo diz Plinio, & Francifco Petrarcha Tof*
cano no Triumpho da fama. De forte que teue o freo a
,
Italia dezafeis annos, com agente mais bem eníinada, 5c
difciplinada, que jamais foy vifta de outro Capita5 ; por»
que elle fe prezaua difto,queera aftuto, vigilante, íòfre-
dor de trabalhos gram meftre , 8c bom difcipíilo de feu
,

pay. Porem chegando a Capua terra deleitofa de molhe-


res, aparelhada ao prazer, defcanfo, 8t repoufo a inuernar
em preíidio fe gaftou a fy, 8c a todo feu exercito 5c com
,

efte repoufo fe lhe efqueceo todo o genero de exercício


deguerra,como fe nunca ouuera vfado armas. Efta ocio-
lidade,& repoufo fem mais exercício, nem efcola foy cau-
fa de todafua perdição com toda fua gente(como dizem)
Capua foy de Anibal mais perdição que ,de Romanos a
,

perda de Cannas. Edefta forte fucedido, lhe foy neceífa-


rio paífar a África a fo correr fuapatria Carchago , onde
auia ja ido Scipiaõ Capitaò famofo com exercito de Ro-
manos, de que Anibalfoy vencido de forte, queovi*
:

cio & ocioôdade foy caufa de fua deftruiçaõ


, como o ,

tem íldo de outros muitos guerreiros He baftante efte


.

exemplo
T)o cargo, & officio de Sargento Mor. io
que
xetnplo de Aníbal pera fe gtiardar qualquer CapitaÕ
ouerna a milícia, 6c for meftre nella ,
pera ter cuidado
íadifeiplina, 8c efchola da gente de guerra , pornaõper-
ler jornada . Afsi que , o Sargento Mayor deue de adef-
rar , 5c exercitar feu Terço muy â imitaçaõ
dosRoma-
ios, que fabiaõ bem, o que faziaõ em o vfar afsi: & fe to -
las as Companhias de feu Terço não eftiuerem
onde elle
efide, auifaraaos Capitães , que cada hum em fua Com-
janhia os exercite, 8c elle deue de dar vifta em peífoa por
odos os preíidiosdo Terço , quando menos de tres, em
:res mefes. Com efte pouco trabalho, 5c cuidado ,
quan-
lo fair com elles em algum efFeito ©s achara a feu gofto,
5c o entenderão fem vozes j porque faberaõ pello exer-
cido, o que baõ de fazer E em nenhua coufa deue de
.

er mais curioíb que em eníínar o que haõ de fazer, 5c co-


tio fe hao de pôr nas ordenanças , 6c fazer com elles todo

> genero de
efquadrões, como fe vera adiante em feu lu-
rar.- 6c fazellos efearamuçar em diuerfas maneiras: ôc fa -
cer que aprendaò a jugar do pique; que fendo elle fenhor
las armas, 6c a mais nobre nefta Era não fe exercita , nem
e cura difto, como fe nunca foífe neceífario. Certo que
ie muy conueniente coufa eníinarfe , que mais valem
:em piqueiros deítros,que duzentos que o naõ íejao : Sc
raçaõproua, 6c veraõ que antes que o que naõ fabe jugar
o tome nas mãos em perfeição de pelei jar, lhe facode o
pote, 8c botes de pique, o que he deítro,que o faz fem cui
[lar, 8c naõ lhe acha o outro o corpo em vinte botes, que

he tire , 8c té que fe vejaõ nifto o naõ crerão , que com


Jd
animo galhardo que tem algüs , fe lhe mete na cabeça
t

jque o faberaõ jugar, 8c acertaraõmo que fe enganaõ. Pois


|que direi d‘arcahuzeria ? quevalem mais cem arcabuzei-
ros deftros em hum aperto, que duzentos nouos:6c dizem
plgüs , todos fomos homes, 8c faremos tanto como os ou-
:ros: 8c também fe enganaõ nifto; porque o foldado pratU
b z co#
Abecedario militaY
CO com o arcabuz, por maistemorquetenha doinimigoj
jamais perde o eftillo de carregar bem feu arcabuz, 8
c pór
íeu frafconacinta,5c ceuarcom o poluorinho, 5c cerrara
caflbleta daefcorua de feu arcabuz, Stcalar a mecha
na fec
pe,fem andar medindo aos dedos, nem parar para o fazer,
& jamais^ deixa de acertar^ porque tem medido com o dei
do da mio direita o murraõ quando caía na ferpe, para
fique jufto na efcorua, 5c tira feguro; poremo que naõ
q
he
pratico tudo faz ao contrario^ que com o medo que tem
do inimigo, fe turba, 8c naô acerta a carregar, nem acha
£r afeo, nem fraíquinho, 8c naõ tira a quarta parte de
tiros,
que atira o pratico, 8c anda atemorizado, 8c vejafe nifto, 8c
acharao fer afsim . Por tanto, pois o Sargento Mayor he
TheíTario, 8c meftre, que os ha de eníinar o que deuetn fa-
zer: 8c o que for deftro nefte officio o ferà em tudo o que
ocupa a guerra.ainda q feja de Meftre deCampoGeneral
17 No prefidio onde quer que fe achar com feu Ter
ço,ou parte delle,fe ha de achar prefente quando as Com
panhias entrarem de guarda, 8c ha de ordenar que feus Ca
pitães as tragaõ bem armadas, & feu coíToIIete bem limpo,
com todas fuas peças , Scfeu pique comprido de vinte &
fete palmos, & fua funda, ou manga nelle, que he feu ador
no, 8c comprido; 8c fe todos os naõ tiuere taõ compridos,
naõ deué fer menos de 2 palmos de vara deCaftella.que
faõ i
7 .pés de medida. E o arcabuzeiro feu arcabuz de tres
quartas de pelouro, & fe todos foré de bua onça naõ per-
tteraõ, &
fua caixa direita, & naõencoruada,qhe mais per
feito, 8c mui limpo de dentro, 8c de fora, curiofo, da cor do
ferro, q toma melhor, 8c naõ reluz, & he afsi bõ, 8c fecreto
pera denoitcifeus frafeos bõs, 8c fua carga àmedida do ar
cabuz de meia onça, ou 3. quartas de poluora como o peio
do pelouro, 8c bê prouido de poluora com fo. pelourosna
bolfa de couro , q haõ de trazer no cinto cõ feu fuzil pera
aceder fogo quando fe lhe offerecer, 8c fem ifto naô deue
o arca*
T)o cargo, & officio de Sargento
he o princi-
Mor. r i

3 arcabuzeiro, & mofqueteiro dar paílb.que


que poluora fem rogo nao
pal oara o feruiço do arcabuz ,

apagara mecbaeftando depofta, iem


[eme, St podefelhe
defarmado fem murriao limpo,
auer onde acender, St fica

& bom em fua cabeça. mofqueteiro, que tenha o moi-


O
quete comprido, Stverlhos; que coftumao algus pellos
aliuiar cortallos, St limallos, pera que pefem menos, que
he grande dano do feruiço dei Rey , St deuem fer cafiiga-

St fua forquilha de fete palmos,


dos, os que tal fizerenrf,
com feu ferro no conto , St a forquilha de cima dourada,
que a haftefeja de pinho , ou de outro pao mais
forte ;
& nada pois não
fem ella nao vai o mofqueteiro
porque ; St

podem trazer murrioens vfem de chapeos grandes com


,

plumas, que adornão ainda que não defende como os mur-


hão de muito altos da copa porque o
rioes que não
,
fer ;

enemigo o defcubra menos quando eíliuerem detrás da


trincheira St
, pera arremeter também faõ melhores, St
mais baixos, fua bolfade couro como oarcabuzeiro,
com
vinte 8t finco peiouros, St todo o mais necefTario. Os ar-

cabuzeiros,St mofqueteiros deuem faber fazer hum mar-


pera o tempo de necefsidade fe valerem de fua habi-
rão
lidade, que linho canamo poucas vezes lhe faltarà,pqrque
lhe pode fuceder acharemfe muitas vezes fem murraõ , Sc

chegaraõa mnytas Prouincias aonde nunca ie fez -por tati

to,he neceílario fabello fazer; porque o arcabuz fem mur-


rao he como homem fem mãos , que não pode ofender.
E os ha devera todos entrar em ordem, Sc como opiqueí-
ro leua feu pique no hombro traçado, Sc o paífo cõ o
com*
paífo da caixa, Sc todos iguais na fileira, St nao como canos
de orgãos hus atras, outros adi ante.' o conto do pique algu.
tanto baixo, pera que aleuante aponta do ferro Sc não ,

Idefcomponha a quem vem detrás, ,St eile vay mais firme,


com melhor poftura.-
Sc Sc como leua o arcabuzeiro o ar-
|

ícabuz no homhro Sc , os frafcos bem poflos na cinta,


b 3 &
Jbecedario militar
Sc o frafquilho pendurado no cinto, com
ham nó no cor
dao, metido entre o cinto, & o corpo: &
afsi vav fe£?uro
porque fe vay correndo, & faltando,
Ihenaõpeeueemal
gua parte, que o-detenha porque facilmente
fae aquelle'
no, & fica o frafqmnho donde fe embaraça
, &feu dono
paílk adiante a fegu.r fu» viagem que
, he o qfce importa -
que a perda do frafquinho pouca falta lhe fa^
quecom ó
fralcopode ceuar, que detendofeemo bufcar
lhe pode
prejudicarem tempo denecefsidade,Scafsi o
leua melhor
& nao lançado no hombro.quehemâ gala, 8c
perigofa- sé
quando cena a efcorua , lhe pode fucederhüa
defgracia
como tem vifto
fe & também parece que oleuaf afsié
:

poluonnho he fazer zombaria de fuas armas


que graça tira. St vera firmeza
, & ver com
& poftura, que tem de pés-
& como cala o rourrao na ferpe.que cubra a efcorua quan
do loprar o murrao.que lhe naõcaia faifca no
poluorinho-
& como derruba o arcabuz do hombro, pera appontar
Sc
oilparar com graça.Sc que tir_e fempre alto
por naõ offen-
dera quemeftâdiante:8c na5 confentiraquella inuençaõ
de gentileza de tirar em terra, que he perigofa,
& naõ bõ
vlo: & os mofqueteiros que tirem fempre com
forquilha,
Sc nunca íem ella alto com galantaria , de meia volta de
,

paifo,que tirem feu murraõ da ferpe,8c o proprio


os arca
buzeiros.que he perigo,8c feo de deixar naferpe.
Todo o
foldado, que vay em ordem em fileira ha de
, leuar o que
vay no cabo delia fuaarroa no hombro da banda
de fora,
& os demais no hombro direito , porque pera fe aprouei-
tarcom ella para peleijarem.fempre o pé efquerdo
adiaa
te,St fobre ellefeha de firmar Sc naõ fe entende.oque
:

for efquerdo, porque efle de nenhua maneira


fe achara bé
pofto pera peleijar pois pera lança deriftre naõ he
:
com-
modo, porque quando a lança primeira encontrar com o
inimigo, o colhe de trauès , Sc lhe naõ pode fazer
mal de
fronte a fronte, antes embaraça os companheiros,
& he
muy
Vo cargo, & officio de Sargento Aéò', n
tnuy perigofo na guerra. Tornando
ao propoiito, da pro-
o piqueiro vay na fileira, ha de leuar luas ar
pria forte que
masnoshombros’, faluoos alabardeiros das Companhias
nos hombros
de arcabuzei ros, que as haõ de leuar fempre
com o conto fobre o joelho, Sc urme.
direitos, Sc direitas,
mayor occupa nefte beneficio
Em quanto^o Sargento fe

de olhar os Toldados. O Ajudante ha de pôr fua


arcabuza-
efquadraõ da Copanhia,
ria em fua ordem fe quizer fazer
ou Companhias que entraõ de guarda, & hadefaber quã-
partir, Sc deixando a
tas fileiras ha de arcabuzeiros pera os
guarniçaõ do lado direito em feu lugar lhe chegara os
pi-

ques aísi como vem emparelhando com os arcabuzeiros,


Sc como os piques eftemem fua ordem,
chegue a arcabu
zaria, que cortou pella parte efquerda , Sc
farà aruorar os
Sc quando nao
piques, Sc fe achará com o. efquadraõ feito:

quizer fazer efquadraõ fe metera na arcabuzaria, deixan-


de piques Sc pera fazer
do em branco o lugar das fileiras ,

efta ala abrirá a Companhia pello meio. Ha de efperar no


lugar, em que o Capitaõ, que a guia fez alto,\& virando
a
cara pera a retaguarda , irá abrindo a fileira, & vindo de
iincopera tresahua parte, &dous a outra, Sc da fegunda
porâ tres cornos dous , Sc dous com ostres.& afsiiràfazen
do igualmente até o cabo, quefe poraõ hüs defronte dos
outros;& defta forte hua vez, que a faça fica para fempre,
Sc os foldados o faraõ naquelle coftutne,£c naõ lhe fera
ne
ceflario mais queporfe nomeio que cada hum tomara feu
lugar; entaõ chegaõ os piques poraquella rua franca, Sc a
bandeira ha de aruorar quinze paífos antes de chegar ao
Capitaõ: & onde elle aruorar, haõ de aruorar os coífolle-
tes, que faõ os piqneiros cada fileira depois ,
que o faraõ
!
dez paifosantes de chegarem ao pofto donde haõ de eftar*
Sc defta maneira fe veraõ as faltas, que cada hum fizer em
aruorar, Sc em a leuar aruorada, Sc fe a leua bem do conto
|

1 debaixo, que naõ lhe ha de fobejar nada do pique. Cada


b 4 hum
Jkecedario militar
hum ha de aruorar da mefina parte de
que leua o piané'
& ,

com vertudo defta force remedear o


que for necelfario'
Ha outro modo de uruorar.que dizem fe
poles, como vao marchando
coftuma em Na*
q ue , &
aruora a primeira
fileira, aruorao-todas,
comogence, que fazalco por
quer ficio.que caminhe pellas ruas.dando qual-
petateadas pel-
las janellas, Sc portas de
tendas donde aquqjla
fileira fe
acha, por entre aruoredos
dânas ramas, & no plaino
vento vao rebentando dando vaivéns com
com tropeços, &ían
cadilhas, em efFeito com muira
fealdade : & n ão pode o
Sargento Mayor ver, nem he pofsiuel
quem aruora bem,
ou maUermo que os foi dados aruoraõ
afeugofto, medin-
do os pi ques com os punhos como varas
de caftanhas/em
nenhum cuidadojporquenão ha quem lhe vi
à mão ; que
o Sargento Mayor naõfepodeachar em
tudo & hüa vez ,
parece que bafta & com ifto fica declarado que he me-
:

lhor vfo aruorar fileira por fileira que


não todas daquelle
modo. Nao digo em efquadraõ, que todos
ha5 dearao-
rar,& calar,& terçar a hum tempo, fenão
como fe ve' cla-
ro entrando de guarda, que he donde fe
enfioa o foldado.
Com oucra razaõ o quero declarar melhor, &he, que fe
hum Rey.ou General, ouofficial mayor, queeftê em feu
lugar quer ver feu exercito terço
porterço.cada hum per
ly. debaixo do leu Coronel,
que paífem pordiaute delle,
como fizerao SuasxMageíhdes el Rey Dom Phdippe Se-
gundo, Sc aRainha Dona Anna, que viraõ no campo
de
Cantil hena perto de Badajoz paíTar todo
feu exercito pe-
rante fy do perto que os roftros de cada
hum fe conheciao
aisi de cauaieria,que foy a
primeira,como infanteria,qae
a primeira que paíTou foy o terço
deLombardia , que o
go&ernaua Dom Pedro Soto Mayor, como
cabeça delle*
te como chegou a emparelharfe
de fronte de SuasMa^e-
itadesaruorando feu pique todo junto com
prefteza virou
o roílro a S tias Mageftades, & fez
fua cortefia, como em
taô
Vo cargo & officio de S argentoMor. i$
feu pi-
aõ alto cotminha: & fern fe bolir dali calou.
lucrar
Enornefrno imo,
iue no hombro,S2 guiou feu caminho.
a primeira fileira de coíTolleres qiia
z da própria forte fez
lo chegou & de íle modo paíTaraõ todas as demais hlei-
:

as. Afei que Suas Mageftades, ôco


Duque d‘Ahia, Sc o
fe acharao preíen-
>rior Dom Fernando feu filho que
ali
,

que trata fileira por


es viraõ aruorar os dos piques de
fe

nenhua:& com ifto fica conclui


ileira fem fazer fealdade
he milhor efte aruorar pois na occafiao mais iu-
lo que :

acertado.
>rema que jamais fe vio fe fez afsi por mais
i g Sargento Mayor ha de ordenar aos offíciaes das
o
Companhias do feu terço, quetenhaõ cuidado qu^ejDs fa-
lados não empreftem as armas pera entrar
de guarda hus
outros,quehe prejuízo, pois o foldado,que empreita
los
i arma fica defarmado fe fe tocaíTe arma aquella noite.
*z porque depoi^ tornão o
arcabuz a feu dono carregado
:om pelouro, & cuidando eile que vem como o deu,o
dif-

>aracomo tem de coftume, 52 mata a quem eílà diante: 52

lio fe deue confentir tao mao vfo Sc que,


feja caftigado

j
queempreftar: ter muito cuidado nifto, 5c fazer dif-
varar aos arcabuzeiros 52 mofqueteiros antes que entre
,

le guarda na ordem, Sc quando fe fizerem feftas,


regozi-
os, efearamuças de prazer naõ leuem pelouro ;
,
que faõ
lias perigofos ; porque o mal intencionado 5c couarde,
,

que fe não atreue doutro modo mata a quem lhe parece


aeíta occafiao 5c por iíTo
: hc bem defender que fe não le-
liem pelouros.
1 5>Não fc deue confentir na infanteria fe^tragao ef-
jpadas compridas, nem verdugos eftreitos,fenaõ que fejaq
cortadoras, Sc fe poíTaõ leuar do cinto por eima do arca-
buz tendoo na mão efquerda, 5c que a não tragaõ fora dos
talabartes, que he mao. vfo, Scdehomês demão viuer, 52
bs tais valem pouco pera feruir najnfanteria , porque fao
reuokofos,5c arenoluemtoda.
j
"
.
OSarJ
<tAbecedario militar.
2° Sargento Mayor quedefeja acertar nas
y..
lioes
j
de
P
importância , tem necefsidade de conhecer
occa
o
Capitães do feu terço bem , & feu talento
, Sc para o qo <

cadahum pode feruir SC o que fe lhe pode encomendai


,

quando o leu Capitaõ General, ou Meftre de Campo


Ge-
neral, ou Coronel lho pedir pera algum
effeiío que fe ofFe
recer: que o tal Capitaõ feja o que fe
requejre pera tal oc
caíiao; porque hus delles faõ bons pera
tudo(que eftes faõ
perfeitos) outros pera peleijar muy animofos,
valentes, &
deigra ciados em quanto poem mão -outros
faõ manhofos,
& acertaõ no que fe lhe encomenda^ outros faõ
pera go-
Ucrnar, prudentes , Sc de authoridade; outros
bons pera fe-
rem gouernados; eftes taes por fuas peftbas faõ muitas ve-
zes caufa do bom fuceííb das jornadas que
fe lhe encomen
oaõ,; defta própria forte faõ todos
os demais officiaes , Sc
íoldados, a hüs & a outros deue de conhecer
& íaber pera
o que cada hum prefta , pera os occupar nas occaíiões
de
importância, Sc de afrontas; & os outros officiaes menores
pera que o ajudem, Sc tratallos bem de paíaura, Sc orde-
narihes o que haõ de fazer refoíutamente
» reprendendo
íeus defenidos: & fe he pofsiuel a reprenfaõ em
fecreto,
pera os obrigar a que fejaõ muy obedientes, Sc o íiruaõ cõ
muitoamor. Com os Toldados em conuerfaçaõ hadefer
afanei, & eníinalíos; que entonçes aprendem melhor, tra-
tando fempre do exercício das armas Sc de outras genti-
,

lezas que requere o exercício da guerra. Em os mandar


ba de fer refoluro, comofe os naõ conhecefíe Scafsi fe
;
temperara hum com o outro; porque fe naõ he manfo, Sc
deftro, naõ acertara em o fazer, inda que o tenha em von-
tade.
21 Ha de ordenar no preíidio comofe ha de rondar
muy confideradamente, quehe a chaue de toda aguarda;
& elle quando rondar denoi te ha de ver os defenidos Sc ,

faltas que fizerem os que rondaõ ;


pondofe em lugar ef-
eufoi
T)o cargo & officio de S argcntoMor. 14
que vao com
ufo;& fe forem com ruido efpantalos, pera
dentro
tlencio ,
guardando afsi da parte de fora como de
la muralha; que nifto eftá toda a fegurança: & o melmo
ia d.e fazer aos que eftiuerem
de pofta 8c caftigar os dei-
,

5c leue de noite
uidòs queachar, pera que eftejaò alerta;
a terra, emque
ha rodella, porque de força ha de atrauefar
zombar, 5c fe o acha-
ia iníolentes viciofos, que folgaõ de
na tal occafiao 6c peíía
em o naõtomaraõdefcuidado ,

conuem leualla porque íoe auer


íaõ perder também lhe :

pofta, por el-


Llgüs de Calmados, que eftão de centinella,6c
porque le veja
cantar, & lhes parecer fazem algua coufa;5c
quealgusfe fazem repraticos labendo
;ftao vigilantes :

naquella oc-
)ouco; para moftrar aos que não fabem que
pedras muito melhor o razc
:aíiaõ eftão carregados de ;5c
mayor,ou Ajudante os quer exprimen
mando o Sargento
:ar pera entrar com elles ; que
he mao coftume andallos
ornei al
?rouando defte modo ; ôcfabe o foldado que he
de lhe dar lugar q
anto que lhe preguntaque vem, antes
não fe repara
•efponda, lhe defanda com as pedras, 6c fe

:om a rodella(que deueleuar bem pofta)lhe dara a pedra


pode fer de tal braço que o derrubo; Sc por
ia cabeça, 5c
fto fe ha de leuar de ordinário, que a nenhu
atirarão os

foldados de tão boa vontade como ao SargentoMayor;por


aue he coftume fer forçofamente mal quifto, por feu ofíi-
cio fer aparelhado pera iílb;5c aís ha de fugir deftes incoti
i

juenientes. O Ajudante ha de feguir os proprios paífos de


|eu meftre,5c ambos hão de concordar em rodar cada noi-
te a horas differentes; 5c comofe chegar à pofta fe ha ,
de
preguntarlhe o que vio,8c ílntio dentro, 5c fo
jfazer alto, 5c
jra das muralhas, 6c aduertillos fempre o que hão de
fazer,
com amor, que em taes tempos afsim o tomão melhor; 6C

o proprio fé deue fazer nos corpos de guarda, que fempre


ife defeobre algüa coufa, tomando conuerfaçaò com os
foi

dados, reprendendofeus defeuidos com bommodo; pera


zAbecedario militdr.
que fe guarde de os fazer, ha de ordenar ás rondas
prege
tem as cen cindias o que viraõ & iinciraõ,
pera lhedar r<
medio noque for neceffario;aosofficiaes das Companhi;
toa de ordenar como ha de rondar fua contraronda-
ieuar coníigo, íegundo a fofpcicaqueouuer
os&
no tal preí
<jio;neíte caio ficará o Alferez
côabandeirár.
22 A conrraronda,com a ronda, tem às, vezes differe
ça io re a authoridade efcuíada 3c clara
, que não fe deu
coníentir efta abufiiô em negocio que canto
importa 5 ,
be tao neceílario (de tanta confiança como
hea ronda) <

be o feguro da gente de guerra,8e da terra:


6c hai differet
ças 3 & authoridades íobre quem ba
de ceder em dar o no
me bus faõ de oppiniaò que a ronda o deue dar âcontra,
& íobre ronda encontrandofe no muro,
porque a contra
he de officiaes, Sc dizem que fendo ordinaria
a contraron-
da, fe entender a ifto,
& que deoutro modo todos deuem
car o nome â ronda, pedindo eila ainda que
fcja o proprio
Coronel Sc perafe euitar eftes inconuenientes, fe deue
:

de oroenar, que como aronda ordinaria defcobrir a ou-


tra, S1 lbe preguncar quem vem, inda que fe
ja a contraron
da,ou outros officiaes, o deuem dar à ronda, fem reparar
em outra coufa: Sc não ba pera que buficar mais difficulda-
des, queiítofe proua bem, que em tal occafiaõ nãofeba
de conhecer mais fuperioridade -porque todos vaõ fazen-
do hum proprio feruiço: porem a ronda he ordinaria, &
eílà clara eíla contenda, que íe fenão ba de
dar o nome ao
que o tem pedido, porque conhece ao offícial pera aquella
obediência, depois que o tem conhecido, não tem em tal
cnfo necefsidade do nome, & fe quizerem alegar pora
aquella via,que o offícial quer ver fe efqueceo o nome ao ;

foi dado ,he raao argumento; porque tão


facilmente pode
eíquecer ao offícial :5c mais porque em fu x quadrilha elle
íó leuao nome, & nenhum outro o deue Ieuar, Scòfolda-
do vem com feus companheiros, 6c todos trazem o nome: ,

& he
To cargo & officio de Sargento Mor. i

5 lhe naõ efquecerà.q de força


quado menos
he de crer
a ronda fenao fizer
áò dous.a contraronda pode repréder
tetnfobre ella, por
>cm feu officio, que efta authoridade
faça o que mais conue:
fer official que lhe pode ordenar
duuidar que feja aordmana,
>oré odar do nome naõ ha q
eftà bé aueriguado q a
ronda ordi-
5c naõ âconttàronda
,

aaria (edeit o nome,que he muito


mais feguro( como diz
Aguilus fbl.ys».) Efe a ronda onuefle
mudado o nome na
porque a nao deixara
muralha deue efperar a outra ronda,
officio vindo a contraro
aaffar a centinellafe fizer bé feu
Te naõ ha mais da ronda ordiná-
dafe acordaraó ambas: 8c
foldados, 8c os outros vaó ao Corpo de
ria, fique ali dous
venha feuomcial
Tuarda.dõde fe proueo aquella pofta, 8c
ali aueriguar como eftàcrocado onome.Stpor culpa deque,
principal, Scfe cm to
ou q official o mudou, 8C affirmefe no
fera necellario
da a muralha fe achafle o nome trocado ,

de quê o tomaraõ, Sc q elle.ern


cornar ao official principal
8c ie
pefiba venha aueriguar.efta feráa vitima refoluçao:
ntre duas rondas felouueffe trocado o nome
errne to*
,

eftas
>ando iraõ jutas à primeir^gofta,8c ali^fe ratificaraõ
luas rodas ordinárias. Em étk o nome
fera primeiro aquel
e quefallou: ifto de efquecer o nome, &
de o trocar he
coftume,por tanto he necefíarjo dallo
nui cnao,& danofo
lous quado o tomaò fe nao te memoria,pera 3 naõ efqçar

•fte cafo,$c o de dormir a cetinella eftà


à diferiçaõ do fu-
:>erior:pore fe a ronda,ou official achara centinella
dor-
nindo,naõ tem necefsidade de juiz, ne de cornar informa
jraõemfua conciencia ficalançallo da muralha abaixo, ou
reprehendello calandofefcmpreem taes fuceífos fehade
cõíiderar a falta, lugar, & necefsidade.pore merece o ditç>
caftigo,5c quado menos trato de corda, inhabilitar os tais?
do feruiço delRey,q he mui infame o que fe dormir na po
fta donde faz centinella , Sc fe o tal foldado fe achar
agra-
uado do fono, ha de aguardar que chegue a primeira roda
(fe
ttAbecedario militar.
(feeftâlõge do Corpo deguarda,que o naõ poflTaõ
& aquella ronda dizerlhe fe acha agrauado do fono,oiuiirj
& o fa
ça mudar, & afsi o faràa ronda, & o official
o mudara, que
jraa defcanlar &naõ ha de dizer o que for chamado de
••

leus companheiros, que não lhe toca, que he neceíTario o


mudem naquella necefsidade,que tanta & mus culpa terâ
aquelle que for chamado, porque aquelle
que eftà de pof-
ta ja tem dito fua necefsidade :
& a falta que fizer em fe
dormir toca a todos os que ali fazem aquella
guarda; & fe
aquelle fe dormiíTe,ferà caftigado
juftamente aquelle que
foichamado,& naõ o que fe dormio; porque eftà obriga-
do aomefmoferuiço,iftQ he, quando vaõ
tres, ou quatro
*
juntos a hüapofta.
23 Sempre o Sargento môr ha de trazer feu memorial
confígo, porque não pode encomendar
tudo o que fucede
a memória, & he coufa muy fegura
& aduirta o Sardento
;

Mayor que fô do Capitaõ General, & do feu Coronel de-


ue tomar o nome, & naõ de outro Gouernador,faiuo
folie
Meftre de Campo General que dos mais o tomará o feu
,
Ajudante, 011 o Sargento da Companhia que for de guar-
da em falta de Ajudante, que f^m em todas as horas
eftaõ
em prefidios. Deue o Sargento Mayor ordenar á ronda
que fentindo rumor na terra,ou em outra parte em-que fe
achar dê auifo ao primeiro Corpo de guarda, & naõ deixe
íua ronda por ir vero o que he aquelle rumor, que fe reme
,

dearâ do Corpo de guarda que eile auifou.


2
4 OSargento Mayor ordenara aos foldados, que ef-
tando napofta de cetinella naõ deixem paliar a hua parte
nem a outra, nem chegar a íy algum fbldado, fem que lhe
de o nome,ainda que conheça fer feu Capitaõ, ou Meftre
de Campo, que fe elle entraíTe pello conhecerem fem dar
o nome,caíligara ofoídado por mais principal quefeja,&
a ronda fara o proprio,pera que aprendaõ; porque quan-
do fe ordena hüa traiçaõ,& velhacaria, pode hum homem
parecer
T)o cargo 6> officio de Sargento Mor. \6

«ecer outro, o inimigo q o vé matar,


Scfer & fenhorearfe
o luaar.por ler denoite,& fair com
feu intento: por tan-
, o naõ ba de deixar chegar ainda que Jhe diga mil vezes
)U fulano, Sc bem me conheceis: Sc
não no ha de conhe-
er nem aguardar cantas demandas
nemrepoftas, fenao
,

lorlheefpantbjScaduirta he inimigo, entaõ cerrará corn


fe

Ue, ou tornará por onde veo Efe heofficialo que v a


.

Uquillo, ke por faber pouco j 6c não fe lhe de nada, íeja


mera for, que bem eftà afsim, que elle faz o que importa

.o feruiço dei Rey Sc o official


,
ficara tendoo em boa coa
a
*2
y Ha de moftrar aos foldados a cada hum com fuas
trmas, como ha de eftar na centinella 6c como as ha de
,

er nas mãos, 5c eftar alerta com ellas, 8c


pedir o nome aos
me o vem vifitar; o piqueiro ha de eftar armado com pei
o, » efpaldar.efcarcellas.efpalderetes & manoplas, &fea
)ique lançado no chaõ com o ferro à parte mais fufpeito-
à, Sc ha de paífear feis paíTosque tem o pique, com cada
)a(Tonão ha de chegar acadahum dos cabos, fenao quatro
jue tem no meio^orquefe lhe tirar o inimigo com hum
filouro o não acerte; Sc como eftiuer de pofta ha de eftar
nuy vigilante, Sc tomar em fua memória tento em todas
is fombras, Sc vultos que fizer em final, porque achandoo
emp re de hum modo, tudo o mais defcubrirà facilmente,
aouuidomuy alerta, Sc quando vier a ronda, ou outra cou
ia com preíTa, tome o pique traçado na
mão, com a ponta
para o enemigo; Sc pregute quem vem >8c fe calla tornelhe

a preguntar feueramente,como que eftà ja


agaftado.&en-
tonces fe diííer amigos, <preguntelhe que amigos> 8c fe he
amigo difcre.to,dirà feu nome proprio entõees, tendo feu
Jpiquebem apertado, Scalerta, pregunte quem viue?íe lhe
dà o nome, Sc o conhece, que de outra maneira não, ainda
Iquelhé de/Te o nome,fenão,digalhe que não ha aquelle no
me, Sc efté firme não o entrem, que pode fer inimigo que
tenha
zAbecedario nnlitdr,
tenha fartado o nome,& o matara, 6c fe replicar, Sc vir n
le que defeja chegar, digalhe que fe và,Sc fe fizer mouim<
to delhe que heiuimigo, 6c mais carregarem entonci
fe
toque arma com fúria, Sc retirefe defendendofe: porem,
tem dado o nome, 6c o conhece, afaftefe a parte maisfe^
ra,& fempre com feu pique guardado 5c fe oque entra :

viíitallo,viefle pello conto do pique aruore, Ôc cale Sc r<


colha em hum momento , que para ifto he bom fabel]
jugar, 8c afsi pedirá o nome, 5c o proprio modo terá o aí;
bardeiroem rondar com as armas , 5c peças hafe de fabí
que nenhum rondado ha de leuar fenao fua própria arm;
o píqueiro feu pique,5c os demais o proprio, 5c naõ chu
ços, nem outras inuenções: o arcabuzeiro napofta fe act
maisliure 5c íolto , porque em necefsidade cem feu ares
buz debaixo do braço carregado com pelouro , ceuand
a efeorua com polnora enxuta 5c o murraS que lhe na
,

dê o fereno,nem agoa,6cfeu murriaõ na cabeça, Sc quand


vem vi fitar cale o murraõna ferpe ainda que eftèolhand
paraquem vem, o poê fem fe turbar, que o ha de ter mt
elido com o dedo fegundo da mão direita como fe tem di
to citando preguntando poílo o dedo polegar fobre a ei
,

corua foprando o murraõ, 5c o mofqueteiro o proprio , í

no demais ha de fazer o que faz o çoíTollete , o que far


mais facilmente com fó retirar o pé direito pera ond ,

quiferem,5c fe fe achar afrontado, Scdifparar guardeíe na


erre íe for inimigo.
26 Ha de folicitaro Sargento Mayor que os Corpo
de guarda eftem com fe lis tauoados altos do chaõdousp:
mos para os foídados dormirem, 5c com feus lançeiros, J

eítacas para pôras armas, arcabuzes, celadas, piques- t &


as guaritas nao choua nellas,porem izentas, Sc abertas fuj
freítas, 5c fazer com os Vereadores , 5c Procuradores qu
o concertem com breuidade, 5c que cõcertem o catninh
da ronda, que caõbem hefeu proueito, 5c pella cobiça na
©o cargo, & officio de SargentoMòr. 17
leixe os Corpos de guarda fem lenha, que
em algüas ter-
nem todos os foldados eítaõ bérn
as faz exceísiuo frio:St
nao
rroupados , que quando vem de fazer feu quarto >
renhaò tolhidos do frio, & o fogo he feu remedio, & re-

>aro feo naõ ha, ficaõ mortos


: & Em conclufao todo
. ,

> genero de
proueito , & melhoria fe ha de procurar aos
St feu oficial eftá obrigado a
iíTo principal-
oldados ,
,

nente o Sargento Mayor que he feu legitimo Procura-


,

& fenaõ tiueíTeodefeníiuodo fogo Sr de capo-


lor :
,

:es de eruage ,
queíe lhes da a conta dei Rey, em algüas
pere-
;erras fe congelariaõ viuos,;que os mais arroupados
:cm. ,

a 7 Nao deixarei de declarar a differença de hua lar-


.

ra queftao que os mofqueteiros tem defdo principio que


fe vfaraõ em exercito que foy quando o Duque de Alua
,

paíTou a Fland.es , fobre onde lhes toca feruir nas guar-


das , alegando que naõ deuem de correr pellos
poftos da
aiuralha , como os mais foldados , fenaõ que lhes toca na
Corpo de guarda principal , no que darei meu parecer*
"egundo diz Agnikis folhas 61 fem lhes fazer aggrauo»
.

que fendo oficial fez com elles mofquete he arma . O


fimy pefada , por efte refpeito nao pode taõ facilmen-
&
te o que a traz ir por todas as partes , como o arcabuzei-
ro , como fe ouueíTe de fubir por efeadas , & fazer fua
(pofta em algüas partes trabalhofas de andar pontes le- ,

padiças, &altas, que naõ he bem và o mofqueteiro,neni


jcoftbllete a tal pofta, porque nellao pique naõ he de pro-
peito porque naõ pode feraquelle pofto em tal parte,
.*

!que fe caminhe pella muralha, fenaõ que fe faz ali aquel-


la pofta pera deícobrir o foífo, & caua, pello temor gran-
Idedealgüa eícalada : & o mofquete he taõ pefada ar-
ma que ao fubir poderia cair de alli abaixo com elle .
,

jPorem às demais poftas vizinhas do Corpo de guarda


,

hadeir,íecn pórnenbüa duuida; he verdade, que aquella


c arma
Jbecedario militar
arma he melhor pera ter os Co rpos de guarda das portas
Stno principal onde eftá a bandeira St nas poftas tnai
,

conjuntas ao Corpo de guarda com fua forquilha, St mur


raõ acefo na mão deuem de fazer fua pofta 8t íeu moí
,

quete poftojem meio de quatro paífos em que ha de paí


fear carregado com pelouro. St ceuada a efe<orua,5t a bon
reccado,enxutoopoluorinho, pera que lhe naõ falte S :

he bem que aquella arma e£té fempre nos Corpos de guai


da, que fe a terra eftiuer fofpeitofa tocandofe àrma ; &
auendo algua reuolta, porfehaõ nas entradas das ruas, &
deftruiraõ quantos inimigos vierem por ellas : Sc he mu)
neceífaria. St valerofa arma: Sc fe dene de adeílrar c
que a trouxer muy bem , St naõ dalla a quem a naõ fabe
menear St reger Alcança muyto , St naõ tem reparo,
, .

fenaõ de muralha St he de muito proueito , St mete ter-


,

ror, St alcança o que cuida que eftà longe , St feguro : &


prouuém aDeos que a naçaõ inimiga os naõ vfara,qne nóí
peleijaramos com muito grande ventagem com elles-.
St fera de muito proueito auerem cada Companhia quan
do menos vinte St cinco ,
que faõ de muito effeito Sc
:

afsi os pedio o meu Sargento Mayor,, 8c lhos deraõ nofeu


Terço.
2,8 No prefidio onde eftiuer feoauer occaíiaõ de ron-
dar pella terra St for pofsiuel em cada ronda vâ hum of-
,

ficiafou algum cabo de refpeito St fô o official, ou efte


;

caboleuarà o nome ; porque ofFerecendofe occaíiaõ de


acodir à muralha, St poftas, que os deixe entrar neila, ou
em outro lugar onde fe tenha nome que he nos Corpos
,

deguarda, Sc àspoftas que eftaõdiuididas de vizinhan-


ça Sccafas ifentas o podem ter, Stnaõ as que eftaõ ao redor
dos Corpos de guarda em nenhum modo St nifto fe ha
,

de ter muy gram vigilância, que pofto que as poftas de ao


redor deixaífem entrar algum ,naõ fe ha de confentír que
cheguem ao Corpo de guarda(como per outra vez fe tem
T)o cargo, & officio de Sargento Mor. 1

và hum official a
Hto no cargo do Sargento ) fem que
ronda và tnuyjecreto fem ru-
•econhecerj ordenará à tal
entre em caía de nenhüa molher a con
jjor, & que naò íe
serfáçaõ, nem a outra parte, nem faiaõ da ordem que le-

narem: & que vifitetn os adros, Igrejas, &


cafasde ajunta'
fe fentein
mentos, & áS cafas principais' de fora , por ver
efcondidos fe coftu-
algum rumor, que em os tais lugares
leuantamentos,5c motins:5c íc fentir al-
roíiõ concertar os
darauifoao SargentoMayor pellos Tolda-
güa coufa,ha de
eMe com
dos que lhe parecer o que ali vay,por cabeça, 5c
demais gente naõ fe apartará daquelle pofto ate' que ve-
a
nha ordem do SargentoMayor.' efta ronda ha de Ter
hum
terço delia de coíTolletes armados Ôcos demais
,
mofque-
teiros ôcarcabuzeiros,>antes demais
gente que de menos,
que poííaõ refiftir em hua necefsidade ao impeto do ini-
jamais no exercício da guerra aja defcuido, Scnao
migo: 5c
cuide que nenhua terra he amiga nem fegurapera
,
con-
quíftadores que em nenhum cabo do mundo fe podem
,

afíegurar.
29 E como o SargentoMayor meter lua guarda,
ha de caualgar em Teu quartao, 5c o Ajudante, ou Sargen-
to que aquella noite for de guarda, 5c dar volta por todos
os Corpos de guarda Sc muralha, pera ver fe ha algüa falta
& defc ui do -/ ôc fe eftà prouida da gente que coniiem em
cada parte,porquealguas vezes foe auer defcuido de Sar-
gentos 5c cabos de eíquadra:em tal cafodeuemfer repre-
hendidos muy feueramente, porque eftem vigilantes, pois
importa tanto, que debaixo do feguro,3cconfiança daguar
da, dormem defcuidados os demais.
30 O Sargento Mayor a primeira noite que entrar de
I
preíidiOjdeue de ordenar donde fe haõ de recolher asCõ-
panhias,tocandofe arma pera fazer feu efquadraõ; 5c pera
tal occaíiaõ ha de ter apercebido a feu Ajudante ao
que
deueacodir,perafe fazer tudo com prefteza,ôc perfeição,
c z Ôc
Abeceâario militar
5c as bandeiras das guardhs, donde haõ de acodir na mu-
ralha, ôc onde fe ha de reforçar de gente , 5c que pofto fe
deue tomar, & que ifto fe declare hua vez, pera que cada
hum com muito cuidado, ôc diligencia acuda ally pera
,

elle fazer feu efquadraõ eftandofeguro que por todas as


,

partes eftá pofto o recado que conuetn . “efquadraõ fe 0


ha de fazer na praça mais decente, que no preíidio ouuer,
que menos poftos Sc torres offenfmas tenha ao redor*
,

Sc a primeira coufa ferâ tomar os cabos da praça com a


mofquèteria,5c também com os arcabuzeiros, que em taí
cafo eftes fados que importaô, Sc acodir que naõfe toque
^
o fino da tal terra, porque na5 fe ajunte a gente delia.
31 Gram cuidado fe ha de ter, que o dia da guarda,
nenhum foldado faia delia, fenão pera comer, que°he for-
çofo, 5c ferâ com muita ordem, 5c prefteza, que todos po-
dem comer em pouco efpaço , 5c tempo por camaradas,
por naõ fazer falta : 5c fe algum delles fe topafíe paífean*
do,5c cruzando ruas pella terra caftigallo-Sco feu Sargen-
to, ou cabo, que eíiiuer naquella guarda reprehendello,
porque fedefeuida 5c fe algum tal dia fe compufer, por-
:

que íeja dia de feita em policia , 5c trouxer a camifa lim-


pa , d es faze rl ha 5 porque tal dia naõ fe ha de occu-
par em outra coufa , fenaõ na guarda, pois tem os mais
pera paífear, Sc ouuir Miíla a feu godo, ha algus jogado-
res, que naõ tendo em íeu Corpo de guarda jogo, vaõ ju-
gar aos outros com eftes jugar de verdade, & fazelíos aco-
dir a fuaobrigaça õ. E feu Ajudante , 5c elle cada dia a
deshoras haõ de dar voltas â muralha, ôc Corpos de guar-
ds, pera que fe não fiçaõ defeuidos nelles , te as por-
tas eftarem cerradas fe não ha de dar o nome , 5c quan-
do fe dé ao que ja eftà pofto em feu lugar , pera fazer a
pofta de Prima, o Sargento ou Cabo de efquadra da-
,

quella pofta ha de ordenar que eües proprios , 5c nam


,

outros nenhus guiem , ôc lenem osfoldados que ham de


mudar
T>o cargo/? officio de Sargento Mòt. i

indar as poftas, tem o feu quarto, & eftes cadahü


feito
o nome, & ao que tem feito
fteja nella,entaõ fe lhe dara
eu quarto fenaõ ha de deixar fair do Cojpo de guarda
a-

luella noite, por refpeito do nome


que tê. Hum mao vfo
iefte particular de grande perjuizo, &
damno/pella per-
çuiça dos offteiaes.que eftaõ nas tais guardas, que por nad
ornar trabalho de ir mudar íuas poftas, fe vaõ osfoldados
ós tomando o nome daquelle que faz fua pofta &asarmas
lo Corpo de guarda, que he mal feito & perigofo, & naô
e deue confentir, nem per imaginaçaõ. Os Alemães no
nudar de fuas poftas, o fazem fem perguiça, & concerta-
lamente,& feguro,quefae hum official com todos os fol-
iados que ha mifter pera fuas poftas, & com tambor toca-
&
io vai mudar feu* quartos de noite, traz configo os que
a o fizeraõ,& he mui acertado vfo, porem fem tambor, Sc
ecreto deuia fer pera prefidio &
exercito, &
fazem fuas
:entinellas armados de todas as peças, &
com celladas na
:abeçacom chuua,& com Sol,& com o pique nas mão s»&
> meímo fazem os Suyzos.

32 Quando as Companhias, ou Companhia entraò de


mardaà noite nao fe ha de confentir que as que eftaõ nel
^a vaõ fem fe entregarem as que vem do Corpo de guar
fe
da, &: haõ de eftar em ella à parte que eftiuer mais defem-
baraçada, & defpois que as outras forem entregues cajni-
jnharaõ em ordê cõ fuasbandeiras a feuspoftos aôde haõ de
ir:&afsi que vem os Sargentos Móresasque faem, como
Jas que entraõ: & irem doutro
modo he mao vfo,& parece
peor,& defta forte verà o que ha pera remedear.
33 lamaisfe ha de confentir por muitas Companhias,
&
|
géte que aja durma o foldado mais de tres noites em ca
ma, de guarda, a guarda^porq o foldado fe ache be acoftu.
mado,& exercitado pera o tepo q fe oíFerecer,para o me-
lhor fiber paíTar, q o vfo he graõ meftre, & fe co mais co-
modidade o fizefTe,acharfehaó depois na occaíiaõ mal aco
" ~
Ifturaados.

c 3 Ha
Akecedavio militar
34 Ha de ter o SargentoMayor muito cuidado em re-
forçar as guardas em dias de feftas,Sc jogos que em prefi-
diosfe fazem, ôc de prociííbes deCorpo de Deos,
& forna-
na fanta, & em effeicoem todos os dias que fe entender
5
ha muito ajuntamento Ja gente da cerra, que em
tal tem -
pode coftumao intentaras maldades, & leuatfct a mentos
:Sc
fe agente de guerra eftiuer defeuidada,
'poderão fair com
feu intento, & refukarem grandes danos, como
aèxperien
cia tem moftradoem diuerfas partes, 5c Prouincias
do mu
<lo. Aduirtao Sargento Mayor,que fem
licença do Mef-
tre de Campo, ou Coronel, nenhum Capitaõ pode
aonde
elie eftà tocar tambor em fua Companhia, nem
para re-
colhelapera a eníinar a tirar, 6c efearamuçar, & em effei-
to pera nenhüacoufa fem licença fua fepode tocar
caixa,
faluo pera a guarda, ^que afsi he coftume.
3 5 Quando fe offerecer tomar moftra do feu terço ha
de acodir logoao V édor General, ou ao mais fupremoem
feu lugar dos que a forem tomar, que coftumao leuar orde
dos Generais pera as tomar , 8c cambem pera ver quando
quer que fe dé moftra, 5c onde fera bom quefe tome 5c ,

pera tratar outras couías que forem neceífarias , & cõ efta


ordem feguir o que lhe ordenar, 5c acodir a feu Coronel,
Sc com meia hora de noite mandar ao tambor mór lance
bando pera fe dar moftra k naõ coftume de dar moftra
:

de ordinário em hum lugar que onde ouuer mà tençaõ


,

lhe focederà mal em tal conjunção, ôc fendo pofsiuel ca-


da vez em fua parte falteando os lugares, fem que feíaiba
te' a hora que a gente fe recolhe, 8c dar ordem ao
tambor
mayor toque a recolher hüa hora antemanhãa, 8c que ao
amanhecer eftem as bandeiras com fua gente recolhida:
& quando o Vèdor General pedir que a quer ver Compa
nhiapor Companhiaentrar 8c dar moftra, fe ha de fazer,
,

porque em tal tempo cem toda authoridade fuprema 8c ,

afsim fe ha de obedecer, 8c fazer marchar a Companhia do


Co-
T)o cârgo/sr officio âe Sargento Mb*. 20
Coronel primeiro, & logo as dos arcabuzeiros, 5c arreo as
demais que elle quifer que faiam primeiro; porque fairaõ
com a ordem que entçàram.Sc a Companhia ou Compa-
,

nhias que foraõde guarda ao entrar feraõ as derradeiras,


Sc ao fair as primeiras. O Ajudante deixara
cerradas as por
tas da Cidado fe naõ ouuer caualeria que faça guarda nel-
las: ôc fe naõ ha mais que hua Companhia de guarda, tera
paciência o Alferez do Coronel ,
que he necelfario faia a
Companhia de guarda primeiro pera que fe pofTaò abrir
,

alguas portas da Cidade, 5c logo a feguirâ a doCoronel de


tras delia, 5c detrás defta as mais Companhias que fórem
de guarda, 5c tras ella as que entraõ de guarda, Sc logo as
de arcabuzeiros como entraraõ fe naõ fe ofFerecer algum
feruiço repentino pera*as Cõpanhias de arcabuzeiros aco
direm a elle, que em tal cafo feraõ ellasas primeiras, pella
prefteza com que conuem irem, 5c as demais feguirao co-
mo eftà dito. Hafe de achar prefence em todo o pagamen-
to tê que tudo fejaacabado.Sc feu Ajudante entenderá no
da guarda. E defpois que as Companhias fe tem aliíladas
ha de tomar do Contador do foldo rol de toda a gete que
fe pagou no dito Terço pera moftrarao feu Coronel cada
Companhia de perfy pera faber o que paífa no feu Ter-
,

ço, que afsim conuem fe faça, 5c elle também o ha de ter


fe for curioíb.
36 Ha de perfeguir geralmente toda a gente de mao
viuer que ouuer em feu Terço, Sc que naõ parem nelle la-
!drões,renegadores, folheiros,& reuoltofos-Sc ordenar a to
dos os Capitães que em fuas Companhias façaõ o proprio*
|& em efFeito que fe defterre todo o mao vicio que afsi
,

os demais viuiraõ honrados, ôcfem vicioalgum, 5c afsi E-


jcaràtudo remedeado.
37 Ha de caftigar feueramete o que for caufa de afrõ
ca em Corpo de guarda conforme ao bando do Coronel, q

eítarà fixado nelle: Se ja fe faheo deíauergonhamento que


c 4 nifto
Abeceda) to nuhtar
niftofe comete, & de tanto prejuízo como he afrontar
n-
cafa Real, que o Corpo de guarda he como cafa
Real ’ q
afsi íe deue obferuar.
38 As ta boi as de jogo aonde quer que eftiuer o
fet
Terço, ou parte delle,as manda por o Sargento
Mayor, &
o barato que delias fe tira he pera ferraduras
do feu quai
tao.porera naõ ha de conleatir que fora doCorpo
de guai
da principalfe jogue, porque acuda aly toda a
conuerfa-
çao da gente, Sc euitem os roídos & pendências
que cofta
ma auer nojogo.aonde fg naõtera tanto refpeito comolno
Corpo de guarda, que fe na5 atreuem a fe ré
defcortezes,
porqueja fabem que feraõ caftigados fem remiíTaÕ.St
afsi
conuem que fe faça.
35? Ha de aduerdr o SargentoMayor que nenhu Capi*
tao dc licença a Teus Toldados pera paíTare
a outro Terço,
nem pera íe irem fora Tem licença do Teu Coronel, que o
nao podê fazer TenaÕ pera algu prefidio,taxãdolhe
os dias
menos que pudere fer.-fc que na Vedoria Geral fe na5
de praça a nenhu foldado fem licença do feu Cnpitaõ, ou
do Coronel, porq he grande dano, qLie algus viçofos fazem
trapaças cõ os da terra, & com feus ofhcíaes jugando
oque
tem & armas , & cõ aquella liberdade de mudar praça fe
iraõ,& he dano pera feu Capitaõ,
& pera outros partícula
res.\St afsi conuem que fe tenha conca com iíto.

4°_ Na infameria o homõ que ha de entrar em fileira,


fe^naõ ha de confentir tenhaoífício mecânico pubricode
que vfe,que naõ he béquefe iguale efte tal coo fidalgo,
foldado honrado que viue cõ feu Toldo feruindo a feuRey
bonradamente:5f quando fe ofFerecer receber munições,
baílimentos, armas, & veftidos delRey,em TeuTerço,oFu
riel mayor o ha dc receber, Saer a conta difto pera
dar aos
officiaes delRey porern o Sargento mòr ha de repartirtu
;

do pellas companhias a cada hua como lhe couber,que he


feu ofdcio.Na infanteria Te tem tomado por vicio andare
veítidos
T,o cargo & officio (is S argento ò/tor. 2 1

veftidos à cortefâ.í cotn capas > 8c veftidos negros qne he

aiao vío, 8c podefe tomar exemplo do Duque d‘ Alua Do


Aluarez de Toledo que em todas as occafióes que
Pernaõ
Ce achou, fevefth de azul muy claro, &ochapeodame(-
ma cór.para fer conhecido com muitas plumas, 5c todos
finos, que fofrem
os foldados antigos fe veftiaõ de panos
agoa,frio,Sol,8c naõ veftido de tellasde Nápoles, 8í tafe-
pano fino que be proueitofo pe-
tas, 8c outras fedas.fenaõ
durar: eftá claro que dez mil foldados ar-
ra frio, 8c pera 8c

mados, Sc veftidos de córes auultaó sc metem mais terror


que vinte mil veftidos de preto Sc nenhfia forte eftâ peor
,

o variar nefte cafo que na milicia em perder o que os noi-


íbs anteceííbres nos deixaraõ em vfo, que
he mayor igno-
rância do mundo, de que nos deuemos afrontar : & o que
nosnao quifèr ver como íoldados, pouco importa:o certo
hu toma o que he feu os cidadões 5c corte-
he que cada :

foéso negro, que lhe aiTenta bem na corte: 5c os foldados


as córes que lhe eftaõ melhor. Os Alemães, 5c
Efguiçaros
em habito 5c traje de veítir faõas naçõestnaisconftantes
que ha, que jamais mudaraõ de abinicio, Sc quando faem
no exercito daõ grande vifta,que he mais acertado coftu-
me, todos de cores, 5c de hum modo: 5c certo que os mi-
ni ftros de Sua Mageftade deuiaõ de ordenar que todos os
foldados andaffem veftidos de cor, que parece contrafei-
to habito negro na milícia: 5c bem parecem plumas,5c bt
j

zarria de cores 5c tornar ao vfo paíTado:Sc certo que o vfo


.

de capotes, & faltinbarcas Tudefcas com mangas abertas


agente de guerra afsim pera proueito, como pera galan-
,

tèria, he o que lhe conuem; porque fe leua fobre coílelete


que o cobre, 5c o arcabuzeiro fuas mangas vefti das, & feus
frafcos,& arcabuz tudo enxuto, que he o proprio habito
de foldado, & tudo o maishe embaraçofo, 5c imper-
tinentes aos foldados.
(•-)
ttAbecedario militar.

C AP I TV L O II.

*Do officio de Sargento mor marchando


em campo. 0

S |
3
§
Mayor trabalho que o Sargento Mor tem em to^
'

áo eu car g° he quando caminha com feu Terço,


í

ou Exercito, que nao repouía,nem dorme-.ôc cof-


tuma andar taô caníado, Sc falto do fono,que ca-
minhando acauaio fevay dormindo, & cabeceando em
feu quartao dando vaiuens,com perigo decair, que tanta
he a necefsidade que tem de dormir:
& por efta caufa, he
neceííariofeja robufto, St fofredor de trabalhos; no mar-
char tem necefsidade de muitas curioíidades Sc aduertem
cias, como fe aqui diraõ, que ha de trabalhar,
6c andar tu-
do,
i O primeiro que ha
de fazer antes de íe meter a ca-
minho com feu Terço he confulcar com feu Coronel to-
das ascouías neceíTarias que íe deiiem de prouer antes que
parta 6c auifar a todos os Capitães do Terço que fe po-
:

nhaõem ordem de caminho com fua gente muy bem ar-


mada, com a menos bagaje que for pofsiuel,&que eflé pre
íles dentro nos dias que lheaffinar.OBarrachel do campo
fe ponha em ordem, o Auditor, 6c Furriel mayor, Botica,
Fiíico,Scçurgiaõ. O
tambor mor, que dè hüa volta polias
companhias, Sc tenha preíles todos os atambores com íeus
bons inftromentos,8tque nenhüa companhia vàfem pifa-
no, fe for pofsiueh
2 A menos infanteria que for pofsiuel irá acaualo, Sc
nenhüa molher a pe 6c fe algüa terra por onde fe ouuer
:

de paílár for montuoía.ou rafa,abundanre,on eílerihcom


eífa confideraçaõ fe ha de fazeraprouifaô de bagagis.que
ferà
de Sargento Mor. 2.1
7")o cargo ú> officio
he de muito emba
:rào menos que fe puder efcufar.que
iço, 8c grande perigo. r
trate com o feu
, Se o feu Terço marchar de perfy .

ioronel que fe lenem alguns barris


de polnora murrao, ,

humbo.de modo que antes fobeje que falte,


& hua quan
fobrexcelente, que as mais das vezes
idade de coufas de
duzentas enxadas, 8c
jofFerece ferem muy neceílarias, 8c
em paz, 8c pera cortar aruores 8c ramas,
cem machados
auendo
ue faô importantes, que á necefsidade nao
muy
barranco 8c
aftadores fe faz hüa ponte a hum
palfo de ,

no alojamento de aruores cortadas, SC


iúa trincheira, 8c
alhanar algum paflo
a pera trincheira , 8c terra pera
pertrechos neceífanos.que naola-
brçofo; em effeito faõ
fe paífar por Prouiti
>e o que auerâ mifter, em efpecial
:ias de ourros fenhores. •
_ .
...
Depois que codas eítas coufas eílejao apercebidas,
4 lhe orde-
ecolherà todas as bandeiras onde feu Coronel
iar que fe juntem entaõ
, &começara a caminhar com a
jençaõ de Deos, no fuperior lhe ordenar:
modo que feu
me Capitaõ
fe for exercito,feu General, ou Meftre de ca-
)o General dara ordem como cada Terço
ha de caminhar-
que fe entende-
3orem,aqui tratarei fô de hum Terço, no
•a de todo o exercito.
nota,
y Ia o Sargento Mayor tem fuagente junta,& a
companhia tem de gente afsi de coílolletes, co-
que cada
mofqueteiros, marchara íegundo o
mo de arcabuzeiros,&
fitio lhe der lugar, pofto que para hu Terço acoramodada
coufa he marchar de fete em fete Toldados por fileira;
por
que cabem facilmente por todas as partes:&fe he de mais
numero he neceíTario fazer efplanadas,& deter todo oTer
ço,& fe paílará o tempo & também pera formar efqua-
:

draõ quando o faça de fete por fileirá em hum Terço o fa


ra facilmente^porem aduirtaque no feuTerço ha de
leuar

os piques em tres troços, que fendo pofsiuel não pafTaraõ


de
\Abccc:l:,Y!o militar.
de nouepor fileira,& permitindoo o caminho, & a neceí
fidade poderaõ ir mais, ou menos conforme
à quantia cie
les.que fempre fe deuem acomodar em tres
troços ; porc
com iífo fe forma o efquadraõ com muita facilidade. Ht
coftume auer em cada Terço da infanteria duas
bandei.
ras de arcabuzejros,que baftaõ em doze
companhias, hua
era de vanguarda, hoje_& amenhaãde
retaguarda de todo
o Terço, & afsi fe iraõ reuezando os Capitães arcabuzei-
ros íempre,fem fe apartarem de fuas
companhiasmorque
lenao deímandero os foldados a fazer dãno
(como he co-
árumefefedeícuidaô) nos jardins, aruores, vinhas,
& ca-
ias:St eítando íeu Capitaõ comelles naõfe atreuem; porq
onde entraõ arcabuzeiros em hum penfamento íicatudo
limpo, &: pode íer aquillo fazenda de algum
pobre, & ram
bem paífamos polia terra que os foldados fazein dãno por
onde patTaõ,que he cafo de fealuorotarem,&lhe
naõ aco-
direm mantimentos: & afsi he neceífario que o
Sargento
mor olhe tudo, que com elle fe defcuida ofeu Coronel: &:
he o inftrumento &• meftre defte minifterio . O Capitaõ
de arcabuzeiros de vanguarda ha de leuar a guia da viage
que ha de fazer aquelle dia^que a elle toca terefte cuida-
do,&: oBarrachel do campo leuarlha.Ha de
ir fempre apar
tado da mais gente, que o fegue duzentos paííbs diante
co
a fua companhia aberta logo fegue toda a mofqueteria,
arreo a metade daarcabuzeria das companhias doscof-
loíletesjSc logo os piques, & fe ouuer piques
íecos iraõ no
meio da gente armada, & as bandeiras juntas em tres filei-
ras, quatro em cadahüa,ou como couberem
melhor- aca-
bados os piques feguirà a outra ametade da arcabuzem,
com que feha deguarnecer o lado efquerdo do efquadraõ,
Sc da retaguarda de tudo a companhia de
arcabuzeiros, a
que tocou recolhendo todos os mancos, bagagês, moços,
Sc regatõesjCom os mantimentos, &
mercadores, & tudo o
^? JerçQ; ha de trazer diante de fua companhia,
ôc
*Do câYgo & officio de S âYgentoòAoY* 2$
feu
>
o Capitaò cm peííba ha de ir na retaguarda delia ,
com bandeira, comasde-
arcrento, & o feu Al ferez fua
iaís. Cada Companhia de arcabuzeiros ha de leuar íeus
íeus ata-
aofquetes,8calabardeiros, ou chuços configo,5c
•ores, 6c pifano, fempre tocando
hüa caixa . O Sargento

ha de repartir os Capitães como baõ de guiar o que


dôr
piques trabalhem igual
e lhe der a cargo^ue todos osdos
leuaõ fua ordem. Aquelles
nente,que os arcabuzeiros ja
Hapicães que guiarem hoje a mofqueteria, amenhãa g na-
que vay detrás delles, 8c outro dia aos
aõ a arcabuzeria,
retaguarda
liques, outro dia à arcabuzeria, que vay de
&
começar dc nouo, SC
los piques, Sc acabado ifto tornar a
fto ficara ordenado de hüa vez.
os atam-
6 O Atambor mor ha de repartir marchando
iores,que oCapitaõ ha de leuar na parte
que lhe tocar ei
bandeiras os que fore neceíTarios,8c que íem
cando cõ as
quartos :8c cora
ireíevà cocando tambores, Sc pifanos aos
leuaado fempre a bagagé ao lado,
ifta orde
fe marchara,
eguro cuberto, como dizer, fe o inimigo efta ao lado eU
perdo, irà ao lado direito:8c fe na vanguarda ha íofpeita>
7 a na retaguarda diante da
Cõpanhia de arcabuzeiros, & fe
aella retaguarda fe teme irà na vanguarda diante
dos moL
pcteiros:&fe por* todas as partes ha temor tnetell a no me
o dos piques, Sc em tempo de ral fofpeita as badeiras irao
repartidas em duas partes, Sc os Alfereza pècõ ellas àsco-
ílas,5cos criados nosfeus cauallos ,8c da própria force q
fo-

re os Capitães de arcabuzeiros iraõ fuas banüeiras,afsi em


marchar, como em quartel, alojar no capo, Sc em lugar po
uoado.Tãobem o que for de vanguarda ficara alojado no
principio do alojametoj porque àmenhãa fera de retaguat
da,& ha de recolher dahi fua gente manca, bagage, moços,
molheres,& mercadores, 8c tudo o que for do Terço. E fe
for da retaguarda donde for o exerci to, tudo o q for delle
fem faltar nada que tudo he de hú dono, Sc de hü paftor;
;
sjjbecedario militar.
& o que for de retaguarda ha de hir alojar no fim do alo-
jameDto, porque ao outro dia ha de fer de vanguarda, & ha
de guiar defdo feu alojamento fua viagem de maneira,
,
q
naõ ha de paíTarnenbüa coufa adiante fem ordem de que
a pode dar:5c o de retaguarda naõ ha de deixar coufa que
naõ và diante^ que peraiílb Sc perafeguro fíe todo o Ter-
ço fica de retaguarda.- 5c os Capitães de arcabuzeria feruê
deíle modo, 8c deuem fer experimentados, muy curfados,
animofos & cuidadofos, que os naõ efpante trabalho, nem
furia do inimigo- que elles faõ chaue, Sc feguro de todo
feu Terço, & muitas vezes o faõ de todo o exercito, & to-
dos os recontros de improuifo faõ nelles ; 6c afsi contiem
queTejaõ deítros,5c animofos.
7 Onde ouuer alguafofpeita, toda a arcabuzeria , 5c
mofquetariahaõ de leuar feusmurroés acefos, Sc onde íe
defcobrir,que a naõ ha em cada fileira hum murraõ acefo
por diftribuiçaõ, porque aja fogo fempre: os arcabuzeiros
feus murriões âscoftas, Sc não na bagagê por nenhum cafo.‘
6c os mofqueteiros feus mofquetes no ombro, & fe tiueró
moço que lho ajude a leuar, que naõ ha de auer bagagem,
que he tempo perdido doutra forte, & fe gaílaõ as chaues
dos mofquetes, de forte que quado cuidaõ ter mofquetes
na maior prelfafe achaõ com menos a metade: Sciíto fe vê
cada hora, 6c elles o confeíTaraõ, Sc os coííolletes quando
menos com peitos, efpaldares, efpaldaretes, 5c manoplas.
Ia fe.tem dito que cada arcabuzeiro, 5c mofqueteiro haõ
de leuar em fua bolfa de couro a 5-0. 5c 2 pelouros de ca-
5-.

da forte, que he jufto peio, Sc numero, Sc ifto de ordinário


que jamais fe ha de marchar fem elles- Os Capitães, & Al-
ferczes das Companhias de piques haõ de ir armados , 2c

os Aiferezesde arcabuzeiros tambem^porque naõ aja ig*


norancia.-8t nenhum Capítaõ caualgarà emcatídlo têque
todos vaõ em ordem mea legoa do alojamento , 5c que o
Çapitaõ de arcabuzeiros da retaguarda tenha começado a
cami*
*Do cargo &• officio cieSargento Mor. 2
4
caminhar, & que ja o Capitaõ da campanha.Scfen Tenen
te tenhaõ recolhido debaixo de feu
quadrete, & guia toda
a bagagem, 6c que và em ordem, 6c que o Coronel tenha
paíTado à vanguarda. Então chegará o Sargento Mor ou ,

Ajudante, 6c ordenara que caualguem os Capitães, 6c Al-


ferezes deixando fuas bandeiras afeus embandeirados ca-
ualgaraò em feus cauallos, não tiuerem modo, via, 6c
6c fe
viagem pello outro lado donde vay a bagagem por onde
,

ouuéra de ir caualleria fe a ouuera,metellos ha na retaguar


da dos piques, 5c com elles hum Capita5,a quem íigaò,6c
obedeçaõ: 6c fe haõ de apear afsi Officiaes como foidados
antes de chegar ao quartel meia legoa , pera feguir íua or-
dem^ fazer efquadraò.Ôc o Capitaò de arcabuzeiros,que
vay foi to de vanguarda, não ba de deixar paífar diante, fe-
não os que leuarem ordem de feu General, ou doCoroncl,
ou Meftre de Campo General, mem o de retaguarda dei-
xara arras coufa algua, 8c quando aloj#em em algua terra,
^ Cr piraõ de arcabuzeíros,que he da retaguarda, ha dedar

7oltaatoda ella,quenão fique enfermo, nem moçoefcon-


iido,nem Toldado, 8c eftesfe hão de atemorizar mui bem,
oorque ficão pera fe tornarem, 6chafe de dar nelles, 8c nos
moços 8c fe for mercador, que fe vá adiante com preíla,
:

du fe fiquem perafempre ; que algüs delles fazem damno


em furtar animais, 6c os vender mui bem vendidos, 8c à
fombra do Terço fe fazem ricos,fem leuarem Real confi-
no, ôc a voz do pouo clama fobre os foidados,- porem Dom
Sancho de Londonho, que era Meftre de Campo do Ter-
;o de Lorabardia, 6c hum gram miniftro na milicia , fez
bmfeuTerço açoutar juntos doze deftes mercadores, que
hião hua tarde em Borgonha junto ahua terra que fe cha-
ma Fontanfque furtauão quanto podião, 6c o Barrachel
ds topou, 6c afsipagàraõomalquefizeraõquandopaíTou
iFlandeso Excellente Capitao Dom Fernando Aluarez
jie Toledo Duque d ‘Alua o anno dc i $ 66 ,

O
zAbccedario militar.
3 O Barrachel de campanha, que eíle he o feu nomi
fe lhe ha de ordenar de hua vez o que poreftillo ha de fa
zer cada dia,-em tocando as caixas a recolher pella manha
caualgarà elle, Sc feu Tenente:& procuraraõ fe falta algú
bagagê, Sc o Tenente fique recolhendo tudo fora da tei
ra, fazendo carregar primeiro ; & o Capicaò de campanh
faia logo fora da terra, ou do alojamento depois que tiue
ordenado o feuTenente,o que ha de fazer; 8c feita a pro
uifaõ dos bagages que faltarem, Sc feito carregar as mun
ções, petrechos Sc baílimentos que leuarem,ponhafe en
hu paííb eílreito do caminho que ha de fazer aquelle dia
Sc naò deixem paíTar nenhum genero de gente de todoso
que vaõ em feu Terço, ou exercito, fenaõ for Furriel ma
yor, Sc menores, que iraõ juntos, Sc naõdeoutra maneira
porque depois fe foíTem cada hum períy , podeauerfrau
de que paífaram outros em feu lugar, Sc afsi he bem quí
;

vaõ juntos; Sc o qi& depois chegar naõ no deixem paíTar.


porque ooutrodia tenha cuidado eíle, Sc os outros de ma
drugar,pornaõ perder viagem. Também ha de deixar paf
íar aquelíes.que leuarem ordem dofuperior.Como o Ca
pitaõde arcabuzeiros, a que toca a vaguarda daquelle dií
chegar naquelle paílb marchando digalhe o que tem fei
,

to; Sc feouue algum que procuraíTe paffanporque fe chegai


taõbem aprouaio,que o farapor fair com fuaopiniaõ que
o Capitaô o faça cornar mais depreíla do que chegou : &
lembro que o Capitão de campanha ha defer refoluco , &
diligente em feu cargo. Feito iílo,ha derornar,5c viíitarfe
eftà bem ordenada fua bagagem, Sc fe ha mifter mais algua
cou.fa,5c defpois difto ficar em ordem, 5c que và marcha-
do tiquefe correndo com os feus foldados o alojamento,
deixão perguntando aos que de outras partes vierem fe vi
rãoalgua gente de feu Terço de qualquer forte quefeja?
fe tornaraõ pera trasjou fazem algum dãno > Sc fazer dili-

.

gencia para os prender, ac defpoisquelhe parecer que fua
gente
*D o cargo, & de Sargento Adbr.
offieio 25
yen te vai hualegoa auaDguarda, q em hüTerço irá a reta-
guarda menos de meia, caminhe apreffado poraquelle la-
do q vai abagage;porq os q vão afazer dano fahe por aly,
S: corra todas aqueilascafas,ôt bofquesconjutos, & como
entenda q jà a vanguarda vai chegando ao alojamento ga-
lopearácò o^foldados pera fe achar nelle antes que che-
gue a gente de guerra, St viíicaràfeu quartel, St recolherá
todos os baftimentos que puder pera o feu Terço, Stpello
caminho q for pellos cafaes os ha de hir procurando.* St fe
por remor os lauradores na5 oufaífem a letiar mantimetos
em tal cafo lhe deixem pera feguridade algüs dos feus Tol-
dados, que os acompanhe até o alojamento ; que com cui-
dado S: diligencia íefarà tudo muy acertadamente todo
o offieio. Na vanguarda da bagage haõ de ir as molheres fe
asouucr, St as que forem cafadas apartadas, quefejaS co-
nhecidas por amor das liberdades que os Toldados dizem
ás mais, St fenaõ todas leuaraS por hum caminho.
s OSargentoMór ha de ordenar aoFurriel maior, q fe
adiante a tomar alojamento, afsi em pouoado como em ca
panha, St fe for exercito o Meftre de CãpoGeneral lho ba
de dar afsinalado p era feuTerço, St elleha de dar aos Fur-
riéis dasCõpanhias,q fempre os ha de íeuar cõíigo quãdo
fe adiantarê pera achallos,q os hamifterpera ajudar oMe-
ftre deCãpoGeneral,Stpera tomar baftimentos fe fe deífé
de moniçaóq foeacontecerjporq jamais nos exercitos dei
xa de auer mudanças, $t defeoftumes. St nifto dos baftime
cos fegundo for a terra em que fe acha afsi fe ha de gouer-
nar o exercito, ou Terçoj em huas he neceíTariofe leuem
mantimetos coníigo, em outras eftaõ feitos pellos alojam©
cos qhaõ de paífar em almazens. E em outras Prouincias
ps da terra trazem abundantes mantimentos .'Stpellas dif-
ferenças que os Terços coftumaõ ter em os gouernarem,
fegundo o tempo he neceífario fejam prudentes, Sc induf-
criofos, St muy curfados.
d Ad-
Abecedario militar
10 Aduirca o Sargento Mor naõ coníiuta fe và em or-
dem com bulha, nem vaõ lançando pulhas, 8c dando vaya ;

que he perigofo, 8c roira vicio:8c he bem que donde fe vai


feguro, 8c deícuberto os Toldados teuhaõ alguia liberdade
pera paíDrem o trabalho; porem, ha de íer com modera-
ção, fegundo o tempo, 3c lugar o requere. Tenha cuidado
que os Toldados naõ cortem Teus piques , nem os deixem
perdidos;que he gram maldade;Ôc o que tal fizer Teja caf-
tigado,Tenaõ Tor algu enfermo; 8cefte aduirta a íeu official
pera que o guarde cõ os que vaõ de moniçaõ,atè que efi.
teja pera q o pofTa leuar, 3cafsi ha deordenar;porê,oq o fi-
zer develhacariacaftigalo;pois Te deTarma por Tuavõtade.
1 1 Ha de procurar com feu Coronel que publique hu
bando em Teu Terço Tobre paíTar,& tomar a palaura: 5c o q
o quebrar feja caíti gado; que ifto importa, que Toe Ter cau
fa de coofufaõ,&accidete,que Tõ ha de Tair de 4. partes do
Coronel doTerço.do SargentoMôr, do Capitaõ de arcabu
zeiros de vanguarda, 8c do da retaguarda , Sc haõ de dizer
aTsirAlto pello Coronel.alto pelloSargentoMôr: alto pello
Capitaõ devaoguarda.-alco pello Capitaõ da retaguarda; 8£
ifto Te ha de guardar Tem fallencia para Te Taber donde vé
para Teacodir com preíteza aonde a tal palaura Taío ; que
pode o inimigo ter dado na retaguarda, ou Ter defcuberto
na vanguarda, ou auerfucedido algu caTo importante, 8c
pellos tais reTpeitos conuê Te obferue ínuiolauelmête èfta
ordem, que he importantifsima;porque fendo auifado afsi
Te achara apercebido, 8c q o paííar delia Teja como emGalè
cõ cuidado, 8c caftigo pello cabo direito de cada fileira,
Tem faltar, 5c quensnhu outro na fileira falle palaura, 8coq
errar pague que aTsi conué;que pois quere gozar da pree-
;

minência do lado direito, 8c do cabo da fileira, aTsi he be


que tenhaõ elles eíte cuidado, que he neceífario,mai nota
uel,8c principahSc aTsi como chegar alto Te fique cada filei
ra plantada no mefmo lugar em que a palaura a tomou. He
bem
©o cargo, & de Sargento Arfo? .
o ffcio 2 1

onde oouer comodo de agoa.pe


bé fazer alto no caminho
coma5 do que coftumaó leuar em leu
ra que os foldados
alforie.St fe refrefqué.&alenté
do trabalho do caminho pe
ra fe poderé conferuar em
boa ordé: que por mui exerci-
arcabuzeiros pofíao fupnr
tada ã a infanteria feja quádo os
o trabalho descaminho fem parar como gente que vai lpl-
em nenhüa maneira o podejoírer
ta Stfem pefo das armas,
coftumaó os tais alguas ve-
os colloletes em dias de calma
perder o refpeito aos officiaes nao
queredo caminhar:
zes
vifto querer fazer mais do
& algQs foldados armados fe té
caminhando.St
que feu alèoto fofria afogarenfe nas armas
qualidade fucedido omefmoj co-
a perlonagés de mór té
Pedro Infantes deCaftella.que
mofevio em D. Ioaõ.ScD.
por fer cafo propoíito do q vou traçando ore ftrirei.
mui a
aVeiga de Granada co
Eftes Príncipes entràraÕ,& talàrao
feu
numero deinfânteria.* caualeri a:& defpois q fizerao
effeico fe poferaõ á viftada Cidade cõ bizama,& arrogan
afsi fe retirarao lo
cia,Dorq nãoleuauaõ orde de a íitiar:&
faio de Granada hu vale-
s-o a volta de Caftelia,fuppoílo q
te Mouro chamado Ofmi com fooo.de cauallo,& muitos
os Infantes efti-
piões pera lhe fazer dano na retaguarda ,
de fy .-porem,
maraõ ém pouco fuas remetidas, lançandoos
auendo de fazer al-
foi tato o defeuido de feus Capitães,q
gente fe refrefcaífe, ôt tomaílb
to junto a hu rio, pera q fua
fe apartaraõ delle, guiaraõ& os efquadrões por dif
alento,
ferente caminho alojado mui afaftado delle*. &
como a cal
ma do dia era grande, ôc o ardor do Sol mui excefsiuo co-
meçàraõ todos afofrer infufriuel fede, Sc afsi a caualeria,
como infanteria fe começaraõ a defordenar bufeado agoa
à vifta melhor acomo
Mouros eftauaõ
q beber. E como os
dados junco ao rio,os Infantes temerão q lhefucedeífe al-
gu grande disbarate,& afsi começaraõ cõ muito valor a re
colher fuas gentes»& foi tanto o trabalho q mfto padece-
raõ,q ambos de dous fe afogaraõ cõ o calor,S£ pefo das ar-
Mecedario militar
mas Tem fuasgetes recebeíTetn outro d£no dos
cj
inimigos
fendo a caufa defta perda,qfoi mui chorada emCafteila
os
maos ofíiciaes ScCapitaes q em feu exercito traziaõ,como
dizEfcalante foI.q^.E afsitn deuem osSargentosMôres
de
fer mui conílderados no marchar, & mandar fazer alto
qu£
do a comodidade fc ofFerecer , &
a necefsidade o pedir,
porq lhe naõ fuceda alguaueflb; porque algüas vezes fe tl
vifto por efta inaduertencia leuar feas Terços fem
ordê,
& ao cõpridoem diftancia demaíiadaauanguarda da
reta
guarda de forte q cõ muito menos gente do que leuaõ etn
fuas bandeiras,felhe poderá fazer dãno cõ muita facilida-
de,Como fe vio quando Antonio de Leiua,que era Gouer
5

nador de Lõbardia pello Emperador desbaratou o exer-


cito dosFrancefes que fe retiraua a volta deViograífo fen
do prefo o Conde de S.Pol feu General porlauer caminha
do cõ a vanguarda largandofe mais do que conuinha oCõ
de GuioRangon que a leuaua a feu cargo,Efcalãte foi. j-o.
E hafe de procurar fazer fempre alto donde aja agoa, ten-
do os officiaes grande vigilancia,5c cuidado, que neftaspa
radas fenaõ Jefmandem os foldados em ir fazer dãno aos
lugares conuezinhos deftruindo os jardins, & pomares;
porque tudo he contra a boa difeiplina militar.Sc que ca*
da hum fe torne a fua fileira fem a trocar 5t fe indo mar-
:

chando algum foldado tiuer necefsidade de fair da fileira


deixe feu arcabuz ,ou pique ao companheiro nell3,em aca
bando fua necefsidade torne a fua fileira.
1 3 O SargentoMôr fe ha de adiantar hua mea legoa an
f

tes de chegar a feu alojamento, & quartel 5c formar feu


,

eíquadraõque o ha de fazer cada dia como chegue a elle ;


que ja o FurrielMór o fahirà a receber pera lhe moftrar o
alojamento onde ha de alojar feuTerço,&formarà feu ef-
quadraõ comoquifer q ja oleuarà na memória cõ muita
facilidade como vem marchando, deixando em hu pofto à
Companhia de arcabuzeiros de vanguarda, 5c os mofqtie-
teiros
T)o cargo, & offieio de Sargento Mbr. 27
-
teiros em outro cõ a arcabuzem, que leua diante dos pi
ques.armará no lado direito a guarniçaó, &
logo arreo os
piques, & cô a outra parte de arcabuzeria.que vem de re-
efquerdo, & acotn
taguarda dos piques guarnecerá o lado
recolhendo a
panhia de arcabuzeiros de retaguarda ficará
os efquadrões, que fizer
bagage,Sc crrí guarda della.E todos
f

proporção, & medida de


fendo pofsíuel, feraõ fempre da
defpois quando o fizer de verdade
pelejar, que afsi achara
fua gente bem cuftamada,Sc antes que o desfaça ha de fa-
zer que o Tambor mór lance bando pera as
Companhias,
que aquella noite haò de fer de guarda, afsi aoCapitapGe
neral,âs monições,como aoMeftre de
capo,ou outra qual
quer guarda,que fe aja de fazer atè noite, ha de fer daquet
la companhia de arcabuzeiros, que tem fido devanguarda.*

& fe ouuer efcblta , 8c outra coufa tambe desfara leu ei-


da própria ordem que o fez, Sc porfehaõ as bandei
quadraô
rasem feu pofto cadahüa; Sc fe em cãpanhao proprio dei
xando a praça d*armas defemjiaraçada aonde ha de fazer
feu efquadraõ quando fe offerecer.E logo porà hü Corpo
deguarda dehua das Companhias de piques, que foraõa^
quclla noite paífada a 80. .90.0U 100. paflbs ao mais largo,’
de 30.0U 4o.foldados arcabuzeiros, Sc mofqueteiros, 8c pí
queirós defronte das bandeiras,8c daquellas próprias
Com
panhiasfe haõ de pôr as mais das guardas ao redor do feu
quartel, Sc feâ poluora fizere guarda feja cõ coíTolletes
de
arcabuzeiros, ou piqueiros;8c afsiaueraõ cõprido as copa-
nhiasda noite paífadaas 24. horas q lhe tocou deguarda.
14 Ha de ordenar ao Capitaó de
campanha proueja o
quartel de baftimentos,que lhe for íinalado, Sc^que tenha
muito cuidado que aos mercadores dos baftimetos fe lhe
naõ faça agrauo algu, Sc de caftigar a quem lho fizer, porq
importa muito tratallos bem, porque viraõ de^ordinario a
baftecello, 8c feforem maltratados naô viraõ Sc fugirão,
com o que faltara o prouimento aos foldados.
Abecedario militar
o Capicaõ de Campanhaha de pôr poftura aosmantimen
tos de maneira, que os que os vendem, & compraõ poííaõ
paífar,Sc por cobiça naõ faça outra coufa:ao SargentoMôr
curiofo não fe lheefconderà coufa algua,que tudo verà,8c
afsi deue ver tudo o que pada, 8c aa5 fe ha de apear até naõ
reconhecer onde ha de meter as guardas à noite.
i S Ha de acudir ao feu Coronel, & darlhe conta do
q
ba, Sc que íitio tem, Sc o que he neceíTario remediar, Scver
fe ha algüa ordem, 8c ir a feu Capitaõ General pera tomar
o nome tambem:Sc fe quando tomar o nome de feu Capi-
taò General o achar acauallo , naõ fe ha de apear de feu
quartao,fenaõ, chegar pello lado efquerdo, Sc abaixar fua
cabeça com humildade, Sc afsi lho dará; em quanto com
elle falar íempre edarà com a cabeça defcuberta, 8c com
aquella inclinaçaò, Sc acatamento deuido quepellane-
:

cefsidade que feu cargo tê de prefteza,fe naõ deue apear,


& também he mà cortcíia fazer abaixar a cabeça a feu Ca
pitaõ General eítando acauallo pera lhe dar o nome: Sc ha
de tornara feu Coronel a explicarlhe as ordés que lhe ti-
uer dado feu Capitaõ General , ou Medre de Campo Ge-
neral,Sc darlhe também o nome.* Sc naõ ha de paífar coufa
algua que a feu Coronel fe efconda em feu Terço: que ef-
tà tudo a feu cargo,8c elle ha de dar conta delle. As gual-
das àtardefe haô de recolher pera anoitecer em campa-
nha, em lugares mais cedo fera melhor.' porem, em cam-
panha fe haõ de meter de forte que o inimigo naõ pofla
,

comprehender,que feja efcuro, Sc aduirta que hum Cor-


po de guarda ha de tirar volante em bom podo feparado,
em íitio donde naõ aja trincheiras, nem reparos, inda que
os aja he chaue, Sc feguro de todo o campo; ede ha deíer
pella fronte do inimigo por onde mais perigo aja, ha de fe
meter hua hora de noite depois do mais edar prouido Sc ,

não ha de auer fogo nelle; porem, fe lhe ha de bufcar algu


reparo, fehe pof>iuel,que edè bem, porque pondo a edas
horas
Vo cargo,& officio de Sargento Mor. 28
no Campo,8cvio corno fe me-
joras fe algúa efpia entrou
tem paflado ao inimigo a darlhe con
terão as guardas, Sr fe
ca do que vio, como
não vio efte efquadraó volante, Sc o
tocar àrma, 8c fazer da
inimigo lhe totnadê apetite de vir
no entrando dentro no Campo topará com efte Corpo ds
o dito campo.Scdeftruira
guarda, que defende.Sc aflegura
meter hum Ca
o inimigo. Nefte Corpo de guardafe ha de
pratico, 8c de eftamago, quinze piqueiros,
vinte
pitaõ muy
os demais arcabuzeria», Sc defte le hao de
mofqueteiros,
mudar todas as poftas, que em feu contorno ouuer, que
recolhidos alli todos viraõ a fer o numero
dos foldados , q
he gram reparo:Sc fe o inimigo vieífe pujante em quanto
formaÕosefquadróes,&fe aífeguraor
fe aqui embaraça fe
8c o inimigo fe tornaíTe roto, nao o
8C fe ifto acooteceíTe,
fenaõ efte Corpo de guardavolante de quinze piques,
figa
feouuefle
com outros vinre.que mais lhe acrecentaraõ, Sc
cincoenta arcabu
piques defarmados feriaõ bõs,8c outros
zeiros com feu CapitaÕ, pera que os apertem o que pude-
rem â boamente, fem fe meterem muito com elleiporque
fe o inimigo he deftro em fua retirada, de força auerà dei-
xado reparo, donde chegados nelle feraõ perdidos, por fer
de noite bafta retirados s que fe fofte de dia
que fe vê a
,

çaualleria onde ha exercito.ou mais infanteria o feguiria:


porem entonces osefquadrões hao deeftar quedos, 8c fir*

mes, 8c nao fe ha de desfazer nenhum atè vir o dia, & que


efteja tudo muy bem reconhecido: 8c que o Capitaõ Ge-
neral omande ; 8t elle própria quererá ver todo
feu Cam-

po, & mandará que fe desfaçaõ quando lhe parecer.


i6 Em pór as centinellas ha de ter muita confideraçaó
que he chaue das poftas doCorpo.que eftejaô juntas de fi-
fe ha de
tio de hua à outra trinta paíTos , exceito Ima, que
ao mais cem paíTos largos fora das
pôr àvifta do inimigo
outras, porem as outras fe haó de verhSa á outra.-eftacha-

maõ algüs centinella perdida, 8c naõ hetal nem fe deue


a ,

-
d 4 P er
Àbecedario militar
permitir feike dé tal nome fenao que fediga a pofta
,
do
feguro,que he a que fegura o campo, & ainda que.algüs
di
gaõ que oao ha de ter nome, íi ha de ter, Sc fe ha de mudar
em 3. quartos, que bafta, 3c ha de fer dobre hum piqueiro
& hum arcabuzeiro.Sc haò de fer mui conhecidos/Sc pral
* 1
ticos, Sc de peito,animofos,$c de vergonha: tz he
neceíTa-
xio que^tenha o nome ; porque fealguacoufafefente fica
alli o arcabuzeiro, 8c lhe deixará o piqueiro 8c
pique, & fe
retiraria dar amfo â primeira pofta, Sc fe naõleuar o
no-
ll
• me àqueila o aao deixaraõ chegar : Sc por efte refpeito, Sc
pera o que for viíitar he^forçofo cer o nome,Sc que feja do
'

*1»
i í I
brada cambem, que eflaõ com mais animo doas, hã aífen-
tado baixo, 8c outro em pé, digo baixo que ouue melhor,
Sz o outro em pe,ou degiolhos detras.de algíi reparo com
feu efcudo,fe he pofsiueí,por eftar mais fccrcto,Sc darlhc
ordem que em fentindo aIgurumor,ou gente da parte do
inimigo fe aíTegurc, Sc o piqueiro dé auifo,sc torne em hã
momento a feu companheiro mui cuberco, Sc fecreto 8c< :

aquelíe aqne tem auifado auifarà à outra pofta, Sc afsi irao


te o Corpo de guarda volãte cõ efte auifo de mão em mão
mui caladamente fe apercebe , 8c o CapiraS que alli eftà
os pora em ordê, Sc dara auiío ao Corpo de guarda princi
pai, Sc dal li ao Sargéto mór
q auife a feu Coronel ScMeftre
II de Campo General, Sc afsi eftà tudo àlerta:5c feo iuimigo
vem, Sc fe ve claro re ti râôfe ambos àpofta vizinha dar aui-
fo que ha inimigo, 8c le he cauaIleria,ou infanteria,8c dali
íempre cóGolhono inimigo fe retire a porfe em orde no
volante fem fazer rumor, nem tocar arma , Sc eftà todo o
exercito apercebido, Scpode vir o inimigopor lã,& tornar
trofquiado; porque como vem entrando, Sc naõ fente ru-
mor, fe lhe afigura que eftaõ defcuidados,Sc dã golpe, Sc
todos juntos lhe daõ hua carga de arcabuzeria,8c cõ o ru-
mor dos tambores fe corta ,8c perde o animo, Sc he degola
do facilmente . Eftas couías fe haõ de fazer com fie ima.
deftreza,
<£>0 cargo O' officio de Sargento Mor. zq
deftreza, St animo pera be acertar. Pornenhu modo feha
detocar àrmadem primeiro o inimigo fer b8n reconheci
do, 6c que eftcja certo diflb, 8c osque fazem doutra forte
faõ puíilanimes, 8c inconfiderados,que fe afogaõ iogo fem
íe lhe formar em fua imaginaçaõ , que o inimigo vem às
efcuras atenao, 8c diuertido,a viíta a hua parte, & a outea,
fem firmeza nenhüa, afigurandofelhe gente cadafombra,
8c o que eítá quedo olhando fempre vigia , o ouuido fir-
me cõ muita ventagem, mais que o que vem a bufcallo.
Eftà efperando apercebido onde bü vai por muitos fe faz
o que deue, 6c fe fe tocar arma por hua parte do campo fo-
mente conué ter ordenado o Meftre de campoGeneraf ou
o que eftiuer em feu lugar , que por outra parte nenhüa,
faluo por onde o inimigo fe defeobre fe toque arma,fenaõ
ao callado fe rnetão em ordem fem tocar caixa, nem trona
beta, nem fazerrumor;porque o inimigo não reconhece o
<que eftà callado, & teme de fer enganado ; porque mais fá-
cil fará o que quizer, 8c prouerà onde mais conuenha; q
fe fe tocar arma por todas as partes he gram coafufaõ 8c,

não fe fabe aonde ha de acudir,8cfe embaraça5;8c fe a aql


la pofta defeguro fucedeíTe virlhe hum foldado da parte
do inimigo o ha dè efperar até chegar á boca do arcabuz
& ferro do pique, 8c fem fazer rumor, de forte, que fe for
inimigo lhe naõ efeape fem o tomar, ou matar; que fe he
pofsiuel o haõ de tomar viuo , por faber o que fe pafía em
feu campo, 8c ao que veo, 8c o ha de retirar à primeira po-
fta, 8c dali de mão em mão atè o porem diante do Sargec®
Mor, 8c elleseftaraô muy álerta, porque fe vier algü mais,'
ihe façaõ o mefmo,8c afsi he neceflario com toda a quieta-
çaõ apoftadofeguro façafua centinella êceftejamuy á
,

ierta.E também fucede ir do campo do inimigo algua pef-


foaa darauifo por feu intere(Te,que o pode reconhecer, &:
|
leuaraquella pofta donde fera recebido ,/ como eftà dito*
efta pofta de feguro ha de pôr o proprio Sargento Mòr,

í
'
em
vjbecedario militar .
em peíToa,& ohadeleuaro Sargeto daquella Companhia
cujos faõ osToldados, pera quefaibairmudalios, êcguar-
defe de naõ errar a pofta,8c ir de traue'z,que ihe pode fu-
ceder mal com ella, cuidando fèr enemigo , que vem da«
quella parte fairà o piqueiro com fegredo a recebello, 8c
pedirlhe o nome^ue cõuem que ifto fe faça<tnuy calkdo
ainda que feja ir de gatinhas em quatro pe's, 8cfeeíhpof-
ta do feguro de repente, ôcdefcuidado d‘aIgusreparos por
auifo d*algüa efpia lhe vieíTe entrado o inimigo,o piquei-
ro fe retire com
preftezaa dar auifo, ôr o arcabuzeiro lhe
carregando íeu arcabuz, que he arma ver-
tire, 8c fe retire
dadeira^' repentina. Deita forte deue deter ordenado o
Sargento Mor fe faça, Sc o proprio comas bandeiras^ to-
da a mais gente, que eftiuer de guarda fegundo o fitio efti
uer fe ha de ordenar, & fe ha de pór depreífa na praça co-
mo fe faça efquadraò fem dar vozes, nem fazer rumor,
q
he confufaõ em feroelhantes tempos Ha de ordenar no
.

tempo que fecampea com o inimigo quando ha algum a- ,

yjfo, ou fufpeita que nenhum foidado fe defarme de noi-


te fenaõ que todo o Terço eftè alerta, 8c feus piques, &C .

arcabuzes à maõ para que em tocando arma, ou alerta naõ


tenha que fazer fenaõ fegair a quem os guiar fem fom,ne
tambor j que entaõ naõ fe vayporfeu Rey , fenaõ porfy
proprio: 8c também ojdene aos Sargentos das bandeiras
pera quefe ache apercebida á arcabuzeria ofFerecendofe
tirar ao inimigo repentinaméte fevfe trazer em fuas algi-
beiras os cabos do murrao vntadas as pontas com poluora
ou com agoa ardente, 8c que eítejaõ enxutos, pera que etn
lhe tocando o fogo fe acendaõ, 8c façaô crauo em hum pe
famento para poder tirar,porque aprefleza das armas ga-
nha a batalha , 8c naõ dà lugar ao inimigo lhe tenha ven-
1

c
tagern. .

ij Naõ quero deixar em dturida que naõ ha cefrtinel-


la perdida, que II ha, porem differencc do que algus ima-
ginaõ*
Vo cargo & officio cie Sargento M or.
3o
einaõ.he defta forte. O que ha de fazer centíncll* perdi-
como apè ha de eftar 'tara empenhado,
daafsitn acauallo
defcuberto mal le pol=
& taõ perco do inimigo que fe for
como
acauallo
fa faluar fenao for muy bom corredor afsi

a pé: efte ha de fer animofo , 6c nam homem, que íe per-

turbei qu« falte barrancos por onde for, 8c muy aftuto,


ôc le for poí-
& naõ ha de leuarfenaõhum chuço na mão, acamifa em-
em tempo de neue
íiuel veftido de pardo, 6c
cima veftida , 8ceftar toda a noite nella muy alerta
ha de
lançado em d‘outra
terra, fe maneira naõ puder, 5c nao
pera que
hadeleuar nome: porem, hum contra nome,afsi
o deixe entrar fe vier dar algum auifo que o campo do ini
entrai o que faz,
m ao fe moue,oufe a gcte delle
i
fae,ou
coníldòradamen
& naõ fe retiraràatê peüa manhaa.Entaõ
fe leuanta çomocoftii
te,6c cuberto olhando fe o inimigo
ma a fazer â fu rda quando fe teme do contrario: 8c tambo
podem entrar focorros, &
em tudo ha de ter cuidado, ÔC
vigilância. As poftas 8c centinellas, que cercaõ
o Campo,
haõ de ter mais cuidado que naõ faia nenhum delle ,
que
naõ dos que entraõ ; porque o que fae pode ir dar
a-lgum

auifo ao inimigoi feo naõ puder matar, ou tomar erran-

doo,dar Ioga auifo ao ofíicial para que o Sargento mayor


veja,& efteja auifad*o,8c ordene o Sargento mayor aosSar
gentos ordinários das Companhias, que nenhum dosfolda
algu
dos que tem nome faia do Corpo de guarda, 6c fe íair
em tal tempo deue mudar o nome 6C o quarto não,
deue
de paliar de duas horas em femelhantesoccaíiõesi tambe
lhe ordene que cada hum delles auife fe lhe faltou algum
foldadoi como fe chama, 6c que íinaes tem, pera que fe
viua com cuidado; porque aquelle pode fer velhaco, 6c a-
uer hído ao inimigo difsimulado ao outro dia,
, 6c tornar
como que eíteue em outra parte, 6c he coufa damnofa,em
que fe ha de ter cuidado Conuem lançar bando que ne-
.

nhum íòldado faia a dormir deuaite fora ;do quartel , fob


pena

/
zJbecedario militar.
penade fer caftigado na forma do bando Ha de ordenar
.

o Sargento Mayor pellas manhãs que nenhua pofta que


efteja ao lado em corpo deguarda fe retire fem fua ordem»
quevaelle, ou feu Ajudante a retirallas faluo a perdida
\
ha deeftar toda noite empenhada, ôc efta ha de examinar
difsimuladamente fe trazbons ílnaisde auer fcftado alerta,
êr^feito fua guarda perto do inimigo, Scfenam dâ boa re-
za5 nam o tem bem feito, fenaõ que efteue efcondido em
algum lugar feguro,5c fe der boa conta deue fer agradeci-
do, 6c fenao reprendido em publico, que he gram caftigo*
& maior pera homem que tem eftado em lugar tam impor
tante, ôc com ifto fe efcarmentaraõ todos os que oouui-
rem; ordenara que nenhua peíToa toque arma falfa fe lho
nam mandar fuperior pena da vida, Sc também ordene, q
pelei jando mão peção poluoraa vozes, nem murraõ que
,
he palauraofenfiuel , Sc dá auifo ao inimigo da falta que
ha no campo, 5c então a efpada com bõ animo he boa pol-
uora, que a necefsidade he chegada âs maos.
1 Não ha de confentir o Sargento Mór que nenhum
foldado vâ em ordem a pelei jar fem todas as peças de fuas
armas faãs, ha de ordenar o Sargento Mór aos Sargentos
das bandeiras cenhão cuidado em fuas Companhias olhar
,

que os arcabuz eiros tenhao os arcabilzes concertadosjetn


lhe faltar coufa algüa,porque femiífo lhe não feruede na-
da, & feria coufa acertada, que cada hum leuaffe hüa cha-
ue de arcabuz fobeja , que faz pouco volume, & nunca fe
acharão defarmados; que nem em todas as partes fe achará
quem as concerte, 5c feria importante que ifto fe fizeífe;
que he pouco cufto , 5c muito ne ceifar o,- ha de auifar em
i

feu Terço, que os que leuarem ordês, pofto que não fejão
officiaes,que cuftumãofer entretenidos,gentis homês do
Capitão General, & outras peíToas particuiares,que o dei-
xão paífar, que vão com recados, Sc coufas importantes;
5c tem pena da vida, os que eftoruarem fua viagem.
1>o cargo & officio de Sargento Mor. 3i
a Campoi, ha
Quando eftiuerem entrincheirados Campo &quelej.io
encima da trincheira,
depór fuas centinellas que at-
do in.migo,
mofqueceiros os queeftiuerem àcara
& elleseftaõ feguros,» mui juncos a jo.ou
cançaõ muito,
<So. paflbs Imas das outras,»
os Corpos de guarda também
os piques com as
haõ de eftar arrimados ás trincheiras,»
pontas pera foraao inimigo.
Te oftere-
1 Ha opiniões de foldados antigos quando
pera peleijarem fobrea^oltara,^
ceife fazer efquadrao
he ío de hu ^® r ein
gar, que coca âs bandeiras,quefe J°,^^
deCãpo,Sc dodehaExcr
cocaria o Lado direito á doMeftre
ouueflfe Coronel tocaria a lua, Sc o
cito em noíTa naçaõ,&
Campo, pore poucas vezes
efquerdo tocaria ao Meftre de
deCampo.tratemos fo de huT. ec
ha em noíTa naçaõMeftre
tomara o ladodi
ço aonde (ô ha Coronel, & a Tua bandeira
arcabuzeiros que aquelle dia toc
reito, 5c junco a ellea de
que a noite pai-
dc vanguarda,Sc júnto a eíla as de piques,
fada fora 5 de guarda como cadahua chegar primeiro , &
arcabuzeiros da retaguar-
no lado efquerdo a bandeira de
da, & fe for mais que huaaquella a que tocar ,
& arreo as
que vfm toca aguarda ais i como
de piques, a que a noite
vem, Sc chegarem fem andar cruzando, nem
embaraçan-
que poisas de arcabuzeiros fempre os Capitães fam
do;
principio, fim, Sc guia, 51 cabo em todos os tempos
o hao
de fer também em tal occaíiaõ fuas bandeiras, 8c feus coi-
folktes , & os alabardeiros ha5 de feruirem
efquadrao
o Sargento Mor de forte que
com piques, que lhe farà dar
fô ao Coronel como cabeça de feu Terço lhe toca o lu-
gar, que quifer efeolher: porem, defpois às de
arcabuzei-
ros os dous lados etn todas as occafiões Sr com efta or-
,

dem, que o Sargento Mor der húa vez eftà tudo acabado,
&: nenhum cometera ignorância, Sc faberá o que lhe toca,
&fe ouueíTe mais de humTerço fe ha de gouermr cadahu
como faio de guarda, Como oTerço fe achou marchando.
rJbeceâ.i rio m i lita r.
ou alojando primeiro fe irà meter no efquadraô fobre ã
mão direita, & osdemais,afsi como vem profeguindo & :

defl-a forteíeguirà todo o exercito , fe fe ouueífem de


fa-
zer efqiiadrões , ou fó hum efquadraô grande de
todos os
Terços.
20 Aduirta o Sargento Mór em feu Tet%:o que ofFe-
,
recendofelhe algüa vitoria contra o inimigo em quanto
a
feguir nenhum foldadofe detenha a desbalijar & defpir
,
os caídos, fob pena de morte incontinenti que lhe dara
,
qualquer official, que niíTo o achar. Afsi he coufa mui im-
portante que fc fe entraífe por força algüa terra do inimi-
go , nenhüa peífoa entre a faquear caía algüa atè eílarem
feguros do inimigo,que eflà fem nenhum poder, & com o
fangue frio,^ & ifto ha de fer com pena de morte, porque
como entraô defta forte em a tal terra com a cubiça, que
he caufa de muitos males , & danos entrando osfoldados
pellas eafas fem nenhum cuidado, que o inimigo
os pode-
rá ofFender arrimaõ as armas pellos cantos,& fe vaõ feguJ
ros reconhecendo toda a cafa bufeando o que ha neila,
,

vam cegos com fua cubiça , que fô hum homem que faiífe
a fazerlhe mal bailaria a matar muitos delles
, & poderia
fero inimigo refazerfe. St eílar efeondido em algüa parte,
aguardando eíla ocaliaô, &
achar a gente embaraçada em
femelhante cubiça, St degolar a todos por tanto fe deue
:

de executar rigurofamente eíle preceito porque fe auen •

tora a perder hum Exercito com grande vitupério de fua


obrigaçaô.o que ganhou com tanto trabalho, 8t perda de
vidas dos amigos. Também ha de aduertir em feu Terço,
que nenhum íoldadovà a reconhecer força nem campo ,

do inimigo, nem cometa efearamuça fem ordem do feu fu


perior, nem arremeta a nenhüa bateria; que merece gran-
de caíligo o que tal fizer; porque por hüa defordem delias
podia refultar com facilidade grani dano St naõ merece
,

fer agradecido fe bemlhe fuce Je a tai emprefa, porauer


*Do CâYPQ officio ete Sargento Mor. 32

fido fem ordem do feu Capitao Tcra g^am cuidado ena


feuTerço que naô aja nelle gente que naôfeja conhecida,

nem mercador que naõfaiba quem he cada hum,nem


Es-
porque ha eftrangeiros cria-
panhol que naõ tenha praça;
coftutne, St ra-
dos entre nofoutros,quefabem todo noíío
láo a noíTa liiagoa, & podem andar diffimuiados fem obri-
bandeira Sc íer eípia
«•açaõ de feruir debaixo de nenhüa ,

nao deue
muito p rejudicial pera o Exercito, & por iíTo fe
confentir que aja nelle vagabundos que quando
,
nao tore
o SargentoMor,& feu Aja
efpias de força ferão ladrões:&:
aeautellados, Sc vigilantes, que a hum
dante haõ de viuer
ou outro não efcape nada. r .

21 Quando o Sargento Mor ouuermifter algus tolda-


pedir a íeus
dos do feuTerço pera algua occaíiaõ os ha de
Capitães cada hum afíinaIado,quelhosdarâ conforme lhos

pedir,& não tomallos fem vfar efte termo, que não deue
conta,
fazer outra coufa; porque o tal Capitão ha de dar
Sc razão de feus foldados, &o SargentoMôr lhos não deue
tomar, que não tem tal authoridade,fegundo diz Aguilus
folhas 83-faluo eftiueíTem de guarda, & fucedeíle algua oc
cafião repentina, 5c não eftiueíTe prefente feu official: po-
rem, o Capitão he obrigado dar os foldados ao Sargento
Mór cada vez que lhos pedir pera o feruiço dei Rey . He
importantifsima coufater oSargentoMor bem coftumada
lêc difciplinada a gente de feu Terço; porque facilmente ,

fará com ella o que quifér afsim em guardas, como em ob


feruar bandos, Sc em guardar bem fua ordem, Sc não fair
deliaquando fe marcha como em formar com breuidade
todo genero de efquadrao,& falanges, que faõ ordenanças
em noífa lingoa: porem em os Macedonios todo o genero
de ordem de efquadrões chamarão falange; Sc afsi officiais
como foldados bem difciplinados obedecem como fabe
o que haõ de fazer.
22 Pera ferem conhecidos os que tem fuffí ciência pe
ra
zAbecedario militar .

ra efte cargo fe ha de faber que a regra militar fe efiend*


a d o lis generos de homens hüs pera mandar
, & gouernar

&outros pera ferem goiiernadosôc mandados.eílesvkimo


faõ osfoldados comüs,em os quais pediaõ osGregos,&Rc
manos quatro qualidades afaber foíTetn robuftos deílroj
,

nas armas, obedientes, 5c nadadores, Em os quatro


demat
do, 8c gouerno como faõ General, Coronel, & Capitães,
Sargetos mores afsi mefmo outras quatro qualidades,que
faõ eftasidoutos na arte militar>8c que foífem
virtuofos,&
foífem peííbas de authoridade, &foíFcm bemafortunados;
eftas quatro qualidades tinha anaçaõGrega,
8c Romana,
por regra infaliueí pera ferem eleitos os taesofíiciaes
8c ,

eu também as peço ao Sargento mor, 8c mais outra que


,
feraõ cinco por todas, que íeja habil na conta,-
porque lhe
he muito necefíàrio pera formar efquadrões.
23 A virtude que fe tira deftas quatro qualidadesnos
offíciaes,8c cabeças de guerra, fegundo declara
Cicerofaõ
trabalho em os negocios, induítria em os fazer prefteza
,
em os acabar, conílancia, & fortaleza de animo nos peri-
gos, fem fe deixarem vencer de feus defordenados apeti-
que ao SargentoMor naõ fomente lhe he neceífi
tes. Afsi
rio fer pratico
, 8c entenderas coufas de guerra como o
mefmo General, 8c como qualquer outro offícial mayor,
mas fendo pofsiuel melhor, porque demais de faber prati
car as coufas da milícia, ha de faber dallas â execução, &
he tam importante cargo , fegundo efcreuem os quede
Remiütári trataraõ,que os Capitães Generais, 8c es Empe-
radores dos Exércitos entendendo de quanta importada
cra a boa ordem, 8c perfeição dos efquadrões, em que con
íiftetoda a força de hum Exercito de nenhum em parcicu
lar quizeraõ fiar efte cargo, fenaõ delles mefmos,nosquais
vfaraõ muitas diíFerenças , 8c modos fegundo requeria a
diueríidade das armas, com que naqueile tempo fe pelei*
jaua^que diá TitoLiuio que efta ordem, que 0$ Romanos
melhor
Do cargo/?- o ffcio cie Sargento Mor. 35
>

melhor que outra nenhua naçaõ guardaraõ os fez ampliar


& largar tanto feu Império 8c ferem quaíi inuenciueis
,

em todo o mundo; diz Vegecio De re whtari^uz nem el-


les eraõ da grandeza dos Alemães , nem mais em numera
queosFrancefes, nem taõ aílutos como os Africanos, né
tantos, nem de tantas forças como os Efpanhoes,nem tam
prudentes como os Gregos; porem todas eftas dificulda-
des vencerão. St fobrepujaraõ os Toldados bem exercita-
dos, Stdikiplinados facilcoufa fora trazer aqui muitos exe
pios antigos, Sc modernos em proua defta verdade de ex-
cellentes Capitães que com Exércitos píquenos bem or^
denados, Sc difciplinados alcançaraõ viótoria deinnume-
raueis Capitães confufos, 8c maldifciplinados, Sc pois na 5
vem fora de prepoíito, direi algus.
24 E feja o primeiro exemplo do Magno Rey Alexan
dre quando cometeo a toda Afia, & as inumeraueis copias
de Dario,que leuaua fenao hum muy piqueno efquadraõ,
porem bem diíciplinado Exercito? Lucullo exceliente
Capitaô Romano de todo poder de Tigranes, Sc Mitrida-
tes confeguio feliciísima viótoria com piqueno numero
de íbldados bem ordenados, que vendo os vir Tigranes ca
mo em menofprezo zombando diíle que para embaixada
res eratõ fiaftintes, porem para peleijar mui poucos. Iulio
Cefar,que fendo Proconful fogeítou ao Império Romano
a mukidab. 8c ferocidade de barbaras nações > que defdas
ribeiras do Rin, 8c mar Oceano are o Mediterrâneo fe en-
cerrarão, que outra coufa o féz viõtoriofo fenaõ a boa dif-
ciplina, Sc ordem de guerra? E em nofibs dias FernaõCor-
tés digna Capitaô de fer pofto entre os noite da fama, que
com menos de mil infmtes Efpanboes, Sc oitenta cauallos
prendeo dentro de fua Cidade ao gram Rey Moteçuma,5C
com effeito com fua boa ordem fujeitou o Império Me-
xicano; 8c Dom Fernaõ Aluarezde Toledo Duque d* Al-
ua com fôs mil arcabuzeiros, Sc quinhentos mofqueteiros.
Mecedario militar
Si com fu a boa ordem rompeo , Se degolou em Frifia na
ribeira do rio Amacio doze mil homes, com que o Conde
LudouicoNaíTao tinha entrado naquella Prouincia. Con-
cluo nefte particular com dizer que pois oefquadraõ he
huacongregaçaõ defoldados ordenadamente pofta, pela
<jual fe pretende dara cada hum tal lugar que fem impe-
dimento doutro poífit peleijar, Sc vnir a força de rodos ju-
tosde tal maneira que íiga o principal intento, & fim, que
he fazellos inuenciueis;5t por efta razão os primeirosCa-
pitães, 5c raeftres da guerra inuentàraô tantos modos, 5c
ordés de efquadrões, quefem duuidafedeue crer, que o
Exercito, que melhor ordenado , 8c difciplinado eftiuer,
inda que menos em numero fegundo razaõ fera femprefe-
ühorda vi&oria.
2 f O cargo de Sargento Mor confifte em tres coufas*
conuem a faber em a fegura ordem de caminhar , o bom
modo de alojar, 5c nas ordês de peleijar,5c tudo o demais,
em que entende o Sargento Mór de necefsidade fe ha d<?
redtizira eftas tres coufas fomente; porque a milicia, co-
mo dizem os que Jefta matéria efcreue'raõ , tem tres par-
tes ; hüa he o aparato da guerra, em que entra oleuantar
gente, armalla, pagaíla, & vitualhas para cila, para o qual
ha na milicia officiaes particulares, em quenaõ entra oSar
gento Môr: a fegunda parte da milicia he efquadraõ, 5c a
terceira, em que fe contem marchar, 5C alojar, 5c afsim def-
ta fegunda parte da milicia faem duas partes das tres, em q
confifte o officio de SargentoMôr. A terceira parte da mi
Üciahe combater hora feja por mar, hora por terra,ouein
campanha rafa, hora defendendo, ou em cerco, ou comba
tendo, da qual parte da milicia fae a terceira parte do car-
go de Sargento Môr, a qual confifte principalmente em fa
zerbõs, firmes, 5c conuenientes ordés formando feus ef-
quadrÕ£s,dos quais como de parte mais principal fe mof-
tru nefte tratado o modo como poé por obra, 5c exercita
*Do cMgofâ officio ie Sargento Mo? 54
cu cargo. Os quais formão de numeros de foldados,mô
fe

•es .ou menores, fegüdo a grãdeza do Exercito,6c ferlheha


leceíTario faber a gente,q te cada bandeira de feu Terço,
quantos piques, 8c quantos arcabuzes, Scquantos mofqresi
5c que antes que fe lhe offercça necefsidade
tenha em fua
memória feit® hü continuo habito de formar vários eíqua
drões,dos q mais ao prefête fe coftumão,cj faõ quadros de
gente, 5c de terreno, 5c prolongados, 5c de grão fronte; iíto
nãofó do numero dageteq tiuerfeuTerço,mas de todos os
nu meros; por q muitas vezes lhe ordena oCapitaõGeneral
q faça
efquadraõde 3 .ou q-Terços juntos, 8cde fe não auer
exercitado bé niíTo ve a acharfe mui embaraçado, 5cenifal
tas.Scvergonha em prefença de feusFrincipes,5cd^tbdoo
exercito: 5c por iífo dizia be hü Capitaõ q naò podia o Sar
gentoMÔr fazer piqueno erro em feu officio,fendo tantos
os juizes de feus erros.
z6 Efton vendo q mediraõ tanros efquadrões , como
aqui moftro,naõ faõ vfados,5c ainda lhe acrecctaraõ q naõ
faõ neceífarios tantos, ôc tãovariosio não fe vfaré confeíTo
eu, mas quãdo não fejão neceflarios não ferà falta fabeios
armar, antes o ferà não faber armar efquadrões conforme
ao íitio em q me acho, Sco inimigo q me comete, 6c cõ ifto
darei fim a efte cargo, paíTando por outras obrigações que
aqui não declaro. Quando fe tocar arma noCapo nãodeue
as centinellas de fe retirar todas ao Corpo de guarda que
;

não pode defemparar asfuaspoítas fem licença de feu Sar


geroMc>r,& fe não retiraraõ fe elle as não for atirar.Pore
fc as centinellas , que tocaõ arma virem vir fobre fy a fú-
ria dos enemigos, a que naõ podem reíiftir, fe deoem re-
tirar ao Corpo de guarda ,8c as mais haó de eftar fempre
firmes. As bandeiras, que forem de guarda, que muitas
vezes faõ tres ou quatro Companhias de hum Terço de
,

guarda hüa noite, em cafo que fe toque arma não ha de


,

fazer cada hüa de perfy efquadraõ , fenão baõfe de juntar


e 2 todas
Abecedario militar
todas ao Corpo de guarda que eftà mais commodo
,
em a
praça de armasque terà ja fiaaiado o SargentoMôr,
& aii
faraó feu efquadraó aonde também acudiraô as mais
que
eftaõnos quartéis, mas asqueeftaó de guarda aoCapitaó
General, ou ás muniçóes.ou fora da praça de armas, ou
de
feus quartéis naõ haõ de deixar fuas poftas em nenhum
ca -
fo ainda que fe toque arma, como eftà dito, o Meftre
de
Campo Valdès fol.6o.JE fui tam largo em explicar a obri-
gaçaõ do cargo de Sargento Mor tam importante como
,
delicie vê, para que os fenhores Sargentos Móres,
que
tem, 8c pretendem o tal cargo, vejam bem as obrigações
que com èlle lhe fica de procurarem o bem cotnmum de
feusfoldados,8e outras coufas que nelle fe contem,

C AP TV L OI IIÍ.

Emqite fe moflra a dijferenÇa,que ha de $irgen


to Ado de hum 7 erçoao CaçiteÔ do mijo
>'

mo T erçoemrefpeito de j eus cargos.


Vpofto que de Sargen
feja largo nefte officio
co Môr, de declarar hüa pergunta, que fe
hei
fez, Sc he efta. Vi porfiar algüas peíToas fobre
qual cargo era mais honrofo fe o de Sargento
Môr de hum Terço, ou de Capitaõ de Infante- 1

ria do mefmo Terço •no que ouue algüas differenças na


determinação defta duuida-.&para aueriguaçaô delia direi
o que diífe o Emperador CarlosQainto de gloriofa memo
ria eftandoem Dura em Alemanha, que vagando hüa Cõ-
panhia o Sargento Môr Vilharandelo a pedio ao Empera-
dor, de que ficou admirado por ver, que pelToa que tinha
fe-
%)a díffert.nçã de SãvgetoAdòt a Câpitâo. 3 5
femelhante officio como he o de SargentoMôr, pretendia
fer Capitaõ d‘hüa Companhia Sc afsim lhe 'diíle porque
,

occaíiaõ queria mais fer Capitaõ que SargentoMôr? Sc


en
tre as repoftas que deu foi que de muito tempo fe coftu-

maua porque os Sargentos Mores naõtinhaõ mais que


,

vintecinco Gruzados de foido por mes,8c que os Capitães


tinhaõ quarenta: Seque os SargeotosMóres não tinhaõglo
ria na guerra.nem em nenhüa viótoria que fe offereça, SC

que naô tinha coufa fua no Exercito, fenao era formar hu


efquadraõ em íniprouiío, 8c que te li fe eftendião fcus po—
deres, Sr que poftofe cuidaíTe feu poder fe eftendiaamui
to, era muy limitado^ao que refpõdeo
S.Mageftade como
podia fer aquillo poisellefe achauade ordinário na fua
,

& E que peraelle não auia porta cerrada, Sr q


tenda, fala?
cora elle communicaua mais as coufas,que com outro al-
gum; Sc também lhe perguntaua pellas coufas do Exerci-
to,& que as coufas que erao fecretas elle as fabia primei-
ro, 8c em conclufaõ diífe Sua Mageftade que lhe parecia
andar errado, 8c que tal officio deuia de andar em peífoas
de muita (atisfaçaõ; Sc afsim oSenhor Dom Ioaõ d‘ Auftria
dizia que o SargêtoMôr deuia fer criado do Capitaõ mais
velho, Sc de mais experiencia,que ouueífe no exercito Sc ,

que efte fucedefle aoMeftre de campo no cargo, Sc em fua


aufencia gonernaífe oTerço,ifto mefmo diz oRegimento
delRey Dõ Sebaftiaõ,fol.3.que em aufenciados Capitães
mores, que he o mefmo que o Meftre de campo o Sargeto
Mór lirua feu cargo, Sc o mefmo diz outro Regimento de
mão afsinado por elReyD.Philippe oPrudente,ScporMar
tim Gonçalues daCamara,que eu vi. ErodianoSe Aurélio
Vid:or efcreue q no anno de237.dc) nafciméto deN-Senor
Iefu Chrifto foy eleito por Emperador Romano Maxi-
mino, q foi eleito pello exercito,Scconfírmado no Senado,
Sca principal coufa agradou aoExercito, Sc ao potioRoma
cj

no foi qnotépo,q eíle Emperador foi eleito exercitaua o


e 3 offi-
Jbecedario militar
officio de Meftre dos Tyrones.que he comoSargeroMór,
& o nome de Tyrones he comã dizer bifonhos que eíle
,
nome naõ heEfpanhol,ne Italiano donde fe tomou ovoca
bulo; que naõ he outra coufa fetiaõ meneílerofos,fupofto
que he verdade miíler tem também a dífciplina da arte
militarem que eratam douto eíle Maximino que deu tan
ta fatisfaçao de feu officio, que dahi o íeuaraõ à
dignidade
Imperial fem contradição algua: no que fe pode ver que
cargo he o de SargentoMôr peitas muitas partes que ha de
ter o que perfeitamente vfar o cai cargo: St daqui fica cia
ro que íe os Sargentos Mores pretendem fer Capitães he
, & ordenados ferem mayores,
pelias praças 8t nam pella
qualidade do cargo, que pera fe prouer dizem todos os Au
toresque fejado Capitaõ mais antigo. St pratico o Capi-
taõ Pardo foi. 34. Valdès foi. 68, Aguilus foi. 4?.. Efcalantò
foi. 44. Pello que fica declarado a difFerençaqae ha de hu
cargo ao outro, & com iílo dou fatisfaçao â pergunta a ef.
te cargo de SargentoMôr, que fe proué por talento St ha--
bilidade , St o Capitaõ deuéra fer prouido pello mefmo
fupoílo que pella maior parte faô prouidos por qualidade,
porque o gouerno do Terço vay debaixo da ordem do Co
ronel,& do Sargento Mór deite. St por eíle refpeito fe dá
paítagem aos Capitães inda que naõ tenhaõ tanto talento,
ôc experiencia como a feus cargos conuem.

GAP ITVLO IÍII.

T>o cargo do /È]udante> das Partes > talento


que deite ter .

Prefentaçaõ do cargo do Ajudante pertence


' L
neíle Reino aos Sargentos Mórx es , 8t depois
de aprefentados por etlesfe confirmaõ pello
Coronel do Terço. Dizem todos os Autores
Sca-
75 o cdrjro,& o ffeio de Ajudante. $6
Scalante fol.T3.Vafcoiícellos fôl.Í3 3.& os Capitães Pauia
8c Pardo. foi. f.que o tal afficio deue
fer tirado do
63.
foi. 3
Alferez mais antigo,8c pratico que ouuer no Terço,Scfeja
pronido 8c acrecentado a Capitao, que afsi fe coftuma na
Coroa de taftella,que no Caftello deita cidade deLisboa
eítaõ oje viifosos Capitães Polanco, ’8c Dõ Matheo de las
Gabes Sarmento,ôc oMeftre de Campo Pedro Cortes Ar
menteros, q todos foraõ Ajudantes:8c pella Coroa de Por
tugal temos viuos Antonio d‘Azeuedo (que hora he Sarge
toMÔr no Terço de que he Coronel Simaõ de Mello) que
foy Ajudante do Terço de que era Sargento Mor Manoel
Vazde Vargas: & Luis Alurez Banha, ja nomeado atras, q
foy Ajudante doTerçolque fe ieuantou d ‘armada, que
foi

acrecentado a Capitao 8c afsi o deuem fer os Ajudantes


:

que o merecerem, porque he cargo honrado, 8c de confia


ça: Sc por eíta razaõ he muito neceífario que
reprefente o
cargo com autoridade ; porque fe o Sargento Mòr faltar
por indifpoíiçaõ , ou outros refpeitos,
poífa exercitar o
tal officio, 8c afsi tem necefsidade de faber obralo como
o
mefmo Sargento Mor ^porque tanto fe obedece ás ordens
do Ajudante, como as do mefmo SargentoMÓr,pera o que
lhe importa fer deftro, 8c habil na contada Arifmeti ca; &
o que ouuer de exercitar efte officio ha d e fer müy dilige-
te em dar á execução as ordens que lhe forem dadas, pera
o que ha de dormir com hum pé no ar , 8c ha de ter bom
conhecimento, 8c memória, 8c faber os nomes de todos os
officiaes de feu Terço, 8c de muitos foldados delle, 8c ha
de conhecer os que tem fido offíciaes, 8ç de que compa-
nhias faõjSc ha de conhecer as bandeiras nas cores, &fei-
tio delias pera faber dizer com facilidade, là vem o Capi-
taõ foao,que tudo iílolhe importa^que afsi como feu Me-
ítre he fanute do Coronel, ou Meílre de campo>elle o ha
de fer de feu SargentoMÔr ; 8c ha de fer refoluto em man-
dar, porem apraziuei em todo o mais, 5c pontual em cotn-
e 4 rir
?
Jbecedario militar
prir o que lhe ordenar feu Coronel com feruor.-Sc
por
nhum modo ha de torcer , nem perdoar defcuido fetn ne^
re
prebenfao.que ellenaô tem efta obrigaça5 como
osoffi*
c.aes dos íoldadosa congraçamentos.nd a
difsimular.porá
leu otfício hefer Tenente de fenMeftre.Scos
meftreshaj
de reprehéder, 8c caftigar, que com rogos fetfaz
pouco bc
mefte exercício : ha de fer diligente em faber
o que parta
em feu Terço, que fe o na5 fabe he por não ver,-a efte
Aja
dantehao íargentoMór de communicar feus
proprios po
deres, de quemdeuem os Capitães 8c
, officiaes de rece-,
±>er as ordens ; 8c afsi, he neceflàrio feja
pelToa muy fufg-
ciente Sc benemerita para que o refpeito
,
que fe lhe de-
uepelloofficioquefaz , fe lhe não perca
pornãoauer
nelle as partes requifitas como diz Vaidcs foi. 66
, . Eftc
Ajudante ha de andar bem tratado,., porque não
he licito,
que quem ha de gouernar Capitães, 8c foldados
tão cali-
ncados, Sc nobres, ande maltratado em feu
veftir 8c os •

foldados ordinários por efta cabeça lhe teraõ


mais refpei
tOjefte Ajudante deue fer prouido deCapitão
na primei^ :

ra vagante que fe offerecer, que fendo afsi os


demais AU
xerezes procuraraõ f^rem práticos no cal ofíicio
, vendo,
que delleos accrefceduaõ a Capitães , & Alferezes
pera :

Ajudantes: & diz o Capitão Pardo folhas que afsi o


3
ouuio tratar muitas vezes ao ienhor Dom Ioao de
Auf-
tria, que como filho de hum tão grande
Capitaõ como
era o Emperador Carlos Quinto queria trazer
tudo ao ca-
nainho da perfeição militar, & afsi em feu tempo rome*
çarraõ os Sargentos Mores a ter paga de
Capitães;& fe cof-
tumou logo em Hefpanha ao quê elegia o Confeiho por
Sargento Mor darlhe primeiro patente de Capitão
, & lo-
go lhe mandauão nío vfaíle delia, mas per outra lhe
ordena
uão o vfo do ofíicio de SargentoMór como diz Pardo foi.
3 y.verf. o qual fe deuia prouer per oppoíiçaõ de exame
publico ; porq não he ofíicio que fofra fer prouido por fa- (

uor,
T)o cargo & officio cie A\udanlc. 37
uor,fenao por valor de peífoa,8c fatisfaçaõ de
feruiços, Sc

pracica. E também diz o noflo iníigne fidalgo Por^ugucs


Luis Mendes na primeira parte de lua arte militar
foi. 13 j

Ajudante do SargentoMor pratico nas


queconuem fejao
coufas da guerra , 5c que fe proueja do Alferez do Coro-
para
nei,ou Mefttfe de campo, tendo as partes necefíarias
o tal cargo, 5c fe acrecentc a Capitaõ de companhias. Dc
modo que efte cargo he de tanta confiança , que primeiro
fabe os íegredos da guerra que os Capitães, íaluo os do
Co
ha de auer fegredosXéndo pef«
feiho delia; 5c para elle não
foa que o mereça; 5c elle dà as ordes aos Capitãs na
forma
que o Coronel, 8c SargentoMór lhe ordenad. Aobrigaçao
que tem na guerra, 5c na pazfe relatano officio de Margea
toMor,em que ha de trabalhar tanto, & maisque ellepro-*
prio, que para i£ío o faz feu Ajudante para o defcanfar
1

ha de fer de partes, ôc talento, que faça fô o officio com


tanta perfeiça5,que fenão conheça que fez falta a prefen
ça,ôc peífoa de feu SargentoMor,no que ganhara a vonta-
de ao feu Coronel para lhe darem a mão, ôcfauor para que
paíTe avance ; 8c por nenhum modo ha de dizer coufa que
polTa efeandalizar aalgu dos Capitães de feu Terço , nem
Alferez, nem Sargento, nem aindafoldado,fendo pofsiuel,
que não ferà tido em boa reputação, fe for falador em pre
juizo de terceiro, porem quando femoueremalguas pra-
ticas, 5cduuidas em matéria do exercício das armas, 5c go
uerno do Terço, não ha de confentir fe diga mal de feus
officiais mores coufa que encontre a verdade, por duas ta
zoes-a primeira, porque em fua prefençafenão ha de dizer
que feu Coronel, ou Sargeto mòrnão aoqrtarão no que or-
denarão^ fizerãoocjhade fuftetar com as razoes que elle
faberà,que a ifibos mouerão, que como elle anda tão mif-
tico com fuas ordes, de força o deue faber iílo não fendo
,

fegredo, como eílâ dito, que vedo a peffba fua repofta,


fe for auifado não irà por diante , 5c fe for * refpondalhe
como
sJbecedario militar.
como merecer, & mude a pratica. A fegunda ha de refpoi
der aos que mfto tratarem, Sc darlhefua
razaõ; porque
que tiuer entendimento da arte militar
entenderá deli
que fabe,& tem talento pera fazer o que fe lhe encomen
darjSc o tera em boa conta; &
o que o naõ entender leua
ra lua liçao^que pouco vay naõ vfe
delia, poíque os entei
dimentos fao muitos, & cafa na praça naõ falta quem lh<
aponte erros, poftoque feja traçada por
bom meftre, & à
vontade de feu dono.O Ajudante ha defer
obedecido cc
mo o mefmo Sargento MÔr nas ordens, de modo que ellc
taça o officio, &nao o officio a elle,&
feha de fazer refpei
tar como o mefmo SargentoMÔr,
porem naõ ha de palTai
lua hmitaçao com osfoldados, nem
caftigallos com pai.
xaojquefe cegará,&naõ verâa rezaõj&aísi
com brandu-
ra^ boas palauras os pode enflnar, que baftaraõ para os
tiucrem boa criaçao,& os quefe naõ q
quiferem aproueitar
defua corcefi a , & brandura,delBe,& façaos
andar direitos;
que os lol dados o haôde temer como fazem
ao mefmoSar
gento Mor, & quando algum foldado lhe for
defobedien-
11 te,& nao receber a reprehenfaõdelhe comagineta,&

gala que traz na maõ, que be fua ioíignia
, & fenaõ bailar
com a efpada, & fenaõ quizer vfar diíFo prendao para
llfeil
1
I ;
porjuíliçafeja caíligado , dando logo conta ao
que
i

iri !

i!
feu Coro-
"
t* li li
nel, &SargentoMÔr, que o caftigaraõ como lhe parecer,
porem tanto que afsi oprender logo fica obrigado

I
•tu
tefia,& razaõ de feu cargo a procurar fuafoltura;
por cor
que afsi
como ha defero que ha de caftigar, & reprehender como
ieu SargentoMÔr também ha de fer feu procurador
muito
em particular, que com ifto terà os fòldados por amigos,
pofto que no principio lhe queiraõ mal depois
que virem
que elleofez em razaõ de feu officio,&'lhe procura a fel
tura_entende'raõ fez o que deuia,
& que elles erraraõ, & q
eftao obrigados a obedecerlhe no que lhe
mandarem no
feruiço delReyjporque oAjudante honrado
naõ ha de fer
*
«v . via-
^Do carpo ?j> officio de A\uda?ite» 38
vinga tiuo em nenhum modo ;
oquererfe vingar com
8c

feu officio do Toldado he não fer proximo, antes aeíTes cõ


que algüas uezes tiner dares, 6c tomares fobre lhe dar com

íua iníÍgnia,no que toca a efte cargo, lhe não ha de lem-


brar mais, para lhe tornar a dar pelío paíTado; 8c porem, fe
elle tornar a fbr contumaz, delhe, ou o prenda fem
paixao»
nem mà voncade;jque afsi cem obrigaçaõ de o fazer; 8c na

verdade que tiue queftao com hum foldado,que não obe-


decendo ao que lhe dizia fizeíTe no feruiço delRey,lhe dei
coma bengala, &arremeçandofe a my o prendi, & deicon
ca a meu Coronel, que fendo informado daverdade,o teue
na ptifaõ algus mefes;& eu não tornei a falar nelleao Co-
ronel para lhe auer de dar caftigo, 8c hoje anda na mefma
companhia; 8c o não conheço,nem pretendi conhecello;
porque fenão imaginaífe que ficaria em my algüa ma von
tade; porque eu não peço ao foldado va fazer meu nego-
cio fenão que faça o que connem ao feruiço delRey;8í íe
o caítigar,como eftà dito,nao lhe hade lèmbrar mais, ne
ficar mà vontade , tomando exemplo do que fucedeo em
Africaentre Martim de Tauora,& GõçaloVaz Coutinho,
que fendograndesinimigos em hua entrada, que fizerão
è
,

nosAduares dos Mouros, carregaraõ tanto fobre os Portu-


guefes,que catiuarão a GonçalioVaz Coutinhp,o que veti
do Martim deTauora,fe arremeífou entre os Mouros com
tantaarrogancia, 8c valentia, que o focorreo, 8c o tirou do
poderdosMourosiScdandolheodito Gonçalo Vaz as gra
ças defte beneficio ficaraõ nas inimizades paífadas, como
íe vê do liuro divida de Dom Duarte, foi. n
i. no
q vfou
de fidalguia,^ proximidade acodindo,Stfocorrendo a feu
inimigo em tal aperto, & necefsidade: 8c afsi p Ajudante,
Sargento Môr, 8c mais officiaes, não fe haõ de vingar dos
foldados fobcapa de feus cargos , faluo for no feruiço dei
Rey, coúio eftá dito.

A
%/lbecedario militar.
I A infignia do Ajudante ha de fer húa beno- a la
co»
hum ferro napontafem floco,nem borla.hum palmo mas
alta que fua eftatura, como hüa lança
Mourifcamue pare-
ce bem; & no pè huaargolla redonda fem
ponta ; porqut
ie der com ella em alg_um Toldado naõ faça ferida que lht
prejudique; agora naõ fe coftuma trazeremms
Ajudantes
efta infignia, que fe chama ginetaõ,fenaõ húa bengala co
motrazem os Sargentos Móres, & Generais que°ja
, naõ
vlao de baftao, fendo grande inconuiniente
pera ferem co
nhecidos das peífoas que os naõtrataõ que
, vendoos jun-
tos nao faberaõ differenciar qual hê o
General , & qual o
Coronel, & SargentoMôr.nem quem heo
Ajudante-pello
que com jufta caufa me deu ordem o meu Sargento
Mor
írouxeífe em lugar defta bengala hum ginetaode
que vfei
muito tempo, fuppofto, que os mais Ajudantes dosTerços
Pqrruguefes o nao qüizeraõ vzar por fer cofturaado
anti-
gamence, porem vindo a efte Reino por General da o-ente
de guerra de mar,& terra o Marques d‘Hino)ofa*ordeno^
que os Ajudantes doCaftello trouxeíTem efta infignia 8c
;
p^orfe sr com breuidadefenaõ deu a execução efta
ordem;
porem vindo depois por Meftre de Campo General Dom
Fernando de Toledo mandou que os Ajudantes do Caf-
telio vfaftem deftes ginetões , 6c eMes o trouxeraõ
algum
tempo, mas logo os largaraõ, 6c tornaraõ a vfar das benga-
Jas;Sc euvifto ifto, por naõ íer notado de ílngula?
o larguei
também, 6c trago bengala como os mais, que he mais lene,
6c preftes:fuppofto que o ginetaõ he arma, 6c
infignia, por
que os Ajudantes fe difFerençaò dos Capitães, 6c Sargen-
tosMóres;3c ha de ter ferro na ponta como gineta de Capi
taõ,6c na altura fe ve fer Ajudante^que quando chega
a fer
Capitaõjhe corta o palmo, que fobeja da altura de fua ef-
tatura, 6c lhe poem borlas, com que fique fendo gineta de
Capicaõ,6c certo que defta infignia fe auia de vfar, como
fizmõos antigosios quais nôsdeaiamos imitar.
O
c
Tj o câY^o o ffia o cíc A\ ficiãtitc*

2 O Ajudante ha de fer muito prudente, porque car-


egaõ íobre elle alguas impertmencias de todo
oTerço;
Iorque os Capitães fe difculpaõ com dizer que o Ajudaa
tardou na exe
e lhe naõ declarou a ordem, 8t que por
iflTo

:uçaõ della ;0 SargentoMor diz, que de tal defcuido oAju


lante teue culpa ; os Sargentos que faõ remidos em fazer

SargentoMor fe defculpaõ que o Aju-


) que lhe manda
o
Jante os deteue;©s foldados daõ a mefma defculpa: de mo
Ajudan-
Joque todos eftes erros haõ de carregar fobre o
:e, que fehade defcarregar dellescommuita
prudência,
per-
'em que perca de fuareputaçaõ; 5c quando a chegar a
3er,naõ fe culpe a fy fe eftiuer fem culpa por aliuiar a que
item;mas que todos fiquem defculpados,que emfua
farà
informaçaõ vay muito;8c nunca faça de modo,
que encon
que pella primeira vez que for achado neíte
:re a verdade,
nem tido em boa conta: Sc porq
3 rro,naõ ferà mais crido,
importaõ muito, abra
:odos eftes,&: outros inconainiêtes
peífca cou
3 olho, Staude direito,de modo que naõ tenha
porque he
ià algua, em que lhe pegue fobre feu officjo ;

mexo a muitos inimigos, Sc todos folgaraõ de overdefa-


creditado por folhe auer dito mude o arcabuz à parte
de
fora; porque faõ os Portuguefes taõ
arrogantes, que nao
confentem, nem querem que os Meftres lhe digaõ coufa
ferà
contra fua opinião ; no dar das ordens aos Capitães
muito acautellado; porque ás vezes lhe leuarâ ordem, de
queelles naõ goftem ; &
em vez de as guardarem refpon-
dem ad Efeíios,8c ditos,aosquaesnaõhade replicar, nem
porfe em altercações com elles;porque ha peffoas, que te
natureza de cães , que atirandolhe vaõ com toda furia a
morder a pedra, $c naõ arremecteíp a quem lha atirou, Sc
afsi acontece, que dando o Ajudante a ordem do
Coroneh
& do feu SargentoMor aos Capitães, Sc^outros officiais^dei

xaõ de fe queixar dos que lhas mandaõ Sc fe queixaõ de


,

quem lhas denuncia, como tenho ditoipor tanto ha de ter


muita
uibecedario militar,
muita prudência ; & quando feofferecerter
razões cont
algum Capitao, naofe alargue nellas com
detnafias, porq
o quelhe faltar de replicas terà mais o
Capitaõ de caíW
porque as palauras, que eftas peflbas tem
com o tal Ajudã
te nao toca a elle a defefa dellas.fenaõ
ao mefmoCoronel,
& Sargento Mor; & os Capitães Generais coftumaõ cafti-
gar os Capitaes, que nifto tiuerem
culpa por pequena que
feja.como fuccedeo emFIandesquefobrehum
Ajudante
dar ordem ahum Capitao vieraõa
razoês ; & o Capitão fez.
menção de meter mão à efpada o que
; baftou para fe lhe
tirara Companhia, ôt fer
feueramente caftigado; & ian -
do der as ordes fe,a com toda a cortezia q i

deuidaque nãofe
lhe poflà por culpa a!gua porque
; fazêdoo afsi logofarà b#
leu officio vfando nelle do bem
comü doferuiço delRey,
n d£ fe Pr0 ieÍ 0 articular;
mn fe P°rq«enãoferá proxi-
mo pello K
i%r, bem feu
ii r J í
defejar a perda de muitos , & fe ifto
o que deue.St Deos o ajudará,
fizer fara
de mais honra, & proueito; que cfte íò &
paliará a careos
he de trabalhofcS.
que merecera os mais &feverà o talento,
,
que tem» Sc o
para que preftâiuo que toca a cite cargo
não direi mais*

CAP1T VL O V.

JSQ) cjualfe da hua regra geralpeta com muita


factliciaae faber cjualijuer numet Q
de cjue numero be rai^

S Que muito importa pera formar efquadroes


conhecer a gente que trazem em quaJquerfbrmar
$c

que a tragaõ , he faber qualquer numero de que


numero he raiz $ porque nem todo o numero tem
,

raiz
Em que fe da bua regra geral. 4J
aiz perfeita fem quebrado , mas todo o
numero fera raiz
que feja, & a regra
>erfeita cie outro numero por grande
:omo fe íaberà derermino declarar com a mayorbreuida
íe, & facilidade, que for pofsiuel, Sc como eftiuer bem
ícíla qualquer Capitam, ou Sargento
poderá formar qual
juer efquadrsõ que quizer, & afsim também
conhecer a
íente, 8c foldados.que traz qualquer que vir, 8c com pou-
ca arifmetica, que faiba,
poderádar razão de tudo, o que
roca a efquadroés; que ifto he o que pretendo fazer tudo
:ão facil, & claro, que naõdê trabalho ao entendimento,
nas antes perceba Logo, Sc com gofto fe aplique a tomar
:fta facil regra, na qual eftà encerrado tudo quanto
fe coa

cem nefteliuro.
i Dio-o que pera faber qualquer numero, de que nu-
mero he raiz, fe teràefta regra pera efcufar pena, Sc cinta,
c pão de cabeça formar quantos efquadroés quizerem fo
:om o entendimento,|pera o qual fe ha de faber que quai-
juer numero que fe multiplicar por íi mèfmoferá raiz áx
bma,que fizer. Comecemos logo pello mais piqueno nu-
nero pera melhor nos entendermos; duas vezes dous fao
çjuatro.de maneiraque dous he raiz de quatro: tres vezes
:res fao noue,de que tres he raiz; quatro vezes quatro fao
dezafeis,Sc afsim vai fempre fubindoatè dez he facil, mas
dahi por diante nos ferue a noífa regra Digo que quero
.

formar hum efquadrão de onze fileiras em quadra,8c que-


ro faber onze de que numero he raiz? que tanto monta co
mo dizer, quero faber quantos foldados hey miíter? nao ha
mais fenão aos onze acrecentar a fua mefma vnidade Sc ,

hu pofto fobre onze fazem doze,eftes feitos dezes fam cea


to & vinte, agora multiplicar a vnidade huapella outra,
dizendo hua vez hum he hum, eíte ajuntareis fobre os ce-
to Sc vinte, Sc fareis cento Sc vintehum, SC tantos fao onze
vezes onze. Doze, de que numero he raiz? tomai a vnida-
5

de, 8c dobraya, Sc fao quatorze os quais fareis dezes fem-


jJbecedâYto militar,
pre por regra geral dizendo quatorze vezes dezfaõcent
6t quarenta, agora multiplicay a vnidade por íi mefmo c
zendo duas vezes dous faõ quatro, os quais juntos a cent
& quarenta fazem cento St quarenta & quatro,de mane:
ra que dozehe raiz de cônto 6c quarenta St quatro: tre 2
s

de que numero he raiz> ponde a vnidade h<U fobre outn


que faõ tres fobre creze,&faõ dezafeis,eftes fazei dezes,í
faõ cento & feífenta agora multiplicay a vnidade por f
,

mefmo dizendo tres vezes tres faõ noue os quais porei


,

fobre cento Sc feífenta, & fareis cento & feíTenta Sc noue


6c tantos faõ treze vezes treze, de maneira que a raiz d<
cento Sc feífenta Sc noue faõ treze dezanoue de que nu
:

mero he raiz > ponde noue fobre dezanoue 6c fareis vinte


éc oito, os quais feitos clezes faõ duzentos 6c oitenta, ago
ra multiplicay a vnidadeporfy mefmo dizendonoue Ve
zes noue faõ õitenta Szhiim,êftes ajuntay a duzentos 6c o
‘tenta, & hum, de maneira
fareis trezentos Sc feífenta Sc <

a ráíz de trezentos feífenta & hum dezanoue, fazenda


faõ
defta maneira podeis fazer quantos efquadrões quizerdes
fem trabalho nenhum; porque em vos nomeando o nume
ro logo íabeis os fbl dados, que ofjuadraõ, que he o que
aqui fe pretende, 6c he neceífario, mas aueis de ter aduer
tenda que quando diíferdes vinre,ou vinte Sc hum, ou vin-
te Sc quatro, ou vinte St noue fempre aueis de dobrar ótj
fair, Sc chegando a trinta tresdobrar, Sc a quarenta qua-
tro dobrar, quero dizer que afsim como no aíTomar lena-
mos de dez hum, afsi auemos de fazer nefta regra quequa
tos dezes leuamos-tantas vezes auemos de dobrar, mas ad-
uirto que nao fe enganem cuidando que quando chegare
a vinte ou a trinta, ouaquareta ajudados da vnidade que
Togo haõ de dobrar;porque naõ fe entende ifto fénaõ qnã
do nomeâmosprimeiro aletra,que tem dezenas, Sc então
dobra ou tresdobra>ou quatro dobra fegundo as dezenas,
que tiuer a letra, que eftâ no lugar da dezena, Sc pera me-
lhor
Em (jue fe da bua regra geral. 4
bor Ter entendido digo dezafete de que numero he raiz?
ete fobre dezafete faõ vinte & quatro , os quais feitos
lezes faõ duzentos 6c quareta,agora multiplicar os 7. por
ymefmo , 6c fazem quarenta ôc noue : eftes poftos fo-
jre duzentos 6c quarenta faze duzentos 6c oitenta & noue
3em fe deixa ver que com os 7. fobre 17. fubio a 24. mas
íetn por iífo dobramos ; porque naõ nomeamos primeiro
7inte fenaò dezafete, que fe diíTeramos vinte, ou vinte 5C
ium,entaõ dobráramos como agoraivinte & finco de que
aumero he raiz ? íinco fobre vinte 6c íinco fazem trinta.
>s quais feitos dezes faõ trezentos , eftes auemos de do-

brar ,
porque dizemos vinte 6c íinco que tem duas deze-
ias a letra que eftà na cafada dezena , 6c faremos íeifcen-
:os, agora multiplicar os íinco por fy mefmo, 6c fazem vin

:e 6c finco, os quais poftos fobre feifcentos fazem feifcen-


:os 6c vinte 6c finco , bem fe ve que finco fobre vinte
k íinco que fazem trinta , mas nem por ifib tomamos a-
juelíe numero 3
porque naõ chegou a trinta
tres vezes
enaõ ajudado da vnidade do numero atraz Oitenta de
.

jue numero ferà raiz? 6c como efte numero naõ tem vni-
íade nenhua pera que fe acrecente a mefma vnidade naõ
ia maisfenaõ fazer os oitenta dezes 6c faõ oitocentos:
,

tgora porque o oito que eftà na cafa da dezena tem oito


lezenas auemos de tomar efte numero oito vezes , 6c
porque faõ oito centenas naõ ha mais fenaõ dizer oito
vezes oito íaõ feífenta & quatro , os quais faõ centenas,
que faõfeis mil 6c quatrocentos Naõ quero paífar mais
.

auante, nem me alargar com mais numeros, porque baf-


ta o que eftà apontado, 6c temo fer notado de comprido
ao explicar defta regra mas como cila he de tanta im-
:

Dortancia, quis antes pender pera comprido , que pera


mal entendido ; porque meu intento he fazer ifto tam
claro, & facil aue ntialnnfír neíTna n nndi
.
Jbeceáario militar
com taõ largas regras, pera os que
muito fabem, fenaõ pt
ra os que naõ Fabem^porque afsim como o A,B,C, fe na
faz pera os que fabem ler,fenaõ pera os que querem apr
der,afsim faço conca que falio com quem toma o A,B,C
na mão,& os que muito entenderem da milícia paíFem a
mnte, Sc adharaõem que aplicar feu agudcrengenho.ôt f
em tudo eftiuerem taõ viftos que efte meu trabalho lhe
pareça pouco,deueraõ defair primeiro c 5 o feu muito.

%egras çera. multiplicar de cabeça com muita


faci lidade qualquer numero defileiras

M VÍtiplicando vaidades por dezenas o queíair na


multiplicação faõ dezenas, como agora, 7 .“vezes
5>o.quantos faõ?naõ ha mais fenaõ dizer 7. vezes 9
faõ 63. efte s faõ dezenas, que faõ Õ30. E 8. vezes 70. quin-
tos faõ>naõ ha mais fenaõ multiplicar os 8. peilos 7.8c nef-
ta maneira de mulciplicar nunca fe faz cafo das cifras fe-
naõ dos numeros, què eftam detrás delias, pofto qae naõ
hamais fenaõ dizer 7. vezes 8. fó.eftes faõ dezénas, St faõ
f^o.defta maneira fe multiplica com muita facilidade, 5c
diligencia, St fe fabe muy depreífa o numero de foldados,
que vem em hum efquadraõ.
Multiplicando dezenaspor dezenas o que fair na mul-
tiplicação faõ centenas, pello que naõ ha mais íenaõ mui
tiplicar os numeros como acima eftà apontado, que etn
me perguntando 60 vezes 8ó;quantos faõ?digo 6. vezes 8-
.

quarenta St oito,eftes faõ centenas, que faõ 4800: St 20.


vezes 70. quantos faõ ? digo 'i. vezes fete faõ iq^eftes faõ
centenas, que faõ 1 400. E 8 o; vezes 90 quantos faõ? digo
.

8 vezes* faõ 72/eftès faõ centenas, que faõ 7 200: por efta
9.

ordem faraõ codas as femelhantes com muita facilidade.


Mui
Em cjue fe dá bSa regra geral. 42
o que na mui
Multiplicando centenas por centenas
fair

iplicaçao faõ dezenas de


mjlhar, cónao fe me perguntaf-
vezes 7 vinte Sc
em 300 vezes 7 oo. quantos íaô? 4 igo 3
- -

ium eftes faõ dezena de milhar, & feó 210000. feifcen-


quantos faõ? digo í>. vezes 6 . fao f 4. & faa
;as vezes >00.

'^Multiplicando milhares por milhares o


que fair faõ có-
vezes 4000 quantos fao? digo y. ve-
los-.como agora, jooo.
faõ contos, 3Qpo. vezes 8000. tres vezes
ies 4 viote:eftes
contos guardandoeftas regras fe miü-
l .faõ 24. eftes
faõ :

cabeça cora muita facilidade, 5c certeza.


:iplica de
os quais fe
regra arras he pera numeros quadrados,
À
Formaõ de dous numeros iguais em
dezenas, & vnidades,
pode formar todo o efquadraõ quadrado; pej
5c por ella fe

\ â regra fe pode
mefma conhecer o numero de foldados, q
7em em qualquer efquadraõ, que virem que venha
em fi-

gura per feiramente quadrada-Pella mefma


regra fe poder
r
a5 formar quaifquer outros efquadrões como foré iguai$

Eias dezenas, ainda que nas vnidades


o naõ fejam: Sc pera
melhor fer entendido, digo que diz Capitaõ ao Sargeu-
o
toMÔr:o efquadraõ do inimigo moftra 1 1 fileiras de lado,
.

Sc 29.de fronte, pergunto que foldados


vem nelle? bem en
tendo que pera fe faber o tal numero que naõ ha mais fe-
naõ multiplicar o numero do lado pello da fronte, 6c a pe-
na diz logo a certeza do qne duuidamos,mas oque euj>re
tendo he dar regras pera efcufar pena, 6c tinta fenaõ de ,

cabeça faber qualquer coufa de duuida quefe offerecer


,

em formar efquadrões, Scafsim também faber o numero


dc foldados, que traz qualquer que virem,porque o q faze
mos,& fabemoscõo entendimento he mais perfeito, &co
mais prefteza damos rezaõ do que nos perguntaõ.que não
por pena, 011 outras figuras, que ha miíter largo tempo pe-
ra as fazer, 5c muitas vezes osfuccefos da milicia naõ daõ
tanto lugar, fenaõ em abrindo hua mao, 6c cerrando fe ha
° £2 de
Jbecedario militar
de dar rezaõ do que fe pede Petlo que aplicando os
.
mv
meros acima apontados de vinte 8c hum de lado,&
vin
te Sc noue de fronte, ànoíTaboa regra jnaõ ha mais
fena 5
aos vince & noue ajuntara vaidade dos vintehum
que he
hum,efte poftqfobreos vinte 3c noue faze trinta, os
quais
feitos dezes fao trezentos, eftes auemosde
dobrar por re-
za 6 que cm vinte ha duas dezenas, 8c fao feifcentos;
agora
multiplicar as vnídades hua pellaoucra dizendo,-
hua vez
noue he noue, os quais juntos afeifcencos fazem feifccn.
tos 5c noue ; guardando efta regra fabera com muita
pref-
teza o numero de foldados , que vem em qualquer
efqua-
drao, que virem como venha igual em dezenas
, aísim na

fronte como no lado , 8c pouco vay que as vaidades fejao


djfferentes cm numeração 5 8c peila mefma ordem pode-
rão formar quantos efquadroes quizerem', porque não ha
detença nentiüa em faber como fe ha de armar, nem faber
os foldados, que fao neceílarios; porque tudo eftá perfei-
tamente armado no entendimento donde as couÍjs faem
á pratica 8c pera mais clareza digo que diz o Capitão ao
,

Sargento Mor quero que armeis hum efquadrão em tal


:

proporção que tenha quarenta ôc oito foldados por fron-


te, 3c quarenta 8c dous de lado, dizeime quantos foldados
aueismifter? não ha mais fenão aos quarenta Sc oito acre-
'centar os dous, que he a vnidade dos quarenta 8c dous 5C ,

fazem cincoenra: eftes feitos dezes como manda a noífa


boa regra faõ quinhentos eftes auemosde tomar quatro
,

vezes por rezio que tem quatro dezenas quarenta , 8c fa5


dous^mihagora multiplicar as vnidades,que faõdous 8coi-
to,hua peila ou tra, & faõ dezafeis os quais jutos com dous
xnil fazem zoi 6 .Sc tantos foldados fe haõ mifter pera for-
mar o ja dito efquadraõ, que penha 42. de lado, 8c 48. de
fronte. Não aponto maisnumeros,porque baftam os aci-
ma apontados, Sc guardando a regra tudo fe farà perfeita-
mente.
Efta
Em que fe da bua regra geral 4.3

Efta he a medida do meio pê geométrico, com que


e deue medir todo o terreno: dous deite que aqui fe
ügurahe hum pê da medida & forte 'que aqui eftá,
,

tres pès cada


& para a ordem de peleijar occuparà
íoldado dehombro a hombro pondofe em meio, que
occuparà hum com fua peíToa, St os outros dous hum
para cada lado St de peito a efpalda ha de occupar
,

íete pês, tres dellesde vazio entre a fileira,


queeftà
diante , Sc elle com fua peíloa hum, St os outrostres
entre elle, & a fileira que eftà detraz, que he a tercei-
ra;, St cora eíta ordem ferà
o efquadntõ perfeito para
peleijar por fer regra commüa, St infaliuel.
___
Quero fazer hum efquadraò piqueno quadro de
gente de dous mil St quinhentos , como fe ve ,
òc começar da mão direita , & fazer hum ponto ao
pé da cifra dous mil & deixar ou-
quinhentos , St

tra em branco h o meio fem elle. St fazer terceiro pon


to debaixo do finco, St porque naõ ha outra mais a- ,

traz do dous fica fem ponto; que fe foífem muitas


Jetras mais fe auiaõ de fazer , St afsi hüa ha de ficar

fempre no meio fem ponto j Sc porque o dous naõ tem


ponto acompanha o finco St fe falia afsi para
,

tirar a raiz quadra, que afsi fe chama em vinte St fin-


co a como cabe partindo em fy proprio ferà finco —
porque finco vezes finco fazem vinte 8t finco , Sc
fae com finco fora como quando fe parte, St como fe
vê figurado, fe figurao partidor também que he finco
debaixo de vinte St finco, St logo dobra o finco que
fáhio. St faz dez, St figura hum debaixo do finco, que
foy partidor, St o O, debaixo do O.qiieeftà fem pon-
to: Sc porque cento em O, naõ cabe põefe o fora, St O
o Odebaixo do vitimo O, com que fe comprio o par-
tidor que he cento, St fairaõ ÍIncoenta fileiras de a lin
coentafoldados, Sc naõ fobejou nada.
f 3 Ago _
Abecedatio militar
Agora Faço conta que fáo quinhentos piques, Sc afsi fe
fala com finco Sc fe náo forao mais de lincoenta piques
,

era neceiíario falar com ambas: em cincdenta a como fai-


râ,fairà a fete, porque fete vezes fete fa 5 quarenta Stnoue
a cincoenta vai hum que fobeija,porem de quinhentos fe
diz afsi porque fe falia cornos cinco,que tem ponto, Sc he
terceira letra Sc diz duas vezes dous faõ quatnx a cinco
,

vai hum, Sc pollo emíima do y. Sc fair com dous fora, Sc


polo debaixo do cinco que tem fido partidor 8c efte 2. ,

que faio dobralo que fazem quatro,& polo debaixo do o,


que eftàfem ponto. St o quatro força he que para compric
íua raiz a de debaixo do vitimo o, ha desfazer conta que
não pode fer menos de quarenta porem em cento mais ,

cabe bufcarlhe a letra,Sc achará fer hum 2.8c ponhao de«


baixo do vitimo. St diga quarenta Sc dous em cento a co-
mo cabe.^ferà 2,-porque não cabe mais, 8c dizer 2. vezes 2.
afto he partir por Galé, duas vezes dous quatro a dez va 5
feisdeua hum para traz^porq lhe ajudou: 8c dizquatro ve-
zes dous oito, 8t hum que leuou faõ noue St vai hum , 8c ,

pollo emíima do 5-. 8t faem vinte St duas fileiras de vinte


Sc dous foldados, Sc fobejaò dezafeis com quê fe guarne-
ceraõ as bandeíras:Sc olhe que o partir por Galé, Stpartir
ordinário todo fae em hua conta, porem he mais galante,
Sc com menos letras, para o que tem o numerato de deze-
nas, Sc centenas, St milhares na cabeça fiz efta diftinçaõ no
modo de tirar a raiz quadra pera que cada hum o faça pei
lo modo a que fe afeiçoar.
00
1

2500 50 116 i

500 500 12 5
°
i 2 2 7
5
° 4 22 7

o ço 22
5 22 7

° zx 7
5
Em que [e da bua regra geral. 4.2

que cada fileira de bandeiras


Aduirtao SargentoMaior
piques que fao quat.orze pes com ,

jcuparà por duas de ,

eftarem defafogadns,«e po-


feusVambores,» pifaros para
que nao eftoruem as fileira de
derem campear de modo
diante, 8c detraz, &jc hao de
Diaues que eftaõ vezinhas
que naõ haõ de chegaras ilhargas
guarnecer ptllos lados,
0 U
dos coflbiletes com
quinze pes P® llom no
f.
cometidos peUos Udos
V/ ^_ n
de cip-
poflaõ defender fe forem arca-
de
co feis fece 8c mais piques em
direito das fileiras

píque as bandeiras ha5 de eftar em rua


franca
buzei o
em meio dos quatorze pás ; 8c com eftas duas fileiras que
ficao cerradas ; porque
poem aos lados de coffolletes
fe lhe
entraria a cauallar.a, que , mf
eftando aberta aquelta rua
que nao achara pique que lho
te pellos lados liuremente ,
guarnecidas:8c tem.e vifto
defenda, afsi eftaõ muy bem
&
nao guarnecem, 8c nao fe.
que algus Sargentos maiores as
por defenido, ou por lhe nao
qual feja a caufa fenaõ fbffe
gente, que em tal cafo nao ha
que marauilhar. po-
fobejar
1
que ifto fe faça com cuidado;
que
rem he°neceffario
porque
importa muito eftarem as bandeiras guarnecidas;
pella ilharga poífao calar os
fendo cometido o efquadrao
cometidos, que he con-
piques para a parte donde forem
guarnecer as bandeiras,
fnfaó grande, 8c por ifto fe deuem
pera que fe achem cerradas.
entender efte huro,
Neftas duas regras eftà o faber bem
todos os eíquadroes que fe viao na
Sc faber dar ordem a
,

milicia, & faõ de tanta


importanciaquefeas naoloubere
o Sar<rentoMor,8cMeftre do
Campo.que regem, 8c gouer
nem co-
naõo^Campo.naõ he pofsiuel darem boa ordem,
faberem agente que
nhecerem o Campodo inimigo 8c ,

hao de errar em
traz- porque fe acertarem em
hfia coufa
ferem de tanta importância, roe
muitas. E por eftas regras
certo faõ coufas muito curiolas, 8C
dilatei tanto nellas.que
os tempos da guerra,
delicadas, 8c muito proueitofas pera
f 4 em
Jbècedario militar
em queo mundo arde era geral, que Deos nos guarde dei-
las, pois tanco mal trazem coníigo pera todos, porque a
to
dosem geral d aõ trabalho, & enfadamento , mas ja que
noflbs peccados faõ caufa de tantos trabalhos he necefla-
rio buícarmos remedio pera nos defendermos de noflbs
inimigos , &o remedio defpoisdofpiritual 0 melhor
que
fepode ter na milicia he efte que vai nefte liuro cifrado o
mais breue que pode fer ; bem entendo que afsim o diraõ
todos os fenhore$,que forem bem viftosna milicia,
& ro-
go muito a todos os que tem offícios de Sargentos Mores,
& outros que eíludem cõ muita diligencia a primeira
re-
gra,que aponto, pera íaber qualquer numero de que nume
ro he raiz , &
pella mefma regra poderá tirar a raiz
quadra
de cabeça, Sc eu lhe afirmo que fabendo bem efta regra íin
tamuito pouco formar quantos efquadrões quizer,Sc que
não haja mifter tinta,nem pena pera formar todos os Cana
pos,quc lhe parecer ; que certo he grande defcãfo em
qual
quer hora da noite fem mais luz, nem candea formar, & or
denar tudo o que pertence à miliciafó eõ o entendimen-
to, & tudo taõ certo, como a boa conta naõ pode faltar;
Sc
com pouco trabalho pode efcufar outros muitos,&: quem
bem foiiber me dará credito ao que digo.

T)ecomo fe formão os efcjuadroes quadrados


de geme de pè .

O primeiro efquadraõ fe moftra hu quadro c 5 de-


de gente defarmada,tem 2 89. Tolda-
zafece fileiras
dos, pera formar efte efquadraõ, ou qualquer ou-
tro,
(ju^dfãdos. 45
Ç onio je formaõ efi/uadroei
tomareis o numero dos folda-
ro q haja de fer quadrado que
fuaraiz quadra polia regra,
ios, í vos deré,& tirarlhe
acho fer mais facil por fe tirar de ca-
,a cenho dado, aqual
depreífa,8cdenoite asei-
beca porque cõ ella fe obra mais
curas podeis formar navoffa
imaginaçao quantos elqua-
qvos daõ eftes 2 ^’ ,' d *
drões quizer^esihora fazei conta
mais fenao olhar
dospera formar hü efquadraS.naó tendes
, o
qual po-
o numero, que o quadra polia noíTa boa
regra
entendimento bulcado
deis fazer muito facilmente cõ o
fenaÕ acertais togo co e
tmm numero, q o quadre : porq leua
da fegunda.ou da terceira
da primeira vez acertareis
comoago
tando ou abaixando conforme a mais,oumenos ;
.iobre
ra tomo o numero de i 8c digo polia noffa regra f
aoo.agora multiplicar a vni
i r .faõ ao. eftes feicos dezes faõ
foraó í por fy mefmo &
dade, que pofemos fobre i ?• que .

fazem22f. bem
fazem 2f.csquaispoftosfobreioo.
mais hum ponto,8c tomemos
mos quehe pouco ; fubaraos
-S.fobre i«.faô zi.feitos dezes iao
e numero de i «.dizendo
8c «vezes 6 trinta 8c feispoftos
fobre 220. iao j J6.
220. :
.

8c tomemos o nu-
ainda he pouco; fubamos outro ponto ,
dezeslao
mero de 17. dizendo 7. fobre 17. faõ 24. feitos
poftostobre 240. ta-
240.8c fete vezes fete faõ 49. os quais
bufcamos. Qujz trazer tan-
zem 289. que he o numero q en-
antes de chegarao verdadeiro pera
tos numeros falfos
finar a quem naõ eftiuer muito pratico nefta regra, 8c poc
efquadroes,
ella ferde tanta imporrãcia pera bem formar
8t afsim como fomos fubindo
tomando numero baixo a -
alto até que ache
fim iremos abaixando tomando numero
em breue efpaço le to
mos o que bufcamos, 8c o que fe faz
alem de auer mifter papei
ra por pena leuara mais tempo,
tempo quieto, 8c quero bem el-
& tinta, luz 8c candea, 8c
ellahe, &-
tiuer nefta regra vera de quanta importância
quaõ breue fe obra por ella, Sc tudo com muita
certeza, 8c

breuidade.
jJbecedario militar.
Pera conhecer, fcfaber o numero de fo!dados,que
vem
nefte eíquadrao.ou em outro maior, ou menor.que
venha
em figura quadrada em fua deuida proporcaõ, que he ter
os quatro lados iguais em numero de Toldados
mo por dentro que venha cheo, & não enganofo, que mef
8c o
,

mo.
ftra mais por lado gue na verdade
por dentna, mas vindo
cheo por igual nao ha mais fenaô multiplicar
o numero
do lado pello da frote.ou qualquerlado perfy
mefmo,que
como fao iguais nao monta mais hum que outro,
eíte efquadrao tem dezafete fileiras
& porq
em quadra nao ha
,
maisfenao multiplicar pella boa regra pondo Tete fo
nolTa
bre dezafete & fazem vinte
& quatro, eftes feitos dezes
lao duzentos & quarenta, agora multiplicaras vnidades
bua pella outra, que faõ dous fettes,
dizendo Tete ve/es
lete fao quarenta &noue , o mefmo farà multiplicando
hum Tete per fy mefmo eftes quarenta & noue juntos
a du
zentos & quarenta fazem forna de duzentos
& oitenta Sc
Boue-.St tantos Toldados vem em todo o
efquadrao, & efta
he a ordem que fe ha de ter pera fe faber o
numero
de foldados que vem em qualquer efquadraõ
quadrado por grande que feia.
(•••)
Qowojçfoi m epjU- iihoe* <jtiAcIfAcIo$ 9

© © o o o © © © © © © © © © © © ©
O O O O O o o o o © o o o o o o o
o o O O O o o © © © © © © © o o ©
O O O O O o © o o o o o o o o o
o o O X» © © © © © © © © © © © ©
O O O O o o o o o O o o o o o o
o o o o © © © © © o © © o © © ©
O O O O o o o o o o o o © o o OI
© o 0 0© © o © © I

o o o o
o o o o o o o o o o o o,
O O O
© © © © © © © ©
o o © © © © o
o o o o o o o o
O C O O O o
© o © © © o © O i

o o © © © o
O © o o o o o o o OI
O O o o
© © © © © © © ©
© o © ©
o o o o o o o o
O O o o
© © © © © © © © © o
o o

C AP TV L O
I VII

quadrados com
T>e como feformao efquadroes
geute armada, &
defatmada.
hú ef"
duas maneiras me podem mandar
fazer
E

B
l

quadra 5 quadrado cora gcncc armada, & deiar-


\
he que me podem dizer tenho
l
J
mada; a primeira
Toldados defarmados,&eítas que-
onze fileiras de JL-JLIÜ.

fileiras de armados fejaô


muitas, ou . i

ro cobrir com tantas


a regra nao importa ler
fejaõ poucas, que comofefabe -
he lacil, mas <

grande, ou pequeno o numero que tudo


tAbecedario militar,
çamos conta_que me dizem cobri eftas onze fileiras
„ que
quadradas fao cento & vinte & hum foldados
com tres fi-
leiras de armados naõ ha mais
fenaõ dobrar o numero das
fileiras, com que me mandaõ
que cubra, & ifto por regra
geral de maneira quefe me dizem
cobri com duas fileiras
ney de tomar quatro, fe com tres tomar
feis,*hora porque
ine dizem que cubra com tres tomarei
feis,eftes porei íb-
re onze,& farei dezafete
fileiras quadradas, agora me per
guntao com quantos armados cnbri eftas
fileiras de defar»
mados. Nao ha mais íènao ver as onze
fileiras de defrrma-
dos ,
que foldados tem, bem fe deixa ver que
faõ cento
cc vincehum :quadremos agora eftas dezafete fileiras Sc,
acharemos que faõ duzentos & oitenta
fcnoue deftes ti»
,
remos cento & vmtehum defarmados,
&os queficaôfa^
armados, & faõ cenro & feíienta & oito,&
com tantos ar-
mados cubro com tres fileiras de a dezafete
foldados aou
2 e de defarmados-
outra tnanein me podem também mandar
fazer hib
elquadrao quadrado, qual he que me daõ dous
a numeros
oe íoldados,hus armados^St outros defarmados
&c note o
:

JLeitorque no Capitulo acima trata de fileiras


)a feitas, Sc
pedem outras pera cobrir, pera o que ferue a regra dada>
mas aqui daònos dous numeros hum de armados, & outro
de dei ar mados* como agora daõme duzentos
foldados de-
iarmados,& trezentos armados, ôcdizemme fazeime
hum
eíquadraõ quadrado, Sc cobrime eftes duzentos
defarma-
dos com eftes trezentos armados note o Leitor queme

naõ dizem que cubra com tantas fileiras,


fenaõ que cubra
com tantos homens- digo que quando fe manda ifto defta
maneira a primeira coufa, que fe ha de fazer he
tirar a raiz
aos duzentos defarmados, a qual he
quatorze, porque qua
trofobre quatorze fa5 dezoito- feitos dezes
pella noífa boa
regra faõ cento &oitenta, & quatro vezes quatro faõ deza
eis os quais poftosfobre cento
r & oitenta fazem cento &
no
f owio formão ef^ti^droes (juidrâdü í. ^7
t aouenta
quatro dos quais fetrí o faz ca-
8c feis>& fobejão
deíxemola ei-
b agora.’ jafabemos a raiz dos defarmados,
ar de parte agora tomai os trezentos armados, Sc ajun^
:

faze numero dc foo*


aios com os duzentos defarmados, Sc
ai.porque 2. fobre 22. fa*
Josquais tirareis a raizquefaõ
eftes dobrados porq
:em 24.0S quais feitos dezesfaò 240.,
dezenas fazem 48o.agora multi-
íizeraos 22. que faõ 2. 5c

dizendo 2.vezes a.faõ 4. 3 c poftos fobre


plicar a vnidade
nunca fetaz
*8o. fazem 484. ficão itf.por partir,dos quaes
fempre os fobejos
cafo pera via de os meter na conta, 8c
acomodar onde me-
ficão pera o pratico SargentoMóros
pera faber com quantos armados
lhor lhe parecer : agora
não ha mais fenio cirar a primeira
cubrirao os defarmados
raiz dos defarmados que foy i4.a
qual multiplicada porly
polia noíTa boa conta faz 196. eftes tirai
de 484, 5c os que
oitenta Sc oito;
ficarem faõ armados, que faõduzeutos Sc
de arma-
agora fc poderá perguncar com quantas fileiras

dos ficão cubertos os defarmados? E de a quantos em filei-


fenao olhar difFcirença,que vay da primei
ra?não ha mais a
defarmados á fegunda de ambos os numeros, 8d
ta raiz dos
vemos que primeira de defarmados que foi 14. 6c a
bem a
ai.vao 8.
fegunda de ambosos numeros foi 22.de 14. pera
eftes partidos por2. vem4- de maneira que com 4. fileiras

de a 2 2. armados cubro a 1 4, defarmados. Pare cerne que me


pergunta hum, que fabe pouco defta regra, qualhe arezão
porque partimos as oito fileiras emduaspartes?Refpondo

que afsim como quando me mandão cobrir com tantas fi-


leiras hum numero certo hey fempre de
dobrar, afsim ta-
bem defpois delias feitas hey fempre de tirar 1 metade, SC
fíleiras,com que cobrijcomo agora, man-
o que fica faò as
dãomeque cubra dez fileiras de defarmados com quatro
de armados, tanto que me dizem quatro hei de tomar 8 3c

porei fobre os 1 o. 3c farei x 8 .dos quais fe quero faber


eftes
<tÂhecedario militar.
o numero de que faõ raiz acho que de "324; dèftes tiro
oi
100.de defarmados, cuja raizforaõos lo.ficaõ 2 24.arma-
dos,fe me perguntão com quantas fileira*^ de a
quantos
cadahua ? não ha mais fenão tirar as-io. fileiras de dezarma-s
dosj 8c ficam 8 .eítas parto pello meio, Sc faõ .de maneira
que com 4-fíleiras de armados de a 18. cad^hüa cobrias
dez dos defarmados. Vou tão meudo neítes princípios pc-«
ra que tudo fique bem claro aos principiantes-.que adían*
te não farei mais que apontar a regra, entendendo
que já
eftão bem nella, 6c fabida bem , tudo lhe ficará
facilifsi-
mo.
Eíle efquadraõ também he quadrado,Sc tem tantos foi*
dados como o da folha atras, mas tem eíla difFerença que
moftra tres fileiras de armados 5c o que quero faber he
,
,

quantos foldados armados, 6c defarmados vem nefte efqua


draõ? que quanto ao todo ja fei que vem 28^. pera faber
afsim nefta figura como em qualquer outra deita manei
q
ra fe moítrar não ha mais fenaõ contar as fileiras que mo-
ítra de armados, 5c eítas fabidas, fempre as dobrarei como
agora, moftra efte efquadraõ 17, foldados por frõte, ou por
lado, nao monta mais de hu lado que de outro, 5c moítra-
me 3. fileiras de armados, dobralashey, 6c direy que faõ 6.
fileiras, como na verdade faõ, porque tem 3.de cada
parte
como moftra agora tirarei eítas 6 fileiras das 17, que mof-
.

tra,5c íicão u eítas 11. multiplicadas poríy mefmo fazem


i2í. 5c tantos faõ os defarmados que moftra o quadro do
meio, agora como eítâja fabidoo numero dos defarmados
rodo o mais he facil, porque não ha mais que tirar 12 1 .fol-
dados defarmados de 285». 5c os que ficaõ faõ armados, 6c
faõ 168. deita maneira fe conhece agente armada, 5c defar
mada, fern hauer falta nenhüa , vindo o efquadraõ em fua
perfeita proporção.

CA PI-
Qo'HO je formão efquíidroes quadrados. q
.

a a a a 4 a a a a a 4 a 4 a 4 a 4

a a a à a a a 4 a 4 a 0 a 4
a a a
a a a a a 4 a 4 a 4 a a a 0
a a a
a 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 a a 4
a a q
a a a 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 a a 4

0 0 0 0 0 0 0 0 & 0 a a 4
a a a 0

a a a 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 a a

0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 a a
a a a 0 0

4 a a 0 0 0 0 0 >í< M 0 0 0 0 4 a a

a 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 a 4
a a 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 a 4
a a a 0 0

a a 4 0 0 0 ê 0 0 0 0 0 0 0 4 a a

a a 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 a a
a a a 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 a 4

a a a a a a a 4 a 4 a a
a a 4 a 4
a a a a 4 a 4 a 4 a a a a a a a 4

a a a a 4 a a a 4 a â a a a 4 a 4

CAPITVLO VIII.

(forno fe formão Efquadroes quadradas com


praÇt em meio vagia pera a bagagem ,
&
cobri lo com ge ate armada.

Primeira coufa,que fc ha de fazer hever a pra


ça vazia de que tamanho ha de fer, 8cpcra quá
tos Toldados ha de fer capaz porque conforme
a iíío feha de ordenar como agora, quero for-
mar
^Abecedario militar.
mar hum cfquadrão quadrado , & quero que tenha húí
praça em meio vazia, & feja capaz pera 1 2 1 . íbldados po-
nho efte numero pequeno , porque o papel não he pera
mais cantidade capaz.mas quem fas osnutnerospequenos,
também dara ordem aos de muitos milhares,
porque toda
a conta he hüa , Sc quero que efta praça
merque cuberta
com tres fileiras de armados, não ha mais fenão tirar a raiz
quadra ao numero de Toldados pera que a praça
ha de Ter
capaz, & porque aqui nos dão cento&vincehum
cuia raiz
iam onze/obre eftes onze porei o numero
dasfileiras.com
que me mandão que cubra, Sc porque me dizem
que cu.
bra com tres fileiras tomarei íeis, comoja
tenho dito, os
quais porey fobre onze, & farey dezafete
fileiras quadra,
das , que multiplicadas por fy me Tm o fazem
duzentos Sc
oitenta & noue:agora deite numero me
podem perguntar
quantos fam os armados porque não ha tantos
, foídados
como a regra diz ? refpondo quefempre por regra geral
auemos de contar os foídados pera que a pr3ça he capaz
como que Te os tiueramos preíentes, porque fobre Tua raiz
fe fundão as mais fileiras de armados,& fem eíta
ordem tu
do feràdefordem, mas podem perguntar com quantos foi
dados armados fica cuberta a praça>que quanto as fileiras
ja fabemos que fam tres,mas de a quantos
Toldados Sc quã ,

tosem numero ifto fenão fabe,&pera íefaber,nao ha mais


íenâo tirar o numero dos Toldados da praça, que he cento
& vintehum do numero,que fes todo oefquadrão quefo-
rao duzentos Sr oitenta Sc noue,o qual tirado ficão cento
& leííenta 3c oito, que fam os Toldados armados, que cubri
rão com tres fileiras de a dezafete cada hüa. St efta heaor
dem, que fe ha de ter pera formar efquadroes com praça
em meio vazia fejão quão grandes forem, St fe não nomea-
rem fileiras fenão numero de Toldados , então nãoha mais
fenão fazer como atras fica dito.
ddos 49
Çowio J# fotwiào efijuâdvoes tfwdd?
praçavazia no meio pe-
Efte efquadraonos moftra hüa
com 3. fileiras de aimados, quero fa-
ra a bagage cuberta
que cantidade de gente íera capaz, ôt quatos faõ
ber pera
os armados que a cobre, & guardao.Efte tem a m cirna re-
gra atras, porque afsi comonella bufcamos
o numero dos
defarmados/pella mefma ordem bufco aqui o numero de
foldados que caberá nefta prnça,o qual fe fabe olhando o
quadro q foldados moftra por fronte, ou lado,& fabidotti
dohefacil, moftrame 17. os quais multiplicados per fy
mcfmo faze 285?. agora olho os armados que fileiras mofi-
ftrao,& bé vemos que faõ 3 .eftas dobradas
como eftà mã-
dadoYaõ 6 que os tira de 17. ficaõ 1 1 eftes multiplicados
.
.

foldados ferà apra


per -fy mcfmo fazem 121.& pera tantos
çra vazia capaz como moftra,
que quem os tira de 285?. fi-

caõ 1 6 8, que íaõ armados: & ifto he regra geral, feja o ef-

[padraõ de quantos mil homês quifer.

a a a a a a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a a a a a a
a a a a a a
a a a a a a
a a a a a a
a a a a a a
a a a BagagS. a a a
a a a a a a
a a a a a a
a a a a a 3
a a a a a a
a a a a a a
a a a a a a
a a a a a a ;

a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a a a a a a
cr
0 C APb
Jbecedario militar
CAMTVLO IX.
Çomofi? diui direi bü efqmdta o quadrado dedSd
joldidosem S.e/quadras todas detrono qtudro
fendo os de/ armados iqó.^os arados
2g&
€> quefique juas jeruentias &ruas pera y

jugar q,,veças de arttlbaria,como


fe vera n a figura fepuinte.
Como fe formara o efquadrao ja eítà apontado,’
gg depois de formado me dizem que odiuida em
*Jii
Mi 8. partes iguais ,
quero dizer que os defarmados
façao quatro quadros , & os armados das mefn u fi eiras
afsi como eftaõ fe diuidaõ em quacro
partes iguies fic in-
do hüa rua entre elles, St os defarmados, &no mdmo
cõ-
paíío aja outra entre os deformados com fnis
bocas per®
fora pera poderem jugar quatro peças de artilha ia, fe foc* i

neceífario.&o efquadraõ efteja em fui orle, 5c fechar ca*«


da vez que for neceííario,o que pode fazer em muito bre
ue efpaço por muito perto que efteja o inimigo ,pois naõ
tem mais quedar a.paftbs, ou o que aruatiuer de largura
dafe efta traça pera que fe for neceíTario eftar o efquadraõ
quedo por efpaçofeja melhor feruido por dentro, 8to Sar
gento Maior veja fe os foldados eftaõ na ordêque conuc
ao concerto de dentro 5c ne por eftar cò eftas ruas deixa
,

de eftar a ponto pera logo dar batalha, oufe defender fe


lha derem>& como a figura nos moftra o como fe ha de or
denar,não digo mais fena5 que avejaõ.Sc como temos ef-
pelho diante elle nos diz tu 5o o que fe ha de fazer.
Efte efquadrao tem eftas ruas abertas pellas razões atras
<Jadas, mas eftá pofto em fu a deuida ordem, como felogo
ouueífe de dar batalha, porq naõ te mais que fechar cada
vez que parecer como moftra, ôc pera conhecer os folda-
dos
oluuados, 50
Çomojt formaõef^dmei
los que traz afsi armados
como defermados naõ tem mais
iue fazer'que as regras ja
dadas,que he ver a fronte, ou ta-
calos porfy
numero de foldados moftra,& mult.p
.

loque
fair na multiplicação
fao os foldados que
nefmo,& o que
o efquadraõ, agora pera faber quantos fao
7 em em todo

,s armados, bey de
Si
olbar quantas
que traz 4. eftes
bem fe vê
fileiras
dobrarei, &
traz de armados.
fao b .eftes 8_tira
*
eftes fao defarma
•eide 22. fileiras que moftra.Sc ficaÕ .4
poriy mefmo fazem ***•&•.
jds os quaes multiplicados
quais tirando 196. deformados ficao^S
em
rura tem 484-dos

a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a
a a a a a a a a*a -
.a ar -ia
a a a a a a a
a a a a «a a a a
a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a
a a a a a a a a
a a a a
a a a a 00 0 0 0 00 0 0 0 0 00 0 a a

a a a a 00 0000 0 00 0 0 00 0 a -a

a a a a 0000 000 0000



!
a. :

a a a a 00 0 0 000 0 0 0 a \à,

a a 00.0.0 0 00 00 0 0 0 00 a a
a a
a a a a 00 0 0000 0 0 0 0 0 0 0 a a a

a a a a 000 000 0 0 0 0 0 0 0 0 a a a

0 0 0 0 a a a
a a a 00 0 0 0 0 0 O O o> -

a
a a a a 00 00 000 0000000 a a a

a a a a 00 00 000 000 00 0 0 a a a

a a a a 0000 000 00 0 000


0 a a a

a a a a 00 00000 0 0 0 0 0 0 0 a a a

a a a a 00 00 000 0 0 0 0 0 0 0 a á a

a a a a 0 ® 00 000 00 00000 a a a
a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a
a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a a a
Abecedario militar
CAPITVLO X.
ÇomoJeformaraÕ de outra maneira %,efquai
droes de bufo efquadraõ quadrado
de 4.00.
joldados i96.defarmadoSt&
zQ^.
armactoi.

iFigara nos moflra como fc ha de


armar, 8c onde ha
figura nao ha mais que apontalla, porque
como ia
7-7*- P dada a regra perafe formarê efquadroés qua

drados, nao ha maisfenao vera figura como
diuidida eftà
em 8. partes, & por elia nos auemos de reger,porque
fetn-
pre o que vemos có o olho percebemos
melhor que o que
fe d.z de pratica; efte efquadraõ
pode j ugar S.peças de ar-
tilhara dnu por quadra como fe
veràna figuVa
apõtada,
1

& quando for tempo de fechar o efquadraõ d soem os ar-


mados dos quacro cantos dõde eftaõ, 8c cada canto
cobre
lua quadra com 3. fileiras de 20. armados,
&
fica fechado
todas as vezes que quiferem como bem fe
deixa ver*

Efte efquadrao tem ruas pera atirar


. 8. peças de artilha*
ria, 2. por quadra, eftà díuidido em 8.
efquadrões como
moftra,mas efta a ponto pera dar batalha cada vez
que pa-
recer, porque naõtem mais que cada canto cobrir com 3.
fileiras o feu quadro, & fica fechado com
3. fileiras de ar-
mados: tem o efquadraõ 400- foldadosa faber 196. deíar-
niados,& 204.armados,feu conhecimêto efta claro
como
fe ve', pois he a mefma regra de quadro
que eíle naõ ha
,
de peleijar nefta forma, fenaõ na fu a perfeita
figura em :

cada cauto eftaõ 3 1 .íbldados armados.

Efquadraõ
(jomoje foimaõ efcjuadroes oitauados, Ji

a a a a a a a a a a a a
a a a a
a a a a a a a o a a a a a a a
a â a
o o
a a a o o © a a a a a
a
a a a a a o o © o s a a a
o 1

o o 0 0 a
a a a a O a a a
o 0 o o o a
a a a o o O o o © o a a a
o o o o o o
a a o o 0 o o 0 a a
O
a 0 0 o o o 0 o o a
o o o o 0 o o o o
0 0 0 o o o o 0 o o
o
o
o
o
o
o O O o
n o
0^0
o
o
o COO
o o
o o o o,
o o O O O O O o c
o o O O o
o o o„ O O o o o C o
o o O o O o o o
o o C
c c o
O o o o o 0 o o a
•»

a o o o o o 0 o o
o 0 o o o o 0 a a
a a
o 0 0 o o o a a a
â a a O 0 o 0 o 0 o
o o o o o o a a a
a a a a
o ô 0 o o a a a a
a a a a a 0 o o o
0 O 0 a a a a a
a a a a a a
a a a o o a a a a a a
a a a a c
a a a a a a a a a a a a a
a a

g 3 CAPI-
Abecedario militar

CAPITVLO Xí.

Como fe formara hum efquadraõ ouado,&det


tro hum quadro , o qualfique cubert
o com qua>
tro fileiras de armadosi&nosvãoi do ouado
fica a bagí>^e>&fe o quigerem quadrar
cubrtra co armas quatro
fileiras
de a deganoue foldados.

Figura nos tnoílra comofe formará,


Sc com
a demonftraçaõ tudo o mais he facii
, aqui
nao ha mais que ver o quadro do
meio de que
tamanho o quero, & cõforme a iíTo o
armarei,
& depois ver com quantas fileiras quero
cu-
bnr, &eíresíejao armados, Scfabidas pella regra ja
dada
mo ha mais fenão polias como moftra a figura,
a qual não
contentado poíío polia em figura quadrada, Sc fica
cubrin
do co as mefmas quatro fileiras de armados, tem
a figura
3 61. foldados, faõ defarmados 121.& armados
240.

Efte Efquadraõ também he quadrado na conta,


ainda q
afigura he ouado, mas formifcdefta maneira
porrezaõfi
poífa ficar a bagagê na praça que faz o ouado
entre fy,& o
quadro do meio Pera fiber o numero dos foldados
.
que
traz, ja tenho dito que fe ha de olhar pera
os cantos do
quadro do meyo, & ver que fileiras de armados lhe ficao
de cada parte & conforme a iifo ordenar a regra ja
,
dada,
Sc logo fe faberà que armados, & defarmados
vem em to-
do o Efquadra õ,cfte tem 240. armados, & 121. defarmados
como moítra.

Efquadraõ
omdos
Q>moJe formão epjuniroei ,

a a aa ^ ^
a a a a 3 ^ «7
* * * a a a a 3 * «? «7
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I
J-9B
S4 C APL
Abecedario militar
CA PI TV LO XII.

Como [e forma hü ejquaclraÕ de


finco quadros
a numira de enxadrescubenos
todos os
Cjiu dros cõ bua fileira de armados
Figura nos moftra como íe
ha de formar efte ef.
ggg! quadrao, a conta dos quadros
§PfSjj? ja eftà apontada

nao te ma,s q«e tomar os q
™f’
& n
partillos ccnfinco partes
foldados q me derem^
iguais, Sc de hüa delias
raiz quadra, & fabida hSa as tirar á
mais tem a mefma conta,
o quadro do meio lena menos mas
4 -foldados.por caufa qu”os
outros 4. quadros com feus
4 .cantos occ^paõ os 4 cantos
do meio a conca pera cobrir co
,
os armados ja eftà apon-
tada por vezes.tem a figura P
3 1 6. foldados.
C3a3bêm ftra hãl cruz ®<« tem
nJ J /rd? r
dOS ° S fll1C i° outra
>

° qUadr0S vão eubertos cõ hüa fileira


,rmd
de armados, nas quatro praças que moftra
de vazio pode
ar a bagage, feu coahecmiento
he a regra atras, fó fica fa-
berque numero de armados, 8c defarmados
traz a qual re-
Jntt ITUm as vezes, que
l
perafaberos defarmados
4pU‘d?
década quadroí
nao ha mais fenao quadralo
,
contando as
ê e b e mfe 7
q e Cern í fileiras de de&rmados
'

f
que mnlí p a por fy
lè multiplicauos r r
fazé 3 â. eftes
multiplicados por
finco por ezao que finco qu
,
idros fazem 1 80.& tantos faõ
os defarmados. Agora pera faber
quantos faõ os armados,
nao ha mais fenao ver com quãtas
fileiras eftà cnberto ca-
da quadro.st bem vemos que
cobre cõ hüa pois digamos
quefao 2. agora ponhamos duas
fileiras de armados fobre
íeis de defarmados, & faremos
8. eftes multiplicados por
tymefmo fazem í 4, tiremos agora 36.
defarmados de 84.
& hcao a 8 .quef.io armados, St tantos tem cada quadro ti-
rando o do meio que nao tem
mais de 24, como moftra,
SC
cjUídrados. 53
Modo de fa^er efquidroet
osdcfarmados faõ 180 .
faõ por todos os armados
t j<í.
5c

:omo acima fica dito.

a a a a &
a a
a a a a a a
o o° o o a
a 000 o a
a 000
a o o a
a o 0000a Bagags. a 000 o a
a o 0000a a 000 o a
o o o o a
a 000
a o o a
a o 0000 a a 000 o a
a o 000 o a
a a a a a a a a
a a a a
a a
a a a a a
a o 000 o a
a o o O o o a

a o o wTa o o a Bagagé.
Bagagé' o a
a • o o o
a o 9 O O
o a

a o O O O o a
a a a a a a a a a
a a a a a a
a a a
o o
a
o a a o o 0000a
a o o o o o o a
a o
a o 00 o o o a o o o o o a
a o ©o 00 o a a o
o o o o o a
o o o 00 a Bagagi. a o
a o o o o a
a o o o o
a 00 a o o o
o o o a
o o a a o o o
a o o o o
a a a a a a a a
a a a a a
a a a
zjbecedario militar.
C AP TV L O I XIII.
Qomofe ordenara hu efquadrao fei/lauado.

Figura nosmoftra cora o


HPHI fe ha de ordenar, & na»
gN|gfâ tem differença norepartir da gentb em fei s par-
eSaw® tes iguais , que fempre a figura que he feiftauada
“ a d e auereíIàordera,mas no armar defte
* a i
fehaó
de por logo na primeira fileira dous foldados, Sc
na fegSd*.
4.8c na terceira ó.Scafsim vai fempre
acrecentando dous
ateacabar o numero dos foldados que cabem
àquelle fei-
fauo.sr os mais tem a mefma conta armados
todos, naõ h*
maisquearmara figura.aqual tem yqo.foldados, nouen-
ta em
cada íeifauo.
Efte efquadraôfeiftanadohe muito forte
como rooftra,,
& pera faber o numero de foldados que aeile vé , hafe de
olhar a bafe dehfi dos feifauos, quero dizer
h 5a dasfeis fa
ces que moftra , & ver o numero de foldados
que tem a-
quella fileira, Sc afsim olhar a íegunda fileira
da banda de -

dentro a verfe tem menos 2. foldados a defora, & fe


q am-
bas as fileiras tem nones, he certo final arma de
q hu a
& de j.a finco, 8t como eftá fabido feufundaméto naõ
ha
mais fenaõ ao nmnero de foldados moftrar na bafe
q acre
centar mais hu,& depois de acrecentado tomarei
a meta-
de de todo efte numero, & rrroltiplicaloey por fy mefmo,
& o q fair nefta multiplicaçaõ.he o numero de foldados
q
vem em do efquadraõ St efta fabida naõ
hfiafeifta parte ,

ha mais fenaõ multiplicar efte numero por hfi


6. St o que
fair nefta multiplicação be o numero de
foldados que ve
em todo o efquadraõ, St pera melhorfer entendidodigo,
que efte efquadraõ me moftra 19. foldados na bafe de hfia
das 6 .faces q moftra, a eftes 1 9 acrecanto roais hú& faço
.

2 o.deftes tomo a mecade que faõ 10. Sc eftes


multiplico
por fy mefmo, Sc faço 100, 8t tantos foldados vem naquei
la
efquadroes feiflauados. 54
Mododeft^er
afeifta parte: depois de fabk n«-
naltiplicoo por 6 -Sc o que fair n _ P
ã 0 ,hora mul-
nerode foldadosque ve em
todo q s d r * darnosha
'
das feis partes
ripliquemos ioo.de húa P°r
uad a 5 como
íoo. íc tantos foldados vem
em t°do q feru i
efquâdrao ^ p
moftra.As ruas que ficao neftc
ré por eilas, & pera os
offic.ajs verefe
eftao em
hu paífo.
I
Lendo necefsidade fe fechao com dar

060 00
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<L/lbecedario militar.

CAPITVLO XIIIF.

Comoje fotmara hum efcjuadraõ


triangular de
hÜ a 3.0 dc afinco..,
3 .

^‘8 arâ no ® fnoftra como fe ha de formar,


li!j^È$ÍÍÊl$
mastemefta conca, que he amefma
dofeif.
feâEcfêVYffiJ canado de 1 & de 3. a« j*
vyvc&w/myzrfó _ • .
a3
^ . .
que he pôr i.ijj
f vjuvuwuui
.
1 na .

Kítóffltos* primeira fileira, & 3. na fegunda,& f.nater-


c e «ra> &afsim
„,v. <•
4 _ vaõcrecendofempre 2. que
d ° na0 16 C hü feifauo do acima apon
rado íem fi
tadOjtem a figura ^oo.íoldâdos» V *

Efte efquadrao triangular


tem a mefma conta do feita-'
qUe 3 06 hu a &l e tres a como
roa
íd‘“\ Í f' aqui melhor
le vera,por ficar
fi , r',
mais defabafado,& fe deixar melhor vér-
mas pera labermos o numero dos foldados
que traz , em
duas maneiras o podemos faber,
ou peilo lado, ou pella
oale, & qualquer deitas duas
partes que moftrar nos dará
conhecer ;> numero de foldados que
f tem, porque polia
haíe como fei como vem armado
naõ tenho roais que am-
trarlhe to como ja fica
diro, & porque efte nos moftra
39.
ajuntolhe hum, & faço 40. dos quais
tamando a metade ó
lao 20. eftes multiplicados
por fy mefma fazem 400. &r
tantos tem também multiplicando
o numero do lado por
ly mefmo, que tem
2o.farâa mefma conta de 400. como
polia bafe.
T

Efguadraõ
trtan tf
M<idodefaçet i

A
jto/L
Aooo
jioooooA
jfoooooooA
t/foooooooooA
.//ooooooo ooooA
^ooooooooooooo/í
^ooooooooooooo ooÂ
Joooooooooooooooood
Jooooooooooooooooooo £
Joooooooooooooooooooood
Jooooooooooooooooooooooo*
Jooooooooooooooooooooooooo
JoooooooooooooooooooooooooooA
Jo oooooooooooooooooooooooooooo
Jooooooooooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooooooooooooA
J
oAbecedario militar.

CAPITVLO XV.

Como Je formara hum efquadraõ triangnlaáo


dez. a q.. <

Figura nos moílra como fe forma, que he pon


do na primeira fileira, & 4.0a fegunda, & 6
.

na terceira, .& afs im vay fempre acrecentando


ma * s 2. em cada fiieira,como afieura moftra.
wJ

Eíle efquadraõ triangular tem a conta do


feiflauado,
que arma de dous a quatro como
moftra. & pello lado,ou
p ®1,a baíe P°demos faber o numero dos foldados que traz;
porque pello lado olhando o numero
das, nao ha mais fenaõ
das fileiras,& fabi-
tomar o mefmo numero, & mnltil
plicalo por mefmo,
fy &
ajuntarlhe outra vez o mefmo nu
mero porque multipliquei , & tantos fa5 os foldados que
vem em todo o efquadraõ: hora eíle nos amoílra dezano-
ue por lado, eíles multiplièadbs por fy mefmo fazem tre-
zentos & feífenta Sc hum, ajantandolheagora osmefmos
dezancue perque multipliquei faço
trezentos & oitenta,
o meímo numero fairà tomando a
metade da bafe,& mui-
tiplicandoa per
fy mefmo, & depois ajuntandolhe o mef-
mo numero perque multipliquei, que fora© dezanoue, faz
o meímo numero de 80.
3

Efquadraõ
j\dodo defd^er ejqmtdtoei tfidngtilddos> jf

O O 1

ooo o
OOOOO
oooooooo
ooooooooo
oooooooooooo
OOOOOOOOOOQOOO
oooooooo oooooooo
ooooooooo ooooooooo
oooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooo^
ooooooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooo
©O
o ooooooooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooooooooooo ^
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
^
OPOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOÕOOOOOO
it/lbecedario militar.

CAPITVLQ XVI.

Qamo fe forma bttrn efquadraõ triangular , ç?


dentro em forma cune.i outro com
muita gtnte . <-

Figura nos moftra como fetia de formar.rnaí


naõ tem a regra dos outros triângulos port ,

efte cem cres fileiras , Sc em cada hüa por to.


dos os crestados tem vinte foldados, que fa-
zem em fama cento & oitenta , o eimeo de
cem apontado a regra como fe arma , quehe
de hum a tres, Sc de cres a finco tem fua figura cento &
:

oitenta Sc hum foldados, & fequiferem quadrar ambos ef-


tes efquaclroês em hum quadro, rem gente pera fazer hum
efquadraõ quadrado,de a dezanoue fileiras em quadra.
Efte efquadraõ triangular naÕtem a conta de nenhum
dos acras pera fe faber o numero de foldados que nelie ve,
fe ha de olhar pera o lado, ou pera a bafe, &ver o numero q
moftra, Sc quantas fileiras, Sc oquemoftra de huaparteo
ímeffno tem em as outras duas efte efquadraõ tem vinte
:

foldados na bafe,& tem tres fileiras, pois íe tem vinte, &


eftà em tres fileiras he final que tem feífenta foldados ca-
da lado, que como faõ tres tem cento Sc oitenta em todas
tres como moftra^ o cuneodo meio tem a conta do triân-
gulo que arma de hõ a tres, por cãto naõ me detenho mais
em fua explicaçaõ.Vem aquelfa gente ali efcondida,pera
dali fair quando parecer a quem gouerna r Sc vindo defta
maneira naõ ve o inimigo a força que traz o efquadraõ, Sc
afsim fe teme menos, ainda que o bom efpia naõ feha de
fiar do que o efquadraõ moftra por fora, fe naõ ha de olhar
muito bem por fora fe vem cheo de deatro,§c fe traz as fi-
leiras dobradas, o que logo fe entende.
Efquadraõ
triâtigulados, 57
(jomo\e fotmao efcjuâdrch

^33 2 2 A

^3
3 3
3
22 A
2 2 A
f
2 2 A
^3 3 o
ooo 2 2
. . A
*sf 3 3 o OOOO J, A
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3 3 ooooooooo 22 A
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00000000000
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A
3 3 000000000000000O
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4 ^ OOOOOOOOO 2 2 A 1:

3 3
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^3 3 Bag, 000
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22 A
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3 3 a a a a a a a a a a a aa 22 A
^3333 a a a a a a aaa aa 22 A
4 A A A A A A jí .4

il
ca:
dbecedario militar

CAPITVLO XVII.

Qomofeformará hum efquadraõ de meia Lua


ou deduaSfOM quantas quií^erem^ue
toda
a regra he bua.

Figura nos moftra como fe ha de formar, mas


temefta regra clara 5c boa:, que naõ cem mais
fenaò verjpiantas fileiras quero que tenha o
efquadraõ & pello numero delias parcireyo
,

numero de Toldados que me derem, ôcoque


r leràv o
lair numero de foldados que ha de lenar cada filei-
ra, 8c porque cada meia Lua deftas
tem 144. & quero que
me tenha 6 por fronte parto 144. por feis, 5c
.
vem 24 na
parciçao como moftra.

Jvftes dousefquadrões armados a maneira de meia Lua


faõ fáceis de conhecer, 5c faber o numero de foldados
que
vem em cada hum , porque naõ tem mais que ver ou ni ,

volta de fora , ou na de dentro, que numero de foldados


moftra, 5c fabido, olhar a cabeça do arco, que numero tno-
ítra, 5c conhecidos ambos naõ ha mais que multiplicar
,

hum pelio outro, 6c o que fair na multiplicação he o nu-


mero de foldados que traz , 8c porque efte nos moftra 24.
na volta, 8c feis na cabeça do arco, os quais multiplicados
hum pello outro fazem 144. 8c o meímo-numero cem o
outro arco.

Efquadraõ
de meia Lua. 58
Qomo Je formão efquadms

00000 © 0 0 0 0 ©

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3 O o o O o O
5 0 0 0
Abecedario militar
CAPITVLO XVÍIL
Como [e formara hu quadro terreno cubem
com tres fileiras de armados.

Sf '
™ OSm0ftra COm ° fe
wJ-?mp pareceo ub °a-ainda
jea a P onta , mas ago'ra
°r
fica efte efquadraó
ha <de formar
que nenhum
,

até
a

P ° rcí ue Pecba ^° por todos os


lados , ^ fe
& f no meio fica com menos aenre
menos mal he que ficar falto
por ambos os iadÓsoorde’

ren°
^ 1^° * d ®P°* s cí e poíto em ordem
o efquadraõ ter-
da hGa fílei ™’de foldados
cntre^fitórf
ntre a fileira da í
di fronte,
f & a feguda fileira, o mefmo -nitre
a derrade.ra fileira.* a fegunda.,*
que tenhaõ tamos fol
6r ° u i:ras depois deitas
das lhe vS°mer e ^d
'
ordena.
lTZT 7 r d
los lados , & afsim fica
1
a fi

u ;
fechado
ie ra & fiIei
,

«
3 -foldados pel-
como a figura moftra se
ÍSaTem
he °
aíabern °P rimeiro quadro que fe
4-tende ^Í
fp rt
. armou de
4 ° aS fileiras que fe lhe meterão
íorao dJÍ
fora5 %
Jea 18. como a fronte, nos 5-, jí.porq
vãos que ficaõ caiei-
da lado vao quinze em cada lado
a Caberem cada vío
Z m f0 3 ,
d e °' & ,Unt0S Co n 6
& com r r T| 3 (a* fouia de 66 .
-

f dados
°!
i 4
“ ais das que eftaõ no quadro fe
feéha r
fccha.com o melhor moftraafigura,&naó
tem nfais regra,
& quanto eu nunca armara quadro
terreno , & folo-,,;*
que meu inimigo rietfe armado
neffa forma', que jafey
svrr„r do, -p““ >“ «««is
tade da fronte, t"?

^^
i*
& afsi nao tem tanta força pericrualco-
P ° V todos * tau.
“refinei, hh°
e ac ha 113 fr0at
corT, ° nos lidos, também
o efi ndr,' red
d ndo
i f
he
,?
fo « e Por eftar com força
ieudéml
iguale ? .
todaa roda,fcpera toda a parte
peleija per igua!,5c
fe
quadraiôt.^
forno (e formaõ efifttâdroh ff
r- ra e allegaõ que algüsefquadrôes
de terreno tiueraó bos
batalhas, d.goquefe.com
Le(íos& vencêraõ grandes leuar menos gente fe ven
fabido
hutn efquadraõ que eft!
deprefla vencera muita a mefma bata-
ce muita, que mais
que hum autor, o qual he loa
[ha, eu ainda naõ vi mais que
efquadraõ, & daporrezAO,
CaVriaõ Pardo gabar efte que e
muy behco a &
como a nacaõ Efpanhola he gente peleijar S£ c
que osvejao .

o ponto na honra que folgaõ bua file. a,


fe anitnaõ; como fe differa, vao todosem
iíTo
porque nenhum quer ficar detrás
hum do outro, fenao lo-
L arremeter fetn mais ordem
como quem tem ja tu-
,

quadrara, antes armara o


do na maó.&t quando eftarezaõ foldados por
efauadmõ grande fronte, que tem tres tátos
S maior, (e quife-
oufaçaolha
fronte do q ue tem por lado ,

duu.da de
peleijar, quenmguem
retn,enta5os veraõbem
porem 00
feu muito esforço, & brio : í. *
femprefeha de guardar a melhor ord.m , & incerto
conceito
valem mais que muit s
porque poucos bem concertados
ordenados quanto a mim iftohe o que me parece:
Lai ,
quem o qmfer aceitar,
& afsim ( fe parece.) o dou a melhor faça a, que quan-
parecer
& quem outra coufa lhe que aís. fe faz na eU
do errar fe emmendarà,
âfua cufta
cadahum aprende àfua cufta , St depois
cola d'efgrima ,

de leuar na cabeça diz, bem me diziaõ a mim-


nefta forma , pellas
Efte efquadraõ quadro terreno pus
rezões que dou no Cap. no qual
dou ordem como ie ha
do que Lie
deformar, a qual he mais trabalhofa de fazer
porque pera
conhecer o numero dos foldados que traz ,

fe faber naõ ba mais fenaõ


olhar com quantas fileiras de
foldados, bemle
armados vem cuberto, 8t de a quantos
fronte traz x 8. 8i no
deixa ver que traz a. fileiras, St que na
é.fileiras q traz nos la-
lado i t.pois logo claro eftá.que em
voamos afro-
dos a- por banda de a i y.foldados.faóso.agort.
te dõde temos tirado 3. fileiras por bãda^&ficao iz-Stu^e
Abecedario militar
r
pli” r eíSs° xT.por
qul^aTt^To'

a a aaaaaaaaa a a
a a aaaaaaaaa a a
a a
a a
aaaaaaaaa a a
a a
a a o o o o o o o o o o o
o a a
a a
a a
a a o o o o o o o o o o o o
a a
a
a
a
a o o O O O
*
OOOOOOO a
a
a
a
a a
a a
OOOOOOOOOOOO a a
a a
a a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a a
a a a a a a a a a a a a

CAJ
quadrados. 6o
romolefomaõefquadroes
L
CAPITVLO
xix.

quadrado cu~
^omo formara hü efquadrão
íe

herto com hua fileira


de armados , logo outra &
de dejamados, &
afsi vai continuando
meio que jao
l
ate cubriras 4 do.

16 deformados.
como feha de armar, aqual té
iFieura nosmoftra
cobre as ^.fileiras do meio qu
324. Toldados^
Ifaõ com hua de armados, & afsivay
defarmados
armados, & outra de
HuJ condauando com hua de
«rl
que he a de ar-
derradeira que fica fora,


,

StóííSSfl5í.1Í * - •

foldído,
‘'EUícfomdraõ te fac.l dc conbeeer qeanto,

n
^^&.c4,s“r,
de armados TSS .“í,S liI

de defarmados co hfia ,
em _
£ 6
P^^^JSdo
,
quais
he hum, St fazem dons, o,
eftes multiplicados por fy meimo faze 3 •

eftas 6 fi _
ficaõ 20. que fao arma •
16. defarmados g
* a qual
nera
leiras com outra.de dcfarma
hey de cobrir
pondoa- fa ç D 3,
terei amefmaordem de dobrar, tj _
mefmo fazem 64 dos q .

eftes multiplicados por fy


.

que faõ defarmados : agora olhar


raado 3 6 .fica
5 28.

I
Jbecedario militar
ceira fiteira vindo de dentro pera
fora, quefe conta
meira fileira de armados, que cobre da „rí
P ri
1 ,

& Stó„
? porque cobre 8. ffleiro b,õ defcr ro.q l~

firmados, & n a quarta 3 6.


armados,
mados.Sr na fexta 2. armados,
na quimlllrír &
f
dos, na oitaua 68. armados,
na feptima 60 defarmT
°- del &
rm3 -
que vem afer f
i48.defarmados,os quais numeros °S
tantos vem em todo o efquadraõ,
fomados fazem^ 24 ’
3 '
S
*

a a a a a a a a
0000 0 0aa0
a a a a a a
ã o o o o a a
o 0 0 0 0 a
a 0 a a a a a a a a
a a
a o a o o
a ° a o a
o 0000 000a a
0 0 a 0
a a 0 a
a
a a a a a a a a 0 a 0
a o a o a
o a
o 0000 0 0 0a a 0 a 0
a
a
a o a n a a a a a a 0 a 0 a 0 a
0 0 0 0
a a 0 a 0 a 0 a
a o a o a o JU 0 Cs ^ 0
& 0 0
*; a 0 a 0 a 0
a 0 a 0 a 0
a
a
a 0 0 0 0 a 0 a 0 a 0 a
a a a a a a 0 a 0 a 0 a

aoaoaa oooaoaoa aa aa
aaaaoaoa
aoaoooooooooooo a o a
a 0
aaaaaaaaaaoa
aooooo oo
a a a a
00 00000 00
aaaaaaaaaa a a a a a a a
a

ca:
61
efquadroei quadrados.
ModoàefcK?*

CAPITVLO XX.

efqmdroes de
íomofe formar ao quatro
artfiados dentro em
hum quadro,
meio,
que fique praça em
($• quadrada.

comofehadeformar.que
Figura nos moftra que m
de foldados
hc tomando o numero
.

8C partillo em quatro partes iguais,
derem efquadrao
armarey hum
de cada hua delias
pelU^o^o^adeh^^
« »' nç *
'£££$£2%* LJt i— i“ to <1= -

erfeitamente quadrada.
cfte efqua-
Pera faber o numero
de foldados que traz

a metade.que fao íete.


lõ quatorze, dos quais tomando quarenta &
porfymefmo fazem
5c multiplicados

fabidoefte numero, o mefmo


todos fomados fazem cento Sc
tem os outros
nouenta
t

&
^
«efi t ’d os4?fazó
tod
fe haõ de -Por rezaõ que
tirar 4
de cada nu por
teiro ,^
quatro cantos, 8c contamos as bafes
^
<iAbecedcirlo militar.

££ »oto”',ZiaP"5"A"“
aW 3o-"“ !° b
“*° tem maisde
ta. "
aoueoca & donsT cento í

* * + *
>

* * *
a * * * %
* * *% * * * 0
,
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% * * * * ^ -%%%%

€ A PI-
CAPITVLO XXI.

CcmMormaAbmef^Sr^mJo.
^Fi^nosmotocomofeb^orf»^^;'
etta V
dos em figura redonda, 8c QUtra detras
|||§
i.Sc fundamento
eftaaqualtem
d ° ef
r
1 1. foldados,

„.d. ««ei» 1"' e


^
ra °’ S
8c na t erce
iL leuarà 18. 8tna
afsim
.

ai fempre creceado
a ,
ftS t ò

d
°„r.ro dos fold,-
Õ tem a figura
- fe dera

moftra mu to ma g
:as,& delicadas
contas
quantos
labilidadeque nenhu de ^ dd ,£ *

S—SESS
íeroTfo
hey de tirar a
'

dados me moftra,
íü “ÍT.
metade, 8c tantas fileiras traz
quemoftrouo diâmetro, que he
» S“»;
quantos memoftrac
& de
corno fo. a me
contado
íadedo numero
contado delta mane, rafem
Só meio de parte a parte.Sc
vezes, por fer a figmaredon
Lê contamos hüa fiteira duas 24. be final q
u ora efte efquadraõ moftra de diâmetro
cada hua>
ti Slefras hora querofabero numero
na5 ha mais fenaõ multiplicar
q
foldadostraz
das por
volta J.
to K
foldados que tem aquella
& o que der feraó os
porrezao dofundameto deite el
multioli cala por feishe
fileiraleua mais 6-hua que a outra,
quadraõ qfoi 6.8c cada
faber quantos foldados eftao
como ia fica ditoihora quero aehe
.contando de dentro pera fora, q “P[£
na fileira, r 2
tAbeccâatio militar.
80 ffiu,ti P'i«r o Sí2
per hum* ô.Tuinòy*
f"
^
.
'

fileira de fora, eft P n!ne, ra


a ordem fe ha dVte? ,

O efijuadraõ. 4 ‘ & tOS f° dados vem em todo

U fe» ^ V £u
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o 0
oooo 0 .
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> 0 O o o o o O <

* v Z ^ ^ ^ ^ ^
y
efijiftdroeí. t>4
Modoúefdsçr
baMtes regras pera
Pareccme tenho dado
P
ucr modo de efqLwdroes
uadro de cerreno» ôr t abe r ^ J fold ados qu e le-
cabe o que
rerreno
fa er e
ia por fronte, 8c lado, 8c T
à fabido o numero
da
oca a quadro quadrado naõ ha
fjbido 0 nu mero,
,
lado,
fonte, o meftso tem por que qui-
pello nu dos pa (Tos
nais que multiplicalo loW»^
f tdado a folda-
hombro a hombro ,

•eretn que haja de


lo , 8c pera a banda das
coitas, 8c £
fica a [Tazexpli
,

mefma regra téosmaisefqua r


i -
çe fe?ac .
deformar
:ado.Temos outro modo of.
com
Se o Sargento Mor fe achar
ferecer fazer hum efquadrao
de rep ^
Ç
i

com
^J ^
0
feu
fe
Ca
po
P S
pitaõ General, que lho
mandara afsi por ver
o namero dos^n»,
de ,

aquella gente, ha de tomar


das as Companhias de
modo^efen ^g. orde .

fflS, ,i»d,q«=o S «» ‘TS


* r“íK &sò;ós
o poa
caminho o fotrer .

conforme tiuer a gente, 8c o comoaqm fe ve«


he mais fac.l
fazer qu ,dro de glte.que asman-
que aqm uao
com da conta, SC pratica, fnppoíto
ga
de arcabuzeiros c5
r Começará a marchar o Capitaõ
feu Sarg
,o fileiras de j.foldadoscom duas caixas, 8c
a
ba de formar o efqua-
iraõ tomar o pofto aonde
fe
to Sc
alto co as fi-
árX & no corno, ou lado direito delle/ara
leiras direitas nos paflos,
que fica dito atras.. :

o Capitaõ de molqueteiros com -o.


2 Logo feguirà
8c feu Sargento,
de a j. 'foliados com duas caixas,
fileiras
donde feha
ShW por =11. poli. , * f= porl
deformar o efquadraõ em fileiras
detronte
afsi como vay , ou
poj
gent
tos em ala pera tomarem
mais campo, porque a
foralhe fique nas coitas, Sc naõWpidao exercício, qu^
£tZ .
'tAbecedario militar.
3 Marchará agora o CapitaÕ
, que suiar a A°
corno direito com
duas caixas, & íeu Sardento
33 leiras de a 7. foldados,
aue !em
as quais fícaraõ
co «dos^cabu.iros emparelhadas
ficando Las do “ CapS Tlf
f
^gorattiarcharahutnCapita5cotn aatfileirasdear

m^fsssssê
xa
;
-

&h
a s caixas da mefcna
parte, que leiiarà duas
S arS ento Pera gouernar
r
os foldados.
cai

0 g 0Jeguira o primeiro
J _L troço de piques que cruia

Uiar em OSf0ldad ° s
L^
r
porfô à o 4 i
> °^ uais Capitães fe
" gQârniÇa ° endireiCand “ a * Alei
ras huas com ontws
Agora feguirà o fegundo troço de
fi
<>

e, ras dea <, & ásto.feis


bandeiras,
piques com «
que^parte efquerl
U n eC1 SelIaS ’ &í5nCO
>quehãodeieuar caixas
comdnf
om duas 1f fií
-

de piques como Ce fez da


fileiras
parte direita:
efte troço guiarao dous
Capitães com dons Sargentos
Logo Isgmráhum Capitão c°m
C H
ioldados, que fao pera a guarniçaõ do
22. fileiras dea
corno efquerdo cõ
duas c^xas, & hum Sargento.
Aduirto,que década troço
Jobejao?.. file, ras, que ião
quatro, em queha 6. foldados,
& 3 mais, que irao nas vlti mas fileiras
.
3
do vitimo troço faõ
4o.que fe repartirão pellas 20. fileiras
acrecentando dous
ioldados a cada hua,com que ficão
zo.fileiras de a 20. fol-
dados cada hua.qne he a raiz
quadra de 400.& os 20. mais
le repartem em 4. fileiras, z.
pera cada r
parte das bandeiras
como fica dito.

Loço
MoivhfâZji- efcju tJroei.
manga do
Logo feguirà hum Capitão que guiara a
8 ,
falda
orno efquerdo com 33.fileiras de a 7. 3tl
c^
parte dir
Ugual, 8c em direito do que ja efta da
i

8c S- pera detrás,
o com ô.fileiras adiante do efquadrão;
orquefaõas mangas de 833. fileiras , & a S u ar ni<
_ ?JP ,

11. deque hao de eftar . -

jm mais que^a. 8c afsifobejão


o mefmo terà feito a manga do cor-
diante, 8c y. atras, 6c
8c hum Sargento.
10 direito, q leuarâ duas caixas,
Capitão de arcabuzei-
9 De retaguarda feguirà hum
fe pora em r° n
os com 30. fileiras de a f.íoldados, 8c
lo Capitão, que eftà no corno
direito, com quem ha
hum Sargento, cornqu
lícaramuçardeuarà duas caixas, 8e
que pra ico
o
>efquadrão ficará feito em fua proporção,
sargentoMór lhe faberà dar.
aruorar o S piques,
10 Agora mandarão SargentoMor
co
me de improuifo criarão hum fermofo aruoredo,& fe
arcabuzeirôs.en-
neçarã aefcaramuça pellos Capitães de
difparando íeus arcabuzes vi-
lireitando hum co o outro
arão fobre a mão efquer da voltando tão largo que fique
,

tlcançando a retaguarda dos arcabuzeiros,que haõ de an~


inimigo de vagar
lar na efcaramuça,que darão a carga ao
:om muita ordem acabada a primeira volta largara o
, 8c
efpada
Capitão o arcabuz tomando a rodela leuando da
darão talhos rafgados
endireitara comfeu contrario, 8c 4.

reparandofe cõ as rodelas, 8efe porão no meio do terreiro,

que farão feus foldados, que andarão em roda guiados por


hum Sargento deftro, 8c os Capitães no meio animando
aosfolda'dos que vão em ordem difparando cada fileira
de
per fy contra outra do inimigo atacando fempre a poluo
ra cõ a vaqueta, que faz maiseffeito.
ir Em todo efte tempo os
que durar aefcaramuça ,
,

mofqueteiros eftarão atirando contra o efquadrão, Se^co-


mo os arcabuzeiros deremtres cargas fe tornarão a por as
Companhias em feus poftos,8c os Capitães das mangas fa-
^becedâYio militiv.
faÕ outro tanto. E feito iftofe tornarao a feus poftos, St
SargentoMôr mandara calar os piques terçados nas mã<
encoftados ao peito como fica dito , &
dar tres ou quatr
paífos c 5 elles auante, &
logo outros tantos atras, pera
ie veja que fabem arremeter,& retirarfe com ordem.
i2 É logo o SargentoMôr mandara amarar os pique
8c que todas as armas de fogo dem hua carga, com que 1

dara fím a efte paíTatempo.que ferue de exercicio:£t cor


ifto poderá o Sargento Mor desfazer feu efquadraõ pell
modo que melhor lhe parecer^como adiante fe dirà.
Difpufemos efteTerço por 12. Companhias»
Sao portados 1502.
Afaber. Piques 420,
Guarnição 22 o*
Mangas 462.
De Companhias de arcabuzeiros 300»
Mofqueteiros 100»
1502.
o Proua. Duas vezes doas qnatro, & dous,
420 20 que ftcaraõ encima por partir 6 .
2 _o Contafe agora o principal, & bo«
4 taõfe os noues fora, 8c porque efte
nao tem maisquefeisp0nha6.de modo que deftas
duas contas noues fora ficao 6. de cada hua.
6
6
20

20 20
Quadro de gente. ^5
de gête baftaria, poréfa-
|-*Eito hfi efquadraõ quadro
maisfacilmete fe habilitara na eo
H algüs tr.ais.porq
rei
8t fazer; q meudamente fe enfi-
L ta ocj a quizer faber,
fua pratica comofe te ferto nos
ará em cada efquadraõ
efquadrões ate' aqui.que
he o_q mais conue; & agora (

.aís
de gete.Sc logo arreo deftes
formará no feguinte quadro
o terreno o permitir, &ar-
figuiraõ pro!õgados,8tcomo
o deftes feraó de quadro de terreno, q he o perfe.tospo-
efpecialosq te centro.q heomeio
he efcuraa cõta em
defarmados,ou arcabuzeiros em feü lugar, Sede-
; piques
de piques defarmados.&co
sfitode bagajê,& guarniçao
frÓte,& lados, q fortifique de
larniçaõ de codbllettes por
>rte ó todos pareçaõ
armados de fora, 8t a arcabuzaria, q
fe poflfa tirar fempre quado fe
H em depofito no centro
ella fem difeopor o efquadraõ, q fcp
íFerecerpeleiiar có
2 contas mais efeuros, poíê faofortifsimos, & outras h*
m cruz,&- triângulo, meia lua, & &
em coroa tendo glo-
sso.coflbllettespera
d,& em cadahü fua conta. Aqui ha
Ite,& pera a pronta defta conta de quadro
de gente naõ ha
não multiplicar por fy mefmas, & juntar-
as fileiras q faé
ieo cj fica,8t fobejaraõas&béfe pode fazer a proua dos
maisbre
porõ eu tenho outro modo de proüa defta cõta
efta àej.Sc?. &amoftrarei em
feu
2 ,& maisfumariaq
iganfaõ sso.coífolletes-

02í> f
3*
990 I
31
361 \
'roua. 3* 31 31
í
J1 ( .
1

31
939
2. U
99 o
Abecedario militar

Quadro de gente com piques defarmados.


Azíe hú efqmdraõ corna fe figura adiante

F gente de i f 18 j\foidados,os tfooo/delles


formados com fôs os raorrioesíque osfaaõ de
nao tem outra arma defenfiua, & 918 r.eoíTolleces
quadro de
piques de-
leuar 5
cóos
,
quais fe guarnecem vanguarda, & retaguarda,
& os lados,
& ncao no centro os piques defarmados,que todos parece
armados de todas as, partes, que o inimigo o vir:
fazfe a fsi:
ciraíe a raiz de todos i yi 8 .juntos,
f que vem a íer 12,3. filei
rasdea 1 23. Toldados, Sc ficaõ f^.coíToilettes pera
guarne
cer as bandeiras, eítes > õ.fehaõ de abater do
numero prin
cipal,& ficaõ 1 ? i2p:deíics fe tiraõ os ^000.
piques defor-
mados, cora que fe foz o quadro do centro de
77. fileiras
de 7 7. Toldados, & ficaraõ 71, que entraraõ em hua
de cof-
lollettes vitima dos piques deformados^queaísi
vem bem,
& reífcaõ 91 29 .coíTo!ietes,com que fe guarnece por todas
as partes vanguarda, & retaguarda,& lados a
23. cofiallet-
tes em cada fileira, & ficaõ como eftà dito 6
$ coífoliettes
.

pera as bandeiras. Armaííe afsi,a fronte de a 123. Toldados


coíToilettes cada fileira em 23. fileiras, de ir. em 11. cada
troço foõ 2 ^7. fileiras, & dous Toldados coííòlletes mais,
q
entraraõ na vlcima füeiradfto encomendado a quatro Ca-
pitaescom Teus Sargentos que os ponhaõ em ordem Sc
, ,

guiem os Capitaés, &defta m meira fe meteraõ os que qui


zerem nasprimeiras fileiras, & o SargêtoMòr como puzer
a guarniçaõ do lado direito efperaemfronte doefquadraõ
os piques como vaõ os Capitaés, os 3. delles a ^.fileiras,
& o outro de 6 .Sc dons Toldados mais,& o primeiro, que
chega vai conforme eíli a guarniçaõ de arcabuzeiros,en-
coílaodofe aella, 5t o Ajudante corta pellas 23 .fileiras co-
trapaílmdo fempre fobre o lado efquerdo & acabada a
,

fronte virão outros dous Capitaés com tantos Sargentos


[omojeformaÕef(juâdroes. <56

topar côa frcnte ar-


h propriaforte queos primeiros&até
outro a.,por cada
t tro-
»ada onde leuarà hú «.fileiras i_coffol
dos piques defarmados fao 77
i
•o queatè o fim
etcs; Sc logo arreo
vem com 7 Capitaés & santos Sargen-
.

tos de a ii por troço,


que feraõ 77 fileiras, 8c 77 .folda
.

ef.
3e piques defarmados,
que ficaraó no centro feito feu
fez o lado direito, fe guarnece
auadrtõ, & arreo comofe
com dous Capitaés, 8c a retaguarda conforme
} efquerdo
8e chega a guarniçaõ de arcabuze.ros dcdad
-

i vanguarda,

•fauerdo.Seficatà concluído efte


efquadrao & com elta
:

efcripto aos Sargentos fe con-


órde , que fe ha de dar por
cerraaporta aos preguiçofos,&n^o
clue facilmente, & fe hus
ue* fe fiàça como coufa de tropel , & bulha cruzando
acaba. As bandeiras irao de
fobreos outros, que nunca fe a fron-
com que fe guarnece
retaguarda doscoflbllettes,
em branco a rua das. baodei
&as «.fileiras delles deixe
te
os feus põ.coflòlletes, que fobeja-
ras,& ellas haõ de leuar
ficaraó 14 coffolletes em
cada fi-
caóem cada lado 28. 8c -

faz os
leira de cada parte, U em tanto que o efquad rao fe
eftajn
mangas foltas
Capitães de arcabuzerros com fuas
com piques no efquadrao,
apercebi dos:& feus coífol leres
com os Capitaés, que
os mofqueteiros em algum pofto
&
os guiarem ; que ondeha
tantagente pera tudo ha recado,
a arcabuzena que
& Òfficiaes 8c fea occafiaó o requere,
••

:_porem ondeentrao tantos


fobejarfe repatte em mangas
fobejar, 8e em nenhum
piques defarmados poucos haõ de
fer perfeito outras ar-
efquadraõ fe ha de confentir pera
mofquetes: eítes arcabuzei-
mas que piques.arcabuzes, 8c
em depofito pera os tirar cada vez
ros fe metem no centro
fe defcompo-
que feiaõ neceífirios, fero que o efquadrao
hafte curta, nem mo
nha ; quealabardas, 8c outras armas de
feruem fenao per
tantes ccmo os vfaõ outras nações
na.o
íem proueito. Sc an
eftoruar.êc encher o Campo de gente
efquadrao pera ne eu
tes enfraquecem que fortalecem o
Abecedario militar
ík de bataria ? Sc cm parce fó de per fy faó bons.

o oo
OOyfjé 1171
*Si 8f i*j 6000 77
j

?**«! 747

®4
42
II
*6 CoíTollettes,

6000 Fiques defar

^12^ CoíTollettes.

Quadro de gente com volante.

O Ffereceííe marchar porhua Pronincia fofpeicofa,


1

& occulca, que não eftà reconhecida, Sc fe tem


noti ciar que o inimigo campea por ella.querfe af-
fegurar, Sc reconhecendo com tirar hum troço ou fa-
ir ,

lange como quizerem chamar de dezoito fileiras de a


lhe
noue foldados coflblletes cada hua , pera dar calor a hüa 1

Companhia de arcabuzeiros folta, que irà marchando, ÔC


reconhecendo a terra duzentos paíTos diante do volante,
o qual vay guarnecido pellos lados com arcabuzaria de
tres em tres. E quando o inimigo der de repente, o Ca-
pitão de arcabuzeiros o ha de (ocorrer Vv.S^ feita fua o*
brigaçaõ, fe retirará à guaruiçaõ, que cair á parte, qac
recebe
[ omoje formão eftjuchíroes . 67
chegao refto do
ecebe osarca.buzeiros:8dogo
pode o terreno o fofre,& vem foiman
3 mais perto que
fe
9-& trabalha por o receber,
que
do como m ircha de s>em e ° "
ou que o volante Fe entretenha 1

ifsi o ha de Fazer, 6C
virar Jamais as caras
mieo tem chegado às mãosFem
,

Fe haõ_de retirar
aonde
Saf SoiçSÍs de arcabuzeiros
o
& a, do efquadrao ««bem pera
eftaõ°as do eFquadraõ ,

Fundo pera que as outras fiquem


em Feu lugar, & o volati

receber do efquadrao Fazendo fe 3


e fe vem mltendo ao
.piqaes(comoftvera^^do)
partes cortandode 3 .em 3
L entre pello lado, que mais amao fe acha do eíquadr o
fe retire pera _ai
comfó que a arcabuzaria daquella parte
que d‘outra forte fa-
fe encaxa em feu
lugar:
xo & por ali rompellos.a o mim.go fao
cil coufa feria embaraçarfe, &
a piques colIbUettes, & faem „.Btens na^uete
dos, & quando feformar parametej o volan e
voiaote, que ve
rà mais de fí. por fileira.porque coos do

eFquadraõ pode me
8
'ceando medir o terreno pera fazer
dir as guarniçõesdo numero, que for de 3-mt
oferece® fino,
fiíeSinda que melhor feria que fe lhes «guarnições SC
que os coflbletes encheíTem o terreno, &
toda a arcabuzaria íe metefle
em foflos, val do ?’ *
feguros.K
^
pudelTem offender
X*'
p melhor
,ros onde eftiueflem
do efquadrao»
ao inimieojfaiado cõ acouta
o ?4
Arcab» Piques» Armad. 0400
•2216 5*4 H
í°4i
i 54

oj
5 4
Abeceâario militar

Efquadrao por terreno condemnado.

Vandoquizer fazer hum efquadraó, que o terreno


condem ne agente como ha decaber, meça fem-
pre de madeira, que lhe caiba
a mayor fronte, 5
- , P“der,8tfeleuari70ó.coíTolletesemfeuTerco
,

&felhe offerecer auer de fazer efquadraó


detles emterl
reno que heeftreuo de fronte, &do
fundo comprido, me-
ça a fronte com feu paíTu de tres peV
que o ha de ter muy
curfado para de veras que para de
: prazer naó importa: 5
o fara como lhe parecer, de forte que
cada paffo ferà de
tres pés, que ocupara humfoldado de hombro a hombro.
Efte terreno tem de fronte 7 r pês quefaó
, a^.paíros.Sc
tantos foldados cabem: parta com elles os iyoo.coflbllet-
que dhefairao áS. fileiras veja quaõ
tes,
facilmente fe faz.
Por íflb nac vai o huro de Aldea nada
>
paraa conta, & con.
uem aprendera contar: & aduirtao Leitor,que
dizendo
nefte cafo.paíTe.entendefe de tres
co, que he de cmco pés. Todos
pês, & naõ Geometri-
os efquadrões fe deuem
desfazer por onde fe começàraõ , & também por onde fe
acabaraõ.fegundo o fitio fe lhe offerecer,faõ lyoo.coffoU
ietces.
<58
(jomo\e formão ef^ua tirões .

mu :n .ru

Outro e or terreno*

outra occaíiaõ rfnde efíe terreno he o


J
em
A
jâ Chafe
contrario do paífado largo de fronte , &
que ha
delar-
JlTL rnifte* oecupalo como dizer tem 24o.pès
go que faõ 8o. paffo$,& naõ tem mais de dous
}
mii & oito»
occupar todo faloha facil-
centos coíTolletteSíôc o ha de
:

poreni
mente, porque á própria regra tem, que a psíTada,
quam fácil he o naõ achará no Numerato,& he neceílario

faber iíto-.porque cada dia fe verà


nefte trance, & fazendo

efta conta peito terren ohe g alante, & de prouéito.

yj

o 80 i 1 í
; •’

r
rr r.

040 -

-
.

2800 3 5
3 í 35
800
8
-7,
•' '
0 H 80

Proua õo
““
de 7.
30

1!
i
4
Para
Abecedario militar
Para fozer aprouanaó ha mifter ado 9. ne 7 .fenaõ mul-
tiplicar as fileiras como faetn cõ a froace fempre o menor
cõ o maior, 8c juntarlhe o que creceo na tal partiçaõ, Sc fe
ajufta eftàbem, porem caõbeai íe farà de 7. que hemilhor
que de 9. & mais firme.

Ara onde íerepreíentio muitas tropas decaualloshe

P forte, ôc perfeitoefte efquadraõ


facil
bem proueitofo, Sc
quero forinarque he muy forte por todas as par
ces, Sc eílará guardada a bagage, ôc arcabuzeria que fobe-
jar,8c toda ella poderá offender ao inimigo ha hi grande
,

cantidadede piques deformados nefte exercito, que fe co


briraõ de coíTollectes no centro de cada quadro 8c toda a ,

gente moftrará íer armada:porque como tenho dito outra


vezo pique deformado leuarâmorria 5 , 5c fefoíTe etnBer-
beria o pique feco he eílremado pera dar alcance ao íni- 1

migo roto, 8c pera com arcabuzaria fazer diligencia de to 1

marhü paífo,8c focorrer algua parte com


prcfteza,ou pe-
ra algüu corredoria pera trazer baftimentos ao Campo: Sc
o Sol o niõ oífen de como ao coífollette,emjefFeito he boa 1

arma pera cais partes, Sc pera todas como aqui fe mete em


eftes efquadrões, ôt fem ellas fe naõ deue fazer jornada, Sc
á necefoidade fe lhe podem dar arcabuzes pera crefcer o
efquadraõ, ôc aos gaftadoresjque também faõhomes: que
afsi ofaziaõ os Romanos, 8c cambem hagratn quantidade
de mofqueceiros,que faraó na cauallaria do inimigo grau
de eílrago, ainda que os Mouros Pelentinos peleijaõ a ca-
uallocom efcopetas compridas porem melhores foo os
,

mofquetes, que tiraõ de feguro, & debaixo pera cima cõ


gran ventagem de forte que em todo o exercito ha pera
:

meterem ordem 9^5-0. foldados, os péf^.coíTolIeces, 5c


1

ioooo. piques defarmados, Sc pera guarnições, 3000. mof-


queteiros,
Modo de fâ^er efqttâdroeu 69
q«e fe ha®
juereiros.quc bsftaraõ, & 7 ooo.arcabuzeiros, 1

6
3emeter em depofito,em todos fao 1 9 * j
Ha de efquadrao em Cruz como
os, & mofqueteiros
fer

iftâ
.

dito, 5c no meio hum quadro,em


que caiba a Hg»
fc arcabuzeria , & a
quefobejar feguros lu §^® 5
le pode ofFeo^er ao inimigo
pellos lados , q c £ caca^
ibertos, 5c eftàfegura,5c íe tirará
quando ^r mifter^tc
iba conta que ainda que as caras de todos eiles E
pera onde for neceíiar >
•a hua parte fe podem virar
*0
guarnição daquella parte fe retirar pera
tras»
*?Jv r.
queafsi fe deue ta
cninhe pera diante dando meia volta;,
ser, &
ficara o efquadrao fe quizer
com 4. caras, te Jl n
nao
fejaõ mais abertas peraemBerberia
1
as fileiras ^ ,

ca*.a artelharia aonde quizer apode por, & tam P


os demais
irmarchado efte efquadrao profeguindo como
c -
em meio de todo o exercito o que eftà era depoíico; htf.
da quadro co hua cabeça, 5c hü SargentoMor em cada
efquadrao
Fazfe cõa facilidade q hufô,fobejaraõ em cada
i4.co{rollettes cabem a cada hü 4914. foldados, em todos
faõ 9656. pera armar de piques, 5c
1
em cada
mrkírmf»fi=»troc. Rr rrtda a crente faõ 296?6* loldados»

70

70 Qvadrt
zAbecedario militar.

Quadro de terreno perfeito.

T Enho moftrado
droes quadro de gente , & condenados
a ordem, com que fe formaõ efqua-
por medida
de terreno, de que adiante /e feguftaô os
deterreno.que d.zem algfis Autores que he mais
quadros
perfeito
que tanto occupa de peito a efpalda , como de
bombro a
hombro porque : & oito foldados por fileira
Ieuarâ trinta
que occupao cento & quatorze pès & de fundo
dezafeis ,

fileiras, que occupao cento & doze pês,


& mais o terreno
das bandeiras, que ferà em tudo cento & vinte
& feis pès
de peito à efpalda. A conta defte genero de efquadrao

mais difficultofa, porem eu a praticarei de modo,
que fe
entenda bem. Figurafe que faõ feifcentos
&dezanoue
coflbllettes multjplicaõfe por tres , & o que
fte fe parte
por lete,8tfairao duzentos &feflenta & eincç defte fe :

tirara a raiz, & faõ dezafeis fileiras: cõ eftas feparteoprin


cipal, que faõ feifcentos & dezanoue, & fairaõ
trinta Sc
oito foldados por fileira , & fobejaõ onze pera guarnecer
as bandeiras-
619 O
i 3 09 Dos 9 que aqai fobejarao nao ha qae
*
fazer
iSj7 26$ . 16 cafo.
126
00 38
432 Oi
iSs 7 131 43 16
16
2 6$ 6 19 38 23
i 66 3 38

Kíla he-a proua dos 7. porem melhor he multiplicar as


fileirascõos foldados como dizer i$.a 38. ajuntarlhe os &
onze que ficar aã, ficará certa.

Outro
Adododefazyr ejqmdroe!. 7o

Outro quadro de terreno.

conta com muita facilidade fe fa-


r> Abido o eftilto, Sc

^ rà todo o efquadraÕ,8c pera que


ícr eurioíb melhor entenda a
o Leitor, que quilec
conca, me nao cantarei
ôc também o eftillo pera
le a en finar em cada efquadrao,
melhor na memória
acilmedte o fazer , que afsi fica
,

crabalhojtemos ajooxoffolle-
)era efte efFeito tomei efte
como eftá dito, 8c o que lair a
es multiplicados por tres
fair tirar a raiz, q
nultiplicaçaõ partir por fete, 8c do que
8c feraoos qu
eraõ fileiras, 8c c5 ellas parta o principal,
8c do que o-
dali fairem tantos foldados por cada
fileira :

calo enao
bejarde todas as partições naõ ha que fazer
íeis pera as bandeiras.
defte,que heo principal,8c,ficaraõ
2300 OO 74
3
oi 3 £
6900 2300 74 31 3 1

00 3 1

«nr 3 74
6$ OO
f4
98 S 74 34 Froua em todas.
4
74
2226
23OO

Vemos outro quadro àe terreno com centro de


,

arcâbti^eiroSyOtt de piques defarmadou

de
Enbo 9000. foldados pera formar hum quadro

T terreno, Sc ha nelles 4200. piques


fehaõ de meter no centro cubertos
defarmados: eltes
de coffo.etes^
?Abecedario militar,
4800. faõ cofiblletes,6c 420o.piques muítiplícafe
5c os
a :

numero junto por 3. & parte por 7. 8c faem deita parciçaõ


38^7. 5c daqui fae a raiz com que fe parte os 9000. faem
62. fileiras, & com eíta parciçaõ faem 4?.foldados r filei
p
ra, Sc fobejaõ 10. para as bandeiras , eftes 10. fe abaixaraõ
dos pooo. do principal, 5c ficaò &990. 5c Sduirta
que lhe
nao eíqueça eíte abater o que fobeja porque
nunca fará
:

conta certa, ôt eítes haõ defer coíTolletes, de forte


que a-
baixado os 10. que fobejaraõ de 4800. coíTolíectes
ficao ,
47>>o. eítes fe muitiplicaõ por 3,5c fe parteaquella multi-
plicação por 10: porque com eíte numero mais que com
outro^ Porque fe haõ de guarnecer os lados, 5c fe tomaõ
os 3. pés, que o foldado occupa de lado,Sc os
7 ,que occu-
pa de peito, que faõ ip.ôc fabio deita parciçaõ de
10.1437.
eítes fe partem cõ as**, fileiras, 5c faem
^.foldados,- que
fe repartem nos lados j no direito como
mais principal 12.
5c no efquerdoos onze, que íaõ tantosíoldados
por fileira,
5c ficara o irdeíta partiçaõ.ôcdos
47S ode abaixaõ os 1437
>

queja fícaõ occupados nos lados, Sc ficaõ pera vanguarda,


5cretaguarda 33 f 3. a eítes fe ajuntaraõ os 1
1, queficaraõ,
& íéraõ 33^4:eítesfe haõ de partir com 122, que faõ oref-
todos i4f.foldados por fi!eira:porque os 23. que vaõ a di-
zer neíte numero íaõ aqueíles dos lados, 5c cornos i2 2.íe
partem os 3364,6c íaem 27. fileiras de a ^.coíTolletces as
i4.pera a vanguarda, 6c as 13. pera a retaguarda, 5c ficaraõ
7o.coíibliettesj quefe jnntaraó cõ os 4200. piques defar-
rrudos, 8c faraõ 4270,5 eftes fe partem pellos 1 iz.por filei-
ra 5c falta de occupar o cétro, 5c íaem f. fileiras de a 122.
3
folJados (como fe verà figurado) 5c nao falta, aem fobeja
mda: que por hum queouuefie de mais, ou menos ferà a
conta errada ; agora falta oeítilo de armar eíte efquadraõ,
que naô declarar fe oaõ aaerà féitp nada em o auer
fe fe
tiradoporcontaíém o dar a execução conuem que pri- ,

meiro íe arme aguaru.iça 5 de arcabuzeiros,ou mofquetei


ros
Modo àefáZM effuadroei. 7t
achar no fitio-.que fe
ouner
ros do lado direico fegando fe

que ajuda muito, Sc a falta diíTo


bem
caria nelle,
direito, entrao logo os
guarniçoens, Armada e-fta do lado
fileiraspera a fronte de
piques de coíTollettes de quatorze
a treze foldados por fileira,
dous mil Sc trezentos íbldados
por troço, ou falange, que laõ
cenwS dezafeis fileiras
nifto repartirá tres Capitães
com feus Sargentos, que ca-
fileiras.Sc íeu troço, &elle
da hum guie cincoenta Sc duas
fileira, 8c feu Ajudante ha
efperarà na fronte da primeira
fileiras, Sc que fe va paíTando a-
de cortar pellas quacorze
elle fempre cortando te
dfantefobrea mao efquerda , 8c
acabar, Sc outro Capitão
traràoucro troço de doze coflol-
letes por fileira em trinta
Sccipco fileiras pera guarnecer o
eftar os piques defarmados.
lado direito atè aonde haó de
piques defarmados com quatr o Ca-
Sc arreo vem todos os
quatro troços de oi-
pitães de treze em treze por fileira ,

leuara feis foldados mais,


tenta 8c duas fileiras, Sc o vitimo
defarmados em feu lugar, em os quais
& ia ficaõ os piques
iraõ os fetenca coíTollettes,
que fobejaó das guarniçoens,
gc logo outro Capicão
chega com feu troço de trinta Sc
pera o lado ef querdo,
cinco fileiras de onze coíTollettes
8c arreo todo o refto
dos coíTolletes , pera encher a reta-
guarda detreze fileiras de cento Sc quarenta Sc cinco col-
fallettes, Sc chega a arcabuzaria
da guarniçao do lado el-
querdo, com que fica tudo pofto em fua ordem acabado,
efquadrao.
Sc perfeito,& adiante fe figura efte

5>0O0
£Abecedario militar.
9000 O 0
3 3IO 0400
242 14370 1437
27000
382 10000
000
9000 III
064*1
6222
27000 01
66
1 38*7 9000 0191
o 1437 *3
IO 622
0213 I
6
38*7 lc* 8950
62 \

4200 4790
12 *437
4790
33 f 3
6é 4790
3
60
€> 14370

33 n 4200
ii 70
14
1
Hf
3364 23 427°
12 62
ii
r 3 s

13
07
0920
3364 27
122
00
061
'4270 3f
1 1
1222 I 212
HS a i I I

Neílas contas fc as letras, & cifras por ef-


nam fac com
crico como nas outras: porque feleuaõ dc memória.
Modo defâ^er ejquidroet. Ji

Quadro perfeito de hum {o T erço.

Azfe hum efquadraõ quadro de terreno de fó hum


efquadraõ, co
Terço pera peleijar efquadraõ eotn
F fua guarniçao, Scquatro
:aria pofta em lugar, queeftè
mangas foltas, 8c fua mofque-
maisacommodada 8c me- ,

lhor poflà ofFender o inimigo, fao


tres mil infantes de hu
coflbllettes co os das Co P â “
hia *
Terço, os mil 8c duzentos
mofqueteiros , mil 8C
le arcabazeiros , cento 8c oitenta
eifcentos 8c vinte arcabuzeiros :
íaem vinte 8c duas
leiras de* coffollettes a cincoenta
8c quatro , & ®
bandeiras , 8c
ao vin
dons que occuparâ a fileira das
de arcabuze.ros, 8c io-
quatro pera a contadas guarniç5es
coflollettes. q_
beiaraõ pera guarnecer as bãdeiras doze
do efquadraõ, que he as onze fi-
fe meceraõ ellas no meio
troço as que coub r ,
leiras, Sc vaõ as bandeiras com cada
8c com o primeiro que feràamão direita feis coflbllettes
pera a guarnição delias, 8c com a vitima parte delias opro
prio-.porque fe faça de húa vez, 8c ha
de eftar ^Ajudante,
no lugar das bandeiras p
ouhum Sargento aguardando
foldado que não entrar nos tro-
que não paíTem daly, 8C o
armas doura as,
çoSipofto que fejamuy principal com
retaguarda,
com feu pique de mil palmos , fe fique pera a co
fe apertara
fem mais replica, qüãtomais nobre roais
occafiao e nao
elle pera exemplo dos mais: que
nefta
e ua °nr z
nhecem amigos ; que aquelle não he amigo
com eftarefo uç
pois vem a eftorualo em tal tempo, 8c ^
umacu
todos o conhecerão,que não perdoa, &
cada ira,

muitapre eza,
ôc em huahorafarà oquequizer com
fua bandeira as
Alferez que andar em o tal tempo com a
reprehenlao gran -
coitas cruzando por entre as outras
vozes que
que não he tempo de quebrar a cabeça com ,

fe e e a
he meter confufaò fenaõ muy àfurda, porque
zcs.
< lÁbecedario militar.
z es, & o outro refponde pera dar fua defculpa taõbem di
vozes, afsi nãofe entende. Em
cada guarniçaôentrão cec
to & vinte arcabuzeiros , em cada manga foi ta trezento<
& quarenta arcabuzeiros,ainda quefaõ muitos pera ferem
bera gouernados, mas fofreífe efquadrão com efquadrão,
&os mofqueteiros emfeu poíto, comofe figura adiante.

1200 002 O
Oi 32 13O

3
360 O p4 11
21
i ?
3600
242 3
OI SS
0102 *3
1200 4? 3
222
Z

1
H o Mofquetes^

zz zz
0
00

14 1 1

i i

Rmo agora aqui hum efquadraõ, que pera Berbe-


ria he eítremado, porque com a ordem daquelles
barbaros coftumaõ cingir 8c recolher o inimigo
,

dentro em fua meia Lüa , 8c efte freo metido por todas as


partes tem defenfa Ôc em lugar do forte fe lhe meterão
,

carros no centro fem animais, que eflem em ordem, St a


mofquetaria, Sc arcabuzaria emcima atirando ao inimigo
de
Modo iefâzer efquadro ei. 73
efta coroa le
rle fe®uro,
que ooffenderá grandemente •

que o como fe ha de fazer ja e£ta


desfará da recaguarda ,
fe figura.
dito atras, 8c adiante

'Temos outro ejquadraÕ àe


meia Luaforte
com /uaguarmÇaÕ.
meja Lua em or~
Enfe por difficultofo formar húa

T facil com medir o fundo da


fefarà, & ferâ de grande efFeito
volta
que
com
cerca
fenaomm
dem de pelei ja com piques, o que naohe paflo,
feu
grande
,
q
lit.o

tem oito mil pi-


quando fe offereça colhe tudo abraçado,
ques, com que o fazer, 8c o
terrenooccupa em oda
[ J°°*
pès.que faõ^.fotdados a 3. pès cada hum de
elles fe partem os oito mü f°\
dadoS ’
hombro , 8c com Jf
fileiras,Sz fobeijao 3
2.foldadosj>en*
faem quarenta 8c ono
as bandeiras. 4S

003
O
8000 48 8
\o
1 666 '

vo
cn.
16 ti

6
Manga, 1 66 Manga
Jbecedario militar

'Temos outro ejquadraõ prolongado.

O Vero modo de formar efquadraõ prolongado pou


co forte, Scdeclarafe a razaõ porque he de front*
eftreita,jque t§m dous ,3. terços mais de fileiras c
de íoldados em cada fileira, 6c de terreno 622. pês de fun
do mais que d© fronte : eftes coftumaõ fazer os Alemãe<
de ordinário , Sc eftaõ em grande erro , porque fe he eir
campo largo, que juftamente naõ occupe o terreno com
a fronte Sc peieija cõ o efquadrao de graõ fronte he con-

demnado,5c degolado por muita gente que tenha.- porque


com toda a gente, que fobeija ao de graõ fronte mais que
aquelle,que occupaa fronte do prolongado feguea inue-
ítir peilos lados: que naatem-mais defenfa o prolongada
quealgua carga de arcabuzaria defuas guarnições, que he
coufa de pouca, importância , Sc chegado âs mãos com os
piques do efquadrao de gram fronte o Jeua do primeiro
botte,& fua própria arcabuzaria damnarà feu efquadrao,
quanto mais que as duas guarnições de arcabuzemos do ef-
quadraõ de gram fronte fe a larga õ adiante, 5c daõ a carga
peilos lados ao prolongado , Sclhe he forçado que cale os
piques por todas as partes, & pela frõtehe logo enfraque-
cido de forte que muy gram ve n cagem lhe faz o de gram
fronte, que he forte, Sc firme. Neíle efquadraõ fe haõ de
pôr as bandeiras em duas, Sc tres fileiras com duas fileiras
de piques em meio Carriaõ folhas iS.3c 1 9> verf. Mendes
44o.verf. E diz mais o Capitaõ Pardo que a mofquetaria
em hum bom pofto folhas 8. Aguiluz folhas 8 8. verf. ÔC
que efté defronte do efquadraõ folhas 9 S- verf. & kuis
Mendes diz o mefmo na Primeira Parte folhas 1 n- verf.
como fica apontado em outras partes faõ 34oo.coífolletes
mulciplicaõfe por tres, 6c o que fie partem por noue, Sc
faem ii 33,6c daqui fe tira a raiz, que faõ trinca 6c tres foi-
dados
Modode fager ejquadroes» 74
u j 0 s por fileira, 8c cÕ elle parte os 3400. do principal, &
fobejouhumfoldado.eomp adiantei*
Lem 1 03 'file iras, Sc
rerà.
3400 o
3 0244!
•11 33 33
10200 3*3 1

000
o
01333 OIOI
) 10200
3400 xo|
11 33
3333
i S
33

$$ Prouados7»
S

T emos outro efquadraõ de gramfron -


te,que tem a me/ma conta do ejqua-
draõ acima , de modo que je elle tem
Joldados por fileira, &• 10 filei-

ras donumero acima, no q fao $ 400.


Joldados em efquadraõ de grandefro~
jendo 10]. foldados em cada
te ficar aõ

fíeira,que jeraõ 33; &nejle parttcu*


lar de formar ejquadrao de gr amfrÕ
te tem a mefma regra, que atracado
0

como efíà dito , naõ ha pera que


mais c arfar niflo.
Tmo>
Abecedario militar

*Temos outro efquadrao de quadro de gente ar-


mada com centro de arcabugeiros, me pareceo
\ujlo fair com elle-, que nejle ‘Rgino be

mui necejfatiofe vfe':

O Qual fe formará com muita facilidade fe tiuermos


6zf. piques, Sc entre elles ouuer defarmados 289.
Sc armados com coífollettes 336. Armafe efte ef-
quadraõ tirando a raiz quadra de todo junto: entaS fe tor-
na a tirar a raiz quadra dos 2 89. piques defarmados, que
fazem iy.fileiras de frõte J & outras tantas de fundo, Sc nao
fica nada. Agora fe ajunta efte numero cõ os 3 piques
armados,que naõ fazem fenaõ quatro fileiras, que guarne-
cem todo o efquadrao, Sc fazem o numero cabal de 62 y.
fiques, em que faem a ay por todas as partes.
o 00
200 140
6z$ z%9 x7

2 5
1
7
08

7“ emos outro efquadrao dobrete, que vi formar


nejld Qdade ao SargentoMòr de T>om
Miguel d /limei da , que be
c

Domingos d‘Ohueira.

Vltiplicafe a gente, que ha pera formar efte ef-


quadraõ por trinta 8c dons Sc do que fair tirar a
,

raiz quadra , Sc do que fair partir por oito, que


fera#
Modo de fá%er efquadroef. 7$
eraõ os foldados , &ifto
mefmo que fahio da raiz quadra
ornalo a partir por quatro
qus feraô as fileiras como
,

iqui fe moftra : cenho

34° o 064
32» 10880
104
68 o
1020 220

10880
o
o 020
020 104 2$
104 13 44
88

A folhas 65*. outro modo de proua nas


diíTe moftraria
facil, 6c breue:
redras de tirar a aaiz quadra,que he muito
fazfe deite modoitenho pera tirar a raiz
quadra
porq
000 Digo agora,que tirando os 9-de 281. ficam 3:
6c i,que efta diante
36 ^o 4 digo 2.6c 8.io.,9-forafica
1.
6c 4, que a-
7896? faò 2. & torno a dizer 2. vezes £164,
2.

281 caraõemcima por fobejo dos jSzo 8.

4 ^ Digo agora, que tirando os 9. fora do principal


certa.
acima, que faõ 78965. ficaõ 8.6c afsi fica a conta
de 5*
Tiremos a proua de 4. letras»que ja temos tirado
fummària, que
i Efta he a proua mais breue, 6c
com muita breui-
063 ha pera fe tirar a raiz quadra
ae
i ji3 dade, fem andar com tantas multiplicações
moftrado nas contas atras*
75>f4 Sc 9,00010 tenho
7 #

08 8
1 3
CA-
Abecedario militar

CAPITVLO XXIII.

Em que Je mojlra o modo ,


que fetem de efcara-
muçar na guerra com o inimigo.

<|ggrç Tras moftreí a ordem, que Te ha de terem et


caramuçar de prazer; aqui moítrarei como fe

| gyfíã ^a de efcaramuçar de verdade. Para feefcara-


muçarjifsi he neceffsrio a St conuem que o
Capitaõ que guiar os arcabuteiros feja prati-
co,&osfoldadosj:ambem, pera que com pouca perda fu a
fendo tais poíTaõ caftígar o inimigo. Conuem ter bom co
nhecimento do inimigo, pera ver fe he pratico, que no co
meço da efcaramuça veràaordem com que começa, Sc íe
he orguihofo, St fera termo, fe com repouíb, St ordem. St
comece.- St^da primeira remetida tire tres fileiras de folda
dos cada hua larga da outra finco pados', St naõcom furia,
fenaõcom repoufo deftramente. Em acabando dedifpa-
rar a primeira fileira fem virar o roftro faça lugar á outra,
que vem atirar contrapaífando ao lado efquerdo dando as
ilhargas ao inimigo, que he o mais eftreito do corpo, St lar
gos na fileira hum do outro tres pados St cõ finco ou feis
,

pelouros na boca 8c dous cabos de murraõ acccfos muy


,

toftado , §t boa carga com orefteza fempre atacando fua


poluora cõ a vaqueta, que faz muito effeito mais que naõ
fe atacando, 8t torne a tirar cõ a própria ordem. St no mef
mo lugar, porem naõ ha de parar pera atirar ao inimigo,
bufcando o ponto do arcabuz fenaõ cerrando o olho ef-
,

querdo vendo por cima do ponto tire hum pouco alto ao


inimigo direito com preíleza, que he fegurifsimo, 8t afsi
eítas tres fileiras tirará cada hua quatro tiros, St naõ mais:
& fe o enemigo fabe pouco, Sc tem algüa manga remetera
com
tsc m#-

Modo àe efcdramÇar na guerra. 76


termo: fazer por duascon
& ifto pode
com fua gente fera
que lhe farà coftas ou por
hüa porque terà caualaria
,
fas
porem efte Capitaô que os noífos guiar co-
faber pouco: ,

que o inimigo lança fua gente com orgulho,


& lem
mo vir
ou finco filei-
quatro ,
ordem defmandandofe tire outras
que ja tem efcaramuçado pera ei-
ras mais, St reyremfe as
pode melhorar co
friarem os arcabuzes, &
defcanfar, Stfe
aos que efcaramuçao; pore
orefto fazendo coftas quentes
inimigo nao no atalhe , 81
tenha bom olho na caualaria do
empenhe até fe certificar que nao tem
o offenda.St naõ fe
refrefcando arca-
o inimigo caualaria, irá acrecentando.Sc
quando muito nao
buzaria fempre cada quatro tiros, &
que tira mais deftes tiros
palie de finco, porque o arcabuz,
faz pouco effeito; porque
eftàqaente em dernafia, 8t le

desfaz o chumbo dentro; ifto eftá bem prõuado infinitas

ve 7 es,por tanto fe o inimigo fair


com golpe de arcabuza-
deixeo desfleimar,8t que fe lhe efquen-
ria a efcaramuçar
te o arcabuz com moftrar que o
teme atè que lhe pareça
,

efquentaudo j que
tem tirado muitos tiros, Sc que fe vay
entaõfeus arcabuzes naõ fazem effeito, St
em tal calo tire
tirar com prefteza,- que
fua arcabuzaria frefca.quefairà a
fe o enemtgo tem a retirada
longe he perdido ; porque a
refrefeofaz grande effeito, St acha
arcabuzaria que fae de
jnnto.Sc canfado, St afsim lhe darà
hua boa «nao
oinimigo
fçmpre arcabuzaria
chega ndolhe com a efpada, St guarde
efta dito a cauala-
de lobrecellente. St abra o olho como
querfenao fleima SC
ria do inimigo. O efcaramuçar naõ
,

efcalauraro inimigo hua


deftreza, que ferue de guia pera
conhece pera o que he. pore
vez, ou oucraiporque nifto fe
(e começou,
fempre tenha fua gente em boa ordem como
ompenhe; que eftes le coltu
que naõ fe defmande.nem fe
poremíeaCam-
maõ perder, St fer caufa de mais damno:
ha mais que arcabuzaria do ini-
p mha fe deícobre, 8c naõ
migo chegaadolhe com a efpada he perdidojporque
ÁbeceâAYio milit&r
casnaçõesaforaanoíFaHefpanhoía/, Sc a Italiana',' qaè
tem o proprio eftilio da guerra', Sc trato, Sc traje, &o
que fe diz de hüa naçaõ nefte cafo fe diz da outra
,
que
trazem efpadas , excepto os Valões efcaramuçando , Sc
Turcos que trazem cimitarra porem] também pera cõ
, :

eftes temos grande vantajem , porque a naífa arcabuzaria


leua a cabeça armada, que he gram reparo, 5c mais com.
prida efpada, & cambem fe repara cô o arcabuz queja-
mais o ha de largar da mão efquerda que he grande ajuda
,
pera reparar, 5c rebater os golpes do inimigo 5c também :

os Alemães trazem efpada efcaramuçando porem ofFe-


,
recefelhe poucas vezes porque faõ mais ageis de pique,
,

que de arcabuz, que na 5 vfaÕ mas a naçaõ Franceza ef.


.*

caramuçafem efpada por andarem mais ligeiros Sc o fa- ,

zem liberalmente 5c bem, porem chegados às efpadas naõ


perderemos com elles com ajuda de Deos- Afsi fe efcara-
muça de verdade como diz Aguilás, folhas 1 26.
Ha oppiniões que encontrandofe arcabuzaria com ca-
ualaria de lanças de rifte , 6c de gineca em campo razo,
he perdida de direito natural 3 Sctemrazaõ: porem co- ,

mo o arcabuzeiro tem pouco que lhe defpojem , 5c


,

fua arma alcança longe, 5c donde acerta naõ perdoa, 8c o


homem de caualo tem grande pontaria pera o acertarem,
6c fe lhe tmtaõ o caualo, inda que naõ dem nelle, fe per-
de com quanto tem, 5c demais difto temem o inueftir cõ
a carga da arcabuzaria que os mata
, Sc afsim os deixaõ
:

íemosprouar, nem inueftir, Sc defta maneira fe defen-


dem^ porque a caualaria naõ fe atreue a offendellos; que
fe cerrar com arcabuzaria p er d erfeh ia, Sc também muitos
de caualo bem he verdade que o arcabuzeiro naõ tem
mais que o primeiro tirofeo inuifte a caualaria porque
,
o caualo, que inuifte ja que tem paífado ainda que và fe-
rido reuolue como penfamento Sc naõ deixa carregar
,

mais, Sc fôfepode valer da efpada, queentaõ vai pouco:


porem
na guerra. í
faiodo de efcâtâwttçâr t

comp da
sorem a caualaria fc guarde dos arcabuzemos'
colhe_defaperceb.dos . oa dei
o S naó
ae ceado ; que fe
pagao os arcabuzeiro
cuidados de impronifo fe

l3
indo com íua

húa Companhia de arcabuzeiros
E fe a
com caualaria de r.fte era
bandeira lhe fa ceder encbtrar del^
reparo o Cap.tao
campo razo onde naõ ha nenhum
a modo
deue fazer cotn fua gente hum O.
bandeira, 5c rodeala emrodad®
no meio delle meter fua
arcabuzaria ocdenadi P
feus cofibllectes.SC toda fua
feus mofquete.ros juntos
pria forte por fora em roda , 8c
onde a caualaria rnav
a fy,ou na retaguarda, ou rnrDC>
e 1
remeter ; elle aaó fe ha de
de cerrar, 8c
da arcabuzaria mais de tres paCfos
8c to *
Jí.
,
errada da
r
^
forte que fe fique lugar a cada
hum pera menear feaarcca
«lane.ra porqm,
bnz.&fea Alfereza pé, 8c naõ deoutra
:

lle om “* ’

o foliado vá com maisammo, 8c ?


na mao £
eftend.da quantc^pu-
feu Alferez com a bandeira
comosCabo.de q -

der, 8c o Sargento na retaguarda


mais práticos, 8c caminhar
a si
dra.Sc arcabuzeiros
caualar aqu,a •

lher hum reparo onde fe poffameter.que a


do muito a rodear por rodas as partes
tem re ofta qae
fempre fe lhe ha de atirar algãs tiros
com
que fe lhe derem rumada n»
pera que eftejaõ de largo ,

elles, Sc com
efpera elle mais pera cerrar com
i

encomendarfe a Deos caminhar fem nun-


&
mais fenaõ ,

fera cometido da cau£


ca parir; que fazendoo afsi , nao
cer ao larg , „
laria; que os mofquete.ros a faraó
da, que alcauçaõ muito, 8c
mamo aquatnocentos paffos
efpantao de mane-
humcaualo, 8C quando nao mitao
:

de fegnir fua viagem P *


ra, que com efta ordem ha
,

de leuar meia duzu ep- oi -


todos os arcabuzeiros haõ
acefos , 8c com cra-
ros n a boca, Sc dous cabosde murrao
uo feito. r\*
zAbeceJario militar.
Os fobrefaltos repentinos de
embofcadas foem fer pe-
rigoíbsmaiormente fe quem os recebe he pouco pratico,
& a gente naõ curíada na guerra, Sc pera eftes eíFeitos on-
de ha fufpeita que pode auer perigo, ofuperior detie de
mandar por cabeça peíToadeftra , que feja de peito ani-
mofo, quefaiba fofrer, 5c reparar a carga, ^ue repentina*
mente fe lhe der,£c fempre ha de ir fobre fy com cuidado
em partes fufpeitofas, Sc fe leua alguas bandeiras a feu car
go nomee dous Capitães muy diligentes, Sc deftros, pera
guiar cada hum deites hüa parte de arcabuzaria em van-
guarda, 5c retaguarda, & que cada hü deiles va muy alerta
tendo olho nas diffículdades debofques, montes, barran-
co.; porque fe o que vay de vanguarda naõ defcobre o ini-
rnígo ôco deixa paífar efpera fazerfeu efFeito, Sedar na ba-
5

talhou na retaguarda: Sc por tanto he bem que o da reta-


guarda vâ também alerta, Sc cada hum deiles feparado do
corpo da mais gente duzentos paífos , Sc mais haõ de Ie-
uar os piques fua guarniçaõ em vanguarda , Sc retaguarda
de arcabuzeiros, Sc mofqueteiros,Sc fe na arcabuzaria fol-
ta, que vai defeobrindo der embofeada ja fevè fe he caua-
laria nas trombetas, 8c fe he infanteria, nos arcabuzes, Sc
atambores,& repare logo feus piques, fazem alto, Sc fe vir
que peleijaõ cõ a infantaria focorra com mais arcabuza*
,

ria:5cfe pedirem piques, mande os que lhe parecer com


hum Capitaõ Sc Sargento, que os guie, Sc cõ o demais cer-
re, fe o fitio der lugar, Sc ponhafe em modo de efperar, Sc
combatenporem o Capitaõ em que ja tem dado a embof-
eada, fehe com infantaria, 6c vir que fó com arcabuzaria,
lhe pode chegar às mãos , naõ fe canfe em tirar com ar-
cabuzes, antes logo lance mão à efpada,& cerre com oini
migo paffando palaurado que quer fazer, Sc fer focorrido
fe he de arcabuzaria, ou de piques, que cerrando com ani
mo fem fe turbar cõ agente, que lhe ficar de força da ru-
ciad.3, que fe lhe deu lhe terà feito damno, hefenbor do
Mo de efcaramuçar na
~ .
guerra.
« m nutras ve-

icertada; porqueem hum mete


de que he a,udado & hu; “
íoinimigogramterror^q e
;

o
heVerd.do
P
configo,
^^ >
forte
:
porem
Cap.tao, *
:omo digo o tal

baõdeferdefta cond.çao.porquefe^Ca^
o Sargento ha de
fazer o
q
fcr fdo

naõfeia mais o fobre


^
morrem tantos neftas occa
10
? ofcadatirou de feguro a
'

falto, & terror :


porque fe _em tanto
a
vay andando. St nao n offende
gente, que a recebe
como o inimigo caid ?i|° ^fquándo fe embof-
A caualaria nunca da fenao 0
ca, Stbufca tal fitio..& occafiao,
arcabuzeiro, & p.quetroos
tomaidepet a P
P & he per g f
b ofca-
, ,

^
t.uer dado a
& osleua de fio, St fe na retaguarda
t0
^
daheo proprio em fazer lto,&
cabuzariadosptques.SC
^
da propn ce qae fetem ^^
dito
quedere
j
fe ouue duas emboladas q
da vanguarda, porem ahumtempo^
tudo
por vanguarda, St retaguarda g
ai o co
tofo porem com toda a bremdade taça
faça repartir os
piques Stas ,
^
te em duas partes, os partidos
_
pe^
virem as caras
em duas partes também, 8c

húa,8t outra parte que de rep


pocorra a hum ca-
;

comptefteza, achara
8c fe reparad ,
pedirem pi-
bo.Sc a outro com parte
quescom elles também ícmeta
de arcabuzaria» Sc
,
n
P
áA J
Capitaes qu o n em, Sc fe
retaguarda dous, ou mais
vir rota. St desbaratada
te, antes cfté
vem fe
algua

meta ao lado efquerdo


fegue defearregue arcabuzaria
parte dc fua |
em fy ,8c cale os piques, *
g e “«
na 5 “
e ®*°

delles, 8.
f e coc

da g^miçao
«£
n m ^^
^'^
dos peques, q
que inda que venha
q

ha de ettar apercebida pera iífo ,


v^beceJario militar.
Jante o enfraquece , Sc fe perde pera fair com fua honra
defte negocio,que he perigofo: porem antes que fe meta
no íitio da fufpeita ha de enfaiar hua, Sc mais vezes como
fe ha de pôr fem fe cortar, porque de o naõ fazer afs i fu-
cede perderfe facilmente , Sc fe tem vifto romperfe hua
retaguarda perfy, pello rumor de hum rooin,que fe foltou
a hum moço de hum Sargento entrando per hum bofque,
Sc monte efpeífo,que auia muito por ali, Sc porfô efte ru-
mor tornaraõ fugindo os Toldados rotos largando as armas
fem auermais porque fe tinha o inimigo perto,8c agente
com medo, Sc naò adeftrada fe metiaõ pellas efpadas dos
amigos fem remedio, ifto cáufou o defcuido grande dos q
os haõ de enfinar,5c nifto deembofcadas afsi he com pou
ca gente como com muita, Sc a própria regrarem dallas,q
recebellas, 8c fe as embofcadas fe daõ por deíinios de rõ-
per os inimigos, Sc fe faõde pouca gente ao parecer deue
ter as coitas feguras de focorro Sc por tanto coniiem que
,

o que a guiar feja homem de peito, Sc animo, que fe faiba


reparar firme; afsim offenderà o inimigo Sc cuidando de
,

ganhar gloria, 5c vidtoria a perderá facilmente o que efpe-


rar de embofeada.
Andandofe campeando de hum campo aoutrofe coíhi
má dar encamifadas,que he tirar a camifa o foldado que a
tem ve ilida fenaô tem outra a veíta encima de fuas armas,
Sc cinto cingido por cima pera pôr a efpada,afsi o que Ter
us com coíFoilette,como arcahuzeiro, o murriaõ cuberto
com hum lenço branco, on guardanapo porque íe naõ
,

defeubra nenhüa arma, 8c entre elles fe conheçaõ,Sc ofa-


pitaõ,ou Capitães, que guiarem eíta gente haò defermuí
deítros,Sc animofos, Sc mui folcos, Sc bem quiftos dos foi-
dados Sc os Toldados efcolhidos da própria forte os mais
,

ageis de Tua peífoa, Sc de boa opinião ordenadas, porque


fe naõ d efm andem, nem faiaõda ordem, que lhe der, Sc q
amem a quem os guiar pera que o ílgaõ com boa vontade,
leU C
entrada,íco mi
lorefa deue ter reconhecida a
emprela d
rmar a tal
|
oCapitaõGeneraj
nofsiuel
hordoCapo contrari , P
Jiligêcia, Sc auerhu.
tal caio deue Jazer^ d^.g
a era bé acertarem q wl farà

fua guarda hade P° r


O tal General tem °^ofto fuagente
de P 01
porque todos osofficiaes *!pL rabe ^ 0 ó fe ha de fa-
em ordem acode aly a tomar °^ b * Screcorrerá ttt
>
cornar
zeronde fe perderão, ,8c:nao ‘
& naõ
o danno.q P
do deprclfa fazendo todo pet fona
fee pouco auer
degolado.ou
„So“linhas 5 faó os pnncipaes,
Pf/^^^SanL
Sc te a retiraua
fe ha

pegar fogo às
i
^^^f^^^Vfaõbê conhecidos,
de bracop
por iíTovaô todos veftidos Jl
fairaô
£.»»
hua
g»m
demão boa
fc
ao "'"•'ITfelS'
ímmig > ? m em ou-rè po
ando ,
e
oir a viófcoria, Sc
que fogem fem fe udo ha
coufa degolem tudo o
que podere
ra ^q ^ J cablizei .
8c golp P
e fazer bote de pique,
* ^ pelouros na
oshaõ de leuar feus
>oca mui bé pofto.X
murroes acefos
apercebido, &
nao-pore
.

le lhe ^ P £ reti

:ar pegar fogo o fará.fenao


apartare
_ perderam
p
,
SC
ieandar cerrados fem fe , Jl
^ zer cotn
fi

tal pode fer a


encamifada.Sc
qu
1

d
V pe : a que
(

de noite o fo-
deftrezaque fejaaviéforia ompoem muito.K
ternbel.8* d e /Ccomp
de
brefalto.Sca deshorahe
com pouca perda fe pode fazer gra £ t am
?Jhecehrio milhar.
E também fe coftumaó fazer faida deCaílellos, Sc for-
tes íitiados o inimigo, que eftà defora ; que fe fe faz def-
tramence fe lbe degola a gente ,
que fe acha nas trinchei-
ras, 8c fe lhe encrauaaarcilheria.
As peífo:ts,que haõ dereconhecer
foífos,como trin afsi
cheiras, exercitos , Caíleilos do inimigo fe
, 8c fortalezas
ha5 de bufcar,que fejam experimentados animofos,& en J

genhofos,&: qiae tenhaõ paciência, & bom conhecimento,


8c o mais importante heboa viíla,que fe poífa aífegurar,8c
comprehender o que vir o perigo, 8cdificuldade,que tem,
ao que vai, & qual via he milhor pera ganhar ventage em
ta! occaíiaõ 8c he neceífario o que for reconhecer onde
:

lhe haõ de tirar pera que fe faiba cobrir muy bem com
,

fua rodei forte,que leuarà, Sc feu murriaõ forte baila que


i

leue ro Jela,Sc naó peito,que he fuperfluo, Sc pefado; tudo


conílíle em ter paciência 8c que em fy naó fèja temero*
,

fo*qiie fe vay fem foílego, 5c fem paciência perderíeha,8c


naõ reconhecerá bem o íirio,moftra o que tem bom juizo
como fe ha de gouernar Sc o que ha de fazer . Quando
,

íe achar hum golpe de foldados cercado do inimigo em


aperto em Caílello forte, ou terras metido por íèu Rey, 8c
fenhor leruindo como feus vaiíallos naturais haõ de fer
muy leais, 8c fe haõ de lembrar da fé, que tem prometido
em fen aífento ate' morrer, 8c fe o que ali os gouerna por
cabeça fe quizeíTe render por temor, ou por intereífe par-
ticular, que fe lhe íiga, 8c virem que he em deferuiço de
feu Rey, Sc fenhor porque fe pode defender, 8c ter todos
juntos o an m e m 8c veja feu intento, 8c rãzaõ, que dá; 8c
i ,

fe todavia o tal eílá de mao animo, 8c determinado ao fa-


zer, 8c o procura lhe proteílem que elles faõ de parecer
,

tal coufa fe naõ faça; que he em deferuiço de feu Rey,


8c
qtie elles como leais vaííalos o querem defender ate mor-
rer,Sc^que feu Capitaõ General ordene outra coufa, 8cquá
do naõ o focorrer , ou auizar todos querem morrer pelei-
jandoj
I

Modo de efcara muça r na guerra. 8o


que naó querem fer traidores a feu
Rey & rende-
,
iando-
8c íe todavia virem que
faz
renfe poiendofe defender
:

acçaõ de fe entregar pren


JaÕno , 8c ponhao ^om
reeca-

quem os gouerne por feu Rey, 8t fenhor, a®


do St elejaõ
fo(Te prouido por eUe.ou de fea
qual obedecerão comofe
o que fe proteftar ha de ler
Capitaó General: porem tudo
auifar a feu General o taçao.
em eícrito, Sc fe he pofsiael
valerofamente porque o inimigo tomara
St defeodaõfe ,

vedo que determina®


remorde naõfaircom fuaemprefa
a defenderfe , qae o render
em nenhum modo foy bom.
eftaa lua voa
nem fe pode fiar de palauras do initnigo,que
diante de quem o poffa»
tadede comprilla.Sc naõha juiz
forçado renderfe o vulgo diz o
obrigar, Sc quando lhe for
nao he bo
queíbe parece.fefoi bero.ou mal.de forte, que
afronta. St culpa teraó os
foldados que
render, St a mefma
a tal cabeça em dar mà conta da tal força.em que fe achao
Stfenhor nao a
em deferuiço de feuRey,
defendendoa
coufa algua mas antes
de confentir o foldàdo honrado
,

fob penade ficar infama-


morrer; que a üToeftà obrigado
do, Sc vituperado, quando porifib
nao for caftigado.
Sehua Companhia de infanceria, ou mais lhe lueeder
acharfeem defender hum forte, em que feu Capitaó Ge-
neral os tiuer metido em elle
horafeja daquelles, que ie
,

fazem de cerra St faxina pera guardar


hum paíTo.ououtr
pello ganhar, St pe-
qualquer que feja cercado do inimigo
leijandofeja morto feu Capitaó naó
defanimem que aai :

iheficao Adferez.Sc morre o Sargento, St íe caobe


fe efte
milbor opinião,
morre elejaõ hum Cabo de efquadra de
parecerque os
ou official reformado, ou o que milhorlbe
como a feu Capitaó.
gouernarà, 8t a efte haõ de obedecer
por effe.poremhe cabeça.
porque ja o tem nomeado elles
Capitaó General de outro pi®
St voz dei Rey atè que feu
e nata
uimenro, Sc defendaõfeatà mais naó poderem.
St

fuperior, nem P0
podem auer orde», nem auifo de feu
^
iJheccrlnrio militar.
nem tem que comer, (t fe lhe acabaÕ as
fer fo corridos ,

ínonicoés qúehefua defefaem tal hora hao demoftrai


,
carregar mais ao inimigo peravet
mais animo,St poder,&
fe lhe todavia fizer força
& em lha querer ga-
feu intento,
nhar,ia naõ tem poluora,
&a gente falta, 8t de força fe lias
confelho.&determme a me
de perder, em talcafofaça feu mm
cer
mais pefado defair dali;
ía noite, que he o quarto
entregando a bandeira a hua
rados em ordem de peleijar
de &
confiança, que aleue
peffoa principal, ”
crfte & a
muy enrolada na hafte,
na5 de outra maneira, porem com muito cut-
quatro amigos
cabo delle outros tres, ou outro com
leuante,& aleue a
dadorque fe a cafo elle cair a
Strompaõ pello caminho, que lhe milhor efttu t
panheiro,
a cobiça que o inimigo tem
de
pera fua viagem ; que com
o temor da noite os ajudara a fal-
aner aquella emprefa,8c
he o que importa, os ardis
narenfe com fua bandeira.que
que muitos vemos
com animo St manha faõtam fortes determinação coprr
q

ospLcos vencerão os muitos, 8t a hum «pen


boa fortuna & e

de n cia coftuma fer rnãy da


,

fácil coufa fer.afair coa


Ifta maneira he temerofo & ,

deftreza porem hao de deixarc


feu intento fe fe faz com ,

de comida, Semoniçoes que


tudc
forte camlimpo,8c rafo uz otW
&queo praprio iniinr^o defenda
eítégaftada,
que fe viram, & q iL
publicando a neceGidade.em eHe
falta de m^mçocs que fon
forçado defemparalto por
proprio he fe otaLiueeder
mal fe pode defender St o ,

m cauafaria não tratarei ea


DoqLToca°áo exercido da
campear,,
particular mais de quebe muy neceflana pera
jornada com exeruto po
fem ella fe não pode fazer boa
pera eícoltas de todas
a
terra a arcabuzaria delia ferue
o Campo-, 8t pet«fo c r
,

maneiras, St neta baftecer ^


oirtes que fe requere
brenidade, & íerue a p
irem a re
Lnalo também eftes de caualo feruem pera
guerra. 8 z
Modo de efcara muçar na
naõ ha de trazereftandarte,
nem quadre-
ronhccer . Efte
:e.
he importantifsima ; porq
ligeira
A caualaria de rifte áexercito,
faz muita guerra ao im-
&
c
f
„ g, aíTeeura o
campear he perfeita,
À einetade Hefpanha pera
humpenfamento por onde quer Sc pica ,

ierreuolue eta
rle ferras, valles,
3 , narres & as coíhs, outeiros,
que faõ como gatos aquelles ca-
tudohÍpUino perá ella , o que querem,
, fios em
hum momento fe achaS em tudo colher en-
os danará feosnao
& nenhda outra caualaria fazo que quer, por-
trados porem em campanha ella
pera os alcançar he como

que mais caualaria afegue


fe a
galgo. Sc também fe quer efperar
kem cães de fila atras de milhor ; porque lhe fere,
caualaria ligeira a fere
8 da
a carga
com a lança para detrás, 8c
& ma ta o caualo, que o feguelarga a brida, 8c em hum mo-
Sz zombaria deite* porque ;

"S2í£. petabúa occafiaó M forfCsimo,


caualaria ,&afsi em tempo
d

Xmais que nenhúa outra

reoara
contra o inimigo a
com
peffoa
ella, porque
Real , ou Emperador
arrimado ahum efquadrao de
fe
in-
como
fantaria outro de^alaria de homés d* armj
fileuas de van
caftello forte em campo rafo ; porque as
gSrdaasformaô de caualos bordados, cbam«
principal, Scoutro emcima.que
le
çasfobre o peito ou de
8c çapatos de ferro.
volante, &
as pernas armadas,
eftandarte cnbec
tantos por
malha nospès, &fcus caualos pefco-
tos de ferro, ou de Anta
dobrada as ancas, peitos,
também asleaac os caualos
ços.Sc tefteiras: eftas tefteiras
» ;

armados lhe chamao ca


ligeiros; aeftes caualos afsim
bordadas, 8c pois aq-naotra
S
lo s bordados, 8C as cubertas
pertence a um
to de caualaria direi fô o que
*“ f
caualaria que os Romanos
C«to que aquelle vfo de ,
Abeceàarto militar
vfauao em fuas legiões repartidos pela infantaria era acer
tado,Sc fe agora víaífemos nos outros feria muy importan
te coufa que na guerra feria© de muito proueito , naõ em
tanta cantidade porem fôs i f.arcabuzeiros de acaualo, Sc
de pelei ja em cada CompanhiaMe infantaria, & que eftes

como faiifem em campanha, as Companhias eítiueflem


juntas o Meftre de campo lhes deífe quem os guiaífe, Sc a
quem elles obedeceílem nas coufas que occorreííem
, Sc

foíTem juntos,ou repartidos com feus Cabos, Seno demais


cada hum firua em fua Companhia , Se que eftes ti ueíTetn
o que tem a caualaria, Sc afsi
foldo, iria feguro o Terço*
por onde quer,* porque eftes caualos fe podem mandar a
reconhecer juntos,ou apartados por duas, outres partes,
hus a hum feruiço, outros a outro. St feruiriaõ a pé, & a
caualio como fe oíferecer a necefsidade; porem he necef-
fario porlhe pena de 30. cruzados, ôt o caualo perdido
fe

algum o empreftar,nem a feu Capitaõ por mea hora porq ;

de outro modo naõ teraõ caualos:em cada Companhia ea


tre eiles ha de auer huCabo co algua
ventagé,q tenha cui
alojar, Ôt que íejaobedecido St certo
dado de os guiar, Sc :

cj feria neceífario
que em hu Terçode doze Companhias
onuefle 1S0. caualos de feruiço defta forte, Sc
quedefean-
coufa feria quãdo fe oíferecefiTe auer de paflar hu rio
fada
todo o Terço hua, ou mais Companhias donde he
forçado
polharenfe os Toldados, que fe cortaô.ôc deftrae. St o ini-
migo o fegue pu ante acharfehaõ
j aquelies caualos, que em
a gente da outra parte St fe acha
mea horaTe paífa toda ,

enxuta. Pois que feria fefofte neceífario focorrer


hua ter-
a tomar hü paíío antes que o inimiga
ra com diligencia ,

ocupalo: eftes ceuto Sc oitenta cauallos leuarac


chegue a
to-
nas ancas outros tantos arcabuzeiros St coíTollettes,St
focorro,&
maõ o paífo, St o fuftentaõ até lhe chegar mais
pc
fe fe ouueífe de explicar todo o feruiço, q na infantaria
dem fazer feria nunca acabar.
ejqnsdroei. 82
Modo de desfá^er
CAPITVLO XXIIH.
ejqud-
iinque fe mofira a ordem de deifa^er
drees ao modo de tlanâes.
u

Rometi moítrar como fe desfariaõ os efqua*


efcrito.
drões,que tehoje fe naô temvifto per
De dous modos fe podem desfazer os eíqua-
quaisvi desta-
drões ao modo de Flandes , os
Lopez de Carua-
zer nefta Cidade a Belchior
Henrique Corrêa da
ho Sargento Mor nella no Terço de
modos, que cà fe víao, Sc fao ordina-
Sylua, afora outros

Depois de efquadraõ eftar em fu a perfeição auen


hum
dofe de desfazer mandara o
Sargento Maior marchar o
os quais irao a pa-
efquadraõ cm troços como entraraõ ,
rar no pofto em que determina de os desfazer aonde le
,

abrirá a de arcabuzeiros,Sr todos os mais Ca-


Companhia
na retaguarda defta Companhia que le
pitães faraó alto ,

abrira tres foldados a hua parte, Sc dous àoutra ; & logo


parte dos dous, Sc dous a parte
a outra fileira aberta, tres à
fiquem
dos tres de modo que aberta toda a Companhia
,
bus
foldados a hua parte como á outra, tam
largos
tantos
dos outros, que poíla caber todo o Terço entre eítasdnas
direitos hús dos outrosias caras
muy do lado
fileiras, todos
do lado
direito haõ de eftar igual , Sc em direito das caras
os moíqueteiros co
efquerdo com fuas armas às coftas, 6c
na parte
fe ns mofqnetes nas forquilhas. Os que eítiuerem
os mofquetes pera^a retaguarda,
direita haõ de efguelhar
Sc os que eftiuerem da parte efquerda
oshao de e«guelhar
caminno,
pera a vanguarda, peraafsim naõ impedirem o
diante dedes na
Sc pofto dàsoutras fileiras, qfehaodepôr
que ôc hcao
mefma iaftancia, Sc em
direitura, elles eftao,
AbecedariomilitâY

Tendo o Sargento Mórafsim compaífadas , Scbem pof-


taseftas fileiras da Companhia de arcabuzeiros partirá a
bufcar o Capitaõ,que guia a mofquetaria,o qual começa-
rá a marchar donde fez alto Tanto que vb* aberto as alas
.

da Companhia de arcabuzeiros fazendo também no mef-


mo tempo todos os demais que vaõ em fua retaguarda,
fem quefe torne mais a repetir, naõ fe deixando ficar
quedos nenhum dos troços, que vaõ na retaguarda ven- ,

do marchar os da vanguarda o qual Capitaõ eftarâ com


,

feu pique calado no hombro/ 8t chegando a eile o Sargen


to Môr tirará o chapeo naõ tendo murriaõ na cabeça elle
farà cortefia, Sc tendo chapeo irà com elle
na mão, Sc afsi
o faraó os mais, pera que fique dito de hüa vez, 8c o tnefmo

farà o SargentoMÔr, Sc marchando afsi iraõ atê onde eftà


o Capitaõ de arcabuzeiros, a quem faraõ fua cortefia Sc ,

o Sargento Mor lhe darà feu pofto â mão efquerda do Ca-


pitaõ d‘arcabuzeiros,8c vem afsim com efte
comedimen
to a refpeito de que o Sargento Môr , tanto que chega
aonde eftà o Capitaõ, ou Capitães tira o feu barrette, & vé
fempre cõ elle na mão atè ferem em feus poftos ifto fica :

dito pera fempre fe guardar. _

T endo feito fua cortefia ao dito Capitaõ aruorara feu


pique tomando feu pofto, voltando a cara a retaguarda
,

a mandarão SargentoMÔr abrir como as demais ,


calan-
nas forquilhas efguelhados,
do também feus mofquetes
como eftà dito, hus pera a retaguarda 8t outros pera a ,

vanguarda; eftas fileiras feaduirte, que haõde eftar afsi

como eftiueraõ no efquadraõ àuençadas , afsi hao de


fi-

duas
car no desfazer, como dizer que fe eftiueraõ
filei-
,

de mofqueteiros ficaraò dous foldados o que tam- :


ras
bém fe entenderá em vanguarda como
em retaguarda, 5c
fe ficará entendendo ifto também nas demais mangas .
Modo.de fàsçt cfqmdroh.
h
também mais quan
Uluirtefe fcufve^abolos nas^máos
>er algüs
Alferez iraçan d ^ venabo-
ar „oraraõ feus
lo O sargento
Mor os v erbafcaratn^ Cor .
a calar
os,& tornandoos Sa £, ento Mor
tomar íuas ban
os mandar
30 de guarda » que tsm fido guiados

*««»» “““ a “ fm -
pr •
„ n idade abertas todas as
armas de
Tendofe nefta conf „ uarn i ça õ do corno direito, o
fogo, que fe
enten e a g com a dimi-
apontada
na pr P
que também ficara Ç
^ fcar 0 Capitao , que
b
nuiçaõ.que teue nas
m „ >
e m vanguarda
V» o
as quais ei r
tempo ,
,»eV«
das bandeiras, de f ; fazen do alto
o SargentoMor em abrir Capitaõ até o po-
ço® os piques no hom. w > %
q c . tiuer feito fua

ftoapontado : & no te
1 :
p q man darà o Sargento
corteíia aos mais
toman P
ficando os que
Mòr aruorar todos os feus calados no
F.Xnileirascom
. os
eftam na retaguarda
das
co mo fe tem fei- 1-5
hombro. Eftes.de que
fe
fiquem to
to a demais gente prolongan diftantes bus dos
mando toda a
outros, oqueafsi feito
ir tCdeiras Fazendo o
defíe pofto co-
acltamento referido
mefmo J^tmellas ar-
mecea marchar os Alfcre eque fara 5 ifto tanto
quefe em
trotadas marcharao
que entrarem por elte ^
c.orp »
a el e,
J eftando di f.
feito, ten-
tames marcbarao té chegar
.
uorar cmas
trando algüs Alferez com Sar-
,& com as
bandeiras 0$ tirarao gento
^
Àbecedario militar
gento Mor caminharaõ até feu pofto , que ferà à mão di-
reita de ca da hum de feus Capitães, paífandolbe pella ef-
querda, & por detrás delles , fuppoftome parece milhor
paífarem por diante , Sc tomare a mão direita E quando
.

eítes Alferez aruorarem as bandeiras tanto que entrarem


em Corpo de guarda , Sc também os embandeirados haõ
de aruorar os veoabolos,5c iraõ com feus chapeosna mão,
& íogoo SargetoMôr mandará aruorar os piques, que vaõ
detrás das bandeiras eomofe tem feito aos demais , Sc fe
prolongarão como fe tem dito Empareihandofe cornos
.

mais, coitas deites foldados as caras dos que jà eítaõ poítos


muito direitos hüs dosoutros coitas com barrigas dós que
eítaõ atras.
A guarníçaõ efquerda do corno efquerdo que logo fe
,

fegue naõ entrará dentro deite Corpo de guarda, mas vin-


do o SargetoMôr bufcar efteCapitaõ como tem feito aos
demais mandará abrir efta gttarniçaõ , & afsi como fe for
abrindo mandara caminhar cada ala por detrás dos piques
à cara daguarniçaõ do corno direito que jà eítá em feu
,

pofto feguindo a mefma ordem, & entrada as demais man


gas fe mandaraõ meter a que íe fegue arreo daguarniçaõ
efquerda fica fendo feu pofto ao lado da direita Sc
, ,

guardandofe a mefma ordem as mangas, que ouuer no tal


efquadraõ fe mandaraõ caminhar 8c tomar feus poítos às
,

coitas dos que ja eftaõ na proporção das mais 6c eftando


,

tudo afsim compofto,Sc proporcionado mandara vir cer-


randoeftas duas alas da retaguarda pera a vanguarda , co-
meçando primeiro as duas alas dos piques fazendo o meí
mo, 6C no mefmo tempo as mais armas de fogo, 6c afsim
as mandará recolher com hua tropa de tambores que vi- ,

rão do pofto, em que eftaõ as bandeiras, ficando os outros


com ellas,que nunca fe deue deixar íem elles os Sargen^
tos nefte tempo andaraõ repartidos pella parte de fora, fa-
zendo recolher os foldados compaíTadamente ajuítados os
£omoJe foimaõ efcjundrees , 84
da retaguardacom dos Capitães farà o Sargento
as caras
Mayor Teu acatamento aos Capitães , com o que comando
cada hu fuabandeira fe recolherão a feu alojamento*.a Co
panhía dearcabuzeiros de retaguarda fe naó abrirá de ne-
nhüa feiçaõ fenaõ afsi com todo o mais refto da gente irâ
marchando pera fer pofta no modo referido irão feu Ca-
picao fazendo o mefmo at@ fe ir pôr no pofto donde oSar
gento Mór vco bufcar os mais Capitães donde ao tempo,
que a demais gente fe vay cerrando,& recolhendo irà clie
marchando fazendo fua Companhia hua meia Lua pera a
parte efquerda deite Corpo de guarda, & à mão direita de
toda fua Companhia tomará fua bandeira, com que fe fi-
ca dando fim a eíte modo de abrir efquadraõ.
Temos outro modo de abrir, & desfazer efquadrao,que
também veodeFlandes pelo Sargento Mor jareferido,&
he deite modo.
Tanto que quero desfazer o efquadraõ, queeftà forma-
do em qualquer parte, que eítiuer fe pode desfazer.
 Companhia de arcabuzeiros do lado direito ha de vi-
rar ascaras pera a outra de arcabuzeiros do lado efquerdo,
& haõ de ficar muito direitos nas fileiras em que eftaô co-
itas com barrigas dos que ficaõ atras.
E logo a manga de foldados do lado direito farà o mef-
Hio como eítà dito, virando as caras pera o efquadraõ, fem
dar paílo algum, ficando com as coitas âs barrigas dos que
ficam atras, como eítà dito, muito direitos hüs dos ou-
tros.
E fe ouuer outra manga da mefma parte farà outro tan-
to, logo a guarniçao dos piques farà o mefmo.
Elogoa Companhia dearcabuzeiros do lado efquerdo
virará as caras pera as caras dos outros arcabuzeiros do la-
!

do direico muico direitos hus dos outros que eftejaò as fi-


de fronte a fronte, & logo a maga farà o mefnoíem
leiras
febolir,nem dar paífo algu de todos elles. A guarniçao do
m 4 lado
%Abecc,iario milltâY.
hus
lado efquerdo fará
o tnefmo todos fem faltar direitos
que eftaõ atras.
dos outros codas com
cara dos _
asbandeiras.que fe porão em
Aaora abrirá os piques te h ua par
daguarniçaõ atê a outra tantos a
dl hüa ponta
ala
com caras dos q eftao atras.
te como à outra iguaes coftas
C e
parte das caixas , Sr
°Ago ra ir bufcarasbandeiras com
com os piques ca _
marchar com cilas atè a vanguarda de feus <P
nnhombro 8c pôr as bandeiras ámáo direita

& nac.porque os Adferez


Canitães as fiquem guardando
f. f« «W»
,

?Sõig”um co».lte:,.e .Ir nio


que reprefenta a pe.
que tem,
ferez fenão da bandeira de-
lhe ha de dar o melhor lugar, &afs.
Real & de força fe
dito, 8c
Capitães, como efta
,,em de paíTar por diante dos
caladas no hobro.
nor detrás 8c digo que haõ de eftar
efte he o eftil-
como fica dito no clrgo doAlfereziporque parece^« qu^
loque fe vfa mais: fuppodo que ba muito_s

p
w*» c
aio» 5i ^: e £::z
[

que eda he a
a
que edaõ atras muito direitos :
cara dos
be
la entrando os arcabu
AgÒlafeXs% e rmr da retaguarda
pella
zeíros das alas de fora
diante «>«* marcha,
Pe0 P vaé em
afbmde’iras & dadicença
aos Capitães que fe
(ao muito ga
bora eftes dous modos
de abrir efquadroes
parece melhor pelUbreuidade
Unres & efte vitimo me Outro mo
primeiro gafta mais tempo .

deik porqueo SargentoMor do Coro.


Azeuedo
de abrir vía Antonio de
Çomo je foiMao efcjuâdroes .

neíSimaõ de Mello, Sc o meu Sargento Mor Hypolito da


Sylua de Caftro, que por ferem ordiaarios os naõ efpeci-
ficoaqui.
Pera que os Leitores tenhaõ mais conhecimento do
conteúdo nefte liuro em efpeciat nas regras das contas, q
fe fazem por thuitos modos moftrarei aqui aíguas regras,
cada húa de feu Autor-
Primeiramente, pera fefazer hum efquadraõ quadro.de
gente fe tira do numero dos Toldados, de que o quer fazer a
raiz quadra,& comiífo fe re as fileiras, que íaõ, ôc de que
numero^ Scaprouahe pelia raiz quadra multiplicar outro
tanto numero, Sc fe cõ a gente, que fobeja fker outro tan-
to numero como a de que fe fez o efquadraõ [eítà a cohta
certa.
Quadro de gente com centro, ha de tirar da contia' dos
ârcabuzeiros, que quízer meter no centro a raiz quadra,
& Co ellaverà as fileiras, que lhe faem,Sc os que lhe fobe-
jarem meter nas mangas, ou guarniça©, Sc o mais ajuntará
com os piques, com que osouuer de cobrir, 5c de todos
tirará a raiz quadra, 5c encao os que fobejaõ faõ piques, cò
quefe guarnecem as bandeiras:* prouahe a de cima, 5c a
mefma regra fe tem com arcabuzes que com piques de-
farmados,eftahe do Capitaõ Pardo, foi. 1 .

Regra de Aguilus pera quadro de terreno multiplicar :


1

o numero de gente, de que ouuer de fazer o tal efquadraõ


por tres,& repartir por fete,5c do que fair tirar a raiz qua-
dra, 5c o que nellafair feraõ as fileiras repartir logo por
;

ellas o numero dos foldados principal ,& o que fair defta


repartiçaõ ha de auej? de homês em cada fileira a prouaí:

he multiplicar as fileiras pellos homens que ha em cada


,

hui &fe com os que fobejaõ fizer o mefuio numero eftà


,

certa.
Regra pera o mefmo de Valdés : multiplicar o numero
da gente, de que ouuer de fazer o tal efquadraõ, pot mil
qua-
Jjbecedario militar.

ciüatrocèntos & hu, &o que fair repartir porrm!, & do q


fair tirar a raiz
quadra, & o q fair faõ as fileiras partir por
:

o numero da que fair he o que ha de auer


gente,
ellas
meftnade cima.
em cadafileira; a proua hea Capitao-- do nu-
__

Outra re^ra pera o mefmo do perfeito


hia de multipli-
mero que tiuer pera fazer o tal efquadraõ
car por 2 x do
. &
que fair tirar a raiz quadra, &
logo par-

tilla por fete, 8r logo tornalla a partir por tres , lera a &
menor parte o fundo, a&maior afronte.
^
Aguilus v o numero
Efquadraõ de graro froote regra de
multiplica por 3.,
de quefe ha de fazer o tal efquadraõ
fe

& do que fair fe partirá por s>-, & logo tirara raiz quadra*

& cõ ella repartir o numero principal.


que t.uer pera fa-
Outra regra pera o mefmo da gente, :

parte por do que fair tirar a raizqua


zer efquadraõ fe

dra 8í partir por ella o numero principal-


gente, que tiuer pera o
Regra pera efquadraõ dobre: da
ella todo
tal efquadraõ tirar
a raiz quadra , & repartir por

0
o”r,4Tr“". * o» m™*»*
gente, que tiuer por 3 2. 5c do
que Ti r
eellos-' multiplicar a
feraoos fol-
a raiz quadra,*
partilU por quarro.que
t irv
a partir por oito, que fera© as filei-
dados, & togo tornalla
ras-
centro, nao
Peraoefquadraõquadro de terreno com
por f« muy larga, como fica
faio aqui com regra delle ,

marchando ha de
Companhia de arcabuzeiros indo
pifino ás finco, ou fe te fileiras
feuar a bandeira, 8c caixa, & daban
gente, que !euar,& a outra ca.xa tanto
conforme á
da retaguarda*
dei ra como da vitima fileira
porque as
Os mofqueteitos na retaguarda da bandeira:
coftumao fer de chuços,
fileiras que vaõ na vanguarda
comfeuscoílblknes.
al ibardeiros armados
f orno je desfase efjuadrces. 86
Fugy nefte Abecedario de dât documentos de como fe
haõ de armar as mangas de arcabuzeiros de pè,8c de cana
lo, 5c mofqueteirosjque de cada forte podem fer,8cafsi
do
modo das guarnições, que fica em arbítrio do Sargento
Môr auerem de fer fingellas,ou dobres, coaforme tiuer a
gente, demoftraro lugar em que fe haõ de póras ban-
5c
deiras, &de outras cotifas importantes à boa ordem da mi-
lícia, por me parecer que os cargos de quem os ha de
or-
denar fe naõ daraõ fenaõ apeíToas tam praticas niíTo co-
mo osmefraos cargos pedem , fob pena de tudo ir auefíb
do direito, 5c de fe desbaratar o exercito, por falta de or-
dem, & concerto, Com tudo farei lembrança que a cada
hum dos miniftros fe deue dar toda autoridade pera bem
exercitarem feus cargos, & afsim os Capitães, Al ferez, Sar
gentos, Cabos de efquadra, 8c mais officiaes dos Terços da
Ordenança deuem prender feus foldados , 5c quaifquer
outros poílo que fejaõ d*outras Companhias, quando em
fua prefença ddinquirem : & afsim, por naõ acodirem a
fuas obrigações os queeftiuerem eferiptos nasliftasde
fuas Companhias, porem naõ os deuem foltar fem darem
parte a feu Coronel, 5c CapitaõMor, nem elles o deuem
fazer fem informação do Capitaõ, 5c Sargento Mor, ou de
qualquer outro official, que fez a tal prifaõj porque diílo
refulta perderem os foldados orefpeito que deuem cer a
feus Capitães, & maisofficiaes 51 coftumaõ dizer, fe me
:

prender, outrem me foltarájo que fazem cofiados em fuas


adherencias, 8c feosOfficiaes forem ouuidos faberá o Co-
ronel, Sc Capitaõ Mór a verdade, 8c ferà caíligado quem
o merecer 5c os foldados teraõ p refpeito deuido a feus
,

Officiaes entendendo que elles o£ podem prender, 5c caf-


tigar, 5c que naõ haõ deferfoltOs femfuainformaçaõ, 5c
afsim andara tudo direito , 8c fe os Officiaes prenderem
fem caufa, 5c com malicia, também deuem fer caftigados
*

conforme o merecerem.
Fuy
i
f <r-
^4
'zJbecedario militar.
verdade he
Fuv taõ largo nefte Abecedario, porquena
exercitar efta Arte Militar fe fa-
neceffario pera fe faber
ca hum grande compendio.que todos os foldados que fou
ouçao ler a boa difaplina
11 beremlervejaõ Sc os demais
,

largo deixei de tocar tnu.tas par-


militar, que pornaõ fer
toquei fucintamente.o èjue tudo fiz por
tes delia, 8c outras
peraque todos fe alentem ao
feruir a meus naturaes,
feruiço de S.Mageftade.a
que todos temos obn-
8c leaes vaffallos.que os
gaçaõ
°
como bõs,
Portuguefes fempre foraõ
afeuRey.

L A V S D E O.

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