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Autora:
Áquila Rosângela Freire Ribeiro-UFRN
E-mail: aquilamusic2015@gmail.com
GT 03 – Trabalho e formação docente.
1.INTRODUÇÃO
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realidade(s), vislumbrar novas possibilidades e me forneceu subsídios na e para a formação
enquanto aspirante ao professorado.
Que a leitura deste texto e as reflexões que trago acerca das experiências e dos
desafios vividos no núcleo de aprofundamento em Pedagogia Social possa contribuir
criticamente suscitando questionamentos, reflexões e indagações, e se possível, que haja
construções de novas ideias e desconstruções de (pré)conceitos e também de desmistificações
acerca da função da educação nos espaços não formais e a atuação do Pedagogo enquanto
promotor e produtor de uma educação voltada para a humanização e emancipação do sujeito.
O artigo encontra-se dividido em três tópicos: na introdução, descrevo sucintamente
como se deu o meu processo de formação inicial docente na perspectiva da Pedagogia Social;
no segundo, discuto sobre a Pedagogia Social e a atuação do Pedagogo enquanto educador
nos espaços não formais. Vale ressaltar que subdividi o tópico dois em quatro subtópicos, nos
quais relato experiências vivenciadas ao longo do núcleo em Pedagogia Social. E no terceiro,
teço considerações finais sobre as minhas impressões de todo o processo de formação
propiciada nos estudos, reflexões e práticas de educação não formal.
Na maioria das vezes, o novo, de imediato, assusta ao mesmo tempo em que aguça a
curiosidade; e o contato com a Pedagogia Social na graduação obteve o mesmo efeito. Muitas
dúvidas, questionamentos e receios tomaram de conta no primeiro momento, pois durante
dois anos e meio sendo preparada para lecionar na escola, ouvindo e lendo durante o curso
que a atuação do pedagogo se dá somente na instituição formal escolar, me questionava: será
possível que o pedagogo dê conta de mais um campo e sendo este não formal?
E assim, foram surgindo outras dúvidas: O que vem a ser a Educação de fato? Há um
lugar para a Educação sem ser o ambiente escolar? Existe um único modelo de Educação?
Ao ler Brandão (1981), pude entender que “não há uma forma única nem um único
modelo de educação, a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o
melhor. O ensino escolar não é a sua única prática” (p.2). Zucchetti e Moura (2007)
corroboram Brandão quando afirmam que: “a educação se desmembra em diversos espaços
que podem ser gestados, promovidos e reinventados desde a responsabilidade pública e
redefinidos pelos próprios sujeitos da educação e/ou seus atores” (p.186).
Desta forma, devotar a ação educativa unicamente à escola delineando os contornos de
sua função e centrando sua dimensão unicamente no ensino formal é incorrer na simplificação
de sua abrangência e influência na sociedade, na vida dos sujeitos. Assim, pode-se afirmar
que existem realidades sociais diversas nos quais ocorrem processos de ensino e
aprendizagem, nos quais Gonh (2011) denomina de educação informal, como aquela que é
“transmitida pelos pais na família, no convívio com os amigos, clubes, teatros, leituras de
jornais, livros, revistas e etc.” (p. 107) e a educação não formal como,
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A professora pediu que ao ler e analisar os textos para fomentar questões para o debate
procurássemos ter um olhar de Educador Social, como aquele vê e compreende a educação
enquanto processo humanizador de longa duração e que não se atém á formação estritamente
escolar (COFFERI; NOGARO, 2010, p.8). A questão norteadora para o colóquio foi: Como
se dá a prática do pedagogo neste espaço?
Li e reli o artigo e cada página para mim, era uma descoberta, um horizonte que
despontava para mim. As questões borbulhavam na minha mente: É mesmo possível o
pedagogo enquanto ator no cenário dos movimentos sociais, no caso o MST? A prática
pedagógica do campo não deve se deter ao formalismo pedagógico e a reprodução do sistema
vigente? Se for diferente mesmo, como é esse diferencial?
E as dúvidas eram sanadas pelas reflexões escritas que as autoras do artigo se
propunham a fazem. Primeiramente, o texto solidificou a compreensão no que concerne a
formação ampla do pedagogo, que permite a atuação deste em diversos cenários, como
assinala as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia:
O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para
exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação
Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam
previstos conhecimentos pedagógicos.
Assim devemos ter esse cuidado, o ato de educar exige reflexão sobre a realidade em
que atua, a formação de sujeitos libertos da alienação educacional requer do educador a
concepção de educação enquanto processo que liberta, que transforma.
E, de repente fui arrebatada com aquela pergunta da qual por um momento quis fugir
pelos medos e dúvidas que alimentei dentro de mim, e por outro, ansiando ter logo a
oportunidade de responder com toda a certeza de que é a área que queria atuar.
Assim aconteceu; o momento chegou e a professora perguntou: Qual é o interesse de
vocês na Pedagogia Social? O que querem fazer nos estágios? Qual será a função de vocês lá?
Irão somente acompanhar, ou irão atuar também?
Nesse momento, só consigo me recordar do silêncio que por alguns segundos tomou
de conta da sala por faltar palavras diante da pergunta que não era nada retórica, requeria de
nós respostas e repostas que não deixassem sombras de dúvidas.
Nesse momento, os colegas começaram a manifestar seus anseios, compartilhando os
medos, as dúvidas que ainda carregam acerca da Pedagogia Social, o papel do Educador
Social, que tipo de trabalhos deve ser realizado junto a esses indivíduos muitas vezes
vulnerabilizados e marginalizados.
A professora começou a nos lembrar dos textos lidos e discutidos, do colóquio, dos
seminários apresentados e dialogou conosco, nos acalmou ao dizer que o espaço em que
iremos estagiar, atuaremos primeiramente como observadores; conhecer para depois propor
atividades, trabalho, projeto que auxilie na autonomia de crianças, jovens, adultos e velhos e
que estaria conosco nos dando o total acompanhamento.
Depois das palavras encorajadoras, de que não estamos sozinhos, a professora nos
pediu para pensarmos nos lugares que desejamos estagiar e como nos vemos nestes espaços.
Novamente algumas colegas se posicionam e compartilham o desejo de estagiar no abrigo.
Desta forma, a maioria das respostas à pergunta feita pela professora foi o abrigo e a
discursão volta-se para os relatos que as mesmas trouxeram sobre os maus tratos para com os
idosos, o desvio das verbas que é destinado a essa instituição, as condições precárias que
vivem os mesmos.
Após ouvir todos os relatos, a professora nos surpreende com sua sábia resposta, nos
dizendo que tais relatos demostram uma visão muito romantizada.
Aconselhou-nos a olharmos para a Tipificação que outrora apresentamos em forma de
seminário, para os programas, os direitos que estes cidadãos têm e, desta forma saberemos
onde recorrer para a garantia destes cidadãos. Somente assim, “caiu a ficha” e eu entendi o
porquê do olhar profissional e o romântico.
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O olhar romântico nos limita a percepção do sofrimento do outro, levando-nos ao
sentimento de pena em meio à vulnerabilidade social que o indivíduo vivencia, mas o olhar
profissional é aquele que além de constatar a calamidade alheia, estuda meios de alforriar o
sujeito de mazelas sociais.
As discursões, os embates, os puxões de orelhas, as cobranças foram muito
construtivas, me faz pensar e repensar sobre as significações que a Pedagogia Social tem
imprimido em minha vida pessoal e profissional.
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Enfim, para mim foi muito gratificante poder participar desses momentos de
aprendizagem com pessoas que estão em patamar tão alto, mas são simples e dispostas a
compartilhar e disseminar os ideais da Educação Social.
No Estágio de Pedagogia Social, a turma foi dividida em grupos de cinco pessoas para
a elaboração de um projeto para ser desenvolvido dentro do Munícipio de Corumbá-MS. O
grupo que fiz parte elegeu o Centro de Convivência dos Idosos como o lócus de atuação. A
finalidade do projeto era de dinamizar o trabalho com os idosos, possibilitando, de maneira
prazerosa, o bem estar físico e emocional dessas pessoas na terceira idade, através do projeto
cultural do Sarau. As atividades propostas para a Melhor Idade empregou recursos artísticos,
expressivos, lúdicos, recreativos e áudio, como por exemplo; várias atividades como: danças,
gincanas, brincadeiras, dentre outros.
Para que o projeto pudesse contar com a participação produtiva dos grupos, foram
desenvolvidas, a princípio, atividades como a atração com música ao vivo, dando preferência
ao gosto musical dos grupos das pessoas idosas. Na sequência foram realizadas as dinâmicas
com participação das pessoas idosas, como por exemplo, as dinâmicas da batata quente e do
balão, o concurso de dança de salão, com música ao vivo, pois essas atividades têm como
objetivo possibilitar o desenvolvimento de novas associabilidades, de atividades
intergeracionais e a promoção do acesso ao lazer dos participantes.
É importante salientar que o projeto nasceu de entrevistas realizadas com grupos de
pessoas idosas do Centro de Convivência dos Idosos e que as atividades foram de livre
escolha e que os grupos puderam sugerir as atividades a serem realizadas, e exprimiram o que
realmente lhes são confortáveis de ser realizado, por exemplo, a atração com música ao vivo
foi uma escolha da maioria dos idosos.
Através da realização desse projeto pude perceber o quanto é necessário criar
propostas de atividades que possam ser desenvolvidas com idosos no Centro de Convivência
para Idosos, visto que as mesmas proporcionaram momentos de lazer e recreação para esses
idosos, pois todas, de alguma forma, conseguiram atender aos objetivos propostos.
A escolha em trabalhar com atividades que envolvesse música ajudou na participação
dos idosos, mostrando que a música é algo que está presente no dia-a-dia deles e isso, de certa
forma, facilitou a participação de todos no desenvolvimento das atividades.
Através da realização desse projeto pude conhecer um pouco sobre os idosos do
Centro de Convivência do Idoso e como o mesmo funciona no atendimento a esses idosos,
pois até então era algo que não tinha conhecimento.
Acredito que a realização do projeto dentro do CCI contribuiu para a participação e
socialização, de forma prazerosa, pois todas as atividades foram pensadas para esse público,
facilitando, de certa forma, o seu interesse em realizá-las.
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capitalistas oprimindo pessoas dia-a-dia? Devemos depositar a esperança na formação de
profissionais comprometidos com a cidadania e liberdade do ser humano nas realidades que se
localizam dos espaços não formais?
Será que essa escola de rua, cabocla, social realmente tem algo importante a oferecer?
Como afirma Brandão (1981),
Esta é a esperança que se pode ter na educação. Desesperar da ilusão de que todos os
seus avanços e melhoras dependem apenas de seu desenvolvimento tecnológico.
Acreditar que o ato humano de educar existe tanto no trabalho pedagógico que
ensina na escola quanto no ato político que luta na rua por um outro tipo de escola,
para um outro tipo de mundo (p.50).
As reflexões findam aqui. Mas a luta não. Os avanços da educação social nos estudos
e projetos empreendidos por profissionais que acreditam na educação não formal como um
dos processos educativos que forma para o pleno exercício da civilidade e da emancipação do
ser, continua e continuarão, em sua práxis, a incitar e motivar seus educandos através de
saberes e experiências a elaborarem novas maneiras de se inserirem e serem no mundo; dando
contribuições significativas, para que estes possam pensar e aspirar pelo construto de um
mundo para além do capital, um mundo possível de liberdade e de igualdade social. “A
pedagogia social, portanto, vem para sacudir e questionar tudo o que está consagrado”
(BRANDÃO, 1981, p. 50).
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REFERÊNCIAS:
GONH, M. G. Educação não formal e cultura política. 5° ed. São Paulo: Cortez, 2011.
ZUCCHETTI, D.T.; MOURA, E.P. G de. Educação não escolar: refletindo sobre práticas
para uma [outra] epistemologia da pedagogia social. Contrapontos, Itajaí, v.7-n. 1, 2007,
p.185-199.