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Esta crônica é obra de prospecção, reflexão e divulgação.

Não tem autoria de acadêmico,


mas de pesquisador cidadão. Não tem aspirações científicas, mas cívicas. E não pretende
defender nenhuma tese sobre o magno problema dos fatores da formação do Brasil, nem
tampouco retratar a história integral do País. Mas sim, espelhar e dar a conhecer melhor
nossa terra e nossa gente e a razão de nossos antepassados bandeirantes terem recebido
com justificado orgulho, o título de RAÇA DE GIGANTES!

Quem não conhece a sua própria história, também não tem identidade própria!

1-Uma Cidade Colinária Sob O Trópico de Capricórnio¹*

A Paulicéia, "pequenina, delicada" - do latim "Paulus ou, pequenino", é o carinhoso e bivalente apelido da
cidadela edificada em acrópole sobre a colina do planalto central de Piratininga e também de suas sucessivas
gerações, através dos séculos. Nasceu ladeada de íngremes declives, sendo o antigo promontório frontal
Norte**, o mais abrupto (depois aterrado); o lateral Oeste descendo para o Vale, onde corria o Rio
Anhangabaú que se encontrava a Leste com o protetor Rio Tamanduateí, fechando assim uma barreira
protetora circunvalada, como nos castelos medievais. Este lado Leste da Várzea do Carmo mais exposto às
intermitentes frentes frias marítimas que transpunham a elevada barreira litorânea da Serra do Mar,
invadindo o planalto piratiningano. Desse entrechoque climático entre o ar gelado antártico e atmosfera
tropical quente,*** resultava a atmosfera enevoada e chuvosa que se tornaria a sua característica mais
marcante - a garoa!

Aos seus pés jaziam imensas extensões de terras devolutas, ricas e cultiváveis, à espera de arados e braços
operosos. Um grande tesouro desdenhado pelos seus descuidados habitantes selvagens, meros coletores, que
desconheciam o valor civilizador da produção e aprovisionamento! Ao Noroeste se divisava ainda a azulada e
ecológica Serra da Cantareira, abrigando também os seus insuspeitados e férteis campos do Juqueri! Dádivas
divinas!

O poeta Castro Alves, futuro estudante de Direito da urbe paulistana do Século XIX, nos
brindaria com um poema apaixonado descrevendo a influência da antiga cultura espanhola
seiscentista impressa em suas belas descendentes de mantilhas negras, emolduradas pela
sua bucólica e enevoada paisagem invernal.

Rosa de Espanha
"Tenho saudades... ai! De ti, São Paulo,
Rosa de Espanha no hibernal Friul,
Quando o estudante e a serenata acordam
As belas filhas do país do Sul.
Das várzeas longas, das manhãs brumosas,
Noites de névoas, ao rugitar do Sul.

Castro Alves

Foi (re)fundada**** sob o comando do 1º (vice)Provincial Jesuíta***** do Brasil, Padre Manoel da Nóbrega,
quem rezou a sua 1ª missa campal de Ação de Graças em 29 de Agosto de 1553, assistido de perto pelos seus
comandados e os curiosos nativos tupi-guaianás, extasiados com aqueles "estranhos pajés" trajados de hábito
preto! Nóbrega batizou naquela ocasião cerca de cinquenta daqueles insólitos catecúmenos desnudos, os
quais entregou aos cuidados dos seus comandados Padre Manuel de Paiva e acólito Manuel de Chaves.

(¹) O adjetivo [colinária] é similar ao da Sienna da Toscana, Itália, cidade-estado


edificada em acrópole sobre uma colina: "cittá colinnare". Tanto naquela urbe da
antiguidade, quanto nesta quinhentista, as edificações foram acropolitadas de
forma invertida, com suas fachadas voltadas para o interior, ao contrário da
original Acrópole da Grécia, que apontava sua monumental e clássica fachada para
a planície exterior intensamente habitada.

*As urbes edificadas em acrópole só existiam até então sob o Trópico de Câncer
europeu, no Hemisfério Norte, circundando o Mar Mediterrâneo. O surgimento de
uma delas no Hemisfério Sul, em pleno território selvagem, afirmava a
supremacia da mentalidade européia no novo mundo!

**(Promontório descalvado, ancestral ponto de referência visível de todo o campo,


hoje eclipsado pelo Mosteiro de S. Bento e aterro da Rua Florêncio de Abreu - vide
antiga gravura abaixo, onde se vê o promontório redondo e careca).

***As frentes-frias do vento antártico se chocam frontalmente com o recôncavo da


baía de Santos, voltada para o Sul, escalando a "grande muralha" da Serra do Mar
para temperar o cálido ar tropical do planalto piratiningano, 800 metros acima.
Daí resultava então uma densa névoa úmida espalhada pela atmosfera, que
estigmatizou São Paulo como "Terra da Garoa", uma "chuva" miúda mas que
molhava pra valer! Atualmente, devido à intensa urbanização e desmatamento da
grande urbe, o fenômeno telúrico retrocedeu para a região do ABC, mais próxima
da Serra do Mar e sua mata atlântica.

****Na realidade, fundada originalmente por Martim Afonso de Souza, quem plantou as boas sementes
do núcleo fidalgo paulistano em 1532. Elas medraram e frutificaram civilidade, cultura, autoridade e o
"Saber de Salvação", que foi a sua cabeça filosófica modelar para todo o Brasil. Confirmada logo após em
foral real de tombo de 1534 (transcrito por Pedro Taques in Hist. da Cap. de S. Vicente) depois transferida do
Campo de Piratininga (Campos Elísios, Luz, Bom Retiro) para a colina histórica onde se situou o colégio
jesuíta de São Paulo, no intuito de facilitar a catequese e reforçar a mútua defesa.

*****A Companhia de Jesus, uma confraria militar fundada então recentemente


pelo espanhol basco de ascendência cristã-nova, Inácio (antes Iñigo) de Loyola, ao
serviço da Igreja Romana e do rei espanhol, com propósitos antirreformistas e
outros menos transparentes, envolto em nebulosas conspirações, como se saberia
em eras posteriores.
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Paupercula Domo

Acropolitados sobre aquela colina histórica antes denominada Inhapuambuçú (²), os treze* discípulos
sinceros de Loyola levantaram uma rústica ermida de pau-a-pique medindo "14 x 10 passos" que o noviço de
20 anos José de Anchieta reportou em carta ao reino como "paupercula domo" (casa paupérrima).

Entretanto, embora sendo pobre e diminuta, grande era o amor que abrigava! E ela lhes servia de tudo:
dormitório, refeitório, escola, enfermaria e templo! Próximo dela havia uma antiga palhoça em estado
"vetustíssimo" (precário), como qualificou ainda o então jovem missionário, talvez um tejipar de caçador,
temporário e abandonado.

Inhapuambuçú, A Colina Histórica de São Paulo...


...no seu lado Leste, detalhe: Note-se que ao lado do Mosteiro de S. Bento e no morro frontal,
não consta a atual rampa descendente que formou a Rua Florêncio de Abreu, o quê já indica
um aterro posterior. Vista atribuída "a Debret" em 1827 (?), que nos parece mais um rústico
desenho seiscentista, analizando-se a desproporção entre o tamanho do mosteiro em 1º plano
e as três casas térreas em segundo plano (agigantadas) do Vale do Anhangabaú, ao fundo.
Erro crasso de [assentamento de figura], que certamente um virtuose oitocentista como
Debret, jamais cometeria!

(²) Do tupi, "monte-que-se-vê-de-longe" - visibilidade esta devida à sua então


proeminente fachada, um pequeno morro calvo, arredondado, rochoso (talvez
monolítico, figura acima) coberto por fina areia amarelada que refletia a luz do Sol
tanto nascente quanto poente, tornando-se assim um farol georreferencial diurno,
visível de todos os pontos do campo. Primitivo marco geográfico, infelizmente
destruído pela ganância de obras mal-pensadas dos séculos que se seguiram
(aterros e prédios), extinguindo a originalidade paisagística. Um mau-exemplo de
administração pública que não soube preservar as suas preciosas características
históricas da sanha especulativa dos agiotas imobiliários: antropofagia cultural!

*Treze jesuítas menos dois, Pero Correia e João de Souza; supliciados, mortos e
devorados pelos canibais Carijós do litoral, quando tentavam piamente praticar a
sua catequese cristã.

**Inclusive a bela paisagem antes visível da Rua Boa Vista, depois murada de
prédios cafonas, que a emparedaram e eclipsaram totalmente! O nome da rua
deveria ser atualizado para "Rua Cega"!

O PATTEO DO COLEGIO
Colégio de São Paulo, Mosteiro e Igreja dos Jesuítas, conjunto construído sobre a histórica e
estratégica colina de Inhapuambuçu, marco zero da Civilização Paulista. Quadro do patriota
Benedito Calixto.

"...ora, a civilisação é o producto mathematico do concurso d'estes dous factores, a sciencia e a virtude. A
sciencia que eleva o espirito humano às alturas serenas da verdade intellectual e do bello esthetico, a
virtude que funde no cadinho da vida social o coração na pratica da justiça, na nobreza dos sentimentos e
nos estímulos do patriotismo".

Cônego Valois de Castro 1894.

Finca-se a estaca de um baluarte civilizador

No entanto, aquela humilde ermida se tornaria o fundamento do maior ponto de referência paulistano: O
"Patteo do Colegio", alicerce da própria nacionalidade! Marco zero da colonização e do sertanismo brasileiro,
ponto-de-encontro de colonos, visitantes espanhóis do Paraguai, portugueses metropolitanos, autoridades
seculares e eclesiásticas, além da população indígena domesticada, que ali circulava livremente! (³) Pouco
depois de erguido aquele multi-utilitário cenáculo, foi celebrada a sua missa de consagração, desta vez pelo
Padre Manoel de Paiva acolitado pelo citado jovem Anchieta em 25.01.1554. Era o dia de São Paulo, o
"Apóstolo dos Gentios", de quem se tomou o nome de Casa de São Paulo - em coincidente sincronicidade
(descrita por Jung) com a natureza gentílica daquela nascente missão civilizadora. Portanto, esta data é a da
fundação do colégio com o nome daquele "santo-do-dia" e não da vila, pois ela já fôra previamente fundada
em 1532 por Martim Afonso de Souza e aforada pelo rei em 1534, como Vila de Piratininga.

A mesma denominação foi depois estendida com a agregação do nome daquele santo apóstolo: Vila de São
Paulo de Piratininga, em 1560, incluindo ainda os colonos refugiados de Santo André, que vinham sendo
atacados pelos antropófagos circundantes.(4) Foi transferida das margens planas e inseguras do Rio Tietê e
acropolitada sobre a protegida colina do Rio Tamanduateí. (O foral real original de tombo de Piratininga de
1534 permaneceu válido, pois não se tem notícia de qualquer outro - o que houve foi uma conveniente
transferência de localização)! Naquela humilde casa se oficiariam ainda outros atos litúrgicos pelos demais
padres Leonardo Nunes, Vicente Rodrigues e Afonso Brás, acolitados pelos outros noviços Diogo Jácome,
Gregório Serrão, Manuel de Chaves e Pero Dias Parente.
(³) Os índios domesticados e convertidos à religião católica romana, eram parte
integrante e igualitária da população paulistana e tinham a liberdade de ir-e-vir,
mediante determinação de bula papal; jamais foram "escravos" e sim, ALIADOS - e
andavam muito bem armados! O próprio Morubixaba Tibiriçá habitava a rua
central da vila, a qual levava o seu respeitado nome: "Rua de Martim Afonso
TIBIRIÇÁ", atual Rua São Bento, placa inexplicavelmente usurpada!

(4) Foram transferidos da então recém-fundada Santo André, em 1560, após


sofrerem contínuos ataques dos trogloditas inimigos, supõe-se os Carijós do
Litoral Sul.

(Aviso: a presente obra está registrada no Escritório de Direitos Autorais da Fundação


Arquivo Nacional de acordo com a Lei Federal 9610 de 19/02/1998 sob nº 708.762 L. 1370 fl.
124 e 709.697 L. 1372 Fl. 76 e quaisquer reprodução ou republicação total ou parcial, sem o
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O Índio é Quem Sabia das Coisas...


A PEDRA ITAECERÁ ou A Origem Mítica de São Paulo!

Reza porém um antecedente folclórico, narrado pela tradição oral piratininguara*, de que sobre aquela
primitiva colina de Inhapuambuçú, havia uma grande pedra sagrada, a Itaecerá, fendida ou fortemente
marcada por um formidável e panorâmico raio, de conhecimento geral e notório, que as diversas tribos
circundantes cultuavam como sinal milagroso de Tupã (Deus). Ela teria sido posteriormente retalhada e
sincretizada nos alicerces do templo jesuíta (?!). O local já era anteriormente um campo santo, frequentado
por todas as tribos circunvizinhas, igualmente impactadas pela visão da magnífica centelha! Vinham
peregrinar através da extensa rede de Peabirús (5) cruzando os matos, em busca da presença divina. Desse
espetacular evento concluímos, portanto, que os Tupi-Guaianás já desfrutavam de uma Via Espiritual de
mão dupla, pela qual foram previamente incumbidos de indicar aos jesuítas a exata localização divinamente
predestinada daquela missão!

*Piratininguara = Termo que designa a naturalidade e precedência dos nativos


tupis do Campo de Piratininga.

Mas e a Itaecerá de Tupã, teria sido mesmo retalhada e reutilizada, como narra a tradição oral? Talvez sim,
talvez não! Isto precisa ser investigado, pois trata-se de um petróglifo de inestimável valor arqueológico,
sentimental e religioso, marco intercultural da história piratiningana e do Brasil! É imperativo que se faça
uma minuciosa prospecção nos sítios sagrados apontados, mesmo que se tenha de remover os degradantes
muquifos ali existentes!

(5) Peabiru= "caminho de mato pisado".

*Vide a obra A Cidade Antiga, narrando a completa destruição de grandes


civilizações e metrópoles da Europa pela invasão das hostes bárbaras e insensíveis
aos valores civilizatórios, como os Hunos e Mongóis, que destruíam estátuas e
monumentos. São Paulo vem sofrendo semelhantes pichações e invasões de hostes
mongólicas, instigadas pela esquerdália destruidora e anticristã!
O fabuloso raio anunciava a proximidade de um resgate divino, sulcando célere as
tempestuosas águas do Atlântico, nas pessoas de Anchieta, Nóbrega e outros apóstolos
portadores da abençoada Civilização Ocidental Cristã!

Cremos que o fabuloso raio fosse mesmo uma teofania (manifestação divina) em favor das almas aflitas do
morubixaba e sua gente, oprimidos pela permanente perseguição canibal que literalmente os devorava!
Anunciava a proximidade de um resgate transoceânico que de fato se materializaria na Civilização Ocidental
Greco-Romana Cristã (7), difundida e edificada pelo seu principal apóstolo e educador - continuador da
obra do mais letrado Provincial Jesuíta Manoel de Nóbrega*, seu orientador, o também letrado** e mais
jovem Padre Anchieta, em quarenta e três anos de ministério escolástico e apostólico***, que forjaram o
distintivo caráter cristão e consensual cabeça filosófica paulista: "Um Saber de Salvação"!

(7) Índio não é bobo e gosta mesmo é da comida regular da agricultura branca e do
leite da vaca para seus curumins; roupas, tv, moto, relógio, luz, celular e outras
comodidades da civilização; quem gosta de ficar pelado feito animal e comer carne
contaminada de preá do mato, é militonto ideológico do Ibama!

*Manoel da Nóbrega ingressou na Companhia em 1544, tendo nascido em


18/10/1517, cursado Univ. Salamanca e Univ. Coimbra, onde completou o curso de
direito canônico. Ordenado, foi preterido por motivos políticos, para o ingresso no
Mosteiro de Santa Cruz como professor, o que o levou a aproximar-se dos jesuítas.
Em 1548, vem para a América com Tomé de Sousa, chefiando outros sacerdotes
(Antonio Pires, Leonardo Nunes, João Navarro, Vicente Rodrigues e Diogo
Jácome, os demais irmãos e não sacerdotes).
**Anchieta frequentou o Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à
Universidade de Coimbra, a mais perfeita da nossa língua, onde certamente
conheceu a Escolástica de Santo Tomás de Aquino, baluarte da Cultura
Aristotélica-Cristã. Criou a nossa primeira gramática da língua Tupi, utilizada
para evangelização dos nativos, além de peças teatrais, musicais e livros de
história, sempre didáticas e voltadas à catequese.

***São José de Anchieta foi canonizado em 2014 Apóstolo do Brasil. Padre José
nasceu em Tenerife em 1534, Ilhas Canárias da Espanha, filho de pai fazendeiro
"basco" (provável cristão-novo) e mãe de família aristocrática local, filha de pai
judeu. Estudou dos 17 aos 20 anos na Universidade de Coimbra (em Portugal, onde
havia maior tolerância com sua etnia perseguida na Espanha pela Inquisição)
onde aprendeu a falar/escrever português e latim. Morreu na terra que tanto
amou em 1597.

Tupi or not tupi

Os piratininguaras* guaianás falavam o tupi, embora suas demais aldeias do território Su-sueste brasileiro
fossem da divergente raiz linguística macro-gê**. Eram ou não tupis? Eis a questão!
Índia Tupi - de Albert Eckhout (1610-1665)
Óleo sobreTela de 265 X 157 cm de 1641
Museu Nacional de Copenhaguen - Dinamarca

*Piratininguaras: termo castiço para designar a naturalidade e precedência dos


nativos selvagens do Planalto de Piratininga, expressando também uma
[diferenciação social] com os colonos brancos, habitantes da então recém recriada
Vila de São Paulo de Piratininga, chamados de [paulistanos].

**Alfred Métraux, antropólogo francês e congêneres, afirmam que os guaianás


piratininguaras sabiam falar a língua tupi antiga, embora em suas origens
regionais estivessem entroncados na divergente raiz linguística macro-jê!

Guaiánã ou Tupi? Ou os dois?!

O precursor da historia da capitania de São Vicente, Frei Gaspar da Madre de Deus, os cita em suas
"Memórias" de 1797, como sendo guaianás, sem nenhuma sombra de duvida! Hipoteticamente, talvez fossem
mesmo guaianás vencidos e tupinizados linguística e culturalmente, resultando daí uma fusão étnica (?).
Tupiniquins (8) não eram, pois eram seus inimigos, embora parentes colaterais distantes! Mas a índole
pacifica e isenta de canibalismo daquele povo concorda com o seu apelido "guaiá", que significa "manso" ou
"guaiá-nã" (muito manso, não canibal, não beligerante), atribuído pelos seus próprios vizinhos. O erudito
Teodoro Sampaio tem hipótese semelhante, apoiado nos mais antigos autores da história brasileira, os quais
cita em sua obra O Tupi Na Geografia Nacional*. Batizemos então por ora, essa provável miscigenação com
o nome de "Tupiguaianã"! Mas, ainda permanece o mistério.

Dicionário Geográfico

O Dr. João Mendes de Almeida, famoso jurista e insuspeitado filólogo, em sua obra póstuma Dicionário
Geográfico da Província de S. Paulo acompanhada de volumoso compêndio de gramática e vocabulário
tupis. Ele tem opinião divergente das anteriores e cita uma carta descoberta na biblioteca de Évora, Portugal,
atribuída a Anchieta, onde o padre se refere tanto aos nativos litorâneos de Bertioga quanto aos planaltinos
de Piratininga, como sendo da mesma etnia Tupi: "os tupis de Bertioga foram alertar os tupis de
Piratininga, chefiados por Tibiriçá, da chegada de Martim Afonso". Assim, os morubixabas Tibiriçá e seus
outros irmãos também morubixabas (caciques) seriam decididamente Tupis. Afirma ainda que os tupis do
passado teriam vencido definitivamente os guaianás e assumido o seu lugar e a eles transferido a sua cultura.

O antigo leito do Rio Tamanduateí, eixo que ligava São Paulo ao ABC (antigo Rio Piratini ou
Piratininga). Era o Mais Urbano e centralizado Rio Paulistano, bastante movimentado! Obra
do pintor Antonio Ferrigno.

A Origem do nome Piratininga e seu duplo-significado

Diz ele ainda, baseando-se em minuciosa dissecação da acurada nomenclatura Tupi, que o termo Piratininga
é herdado do Tamanduateí, afluente do rio Tietê pela sua margem esquerda. Com efeito, o rio é mencionado
em antigas escrituras quinhentistas, simultaneamente como Piratininga e Tamanduateí. E chegava até ao
Tietê com este mesmo nome, podendo ter denominado também aquela sua microregião marginal, ou Campo
de Piratininga. Ele possuía portanto, estes dois nomes, fato este muito compreensível, porquanto essa rica
região havia sido alvo de muitas disputas entre etnias silvícolas, as quais conferiam os seus próprios nomes
aos diversos lugares, para exprimir a posse e senhorio em lugar dos vencidos.
Vista da Várzea do Carmo. A bucólica ponte sobre o Tamanduateí que aparece no quadro ficava
na altura da Rua Tabatinguera, hoje um cruzamento automobilístico infernal e poluído.

Em decorrência disto, na memória coletiva permaneceu gravada essa duplicidade nominal, por muitas
gerações. Ele menciona também Frei Gaspar em suas "Memórias", onde cita o Tamanduateí como "o antigo
rio Piratininga". Em outros antigos documentos, é referido também como Rio Piratiní ou Piratinim.

Cabe aqui mencionar outra teoria algo dissonante, do antigo presidente do Instituto Histórico Geográfico de
São Paulo, Afonso de Freitas, que postula em extenso artigo da sua revista de 1925, "Piratininga Exhumada",
a existência de um terceiro e deslocado "Riacho Piratininga" na margem oposta do Rio Tietê, na Ponte
Pequena, zona norte, como "sendo ele a origem do nome".** Não nos estendemos aqui nessa hipótese,
porquanto nos pareceu secundária diante da excelente argumentação que vem a seguir, com maior
plausibilidade. Mas pode ter havido uma duplicidade de nomes, comum na vasta região. Deixamos
entretanto a referência mais abaixo, para quem se interessar em estudar essa variante.
hentista da Villa de São Paulo do Campo de Piratininga. As águas do Tietê sempre foram naturalmente escuras, con
oluição. O autor nasceu no Tatuapé, próximo a uma de suas rasas lagoas laterais, ou pirá-tininga também escuras, on
ntis e assistiu ao seu saudoso pai Francisco Rodrigues de Camargo (Chiquinho) atravessar a nado o histórico rio band
nida Marginal Leste do Tietê. Foi um autêntico batismo de dois legítimos herdeiros do torrão piratiningano, desc
Tibiriçá de Piratininga (filhas Bartira, Beatriz e Terebê) e seus irmãos Caá-Ubi (ou Cayubi) de Ibirapuera (filh
Piquerobí de Ururaí, São Miguel (filha Antonia Rodrigues) o "sal-da-terra" tupiguaianã que temperou a Raça
(O Rio Tamanduateí está aqui assinalado na sua localização original, depois retificada.
so e Irregular

Interpretando a lição do erudito Dr. João Mendes, a palavra Piratininga seria a corruptela de Pi-ra-tini-nga,
de pronúncia pausada, sendo Pi = [o centro, fundo]; ra = [acidentado]; tiní, tinim = [sinuoso, curvilíneo,
tortuoso], acrescido da partícula vernacular [ngá], para formar "supino" (realce?). No vernáculo corrente
seria "rio-torto-e-esburacado", porque além de sinuoso, tinha o seu centro pontilhado de traiçoeiros poços
fundos.

Índios e jesuítas atravessando "um rio" (mais provável, o próprio Tamanduateí). Pintura do
século XVII, publicada no livro Die Jesuitenmissionare Martin Dobrizhoffer und Florian
Paucke. Domínio público.

Palavras Homônimas-Homófonas-Homógrafas (rara trilogia) possuem a mesma pronúncia e


grafia aportuguesadas, mas com sentidos diferentes.

Não se tratava portanto, segundo ele, daquele outro mais popular e semelhante vernáculo de "peixe-seco" ou
pirá-tini-nga. Um é pí - ra (¹centro, ²irregular), dois vocábulos distintos que conjugados, são paroxítanos; o
outro é um vocábulo único pirá (peixe), oxítano, (aliás, sobre o sufixo tiní, ou tininga (curvilíneo, tortuoso)
com significado de "seco", não o encontramos em nenhuma tradução confiável, apesar de mencionado em
diversos dicionários ligeiros que pululam a Internet, erro recorrente!

Então temos, descartada a partícula [nga] do vernáculo enxertado:

PI-RA-TINÍ = Rio Curvo, de Centro Irregular, segundo o Dr. João Mendes;

PIRÁ-TINÍ = Peixe Curvo ou torto do tupi, nossa conclusão, comparada à imagem abaixo.

PIRATININGA = "peixe-seco", corruptela ou corrupção vernacular - que interpretada literalmente, significa


peixe-curvo ou "torto" e não "seco".

Esta imagem desvenda o mistério: Pirá = peixe, Tiní = curvo, "peixe curvo ou torto". Mas não
era "peixe-seco"? Os dois! Mas por quê a duplicidade? Porque depois de mortos, sob o efeito
do sol escaldante, os peixes se encurvavam pela extrema retração do ressecamento - era
exatamente o que os Tupiguaianás viam e verbalizavam pela sempre fiel descrição visual da
sua acurada linguística: pirá-tini ou "peixe-torto"! Enquanto que os colonos lusos os viam e
traduziam pelo vernacular "peixe-seco". Duas culturas, duas visões, duas expressões sobre o
mesmo fenômeno: seco e torto, mas o mesmo objeto - sendo a Tupi a mais literal!

*Diversos dicionários tupi da Internet traduzem o termo "tininga" como "seco",


quando esse vocábulo nem sequer existe em tupi, foi enxertado, é vernacular
corruptela de [tiní] ou [tinim] = curvo, sendo [nga] uma partícula acrescida para
formar "supino" (segundo Dr. João Mendes). Outra versão fantasiosa diz que Pirá-
tinin, quer dizer "peixe-barulhento".(?) Nos apoiamos no Dr. João Mendes por ser
renomado filólogo pesquisador, utilizando métodos linguísticos estritamente
científicos, mundialmente aprovados à época (In Dicionário Geográfico da
Província de São Paulo, prefácio, com extenso compêndio gramatical Tupi).

Piratininga - Uma derivação denominacional telúrica e transmutante


Nossa conclusão, portanto, é de que por surpreendente derivação somada à uma coincidência linguística, as
lagoas e seus peixes-secos se conformaram à mesma antiga designação do rio, mas com diferentes
significados. Com a adoção definitiva do nome Tamanduateí, a tradicional denominação Piratininga do rio
foi abolida, extinguindo-se assim a ambiguidade. Ademais, já no Século XIX ele não mais seria tido como "rio
torto", porquanto foi inteiramente retificado! Mas o nome não morreu, migrou! E se cristalizou em suas
lagoas: o termo que antes era designativo de "rio torto", cristalizou-se pelos mistérios da metamorfose
tupiniquim, no popular "peixe-seco"**** ou "peixe-curvo", "torto", referindo-se aos efêmeros espelhos d'água
que se evaporavam lentamente ao sol tropical escaldante, matando os seus prisioneiros represados - as
piratiningas assassinas! (Molhamos nossos pés infantis numa delas, no Tatuapé, hoje marginal esquerda,
circa 1950-54 - a nomenclatura vulgar dada no bairro era "lagoa do Rio Tietê", como nós, os meninos
tatuepenses, a chamávamos).

*Dr. Teodoro Sampaio, O Tupi na Geografia Nacional, tese bastante abrangente,


sobre a cultura tupi e Guaianã.

**In Afonso de Freitas, "Piratininga Exhumada", Revista do Instituto Histórico e


Geográfico de S. Paulo, # 23 - 1925 - pg. 99-114.

***Dr. João Mendes de Almeida, Dicionário Geográfico da Próvíncia de S. Paulo -


página 208 - Tip. A Vapor Espíndola, S. Paulo 1902.

****Padre Anchieta deixou registrado que as piratiningas em conjunto, chegavam a


represar 12.000 peixes numa única cheia! Era uma rica fonte nutricional, muito
disputada pelas diversas aldeias concorrentes do campo.

(8) A autodenominação Tupiniquim, grafada ao longo dos anos de diferentes


maneiras - Topinaquis, Tupinaquis, Tupinanquins, Tupininquins, Tupiniquí -
significa "tupis do lado", "parentes colaterais", conforme o Dicionário Etimológico
da Língua Portuguesa, de Antenor Nascentes, com apoio no historiador
Varnhagen.

Piracema e Piratininga - a conjugação de dois fenômenos fluviais, que caracterizaram a


região planáltica.
A Piratininga era decorrente da Piracema (do tupi, "subida dos peixes").

O Rio Tietê, cortando o planalto no sentido Leste-Oeste rumo ao profundo e misterioso sertão,
frequentemente transbordava suas águas, formando escuras e rasas lagoas marginais, ou "piratiningas", (¹³)
devido principalmente à piracema(14), uma súbita e barulhenta "marola", provocada pela subida de peixes
contra a correnteza em maciços cardumes. Uma enorme quantidade deles ficava represada ali, criando assim
uma rica fonte protéica*. Este fenômeno telúrico ficava ainda mais potencializado pelas densas chuvas de
verão que provocavam suas enchentes sazonais (Novembro-Fevereiro), encharcando assim toda a extensa
bacia hidrográfica piratiningana, que levou muitos anos para ser drenada e canalizada.

*Padre José calculava cerca de 12.000 peixes represados por


temporada.

A Vigilância Permanente

Sobre aquele estratégico e pronunciado mirante descalvado de Inhapuambuçú, apontando para o Norte (vide
gravura completa atribuída a Debret, mais abaixo), cuja vista dominava todo o cenário do campo
piratiningano, se situou a nova aldeia suspensa dos nativos tupiguaianã, transferida do Campo de
Piratininga. A nova localização logo se confirmou como estratégico posto de vigia, geográfica e
defensivamente circunvalada pelos afluentes do Rio Tietê (9), o acidentado Rio Tamanduateí (10) como já
vimos e o seu tributário Rio Anhangabaú (11) (este último alimentado pelos riachos Itororó (Av. 23 de Maio)
e Saracura*), que se encontravam na várzea alagada, desaguando mais adiante no extenso caudal
bandeirante, também denominado Anhembi(12).

(9) Rio Grande, "rio fundo, extenso, verdadeiro", "rio dos Tiés" (ave de penas
vermelhas).

(10) Rio dos Tamanduás


(11) Rio e Vale do Anhang = "diabo".

(12) Rio dos Nambús ou Inhambús (ave parecida com a galinha d'angola ou
perdiz).

*Os índios não tinham um nome único e extensivo para os rios, mas o
denominavam em segmentos pelos acidentes geográficos ou variada fauna, (Tié,
Inhambú, Arara) animais, peixes (Tamanduá, Jundiá) ou acidentes geográficos
(parnaíba ou par-ne-í-bo, Itú, etc).

Anhuma, ave surrealista com unicórnio na testa, cachecol de plumas negras, esporas nas
asas, pés grandes... e canto cacofônico parecido com zurro de jumento! Essa rara espécie
planáltica (em extinção) medrava profusamente nos vastos campos marginais do Tietê, hoje
transformados nas poluídas vias marginais.
Tiê-sangue, que emprestou o seu nome ao Rio Tietê. Ave símbolo da Mata Atlântica e uma das
mais espetaculares do mundo, o tiê-sangue (Ramphocelus bresilius), também conhecido
como sangue-de-boi, tiê-fogo, chau-baêta e tapiranga, é uma ave sul-americana passeriforme
da família Thraupidae, reconhecida pela beleza de sua plumagem vermelha.

Inhambú, galinhota ou perdiz que abundava às margens do Rio Tietê no trecho central
denominado Anhembi ou Ayembi, "rio-dos-inhambús".
Saracura-do-mato, ou aramides saracura, espécie de garça que nomeou o principal afluente
do Rio Anhangabaú, ambos canalizados sob a Av. 9 de Julho.

Orquídea da Mata Atlântica, símbolo brasílico.


atribuída a Debret em 1827(?), mas que nos causa muita estranheza, quando comparada com a do seu colega Pallièr
zada, com casario numeroso e prédios reformados, ampliados, e quintais murados. Em nossa modesta opinião, est
1628 (dois séculos mais antiga!), do mesmo autor espanhol apócrifo, encontrado no Arquivo das Índias de Sevilha
eí, está desenhado muito distante do seu leito original (ou talvez tenha mudado seu curso), que corria paralelo ao so

opolitada Downtown paulistana, onde aparecem a casa da Marquesa de Santos (no canto esquerdo) e a torre da Igreja
Na baixada, o pasto entremeado de lagoas rasas que legaram o seu nome ao campo e vila. No extremo direito, o Moste
etados numa plataforma descaracterizante, ocultando o antigo promontório descalvado, que era a razão do nome Inh
tais murados, o que não aparece na vista acima, atribuída a Debret, e com data posterior??! Coleção Beatriz e Mário P

Antiga Várzea do Carmo


Passada a fase colonial quinhentista, toda aquela baixada Leste alagada passou a chamar-se Várzea do Carmo
(tomando o nome do convento carmelita próximo), que abrangeria o atual Parque D. Pedro II. Este espaço
público foi antes um belo jardim cercado de palmeiras imperiais e bancos de cimento, onde nos recreávamos
quando jovens, e parque infantil* municipal onde nossa mãe e suas três irmãs "oriundi", moradoras do
"Bixiga" (Bela Vista), brincavam quando crianças, em perfeita segurança. Hoje um poluído terminal
rodoviário da populosa e migratória zona leste. A urbanização utilitarista sem a devida preservação cultural e
a migração desordenada foram desfigurando a originalidade geográfica e social da cidade, enquanto seus
marcos histórico-culturais iam desaparecendo! O progresso é necessário, mas não pode atropelar ícones
nacionais - tem obrigatoriamente de contornar!

São Paulo até aos anos 1960: "Um Pedaço da Europa na América do Sul"!
O paternal Parque Infantil D. Pedro II em 1937, abrigando filhos dos trabalhadores europeus
da indústria e construção civil.

2- Tietê - A Estrada Fluvial que Catapultou a Exploração Bandeirante do Território Brasileiro

O histórico e estratégico Rio Tietê foi a providencial via natural para o desbravamento do inóspito sertão
brasileiro em seus quatro pontos cardeais. Foi muito navegado também pelos antigos comerciantes
espanhóis do Paraguai que subiam a sua correnteza em busca da amizade e hospitalidade paulistanas, além
do seu crescente e atraente mercado consumidor.

O próprio governador espanhol do Paraguai, Dom Luís Céspedes García de Xería (15) o utilizou muitas vezes,
inclusive para transportar sua noiva luso-brasileira Dona Vitória de Sá, da tradicional família governante do
Rio de Janeiro, mediante contrato com o famoso sertanista paulista André Fernandes (co-fundador de
Santana de Parnaíba, SP) que por este fato ficaria estigmatizado pelos desconfiados pioneiros como
"colaboracionista" dos concorrentes castelhanos. É de sua autoria este mapa abaixo.

Rio e Vale do Anhangabaú (ou Anhangobay), vista da colina histórica pelo seu lado Oeste.
te, do Vale do Rio Anhangabaú - 1765-1775 "DEZENHO POR IDEA DA CIDADE DE SÃO PAULO" de autor apócrif
manuscrito na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Vista da cidade de São Paulo, tomada do Morro do Chá (atu
vendo-se os fundos das casas da Rua de São Bento. A igreja e o mosteiro estão à esquerda e São Francisco à direita.O
e memória (na época se dizia 'por ideia'), o que significa que não foi elaborado no local, como era mais comum. Ne
o haviam sido abertas a Rua Nova de São José (hoje infelizmente, Líbero Badaró) e a Rua de São João (hoje Avenida S
a cruzado pelo Rio Anhangabaú, mais acima tributado pelo córrego Itororó (Av. 23 de Maio) e pelo Saracura (Av. 9 d
do mais adiante no Tamanduateí, e este no Tietê. O autor desse desenho, provavelmente seria o mesmo do similar "P
. (Note-se que não houve nenhum crescimento significativo do plano urbanístico entre os séculos 17 e 18).
O 1º Mapa de São Paulo de Piratininga, de autoria do governador espanhol do Paraguai, Céspedes de Xería.
O Rio Tietê, trecho urbano, no início do Século XX, muito aprazível e salubre, antes da
poluição industrial e da ocupação desordenada e sem saneamento básico. Note-se a
característica físico-química das águas tietanas naturalmente escuras, mesmo quando ainda
não eram poluídas.

Monções - O Bandeirismo Aquático ao Mato Grosso e Cuiabá pelo Tietê


As monções tiveram um importante papel na colonização fluvial da Região Centro-Oeste do Brasil, após o
declínio das bandeiras terrestres. Iniciaram-se em 1718, quando o bandeirante Pascoal Moreira Cabral (e
outros, como os homônimos ituanos Antonio Pires de Campos, pai e filho, de alcunha "Pai Pirá") descobriu
ouro nas proximidades do sítio onde hoje se encontra a cidade de Cuiabá. Em pouco tempo, outros
sertanistas foram atraídos pela notícia, sobretudo da capitania de São Paulo. Como resultado, uma
verdadeira corrida do ouro acabou por converter a região em um vasto campo de mineração. Posteriormente,
essas expedições tornaram-se regulares e o seu objetivo passou a ser também estratégico, comercial e
militarmente, visando ao abastecimento e defesa dos mineradores de Cuiabá, Vila Bela e demais povoações
surgidas em decorrência daquela extensa mineração.

3 - O Morubixaba Tibiriçá de Piratininga* e seu genro João Ramalho: a 1ª Aliança!

A tribo tupi, ou tupiguaianã habitante do planalto piratiningano, era chefiada por este extraordinário
morubixaba, cujo nome traduzido era "Formigão Vigilante", o qual fez a sua primeira aliança eurobugre com
o degredado pré-povoador João Ramalho, cedendo-lhe sua filha Bartira (16) ou M'bicy, renomeada Isabel
Dias em seu batismo cristão.

João Ramalho e Bartira, 1ª fusão racial que produziria as sub-raças mameluca, cabocla, etc.

Ramalho foi nomeado oficialmente mestre-de-campo de Piratininga (17) pelo donatário Martim Afonso em
1532 e mais tarde confirmado pelo amistoso 1º Governador Geral do Brasil, Tomé de Sousa o qual o instituiu
também fundador e alcaide da Vila de Santo André da Borda do Campo, em Agosto de 1553.
O Morubixaba Tibiriçá o "Formigão Vigilante" (ou vigia da terra) e seu neto André Ramalho,
o primeiro mameluco paulista, filho da princesa tupi Bartira e João Ramalho.

A Casa de Tibiriçá de Piratininga

Tibiriçá, também chamado de "O Guerreiro de Olhos Encovados", era casado pelo costume nativo com a
tupiguaianã Potira e dela teve as filhas casadas com alguns dos primeiros povoadores portugueses,
constituindo-se ancestrais de muitas famílias paulistanas tradicionais: 1-Bartira, já citada; 2-Terebê c.c.
jesuíta leigo Pero Dias Parente (1530-1590) e renomeada Maria da Grã**; 3-Beatriz Dias Machado c.c. Cap.
Lopo Dias Machado, todas nossas avoengas. Teve de Potira também os filhos Ítalo, Ará, Pirijá, Aratá e
Toruí, além de outros nascidos de concubinas.

Era filho de Amyipagûana Guayaná e de uma "tapuia" (nome genérico para aborígenes nômades, ferozes e
estranhos às tribos organizadas em aldeias - trogloditas) seus irmãos eram Tapiro, Piqueroby Ururaí-Pê
(peixinho verde, no dialeto tupiniquim - 1480-1552), Cayuby Ururay-Pê da aldeia de Ibirapuera-Jeribatiba-
Itaim (outra grafia é Caá-Uby) e Araraí Ururay-Pê, o irmão caçula (o sufixo [pê] é uma posposição tupi e tem
a mesma função da preposição portuguesa [de] = [Pê] = "de Ururaí").

(16) Bartira ou Burtira ou Bortira [flor da árvore] do Tupi, segundo Rodolfo


Garcia. Botyra ou Ybotyra [a flor] DLIV, 205. O y pronunciado fechado como o u
francês, in J. F. de Almeida Prado - Os Primeiros Povoadores. Ela morreria já
velha, de doença genital endêmica entre as nativas, de terrível mau-odor, assistida
diariamente pelos padres com os quais rezava e comungava, sempre oferecendo os
seus dízimos à obra de Deus!

(17) João Ramalho (ou Maldonado) era um evidente católico devoto de Santo
André e aparentado da família portuguesa do jesuíta Padre Manoel de Paiva e não
"cristão-novo" (judeu convertido), como tendenciam alguns. E com o nome
daquele então muito popular mártir cristão, dedicou uma tosca capela (desde 1513,
40 anos antes da chegada dos jesuítas) no arraial depois elevado a vila com o
mesmo nome: Santo André da Borda do Campo, em 1553, assim nomeando
também o seu filho primogênito e primeiro mameluco do planalto piratiningano:
ANDRÉ RAMALHO! (Três significativas homenagens ao mesmo santo mártir
católico, o quê, diante de tanta liberdade selvática, seria inadmissível para um
verdadeiro judeu, que escolheria nomes como David, Moisés, Salomão, Levi,
Arão). Há uma notícia que diz ter sido ele escudeiro da rainha, mas por ter
cometido um crime, foi deportado ao Brasil, deixando sua mulher prenhe,
Catharina Fernandes das Vacas, ambos de Vouzella, Valgode, em Portugal.

*Alguns historiadores do passado titularam equivocadamente a Tibiriçá de


"senhor de Inhapuambuçu", o que limitaria o seu senhorio à zona central da Vila
de São Paulo, para onde transladou a sua aldeia com a chegada dos jesuítas. Mas
era na realidade, senhor de todo o imenso campo de Piratininga, estendendo-se às
fraldas da Serra do Mar em Paranapiacaba e descendo até o litoral de Bertioga:
Tibiriçá de Piratininga!

**Terebê ou Maria da Grã: seu nome de batismo cristão foi tomado emprestado do
2º provincial jesuíta do Brasil, Padre Luís da Grã.

O Morubixaba vigilante encontra o Capitão Donatário: 2ª Aliança!

Tibiriçá estabelece em 1532 sua 2ª aliança eurobugre com o Capitão Donatário, Almirante e Vice-rei do
Brasil, Dom Martim Afonso de Sousa*, cujo magnetismo pessoal e majestática indumentária muito o
impressionou! A tal ponto de adotar o seu nome em seu batismo cristão: Martim Afonso Tibiriçá! (Nome
original da hoje chamada "Rua São Bento", como já dissemos, placa injustamente escamoteada).

*Vide dois links com biografia e pedigree nobre e real deste fantástico
conquistador das Índias, neste site.

Tibiriçá e os primeiros abnegados jesuítas de Manoel da Nóbrega: 3ª Aliança!

A Vila de São Paulo do Campo de Piratininga, com seu colégio e igreja, foi resultado da 3ª aliança eurobugre
de Tibiriçá com os jesuítas e constituiu-se na primeira e maior plataforma bandeirante de exploração
profunda da extensão continental brasileira, de Norte a Sul, Leste a Oeste! Foi o marco inicial do "Brazilian
Far West", nosso "Texas caboclo", dois séculos mais antigo que o norte-americano!

O historiador sorocabano Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro nos


legou os importantes apontamentos do Diário de Navegação de Pero Lopes de Souza.
A respeito daquela 1º experiência colonizadora ou 1º povoado* de Piratininga em 1532, anexa à aldeia
indígena do mesmo nome, reportou Varnhagen texto do "Diário" de Pero Lopes de Souza em sua obra:

"Repartiu o capitão mór (Martim Afonso, seu irmão) a gente nestas duas villas (S. Vicente e
Piratininga) e fez nellas officiaes; e poz tudo em boa ordem de justiça (o que supõe uma
câmara de vereança) do que a gente toda tomou muita consolação, com verem povoar villas, e
ter leis e sacrifícios, celebrar matrimônios e viver em communicação das artes; e ser cada um
senhor do seu; e investir as injúrias particulares; e ter todos outros bens da vida segura e
conversável"...

..."Foi a aldêa de Piratininga que Martim Affonso escolheu para fundar a colônia ou villa
sertaneja, cujo governo militar confiou a João Ramalho, com o pomposo titulo de guarda-mór
do campo. Eis a origem europea da actual cidade de São Paulo"...

..."Tal era o estado florecente das duas colônias, quando Pero Lopes, por ordem de seu irmão
(Martim Afonso) as deixou, fazendo-se de vela aos 12 de maio de 1532"
(In Historia Geral do Brazil
tomo I - pg. 126-127 - 2ª Edição Laemmert RJ 1877 - com dedicatória ao nosso saudoso Imperador D. Pedro
II, Pai Social do Brasil)

"A Confederação dos Tamoios"

A nova Vila de São Paulo foi atacada em 9, 10, 11 de Julho de 1562 pela conjuração de ferozes canibais
xenófobos sublevados, tupiniquins, tupinambás, tamoyos, carijós, guarulhos, cainjgangues, aliados aos
dissidentes guaianás liderados pelo morubixaba Araraí, irmão de Tibiriçá e seu sobrinho Jagoanharo ("cão
bravo", filho do igualmente dissidente Piquerobi de Ururaí, irmão do Tibiriçá, então já falecido), morto pelo
seu próprio tio (com uma espada de pau decorada nas cores da bandeira portuguesa), durante a batalha
campal. Mas a cruel investida foi rechaçada pela valente Paulicéia que defendeu a cidade já então
completamente murada e bravamente liderada na peleja pelo velho morubixaba convertido e seu genro João
Ramalho, mestre-de-campo oficial daquela luta para conter a traiçoeira agressão genocida contra gente
amiga da etnia branca européia! (Voltariam a atacar 30 anos depois, em 1594)!

Morte e Exéquias de Tibiriçá - Grande Consternação na Paulicéia


O nosso bom defensor Tibiriçá faleceria no Natal daquele mesmo ano, vítima da epidemia de "bexigas"*
(febre varíola), causando grande consternação na vila pela sua morte. Foi pranteado em solenes
exéquias pelos agradecidos e afeiçoados colonos paulistanos e missionários de então, durante uma semana
inteira! Depois daquele diabólico e traiçoeiro conluio nativo, "se generalizaria de forma irreversível a
guerra contra o mundo selvagem", segundo o excelente historiador, governador e ex-
presidente Washington Luiz! (18) Nunca houve "genocídio indígena" como acusam os falsos historiadores
desconstrucionistas gramcistas.

Mas ao contrário, foi guerra justa em legítima defesa de uma minoria branca ameaçada de extermínio em
terreno hostil e infestado de canibais gulosos e ávidos de devorar suas apetitosas carnes brancas, raro quitute
para variar a sua monótona dieta doméstica, cansada da carne indígena dos seus vizinhos!!! (Dois padres da
Cia. já citados, haviam sido mortos e devorados pelos canibais do litoral!).

(18) In Washington Luiz, Na Capitania de S.Vicente - www.dominiopublico.gov.br.

*Outro autor, Américo de Moura, arrisca que teria sido amebíase intestinal
(improvável, porque esta não manifesta bexigas aparentes nas faces).

*Tibiriçá é hexadecavô (16º) da nossa linhagem, pela linha direta da filha Bartira e
Pentadecavô (15º) pelas filhas Beatriz Dias (direta) e Terebê (colateral), além de
outras famílias tradicionais paulistanas.

4 - A nova Vila de São Paulo de Piratininga ficaria ilhada por vários séculos

A vila sertaneja de São Paulo do Campo de Piratininga, por detrás da "Grande Muralha" (Serra do Mar), logo
se veria isolada da portuária São Vicente, sem poder contar com o seu auxílio ou com recursos do comércio
exterior, porquanto o acesso ao seu porto pela escarpada serra se fazia quase que impossível. Por ali não
passava mula nem cavalo, a subida era na unha e a carga ia nos lombos dos índios! Sua modesta exportação
não passava de uma pálida produção de marmelada, algum trigo, carnes e couros. Seu sal e açúcar eram
importados de Portugal e S. Vicente. Aquele quase absoluto isolamento planáltico induziu a Pauliceia às
alternativas exploratórias do sertão (caça e mineração, além do cultivo da terra), que iriam determinar as
suas características mais marcantes: a extrema mobilidade assimilada dos índios e o forte sentimento
nativista-independente herdado dos seus ancestrais ibéricos! (Os paulistanos (20) eram apelidados de "povo
das montanhas" pela miopia luso- vicentina, que ignorava a existência de um magnífico e temperado planalto
por detrás da alta e escarpada Serra do Mar - coisas de portuga!).
Foto da Grande Muralha e da Baixada Santista SP, feita por satélite. Note-se que Santos e São
Vicente estão situadas numa mesma ilha; anteriormente chamada de Induá-Guaçú, alterada
para S. Vicente por Martim Afonso. O Guarujá está situado na contígua Ilha de Guaimbê,
depois renomeada Santo Amaro (donataría de Pero Lopes de Souza, irmão de Martim Afonso,
falecido em naufrágio), ambas separadas do continente por um estreito braço-de-mar,
confundido pelos antigos com um "rio"... de "S. Vicente", a exemplo do que também
aconteceu com a Baía da Guanabara, confundida com um "rio"... "de janeiro"!

(20) O termo [paulistano] refere-se exclusivamente aos naturais da cidade de São


Paulo (capital) enquanto o genérico termo [paulista] abrange aos nascidos tanto
no interior do Estado SP quanto da capital.

A República Paulistana independente sempre esteve legalmente embasada no foral real de


donataria autônoma!
Desde o seu nascimento a Paulicéia se organizou numa [Res Publica] aristocrática, modelo grego antigo
genuíno, governada pela sua natural e meritocrática liderança nativa, selecionada entre os seus [Pater-
Família] e votada no Pelouro Público (urna) pelo [colégio eleitoral] composto de concidadãos reconhecidos
ou [homens bons]. Estranhos, aventureiros e políticos de ocasião, como os execráveis larápios da nossa
infeliz e vergonhosa "República Democrática"*(!?) - manipulada remotamente pela subversão ideológica
internacional - estavam legalmente impedidos de participar daquele autêntico e autodeterminado governo
nacionalista -, exceto novas agregações devidamente credenciadas, que iam chegando da Europa.

IDEAIS TRAÍDOS!!!

(Atritos entre a Paulicéia e os monarcas lusitanos inescrupulosos das eras seiscentista e


setecentista).
Sua precoce independência muito iria incomodar os posteriores monarcas da infiel dinastia dos Bragança,
por quem era injustamente pechada de "rebelde", quando na realidade apenas exercia o seu pleno direito de
autonomia concedido pelo foral* real de tombo (trecho transcrito e sublinhado logo abaixo) concedido pelo
generoso 15º Rei de Portugal D. João III, O Piedoso, da anterior e antiquíssima dinastia de Avis, fundada
pelo grande 1º Rei D. Afonso Henriques de Portugal. A tenaz resistência da cidadela paulistana contra as
traiçoeiras ingerências reais bragantinas e loco-tenentes vicentinas, sempre foi legal e aforada! São Paulo
tinha foral de tombo assinado alguns meses antes - 06.10.1534 - do vicentino (²¹) em 20.01.1535 - porquanto
D. Martim Afonso já fundara ali uma câmara municipal (²²) na precursora Villa de Piratininga em Outubro
de 1532, como já vimos, muito antes da chegada dos jesuítas em 1553.

(²¹) In "História da Capitania de São Vicente" págs. 154-176, de Pedro Taques de


Almeida Paes Leme, Ed. Melhoramentos.

(²²) In "A Verdadeira História das Capitanias Hereditárias" Prof. José Baptista de
Carvalho, S. Paulo 2008, pg.342-347 Ed. Multimapas

Ideais Traídos!!!
Trecho do foral de tombo autônomo da Capitania de São Vicente:

(*) ..."e por folgar de lhe fazer mercê do meu próprio motu"... "hei por bem e me praz que nas terras da dita
capitania (de São Vicente e São Paulo) não entre nem possa entrar, em tempo algum, corregedor
nem alçada, nem outras algumas justiças para nelas usarem de jurisdição alguma, por
nenhuma via nem modo que seja, nem menos será o dito capitão Martim Afonso (²³) (sucessores e
sesmeiros) suspenso da dita capitania e governança e jurisdição dela"...Rei D. João III, O Piedoso, da
dinastia de Avis In História da Capitania de São Vicente - Pedro Taques - pg.164 - Ed. Melhoramentos SP.

(*)Infelizmente, a posterior dinastia dos Bragança não respeitaria os desígnios


aforados deste magnânimo rei, perseguindo os seus súditos paulistas
emancipados e roubando suas minas e territórios.

5 - A Civilização Paulista Cristã Livre - Um projeto visionário de D. João III!

É mister que não se confunda a autônoma Capitania de S. Vicente e São Paulo com as demais capitanias
brasileiras, meros assentamentos agrícolas e extrativistas de Portugal*. Ao contrário, foi concebida do
coração divinamente inspirado do Rei D. João III, O Piedoso, Grão Mestre da Ordem de Cristo, para ser um
novo Estado autônomo e irradiador da cultura greco-romana, numa nova civilização cristã livre, como reza
claramente o seu generoso foral real de tombamento (²³).

*Paulo Prado confirma: - "Essa independência e isolamento foram os traços característicos do


povo de São Paulo durante todo o desenrolar da História do Brasil. Quando o restante do país
era apenas uma colônia vivendo no mesmo ritmo lusófono transmitido pela Metrópole, os
Paulistas viviam com vida (e ritmo próprios, dinâmicos), onde a iniciativa privada desacatava
abertamente ordens e instruções (usurpadoras) de além-mar, atendendo somente aos seus
interesses imediatos (que representavam os da própria pátria paulista), na ânsia de liberdade e
ambição de riquezas que os atraíam para os desertos sem leis e sem peias. A história do que se
nomeou a "Expansão Geográfica do Brasil Colonial" (de Basílio de Magalhães?) não é, em sua
quase totalidade, senão o desenvolvimento fatal das peculiares qualidades étnicas do povo
paulista".

In Paulo Prado, Paulística pg 36 3ª edição José Olympio Editora Rio 1972.

A Paulicéia Fidalga - de Cá e de Lá!


E para garantir o sucesso dessa ambiciosa empreitada, era necessário ter o modelo exemplar da gente de prol
à sua testa - noblesse obligue! Daí o voto real pelo seu íntimo amigo da infância, o fidalgo Dom Martim
Afonso de Souza, quem por sua vez também elegeu os primeiros outros trinta e dois fidalgos cristãos da sua
íntima companhia, na maioria secundogênitos deserdados pela Lei da Primogenitura ibérica, (Os Morgados e
Mayorasgos) desprezados e ávidos de conquistar os seus próprios senhorios e recompor a sua honra, que
vieram capacitar o núcleo diretor (24) dos 400 pioneiros povoadores de São Vicente e São Paulo!

(23) Outro trecho do foral de donataria: "considerando... é ser a minha costa e


terra do Brasil mais povoada do que até agora foi, assim para se n'ella haver de
celebrar o culto e officios divinos, e se exaltar a nossa Santa Fé Catholica com
trazer e provocar a ella os naturaes (índios) da dita terra infieis idolatras"...etc,
etc.

(24) O Núcleo diretor era composto pelos 32 lideres de famílias de origem fidalga:
Pero de Gois, Luís de Gois, Gabriel de Gois, Cipião de Gois, José Adorno, Francisco
Adorno, Paulo Dias Adorno, Antônio Adorno, Rui Pinto, Francisco Pinto, Antônio
Pinto, João Pires Cubas, Brás Cubas, Francisco Nunes Cubas, Antônio Cubas,
Gonçalo Nunes Cubas, Jeronimo Leitão, Domingos Leitão, Diogo Rodrigues,
Baltasar Borges, Antônio Leme, Pedro Leme, Brás Esteves ou Teves, Antônio de
Oliveira, Antônio Monteiro, Cristovam de Aguiar Altero, Pero Colaço Rodrigues de
Almeida, Antônio de Proença, Jorge Pires, Pero de Figueiredo, Jorge Ferreira.
Depois vieram muitos outros, principalmente no início do século XVII, com a
chegada dos espanhóis e outros europeus.

A Modesta "nobreza da terra", Sustentáculo da Igreja e demais Valores Culturais Nacionais


Ora, não se poderia construir uma organizada e profícua sociedade, como já dissemos, sem a liderança da
gente nobre, pia e educada; extrato genético resultante do refinamento de séculos de civilização cristã ibérica,
cujas reconhecidas e pias famílias já estavam previamente comprometidas com a sustentação da Santa Sé! A
moral de uma nação forte tem a sua perene fonte na religião e na sustentação da sua elite, guardiã natural da
cultura e da tradição; daí o fato de quase todas as grandes sociedades mundiais terem sido constituídas pelas
suas diversas religiões apoiadas pelas sua nobrezas! A maior parte dos santos católicos é formada de reis,
rainhas e nobres pios, como se pode confirmar em nossos links laterais!
O Fidalgo, Capitão Donatário, Almirante e Vice-rei do Brasil e Índia Dom Martim Afonso de
Sousa (veja nossos outros links com sua biografia e pedigree).

Desterro paulistano: A Marcha Para o "Mato Grosso do Rio Jundiaí"

No ano de 1649, numa divergência contra um então abusado e reincidente capitão loco-tenente** vicentino,
um grupo de famílias paulistanas assinou uma revoltada carta-denúncia encabeçada pelo Capitão Jerônimo
de Camargo e dirigida à câmara municipal paulistana, com extensas queixas contra ele, ameaçando inclusive
o fechamento do "Caminho do Mar", para impedir a comunicação e comércio com São Vicente, caso não
fossem atendidas! Mas tiveram suas reivindicações desacatadas pela ríspida câmara do partido Pires
(contrário àquela liderança política rival), acrescidas ainda de extrapolada acusação de "motim" e
consequente pena de morte! Naqueles conturbados anos de chumbo seiscentistas, a guerra civil paulistana
corria solta!
**Manoel Pereira Lobo: provável cristão-novo português e sem compromisso
ético, foi provido em capitão-mór loco-tenente pelo distante donatário
em Fevereiro de 1647. Cumpriu-se e tomou posse no 1º de Julho de 1648 até 1651.
Persona non grata, deixou seu nome como maldição para todas as gerações
paulistanas!

A Vila "Fermosa" de Jundiaí era desaforada, porquanto foi "posseada"!

Jundiaí nunca teve foral de tombo*. Foi apossada e fundada** de fato naquele mesmo ano, pelo seu líder
Capitão Jerônimo de Camargo (da primeira geração paulistana dos Camargo, que anos após fundaria
também Atibaia), que arranchou no centro da atual Rua Barão de Jundiaí com cerca de duzentas pessoas,
indicando a sua liderança através da 1ª assinatura da enfezada carta, além de capitanear aquela marcha.
Enquanto isto, a Guerra Civil entre as facções paulistanas Pires X Camargo corria solta em São Paulo (1640-
1663), com outros ramos da família Camargo (fugindo da contenda), debandando para Cotia SP, cuja vila e
capela refundariam pela liderança do Coronel Estevam Lopes de Camargo. Aquela era a cidade natal de sua
avó, viúva do banqueiro Gonçalo Lopes, a milionária Catarina da Silva, patronesse da Ordem III de S.
Francisco S. Paulo.

*Em carta transladada de 1767 por Marcelino Pereira Cleto e recentemente


descoberta na Torre do Tombo e habilmente paleografada pelo nosso colega
jundiaiense João Borin, foi celebrado um Auto de Criação da Vila de Jundiaí
posterior, em 14.12.1656 pelo Capitão Mor e Ouvidor da Capitânia de São Vicente
Miguel de Cabedo de Vasconcellos, a pedido e requerimento dos principais
moradores e signatários da dita carta.

**Em Jundiaí se manteve por muitas décadas um café central frequentado pela
elite local, com o sintomático nome de A Paulicea, o qual já não existe, para
tristeza dos seus fiéis frequentadores, que já mantinham ali um clube
representativo, liderado pelo antigo diretor do Museu Municipal e culturólogo, o
gentil e venerado Geraldo Tomanick.

A 1ª Câmara Municipal de São Paulo


es primeiros camaristas de São Paulo que assinaram a ata de 1556, após dois anos da sua fundação, ao menos três d
RANCISCO FAREL, JOÃO RAMALHO E AFFONSO SARDINHA, o rico descobridor do ouro do Jaraguá, onde ficava um
uruna), em terras que não eram legalmente suas, pois não estão elencadas em seu inventário.

"Um Saber de Salvação"

Independência, família, propriedade, fé, pátria, liberdade e prosperidade! Esta era e continua sendo a tônica
que norteia os paulistanos autênticos e os caracteriza como gente única dentro do território brasileiro, de
renome guerreiro internacional! Os acadêmicos da atualidade também concordam unanimemente que a
cabeça filosófica da Paulicéia Colonial era "Um Saber de Salvação", ou seja, uma cristianíssima sociedade
distribuída em pias confrarias: irmandades franciscana, carmelita, beneditina, etc!
A Necessidade de um Poder Real Moderador - A insubstituível Cabeça da Nação!

D. Jerônimo de Ataíde, Conde de Atouguia, governador-geral do Brasil, representante do


poder real português, foi mediador do impasse entre os partidos paulistanos dos Pires e
Camargos, ocorrido entre os anos de 1640 e 1660, que resultou na 1ª Guerra Civil do Brasil (a
2ª seria a Guerra dos Emboabas em Minas Gerais, em 1709).

Nos séculos subsequentes, a então dividida pauliceia republicana solicitou e incorporou o Poder Moderador
Real preposto do governador-geral do Brasil na Bahia, Conde de Atouguia. Este arbitrou o seu grave impasse
político-partidário da 1ª Guerra Civil Brasileira seiscentista entre os partidos Pires e Camargos, pela
salomônica Portaria de 24 de Novembro de 1655*, deixando-nos o melhor exemplo do regime político a
seguir: Poder Moderador com parlamentarismo livre! (Se é bom para os britânicos, por que não o seria
também para nós, que já fomos país de 1º Mundo, o grande Império Soberano do Brasil?). País que se preza
tem Rei, Deus, Ética e Forças bem Armadas!

*Determinava que os votos dos pelouros para a eleição dos edis fossem
organizados por três partidários dos Pires e outros tantos contrários e um neutral.
Estes organizadores das chapas seriam "não os cabeças de bando mas sim
homens dentre os mais zelosos e timoratos". A constituição das Câmaras
Municipais se faria de modo que nelas sempre houvesse um juiz e um vereador de
cada um dos partidos em luta + um vereador e + um procurador do Conselho -
neutros!

7 - A Paulicéia Hispânica
"Paulicea mia que te quiero hispana..."

Séculos XVI ao XVIII - Primitivo Paço Municipal da Villa de São Paulo do Campo de
Piratininga em 1628 - Pintura de José Wasth Rodrigues no Museu do Ipiranga - baseada em
antigo desenho apócrifo encontrado no Arquivo das Índias, em Sevilha, Espanha (provável
autor também daquela vista geral da Vila de S. Paulo do nosso cabeçalho).

Tradições hispânicas na Paulicéia Seiscentista

Em meados do século XVII grande parte da Paulicéia já era de origem castelhana (imigrada entre 1580 e
1640, período do governo espanhol dos reis Felipes) e até mantinha uma arena de touros no então chamado
Campo dos Curros (arena de touradas, posteriormente subvertido no vulgar "praça da república", após o
odioso e traiçoeiro golpe da quartelada republicana de Deodoro). Vigia então uma dupla-nacionalidade luso-
hispânica em São Paulo: As moedas espanholas "Real" e "Maravedi" corriam soltas e se falava espanhol
tanto quanto o português, além da língua geral nheengatu (ou tupi adaptado ao vocabulário português). Os
nobres espanhóis do Paraguai já estavam aqui assentados havia muito tempo e se uniam em matrimônio às
belas piratininganas de origem lusitana e mameluca. Aquela foi uma arejada Paulicéia seiscentista vicejando
sob o sol das vanguardistas e justas Leis das Índias hispânicas, cujos avançados conceitos técnicos e
humanitários (26) já orientavam as leis locais, havia décadas.

(26) Isto viria intensificar ainda mais o caráter independente paulistano,


influência maior da raça "pasiega" cantábrica de Castela Velha, da mesma estirpe
do seu herói maior, o Campeão D. Rodrigo de Bívar, El Cid Campeador, daquela
aguerrida região setentrional dos fidalgos espanhóis que resistiu ao invasor
muçulmano por seis séculos - gente muito braba!

A Inquietante restauração da monarquia portuguesa e suas tumultuadas consequências


internas

Aqueles paulistanos hispanizados do Partido Camargo já vinham desde 1581 se submetendo de bom grado ao
organizado governo espanhol. E naquele momento crítico da restauração da monarquia lusitana, eles se
sentiam ameaçados de retroagir às suas políticas lusas consideradas ultrapassadas e contrárias aos seus
princípios já cristalizados. Daí a sua obstinação em reivindicar a antiga autonomia política garantida pelo
foral real de donataria de D. João III, que lhes garantia plena autonomia e independência! Ficava ali patente,
entretanto, a sua intenção de se confederar com Espanha e Paraguai, se desligando definitivamente de
Portugal e São Vicente!

A Projetada (e fracassada) Independência de São Paulo

A independência paulistana setecentista talvez tivesse sido uma boa ideia, pois a partir da instalação da
dinastia dos Bragança na figura do rei D. João IV (Duque de Bragança) em 1640 e seus sucessores, os
paulistas foram sistematicamente roubados (27) de suas minas e territórios, culminando na própria extinção
da capitania paulista em 1748, por um período de 17 anos, ficando humilhadamente sujeita ao governo do
Rio de Janeiro até 1765, quando só então foi restaurada! Quanta tirania! Quanto cinismo! Todas essas
trapaças foram executadas pelos agentes malandros do rei, com destaque para o execrável governador
usurpador, ladrão e assassino Antonio da Silva Caldeira Pimentel. Todo o ouro e pedras preciosas duramente
conquistados pelos bandeirantes paulistas iam cair nas mãos dos agiotas judeus da Inglaterra, em pagamento
das vergonhosas dívidas contraídas pelos perdulários e amalucados reis bragantinos!

(27) Veja nosso link sobre O Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva, e seu filho
homônimo, Anhanguera II, fundador da 1ª povoação em 1727, Arraial de Santana,
depois Vila Boa de Goiás.

Amador Bueno, O Aclamado "Rei de São Paulo" em 1º de Abril de 1641: Covardia ou


prudência?

O Capitão Mor da Vila Amador Bueno é aclamado Rei de São Paulo, pelo povo, na liderança
política do espanhol D. Francisco de Lemos, associado aos seus (de Amador) genros
espanhóis . Não queriam retroagir ao antigo governo português com suas leis consideradas
ultrapassadas. Amador se refugiou no mosteiro de São Bento, e sob a proteção dos padres,
que saíram de Cruz alçada, declinou daquela duvidosa democracia populista, jurando
fidelidade ao novo rei D. João IV de Portugal (o Duque de Bragança!

A Conspiração Hispânica Residente

Logo após a restauração do reinado português de 1640, houve um conluio em São Paulo protagonizado pelo
líder espanhol Dom Francisco de Lemos (28). Ele e outros líderes hispânicos reuniram uma turba na porta
do capitão mor Amador Bueno (seu sogro) aclamando-o "Rei de São Paulo" (29), mas ele repudiou tal ato e
se refugiou no mosteiro de São Bento! De lá saíram os monges de cruz alçada, para apaziguar os ânimos!
Amador sabia que não possuíam uma armada para se impor a Portugal! Talvez por este motivo tenha
recusado sua aclamação aos gritos de "viva o rei D. João IV de Portugal", de espada em riste, pois previa que
se a aceitasse, ela seria efêmera, caso a Espanha lhe negasse apoio militar... e talvez acabasse enforcado pelos
portugueses! Aquele era um digno juiz e capitão mor: inteligente, sóbrio, ponderado, que não se deixou
arrastar pelo calor efêmero e inconsequente de uma paixão transitória! Mas mesmo assim, fica a dúvida -
prudente ou covarde? Quién lo sabe?

(28) Ambos ancestrais do autor

(29) Veja no link de Amador Bueno, a enorme conspiração estrangeira e sua


sofisticada urdidura, por detrás da aclamação. Neste site.

Alguns dos apelidos espanhóis:


1-Aguirre, 2-Barros Fajardo, 3-Bueno, 4-Burgos, 5-Camargo, 6-Candia, 7-Caña, 8-Cañamares, 9-Casado, 10-
Conqueiro, 11- Escudeiro, 12-Farel, 13-Godoy, 14-Gonçalvez Ordonho, 15- Lara Ordoñes, 16- Martins
Bonilha, 17-Muñonez, 18-Muñoz, 19-Oñate, 20-Piña, 21-Quadros, 22-Requejo de Peralta, 23-Rodrigues
Tenório, 24-Saavedra, 25-Sanches, 26-Vidal, 27-Zoro, 28-Ponce de León, 29-Contreras, 30-Torales, 31-
Guzmán, 32-Zuñiga, 33-Rendon de Quebedo, 34-Luna, 35-Alarcon, 36-Cabeza de Vaca, 37-D. Francisco de
Lemos, 38-Dom Simão de Toledo Piza Castellanos... mais tarde: Carassa, Murzillo, Prieto, Martínez,
Panadés, Diaz, Azamora, Monzillo, Vélez, Lozano, Dordal, Puiggari, Figueiroa, Castelblanco, Bustamante,
Spínola, Saiago, etc. Acrescentamos mais alguns da nossa linhagem: Cubas, Ortiz, Mendonça, Ponez, Cassão,
Garcia, Castilho, Prado, Orens Palha, de Pinha, López, Trujillo, Palma, Palácios...
Alcaide Dom Alffonso García de Camargo, cavaleiro da Ordem de Santiago de Burgos, da mais
antiga fidalguia "Pasiega" da Cantábria, conterrâneo de El Cid, de Bivar (cidade da mesma
região burgalesa da Espanha). Arquétipo das futuras Bandeiras Brasileiras

8 - Nasce uma Raça de Gigantes

Entrelaçada aos sertanistas vicentinos mais intrépidos que ousaram transpor a temida muralha da Serra do
Mar e aos aguerridos imigrantes espanhóis de Castela, mais um pingo do sangue Guaianá-tupi (o Sal-da-
terra), a Paulicéia primordial se amalgamou na feliz composição da Raça de Gigantes (segundo o viajante e
autor acadêmico francês, Auguste de Saint-Hilaire) (30) que iria conquistar e expandir o hinterland
brasileiro pelos séculos vindouros, recuando drasticamente o asfixiante meridiano de Tordesilhas e
redesenhando-o no atual Mapa do Brasil, expandido em 2/3 do seu tamanho original!!!

RAÇA DE GIGANTES

Esta Pátria Eu Fiz Grande!


Teria sido exagero de Saint Hilaire? Não! Somente autênticos gigantes de alma e espírito poderiam ter
conquistado um território tão vasto! A força da fé numa nova civilização cristã os fazia agigantar suas forças,
sendo eles apenas um punhado de bravos!
"Quando, por experiência própria, se sabe quanta fadiga, provações e perigos ainda hoje esperam o viajante
que se aventura nestas regiões longínquas e depois se conhecem os pormenores das jornadas intermináveis
dos antigos paulistas, fica-se como estupefato e levado a crer que estes homens pertenciam a uma Raça de
Gigantes!"
Auguste de Saint-Hilaire, 1820

(In História das Bandeiras Paulistas 1 - Afonso de Taunay)

Os Conquistadores e Formadores do Território Brasileiro

O Anhanguera I - Raça de Gigantes!


"Tinha a Astúcia de um Tigre e a Bravura de um Leão!"(B. Cepellos)
Bartolomeu Bueno da Silva, O Anhanguera I, bandeirante paulista (12º avô do autor) descobridor em 1682 das
minas de Goiás*. Magnífica escultura em mármore branco de Luís Brizollara, 1935 do Parque Trianon, na calçada
da Avenida Paulista, defronte ao MASP. Foto do autor em 2015.

*Descoberta das Minas de Goiás e fundação da sua primeira cidade (Veja o link O Anhanguera
Bartolomeu Bueno da Silva).

O Grande Incentivo Seiscentista às Bandeiras Mineradoras

O elevado moral cristão paulistano era mantido pelo núcleo diretor composto pelos fidalgos secundogênitos
deserdados pela lei da primogenitura portuguesa, como já dissemos, aqui convertidos em capitães de
Bandeiras conquistadoras de territórios e minas (a Bandeira seiscentista era originalmente uma instituição
militar espanhola, daí seus líderes serem chamados de capitães e coronéis que vieram aperfeiçoar as rústicas
"Entradas" portuguesas quinhentistas - houve época em que cresceram ao ponto de se tornarem cidades
ambulantes!).

A Revivescência da Cavalaria Medieval

Os bandeirantes paulistanos de então exteriorizavam um altaneiro comportamento de cavalaria medieval,


muito bravos, ordenados, espiritualizados e hierarquizados, com valores e comportamentos próprios,
senhores de "muitos arcos" (exércitos de parceiros indígenas bem treinados e não "escravos") e com essa
personalidade auto determinada, foram expandindo territórios, fundando cidades, promulgando leis,
implantando a Civilização Cristã! Nenhuma força invasora estrangeira (inglesa, francesa, castelhana e
holandesa) pode vencer em batalha campal aquele original exército guerrilheiro eurobugre piratiningano!

O Monumento às Bandeiras Paulistas


Escultura em pedra do artista italiano radicado no Brasil, Vito Brecheret - Parque do Ibirapuera -
São Paulo SP. Comemoração do IV Centenário de São Paulo, em 1954. (Tem sofrido pichações por
parte de invasores mongóis induzidos pelos comunistas).

9 - O Arquétipo Social da Nacionalidade

Em função dos fatores aqui expostos, a Paulicéia estabeleceu-se como gente independente e única, espelho
arquetípico da nação brasileira, de renome guerreiro internacional. E isto fez com que fosse a um mesmo
tempo, um povo respeitado, temido e admirado, mas também invejado pelas outras capitanias, odiados pelos
invasores estrangeiros e afrontados pelos padres da Cia. de Jesus da era seiscentista, que se opunham à
domesticação indígena, tão necessária à ordem social, civilização e progresso da terra selvagem. Era um
comportamento hipócrita da parte deles, pois desfrutavam de igual mordomia, tendo muitos indígenas
domesticados ao seu serviço (34). O mundo sempre terá uma classe operária, pois é a base da pirâmide
social, cuja ordem natural e divina não deve ser subvertida, sob pena de se instalar o caos social - o quê, aliás,
vinha acontecendo no recente governo populista, dirigido pela esquerdália sindicalista criminosa e pela
ditadura esquerdista do "politicamente correto", marxismo cultural que impõe os cruéis ferros da censura de
pensamento, opinião e expressão. Tudo debaixo de uma cínica e hipócrita fachada "democrática" - a mais
detestável forma de ditadura já experimentada pelo mundo! (No dizer do atual filósofo e comunista Leandro
Karnal, em comentário no Jornal da Cultura da TV Cultura SP).

(34) Veja texto mais amplo sobre o assunto, no link Os Camargo Nobreza e
Heráldica - ADENDA.

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10 - A Necessária Expulsão dos Jesuítas

Os jesuítas foram expulsos (35) em 1640 (embora fossem excelentes professores para os meninos
paulistanos) por carta da Câmara Municipal SP, obedecendo a um abaixo-assinado unânime da Paulicéia e
demais vilas adjacentes, com a presença do procurador de Santana de Parnaíba, despachada pelo então Juiz
Ordinário Fernão de Camargo, "O Tigre". Eram acusados de tumultuar a colonização, interferindo na
domesticação* da mão-de-obra indígena, de interesse nacional, que foi na realidade, "o Primeiro Grande
Passo da Ordem Civil Brasileira", segundo Washington Luíz! (36) Isto, numa terra selvagem e cruel,
composta de ferozes manadas trogloditas canibais dispersas pelas matas, que se rivalizavam e matavam só
para deglutir carne humana em pantagruélicos e macabros banquetes! Era um mundo primevo, desalmado e
desumano! Cabeça vazia é oficina do diabo! A Produção é o maior princípio de civilização! Índio desocupado
tinha de ser ensinado a trabalhar! A Marcha da Civilização se impunha, com muito trabalho, trabalho e mais
trabalho! E isto não se faz com flores, mas se impõe com mão forte, disciplinada e determinada! Foi assim
que se construíram as maiores civilizações históricas e aqui não poderia ser diferente!

*Erro fatal! Quiseram "democratizar" a sociedade (que já era livre), dando à plebe
indígena indolente, muito mal acostumada, o suposto "direito" de escolha "de não
trabalhar"!!? Mas a civilização se fundamenta justamente na ordem e obediência
ao trabalho, dever de todo homem! Primeiro o dever, depois o lazer!

(35) Mas eles retornariam alguns anos depois.

(36) In Na Capitania de São Vicente, Washington Luiz.

11 - Índios ou trogloditas canibais?!

O quinhentista alemão Hans Staden foi aprisionado em 1554 pelos Tamoios ou Tupinambás (do Sul carioca
que se estendia até Bertioga, SP) e cevado para posterior deglutição. Este era o fantasioso "paraíso tropical"
preconizado pelos falsos ideologistas da esquerda: na realidade, para eles havia pouca expectativa de vida nas
intermináveis guerras alimentares! (37) Era o Império da carnificina e da crueldade! A bandeira de Cristo
precisava ser fincada naquelas plagas pagãs, sem moral e sem compaixão!

(37) (In Na Capitania de São Vicente - W. Luiz - edição do Senado Federal


domíniopublico.gov.br).
Canibais hediondos, carniceiros inferiores aos próprios animais, os quais
geralmente não comem os cadáveres dos seus semelhantes! Seu território bárbaro
situava-se entre a Bahia e Rio de Janeiro (mas chegando até Bertioga SP.
Ilustração In Eduardo Bueno "Náufragos, Traficantes e Degredados").

(38) Há um episódio documentado da Net sobre um grupo de lobos selvagens do


Canadá, que encontrando um cadáver de outro lobo na neve, não o devoraram,
mesmo sofrendo a mais rigorosa fome do inverno ártico, numa demonstração de
profundo respeito à dignidade da espécie, sentimento este completamente
desconhecido dos trogloditas nômades brasileiros, inferiores aos próprios
animais)!

A provável estirpe ancestral do presidenciário Inácio "da Silva" (ou, da selva), antropógafo
cultural!!!
des que erravam em manadas pela mata como animais (temidos até pelos próprios índios mais "civilizados")! Gravur
Historique Au Brésil - 1834 - vol. 1, planche 10).

O Brasil nasceu sob a égide da Santa Cruz de Cristo, e por esta fé, Ele mesmo nos conservará... Terra de
Santa Cruz!

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Armas Imperiais do Brasil - simbolizando nossa soberania e autonomia, agasalhada pela
Santa Cruz de Cristo, ao contrário das atuais e espúrias armas da republica, demonizada pelo
pentagrama luciferiano maçon e comunista!

Alan de Camargo

Avatar em 2000

Alan de Camargo - 2018


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A GENEALOGIA DAS NOSSAS AFLIÇÕES

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(entenda como a família imperial se deixou dominar pelas dívida$$$ aos grandes agiotas
internacionais das sociedades secretas, que invadiram economicamente nosso país através do
seu regime-arapuca falsamente "democrático", usurpador, dominador e inimigo das
tradições nacionais cristãs!).

OS ABUTRES DO IMPERIALISMO!
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(entenda também como os banqueiros internacionais que dominam EUA e Inglaterra se


espalharam pelo mundo escravizando, roubando, mentindo, matando em nome do
"progresso" e da "liberdade" (liberdade deles, para roubar!). Aqui na América Latina, fomos
desligados dos nossos antigos países europeus, para ficarmos reféns dos abutres e gringos
adventícios, totalmente estranhos à nossa cultura e sentimentos!).

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