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A NEGATIVA DO PECADO PELA PÓS-MODERNIDADE

Emerson Francisco da Silva

A humanidade carrega consigo uma bagagem de valores milenares. O homem é um


ser histórico, e como característica disto, está imbuído em si, da necessidade que esses
valores se transformem constantemente.

E nesses espaços de tempos surgem grandes alterações em suas concepções quanto


a educação, sociedade, democracia e a religião. Ao findo dos tempos algumas, de fato, se
transformam e outras não passam de tentativas. Nestes últimos anos, tem sido anunciado
como sendo uma era de profundas transformações nas áreas científicas, artísticas e sociais.

Este movimento que propõem as transformações é chamado de pós-modernismo e


anuncia um tipo novo de sociedade. O homem pós-moderno habita em um universo aonde a
simulação substitui a realidade. Este novo universo ressuscita atitudes desencantadoras,
desinteressadas e despolitizadas. Cresce o ceticismo face aos valores fundamentais, uma
completa neutralidade moral. Instala-se uma pluralidade de argumentos filosóficos aonde o
indivíduo conhece acerca de tudo, porém sem profundidade.

O Homem pós-moderno não se relaciona com a ideia de um futuro progressista, de


uma vida melhor com bases em leis históricas, está fixado no presente, no agora; não há
projetos para o futuro. E se existir a possibilidade de construir uma vida melhor, essa vida
não será construída com algo estabelecido desde o princípio. E com isso os valores que nos
amarravam, acabaram, e agora estamos livres para fazer alguma coisa, é o que afirma o pós-
modernismo.

Estes novos conceitos levam o homem pós-moderno a se tornar hedonista e, nessa


busca pelo prazer com finalidade de vida, construir uma justificativa moral para ser
transgressivo e perverso imoral. Na pós-modernidade, como disse o filosofo ZIZEK, “Tudo se
tornou demasiadamente próximo, promíscuo, sem limites, deixando-se penetrar por todos
os poros e orifícios”.
E em síntese o homem pós-moderno é relativista, nada é real, tudo é uma hipótese.
Transforma cada produto em uma verdade parcial, logo educação, ciência, história,
moralidade e religião são meros produtos da interpretação individualista.

O pós-modernismo com o objetivo de combater o Iluminismo, o Idealismo e o


Marxismo, seja da revelação ou da ciência, passa a desconsiderar um único modelo de
discurso, e o considera insuficiente de produzir uma verdade diante de tantos outros
discursos novos. O Filosofo Francês Lyotard afirma que “não podemos mais recorrer à
grande narrativa - não podemos nos apoiar na dialética do espírito nem mesmo na
emancipação da humanidade para validar o discurso científico pós-moderno”.

E assim as Escrituras, em que o cristianismo baseia sua fé, é rejeitada como verdade
absoluta e outras experiências que pretendem contar a verdadeira história do mundo, desde
a criação até o fim, são aceitas como verdade. E então aquilo que era verdade absoluta é
rebaixada para mais uma verdade oriunda da experiência particular de crer do indivíduo.
Para o filósofos americano Rorty, nos “devemos abandonar a busca pela verdade e nos
contentarmos simplesmente com a interpretação”.

A peculiaridade pós-moderna de dizer não às verdades absolutas, buscando


relativizar e pluralizar tudo, choca em cheio com o cristianismo, buscando desconstruir os
fundamentos deste. Então ser pós-modernos é acreditar naquilo que lhes é vantajoso crer,
diante disto não existe diferenciação entre o certo e o errado, o que é ou não é pecado.
Porém para o cristianismo é irrestrito, o axioma de que qualquer ato, disposição ou estado
que não está em conformidade com a Lei moral de Deus dada através das Escrituras como
verdade absoluta, é classificado como um ato de transgressão ou um ato de violação da lei,
ou seja, pecado.

Na história do homem apresentada pelas Escrituras, essa humanidade está em um


estado de pecado e rebelião contra Deus. E o pecado está baseado no fundamento do plano
de Deus para levar o homem de volta a Ele. Pois salvação é o fato do homem ser salvo do
poder e dos efeitos do pecado. E para um relacionamento absoluto com Deus a
compreensão de uma regra que trata da existência do pecado e de suas consequências é
indispensável.
Com esses conceitos de que tudo é relativo ou aceitável, o pós-modernismo nega a
noção do que é ou não é pecado. E sem esse discernimento o homem pós-moderno vai
negando a redenção de Cristo. Sem o pecado, perde-se a lógica da salvação.

Está intrínseco na natureza do homem o seu desejo de viver fora das orientações de
Deus de ser o centro de sua razão. Isso aconteceu com Adão quando fez sua escolha ao
comer da árvore do conhecimento. Então faz parte da natureza humana essa busca egoísta
por ser o centro de tudo. O Dr. Robinson definiu isso bem quando disse “que, enquanto o
pecado como um estado é dessemelhança de Deus, como um princípio é oposição a Deus e
como um ato é transgressão da Lei de Deus, sua essência é sempre e em toda a parte
egoísmo”. (Strong, Systematic Theology, pág. 295)

Essa busca egocêntrica, conduz o homem a pratica da iniquidade, e essa se amplia e


se diversifica na sociedade com o decorrer dos anos. A maldade, perversidade e injustiça,
têm sido tão praticadas nesses últimos dias, que o sentimento existente na sociedade é que
o pecado nunca foi tão amplo, tão público quanto nesta era pós-moderna. Observa-se que
essa ascensão do pecado tem levado a humanidade para longe de Deus.

Nesta sociedade pós-moderna a pratica de ações que valorizam o “ter” acima do


“ser” levam o indivíduo a desconsiderar os valores éticos para possuir. Nesta busca pelo
prazer o outro vale como objeto de prazer sexual por isso há uma crescente e desenfreada
pratica da prostituição e do homossexualismo, a voraz prática do descomedimento, ou seja,
tudo é permitido desde que você se sinta bem é uma marca da pós-modernidade.

Serve-nos precaver que na pós-modernidade há uma revolta contra toda e qualquer


tipo de lei eterna e imutável, não aceitando mais normas e regras morais que foram
elaboradas por Deus e torna-se aceitável o fator de cada um estabelecer a sua própria
moral, com isso o homem pós-moderno não coaduna com os preceitos cristãos, pois
totalizam um estilo de vida que despreza o sentido da culpa e do pecado.

Vale ressaltar que, nesta vida, a busca do homem de viver fora dos padrões divinos é
mais uma das inúmeras tentativas de desconstruir a visão cristã do mundo com base em
verdades absolutas. Nestes dias pós-modernos, diante da negativa do pecado, os cristão
devem ter o mesmo pensamento de John Stott, “nós não podemos ser como varas sopradas
ao vento, não podemos de maneira alguma nos curvar diante dessa sociedade com sua
avareza, seu relativismo, sua rejeição ao absoluto. Pelo contrário, temos que ficar fiel à
Palavra de Deus”

Resta-nos saber se essas tentativas do Pós-modernismo sofrerão uma ruptura


inevitável, ou se será, substituído por outro movimento.

Em quanto isso, nosso dever como cristãos, diante deste tempo pós-moderno, é
deixar claro a essa geração sobre a existência do pecado e de suas consequências. Que no
cristianismo existe um padrão moral antagônico e contra cultural. Pois Deus se revelou e
nesta revelação apresentou a história universal, e ofereceu ao homem a verdade e os
padrões morais para vida. Com essa verdade a fé Cristã venceu todos arcaicos movimentos
socioculturais.

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