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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0004658-55.2013.8.05.0274


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : VIABAHIA CONCESSIONARIA DE RODOVIAS S A
Recorrido(s) : AUREZILDO PEREIRA DOS SANTOS

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS- VIT. DA


CONQUISTA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.


CONCESSIONÁRIA VIA BAHIA. DANOS CAUSADOS AO
VEÍCULO DO USUÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
(ART.37, § 6º DA CF/88. ART.14 c/c ART.22 CDC). FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANOS MATERIAIS.
SENTENÇA MANTIDA.

ACÓRDÃO

Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados


Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora , CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS
QUEIROZ e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA, Presidente, em proferir
a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.. UNÂNIME, de acordo
com a ata do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pela recorrente,
que fixo em 20% sobre o valor da condenação.
Salvador, Sala das Sessões, 16 de Junho de 2016.

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
Bela. e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Relatora
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Num. Processo : 0004658-55.2013.8.05.0274


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : VIABAHIA CONCESSIONARIA DE RODOVIAS S A
Recorrido(s) : AUREZILDO PEREIRA DOS SANTOS

Origem : 3ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS- VIT. DA


CONQUISTA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR.


CONCESSIONÁRIA VIA BAHIA. DANOS CAUSADOS AO
VEÍCULO DO USUÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
(ART.37, § 6º DA CF/88. ART.14 c/c ART.22 CDC). FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANOS MATERIAIS.
SENTENÇA MANTIDA.

RELATÓRIO

Cuida-se de recurso inominado interposto pela empresa ré da ação de


origem, VIABAHIA CONCESSIONÁRIA DE RODOVIAS S/A, pugnando pela reforma da
sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na exordial, nestes
termos: “Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados na petição inicial,
extinguindo o processo com resolução do mérito (art. 269, I, CPC), para condenar a acionada a ressarcir
os danos materiais suportados pela parte autora, totalizando R$ 1.221,59 (mil duzentos e vinte e um reais
e cinquenta e nove centavos), acrescida de correção monetária incidente a partir da data do desembolso
(Súmula nº 43, STJ), e juros de mora de 1% (um por cento) a contar da citação válida (art. 405, Código
Civil).”

Na origem, trata-se de ação indenizatória na qual o autor busca indenização


pelos danos materiais que alega ter sofrido, no dia 02 de outubro de 2012 às 10:10, ao
passar pela guarita da praça do pedágio no Km 774, na BR 116, no município de Planalto,
em sentido à cidade de Jequié – BA, quando a passagem teria sido abruptamente
interrompida de modo que a barra veio a cair sobre o pára-brisa do seu veículo.
A recorrente pugna pela reforma da sentença, argüindo a sua ilegitimidade
passiva para figurar na presente demanda, bem como, no mérito, aduzindo que não há
nos autos comprovação de qualquer conduta ilícita que possa ser imputada à
demandada.
Em contrarrazões, a recorrida sustenta a manutenção do decisum.
Recurso tempestivo e com preparo.
Vieram os autos conclusos.
Presentes as condições de admissibilidade do recurso, recurso tempestivo e
devidamente preparado, conheço-o, apresentando voto com a fundamentação aqui
expressa, que submeto aos demais membros desta Egrégia Turma.

VOTO
Quanto à preliminar de ilegitimidade passiva argüida pelo recorrente, rejeito-
a, haja vista a pertinência subjetiva entre o dano alegado e a imputação da conduta
danosa à empresa concessionária de serviços públicos, sendo, ademais, a matéria
argüida em sede preliminar ínsita ao mérito da causa.
Tendo em vista que o autor da demanda discute questão atinente a serviço
público, fornecido pela concessionária recorrente, e passível de individualização do
consumo, há de se registrar o cabimento de serem aplicadas a esta relação jurídica as
normas protetivas do consumidor. A esse respeito, inclusive, a jurisprudência pátria já
assentara a aplicabilidade do CDC às empresas concessionárias de serviço público,
consoante apregoa o seu art.22, in verbis:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos.

No âmbito constitucional, a carta magna assevera a responsabilidade objetiva


das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público, calcada na teoria do risco , conforme assevera o art.37, §
6º, in verbis:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

Cumpre ainda destacar o art.14 do CDC, que institui a responsabilidade


objetiva dos fornecedores de serviços pelos danos causados , calcada na teoria do risco
do empreendimento.
O exame dos autos evidencia que o ilustre a quo examinou com acuidade a
demanda posta à sua apreciação, sendo que o decisum não merece reforma, a meu
sentir, em relação ao dano material arbitrado, diante da comprovação dos danos
ocasionados ao veículo da parte autora, que teve o seu para brisa danificado quando a
barra de passagem atingiu de modo abrupto o pára brisa, conforme atestam dos
documentos e fotos constantes do evento 01 do projudi.
No âmbito da jurisprudência, a matéria restara pacificada, sendo mister
o reconhecimento da responsabilidade da concessionária que administra a rodovia pelos
eventos ocasionados por conduta sua, seja por ação, seja por omissão, quando
plenamente verificável falha na prestação dos serviços cuja incumbência esteja a cargo
da empresa. Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE


TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA C/C DANOS MATERIAIS E
MORAIS. COLISÃO DE VEÍCULO COM UMA LIXEIRA METÁLICA
SOBRE A PISTA DE ROLAMENTO E EM RODOVIA PEDAGIADA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA DA
RODOVIA. AUSENTE CAUSA EXCLUDENTE DA
RESPONSABILIDADE. DEVER DE INDENIZAR. AGRAVO RETIDO.
Na medida em que a concessionária de rodovias se obriga a prestar
serviços aos usuários das estradas, responsabilizando-se por garantir as
condições de trafegabilidade e de segurança da via, mediante
contraprestação (pedágio), é indubitável a existência de relação de consumo
entre as partes, incidindo as disposições do Código de Defesa do
Consumidor, notadamente a possibilidade de inversão do ônus da prova
(artigo 6º, inciso VIII, do CDC). Agravo retido desprovido. MÉRITO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA CONCESSIONÁRIA DA
RODOVIA. A responsabilidade da concessionária de serviço público é
objetiva, não só pelas normas de direito administrativo (art. 37, §6º, da
Constituição Federal), mas também pela norma consumerista (art. 14 da Lei
nº 8.078/90), respondendo pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos seus serviços
independentemente da existência de culpa. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS. No caso concreto, o serviço prestado pela concessionária foi
defeituoso, uma vez que, por falha na fiscalização e na manutenção da
rodovia, a requerida não tomou as providências necessárias para a... retirada
da lixeira da pista de rolamento a tempo de evitar o sinistro, devendo
responder pelos danos decorrentes de sua omissão. CAUSA
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE NÃO COMPROVADA (TJ-
RS - AC: 70054957709 RS , Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira
Rebout, Data de Julgamento: 19/03/2015, Décima Segunda Câmara Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 23/03/2015)

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO EM VEÍCULO. RODOVIA


PEDAGIADA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
CONCESSIONÁRIA DO PODER PÚBLICO. 1. A concessionária
responde pelos danos materiais causados ao veículo do autor em
decorrência de objeto lançado de trator utilizado por preposto da ré, quando
da poda da grama no leito da BR 392, porquanto descumpriu seu dever de
manutenção, segurança e conservação das condições de trafegabilidade.
Nexo de causalidade consistente na inobservância, pela ré, do dever de zelar
pelo tráfego da rodovia concedida, evitando que obstáculos impeçam ou
prejudiquem seus usuários. 2. Danos materiais comprovados por
orçamentos, sendo fixada a indenização nos moldes do menor orçamento.
RECURSO PROVIDO. (TJ-RS - Recurso Cível: 71004375341 RS , Relator:
Marta Borges Ortiz, Data de Julgamento: 26/11/2013, Primeira Turma
Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 28/11/2013)

Provado o dano e o nexo de casualidade, mister que seja reconhecida a


responsabilidade da empresa demandada pelos danos ocasionados ao veículo do autor
em virtude do evento narrado nos autos.
Ante o relatado, CONHEÇO DO RECURSO e NEGO-LHE PROVIMENTO,
mantendo a sentença objurgada pelos próprios fundamentos . Custas processuais
e honorários advocatícios pela recorrente, que fixo em 20% sobre o valor da
condenação.
.
Salvador, 16 de Junho de 2016.

Bel. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


JUÍZA DE DIREITO – Relatora

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