Você está na página 1de 4

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0050279-16.2016.8.05.0001

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : PATRICIA ANDRADE CONCEICAO

Recorrido(s) : VIA VAREJO S A CASAS BAHIA SA


ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS SA

Origem : 4ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. INDENIZATÓRIA. VÍCIO DO


PRODUTO.BEM DURÁVEL. DECADÊNCIA VERIFICADA. AUSÊNCIA DE
CAUSAS INTERRUPTIVAS DO PRAZO DECADENCIAL. INÉRCIA DA PARTE
AUTORA DURANTE LAPSO DE 04 ( QUATRO ) ANOS. INCIDÊNCIA DO ART.
26, INCISO II DO CDC. SENTENÇA MANTIDA.
1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou
improcedente o pedido , nestes termos: “ Verifico que se trata de produto adquirido em
19/12/2012, e o autor procurou o reparo em 10/03/2013 e a substituição do mesmo em janeiro de
2016, ou seja, 04 anos após a aquisição do bem, não demonstra a parte autora que o contrato
firmado tinha previsão de quatro anos de garantia estendida.”
2. A recorrente busca a reforma da sentença , reiterando as razões pelas
quais entende ter havido vício do produto, e que não houve o reparo do mesmo no
prazo legal, requerendo a sua substituição, bem como indenização pelos danos
morais sofridos.
3. Conforme se verifica dos fatos narrados na exordial e dos
documentos trazidos aos autos, bem como da contestação, a sentença recorrida,
merece ser mantida, na íntegra, vez que trata a hipótese de caso em que operou-
se a decadência do direito da parte autora.
4. Com efeito, conforme alega a parte autora, fora adquirido
produto consistente em bem durável, em 19/12/2012, e que teria apresentado vício
em março de 2013; assevera que no dia 10/03/2013 recebeu visita técnica de
prepostos da 2ª acionada, que levaram o produto para conserto, todavia este teria
retornado com o mesmo problema. Passados 04 ( quatro) anos da aquisição do
bem, a parte acionante busca a substituição do produto por intermédio do
ajuizamento da presente ação.
5. Pois bem, na hipótese vertente, ainda que a parte autora tenha
comunicado as rés acerca do suposto vício, levando em conta a data em que
recebeu a visita técnica em 10/03/2013, não houve a exteriorização ou
formalização de sua irresignação perante as empresas demandadas, e nem
qualquer causa obstativa da decadência, que operou-se no prazo de 90 ( noventa)
dias a contar de tal data.
6. Nesse sentido apregoa o art. 26 do CDC, in verbis:

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil


constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de
serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos
duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do
produto ou do término da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente,
que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento
em que ficar evidenciado o defeito.

7. Com efeito, não consta dos autos nenhuma prova de que a parte autora
tomou providências para a interrupção do prazo decadencial, que teve início na
data de 10/03/2013, tendo escoado in albis o prazo sem qualquer manifestação de
irresignação até a data de 22/04/2016, em que ajuizada a presente ação, de modo
que a decadência operou-se pleno iure, sendo caso de manutenção da sentença
que a declarou.

8. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO E


NEGAR-LHEPROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos próprios
fundamentos. Sem custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do
art. 55 da lei 9.099/95.
Salvador, Sala das Sessões, 10 de Novembro de 2016.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

Juíza Presidente e Relatora


PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0050279-16.2016.8.05.0001

Classe : RECURSO INOMINADO


Recorrente(s) : PATRICIA ANDRADE CONCEICAO

Recorrido(s) : VIA VAREJO S A CASAS BAHIA SA


ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS SA

Origem : 4ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
1. Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia,
MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE –Presidente e Relatora , ISABELA
SANTOS LAGO e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a
ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios, nos termos
do art. 55 da Lei 9.099/95.
Salvador, Sala das Sessões, 10 de Novembro de 2016.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Presidente e Relatora

Você também pode gostar