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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0054348-28.2015.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : WHIRLPOOL S/A
Recorrido(s) GISELIA BEZERRA DE AQUINO
Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. VÍCIO DO PRODUTO. REFRIGERADOR.


RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA POR DANOS AO CONSUMIDOR. PROBLEMA
NÃO SOLUCIONADO. ACORDO CELEBRADO JUNTO AO PROCON. RESTITUIÇÃOD
DO VALOR PAGO. ART.18 DO CDC. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. REDUÇÃO
DO QUANTUM, PARA ADEQUAÇÃO AOS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por WHIRLPOOL S.A., contra


sentença que julgou procedente em parte a ação, nestes termos: “Requer, ainda, que
seja julgada PROCEDENTE a presente ação para: a) Conceder a Autora o beneficio da
assistência judiciária gratuita;b) Declarar abusiva a conduta dos réus, condenando-os a devolver
o valor pago pelo refrigerador e o valor pago pela garantia estendida, ambos devidamente
atualizados, além de indenizarem a suplicante pelos transtornos e constrangimentos
experimentados, no valor de R$8.000,00. (oito mil reais).”.

2. A recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, que teve


a sua atuação pautada pela boa fé na tentativa de solucionar o impasse, que não
houve o preenchimento dos requisitos ensejadores do damo moral, sendo portanto
incabível, e em caráter eventual pugna pela redução do quantum.

3. Em que pese a alegação da empresa demandada, esta não apresenta


qualquer prova de a eximisse da responsabilidade pelo vício do produto constatado
no caso em apreço. Com efeito, tendo a parte autora alegado o vício do
4. Restou incontroverso que a parte requerente adquiriu bem durável junto à
empresa acionada, consistente em um refrigerador, marca Cônsul, tendo
pago o valor de R$ 1.265,00 ( hum mil duzentos e sessenta e cinco reais)
pelo mesmo. Que após pouco tempo de uso, verificou vício no produto, que o
tornara inservível aos fins a que se destina, tendo por diversos meios tentado
solucionar o impasse, culminando com procedimento administrativo junto ao
PROCON, do qual resultara acordo , assumindo a ré o compromisso de
substituição do produto viciado, o que todavia não ocorreu.

5. Nesses termos, diante das alegações da parte autora, dotadas de


verossimilhança, corroboradas com as provas colacionadas, em especial a
nota fiscal do produto em que consta o seu valor integral, patente que houve
o descumprimento da referida avença, em detrimento dos interesses do
consumidor, prática que deve ser coibida, diante das normas protetivas do
CDC. Insta ressaltar, ademais, que todo o tempo dispendido pelo consumidor
para solucionar o impasse redundou em manifesto prejuízo, o que também
não deve passar desapercebido por este juízo.
6. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo fato do
produto ou serviço, preleciona que: “Art. 14. O fornecedor de serviços
responde, independentemente da existência de culpa pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.”

7. De igual sorte, o conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do


dano moral que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em
situação que por certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, máxime diante
do dispêndio de tempo e energia para que fosse dada solução satisfatória ao
caso. Por certo que tais fatos ultrapassaram o mero dissabor do quotidiano e
revela a desídia do réu.
8. O valor da reparação do dano moral deve ser fixado de acordo com os princípios
da razoabilidade e da proporcionalidade, os quais, em síntese apertada querem
significar, aquilo que é justo e na medida certa.

9. Da mesma forma, a fixação do montante indenizatório deve guardar uma


equivalência entre as situações que tragam semelhante colorido fático. As
variações nos valores das indenizações existem conforme as circunstâncias fáticas
que envolvam o evento.

10. Tendo em vista os parâmetros acima delineados , quanto ao valor arbitrado, tenho
que o mesmo se mostra exagerado e fora dos parâmetros arbitrados por este
Sodalício em casos similares, merecendo uma alteração na fixação daquele
quantum.

11. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO AO


RECURSO INTERPOSTO, tão somente para reduzir o quantum condenatório
arbirtrado a título de danos morais, que fixo em R$ 5.000,00 ( cinco mil reais ),
corrigidos conforme definido em sentença. Sem custas processuais e honorários
advocatícios, pelo êxito da parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 14 de julho de 2016.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
BELA. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0054348-28.2015.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : WHIRLPOOL S/A

Recorrido(s) : GISELIA BEZERRA DE AQUINO

Origem : 1ª VSJE DO CONSUMIDOR (MATUTINO)

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA
AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora , CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS
QUEIROZ e ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA, Presidente, em proferir
a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO .
UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários
advocatícios, pelo êxito da parte no recurso.
Salvador, Sala das Sessões, 14 de Julho de 2016.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
BELA. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Presidente

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