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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

AUTORIZADA PELO DECRETO FEDERAL Nº 77.496 DE 27-04-1976


RECONHECIDA PELA PORTARIA MINISTERIAL Nº 874/86 DE 19-12-86
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS

DOUGLAS OLIVEIRAS SAMPAIO

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS: DIFERENTES


OLHARES

Feira de Santana

2019
DOUGLAS OLIVEIRA SAMPAIO

Trabalho apresentado à disciplina


EXA (Docência do trabalho cientifico e do
trabalho escolar), como requisito de nota da 1°
unidade.

Feira de Santana

2019
CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 12., 2015, Paraná. TRANSPOSIÇÃO
DIDÁTICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS: DIFERENTES OLHARES. Paraná: Puc, 2015.
20 p.

INTRODUÇÃO

O artigo de Luciana de Moraes Jardim, Sérgio Camargo e Tania Teresinha Zimer,


publicado no XII Congresso Nacional de Educação (EDUCERE) visa apresentar as concepções
de Verret (1975), Chevallard (1991) e Astolfi e Develay (2002) sobre a Transposição Didática.
Além disso, traça como objetivo explanar as diferentes interpretações presentes no Brasil sobre
a Transposição Didática no ensino de ciências. Enquanto metodologia os autores se utilizam da
pesquisa documental, no qual tange uma aproximação direta com o fenômeno estudado.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA: SABERES ESCOLARES E NÃO ESCOLARES

Segundo Verret a didática é a transmissão de um saber adquirido. Transmissão de


quem sabe para quem ainda não sabe. De quem aprendeu para aqueles que aprendem. Além
disso, pode ser dividida em prática do saber e prática do transmitir, e ambas devem andar em
conjunto. O saber, por sua vez é classificado em dois tipos: os saberes escolares e os saberes
não escolares.

Os saberes escolares possuem como requisito para sua existência a divisão da prática
teóricas em campos de saber delimitados, além da programação de aprendizagens e de controles
de sequências fundamentadas que admitam a progressão dos saberes, que implica na
publicidade do saber e aplicação de métodos certificadores dos saberes.

Os saberes não escolares são divididos em sociais e gnoseológicos. Os sociais


classificam-se como saberes reservados, que escampam da publicidade e os saberes
aristocráticos que escapariam do controle social, isto é, não necessitam da verificação da
aprendizagem. Enquanto que os saberes gnoseológicos classificam-se em totais, quando se
opõem aos procedimentos analíticos e os pessoais que são os empíricos.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA: DO SABER SÁBIO AO SABER ENSINADO

Na visão de Chevallard o saber não é estático e pode ser classificado em: saber sábio,
saber a ser ensinado e saber ensinado. Nesta teoria Chevallard defende que na transposição
didática cada um dos níveis do saber possui um grupo social especifico; todos objetivando a
divulgação e\ou conhecimento do saber. Diferenciando-se da seguinte forma: saber sábio
(comunidade cientifica); saber a ser ensinado (representantes do sistema de ensino) e saber
ensinado (comunidade escolar).

O saber sábio é o saber que se origina na comunidade cientifica, não sendo o mesmo
que é estudado na esfera escolar por ter maior grau de abstração, reflexão e complexidade. Além
disso ele sempre estará vinculado ao seu grupo criador, tendo características dos próprios
autores.

O saber a ser ensinado é o resultado da primeira transposição. O que levará a esse


primeiro avanço será a necessidade da sociedade, sendo exteriorizado em proposta curriculares,
nacionais ou regionais, propostas pedagógicas escolares e livros didáticos.

O saber ensinado que é fruto das manipulações feita pelos professores. Sendo feita
modificações necessárias ao entendimento do aluno, de acordo com a prática pedagógica do
professor. Nesse sentido, Chevallard afirma que a transposição didática é composta por
professor, estudante e saber ensinado, que por sua vez, também é parte de um sistema de ensino.
O sistema de ensino contém regras formuladas por seus representantes que interferem
diretamente no sistema didático.

Nesse sentindo, para que o saber chegue até os estudantes é necessário que o sistema
de ensino (governo, pais, professores e especialistas de ensinos) entrem em consenso do que é
desejável que os estudantes tenham acesso, esse sistema é denominado por Chevallard como
Noosfera.

TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E AS PRÁTICAS SOCIAIS E DE REFERÊNCIA

Segundo Astolfi e Develay existe um conceito de epistemologia escolar que difere da


epistemologia dos saberes de referência. Sendo epistemologia escolar advinda das
transformações sofridas pelo saber sábio. Assim, os autores entendem que o processo de
transposição didática necessita de três elementos adicionais: práticas sociais de referência,
níveis de formulação de um conceito e tramas conceituais.

As praticas sociais de referência contribuem para a transposição didática e devem ser


consideradas, sendo elas as atividades de pesquisas, as culturais ou domesticas.
Os níveis de formulação de um conceito, são níveis de formulação ou exemplos que
começam simples e tornam-se complexos respeitando o plano linguístico, psicogenético e
epistemológico do indivíduo.

As tramas conceituais são enunciadas sobre um mesmo conceito representando a


construção de conhecimento pelos estudantes para orientá-los ou reorientar no intuito que os
conteúdos sejam aprendidos corretamente.

A Transposição Didática nas diferentes pesquisas

Como método de pesquisa documental, fez-se uma busca usando a palavra-chave


transposição didática nos bancos de dados do Centro de Documentação em Ensino de Ciências
(CEDOC), Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
e, por último, as edições do Encontro Nacional de Pesquisas em Educação em Ciências (ENPEC).

Dentre as pesquisas, apenas aquelas que somente mencionaram o termo transposição ou


transposição didática, no entanto sem alicerçar sua pesquisa a um teórico, como Verret, Chevallard,
Develay, Astolfi ou Lopes.

APRECIAÇÃO

As discussões em torno do estudo sobre Transposição Didática tiveram um grande


impulso a partir da década de 90 do século passado, através das ideias de Yves Chevallard
(1991). As principais questões referem-se à necessidade de entendermos a respeito da
transformação do conhecimento científico em conhecimento escolar. A produção científica
nessa área avançou bastante nas últimas décadas, principalmente àquelas voltadas à segunda
transposição proposta por Chevallard: a do saber a ensinar para o saber ensinado.

O processo de transposição didática em ciências e outras áreas devem se dá em


conformidade com a sociedade, em seus vários níveis, sendo imprescindível uma visão mais
crítica e sistêmica de mundo.

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