Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
iii
Sumário
1 Introdução 1
2 Discretização do problema 2
3 Deformação de molas 4
3.1 Definindo o elemento de mola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 Conjunto de molas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.3 Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.3.1 Resolução Manual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
5 Distribuição de calor 32
5.1 Definindo o elemento para condução de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.2 Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2.1 Resolução Manual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.2.2 Resolução por software . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6 Conclusão 42
Bibliografia 43
iv
1 Introdução
O método dos elementos finitos é uma ferramenta numérica muito utilizada por pla-
taformas de otimização, realizando simulações como análises estruturais, térmicas e de
escoamento de fluidos. Sendo muito importante que o engenheiro compreenda bem seus
conceitos e saiba aplicá-los corretamente. O método consiste em transformar um objeto de
estudo e as equações diferencais que regem seu comportamento fı́sico em um modelo cons-
tituı́do de muitos objetos bem menores, chamados elementos, onde essas equações possam
ser simplificadas e aplicadas a cada elemento e assim podendo ser resolvidas facilmente
com o auxı́lio de um computador, obtendo uma solução aproximada para o problema. A
solução é mais precisa quanto menor forem os elementos, porém a dimuição do tamanho
dos elementos aumenta o custo e o tempo computacional, devendo-se escolher sempre um
critério que o torne satisfatório de acordo com os interesses do usuário.
O objetivo deste trabalho é apresentar alguns problemas de engenharia que podem ser
resolvidos pelo método dos elementos finitos e mostrar os passos para a análise manual
e comparar com os resultados obtidos com auxı́lio de programas computacionais, com
mais elementos. Esse trabalho foi desenvolvido dando continuidade ao projeto de Álgebra
linear com aplicações em engenharia, portanto, as definições e principais operações com
matrizes foram omitidas do texto, visto que já foram apresentadas anteriormente.
1
2 Discretização do problema
A geometria complexa do problema (contı́nua) é simplificada e dividida em pequenas
regiões denominadas de elementos (discreta). Tais elementos podem ser lineares, trian-
gulares, retangulares, hexagonais, etc. Esses elementos são unidos entre si por pontos,
denominados nós. O conjunto de elementos e nós é chamado de malha.
As cargas, como forças, são definidas sempre sobre os nós dos elementos, uma força dis-
tribuida, por exemplo, é aproximada para várias forças pontuais atuantes nos nós. Nesse
estudo foram analisados apenas problemas em uma e duas dimensões, com elementos uni-
dimensionais e de comportamento linear, como molas e barras. Sendo assim, trabalhando
apenas com elementos lineares, com dois nós, identificados genericamente por i e j.
2
Figura 2: Exemplo de treliça com elementos de barra.
3
3 Deformação de molas
f = k · ∆u. (1)
Adotando o sentido positivo para a direita, com isso, um valor positivo para a força
no elemento indicará tração e negativo indicará compressão. Assim, a força exercida no
nó i será oposta à força da mola:
fi = k · (ui − uj ). (3)
E para o elemento estar em equilı́brio, o somatório de forças que agem sobre ele deve
ser nula, portanto:
fi + fj = 0 =⇒ fi = −fj . (4)
4
fi = k · (ui − uj ),
. (5)
fj = k · (uj − ui )
Que pode ser expressa em forma matricial por:
fi k −k ui
= · . (6)
fj −k k uj
A matriz formada pelos elementos k é denominada matriz de rigidez do elemento.
E os vetores à esquerda e à direita são os vetores de forças e deslocamentos. Nota-se
que a matriz [k] é quadrada, de ordem tal qual seus graus de liberdade (no caso, 2,
deslocamentos horizontais nos dois nós), é simétrica, é singular (determinante igual a 0)
e positiva semidefinida. Para um conjunto de molas, haverá uma matriz de rigidez total,
que é formada a partir das matrizes de rigidez de cada elemento.
ie
X (e)
Fi − fi = 0. (7)
e=1
(e)
Sendo Fi a força externa que age no nó i e fi a força interna exercida no nó i pelo
elemento e.
Figura 6: Exemplo de conjunto de molas. Os dois blocos e a parede são os nós e as molas
são os elementos. A parede é um nó fixo (u1 = 0) e os blocos podem realizar apenas
deslocamentos horizontais.
5
No nó 2 da figura, por exemplo, tem-se:
(1) (2)
F2 − f2 − f2 = 0. (8)
Já que a força F2 está no sentido positivo, a força na mola 1 fica negativa, já que a
mola é tracionada e tende a voltar a posição de equilibrio, o mesmo ocorre para a mola
2, mas essa por sua vez é comprimida pela força F2 . Onde não existe força atuando, ela
equivale a zero. Exceto na parede, que ocorre uma força de reação. Sendo assim, é obtido
as seguintes equações para todos os nós:
(1) (3)
F1 = f1 + f1 = k1 (u1 − u2 ) + k3 (u1 − u3 ) = (k1 + k3 )u1 + (−k1 )u2 + (−k3 )u3 ,
(1) (2)
F2 = f2 + f2 = k1 (u2 − u1 ) + k2 (u2 − u3 ) = (−k1 )u1 + (k1 + k2 )u2 + (−k2 )u3 , .
(2) (3)
F3 = f3 + f3 = k2 (u3 − u2 ) + k3 (u3 − u1 ) = (−k3 )u1 + (−k2 )u2 + (k2 + k3 )u3
(9)
Ou em forma matricial:
F1 k1 + k3 −k1 −k3 u1
F = −k k1 + k2 −k2 · u . (10)
2 1 2
F3 −k3 −k2 k2 + k3 u3
A matriz formada pelos elementos k é dita Matriz de rigidez total do conjunto de
molas. Nada mais é do que a combinação das matrizez de rigidez de cada elemento
(equação 6), organizada de acordo com os nós a qual pertencem seus elementos. Não é
possı́vel resolver essa equação simplesmente invertendo-se a matriz de rigidez total, isso
porque ela tem as mesmas propriedades já descrita, e portanto é singular, não possui
inversa. Porém, durante a solução, serão cancelados linhas e colunas convenientes para
trasformá-la em uma matriz inversı́vel.
No exemplo mostrado, por exemplo, o deslocamento u1 é nulo e é dado os valores de
F2 e F3 , então pode-se eliminar a primeira coluna da matriz, que é multiplicada por u1 ,
e também a primeira linha, já que não sabe-se o valor de F1 . Assim, seria obtido:
F1 k1+k3 −k
1 −k
3 0
F = −k
2 1
k1 + k2 −k2 · u2
, (11)
F3 −k
3 −k2 k2 + k3 u3
F2 k1 + k2 −k2 u2
= · . (12)
F3 −k2 k2 + k3 u3
6
Agora, a matriz obtida da matriz de rigidez já não é mais singular (as rigidezes k são
positivas não nulas), sendo assim, pode-se invertê-la e encontrar os deslocamentos nodais
fazendo {u} = [K]−1 · {F }. Depois, volta-se à equação 10 para encontrar o valor de F1 .
Esse é o processo para se resolver os problemas envolvendo elementos finitos, o que vai
mudar são as matrizes de rigidez de cada problema e as condições de contorno conhecidas
nos nós, seja os deslocamentos e forças ou temperaturas e calor, para problemas térmicos.
A seguir será apresentado e resolvido um problema completo de molas.
3.3 Problema
Três corpos rı́gidos, 2, 3, e 4 estão unidos por quatro molas, conforme mostra a figura.
Uma força horizontal de 1000N é aplicada ao Corpo 4. Encontre os deslocamentos dos três
corpos e as forças (tração/compressão) nas molas. Qual é a reação na parede? Admita
que os corpos só possam sofrer translação na direção horizontal. As constantes de mola
(N/mm) são k1 = 400, k2 = 500, k3 = 500 e k4 = 300.
Para esse problema, tem-se 4 elementos e 4 nós, devido aos nós, sabe-se que a matriz
de rigidez será de ordem 4. para começar, é montada a matriz de rigidez total, primeiro
expandindo a matriz do primeiro elemento, que está entre os nós 1 e 2, sendo assim, sua
matriz de rigidez será posicionada de acordo com esses graus de liberdade, como segue:
7
u1 u2 u3 u4 .
400 −400 − − u1
−400 400 − − u2 .
− − − − u3
− − − − u4
Para o elemento 2, será posicionado entre 2 e 3:
u1 u2 u3 u4 .
− − − − u1
− −500 − u2
500 .
− −500 500 − u3
− − − − u4
Para o elemento 3, entre 1 e 3:
u1 u2 u3
. u4
500 − −500 − u1
− − − − u2 .
−500 − 500 − u3
− − − − u4
Por fim, para o elemento 4, entre 3 e 4:
u1 u2 u3 u4 .
− − − − u1
− − − − u2 .
− − −300 u3
300
− − −300 300 u4
Agora, as matrizes estendidas são somadas e completadas com zeros onde não tem
valores, obtendo-se:
400 + 500 −400 −500 0
−400 400 + 500 −500 0
.
−500 −500 500 + 500 + 300 −300
0 0 −300 300
Assim, tem-se a seguinte equação matricial:
8
F
1
900 −400 −500 0
u
1
F2 −400 900 −500 0 u2
= · . (13)
F3
−500 −500 1300 −300
u3
F4 0 0 −300 300 u4
Note que a matriz de rigidez total é simétrica e singular (det[K] = 0).
Substituindo os valores conhecidos:
- Nos nós 2 e 3 não há forças externas, portanto F2 = F3 = 0;
- No nó 4, foi dado o valor da força F4 = 1000N , no sentido negativo;
- No nó 1, não há informações sobre a reação F1 , mas tem-se que o deslocamento nele
é nulo, u1 = 0, enquanto que nos demais nós os deslocamentos são desconhecidos.
Dessa forma, fica-se com:
F1
900 −400 −500
0 0
0 −400 900 −500
0 u2
= · . (14)
0 −500 −500 1300 −300 u3
−1000 0 0 −300 300 u4
Da mesma forma que no exemplo mostrado anteriormente, tem-se uma força desco-
nhecida e um deslocamento conhecido. Como a força desconhecida não ajuda a solucionar
os deslocamento, pode-se eliminar a linha corresponde, da mesma forma, o deslocamento
nulo u1 não ajudará, podendo assim eliminar a coluna correspondente, por fim, é obtido
a seguinte equação:
0 900 −500 0 u2
0 = −500 1300 −300 · u . (15)
3
−1000 0 −300 300 u4
Onde agora a matriz quadrada resultante é invertı́vel, tornando a equação facilmente
resolvida. Para essas operações será utilizado o software MATLAB.
Calculando a matriz inversa e fazendo a mutiplicação da inversa pelo vetor de força:
9
Figura 8: Janela de comando do MATLAB com os comandos executados para se deter-
minar os deslocamentos.
Observa-se que todos os deslocamentos foram pro lado esquerdo, e por isso o sinal
negativo. Os valores encontrados são dados em milı́metros, já que a unidade dada para
rigidez da mola é N/mm.
u
1
0
u2 −0, 7962 mm
= .
u3
−1, 3846 mm
u4 −4, 7179 mm
Com os deslocamentos nodais agora conhecidos, volta-se para a equação 14 e faz-se a
multiplicação, encontrando o valor de F1 :
Assim, encontra-se o valor de 1000N para F1 , o que está correto, haja visto que F1 e
10
F4 são as únicas forças externas do problema, portanto, a soma delas deve ser nula, para
satisfazer a condição de equilı́brio. O problema também pede para encontrar as forças
de tração/compressão nas molas. Sendo assim, é necessário apenas resolver a equação 2
para todos os elementos:
11
4 Deformação em barras e Treliças
σ = E · . (16)
F ∆u
=E· . (17)
A L
Reorganizando a equação, é obtido:
E·A
F = · ∆u. (18)
L
Observa-se que essa equação é análoga à equação 1, porém k é substituı́do por E·A
L
,
que também é constante para uma barra homogênea de seção constante.
Figura 10: Representação do elemento barra com as forças internas e seus deslocamentos
nodais.
12
Sendo assim, seguindo os passos já demonstrados, tem-se para um elemento de barra,
com forças e deslocamentos horizontais, a seguinte equação matricial:
fi E · A 1 −1 ui
= · . (19)
L
fj −1 1 uj
E da mesma forma, também pode-se resolver problemas de conjunto de barras, como
será feito no exemplo a seguir.
Figura 11: Problema exemplo, também retirado do livro [3], com 3 elementos de barra.
13
u1 u2 u3 u4 u5 .
1
− 13
3
0 0 0 u1
8
− 13 1
3
+ 1 −1 0 0 u2
10 · .
−1
0 1 0 0 u3
0 0 0 0 0 u4
0 0 0 0 0 u5
E·A
Para o terceiro elemento, tem-se, novamente, L
= 108 , e está entre os nós 3 e 4.
u1 u2 u3 u4 u5 .
1
− 13
3
0 0 0 u1
8
− 13 1
3
+1 −1 0 0 u2
10 · .
−1 1 + 1 −1
0 0 u3
0 0 −1 1 0 u4
0 0 0 0 0 u5
E·A 1011 ·10−4 1
Para o último elemento, tem-se L
= 0,3
= 3
· 108 , e está entre os nós 4 e 5.
u1 u2 u3 u4 u5 .
1
− 13
3
0 0 0 u1
8
− 31 1
3
+1 −1 0 0 u2
10 · .
−1 −1
0 1+1 0 u3
1
0 0 −1 1+ 3
− 13 u4
0 0 0 − 13 1
3
u5
Assim, a equação matricial fica:
1
F1 3
− 31 0 0 0 u1
F
2
− 13 4
3
−1 0 0
u2
8
F3
= 10 · 0 −1 2 −1 0 ·
u3
. (20)
4
− 13
F4
0 0 −1 3
u4
F5 0 0 0 − 13 1
3
u5
Aplicando as condições de contorno conhecidas:
- Deslocamentos nos nós 1 e 5 nulos;
- Sem forças aplicadas nos nós 2 e 4;
- Força de 10000N aplicada no nó 3.
14
1
RESQ 3
− 13 0 0 0 0
0
− 13 4
3
−1 0 0
u
2
8
10000 = 10 · 0 −1 2 −1 0 · u3 . (21)
4
− 31
0
0 0 −1 3
u4
RDIR 0 0 0 − 13 1
3
0
Da mesma forma que nos problemas com mola, deve-se eliminar as colunas corres-
pondentes aos deslocamentos 1 e 5 e as linhas correspondentes às forças RESQ e RDIR ,
obtendo:
4
0 3
−1 0 u2
8
10000
= 10 ·
−1 2 · u3 .
−1 (22)
4
0 0 −1 3
u4
Calcula-se a inversa da matriz de rigidez e fazendo a multiplicação pelo vetor de força,
com o auxı́lio do MATLAB, obtendo:
u2 1, 875 1, 5 1, 125 0
−8
·
= 10 1, 5
u3 2 1, 5 10000 . (23)
u4 1, 125 1, 5 1, 875 0
Obtendo:
u2 0, 00015 m
u = 0, 00020 m .
3
u4 0, 00015 m
Fazendo a multiplicação na equação 21 obtem-se:
RESQ −5000 N
= .
RDIR −5000 N
Assim, foram encontrados todos os valores pedidos no enunciado do problema.
Agora, será utilizado o elemento de barra para expandir a análise para uma treliça,
onde há, além de deslocamentos horizontais, deslocamentos verticais.
15
4.2 Transformando o elemento de barra para conjuntos 2D
O elemento de mola apresentado anteriormente, foi definido sobre um eixo local x,
porém, quando são feitas combinações de elementos com outras coordenadas locais, é pre-
ciso transformá-los para um mesmo sistema de coordenadas, global, de toda a estrutura.
Observe o mesmo elemento da figura 10:
Os vetores de forças e deslocamento, estão todos na mesma direção. Como já foi
mostrado como calcular os valores locais para cada elemento, os valores globais poderão
ser expressos em função dos valores locais e do ângulo diretor θ, para facilitar, será
procurado expressar os vetores locais em função dos globais. Para isso é preciso utilizar
a matriz de transformação de coordenadas, que será deduzida a seguir, para um vetor
arbitrário u. Um traço em cima das coordenadas representa os valores locais e sem o
traço, os valores globais.
16
Figura 13: Vetor arbitrário u representado em coordenadas locais e globais.
Figura 14: Encontrando o valor das coordenadas locais de u em função das coordenadas
globais.
17
Nota-se então que:
ux = ux · cos(θ) + uy · sen(θ,
(24)
uy = uy · cos(θ) − ux · sen(θ).
Reorganizando, em forma matricial:
ux cos(θ) sen(θ) ux
= · . (25)
uy −sen(θ) cos(θ) uy
E isso é o deslocamento para apenas um nó, expandindo para os dois nós:
uix
cos(θ) sen(θ) 0 0
uix
uiy −sen(θ) cos(θ) 0 0 uiy
= · . (26)
ujx
0 0 cos(θ) sen(θ)
ujx
ujy 0 0 −sen(θ) cos(θ) ujy
O mesmo vale para o vetor de forças:
f
ix
cos(θ) sen(θ) 0 0 f
ix
fiy −sen(θ) cos(θ) 0 0 fiy
= · . (27)
fjx
0 0 cos(θ) sen(θ) fjx
fjy 0 0 −sen(θ) cos(θ) fjy
Expandindo a equação 19 para duas dimensões, tem-se:
f
ix
1 0 −1 0 uix
fiy
0 0 0 0 uiy
E·A
= · . (28)
fjx
L
−1 0 1 0 ujx
fjy 0 0 0 0 ujy
A matriz de rigidez foi apenas completada com zeros, haja visto que para um elemento
não há forças nem deslocamentos em y. Agora, substitui-se os vetores locais de forças e
deslocamento pelos vetores globais, expressos em 26 e 27. Para não ficar muito extenso,
será denotado a matriz de transformação por [T ] e os vetores for {f } e {u} e a matriz de
rigidez por [k]
18
{f } = [T ]−1 · [k] · [T ] · {u}. (30)
Por fim,
cos2 (θ) cos(θ)sen(θ) −cos2 (θ) −cos(θ)sen(θ)
sen2 (θ) −sen2 (θ)
E·A cos(θ)sen(θ) −cos(θ)sen(θ)
[K] = . (33)
L
−cos2 (θ) −cos(θ)sen(θ) cos2 (θ) cos(θ)sen(θ)
−cos(θ)sen(θ) −sen2 (θ) cos(θ)sen(θ) sen2 (θ)
19
4.3 Problema
Determine as forças de reações nos apoios e os deslocamentos nodais da treliça mos-
trada na figura, sendo o material das barrras aço AISI 1020 (E=200GPa), de perfil circular
e diâmetro 50mm, sendo todas as barras de comprimento 1m.
20
Tabela 1: Propriedades dos elementos de barra.
Elemento nó i nó j θ (graus)
1 1 2 60
2 1 3 0
3 2 3 -60
4 2 4 0
5 3 4 60
6 3 5 0
7 4 5 -60
Como todos as barras são do mesmo material, têm o mesmo comprimento e mesma
E·A 200·109 ·π·0,0252
área de seção transversal, o valor constante L
= 1
será igual para todos
os elementos, podendo então ser adicionado no final, quando já tiver pronta a matriz
de rigidez total. Como o que muda nos elementos é apenas o ângulo diretor, apenas 3
matrizes de rigidez precisam ser feitas, já que [k]1 = [k]5 , [k]2 = [k]4 = [k]6 e [k]3 = [k]7 .
E esses valores são:
0, 25 0, 433 −0, 25 −0, 433
0, 433 0, 75 −0, 433 −0, 75
[k]1 =
,
−0, 25 −0, 433 0, 25 0, 433
−0, 433 −0, 75 0, 433 0, 75
1 0 −1 0
0 0 0 0
[k]2 = ,
−1 0 1 0
0 0 0 0
0, 25 −0, 433 −0, 25 0, 433
−0, 433 0, 75 0, 433 −0, 75
[k]3 =
.
−0, 25 0, 433 0, 25 −0, 433
0, 433 −0, 75 −0, 433 0, 75
Somando adequadamente de acordo com os nós, tem-se:
21
u1x u1y u2x u2y u3x u3y u4x u4y u5x u5y .
1, 25
0, 433 −0, 25 −0, 433 −1 0 0 0 0 0 u1x
0, 433
0, 75 −0, 433 −0, 75 0 0 0 0 0 0 u1y
−0, 25 −0, 433 1, 5 0 −0, 25 0, 433 −1 0 0 0 u2x
−0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433 −0, 75 0 0 0 0 u2y
−1 0 −0, 25 0, 433 2, 5 0 −0, 25 −0, 433 −1 0 u3x .
0 0 0, 433 −0, 75 0 1, 5 −0, 433 −0, 75 0 0 u3y
0 0 −1 0 −0, 25 −0, 433 1, 5 0 −0, 25 0, 433 u4x
0 0 0 0 −0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433 −0, 75 u4y
0 0 0 0 −1 0 −0, 25 0, 433 1, 25 −0, 433 u5x
0 0 0 0 0 0 0, 433 −0, 75 −0, 433 0, 75 u5y
F1x 1, 25 0, 433 −0, 25 −0, 433 −1 0 0 0 0 0 u1x
F1y −0, 433 −0, 75
0, 433 0, 75 0 0 0 0 0 0
u1y
−0, −0, −0, 25 −1
F2x 25 433 1, 5 0 0, 433 0 0 0 u2x
F2y −0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433 −0, 75 0 0 0 0 u2y
F3x E · A −1 0 −0, 25 0, 433 2, 5 0 −0, 25 −0, 433 −1 0 u3x
= · .
F3y L 0 0 0, 433 −0, 75 0 1, 5 −0, 433 −0, 75 0 0 u3y
F4x 0 0 −1 0 −0, 25 −0, 433 1, 5 0 −0, 25 0, 433 u4x
F4y 0 0 0 0 −0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433 −0, 75 u4y
F5x 0 0 0 0 −1 0 −0, 25 0, 433 1, 25 −0, 433 u5x
F5y 0 0 0 0 0 0 0, 433 −0, 75 −0, 433 0, 75 u5y
F1x 1, 25 0, 433 −0, 25 −0, 433 −1 0 0 0 0 0 0
F1y −0, 433 −0, 75
0, 433 0, 75 0 0 0 0 0 0
0
−0, −0, −0, 25 −1
250000 25 433 1, 5 0 0, 433 0 0 0 u2x
−250000 −0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433 −0, 75 0 0 0 0 u2y
0 E · A −1 0 −0, 25 0, 433 2, 5 0 −0, 25 −0, 433 −1 0 u3x
= · .
−100000 L 0 0 0, 433 −0, 75 0 1, 5 −0, 433 −0, 75 0 0 u3y
0 0 0 −1 0 −0, 25 −0, 433 1, 5 0 −0, 25 0, 433 u4x
−320000 0 0 0 0 −0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433 −0, 75 u4y
0 0 0 0 0 −1 0 −0, 25 0, 433 1, 25 −0, 433 u5x
F5y 0 0 0 0 0 0 0, 433 −0, 75 −0, 433 0, 75 0
22
250000
1, 5 0 −0, 25 0, 433 −1 0 0 u
2x
−250000 −0, 75
0 1, 5 0, 433 0 0 0 u2y
0
−0, 25 0, 433 2, 5 0 −0, 25 −0, 433 −1
u3x
E·A
−100000 = 0, 433 −0, 75 0 1, 5 −0, 433 −0, 75 0 · u3y .
L
0
−1 0 −0, 25 −0, 433 1, 5 0 −0, 25
u4x
−320000
0 0 −0, 433 −0, 75 0 1, 5 0, 433
u4y
0 0 0 −1 0 −0, 25 0, 433 1, 25 u5x
1.8750 −0.5052 0.7500 −0.5773 1.3750 −0.3608 1.0000
−0.5052 1.2916 −0.4330 1.0000 −0.2165 0.5416 −0.5773
0.7500 −0.4330 1.0000 −0.2887 0.7500 −0.1443 1.0000
−0.5773 1.0000 −0.2887 1.8333 0.0000 1.0000 −0.5773 .
1.3750 −0.2165 0.7500 0.0000 1.8750 −0.0722 1.0000
−0.3608 0.5416 −0.1443 1.0000 −0.0722 1.2916 −0.5773
1.0000 −0.5773 1.0000 −0.5773 1.0000 −0.5773 2.0000
u
2x
1.8750 −0.5052 0.7500 −0.5773 1.3750 −0.3608 1.0000 250000
−0.5052 1.2916 −0.4330 1.0000 −0.2165 0.5416 −0.5773 −250000
u2y
u3x 0.7500 −0.4330 1.0000 −0.2887 0.7500 −0.1443 1.0000 0
L
= · −100000 .
u3y −0.5773 1.0000 −0.2887 1.8333 0.0000 1.0000 −0.5773
E·A
u4x 1.3750 −0.2165 0.7500 0.0000 1.8750 −0.0722 1.0000 0
u4y −0.3608 0.5416 −0.1443 1.0000 −0.0722 1.2916 −0.5773 −320000
u5x 1.0000 −0.5773 1.0000 −0.5773 1.0000 −0.5773 2.0000 0
23
Figura 18: Encontrando os valores dos deslocamentos no MATLAB.
24
4.3.2 Resolução por software
Após isso, pode-se definir os acessórios de fixação do nó, tal qual livre ou com alguma
restrição e aplicar o material.
25
Figura 21: Continuação para a simulação.
Após isso, será exibida algumas propriedades do materias, o que interessa nesse caso
é o módulo de elasticidade. Após, só clicar em aplicar e fechar.
26
Figura 24: Malha elementar, já com as forças aplicadas.
27
Figura 27: Gráfico de deslocamentos em y.
Os valores são calculados apenas nos nós, mas são feitas interpolações sobre a extensão
das barras, afim de prever os valores para o seu interior. A seguir são mostrados os mesmos
resultados, porém para 50 elementos por barra:
28
Figura 29: Gráfico de deslocamentos em x para uma malha de 50 elementos por barra.
Figura 31: Gráficos de deslocamento resultante para a malha de 50 elementos por barra.
29
A diferença entre as análises é apenas a precisão na extensão de cada barra, tomando
uma forma mais real com mais elementos. Com o recurso de sonda, é possı́vel analisar os
deslocamentos exatamente nos nós (juntas):
30
Figura 33: Valores de deslocamento no eixo y para as duas malhas.
Observa-se que os valores encontrados para os deslocamentos nos nós são os mesmos
para ambas as malhas e muito próximos aos valores encontrados através da resolução
manual (erros de aproximação), confirmando a eficiência do método. Há alguns erros
para alguns deslocamentos que deveriam ser nulos, mas isso pode ser relevado devido a
ordem de grandeza insignificante apresentada (10−9 e10−11 ).
31
5 Distribuição de calor
dT
qx = −kA . (34)
dx
Onde qx é a taxa de transferência de calor na direção x, dada em Watts(W), k é a
condutividade térmica do corpo, dada em W/(mK), que depende do material empregado
e A é a área de seção transversal normal ao eixo x, como em uma barra. Novamente, será
trabalhado com problemas unidimensionais e em regime permanente (sem variação com
o tempo).
Figura 34: Exemplos de objetos unidimensionais e condução de calor neles. Uma barra es-
belta e uma parede cujas dimensões nas outras direções são muito maiores que a espessura
em x.
Para um elemento finito, é feita uma aproximação linear das temperaturas nos seus
32
nós. Sendo assim, o diferencial da temperatura em função de x é substiuı́do pela razão
entre a diferença de temperatura nos nós e o comprimento do elemento, dessa forma:
(e) (Tj − Ti )
qi = −kA . (35)
L
Semelhante à equação do equilı́brio para as forças, tem-se a conservação de energia
no elemento, onde a soma das taxas de transferência de calor nos nós deve ser nula,
considerando o sistema isolado nas superfı́cies laterais, tendo assim:
(e) (e)
qi + qj = 0. (36)
E portanto,
(e) (Tj − Ti )
qj = +kA . (37)
L
Deixando na forma matricial, tem-se
qi kA 1 −1 Ti
= · . (38)
L
qj −1 1 Tj
Observando a equação acima, tendo visto já todo o processo para a resolução dos
exercı́cios de deformação em barras, já é possı́vel saber como prosseguir para a resolução
esse tipo de problema, o que muda é que as forças são substituı́das pelas cargas térmicas,
os deslocamentos nodais pelas temperaturas e o módulo de Young pela condutividade
térmica do material. No entanto, o processo é o mesmo.
Além de condução no corpo pode haver também convecção nos contornos, por exemplo,
uma barra sendo esfriada por um fluido que cerca a extremidade com uma temperatura
diferente da barra. Ou um fluido cercando a superfı́cie de uma parede. Nesses casos,
tem-se uma quantidade de calor transferida por convecção que é dada por:
33
o vetor de temperaturas. O problema a seguir trata-se da composição da parede de um
tanque, apresenta a condição de conveção, e será feita a resolução detalhadamente.
5.2 Problema
Uma parede de isolamento térmico de um tanque é composta de três camadas isolan-
tes de materiais distintos com diferentes espessuras. A face interna do tanque, dadas as
condições do fluido, apresenta temperatura na superfı́cie de 200◦ C = 473, 15K. Na face
externa, circula um fluido refrigerante à temperatura de 30◦ C = 303, 15K com um coefi-
ciente de convecção de hCV = 40W/(m2 K). Determine a distribuição de temperatura na
parede. A figura ilustra uma seção transversal da parede com suas três camadas isolantes,
respectivas espessuras e coeficiente h de condução de calor.
Para modelar o sistema, será usado apenas um elemento para cada camada da parede.
Não é fornecida informação da área da parede, o que pode ser feito é definir uma área
unitária, de tal forma que os valores das temperaturas sejam os reais, mas o valor encon-
trado para as cargas térmicas são dados por unidade de área. Dessa forma, tem-se 4 nós
e 3 elementos.
Começando por determinar as matrizes de condutividade de cada elemento e assim
estabelecer a matriz de condutividade total da parede do tanque.
Para o elemento 1, com k = 0, 2256 W/mK, A = 1m2 e L = 0, 050 m:
34
T1 T2 T3 T4 .
4, 5120 −4, 1520 0 0 T1
−4, 5120 4, 5120 0 0 T2 .
0 0 0 0 T3
0 0 0 0 T4
Para o elemento 2, com k = 0, 14 W/mK, A = 1m2 e L = 0, 150 m:
T1 T2 T3 T4 .
0 0 0 0 T1
0 0, 9333 −0, 9333 0 T2 .
0 −0, 9333 0, 9333 0 T3
0 0 0 0 T4
Para o elemento 2, com k = 200 W/mK, A = 1m2 e L = 0, 100 m
T1 T2 T3 T4 .
0 0 0 0 T1
0 0 0 0 T2 .
0 0 2000 −2000 T3
0 0 −2000 2000 T4
Somando as três matrizes, obtém-se:
T1 T2 T3 T4 .
4, 5120 −4, 5120 0 0 T1
−4, 5120 5, 4453 −0, 9333 0 T2
.
0 −0, 9333 2000, 9333 −2000 T3
0 0 −2000 2000 T4
Assim, a equação matricial fica:
Q
1
4, 5120 −4, 5120 0 0
T
1
Q2 −4, 5120 5, 4453 −0, 9333 0 T2
= · . (40)
Q3
0 −0, 9333 2000, 9333 −2000
T3
Q4 0 0 −2000 2000 T4
Adicionando as condições de contorno conhecidas:
35
- Foi dada a temperatura no nó 1 de 200◦ C, na qual não é necessário realizar a con-
versão para Kelvin, já que a variação de temperatura nas duas escalas são correspondentes,
sendo assim se chegará ao mesmo resultado.
- Nós nós 2 e 3 não há qualquer adição de calor, nem convecção, apenas condução.
- Já no nó 4, tem-se a convecção do fluido refrigerante na face externa do tanque, o
qual tem a área também de 1 m2 , coeficiente hCV = 40W/(m2 K) e a temperatura do
fluido é de 30◦ C.
Tendo o seguinte:
Q1
4, 5120 −4, 5120 0 0
200
0 −4, 5120 5, 4453 −0, 9333 0 T2
= · . (41)
0
0 −0, 9333 2000, 9333 −2000
T3
40(30 − T4 ) 0 0 −2000 2000 T4
Separando o vetor das cargas em dois vetores, para passar o valor de T4 para o produto
das matrizes do lado direito:
Q1
0
4, 5120 −4, 5120 0 0
200
0 0 −4, 5120 5, 4453 −0, 9333 0 T2
− = · . (42)
0
0
0 −0, 9333 2000, 9333 −2000
T3
1200 40 · T4 0 0 −2000 2000 T4
36
0 4, 5120 5, 4453 −0, 9333 0 T2
0 + 200 · 0 = −0, 9333 2000, 9333 −2000 · T . (44)
3
1200 0 0 −2000 2040 T4
Assim, é obtido a seguinte equação, que pode ser resolvida invertendo-se a matriz
quadrada das condutividades e fazendo a multiplicação.
902, 4 5, 4453 −0, 9333 0 T2
· T .
0 = −0, 9333 2000, 9333 −2000 (45)
3
1200 0 −2000 2040 T4
Encontrando a matriz inversa e fazendo a multiplicação, com o auxı́lio do MATLAB,
é determinado todas as temperaturas nas superfı́cies das camadas.
T2 = 171, 43◦ C
T3 = 33, 29◦ C .
T4 = 33, 22◦ C
Voltando à equação 45, é possı́vel encontrar também a quantidade de calor por unidade
de área (lembrando que foi definido o elemento com área unitária) que é fornecida a parede
interna do forno:
Q1 = 128, 92 W/m2 .
Com isso, foi possı́vel encontrar todos os valores de temperatura solicitados, analı́ticamente.
A seguir será feita a resolução com o SolidWorks e será possı́vel comparar os resultados
encontrados.
37
5.2.2 Resolução por software
Novamente vá até a aba simulation, novo estudo, mas agora é escolhida a opção de
análise “Térmico”.
38
Figura 38: Inicialização da análise térmica.
O programa já identifica a condição de contato das camadas como todas unidas, assim
as faces ficam totalmente grudadas uma a outra.
Depois, basta adicionar a condição de temperatura na face interna e a de convecção
na face externa, com os dados que foram dados no enunciado e criar a malha. Não
será necessário fazer o refinamento de malha, deixando a opção padrão fornecida pelo
programa.
Figura 39: Definindo as condições de contorno nas faces internas e externas do tanque e
criando a malha.
39
Figura 40: Condições de contorno de temperatura na parede interna e de conveção na
parede externa.
O próximo passo já é executar o estudo, assim será processado e fornecido o gráfico
de distribuição da temperatura em toda a extensão da parede.
40
Figura 42: Gráfico da distribuição de temperatura em cada posição na parede.
O resultado encontrado aqui, novamente, foi igual ao encontrado pelos cálculos matri-
ciais. Mostrando ser eficiente o uso do software para resolver esse tipo de problema.
41
6 Conclusão
Com os estudos realizados e com os vários problemas apresentados e solucionados foi
possı́vel introduzir uma boa base inicial (teórica e prática) para a análise com elementos
finitos, de forma bem clara e objetiva.
Começando com as análises lineares mais simples pode-se mostrar como o método é
desenvolvido e como os softwares são uma ferramenta essencial para o engenheiro que irá
trabalhar com projetos. As comparações feitas com os valores analı́ticos mostraram uma
precisão muito boa.
O conteúdo visto no projeto anterior foi de grande importância para o desenvolvimento
deste trabalho, em que foram utilizados muitas propriedades e cálculos matriciais. Como
estudo futuro, seria interessante prosseguir para uma análise mais complexa, como análises
não lineares ou dinâmicas, que estão muito presentes nos projetos reais de engenharia.
42
Referências
[1] BEER. Ferdinand P. Mecânica dos materiais, 7.ed. - Porto Alegre: AMGH,
2015.
[4] O.C. Zienkiewicz, R.L. Taylor The finite Element Method: The basis,
Vol. 1 - 5.ed. - Butterworth-Heinemann, 2000.
43