Você está na página 1de 26

4-24

4.2.1.3 Eólico
Utiliza a força dos ventos para acionar aerogeradores na produção de
energia elétrica. A geração eólio-elétrica utiliza o deslocamento de massa
de ar para movimentar as pás ou rotor de uma turbina acoplada ao rotor
de um gerador elétrico - aerogerador.
Os deslocamentos das massas de ar possuem como principal causa a
ação dos raios solares que agem de forma irregular ao longo da
superfície terrestre. A energia térmica emitida pelo sol é convertida em
energia cinética das massas de ar, e dessa energia de movimento
surgem os ventos.

Figura 4.17 Usina Eólica

Os deslocamentos de massa de ar podem ser compreendidos da


seguinte forma:
− Deslocamentos globais – devido a não uniformidade da incidência
solar; nos trópicos a quantidade de energia térmica é superior à
incidida nos pólos, logo há um fluxo térmico (calor) no sentido dos
pólos;
− Deslocamentos locais – a variação de temperatura de uma dada
região, além das características de relevo, influenciam no fluxo de
massas de ar.

O vento tem um fluxo de massa de ar variável; além disso, a velocidade


do vento varia naturalmente com a hora do dia, o mês do ano, altitude, e
o local.

A geração eólio-elétrica é uma fonte de energia limpa com a


característica de ser intermitente, limitada a regiões com vento e

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-25

visualmente ‘poluente’. A força dos ventos foi primeira usada cerca de


5.000 anos atrás para navegação ao longo do rio Nilo, no antigo Egito.

Segundo dado do CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) da


Eletrobrás, o potencial estimado de geração eólica do Brasil é de 143 mil
MW.

O mapa eólico do Brasil é mostrado na Figura 4.14 onde são


apresentadas as velocidades médias dos ventos.

Figura 4.18 Mapa Eólico do Brasil

No Brasil, o primeiro gerador eólico foi instalado em 1992 na Ilha de


Fernando de Noronha, com potência de 75kW, resultado de um convênio
celebrado entre o Folkecenter (Dinamarca), Celpe e UFPe.

Atualmente (2002), nove plantas eólicas estão em funcionamento no


país, nos estados de Pernambuco, Ceará, Minas Gerais, Paraná e Santa
Catarina. Juntas, elas geram 22,025 MW, o que representa 0,03% da
capacidade de geração do Brasil, hoje em torno de 80,8 mil MW.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-26

No Ceará estão construídos dois parques eólicos comercias:


− Usina eólica da Prainha (1999), a maior da América do Sul, com
capacidade instalada de 10MW suficiente para fornecer energia
elétrica para uma cidade de aproximadamente 100 mil habitantes.
Possui 20 aerogeradores com potência de 500kW cada.

− Usina eólica da Taíba (1999), com 10 aerogeradores e capacidade


total de 5MW.

− Parque eólico do Mucuripe, com 4 aerogeradores, re-potenciado em


2001 de 1,2MW para 2,4MW.

Figura 4.19 Parque Eólico do Mucuripe – CE de 2,4MW

Algumas outras usinas eólicas estão previstas para o estado do Ceará


como: Camocim (249,9MW), Pecém (25,2 e 31,1MW), Acaraú (42 e
79,2MW), Lagoinha (49,3MW), São Gonçalo do Amarante (46MW),
Itapipoca (235,8MW), Limoeiro do Norte (99,45MW), Caucaia (56,4MW),
Aracati (29,75MW), Icapuí (300,6MW), e Jaguaruana (79,9MW).

A distribuição da capacidade instalada de energia eólio-elétrica no


mundo é mostrada na Figura 4.20.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-27

Figura 4.20 Energia eólica – distribuição da capacidade instalada no mundo até


outubro de 2000

Figura 4.21 Potencial Hidráulico e Eólico do Ceará

A Figura 4.21 mostra a complementaridade entre a disponibilidade de


vento no Ceará e hidrológica no nordeste.

As tecnologias para aproveitamento dos ventos para produção de


energia elétrica são sumarizadas na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 Tecnologias de Geração Eólica


Sistema de controle Pitch (Controle de passo) Stall
Acoplamento turbina-gerador Direto Com multiplicador

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-28

Rotação do rotor Variável Constante


Sistema de freio Aerodinâmico A disco
Gerador elétrico Síncrono Assíncrono

A) Sistema de Controle

O controle pitch permite o controle da potência gerada a partir da


variação do ângulo de passo das pás da turbina. No controle estol as pás
são fixas com limitação da captação da energia dos ventos efetuada por
processos aerodinâmicos.

B) Acoplamento Turbina-Gerador

As turbinas eólicas podem ser ligadas diretamente ao gerador ou através


de caixa de multiplicação. A caixa de multiplicação eleva a velocidade de
rotação do rotor da turbina para a velocidade de rotação do rotor do
gerador elétrico.

Os novos projetos de geradores acoplados diretamente às turbinas


eólicas evitam o uso do mecanismo de caixas de engrenagens, portanto,
reduzindo o peso e custo.

C) Rotação do Rotor

Os aerogeradores com velocidade constante utilizam geradores


conectados diretamente à rede. Como a freqüência do sistema é
constante, a velocidade da turbina eólica é ajustada pela caixa de
multiplicação e pelo número de pólos do gerador.

Os aerogeradores de velocidade variável são ligados à rede elétrica


através de um conversor eletrônico. O conversor retificador-inversor tem
a função de retificar a energia do gerador síncrono com freqüência e
tensão variáveis, e em seguida inverter para a freqüência e a tensão
requeridas pela rede. A tensão gerada é transformada eletronicamente
para CC e depois CA, sendo esta última com freqüência igual à da rede
onde estão conectados. Neste tipo de conexão as dinâmicas da turbina
eólica são separadas da rede elétrica.

Os modernos geradores são de velocidade variável permitindo uma


resposta flexível para diferentes velocidades do eixo. Os sistemas eoli-

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-29

elétricos com velocidade variável permitem uma maior captação e,


portanto, uma transformação mais eficiente de energia eólica em energia
elétrica.

D) Tipo de Gerador Elétrico

Os geradores assíncronos têm como principal característica o uso de um


sistema multiplicador de velocidade. Os geradores assíncronos são
robustos e requerem pouca manutenção, porém consomem energia
reativa da rede. Uma outra característica dos geradores assíncronos é
operar com escorregamento negativo (ns-n /ns). Para tanto, a velocidade
do rotor deve ser diferente da velocidade do campo girante. Na condição
de gerador, a velocidade do rotor é maior que a do campo (síncrona).
Para os geradores assíncronos conectados diretamente à rede, a
velocidade do campo é determinada pela freqüência da rede.

Os geradores síncronos têm melhor rendimento, não necessitam de


energia reativa da rede. No entanto, por operarem com escorregamento
igual a zero, os sistemas eolioelétricos com geradores síncronos se
conectados diretamente à rede devem constituir um sistema isolado.

O custo de instalação de um parque eólico está assim distribuído:

Figura 4.21 Custo de Instalação de Parque Eólico

As fazendas eólicas, como são também chamadas, podem ser


construídas onshore (em terra) e offshore (em mar). A Europa tem
optado e expandido a construção de fazendas eólicas offshore pela
menor disponibilidade de espaços, condições de ventos atrativas e
questões ambientais como impacto visual.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-30

Figura 4.22 Parque Eólico

4.2.1.4 Maremotriz
As gigantescas massas de água que cobrem dois terços do planeta
constituem o maior coletor de energia solar imaginável. As marés,
originadas pela atração lunar, representam uma significativa fonte
energética. Em conjunto, a temperatura dos oceanos, as ondas e as
marés poderiam proporcionar muito mais energia do a humanidade seria
capaz de gastar – hoje ou no futuro, mesmo considerando que o
consumo global simplesmente dobra a cada dez anos.

O resultado da combinação de forças produzidas pela atração do Sol e


da Lua e do movimento de rotação da Terra leva à subida e descida das
da água dos oceanos e mares dando formação às marés. Os
movimentos verticais da água dos oceanos, associados à subida e
descida das marés, são acompanhados de um movimento horizontal
denominado por correntes marítimas. Estas correntes têm periodicidade
idêntica a das oscilações verticais.

Pode-se obter energia a partir das marés de duas formas:


− através da energia associada ao movimento da água que passa
quando a maré sobe ou desce, ou
− através de diques e comportas que retêm a água da maré cheia e são
depois abertas quando o desnível for adequado, fazendo com que a
água acione um mecanismo, fazendo-o rodar. A energia das marés é

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-31

aproveitada pela diferença de cota entre as marés, construindo-se


barragens que retenham a água na maré alta e liberando-a de volta
para o mar na maré baixa. Este é um tipo de usina hidroelétrica em
que a potência pode ser obtida por turbinas de fluxo bi-direcional.

A teoria das barragens de marés é bastante simples, às vezes os


problemas de engenharia é que são grandes, inviabilizando os projetos.
Durante a maré alta o reservatório fica cheio. Com a maré baixa as
comportas são abertas e a água começa a sair, movimentando as pás
das turbinas e gerando eletricidade. Na maré baixa o reservatório é
vazio, e com a maré alta as comportas são abertas e a água começa a
entrar no reservatório, movimentando as pás das turbinas e gerando
eletricidade.

A construção dessas usinas exige grandes amplitudes de marés. No


Brasil existem três lugares adequados à construção dessas usinas: na
foz do rio Mearim, no Maranhão; na foz do Tocantins, no Pará; e na foz
da margem esquerda do Amazonas, no Amapá.

Um exemplo de uma usina maremotriz na Europa situa-se a 10 km da


desembocadura do rio Rance no Canal da Mancha. Neste local a
amplitude da maré é de 13m. As turbinas da central funcionam quando
enche e quando esvazia o estuário do rio Rance. A usina em
funcionamento desde 1966 e produz cerca de 550GWh anualmente.

O resultado da combinação de forças exercidas pela gravidade, pela


tensão superficial da água e pelos ventos leva à subida e descida da
superfície da água do mar e sua propagação que constitui então as
ondas. Uma vez formadas as ondas viajam pelo alto mar até encontrar
as águas comparativamente mais rasas, próximas à terra. Nesse
encontro, a base das ondas começa a sofrer certa resistência. Isso faz
aumentar sua altura. À medida que o fundo se torna mais raso, a crista
da onda que não está sujeita à resistência, tende a prosseguir com maior
velocidade, e a onda quebra. Se o fundo do mar é rochoso como no
Havaí, as ondas alcançam grande altura; já na areia, a energia é
aborvida do que resultam ondas menores.

As ondas possuem energia cinética devido ao movimento da água e


energia potencial devida à altura. A energia das ondas pode ser

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-32

aproveitada para geração de energia elétrica. O movimento das ondas


pressiona o ar fazendo a turbina girar nos dois sentidos.

Figura 4.23 Esquema de Aproveitamento da Energia das Ondas

No mar da Noruega, no canal de Kval, foi construída a primeira usina


elétrica (entrada em operação: outubro 2003) movida por ondas do mar,
ligada a uma rede de transmissão comercial da Noruega. A planta tem
capacidade de 700 mil kWh por ano – equivalente ao consumo de 35
residências. A usina é formada por turbinas submersas, com hélices de
10m de comprimento.

Figura 4.24 Aproveitamento da Energia das Ondas.

As lâminas captam o movimento das águas do mar, que é convertido em


eletricidade através de um gerador e enviado à estação terrestre por
cabo submarino. A principal diferença em relação a outras usinas
movimentadas por ondas é que não depende da alternância entre maré

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-33

baixa e alta para funcionar. A iniciativa faz parte da estratégia da


empresa norueguesa de se tornar um fornecedor de energia limpa.

Uma outra forma de conversão de energia dos oceanos é a que explora


a pequena diferença de temperatura entre as águas profundas e as de
superfície. Para diferenças de temperatura entre a superfície e a camada
inferior seja superior a 20º C, os sistemas de conversão térmica dos
oceanos podem produzir quantidades significativas de energia. A idéia
de exploração não é promissora em face das usinas fotovoltaicas e
eólicas.

4.2.2 Processo de Transformação Fotovoltaico


Utiliza a energia recebida diretamente do sol. As células solares formam
a base ou constituem as unidades de uma estação fotovoltaica.

Figura 4.25 Geração Fotovoltaica

A operação das células solares está baseada no efeito fotovoltaico que é


o processo em que a energia da luz é convertida em energia elétrica.

O efeito fotovoltaico apresenta como grandes vantagens: simplicidade na


montagem e operação, manutenção reduzida, uso desnecessário de
combustível, funcionamento limpo, livre de vibrações e barulhos, vida útil
elevada dos painéis (em torno de 25 anos), inexistência de qualquer
peça móvel, característica modular, desde mW até MW, curtos prazos de
instalação, elevado grau de confiabilidade, fonte não poluente e
renovável de energia elétrica.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-34

Uma célula solar básica consiste de duas camadas de dois tipos de


materiais semicondutores justapostos para formar uma junção. O
semicondutor mais utilizado é o Silício (Si). Os átomos de silício se
caracterizam por possuir quatro elétrons de valência que se ligam aos
átomos vizinhos, formando a rede cristalina. Quando átomos que
possuem cinco elétrons na camada de valência, como o fósforo, são
adicionados ao sistema, haverá um elétron em excesso que não será
emparelhado e, portanto, sua ligação é bastante fraca com o átomo de
origem. Com isso, adicionando uma pequena quantidade de energia
térmica, esse elétron se torna livre, sendo direcionado para a banda de
condução. Diz-se, assim, que o fósforo é um dopante doador de elétrons
e denomina-se dopante n ou impureza n.

O contrário ocorre quando a impureza ou dopante possui apenas três


elétrons na camada de valência, como o boro. Neste caso, faltará um
elétron para satisfazer as ligações com o silício – um buraco ou lacuna.
Com pouca energia térmica um elétron de um sítio vizinho pode passar
para essa posição, fazendo com que a lacuna se desloque. O boro é ,
portanto, chamado de aceitador de elétrons ou dopante tipo p.

Em uma placa, com um fino filme de silício puro, dopa-se metade com
boro e a outra metade com fósforo, formando o que se conhece por
junção pn. Na junção, elétrons livres do lado n passam para o lado p,
onde são capturados por lacunas. Isso gera um acúmulo de elétrons no
lado p, tornando-se carregado negativamente e uma redução de elétrons
no lado n, tornando-o carregado positivamente. Essas cargas geram um
campo elétrico permanente que serve de barreira para a passagem de
mais elétrons do lado n para o lado p. O processo alcança um equilíbrio
quando o campo elétrico é capaz de barrar todos os elétrons restantes
do lado n.

Quando uma junção pn é exposta à luz solar, muitos elétrons adquirem


energia suficiente para quebrar sua ligação e atravessar a junção. Pares
elétron-lacuna são gerados, acelerando as cargas dando origem a uma
corrente elétrica pela junção. Esse deslocamento de cargas dá origem a
uma d.d.p. chamado de efeito voltaico que é a base para o
funcionamento dos painéis fotovoltáicos.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-35

_
Luz
Cobertura
Antiflexiva Contato
Transparente Superior
________
Junção Tensão
Camadas ++++++++
Semicondutoras Contato
Inferior
+
Figura 4.26 Placa Fotovoltaica

Os sistemas fotovoltaicos podem operar em modo isolado e modo


conectado à rede elétrica da concessionária.

Figura 4.27 Sistema Fotovoltaico Isolado

Figura 4.28 Sistema Fotovoltaico Conectado a Rede

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-36

Figura 4.29: Curva de Potência Máxima de uma Placa Fotovoltaica

Como mostra a Figura 4.29, em um sistema fotovoltaico a relação entre


corrente e tensão é não linear. A potência gerada depende da irradiação
solar e da temperatura, resultando em diferentes níveis de W/m2. Para
cada nível de irradiação solar existe um ponto, definido pelo produto i x v
em que a potência é máxima – curva verde. Nota-se que a curva de
potência máxima ocorre dentro de uma faixa estreita de tensão. A fim de
um melhor aproveitamento e, portanto de uma melhor relação custo x
benefício, pode ser desenvolvido um controle no sentido de rastrear o
ponto de máxima potência (MPPT), fazendo o sistema operar nestas
condições.

O potencial solar do NE, de acordo com levantamentos preliminares da


CHESF, indica que a região tem um alto índice de radiação solar, com
potência de geração da ordem de 11.400MW por ano, numa superfície
de 1000km2. A intensidade solar no espaço é consideravelmente maior
do que na superfície da terra, e períodos de sombreamento são bem
menores. Isto significa que a área de um coletor de um painel PV no
espaço é reduzido por um fator 6 quando comparado ao painel instalado
na terra.

A energia termo-solar usa a energia solar para geração de calor apenas.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-37

4.2.3 Processo de Transformação Químico


São dois os processos eletroquímicos usados na produção de energia
elétrica por:
a) Baterias
b) Células combustíveis

Sistema de conversão eletroquímica de energia sem emprego de partes


móveis. São semelhantes às baterias, exceto que não precisam ser
recarregadas. Como as baterias, possuem dois eletrodos (cátodo e
ânodo) com um condutor eletrolítico entre eles.

Figura 4.30: Células Combustíveis

Ainda florescente em todo o mundo, a tecnologia permite o


aproveitamento do hidrogênio e do oxigênio para a geração de
eletricidade. Hidrogênio, o primeiro e mais simples dos elementos na
tabela periódica, é incolor, sem odor, e sem sabor. É o elemento mais
comum na galáxia, mas é frustrantemente difícil obtê-lo sem fazer uso de
combustível fóssil. A natureza é rica em hidrogênio. Ele está presente
nos tecidos animal e vegetal e combustível fóssil, mas torná-lo um
elemento livre é em geral difícil.
Podem fazer uso de diversos tipos de combustíveis para produção de
energia elétrica, água e calor (depende do tipo de célula). Prótons

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-38

(cargas positivas) são gerados na reação anódica, conduzidos pelo


eletrólito até o cátodo onde se ligam aos ânions oxigênio (O-2) formando
água. Os elétrons livres da reação anódica são forçados por um caminho
que não através do eletrólito.

Como vantagens pode-se citar:


− Alta eficiência em plena carga, em carga parcial e em unidades de
pequeno porte;
− Portátil;
− Nível muito baixo de emissões (NOx, SOx e compostos orgânicos)
que depende do combustível empregado;
− Baixo nível de ruído audível;
− Eliminação de perdas na transmissão uma vez que gera junto à carga.

As várias tecnologias empregadas são do tipo: PEMFC (Membrana


Polimérica), PAFC (Célula de Ácido Fosfórico), SOFC (Solid Oxide Fuel
Cell - Óxido Sólido), AFC (Células Alcalinas), MCFC (Células de
Carbonato Fundido).

Quando o gás natural (GN) é utilizado como combustível das células


combustíveis, com o hidrogênio presente no GN através do metano, o
aproveitamento do GN chega a 80% em aplicações de co-geração, onde
o calor do processo é aproveitado. O calor é obtido com o aquecimento
da água de resfriamento.

Na tecnologia PEMFC, a água pode atingir temperaturas que variam


entre 80o e 100o C, sendo aplicável em ambientes residenciais e
comerciais. Já na tecnologia SOFC, com a utilização de cerâmica
condutora, essa temperatura pode variar entre 500o e 800o C, sendo
indicado para aplicações industriais.
As aplicações das células combustíveis:
− Células estacionárias - geração de energia elétrica e produção de
vapor com aplicações industrial, comercial e residencial.
− Células portáteis - fonte de energia elétrica para telefonia celular e
equipamentos eletrônicos.
− Células veiculares – transportes automotivo, coletivo, e espacial.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-39

A ANEEL disponibiliza, em sua página na Internet, o BIG - Banco de


Informações da Geração, resultado de uma compilação de informações
do parque gerador brasileiro de energia elétrica. O objetivo da iniciativa é
uniformizar estes dados para melhor informar os agentes do mercado,
investidores estrangeiros e nacionais, autoridades dos governos
municipais, estaduais, e federal, bem como os consumidores e a
sociedade em geral, sobre a geração de energia elétrica no país.
Ainda em fase de formatação, o BIG contém dados de todas as usinas
em operação e em construção, além das outorgadas de 1998 a 2001,
tanto hidrelétricas quanto termelétricas, eólicas e nucleares. No futuro, a
Agência estará disponibilizando também as informações sobre usinas
outorgadas antes desse período, e as desativadas. Todo esse registro
está dividido por regime (produtor independente, autoprodutor, serviço
público) e em resumos por estado ou agente de geração.

4.3 Preço da Energia Elétrica

O Brasil possui 1.207 usinas em operação gerando 82.319.912kW (cerca


de 82GW) de potência. A Tabela 4.7 mostra o perfil energético do país
de acordo com dado disponível no sítio da ANEEL
http://www.aneel.gov.br/Banco_de_Informacoes_de_Geracao

Tabela 4.7 Perfil Energético Nacional de Usinas em Operação


Empreendimentos em Operação
Tipo Quantidade Potência (kW) %
CGH 144 78.363 0,10
EOL 9 22.025 0,03
PCH 208 896.708 1,09
UHE 138 64.197.625 77,99
UTE 706 15.117.726 18,36
UTN 2 2.007.000 2,44
Total 1.207 82.319.447 100
CGH – Central Geradora Hidrelétrica (até 1MW)
PCH – Pequena Central Hidrelétrica (de 1MW a 30MW)
EOL – Central Geradora Eolielétrica
UHE – Usina Hidrelétrica de Energia (acima de 30MW)
UTE – Usina Termelétrica de Energia
UTN – Usina Termonuclear

Pela tabela acima, verifica-se que a participação da geração hidráulica


no país é da ordem de 80% da potência instalada total.

No Brasil a capacidade geradora no período de 1995 a 1999 é


apresentada na Tabela 4.8.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-40

Tabela 4.8 Capacidade Geradora do Sistema Interligado Brasileiro


Ano Capacidade Geradora Instalada
Hidrelétrica Termelétrica Total Variação/Ano
(MW) (MW) (MW) Anterior (%)
1995 50.582,0 3.374,0 53.956,0 2,7
1996 52.161,0 3.724,0 55.885,0 3,6
1997 53.695,7 3.721,2 57.416,9 2,7
1998 55.849,1 3.658,4 59.507,5 3,6
1999 58.038,3 4.038,4 62.076,7 4,3
2001 62.016,7 12.358,4 74.375,1 19,8

Até o ano de 2001, os valores normativos (VN) praticados pela ANEEL –


Agência Nacional de Energia Elétrica para a energia elétrica para as
diferentes fontes primárias estão apresentados na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 Valores Normativos da ANEEL


Fonte Valor do VN
Competitiva R$ 57,20/MWh
Termelétrica a carvão nacional R$ 61,80/MWh
Pequena central hidrelétrica – PCH R$ 71,30/MWh
Termelétrica a bioenergia R$ 80,80/MWh
Usina eólica R$ 120,00/MWh
Usina solar fotovoltaica R$ 237,50/MWh

Tabela 4.10 – Valores Normativos referência janeiro/2001


Fonte Valor Normativo
R$/MWh US$/MWh
Competitiva 72,35 36,85
Termelétrica a Carvão Nacional 74,86 38,13
Pequena Central Hidrelétrica 79,29 40,39
Termelétrica Biomassa 89,86 45,77
Eólica 112,21 57,15
Solar Foto-voltáica 264,12 134,53

O VN é o mecanismo que define o limite de repasse para as tarifas dos


consumidores dos custos das distribuidoras com compra de energia das
geradoras.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-41

Tabela 4.11: Tarifas Médias por Classe de Consumo Regional e Brasil (R$/MWh)
Tarifas referentes ao ano 2003 - Janeiro e Abril

Classe de Consumo Norte Nordeste Sudeste Sul Centro - Brasil


Oeste
Residencial 200,17 174,10 246,15 226,84 208,69 226,66
Industrial 68,06 77,74 109,91 113,26 109,15 101,44
Comercial 184,25 169,44 209,43 193,75 190,64 198,73
Rural 144,35 106,25 138,36 112,46 137,79 122,10
Poder Público 200,43 179,49 205,21 196,26 193,58 197,26
Iluminação Pública 117,70 106,02 131,52 120,17 113,38 122,00
Serviço Público 123,51 99,43 114,20 123,82 107,98 112,74
Consumo Próprio 196,85 184,94 97,28 90,18 207,61 207,61
Tarifa Média Total 121,46 168,97 157,57 124,25 167,21 156,20

Tabela 4.12. Custo da Geração de Energia (média mundial):


Método de geração de Fonte energética Custo médio
energia primária (US$/MWh)
Célula de combustível Hidrogênio + oxigênio 6000*
Célula fotovoltaica Sol 300
Célula térmica Sol 120
Nuclear Urânio 100
Geotérmica Gás pressurizado 70
Turbina eólica Vento 39 a 84 (~61,5)
Biomassa Bagaço de cana 38 a 78 (~58)
Termoelétrica Carvão mineral 50 a 65 (~57,5)
Termoelétrica Gás natural 40
Hidroelétrica Água 23

4.4 Diagrama Elétrico de uma Usina de Energia Elétrica


As grandes usinas de geração de energia elétrica representam a porção
do sistema elétrico de maior investimento de capital. Medidas devem ser
tomadas no sentido de garantir confiabilidade e flexibilidade de operação
a fim de minimizar falhas e tempo fora de serviço.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-42

∆-Y

Figura 4.31 Esquema Unifilar de Usina de Geração

Um diagrama unifilar de usina típica de geração de energia elétrica está


mostrado na Figura 4.27. Para o esquema apresentado tem-se:

1. Gerador – ligado Y aterrado através de resistor ou reator (de


preferência pela não dissipação de calor) para limitação da corrente de
curto-circuito.

2. Cabos de conexão – ligados diretamente aos transformadores de


potência e de serviços. As fases são conduzidas separadamente em
dutos com ventilação forçada. A probabilidade de curto-circuito entre
fases é remota, sendo, no entanto possível o curto circuito fase-terra
através do contato da fase à carcaça aterrada do duto.

3. Transformador de Potência – ligado em ∆-Y com vantagens do tipo:

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-43

a) Isola o lado do sistema da geração, de modo que na eventualidade de


ocorrência de curto-circuito fase-terra no lado do sistema, as
correntes de curto de seqüência zero não circularão nas linhas no
lado ∆.

b) Embora a bobina do enrolamento em ∆ esteja submetida à tensão de


linha, a tensão de geração é baixa em relação à tensão de
transmissão.

c) Cada espira do enrolamento ∆ estará submetida a um valor de tensão


√3 vezes maior do que o enrolamento equivalente em Y. Para que o
esforço sobre a espira em ∆ seja equivalente ao da bobina em Y
equivalente é necessário aumentar o número de espiras do
enrolamento ∆ de √3 vezes o número inicial de espiras.

NY → VAN
N∆ → VAB=√3VAN

N∆
= 3 ∴ N ∆ = 3N Y (4.1)
NY

d) O lado em alta tensão está ligado em Y fazendo com que o esforço


sobre o enrolamento esteja reduzido de √3.

e) Esta ligação ∆-Y é a que apresenta as melhores vantagens elétricas e


econômicas.

4. Transformador de Serviço – são ligados em Y-Y ou ∆-Y. Alimentam as


cargas auxiliares da usina como bombas, ventiladores, servomecanismo
dos geradores, compressores, etc. A continuidade na alimentação
dessas cargas é de vital importância para o funcionamento dos
geradores, daí essas cargas serem alimentadas através de dois trafos de
serviços. Na eventualidade de defeito, o disjuntor de transferência
executa a transferência de cargas para o trafo em operação.

5. Linha de Transmissão – ligada em Y aterrado em seus terminais


transmissor e receptor.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-44

6. Transformador de Partida – no primeiro momento em que a usina é


posta para funcionar, as cargas auxiliares são alimentadas via trafo de
partida que recebe alimentação das linhas de transmissão. Na partida,
os disjuntores na saída do transformador de potência são abertos assim
como são desligados os trafos de serviço. Ao atingir o gerador a
velocidade síncrona e a tensão do barramento de transmissão, é feito o
batimento do gerador para entrada no sistema, ao mesmo tempo em que
os disjuntores do trafo de potência são fechados e os trafos de serviços
postos em operação. O transformador de partida é retirado de serviço
após a entrada do gerador. Em caso de problema de fornecimento
elétrico pela concessionária para a partida inicial da planta pode-se
instalar grupos motogeradores a diesel que garantam a partida.

4.5 Demanda de um Sistema Elétrico


A finalidade de um sistema elétrico é gerar e fornecer energia ao
consumidor de maneira confiável, segura, e econômica.

A quantidade de geração necessária para atender à demanda diária,


semanal e anual requer uma avaliação do comportamento da carga do
sistema.

Para determinar o nível de geração que atenda ao suprimento, se devem


considerar os seguintes aspectos:

1. Em qualquer ocasião no tempo, a quantidade de geração deve ser


exatamente igual à carga dos consumidores acrescida das perdas do
sistema.

2. A carga do consumidor varia continuamente, dependendo da hora do


dia, do dia da semana e da estação do ano.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-45

Figura 4.32 Curva de Carga Semanal

O pico de carga ocorre no intervalo entre 17 e 20h, período em que


coincidem as atividades de centros industrial e comercial com o aumento
da atividade doméstica.

Figura 4.33 Curva de Demanda Anual

A curva de demanda anual apresenta as seguintes características:


à Há uma carga básica que não muda, independentemente de
variações de horário ou dia da semana.

à As variações intermediárias e de pico resultam das contínuas


mudanças do comportamento do consumo de energia.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-46

Figura 4.34 Curva de Duração da Carga Anual

4.6 Classificação das Usinas de Geração


As três categorias de demanda de energia, base, intermediária e pico,
definem três tipos de usinas de geração:

ƒ Usina de Potência de Base


Gera continuamente a plena carga.
Ex.: Usina Nuclear, Usina Térmica à Carvão e Hidráulica

ƒ Usina de Potência Intermediária


Responde relativamente rápida às mudanças de demanda, em geral,
pela adição ou retirada de unidades geradoras.
Ex.: Usinas Hidráulicas

ƒ Usinas de Ponta
– São colocadas em operação em períodos de demanda alta.

– Entregam potência durante pequenos intervalos durante o dia.

– São usinas de custo elevado, porque permanecem a maior parte


do tempo paradas.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-47

Ex.: Usinas de armazenamento por bombeamento ou usinas reversíveis,


geradores a diesel, turbinas a gás.

4.7 Localização das Usinas de Geração


A localização física das usinas de geração deve ser cuidadosamente
planejada:

ƒ Próxima à fonte primária de energia, e uso de linhas de transmissão


para o transporte da energia.
Ex.: Minas de carvão; cachoeiras, rios.

ƒ Próxima ao centro de carga, com transporte da energia primária à


usina de geração.
Ex.: Transporte de carvão, urânio, petróleo e gás por navio, trem ou
dutos.

Após o esgotamento dos recursos hidrelétricos de maior porte das


regiões sudeste e nordeste do Brasil, o atendimento à demanda dessas
regiões estará baseado em hidrelétricas de menor porte, usinas
térmicas, e no aproveitamento do potencial hidrelétrico da região
amazônica e centro-oeste do Brasil.

4.8 Geração Distribuída

A geração distribuída de energia constitui um novo conceito de geração


no mais recente modelo de estruturação do setor elétrico. Este novo
conceito pode ter um impacto significante sobre o desenvolvimento
futuro da estrutura do sistema de potência.

Geração distribuída1 são instalações de geração de energia elétrica


conectada a um sistema de energia elétrica em um ponto comum de
conexão.

A geração distribuída compreende uma geração descentralizada com


plantas com capacidade da ordem de 1kW a 60MW, e inclui uma

1
DR (Distributed Resources) são fontes de energia elétrica não conectada diretamente ao sistema de
transmissão de energia elétrica, e inclui geradores e tecnologias de armazenamento de energia. A
geração distribuída é um subconjunto de DR.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-48

variedade de fontes de energia tais como micro turbinas de combustão,


placas fotovoltaicas, células combustíveis, aerogeradores, PCH, etc.

Figura 4.31 Sistema Híbrido FV, Eólico, Diesel

A definição de geração distribuída encerra diversos fatores que são


levados em consideração os quais definem se a planta é de geração
distribuída, tais como a tecnologia empregada, propriedade, localização,
controle, dimensão, etc.

Um estudo conduzido pelo EPRI (Electric Power Research Institute) que


por volta do ano 2015, 25% da geração nova será de natureza
distribuída. Um estudo da Natural Gas Foundation concluiu que este
valor pode ser elevado para 30%.

As mudanças na estrutura legal do setor elétrico têm sido na direção de


uma maior liberalização para criar um ambiente de mercado competitivo,
em especial no segmento da geração. Dentro desse ambiente
competitivo, a geração descentralizada tem de competir com uma
geração centralizada.

Um desafio na regulação do mercado é garantir um tratamento igualitário


para todos os participantes do mercado, quer para a geração
centralizada, quer para a geração descentralizada.

Vantagens da geração distribuída:


– Maior oportunidade e desafio aos proprietários de sistemas
distribuídos.
– Apoio direto às existentes redes de concessionárias pela flexibilidade
de suprimento adicional.
– Melhoria e integração do sistema existente sem a necessidade de
novas construções de linhas.
– Evita investimento e elevado custo em redes de transmissão.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


4-49

– Aumento potencial da confiabilidade das redes de distribuição e


diminuição do custo de entrega de energia pela alocação da geração
próxima à carga.
– Novas oportunidades de competidores entrar no mercado de energia
a varejo.
– Possibilidade de ligação direta com a distribuição reduz as perdas na
transmissão.
– Redução de prazos de entrega na operação.
– Propicia o uso de tecnologias mais eficientes como co-geração
situando-se próxima à carga.

Desvantagens se não introduzida com cuidado:


– Degradar a operação e a confiabilidade dos sistemas de suprimento
existentes.
– Criar situações de risco ao pessoal de linha, com a instalação de
unidades nas premissas do consumidor, pela criação de fluxos de
potência nos dois sentidos nos alimentadores de distribuição.
– Maior investimento pelas concessionárias em equipamentos de
isolação mais complexos.
– A instalação em grande escala de geração distribuída pode levar a
investimentos pelas concessionárias na existente infraestrutura.

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br

Você também pode gostar