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A Partícula Sólida
Quando queremos estudar partículas sólidas, podemos tanto falar delas isoladamente quanto
falar de uma população de partículas. Chamamos de amostragem a análise de todo a partir de
apenas uma parte dele. É de nosso interesse que a amostra seja representativa do todo, então
devemos ter certos cuidados na sua análise. Algumas informações importantes sobre a
natureza das partículas podem ser obtidas com essa análise. Um exemplo simples e conhecido
é a densidade da partícula ( ), definida por:
Em todos os casos acima, considerar “ ” como área projetada, “ ” como área superficial e
“ ” como o Volume da Partícula. Considerar também que a esfera equivalente e a partícula
são feitas do mesmo material.
“ ” é calculado por equipamentos de medição diversos, e pode ser sempre substituído por
uma expressão matemática quando, apesar de não ser esférica, a partícula possuir um formato
específico e facilmente determinável como, por exemplo, um cubo. Quando não for o caso,
duas formas de se obter através de equipamentos esse valor são:
Microscopia
Raio Laser
Outros tipos de diâmetros equivalentes como os diâmetros estatísticos poderiam ser citados,
assim como as relações entre os diâmetros acima. No entanto, não nos convém muito
conhece-los, mas é importante saber que existem diversas formas de calcularmos tamanhos
equivalentes.
Comparamos partículas reais e isoladas com esferas de mesmo material e sobre as mesmas
condições. Existem ainda outros fatores de forma que nos ajudam a descrever melhor o
formato de partículas irregulares e trabalhar matematicamente com o mesmo. São eles:
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Atenção! Na circularidade, o numerador a projeção não pode ser um círculo. Ficou confuso?
Imagine uma partícula irregular em situação de máxima estabilidade. Imagine agora sua
projeção. Imagine que essa sua projeção seja um quadrado. O numerador será o perímetro do
círculo que tem mesma área que esse quadrado. Partículas em forma de disco, então, são
partículas que não servem nesse cálculo.
Para finalizar medidas para partículas, vamos definir superfícies específicas, outro parâmetro
para descrever partículas sólidas:
Até agora vimos formas de descrever partículas como unidade. Como faremos para descrever
a própria amostra? Algumas medidas de concentração são usadas, à saber:
Nome Fórmula
Concentração Volumétrica
Densidade da suspensão
concentração que estamos acostumados. Note que “ ” é uma densidade diferente das que
já vimos. Considerando uma suspensão com partículas sólidas em um meio fluido, temos:
Densidade do fluido
Densidade do sólido
Densidade da suspensão
Note ainda que a concentração volumétrica e a concentração mássica são adimensionais. Por
isso são, muitas vezes, expressas em porcentagens. Podemos relacionar cada uma das
concentrações acima da seguinte forma:
Se não quiser, não precisa gravar as relações acima. Elas saem de puro algebrismo vindo das
expressões matemáticas das concentrações. A porosidade (ε) é também proveniente de um
algebrismo:
A porosidade é então a fração do volume de uma suspensão que é o volume total do flúido
( )
Estatísticas de Partículas
Essa parte da matéria vai nos acompanhar até o final. Como o mundo não é ideal, em uma
amostra sólida, jamais veremos exatamente as mesmas partículas. Supondo uma amostra
pura, no entanto, é possível afirmar que veremos a mesma forma e densidade de partículas,
mas não o mesmo tamanho. É interessante então determinarmos a proporção de cada
tamanho de partícula que encontramos em uma amostra. No jargão estatístico, essas medidas
de proporção denominam-se frequências.
Agora falta definir o eixo “y”. Como dito, ele deve ser uma medida de frequência. Ou seja,
nosso gráfico irá relacionar a frequência de aparecimento em uma amostra de partículas de
determinado diâmetro. Para esse eixo, existem três possibilidades:
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Acima, um exemplo de gráfico do tipo (y) e do tipo (z). Veja que ambos têm limites: por serem
frações, seus valores estarão sempre entre 0 e 1. A curva do tipo (y) é ascendente e tende à 1
porque cada diâmetro correspondente nos dá uma frequência de partículas menores que esse
diâmetro. Portanto, se aumentarmos o diâmetro da curva de tipo (y), estamos englobando
cada vez mais partículas no nosso cálculo de frequência. No limite para a direita, o diâmetro
equivale à valor y=1. Ou seja, um diâmetro muito grande tem 100% de frequência de
partículas menores, isto é, não existe partículas maiores que esse diâmetro. A curva de tipo (z)
é o inverso. Logicamente ela parte do 1 porque 100% das partículas tem diâmetro maior que
0. Com o aumento do diâmetro, a curva do tipo (z) englobará cada vez menos partículas.
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
A curva de frequência acima nos fornece uma visão qualitativa da distribuição de tamanhos.
Curvas estreitas são para partículas mais homogêneas. Quando a curva é estreita, existe
menor amplitude de tamanhos de partículas possíveis. A distribuição do tipo (x) não é uma
Gaussiana normal. Curvas Gaussianas tem média, moda e mediana coincidentes. É
característico de curvas do tipo (x) terem um formato espremido para a esquerda.
Uma outra forma de representarmos curvas do tipo (x) é, ao invés de usarmos curvas, usarmos
histogramas. Na imagem anterior, temos curvas e histogramas sobrepostos. Um exemplo de
histograma (sem curva) se encontra abaixo:
Os eixos no histograma são os mesmos. A diferença é que medimos agora por faixas de “d” ao
invés de valores singulares de “d”. No gráfico acima, por exemplo, podemos afirmar que
aproximadamente 8% das partículas tem diâmetro entre 0 e 300 micra (plural de micrômetro).
Modelo de Gates,
“ ” é o maior valor de “d” presente na
Gaudin e
distribuição.
Schuhmann (GGS)
Modelo de Rosin,
Rammler e Onde “ ”e” são parâmetros do modelo.
Bennett (RRB)
Cada modelo tem sua peculiaridade e seu porquê e quando usar. No caso específico do
modelo GGS, podemos ver que o modelo não ajusta matematicamente tão bem. Veja que
quando m=1, temos uma reta. Sendo assim, o ponto de inflexão que vemos numa curva do
tipo (y) típica não é bem representado. GGS ou ajusta bem a parte de cima da curva (pós
inflexão) ou ajusta bem a parte de baixo (pré inflexão), mas nunca os dois ao mesmo tempo.
Qual que ajustará bem depende do valor de “m”.
O modelo de Weibull só pode ser aplicado em casos onde a distribuição do tipo (y) não começa
na origem.
Modelo Linearização
Modelo de Gates, Gaudin e
Schuhmann (GGS)
Sigmoide
Modelo de Weibull
Mas qual modelo é melhor para meu conjunto de pontos experimentais? Aquele que, na
linearização, tiver o valor de R² mais próximo de 1.
Número de
partículas com
diâmetro
Em um sistema com N partículas, se
TODAS ELAS tivessem o mesmo diâmetro Número total
– Diâmetro
, então ao volume de todas elas seria de partículas
médio
igual ao volume de todas as partículas
volumétrico
com diferentes somadas.
–
Diâmetro médio
de Sauter
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Se considerarmos que:
Escrevemos:
Onde:
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Note que, nesse resultado, . Logo, precisamos explicitar “ ” para usar na integral.
Nem sempre isso é possível, no entanto.
Peneiração
A peneiração ocorre em equipamentos como os acima. Cada um dos cilindros é uma peneira,
com abertura diminuindo pra baixo. O último prato se chama fundo e coleta as partículas
restantes, mais finas. A torre de peneiras fica em cima de um sistema de agitação com
controlador de tempo de agitação e amplitude de agitação. Abre-se a tampa, coloca-se a
amostra e liga-se a agitação. As partículas vão descendo de forma que as maiores ficarão
retidas em maiores alturas.
Massa
Faixa de
retida na Fração
Mesh Tyler Diâmetros ( ) Y (%) Z(y)
peneira Ponderal
( )
(g)
-35 + 45 500-354 427,0 25 5 500 100 0
-45+60 354-250 302,0 85 17 354 95 5
-60+80 250-177 213,5 135 27 250 78 22
-80+120 177-125 151,0 195 39 177 51 49
-120+170 125-88 106,5 50 10 125 12 88
-170+ 88-0 44,0 10 2 88 2 98
Os padrões de peneiras mais conhecidos são o Tyler (W. S. TylerTM) e o USSS (United States
Sieve Series). A série Tyler original foi construída originalmente, de modo que a razão entre as
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áreas livres para passagem de partículas de duas peneiras consecutivas fosse 2. Assim, as
aberturas das peneiras da série formam uma progressão geométrica de razão 2:
Posteriormente decidiu-se inserir novas peneiras na série, com uma progressão geométrica
diferente:
A série Tyler também introduziu o conceito de mesh de uma peneira, cuja definição é: número
de aberturas por polegada linear (subentende-se, medida a partir do eixo de simetria de um
arame e perpendicularmente ao próprio eixo). Resulta que peneiras “grossas” têm mesh
pequeno e peneiras “finas” têm mesh grande. A palavra mesh pode ser traduzida como
“malha” e é frequentemente representada pelo símbolo #.
Dinâmica de Partícula
Para estudarmos a dinâmica de uma partícula devemos considerar todas as forças que atuam
sobre ela e considerar que todas elas dependem de um referencial. Em fórmulas de força
muitas vezes vamos nos deparar com a velocidade relativa da partícula:
Onde:
velocidade da partícula
velocidade do fluido
velocidade relativa da partícula em relação ao fluido
O caso do empuxo é curioso porque ele só existe se houver contato da partícula com um
fluido, porém é decorrente da presença de um campo. Mesmo com definição ambígua, vamos
considerar essa força como de campo. O total de forças é então:
1) Efeito asa:
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Se força é pressão vezes área, entendemos o porque da resultante ser para cima
2) Efeito Magnus
Usando a mesma analogia para uma bola em rotação, sendo A a parte debaixo da bola, e B a
parte de cima da bola, temos que:
Onde é o Número de Reynolds da Partícula e tem a seguinte expressão:
Velocidade Terminal
Analisando-se o tempo necessário para atingir a velocidade terminal, podemos concluir que as
partículas sedimentando em fluidos em repouso atingem a velocidade terminal
instantaneamente.
Coeficiente
Velocidade Terminal para
Trabalho Força de Arraste ( ) de Arraste Velocidade terminal ( )
esferas ( )
( )
Newton
Stokes
Nas equações de velocidade terminal acima, temos um fator de correção “k” para partículas
não esféricas que é uma função da esfericidade da mesma. Tente da equação de Stokes isolar
“d”. Você encontrará exatamente a equação do diâmetro de Stokes vista anteriormente.
Perceba ainda que, nas equações, a única forma de aumentar a velocidade terminal sem
alterar o sistema (sem mudar de fluido, sem colocar o fluido em movimento e sem mudar a
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Efeito concentração
Efeito que ocorre quando uma partícula está imersa em um fluido com alta concentração.
Altas concentrações estreitam as linhas de corrente.
▲ ▼
A velocidade terminal corrigida será dada pela correlação empírica de Richardson e Zaki:
Onde:
Efeito parede
Efeito que ocorre quando uma partícula está próxima à parede do recipiente no qual ela está
imersa. Isso também causa estreitamento das linhas de corrente:
▲ ▼
Acima, um caso particular em que a parede é de um tubo, logo a proximidade vem de todos os
lados. Se:
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Então:
Efeito de Stokes-Cunningham
Efeito que ocorre apenas para partículas sedimentando em gases na região de Stokes. Só
ocorre com partículas com a mesma ordem de grandeza de diâmetro que o livre percurso
médio das moléculas de gás . Em mecânica estatística e teoria cinética dos gases, percurso
livre médio ou caminho livre médio é a distância média ou o espaço médio percorrido entre
duas colisões sucessivas das moléculas de um gás.
▲
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O equacionamento:
Onde:
Problemas comuns:
Achar , e
Só que:
Então:
E, por fim:
Conclusões:
Nesse caso, a partícula tenderá a se mover para as paredes do recipiente. Nesse caso, o campo
centrífugo é existente e tão forte que a influência do campo gravitacional é anulada. Ao invés
de usarmos os eixos “x” e “y”, vamos considerar direções angulares e radiais. Assim, a equação
do movimento:
Só que:
Então:
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E, como:
Conclusões:
Elutriação
Elutriação é um processo de separação originalmente feito para separar misturas sólido-sólido,
mas funciona para separar sólidos de líquidos e gases também. É um método antigo não muito
usado. Abaixo, um esquema típico de um elutriador:
No elutriador, temos:
Pela análise dessas curvas podemos ver que encontrar o diâmetro de corte não é uma tarefa
muito difícil se soubermos como que “y” varia com “d”.
Ainda para elutriadores ideais, podemos definir a eficiência granulométrica ou individual por
tamanho :
O gráfico de Gxd é:
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O que é nítido de entender porque “massa coletada” é a massa elutriada e só partículas acima
do diâmetro de corte foram coletada. Logo há 0 massa coletada abaixo do diâmetro de corte e
100% da massa coletada necessariamente tem diâmetro maior que o diâmetro de corte.
Vamos estudar a separação de dois materiais particulados (dois pós) com, a princípio,
densidades distintas. Vamos supor que os elutriadores são equipamentos ideais.
Caso 1
O gráfico acima é uma seção de duas curvas de velocidade terminal por diâmetro. Porque não
a curva inteira? Porque as partículas, tanto as leves quanto as pesadas, têm uma faixa de
diâmetros possíveis. Logo o resto da curva para cada uma delas não nos interessa e não foi
representado. Lembrar que a densidade da partícula e seu diâmetro aumentam a velocidade
terminal (ver fórmulas de velocidade terminal caso não lembre), o que explica o sentido
crescente da curva e o fato da curva L estar por baixo, sendo a curva P a curva das partículas
mais pesadas ou mais densas.
Lembre-se que:
E que para separar, deve ser uma velocidade em que, virtualmente, todas as partículas
leves ou sedimentem ou arrastem e todas as partículas pesadas façam o processo inverso
pesadas caem também. A separação fica muito ruim, tendo uma mistura de pesadas e leves no
sedimentador e muito pouco das leves na saída do elutriador.
A faixa de trabalho, nesse caso, para que a separação seja completa, deve ser:
Caso 2
Nesse caso, as zonas de 100% de arraste e sedimentação não estão intercaladas. Logo, se
operarmos:
Concluímos que com 1 único elutriador, nesse caso, a separação completa é impossível. Já no
caso 1, é possível.
Primeiro Elutriador
Entra Mistura
Operação . Nessa velocidade, todas as partículas com sedimentam e
com são elutriadas.
Saída do primeiro elutriador 100% das partículas leves misturadas com as
partículas pesadas com .
Sedimentação no primeiro elutriador todas as partículas pesadas com .
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Segundo Elutriador
Entra Mistura com 100% das partículas leves e todas as pesadas com
Operação . Nessa velocidade, todas as partículas pesadas da mistura
sedimentam junto com as partículas leves com diâmetro . O resto sai no
elutriador.
Saída do segundo elutriador Partículas leves com
Sedimentação 2º elutriador Mistura com pesadas de e leves com
Peneira
Eficiência de Separação
Não adianta muita coisa falar sobre separadores quando não falamos sobre a eficiência de um
processo de separação. Acima, vemos um esquema geral de um equipamento de separação.
No caso do Elutriador, único visto até agora, o Retido vai para o que chamamos de saída do
elutriador e o Passante sedimenta no fundo do elutriador. Um balanço de massa simples nos
permite afirmar que a massa (ou vazão mássica, ou concentração, ou número de partículas)
alimentada é igual a soma das massas nas duas correntes de saída. Logo a eficiência vai ser a
fração de sólidos de interesse efetivamente separada (Retido) da soma das duas correntes de
saída, ou, ainda, da massa de toda a amostra.
Em massa
Em número de partículas
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Vamos fazer o balanço de massa para partículas menores que dado “ ”. Ou seja, vamos tentar
inserir o parâmetro “ aí:
Leia-se: “A massa de partículas com diâmetro menor que é igual à soma da massa de
partículas com diâmetro menor que que sai no concentrado com a massa de partículas com
diâmetro menor que que sai no diluído”. Dividindo o balanço acima inteiro por , temos:
Onde “ ” é uma medida de vazão de fluido. Cada tipo de separador possui sua própria razão
de fluido:
A razão de fluido é então uma fração de fluido total que vai pro underflow (concentrado)
Esta última já vimos, mas vamos nos aprofundar mais um pouco. Se é a massa por diâmetro,
então quero a fração da massa coletada e a fração da massa total que tenha determinado
tamanho . Logo:
Temos ainda a eficiência granulométrica reduzida, que considera sistemas mais reais.
Quando fazemos essa curva de eficiência reduzida, o diâmetro de corte passa a se chamar
diâmetro de curva reduzido.
Podemos relacionar a eficiência total reduzida da mesma forma que relacionamos a eficiência
granulométrica reduzida:
Podemos considerar os dois (ou mais) como se fosse um só, com eficiência total equivalente
ou eficiência total do conjunto. No caso, para dois separadores unidos, temos:
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Para dimensionarmos uma câmara de poeira, temos que partir de algumas hipóteses:
Para avaliar a câmara de poeira, considera-se o “caso limite” da partícula que entra no
equipamento na posição mais desfavorável à sua coleta, isto é, junto ao “teto”, e é coletada no
final do equipamento. Prever o tamanho da referida partícula é uma maneira de avaliar a
câmara de poeira
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Se essa partícula, conhecida como , não for separada, a câmara de poeira não é boa.
é então a menor partícula que é separada com 100% de eficiência granulométrica. Logo a
câmara de poeira deve separar todas as partículas com diâmetro menor e não separar
nenhuma com diâmetro maior.
Para essa mesma partícula, considerando que esses tempos são iguais e que se conhece a
vazão volumétrica de entrada da suspensão, chegamos à seguinte expressão de eficiência
granulométrica:
Isso só é verdade porque estamos avaliando o problema na posição mais desfavorável pra
partícula. Se conhecermos como a velocidade terminal varia com o diâmetro, podemos
relacionar a eficiência granulométrica com o diâmetro. Se o regime de Stokes é válido, então:
A fórmula da eficiência está bem mais simples, mas temos que tomar um certo cuidado com
ela, principalmente para ‘s elevado, pois, vídeo gráfico:
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Existe um desvio. Mesmo com esse desvio, torna-se prático usar essa fórmula porque é
uma constante, parâmetro do sistema. Comparando ’s diferentes e outros parâmetros,
podemos chegar à:
Aplicando G=1 na fórmula simplificada, chegamos à uma relação muito importante para o
projeto de câmaras de poeira:
Ciclones
Ciclones são separadores muito eficientes onde o
movimento de um gás misturado com partículas sólidas é
o suficiente para separar (não há agitação mecânica em
seu interior).
identificado).
Ciclones operam com baixa queda de pressão e com altos campos centrífugos. A velocidade
de escoamento do gás deve estar entre 6 e 21 m/s. Velocidades maiores podem ressuspender
partículas já coletadas. Isso porque existe uma determinada altura onde a troca de sentido da
espiral ocorre e, para velocidades muito altas, essa altura é mais baixa. Se muito alta pode
causar turbilhamento dentro do recipiente de coleta. Claro que esse turbilhamento diminui a
eficiência total.
Lapple definiu uma fórmula para a eficiência granulométric, a chamada Equação de Lapple:
Onde:
Comprimento da trajetória
velocidade angular
Considerando:
Chegamos à:
Número de Stokes
Número de Euler
Velocidade de operação
Densidade da mistura
Vazão total do sobrador
Curva do tipo Y
Eficiência total mínima
Eficiência do soprador
Queremos saber:
Fazemos:
Hidrociclones
Hidrociclones são como ciclones normais, porém a mistura agora é entre líquidos e sólidos ao
invés de gases e sólidos.
Até aqui, nenhuma diferença do que já vimos em ciclones. Talvez você estranhe essas fórmulas
porque elas já substituem algumas coisas como a velocidade de operação que foi substituída
por uma função da vazão e da geometria do hidrociclone.
O Stokes 50 agora nós chamamos de “de corte” porque temos uma razão de fluido no sistema.
O seguinte conjunto de equação é válido para o projeto e a previsão de desempenho de uma
família de hidrociclones:
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Onde cada um desses parâmetros “n” é um número que depende da família de hidrociclones.
Exemplo:
Só falta agora discutirmos como calcular a eficiência granulométrica. Duas fórmulas são
usadas:
Lynch e Rao
Rosin-Rammler-Bennett
Modificada (RRB)
Onde e são parâmetros que costumam valer 5 e 3, respectivamente. Mas podem assumir
outros valores então cuidado!
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Centrífugas
Separadores que rodam em um eixo, separando sólidos de líquidos. Existem duas grandes
famílias de centrífugas: as filtrantes e as decantadoras:
As decantadoras fazem o sólido se acumular nas suas paredes enquanto as filtrantes possem
membranas por onde as partículas são tangencialmente ejetadas. Centrífugas alcançam
campos ainda mais elevados que hidrociclones e por isso são equipamentos mais sofisticados e
caros.
Tubulares
De cesto
De passes multiplos
De discos
De parafuso transportador (sem fim)
[EQ 2017.2] OP1 Medronho P1 [por Rafael Ratier]
Cada centrífuga possui o seu próprio fator g . O fator g é uma razão entre a velocidade
terminal da partícula no campo centrífugo e a velocidade terminal da partícula no campo
gravitacional. Logo:
Onde “ ” é a velocidade angular, que pode ser expressa em radianos por segundo ou rpm. A
relação entre essas duas formas de expressar é dada por:
A eficiência granulométrica é dada pela razão entre as áreas das coroas entre R2 e r e R1 e R2:
Considerando
Regime de Stokes
Partículas esféricas
V Volume útil da centrífuga tubular
Da fórmula da vazão, para que duas centrífugas diferentes operem com , basta que
suas velocidades terminais sejam iguais e logo:
Devemos observar que o campo centrífugo nas centrífugas independe da vazão, pois ele é
determinado pelo equipamento. Assim, se diminuirmos o tempo de residência, estaremos
diminuindo a eficiência de separação*. Já nos hidrociclones, o campo centrífugo é
determinado pela vazão, uma vez que esta determina os níveis de velocidades angulares da
suspensão no interior do equipamento. Assim, apesar de o aumento da vazão também
diminuir o tempo de residência nos hidrociclones, o efeito do aumento da velocidade
angular prevalece e acaba por aumentar a eficiência de separação. Esta é uma diferença
importante entre centrífugas e hidrociclones. Em centrífugas o aumento da vazão gera queda
de eficiência.
*Isso porque se a partícula passa pouco tempo dentro da máquina, como ela vai poder ser
separada?
A vazão altera também o diâmetro de corte, em proporções diferentes, tanto pra centrífugas
quanto pra hidrociclones.