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Demorei para escrever sobre esse tema pois quis me embasar cientificamente.
Como estou fazendo pós-graduação em Neuroeducação, quis estudar a fundo
Neurociência para que o que eu falasse sobre o tema tivesse respaldo
científico.
Portanto, o que você lerá nesse artigo será a minha experiência como
concurseira e como professora, e disso como pós-graduanda em
Neuroeducação, de modo que tentarei ao máximo trazer um viés científico à
análise, tendo em vista o que acontece no nosso cérebro.
Mas, por outro lado, é muito ruim ser "obrigado" a revisar. Nosso cérebro
processa muito mal coisas que ele é obrigado a fazer.
Por isso no meu estudo para concurso NUNCA fiz revisões seguindo uma tabela
rígida de revisão, que me dizia o que eu tinha de revisar naquele dia.
Para mim, isso seria como ter na porta da geladeira: “hoje você vai pegar o
feijão que está no canto esquerdo da segunda prateleira e vai mastigar por 30
minutos. Depois vai pegar bife de fígado do canto superior direito e vai
mastigar por mais 15 minutos”.
Além disso, o que vejo muito com os alunos que estão no início do estudo é
que quando o aluno vai revisar ele fica DESESPERADO. Isso porque mesmo
revisando no dia seguinte do estudo, ele tem a sensação de que não aprendeu
nada no dia anterior. Aí, o que era para ser uma revisão vira um novo estudo,
e o aluno se sente andando em círculos, pois passa a ter a sensação de que o
estudo não está avançando nada.
Então, frisando, é por isso que nunca usei tabelas de revisão, que me
obrigassem a revisar os conteúdos X, Y, e Z por W minutos todos os dias.
Isso significa que eu não fazia revisões? Claro que não significa! Significa que
eu incluía a revisão no meu estudo de forma "orgânica", sem que eu
sentisse que aquilo era um peso, sem que fosse uma penúria. A revisão ocorria
quando eu sentia necessidade e aí se tornava algo legal.
Bom, para explicar, vou me "classificar" aqui de acordo com a fase de estudo
em que eu estava, para que fique mais fácil de você se identificar, ok?
- Fase 1 – Concurseira Recém Nascida: era quando era uma concurseira
iniciante, estava começando o estudo, não tinha noção de nada das matérias e
estava pegando uma base, focando em materiais teóricos (vídeo-aulas, livros
ou pdfs com teoria).
Nesta fase, o pior que você pode fazer é ficar “pirando” com revisões, ou com
o fato de não estar lembrando o que estudou no dia anterior.
É muito natural que você, nesta fase, não lembre direito TUDO o que estudou
no dia anterior, E NÃO TEM PROBLEMA.
Vamos fazer uma analogia? Por exemplo: você está aprendendo a dirigir. Se
eu hoje explicar, na teoria, tudo o que você deve fazer quando entra em um
carro, você até vai entender, certo?
Mas, se eu perguntar no dia seguinte, você vai lembrar? Ora, claro que não!
Você só vai começar a lembrar quando estiver treinando na rua, até que vai
chegar o ponto em que estará tão automático dirigir que toda a teoria que eu
lhe ensinei você vai lembrar em 2 segundos.
Verdade!!!
Como você pode se preocupar em não esquecer se você mal e mal está
conseguindo aprender?
Por isso, nesta etapa, foque em entender os assuntos da forma como falei
acima e em passar “relativamente” rápido por todos eles. Não “pire o cabeção”
com o que você não conseguir entender. Não pire em revisar tudo para não
esquecer, pois mesmo revisando você vai esquecer, ao menos um pouco.
Conforme você for avançando nas aulas e/ou nos pdfs… Você vai aprendendo a
engatinhar… Aconteceu comigo… Tinha uma noção das coisas, mas ainda
errava muito dos exercícios… era a…
Nesta fase, eu já tinha visto todo o conteúdo ao menos uma vez. Tinha alguma
noção das coisas, acertava alguns exercícios e errava outros tantos. Como
uma criança aprendendo a andar.
Antes de tudo, é gostaria de deixar claro uma coisa: é muito importante que
não haja interrupção/pausa entre a “Fase 1” e a “Fase 2”. Ou seja, você
deve estudar as matérias de forma contínua, sem nunca parar!!! Isso também
vale para a evolução entre a Fase 2 e a Fase 3, mas, aqui, no ponto em que
estamos agora (engatinhando), isso é muito, muito importante!
Digo isso porque este é o momento em que você deve estar se sentindo
desanimado, pois já viu todo o conteúdo mas ainda não acerta questões em
um nível tão competitivo. Então, este é o momento em que muitos desistem…
Uma pena! Desistir de andar quando você ainda era um bebê engatinhando…
Portanto, assim que você finalizou a “Fase 1”, deve seguir para a Fase 2, sem
pausas, para não esquecer o “pouco” que aprendeu no primeiro contato com a
matéria.
Seu cérebro precisa sentir uma continuidade. Se não houver esta
continuidade, para ele será como se você nunca tivesse estudado
qualquer conteúdo.
Dito isso, passemos aos fatos. Neste ponto em que você está, você pode reler
o seu material (de maneira mais atenta do que na primeira lida) ou então fazer
um curso em exercícios, ou então fazer baterias de exercícios.
De toda a forma, é importante que na Fase 2 você tenha contato com vários
exercícios.
Alguns deles serão relativamente tranquilos para você. Outros serão mais
complicados, e ATENÇÃO: é neles que você deve concentrar a sua
energia.
Por exemplo: você vai reler um pdf, ou então ler pela primeira vez, depois de
ter feito um curso da mesma matéria em vídeo.
Quando chegar ao final, nas questões comentadas, você vai acertar uma parte
e vai errar outra (que parecerão grego).
Você vai:
Se você quiser revisar todos os dias, ou seja, revisar hoje o assunto de ontem,
revisar amanhã o assunto de hoje, revisar na semana que vem o assunto de
hoje… Você pode?
Mas aí, você terá de todos os dias parar o seu estudo e fazer revisão,
regradinho, certinho, bonitinho… O que, como já disse, o nosso cérebro
entende de uma forma muito ruim. Não esqueçam: nosso cérebro funciona
melhor quando instigado, provocado.
E, sempre, NÃO SE ESQUEÇA: não pare de estudar uma matéria que você já
começou. Nunca! Nem que você a estude por apenas 2 ou 3 horas por
semana. Mas sempre continue estudando. Ok?
Você vai fazer muitas vezes todo esse processo que falamos. Até que vai
alcançar um nível de acertos entre 70-80% (no geral, pois sempre teremos
aquelas matérias em que não faremos essa quantia… para muitos isso ocorre
com matérias peso 1, tipo Raciocínio Lógico).
É quando você estará pronto para levantar e andar. Você estará na Fase 3 :)
Além disso, é importante que você intercale exercícios com uma revisão
teórica dos materiais onde estudou pela primeira ou segunda vez. É a
hora de reler a teoria do livro, se atendo ao que não prestou
atenção/entendeu da primeira vez.
Isso porque você aprendeu muita coisa nos últimos tempos, e é um excelente
exercício testar a sua capacidade de síntese. Lembre-se: o cérebro gosta de
ser “instigado”. E, neste momento, em que você acumulou muitos
conhecimentos, nada melhor do que desafiá-lo a sintetizar o que
aprendeu.
Veja que eu não estou falando (como em nenhum momento falei) para você
fazer um resumo. Resumos costumam ser longos, enrolados e inúteis, porque
com o tempo as informações que estão ali se tornam básicas e você terá de
fazer um novo resumo.
Quando fui estudar para a discursiva da Receita, fiz mapas mentais de todos
os capítulos de todos os materiais teóricos que eu tinha usado no estudo, para
as seis matérias cobradas nesta etapa. Levei os mapas para o local de prova e
revi todos até pouco antes de entrar na sala.
Quando fui responder as seis questões, mesmo que eu não soubesse o
assunto em específico, visualizava o tema geral, a qual capítulo do
livro ela se referia. E, então, por mais que eu não soubesse o detalhe
do detalhe, conseguia responder as questões ao menos em termos
gerais, o que foi fundamental na minha aprovação e na melhoria de
colocação (terminei o concurso em 39o geral).
Então, mapas mentais podem ser ótimos para revisar: você faz vários em uma
mesma semana e sempre terá a mão todos os conteúdos para serem
visualizados e memorizados.
Assim, percebam que, na Fase 3, você terá contato com tantos assuntos ao
mesmo tempo que não fará sentido criar uma “regra” rígida de revisão,
pois o lance é realmente você se expor à maior quantidade possível de
assuntos em um curto espaço de tempo. Claro, se você quiser estabelecer
regras, pode, claro, por exemplo:
Você fará isso até que chegará o dia em que resolverá as questões de uma
prova de concurso com uma intimidade que nunca pensou possuir. A
insegurança vai te acompanhar nesse momento? Sim, claro, ela nunca nos
abandona rs. Mas essa será a prova da sua vida. A prova da sua
APROVAÇÃO.
–
Percebam, portanto, que revisar é muito, muito importante. Sempre estar em
contato com os assuntos estudados faz com que não se esqueçamos do que foi
aprendido.
Se você achar que uma regra rígida pode lhe ajudar a revisar sem lhe
desestimular, invista nisso! Pode ser feita uma tabela de revisão e também
existem planilhas que controlam as revisões. Elas funcionam como um diário
do seu estudo: você alimenta a planilha todos os dias com o que estudou, e ela
retornará com as datas em que você deverá revisar.
Ou, se você for como eu, e achar que a revisão engessada vira mais um
“problema” do que uma “solução”, use as dicas que comentei neste artigo para
incorporar a revisão à sua rotina de forma prática e natural.
Karine Waldrich
#timedawaldrich
@coachingdawaldrich
www.karinewaldrich.com.br