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a ~ JexTO O PLATAO A Reptruica Tradugio de Envico Corvisieri Nom corURE Se Ply AYN A REPOBLICA sivo, e nao inteligéncia, a geometria e outras ciéncias do mesmo género, considerando esse conhecimento intermediério entre a opinido e a inteligéncia. Sécrates — Compreendeste-me bastante bem. Aplica agora a estas quatro segées estas quatro operagées da alma: a inteli- ‘ordem de clareza, partindo do principio de que, quanto mais seus objetos participam da verdade, mais eles sao claros. Glauco — Compreendo. Concordo contigo e adoto aordem que tu sugeres. Livro VII Socrates — Agora imagina a maneira como segue 0 es- tado da nossa natureza relativamente a instrugdo e a ignorancia. Imagina homens numa morada subterranea, em forma de ca- verna, com uma entrada aberta a luz; esses homens estdo ai desde a inffincia, de pernas e pescogo acorrentados, de modo que nao podem mexer-se nem ver sendo o que esté diante deles, ois as correntes os impedem de voltar a cabeca; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrés deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascen- dente. Imagina que ao longo dessa estrada esté construido um Pequeno muro, semelhante as divisérias que os apresentadores de titeres armam diante de si e por cima das quais exibem as. ‘suas maravilhas. Glauco — Estou vendo. ‘Socrates — Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o trans- poem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transporta- dores, uns falam e outros seguem em silencio. Glauco — Um quadro estranho e estranhos prisioneiros. jetadas pelo fogo na parede da caverna que Ihes fica defronte? Glauuco — Como, se sao obrigados a ficar de cabeca imével durante toda a vida? Sécrates — E com as coisas que desfilam? Nao se passa © mesmo? ans A RErOBLICA, Glauco — Sem dtivida, Socrates — Portanto, se pudessem se comunicar uns com See sts do achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam? Glauco — E bem possivel. Sécrates — E se a parede do fundo da prisio provocasse do le 08 objetos te The mostram aj 1? Ghanco ~ Nasls eestor Sécrates — E se o forgarem a fixar a luz, os seus olhos ‘niko ficario magoados? Nao desviard ele a vista para voliar ae coisas que pode fitar e nio acreditaré que estas £30 realmenta mais distintas do que as que se Ihe mostram? Glauco — Com toda a certeza. Sécrates — E se o arrancarem forca da sua caverna, 0 cbrigarem a subir a encosta rude e escarpada e ni lasgencra ~~ puario ‘Socrates — Por fim, suponho eu, seré 0 Sol, e nio as suas imagens refletidas nas éguas ou em qualquer outra coisa, mas © proprio Sol. no seu verdadeiro lugar, que poder ver ¢ con, templar tal como é. Glauco — Necessariamente. Sécrates — Depois disso, poderé concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estagdes e os anos, ‘Sécrates — Imagina ainda que esse homem volta a caverna € vai sentar-se no seu antigo lugar: nio ficaré com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol? Glauco — Por certo que sim.

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