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CASA Atualidades CEF 2012 PDF
CASA Atualidades CEF 2012 PDF
cassioalbernaz@hotmail.com
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Clipping de Notícias
Corriqueiramente, concurseiros dos mais diversos níveis se deparam com essa pergunta e a resposta
não é tão óbvia quanto parece ser. A origem dessa confusão começa no conteúdo dos próprios
programas de provas das diferentes instituições organizadoras. As bancas organizadoras possuem
diferentes compreensões sobre o que vem a ser uma prova de Atualidades. Portanto, a aprovação na
prova de Atualidades começa por uma leitura atenta do edital de prova e do seu conteúdo
programático.
Apesar das dificuldades e das desconfianças que se possa ter com relação a este conteúdo existem
alguns terrenos seguros nos quais podemos nos debruçar. Para desvendar esses “nós”, devemos
definir algumas prioridades. Inicialmente, é possível entender atualidades como o domínio global de
tópicos atuais e relevantes. Nesse sentido, domínio global significa saber situar e se situar frente aos
temas, algo diferente de “colecionar” e “decorar” fatos da atualidade. A relevância de tais tópicos se
dá em função da “agenda” de debates do momento e do conteúdo programático do concurso que se
vai realizar. Ou seja, nem tudo interessa para uma prova de Atualidades.
Numa prova séria e bem feita de Atualidades (e pasmem elas existem!), o mundo das celebridades, o
vai e vem do mercado futebolístico, o cotidiano do noticiário policial, etc., têm pouco valor como
conteúdo de prova. Assim, os fatos só passam a ser conteúdos de prova quando possuem valor
histórico, sociológico, e político para compreensão da realidade presente e dos seus principais
desafios.
Desde já, chama-se a atenção para o fato de que o conteúdo de Atualidades é muito diferente de
outros conteúdos. Não existem fórmulas, macetes, atalhos, “musiquinhas”, ou qualquer outro
estratagema capaz de preparar um aluno para tal empreitada. O que existe é interesse e leitura. O
que esse material oferece então é o direcionamento para a prova. As chaves de interpretação, modos
de pensar e de relacionar os conteúdos serão fornecidos em aula. Assim, colocamos à disposição
textos e comentários para informação e reflexão prévia sobre os principais tópicos de Atualidades.
Para além da resposta óbvia: - para passar no concurso! - o conteúdo de atualidades é hoje um
diferencial em tempos de concursos tão disputados, pois as médias de acertos são elevadas nas
matérias mais tradicionais, como Português, Direitos, etc., os acertos no conteúdo de Atualidades
podem lançar o candidato muitas posições à frente. Esse argumento ganha maior peso porque a
maioria dos concurseiros não sabe o que estudar e nem como estudar.
Para além desse fato, saber refletir sobre Atualidades é um ato de conscientização política e social,
engajamento, e cidadania, por isso muitos concursos públicos exigem esse conhecimento de forma
orientada.
Dessa forma, pergunto aos concursandos:- Por que não estudar Atualidades?
Bons estudos!
Cássio Albernaz
Política
Entenda as crises que atingiram o governo Dilma
Com o saldo de cinco ministros que já deixaram o governo nos últimos meses, Dilma Rousseff
enfrenta nova crise na Esplanada e a ameaça de precisar trocar novamente sua equipe. Desta vez, as
suspeitas recaem sobre o titular do Esporte, Orlando Silva, filiado ao PC do B.
Entenda cada uma das crises que já atingiram os ministérios de Dilma desde o início do governo:
ESPORTES
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira e seu funcionário Célio Soares
Pereira disseram à revista que o ministro recebeu parte do dinheiro desviado pessoalmente na
garagem do ministério.
Segundo o ministro, que tem desqualificado o policial militar em entrevistas e nas oportunidades que
falou do assunto, disse que as acusações podem ser uma reação ao pedido que fez para que o TCU
investigue os convênios do ministério com a ONG que pertence ao autor das denúncias.
Em nota, o Ministério do Esporte disse que João Dias firmou dois convênios com a pasta, em 2005 e
2006, que não foram executados. O ministério pede a devolução de R$ 3,16 milhões dos convênios.
TURISMO
A situação do ex-ministro do Turismo Pedro Novais ficou insustentável no Planalto e dentro de seu
próprio partido depois de duas revelações da Folha: a de que ele pagou com dinheiro público o
salário de sua governanta por sete anos e a de que sua mulher usa irregularmente um funcionário da
Câmara dos Deputados como motorista particular.
Ele estava em situação delicada desde o começo de agosto quando uma operação da Polícia Federal
prendeu 35 pessoas, incluindo o então secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico
Costa.
Logo após a sua nomeação, em dezembro de 2010, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que
Novais usou R$ 2.156 da sua cota parlamentar para pagar despesas de um motel em São Luís, em
junho do ano passado.
No mesmo mês, a Folha mostrou que Novais foi flagrado em escutas da Polícia Federal pedindo ao
empresário Fernando Sarney que beneficiasse um aliado na Justiça Federal.
AGRICULTURA
No dia 17 de agosto, o então ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), pediu demissão,
atingido por uma onda de acusações que apontou pagamento de propinas, influência de lobistas e
aparelhamento político em sua gestão no ministério. Foi substituído por Mendes Ribeiro (PMDB).
Após nova reportagem da revista "Veja", desta vez sobre a atuação de um lobista no ministério, o
então secretário-executivo da pasta, Milton Ortolan, pediu demissão do cargo.
A situação do ministro se agravou após Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitação da
Agricultura, afirmar em entrevista à Folha que o Ministério da Agricultura foi "corrompido" após a
chegada de Wagner Rossi à pasta. Segundo Batista, o ministro colocou pessoas no assinar o que não
devem".
DEFESA
A queda de Nelson Jobim (PMDB) do Ministério da Defesa, ocorreu no dia 4 de agosto, após
desavenças com Dilma e declarações de que havia votado em José Serra (PSDB) na eleições
presidenciais. Foi substituído por Celso Amorim.
A situação piorou após Jobim dizer, à revista "Piauí" a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais)
é "fraquinha" e que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) "sequer conhece Brasília".
Na ocasião, disse ser preciso tolerar a convivência com "idiotas", que "escrevem para o
esquecimento". Ele explicou que se referia a jornalistas, mas petistas entenderam como recado ao
governo.
TRANSPORTES
Em 6 de julho, foi a vez de Alfredo Nascimento (PR) se demitir dos Transportes no dia 6 de julho,
após ter seu nome envolvido em um escândalo de superfaturamento de obras e recebimento de
propina envolvendo servidores e órgãos. Foi substituído por Paulo Sérgio Passos (PR).
A crise começou com revelação pela revista "Veja" de suposto esquema que envolvia dois assessores
diretos do então ministro. O ex-diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes), Luiz Antonio Pagot, e o ex-diretor-presidente da Valec (estatal de obras ferroviárias),
José Francisco das Neves, também foram citados.
Segundo a revista, o esquema seria coordenado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto, e
renderia ao partido até 5% do valor dos contratos firmados pela pasta e sob a gestão do Dnit e da
Valec. Costa Neto não tem cargo na estrutura federal.
A crise se intensificou com reportagem do jornal "O Globo" revelando que o patrimônio do filho do
ministro, Gustavo Morais Pereira, cresceu 86.500% em dois anos. O caso é investigado pelo
Ministério Público Federal do Amazonas.
No dia 10 de junho, Dilma fez uma troca entre os ministros Ideli Salvatti e Luiz Sérgio. Ela deixou a
Secretaria de Pesca e assumiu a Relações Institucionais, enquanto ele fez o caminho contrário.
A troca aconteceu após longo processo de fritura de Sérgio. Na prática, a articulação política vinha
sendo feita por Palocci.
Com a substituição de Palocci por Gleisi Hoffmann em uma Casa Civil menos política e mais gestora,
como queria Dilma, grupos do PT passaram a fazer abertamente forte pressão pela troca do petista.
Embora Dilma tivesse demonstrado contrariedade com o processo de fritura, Sérgio disse que a
situação ficou insustentável e decidiu pedir demissão.
Na sua breve passagem pela Relações Institucionais, Luiz Sérgio não conseguiu fazer a interlocução
do governo com os partidos e com a base aliada, chegando a ser apelidado, ironicamente, de
"garçom" --pois só anotava os pedidos.
CASA CIVIL
O primeiro ministro a deixar o governo, em 7 de junho, foi Antonio Palocci (PT). Gleisi Hoffmann (PT-
PR) substituiu Palocci.
Após 23 dias de crise, ele entregou o cargo a presidente depois de a Folha revelar que o ministro
multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010, quando ele foi deputado federal e manteve,
paralelamente, uma consultoria privada.
A Projeto, empresa aberta por Palocci em 2006 --quando afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil--
também comprou, em 2009 e 2010, imóveis em região nobre de São Paulo no valor total de R$ 7,5
milhões.
Em entrevista exclusiva à Folha, Palocci afirmou que não revelou sua lista de clientes a Dilma,
atribuiu as acusações a ele a uma "luta política" e disse que ninguém provou qualquer irregularidade
na sua atuação com a consultoria Projeto.
Foi a segunda vez que Palocci deixou o governo após um escândalo --em 2006 deixou o Ministério da
Fazenda após suspeitas de ter quebrado o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
DILMA SOFRE SÉRIE DE DERROTAS NA CÂMARA E BASE AJUDA A OBSTRUIR LEI GERAL DA COPA
Autor(es): Denise Madueño,
O Estado de S. Paulo - 22/03/2012
Planalto sente reflexos de troca nas lideranças do Congresso e da crise com aliados.
Sequela da intervenção do Planalto na articulação política, a presidente Dilma Rousseff foi desafiada
ontem pela base aliada e sofreu uma série de derrotas na Câmara. Os deputados impediram a
votação do projeto de Lei Geral da Copa, prioridade da semana para o governo, aprovaram na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o projeto de lei retirando poderes da presidente na
demarcação de terras indígenas, de quilombolas e de preservação ambiental, e ainda convocaram a
ministra do Planejamento, Miriam Belchior.
O revés governista aconteceu uma semana depois de Dilma ter feito alteração na coordenação
política, trocando os líderes na Câmara e no Senado, com a entrada do deputado Arlindo Chinaglia
(PT-SP) no lugar de Cândido Vaccarezza (PT-SP) e do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) em
substituição a Romero Jucá (PMDB-RR).
O conflito entre a presidente e seus aliados na Câmara se espalhou nas diversas bancadas conduzido
pelo tema do Código Florestal e da permissão de venda de bebidas nos estádios, assunto do projeto
da Lei Geral da Copa. Setores da base condicionaram a votação do projeto da Lei Geral da Copa à
votação do Código Florestal, contrariando a estratégia do Palácio do Planalto que não quer tratar da
questão ambiental antes da realização da Conferência Rio + 20.
Na Câmara, a contabilidade dos aliados aponta para uma derrota do projeto do Código Florestal
votado no Senado, defendido pelo governo, devido às articulações da bancada ruralista. Grande
parte da base defende o texto aprovado anteriormente pelos deputados, mais favorável aos
produtores que desmataram áreas de forma ilegal. "Em todas as bancadas existem os que militam na
área agrícola e é público e notório que, desde que foi votado aqui, o projeto tem em torno de 400
votos na Câmara", reconheceu Chinaglia.
Os líderes de partidos da base aliada ficaram sem domínio de suas bancadas no plenário. "Estão
FICHA LIMPA É CONSTITUCIONAL E VALE PARA ELEIÇÕES DESTE ANO, DIZ SUPREMO
Autor(es): FELIPE RECONDO, MARIÂNGELA GALLUCCI
O Estado de S. Paulo - 17/02/2012
Depois de quase dois anos e 11 sessões de julgamento, a Lei da Ficha Limpa foi considerada
A rebelião na base aliada - com o PMDB de porta-voz - deverá dificultar ainda mais a votação do
Código Florestal, prometida para esta semana. As insatisfações se unem à resistência da bancada
ruralista ao teto do projeto aprovado no Senado. O Palácio do Planalto não quer alterações, mas já
foi avisado que isso será impossível. Diante desse quadro, o governo deve tentar adiar a votação,
dando mais tempo para negociação. O relator do projeto, Paulo Piau (PMDB-MG), já adiou a
Obras do PAC concluídas em 2011 correspondem a 18% de tudo o que está previsto até 2014;
governo quer ampliar investimentos das estatais.
Com apenas 10% de recursos do Orçamento da União, o governo comemorou ontem os resultados
do primeiro ano da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A cerimônia foi marcada, principalmente, por promessas de que 2012 será um ano diferente para o
investimento, que ficou aquém do esperado no ano anterior, segundo o ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Ele cobrou resultados melhores de estatais e dos próprios colegas.
As obras efetivamente concluídas no ano passado somaram R$ 127 bilhões, o que corresponde a
18% de tudo o que está previsto para ser feito até 2014, ano de encerramento dessa fase do PAC.
Somadas as obras em andamento, o gasto sobe para R$ 204 bilhões. Quase 37% desse valor, no
entanto, se referem a financiamentos para habitação.
O próprio setor privado investiu quase o dobro dos recursos que saíram do Orçamento. As estatais
aplicaram o triplo do desembolsado pela União, principalmente a Petrobrás, que ainda foi convocada
publicamente por Mantega, presidente do conselho da empresa, a investir mais.
O ministro da Fazenda disse ontem à presidente da estatal, Maria das Graças Foster, que não faltarão
recursos para a empresa, que deve investir mais de US$ 50 bilhões em 2012 (25% a mais que em
2011), e que vai pressionar a diretoria da empresa para alcançar esse objetivo.
O ministro da Fazenda disse que pode liberar mais dinheiro que o previsto e ainda assim cumprir a
meta de economia do setor público deste ano. Por isso, cobrou também os outros colegas de
ministério. "Não faltarão recursos. Os ministérios estão sendo provocados para realizar os seus
programas de investimento", disse aos colegas e representantes de outras 13 pastas.
Também será necessário tomar medidas "a todo momento, a toda semana, para calibrar a
economia", segundo Mantega. "Posso dizer que vamos ter medidas todos os meses para estimular a
economia."
O ministro cobrou também dos bancos públicos que aumentem o crédito e reduzam os juros. Disse
que essas instituições terão um papel mais atuante em 2012 e citou como exemplo os recursos que
serão liberados pela Caixa para habitação e pelo BNDES, para empresas.
09/03/2012
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff fez hoje (9) mais uma mudança no primeiro escalão do governo e
substituiu o comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O ministro Afonso Florence deixará
o cargo e o deputado Pepe Vargas (PT-RS) assumirá a pasta.
A informação foi divulgada pela Secretaria de Imprensa da Presidência no começo da noite. Em nota,
Dilma agradeceu a participação de Florence no governo e desejou boa sorte ao novo ministro. A data
da posse e transmissão de cargo ainda não estão definida.
“O ministro do Desenvolvimento Agrário, deputado Afonso Florence, está deixando o cargo depois de
dar importante colaboração ao governo e ao país. Na pasta, conduziu com dedicação e eficiência
ações que fortaleceram a agricultura familiar e contribuíram para a redução da pobreza no campo e
para a promoção da inclusão social”, diz o texto.
14/03/2012
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Os senadores do PR, que até o ano passado faziam parte da base de apoio ao governo da presidenta
Dilma Rousseff no Congresso, decidiram hoje (14) passar para a oposição. Após reunião da bancada,
o líder do partido, senador Blairo Maggi (PR-MT), anunciou que o governo não deve “contar com o
PR como antes” e que os senadores “cansaram”.
O estopim para que o partido fosse para a oposição foi o fim das negociações com o governo sobre o
comando do Ministério dos Transportes. Maggi disse que essa era a única pasta que interessava ao
partido e que o governo “fechou as portas” quando decidiu que não entregaria o ministério
novamente ao PR. Após uma reunião com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, esta
tarde, o líder disse que as negociações foram encerradas e o PR decidiu dar o primeiro passo para o
rompimento.
“Eu já disse a ela, nós comunicamos os líderes, que nós estamos neste momento na oposição. Não
significa a oposição raivosa, sem responsabilidade. Tudo aquilo que for do interesse do país, que não
seja só partidário, nós estamos aqui para apoiar”, declarou.
Segundo Maggi, a decisão é por enquanto atinge apenas a bancada no Senado. Segundo ele, os
deputados do partido ainda irão definir se acompanharão os senadores e o assunto ainda será
definido com o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (PR-AM).
O PR já havia decidido deixar a base de apoio ao governo no ano passado, quando Nascimento
deixou o cargo de ministro dos Transportes após denúncias de corrupção e favorecimento a aliados
na pasta. Na época, o partido considerou que não recebeu apoio suficiente da presidenta Dilma
Rousseff e não aceitou a escolha de Paulo Passos para ministro como sendo uma indicação do
partido.
Economia
Crise do Euro
Nem denúncias de corrupção e nem escândalos sexuais. O que determinou a renúncia do primeiro-
ministro italiano Silvio Berlusconi, anunciada na última terça-feira (8), foi uma crise de legitimidade
política provocada pela recessão que atinge países europeus.
A saída de Berlusconi coincide com a queda do premiê grego George Papandreou, por motivos
semelhantes. Ambos os políticos são peças de um “efeito dominó” que já destituiu sete governos em
três anos, liquidados pela pior crise financeira na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Os gastos públicos nesses países, que já eram elevados antes da crise de 2008, tornaram-se críticos
quando os governos tiveram que injetar trilhões de dólares no mercado para impedir a falência de
bancos.
Em países como Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda o endividamento atingiu patamares
intoleráveis na zona do euro. Na Grécia e na Itália, as contas para pagar superam o total de riquezas
produzidas pelo país, medida pelo PIB (Produto Interno Bruto). No plano internacional, tal quadro
aumenta o risco de calote dos credores e afasta investimentos, prejudicando ainda mais a economia.
A Itália já enfrentava problemas no equilíbrio das contas públicas desde o começo dos anos 1990. A
crise econômica, contudo, elevou o endividamento, que representa hoje 121% do PIB, e o risco do
país não ter mais como pagar suas dívidas, além de tornar o custo de empréstimos impraticável.
O país é a terceira maior economia da zona do euro, a oitava do mundo e a quarta maior tomadora
de empréstimos no planeta. Em caso de calote, dificilmente a Itália poderia ser salva pela União
Europeia (UE), como acontece no caso da Grécia. Para se ter uma ideia da gravidade da crise, as
dívidas italianas somam 1,9 trilhão de euros, o que corresponde a 2,8 vezes as dívidas somadas de
Portugal, Irlanda e Grécia.
Grécia
Na Grécia, a permanência de Papandreou no poder se tornou insustentável depois que ele anunciou,
em 1º de novembro, que faria um referendo sobre o novo pacote de ajuda da UE, consultando a
população sobre a aceitação ou não do plano. A ajuda ao governo grego era condicionada pela
aceitação de novos pacotes de austeridade.
O objetivo do premiê, com o referendo, era conseguir respaldo dos eleitores para aplicar medidas
impopulares, mas pesquisas indicavam que o pacote seria recusado por pelo menos 60% dos gregos.
O anúncio da consulta também levou pânico aos mercados financeiros.
Enfraquecido no governo, o primeiro-ministro desistiu da proposta e teve também que anunciar sua
renúncia no domingo (6).
A dívida pública grega é de 350 bilhões de euros, o equivalente a 165% do PIB. É a maior relação
déficit/PIB entre os países europeus, sendo que o limite de endividamento estabelecido na zona do
euro é de 60%.
Durante décadas, o país gastou mais do que podia, contraindo empréstimos altíssimos ao passo que
a arrecadação de impostos diminuía. No ano passado, o primeiro plano de ajuda ao país veio
acompanhado de redução de salários de funcionários públicos e aumento de impostos, o que
provocou manifestação dos sindicatos.
Papandreou foi substituído pelo ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas
Papademos, empossado no dia 11. Na Itália, o substituto de Berlusconi deve ser anunciado em
breve.
Desde 2008, sete governos sofreram baixas devido aos débitos na zona do euro. Primeiro, o ex-
primeiro-ministro da Islândia, Geir Haarde, após o país ter praticamente ido à falência em 2008.
No Reino Unido, Gordon Brown, que substituiu Tony Blair, foi derrotado nas eleições, encerrando
uma década de predomínio dos trabalhistas no poder. O mesmo aconteceu com o governo da
Irlanda, de Brian Cowen, e José Sócrates, em Portugal, que caíram diante da pressão política. Em
outubro, foi a vez do governo de Iveta Radicova, na Eslováquia, cair por conta da aprovação de
pacotes da UE.
Tudo indica que Papandreou e Berlusconi não serão os últimos da lista. O próximo país a enfrentar os
efeitos políticos da crise é a Espanha, que realiza no próximo dia 20 eleições antecipadas para o
Legislativo. Dessa vez, o socialista José Luis Rodrigues Zapatero deve sofrer uma dura derrota diante
da oposição.
Depois de dez horas de negociação, líderes europeus fecham acordo para ajudar países
em crise
Líderes da União Europeia (UE) anunciaram hoje (27) um acordo para tentar resolver a crise da
dívida pública que assola vários países do continente. O presidente da Comissão Europeia, José
Manuel Durão Barroso, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disseram que o pacote é “um
esforço ambicioso" dos países para encerrar a crise econômica internacional. A negociação levou
mais de dez horas de discussão, em Bruxelas, na Bélgica.
O pacote interfere diretamente nas questões relativas à Grécia, Itália e Espanha. Os líderes europeus
fizeram o anúncio oficial de um plano de ação com três linhas principais: a solução do problema da
dívida da Grécia, o fundo europeu de resgate e o aumento da liquidez dos bancos.
Os bancos privados que têm títulos da dívida da Grécia aceitaram perdas de 50% nos seus papéis, o
equivalente a 100 bilhões de euro (US$ 140 bilhões). A medida deverá diminuir a relação dívida-
Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia para 120% em 2020. Nas condições atuais, essa relação
poderia chegar a 180%.
Representantes dos países que participaram das discussões disseram que esse ponto do acordo foi o
de mais difícil negociação, já que os bancos não queriam aceitar perdas superiores a 40%. Foi
preciso a intervenção direta da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas
Sarkozy.
O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef) – o principal mecanismo da região para resgate
de países e bancos – será aumentado dos atuais 440 bilhões de euros para 1 trilhão de euros. Esse
dinheiro seria usado para ajudar países como a Espanha e a Itália a lidar com seus problemas
econômicos.
Os detalhes dos mecanismos para aumentar os recursos do fundo serão negociados em novembro,
de acordo com Sarkozy. A expectativa é que o Feef ajude a mitigar crises, ao servir como uma
espécie de seguradora aos bancos que comprarem papéis de dívidas de países em risco de calote.
Os bancos europeus precisarão levantar cerca de 106 bilhões de euros (US$ 148 bilhões) até junho
de 2012, para aumentar a estabilidade do sistema bancário. A medida serviria para protegê-los de
eventuais perdas, caso outros governos ameacem decretar a moratória de suas dívidas. Há temores
de que a Espanha e a Itália possam seguir o caminho da Grécia.
Os líderes europeus vinham sendo criticados, nos últimos meses, por não adotar medidas fortes o
suficiente para lidar com a crise da dívida pública dos países da zona do euro. Nesta quinta-feira, eles
disseram esperar que o novo acordo abra caminho para o fim da crise.
"A zona do euro adotou uma resposta confiável e ambiciosa à crise da dívida", disse Sarkozy. Para
ele, o acordo é uma resposta “confiável e ambiciosa” à crise. "A complexidade dos fatores e a
necessidade de se chegar a um consenso significam que nós tivemos de passar horas negociando",
acrescentou. O presidente francês espera que o acordo traga "alívio a todo o mundo".
Apesar dos elogios, os próprios líderes europeus reconhecem que muitos detalhes do acordo ainda
precisam ser esclarecidos. Não se sabe, por exemplo, como os países do euro vão levantar os fundos
necessários para aumentar o Feef de 440 bilhões de euros para 1 trilhão.
Além disso, alguns analistas de mercado questionam se o valor será suficiente para conter uma nova
crise, caso economias maiores que a da Grécia – como a da Itália e a da Espanha – também passem
a ter problemas para pagar suas dívidas públicas.
Fonte: EBC
A retração da atividade econômica detectada pelo Banco Central em junho, julho e agosto —
somente neste último mês, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) calculada pela instituição
registrou queda de 0,53% —, não foi suficiente para derrubar a inflação. Pelo contrário. Diante das
desconfianças em relação ao Banco Central, que deve cortar mais 0,5 ponto percentual na taxa
básica de juros (Selic) na próxima semana, de 12% para 11,50%, as projeções indicam grande
possibilidade de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar o ano acima dos 6,5%
definidos como teto da meta referente ao custo de vida.
Não à toa o Palácio do Planalto acendeu o sinal de alerta. Se o primeiro ano de governo da
presidente Dilma Rousseff será desanimador do ponto de vista econômico, para 2012 o quadro não
será muito diferente. Há quem diga que o IPCA ficará próximo de 6%, combinado a uma taxa de
crescimento inferior a 3%. Ou seja, o Brasil pode repetir o pesadelo europeu: expansão mínima do
PIB com inflação alta — a chamada estagflação.
Diante desse quadro, o país e outras nações emergentes, antes praticamente descolados da crise
internacional, começam a ser observados por olhos carregados de dúvidas. A China, por exemplo,
além de se ver obrigada a socorrer bancos e empresas à beira da falência, anunciou que a sua
atividade comercial cresceu em setembro no menor ritmo dos últimos sete meses. As exportações
para seu maior parceiro, a Europa, avançaram apenas 10%, com tendência de enfraquecimento, já
que a Zona do Euro está com um pé na recessão. Em agosto, o salto havia sido de 22%.
Os dados de setembro, que serão divulgados em breve, tendem a ser mais desanimadores, pois
alguns setores, como o automobilístico, suspenderam a produção, demitiram ou deram férias
coletivas. Por isso, disse Constantin Jancso, economista do Banco HSBC, já se fala em recessão na
Alerta geral
Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, endossou o cenário ruim que está por vir.
"Os indicadores antecedentes da atividade estão corroborando uma nova taxa negativa para o IBC-Br
de setembro", alertou. "Se isso ocorrer, o PIB do terceiro trimestre terá retração, algo impensável até
bem pouco tempo", acrescentou. Na avaliação de Zeina Latif, economista do Royal Bank of Scotland,
a hipótese de o Brasil mergulhar em uma estagflação não pode ser descartada.
"Não quero dizer que, estruturalmente, estejamos caminhando para isso. Pode ser algo momentâneo.
Mas, obviamente, essa situação levanta certos alertas", disse Zeina. "Temos de aceitar a natureza
desse ciclo. É uma desaceleração do crescimento, em parte causada pelo cenário internacional. Não
dá para remar contra a maré", argumentou. No entender da economista, ainda faltam dados para
afirmar que a inflação está se tornando mais rígida e permanente. "Porém, de toda forma, tenho a
preocupação com o avanço dessa rigidez."
As consequências da piora internacional e de seus reflexos na economia brasileira afetam não apenas
2011, mas também 2012. Assim, o carry-over (quanto de efeito inercial de crescimento que o Brasil
levará para o próximo ano) será praticamente nulo. O que, segundo analistas, é péssimo para o
governo, principalmente porque uma parte considerável da inflação já está contratada. Apenas o
reajuste de 14% do salário mínimo garantirá 0,7% a mais de carestia no ano que vem.
Salto de 3%
Dados analisados pelo mercado mostram que setembro foi um mês de clara estagflação. Enquanto os
números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,53%, as projeções dos especialistas apontam que a produção
industrial foi negativa e o mesmo deve ter ocorrido no varejo. Por isso, gente graúda do Palácio do
Planalto já admite crescimento de 3% ou menos neste ano.
A Rodada Doha é um ciclo de negociações para liberalização do comércio mundial, iniciado em 2001.
Os principais impasses estão nas negociações entre países em desenvolvimento e os desenvolvidos
nos setores da agricultura, facilitação de comércio, dos serviços e manufaturados. Os países ricos
querem mais acesso aos mercados de produtos industriais emergentes e os países em
desenvolvimento querem garantias de venda de seus produtos agropecuário, sem barreiras
protecionistas, como as adotadas pelos Estados Unidos.
O grupo ainda critica o aumento do protecionismo no setor agrícola “sem a devida fundamentação
técnica ou científica” e sem o respaldo da OMC. “Tais medidas afetam os países em desenvolvimento
de forma desproporcional e constituem mais uma injustificada barreira que os países em
desenvolvimento têm de superar para usufruir plenamente seus direitos previstos nas normativas da
OMC”.
Em declaração conjunta dos Brics, os ministros do Brasil, da Rússia, Índia, China e África do Sul, que
formam o bloco, também criticaram medidas protecionistas dos países desenvolvidos no setor
agrícola, alertando para riscos de segurança alimentar em países que ficam à margem do comércio
global. No entanto, o grupo defende que os países emergentes possam dispôr de instrumentos para
proteger suas economias, respeitando as regras multilaterais. “Destacamos a necessidade dos países
em desenvolvimento de preservar e utilizar, quando necessário, toda sua capacidade de adotar
medidas consistentes com as regras da OMC”.
Fonte: EBC
Ao abrir-se a reunião do G-20, em Cannes, sob a presidência da França, os países da zona do euro e
da UE (União Europeia) apresentam-se divididos e vulneráveis às pressões dos Estados Unidos e dos
Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China. Vulnerabilidade que decorre, em grande parte,
da posição da Grécia no cenário de crise.
Apenas alguns dias depois, tudo parece rolar por água abaixo com a decisão de George Papandreou,
o primeiro ministro socialista grego, de submeter o acordo a um referendo nacional. Sem data certa
– a imprensa grega diz que o voto popular será provavelmente realizado em janeiro –, o anúncio do
referendo já provocou uma queda nas bolsas e gerou novas tensões na UE.
Segundo este acordo, em troca de severas restrições orçamentárias controladas pela UE, o FMI
(Fundo Monetário Internacional) e o Banco Central Europeu, a Grécia obteria um abatimento de 50%
em sua dívida com os bancos europeus e novos empréstimos da União Europeia. Alvo de protestos
em seu país, Papandreou resolveu transferir para o eleitorado grego a responsabilidade pelo acordo
que endossou em Bruxelas na quinta feira passada.
Mencionada de maneira discreta, a hipótese de uma exclusão da Grécia da zona euro é agora tema
de discussão entre as lideranças europeias. Depois de o presidente Sarkozy declarar que o acordo
europeu para a adesão de Atenas ao euro, realizado no final dos anos 1990, havia sido “um erro”,
um editorial do jornal Le Monde afirma que o anúncio do referendo grego “leva a questionar a
presença da Grécia na zona euro”.
Após dois dias de reuniões em Los Cabos, no México, os ministros da Fazenda do G20 (grupo dos
países mais ricos do mundo) anunciaram apoio às medidas adotadas pelos europeus para conter os
impactos da crise econômica internacional. Eles recomendaram, porém, que é necessário reforçar
essas ações para impedir a expansão da contaminação para as instituições financeiras. O mês de
abril foi fixado como prazo para definição das decisões.
A posição do G20 foi anunciada em comunicado assinado por todos os participantes. O Brasil foi
representado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. “No fim de março, os países da zona do euro
[17, dos 27 que integram a União Europeia] farão uma avaliação sobre o reforço das suas instituições
que promovem apoio financeiro”, diz o texto. “[O resultado dessa avaliação será] fundamental na
decisão que o G20 tomará para canalizar maiores recursos para o Fundo Monetário Internacional
(FMI)”, acrescenta o comunicado.
No próximo mês, os líderes dos países da zona do euro devem definir o reforço dos fundos de
resgate e se buscarão mais ajuda do Fundo Europeu de Estabilização Financeira do Mecanismo
Europeu de Estabilidade – que deverão atingir 750 bilhões de euros.
O FMI propôs o aumento para US$ 500 mil de sua capacidade de empréstimo. Mas a diretora-gerente
da instituição, Christine Lagarde, avisou que é possível rever esse valor, pois é necessário definir o
repasse com os recursos do Fundo Europeu.
O presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, lembrou que a economia europeia começa a
sinalizar o início da estabilização por meio de melhorias pontuais. “Alguns países devem registrar
Fonte: EBC
05/03/2012
Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Na Alemanha, onde se reúne hoje (5) com a chanceler alemã, Angela Merkel, a presidenta Dilma
Rousseff voltou a criticar o excesso de recursos injetados na economia global pelos países
desenvolvidos para amenizar os efeitos da crise econômica que enfrentam. Dilma disse que essa
expansão monetária produz desvalorização artificial das moedas e uma bolha especulativa.
“Quando [se] expande nessa proporção, a massa monetária produz dois efeitos, um é a
desvalorização artificial da moeda. Porque a desvalorização não artificial da moeda é produzida por
ganhos de competitividade das economias domésticas, essa equivale a uma barreira tarifária e todo
mundo se queixa de barreira tarifária, de protecionismo, e isso é uma forma de protecionismo”. A
presidenta completou: “Tem um outro problema sério, cria-se uma massa monetária que não vai
para a economia real, ela produz bolha, especulação”.
Dilma disse também que o momento é importante para discutir “mecanismos incorretos” de política
cambial. “Por isso o Brasil quer mostrar que está em andamento uma forma concorrencial de
proteção de mercado, que é o câmbio. Não é tarifa, é o câmbio. O câmbio hoje é uma forma artificial
de proteção do mercado”, disse em entrevista.
Para a presidenta, neste contexto de crise, os países desenvolvidos devem adotar políticas de
expansão do investimento. “O investimento não só melhora a demanda interna, mas abre também a
demanda externa por nossos produtos”.
A crise econômica internacional será tema da conversa entre Dilma e Angela Merkel, que é a principal
líder das negociações na União Europeia (UE) em busca de soluções para evitar o agravamento da
crise. As duas também devem conversar sobre educação, ciência, tecnologia e inovação, além de
desenvolvimento sustentável, energia e infraestrutura, assuntos centrais na cooperação bilateral.
Havia expectativas de a presidente Dilma Rousseff mencionar ontem o excesso de liquidez dos países
ricos e os efeitos negativos sobre os emergentes, em discurso em Hannover para centenas de
empresários. Mas foi a chanceler alemã, Angela Merkel, depois de ouvir Dilma só falar de tecnologia
da informação, quem abordou o tema e alfinetou indiretamente o Brasil por protecionismo comercial.
A presidente foi a Hannover para abrir a maior feira de telecomunicações do mundo depois de fazer
ataques ao que chamou de "tsunami monetário" dos países ricos, considerado uma das razões da
excessiva valorização do real.
Em rápida entrevista a jornalistas logo cedo, Dilma Rousseff reclamou que a gigantesca liquidez dos
bancos centrais dos países desenvolvidos tem efeito internacional. "Como o mundo é globalizado,
quando você tem um nível de expansão desses, se produz dois efeitos: um é a desvalorização
artificial da moeda. O outro problema sério é que cria uma massa monetária que não vai para a
economia real. O que se produz? Bolha. Bolha, especulação."
Conforme a presidente, a "desvalorização artificial" das moedas tem o efeito "de uma barreira
tarifária, todo mundo se queixa de barreira tarifária, de protecionismo". E repetiu que não estava
falando sozinha, que todos os emergentes reclamam também, assim como o Fundo Monetário
Na noite anterior, o assessor Marco Aurélio Garcia chegou a dizer que Dilma abordaria o "tsunami
monetário" no seu discurso e seria mais incisiva na conversa privada com Merkel. Foi nesse cenário
que uma enorme expectativa se criou, inclusive do lado alemão.
Logo em seguida a chanceler alemã, Angela Merkel, subiu ao palco, fez a introdução diplomática,
mostrando-se "muito impressionada com o que o Brasil conseguiu na economia", e mencionou o a
crise europeia. "Vamos discutir sobre crise financeira global, que continua nos preocupando", disse.
"A presidente manifestou preocupação sobre o tsnumani de liquidez quando olha para os EUA, para a
União Europeia. Nós também olhamos para medidas protecionistas unilaterais", acrescentou.
A afirmação de Merkel foi entendida como uma referência às críticas persistentes dos parceiros e do
próprio diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) de que o Brasil passou a adotar
medidas que vão além das regras internacionais, como o aumento do IPI sobre carros importados.
EUA, União Europeia, Japão, Coreia do Sul e vários outros parceiros questionaram o Brasil em
comitês da OMC, mas ainda não abriram disputa contra o país.
No fim da noite, de volta do jantar de Dilma com Merkel, indagado sobre a menção de protecionismo
feita pela líder alemã, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, retrucou: "Amanhã a
presidente dará seu recado. Preparem-se."
Segundo uma fonte da delegação brasileira, durante a viagem de Brasília a Hannover uma questão
foi sobre qual seria um instrumento eficaz no momento para conter a alta do real. O ministro de
Algumas fontes insistem, porém, que a imposição de prazo de permanência de dois anos, com
sobretaxa diferenciada conforme o prazo de saída do capital antes disso, poderia ser uma alternativa.
Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem se mostrado contrário à quarentena.
Depois de ter preferido deixar para falar sozinha com Merkel sobre câmbio, a presidente ouviu a líder
europeia usar o lema "gerir a confiança", que dá o tom do encontro, para dizer que a confiança é o
caminho também no G-20, o grupo de ricos e emergentes, para sair da crise. "Temos que olhar para
além de nossas fronteiras sobre as consequências da crise internacional."
Falou da crise do endividamento europeu - "entramos numa crise delicada -, defendeu a austeridade
fiscal, algo que Dilma reclama da Europa, e terminou fazendo uma ardorosa defesa da zona do euro.
"Não há alternativa a zona do euro, temos que desenvolvê-la, criar uma situação estável, cumprir as
regras e ter confiança de que haverá mecanismos de solidariedade para solucionar os problemas",
afirmou.
Certas fontes acreditam que a Alemanha vai enfim se dobrar à pressão internacional e aceitar a
ampliação do fundo de socorro financeiro europeu, dos € 500 bilhões atuais para mais de € 700
bilhões. A Alemanha sozinha deve dar garantia de € 280 bilhões para o novo fundo.
Após dar calote em credores privados, Grécia recebe primeira parte do socorro. FMI deve liberar
mais 28 bi de euros. Finalmente, os ministros de Finanças da Zona do Euro desbloquearam ontem
35,5 bilhões de euros para salvar a Grécia da falência, após o fechamento do acordo de
reestruturação da dívida do país. É a primeira parte de um pacote de 130 bilhões de euros, que será
entregue pelo Banco Central Europeu (BCE) na próxima semana, quando o Fundo Monetário
Internacional (FMI) deverá aprovar a sua cota, de 28 bilhões de euros. O governo grego anunciou,
quinta-feira, que 95,7% dos credores vão perdoar 100 bilhões de euros dos débitos do país. Eles
trocarão os atuais títulos públicos por outros com valor 53,5% menor.
Após o anúncio da adesão ao calote e do acordo fechado, as bolsas de valores iniciaram os pregões
ontem em alta. Ajudaram a animar os investidores também os dados favoráveis sobre aumento de
227 mil vagas de empregos nos Estados Unidos. Mas os ganhos foram reduzindo ao longo do dia por
causa dos indicadores econômicos da China que decepcionaram os investidores. A produção do país
asiático cresceu apenas 11,4% em fevereiro contra expectativa de 12,3%.
O Ibovespa — índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa de Valores de São Paulo —
acabou fechando em leve queda de 0,31%, aos 66.704 pontos, depois de valorizar 1,35% até o
início da tarde. Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,11% e o Nasdak, 0,70%. Na Europa, a
bolsa inglesa teve alta de 0,47%, a de Paris, de 0,26% e a de Frankfurt, na Alemanha, de 0,67%.
Garantias
Os 35,5 bilhões de euros são para ajudar os bancos a oferecer garantias ao Banco Central Europeu
(BCE), disse o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble. O restante do pacote, 94,5
bilhões de euros, será desbloqueado provavelmente na próxima semana, disse Schäuble. Mas a crise
na Grécia está longe de terminar. "Não superamos o problema, mas demos um passo importante",
destacou o ministro.
O governo da Grécia anunciou que 84% de seus credores privados aceitaram a operação de troca da
dívida. Atenas destacou ainda que, devido à ampla adesão, o governo ativou as cláusulas de ação
coletiva (CAC) que forçam os credores privados reticentes a aceitar a operação. Essa medida elevará
www.acasadoconcurseiro.com.br Prof. Cássio Albernaz Página 28
ATUALIDADES – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
o nível de adesão a 95,7%. Os 130 bilhões de euros correspondem ao segundo pacote de ajuda à
Grécia. O primeiro, de 110 bilhões de euros ,em 2010, foi insuficiente para salvar um país que entra
no quinto ano consecutivo de recessão.
Apesar do fraco desempenho registrado em 2011, inferior ao de outros países emergentes, o Brasil
ultrapassou o Reino Unido e pulou do sétimo para o sexto lugar entre as maiores economias no
mundo. Convertido em dólares, o PIB brasileiro chegou a US$ 2,48 trilhões no período, acima dos
US$ 2,26 trilhões alcançados pelo Reino Unido - que avançou apenas 0,8% no ano passado. O
ranking, segundo o banco WestLB, continua sendo encabeçado pelos Estados Unidos, com US$ 15,32
trilhões, seguido pela China, com US$ 7,42 trilhões.
- Estamos próximos da França, que ocupa a quinta posição e teve um PIB 12% maior que o Brasil no
ano passado, com US$ 2,78 trilhões - disse o estrategista-chefe do banco, Luciano Rostagno,
responsável pela conversão dos PIBs em dólares.
Ele acredita que o país deve ultrapassar a França em 2015, estimativa semelhante à do FMI. Isso
considerando que o Brasil cresça 3,5% este ano, 4,5% no ano que vem e 5% em 2014 e 2015. Em
contrapartida, a variação do PIB francês precisa se manter entre 1,5% e 2,5% nos próximos anos.
Resultado foi pior que o de outros emergentes. A comparação não é tão positiva para o Brasil quando
se examina, não o valor monetário, mas a variação do PIB. Por esse critério, o país ficou na rabeira
do Bric (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China) e abaixo de outros emergentes. Numa
amostra com 18 economias, os 2,7% registrados em 2011 colocam o Brasil em oitavo lugar, atrás de
China (9,2%) e Índia e Peru (ambos com 6,9%), por exemplo. Mas o país bateu as principais
13/03/2012
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
A produção industrial caiu em nove dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) na passagem de dezembro de 2011 para janeiro deste ano. De acordo com dados
divulgados hoje (13), as maiores perdas foram observadas no Pará (-13,4%) e no Paraná (-11,5%).
Também foram verificadas reduções na atividade industrial mais intensas do que a média nacional (-
2,1%) no Rio de Janeiro (-5,9%) e no Ceará (-3,1%). Os outros locais onde a produção da indústria
caiu foram São Paulo (-1,7%), Santa Catarina (-1,6%), Minas Gerais (-1,3%), Pernambuco (-1,0%) e
o Espírito Santo (-0,4%).
Já a Bahia (12,6%), que havia acumulado perda de 11,4% nos meses de dezembro e novembro, a
Região Nordeste (5,7%), Goiás (3,3%), o Rio Grande do Sul (0,5%) e o Amazonas (0,1%) tiveram
aumento na produção de suas indústrias. Ainda de acordo com o levantamento, na comparação com
janeiro de 2011, o IBGE apurou queda em sete dos 14 locais pesquisados. O documento destaca que
o mês de janeiro de 2012 teve um dia útil a mais do que janeiro de 2011.
Os locais que apresentaram quedas mais expressivas do que a média nacional, que nessa base de
comparação ficou em –3,4%, foram Santa Catarina (-10,3%), o Rio de Janeiro (-9,2%), o Pará (-
8,5%), o Ceará (-8,3%) e São Paulo (-6,3%).
As demais taxas negativas foram observadas no Espírito Santo (-2,8%) e em Minas Gerais (-2,4%).
Já Goiás (25,4%) assinalou o crescimento mais acentuado, refletindo, especialmente, a maior
produção do setor de produtos químicos (medicamentos). Também com resultados positivos
aparecem: Pernambuco (11,3%), Rio Grande do Sul (7,8%), Bahia (6,5%), Paraná (4,8%), Região
Nordeste (3,8%) e Amazonas (1,7%).
No índice acumulado nos últimos 12 meses, na média nacional, houve queda de 0,2% em janeiro, o
primeiro resultado negativo desde março de 2010 (-0,3%), mantendo a trajetória descendente
iniciada em outubro de 2010 (11,8%).
Brasil ocupa a 84ª posição no ranking do IDH 2011 (Índice de Desenvolvimento Humano), em uma
lista que traz 187 países. O Brasil avançou uma posição em relação ao ano passado e tem
desenvolvimento humano considerado alto, segundo o relatório divulgado nesta quarta-feira pelo
Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
O IDH considera basicamente três aspectos: saúde, educação e renda. Para o Brasil, foram levados
em conta os seguintes dados: 7,2 anos médios de estudo, 13,8 anos esperados de escolaridade,
além de expectativa de vida de 73,5 anos. Em relação ao rendimento, foi registrada uma Renda
Nacional Bruta per capita de US$ 10.162 (ajustados pelo poder de compra).
O IDH varia de 0 a 1 --quanto mais próximo a 1, melhor a posição do país no índice. Considerando a
evolução do Brasil ao longo do tempo, o valor passou de 0,549 (em 1980) para 0,665 (em 2000),
chegando neste ano ao patamar de 0,718.
Tuca Vieira/Folhapress
Embora se enquadre na categoria de país com desenvolvimento humano elevado, o Brasil fica atrás
de dez países da América Latina. Na região, apenas Chile e Argentina têm desenvolvimento humano
considerado muito elevado.
TOPO DO RANKING
No ranking deste ano, a Noruega voltou a ocupar a 1ª posição da lista, seguida por Austrália e
Holanda. Os Estados Unidos ficaram em 4º lugar. Todos esses países têm desenvolvimento humano
considerado muito elevado, de acordo com o relatório apresentado pelo Pnud.
Na Noruega, por exemplo, a média de escolaridade é de 12,6 anos, enquanto no Brasil essa taxa fica
em 7,2 anos.
Todos os dez últimos colocados no ranking estão na África. A República Democrática do Congo ocupa
a última posição (187ª), com o menor índice de desenvolvimento humano, seguida por Niger e
Burundi.
Nos últimos anos, cerca de 3 milhões de pessoas morreram vítimas da guerra na República
Democrática do Congo, onde a esperança de vida ao nascer é de apenas 48,4 anos, segundo o
relatório do Pnud.
Desde o ano passado, o Pnud divulga também o IDH-D (o IDH ajustado à desigualdade). Esse índice
contabiliza a desigualdade na distribuição de renda, educação e saúde. Alguns países têm pontos
"descontados", como é o caso do Brasil. O IDH do Brasil neste ano é 0,718, enquanto o índice
ajustado à desigualdade fica em 0,519.
Outro índice divulgado pelo relatório é o IDG (Índice de Desigualdade de Gênero), que se baseia em
três pilares (saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica). No cálculo, são considerados
dados como a mortalidade materna e a taxa de participação no mercado de trabalho.
Numa lista de 146 países, o Brasil ficou com a 80ª posição do IDG. Um dos aspectos que pesou foi o
fato de o Brasil, segundo o relatório, ter apenas 9,6% dos assentos parlamentares ocupados por
mulheres.
22/03/2012
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
No ano passado, 2,7 milhões de brasileiros mudaram o perfil de renda, deixando as classes D e E
para fazer parte da classe C. Além disso, 230 mil pessoas saíram da classe C e entraram para as
classes mais ricas (A e B).
A maior da parte da população (54%) fazia parte da classe C em 2011, uma mudança em relação ao
verificado em 2005, quando a maioria (51%) estava na classe D/E. Um total de 22% dos brasileiros
está no perfil da classe A/B, o que também representa um aumento em comparação ao constatado
em 2005, quando a taxa era 15%.
É o que mostra a sétima edição da pesquisa Observador Brasil 2012, feita pela empresa Cetelem
BGN, do Grupo BNP Paribas, em parceria com o instituto Ipsos Publics Affairs.
“O aumento da renda disponível em todas as classes sociais indica que houve maior contenção de
gastos”, destaca a equipe técnica responsável pela pesquisa.
A floresta mais protegida do mundo abriga a tribo indígena mais ameaçada da atualidade. Situada na
porção leste da Amazônia, no noroeste do Maranhão, a tribo Awá vive uma “verdadeira situação de
genocídio”, segundo a ONG Internacional Survival.
Com pouco mais de 355 pessoas, a tribo enfrenta o avanço de madeireiros e pecuaristas sobre sua
reserva legal.
“As ameaças que sofrem os Awá, particularmente a violência e a escasez de caça na floresta, da qual
eles dependem para comer, são trazidas pelas madeireiras e pecuaristas ilegais”, diz Sarah Shenker,
da Survival.
Imagens de satélite revelam que mais de 30% da floresta, em um dos quatro territórios habitados
pelos Awá, já foi destruída.
Levantamento indica que população Awá caiu pela metade em 40 anos. Foto: @Survival
Para Rosana Diniz, cabe à Fundação Nacional do Índio (Funai) assegurar a proteção da tribo. “A
Funai criou, em 2010, a Frente de Proteção Awá-Guajá, mas até hoje ela não tem estrutura para
funcionar”, diz. Além disso, segundo ela, o Ministério Público maranhense possui ações que
recomendam à Funai, ao Ibama e à Polícia Federal a instalação de postos de vigilância nas áreas
mais assediadas por madereiros e pecuaristas.
No entanto, Travassos admite que a Frente de Proteção Awá-Guajá enfrentou dificuldades para a sua
implementação. “A Frente enfrentou problemas logísticos e de capacitação profissional para treinar
os agentes a atuarem em uma área extremamente violenta. Essas coisas levam tempo”.
Atualmente, a Funai já possui um posto de vigilância em uma das quatros aldeias Awá e mantém
ações nas outras aldeias isoladas para conseguir implementar futuros postos. “Ainda estamos na fase
de levantamento das problemáticas nas quatro aldeias e fazendo contato com as tribos. Depois disso,
pretendemos implantar postos nessas aldeias para garantir a proteção territorial e os direitos
indígenas”, revela Travasso. “Apostamos que a Frente consiga dar uma resposta eficiente aos
problemas da região”, completa.
Um levantamento realizado pelo antropólogo e ex-presidente da Funai Mércio Borges estima que
existiam de 500 a 600 índios Awá no noroeste do Maranhão. Hoje, a tribo se resume a 355 pessoas.
O Censo 2010 detectou, ainda, que, embora muitos indicadores tenham melhorado em dez anos, as
maiores desigualdades permanecem entre as áreas urbanas e rurais. O rendimento médio mensal
das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento1, ficou em R$ 1.202. Na área rural, o
valor representou menos da metade (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento das
mulheres (R$ 983) alcançou cerca de 71% do valor dos homens (R$ 1.392), percentual que variou
entre as regiões.
A taxa de analfabetismo, que foi de 9,6% para as pessoas de 15 anos ou mais de idade, caiu em
relação a 2000 (13,6%). A maior redução ocorreu na faixa de 10 a 14 anos, mas ainda havia, em
2010, 671 mil crianças desse grupo não alfabetizadas (3,9% contra 7,3% em 2000). Entre as
pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per
capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%, ao passo que na classe
que vivia com 5 ou mais salários mínimos foi de apenas 0,3%.
Apesar de a infraestrutura de saneamento básico ter apresentado melhorias entre 2000 e 2010,
mesmo nas regiões menos desenvolvidas, estas não foram suficientes para diminuir as desigualdades
regionais no acesso às condições adequadas. A região Sudeste se destacou na cobertura dos três
serviços (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo), ao passo que o Norte e o
Nordeste, apesar dos avanços, estão distantes dos patamares da primeira. Um exemplo é o
abastecimento de água por rede geral, que atingiu 90,3% dos domicílios do Sudeste, bem acima dos
54,5% na região Norte.O Censo 2010 detectou também mudanças na composição por cor ou raça
declarada. Dos 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15
milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas.
Registrou-se uma redução da proporção brancos, de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um
crescimento de pretos pardos e amarelos. Foi a primeira vez que um Censo Demográfico registrou
uma população branca inferior a 50%.
Ao investigar a possibilidade de haver mais de uma pessoa considerada responsável pelo domicílio,
observou-se que cerca de 1/3 deles tinha mais de um responsável. Nos demais, o homem foi
apontado como único responsável em 61,3% das unidades domésticas. A mulher mostrou-se mais
Além destes, os resultados do Universo do Censo Demográfico 2010 apresentam dados sobre
crescimento e composição da população, unidades domésticas, óbitos, registro de nascimento, entre
outros. As informações, coletadas em todos os 57.324.167 domicílios, estão disponíveis para todos os
níveis territoriais, inclusive os bairros de todos os municípios do país. A exceção fica por conta das
informações sobre rendimento que, por serem ainda preliminares, não estão sendo divulgadas para
níveis geográficos mais desagregados.
O número estimado de brasileiros residentes no exterior chegou a 491.645 mil em 193 países do
mundo em 2010, sendo 264.743 mulheres (53,8%) e 226.743 homens (46,1%); 60% dos
emigrantes tinham entre 20 e 34 anos de idade em 2010. Este resultado não inclui os domicílios em
que todas as pessoas podem ter emigrado e aqueles em que os familiares residentes no Brasil podem
ter falecido. O principal destino era os Estados Unidos (23,8%), seguido de Portugal (13,4%),
Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%), que, juntos, receberam 70,0% dos
emigrantes brasileiros. A origem de 49% deles é a região Sudeste, especialmente São Paulo (21,6%)
e Minas Gerais (16,8%), respectivamente primeiro e segundo estados do país de onde saíram mais
pessoas (106.099 e 82.749, respectivamente).
Os EUA foram o principal destino da população oriunda de todos os estados, especialmente de Minas
Gerais (43,2%), Rio de Janeiro (30,6%), Goiás (22,6%), São Paulo (20,1%) e Paraná (16,6%). O
Japão é o segundo país que mais recebe os emigrantes de São Paulo e Paraná, respectivamente
20,1% e 15,3%. Portugal surge como segunda opção da emigração originada no Rio de Janeiro
(9,1%) e em Minas Gerais (20,9%). As pessoas que partiram de Goiás elegeram a Espanha como o
segundo lugar preferencial de destino, o que representou 19,9% da emigração. Esse país aparece
como segunda ou terceira opção de uma série de outras unidades da federação, o que permite inferir
que a proximidade do idioma estaria entre as motivações da escolha.
Censo contabiliza 133,4 mortes de homens para cada 100 óbitos de mulheres
Em 2010, o Censo também introduziu a investigação sobre a ocorrência de óbitos de pessoas que
haviam residido como moradores do domicílio. Entre agosto de 2009 e julho de 2010 foram
contabilizados 1.034.418 óbitos, sendo 591.252 homens (57,2%) e 443.166 mulheres (42,8%). O
maior número de óbitos masculinos resultou numa razão de sexo de 133,4 mortes de homens para
cada grupo de 100 óbitos do sexo feminino.
A maior sobremortalidade masculina foi em Rondônia, 165,7 óbitos de homens para 100 mortes de
mulheres, fruto de dois fatores: uma maior participação masculina na população total (razão de sexo
para a população total de 103,4 homens para cada grupo de 100 mulheres, a segunda mais elevada
do país) e uma maior mortalidade da população masculina em relação à feminina. Já a menor razão
de óbitos pertenceu ao Rio de Janeiro, 116,7 falecimentos masculinos para cada grupo de 100
femininos. Esse fato pode ser explicado por ser o estado com a menor participação de homens na
população total, 47,7%.
Na faixa de 20 a 24 anos, o menor valor pertence ao Amapá, 260 óbitos masculinos para cada grupo
de 100 mortes da população feminina. No outro extremo, Alagoas apresenta a relação de 798 óbitos
de homens para cada 100 mulheres mortas. Com exceção de Maranhão (397,7 homens para cada
100 mulheres) e Piauí (391,7 homens para cada 100 mulheres), todos os demais estados da região
Nordeste estavam acima da média nacional (419,6 homens para cada 100 mulheres). Na região
Centro-Oeste, somente Goiás (421,7 homens para cada 100 mulheres) se encontrava acima dessa
média. Na Sudeste, os estados do Rio de Janeiro (476,7 homens para cada 100 mulheres) e Espírito
Santo (466,9 homens para cada 100 mulheres) apresentaram razões acima da encontrada para o
Brasil.
3,4% dos óbitos são de crianças menores de um ano e 43,9% são de idosos
No Brasil, 3,4% dos óbitos ocorreram antes do primeiro ano de vida. Esse valor, segundo as
Estatísticas do Registro Civil de 1980, era de 23,3%, um declínio de 85,4% em 30 anos. A menor
participação foi encontrada no Rio Grande do Sul (2,1%), seguido do Rio de Janeiro (2,3%), Minas
Gerais (2,7%), São Paulo (2,7%) e Santa Catarina (2,8%). No outro extremo, Amazonas (8,5%),
Amapá (7,9%), Maranhão (7,1%) e Acre (7,0%). Todos os estados das regiões Sudeste e Sul estão
abaixo da média nacional, além de Paraíba (3,2%), Rio Grande do Norte (3,3%), Pernambuco (3,3%)
e Goiás (3,4%).
O grupo de 70 anos ou mais de idade, que representava 2,3% da população em 1980, passou em
2010 para 4,8% do total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o
aumento da participação dos óbitos desse grupo no total de mortes. Para o Brasil, a participação dos
óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi de 43,9%. Roraima possui a mais baixa
participação, 30,4%, seguido do Amapá (31,9%) e Pará (34,3%). As maiores participações foram
encontradas no Rio Grande do Norte (50,2%), Paraíba (48,8%) e Rio Grande do Sul (48,4%).
Os padrões de mortalidade das áreas urbana e rural são próximos. As maiores diferenças são
observadas até os 15 anos. Enquanto na área urbana o grupo de menores de 1 ano concentra 3,1%
do total de óbitos, na área rural este percentual é de 5,4%. A maior diferença foi encontrada no
grupo de 1 a 4 anos, onde o percentual da área rural (1,6%) foi mais que o dobro do da área urbana
(0,7%). Em contraste com a área urbana, a participação dos óbitos de menores de 1 ano em relação
à população total, na área rural, assume valores bem significativos no Amazonas (16,0%), Amapá
(15,0%), Acre (12,6%), Pará (11,1%) e Maranhão (10,2), os únicos que apresentaram percentuais
acima de 10%.
Em 2010, a idade média da população foi de 32,1 anos, sendo 31,3 anos para os homens e 32,9 para
as mulheres. A maior diferença foi no Rio de Janeiro, 2,5 anos em favor das mulheres. As idades
médias mais altas estavam nas regiões Sul (33,7 anos) e Sudeste (33,6), seguidas do Centro-Oeste
(31,0), Nordeste (30,7) e Norte (27,5). Sete estados possuíam idade média acima da nacional: Rio
Grande do Sul (34,9 anos), Rio de Janeiro (34,5), São Paulo (33,6), Minas Gerais (33,3), Santa
Catarina (33,0), Paraná (32,9) e Espírito Santo (32,4). A menor encontrava-se no Amapá, 25,9 anos.
A idade média da população urbana era de 27,1 anos em 1991, atingindo 32,3 anos em 2010, um
acréscimo de 5,2 anos. Na área rural, este valor, que era de 24,8 anos em 1991, alcançou 30,6 anos
em 2010. Os diferenciais das idades médias segundo a situação do domicílio diminuíram de 2,3 anos
em favor da área urbana para 1,7 ano em 2010. O maior aumento entre 1991 e 2010 se deu na área
rural da região Sul: 7,5 anos, onde a idade média passou de 27,4 para 34,9 anos. O Rio Grande do
Sul apresentou a maior idade média da população rural, 37,2 anos, o Amazonas teve a menor, 24,0
anos. Goiás apresentou o maior incremento na idade média na área rural entre 1991 e 2010,
passando de 25,7 anos para 33,6 anos (7,8 anos).
Dos cerca de 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15
milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas.
Registrou-se uma redução da proporção brancos de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um
crescimento de pretos (de 6,2% para 7,6%) e pardos (de 38,5% para 43,1%).
Cerca de 30% da população indígena de até 10 anos não tem registro de nascimento
O Censo 2010 mostra que 98,1% das crianças com até 10 anos eram registradas em cartório. Dentre
os menores de 1 ano de idade, a cobertura do registro civil de nascimento foi de 93,8%, elevando-se
para 97,1% para as pessoas com 1 ano completo e aumentando, consecutivamente, para as demais
idades. A pesquisa considerou a existência de registro público feito em cartório, a Declaração de
Nascido Vivo (DNV) ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).
A região Norte foi a que teve as menores proporções de pessoas com o registro de nascimento por
grupo etário. Entre os menores de 1 ano, 82,4% tinham registro civil de nascimento, número inferior
ao da região Nordeste (91,2%). Em ambas, o percentual ficou abaixo do observado em todo o país
(93,8%). A região Sul teve o melhor resultado, com 98,1%. Nessa faixa etária, as menores
proporções foram no Acre (83,1%), Maranhão (83,0%), Pará (80,6%), Roraima (80,2%) e Amazonas
(79,0%). No Amazonas (87,9%) e em Roraima (85,5%), mesmo entre as crianças com 1 ano
completo, o percentual das que tinham registro civil foi significativamente inferior à média do país
(97,1%).
Era menor a proporção de registro civil de nascimento para a população indígena em relação às
demais categorias de cor ou raça. Enquanto brancos, pretos, amarelos e pardos tiveram percentuais
iguais ou superiores a 98,0%, a proporção entre os indígenas foi de 67,8%. Para os menores de 1
ano, as proporções nas regiões Centro-Oeste (41,5%) e Norte (50,4%) são inferiores aos demais
grupos, todos acima de 80%.
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 9,6% em 2010, uma
redução de 4 pontos percentuais em relação a 2000 (13,6%). O indicador diminuiu de 10,2% para
7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Entre os homens, declinou de 13,8% para
9,9%, e de 13,5% para 9,3%, entre as mulheres.
Regionalmente, as maiores quedas em pontos percentuais se deram no Norte (de 16,3% em 2000
para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas
regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para
7,2%). A menor taxa encontrada foi no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas.
No contingente de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento mensal domiciliar per
capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%. Nas classes de mais de ¼
a ½ e de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, a taxa caía de patamar, atingindo 12,2% e
10,0%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de 1 a 2 salários mínimos
(3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na
classe de 2 a 3 salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais.
Na faixa de 10 a 14 anos, havia, em 2010, 671 mil crianças não alfabetizadas (3,9%). Em 2000, este
contingente atingia 1,258 milhão, o que representava 7,3% do total. No período intercensitário, a
proporção diminuiu de 9,1% para 5,0%, no segmento masculino, e de 5,3% para 2,7%, no feminino.
A proporção baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural.
Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução
significativa em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65
anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010.
Em 2010, o rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento foi
R$ 1.202. Na área rural, representou 46,1% (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O
rendimento médio mensal das mulheres (R$ 983) representou 70,6% dos homens (R$ 1.392), sendo
que esse percentual variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os
homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens).
Em termos regionais, Centro-Oeste (R$ 1.422) e Sudeste (R$ 1.396) tiveram os rendimentos mais
elevados, vindo em seguida o Sul (R$ 1.282). A região Nordeste teve o menor rendimento (R$ 806),
56,7% do verificado no Centro-Oeste, enquanto o segundo mais baixo foi o da Norte (R$ 957,00),
que representou 67,3% do valor do Centro-Oeste.
A parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhava 44,5% do total e a dos 10% com os mais
baixos, 1,1%. Já o contingente formado pelos 50% com os menores rendimentos concentrava 17,7%
do total.
O Índice de Gini, que mede o grau de concentração dos rendimentos, ficou em 0,526. Ele varia de
zero, a igualdade perfeita, a um, o grau máximo de desigualdade. Nas regiões, o mais baixo foi o da
Sul (0,481) e o mais alto, da Centro-Oeste (0,544). O Índice de Gini da área urbana (0,521) foi mais
elevado que o da rural (0,453).
A distribuição das pessoas de 10 anos ou mais por classes de rendimento mostrou que, na área rural,
os percentuais de pessoas nas classes sem rendimento (45,4%) e até um salário mínimo (15,2%)
foram maiores que os da urbana (35,6% e 4,8%, respectivamente). Já a parcela que ganhava mais
de cinco salários mínimos mensais ficou em 1,0% na área rural e 6,0% na urbana.
Os percentuais da parcela feminina foram maiores que os da masculina nas classes sem rendimento
(43,1% e 30,8%), até ½ salário mínimo (8,0% e 4,6%) e até 1 salário mínimo (21,5% e 20,8%).
O percentual de pessoas sem rendimento na população de 10 anos ou mais de idade foi mais
elevado nas regiões Norte (45,4%) e Nordeste (42,3%) e mais baixo na Sul (29,9%), ficando
próximos os da Sudeste (35,1%) e Centro-Oeste (34,8%). Quanto ao contingente que recebia mais
de cinco salários mínimos mensais, os percentuais das regiões Nordeste (2,6%) e Norte (3,1%)
O rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi de
R$ 2.222, alcançando R$ 2.407, na área urbana, e R$ 1.051 na rural. Entre as regiões, os mais altos
foram os do Centro-Oeste (R$ 2.616) e Sudeste (R$ 2.592), seguidos da Sul (R$ 2.441). Em
patamares mais baixos ficaram as regiões Nordeste (R$ 1.452) e Norte (R$ 1.765). O maior
distanciamento entre os rendimentos médios domiciliares das áreas urbana e rural foi o da região
Nordeste (R$ 2.018 contra R$ 910) e o menor, da Sul (R$ 2.577 contra R$ 1.622).
Entre as unidades da federação, o rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento do
Distrito Federal foi destacadamente o mais elevado (R$ 4.635), seguido pelo de São Paulo (R$
2.853). No outro extremo, ficaram Maranhão (R$ 1.274) e Piauí (R$ 1.354).
Do conjunto dos domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar, os 10% com os
rendimentos mais altos detiveram 42,8% do total, e os 10% com os menores, 1,3%. Os 50% com os
menores rendimentos ficaram com 16,0% do total. O rendimento médio mensal domiciliar dos 10%
com os maiores rendimentos foi R$ 9.501 e dos 10% com os menores, R$ 295.
O Índice de Gini da distribuição do rendimento mensal dos domicílios com rendimento domiciliar foi
de 0,536. Ele foi mais baixo na região Sul (0,480) e mais alto no Nordeste (0,555). Em todas as
regiões, o Índice de Gini da área urbana foi sensivelmente mais alto que o da rural.
A comparação das distribuições dos domicílios por classes de rendimento mensal domiciliar per capita
mostrou que a concentração dos domicílios rurais nas classes sem rendimento (7,2%), até 1/8 do
salário mínimo (13,1%), até ¼ do salário mínimo (14,5%) e até ½ salário mínimo (24,0%) foi
substancialmente maior que a dos urbanos (3,8%, 2,1%, 5,5% e 16,1%, respectivamente). No
agregado destas classes, encontravam-se 27,6% dos domicílios urbanos e 58,8% dos rurais. Por
outro lado, 11,8% dos domicílios urbanos tinham rendimento domiciliar per capita de mais de três
salários mínimos, enquanto que para os rurais esse percentual ficou em 1,7%.
Segundo o Censo 2010, havia no Brasil cerca de 57 milhões de unidades domésticas, com um
número médio de 3,3 moradores cada uma. Do total de indivíduos investigados, 30,2% eram
responsáveis pela unidade doméstica. Desses, 61,3% eram homens (35 milhões) e 38,7%, mulheres
(22 milhões). A maioria dos responsáveis (62,4%) tinha acima de 40 anos de idade.
A distribuição do total de unidades domésticas pelos diferentes tipos de constituição mostra que, em
2010, 65,3% eram formadas por responsável e cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente (37,5
milhões de unidades). O Censo 2010 abriu a possibilidade de registro de cônjuge ou companheiro de
mesmo sexo do responsável, o que se verificou em algo em torno de 60.000 unidades domésticas no
país, 0,1% do total.
Entre as unidades domésticas compostas por responsável e cônjuge, em 68,3% havia pelo menos um
filho do responsável e do cônjuge (44,6% do total de unidades domésticas). Já os tipos constituídos
por pelo menos um filho somente do responsável ou ao menos um filho somente do cônjuge
(enteado do responsável) corresponderam, respectivamente, a 4,8% e 3,6% do total de unidades
domésticas. Na distribuição das pessoas residentes, destaca-se a importância dos netos (4,7%), um
contingente mais expressivo que o de outros parentes ou conviventes, revelando a existência de uma
convivência inter-geracional no interior das unidades domésticas.
O Censo 2010 também investigou a possibilidade de haver mais de uma pessoa responsável pela
unidade doméstica. Em caso afirmativo, foi solicitado que se elegesse uma delas para o
preenchimento dos dados de relação de parentesco dos demais membros da unidade doméstica. No
Brasil, cerca de 1/3 das unidades domésticas tinha mais de um responsável. Ao se segmentar por
O Censo 2010 mostra um Brasil com predomínio de domicílios particulares permanentes (99,8%) do
tipo casa (86,9%) e apartamento (10,7%). Dependendo da localização, há distinções marcantes na
sua forma de ocupação. Entre os urbanos, predominam os próprios (72,6%) e os alugados (20,9%).
Nas áreas rurais, apesar de a maioria dos domicílios serem próprios (77,6%), há um percentual
significativo de cedidos (18,7%).
No Brasil, 82,9% dos domicílios eram atendidos por rede geral de abastecimento de água em 2010,
um incremento de 5,1 pontos percentuais em relação a 2000. Na área urbana, o percentual passou
de 89,8% para 91,9%, ao passo que na rural, subiu de 18,1% para 27,8%. Este avanço ocorreu em
todas as regiões, embora de forma desigual. Sudeste e Sul continuaram sendo, em 2010, as regiões
que tinham os maiores percentuais de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água
(90,3% e 85,5%, respectivamente), em contraste com o Norte (54,5%) e Nordeste (76,6%) que,
apesar dos avanços, continuaram com os percentuais mais baixos.
Entre 2000 e 2010, a proporção de domicílios cobertos por rede geral de esgoto ou fossa séptica
(consideradas alternativas adequadas e esgotamento sanitário) passou de 62,2% para 67,1% em
todo o país. O mesmo se deu em quatro das cinco regiões, com exceção da Norte, onde o aumento
de 2,0 pontos percentuais na área rural (de 6,4% em 2000 para 8,4% em 2010) não foi suficiente
para compensar a queda de 6,1 pontos percentuais ocorrida nas áreas urbanas (de 46,7% para
40,6%). O Sudeste continuou sendo a região com as melhores condições, passando de uma
cobertura de 82,3% dos domicílios, em 2000, para 86,5%, em 2010. Segue-se a região Sul, que
passou de 63,8% para 71,5%. A região Centro-Oeste apresentou o maior crescimento de domicílios
com rede geral ou fossa séptica no período, acima de 10%. A despeito da melhoria das condições de
esgotamento sanitário, o Centro-Oeste tinha pouco mais da metade de seus domicílios com
saneamento adequado (51,5%) e o Norte (32,8%) e Nordeste (45,2%) apresentaram patamares
ainda mais baixos. Nessas regiões, as fossas rudimentares eram a solução de esgotamento tanto
para domicílios urbanos quanto rurais.
Como os demais serviços de saneamento, a coleta de lixo aumentou no período entre os Censos,
passando de 79,0% em 2000 para 87,4% em 2010, em todo o país. A cobertura mais abrangente se
encontrava no Sudeste (95%), seguida do Sul (91,6%) e do Centro-Oeste (89,7%). Norte (74,3%) e
Nordeste (75,0%%), que tinham menores coberturas (57,7% e 60,6%), apresentaram os maiores
crescimentos em dez anos, de 16,6 e 14,4 pontos percentuais respectivamente. Nas áreas urbanas o
serviço de coleta de lixo dos domicílios estava acima de 90%, variando de 93,6% no Norte a 99,3%
no Sul. Nas áreas rurais, o serviço se ampliou na comparação com 2000, passando de 13,3% para
26,0%, em média.
Em relação às demais formas de destino do lixo, há melhoras em 2010, principalmente nas áreas
rurais, porém, a dificuldade e o alto custo da coleta do lixo rural tornam a opção de queimá-lo a mais
adotada pelos moradores dessas regiões. Essa alternativa cresceu em torno de 10 pontos
percentuais, passando de 48,2% em 2000 para 58,1% em 2010. A solução de jogar o lixo em terreno
Em 2010, dos serviços prestados aos domicílios, a energia elétrica foi a que apresentou a maior
cobertura (97,8%), principalmente nas áreas urbanas (99,1%), mas também com forte presença no
Brasil rural (89,7%). Com exceção das áreas rurais da região Norte, onde apenas 61,5% dos
domicílios tinham energia elétrica fornecida por companhias de distribuição, as demais regiões
apresentaram uma cobertura acima de 90%, variando de 90,5% no Centro-Oeste rural a 99,5% nas
áreas urbanas da região Sul.
Em 2010 havia 1,3% de domicílios sem energia elétrica, com maior incidência nas áreas rurais do
país (7,4%). A situação extrema era a da região Norte, onde 24,1% dos domicílios rurais não
possuíam energia elétrica, seguida das áreas rurais do Nordeste (7,4%) e do Centro-Oeste (6,8%).
_______________
1
Os dados utilizados para gerar os resultados de rendimento são preliminares, pois ainda não foram
submetidos a todos os processos de crítica e imputação previstos para a apuração do Censo
Demográfico 2010
www.acasadoconcurseiro.com.br Prof. Cássio Albernaz Página 48
ATUALIDADES – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Educação
Além da Universidade Paulista (Unip), outras 30 instituições são suspeitas de fraudes para inflar as
notas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), uma das ferramentas de
avaliação do ensino superior. O Ministério da Educação (MEC) descobriu grandes disparidades nas
notas dessas universidades de um ano para o outro.
Questionado, o MEC não revelou a lista das instituições. Também não há definição sobre quais serão
as providências em relação a esses casos, mas o ministério afirmou que vai "agir com o mesmo rigor"
que demonstrou com a Unip. O Estado apurou que o assunto tem sido tratado com cautela, porque a
pasta não teria estrutura para uma intervenção mais decisiva em todas essas instituições.
Os casos não foram descobertos agora pelo MEC. Já eram conhecidos pela pasta ainda na gestão do
ministro Fernando Haddad (PT), que deixou o cargo em janeiro. A pasta não informou exatamente
quando apurou as possíveis irregularidades e por que não tomou providências até agora ou se já
pediu esclarecimentos às instituições.
Inflar. Conforme o Estado revelou no início do mês, a Unip apresentou grandes saltos nas notas de
alguns cursos. No curso de Nutrição, por exemplo, a nota subiu 207% do Enade de 2007 para o de
2010, muito acima da melhora na média nacional, de 25%. Segundo especialistas, seria impossível
transformar e melhorar um curso superior em um prazo tão curto.
Para inflar as notas no exame, a Unip é acusada de lançar mão de um esquema para que apenas os
melhores alunos façam a prova. Quanto menor o número de inscritos, melhor é o resultado da
instituição. Estudantes de desempenho acadêmico médio para baixo ficam com notas em aberto na
época em que as instituições devem fazer as inscrições dos alunos para o Enade.
A Unip nega selecionar os melhores alunos para os exames. Atribui a melhora no Enade à criação de
uma comissão para analisar os cursos.
O MEC não sabe se as outras 30 instituições usaram a mesma estratégia da Unip, mas as suspeitas
vão nessa direção. O Enade é feito pelos calouros e formandos do ensino superior para avaliar os
estudantes. O exame também compõe o conceito de qualidade das graduações. Grande parte das
universidades do País usam o desempenho no Enade em peças publicitárias para atrair novos alunos.
Além dos alunos que se formarem em dezembro de 2012, como previa a norma atual, terão de fazer
a prova, em novembro, estudantes que concluírem o curso seis meses depois, em agosto de 2013.
Isso resolveria o problema de postergar a formatura de um grupo de alunos por um semestre para
fazer com que só os melhores façam o exame.
O MEC também estuda medida que diz respeito a alunos transferidos de uma universidade a outra no
último ano da graduação. A ideia é fazer com que a nota do estudante seja atribuída à instituição
onde ele estava originalmente matriculado. A medida visa a evitar que universidades reprovem em
massa estudantes de baixo desempenho antes do Enade.
Desastres no trânsito
Autor(es): David Duarte Lima
Correio Braziliense - 13/01/2012
"O mais escandaloso do escândalo é que nos acostumamos a ele." (Simone Beauvoir)
Preocupado com índices econômicos, superavit primário, taxas de juros e metas de inflação, que
garantem nossa ascensão à sexta economia do mundo, o governo parece não se dar conta da
tragédia que impera nas ruas. Como só viaja de avião, a burocracia estatal é incapaz de compreender
a tragédia das estradas, pontilhadas por cruzes, e se restringe a apresentar a contabilidade fúnebre
após as festas de fim de ano, carnaval e feriados prolongados, como se isso ajudasse ou confortasse
as famílias das vítimas.
O governo atribui a ocorrência dos desastres apenas à irresponsabilidade dos motoristas e se limita a
aumentar o infortúnio no inventário nefasto. Convenientemente desconsidera sua responsabilidade
na habilitação de motoristas, no estado precário das estradas e na fiscalização do trânsito. Submetido
à barganha política de quinta categoria, o órgão nacional de trânsito, o Denatran, tem na inépcia sua
expressão máxima.
O corolário do descaso não poderia ser outro: em 2010 batemos o recorde de mortes no trânsito e
em 2011 superaremos essa marca sem dificuldade. Acreditando na metamorfose da tragédia em
estatística, governo e sociedade parecem se unir em torno do lema do ditador soviético Joseph Stálin
que "a morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões, uma estatística". Essa parece ser a única
explicação plausível para não nos darmos conta de que nos últimos 30 anos 1 milhão de pessoas
morreram no nosso trânsito e 20 milhões ficaram feridas. Nesse período, 5 milhões de brasileiros
foram para cadeiras de rodas ou ficaram com lesões irreversíveis.
Por incrível que possa parecer, o custo de R$ 1 trilhão dos desastres de trânsito não está
contabilizado nos índices econômicos. Países desenvolvidos tratam o trânsito com seriedade. Em
1966, o presidente Lyndon Johnson foi alertado sobre a mortandade no trânsito do seu país. "Mais de
1,5 milhão de nossos cidadãos morreram em nossas ruas e estradas neste século; cerca de três
vezes o número de americanos que perdemos em todas as nossas guerras", disse ao assinar o "Plano
de Segurança no Trânsito". Em 2010, os Estados Unidos tiveram o menor número de mortos no
A Bélgica, outro exemplo, multiplicou por 10 a frota de veículos automotores nos últimos 60 anos,
mas em 2010 teve o menor número de vítimas de trânsito de sua história. Esses países fazem
diagnósticos dos problemas, realizam pesquisas em profundidade, estabelecem metas e promovem
ações para reduzir a violência no trânsito. Os programas desses governos são robustos, há
comprometimento das autoridades e efetiva participação da sociedade.
No Brasil, temos um longo caminho a percorrer. Em muitos aspectos parece que estamos na idade da
pedra. Nossas estatísticas de trânsito deixam muito a desejar. Relegadas a plano secundário, as
perícias, essenciais para estabelecer medidas preventivas, são feitas à matroca. Sem perícias
criteriosas, as demandas judiciais dos desastres de trânsito não prosperam. A Justiça, de outra parte,
tem mostrado excessiva benevolência com os motoristas infratores, promovendo a terrível
impunidade, que anda de mãos dadas com a irresponsabilidade e o risco.
Construídas com tecnologia dos anos 1950, nossas estradas são perigosas, incompatíveis com os
tempos atuais. Quando se modernizam para os carros, nossas cidades espremem pedestres e
ciclistas entre o muro e a morte. Milhões são gastos em viadutos enquanto passagens para
pedestres, calçadas e ciclovias enfrentam a intransponível má vontade burocrática. Mal equipados e
sem treinamento, os agentes de trânsito não conseguem conferir à fiscalização eficiência mínima.
Para completar a patogenia, boa parte dos nossos veículos circulam sem manutenção, à espera de
mais vítimas.
É preciso dar um basta! Todos os dias milhares de brasileiros são feridos ou têm a vida
precocemente interrompida por desastres de trânsito. Não podemos mais esperar. Medidas como uso
do cinto de segurança, controle de velocidade em áreas urbanas, aperfeiçoamento da fiscalização,
inspeção de segurança dos veículos, educação de trânsito para pedestres e ciclistas, que demandam
poucos recursos e têm grande impacto na redução do número de vítimas, podem ser o começo da
virada.
Temos que encarar a empreitada. Chega de contar mortos e transformá-los em estatísticas para
tentar esmaecer a face cruel do trânsito. Os belos índices econômicos não conseguem camuflar a
procissão de cadáveres e mutilados nas ruas, ou estancar o choro das famílias enlutadas.
Para evitar que a revolta dos policiais da Bahia se alastre por outros estados, o Palácio do Planalto
deve aumentar o efetivo de tropas em Salvador, forçar o fim do movimento e restabelecer a ordem.
Ontem, soldados do Exército e manifestantes entraram em choque. Familiares dos grevistas, entre
eles crianças, também estão acampados no prédio da Assembleia Legislativa.
Tropas federais dão demonstração de força e cercam policiais grevistas ampliando a tensão
provocada pela greve na Bahia. Planalto avalia aumentar o contingente de homens e diz que não vai
negociar piso salarial. Uma coisa é a reivindicação, que é um direito legítimo e constitucional. A outra
é buscar o vandalismo, provocar pânico na população, o que é intolerável" disse José Eduardo
Cardozo, ministro da Justiça.
O agravamento da tensão na Bahia provocada pela greve geral de policiais militares e a ameaça de
outros estados replicarem o movimento fez o governo federal endurecer ainda mais as ações contra a
paralisação que completa oito dias hoje. De um lado da mesa, o Palácio do Planalto já fala em
ampliar o atual contingente das tropas federais no estado, atualmente em 4 mil homens. Do outro,
corporações de outras partes do país tentam intensificar a reivindicação por aumento salarial
ensaiando ações semelhantes. Ontem, os grevistas chegaram a entrar em confronto com o Exército
durante operação que cercou a Assembleia Legislativa baiana, utilizada como bunker pelos PMs. O
conflito teve tumultos, disparos de balas de borracha, bombas de efeito moral e gente machucada.
Embora a tropa federal seja a maior já encaminhada a um estado em crise, o número de homicídios
chega a 93 na região metropolitana de Salvador desde o início da paralisação. A presença dos
policiais federais, da Força Nacional e das Forças Armadas não foi suficiente para diminuir um dos
principais problemas no estado: o vandalismo. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
prometeu rigor na identificação dos responsáveis. "Uma coisa é a reivindicação, que é um direito
legítimo e constitucional. A outra é buscar o vandalismo, provocar pânico na população, o que é
intolerável", afirmou Cardozo.
A presidente Dilma Rousseff determinou ontem que o ministro faça tudo para manter a ordem na
Bahia. O temor de que o movimento seja replicado pelo país é real. Na sexta-feira e no sábado,
representantes de sindicatos e associações de policiais civis de vários estados se reunirão em Brasília,
convocados pela Confederação Brasileira de Policiais Civis (Cobrapol). Policiais militares e civis do Rio
de Janeiro farão uma assembleia na capital fluminense também na sexta. Nos dois encontros, a
pauta é uma proposta de greve geral.
O debate em torno dos royalties da produção de petróleo se dá em torno das disputas entre os
estados e o governo federal, principalmente o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. O lucro da produção
de petróleo é divide entre o governo federal, os estados, e os municípios produtores ou com
instalações de refino e de auxílio à produção. As empresas petrolíferas pagam 10% do valor de cada
barril extraído pelo direito de explorar o produto. Hoje em dia, esses 10% dos royalties do petróleo
são divididos da seguinte forma:
- União: 47,5%
No entanto, alegando que o petróleo é uma riqueza nacional, uma Proposta de Lei do Deputado
Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que acabou vetada pelo presidente Lula, determinava uma nova
divisão dos royalties do petróleo. A distribuição ficaria assim determinada:
- União: 40%
Essa nova divisão dos royalties tinha por objetivo, além da camada pré-sal (cuja produção em larga
escala está prevista para 2020), as jazidas e campos já licitados e explorados, como, por exemplo, a
Bacia de Campos. A “Emenda Ibsen”, de autoria dos deputados, Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e
Humberto Souto (PPS-MG), foi aprovada na Câmara dos Deputados com 329 votos a favor e 72
contra. No entanto, para que essa emenda passasse a vigorar, ela teria que ser aprovada pelo
Senado, e foi, e pelo Presidente da República, que vetou.
Caso fosse aprovada, o Rio de Janeiro, maior produtor nacional de petróleo (83% da produção
nacional), deixaria de receber aproximadamente 7,3 bilhões de reais por ano em royalties. O Espírito
Santo seria outro estado bastante prejudicado. A “Emenda Ibsen” tinha como proposta que a União
paguesse o montante que os estados e municípios deixassem de receber, em decorrência da nova lei
de divisão dos royalties.
O atual texto que tramita na Câmara foi elaborado pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), após
meses de negociações em torno da proposta apresentada pelo senador Wellington Dias (PT-PI), da
qual foi relator.
O projeto, que enfrenta forte oposição dos principais estados produtores (Rio de Janeiro e Espírito
Santo), determina a redução de 50% para 42% da parcela da União na chamada participação
especial – tributo pago pelas empresas pela exploração de grandes campos de petróleo,
principalmente os recém-descobertos na camada pré-sal.
A participação especial não inclui os royalties – valores que a União, estados e municípios recebem
das empresas pela exploração do petróleo. Os repasses variam de acordo com a quantidade
explorada. Em relação aos royalties, o relatório traz uma redução de 30% para 20% na fatia
destinada ao governo. Para compensar o governo, o relator propôs que, a partir de 2013, a União
receba uma compensação na participação especial de 1% por ano, até chegar a 46% em 2016.
O relatório também traz perdas para os estados produtores, que terão a sua parcela de royalties
reduzida de 26,25% para 20%. A participação especial destinada aos estados produtores, segundo o
relatório, cai de 40% para 20%.
Vital do Rêgo disse ter definido os percentuais de forma a garantir uma receita de R$ 11,1 bilhões
em 2012 aos estados produtores. Em 2010, eles receberam R$ 7 bilhões. Os estados não produtores,
que receberam R$ 160 milhões em 2010, receberão R$ 4 bilhões em 2012, se o projeto for aprovado
como está.
Partilha
A proposta altera duas leis que tratam do assunto. Uma delas é a 12351/10, que deve sofrer
mudança na parte sobre a partilha dos royalties. Serão criados os regimes de concessão e partilha, e
será definido o índice de 15% do valor da produção para fazer a compensação financeira pela
exploração de petróleo e gás natural aos municípios, estados e União.
O texto determina, por exemplo, que os critérios para os valores dos royalties sejam definidos em ato
do Poder Executivo, em função dos preços de mercado, das especificações do produto e da
localização do campo onde for feita a exploração.
Um dos artigos mais polêmicos determina que, sob o regime de partilha de produção, os royalties
serão pagos da seguinte forma: estados e municípios produtores receberão 20% e 10%
Esses percentuais serão pagos quando a produção ocorrer em terra, lagos e rios.
Caso a exploração do petróleo ocorra em mar territorial — uma faixa de águas costeiras que alcança
22 quilômetros do litoral —, os estados e municípios produtores receberão 22% e 5%
respectivamente; os dois fundos criados para beneficiar estados e municípios ficarão com 24,5%
cada; e a União receberá 22% para aplicar num fundo social. Outros 2% ficarão para os municípios
afetados pela exploração do petróleo.
A outra norma a ser alterada é a Lei 9478/97, sobre a política energética nacional e o monopólio do
petróleo. A mudança é para revogar dispositivos que definem percentuais de divisão dos royalties
somente entres os estados e municípios produtores e a União.
Tramitação
A proposta, que tramita em regime de prioridade, será analisada por uma comissão especial, que
ainda precisa ser constituída. Depois, será votada pelo Plenário da Câmara.
O relator do projeto sobre a partilha dos royalties do petróleo (PL 2565/11, do Senado), deputado
Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou nesta terça-feira (20) que os estados e municípios produtores não
terão perda de receitas oriundas da exploração de petróleo. Segundo o deputado, esse é o único
consenso já obtido entre os integrantes do grupo de trabalho que analisa a proposta.
"A ideia é que os estados produtores não tenham redução na receita de royalties. Esta é uma
questão fundamental para que possamos ter um acordo entre todos os estados”, disse Zarattini.
Leonardo Prado
Reunião para discutir sobre os Royalties do Petróleo - dep. Carlos Zarattini (PT-SP)
Zarattini: grupo de trabalho tem consenso para manter receita de estados produtores.
O grupo realizou sua primeira reunião nesta terça e voltará a se reunir no próximo dia 27. Até lá, os
deputados vão tentar avançar em possível acordo que envolva os governadores e os prefeitos. A
previsão é que o projeto sobre royalties seja votado pelo Plenário da Câmara em abril.
O grupo de trabalho é formado pelo mesmo número de deputados de estados produtores e não
produtores de petróleo.
www.acasadoconcurseiro.com.br Prof. Cássio Albernaz Página 56
ATUALIDADES – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Divergências
Zarattini afirmou que, entre as divergências sobre o projeto, está o ano que servirá de parâmetro
para o cálculo da receita de royalties. O texto do Senado prevê o ano de 2010, mas alguns
deputados discordam dessa data.
O texto aprovado pelo Senado prevê a distribuição equânime dos royalties para todos os estados
brasileiros. O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) propôs, no entanto, que essa distribuição seja
feita apenas a partir do excedente que ocorrer em decorrência do aumento da produção de petróleo.
O deputado disse que essa medida preservará a receita dos estados produtores.
A sugestão de Garotinho também prevê que a receita dos estados produtores seja corrigida
anualmente. “Eu propus o IGP-M [Índice Geral de Preços do Mercado]. O deputado Marcelo Castro
[PMDB-PI] propôs outro índice. O que importa é que não podemos suprimir a arrecadação de
nenhuma cidade nem de nenhum estado.”
Segundo Garotinho, não foi confirmada a previsão feita no Senado de que os estados produtores não
teriam perdas com a aprovação do projeto. “Hoje, na tabela apresentada pelo deputado Zarattini,
demonstrou-se uma perda enorme. Para o conjunto dos estados e municípios [produtores] era algo
em torno de R$ 2,5 bilhões."
Leonardo Prado
Reunião para discutir sobre os Royalties do Petróleo - dep. Anthony Garotinho (PR-RJ)
Segundo os deputados, as tabelas apresentam valores divergentes porque foram calculadas com
base em variáveis instáveis, como o volume de produção, o preço do barril e o valor do dólar. "Tudo
isso influencia, então não podemos fazer uma previsão exata”, disse Zarattini.
Os estados não produtores querem que as novas regras dos royalties e da participação especial do
petróleo incidam não só sobre o pré-sal como também sobre os atuais contratos. “As regras valerão
para o que é extraído do mar, seja pré, seja pós, seja já contratado, seja a contratar”, afirmou o
deputado Esperidião Amin (PP-SC).
O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) defendeu, por sua vez, a incidência do acordo apenas sobre o
pré-sal, preservando o que já foi contratado e licitado. "Mexer no que já foi contratado viola a
segurança jurídica e é um erro grave para o País", disse. Ele sugeriu também a criação de um fundo
para a correção de eventuais efeitos de acidentes na exploração petrolífera.
A consultoria F.O. Licht prevê que as exportações globais de etanol vão cair em torno de 31% em
2012, para algo entre 5 bilhões e 6 bilhões de litro. No ano passado, foram 8,8 bilhões de litros.
Os Estados Unidos, que lideraram as exportações no ano passado, com 4,2 bilhões de litros de etanol
(1,1 bilhão de galões), podem perder competitividade na Europa por causa do fim dos subsídios de
54 centavos de dólar por galão concedido a seus misturadores. "Em Roterdã, o etanol americano
esteve em 2011, em média, 10% mais competitivo que os concorrentes", compara o consultor de
gerenciamento de risco da consultoria FCSTone, Thiago Gil.
Os Estados Unidos devem perder espaço também no Brasil, uma vez que o governo brasileiro exigirá,
a partir de abril, a contratação antecipada pelas distribuidoras do anidro que será consumido ao
longo da safra, o que deixa pouco espaço para negócios no spot (sem contrato), diz o diretor da
comercializadora de etanol Bioagência, Tarcilo Rodrigues. "As chances de os Estados Unidos
conseguirem embarcar mais 1 bilhão de litros ao mercado brasileiro, como foi em 2011, são
pequenas", afirma Rodrigues.
O chefe de gabinete da Associação dos Combustíveis Renováveis (RFA, na sigla em inglês) dos EUA,
Matt Hartwig, acredita que os mercados de Europa, Canadá e Brasil ainda deverão se manter como
boas oportunidades para as exportações americanas. O executivo afirma, ainda, que não acredita em
uma redução do consumo interno de etanol em 2012. Segundo ele, essa demanda deve atingir pelo
menos o volume definido pela respectiva política do governo americano (RFS, na sigla em inglês).
Mas o especialista da FCStone informa que alguns analistas estão prestando mais atenção às
projeções oficiais, de forma que já consideram que a demanda por gasolina poderá ser menor, de
cerca de 492 bilhões de litros. Se confirmada a retração, o consumo de etanol pode diminuir para
49,2 bilhões de litros.
Em 2011, a demanda americana por etanol foi de 47,3 bilhões de litros. A produção foi de 54,8
bilhões de litros e, considerando-se importações e exportações, o saldo da oferta total no país atingiu
o recorde de 56,4 bilhões de litros. "Houve uma antecipação da demanda no fim de 2011 por parte
dos misturadores que quiseram aproveitar os últimos meses de subsídio, que expirou em 31 de
dezembro", lembra o consultor da FCStone.
No Brasil, o crescimento também deve ser menor entre os combustíveis do ciclo Otto (gasolina e
etanol), afirma o presidente-executivo do Sindicom, Alísio Mendes Vaz, que representa as empresas
distribuidoras de combustíveis.
Houve avanço de 6,3% em 2011, abaixo dos 9,4% registrados no ano anterior. Em números
absolutos, o consumo dos combustíveis do ciclo Otto subiu 2,559 bilhões de litros em 2011 em
relação a 2010 para 42,9 bilhões de litros. Já em 2010, a demanda cresceu mais, 3,456 bilhões de
litros, em relação a 2009. "A frota de veículos aumentou, mas o crescimento na venda de
combustíveis foi menor. O consumo das famílias vinha crescendo acima do PIB. Agora, a empolgação
está arrefecendo", diz Mendes Vaz.
Ele avalia que em 2012 o crescimento do mercado de combustíveis no Brasil ficará próximo do
avanço do PIB, estimado pelo Banco Central em 3,3%, o que novamente será um freio no avanço
que vinha sendo registrado.
A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, avisou ontem que seu governo não decidiu ainda se vai
renovar o aval de € 1,4 bilhão para a construção da usina nuclear de Angra 3. A presidente Dilma
Rousseff reagiu, dizendo que, de todo modo, o Brasil continuará a construção da usina e que "não
demoniza a energia nuclear".
O prazo para a renovação do aval alemão é dia 22. Ontem, a visita de Merkel e Dilma à maior feira
de telecomunicações do mundo foi acompanhada por um grupo de manifestantes contra o
Antes de terminar a entrevista, Dilma voltou ao tema para lembrar que, no Brasil, a participação do
combustível nuclear na matriz energética é de somente 2%.
Para Israel, adesão da Palestina à Unesco afasta chances de acordo de paz; Brasil apoia
decisão
A admissão da Palestina à Unesco ( Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura) como Estado membro afasta as perspectivas de um acordo de paz, afirmou nesta segunda-
feira o governo israelense, ao condenar "a manobra unilateral" palestina.
"Israel rejeita a decisão da Assembleia Geral da Unesco (...) aceitando a Palestina como Estado
membro da organização", indica um comunicado do ministério das Relações Exteriores, ao estimar
que "se trata de uma manobra palestina unilateral que não mudará nada no terreno, mas que afasta
a possibilidade de um acordo de paz".
Após a adesão da Palestina, Israel declarou que irá mudar sua política de cooperação com a Unesco.
"Após esta decisão, o Estado de Israel considerará seus próximos passos sobre a cooperação com a
organização", adverte ainda a nota.
O ministério diz que a posição israelense é em prol do diálogo como a única via para conquistar a
paz, e que ele deve acontecer sem condições preliminares, incluindo a exigência palestina de
suspender o crescimento das colônias de judeus em seu território.
"A estratégia palestina na Unesco e os passos similares em outros organismos da ONU supõe uma
rejeição dos esforços da comunidade internacional para avançar no processo de paz", diz a nota, que
agradece aos países que se opuseram ao pedido palestino.
Israel também declarou sua decepção pelo fato de que a União Europeia não conseguiu alcançar uma
posição unificada nesta questão.
Os países que votaram sim "adotaram uma versão de ficção científica da realidade ao admitirem um
Estado que não existe nesta organização encarregada da ciência... A Unesco deve se preocupar com
a ciência e não com a ficção científica", disse o embaixador israelense, Nimrod Barkan.
A admissão da Palestina como membro número 195 da Unesco o foi ovacionada pelos participantes
da Conferência Geral da Unesco. Foram registrados 107 votos a favor, 14 contra e 52 abstenções.
Votaram a favor do ingresso, entre outros, Brasil, Índia, China, Espanha e França, enquanto Estados
Unidos, Alemanha, Canadá e Israel rejeitaram e se abstiveram o Reino Unido, Colômbia, Japão e
México.
O governo do Brasil parabenizou o Estado da Palestina por sua admissão como membro da Unesco.
Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo destaca a primeira vitória
obtida pelos palestinos em um órgão ligado à ONU.
“O governo brasileiro felicita a Palestina por sua admissão como membro pleno da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco]”, diz o comunicado. “Com o
resultado, a Palestina torna-se o 195º Estado-Membro da Unesco – primeira agência especializada do
sistema das Nações Unidas a admitir a Palestina como membro pleno."
Em setembro, na 66ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o presidente da
Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, obteve a principal sinalização da comunidade
internacional em favor do reconhecimento do Estado da Palestina. Vários líderes mundiais, inclusive a
presidente Dilma Rousseff, defenderam o direito de os palestinos terem seu país.
Primavera árabe
Quase um ano após o início dos protestos no Oriente Médio, o Egito realiza as primeiras eleições
livres de sua história. Porém, enquanto os egípcios dão o primeiro passo rumo à democracia, as
revoltas continuam em países como a Síria, onde a repressão fez milhares de vítimas, segundo a
ONU (Organização das Nações Unidas).
Até agora, a “primavera árabe” derrubou três ditadores, na Tunísia, no Egito e na Líbia. Em outros
países, como Jordânia, Bahrein, Iêmen e Síria, manifestações populares levaram ao anúncio de
reformas ou violentas reações do Estado.
Nações árabes, tradicionalmente, são governadas por monarquias absolutistas, ditaduras militares ou
teocracias, que controlam algumas das maiores reservas de petróleo do planeta. Os protestos pró-
democracia se espalharam pelo Norte da África e Oriente Médio, em razão da alta do preço dos
alimentos, do desemprego e da insatisfação de uma geração jovem com a falta de liberdade.
Na Líbia, Muammar Gaddafi foi expulso do Palácio por forças rebeldes em agosto, ao final de seis
meses de guerra civil. Dois meses mais tarde, foi capturado e morto pelos revoltosos. Entre os líderes
árabes, era o que estava há mais tempo no poder – 41 anos.
Egito
No Egito, mais influente e populoso país árabe (82 milhões de habitantes), o presidente Hosni
Mubarak renunciou em 11 de fevereiro, encerrando três décadas de ditadura. Mesmo assim, os
protestos recomeçaram em 19 de novembro, desta vez contra a junta militar que constituiu o
governo provisório. Os manifestantes exigem a transição para um governo civil.
Na tentativa de conter os levantes, que já mataram 42 pessoas nas últimas semanas, as eleições
parlamentares foram antecipadas. A votação começou em 28 de novembro e o processo terminará
em 11 de janeiro.
Serão eleitos 498 deputados para a Assembleia do Povo ou Câmara Baixa do Parlamento. Um terço
dos cargos será preenchido pelos candidatos mais votados, e o restante, eleito pelo sistema
proporcional (por exemplo, se um partido tiver 10% dos votos, terá direito a ocupar 10% das
cadeiras).
Massacre
Em outros países, revoltas e reformas estão em curso. O caso mais dramático ocorre na Síria, onde a
repressão do governo de Bashar al-Assad (há 11 anos na Presidência) estaria promovendo o maior
massacre contra opositores do regime desde o começo da “primavera árabe”.
Segundo um relatório da ONU, divulgado no dia 28 de novembro, 3,5 mil pessoas foram
assassinadas, incluindo 256 crianças, e mais de 20 mil foram presas. A violência afetaria 3 milhões de
pessoas na Síria, que possui 22,5 milhões de habitantes.
No começo do mês, o governo sírio firmou um acordo com a Liga Árabe para o término da repressão,
a libertação de presos políticos e a promoção de reformas políticas. As medidas, contudo, não
entraram em vigor, e aumentaram a pressão internacional e as sanções contra o governo de al-
Assad.
No Iêmen, uma das nações mais pobres do mundo árabe, o ditador Ali Abdullah Saleh assinou um
acordo, em 23 de novembro, que prevê sua renúncia e eleições livres. Saleh, que escapou ferido de
um atentado em junho, governa há 33 anos.
A pressão popular também resultou em reformas na Jordânia, anunciadas pelo rei Abdullah 2º. Já no
Bahrein, o rei sunita Hamad al Khalifa resiste com violência aos opositores da monarquia.
A Rússia e a China vetaram neste sábado pela segunda vez no Conselho de Segurança da ONU um
projeto de resolução que condena a repressão na Síria. O plano era apoiado pelos demais países do
principal organismo de decisão das Nações Unidas.
Treze nações votaram a favor do projeto proposto pelos países árabes e europeus, que apoiam um
plano da Liga Árabe para assegurar uma transição à democracia na Síria.
Mas Rússia e China (que ocupam duas das cinco vagas permanentes com direito a veto no conselho)
voltaram a votar contra o texto, como haviam feito em 5 de outubro.
A Rússia é o principal aliado da Síria no órgão da ONU, e já afirmou repetidas vezes que vai vetar
qualquer resolução que exija a renúncia do ditador Bashar Assad.
O novo projeto de resolução, que substitui outro mais duro e que foi descartado de imediato pela
Rússia, não pedia explicitamente que o Assad deixasse o poder.
No entanto, as concessões incluídas continuaram sendo insuficientes para a Rússia e seu chanceler,
Serguei Lavrov, havia afirmado antes da reunião em Nova York que submetê-lo à votação provocaria
um "escândalo".
De boas intenções, o inferno e o Oriente Médio estão cheios. Desde que revoluções populares
começaram a derrubar ditadores na Tunísia, no Egito e na Líbia, há um ano, diplomatas árabes
passaram a marcar reuniões para sanar as divergências entre os grupos que dirigem os dois
territórios palestinos: o partido laico Fatah, que governa a Cisjordânia, e o grupo islâmico Hamas, no
comando da Faixa de Gaza. Desde 2006, a participação do Hamas em ambos os governos atravanca
as negociações de paz com Israel. O primeiro país a se candidatar para intermediar a briga foi o
Egito, com o moral em alta após a queda de Hosni Mubarak. Depois, foi a vez das monarquias da
Jordânia e do Catar de tentar uma reconciliação. Um a um, os acordos viraram poeira no deserto.
Hamas e Fatah continuam rivais. A novidade é que agora existem dois Hamas.
O primeiro é o do exílio, com sede na Síria e liderado por Kalid Meshal. De Damasco, ele comandava
as brigadas Al-Qassam, seu braço armado e terrorista. Seus membros eram protegidos pelo ditador
sírio Bashar Assad. Apesar de o Hamas ser da corrente muçulmana sunita e de Assad ser alauita,
considerada uma vertente do xiismo, ambos tinham algo em comum: viviam do dinheiro enviado
pelos aiatolás iranianos para fazer frente a Israel. O segundo Hamas é o que governa a Faixa de
Gaza desde 2007, quando seus soldados deram um autogolpe e mataram mais de uma centena de
rivais do Fatah.
O racha no Hamas se deu em meados do ano passado. O governo de Assad já havia assassinado
milhares de cidadãos quando o Irã pediu que o grupo palestino apoiasse o regime sírio. Meshal e sua
turma se recusaram a endossar o massacre de sunitas, anulando assim a aliança circunstancial com o
Irã e a Síria e voltando-se para a fidelidade de tribo. Como reprimenda, os cheques iranianos
sumiram. O escritório do Hamas em Damasco foi abandonado e Meshal tornou-se mais moderado.
Nas conversas diplomáticas, ele reconheceu as fronteiras palestinas da maneira como preveem os
tratados da ONU – o que representa uma aceitação tácita de Israel – e falou em reduzir a hostilidade
em relação ao estado judeu. Já o primeiro-ministro em Gaza, Ismail Haniyeh, do segundo Hamas,
Da BBC Brasil
O último pelotão de soldados dos Estados Unidos baseados no Iraque deixou o país e cruzou a
fronteira com o Kuwait, encerrando a operação de retirada americana, nove anos após a invasão que
derrubou Saddam Hussein.
No auge da presença militar americana no Iraque, o país chegou a contar com mais de 170 mil
soldados e um total de 500 bases. O conflito matou cerca de 4.500 soldados dos Estados Unidos e
milhares de iraquianos desde o início da campanha militar, em 2003. A guerra teve custo de cerca de
US$ 1 trilhão para os cofres americanos.
Com a saída das forças americanas, o Iraque espera poder conter as explosões de violência que
ainda ocorrem no país, por meio de suas forças de segurança treinadas pelos Estados Unidos. Mas
atentados e confrontos deixam, em média, 350 pessoas mortas todos os meses no Iraque.
De acordo com o correspondente da BBC em Teerã, Jim Muir, a segurança precisa estar ligada à
estabilidade política, outro grande desafio enfrentado pelo país.
Em meio à retirada americana, uma crise política começou em Bagdá, com deputados do bloco
Iraqyya, do primeiro-ministro Ayyad Allawi, se retirando do Parlamento, no sábado (17).
A facção política, formada por muçulmanos sunitas, acusa o governo predominantemente xiita do
presidente Nouri Al Maliki de concentrar demasiado poder.
Existe ainda uma convicção generalizada de que com a saída dos americanos, a influência iraniana
sobre o Iraque irá aumentar.
Os Estados Unidos vão manter no país apenas 157 soldados responsáveis por treinamento na
Embaixada americana, assim como um pequeno contingente de fuzileiros navais responsáveis pela
segurança da missão diplomática.
Fonte: EBC
Apesar de ter encolhido – passando de 64%, nas últimas eleições, para 49% – a legenda de situação
manteve a maioria, obtendo 238 das 450 cadeiras da Duma (parlamento russo). Por outro lado,
cresceu a representatividade da oposição, formada por comunistas, nacionalistas e social-
democratas.
As acusações de fraude foram feitas por observadores internacionais da OSCE (Organização para a
Segurança e Cooperação na Europa) e a PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa). Na
Rússia, o grupo Golos apontou o registro de 5,3 mil irregularidades.
O Golos é o único grupo independente que monitora as eleições russas. Ele é mantido com fundos
vindo dos Estados Unidos e da Europa. Depois de ter denunciado irregularidades nas urnas, o site do
grupo sofreu ataque de hackers.
Nas eleições parlamentares anteriores, de 2007, nas quais Putin também saiu vitorioso, aconteceram
as mesmas acusações de fraudes. Mas, neste ano, pela primeira vez o Kremlin foi alvo da
insatisfação dos eleitores.
Após a votação, os protestos tomaram conta da capital e outras cidades por três dias seguidos.
Centenas de pessoas foram presas em manifestações em Moscou e São Petersburgo, as maiores
cidades russas. Apesar das autoridades terem liberado locais para protestos, mediante negociações
com líderes de oposição, houve confrontos com a polícia.
Manifestantes usaram a internet, celulares e redes sociais para disseminar informações sobre
supostas irregularidades na votação. Isso foi possível devido ao maior contingente de russos com
acesso a novas tecnologias.
Até mesmo o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev pediu que as eleições fossem anuladas. O
governo, contudo, descartou qualquer anulação dos resultados e sustentou a legitimidade do pleito.
A situação teve repercussão internacional e esfriou ainda mais as relações entre Rússia e Estados
Unidos. Putin acusou o governo americano de incentivar a oposição, em razão de a secretária de
Estado americana, Hillary Clinton, ter manifestado reservas quanto aos resultados da votação.
Putin está há 12 anos no poder na Rússia. Ele foi presidente entre 2000 e 2008 e depois primeiro-
ministro, cargo que ocupa atualmente. O premiê é favorito para a eleição presidencial em março do
próximo ano. As manifestações, no entanto, podem mudar esse quadro.
Reformas políticas e econômicas derrubaram o regime comunista em 1991. Seguiu-se uma crise
econômica que, nos anos 1990, causou a contração do PIB (Produto Interno Bruto) em 40%.
A partir de 1998, por uma década, a alta do preço do petróleo impulsionou um período de
crescimento econômico – o PIB registrou aumento de 185%, uma média anual de 7,3%. Por isso, o
país foi incluído no Brics, grupo das economias em desenvolvimento, que inclui Brasil, Índia, China e
África do Sul. Em 2008, a crise econômica mundial derrubou as exportações e trouxe um período de
recessão.
No plano político, a Rússia não abandonou por completo o Estado autoritário dos tempos de Stalin. A
despeito de ter adotado a democracia e o regime semipresidencialista, abolindo o domínio do Partido
Comunista, o partido Rússia Unida, do premiê Putin e do presidente Dmitri Medvedev, dominam a
cena política.
Putin (ex-oficial da KGB, o serviço secreto russo), é acusado de perseguir inimigos políticos; reprimir
com violência os separatistas da Chechênia; atos de corrupção; e censura velada aos meios de
comunicação do país, por meio do controle estatal dos canais de TV.
Os bons rumos da economia russa fizeram Putin desfrutar da aprovação de 78% do eleitorado, o que
garantiu sua reeleição presidencial. Ao término do mandato, foi empossado premiê pelo presidente
Medvedev, e apontado como seu sucessor.
Se Putin for eleito presidente em 2012, Medvedev deverá ser empossado primeiro-ministro,
invertendo as posições atuais dos políticos e garantindo, assim, a permanência do mesmo grupo no
poder. Mas agora os planos de Putin enfrentam obstáculos com a oposição, que prometeu continuar
os protestos da “primavera russa”.
Kim Jong-il
O ditador norte-coreano Kim Jong-il, morto no dia 17 de dezembro, transformou seu país em uma
potência militar que, nos últimos cinco anos, ameaçou o planeta com um programa nuclear com fins
militares. A dinastia de Jong-il comanda há meio século a Coreia do Norte, um dos países mais
pobres e fechados do mundo.
A notícia da morte de Jong-il levou apreensão aos países vizinhos na Ásia. A Coreia do Norte continua
tecnicamente em guerra com a vizinha Coreia do Sul, quase 60 anos após assinado o armistício
(cessar-fogo).
Por conta do risco de instabilidades na transição de poder, a Coreia do Sul colocou suas Forças
Armadas em estado de alerta máximo, e afirmou que a vizinha do Norte fez testes com mísseis, logo
depois do comunicado da morte do ditador.
Jong-il comandava há 17 anos a república fundada por seu pai, Kim Il-sung, após a divisão das
Coreias, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Ele era chamado de “querido líder” e cultuado como
uma espécie de divindade por seu povo, com imagens suas espalhadas por todo o país. Para os
ocidentais, era visto como uma figura de aparência exótica, com óculos escuros enormes e
penteados extravagantes.
O Partido Trabalhista anunciou que o filho mais novo do ditador, Kim Jong-un, substituiu o pai no
cargo. Pouco se sabe sobre o sucessor. Jong-un estudou na Suíça e estima-se que tenha 28 anos
(nasceu em 1983 ou 1984). Ele foi escolhido ano passado para suceder o pai em 2012. A
inexperiência política de Jong-un, entretanto, poderá dificultar a manutenção do regime comunista
norte-coreano.
Armas atômicas
A Coreia do Norte possui um PIB de US$ 28 bilhões, menor do que países africanos e 36 vezes menor
do que a Coreia do Sul, de US$ 1, 007 trilhões. Apesar disso, possui o quarto maior exército do
mundo, com 1,1 milhão de soldados na ativa (ou 20% da população masculina com idade entre 17 e
54 anos). O número só é menor que os efetivos dos exércitos da China (2,3 milhões), Estados Unidos
(1,5 milhões) e Índia (1,3 milhões).
O Estado norte-coreano conta ainda com armas nucleares – entre 2 e 9 – e mísseis de médio
alcance, que permitem atingir países vizinhos como Coreia do Sul e Japão.
A militarização da Coreia do Norte começou após a Guerra Fria. Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o
Japão desocupou a Coreia, que foi dividia em dois países: a do Sul ficou sob o controle dos Estados
Unidos, enquanto a do Norte foi ocupada pela antiga União Soviética.
Com o fim da União Soviética e a derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu, a Coreia do
Norte sofreu abalos econômicos. Sem os antigos parceiros comerciais, mergulhou num período de
escassez de alimentos que, aliado aos desastres naturais, teria causado a morte de cerca de dois
milhões de norte-coreanos nos anos de 1990.
Mesmo assim, Jong-il aplicou a maior parte dos recursos econômicos na área militar, e passou a
chantagear países ocidentais com um programa atômico. Em 2006 e 2009, Pyongyang realizou dois
testes com armas nucleares, violando a resolução 1.718 do Conselho de Segurança da ONU
(Organização das Nações Unidas). Desde então, a ONU vem pressionado o país comunista para que
suspenda os testes e abandone o programa.
Coreia do Norte aceita moratória e diz que vai suspender programa nuclear
29/02/2012
De:UOL
A Coreia do Norte confirmou nesta quarta-feira (29) ter aceitado uma suspensão de seus testes
nucleares, dos lançamentos de mísseis e do enriquecimento de combustível nuclear em troca de uma
ajuda alimentar americana, segundo noticiou a imprensa oficial do país, a KCNA.
Segundo Pyongyang, Washington prometeu fornecer 240 mil toneladas de "ajuda alimentar" e
estudar uma ajuda adicional durante as negociações em Pequim na semana passada.
O Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Norte confirmou o acordo em comunicado, dizendo
que as negociações com os norte-americanos “ofereceram um espaço para uma discussão sincera e
profunda” de medidas “para a construção e o progresso de uma relação de confiança”.
Os Estados Unidos fizeram um anúncio similar e afirmaram que a Coreia do Norte havia aceitado o
estabelecimento de uma moratória sobre as atividades no complexo nuclear de Yongbyon.
A Coreia do Norte também aceitou o retorno de inspetores da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA) para supervisionar a moratória, acrescentou a porta-voz da diplomacia americana,
Victoria Nuland. Os Estados Unidos anunciaram ainda a retomada em breve de sua ajuda alimentar à
Coreia do Norte.
Washington afirmou que "ainda tem profundas preocupações com o comportamento da Coreia do
Norte em muitas áreas", mas estes anúncios refletem "importantes, embora limitados, progressos"
em alguns assuntos, indicou o Departamento de Estado.
Monica Yanakiew
Buenos Aires – A ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, pediu a gerentes e presidentes
de pelo menos vinte empresas nacionais e multinacionais que deixem de comprar produtos do Reino
Unido e passem a importá-los de outros países que reconheçam a soberania argentina das Ilhas
Malvinas. A informação foi divulgada nesta terça-feira pela Telam, a agência de notícias oficial
argentina.
No ano passado, a Argentina importou US$ 614 milhões do Reino Unido, 40% a mais do que em
2010. Ainda assim, os argentinos registraram um saldo favorável de US$ 104 milhões na balança
comercial com os britânicos. A proposta de Giorgi foi motivada mais por razões políticas do que
econômicas.
Faltando um mês para os 30 anos da Guerra das Malvinas, cresce a tensão entre o Reino Unido e a
Argentina. No sábado passado, o governo da província argentina da Terra do Fogo impediu que dois
navios do Reino Unido ancorassem no Porto de Ushuaia. As duas embarcações faziam um cruzeiro,
com paradas no Brasil, nas Malvinas, na Argentina e no Chile.
Nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Browne, reagiu à
proibição dizendo que foi “totalmente injustificada”. No mesmo dia, o músico britânico Roger Waters,
fundador do grupo de rockPink Floyd, tomou as dores da Argentina. No Chile, onde fará uma
apresentação, Waters deu entrevista criticando a decisão da primeira-ministra britânica Margaret
Thatcher de enfrentar a Argentina, em 1982, pela posse das Ilhas Malvinas.
Este ano, a tensão diplomática aumentou quando o Reino Unido decidiu enviar o príncipe William
para treinos militares nas Malvinas. Os argentinos consideraram uma provocação as operações
militares as vésperas dos 30 anso da guerra.
Monica Yanakiew –
O governo argentino anunciou hoje (15) uma nova ofensiva contra o Reino Unido na disputa pela
soberania das Ilhas Malvinas. O chanceler Hector Timerman disse que a Argentina vai iniciar ações
no tribunais federais do país e na Justiça Internacional contra as cinco empresas que exploram
petróleo nas águas do pequeno arquipélago do Atlântico Sul, que fica a 500 quilômetros da costa
argentina.
Ele acusou as empresas de realizarem “atividade ilegais” porque estão explorando petróleo em um
território em disputa, cuja posse está em discussão nas Nações Unidas. “As empresas petrolíferas
têm licenças ilegítimas, concedidas pelo governo britânico, e estão realizando atividades ilegais e
atuando em área ilegal no Atlântico Sul”, disse Timerman.
O chanceler prometeu também tomar medidas contra todos os envolvidos na operação – desde as
empresas que prestam apoio logístico até os bancos que financiam a exploração de petróleo na
região. O governo argentino também exige que os consultores internacionais informem seus clientes
dos riscos que correm se investirem em companhias acusadas de agirem contra a lei.
O governo britânico reagiu, por meio de um comunicado, dizendo que defende os interesses dos
quase 3 mil moradores do arquipélago, que se sentem cidadãos britânicos e têm o direito de explorar
as riquezas naturais de seu mar. Segundo o Reino Unido, as petrolíferas estão promovendo
atividades comerciais legitimas.
Timerman argumentou que o Reino Unido está desrespeitando as resoluções das Nações Unidas, que
pedem aos dois países uma negociação diplomática para resolver a disputa pelas ilhas, que data do
século 19. Os argentinos reclamam que foram expulsos do arquipélago que, até pela proximidade
geográfica, lhes pertence. Os britânicos apelam para outro princípio da legislação internacional: a
autodeterminação dos povos. Segundo eles, cabe aos quase 3 mil moradores das ilhas a decisão se
querem continuar sendo britânicos ou preferem ser argentinos.
O anúncio foi feito 18 dias antes do aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas. Desde 1982, as
ilhas receberam investimentos do Reino Unido e enriqueceram, dando concessões de pesca e de
exploração de petróleo. Segundo Castro, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita das Malvinas
chegou este ano a US$ 65 mil (até por causa da apreciação da libra esterlina em relação ao dólar). É
o quarto maior do mundo, depois do Catar, de Liechtenstein e Luxemburgo.
10 anos de Brics
Há dez anos o economista inglês Jim O’Neill cunhou o acrônimo Bric para se referir a quatro países
de economias em desenvolvimento – Brasil, Rússia, Índia e China – que desempenhariam, nos
próximos anos, um papel central na geopolítica e nos negócios internacionais.
O acrônimo ganhou uso corrente entre economistas e se tornou um dos maiores símbolos da nova
economia globalizada. Neste quadro, os países emergentes ganharam maior projeção política e
econômica, desafiando a hegemonia do grupo de nações industrializadas, o G7 (formado por Estados
Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão).
Desde 2009, os líderes dos países membros do Bric realizam conferências anuais. Em abril do ano
passado, a África do Sul foi admitida no grupo, adicionando-se um “s” ao acrônimo, que passou a ser
Brics.
No grupo estão 42% da população e 30% do território mundiais. Nos últimos dez anos, os países do
Bric apresentaram crescimento além da média mundial. Estima-se que, em 2015, o PIB (Produto
A economia chinesa é maior do que a soma de todas as outras quatro que compõem o grupo. O PIB
chinês, em 2010, foi de US$ 5,8 trilhões, superior aos US$ 5,5 da soma de todas as outras – Brasil
(US$ 2 trilhões), Rússia (US$ 1,5), Índia (US$ 1,6) e África do Sul (US$ 364 bilhões).
Mas os chineses enfrentam hoje desafios em áreas como meio ambiente e política, alvos da pressão
internacional.
Brasil
A inclusão do Brasil no Brics trouxe uma projeção internacional positiva, que dificilmente seria
alcançada de outro modo e em um curto período. Como resultado, o país tem hoje representação nas
principais cúpulas internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações
Unidas) e o G20.
Com a estabilidade econômica, veio a confiança do mercado e o aumento do crédito para empresas e
consumidores. O setor privado contratou mais gente, gerando mais empregos, e houve aumento de
salários, fazendo que, entre 2005 e 2006, 30 milhões de brasileiros migrassem das classes D e E para
a C, a classe média. Contribuíam também, para isso, programas sociais como o Bolsa Família. Assim,
mais pessoas passaram a consumir, aquecendo o mercado de varejo.
Desigualdade
Os programas do governo Lula também tiveram reflexos no âmbito da justiça social. Na última
década e meia, o país foi o único entre os Brics a reduzir a desigualdade, de acordo com a OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Porém, mesmo assim, a distância
entre ricos e pobres no Brasil ainda é a maior entre os países emergentes.
Outro desafio para o país é fazer ajustes na política econômica. A divulgação do resultado do PIB do
terceiro trimestre deste ano, que registrou uma variação zero em relação ao trimestre anterior,
apontou a desaceleração da economia. Para sair da estagnação, o governo terá que fazer reformas,
inclusive no sistema de tributação, para estimular o investimento por parte do setor privado.
Sem-terra paraguaios cobram do governo solução para terras onde estão agricultores
brasileiros
Segundo Ayala, existem 9 mil famílias de carperos acampadas em uma faixa de terra, por onde
passam as torres de transmissão de energia, no município de Nanducay.
O governo paraguaio informou que a Justiça está examinando os títulos das terras, apresentados
pelos colonos brasileiros, para determinar sua legalidade. Os que estiverem ocupando terras
ilegalmente podem perder suas propriedades. Mas, até a decisão judicial, cabe ao Poder Executivo
proteger a propriedade privada.
“Vivemos um clima de incerteza e de tensão, que é prejudicial para a produção agrícola. Estamos
colhendo com escolta policial. Mas quem vai continuar investindo nas terras sem saber se vai ser
invadido ou se poderá transportar os produtos para serem comercializados ou exportados?”, declarou
A história do conflito de terras, na fronteira do Paraguai com o Brasil, remonta à ditadura do general
Alfredo Stroessner (1954-1989). Ele queria desenvolver a região do Alto Paraná e incentivou colonos
brasileiros a ocupá-las, vendendo terras fiscais a preços acessíveis. Nas últimas quatro décadas, os
brasiguaios (como são chamados os colonos brasileiros que se estabeleceram no Paraguai)
investiram na produção agrícola, principalmente na lavoura de soja.
O Paraguai é hoje o quarto maior produtor mundial de soja, mas os paraguaios reclamam que essa
riqueza não beneficia a população local: 80% das terras paraguaias estão nas mãos de 2% da
população, segundo o governo, que quer promover uma reforma agrária. Um dos maiores
proprietários de terras do país é o brasileiro Tranquilo Favero, que está no Paraguai há quatro
décadas e naturalizou-se paraguaio.
“Muitos colonos brasileiros não têm culpa: foram usados por Favero, como laranja. Exploram terras
que, na verdade, são dele”, disse Ayala. Mas Elói Walter assegura que os títulos dos brasileiros são
legais e muito dinheiro foi investido nelas. “Eram terras improdutivas, que nós trabalhamos durante
anos, até torná-las produtivas”, declarou. “É o meu caso. Vim para cá há 34 anos, graças à política
de incentivo de Stroessner. Tinha acabado de passar no vestibular para medicina, e larguei tudo para
começar do zero. Casei e tenho filhos e netos nascidos no Paraguai. Não é justo que agora queiram
tirar tudo que construímos”, disse.
As invasões de terras começaram em 2011, mas nos últimos meses aumentaram. O governo
paraguaio está enviando policiais à região para proteger os colonos e impedir novas invasões. Mas,
segundo Ayala, essa situação não pode continuar assim por muito tempo. Se a Justiça demorar para
resolver o problema, eles vão voltar a invadir as terras.
“Será uma invasão ordenada. Permitiremos aos brasileiros colherem o que já plantaram, mas não
deixaremos que plantem mais ou que transportem suas mercadorias até resolver a questão”, disse
Ayala.
O Brasil tem atualmente 310 Unidades de Conservação (UC), que ocupam hoje 75 milhões de
hectares, o equivalente a 8,5% do território nacional. Só nos últimos três anos, 6,168 milhões de
hectares foram declarados como UC, dos quais 5,8 milhões estão na área da Amazônia Legal. Rômulo
Mello, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado
ao Ministério do Meio Ambiente, admite que o controle dessas áreas, criadas para preservar a
biodiversidade, é difícil e requer tempo de implementação.
- O tempo de assinar um decreto e o tempo de implementar uma Unidade de Conservação são muito
diferentes - diz Mello, acrescentando que o ICMBio foi criado apenas em 2007 justamente com o
objetivo de implantar efetivamente os diferentes modelos de conservação.
Há dois tipos de unidades. As protegidas não podem ser exploradas e devem ser usadas para
ecoturismo, pesquisa e educação ambiental. Nas demais, é possível explorar a natureza, mas de
forma controlada, em pequena quantidade. É esse controle que ainda é incipiente no país, conforme
demonstram os números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nos últimos três anos, o Instituto Chico Mendes elaborou 60 planos de manejo, e outros cem estão
sendo construídos, afirma ele.
De acordo com Mello, justamente por serem criadas por decreto, quando o instituto chega ao local
das Unidades de Conservação constata que já há ali uma ocupação, seja por grileiros, grandes
fazendeiros ou simplesmente comunidades que moram no local há anos.
A saída, acrescenta, é promover a regularização fundiária dessas áreas, o que nem sempre ocorre.
Um dos exemplos de área de conflito é a Reserva Biológica do Gurupi, no Maranhão, onde uma
força-tarefa de 170 pessoas, incluindo Ibama e Força Nacional, está agindo para impedir o trabalho
de madeireiras ilegais.
Ele admite problemas também na Reserva Extrativista Chico Mendes. Segundo Mello, parte da
reserva foi ocupada por criadores de gado. Por isso, foi criado um grupo de trabalho, envolvendo os
seringueiros, para discutir a nova ocupação.
- Não vai ser num estalar de dedos que vamos sair de um passivo ambiental elevado. Mas garanto
que, para preservar, mesmo com todos os problemas, é melhor criar uma Unidade de Conservação
do que não criar. Sem elas, a situação seria muito pior - afirma.
Meio Ambiente
O Congresso chegou a um impasse na votação do projeto de lei que altera o Código Florestal
brasileiro. Os ruralistas defendem as alterações propostas pelo governo, que irão beneficiar os
pequenos agricultores, enquanto os ambientalistas temem o risco de prejuízos ao meio ambiente.
O Projeto de Lei no 1.876/99, elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), tramita há 12
anos na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi aprovado em julho do ano passado por uma
comissão especial e colocado em pauta para ser votado no último dia 12 de maio. Porém, prevendo
uma derrota, a bancada governista retirou o projeto de pauta, que agora não tem prazo definido
para voltar ao plenário.
O Código Florestal reúne um conjunto de leis que visam à preservação de florestas, como limites
para exploração da vegetação nativa e a definição da chamada Amazônia Legal (área que
O documento adquiriu maior importância nos últimos anos por conta das questões ambientais. Ao
mesmo tempo, precisa ser atualizado para se adequar à realidade socioeconômica do Brasil.
Estima-se que 90% dos produtores rurais estejam em situação irregular no país, pois não seguiram
as especificações do código de 1965. Eles plantam e desmatam em locais proibidos pela legislação. É
o caso, por exemplo, de plantações de uvas e café nas encostas de morros e de arroz em várzeas,
em diversas regiões do país.
Para regularizar a condição dessas famílias, o novo Código Florestal propõe, entre outras mudanças,
a flexibilização das regras de plantio à margem de rios e de reflorestamento. Os ambientalistas, no
entanto, contestam o projeto. Segundo eles, haverá incentivo ao desmatamento e impactos no
ecossistema.
Pontos de discórdia
Entre os principais pontos polêmicos do novo Código Florestal estão os referentes às APPs (Áreas de
Preservação Permanente), à Reserva Legal (RL) e à "anistia" para produtores rurais.
Áreas de Preservação Permanente são aquelas de vegetação nativa que protege rios da erosão, como
matas ciliares e a encosta de morros. O Código Florestal de 1965 determina duas faixas mínimas de
30 metros de vegetação à margem de rios e córregos de até 10 metros de largura. A reforma
estabelece uma faixa menor, de 15 metros, para cursos d'água de 5 metros de largura, e exclui as
APPs de morros para alguns cultivos.
Um segundo ponto diz respeito à Reserva Legal, que são trechos de mata situados dentro de
propriedades rurais que não podem ser desmatados. Cerca de 83 milhões de hectares estão
irregulares no Brasil, segundo a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
Anistia
O projeto exclui a obrigatoriedade para pequenos proprietários (donos de terras com até quatro
módulos fiscais, ou, aproximadamente, de 20 a 400 hectares) de recuperarem áreas que foram
desmatadas para plantio ou criação de gado. Para os médios e grandes proprietários são mantidos os
porcentuais, com a diferença de que eles poderão escolher a área da RL a ser preservada. O dono de
uma fazenda em Mato Grosso, por exemplo, poderia comprar terras com vegetação natural em Minas
para atender aos requisitos da lei.
Para a oposição, há pelo menos dois problemas. Fazendeiros podem dividir suas propriedades em
lotes menores, registrados em nome de familiares, para ficarem isentos da obrigação de
reflorestamento. E, caso possam comprar reservas em terrenos sem interesse para a agricultura,
poderão criar "bolsões" de terras áridas. A bancada ruralista, ao contrário, acredita que a medida vai
favorecer produtores que não têm condições de fazer reflorestamento.
O terceiro ponto de discórdia diz respeito à anistia para quem desmatou, tanto em Áreas de
Preservação Permanente quanto em Reserva Legal. O Código Florestal prevê que serão multados
proprietários que desmataram em qualquer época. O texto em debate isenta os produtores de multas
aplicadas até 22 de julho de 2008 - data em que entrou em vigor o decreto regulamentando a Lei de
Crimes Ambientais. Os contrários à proposta acham que a anistia criará precedente que irá estimular
a exploração predatória das florestas.
Rio+20 deve resultar em ações concretas e não apenas em páginas com boas intenções,
diz comissária
28/02/2012 - 12h31
A comissária da União Europeia para o Clima, Connie Hedegaard, disse hoje (28) que a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, deverá trazer resultados concretos
e não ser apenas “muitas páginas com boas intenções”
“Está claro que muito trabalho tem de ser feito para que as coisas tangíveis sejam alcançadas no Rio
e não apenas muitas páginas com boas intenções. O desafio em hospedar essa conferência é que os
“É preciso que as pessoas possam ver, depois do Rio, que [a conferência] levou a algo concreto,
como o acesso à energia sustentável para todos até 2030, a adoção de energia renovável e a
eficiência energética”, disse acrescentando que é preciso que os países em desenvolvimento também
possam ver que a conferência pode garantir seu desenvolvimento sustentável em um futuro próximo.
O Globo - 13/01/2012
Estamos completando um ano da tragédia que se abateu sobre a Região Serrana do Estado do Rio.
As chuvas de janeiro de 2011 deixaram um rastro de destruição, incluindo a perda de cerca de mil
vidas. O acontecido trouxe à cena a discussão sobre nossa capacidade de dar resposta a um
fenômeno da natureza, agravado pela ação do homem ao longo dos anos.
Nas primeiras horas daquela manhã do dia 12 e nos dias seguintes prevaleceu a solidariedade do
povo brasileiro e as ações emergenciais dos governos do estado e federal, que foram ágeis na
liberação dos recursos financeiros e na disponibilização de equipamentos e servidores.
Além da responsabilidade de gestores estaduais e municipais, que durante anos deixaram de investir
em habitação e defesa civil, ou, ainda, estimularam ocupações em áreas de riscos, conforme
levantamentos e depoimentos na CPI da Serra na Assembleia Legislativa, uma visão objetiva do
problema mostra que falta um projeto integrado de desenvolvimento sustentável para uma região de
estrutura física montanhosa e com as poucas áreas planas situadas às margens dos rios.
A sustentabilidade da região começará quando os gestores públicos, nos três níveis, compreenderem
e agirem a partir desta realidade. Isto indica importantes ações no campo da defesa civil e na
economia regional.
Não se pode mais ter a defesa civil apenas reativa, diante da tragédia. Há que agir preventivamente,
desde a implantação de sistemas de alerta até a implantação de um programa de engenharia pública.
Com alguns engenheiros, assistentes sociais e advogados e com convênios com as universidades
públicas para a elaboração de políticas e projetos e com o aproveitamento de seus alunos como
estagiários, o programa de engenharia pública pode gerar excelentes resultados, organizando
estrutural e arquitetonicamente os bairros já existentes e instruindo o processo de regularização
fundiária em localidades de ocupação irregular. Este é um poderoso instrumento a serviço do gestor
municipal, desde que ele tenha coragem de implantar e destinar recursos.
Ainda, no campo ambiental, faz-se necessária parceria entre o Ibama, o Inea e as secretarias de
Meio Ambiente municipais, com rigor na fiscalização e punição para as agressões que sofrem os
cumes dos morros. Esta agressão, que desestabiliza as encostas e assoreia os rios, não tem
Um vilão que tem passado despercebido é a fragilização da economia regional. Muitas das famílias
que foram morar em área de risco o fizeram porque houve uma perda do poder aquisitivo com o
empobrecimento gradativo que vem desde a mudança da capital federal para Brasília, agravando-se
no governo Collor, cuja abertura desenfreada da economia levou ao fechamento de inúmeras fábricas
na região.
21.03.2012
Da Agência Brasil
Em novembro, vazamento na Bacia de Campos jogou 2,4 mil barris de petróleo no mar. Foto: AFP
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta quarta-feira 21 à 1ª Vara Federal de Campos (RJ)
as empresas Chevron, Transocean e 17 pessoas físicas por crime ambiental e dano ao patrimônio
público. Segundo a denúncia, todos podem ser responsabilizados pelo vazamento de óleo no Campo
de Frade, da Bacia de Campos, em novembro do ano passado.
De acordo com o MPF, o presidente da Chevron Brasil, George Buck, e três funcionários da empresa
responderão ainda por dificultar a fiscalização, não cumprir obrigações de interesse ambiental,
apresentar um plano de emergência enganoso e falsidade ideológica. Nesse útimo caso, por alterar
documentos apresentados a autoridades públicas.
Secretário-geral da Rio+20 diz que ONU pode criar organismo mundial voltado para o
meio ambiente
Vladimir Platonow –
Zukang veio ao Brasil para acertar detalhes de logística da Rio+20, incluindo transporte, acomodação
e segurança. Em sua agenda, estão previstos encontros com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o
governador do estado, Sergio Cabral, com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e a
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, além de lideranças políticas.
O secretário-geral evitou pronunciar-se sobre a votação do Código Florestal, que está em discussão
no Congresso Nacional, mas destacou que o assunto, embora esteja na esfera da soberania
brasileira, também diz respeito ao resto do mundo. “Todos sabem que a Floresta Amazônica é o
pulmão do mundo. E está muito claro que ela pertence ao Brasil. Mas também é claro que o Brasil
faz parte do mundo”, disse Zukang.
Para ele, embora questões de soberania não se discutam, é preciso saber usar os recursos naturais.
“Como usá-los é decisão soberana do governo do Brasil. Mas temos que levar em conta o fato de que
moramos em um mesmo planeta. Quando se usa e explora recursos como a floresta, deve se levar
em conta os impactos sobre o meio ambiente.”
Zukang enfatizou que não conhece em profundidade o assunto, mas fez uma avaliação positiva das
ações do governo federal no gerenciamento do setor. “Não sou um especialista em florestas, mas sei
que o governo brasileiro está fazendo um bom trabalho.”
Paralela à Rio+20, Cúpula dos Povos vai debater causas estruturais da crise ambiental
13/03/2012
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Causas estruturais da crise ambiental, falsas soluções, a economia verde e as propostas vindas dos
povos do mundo inteiro constituem os principais debates da Cúpula dos Povos, que ocorrerá no Rio
de Janeiro, paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20.
O diretor da Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin,
disse que tanto a economia verde quanto os créditos de carbono são soluções que “não mexem no
fundamental”. Ou seja, não alteram o modelo de produção e de consumo atual. Para ele, o
programa da ONU sobre economia verde inclui uma série de propostas interessantes, mas que não
mexem no essencial. A Abong faz parte do grupo de articulação do Comitê Facilitador da Sociedade
Civil para a Rio+20.
As ONGs prometem apresentar na assembleia projetos para resolver os problemas na área ecológica.
“A ideia é fazer a proposta de uma nova forma de organização econômica, de produção, e continuar
vivendo em uma relação harmoniosa com os bens naturais”.
Serão apresentadas experiências práticas de todo o mundo. Entre elas, o diretor da Abong destacou
a economia solidária. Outras são a agroecologia e a produção de alimentos orgânicos, que vêm
sendo feitas no Brasil e em outros países sem o uso de agrotóxicos, que mostram que “é produtiva
essa atividade, atende às necessidades das populações do entorno e garante alimentos saudáveis”.
A Assembleia Permanente dos Povos voltará a ocorrer no dia 21 de junho, quando será definida uma
programação de lutas e atividades que deverão ter continuidade após a Cúpula dos Povos.
O dia 20 será o de Mobilização Global. Nessa data, estão previstas manifestações no Rio de Janeiro e
em várias cidades do mundo em torno de projetos que ataquem as causas estruturais da crise,
combatam a mercantilização da natureza e defendam os bens comuns.
Lesbaupin insistiu que os povos querem uma mudança radical nos modelos de produção e de
consumo. “Não se pode mais produzir ilimitadamente, que é a perspectiva atual, porque alguns
desses bens não são renováveis e são finitos, como o petróleo”. Ele lembrou também o caso da água
doce, cuja utilização vem sendo feita em quantidade excessiva, impedindo a capacidade de
regeneração desse bem. O diretor disse que o Brasil, que detém 13,7% da água doce do mundo,
parece não se preocupar muito com o problema.
Outra questão é que 70% da água doce estão sendo usados para a irrigação. Segundo o diretor da
Abong, é preciso rever o modelo e escolher técnicas de irrigação relacionadas às necessidades das
populações, para poupar esse bem.