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Introdução ....................................................................................................... 3
A combinação das mudanças climáticas e do iminente pico do petróleo com as nossas aspirações
por uma vida mais natural têm fortalecido as Ecovilas como um modelo de Cultura de
Sustentabilidade. A Rede Global de Ecovilas (GEN) aponta a Agenda 21 das Nações Unidas,
elaborada na Rio-92, como um resumo das prioridades objetivos atuais. São elas:
Além desses tópicos, nesta Dimensão Ecológica nos concentraremos também no ambiente
construído, na restauração de águas e terras degradadas, nos transportes e nos dejetos líquidos e
sólidos. Também exploraremos o modo como essas disciplnas de design podem ser integradas de
forma coerente em sistemas integrais.
Introdução 3
O currículo do Gaia Education possui um excelente panorama geral das ideias por trás dessa
Dimensão Ecológica:
Citação
Para tanto, necessitamos de um novo modo de pensar e planejar (design), junto com um
compromisso pela reciclagem, conservação e pelo uso de fontes renováveis de energia.
Nenhuma geração jamais enfrentou uma perspectiva tão amedrontadora quanto os jovens que se
tornarão adultos nessa e na próxima década. Eles terão que fazer o que nós, da geração atual, não
pudemos ou quisemos fazer: estabilizar a população mundial, reduzir a emissão de gases
poluentes que ameaçam mudar o clima drasticamente, proteger a diversidade biológica (a média
atual de extinções é de 100 a 200 de espécies por dia), reverter o quadro de destruição das
Introdução 4
florestas úmidas (tropicais e de clima temperado), e conservar solos da erosão em larga escala.
Eles deverão aprender a usar materiais e energia de forma eficiente. Deverão também aprender a
usar a energia solar.
Eles deverão reconstruir a economia para eliminar desperdícios e poluição. Terão que aprender a
conservar recursos para o longo prazo. Eles deverão iniciar a grande missão de reverter, tanto
quanto possível, os estragos feitos ao planeta nos últimos 200 anos de industrialização. E deverão
fazer tudo isso enquanto reduzem a pobreza e a alarmante desigualdade social. Nenhuma geração
jamais enfrentou um desafio tão assustador.
Esses desafios farão com que aprendamos a trabalhar com e dentro dos ciclos biogeoquímicos e
dos processos vitais da terra. A mente industrial tem como objetivo o uso da tecnologia para
reformar. Uma abordagem melhor seria desenhar nossas economias, cidades, agricultura,
engenharia florestal, transportes, tecnologias e cultura em harmonia com os padrões, ciclos e
processos naturais. Para tanto é necessário uma ciência de design ecológico que vá contra a visão
disciplinarista e os compromissos de base da universidade contemporânea, assim como contra a
lógica reducionista de grande parte da ciência atual.
Em agradecimento a John Todd e David Orr pelo seu artigo sobre a Arte do Design Ecológico.
Introdução 5
1. Abordagem sistêmica do Design Ecológico
Tendo como base o tema “Construindo uma Cultura de Sustentabilidade”, essa seção foca no
“todo”. Em vez de conceitos específicos de design, abordaremos princípios e ideias gerais do
design ecológico. Isso requer atenção para o sistema, o “todo” onde esse design se encontra.
Em resposta a essas questões, o IFF desenvolveu um “Modelo de Mundo” que analisa as ligações
entre aspectos centrais do nosso mundo, dentro de um sistema integrado complexo.
Se estivéssemos projetando um sistema de água com uma abordagem sistêmica integrada, por
exemplo, deveríamos estudar todas as conexões mostradas no “World Model Chart” (Mapa do
Modelo de Mundo). O projeto se localiza na bioesfera e será muito influenciado pelo clima, o
comércio é um possível cliente, há uma conexão com a agricultura e uma demanda de energia, e
assim por diante. Essa abordagem foca nos principais fatores do design e sua perspectiva global e
examina a perspectiva global, assim como na relação do projeto com os sistemas vivos (também
conhecidos como o “Sistema Gaia”).
Todas elas contribuem com excelentes abordagens inspiradoras e trazem fortes conexões
acadêmicas.
Esta seção, portanto, aborda o Planejamento Mestre e o uso de protocolos de design e indicadores
de sustentabilidade como ferramentas para a implementação de projetos. As vantagens da
integração de instalações são descritas. A importância da compreensão das escalas tecnológicas
apropriadas é abordada. A parte final trata da relevância da relocalização versus centralização no
design urbano. No livro de John e Nancy Todd, “From Eco-Cities to Living Machines – Principles of
Ecological Design”, são apresentados os seguintes preceitos:
Nos anos 70 Bill Mollison e David Holmgren desenvolveram a Permacultura, uma filosofia de
design integrado e sistêmico, como uma resposta aos sistemas econômicos destrutivos, aos
crescentes danos ao meio ambiente e à alta taxa de consumo de recursos naturais e não
renováveis.
Tem sido usada para projetar edifícios, fazendas, jardins e vilas, bem como no planejamento de
negócios, indústrias, organizações e educação.
Em 2002, David Holmgren lançou seu livro Permacultura – Princípios e Caminhos Além da
Sustentabilidade (recém editado no Brasil), que sistematizou seus princípios e ampliou o conceito
em todas suas múltiplas aplicações.
Anteriormente, o foco era a construção de sistemas agrícolas sustentáveis, e desde então isso foi
expandido para uma teoria complexa e holística, com o objetivo filosófico e as ferramentas práticas
para criar habitats humanos sustentáveis.
Desde sua criação, há mais de 30 anos, a Permacultura tem se mostrado uma abordagem bem
sucedida para a criação de sistemas sustentáveis, podendo ser implantada em qualquer cultura e
zona climática.
Presente no Brasil desde 1993, já é muito difundida em institutos e comunidades, com uma grande
oferta de cursos e vivências. O site www.permacultura.org.br congrega várias das muitas iniciativas
em curso no país.
Economia Ecológica
Natural (ambiental)
Robert Constanza:
“Se quisermos avaliar a economia “real” (tudo o que contribui com o verdadeiro, sustentável, bem-
estar humano) em contraposição a somente a economia “de mercado”, temos que levar em conta
as contribuições extra-mercado ao bem estar, que vêm da natureza, da rede familiar, amigos e
outras relações sociais em vários níveis, assim como da saúde e educação. Um modo conveniente
de resumir essas contribuições é agrupá-las em quatro tipos básicos de capital que são
necessários para manter a economia real, que produz bem estar humano: capital construído,
capital humano, capital social e o capital natural.
O capital humano consiste na saúde, conhecimento, e todos os atributos dos indivíduos que
permitem sua interação em uma sociedade complexa. O capital social inclui todas as conexões
formais e informais entre indivíduos: família, amigos, vizinhos, assim como instituições sociais em
todos os níveis, tais como igrejas, clubes, governos locais, estaduais e nacionais, ONG’s e
organizações internacionais. O capital natural inclui os ecossistemas do mundo e todos os serviços
Quando um projeto está sendo desenhado, deve-se tomar cuidado de avaliar o impacto das
atividades iniciadas em um dos quatro “capitais” em relação aos outros. O Instituto Gund de
Economia Ecológica da Universidade de Vermont afirma que:
“Esse é nosso trabalho. Substituir a crença no crescimento econômico infinito pelo foco em um
desenvolvimento humano sustentável. Criar abordagens novas e visionárias para os desafios e
oportunidades que nos esperam no século XXI. Redefinir os limites acadêmicos, juntando experts,
professores, estudantes e atores de vários campos de conhecimento para gerar novas ideias e
ferramentas para o desenvolvimento. Iluminar o caminho para uma verdadeira sustentabilidade
econômica mundial por meio do ensino, pesquisa, design e aplicação prática de soluções
econômicas, que gerarão capital natural enquanto rendem lucro ao ser humano.”
Essa filosofia de design foi criada pelo Professor Stephen Kellert, da Universidade de Yale. Nela,
sistemas naturais e humanos se conectam, unindo a “qualidade de vida” com a integridade dos
sistemas naturais. O ambiente é o mediador entre as necessidades humanas e ecológicas. Essa
harmonia traz vantagens econômicas, sociais, psicológicas e ambientais. O ambiente construído e
sua manutenção utilizam uma grande quantidade de recursos e, portanto, o Design de Restauração
Ambiental afirma que:
A Pegada Ecológica é uma forma de quantificar o impacto humano nos serviços de ecossistema
da Terra. Seu cálculo compara a demanda humana e a capacidade de regeneração dos
Ecologia Industrial
O velho adágio “Natura mater et magistra” – A Natureza é, ao mesmo tempo, mãe e mestra – é
verdadeiro. A ideia básica é a de que nossos processos industriais e de desenvolvimento podem
ser remodelados com base nos ecossistemas naturais. Essa ideia é trabalhada nos campos de
design ecológico, engenharia ecológica e ecologia industrial.
“E a natureza selvagem retorna, um lago com nossas cidades refletidas em seus olhos.”
William Stafford
Os ecossistemas naturais possuem diversas alternativas de ação, podendo assim ser chamados
de sistemas distribuidos. A diversidade de espécies reforça a estabilidade desses sistemas com
redundâncias nas funções ecológicas. Os resultados são auto-organização, auto-reparo, auto-
reprodução e a habilidade de adaptação às perturbações nas condições externas. Se os processos
industriais também possuírem esses atributos, eles serão altamente eficientes e frequentemente
restauradores. Há uma mudança de paradigmas quando começamos a pensar na indústria como
inserida, e não deslocada, na Natureza. É necessário pensar em atividades humanas, econômicas
e industriais como sistemas vivos integrados aos sistemas naturais da Terra.
“É preciso modelar o design do sistema industrial no design dos sistemas naturais... a ecologia
industrial envolve projetar infraestruturas industriais como se estas fossem uma série de
ecossistemas interligados e interagindo como o ecossistema natural global... O objetivo da ecologia
industrial é interpretar o sistema natural, adaptá-lo e aplicá-lo ao design de sistemas humanos.
Engenharia Ecológica
Os princípios básicos da área da engenharia ecológica foram apresentados por Howard T. Odum
em seu livro “Environment Power and Society”, há mais de trinta e cinco anos. A ideia é a de que,
além de basear sistemas humanos na Natureza, podemos utilizar ecologias integradas para
executar tarefas úteis. Tecnologias vivas diferem de tecnologias mortas pelo fato de seus principais
componentes estarem vivos. Diferentes ecologias podem ser conectadas para lidar com muitos
recursos, para auto-gerenciarem uma série de funções internas circulares e fornecerem uma
variedade de produtos. Nas palavras de Howard Odum: “O estoque de espécies do planeta é, na
realidade, uma imensa caixa de peças disponível para o engenheiro ecológico. Uma espécie que
se desenvolveu para uma função determinada pode ser utilizada para diferentes propósitos em
outro tipo de rede, desde que os fluxos de manutenção sejam satisfeitos.” Um exemplo avançado
de design ecológico é o BioAbrigo (Bioshelter), particularmente relevante para o design de ecovilas.
Sistemas ecológicos são utilizados no tratamento de dejetos, cultivo de diversos alimentos,
aquecimento e resfriamento de construções e na geração de energia. Os moradores do BioAbrigo
usam os produtos de uns como recursos para outros, a fim de produzir ou manufaturar seus
produtos de escolha. John e Nancy Jack Todd descreveram essas ideias em seu livro, “From Eco
Cities to Living Machines”.
Na última década, representantes dos campos de ecologia, design e dos campos dos sistemas
complexos da dinâmica do caos passaram a interagir, gerando benefícios mútuos. Essa troca está
começando a influenciar a engenharia ecológica. Kauffman (1993) apresentou estudos sobre o
surgimento da auto-organização na natureza, englobando a escala molecular até os grandes
ecossistemas. Kauffman então formulou uma explicação para a existência da auto-organização e
do auto-desenho na natureza, e a razão pela qual esses atributos podem ser utilizados em
ambientes tecnológicos.
São necessários vários passos até o sucesso do Plano Mestre. O primeiro é o Protocolo de
Sustentabilidade. A equipe de design deve se reunir com o cliente e cobrir os seguintes pontos:
Visão
Princípios e Valores
Objetivos Estratégicos
Modelos Financeiros, incluindo o fluxo de caixa e capital inicial
Objetivos de Desempenho (Indicadores de Sustentabilidade)
Especificações de Design
Resultados
Monitoramento (Mapeamento de Resultados)
A escala é um fator decisivo na escolha de tecnologias. Uma usina de cogeração (calor e energia
combinados = CHP = combined heat and power) só é viável quando dentro de uma grande ecovila,
ao passo que o aquecimento solar funciona perfeitamente para uma casa. No passado, os designs
comuns adotavam um paradigma de centralização das infraestruturas.
Relocalização
Junto com a estratégia da descentralização vem a relocalização, ou seja, retorno ao que é local.
Dentro desse esquema, criam-se e incentivam-se conexões locais. Um bom exemplo é a
preferência por alimentos produzidos localmente a alimentos disponíveis em supermercados.
A próxima seção desse módulo cobre o impacto combinado das mudanças climáticas e do pico do
petróleo em nossos processos de design. Após isso exploraremos tecnologias específicas
utilizadas no desenho de ambientes construídos de ecovilas.
Citação
O Pico do Petróleo é o que ocorrerá quando as reservas de petróleo mundial atingirem o seu pico.
Após esse pico, a disponibilidade de petróleo irá decair, sem nunca recuperar-se. Geofísicos
proeminentes afirmam que estamos atualmente presenciando esse pico, ou que talvez ele ocorra
em 2015.
Essas duas grandes questões (as mudanças climáticas e o pico do petróleo) estão acontecendo
atualmente, e influenciam o nosso design ecológico, levando ao seguinte:
2. Projetos de neutralização de carbono para todas novas construções. Isso implica no uso de
fontes de energia sem emissão de carbono, como energia eólica e solar;
3. Design que tenha como prioridade o uso de materiais de construção com baixa energia
incorporada;
Ciclo do Carbono
O ciclo do carbono
Mudanças Climáticas
O grupo das Nações Unidas que coordena a pesquisa de mais de dois mil cientistas atmosféricos é
denominado Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Os gráficos a seguir
demonstram o efeito das mudanças climáticas e a relação entre essas mudanças e os principais
gases do efeito estufa.
A queima de florestas para a agropecuária também é uma das maiores fontes de emissão de
gases poluentes, exemplo muito comum no Brasil.
Pegada de Carbono
A Pegada de Carbono é uma forma de medir o impacto que nossas atividades causam no meio-
ambiente, principalmente as mudanças climáticas. Ela se relaciona com a quantidade de gases de
efeito estufa emitida em nosso dia-a-dia pela queima de combustíveis fósseis para eletricidade,
aquecimento, transporte etc. A pegada de carbono individual é o cálculo da quantidade de gases
de efeito estufa que produzimos individualmente e é normalmente expressa em unidades de
toneladas equivalentes de dióxido de carbono por ano (tCO2pa).
O gráfico de pizza abaixo mostra os principais fatores que compõem a pegada de carbono de um
indivíduo comum de um país desenvolvido.
Uma pegada de carbono é a soma de duas partes: a pegada primária (vista na parte verde do
gráfico) e a pegada secundária (a parte amarela da mesma imagem).
2. A pegada secundária é o cálculo de emissões indiretas de CO2, durante o ciclo de vida dos
produtos que consumimos – aquelas associadas da sua manufatura até a decomposição.
Alguns fatos:
Existe um consenso na comunidade científica de que o limite dessa concentração deve ser
de 450 ppm
No ritmo atual esse limite será alcançado em 35 anos, embora a atual taxa de concentração
esteja acelerando em muitos locais
As pegadas de carbono variam de país a país. A pegada de carbono dos Estados Unidos é
de 20tCO2pessoa/ano (20 toneladas de CO2 per capita por ano), enquanto a do Reino
Unido é de 10,62 tCO2pessa/ano, e a de alguns países africanos é de <0.5
tCO2pessoa/ano.
2. Emissões indiretas – as que não podem ser controladas por indivíduos ou comunidades-
vindas de ações militares, serviços públicos etc.
O IPCC das Nações Unidas afirma que: “Se as emissões de CO2 atingirem seu pico em 2015 e
depois decaírem em 50% - 85% dos níveis de 2000 até o ano de 2050 o aumento na temperatura
global pode ser limitado à 2 – 2,4ºC acima da temperatura pré-industrial.”
Ao reduzir as emissões globais, atualmente na faixa de 40 GtCO2pa (Giga Toneladas por ano), em
70%, podemos limitar o aumento da temperatura global. Isso significaria seguir a linha vermelha
(450 ppm) do gráfico acimaa. A linha azul é a projeção do que ocorrerá se não fizermos nada- um
aumento das emissões para 80GtCO2pa em 2050. É altamente provável que esse aumento cause
mudanças climáticas incontroláveis.
350 é a linha vermelha para os seres humanos. A ciência mais recente nos diz que, a não ser que possamos
reduzir a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera para 350 ppm, nós causaremos danos imensos e
irreversíveis à Terra
Segundo essa estratégia, países com uma alta emissão de carbono as diminuiriam, enquanto seria
permitindo que países com baixas emissões as aumentassem levemente. O objetivo é atingir um
número fixo de emissões até 2050, por volta de 3tCO2pessoa/ano. O Global Commons Institute vê
essa estratégia como uma forma viável de atingir nosso objetivo: limitar as emissões de CO2 à
concentração de 450 ppm.
O impacto da alta do CO2 e da temperatura global em vários setores está ilustrado no gráfico
abaixo, criado pela Stern Review. Outro efeito das mudanças climáticas é a elevação do nível dos
mares. As causas estão ilustradas no gráfico do IPCC mais abaixo. Um recente estudo de uma
equipe científica do RU/Finlândia mostrou que as previsões são de um aumento de até um metro e
meio no nível dos mares nos próximos 100 anos. As implicações de longo prazo de aumentos de
até 6ºC na temperatura são exploradas no livro “Six Degrees: Our Future on a Hotter Planet”, de
Mark Lynas.
O mapa acima mostra não apenas a possível destruição de diversas comunidades costeiras e o
avanço do oceano por uma elevação de mais de 30 metros nos mares, mas também a
desertificação de grande parte do planeta. Isso causaria migrações extensivas e grande destruição.
Nós, das ecovilas, temos a missão excitante e imediata de liderar na redução de nossas próprias
emissões, trabalhar nas (e pelas) nossas bioregiões e mapear o caminho para um futuro
sustentável. A adaptação às mudanças climáticas é fundamental. Mudanças estão ocorrendo, e
precisamos ao mesmo tempo nos adaptar às adversidades e continuar trabalhando para um futuro
sustentável.
Ao mesmo tempo em que o clima está mudando, estamos também em uma época onde a
produção de petróleo está prestes a atingir seu pico. Após esse pico, haverá uma queda inevitável
na produção e consumo de petróleo. O gráfico a seguir raz diferentes cenários, e o que mais
diverge nele é o ritmo do declínio.
O pico do petróleo está causando um aumento nos preços energéticos, o que contribui para a
busca de alternativas aos combustíveis fósseis.
Tecnologias locais como aquecimento por biomassa, resfriamento evaporativo e geração local de
energia estão se tornando cada vez mais financeiramente viáveis para as comunidades mundiais.
2,4 bilhões de pessoas não possuem acesso ao saneamento básico (1/3 da população).
(Dados extraídos de “From Troubled Water” de Anita Roddick e Brooke Shelby Biggs, 2004)
Anita Roddick fundou a rede The Body Shop, uma companhia britânica de cosméticos que produz e vende
produtos de beleza que conformou o conceito de consumo ético. Roddick também estava envolvida em
ativismo e campanhas por causas ambientais e sociais.
Nós possuímos tecnologia suficiente para solucionar esses problemas. Todo esse sofrimento
poderia ser evitado. Porém, essas soluções requerem investimento e comprometimento
internacional. Esta seção explora tecnologias de água relativamente simples e adequadas para
comunidades sustentáveis.
Essa abordagem envolve fechar o ciclo da água com sua reutilização – mais frequentemente para
irrigação. A água potável de ecovilas vem normalmente da coleta de água da chuva ou poços
artesianos. Com frequência é usada energia eólica ou de painéis solares para bombear essa água.
A água doce vem das chuvas, que é evaporada, por sua vez, dos oceanos. A chuva cai no solo, flui
entre rios e lagos, reabastece as fontes de águas subterrâneas e é em parte retida no solo. Uma
porção dessa água retorna, também, aos oceanos. (ver imagem do Ciclo Hidrológico).
O ciclo hidrológico
A água é utilizada pela indústria agrícola e municipalidades. O uso insustentável da água tirada de
aquíferos reduz o nível das águas subterrâneas. Deve-se sempre analisar o consumo de água
dentro de uma região – assim como a entrada e escoamento dessa água. Comunidades
sustentáveis podem assim ter a certeza de que estão utilizando águas vindas de fontes
sustentáveis, conservando-as sempre que possível. (Ver o gráfico Contabilidade Conceitual da
Água)
Com frequência a água utilizada é escoada muito rapidamente. Essa prática não permite que a
água seja guardada para o uso a longo prazo. O risco do fluxo de água poluída também aumenta.
A abordagem sustentável recomenda que se utilize a paisagem para se estocar água, que se
construam pequenas barragens, que se minimize a poluição das fontes, que se conserve florestas
e se trabalhe na reciclagem da água na região. Essas práticas auxiliarão a manter a integridade
social e ecológica da comunidade.
Muitas vezes se utiliza um filtro de areia entre a caixa d‟água e a casa. Pode-se utilizar a pressão
da água para fazer a retrolavagem do sistema anualmente.
filtro de areia
Sanitários compostáveis, ou sanitários secos, são excelentes para ecovilas com poucos
moradores. Em vilas com instalações centrais podem-se construir diversos sanitários em um único
conjunto. Existem alguns tabus sociais contra sanitários secos, de forma que a comunidade deverá
ser consultada antes de adotar-se tal tecnologia. Várias estações de permacultura no Brasil vêm
utilizando esses sistemas com grande sucesso. Em locais onde a água é um recurso escasso ou
caro, sua utilização faz muito sentido.
A International Rainwater Harvesting Alliance foi criada durante a Cúpula Mundial para Desenvolvimento
Sustentável como uma resposta à crescente crise de manejo da água.
Existem também sistemas híbridos, que utilizam sanitários comuns e uma centrífuga que faz a
separação de sólidos. Os sólidos são então compostados em um digestor, enquanto os líquidos
são desinfetados (se necessário) e liberados junto com o sistema de água cinza.
Sistema Híbrido
Aquatron
1. O Aquatron usa vasos sanitários comuns (com descarga de 3-6 litros) ou modelos especiais
nos quais a urina é mecanicamente separada da água da descarga e do resíduo sólido no
próprio vaso.
3. O resíduo sólido (papel e fezes) cai na Bio Câmara onde é compostado por bactérias, e,
caso desejado, por minhocas. Se estas forem usadas, o volume do resíduo sólido será
reduzido em aproximadamente 95%. A necessidade de esvaziar e manusear o resíduo fica
assim reduzida ao mínimo. Opcionalmente, após a instalação do sistema, entre 250 e 300
minhocas são colocadas na Bio Câmara. A quantidade de minhocas necessária para
manter o processo de compostagem será automaticamente ajustada pela natureza. A
4. O liquido segue para uma unidade de Ultravioleta (UV) onde é exposto a essa luz, que mata
bactérias e vírus. Ele pode ser então tratado como água cinza (de banho, lavagem de louça
e lavanderia), o que significa que a água residual pode ser infiltrada no solo ou em um
receptáculo adequado. Como a fração líquida é separada do resíduo sólido, os Sistemas
Aquatron não têm problema com sobrecarga no uso.
Sanitário Multrum
Brejos construídos podem ser de fluxo superficial (SFCW) ou de fluxo subsuperficial (SSFCW).
Aquele usa plantas em solo sobre um revestimento impermeável. Ele funciona em uma condição
de alagamento permanente. O último possui uma faixa de uns 70cm de cascalho instalada sobre
um revestimento e a água residual flui horizontalmente uns 10cm sob a superfície do cascalho –
daí o “subsuperficial”. As plantas são cultivadas no cascalho com suas raízes na água por baixo.
Alguas plantas típicas desse sistema são os juncos e taboas, Phragmites Australis, Typhus e
Scirpus.
Os dois objetivos principais de sistemas de tratamento naturais de águas residuais que envolvem
biologia são:
Essa seção apresenta a teoria biológica por trás do design de sistemas de tratamento naturais de
água. É recomendável ter uma noção geral dos processos biológicos que ocorrem nesses
tratamentos, o que ajudará no processo de design e na operação de tais sistemas naturais.
Digestão Anaeróbica
Digestão Aeróbica
Nitrificação
Rizosfera
Tratamento aeróbio acontece em uma SSFCW na metade superior do cascalho no brejo. Também
é intensificado por um montículo de reciclagem. Em um sistema de lagoa ou tanque, aeração é
usada em combinação com sistemas radiculares de plantas e meio geotêxtil para tratamento de
crescimento agregado.
Digestão aeróbica
A remoção de material carbonáceo das águas residuais é medida como redução na demanda
bioquímica de oxigênio (DBO5) da água. Há quatro passos básicos na remoção do material
orgânico, ou redução da DBO do fluxo de água residual, que incluem:
Para quebrar as grandes moléculas orgânicas, as bactérias costumam produzir exoenzimas que
decompõem os sólidos fora do corpo do organismo. Após a decomposição dos sólidos, os
heterótrofos convertem a DBO carbonácea em biomassa bacteriana e CO2 (50-80%). As bactérias
que são comumente encontradas realizando esse processo incluem Aerobacter aerogene, Bacillus
subtilis, Cellulomonas biazotea, Pseudomonas denitrificans, P. Stutzeri, Nitrobacter winogradskyi,
Rhodopseudomonas palustris, e Nitrosomonas sp. Estes organismos naturalmente se auto-
semearão no brejo a partir do ambiente. A quebra (solubilização) dos sólidos é um precursor da
nitrificação, que requer oxigênio e uma fonte de carbono inorgânico (Ehrlich et al. 1997). A
transferência de material orgânica para a célula e sua subsequente conversão em material celular
geralmente ocorre na zona aeróbica do brejo construído.
Nitrificação
As bactérias nitrificantes são organismos sensíveis ao ambiente. Seu crescimento pode ser
prejudicado por diversos fatores. Esses fatores incluem alta concentração de amônia, baixas
temperaturas, pH fora da faixa entre 6,5 e 8,6 e baixa quantidade de oxigênio (<1 mg/l). O pH do
A taxa de nitrificação pode ser afteada significantemente pela quantidade de nitrificantes presentes
nas águas residuais. Quando a concentração de substâncias orgânicas biodegradáveis (medida
como DBO5) está alta, as bactérias heterotrófas (que tem o carbono como fonte principal) dominam
a população bacteriana. Normalmente quando a DBO5 está abaixo de 80mg/l a população de
bactérias nitrificantes é alta o suficiente para dar início ao processo de nitrificação. Portanto a
nitrificação ocorre nos últimos estágios do tratamento.
A desnitrificação é a conversão biológica de nitrato em gás nitrogênio, óxido nítrico e óxido nitroso.
Todos esses compostos são gasosos e não são disponíveis para o crescimento microbiano. Assim
esses gases são normalmente liberados na atmosfera. O gás nitrogênio representa 70% de todos
os gases atmosféricos, o que torna a liberação de N2 benigna.
A desnitrificação biológica é uma respiração anaeróbica onde o nitrato (NO3) é reduzido. Bactérias
desnitrificantes são bactérias aeróbicas (podendo ser autótrofas ou heterótrofas) que podem
apresentar um crescimento anaeróbico quando o nitrato é utilizado como receptor de elétrons
(Bitton 1994). A desnitrificação pode ocorrer por duas vias. A via da redução dissimilativa do nitrato
requer condições anóxicas e resulta na liberação de gás nitrogênio a partir da coluna de água
(Reed et al. 1988; Madigan et al. 1997). Sob condições aeróbicas a desnitriricação resulta na via
assimilativa ou acumulação de nitrogênio na biomassa (Bitton 1994; Madigan et al. 1997).
Desnitricantes necessitam também da presença de matéria orgânica (fonte de carbono) para agir
como doadores de elétrons (ver os diagramas dos ciclos de carbono e nitrogênio abaixo). A
presença de uma fonte de carbono é o principal fator determinante dos processos de
desnitrificação da água (Weier et al. 1994). Exemplos de doadores de elétrons são águas residuais
brutas, metanol, e matéria orgânica em decomposição (Bowmer, 1987; Bitton 1994; Weier et al.
1994). Moléculas orgânicas vindas de solubilização podem ser uma alternativa, mas apresentam
resultados menos eficientes. Se o sistema utlizado for um brejo construído com fluxo subsuperficial,
águas residuais brutas e matéria vegetal em decomposição poderão fornecer o carbono necessário
para o processo de desnitrificação.
Rizosferas
Todos os processos descritos anteriormente são processos microbianos. Para que os micróbios se
proliferem dentro dos sistemas de tratamento, é necessário criar neles habitats apropriados.
Plantas e meioss artificiais (cascalho e areia) são utilizadas para criar o ambiente necessário para o
crescimento de comunidades microbianas. A nitrificação que transforma a amônia em nitrato ocorre
nos biofilmes que envolvem os componentes da rizosfera. As zonas de raízes de plantas mais altas
tem um papel fundamental no processo de tratamento, fornecendo fontes endógenas de carbono
fundamentais para sistemas biológicos.
As plantas também cumprem uma função mecânica: suas raízes estão sempre formando novos
caminhos nos brejos construídos de fluxo subsuperficial (SSFCW), por onde a água circula. Essa
circulação mantém o fluxo de água nos brejos. Algumas plantas também possuem a habilidade de
transferir oxigênio armazenado em seus caules aéreos para suas raízes. Essa exposição contínua
da matéria orgânica ao ar gera a sua decomposição e oxidação, potencializando o processo de
nitrificação.
Algumas plantas comumente utilizadas nos brejos construídos de fluxo subsuperficial (SSFCW) são
a Taboa, o Junco e Caniço (Phragmites). Outras plantas locais disponíveis podem ser utilizadas
para aumentar a biodiversidade e cor do sistema. A família Liliaceae é um bom exemplo.
As plantas possuem uma grande superfície de raiz, o que aprimora o crescimento agregado por
meio de biofilmes, que crescem nos capilares das raízes
As dimensões corretas são essenciais, com uma proporção entre comprimento e largura de não
mais que 2:1.
Para sistemas entre pequenos e médios (<2000 usuários), tanques sépticos (fossas sépticas)
podem ser economicamente viáveis Para sistemas grandes um pré-tratamento pode ser feito por
um clarificador primário ou filtro grosso.
É essencial que dimensionar corretamente o brejo construído. Os fatores determinantes para esse
cálculo são os fluxos, entrada de influentes, temperatura da água e qualidade desejada para saída
dos efluentes.
Tanques sépticos precisam ser esvaziados quando estão 2/3 cheios de lodo sedimentado. Uma
tecnologia eficiente e econômica é a das zonas de raízes de fluxo vertical (Vertical Flow Reed Bed).
Tanques Sépticos
Sistemas sépticos não metabolizam todos os materiais presentes no sistema. Sólidos que não são
metabolizados por bactérias (cascalho, areia, plástico, gorduras, etc.) se acumulam nas paredes do
tanque, precisando ser removidos periodicamente.
Os tanques sépticos iniciam a redução de matéria orgânica (DBO e SST) através da digestão
anaeróbica. Eles removem pouco nitrogênio do sistema, a não ser que efluentes nitrificados sejam
reciclados para uma maior desnitrificação.
Tanque/fossa séptica
Os efluentes que adentram um brejo construído fluem dos tanques sépticos (ou de outra tecnologia
de pré-tratamento) e são distribuídos por um conjunto de tubos na camada subterrânea (como um
barrilete), por baixo de uma camada de cascalho. Após isso, as águas residuais fluem do subsolo
para outro conjunto de tubos de efluentes, enquanto o nível da água é mantido a oito centímetros
da camada de cascalho. A camada de cascalho se encontra em uma profundidade de setenta e
cinco centímetros. A borda é desenhada para suportar picos de precipitação. Espécies apropriadas
são plantadas no brejo. A manutenção é mínima, sendo necessária apenas a retirada de ervas
daninhas e podas eventuais, para manter um bom aspecto.
zona de raízes
Para um tratamento mais eficaz da amônia, um montículo de reciclagem é instalado sobre os tubos
de entrada. Trata-se de um montículo de cascalho sobre o cascalho do brejo. A água é reciclada
nesse montículo gotejando por ele através do cascalho, trazendo ar e o oxigênio para a nitrificação
da amônia.
Os brejos construídos são uma tecnologia eficiente de tratamento de águas residuais, e foram
criados com a partir dos sistemas naturais. Alguns dos processos biológicos que ocorrem no brejo
incluem a digestão aeróbica de matéria orgânica (DBO), a absorção de nutrientes por plantas,
nitrificação de amônia e denitrificação de nitrato. A quantidade da absorção de nitrogênio e fósforo
por plantas no brejo é mínimo. A remoção de fósforo costuma acontecer por precipitação com
Há uma longa pesquisa sobre o tratamento de águas residuais por brejos construídos na Europa e
Estados Unidos. Os parâmetros de design foram estipulados após centenas de testes, incluindo
projetos chefiados pelo US Army Corp of Engineers e a Tenn essee Valley Authority, The Water
Research Council no RU, Universidades de Southampton e Middlesex, o Departamento de
Engenharia Civil de UC Davis na Califórnia e muitas outras universidades e empresas de
engenharia.
No Brasil, O Instituto Ambiental (www.oia.org.br). ONG baseada em Petrópolis, RJ, possui grande
experiência em brejos construídos, tendo construído vários sistemas muito bem sucedidos,
chamados biossistemas. Cada região deverá estipular os usos apropriados do efluente tratado.
A medida de per capita (pc) é utilizada ao medir-se o influxo diário de água residuais no sistema de
tratamento. É de 60 gramas de DBO por dia, o que tipicamente se trata de 200 litros com uma
concentração de DBO de 300mg/l (partes por milhão). Para o mesmo fluxo diário, a amônia
geralmente sera de ~35mg/l e os sólidos suspensos totais (SST) 250mg/l.
Como será dito, quanto maior a temperatura das águas residuais, maior a atividade biológica e
consequentemente, melhor o tratamento. Dessa forma, o brejo para uma mesma escala de
tratamento será menor em um país tropical do que em um país frio.
Opção futura de zona de raízes de fluxo vertical para tratar efluente séptico
O efluente séptico é o lodo que sedimenta no fundo das fossas sépticas. Ambos possuem um DBO
maior que 10.000mg/l e um cheiro forte. Um modo econômico de tratá-los é com uma zona de
raízes de fluxo vertical. Trata-se de um filtro de areia plantado, dentro de um revestimento
impermeabilizante. O lixiviado é uma água residual com alta DBO e baixo SST que se coleta na
Os poros da areia da zona de raízes de fluxo vertical são mantidos abertos pelos caules das
plantas, brotos e raízes. As plantas melhoram a eliminação da água procurando a umidade, e
também mantendo o efluente séptico aberto ao ar, com o movimento das plantas causado pelo
vento. Ao mesmo tempo, as raízes tratam o lodo biológico na areia.
O lodo, como sólidos orgânicos, acumulará na superfície do sistema com o tempo. Uma taxa de
acumulação comum é de 50kg de peso seco de lodo por m² de zona de raízes por ano. A
exposição contínua do lodo ao ar promove sua decomposição e oxidação. Os volumes de lodo
serão reduzidos entre 90 e 98%. A principal forma de redução é pela eliminação de água. A
mineralização também é significativa (Kim 1993, Nielsen 1993, Reed et al 1995).
A zona de raízes é desenhada com a borda livre, que permite ao lodo acumular para muitas
aplicações. Ela pode ser desenhada para limpeza a cada dez anos. Se e quanto a limpeza se torna
necessária, o material acumulado é raspado da sua superfície. O lodo tratado, que é agora um
material compostado estabilizado, é bom para aplicação na terra, especialmente em paisagismo e
manejo florestal. Zonas para tratamento de lodo e efluente séptico costumam ter cheiro durante o
seu carregamento. Contudo, entre 15 minutos e 1 hora, cheiros ruins são substituídos por um
cheiro de terra, similar ao de solo e serrapilheira de uma floresta. Durante o período de
carregamento, a maior parte dos cheiros é aprisionada pelas folhas e caules. A maioria das
pessoas não consegue sentir cheiro algum a 50 ou 100 metros, na direção do vento. A zona pode
ser implantada entre árvores para reduzir ainda mais a possibilidade de cheiros desagradáveis.
Não dever haver edificações num raio de 100 metros dessa zona de raízes. A aeração do lodo ou
do efluente séptico antes da aplicação na zona de raízes vai estabilizar o material e reduzir
bastante os odores.
São descritos nesta seção duas configurações de sistemas naturais. As duas se baseiam nas
reações biológicas descritas na seção sobre brejos construídos. A primeira é um sistema de
cascata em lagos, com ecologias flutuantes. A segunda é um sistema mais compacto e tecnológico
que utiliza tanques: o Fed Batch Reactor (FBR), reator abastecido a bateladas.
Esse sistema relaciona princípios biológicos aquáticos aos brejos construídos. Apesar de utilizar
energia para arejar e manter o sistema, seu design é mais avançado e ele produz uma pegada
geralmente menor. Existem cinco principais componentes:
Estrutura Flutuante, que sustenta os sistemas ativos
Aeração, seja com um difusor “fine bubble” ou um aerador tipo venturi submersível
Áreas plantadas flutuantes, com raízes aquáticas
Mídias geotêxteis para otimizar o crescimento de plantas
Bioaumentação (bioaugmentation) conforme necessário
Floating Island International fornece ferramentas testadas de ponta para manejo ambiental na forma de
brejos flutuantes e ilhas flutuantes para organismos públicos e privados mundo afora.
Como um sistema de lago se compara com tecnologias “convencionais”, como a de lodo ativado?
Menor custo
Menos detritos
Em sistemas com tanques, os dejetos são armazenados em um ou mais tanques, onde é feito um
tratamento controlado de ciclo curto (normalmente de ciclos de seis horas). A abordagem da
Organica descrita abaixo é um bom exemplo de uma abordagem ecológica do design de sistemas
de tanques. Sistemas de brejos construído ou baseados em lagoas são localizados ao ar livre, e
costumam ter uma pegada física elevada e baixa pegada ecológica. No tratamento de águas
residuais o tamanho físico e o uso de energia se compensam: sistemas de tanque são mais bem
projetados e menores, mas usam uma quantidade maior de energia. A tabela em “Tratamentos
adequados para comunidades sustentáveis” ilustra isso.
Organica, da Hungria – Reator alimentado a bateladas – Fed Batch Reactor (FBR) – Típica unidade Organica
Esse sistema possui quatro ciclos de tratamento diários. O curto tempo de retenção resulta em uma
baixa pegada física. Ciclos de tratamento cuidadosamente calculados são controlados por
computadores de acesso remoto. Ventoinhas de aeração com controle de frequência e sensores de
oxigênio possibilitam que o computador otimize a performance energética.
FBR‟s apresentam um desempenho de alto nível. Abaixo está a DBO anual média de 8,2 mg/l com
um influente variável, demonstrando a eficiência do sistema.
Desempenho em DBO
A maior parte das comunidades rurais pode construir um brejo construído de fluxo subsuperficial
(SSFCW), desde que com alguma orientação quanto ao design e uma boa supervisão. Ao lado
está uma SSFCW em construção em uma ecovila e orfanato russo mantido pela Ecologia. Um
empreiteiro local e as crianças do orfanato a construíram com supervisão de profissionais.
Para locais onde a terra é escassa e há uma quantidade significativa de águas residuais, um
sistema de lagoa ou FBR pode ser interessante. Se houver espaço suficiente para uma lagoa essa
tecnologia será a mais adequada e econômica. Na maioria das grandes cidades e grandes
ecovilas, a opção do FBR, mais tecnológica, traz o benefício do menor custo.
A tabela abaixo contém números aproximados e comparações. Os custos variam de região pra
região. Por exemplo, quando os preços do cascalho estão baixos. SSFCWs custarão menos.
Baixos preços de escavação favorecem as tecnologias de lago e etc.
O gráfico ao lado indica a energia utilizada a cada 4.000 m3/dia de águas residuais tratadas. Brejos
construídos têm o menor gasto de energia e menor pegada de carbono entre todas as tecnologias
expostas. É difícil competir com uma SSFCW no quesito custo de ciclo de vida. O gráfico também
contém os orçamentos de sistemas de lagos e FBRs, e sua comparação com tecnologias
convencionais.
Introdução
Desde 1979, o Context Institute, uma organização de pesquisa não lucrativa, tem explorado e esclarecido o
que está envolvido na cultura sustentável humana – e como nós podemos chegar lá
Essa seção introduz os princípios da Permacultura para o design consciente necessário para um
futuro sustentável. Esse design consiste na cooperação entre homem e natureza, e no cuidado
com a Terra e seus povos. A Permacultura une conhecimentos e habilidades de diferentes práticas
ecológicas – velhas e novas – para gerar soluções sustentáveis para as nossas necessidades
básicas de alimento, abrigo, estruturas sociais holísticas e economias sustentáveis.
Permaculture Activist é um periódico de permacultura onde você pode encontrar informação sobre
design permacultural e muitas soluções práticas para os desafios da vida em
uma época de declínio de energia e pico de tudo.
Quando as necessidades de um sistema não são supridas dentro dele, pagamos o preço com
grandes gastos de energia e poluição. Uma mudança profunda é necessária. Uma vida de
qualidade depende de sol, vento, pessoas, construções, pedras, mares, pássaros e plantas à
nossa volta. A cooperação com esses elementos traz a harmonia; a oposição a eles traz o caos.
uma abordagem do uso da terra. A Permacultura tece conjuntamente microclima, plantas anuais e
A Permacultura foi desenvolvida nos anos 70 pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren,
surgindo como uma reposta à poluição do solo, água e ar advinda de sistemas industriais e
agriculturais; extinção de espécies animais e vegetais, escassez de recursos naturais não
renováveis e sistemas econômicos destrutivos. Os dois juntaram conhecimentos populares,
habilidades e conhecimentos dos sistemas vegetais, animais e sociais a ideias inovadoras – e
assim nasceu a Permacultura.
A base ética da permacultura – cuidado com a Terra, cuidado com as pessoas e partilha justa
4. Um sistema que encoraja nosso envolvimentos consciente na solução dos problemas locais
e globais que nos afligem.
Princípios da Permacultura
Um conceito chave é o planejamento por zonas (ver imagem a seguir). O design é aplicado a partir
de zonas circulando a casa ou construção central de um dado terreno, em função da energia
necessária para manejo dos elementos em cada zona.
A Industrialização da Agricultura
A produção de alimentos nas sociedades humanas passou por diversas mudanças ao longo dos
séculos: de caça e coleta a sistemas locais de agricultura, e por fim a agricultura industrial. Todos
esses estágios são encontrados em diversas partes do mundo. Pode-se afirmar que países que
foram industrializados no século XIX possuem atualmente um modelo industrial de agricultura,
enquanto os países “em desenvolvimento” possuem áreas de agricultura industrial (muitas vezes
de domínio estrangeiro) em meio a áreas de agricultura familiar local.
GRAIN é uma ONG internacional que promove o manejo e uso sustentáveis da biodiversidade agrícola
baseada no poder das pessoas sobre os recursos genéticos e conhecimentos locais.
A agricultura é uma ameaça séria à biodiversidade. Isso ocorre porque o mercado que hoje fornece
alimentos à maior parte da população industrializada se interessa na venda de poucas variedades
alimentares (cereais, grãos, vegetais etc.) em grandes quantidades. Elas são produzidas em
monoculturas que são habitats inadequados para a maioria das espécies vegetais e animais
endêmicas, as quais estão presentes em propriedades rurais pequenas e diversificadas. Alimentos
geneticamente modificados, os transgênicos, presentes em muitos países, também trazem riscos,
como a ameaça ao patrimônio genético das variedades tradicionais e os danos ainda não
calculados à saúde humana.
Masanobu Fukuoka, autor de “The One-Straw Revolution, The Road Back to Nature e The Natural Way Of
Farming”, foi um dos pioneiros de cultivo sem revolvimento da terra.
Seu sistema é chamado de “agricultura natural”, agricultura Fukuoka, ou Método Fukuoka
Por fim, e talvez a preocupação mais urgente, a agricultura industrial depende da disponibilidade de
combustíveis fósseis baratos, o que não é nada sustentável. O alto nível de eficiência alegado pela
agricultura industrial não leva em conta todos os custos sistêmicos. É necessário mais energia para
a produção industrial do que para a produção por métodos orgânicos. Na Grã-Bretanha a
agricultura orgânica gera aproximadamente 50% da pegada de carbono que o método
convencional.
Essa lista já é muito significativa, mas temos que ter em mente que existem listas que abordam
outros aspectos da vida em comunidade, e deve-se esforçar ao máximo para segui-las
simultaneamente. Talvez o maior desafio de comunidades e ecovilas seja desenvolver uma visão
holística em comunidades e indivíduos, e assim garantir a harmonia e funcionalidade de todo o
sistema.
Galgafarm é a primeira cooperativa de agricultura orgânica da Hungria. E construída sobre “Três pilares”:
compromisso em ser ambientalmente saudável, intensiva em trabalho e enraizada na tradição. É membro da
GEN-Europa.
A Agricultura Sustentável pode se manter por tempo indeterminado sem que se esgotem seus
recursos. O conceito, derivado da ideia da capacidade de carga, é muito útil para analisar sistemas.
A última questão é a mais complexa e que requer mais comprometimento, pois envolve toda a
cadeia de produção.
Agricultura Orgânica
Manter todos os animais em boas condições, de forma que todas suas necessidades
naturais sejam atendidas;
Citação
Agricultura Biodinâmica
A agricultura biodinâmica é um sistema baseado nas ideias de Rudolf Steiner, criador e líder
espiritual do movimento Antroposófico. Esse movimento deu origem a várias comunidades onde as
ideias de Steiner sobre educação, arquitetura, arte, agricultura e outros aspectos da vida florescem.
As teorias agrícolas de Steiner são baseadas em uma série de palestras ministradas por ele nos
anos 20. Desde então essas ideias tem sido aprimoradas por centenas de produtores ao redor do
mundo. O princípio fundamental é a visão da fazenda como um ser físico e espiritual, e cujo bem-
estar depende do fazendeiro.
Rudolf Steiner foi um filósofo e educador austríaco, fundador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf,
agricultura biodinâmica, medicina antroposófica e a nova forma artística da Euritmia.
Demeter International é a maior organização de certificação para a agricultura biodinâmica, e uma das três
mais importantes certificadores orgânicas
A agricultura biodinâmica possui um sistema próprio de certificação que cobre todas exigências da
agricultura orgânica, com algumas adições, incluindo um período maior para que a terra seja
preparada para a Certificação Biodinâmica (ver ao lado).
O foco da CSA normalmente é em um sistema de entrega semanal de uma cesta de vegetais e frutas.
Feiras dos produtores são feiras que normalmente acontecem ao ar livre, em espaços públicos, onde
agricultores vendem sua produção direto ao público.
Os primeiros projetos de CSA surgiram nos anos 70 na Alemanha. Esses projetos tiveram origem
em comunidades baseadas no movimento antroposófico de Rudolf Steiner. Pode-se dizer que
A ideia chegou aos EUA nos anos 80, com 60 CSA‟s já existentes em 1990. Em 1997 já existiam
mais de 1,000 CSA‟s nos EUA, contendo mais de 100.000 famílias, além de muitas outras
representantes pelo mundo. Com esse crescimento também ocorreram mudanças e variações nas
ideias básicas da CSA.
Uma variação radical consiste nos integrantes da CSA dividirem os custos da produção de acordo
com sua condição financeira, e na divisão dos produtos de acordo com o tamanho de cada família
integrante. Essa variação representa o extremo do espectro, e requer muita confiança entre os
membros da comunidade.
Do outro lado do movimento existem as “box schemes” (“esquemas da cesta”), que fornecem uma
cesta de produtos orgânicos semanalmente. Essa iniciativa pode ser vista como uma variação
urbana da CSA, mas sem a conexão direta entre os consumidores e terra.
Agricultural Alternatives
No Brasil:
Ministério da Agricultura
http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/organicos
Uma boa tática é pesquisar a região a ser cultivada, a condição de seu solo e quais as espécies
mais adequadas para o plantio. Estatísticas de produção locais podem ser dadas por fazendeiros,
faculdades agrícolas ou “Serviços de Extensão Rural”.
As planilhas da Agricultural Alternatives são desenvolvidas para as pessoas menos familiares com a
iniciativa. Cada planilha contém informações sobre mercado, produção, orçamentos e recursos necessários
para ajudar usuários a fazer uma avaliação equilibrada do negócio da sua operação.
Biodiversidade de culturas,
Rotação de culturas,
Manejo da umidade do solo por drenagem e retenção de umidade por meio de canais, de
modo apropriado.
Uso de tecnologia de produção em abrigos para temporadas mais extensas (estufas, por
exemplo).
A retenção de água é comumente feita em depressões construídas para recolher água pluvial em
épocas chuvosas. Os canais de infiltração nivelados são chamados de “swales”.
Dimensões de um “swale”
A Ecovila Auroville em Tamil Nadu, na Índia, tem tido muito sucesso na transformação de suas
terras e microclima com a utilização de swales (valas de infiltração), bermas e lagoas (ver imagem
ao lado).
Nessa seção introduziremos o conceito de Ecologia Profunda, a importância da vida selvagem para
o planeta e para a humanidade e nosso papel na recuperação dos ecossistemas degradados.
Ecologia Profunda
O impacto acumulado de dois mil anos de crescimento da população humana e utilização da terra
nas árvores e florestas do mundo tem sido enfatizado graficamente em diversas publicações (veja
a Tabela 1 abaixo). Esses estudos afirmam que apenas 20% das florestas mundiais são naturais, e
apenas 6% delas são protegidas. Por volta de 10% das espécies de árvores estão ameaçadas de
extinção. A diferença entre as florestas atuais e as de dois milênios atrás é gritante.
A Wilderness Task Force (Força Tarefa da Vida Selvagem), da World Conservation Union‟s (IUCN) foi criada
pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (World Commission on Protected Areas, WCPA) em 2003. Ela
oferece uma grande variedade de recursos sobre a Vida Selvagem.
Além dessa perda de florestas, várias outras espécies foram extintas. Na Nova Zelândia, Moas
(pássaros de grande porte que não voavam) e a Águia-de-Haast (a maior espécie de águia já
conhecida) foram extintos; em Madagascar, pássaros-elefante, hipopótamos pigmeus, tartarugas
gigantes e 14 espécies de lêmures desapareceram; no Norte da África o urso-do-atlas e o leão-do-
atlas (caçados intensamente pelos romanos para uso “esportivo” nos seus coliseus) foram
exterminados. Essas perdas podem ser ligadas ao crescimento de populações humanas, ligando-
as à influência do homem.
A velocidade da perda dos habitats selvagens e espécies (ver a tabela abaixo) tem tomado o foco
recentemente. Esse conhecimento traz consigo responsabilidade. Nós podemos ignorá-lo e
acelerar nossa extinção ou trabalhar em prol da restauração da Terra – não só para a raça
humana, mas sim para todo o ambiente.
A vida selvagem inspira fascínio, reverência e uma profunda admiração por sua beleza. Grandes
árvores precisam de organismos microscópicos para crescer e prosperar; líquens utilizam minerais
de pedras maciças na produção de substância orgânica vermelha; folhas verdes ajustam sua
posição constantemente para aumentarem sua exposição ao solo. A vida selvagem é uma parte
vital de qualquer conceito ecológico de sistema integrado.
O tigre de Bali foi declarado extinto em 1937 devido à caça e à perda de habitat.
Porque a vida selvagem do planeta está em decadência? A terra possui uma determinada
capacidade de carga, o que significa que todo pedaço de terra pode suportar apenas uma
determinada quantidade de vida selvagem. A quantidade de vida selvagem que a terra pode
sustentar depende de vários fatores, todos ele interligados. A capacidade de carga da terra é
extremamente importante no caso da existência de assentamentos humanos. Até esse momento, a
maior parte dos assentamentos humanos tem crescido de forma desordenada, e sem a menor
atenção à capacidade de carga dos sistemas onde estão. Com o advento da ciência e tecnologia
tem sido possível, até o momento, ignorar as limitações da capacidade de carga da terra. Comida e
combustível podem ser importados de diversos locais. Essa importação, porém, gera um
desequilíbrio energético nesses locais. Por exemplo, quando o chá indiano é exportado, a energia
utilizada para cultivar esse chá é perdida para a terra onde ele foi cultivado. A quantidade de
energia necessária para sustentar um assentamento humano moderno (a sua pegada ecológica) é
geralmente muito maior do que a energia disponibilizada pela biorregião. O efeito desse
desequilíbrio é a crescente destruição da vida selvagem.
Alan Watson Featherstone descreve a atual situação global como um “Mundo à Beira da Morte”.
Alguns dos sintomas desse diagnóstico são:
A taxa de extinção está estimada em 150 espécies por dia (10.000 vezes maior do que a
taxa normal de extinção).
A cada ano, 11 milhões de hectares de terra cultivável são perdidas por causa da erosão,
desertificação, contaminação tóxica, etc.
“Conceitos como a capacidade de carga da terra e a pegada ecológica são importantes para a
harmonia entre a humanidade e natureza. Nós precisamos de assentamentos onde as atividades
humanas se integrem – sem danos – à natureza, assentamentos que incentivem o
desenvolvimento saudável e que possam crescer sustentavelmente por um período
indeterminado.”- Robert Gilman
Desde sua fundação em 1970, a revista The Ecologist ajudou a construir agendas ambientais e sociais no
mundo todo por meio de seu foco em causas de raiz, não apenas seus efeitos posteriores, ou eventos
correntes.
Um respeito renovado pela Terra e todas suas espécies e habitats, no qual se reconheça
nossa conexão espiritual com a natureza. (“The Great Work”, de Thomas Berry).
O reconhecimento de que as áreas selvagens são habitats essenciais para a vida de outras
espécies. Portanto precisamos abrir mão do uso de todos os terrenos e oceanos do planeta.
Um compromisso com uma vida mais simples, em que se demande menos da Terra, ao
mesmo tempo em que se adota uma alta qualidade de vida (“Voluntary Simplicity” de Duane
Elgin).
A saúde de uma biorregião deve ser responsabilidade dos seus individuos e comunidades.
Culturas locais ecologicamente saudáveis trarão uma maior diversidade cultural mundo
afora.
A população de animais de criação deve ser reduzida significantemente (por meio de dietas
vegetarianas ou de baixo consumo de carne) para possibilitar a restauração de
ecossistemas e habitats para espécies selvagens. (“The Ecologist Magazine”, Outubro de
2008).
É necessária uma mudança radical na visão humana quanto à vida selvagem. Um compromisso
em reverter os danos causados até hoje é essencial. A natureza está sempre buscando um
equilíbrio, e para isso utiliza constantes ciclos de nascimento, morte e renascimento. Porém esses
processos naturais têm sido interrompidos em todo o mundo pela escala e intensidade das
atividades humanas.
2. Trabalhar em áreas onde o ecossistema está o mais próximo possível de sua condição
natural;
9. Reconhecer que o amor do planeta nutre a força da vida e tem um papel essencial no poder
vital e restauração da Terra.
Biomimicry (Biomimética) é uma nova ciência revolucionária que analisa as melhores ideias da natureza –
seda das aranhas e gramíneas das pradarias, conchas do mar e células cerebrais – e sua adaptação para o
uso humano.
Trees for Life é um movimento da Comunidade Findhorn que se baseia na “conexão com a
natureza via vida selvagem”, e cujo objetivo principal é restaurar uma área de 1.500 quilômetros
quadrados de floresta natural. A Escócia possui apenas 1% de sua cobertura vegetal natural, o que
torna movimentos como esse, essenciais. O Trees for Life age localmente, mas tem uma
consciência global.
“Plantar árvores é plantar ideias. Começando com a atitude simples de plantar uma árvore, nós damos
esperança a nós mesmo e às gerações futuras”. – Wangari Maathai, Prêmio Nobel da Paz, fundadora do
Green Belt Movement.
1. Facilitar a regeneração natural das árvores, isolando as áreas periféricas dessas árvores da
população de veados locais e possibilitando o crescimento de novos indivíduos.
2. Plantar árvores nativas em áreas onde não exista mais vegetação. Para isso são coletadas
sementes das árvores remanescentes mais próximas, mantendo assim o conjunto genético
local na floresta. As mudas resultantes são então plantadas dentro de áreas cercadas em
um padrão não linear, similar à distribuição natural de uma floresta.
3. Remover as árvores não nativas cultivadas comercialmente sob a floresta antiga, e que
atrapalham sua regenereção.
Com o crescimento das árvores outras espécies nativas irão surgir. As sementes serão carregadas
pelo vento, pássaros ou insetos voadores. Os pássaros irão retornar assim que o habitat se tornar
adequado a eles. A rede da vida, que permeia toda a comunidade viva da floresta, irá então iniciar
sua restauração. Outras espécies precisarão ser introduzidas manualmente ao sistema em
regeneração, mas apenas quando o habitat for adequado a elas. O plano de longo prazo é
reintroduzir todos os grandes mamíferos extintos. Essas espécies, particulamente os predadores
do topo da cadeia alimentar, como o urso-pardo, o lince e o lobo, são essenciais para a harmonia
do ecossistema local. Essa estratégia dever ser combinada com um programa de educação da
população, para contrapor informações errôneas sobre predadores, e medidas de compensação
para qualquer perda de animal de criação que ocorra. Essa estratégia jávem sendo implantada, e
com sucesso, nos Estados Unidos.
Muitos dos princípios da restauração florestal podem ser aplicados também à remediação biológica
de águas poluídas. A “regeneração natural expandida”, por exemplo, consiste na criação de ilhas
flutuantes ecológicas. Bactérias benéficas ao sistema se multiplicam e grandes fontes de água se
autorregeneram: é um efeito dominó que ocorre sob condições favoráveis e com o advento de
aeração a bioaumentação.
A ilha é lançada e sustenta muitas espécies de plantas com suas raízes na água e um sistema de aeração
submersível
Desenho urbano típico para um grande parque com expansão das águas receptoras de alguma poluição dos
ambiente construído
Habitats de vida selvagem podem ser utilizadas nas margens e barrancas com uso de materiais locais
simples
Uma visão
Esta seção de Tecnologia Apropriada, como parte da Dimensão Ecológica, lida com tecnologias
para gerar e utilizar energia. Abaixo está um mapa do assunto coberto por este vasto campo. Há
um grande interesse no desenho de sistemas de energia carbono neutro por causa das mudanças
climáticas e do pico do petróleo. É por isso que estudamos essas tecnologias de energia como
parte de uma estratégia de resiliência.
IRENA busca se tornar a principal força condutora na promoção de uma rápida transição rumo a um uso
abrangente e sustentável de energia renovável em escala global
Quando se constrói visando ao o padrão Passivhaus, AECB Gold Standard, ou algum critério de
baixo carbono, a pegada de energia é muito menor que o normal. Muitos países europeus
incorporaram padrões avançados de baixo carbono para todas as novas edificações, a serem
adotados em 5 anos.
Políticas de energia alternativa costumam oferecer estímulos, tais como doações ou subsídios para
tecnologias alternativas.
Os processos industriais podem ser vorazes consumidores de energia e podem também emitir
carbono com parte do processo de manufatura. Um exemplo é a indústria do cimento, que emite
5% do CO2 do planeta.
Energia incorporada
As pegadas de carbono nas tabelas acima basicamente se referem às operações e não à energia
incorporada na construção do projeto. A energia incorporada é a energia usada para manufaturar
os materiais de construção, mais a energia consumida nos processos de construção e transporte.
Por causa da combinação das Mudanças Climáticas e do Pico do Petróleo, todas as tecnologias
descritas são carbono neutras. Elas não usam combustíveis fósseis nas operações, com exceção
talvez do transporte de biomassa ou biocombustíveis. Alguns podem ter alta energia incorporada
em seus materiais e construção, como costuma ser o caso de projetos hidroelétricos.
Tecnologias que aproveitam as forças naturais do clima e da maré – com a eólica e a solar
como exemplos;
Uma tendência crescente é a geração de vários tipos de energia de um processo integrado, como
células de combustível fornecendo calor, eletricidade e hidrogênio a partir de um único sistema.
O Nordic Folke center for Renewable Energy é uma ONG que faz pesquisa e desenvolve
tecnologia,treinamento e informação para a manufatura, inovação industrial e implementação de tecnologias
de energia renovável e economia de energia na Dinamarca e no mundo inteiro.
O Centre for Alternative Technology (Centro para Tecnologia Alternativa), CAT, se ocupa em pesquisar
tecnologias e modos de vida globalmente sustentáveis, integrais e ecologicamente saudáveis
Os ventos são atualmente os maiores geradores de energia alternativa em muitos países. Algumas
nações possuem abundância de sistemas hidroelétricos, como o Brasil.
Apesar de os ventos variarem ao longo do dia, da semana e do ano, sua velocidade média em m/s,
a potência de geradores eólicos pode ser aferida. Normalmente um fator de capacidade é aplicado
à classificação nominal das turbinas. Assim uma turbina de 1 MW com um fator de capacidade de
25% vai gerar uma média de 250 kW por 24 horas e 365 dias por ano, gerando uma saída de 2.190
MW por ano. Por causa da variabilidade do vento, a questão é de manejo da carga em relação à
energia usada e o potencial de armazenamento da eletricidade.
A localização e altura das torres das turbinas é crucial para um bom desempenho. Locação em um
terreno elevado com uma torre grande e a boa distância de árvores e outras obstruções ao vento
vai resultar em um desempenho otimizada (alto fator de capacidade).
Há um considerável interesse em turbinas eólicas no mar, por causa dos ventos fortes e das
questões estéticas. Para turbinas instaladas no leito marinho, a profundidade da água ideal deve
ser menor que 15 metros. Contudo, grandes fazendas eólicas podem ser instaladas em águas
profundas ou plataformas similares às de petróleo e gás. (Ver www.physorg.com/
news76171515.html)
Uma das questões relativas à geração eólica é o armazenamento da eletricidade para quando não
há vento suficiente. Isso pode ser feito pela geração de hidrogênio por eletrólise e a sua queima
quando necessário numa célula de combustível. Isso é ilustrado por um projeto em uma ilha na
Noruega. A questão atual é o alto custo do equipamento.
Existem duas maneiras pela qual a energia solar pode ser capturada e aproveitada:
1. Painéis fotovoltaicos, que geram eletricidade por meio da conversão da energia do sol que
incide sobre o painel. Essa energia pode ser usada como um sistema desconectado da rede
(“stand alone”), que vai requerer armazenamento em baterias para as horas de escuridão,
ou como um suplemento para o fornecimento da rede.
2. Painéis solares térmicos, que coletam a energia do sol em uma lâmina pela qual a água
corre. Esse sistema fornece água quente para a edificação, tanto fazendo um pré-
aquecimento para calefação do ambiente, como abastecendo água quente doméstica para
banhos e lavação. Como o painel fotovoltaico, o sistema pode ser “stand alone” ou pode
complementar o abastecimento a partir de uma fonte de calor diferente.
Ambos esses desenhos de painel não possuem partes móveis para a coleta da energia solar. Eles
são robustos, duráveis e requerem pouca ou nenhuma manutenção. Os painéis térmicos são,
evidentemente, conectados ao sistema de encanamento, que terá bombas e válvulas. (veja
www.solarcentury.com).
Energy Saving Trust é uma ONG que fornece aconselhamento gratuito e imparcial para
ajudar as pessoas a economizar dinheiro e combater as mudanças climáticas pela
redução de dióxido de carbono a partir de casa
Solar Térmica
Painéis solares para aquecer água em casa são uma aplicação comum hoje em dia.
3m² de solar térmica fornece ~2000 kWh/ano na Europa setentrional e ~3000 kWh/ano no sul do
continente. Normalmente, o custo operacional do painel é simplesmente o custo de financiar o
preço extra da porção solar da instalação, ou seja, excluindo o encanamento predial. No momento,
o financiamento é de €0.08/kWh no norte da Europa, quando o painel se paga em 20 anos.
A palavra “biomassa” significa madeira e/ou outros materiais biológicos que podem ser queimados
para gerar calor. A razão pela qual o aquecimento por biomassa é carbono neutro é que as árvores
e/ou plantas sequestraram a mesma quantidade de CO2 durante seu crescimento que emitiram
quando queimadas. A madeira é a principal fonte para aquecimento por biomassa e é usada
geralmente de duas formas:
2. Pellets de madeira, feitos de madeira e outros rejeitos agrícolas, como o bagaço da colza
após ser prensada para extração do óleo. A vantagem dos pelletes de madeira é que eles
são mais secos que as lascas e liberam mais energia por tonelada. Eles também são mais
leves e menos volumosos que as lascas. Podem, por exemplo, ser jogadas dentro de funis
alimentadores e atuar como óleo para atiçar fogo.
O Biomass Energy Centre, no Reino Unido, fornece informação sobre os vários tipos de combustível de
biomassa comercialmente disponíveis ou em pesquisa.
Lascas de madeira têm que ter umidade de 25% ou menos para uma queima eficiente. Boilers a
lasca de madeira precisam de mais operação que instalações de pellets do mesmo tamanho, por
causa do volume e manuseio das lascas irregulares. O armazenamento das lascas e o boiler que
funciona com elas são mais caros enquanto custo de capital para a mesma capacidade calorífica
que uma instalação de pellets. No norte da Europa, o preço atual das lascas no atacado é ~€80/ton
e o preço dos pellets é ~€165/ton.
Muitas instalações hoje são multicombustível, ou seja, o boiler pode lidar com lascas e/ou pellets
ou pellets e/ou toras. O armazenamento de lascas, pellets e toras é diferente. Todos os boilers
possuem operação automática e controle de chama. E todos têm que ser regularmente limpos das
cinzas.
Estabilidade de preço;
Uma tecnologia Madura e altamente eficiente apropriada para a faixa de 5kW a 50MW;
RET Screen
O Software de Análise de Projeto de Energia Limpa RETScreen (RETScreen Clean Energy Project
Analysis) é uma ferramenta excelente de apoio para a escolha de sistemas de energia. Foi
desenvolvida com a contribuição de muitos especialistas do governo, indústria e academia. O
software, fornecido sem custo, pode ser usado no mundo todo para avaliar a produção e economia
de energia, custos, reduções de emissão, viabilidade financeira e risco para vários tipos de
Tecnologia de Energia Renovável e Eficiência Energética (RETs). Ele também inclui bases de
dados de produto, projeto, hidrologia e clima, um detalhado manual do usuário online e um curso
de nível universitário baseado em estudo de caso, incluindo um livro eletrônico de engenharia.
Ignição automática
Controle de capacidade
Diagnóstico de um boiler
A energia é aproveitada nos projetos hidroelétricos em relação à coluna d‟água (altura da água
acima do gerador) e o volume de água disponível em um local particular para passar pelo gerador.
Se um local possui uma boa fonte de água, como uma represa, e cai em um ponto onde um
gerador pode ser instalado, um cano pode conduzir a água da represa ao gerador. O volume de
água liberado pelo cano pode controlar a potência.
A tabela abaixo ilustra diferentes soluções de design para a geração de 100 kW. Se a coluna tem
50 metros, o fluxo tem que ser pelo menos algo como 379 litros por segundo, e o tubo para
conduzir a água no mínimo de 610mm de diâmetro. Contudo, com uma coluna de 300 metros, o
fluxo será de apenas 63 litros por segundo e o diâmetro do tubo 244mm. A eficiência da turbina é
como o fator de capacidade de um gerador eólico, levando em conta as perdas de energia no tubo
e na turbina.
Os rios podem agora ser aproveitados com turbinas montadas em flutuantes, como ilustrado. Esses
sistemas costumam ser bem pequenos. Se vc tem duas represas ou lagos com uma pequena
coluna d‟água entre eles, um sistema de sifão pode gerar alguma energia útil.
Entradas por sifonamento – sem rompimento de represas, evita água sobre as margens.
Coluna de 274,3m
A vila de Knoydart fica em um local remoto no oeste da Escócia, onde ao sistema hidroelétrico é
sua única fonte de energia. Porém, com o grande aumento de custo da energia elétrica, pequenos
projetos hidroelétricos estão se tornando cada vez mais viáveis.
Knoydart Hydro
Muitas regiões montanhosas remotas possuem sistemas micro hidroelétricos para vilas isoladas.
A energia do mar a partir das ondas e das marés está nos seus estágios iniciais; entretanto, há
muita energia nos oceanos e o potencial vai ser visto nas próximas décadas. A imagem da maré é
de turbinas construídas no leito do mar em um fluxo de maré. Esses fluxos costumam ser fortes em
passagens estreitas entre ilhas ou em estuários e baías oceânicas. Onde há um vão estreito entre
ilhas e o leito se eleva das águas profundas, o fluxo da maré é forçado a acelerar enquanto um
grande volume de água é forçado através de um canal estreito, como o Golfo de Corryvreckan na
costa oeste da Escócia.
"A companhia britânica Lunar Energy e a empresa coreana Midland Power concordaram em
construir uma usina gigante de 300 turbinas no Corredor Aquático Wando Hoenggan, ao largo da
costa sul-coreana. Espera-se que a usina forneça 300 MW de energia renovável para o país por
volta de dezembro de 2015.”
As sementes da planta jathropa são 37% óleo. Ela é cultivada na África, América do Sul e Ásia. É uma boa
fonte de biodiesel e as folhas podem ser usadas para cultivar o bicho da seda.
Os dois biocombustíveis mais comuns atualmente são o bioetanol, que pode ser misturado ao
petróleo, e o biodiesel, que pode ser misturado no diesel comum. Misturados em pequenas
quantidades (atualmente, até 5%), esses biocombustíveis podem ser usados com segurança nos
veículos que temos. Também é possível usar misturas maiores de biocombustível (100% biodiesel
e 85% etanol), mas isso pode requerer modificações nos motores.
Fotos mostrando a prensagem do óleo de colza (canola) em duas escalas diferentes. A máquina menor é
apropriada para muitas aplicações em ecovilas.
Óleo de colza: Há muitos campos de colza (canola) cultivados na Escócia e norte da Europa. Com
flores amarelo brilhantes, os campos são difíceis de não ver quando estão em flor. A colza pode ser
utilizada para produção de biodiesel. A eficiência do uso do solo é moderada e a vantagem é poder
substituir os combustíveis fósseis.
Etanol de celulose é uma grande promessa. É extraído capins, árvores e partes não comestíveis
das plantas. É cinco vezes melhor em termos do seu balanço de energia líquida que o etanol de
milho. Pode ser produzido com capins de rápido crescimento, como a switchgrass (Panicum
Virgatum, nativa da América do Norte), que absorve dióxido de carbono para crescer. Outra
vantagem é que as usinas de etanol de celulose poderão abastecer seus boilers intensivos em
energia com os refugos vegetais de seus próprios processos (as usinas de etanol de milho usam
gás natural). As emissões são 91% menores que dos combustíveis fósseis. O principal problema
atual é o seu custo de produção. Pesquisa e desenvolvimento estão em curso.
Óleo de palma, tal como a cana, costuma ser cultivada em terras que foi desmatada das florestas
tropicais. Isso causa uma enorme liberação de gases de efeito estufa que anula qualquer benefício.
A indústria do óleo de palma está causando devastação ambiental, colapso social e perdas
maciças de habitats e espécies na Malásia, Indonésia, Papua Nova Guiné e outras partes do
mundo. As queimadas emitem grandes quantidades de CO2 na atmosfera e destroem a incrível
biodiversidade que a floresta úmida tropical sustenta. Orangotangos, uma das espécies mais
ameaçadas do mundo são mortos diariamente em monoculturas de palma.
Etanol de milho é ineficiente no uso do solo. É o mais desperdiçador dos cultivos para biodiesel.
Só economiza 22% das emissões em relação ao combustível fóssil e seu balanço de energia é
baixo: 1,3:1. O milho também costuma ser produzido com uso de muito fertilizante à base de
combustíveis fósseis e a maioria dos cultivares nos EUA são transgênicos, e, portanto, vem com os
riscos associados.
Algas são minúsculas fábricas biológicas que usam a fotossíntese para transformar CO2 e luz
solar em energia de modo tão eficiente que elas podem duplicar seu peso várias vezes por dia. O
uso de algas para produção de biodiesel ainda está no estágio de pesquisa, mas as perspectivas
são excelentes. Elas podem ser produzidas na água salgada, doce ou mesmo contaminada; no
mar ou em lagos; e em terra adequada ou não para produção de alimentos. Podem até mesmo ser
alimentadas com CO2 para crescer mais rápido.
Óleo Reciclado: Carros e caminhões com motores a diesel podem funcionar a base de óleo de
fritura usado por restaurantes ou lanchonetes. A exaustão do carro vai cheirar a fritura. Embora,
esteja longe de existir suficiente desse tipo de óleo reciclado para uso extensivo, pode ser uma
solução para algumas pessoas que gostariam de ser super verdes e economizar dinheiro ao
mesmo tempo.
Os maiores ganhos no desenho de sistemas de energia vêm da conservação. Isso inclui o super
isolamento térmico de edificações, a redução do peso dos veículos, a eficiência no uso da energia,
e por aí afora. Muitos aparelhos consumidores de energia possuem classificação de consumo
energético, o que possibilita escolhas inteligentes. As indústrias se concentram na segurança de
seu suprimento energético, o que muitas vezes quer dizer uma rede privada com alguma
capacidade de geração local, simultânea à conexão com a rede pública. Elas também trabalham
para atingir uma contínua eficiência de seus sistemas. Isso envolve a análise do processo industrial
desde seus princípios para reduzir energia e desperdício. Também significa atitudes menores,
como substituir motores elétricos por modelos mais eficientes e controles mais inteligentes. Nesta
seção, exploraremos três tecnologias. As primeiras duas se referem a construções e a terceira a
transporte, como ilustrado no Mapa de Energia no começo da seção sobre Energia.
A maioria dos sistemas grandes usa combustíveis convencionais, porém há um uso crescente de
metano de usinas de gás de aterros sanitários e distribuição de calor onde isso é viável.
Combustíveis não fósseis para CHP podem ser o metano de biodigestores anaeróbios ou biomassa
de uma floresta local. Acima de ~1MW a madeira combustível pode ser gaseificada. Sistemas
menores geram vapor, que é usado em turbinas a vapor. Isso reduz a eficiência da geração elétrica
para algo como 25%. O calor costuma ser distribuído por um sistema local de aquecimento.
A energia descentralizada pode economizar para Londres até 3,5 toneladas de CO2 por ano.
(www.chpa.co.uk)
Micro CHP
O princípio é que um motor movido a gás ou óleo acione um gerador de eletricidade. O calor do
bloco do motor, do resfriador do óleo e da exaustão, que normalmente seriam desperdiçados, é
absorvido por um líquido refrigerante por um trocador de calor de alta eficiência. Essa energia,
armazenada como água quente, é então utilizada diretamente para aquecimento central, água
quente doméstica, o indiretamente para ar condicionado. Em geral, a produção de um 1kw de
energia gera 2kw de energia térmica utilizável. Essas unidades de cogeração são movidas a gás
natural ou diesel e têm um grande sistema de armazenamento de calor e controle avançado por
computador (www.ecpower.co.uk).
Essa tecnologia pode ser utilizada em grandes edificações, conjuntos de edifícios ou uma casa.
Geralmente, os maiores sistemas possuem menores custos por kWh.
Uma bomba de calor com base na terra (ou geotérmica) funciona como um refrigerador. Se há
necessidade de calor, uma grande quantidade de terra é ligeiramente resfriada e o calor entregue
em uma forma “concentrada” ou de alta temperatura para suprir a central de calefação de uma
edificação.
Para o ciclo de aquecimento, a energia tirada da terra durante o inverno para aquecer a residência
é substituída por energia solar, que incide sobre a terra ao longo do ano. A energia movida, ou
“bombeada”, da terra é uma energia “renovável” natural. Essa energia da terra é aproveitada pela
circulação de água do poço ou da serpentina na terra.
O resfriamento da água em circulação pela bomba de calor faz a energia térmica fluir da terra mais
quente em volta do poço ou da serpentina para a água circulante.
A bomba de calor então transfere essa energia térmica no sistema de calefação da edificação, que
por sua vez aquece a casa.
O que torna esse processo de reciclar energia solar armazenada da terra tão econômico, é que
pouca eletricidade no compressor da bomba de calor é utilizada para transferir considerável
energia da terra para a casa. As bombas de calor podem entregar quatro vezes a energia usada
pelo compressor.
Energia geotérmica
1. Bomba de calor da água para a terra, que tira o calor da água em um trocador de calor e o
transfere para o ar em outro trocador, para distribuir o calor por dutos de ar na casa.
A Agência Ambiental dos EUA (EPA) fez pesquisas extensas sobre as bombas de calor
A Heat Pump Association (Associação da Bomba de Calor), HPA é a maior autoridade do Reino Unido no
uso e benefícios da tecnologia de bomba de calor
Onde há espaço suficiente na construção e a terra é adequada, um sistema com loop horizontal
costuma ser o mais econômico. Onde tem um aquífero, ou um açude fechado, também. Onde há
um aquífero, o método do poço tubular poderia ser avaliado. Água para água é o sistema mais
eficiente.
A tecnologia é confiável, e apesar do investimento de capital ser mais alto que o de alternativas
convencionais, os custos de operação costumam ser 30-50% menores.
http://www.youtube.com/watch?v=ybfVoiN14HE&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Z5rxV3R9RbQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=-ajqiPe_9Ko&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=pwZYMkziUWQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=DwKXkN58kqo&feature=related
Transporte é uma das áreas mais difíceis de diminuir a pegada de carbono. Estamos muito
acostumados com a efetividade dos combustíveis fósseis em nos abastecer com energia móvel.
Para o designer de ecovilas, seguem algumas opções:
Pesquisas recentes estão mostrando que gerar hidrogênio por eletrólise com energia é eólica e
usá-lo em um carro movido a célula de combustível pode ser viável. O problema atual é que os
carros a célula de combustível são caros, por causa da pequena escala de produção.
O site Sustainable Construction possui informação que ajuda as pessoas a construir edificações de baixo
carbono. Eles publicam a revista Green Building para ajudar você a desenhar e construir casas, escritórios e
fábricas sustentáveis, saudáveis e ecológicas.
Para edifícios de baixo carbono, como linha geral, 50% do sucesso pode ser atribuído à arquitetura,
25% a equipamentos bons e eficientes e 25% à atitude dos ocupantes.
Em vez de dar uma lista de tecnologias para edificações verdes, este módulo abordará um
empreendimento típico de ecovila, com até 30 casa, com estratégias para climas quentes e frio.
Ecohouse – a casa ambientalmente sustentável, por Susan Roaf, Manuel Fuentes e Stephanie Thomas
* Muitos dos desenhos desta seção são do livro Ecohouse – a casa ambientalmente sustentável,
de Susan Roaf, Manuel Fuentes e Stephanie Thomas. Veja a bibliografia.
A Hipótes da Biofilia (Biophilia Hypothesis) sugere que há um elo instintivo entre seres humanos e outros
sistemas vivos. Edward O. Wilson e Stephen R. Kellert apresentaram e popularizaram a hipótese em seu livro
chamado “Biofilia”
Estratégias bioclimáticas: Paisagismo com árvores decíduas (que perdem as folhas no inverno) e
beirais estendidos nos telhados podem fornecer sombra para o resfriamento no verão. O sol mais
baixo no inverno através das árvores nuas pode fornecer aquecimento solar passivo (ver
Bioarquitetura).
O aquecimento solar passivo pode ser alcançado pela construção de massas térmicas na estrutura.
Massa térmica combinada com isolamento térmico em uma construção atenua as mudanças no
ambiente externo – criando assim temperaturas mais uniformas internamente. Esses processos
podem ser melhorados com sistemas ativos, usando ventiladores e bombas.
Eliminação de frestas de ar, onde a calefação é necessária, faz uma grande diferença no
orçamento de energia. Contudo, a ventilação forçada será necessária nos banheiros e cozinha.
Fluxos de ar na casa
Telhado verde
A instalação de um telhado verde pode proporcionar um isolamento térmico extra assim como um
ganho estético ao desenho. Muitos telhados verdes absorvem a energia do sol em vez de refleti-la
e podem reduzir a temperatura ambiente no entorno urbano. Uma boa opção de plantas são as
suculentas do gênero Sedum.
Na Escócia, por exemplo, a pegada média de carbono em toneladas de CO2 por pessoa/ano é:
Eletricidade e aquecimento, mais energia para cozinhar em nível doméstico costumam totalizar
mais de um quarto da pegada média pessoal de carbono. Cozinhar pode ser um desafio para um
design que elimine o uso de combustíveis fósseis. Se houver biogás disponível localmente, é uma
boa solução. Cozinhar com lenha também traz desafios, em particular o trabalho de cortar, secar e
transportar. Se a eletricidade vem de fontes renováveis, tecnologia de cozimento por indução é
uma solução eficiente, como mostrado ao lado.
O Programa CarbonLite é uma iniciativa da AECB que fornece ferramentas e conhecimento para criar
edificações de baixa-energia alinhados com a legislação existente e futura, cobrindo tanto edifícios
domésticos como comerciais.
Também é relevante avaliar a pegada ecológica, onde os números estão disponíveis. Abaixo há
uma tabela de pegada ecológica por consumo, retirada de 31 países.
Habitação, incluindo água e energia, é o maior segmento, com 27%, seguido por alimentação, com
23%.e transporte em terceiro com 14%. Portanto, dois terços da pegada são diretamente
relacionados aos assuntos tratados no design de ecovilas.
A taipa de pilão é uma técnica construtiva com barro cru ou estabilizado. Tradicionalmente, construções taipa
de pilão são comuns em regiões onde a madeira é escassa
Cal tem isso usada com um aglutinante para massas e rebocos nos últimos 10.000 anos
Esse é um tema muito amplo e é determinado pela biorregião específica. Alguns materiais com alta
energia incorporada:
Concreto
Alumínio
Aço
Madeira local
Isolamento térmico local, que pode ser lã de carneiro, papel reciclado, palha, cânhamo