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Recibido: 20 de setiembre 2018 | Aceptado: 15 marzo 2019 | Publicación en línea: 1ro. abril
2019.
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INTRODUÇÃO
O presente artigo versará acerca da análise da competência do Tribunal Penal
Internacional para julgar as barbáries acometidas pelo Governo Sírio ao
utilizar-se de armamento químico contra sua própria população.
Por tal razão, o estudo explorará a principal função da referida instituição,
bem como os principais empasses que, por consequência, impedem o
progresso das investigações dos acontecimentos, assim como impossibilitam
e aplicação de eventual sanção aos responsáveis por tais atos.
O primeiro aspecto a ser estudado pelo presente trabalho será a origem
histórica do Tribunal Penal Internacional. Serão analisados os acordos
internacionais firmados entre as federações, bem como em quais situações o
referido Tribunal possui legitimidade para atuação.
Em segundo lugar, será iniciada uma discussão acerca da efetividade do
referidos Tribunal, no âmbito internacional, em se tratando da sua atuação
para coibir os crimes contra os Direitos Humanos praticados no contexto de
guerras civis, regimes totalitários e outros conflitos armados.
Em seguida, se procederá com a análise da interferência da Organização das
Nações Unidas (ONU) no Tribunal Penal Internacional, frente aos desastres
ocorridos, de modo a adentrar nas razões que impedem sua efetiva atuação
no conflito civil perpetrado em solo Sírio com aplicações de medidas
eficazes para sanar as atrocidades e punir o atual governante, bem como
aqueles envolvidos.
Por fim, analisaremos a atuação do Tribunal Penal Internacional no contexto
Sírio, sob a ótica do Direito Internacional, e as razões que impedem ou não
o seu protagonismo na reparação e repressão dos atos que até então ali foram
praticados.
6COMPARATO. Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 3 ed. São
Paulo: Saraiva, 2003.
9ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Ed. Saraiva,
2011. p. 852-853.
10 TEIXEIRA. Sílvia Gabriel. O individuo e sua situação penal internacional após a criação
do Tribunal Penal Internacional. Disponível em < http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12338 >. Acesso em 03 set
2018.
11LIMA, Renata Mantovani de; BRINA, Marina Martins da Costa. Coleção para entender: O
Tribunal Penal Internacional. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2006. P. 147.
12 TEIXEIRA. Sílvia Gabriel. O individuo e sua situação penal internacional após a criação
do Tribunal Penal Internacional. Disponível em < http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12338 >. Acesso em 04 set
2018.
13SANTOS, Celso Araújo. Análise pratica do Tribunal Penal Internacional: origem
histórica, competência, procedimento, natureza das decisões e delitos internacionais.
Revista Direito Constitucional e Internacional. Vol. 84. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
P. 111.
14ONU: A história da organização. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/conheca/historia/>.
Acesso em 08 set 2018.
tornar o Conselho de Segurança mais eficiente ainda que tal alteração pareça
imprescindível para a manutenção da instituição. 18
Nesse aspecto, justamente, relacionado ao funcionamento do referido órgão
de cúpula que reside a imensa interferência no andamento independente do
Tribunal Penal Internacional.
De forma que, conforme sabido, o Conselho de Segurança da Organização
das Nações Unidas, conforme os ensinamentos de Cícero Neto, possui
legitimidade ativa para para iniciar o processamento de uma Ação Penal de
alçada do Tribunal Internacional, mediante denúncia ao Gabinete de
Procurador, sobre qualquer situação em que haja os indícios mínimos de
ocorrência dos crimes contra a paz mundial.19
Para além disso, conforme saberes de Artur Souza, as situações pelas quais
ensejam o processamento da Ação Penal pelo Conselho de Segurança
englobam, inclusive, os ilícitos penais que ocorreram em nações que não se
submeteram a jurisdição do Tribunal. 20
A partir disso, percebe-se que a independência do Tribunal em estudo, visto
anteriormente, não é ampla nem ilimitada, pelo contrário, está
estrategicamente amarrada e submetida a deliberação do órgão de cúpula da
Organização das Nações Unidas, que por vexes possuir um poder de
processamento dos ilícitos penais maior do que o próprio órgão
especializado, visto que, a eles é conferido a possibilidade de aferir ilícitos
penais cometidos por aqueles países não signatários do Estatuto de Roma.
Por todo exposto, é inevitável concluir pela modesta independência
normativa e atuação do órgão criado para apurar crimes contra a
humanidade, de um modo geral, isso porque a sua atuação se mostra bastante
restrita, aos países signatários e, indevidamente, atrelada a atuação de outros
24ONUBR. Síria: Conselho de Segurança da ONU falha e não adota três resoluções sobre
armas químicas. Disponível em < https://nacoesunidas.org/siria-conselho-de-seguranca-da-
onu-falha-e-nao-adota-tres-resolucoes-sobre-armas-quimicas/ >. Acesso em 02 set 2018.
25 Idem.
26ONUBR. Conjuntura Síria tem de ser avaliada por Tribunal Penal Internacional, diz
chefe da ONU. Disponível em < https://nacoesunidas.org/conjuntura-da-siria-tem-de-ser-
avaliada-por-tribunal-penal-internacional-diz-chefe-da-onu/ >. Acesso em 4 set 2018.
Dessa forma, por mais que a Síria não seja signatária do Estatuto de Roma
que instituto o referido tribunal criminal internacional, ainda assim, o
Conselho de Segurança da ONU possui o poder de leva-lo à processamento
e julgamento junto a referida corte27.
Logo, é imperioso reconhecer que diante as circunstancias políticas e
culturais que circundam e impedem o avanço das investigações dos crimes
perpetrados no território árabe, pelo órgão de cúpula da ONU e a sua
evidente polarização, é necessário que os atos de investigação sejam,
urgentemente, remetidos para apreciação do Tribunal Penal Internacional.
O envio para o referido Tribunal se mostra como medida imperativa para
reforçar a finalidade pela qual o próprio tribunal fora criado e sobre quais
crimes a sua competência pode atuar. E, por se tratar de um grave crime de
guerra, a negligência do Conselho de Segurança deve ser repudiada pela
comunidade internacional, para evitar a ocorrência de maiores violações à
direitos humanos, reafirmando a própria autonomia do Tribunal e
confirmando seu poder reprimindo futuras ameaças que possam ocorrer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por todo trabalho realizado, inicialmente, é importante compreender a
importância da criação de um Tribunal Penal Internacional para processar e
julgar crimes de maiores magnitudes, diante o contexto que toda a
comunidade internacional vivenciou, pós as duas grandes guerras mundiais,
que foram responsáveis por assolar o mundo e trazer consequências
irreparáveis para as mais diversas nações do globo até os dias atuais.
É preciso entender, também, que o escopo para o desenvolvimento e
surgimento do referido tribunal, esta pautado na defesa dos direitos humanos
em sua forma mais ampla. Isso porque, em razão do seu caráter de
complementariedade, o processamento diante o mesmo ocorrerá em caso de
inércia das nações em apurar os crimes que são de sua competência e, que
por consequência, perpetraram violações ao direito humanitário
internacional.
E, ainda que hajam países que não sejam signatários do tratado que originou
o tribunal penal, eles, ainda assim, podem ser submetidos a sua jurisdição,
mediante encaminhamento para análise e averiguação, pelo Conselho de
Segurança da ONU, das atividades suspeitas que foram praticadas e que
correspondem a crimes de competência do Tribunal Penal Internacional.
REFERÊNCIAS
ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São
Paulo: Ed. Saraiva, 2011. p. 852-853.
Autoridade Nacional para a Proibição das Armas Químicas. Disponível
em < https://www.anpaq.mne.pt/pt/convencao/convencao-para-a-
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COMPARATO. Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos
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