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Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupos: Das evidências à prática


clínica

Book · April 2017

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PARTE I
BASES DA TERAPIA
COGNITIVO-
-COMPORTAMENTAL
EM GRUPO
1
BREVE HISTÓRICO
DAS TERAPIAS
EM GRUPO E
DA TCCG

Bernard P. Rangé
Caroline da Cruz Pavan-Cândido
Carmem Beatriz Neufeld

Este capítulo aborda, de forma breve, TCCG no Brasil, como alguns pioneiros,
aspectos históricos das intervenções tera- os primeiros trabalhos desenvolvidos e os
pêuticas em grupo e das terapias cognitivo- tipos de grupos realizados no País, bem
-comportamentais em grupo (TCCGs), com como seus principais resultados.
foco em seu desenvolvimento no Brasil. No Considerando que toda pesquisa é um
que se refere à história das intervenções em recorte de uma infinidade de possibilida-
grupo, o texto traz alguns autores a quem des, e que toda a história é uma versão
se atribui o início da área, as principais possível dos fatos, contada pelos autores a
características das intervenções que rea- partir de sua própria história e dos métodos
lizavam e suas contribuições presentes até utilizados, apresentaremos aqui um dos
os dias atuais. Já em relação à TCCG, serão recortes possíveis. É importante ressaltar
apresentados alguns aspectos históricos que não se pretendeu descrever de forma
gerais, o contexto histórico de inserção aprofundada a história da terapia de grupo
do grupo como uma modalidade de aten- e da TCCG no Brasil e no mundo. Tampouco
dimento em terapia cognitivo-comporta- houve a pretensão de realizar uma revisão
mental (TCC), a evolução das características sistemática das pesquisas sobre TCCG e sua
dos grupos ao longo das décadas e algumas efetividade. O capítulo tem como objetivo
preocupações apontadas por autores con- introduzir alguns aspectos históricos im-
sagrados na área. Por último, também de portantes e apresentar um panorama dos
forma breve, serão apresentados dados resultados da TCCG ao longo de sua história
históricos sobre o desenvolvimento da e na atualidade, especialmente no Brasil.
18  NEUFELD & RANGÉ (ORGS.)

-- BREVE HISTÓRIA DA
TERAPIA EM GRUPO
auxiliar os indivíduos fisicamente doentes,
por meio do suporte mútuo, a recuperar e
manter sua saúde. Também Lazell (1921),
Pode-se dizer que a prática de terapia em um psiquiatra, fazia uma espécie de con-
grupos tem uma história tão longa quanto ferência para seus grupos de pacientes
a da humanidade. Nossos ancestrais se com esquizofrenia sobre psicopatologia e
ajudavam em práticas coletivas de auxílio comportamentos mentalmente saudáveis.
e suporte mútuos, rituais religiosos e de Apesar de sua condição, segundo o autor,
cura, entre outras. Porém, a prática da durante os grupos, os pacientes pareciam
terapia psicológica em grupos organizados estimulados e menos apreensivos, devido
com o propósito de ajudar os participantes a ao suporte exercido pelo estar em grupo.
enfrentar transtornos mentais e problemas Na mesma direção, Marsh (1935) e
psicológicos é bem mais recente e certa- Wender (1936) iniciavam seus grupos com
mente seria de difícil compreensão para uma espécie de palestra sobre desenvolvi-
nossos antepassados (Rosenbaum, Lakin, mento e causas da psicopatologia e sobre
& Roback, 1992). Assim, diferentemente as formas de se manter saudável. Wender
da psicoterapia individual, a história da (1936) foi o primeiro psiquiatra psicanalista
terapia de grupo não apresenta início e a realizar terapia de grupo e, por isso, ti-
desenvolvimentos tão claros e precisos, nha como parte de seus objetivos que seus
havendo divergências quanto ao momento pacientes desenvolvessem capacidade de
de início e aos pioneiros dessa prática (Be- insight e compreensão profunda de suas
chelli & Santos, 2004). pulsões e necessidades (Rosenbaum et al.,
Na tentativa de organizá-la, há propos- 1992). Segundo esses autores, Wender (1936)
tas de subdivisão dessa história, a partir também foi responsável pela primeira pu-
do início do século XX, em alguns períodos. blicação sobre técnicas de terapia de grupo.
MacKenzie (1992) divide seu livro em três O psicodrama, desenvolvido por Moreno
momentos: 1905-1951 – anos formativos; a partir da segunda década do século XX,
1952-1967 – anos de expansão teórica; permanece como uma influência significa-
1968-1981 – anos de consolidação. De forma tiva na prática psicoterapêutica de grupo
semelhante, Bechelli e Santos (2004) divi- até os dias atuais, tanto em relação a sua
dem seu artigo em “Período de consolidação proposta como em relação a sua impor-
e desenvolvimento” (1907-1950) e “Período tância histórica (Moreno, 1966, 1974; Ro-
de expansão, consolidação e amadureci- senbaum et al., 1992). Moreno (1966, 1974)
mento” (1951-2000). desenvolveu sua intervenção fora dos es-
Como representantes do primeiro perío­ tabelecimentos de saúde mental, com seus
do, frequentemente citados na literatura, atores e audiência desempenhando papéis
encontram-se Pratt (1907), Lazell (1921), não ensaiados, em espaços abertos, como
Marsh (1935), Wender (1936), Burrow, praças públicas – o que ele denominou “tea­
entre outros (Bechelli & Santos, 2004; tro da espontaneidade”. Os ­participantes
MacKen­zie, 1992; Rosenbaum et al., 1992). encaravam a atividade como lazer, mas
A primeira intervenção em grupo de que se Moreno enfatizava seu papel terapêutico.
tem notícia, planejada com características De acordo com o autor, os problemas e
próximas às atuais, foi proposta por Pratt, conflitos dos indivíduos estão em seus re-
no início do século passado (Pratt, 1907). lacionamentos com pais, irmãos, esposas,
Pratt era um médico – não psiquiatra – que filhos e amigos, e a melhora, ou até alívio
acreditava que o contexto de grupo poderia desses conflitos, pode ser obtida com as
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM GRUPOS  19

dramatizações e reconstituições com os Atualmente, a psicoterapia em grupo


próprios indivíduos com os quais existe o é uma das possibilidades de tratamento
conflito ou com pessoas que possam sim- existentes. Um paciente pode ser indicado
bolizá-los, substituí-los ou representá-los para o tratamento em grupo juntamente
(Rosenbaum et al., 1992). com outras modalidades (Bieling, McCabe,
Para os pioneiros da terapia de grupo, & Antony, 2006; Rosenbaum et al., 1992).
o elemento social era o elemento essencial Além do grupo, modalidades como terapia
que faltava nas abordagens psicotera- de família, de casal e individual podem ser
pêuticas. Individualismo e ênfase nas indicadas como tratamentos alternativos
realizações pessoais destruíram o senso ou complementares. É importante que o
de pertencimento que é necessário para profissional esteja preparado para avaliar e
a saúde mental. Nesse contexto, a terapia justificar a melhor alternativa de tratamen-
de grupo era um tratamento social para to para o paciente (Rosenbaum et al., 1992).
o que eles consideravam a psicopatologia Segundo Rosenbaum e colaboradores
social. Assim, à medida que os terapeutas (1992), a enorme proliferação das psico-
de diferentes abordagens – especialmente terapias em grupo na atualidade não tem
daquelas concebidas com base em ques- apenas o objetivo de atender a uma maior
tões sociais – tomavam conhecimento da demanda de pacientes do que por meio de
possibilidade de intervenção em grupo, terapia individual. Os grupos também aten-
novas propostas fundamentadas em dife- dem às demandas das pessoas por contato
rentes pressupostos rapidamente iam sendo social mais amplo e profundo, do qual,
adaptadas para intervenção grupal. São devido a características da nossa cultura,
exemplos a psicologia individual de Alfred estão cada vez mais distantes e isoladas, o
Adler, as psicanálises neo-freudianas, a que provoca inúmeros transtornos.
Gestalt terapia, a análise transacional e

--
a psicoterapia centrada na pessoa, assim
como as abordagens comportamentais e TERAPIA COGNITIVO-
cognitivas (Rosenbaum et al., 1992). -COMPORTAMENTAL
Ao longo da história, terapeutas como EM GRUPOS
Burrow consideravam que os grupos de-
veriam substituir todo tipo de ­i ntervenção As propostas iniciais de TCC, realizadas
psicoterapêutica individual, uma vez que nas décadas de 1950 e 1960, foram para
os fatores sociais existentes no grupo ti- aplicação individual. No entanto, poucos
nham mais importância que qualquer ou- anos após a primeira proposta da terapia
tra possível vantagem das intervenções não racional emotiva, idealizada por Ellis, por
grupais. Foulkes também foi um grande volta de 1955, foi iniciada também sua
defensor das intervenções psicoterapêuti­ aplicação em grupo (Wessler, 1983, 1996).
cas em grupo, destacando a importância Beck, Rush, Shawn e Emery (1987), em
da noção de comunidade e da expressão seu clássico livro sobre o tratamento da de-
de sentimentos e apontando a falta destas pressão, fizeram um relato sobre a aplicação
como causa de estresse psicológico. No en- da terapia cognitiva em grupo para esse
tanto, a maior parte, assim como Schilder, tipo de queixa. Naquele momento, a preo-
considerava os grupos uma modalidade cupação se voltava para o acesso simultâ­
de tratamento adjuvante à terapia indivi- neo de um maior número de indivíduos ao
dual, herança da teoria psicanalítica (Ro- ­tratamento dado por um único terapeuta,
senbaum et al., 1992). que, no atendimento individual, estaria au-
20  NEUFELD & RANGÉ (ORGS.)

xiliando apenas uma pessoa (Hollon & Shaw, responsáveis pelos cuidados oferecidos a um
1979). Ao mesmo tempo, os resultados em grupo de 6 a 8 pacientes simultaneamente,
­relação à eficácia mostravam que, apesar de em vez de apenas um, como acontece no
a TCCG apresentar indicativos de melhores tratamento individual (Bieling et al., 2006).
re­sultados comparada a outras abordagens, Ao longo desses anos, novos formatos
em comparação ao tratamento individual em de intervenção foram desenvolvidos, e no­
TCC, o grupo fornecia apenas 50% de eficácia. vas avaliações realizadas, confirmando a
Assim como na modalidade individu- elevada eficácia e efetividade dos grupos
al, as primeiras intervenções em TCC em (Bieling et al., 2006). Após quase 40 anos de
grupo foram realizadas com pacientes pesquisas em grupos na abordagem cogniti-
deprimidos, expandindo-se posteriormen- vo-comportamental, pode-se afirmar que as
te para outros transtornos mentais – de evidências indicam superioridade dos gru-
transtornos de ansiedade até esquizofrenia pos homogêneos em relação aos heterogê-
(Hollon & Shaw, 1979). neos, dos estruturados em relação aos semi
A partir da década de 1970, diversos ou não estruturados, de tempo limitado, e
estudos foram desenvolvidos a fim de na abordagem cognitivo-comportamental
avaliar a eficácia da TCCG. Inicialmente, (Bieling et al., 2006; Hollon & Shaw, 1979).
os resultados mostravam que os efeitos da É importante mencionar que, no caso
abordagem eram superiores aos de qual- de alguns problemas clínicos específicos,
quer outro tipo de intervenção, exceto a como transtorno de ansiedade social (TAS),
TCC individual (Bieling et al., 2006; Hollon a intervenção em grupo é mais apropriada
& Shaw, 1979). Desde a segunda metade que a individual, uma vez que o medo do
dessa década, há evidências de resultados contato e da avaliação social e a preocu-
positivos na redução da sintomatologia pação com a forma como o outro o percebe
inicial de pacientes deprimidos, sendo esses só são pas­síveis de avaliação e intervenção
resultados superiores a outras abordagens direta no contexto de grupo (Bieling et
terapêuticas e também ao uso de antide- al., 2006). Além disso, a terapia em grupo
pressivos. Como nos tratamentos em TCC conta com fatores inexistentes na terapia
individual, as pesquisas indicavam que, individual, co­mo o feedback e os modelos
também no formato de grupo, as aborda- forne­cidos pelos demais participantes; a
gens estruturadas e com tempo limitado percepção dos erros cognitivos alheios é
– bem como a homogeneidade dos grupos maior que a dos seus próprios no caso de pa-
no que se refere ao diagnóstico – pareciam cientes com depressão e TAS, por exemplo.
oferecer as melhores perspectivas em ter- Apesar de esses aspetos do processo da
mos de resultados para os pacientes com terapia em grupo serem considerados desde
depressão unipolar (Hollon & Shaw, 1979). seu início na TCC, historicamente a TCCG
Com o passar do tempo, os serviços era considerada, do ponto de vista técnico,
de saúde públicos e privados começaram uma reprodução da TCC individual; ou
a considerar cada vez mais a eficiência, a seja, qualquer técnica ou procedimento
eficácia e a efetividade dos tratamentos de­senvolvido para o uso com um único pa-
como critérios determinantes na escolha de ciente poderia ser aplicado em um contexto
sua modalidade. Assim, o fator em especial grupal (Wessler, 1996). Essa característica
que abriu espaço para a TCCG nos cuidados de reprodução de protocolos individuais
com a saúde foi a diminuição dos custos do sofreu algumas modificações ao longo dos
tratamento, já que se trata de uma terapia anos, mas continua presente em algumas
breve, em que um ou dois terapeutas são intervenções.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM GRUPOS  21

É nesse contexto que Bieling e colabora- essas diferenças e a modalidade de grupos


dores (2006) apontam que ainda existem al- como uma possibilidade única de oportu-
gumas omissões na literatura sobre TCCG. nidades terapêuticas, mas apontam para a
Os autores denominam omissões aqueles necessidade de atenção a essas omissões
aspectos que consideram essenciais na na literatura. Atualmente, estão disponí-
intervenção em grupo e que não são – ou veis diversos protocolos de tratamento em
são pouco – explorados nos protocolos. De grupo, já testados quanto a sua eficácia,
acordo com Bieling e colaboradores (2006), para os mais variados transtornos, e pes-
como os protocolos de grupo costumam quisas continuam sendo desenvolvidas a
ser baseados em protocolos individuais partir desses e de novos modelos, a fim de
preexistentes, é comum que os autores e avançar no desenvolvimento de recursos e
terapeutas não fiquem atentos ao fato de na efetividade dos resultados.
que as técnicas e estratégias estão sendo

--
implementadas em uma interação, e não
em um indivíduo; além disso, há protoco- A TCCG NO BRASIL
los tradicionais em que a TCCG é proposta
exatamente como a TCC individual, con- A TCC E A TCCG: UMA PITADA DE
siderando como única diferença que “. . . UMA HISTÓRIA PESSOAL
o público aumentou de uma única pessoa Bernard Rangé, em 1994, ingressou como
para um punhado . . .” (Bieling et al., 2006, pro­fessor do Instituto de Psicologia da
p. 5). Os autores acrescentam que poucos Universidade Federal do Rio de Janeiro
são os protocolos que consideram aspectos (IP-UFRJ), ministrando pela primeira vez
como a interação entre os pacientes no gru- no País uma disciplina e um estágio clí­
po e sua interação com o terapeuta, além da ni­co em TCC. Os primeiros transtornos
interação entre os profissionais – quando tra­tados foram os de ansiedade – que, na
são dois – e de cada indivíduo com o grupo época, incluíam também o transtorno ob-
como um todo. sessivo-compulsivo (TOC) e o transtorno de
estresse pós-traumático (TEPT) – e do hu-
Todas essas interações são mais do mor – depressão maior (TDM), transtorno
que ocasionais; elas envolvem oportu- distímico (TD) e transtorno bipolar (TB) –,
nidades de aprendizagem significati- que constituíam mais de 50% das queixas
vas e troca de informações e envolvem apresentadas pelos pacientes que buscavam
claramente uma componente ineren- atendimento na Clínica-escola do Instituto
temente “relacional” que raramente é de Psicologia da Universidade. Os primeiros
abordado em protocolos tradicionais casos atendidos envolviam pessoas com
de TCCG. A abordagem tradicional de transtorno de pânico e agorafobia (TPAGO),
TCCG em geral não reconhece nem quadros depressivos, TOC, fobia social
se aproveita do fato de que o próprio (hoje denominada transtorno de ­ansiedade
grupo pode criar um ambiente que social – TAS) e transtorno de ansiedade ge-
ou suporte ou prejudique os objetivos neralizada (TAG). Os resultados positivos
globais de aprendizagem e utilizando do tratamento com esse novo formato de
estratégias cognitivas e comporta- terapia – levando os pacientes a receber
mentais. (Bieling et al., 2006, p. 5). alta – começaram a chamar a atenção dos
alunos e profissionais da Universidade.
Bieling e colaboradores (2006) desta- Um médico do Instituto de Neurologia
cam que com certeza há quem reconheça soube dos resultados positivos da TCC por
22  NEUFELD & RANGÉ (ORGS.)

meio de sua filha – que na época era estagiá­ pacientes com diagnóstico de fobia social
ria – e, por isso, convidou o professor Ber- por meio da intervenção em grupo. Essa
nard Rangé para participar de uma equipe proposta teve seu embrião em 1993, quando,
de tratamento de servidores da UFRJ com após o Congresso Internacional de Terapia
problemas de alcoolismo. Dessa equipe fa- Cognitivo-Comportamental (CITCC)*, Samuel
ziam parte uma psiquiatra, uma psicóloga, Turner enviou seu protocolo de tratamento
uma assistente social e outros profissionais de fobia social (Turner, Beidel, Dancu, &
da área da saúde. A literatura da área dis- Stanley, 1989; Turner, Beidel, Cooley, Woo-
ponível na época r­ ecomendava, para esse dy, & Messer, 1994) ao professor Bernard
tipo de paciente, avaliação e tratamento Rangé. O protocolo, que era comportamen-
cognitivo-compor tamental em gr upo tal, foi adaptado por Rangé, que seguia um
(Holder, Longabaugh, Miller, & Rubonis, referencial cognitivo-comportamental.
1991; Monti, Kadden, Rosehnow, Cooney, & Foram acrescentados aspectos cognitivos
Abrams, 1989). Diante disso, a avaliação e a de Beck (reestruturação cognitiva) e de Ellis
intervenção cognitivo-compor­tamental em (ataques de vergonha) aos THSs habituais
grupo foram planejadas, e os atendimentos de Turner. Os grupos eram de porte peque-
dos pacientes, encaminhados pela Divisão
de Vigilância à Saúde do Trabalhador
(DVST), foram realizados por duas esta- * Em 1993, ao saber que o Congresso Mundial
giárias convidadas, que acabaram desen- de Psiquiatria ocorreria no Rio de Janeiro e que
volvendo pesquisa de iniciação científica e dele participariam terapeutas e pesquisadores
internacionais renomados da área de TCCs, Ber-
seu trabalho de conclusão de curso sobre
nard Rangé, em conjunto com outros terapeutas
o assunto (Castro, 1997; Rodrigues, 1998). e pesquisadores, decidiu organizar um congresso,
O plano de atendimento montado incluía o I Congresso Internacional de Terapia Cogniti-
sessões de avaliação pré-teste, 27 sessões vo-Comportamental (CITCC), no Rio de Janeiro,
de atendimento e sessões de pós-teste. As em seguida ao Mundial de Psiquiatria. Convites
foram enviados a todos os pesquisadores que
escalas utilizadas envolviam avaliação do viriam ao Congresso de Psiquiatria, oferecendo
alcoolismo, da depressão, da ansiedade e dois dias a mais de estada no Rio, em troca de uma
da raiva. Segundo Holder e colaboradores apresentação no CITCC. Todos eles aceitaram, e
(1991) e Monti e colaboradores (1989), o o congresso foi um sucesso. A lista de pesqui-
sadores contava com: Joseph Wolpe, psiquiatra
tratamento deveria dirigir-se ao fortaleci-
sul-africano e um dos fundadores da terapia
mento das habilidades de enfrentamento comportamental; David Barlow, pesquisador
interpessoais (treino de habilidades sociais norte-americano de transtornos de ansiedade;
– THS) – de modo a favorecer uma melhora Jack Maser, Diretor do Setor de Transtornos de
Ansiedade do National Institute of Mental Health
na comunicação interpessoal e na asserti-
(NIMH); Samuel Turner, especialista em fobia
vidade – e intrapessoais – manejo de raiva, social; Matig Mavissakalian, psiquiatra especia-
tristeza e ansiedade. Foram realizados três lizado no tratamento de TPAGO; Herbert Chappa,
grupos com resultados bastante positivos, psiquiatra argentino de renome internacional
apesar de terem sofrido perturbações, como que trabalhava com TCC; Hector Fernandez-Al-
varez, psicólogo argentino, também renomado
greves recorrentes de professores e funcio- internacionalmente; Rafael Navarro, Presidente
nários (Rangé & Marlatt, 2008). da Associação Latino-Americana de Análise e
Grande parte do trabalho realizado Modificação do Comportamento (ALAMOC); além
nesses grupos consistia em THS. O conheci­ do grupo de espanhóis composto por Gualberto
Buela-Casal, Presidente da Associação Espanhola
mento desenvolvido nesse período, além da
de Terapia Comportamental; Vicente Caballo,
recomendação da literatura da área, ins­ pesquisador em treino de habilidades sociais e
pirou uma nova proposta: o ­tratamento de em fobia social; entre outros.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM GRUPOS  23

no – não mais que seis participantes em cada do tamanho da sala de atendimento do que
–, já que os pacientes eram fóbicos sociais. O das características dos transtornos. Essas
protocolo contava com THS, reestru­turação intervenções contavam com duas sessões
cognitiva, exposição imaginária (de certa de avaliação compostas por entrevistas
forma, inundação imaginária) e, ao fim, de- estruturadas, além de uma bateria de tes-
pois de cerca de 14 sessões, ataques de ver- tes; em seguida, ocorriam oito sessões de
gonha, em que os indivíduos se dedicavam tratamento, contemplando psicoeducação,
a realizar atividades que lhes produziam aquisição de habilidades de manejo e, por
experiências perturbadoras de vergonha fim, estratégias para prevenção de recaí-
intensa. Os resultados, mais uma vez, foram das. Posteriormente, havia uma reavaliação
extremamente positivos (Rangé, 2001). para comparar com a avaliação inicial.
Com a entrada de mais um grupo de Inúmeros grupos foram realizados, e ocor-
estagiários, houve a proposta dos próprios reram algumas pequenas modificações. Os
alunos para que fosse desenvolvido um resultados obtidos foram ainda melhores
protocolo de tratamento de depressão em que os de atendimentos individuais (Rangé,
grupo, com base em Hollon e Shaw (1979), Falcone, Shinohara, & Novaes, 2001).
como parte de seu trabalho de conclusão de Em contatos com o Dr. Aristides Cordio­l­i,
curso (Hermolin, 2000; Hermolin, Rangé, tomou-se conhecimento dos grupos de TOC
& Porto, 2000; Porto, 2000). que ele e seus colaboradores ­conduziam no
Os professores do Instituto de P
­ siquiatria Hospital de Clínicas da Universidade Fede-
(Instituto de Psiquiatria da Universidade do ral do Rio Grande do Sul. Após um contato
Brasil – IPUB), cientes de que havia uma por e-mail, Daniela Tusi Braga, uma de suas
equipe de TCC no IP, começaram a enviar principais colaboradoras, foi ao IP-UFRJ
cada vez mais casos para serem atendidos realizar um treinamento dos estagiários da
complementarmente ao tratamento far- equipe de TCC, de modo que os grupos pas-
macológico que eles ofereciam. Ao mesmo sassem a ocorrer também na DPA. Depois
tempo, a Diretora do IP na época, professora do treinamento, foram organizados grupos
Maria Ignácia D’Ávila, constituiu uma co- de pacientes com TOC, independentemente
missão de professores para pensar os aten- do tipo, misturando-se, assim, lavadores,
dimentos da Divisão de Psicologia Aplicada verificadores e ordenadores, mas não acu-
(DPA), onde era atendida a população que muladores. Os grupos eram conduzidos
buscava ajuda. Depois de quase um ano de por dois estagiários para cerca de seis pa-
trabalho, o parecer da comissão foi de que cientes e tinham duração de 12 semanas.
todos os atendimentos deveriam ser feitos Os indivíduos eram avaliados por escalas
em grupo: grupos de espera, grupos clíni- como a Escala Obsessivo-compulsiva de
cos, grupos de orientação vocacional, etc. Yale-Brown (YBOC-S) (Souza et al., 2007),
Assim, dada a pressão dos encaminha- e a intervenção era baseada na construção
mentos do IPUB e a determinação dessa co- das hierarquias, exposições e prevenção de
missão, e tendo em vista também o sucesso respostas de cada paciente, mais instruções
dos atendimentos individuais de pacientes de exposição e prevenção de respostas como
com TPAGO, decidiu-se iniciar também tarefas de casa. Os resultados alcançavam
atendimentos em grupo para esses dois os níveis de resultados do grupo de Cordioli
quadros. Os grupos eram coordenados por (Rangé, Carvalho, & Levitan, 2005).
um estagiário mais experiente e um novato Mais uma vez, em função do interesse
e eram constituídos por 6 a 8 pacientes – de estagiários, e após sucesso com as inter-
um critério estabelecido mais em função venções individuais em TCC com pacientes
24  NEUFELD & RANGÉ (ORGS.)

com TB, foram iniciadas intervenções em sil. O início de sua prática no País ocorreu
grupo para tal demanda. A recém-publica- no fim da década de 1980, quando um
da obra de Basco e Rush (1996) fundamen- grupo de professores universitários entrou
tou essa proposta. Os grupos foram criados em contato com a abordagem por meio da
nos mesmos moldes dos outros e obtiveram participação em eventos internacionais
o mesmo sucesso. Dois dos estagiários e do acesso à literatura da área (Neufeld,
envolvidos no atendimento dos pacientes Paz, Guedes, & Pavan-Cândido, 2015; Shi-
com transtorno bipolar continuaram as nohara & Figueiredo, 2011). A princípio,
pesquisas na área durante o mestrado e houve aplicação exclusivamente da terapia
são coautores, junto com o professor Mário individual, já que a modalidade em grupo
Juruena, do Capítulo 7 desta obra, sobre ainda era recente na própria abordagem.
bipolaridade. Porém, ao longo desses mais de 30 anos,
O primeiro grupo para tratamento cresceu no País não só a abordagem, mas
de TAG realizado na DPA-UFRJ, durante também a modalidade de intervenção em
projeto de iniciação científica financiado grupo, que tem-se destacado tanto nas pes-
pela FAPERJ, apresentou resultados incon- quisas em TCC como na aplicação clínica,
sistentes. O aluno que desenvolveu o pro- pela sua eficácia e pela positiva relação
jeto continuou sob orientação do professor custo-benefício, ao atender um número
Bernard Rangé no mestrado e doutorado, maior de pacientes ao mesmo tempo e por
desenvolvendo e avaliando protocolos de um custo menor, além da facilidade no trei-
tratamento cognitivo-comportamental namento de terapeutas em relação à terapia
para TAG (Pereira, 2005; Pereira, 2009), individual (Braga, Manfro, Niederauer, &
e defendeu sua tese de doutorado sobre o Cordioli, 2010).
tratamento individual de pacientes com Ao longo desse período, uma diversidade
TAG com base no conceito de intolerância de propostas de grupos tem sido realizada,
à incerteza. A partir da pesquisa de dou- e protocolos de atendimento desenvolvi-
torado de Pereira, foi proposto o trabalho dos, com diferentes focos, como grupos de
de mestrado de Souza (2011), que replicou o apoio, de psicoeducação, de treinamento
tratamento em grupo baseado no conceito e/ou orientação e terapêuticos. Essas dife-
de intolerância à incerteza (Buhr & Dugas, rentes propostas podem ser categorizadas
2002; Dugas et al., 2003). Os resultados em função de seu formato e do objetivo que
satisfatórios obtidos nessa pesquisa fun- pretendem atingir, que pode ser de promo-
damentaram a criação dos grupos para ção de saúde, prevenção ou tratamento.
tratamento de TAG com base no modelo de E, a depender de seu objetivo, podem ser
intolerância à incerteza. enquadradas no espectro da atenção pri-
Essas foram algumas das contribuições mária, secundária ou terciária em saúde
do professor Bernard Rangé para a TCCG, (Neufeld, 2011).
ao longo desses mais de 20 anos. Os primeiros grupos em TCC realizados
no Brasil que tiveram seus dados publica-

--
dos foram do tipo treinamento e terapêu-
ASPECTOS GERAIS tico. No que se refere aos de treinamento,
DA HISTÓRIA DA TCCG as primeiras publicações foram realizadas
NO BRASIL por Eliane Falcone, com treinamento de
universitários para desenvolvimento de em­
A prática da TCC, apesar de jovem, já está patia (Falcone, 1998) e THS com essa mesma
bastante difundida e estabelecida no Bra- população (Falcone, 1999), e por Almir e Zil-
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM GRUPOS  25

da Del Prette, em 1998, também com THS pânico (Cordioli, 1999) e com TOC (Cordioli
(Del Prette, Del Prette, & B
­ arreto, 1998; Del et al., 2002; 2003; Cordioli, 2003a, 2003b).
Prette, Del Prette, Pontes, & Torres, 1998). De acordo com os achados da literatura,
Ainda em 1998, uma das primeiras teses Cordioli iniciou uma tradição de pesquisa
de doutorado defendidas sobre a aplicação de e intervenção em grupo para pacientes
TCCG foi de autoria de Eliane Falcone, com com TOC. Em seu doutorado, realizou um
a aplicação de um programa de treinamento estudo controlado em TCCG com indivíduos
de empatia em universitários, tema com com esse diagnóstico (Cordioli, 2003a), um
o qual essa pesquisadora continua a tra- de seus primeiros estudos sobre o assun-
balhar na atualidade. Tanto as pesquisas to. Essa também foi uma das primeiras
citadas como diversas outras realizadas teses defendidas sobre o uso de TCCG no
ao longo desses quase 20 anos mostram Brasil. Ao longo desses anos, em conjunto
resultados bastante positivos em relação ao com diversos colaboradores, o autor tem
treinamento de empatia, de habilidades so- contribuído com o aprimoramento do co-
ciais e de habilidades de vida, com diversas nhecimento sobre TCCG para os pacientes
populações (Falcone, 1995; Gorayeb, 2002; com TOC (Borges et al., 2011; Braga, Cor-
Gorayeb, Netto, Bugliani, Pedro, & Minto, dioli, Niederauer, & Manfro, 2005; Braga
2002; Melo & Silvares, 2003; Neufeld & et al., 2010; Meyer et al., 2010a, 2010b;
Carvalho, 2014; Silva, Z. A. P. Del Prette Raffin, Fachel, Ferrão, Souza, & Cordioli,
& Del Prette, 2000). Os dados apresentados 2009; Sousa, Isolan, Oliveira, Manfro, &
nessas publicações apontam que é possível Cordioli, 2006). Ainda entre os pioneiros na
aprimorar essas habilidades como forma de realização de grupos terapêuticos, pode-se
promoção de saúde, prevenção de doenças citar Bernard Rangé e colaboradores, que
mentais e outros problemas socioemocio- publicaram um estudo realizado com pa-
nais, mas também que tais treinamentos cientes deprimidos (Hermolin et al., 2000).
podem acompanhar as intervenções tera- Os autores desenvolveram um protocolo
pêuticas, como um tratamento adjuvante. para o tratamento de indivíduos com esse
As primeiras publicações sobre grupos diagnóstico e o aplicaram em três grupos,
terapêuticos foram realizadas por Eliane obtendo resultados satisfatórios medidos
Falcone, em 1989, com pacientes com ansie­ pelas escalas Beck e por meio de uma ava-
da­de social (Falcone, 1989a, 1989b). Um des- liação clínica dos terapeutas.
ses trabalhos consiste em sua dissertação Além de Falcone, Del Prette, Del Prette,
de mestrado, uma das pioneiras na área de Cordioli e Rangé, outros pioneiros no de-
TCCG no País (Falcone, 1989b). As pesquisas senvolvimento de pesquisas sobre a TCCG
com intervenções em TCCG para indivíduos e em sua aplicação clínica foram Cristiano
diagnosticados com TAS se desenvolveram Nabuco de Abreu, Francisco Lotufo Neto,
muito ao longo desses anos, já que este é um Margareth da Silva Oliveira,* entre outros.
dos transtornos para os quais a modalidade Em meio a diversos outros temas, esses pes-
em grupo é mais indicada que a intervenção quisadores têm publicado trabalhos sobre
individual (D’El Rey, Beidel, & Pacini, 2006; grupos terapêuticos em TCC com pacientes
D’El Rey, Lacava, Cejkinski, & Mello, 2008; com tricotilomania (Toledo, Muniz, Brito,
Penido et al., 2014). de Abreu, & Tavares, 2015) e TOC (Ashbar
Também pioneiro na realização de et al., 2005); intervenção com população
grupos terapêuticos em TCC foi Aristides
Volpato Cordioli, que publicou intervenções
realizadas em pacientes com transtorno de *  A ordem de apresentação dos nomes é alfabética.
26  NEUFELD & RANGÉ (ORGS.)

carcerária para prevenção de reincidên- dos impulsos, de estresse pós-traumático,


cia (Saffi & Lotufo Neto, 2013); grupos de de abuso de substâncias, TDM, TB e TOC.
THS com universitários (Pureza, Rusch, Os grupos com foco no controle do
Wagner, & Oliveira, 2012); grupos terapêu- estresse em diferentes populações e em
ticos para tratamento de dependência de diferentes contextos também podem ser
substâncias (Oliveira & Rodrigues, 2009; incluídos na modalidade de grupos te-
Velasquez, Maurer, Crouch, Diclemente, & rapêuticos. Apesar de o estresse não ne-
Oliveira, 2013); grupos de apoio a portado- cessariamente estar caracterizado como
res de HIV/aids (Giovetti, Calvetti, Gauer, um transtorno mental, ele traz diversos
& Oliveira, 2014) e síndrome metabólica impactos na vida dos indivíduos e deve ser
(Ludwig, Bortolon, Bortolini, Boff, & Oli- abordado como um problema que merece
veira, 2010). intervenção terapêutica. Há, no País, pes-
Sofrendo influência desses pioneiros quisadores desenvolvendo instrumentos
ou não, vêm-se desenvolvendo no Brasil de avaliação e protocolos de intervenção
diversas pesquisas em TCCG para as mais para redução do estresse com resultados
diversas demandas, populações e objetivos. bastante animadores (Murta & Tróccoli,
Na categoria de grupos de tratamento, 2009; Lipp, Alcino, Bignotto, & Malagris,
que se enquadram no espectro da atenção 1998; Malagris & Lipp, 2014). Na Parte III,
secundária ou terciária em saúde, têm-se o livro conta com um capítulo sobre esse
grupos para tratamento dos mais diversos tipo de grupo.
transtornos psiquiátricos (Rangé, et al., Por sua vez, na categoria de grupos de
2006; Barbosa, Luiz, & Domingos, 2008), treinamento ou orientação – que podem
como TAG (D’El Rey, Greenberg, Husni, & se enquadrar em qualquer um dos três
Cejkinski, 2007), transtorno de pânico (Hel- espectros da atenção à saúde, visto que
dt, Blaya, Kipper, Salum, & Manfro, 2008), podem ter uma função de promoção e/
TDM e TB (Costa, et al., 2011; Mendes, ou prevenção ou tratamento –, além dos
Godoi, Ferreira, Neufeld, & Juruena, 2014), já mencionados treinamento de empatia,
TDAH (Bélle & Caminha, 2005), dependên- habilidades sociais e habilidades de vida,
cia de substâncias (Farina, Terroso, Lopes, observam-se publicações sobre o treina-
& Argimon, 2013; Mesquita, 2013; Rangé & mento de pais (Cassiano & Neufeld, 2014;
Marlatt, 2008; Sardinha, Oliva, D’Augustin, Melo & Silvares, 2003; Neufeld & Godoi,
Ribeiro, & Falcone, 2005), gagueira (Gomes 2014; Neufeld & Maehara, 2011; Silva et
& Scrochio, 2001), transtornos alimentares al., 2000; Silvares, 1995; ). Esses trabalhos
(Duchesne et al., 2007) e obesidade (Neu- tratam da apresentação de protocolos para
feld, Moreira, & Xavier, 2012; Neufeld, intervenção com pais de forma preventiva,
Moreno, & Affonso, 2012; Neufeld, Affonso, em contextos de promoção de saúde, até no
& Moreno, 2014; Neufeld, Affonso, Bueno contexto do tratamento de problemas com-
Junior, Pessa, & Rangé, 2016). O tratamento portamentais e acadêmicos de seus filhos,
dos transtornos mentais continua sendo bem como da avaliação dos resultados de
um desafio para os profissionais da saúde sua aplicação. Em geral, os resultados se
mental, tornando necessário o desenvol- mostram positivos no que se refere à mu-
vimento de pesquisas e de protocolos de dança das práticas educativas parentais
intervenção. A Parte II deste livro contará e na percepção dos pais sobre seus filhos e
com capítulos sobre a aplicação de TCCG em sobre suas próprias práticas. Porém, os re-
transtornos como de ansiedade, psicóticos, sultados ainda apontam lacunas no que se
alimentares, da personalidade, de controle refere à evasão dos grupos e à manutenção
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM GRUPOS  27

das mudanças, desafios ainda enfrentados 2011), mulheres no pós-parto (Melo-de-­


na pesquisa e na intervenção clínica, seja -Aguiar, Aguiar, Seidl-de-Moura, & ­Mendes,
individual, seja em grupo. Na Parte III 2013), vítimas de abuso sexual (Damásio,
deste livro, um capítulo tratará de grupos Freitas, Habigzang, & Koller, 2014; Habig-
de treinamento de diferentes habilidades, zang, Hatzenberger, Dala Corte, Stroeher,
e outro sobre orientação de pais. & Koller, 2006) e agressores conjugais (Cor-
Outra modalidade de intervenção em tez, Padovani, & Willians, 2005). Esta obra
grupo que tem recebido bastante atenção é conta com um capítulo sobre intervenções
aquela destinada ao apoio no tratamento de com vítimas de violência e agressores, e
condições médicas, como anemia falcifor- outro sobre especificidades de grupos com
me (Santos & Miyazaki, 1999), dor crônica idosos, nas Partes II e III, respectivamente.
(Castro, Daltro, Kraychete, & Lopes, 2012; Diversos outros formatos de grupo, com
Kirchner, Jorge, & Reis, 2015), doença renal diferentes objetivos e para diferentes po-
(Duarte, Miyazaki, Blay, & Sesso, 2009), pulações, são realizados e ainda podem ser
cardiopatias (Gorayeb et al., 2015), infer- desenvolvidos, levando em conta as novas
tilidade (Gorayeb, Borsari, Rosa-e-Silva, demandas que surgem a todo momento,
& Ferriani, 2012), síndrome metabólica geradas pelas rápidas mudanças sociais
(Malagris & Lipp, 2014) e amputações (Reis, e culturais que vivemos atualmente. Um
Schwab, & Neufeld, 2014), por exemplo. Os exemplo disso são as intervenções em
resultados dessas intervenções apontam mind­f ulness e aceitação, tão características
não só melhora da qualidade de vida e dos das terapias de terceira onda (Melo, 2014).
aspectos psicológicos dos pacientes, mas Esta obra reservou um capítulo na Parte
também uma contribuição importante para III para tratar desse tipo especial de grupo.
a melhora de sua condição médica. Tanto a Devido à difusão da prática da TCCG e
Parte II como a Parte III deste livro contam de seus resultados positivos e promissores,
com capítulos sobre grupos em contextos observa-se que, além de pesquisadores
de saúde, como dor crônica, demandas de já consagrados na área (Cordioli, Rangé,
saúde em geral, além de prevenção e pro- Falcone, Del Prette, Del Prette, de Abreu,
moção de saúde, bem como saúde pública. entre outros), pesquisadores mais jovens
Há, ainda, grupos destinados a popula­ têm investido no trabalho com grupos,
ções específicas, que podem ser enquadra­ por meio do desenvolvimento de modelos e
dos em qualquer uma das modalidades protocolos inovadores ou da adaptação de
(terapêuticos, de orientação/treinamento, outros já existentes. É essa ampliação no
apoio, psicoeducação), a depender dos obje­ número e na variedade de pesquisas, bem
ti­vos propostos pelos terapeutas e do con- como o investimento em sua qualidade,
texto em que serão realizados. Encontram- que permite compreender cada vez mais
-se, na literatura, intervenções com idosos o processo grupal e seus efeitos, a fim de
(Arruda, 2005; Ferreira, Lima, & Zerbinatti, garantir que os resultados propostos de so-
2013), crianças e adolescentes (Batista, lução dos problemas de seus participantes
Daolio, Mandarini, Godoi, & Neufeld, 2014; sejam atingidos. Essa é uma preocupação
Melo & Silvares, 2003; Nardi, Ferreira, & constante das abordagens cognitivo-
Neufeld, 2015; Neufeld, 2015; Neufeld, Dao­ -comportamentais, e este livro apresenta
lio, Cassiano, Rossetto, & Cavenage, 2014; protocolos e modelos de tratamento para
Neu­feld, Daolio, & Zaiden, 2015; Neufeld, diversas demandas, populações e os resul-
Fer­reira, & Maltoni, 2016; Santana, Silva, tados obtidos com sua aplicação, a fim de
Gon­çalves, & Melo, 2014; Palma & Neufeld, contribuir com o desenvolvimento da área
28  NEUFELD & RANGÉ (ORGS.)

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