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Ementa e Acórdão

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22/03/2019 SEGUNDA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.072.565


PARANÁ

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


AGTE.(S) : ALBERTO SCAPIM NETO
ADV.(A/S) : ANTONIO MIOZZO
AGDO.(A/S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO.
RENDA MENSAL INICIAL. CÁLCULO. APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ. ACIDENTE DE TRABALHO. PRELIMINAR DE
NULIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INOVAÇÃO
NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 282
DO STF. ANÁLISE PRÉVIA DE LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL. LEI 8.213/91.
1. É inadmissível o recurso extraordinário quando a matéria
constitucional suscitada não tiver sido apreciada pelo acórdão recorrido.
Súmulas 282.
2. Além disso, quanto à questão de fundo, para se chegar a conclusão
diversa daquela a que chegou o Tribunal de origem, seria necessário o
reexame de legislação infraconstitucional aplicável à espécie (Lei
8.213/91).
3. Agravo regimental a que se nega provimento, com previsão de
aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Inaplicável o art.
85, § 11, do CPC, em virtude do parcial provimento do recurso de
apelação do Recorrente para o fim de conceder-lhe a isenção do
pagamento dos ônus sucumbenciais, nos termos do art. 129 da Lei
8.213/91.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

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ARE 1072565 AGR / PR

Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual de 15 a


21 de março de 2019, sob a Presidência do Senhor Ministro Ricardo
Lewandowski, na conformidade da ata de julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo
regimental, com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, e
entendeu inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, em virtude do parcial
provimento do recurso de apelação do recorrente para o fim de conceder-
lhe a isenção do pagamento dos ônus sucumbenciais (art. 129 da Lei
8.213/91), tudo nos termos do voto do Relator.

Brasília, 22 de março de 2019.

Ministro EDSON FACHIN


Relator

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AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.072.565


PARANÁ

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


AGTE.(S) : ALBERTO SCAPIM NETO
ADV.(A/S) : ANTONIO MIOZZO
AGDO.(A/S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Trata-se


de agravo regimental (eDOc 9) interposto em 19.03.2018 (eDOC 10) em
face de decisão monocrática em que neguei provimento ao recurso, nos
seguintes termos (eDOC 7, p. 1-3):

“Trata-se de agravo cujo objeto é a decisão que inadmitiu


o recurso extraordinário interposto em face do acórdão da
Sétima Câmara Cível do Estado do Paraná, assim ementado
(eDOC 3, p. 57):

‘APELAÇÃO CÍVEL – EMBARGOS À EXECUÇÃO –


VALOR DA RENDA MENSAL INICIAL –
DETERMINAÇÃO EM SENTENÇA TRANSITADA EM
JULGADO – IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO –
ÔNUS SUCUMBENCIAIS – ISENÇÃO – INTELIGÊNCIA
DA SÚMULA 110, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA E ARTIGO 129, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI
8.213/91.’

Os embargos declaratórios foram desprovidos (eDOC 3, p.


87).
No recurso extraordinário, interposto com fulcro no art.
102, III, a, do permissivo constitucional, aponta-se ofensa aos
artigos 1º, 3º, 5º, caput, XXXVI e LIV; 6º, caput; 7º, XXVII; 93, IX;

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194, IV; e 201, §§ 2º, 3º e 4º; todos da Constituição Federal.


Sustenta-se, em síntese, que o seu benefício deve ser
calculado conforme os salários de contribuição, nos termos da
previsão contida nos arts. 28 e 44 da Lei 8.213/1991.
A Primeira Vice-Presidência do Tribunal de origem
inadmitiu o recurso em virtude da ofensa reflexa e indireta ao
Texto Constitucional, bem como do óbice da Súmula 282 do STF
(eDOC 4, pp. 110-111).
É o relatório. Decido.
Não assiste razão à parte recorrente.
Inicialmente, assento que os dispositivos constitucionais
tidos por violados não foram objeto de prequestionamento na
via ordinária, tampouco foram opostos embargos de
declaração, razão pela qual o recurso, nesse ponto, não merece
conhecimento, pelo óbice das Súmulas 282 e 356 do STF.
Quanto ao mais, o Tribunal de origem, ao decidir a
questão, fundou-se na legislação infraconstitucional aplicável à
espécie (Lei 8.213/91), o que inviabiliza o processamento do
apelo extremo, por se tratar de suposta ofensa reflexa à
Constitucional, nos termos da jurisprudência do STF. Nesse
sentido:

‘AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PREVIDENCIÁRIO.
REVISÃO DE BENEFÍCIO. PREQUESTIONAMENTO.
AUSÊNCIA. VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA. INADMISSIBILIDADE DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. 1. É inadmissível o recurso
extraordinário quando a matéria constitucional suscitada não
tiver sido apreciada pelo acórdão recorrido, em decorrência da
ausência do requisito processual do prequestionamento. Súmula
282 do STF. 2. É inviável o processamento do apelo extremo
quando a ofensa a dispositivo constitucional se dá de maneira
reflexa e indireta, pois requer o exame prévio da orientação
firmada sobre tese infraconstitucional pela instância ordinária.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.’ (ARE 908.118-

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AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Primeira Turma, DJe


10.12.2015).

‘Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Direito Previdenciário. Revisão de benefício. Decadência. RE nº
626.489/SE-RG. Repercussão geral reconhecida.
Inaplicabilidade. Legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa.
Fatos e provas. Reexame. Impossibilidade. Precedentes. 1.
Inviável, em recurso extraordinário, a interpretação da
legislação infraconstitucional, bem como o reexame dos fatos e
das provas da causa. Incidência das Súmulas nºs 636 e 279/STF.
2. Agravo regimental não provido’. (ARE 910.691-AgR, Rel.
Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, DJe de 07.03.2016).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso


extraordinário, nos termos do art. 932, IV, a, do CPC, e art. 21, §
1º, do RISTF”.

Nas razões recursais, sustenta-se que foi preenchido o requisito do


prequestionamento por entender que “existe violação de disposição
Constitucional, pois que houve a negativa da efetiva prestação jurisdicional,
quando da interposição dos Embargos de Declaração, desde a primeira instancia,
cuja matéria de nulidade processual não foi apreciada na r. decisão agravada”
(eDOC 9, p. 2) e foram opostos embargos de declaração para sanar as
omissões (eDOC 9. p. 3).
Além disso, argumenta-se o seguinte:

“Não se está pleiteando no presente recurso, em nenhuma


hipótese, violação de legislação infraconstitucional que se
caracterizasse ofensa reflexa, e muito menos fatos e provas a
serem reexaminadas, e sim ofensa direta e literal a regra
constitucional que assegura os princípios constitucionais do
devido processo legal, do amplo acesso à jurisdição;
contraditório e da ampla defesa; princípio da fundamentação
das decisões judiciais; princípio da eficiência na prestação
jurisdicional; princípio da efetividade da jurisdição; princípio

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da segurança e princípio da proporcionalidade e


razoabilidade”.

Ao final, requer-se a anulação do acórdão proferido em sede de


embargos de declaração, determinando-se o retorno dos autos, “para que
seja determinada a obrigação do INSS de juntar nos Autos a relação dos salários
de contribuição constantes de sua base de dados – CNIS com os reais e
verdadeiros salários de contribuição integrais do dia do infortúnio, bem como que
seja proferida decisão certa, tenho em vista que o exequente apresentou na sua
inicial de execução pedido certo e definido, não podendo assim, o titulo judicial
ser incerto e ilíquido, por ofensa a regra constitucional retro citada” (eDOC 9, p.
5).
A parte Agravada, regularmente intimada, não apresentou
manifestação (eDOC 14).
É o relatório.

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VOTO

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): A parte


insurgente não trouxe argumentos com aptidão para infirmar a decisão
ora agravada.
No caso concreto, negou-se provimento ao recurso extraordinário,
diante da ausência de prequestionamento dos dispositivos constitucionais
dados como contrariados (quanto à preliminar e ao mérito), bem como
por entender que o tribunal de origem decidiu a matéria de fundo com
base na legislação infraconstitucional.
Com efeito, não obstante ter o ora Agravante opostos embargos de
declaração contra o acórdão proferido pelo Tribunal de origem, ele
apenas suscitou, quanto à preliminar de nulidade da sentença, o art. 460
do CPC (eDOC 3, p. 70) e não aos arts. 5º, LIV e 93, IX, da Constituição
Federal, dados como contrariados no apelo extremo interposto em
08.07.2014 (eDOC 3, p. 102).
Quanto à questão de mérito, apesar de o Recorrente citar nos
embargos de declaração opostos os artigos da Constituição Federal tidos
por violados pelo acórdão recorrido (eDOC 3, p. 77), no recurso de
apelação apenas mencionou ofensa a dispositivos da Lei 8.213/91 (eDOC
2). Tratando-se, portanto, de inovação processual, não pode ser afastado o
o óbice da Súmula 282, conforme entendimento de ambas as Turmas
deste Tribunal que têm se orientado no sentido de que essa situação
configura ausência de prequestionamento. Vejam-se os seguintes
precedentes:

“AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1.
O Juízo de origem não analisou a questão constitucional
veiculada, não tendo sido esgotados todos os mecanismos
ordinários de discussão, INEXISTINDO, portanto, o

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NECESSÁRIO PREQUESTIONAMENTO EXPLÍCITO, que


pressupõe o debate e a decisão prévios sobre o tema jurígeno
constitucional versado no recurso. Incidência das Súmulas 282 e
356 do Supremo Tribunal Federal. 2. O prequestionamento de
que trata o art. 1.025 do Código de Processo Civil de 2015 (I) só
se aplica a recursos extraordinários regidos pela nova
codificação processual e (II) pressupõe a existência de erro,
omissão, contradição ou obscuridade no acórdão atacado pelo
recurso extraordinário. 3. A ausência de arbitramento de
honorários advocatícios nas instâncias anteriores inibe a
aplicação do § 11 do art. 85 do CPC. 4. Agravo interno a que se
nega provimento. Não se aplica o art. 85, § 11, do CPC, tendo
em vista que não houve fixação de honorários advocatícios nas
instâncias de origem (ARE 960.736-AgR, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, Primeira Turma, DJe 29.06.2017).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AÇÃO PENAL.
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PROVAS. CERCEAMENTO DE
DEFESA. INOVAÇÃO DA MATÉRIA.
PREQUESTIONAMENTO TARDIO DAS QUESTÕES
CONSTITUCIONAIS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 282/STF.
INTERPRETAÇÃO DE NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS.
OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I Como tem
consignado este Tribunal, por meio da Súmula 282, é
inadmissível o recurso extraordinário se a questão
constitucional suscitada não tiver sido apreciada no acórdão
recorrido. Ademais, a tardia alegação de ofensa ao texto
constitucional, apenas deduzida em embargos de declaração,
não supre o prequestionamento. II Para se chegar à conclusão
contrária à adotada pelo acórdão recorrido faz-se necessário o
exame prévio das normas infraconstitucionais aplicáveis à
espécie, o que inviabiliza o extraordinário. III Agravo
regimental a que se nega provimento. (ARE 988.489-AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe 15.05.2017).

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Transcrevo, ainda, sobre o tema em discussão, os seguintes trechos


do voto condutor do julgamento do ARE 955.250-AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, DJe 20.04.2018:

“(...) pontuo que, ao contrário do alegado pela parte


recorrente, os dispositivos constitucionais tidos por violados
não foram suscitados nas razões do agravo interno interposto
perante o Tribunal de origem, tampouco foram objeto de debate
naquela Corte.
Com efeito, esta Corte já firmou entendimento no sentido
de que a interposição do recurso extraordinário pressupõe que
o dispositivo constitucional tido por violado, como meio de se
aferir a admissão da impugnação, tenha sido debatido no
acórdão recorrido, sob pena de padecer o recurso da falta de
prequestionamento (...).
Impende asseverar que a exigência do prequestionamento
não é mero rigorismo formal que pode ser afastado pelo
julgador a qualquer pretexto. Ele consubstancia a necessidade
de obediência aos limites impostos ao julgamento das questões
submetidas a este Supremo Tribunal Federal, cuja competência
é outorgada pela Constituição Federal, em seu art. 102. Nesse
dispositivo não há previsão de apreciação originária por este
Pretório Excelso de questões como as que ora se apresentam.
A competência para a apreciação originária de pleitos no
STF está exaustivamente arrolada no antecitado dispositivo
constitucional, não podendo sofrer ampliação na via do recurso
extraordinário (...).
In casu, dessume-se dos autos que a recorrente furtou-se
em prequestionar, em momento oportuno, os dispositivos
constitucionais apontados como violados nas razões do apelo
extremo, atraindo, inarredavelmente, o óbice da ausência de
prequestionamento, requisito essencial à admissão do recurso.
Este Tribunal fixou entendimento no sentido de que a alegação
tardia, só suscitada na oposição dos embargos de declaração no
Tribunal de origem, acerca da matéria versada pelos

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dispositivos constitucionais, não supre a falta do requisito do


prequestionamento, viabilizador da abertura da instância
extraordinária. Incidência do óbice erigido pelo enunciado da
Súmula 282/STF, de seguinte teor: ‘É inadmissível o recurso
extraordinário, quando não ventilada na decisão recorrida, a questão
federal suscitada’(...).

Assim, diante do óbice processual apontado, não foi apreciada pela


decisão ora impugnada a questão de nulidade posta no apelo extremo.
Quanto ao mérito, ressaltou-se, também, o caráter
infraconstitucional da controvérsia referente à revisão do cálculo do
benefício previdenciário, como pretendido na via extraordinária.
Convém reproduzir, no ponto, fragmentos da sentença, a qual foi
mantida pelo Tribunal de origem (eDOC 2, p. 99-101).

“A decisão de mérito foi clara ao determinar que o valor


da renda mensal inicial deveria ser calculado sobre o salário de
contribuição, conforme art. 44 da Lei n° 8.213/91, motivo pelo
qual não assiste razão a argumentação despendida pelo
embargado no sentido de que o valor deveria ter como base o
salário de benefício.
Não é dado o direito ao embargado de inovar nesse
momento processual. Em caso de divergência com o dispositivo
da sentença proferida, deveria a parte ter manejado o recurso
apropriado.
Assim, o valor deve ser adaptado na forma pleiteada na
inicial, o qual indica o salário de contribuição do acidentado à
data do infortúnio no montante de Cz$ 116.105,00 (fls. 13 dos
autos principais) correspondendo a renda mensal inicial a 100%
do salário de contribuição, conforme NB 5/08575638.
Não há amparo para a pretensão da parte embargada de
calcular o valor do salário de contribuição sobre supostas outras
verbas salariais, as quais não constituíram base para o cálculo
do salário de contribuição, e inclusive sequer foram discutidas
no processo de conhecimento. Eventual revisão neste sentido
deverá ser buscada na via administrativa.

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Assim, não há como verificar se é o cálculo do embargante


ou do embargado que apurou corretamente o valor da Renda
Mensal Inicial, pelo que a apuração respectiva deverá ser
realizada pelo contador judicial.
Os valores deverão ser calculados até a data da efetiva
implantação na via administrativa do benefício previdenciário,
pois entendimento contrário acarretaria duplo pagamento, mas
incluindo as eventuais diferenças pela incorreta apuração pela
autarquia previdenciária da Renda Mensal Inicial (a parte
embargante deverá juntar todos os comprovantes relacionados
à implantação e ao pagamento do benefício previdenciário ao
embargado).
Não merece acolhimento o pleito do embargado quanto á
aplicação do art. 26 da Lei n° 8.870/94, por ausência de
enquadramento do caso à previsão legal. O benefício não foi
concedido com a média dos salários de contribuição superior ao
teto para ensejar a aplicação do referido dispositivo”.

Desse modo, a irresignação não merece prosperar, tendo em vista


que, de fato, não houve manifestação quanto aos dispositivos
constitucionais supostamente violados.
Ademais, quanto ao mérito, eventual divergência ao entendimento
adotado pelo juízo a quo, demandaria a análise de legislação
infraconstitucional. Além dos precedentes citados na decisão ora
impugnada, confiram-se, ainda, em casos semelhantes, os seguintes
julgados:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO
REGIMENTAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. RENDA
MENSAL INICIAL. CRITÉRIOS DE CÁLCULO.
INEXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA
PELO PLENÁRIO DO STF. PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO
PROFERIDO NA ORIGEM POSTERIOR A 03.5.2007. A
jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que
incabíveis embargos de declaração opostos em face de decisão

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monocrática. Recebimento como agravo regimental com


fundamento no princípio da fungibilidade. O Plenário do
Supremo Tribunal Federal já proclamou a inexistência de
repercussão geral da questão relativa aos critérios utilizados
para o cálculo da renda mensal inicial de benefício
previdenciário. Incidência do art. 328 do RISTF e aplicação do
art. 543-B do CPC. Acórdão do Tribunal de origem publicado
após 03.5.2007, data da publicação da Emenda Regimental
21/2007, que alterou o RISTF para adequá-lo à sistemática da
repercussão geral (Lei 11.418/2006). Embargos de declaração
recebidos como agravo regimental, ao qual se nega
provimento” (AI 825.077-ED, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira
Turma, DJe 05.09.2012).

“Agravo regimental no recurso extraordinário.


Previdenciário. Prequestionamento. Ausência. Cálculo da renda
mensal inicial do benefício. Salários de contribuição utilizados.
Período básico de cálculo. Critérios legais. Legislação
infraconstitucional. Ofensa reflexa. Ausência de repercussão
geral. Precedentes. 1. Os dispositivos constitucionais tidos como
violados não foram examinados pelo Tribunal de origem.
Incidência das Súmulas nºs 282 e 356/STF. 2. A Corte de origem
concluiu, com base na Lei nº 8.213/91, pela impossibilidade de
provimento do pleito do ora agravante, o qual pretendia que,
no cálculo da sua aposentadoria, fossem utilizados os 36
melhores salários de contribuição dentro do período básico de
cálculo (PBC), independentemente de serem os 36 salários
imediatamente anteriores ao afastamento. 3. Inviável, em
recurso extraordinário, a interpretação da legislação
infraconstitucional e a análise de ofensa reflexa à Constituição
Federal. Incidência da Súmula nº 636/STF. 4. O Plenário da
Corte, no AI nº 843.287/RS, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJe
de 1º/9/11, concluiu pela ausência de repercussão geral do tema
relativo ao ‘direito de se renunciar aos salários-de-contribuição de
menor expressão econômica para compor a média aritmética que
servirá de base de cálculo para a renda mensal inicial de benefício

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previdenciário’, dado o caráter infraconstitucional da matéria. 5.


Agravo regimental não provido” (RE 695.890-AgR, Rel. Min.
Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 09.09.2013).

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL
INICIAL DE BENEFÍCIO. CRITÉRIO DE CÁLCULO.
CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE INFRACONSTITUCIONAL.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.” (AI 857.754-AgR,
Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe 20.4.2016)

“Agravo regimental em recurso extraordinário com


agravo. 2. Cálculo de benefício previdenciário homologado por
decisão judicial. 3. Limites da coisa julgada. Matéria
infraconstitucional (ARE-RG 748.371, de minha relatoria, DJe
1º.8.2013). 4. Devolução de valores recebidos de boa-fé. Matéria
infraconstitucional (AIRG 841.473, relator min. Cezar Peluso,
DJe de 31.8.2011). 5. Ausência de argumentos capazes de
infirmar a decisão agravada. 6. Agravo regimental a que se nega
provimento.” (ARE 887.274, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda
Turma, DJe 03.08.2015).

Ante o exposto, voto pelo não provimento do presente agravo


regimental, bem como, diante da manifesta improcedência do agravo, nos
termos da fundamentação acima declinada, por aplicar à parte Agravante
multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, nos termos do art.
1.021, § 4º, do CPC, em face de decisão desta Turma na hipótese de
deliberação unânime, condicionando-se a interposição de qualquer outro
recurso ao depósito prévio da quantia fixada, observado o disposto no
art. 1.021, § 5º, do CPC. Incabível a aplicação do art. 85, § 11, do CPC, em
virtude do parcial provimento do recurso de apelação do Recorrente para
o fim de conceder-lhe a isenção do pagamento dos ônus sucumbenciais,
nos termos do art. 129 da Lei 8.213/91 (eDOC 3, p. 65-66).
É como voto.

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Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 22/03/2019

Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 14

SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.072.565


PROCED. : PARANÁ
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
AGTE.(S) : ALBERTO SCAPIM NETO
ADV.(A/S) : ANTONIO MIOZZO (13246/PR, 18353/SC)
AGDO.(A/S) : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL FEDERAL (00000/DF)

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental com aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, do
CPC, e entendeu inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, em virtude do
parcial provimento do recurso de apelação do recorrente para o fim
de conceder-lhe a isenção do pagamento dos ônus sucumbenciais
(art. 129 da Lei 8.213/91), tudo nos termos do voto do Relator.
Segunda Turma, Sessão Virtual de 15.3.2019 a 21.3.2019.

Composição: Ministros Ricardo Lewandowski (Presidente), Celso


de Mello, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Edson Fachin.

Marcelo Pimentel
Secretário

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